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Mecânica Quântica: Princípios, aplicações e

simulação computacional
Capítulo 7: Sistema de dois níveis

J. Ricardo de Sousa

December 15, 2020


Contents

1 Sistemas de dois níveis 1


1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Molécula de benzeno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Molécula H+ 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Partícula de spin 1=2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.1 Quantização do momento angular . . . . . . . . . . . . 6
1.2.2 Experimento de Stern e Gerlach . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.3 Descrição teórica: matrizes de Pauli . . . . . . . . . . . 12
1.2.4 Autovalores e autovetores das matrizes de Pauli . . . . 15
1.2.5 Filtros de spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.6 Medidas do spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3 Dinâmica de spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.3.1 Campo magnético uniforme . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.3.2 Procedimento de medida quântica . . . . . . . . . . . . 36
1.3.3 Campo de rádio frequência: ressonância . . . . . . . . 38

v
Chapter 1

Sistemas de dois níveis

Nos capítulos 5 e 6 temos apresentados a álgebra e os postulados da MQ. Dize-


mos que construimos a ferramenta matemática para tratar qualquer sistema
quântico. Na seção 6.8 estudamos os estados dos q-bits que é uma simples
aplicação de um sistema de dois níveis. Nesse capítulo daremos continuidade
e generalizaremos para tratar de qualquer sistema descrito no espaço E em
duas dimensões.

1.1 Introdução
Existem inúmeros exemplos onde, em primeira aproximação, um sistema
complexo pode ser modelado como um sistema de dois níveis de energia E1 e
E2 . Em física, onde a aproximação são quase sempre inevitáveis, vale a pena
explorar o assunto. É atraente o fato que, em geral, o sistema de dois níveis
tem solução exata, assim podemos fazer previsões espetaculares e precisas.

1.1.1 Molécula de benzeno


Alguns compostos possuem em sua estrutura ligações duplas alternadas com
ligações simples. O mais famoso de todos eles é o benzeno, cuja estrutura foi
proposta, em 1865, pelo químico alemão Friedrich Kekulé. O benzeno1 é um
1
O benzeno é líquido, in‡amável, incolor e tem um aroma doce e agradável. É um
composto tóxico, cujos vapores, se inalados, causam tontura, dores de cabeça e até mesmo
inconsciência. Se inalados em pequenas quantidades por longos períodos causam sérios
problemas sanguíneos, como leucopenia.

1
2 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

hidrocarboneto classi…cado como hidrocarboneto aromático, e é a base para


esta classe de hidrocarbonetos: todos os aromáticos possuem um anel ben-
zênico (benzeno), que, por isso, é também chamado de anel aromático, que
possui a fórmula C6 H6 . Sua estrutura seria cíclica e formada por três ligações
duplas intercaladas com três ligações simples, conforme está esquematizada
na …gura 7.1.

Figure 1.1: Estruturas dos anéis da molécula aromática (C6 H6 ) que formam
o benzeno

As duas formas (1) e (2) de representar o benzeno são aceitas, pois é


possível mudar os elétrons das ligações ¼ sem mudar a posição dos átomos.
Entretanto, nenhuma representa exatamente o que ele é e nem explica seu
comportamento. Ele deveria se comportar como um alceno e provocar reações
de adição, porém, na prática, isto não ocorre. O benzeno é bastante estável
e age como se não tivesse as ligações duplas; ele dá reações de substituição
como nos alcanos.
Em 1930, o cientista americano Linus Pauling propôs a teoria da ressonân-
cia que explicou esta aparente contradição. Esta teoria diz o seguinte: Sem-
pre que, em uma fórmula estrutural, pudermos mudar a posição dos elétrons
sem mudar a posição dos átomos, a estrutura real não será nenhuma das
estruturas obtidas, mas sim um híbrido de ressonância daquelas estruturas.
Este efeito é comprovado pelo tamanho das ligações dos carbonos, e pela dis-
tância entre eles. Essa distância é intermediária a da ligação simples (1; 54
Å) e a da ligação dupla (1; 34 Å); sendo, portanto, de 1; 39 Å, em virtude do
1.1 INTRODUÇÃO 3

efeito de ressonância.
Ao construir os estados j'1 i e j'2 i com as con…gurações mostradas na
…gura 7.1, esperamos que E1 = E2 = Eo , ou seja, o sistema é degenerado,
assim, o Hamiltoniano (Ho ) do sistema­ será representado
® por uma matriz
2 £ 2 diagonal com elementos Hoij = 'i jHo j 'j = Eo ± ij . Porém, devido ao
acoplamento entre os átomos de carbono da molécula, que representaremos
por W , a matriz do Hamiltoniano do sistema agora, incluindo este acompla-
mento, H = Ho + W , não será diagonal, desta maneira, a degenerescência
é removida. Na linguagem da MQ, a matriz do Hamiltoniano é escrita na
forma 0 1
Eo W12
H=@ A; (1.1)
W21 Eo
­ ®
onde Wij = 'i jW j 'j = Wji¤ .
O Hamiltoniano (1.1) é um caso particular do Hamiltoniano geral para
um sistema de dois níveis que iremos discutir mais adiante, onde o objetivo
será primeiro fazer o processo de diagonalização encontrando os autovalores
e autovetores e depois fazer cálculos de grandezas de interesses, como, por
exmeplo, valores esperados de observáveis, probabilidades, evolução tempo-
ral, etc.

1.1.2 Molécula H+
2
Um outro exemplo interessante de sistema de dois níveis é o íon da molécula
de hidrogênio (H2+ ). A molécula H2+ é constituída por dois prótons (núcleos)
e um elétron que se move entre eles, ou seja, o elétron é disputado pelos dois
núcleos, conforme está esquematizado pela …gura 7.2.
Quando os núcleos estão longe um do outro, o elétron poderá …car a
mover-se em torno de um qualquer deles, formando uma orbital de hidrogênio
em torno desse núcleo. Uma solução aproximada poderia ser obtida com
auxílio do átomo isolado, considerando que existem dois estados quânticos
para o elétron: o estado j'1 i corresponde o elétron ligado ao núcleo 1; e o
estado j'2 i que corresponde o elétron ligado ao núcleo 2. Estes dois estados
têm a mesma energia Eo­. Isto corresponderia
® a um Hamiltoniano (Ho ) di-
agonal na forma Hoij = 'i jHo j 'j = Eo ± ij . Ao construir os estados j'1 i
e j'2 i com as con…gurações da …gura 7.2, encontramos, por exemplo, a con-
…guração (1). Devido ao acoplamento elétron-elétron e núcleo-núcleo (W ),
4 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Figure 1.2: Esquema das con…guraç ões do íon da molécula H2+ .

os elementos fora da diagonal são não nulos e a degenerescência é removida,


resultando assim no Hamiltoniano (1.1).
Por outro lado, o exemplo mais emblemático de sistema de dois níveis
é o problema do spin do elétron (ou qualquer partícula com spin 1=2, por
exemplo, o próton e o nêutron), e por esta razão discutiremos na próxima
seção os aspectos formais no que se refere a sua descrição dos postulados da
MQ, e deixaremos para o capítulo 11 os aspectos mais fundamentais, como
conceitos, histórico, simetrias, etc.

1.2 Partícula de spin 1=2


!
¡
É comum os alunos perguntarem o que é o spin ( S ) de uma partícula e
receber, as vezes, a resposta como sendo uma propriedade que as partículas
têm de rotacionar em torno do seu próprio eixo. Assim sendo, a resposta (er-
!
¡
rônea) é geralmente associar S ao momento angular de rotação da partícula,
conforme está esquematizado na …gura 7.3. Este modelo do spin da esfera
girante é uma analogia clássica ao movimento de um planeta, que devido a
! ! ¡
¡
translação em torno do Sol teremos o momento angular orbital: L = ¡ r £! p
e o outro a rotação do planeta em torno do seu próprio eixo que chamamos
!
¡
de spin: S = I ¡!
w , onde I é o momento de inércia do planeta (I ' 2mR2 =5,
m e R são as massa e raio do planeta, respectivamente) e ¡ !
w a velocidade
angular de rotação (w = 2¼=T , T é o período de rotação, no caso do planeta
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 5

! ¡
¡ !
Terra temos T = 24 horas). Na física clássica estas duas grandezas L e S
estão conceitualmente corretas, mas na MQ esta de…nição do spin não está
correta (provaremos no capítulo 11).

Figure 1.3: Visão pictórica (errônea) associada ao spin do elétron, onde o


número qu ântico (spin) ms associa os tipos de rotações em torno de um eixo
b arbitrário no espaço em que o elétron pode assumir.
n

Esta resposta simplista demais, associada ao modelo da esfera girante


para o spin, se encontra as vezes em muitos livros-texto de física e química
que aprendemos desde a época do colegial. Esta associação do spin como uma
esfera girante é justi…cada na tentativa da analogia com o momento angular
!
¡ ! ! ¡
¡
orbital ( L ), que tem uma de…nição clássica L = ¡r £! p . Desta maneira, um
!
¡
elétron no átomo de hidrogênio L está associada ao movimento de rotação
em torno do núcleo, e de acordo com o postulado de Bohr esta grandeza é
quantizada em múltiplo inteiro do valor do quantum }. O modelo da esfera
b pode assumir dois valores
girante do elétron em torno de um eixo arbitrário n
possíveis, associados as possíveis orientações de rotação: sentidos horário
(ms = 1=2) e antihorário (ms = ¡1=2). Isto signi…ca que a componente
!
¡
Sn = S :b n do spin é quantizada e pode assumir dois valores §}=2. Vamos
primeiro ver os experimentos que levaram ao descobrimento do spin, depois
vamos mostrar (capítulo 11) que o modelo da esfera girante está incorreta
6 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

e devemos encarar o spin como uma propriedade (magnética) da partícula


que não tem analogia clássica. No capítulo 11 daremos uma resposta mais
rigorosa usando conceitos de simetrias de rotação, propriedades que levarão
naturalmente as relações de comutações (a álgebra do spin). Nessa seção
vamos apresentar apenas os aspectos gerais no intuito de estudar a dinâmica
do spin.

1.2.1 Quantização do momento angular


Da eletrodinâmica clássica temos que um momento de dipolo magnético ¡!
¹
!
¡
na presença de um campo magnético B dar origem a uma energia potencial
de…nida por
!
¡
U = ¡¡ !
¹ :B : (1.2)

Esta expressão (1.2) da energia potencial pode ser útil para explicar
porque um material imantado (o ímã) atrai pedaços limalhas de ferro ou
até mesmo um prego feito de ferro (ou liga metálica semelhante). Estes ma-
teriais em gerais são constituídos de muitos momentos magnéticos (da ordem
do número de Avogadro » 1024 ), e o que diferencia um material imantado de
outro não imantado é a existência de interação forte (origem não-magnética)
entre os momentos de dipolos. Na ausência de campo magnético externo, es-
tas interações causarão uma ordem magnética no sistema, que no caso de um
material ferromagnético
¿ corresponderá
À a um valor da magnetização (espon-
¡
! P !
¡
tânea) M (T; 0) = 1V
¹i abaixo de uma certa temperatura T (temper-
c
i
atura de Curie), onde h:::i é a média térmica, que na mecânica estatística
corresponde ao ensemble canônico.
¡!
A existência de um valor …nito não nulo de M (T; 0) signi…ca o material
composto por dois polos (magnéticos) que caracteriza um ímã, onde o sentido
¡
!
de M (T; 0) corresponderá a direção do polo norte ao polo sul. Isto sign…ca
!
¡
que a presença de magnetização resultará em um campo magnético B na
¡
!
mesma direção e sentido de M , ou seja, um material magnetizado gera um
campo magnético no espaço. No caso dos materiais não magnetizados, de
uma maneira geral, as interações existentes são fracas o su…ciente em com-
paração com a energia térmica kB T destruindo qualquer tipo de ordenamento
¡
!
(i. e., M = 0). Por exemplo, no caso do ímã a energia responsável pelo or-
denamento dos momentos (J, de origem elétrica quântica) é fraca quando
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 7

atingimos temperaturas maiores que Tc (Tc ' 103 K para o níquel, por ex-
emplo), por isto dizemos que o ímã está desmagnetizado. É o que ocorre com
um cartão bancário ou o cartão de uma porta do quarto do hotel. Magneti-
zar signi…ca fazer com que os momentos magnéticos se orientem numa dada
direção do espaço, nestes exemplos isto é conseguido colocando os cartões na
presença de um campo “forte”.
Por outro lado, um pedaço de ferro qualquer (não magnetizado) tem mag-
netização (espontânea) nula para qualquer temperatura ambiente, uma vez
que a interação dipolar existente em qualquer material magnético é fraca o
su…ciente para temperaturas T & 10¡3 K [estimamos este valor de temper-
2
atura comparando a energia dipolar » ¹a3 (a » 1 Å é o parâmetro de rede do
cristal) com a energia térmica kB T ], e dizemos que estes materiais não têm
magnetização espontânea. Na presença de um campo magnético externo,
devido ao acoplamento dos dipolos com o campo, Eq. (1.2), teremos uma
¡
!
magnetização induzida M (T; B) apontada na direção do campo, que corre-
sponde ao mínimo de energia. Assim sendo, quando um prego for colocado
na presença de um ímã permanente, o polo norte do ímã gerará um campo
com sentido divergindo ao polo (i. e., na direção e sentido ao polo norte).
Devido ao acoplamento com o campo, os momentos do prego se orientarão
!
¡
na mesma direção e sentido de B (gerado pelo ímã) criando uma estrutura
tipo um ímã, com o polo sul na parte mais próxima ao ímã, induzindo as-
sim uma atração magnética. Invertendo a polarização do ímã, a discussão é
equivalente e o prego também sofre atração.
Do ponto de vista da eletrodinâmica clássica, o momento de dipolo mag-
nético é de…nido como sendo uma espira percorrida por uma corrente elétrica
(i), onde o seu módulo é igual ao produto desta corrente pela área da espira
(A), isto é, j¡
!
¹ j = iA. O sentido do momento de ¡ !
¹ é dado pela “regra da
mão direita”, orientada pelo sentido da corrente i. Se usarmos como pro-
tótipo o átomo de hidrogênio, o elétron orbitando (carga ¡e e massa m) ao
redor do núcleo descreve uma espira e, portanto, resultará num momento
magnético orbital ¡!¹ L cujo sentido da corrente elétrica é contrária (sentido
convencional) ao movimento do elétron. Assim sendo, ¡ !
¹ L e o momento an-
! ¡
¡ ! !
¡
gular L = r £ p terão sentidos contrários, e usando a órbita circular no
modelo de Bohr mostramos que o operador momento de dipolo magnético
(orbital) é dado por
!
¡
!
¡ L
¹ L = ¡¹B ; (1.3)
}
8 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

e}
onde ¹B = 2m = 9; 27400899(37) £ 10¡24 J¢T¡1 é chamado de magneton
de Bohr (quantum do momento de dipolo). Note que usamos a notação
! ¡
¡ ! ¡ ! !
¡
L = R £ P para designar o operador momento angular na MQ, e L é o
equivalente do observável na mecânica clássica.

Ä Teste 7.1: Use o modelo atômico de Bohr para mostrar que o momento magnético
associado a corrente elétrica (movimento do elétron ao redor do núcleo) é expresso pela
Eq. (1.3).

A presença do campo magnético no átomo de hidrogênio (ou qualquer


outro átomo) altera as linhas espectrais, este fenômeno é conhecido por
efeito Zeeman (1896), que foi explicado inicialmente por Sommerfeld e De-
bye (1916) usando as regras de quantização de Wilson-Sommerfeld. Como
rsultado desta teoria, foi concluído que para um dado nível eletrônico, car-
acterizado pelos números quânticos principal n (= 1:2:3; ::) e orbital l (=
0; 1; 2; :::n ¡ 1), haverá um desdobramento em 2l + 1 linhas, ou seja, teremos
um acréscimo na energia En;l no valor de
¢EB = ml ¹B B; (1.4)
onde ml = ¡l; ¡(l ¡ 1); :::0; ::::l ¡ 1; l é chamado de número quântico azimu-
tal 2 . Por ser l um número inteiro, teremos no espectro, para cada nivel, um
número ímpar (2l + 1) de desdobramento da energia. Assim, o átomo no
estado fundamental (n = 1, l = 0, ml = 0) não deveria ter desdobramento,
mas veremos que isto não é verdadeiro e …cou conhecido como efeito Zeeman
anômalo.
Para entendermos a origem da energia (1.4), vamos recorrer a expressão
!
¡
(clássica) do acoplamento de um momento magnético ¡ !
¹ com o campo B
dada em (1.2). A extensão para a MQ consiste em substituir o operador
(1.3) em (1.2), que resultará no termo adicional ao Hamiltoniano do átomo
de hidrogênio (Ho ) dado por
¹B B b
WB = Lz ; (1.5)
}
!
¡ bz é a componente z do operador momento
onde consideramos B = Bb
z eL
angular.
2
Alertamento que os números quânticos obtidos pela teoria de Wilson e Sommerfeld
não foram estes explicitados aqui, mas atualizamos os resultados para maior clareza do
assunto, mas isto será estudado no capítulo 10.
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 9

! b
¡
Não demonstraremos aqui, mas o conjunto de operadores {Ho , L 2 , Lz}
formam um CCOC (conjunto completo de observáveis comutáveis), assim
sendo, terá uma base comum que designaremos pelo ket jn; l; ml i. Na lin-
guagem da MQ, a …m de que (1.5) resulte no termo adicional da energia
(1.4), este ket comum satisfaz a equação de autovalor
bz jn; l; ml i = ml } jn; l; ml i :
L (1.6)
Desta maneira, teremos
¢EB = hn; l; ml jWB j n; l; ml i (1.7)
o que justi…ca a expressão (1.4).

1.2.2 Experimento de Stern e Gerlach


Considere um experimento onde incidimos átomos neutros, todos preparados
no mesmo estado atômico com n e l …xos, através de uma região na presença
!
¡
de um campo magnético não homogêneo B = B(z)b z e colocamos um an-
teparo (de detecção) após esta região. De acordo com a expressão (1.4) e
da segunda lei de Newton, existirá uma força (média) na região do campo
magnético dada por
!
¡
F = F (z)b
z; (1.8)
sendo
d¢EB dB
F (z) = ¡ = ¡ml ¹B : (1.9)
dz dz
O valor desta força dependerá do número quântico ml fazendo os átomos
seguirem trajetórias bem de…nidas atingindo um certo ponto do anteparo.
Sendo o átomo como um todo muito massivo, é de esperar que o conceito
clássico de trajetória possa ser legitimamente aplicado, ponto este que pode
ser justi…cado fazendo uso da relação de incerteza, que mostraremos posteri-
ormente no capítulo 11. Do 3 o postulado da MQ temos que a probabilidade
de encontrar átomos no anteparo com um certo valor de ml vai depender
do estado antes da medida. O forno emite átomos com momento magnético
completamente aleatório, sendo, portanto, um uma mistura de estados, onde
o estado é descrito (1 o postulado) por um operador de densidade. Não en-
traremos neste detalhe técnico no momento (veremos isto no capítulo 9),
apenas nos interessa que se l for escolhido, devemos esperar um número ím-
par de pontos no anteparo onde os átomos colidem. Isto é o que chamamos
10 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

da quantização do momento angular. A quantização do momento angular foi


primeiro analisado através da técnica de espectroscopia (capítulo 1).
Existe uma longa história para o surgimento do quarto número quântico
ao elétron, o spin, mas deixaremos esta abordagem completa para o capítulo
11. Dando continuidade a análise da quantização do momento angular, Otto
e Walthet Gerlach, em 1921, propuseram no experimento acima descrito
usando agora um feixe de átomos de prata, o que …cou conhecido como
experimento de Stern e Gerlach (SG)3 e que está esquematizado na …gura
7.4.

Figure 1.4: Esquema do experimento de Stern e Gerlach para analisar a


quantização do momento angular.

Neste experimento SG para analisar a quantização do momento angular


tinha a vantagem em não envolver nenhuma medida de espectroscopia. O
forno contendo gás de átomos de prata emite átomos passando por um coli-
mador, que alinha os átomos a passar através de um ímã com um campo não
homogêneo, e analisamos a deposição destes átomos através de uma placa
3
Para o leitor interessado numa descrição história deste experimento, recomendo o
trabalho: O experimento de Stern-Gerlach e o spin do elétron: um exemplo quase clássico,
por Gomes e Pietrocola, na Rev. Bras. Ens. Fis. 33, 2604 (2011), ou se desejar, pode
recorrer a leitura da seção 11.1 do volume II deste livro.
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 11

coletora na saída do ímã. A escolha do elemento químico prata (Ag) deve-se


ao fato de possuir um elétron de valência e ser facilmente manipular do que
um feixe de átomos de hidrogênio4 . A prata possui 47 elétrons, dos quais
46 formam uma camada fechada e o último elétron ocupa o nível 5S. Isto
signi…ca que o momento angular do elétron de valência é zero (l = 0) e não
tem uma unidade como presumido pelo modelo de Bohr.
O experimento SG era aparentemente simples rodeado de algumas su-
titelzas, por exemplo, o gradiente do campo dB dz
na direção perpendicular ao
feixe era conhecido com uma estimativa de 10% de erro. Sendo l = 0, então,
da Eq. (1.8) teremos que F = 0 (ml = 0) e assim esperaríamos ausência
de de‡eção dos átomos. Curiosamente, observou-se que aproximadamente
metade dos átomos depositava-se numa extremidade A e a outra etdade no
posição B simetricamente oposta, não tendo registrado nenhum átomo em
qualquer posição intermediária. Classicamente esta divisão do feixe em duas
componentes era bastante estranho e difícil explicar. O momento angular
medido no experimento era, na verdade, o momento angular do elétron (de
valência) que deveria ter um valor semi-inteiro. Esta foi a comprovação do
quarto número quântico, o spin, que tinha sido proposto anos atrás por Pauli
para descrição do seu princípio de exlcusão.
A …m de explicar os experimentos de SG, foi postulado que o momento
magnético do spin do elétron (¡!
¹ S ) será uma generalização do resultado (1.3),
dado por (postulado)
!
¡
!
¡ S
¹ S = ¡g¹B ; (1.10)
}
onde g ' 2 é chamado de fator de Landé. O valor de g mede o raio do
!
¡
momento magnético com o vetor (módulo) momento angular normalizado S} .
Para compreendermos os fundamentos desta quantização tevemos recorrer ao
tratamento relativístico da MQ (equação de Dirac), que está fora do objetivo
desse livro.
Antes de desenvolver o formalismo da MQ para tratar das propriedades
dos spins, salientamos ao leitor que a física deste experimento SG não é ape-
nas mero interesse acadêmico. Tem sido usado este aparato para separar
estados de spin de átomos, como, por exemplo, átomos de céssio. O único
isótopo estável deste átomo alcalino, 133 Cs, tem um spin nuclear I = 7=2, e
4
O mesmo experimento SG com feixe de átomos de hidrogênio no estado fundamental
(l = 0) foi feito mais tarde por Taylor, em 1926, e os resultados obtidos foram os mesmos,
ou seja, duas manchas da placa coletora.
12 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

o experimento seleciona o subespaço magnético hiper…no com F = 4, resul-


tando em nove orientações de spin. Existem outros exemplos do uso deste
aparato SG, aparentemente simples, para …ns práticos de medidas físicas5 .

1.2.3 Descrição teórica: matrizes de Pauli


Partindo do fato que as componentes dos feixes dos átomos de prata se deslo-
cam em duas manchas simetricamente opostas, perpendicular ao campo apli-
cado, e que rotacionando o aparato experimental dos ímãs as duas manchas
!
¡
são alteram. Postulamos assim que, a componente Sn = S :b n do observável
do spin (perpendicular ao campo magnético) será quantizada com dois auto-
valores §}=2, independente da direção espacial nb. Aceitemos isto sem uma
prova no momento, mas veremos esta análise mais detalhada no capítulo 9
!
¡
quando estudarmos momento angular de uma maneira geral (orbital- L ou
!
¡ ! ¡
¡ ! ¡ !
spin- S , ou combinação deles dois J = L + S ).
0 Na1 notação0de 1Dirac, de…nimos o espaço de dois estados ES ={j+i =
1 0
@ A ; j¡i = @ A} que sejam autovetores do operador Sz = ¡
!
z , ou seja,
S :b
0 1

}
Sz j§i = § j§i ; (1.11)
2
com 8
< h§j §i = 1; h§j ¨i = 0 (ortonormalidade)
: (1.12)
: j+i h+j + j¡i h¡j = I (completeza)
2£2

A relação (1.11) signi…ca que a matriz do operador Sz nesta base ES é


diagonal e é dada por
0 1
h+ jSz j +i h+ jSz j ¡i
Sz = @ A = } ¾z ; (1.13)
h¡ jSz j +i h¡ jSz j ¡i 2

sendo 0 1
1 0
¾z = @ A (1.14)
0 ¡1
5
Ver o trabalho: High-brilliance Zeeman-slowed cesium atomic beam, por Lison, Schuh,
Haubrich e Meschede, em Phys. Rev. A 61, 013405 (1999).
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 13

a componente z da matriz de Pauli ¡!


¾ = (¾ x ; ¾ y ; ¾ z ).
!
¡
As outras componentes do operador de spin S nesta base ES são escritas
por matrizes 2 £ 2 hermitianas, dadas por
8
< Sx = } ¾ x
2
; (1.15)
: S = }¾
y 2 y

sendo 8 0 1
>
> 0 1
>
>
>
> ¾x = @ A
< 1 0
0 1 (1.16)
>
> 0 ¡i
>
>
>
> ¾ =@ A
: y i 0
as componentes x e y da matriz de Pauli6 .
As matrizes de Pauli (1.14) e (1.16) satisfazem as seguintes propriedades:

a) Relação de comutação
Combinando as matrizes (1.14) e (1.16), …camos com

[¾ x ; ¾ y ] = ¾ x ¾ y ¡ ¾ y ¾ x
0 10 1 0 10 1
0 1 0 ¡i 0 ¡i 0 1
= @ A@ A¡@ A@ A
1 0 i 0 i 0 1 0
0 1 0 1 0 1
i 0 ¡i 0 1 0
= @ A¡@ A = 2i @ A;
0 ¡i 0 i 0 ¡1
ou
[¾ x ; ¾ y ] = 2i¾ z : (1.17)
Seguindo o mesmo procedimento anterior, mostramos a relação geral

[¾ a ; ¾ b ] = 2i 2abc ¾ c ; (1.18)
6
Existe um argumento muito elegante de se obter as matrizes de Pauli (1.16) sem
fazer uso da teoria do momento angular. Para o leitor interessado pode consultar o livro:
Mecânica quântica moderna, por Sakurai e Napolitano, 2a edição (Bookman Editora LTDA,
Porto Alegre, 2013), página 25.
14 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

onde a, b e c são os índices das componentes do operador ¡ !


¾ e 2abc é o tensor
de levicita de…nido por
8
>
> 1, se (a; b; c) for uma sequência cíclica
>
<
2abc = ¡1, se (a; b; c) for uma sequência anticíclica ; (1.19)
>
>
>
: 0, se (a; b; c) tiver índices iguais

por exemplo, 8
>
> 2 =2 =2 = 1
>
< xyz yzx zxy
2xzy =2zyx =2yxz = ¡1 : (1.20)
>
>
>
: 2 =2 = :::: = 0
xxz yzy

Ä Teste 7.2: Mostre para as outras componentes da matriz de Pauli que a relação
de comutação (1.18) está correta.

b) Algumas identidades
Analisando as matrizes de Pauli, mostamos claramente que elas satisfazem
as seguintes identidades: 8
>
> det(¾ a ) = ¡1
>
<
T r(¾ a ) = 0 ; (1.21)
>
>
>
: ¾2 = I a

e 8
>
> ¾ ¾ = ¡¾ z ¾ y = i¾ x
>
< y z
¾ z ¾ x = ¡¾ x ¾ z = i¾ y ! f¾ a ; ¾ b g = 2± ab I; (1.22)
>
>
>
: ¾ ¾ = ¡¾ ¾ = i¾
x y y x z

onde fA; Bg = AB + BA é o anticomutador.

}2
Ä Teste 7.3: Mostre as relações: [Sa ; Sb ] = i} 2abc Sc e fSa ; Sb g = ± I:
2 ab
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 15

Da identidade ¾ 2a = I podemos escrever uma expansão para o operador


exp(¸¾ a ), onde ¸ é um número real, ou seja,

X1
1 X 1
(¾ a )2n X1
(¾ a )2n+1
e¸¾a = (¸¾ a )n = (¸)2n + (¸)2n+1
n=0
n! (2n)! (2n + 1)!
|n=0 {z } |n=0 {z }
termos pares termos ímpares
"1 # "1 #
X 1 2n
X 1 2n+1
= I (¸) + ¾a (¸) ;
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
| {z } | {z }
cosh(¸) sinh(¸)

ou
e¸¾a = I cosh(¸) + ¾ a sinh(¸): (1.23)

Ä Teste 7.4: Mostre que ei¸¾a = I cos(¸) + i¾ a sin(¸), onde ¸ é um número real.
! ¡
¡ !
Ä Teste 7.5: Considere A e B dois operadores vetoriais no espaço bidimensional
que comutam com as componentes das matrizes de Pauli. Prove a seguinte identidade
vetorial: ³ ´³ ´ ³ ´ ³ ´
¡
! !
¡ ¡
! !
¡ ¡ ¡
! ! ¡ ¡
! !
¾ ¢A ¾ ¢ B = A ¢ B I + i¡
!
¾ ¢ A£B : (1.24)

1.2.4 Autovalores e autovetores das matrizes de Pauli


A componente ¾ z da matriz de Pauli, Eq. (1.14), já está diagonalizada,
portanto,
¾ z j§i = § j§i : (1.25)

Por outro lado, as componentes ¾ x e ¾ y não estão diagonalizadas con-


forme mostram as suas rrepsentações matriciais (1.16). Vamos primeiro di-
agonalizar a componente ¾ x , onde o seu autovetor no espaço Es é escrito na
forma 0 1
x
j"x i = x j+i + y j¡i = @ A; (1.26)
y
com
jxj2 + jyj2 = 1: (1.27)
16 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Aplicando a matriz ¾ x , Eq. (1.16), no seu autovetor (1.26), …camos com


0 10 1 0 1
0 1 x x
¾ x j"xi = "x j"x i ! @ A @ A = "x @ A ; (1.28)
1 0 y y
ou 8
< ¡"x x + y = 0
: (1.29)
: x¡" y =0
x

Da Eq. (1.29) obtemos os autovalores "x resolvendo a equação secular:


¯ ¯
¯ ¯
¯ ¡"x 1 ¯
¢=¯ ¯ ¯ = 0 ! "x = §1: (1.30)
¯
¯ 1 ¡"x ¯

Substituindo os autovalores (1.30) no sistema de equações (1.29), usando


a condição de normalização (1.27), obtemos os respectivos autovetores dados
por 8 0 1
>
> 1
>
> p1 (j+i + j¡i) = p1 @ A
>
> "x = 1 ! j+i x =
< 2 2
1
0 1 : (1.31)
>
> 1
>
>
>
> " = ¡1 ! j¡ix = p12 (j+i ¡ j¡i) = p12 @ A
: x ¡1
Note que os autovetores (1.31) estão ortonormalizados. Assim, a componente
¾ x satisfaz a seguinte equação de autovalor:
¾ x j§ix = § j§ix : (1.32)
De maneira análoga, resolvemos a equação de autovalor para a compo-
nente ¾ y , resultando em
¾ y j§iy = § j§iy ; (1.33)
sendo 8 0 1
>
> 1
>
> p1 (j+i + i j¡i) = p1 @ A
>
> "y = 1 ! j+iy =
< 2 2
i
0 1 (1.34)
>
> 1
>
>
>
> " = ¡1 ! j¡iy = p12 (j+i ¡ i j¡i) = p12 @ A
: y ¡i
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 17

que também são ortonormalizados.

Ä Teste 7.6: Mostre que os autovetores do operador ¾ y são dados pelas expressões
em (1.34).

Componente numa direção arbitrária


Vamos agora escolher uma direção arbitrária no espaço R3 , que representa-
mos pelo vetor unitário
b = sin µ cos 'b
n x + sin µ sin 'b
y + cos µb
z; (1.35)
b faz com o eixo z e 0 · ' · 2¼ é o ângulo que
onde 0 · µ · ¼ é o ângulo que n
a projeção deste versor no plano xy faz com o eixo x. Estes são os ângulos
esféricos.
!
¡
A projeção do operador de spin¡1=2 S ao longo da direção n b é expressa
por
!
¡
Sn = S :b
n = sin µ cos 'Sx + sin µ sin 'Sy + cos µSz ; (1.36)
ou na sua forma matricial
0 1
¡i'
} @ cos µ e sin µ A }
Sn = = ¾n; (1.37)
2 ei' sin µ ¡ cos µ 2

sendo 0 1
cos µ e¡i' sin µ
¾n = @ A: (1.38)
i'
e sin µ ¡ cos µ

Diagonalização do operador ¾ n
Considerando que o autovetor de ¾ n é dado de uma maneira geral por um
ket normalizado conforme Eq. (1.26), então, escrevemos
0 10 1 0 1
¡i'
cos µ e sin µ x x
¾ n j"n i = "n j"n i ! @ A @ A = "n @ A ; (1.39)
ei' sin µ ¡ cos µ y y
ou 8
< (cos µ ¡ " ) x + e¡i' sin µy = 0
n
: (1.40)
: ei' sin µx ¡ (cos µ + " ) y = 0
n
18 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Os autovalores são obtidos resolvendo a equação secular:


¯ ¯
¯ ¯
¯ cos µ ¡ "n e¡i' sin µ ¯
¢=¯ ¯ ¯ = 0 ! "n = §1: (1.41)
¯
¯ e sin µ ¡ cos µ ¡ "n ¯
i'

Uma pausa importante para re‡etirmos sobre o resultado geral (1.41). A


diagonalização do operador ¾ n com autovalores §1 corresponde na de…nição
(1.37) os autovalores § }2 para o operador Sn , com os mesmos autovatores
que obteremos a seguir. Isto signi…ca no experimento SG não existe direção
!
¡
privilegiada para a direção escolhida para o campo magnético B , sempre
ocorrerá a presença de duas manchas simetricamente opostas no anteparo,
paralelo ao campo. Observamos aqui no experimento SG a presença de uma
isotropia espacial, onde as medidas do spin do elétron (ou qualquer partícula
com spin¡1=2) é invariante sobre rotação do espaço. Matematicamente fa-
lando, uma rotação do espaço corresponde a uma matriz ortogonal R, tal
!
¡
que, um vetor arbitrário V se transforma segundo a lei (transformação de
similaridade):
!
¡ !
¡ !
¡
V ! V 0 = R¡1 V R: (1.42)
A extensão para a MQ é estabelecida construindo a matriz unitária U , assim,
!
¡
o operador de spin (ou qualquer outro operador) S se transforma segundo a
lei (transformação unitária):
¡
! !
¡ !
¡
S ! S 0 = U V U y: (1.43)

Como aprendemos anteriormente, qualquer transformação unitária deixa in-


variante o espectro de um operador hermitiano, assim sendo, para qualquer
!
¡
operador U em (1.43) o spin S sempre terá os mesmos autovalores § }2 , as
medidas do observável. No capítulo 11 iremos detalhar estas propriedades
de simetria de rotação (‘dentro de uma visão de teoria de grupo’) e mel-
hor entender o que vem a ser o spin de uma partícula, mas por enquanto,
utilizaremos apenas as suas propriedades.
Vamos a seguir calcular os autovetores do operador ¾ n , para isto substi-
tuindo "n = 1 no sistema de equações (1.40), …camos

(1 ¡ cos µ) ei' x
y= = tan(µ=2)ei' x; (1.44)
sin µ
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 19

e usando a condição de normalização (1.27), obtemos


8
< x = cos(µ=2)
; (1.45)
: y = sin(µ=2)ei'

ou
0 1
cos(µ=2)
"n = 1 ! j+in = cos(µ=2) j+i + ei' sin(µ=2) j¡i = @ A : (1.46)
i'
e sin(µ=2)

De maneira análoga, encontramos o outro autovetor dado por


0 1
sin(µ=2)
"n = ¡1 ! j¡in = sin(µ=2) j+i ¡ ei' cos(µ=2) j¡i = @ A;
i'
¡e cos(µ=2)
(1.47)
Note que os autovetores (1.46) e (1.47) estão ortonormalizados. Assim, a
componente ¾ n satisfaz a seguinte equação de autovalor:

¾ n j§in = § j§in ; (1.48)

ou
}
Sn j§in = § j§in : (1.49)
2

¥ Exemplo 7.1: Mostre que os autovetores gerais (1.46) e (1.47) reduzem-se aos
autovetores dos operadores ¾ x , ¾ y e ¾ z escritos anteriormente com escolhas apropriadas
para os ângulos µ e '.

Solução

Para a componente ¾ z escolhemos µ = 0 e ' arbitrário, então, das Eqs. (1.46) e


(1.47) obtemos
8
< j+i = cos(µ=2) j+i + ei' sin(µ=2) j¡i ! j+i
n
; (1.50)
: j¡i = sin(µ=2) j+i ¡ ei' cos(µ=2) j¡i ! ei' j¡i
n
20 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

note que j¡i e ei' j¡i descreve o mesmo estado do operador ¾ z com autovalor ¡1. Do
postulado 1 vimos que o estado (puro) de uma partícula é determinada a menos de um
fator multiplicativo de fase arbitrária ei' .
Para a componente ¾ x escolhemos µ = ¼=2 e ' = 0 arbitrário, então, das Eqs.
(1.46) e (1.47) obtemos
8
< j+i = cos(µ=2) j+i + ei' sin(µ=2) j¡i ! j+i
n x
; (1.51)
: j¡i = sin(µ=2) j+i ¡ ei' cos(µ=2) j¡i ! j¡i
n x

onde j§ix são dados em (1.31).


Finalmente, para a componente ¾ y escolhemos µ = ¼=2 e ' = ¼=2 arbitrário, então,
das Eqs. (1.46) e (1.47) obtemos
8
< j+i = cos(µ=2) j+i + ei' sin(µ=2) j¡i ! j+i
n y
; (1.52)
: j¡i = sin(µ=2) j+i ¡ ei' cos(µ=2) j¡i ! j¡i
n y

onde j§iy são dados em (1.34).

¥ Exemplo 7.2: Seja um observável descrito pelo operador de spin¡1=2 de…nido


por A = S x +S y . Se prepararmos o sistema no estado vetor correspondente ao maior
autovalor de A, calcule as probabilidades associadas as medidas do observável Sn .

Solução

Escrevemos primeiro a forma matricial do operador A por


0 1
}@ 0 1¡i
A= A: (1.53)
2 1+i 0

Escolhendo a forma do vetor normalizado (1.26) como autovetor do operador A, então,


…camos com
0 10 1 0 1
} @ 0 1 ¡ i A@ x A x
A j"i = ¸ j"i ! = ¸@ A; (1.54)
2 1+i 0 y y
ou 8
< ¡¸x + } (1 ¡ i) y = 0
2
: (1.55)
: } (1 + i) x ¡ ¸y = 0
2
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 21

Os autovalores são obtidos resolvendo a equação secular:


¯ ¯
¯ } ¯
¯ ¡¸ (1 ¡ i) ¯
¢ = ¯¯ 2 ¯ = 0 ! ¸ = § p} : (1.56)
¯ 2
¯ }2 (1 + i) ¡¸ ¯

Substituindo os autovalores (1.56) no sistema de equações (1.55), obtemos


8
< ¸ = ¸1 ! j¸1 i = p1 j+i + (1+i)
j¡i
2 2
; (1.57)
: ¸ = ¸ ! j¸ i = p1
j+i ¡ (1+i)
j¡i
2 2 2 2

note que h¸i j ¸j i = ± ij .


Estando o sistema preparado no estado do operador A com o maior autovalor, ¸ = ¸1 ,
então, em t = 0 o estado é dado por
0 1
1 (1 + i) p1
jª(0)i = j¸1 i = p j+i + j¡i = @ 2 A: (1.58)
2 2 (1+i)
2

Como vimos em (1.41), os valores das medidas do observável Sn são §}=2, onde os
seus respectivos autovetores são dados em (1.46) e (1.47). De acordo com 3o postulado da
MQ, as probabilidades das medidas deste observável são dadas por

P(Sn = }=2) = jn h+j ª(0)ij2


¯ ¯2
¯ 1 (1 + i) ei' ¯
¯
= ¯ p cos(µ=2) + sin(µ=2)¯¯ ;
2 2
ou
1 1
P(Sn = }=2) = + sin µ cos (' + ¼=4) (1.59)
2 2
e

P(Sn = ¡}=2) = jn h¡j ª(0)ij2


¯ ¯2
¯ 1 (1 + i) ei' ¯
= ¯¯ p sin(µ=2) ¡ cos(µ=2)¯¯ ;
2 2
ou
1 1
P(Sn = ¡}=2) = + sin µ sin (' ¡ ¼=4) ; (1.60)
2 2
que satisfazem a condição:

P(Sn = }=2) + P(Sn = ¡}=2) = 1: (1.61)


22 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

1.2.5 Filtros de spin


Consideremos agora experimentos de Stern-Gerlach sequencial, ou seja, o
feixe atômico passa por dois ou mais aparatos SG em sequência. O aparato
experimental SG cujo gradiente do campo orientado na direção arbitrária n b
decompõem um feixe de partículas de spin¡1=2 em dois. Na saída, cada um
!
¡
dos feixes corresponde a um valor bem de…nido para Sn = S :bn (5o postulado:
colapso de estado). Se a saída do aparato colocarmos um absorvedor que
elimina o feixe que corresponde ao valor Sn = ¡}=2, por exemplo, temos
um …ltro SG, que representamos esquematicamente na …gura 7.5 (a). Isto
signi…ca que o feixe de partículas no estado j¡in foi bloqueado e do estado
j+in foi liberado a prosseguir, e dizemos que o sistema foi preparado no
estado j+in .

Figure 1.5: (a) O aparato experimental SG para o gradiente do campo na


b descrevendo o …ltro de spin com componente j+in . Em (b) temos
direção n
dois …ltros sucessivos de spin com autovalor }=2 para gradientes de campos
b1 e n
nas direções n b2 , rspectivamente.

Um experimento típico é realizado por uma sucessão de dois (ou mais)


…ltros conforme está esquematizado na …gura 7.5 (b). Antes da entrada do
primeiro …ltro, os átomos estão num estado desconhecido, que pode ser escrito
como uma combinação dos estados j§in1 , ou seja, jª(0)i = ® j+in1 +¯ j¡in1 ,
com j®j2 + j¯j2 = 1. Do 3o postulado da MQ temos que j®j2 (j¯j2 ) é a
probabilidade de encontrar o valor da medida da projeção do spin ao longo do
campo magnético: Sn1 = }=2 (¡}=2). Se os átomos estão saindo de um forno,
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 23

todos os p
dois estados são igualmente prováveis, assim sendo, teremos j®j =
j¯j = 1= 2. O primeiro …ltro prepara os átomos num determinado estado
correspondente ao estado j+in1 do observável Sn1 com autovalor }=2. Este
…ltro é usualmente chamado de polarizador. O segundo aparato SG realiza
então uma medida do observável Sn2 . Este segundo aparato é usualmente
chamado de analisador. Como o estado abtes da entrada neste aparato é
conhecido, a MQ permite calcular as probabilidades associadas aos possíveis
resultados desta medida. Como há apenas dois valores possíveis de medidas,
as suas respectivas probabilidades são dadas por
P(Sn2 = §}=2) = jn2 h§j ªn1 ij2 ; (1.62)
sendo
jªn1 i = j+in1 (1.63)
o estado preparado pelo polarizador (primeiro aparato SG).
Se o segundo aparato também atua como um …ltro, deixando passar ape-
nas os átomos para os quais o resultado da medida do observável Sn2 seja
o valor }=2 (estado j+in1 ), a razão I2 =I1 das intensidades dos feixes antes e
depois da passagem pelo analisador fornecerá a probabilidade P(Sn2 = }=2)
de…nida na MQ pela expressão (1.62). Temos assim uma maneira prática de
determinar probabilidades em sistemas quânticos, em especial aqui no trata-
mento das medidas do spin. Consideramos a seguir alguns casos particulares
deste arranjo experimental com dois aparatos SG colocados sucessivos.

i) Experimento 1
Considere na …gura 7.4 (b) os campos nos dois aparatos escolhidos de modo
b1 = x
que n be n b2 = zb. Na saída do polarizador (pimeiro aparato SG), os
átomos foram preparados no estado j+ix (intensidade I1 ), então a probabil-
idade de obter o valor }=2 da medida do observável Sz no segundo aparato
SG (analisador) vale
P(Sz = }=2) = jh+j +ix j2 ; (1.64)
usando a expressão do autovetor j+ix dado em (1.31), obtemos
I2 1
P(Sz = }=2) = = : (1.65)
I1 2
Note que as intensidades dos feixes I1 e I2 são determinados através da con-
tagem do número de partículas no dado estado de spin.
24 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

ii) Experimento 2
Considere na …gura 7.4 (b) os campos nos dois aparatos escolhidos de modo
b1 = x
que n ben b2 = zb. Este experimento 2 é semelhante ao anterior. Na saída
do polarizador (pimeiro aparato SG), os átomos foram preparados no estado
j+ix (intensidade I1 ), então a probabilidade de obter o valor ¡}=2 da medida
do observável Sz no segundo aparato SG (analisador) vale

P(Sz = ¡}=2) = jh¡j +ix j2 ; (1.66)

usando a expressão do autovetor j+ix dado em (1.31), obtemos

I20 1
P(Sz = ¡}=2) = = ; (1.67)
I1 2
comparando os resultados (1.65) e (1.67), concluimos que I20 = I2 .

iii) Experimento 3
Considere que invertemos os campos da …gura 7.4 (b) do experimento 1, ou
b1 = zb e n
seja, n b2 = x
b. Na saída do polarizador (pimeiro aparato SG), os
átomos foram preparados no estado j+i (intensidade I1 ), então a probabili-
dade de obter o valor }=2 da medida do observável Sx no segundo aparato
SG (analisador) vale
I2 1
P(Sx = }=2) = jx h+j +ij2 = = : (1.68)
I1 2

iv) Experimento 4
Considere agora três aparatos SG conforme está esquematizado na …gura
7.5. No primeiro aparato (polarizador) o campo foi escolhido na direção zb,
no segundo na direção xb e, …nalmente, no terceiro aparato (analisador) foi
escolhido o campo na direção zb.
Este experimento é meramente uma combinação dos experimentos 2 e 3.
Na saída do polarizador (pimeiro aparato SG), os átomos foram preparados
no estado j+i (intensidade I1 ), então a probabilidade de obter o valor }=2
da medida do observável Sx no segundo aparato SG vale
I2 1
P(Sx = }=2) = jx h+j +ij2 = = : (1.69)
I1 2
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 25

Figure 1.6: Esquema do aparato SG com três …ltros sucessivos de spin com
autovalor }=2 para gradientes de campos nas direções zb, x
b e zb rspectivamente.

O segundo aparato foi colocado um …ltro de modo que apenas feixe de átomos
(intensidade I2 ) no estado j+ix é permitido. No terceiro aparato (analisador)
foi colocado um …ltro inibindo o feixe de átomos no estado j+i, onde antes da
medida os átomos foram preparados no estado j+ix de modo que a probabil-
idade de obter o valor ¡}=2 da medida do observável Sz no terceiro aparato
SG vale
I3 1
P(Sz = ¡}=2) = jh¡j +ix j2 = = : (1.70)
I2 2
Combinando os resultados (1.69) e (1.70), …camos com

I3 I3 I2 1
= £ = : (1.71)
I1 I2 I1 4

v) Experimento 5
Suponha remover o segundo aparato SG (…ltro intermediário) da …gura 7.5.
Na saída do polarizador, os átomos estão no estado j+i, logo, a probabilidade
de obter o valor ¡}=2 da medida do observável Sz vale

I3
P(Sz = ¡}=2) = jh¡j +ij2 = = 0: (1.72)
I1
Assim, a remoção do …ltro intermediário do experimento 4 não resultou numa
maior probabilidade de passagem dos átomos pelo aparato. Pelo contrário,
na ausência do …ltro, a passagem é impossível, enquanto que, com o …ltro
intermediário se torna possível, Eq. (1.71). Embora este comportamento
26 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

contradiz a ideia usual de …ltro d epartículas, ele é semelhante aos dois …ltros
polaróide utilizados para fabricar óculos de sol. Aliás, a descrição matemática
do spin¡1=2 é bastante semelhante com o processo de polarização da luz,
onde o fóton é descrito em termos de dois estados (ver seções 6.3 e 6.4).

1.2.6 Medidas do spin


Vamos agora discutir um aparato para medir o valor esperado da compo-
nente do spin. Considere um forno que envia átomos com momento angular
nulo (l = 0) e spin¡1=2, e que passe por um …ltro SG (polarizador) com o
campo na direção n b removando átomos nos estados j¡in . O feixe de átomos
(intensidade I1 ) preparados no estado j+in passa por um segundo aparato
SG com campo na direção zb, que não atua como …ltro, apenas separa o feixe
em duas partes, cada uma delas correspondente a um valor bem de…nido de
Sz . Na …gura 7.6 temos esquematicamente o experimento para medir o valor
esperado do spin.

Figure 1.7: Experimento para mediç ão do valor esperado da componente Sz


do spin com o sistema preparado no estado j+in .

Podemos utilizar o dispositivo experimental da …gura 7.6 para calcular


o valor esperado hSz i para o sistema preparado no estado jªi = j+in , Eq.
(1.46). Este valor esperado é dado em termos das intensidades relativas
medidas, ou seja, µ ¶ µ ¶
} I2+ } I2¡
hSz i = ¡ : (1.73)
2 I1 2 I1
Usando a expressão para j+in dada pela Eq. (1.46), do 3o postulado da
1.2 PARTíCULA DE SPIN 1=2 27

I2§
MQ temos que as probabilidades relativas I1
serão dadas por
8 ¡µ¢
< I2+
I1
= P(Sz = }=2) = jh+j +in j2 = cos2 2
I2¡ ¡ ¢ : (1.74)
: 2
= P(Sz = ¡}=2) = jh¡j +in j = sin2 µ2
I1

Substituindo (1.74) em (1.73), …camos com


· µ ¶ µ ¶¸
} 2 µ 2 µ
hSz i = cos ¡ sin ;
2 2 2
ou
}
hSz i =
cos µ: (1.75)
2
Um procedimento alternativo para calcular o valor esperado hSz i seria
fazer a operação matemática usando a de…nição do valor esperado aprendido
no capítulo 5, isto é,
0 10 1
µ ¶ µ
µ µ } @ 1 0 A @ cos 2 A
hSz i = n h+ jSz j +in = cos ; e¡i' sin
2 2 2 0 ¡1 ei' sin µ2
0 1
µ ¶ µ
} µ µ @ cos 2 A }
= cos ; e¡i' sin = cos µ;
2 2 2 ¡ei' sin µ 2
2

encontrando o mesmo resultado (1.75).


!
¡
Os valores esperados das outras componentes do spin S podem ser anal-
isados de maneira análoga. Vamos primeiro calcular hSx i, ou seja,
0 10 1
µ ¶ µ
µ µ }@ 0 1 cos
hSx i = n h+ jSx j +in = cos ; e¡i' sin A@ 2 A
2 2 2 1 0 ei' sin µ2
0 1
µ ¶ i' µ
} µ µ @ e sin 2 A
= cos ; e¡i' sin ;
2 2 2 cos µ 2

ou
}
hSx i = sin µ cos ': (1.76)
2
28 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Para a componente y, teremos


0 10 1
µ ¶ µ
µ µ } @ 0 ¡i A @ cos 2 A
hSy i = n h+ jSy j +in = cos ; e¡i' sin
2 2 2 i 0 ei' sin µ2
0 1
µ ¶ i' µ
} µ µ @ ¡ie sin 2 A
= cos ; e¡i' sin ;
2 2 2 i cos µ
2
ou
}
hSy i = sin µ sin ': (1.77)
2
Estes valores esparados são iguais as componentes do “spin clássico” de mó-
dulo }2 orientado ao longo do vetor unitário n b, Eq. (1.35), isto é,

! E }
S = n b: (1.78)
2
Portanto, estabelecemos, assim, uma relação entre a mecânica clássica e a
MQ através dos valores esperados. Por esta razão é comum fazer o tratamento
clássico dos spins resultando nos mesmos valores usando a MQ, em boa parte
dos cálculos, mas não podemos usar isto como um princípio geral, apenas
particularizamos alguns casos como foi aqui analisado.

1.3 Dinâmica de spin


Para estudar a dinâmica de um observável A qualquer, calculamos o valor
esperado em um instante de tempo t, que é de…nido por (3 o postulado)
hAi = hª(t) jAj ª(t)i ; (1.79)
onde a dinâmica do sistema é descrito por um Hamiltoniano H, e a evolução
temporal jª(t)i é obtida resolvendo a equação de Schrodinger (5 o postulado)
d jª(t)i
i} = H jª(t)i : (1.80)
dt
No espaço de estados do spin¡1=2, na base dos autovetores de Sz , es-
crevemos jª(t)i na forma
2 3
a(t)
jª(t)i = a(t) j+i + b(t) j¡i = 4 5; (1.81)
b(t)
1.3 DINÂMICA DE SPIN 29

onde a(t) e b(t) são coe…cientes dependende do tempo, calculados resol-


vendo equações diferenciais acopladas, que são obtidas substituindo (1.81)
em (1.80).
No caso particular em que o Hamiltoniano é independente do tempo, a
solução da Eq. (1.80) é dada pela expressão

jª(t)i = e¡iHt=} jª(0)i ; (1.82)

onde jª(0)i é o estado inicial do sistema.


Se o Hamiltoniano H(t) for dependente do tempo, a solução (1.82) não
é mais verdadeira, devemos resolver a equação de Schrodinger (1.80) a …m
de obter jª(t)i com a condição inicial para jª(0)i. Dependendo da forma
de H(t), podemos obter exatamente os coe…cientes a(t) e b(t). De uma
maneira geral, Hamiltoniano dependente do tempo não admite solução exata
para jª(t)i, mas soluções analíticas aproximadas podem ser obtidas usando
a teoria de perturbação dependente do tempo (capítulo 16).
!
¡
Considere o campo magnético externo B (t) aplicado sobre uma partícula
de spin¡1=2. Devido ao acoplamento do dipolo magnético ¡ !
¹ S , Eq. (1.10),
com este campo magnético, teremos uma energia potencial que dará origem
ao Hamiltoniano:
!
¡ !¡
¡ !
H(t) = ¡¡ !¹ S ¢ B (t) = ° S ¢B(t); (1.83)
g¹B
onde ° = }
' 1; 8 £ 1011 T¡1 s¡1 é chamado raio giromagnético.

1.3.1 Campo magnético uniforme


!
¡
Considerando B (t) = Bo zb, onde Bo independe do tempo mas é uma função
da coordenada z (campo não homogêneo), a forma matricial do Hamiltoniano
(1.83) será dada por
0 1
}wo @ 1 0
H = wo Sz = A; (1.84)
2 0 ¡1

onde wo = °Bo é denominado de frequência de Larmor.


Como o Hamiltoniano (1.84) é independente do tempo e escrito na forma
de uma matriz diagonal, resolvendo a correspondente equação de Schrodinger
estacionária, obtemos os autovetores e autovalores por

H j§i = E§ j§i ; (1.85)


30 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

sendo
}wo
E§ = § : (1.86)
2
Existem, portanto, dois níveis de energias E+ e E¡ , conforme estão
esquematizados na …gura 7.7, onde a separação ¢E = E+ ¡ E¡ = }wo é
proporcional ao campo magnético, assim de…nimos uma única frequência de
Bohr associada a esta transição:
¤E wo
º +¡ = = : (1.87)
h 2¼

Figure 1.8: Os níveis de energia de um spin¡1=2. com raio giromagnético °,


!
¡
na presen ça de um campo magnético B = Bo zb.
Para um campo magnético típico de laboratório da ordem de Bo = 100
G, a frequência e Larnor vale wo = 2 £ 109 s¡1 , que é uma frequência na faixa
de microondas.

Ä Teste 7.7: Calcule os autovalores e correspondentes autovetores para o caso do


!
¡
elétron na presença de um campo magnético uniforme B (t) = Bo x b.

Evolução temporal do estado


Como o campo é uniforme, consequentemente o Hamiltoniano (1.84) é in-
dependente do tempo, então para calcular jª(t)i faremos uso da expressão
1.3 DINÂMICA DE SPIN 31

(1.82), para isto necessitamos saber qual é o estado inicial jª(0)i. Considere
que o sistema foi preparado no estado jª(0)i = j+in , que é autovetor da com-
ponente Sn com autovalor }=2. Usando o autovetor (1.46) e o Hamiltoniano
(1.84) em (1.82), …camos com
£ ¤
jª(t)i = e¡iHt=} cos(µ=2) j+i + ei' sin(µ=2) j¡i
= cos(µ=2)e¡iHt=} j+i + ei' sin(µ=2)e¡iHt=} j¡i ;

usando a equação de autovalor (1.85), obtemos


i' £ ¤
jª(t)i = e 2 cos(µ=2)e¡i('+wo t)=2 j+i + sin(µ=2)ei('+wo t)=2 j¡i : (1.88)
!
¡
A presença do campo magnético uniforme B (t) = Bo zb introduz um desloca-
mento, proporcional ao tempo, entre os coe…cientes dos kets j+i e j¡i.
i'
Se compararmos o ket jª(t)i, dado em (1.88), com o ket e¡ 2 j+in do
!
¡
observável Sn = S ¢ nb com uma medida }=2, temos que a direção n b(t) ao
longo desta componente Sn é de…nida pelos ângulos polares:
8
< µ(t) = µ
: (1.89)
: '(t) = ' + w t
o

Ou seja, o ângulo entre nb(t) e o eixo z (direção do campo magnético), µ,


se mantém constante, enquanto n b(t) rotaciona ao redor do eixo z com uma
velocidade wo = °Bo . Então, encontramos na MQ o fenômeno que é descrito
pela mecânica clássica de um momento angular, que é chamado de precessão
de Larmor.
!
¡
Vejamos a descrição clássica deste sistema. Considere que L seja o mo-
mento angular de uma partícula clássica carregada com dipolo magnético
!
¡ !
¡ !
¡
m = ° L (na MQ temos o análogo ¡ !
¹ s = ° S ). Da mecânica clássica temos
!
¡
que o torque é de…nido por ¡ !¿ = ¡!m £ B , assim, escrevemos a 2a lei de
Newton para rotação por
!
¡ !
¡
¡
! dL dL ! ¡
¡ !
¿ = ! = °L £ B; (1.90)
dt dt
que é semelhamte ao movimento de um giroscópico. Na …gura 7.8 mostramos
este movimento de precessão esquematizado.
32 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Figure 1.9: Esquema do movimento de precessão de Larmor. Quando um


!
¡ !
¡
momento magnético ¡ !
m = ° L é colocado na presença de um campo B (t) =
!
¡
Bo zb, o “spin clássico” (em substituição ao momento L ) rotaciona em torno
do eixo z com uma velocidade constante wo que é proporcional a Bo .
1.3 DINÂMICA DE SPIN 33

O tratamento quântico consiste em resolver a equação do movimento de


Heisenberg, que é dada por
!
¡
d S (t) h¡ ! i
i} = S;H ; (1.91)
dr
!
¡ !
¡
onde S (t) = e¡iHt=} S eiHt=} é o operador de spin dependente do tempo na
representação de Heisenberg. As duas formulações (clássica e quânticas),
dadas pelas expressões (1.90) e (1.91), resultam nos mesmos conjuntos de
equações acopladas dadas por
8
>
> dSx
= wo Sy
>
< dt
dSy
= ¡wo Sx ; (1.92)
>
> dt
>
: dSz
dt
=0

ou nas formas desacopladas


8
>
> d2 Sx
= ¡wo2 Sx
>
< dt2
d2 Sy
= ¡wo2 Sy ; (1.93)
>
> dt2
>
: dSz
dt
=0

cujas soluções (gerais) são


8
< S (t) = Aeiwo t + Be¡iwo t
x
; (1.94)
: S (t) = C
z

onde A, B, e C são grandezas obtidas pelas condições iniciais do problema,


no caso clássico são números complexos e no caso quântico são operadores.
!
¡
As equações clássicas (1.92) foram obtidas mudando o momento angular L
!
¡
em (1.90) pelo vetor do spin S (t) com módulo }=2.
Vamos desenvolver o caso clássico, assim sendo, em t = 0 temos as
seguintes condições iniciais:
8
>
> S (0) = }2 sin µ Re (ei' )
>
< x
Sx (0) = }2 sin µ Im (ei' ) : (1.95)
>
>
>
: Sz (0) = }2 cos µ
34 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Por serem vetores (grandezas reais), reescrevemos as soluções (1.94) nas for-
mas: 8
> £ ¤
>
> Sx (t) = Re ®ei(wo t+±x )
< £ ¤
Sy (t) = Im ¯ei(wo t+±y ) : (1.96)
>
>
>
: Sz (t) = C
Usando as condições iniciais (1.95) em (1.97), obtemos
8
>
> }
> ± x = '; ® = 2 sin µ
<
± y = '; ¯ = }2 sin µ ; (1.97)
>
>
>
: C = }2 cos µ
logo, …camos com
8
>
> S (t) = }
sin µ cos (' + wo t)
>
< x 2
} (1.98)
Sy (t) = sin µ sin (' + wo t) ;
>
>
2
>
: }
Sz (t) = 2
cos µ
onde estas componentes do vetor de spin descrevem o movimento de precessão
!
¡
de S mostrado na …gura 7.8.

Valores esperados dos observáveis


A analogia com a mecânica clássica (1.98), cujo movimento de precessão está
mostrado na …gura 7.8, pode ser analisada avaliando os valores esperados das
componentes do spin. Por exemplo, para a componente x, usando a evolução
do ket (1.88), teremos
hSx i (t) = hª(t) jSx j ª(t)i
0 10 1
µ ¶ ¡i('+wo t)=2 µ
µ µ } @ 0 1 A@ e cos 2
A
= cos ei('+wo t)=2 ; e¡i('+wo t)=2 sin
2 2 2 1 0 ei('+wo t)=2 µ
sin 2
0 1
µ ¶ µ
} µ i('+wo t)=2 ¡i('+wo t)=2 µ @ ei('+wo t)=2 sin 2 A
= cos e ;e sin
2 2 2 e¡i('+wo t)=2 cos µ
2
} µ µ£ ¤
= sin cos ei('+wo t) + e¡i('+wo t) ;
2 2 2
1.3 DINÂMICA DE SPIN 35

ou
}
hSx i (t) = sin µ cos (' + wo t) ; (1.99)
2
que tem a mesma forma da função da componente Sx (t) do vetor em (1.98).
De maneira análoga, obtemos as os valores esperados das outras componentes
de spin, y e z, que são dadas por
8
< hS i (t) = hª(t) jS j ª(t)i = } sin µ sin (' + w t)
y y 2 o
: (1.100)
: hS i (t) = hª(t) jS j ª(t)i = } cos µ
z z 2

No caso clássico, a frequência de Larmor corresponde a velocidade angular


do movimento de precessão do spin, enquanto no caso quântico corresponde
a frequência de Bohr associada a transição entre os estados E+ e E¡ . Não
devemos dizer na MQ que o spin precessiona, isto é apenas uma analogia,
mas que sofre transições entre dois estados através de um movimento har-
mônico simples.

ÄTeste 7.8: Mostre os resultados (1.100).

Probabilidade
Vamos aplicar agora o 3o postulado da MQ analisando o comportamento
da expressão (1.88). A probabilidade de encontrar o sistema no estado, por
exemplo, da medida Sz = }=2, no instante de tempo t, é dada por

P(Sz = }=2; t) = jh+j ª(t)ij2 = cos2 (µ=2); (1.101)

e para Sz = ¡}=2, temos

P(Sz = ¡}=2; t) = jh¡j ª(t)ij2 = sin2 (µ=2); (1.102)

que são probabilidades independentes do tempo. Isto re‡ete o valor constante


de hSz i (t) = }2 cos µ em (1.100).
Por outro lado, a probabilidade para a medida Sx = }=2 será dependente
do tempo, e dada por

1
P(Sx = }=2; t) = jx h+j ª(t)ij2 = [1 + sin µ cos (' + wo t)] ; (1.103)
2
36 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

e para Sx = ¡}=2, temos


1
P(Sx = ¡}=2; t) = jx h¡j ª(t)ij2 = [1 ¡ sin µ cos (' + wo t)] ; (1.104)
2
que está consistente com a dependência temporal de hSx i (t) = }2 [P(Sx = }=2; t) ¡ P(Sx = ¡}=
dada em (1.99). Assim, entendemos a precessão como sendo um processo de
oscilações (frequência de Bohr wo ) entre os estados j+i e j¡i.
Particularizando o sistema no estado inicial jª(0)i = j+ix , que corre-
sponde nas expressões (1.103) e (1.104) fazer µ = ¼=2 e ' = 0, teremos
8
< P(S = }=2; t) = cos2 (w t=2)
x o
: (1.105)
: P(S = ¡}=2; t) = sin2 (w t=2)
x o

Embora o spin se encontre inicialmente na direção x positiva (estado j+ix ),


o campo magnético na direção z o faz girar; tal que, a probabilidade de achar
Sx na direçção x negativa (estado j¡ix ) é …nita para t > 0.

1.3.2 Procedimento de medida quântica


Na MQ um procedimento para fazer uma dada medida de um observável,
geralmente envolve três etapas:
i) a preparação do sistema em um dado instante de tempo jª(0)i;
ii) a evolução do sistema sob a sua dinâmica própria;
iii) a medida do observável,
assim, permite calcular as probabilidades de cada um dos resultados pos-
síveis na medida …nal.
Como ilustração, considere um experimento em que um feixe de átomos
possuem velocidades constantes ¡ !
v = vb z incidindo sobre aparatos SG, con-
forme está ilustrado na …gura 7.9. Na região entre o polarizador e o anal-
!
¡
isador há um campo magnético ao longo do eixo z, isto é, B (t) = Bo zb. O
polarizador está orientado na direção yb e seleciona átomos com Sy = }=2. O
analisador está orientado na direção xb e também atua como …ltro, deixando
passar átomos com Sx = }=2. A distância entre o polarizador e o analisador
é L.
Escolhendo como t = 0 o instante de saída do átomo do polarizador, que
é dado por
1
jª(0)i = j+iy = p (j+i + i j¡i) : (1.106)
2
1.3 DINÂMICA DE SPIN 37

Figure 1.10: Esquema com aparatos SG para fazer um processo quântico.

Entre o polarizador e o analisador, a dinâmica do spin é governada pelo


!
¡
acoplamento do momento de dipolo ¡ !
¹ = ¡° S com o campo magnético
!
¡
B (t) = Bo zb, cujo Hamiltoniano é dado por
!
¡
H = ¡¡!¹ ¢ B (t) = wo Sz : (1.107)
Como o Hamiltoniano é independente do tempo, usando a condição ini-
cial (1.106) na expressão (1.82) para obtenção da evolução temporal do ket,
…camos com
1
jª(t)i = e¡iHt=} p (j+i + i j¡i)
2
1 ¡ ¡iwo t=} ¢
= p e j+i + ieiwo t=} j¡i : (1.108)
2
No instante t = ¿ = L=v da entrada do átomo no analisador, podemos
encontrar a probabilidade da passagem do átomos no estado Sx = }=2, que
segundo o 3 o postulado da MQ é calculada por
I2
P(Sx = }=2; t = ¿ ) = = jx h+j ª(t = ¿ )ij2 ; (1.109)
I1
substituindo (1.108) em (1.109), obtemos
I2 1
= (1 + sin wo ¿ ) ; (1.110)
I1 2
38 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

sendo
°Bo L
wo ¿ = : (1.111)
v
Da expressão (1.110) temos que a transmissão do feixe pelo analisador
será completa (i. e., I2 = I1 ), se os parâmetros envolvidos no sistema
satisfazer a condição:
°Bo L ¼
wo ¿ = = + 2¼n (n = 0; 1; 2; ::), (1.112)
v 2
e será completamente cortado (i. e., I2 = 0) se
°Bo L 3¼
wo ¿ = = + 2¼n (n = 0; 1; 2; ::). (1.113)
v 2
Os resultados (1.112) e (1.113) podem ser usados como instrumento de me-
dida a …m de determinar um dos parâmetros °, Bo , L ou v envolvidos no nosso
sistema. Formalizamos, assim, um procedimento de medidas de grandezas
físicas relevantes.

1.3.3 Campo de rádio frequência: ressonância


Considere agora um campo externo dependente do tempo na forma
!
¡
B (t) = Bo zb + B1 (cos wtb
x + sin wtb
y) ; (1.114)
onde Bo e B1 são os campos nas direções z e perpendicular, respectivamente.
O Hamiltoniano para este sistema é dado por
!
¡
H(t) = ¡¡!¹ S ¢ B (t)
= wo Sz + w1 (cos wtSx + sin wtSy ) ; (1.115)
onde wo = °Bo e w1 = °B1 .
Substituindo (1.13) e (1.15) em (1.115), escrevemos a forma matricial do
Hamiltoniano
0 1 2 0 1 0 13
}wo @ 1 0 A }w1 4 0 1 0 ¡i
H(t) = + cos wt @ A + sin wt @ A5 ;
2 0 ¡1 2 1 0 i 0
ou 0 1
¡iwt
} @ wo w1 e A:
H(t) = (1.116)
2 w1 eiwt ¡wo
1.3 DINÂMICA DE SPIN 39

Equação de Schrodinger
Sendo o Hamiltoniano dependente do tempo, nao podemos mais resolver
equação de autovalor, nem mesmo usar a expressão (1.82), assim devemos
atacar o problema na sua forma geral:
2 3 0 12 3
¡iwt
d a(t) w w e a(t)
i} 4 5= }@ o 1
A4 5; (1.117)
dt b(t) 2 w1 eiwt ¡wo b(t)

resultando em 8
< i da = wo a(t) + w1 e¡iwt b(t)
dt 2 2
; (1.118)
: i db = w1 eiwt a(t) ¡ wo b(t)
dt 2 2

que constitui um sistema de equações diferenciais de primeira ordem linear e


homogênea com coe…cientes dependente do tempo acopladas.

Mudança de variáveis
Para resolver o sistema (1.118) é conveniente de…nir as novas variáveis:
8
< a(t) = e¡iwt=2ea(t)
: (1.119)
: b(t) = eiwt=2eb(t)

Substituindo (1.119) em (1.118), obtemos um sistema de equações difer-


enciais acopladas com coe…cientes constantes:
8
< i dea = ¡ ¢w e
a(t) + w21 eb(t)
dt 2
; (1.120)
: i deb = w1 e
a(t) + ¢w eb(t)
dt 2 2

onde ¢w = w ¡ wo .
O sistema (1.120) pode ser reescrito na forma
d ¯¯ e E ¯
e ¯¯ª(t)
e
E
i} ¯ª(t) =H ; (1.121)
dt
com 2 3
¯ E e
a (t)
¯e
¯ª(t) = 4 5; (1.122)
eb(t)
40 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

e 0 1
¡¢w w1
e= }@
H A: (1.123)
2 w1 ¢w
A transformação (1.119) tornou a equação de Schrodinger (1.121) com
¯ um E
e ¯e
Hamiltoniano H independente do tempo. Desta maneira, a solução ¯ª(t)
será dada por ¯ E ¯ E
¯e e ¯e
¯ª(t) = e¡iHt=} ¯ª(0) ; (1.124)
¯ E
¯e
onde ¯ª(0) = jª(0)i.

Diagonalização do Hamiltoniano modi…cado


Para
¯ calcular
E a evolução temporal (1.124) precisamos escrever o estado inicial
¯e e Fazendo o processo
¯ª(0) em termos dos autovetores do Hamiltoniano H.
de diagonalização, obtemos
e jà n i = En jà n i ;
H (1.125)
com 8
< E = }­
1 2
; (1.126)
: E = ¡ }­
2 2
e 8
< jà i = 1
[w1 j+i + (¢w + ­) j¡i]
1 w+
; (1.127)
: jà i = 1
[w1 j+i + (¢w ¡ ­) j¡i]
1 w¡

sendo 8 q
< ­ = w 2 + (¢w)2
1
p : (1.128)
: w = 2­ (­ § ¢w)
§

Note que os autovetores (1.127) estão ortonormalizados.

Evolução temporal do estado


Vamos considerar que em t = 0 o sistema se encontra no estado da medida
Sz = }=2, ou seja, ¯ E
¯e
jª(0)i = ¯ª(0) = j+i : (1.129)
1.3 DINÂMICA DE SPIN 41

Combinando os autovetores (1.127), escrevemos o estado inicial por


¯ E
¯e
¯ª(0) = a1 jà 1 i + a2 jà 2 i ; (1.130)

sendo 8
<a = w+
(­ ¡ ¢w)
1 2­w1
: (1.131)
:a = w¡
(­ + ¢w)
2 2­w1

Substituindo (1.128) em (1.124), e usando a equação de autovalor (1.125),


obtemos ¯ E
¯e
¯ª(t) = a1 e¡iE1 t=} jà 1 i + a2 e¡iE2 t=} jà 2 i ;
ou ¯ E
¯e ­t ­t
¯ª(t) = a1 e¡i 2 jà 1 i + a2 ei 2 jà 2 i : (1.132)

Substituindo os autovetores (1.127)


¯ em
E (1.132), depois de algumas ma-
¯e
nipulações algébricas, encontramos ¯ª(t) escrito na forma (1.122), com os
coe…cientes dados por
8 £ ¡ ¢ ¡ ­t ¢¤
<ea(t) = ­1 ­ cos ­t + i¢w sin
2 2
¡ ¢ : (1.133)
: eb(t) = ¡ iw1 sin ­t
­ 2

Probabilidade de transição: fórmula de Rabi


Vamos agora calcular a probabilidade de transiçãp P+¡ (t) correspondente
a “inversão” da componente Sz do spin. Ou seja, a probabilidade de uma
medida do observável Sz encontrar o valor Sz = }=2. Do 3 o postulado temos
que P+¡ (t) é calculado por
¯ ¯
2 2 ¯e ¯2
P+¡ (t) = jh¡j ª(t)ij = jb(t)j = ¯b(t)¯ ; (1.134)

usando a expressão de eb(t) em (1.133), …camos com


µq ¶
w12 2 2 2t
P+¡ (t) = 2 sin w1 + (¢w) ; (1.135)
w1 + (¢w)2 2

que é conhecida como fórmula de Rabi.


Problemas propostos

P 7.1 (UFPE-2008/1) Seja um sistema de dois niveis representado pelos


estados j©A i e j©B i, com energias ¡}wo =2 e }wo =2, respectivamente. a)
Quando um campo magnético externo uniforme B é ligado, o Hamiltoniano
do sistema pode ser escrito como
0 1
¡}wo =2 + ¹B 0
H1 = Ho + V1 = @ A;
0 }wo =2 ¡ ¹B

onde ¹ é o momento magnético do sistema. Encontre os autovetores jª1 i


e jª2 i e os respectivos autovalores "1 e "2 do Hamiltoniano H1 . b) Admita
que a intensidade de B cresce lentamente até o valor limite }wo =¹ e esboce o
grá…co da variação de "1 e "2 como função de B. c) Considere agora que uma
nova perturbação é ligada, de modo que o novo Hamiltoniano do sistema
passa a ser
0 1
¡}wo =2 + ¹B V
H2 = Ho + V1 + V2 = @ A;
¤
V }wo =2 ¡ ¹B

onde V é o acoplamento considerado constante.


Encontre os autovetores jª1 i e jª2 i e os respectivos autovalores E1 e E2
do Hamiltoniano H2 . d) Mais uma vez admitindo que B cresce lentamente
até o valor limite }wo =¹, esboce o grá…co da variação de E1 e E2 como função
de B. e) Interprete …sicamente a diferença encontrada entre o resultado do
item anterior e aquele do item b), e encontre o valor de B para o qual a
mistura entre os estados originais (isto é, aqueles correspondendo à situação
em que que V = 0) é máxima.
P 7.2 (EUF-2007/1) Considere os estados de um elétron numa molécula
diatômica, formada pelos átomos E e D onde a distância ED é igual a d.

43
44 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Denotamos por jà E i e jà D i os autovetores de um observável B o qual corre-


sponde ao elétron estar localizado na vizinhança dos átomos E ou D, respec-
tivamente, tal que

d d
B jà E i = ¡ jà E i ; B jà D i = ¡ jà D i :
2 2

O Hamiltoniano do sistema na base {jà E i ; jà D i} é dado por


0 1
Eo ¡a
H=@ A;
¡a Eo

onde a > 0.
a) Quais os valores possíveis da energia dos sistema?
b) Qual é a probabilidade de encontrar o elétron na vizinhança de E se o
sistema está no estado fundamental?
c) Considere que o elétron está no estado jà E i para t = 0. Obtenha o
estado do sistema como função do tempo.
P 7.3 (EUF-2016/2) Considere uma partícula de spin 1=2 sob ação de
!
¡
um campo magnético uniforme B = Bb z . O Hamiltoniano para este sistema
é dado por
H = °BSz;
onde ° é uma constante. Sejam os estados j§i tais que Sz j§i = §(}=2) j§i.
a) Quais os autovalores do Hamiltoniano?
b)pNo instante t = 0 a partícula se encontra no estado jª(0)i = (j+i ¡
j¡i)= 2. Calcule o estado da partícula em um instante t > 0 qualquer.
c) Calcule as médias dos operadores Sx , Sy e Sz para qualquer instante de
tempo t ¸ 0. Lembre-se de que Sx j§i = (}=2) j¨i e Sy j§i = §i(}=2) j¨i.
d) Qual é o menor valor de t > 0 para o qual o estado volta a ser igual
ao estado inicial?
P 7.4 (EUF-2016/1) Seja um sistema composto por um par A e B de
spins 1=2 descrito pelo estado

jªi = ® jA+ i ­ jB¡ i + ¯ jA¡ i ­ jB+ i + ° jA¡ i ­ jB¡ i + ± jA+ i ­ jB+ i

com ®; ¯; ° e ± são números complexos pertencente ao espaço de Hilbert


1.3 DINÂMICA DE SPIN 45

"A ­ "B , onde jA§ i são vetores ortonormalizados que satisfazem


8
>
> S jA i = }2 jA¨ i
>
< Ax §
SAy jA§ i = §i }2 jA¨ i :
>
>
>
: S jA i = § } jA i
Az § 2 §

E analogamente para o vetor jB§ i.


a) Qual é a dimensão do espaço " = "A ­ "B produto tensorial?
b) Seja o estado jªi com ® = ¯ = ° = 0. Qual é o valor de ± mais geral
que normaliza jªi? p
c) Seja o estado jªi com ® = ¡¯ = 1= 2 e ° = ± = 0. Qual é o valor
esperado do operador Sz = SAz © SBz ? p
d) Seja o estado jªi com ® = ¯ = 1= 2 e ° = ± = 0. Determine se jªi
é um autoestado do operador S 2 = Sx2 + Sy2 + Sz2 , onde Sx = SAx © SBx e
Sy = SAy © SBy . Se for, qual o autovalor correspondente.
P 7.5 (EUF-2015/2) Seja um sistema composto por um par A e B de
spins 1=2 descrito pelo estado
¡¯ A ® ¯ B ® ¯ A ® ¯ B ®¢
jªi = ® ¯z+ ­ ¯z¡ ¡ ¯z¡ ­ ¯z+ ;

onde 8 ¯ ® ¯ ®
>
> SAx ¯xA = § }2 ¯xA
>
< § §
¯ A® ¯ ®
SAy ¯y§ = § }2 ¯y§A
>
> ¯ A® ¯ A®
>
: SAz ¯z§ = § }2 ¯z§
(e analogamente para a particula B) e onde escrevemos os operadores de spin
como
0 1 0 1 0 1
} 0 1 0 ¡i 1 0
Srx = @ A ; Sry = } @ A ; Srz = } @ A (r = A; B)
2 1 0 2 i 0 2 0 ¡1

na base de auto-estados de Srz :


0 1 0 1
¯ r® 1 ¯ r® 0
¯z+ = @ A ; ¯z¡ = @ A
0 1
46 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

Responda:
a) Qual é o valor da constante real de ® para que jªi esteja normalizado?
b) Qual é a probabilidade de se medir na direção z: ¡}=2 para o spin A
e +}=2 para o spin B?
c) Qual é a probabilidade de se medir na direção x: +}=2 para o spin A
e ¡}=2 para o spin B?
d) Qual é a probabilidade de se medir na direção z: ¡}=2 para o spin A
e na direção x +}=2 para o spin B?
6-(EUF-2015/1) Seja o estado do spin de um elétron dado por

à p !
2
jªi = ® jz+ i ¡ jz¡ i ;
2

com
0 1 0 1
1 0
jz+ i = @ A ; jz¡ i = @ A :
0 1

Lembrando que os operadores de spin Sx , Sy e Sz podem ser escritos em


!
¡
termos das matrizes de Pauli como S = (}=2)¡ !
¾

8
>
> }
> Sx jx§ i = § 2 jx§ i
<
Sy jy§ i = § }2 jy§ i
>
>
>
: S jz i = § } jz i
z § 2 §

a) Qual é o valor de ® (real) para que jªi …que normalizado?


b) Qual é a probabilidade de se medir ¡}=2 para o spin na direção z?
c) Qual é a probabilidade de se medir +}=2 para o spin na direção x?
d) Qual é o valor esperado do spin no plano y = 0 em uma direção de 45o
entre os eixos x e z?
P 7.7 (EUF-2014/2) Considere os dois estado j1i e j2i da molécula de
amônia ilustrados na …gura abaixo.
1.3 DINÂMICA DE SPIN 47

Suponha que eles estão ortonormalizados e que apenas esses dois estados
sejam acessíveis ao sistema, de forma que podemos descrevê-lo usando a base
formada por j1i e j2i. Nessa base, o Hamiltoniano H do sistema é dado por
0 1
Eo ¡E1
H=@ A
¡E1 Eo

a) Se inicialmente o sistema estiver no estado j1i, ele permanecerá no es-


tado j1i em um instante posterior? E se estiver no estado j2i, ele permanecerá
no estado j2i?
b) Ache os autovalores EI e EII e os respectivos autovetores jIi e jIIi de
H, expressando-os em termos de j1i e j2i.
c) Baseado no resultado anterior, podemos prever pelo menor uma fre-
quência de emissão de radiação eletromagnética possível para uma molécula
de amônia. Qual é essa frequência?
d) Ache a probabilidade de medirmos uma energia EI no seguinte estado

1 2
jªi = p j1i ¡ p j2i
5 5

P 7.8 (EUF-2014/1) Considere uma partícula de spin 1=2, cujo mo-


!
¡
mento magnético é ¡ !
¹ = ¡° S , onde ° é uma constante. Podemos descrever
o estado quântico dessa partícula utilizando o espaço gerado pelos autove-
tores j+i e j¡i do operador Sz que mede a projeção do spin na direção z:

}
Sz j§i = § j§i :
2
48 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

!
¡
A partícula encontra-se sujeita a um campo magnético uniforme B = Bb y,
orientado ao longo do eixo y, de forma que o Hamiltoniano é dado por
!
¡
H = ¡¡
!
¹ ¢ B = °BSy :

Inicialmente, no instante t = 0, ele está no estado jª(0)i = j+i.


a) Quais são as possíveis valores da projeção do spin no eixo y?
b) Encontre os autovalores de Sy .
c) Obtenha jª(t)i para t > 0 em termos de j+i e j¡i de…nidos acima.
d) Obtenha os valores médios dos observáveis Sx , Sy e Sz em função do
tempo.
P 7.9 (EUF-2012/2) Para uma partícula de spin 1=2 o operador de spin
!
¡
é dado por S = }2 ¡!
¾ , onde
0 1 0 1 0 1
0 1 0 ¡i 1 0
¾x = @ A ; ¾y = @ A ; ¾z = @ A
1 0 i 0 0 ¡1

b o vetor unitário na direção de ângulos (µ; Á),


são as matrizes de Pauli. Seja n
conforme ilustrado na …gura abaixo.

a) Calculando o produto escalar, mostre explicitamente que o operador


!
¡
b ¢ S , é dado por
que representa a componente so spin nessa direção, Sn = n
0 1
¡iÁ
} cos µ e sin µ
Sn = @ A
2 eiÁ sin µ ¡ cos µ

b) Mostre que os únicos valores que podem ser obtidos numa medida de
b.
Sn são +}=2 e ¡}=2, qualquer que seja a direção n
1.3 DINÂMICA DE SPIN 49

c) Obtenha o vetor coluna normalizado que representa o estado no qual


uma medida de Sn produz necessariamente o valor +}=2. Simpli…que a
resposta …nal expressando a dependência em µ em termos de sin(µ=2) e
cos(µ=2).
d) Suponha, agora, que µ = 60o e Á = 45o . Se partícula for preparada de
tal forma que a componente z do spin, Sz , tenha o valor bem de…nido +}=2,
qual é a probabilidade de obter-se esse mesmo valor numa medida Sn ? Dê a
resposta numérica.
P 7.10 (EUF-2012/1) Uma partícula de spin 1=2 tem momento de dipolo
!
¡ !
¡
magnético ¡ !
¹ = ¡° S , onde ° é uma constante e S = }2 ¡ !
¾ é o operador de
spin, sendo
0 1 0 1 0 1
0 1 0 ¡i 1 0
¾x = @ A ; ¾y = @ A ; ¾z = @ A
1 0 i 0 0 ¡1

são as matrizes de Pauli. Se essa partícula está imersa num campo magnético
!
¡
uniforme B, o Hamiltoniano que governa a dinâmica do spin é H = ¡¡ !¹ ¢ B.
No que segue, suponha que o campo magnético esteja na direção do eixo z.
a) Dê a forma explícita do operador Hamiltoniano como uma matriz 2£2,
em termos do °, } e B.
b) Escreva as expressões para os estados estacionários como vetores-
coluna normalizados e indique suas respectivas energias.
c) No instante inicial, t =0, a partícula é preparada no estado de spin
0 1
1 1
jÂ(0)i = p @ A (com ® real)
2 ei®

Qual será o estado do spin jÂ(t)i num instante t > 0?


d) Nesse instante posterior é feita uma medida de Sx , a componente do
spin segundo o eixo x. Qual é a probabilidade P+ (t) de se obter o valor
+}=2?
P 7.11 (EUF-2010/2) As matrizes de Pauli, ¾ x , ¾ y e ¾ z , são extrema-
mente importantes quando se considera uma partícula de spin 1=2.
a) Utilize explicitamente a representação matricial dos operadores de
Pauli e encontre seus autovalores e autovetores, bem como o comutador
[¾ y ; ¾ x ]
50 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS

b) Considere um estado arbitrário para uma partícula de spin 1=2 dado


por jªi = a j¡i + b j+i, com jaj2 + jbj2 = 1, sendo {j+i ; j¡i} autovetores
de ¾ z . Mostre como este estado é transformado sob a ação de cada um dos
operadores ¾ x , ¾ y e ¾ z , independentemente.
c) Mostre como o operador exp(i®¾ x ) atua sobre o estado jªi
d) Quais imposições devem ser consideradas sobre ® para que o operador
do intem (c) seja hermitiano? e para que seja unitário?
P 7.12 (EUF-2010/1) Duas partículas com spin 1=2 se aproximam e
interagem segundo o Hamiltoniano

4a(t) ¡
! ¡ !
H= S 1 ¢ S 2;
}
sendo a(t) = ao , constante, para 0 < t < ¿ e a(t) = 0 pata t < 0 e t > ¿ .
Em t = ¡1 o estado do sistema é j+¡i, sendo j§i autovetores de Siz com
autivalores §}=2.
a) Escreva a matriz H na base dos autovetores de S1z e S2z .
b) Determine os autovalores e autovetores de H.
c) Qual é o estado jª(t)i do sistema para 0 < t < ¿ qualquer?
d) Qual é o estado jª(t)i do sistema para t > ¿ qualquer?
e) Qual a probabilidade de uma medida S1z fornecer o valor }=2 para
t > ¿?
f) Após ¢t segundos dessa medida, qual a probabilidade de uma medida
de S2z dar o valor ¡}=2?
P 7.13 (EUF-2006/2) Considere um sistema quântico descrito por um
espaço vetorial de duas dimensões gerado por dois vetores de base ortonor-
mais j1i e j2i. Seja H o Hamiltoniano do sistema, cujos elementos de matriz
são

h1 jHj 1i = h2 jHj 2i = a
h1 jHj 2i = h2 jHj 1i = b

Considere agora um outro observável A cujos elementos de matriz são

h1 jAj 1i = ¡ h2 jAj 2i = 1
h1 jAj 2i = h2 jAj 1i = 0

a) Quais são os autovalores e autovetores de H?


1.3 DINÂMICA DE SPIN 51

b) Suponha que o estado do sistema seja jªi = p12 (j1i + j2i). Quais os
possíveis resultados, com suas respectivas probabilidades, das medidas de H
e A?
c) Suponha que em t = 0 o sistema esteja no estado jª(0)i = j1i. Qual
o estado para um tempo t > 0, jª(t)i? Para quais instantes de tempo uma
medida de A fornece o valor ¡1 com 100% de probabilidade?
e) Os operadores A e H podem ser diagonalizados simultaneamente? Jus-
ti…que.
P 7.14 (EUF-2005/1) O Hamiltoniano de um sistema quântico de dois
níveis é representado por 0 1
" ¸
H=@ A
¸ "

No
0 instante
1 t = 0, o sistema se encontra no estado representado por jª(0)i =
1
@ A.
0
a) Obtenha os autoestados e respectivos autovalores do Hamiltoniano.
b) Mostre que a probabilidade de encontrar o sistema no mesmo estado
inicial para t > 0, varia harmonicamante com t, com frequência que tende a
zero quando ¸ ! 0
P 7.15 (UFPE-1997/1) Um elétron na presença de um campo magnético
!
¡
uniforme B = Bo zb encontra-se em t = 0 no auto-estado do operador Sy com
autovalor ¡}=2.
a) Obtenha o estado jª(t)i num instante t qualquer.
b) Qual a probabilidade de uma medida de Sx encontra o valor }=2 no
instante t?
P 7.16 (UFPE 2014/1) Um sistema quântico consiste em uma partícula
de spin-1=2. Dois tipos de preparações são feitas neste sistema. No primeiro
caso o estado preparado é puro e é descrito pelo vetor
p p
jÃi = a j+i + b j¡i ;

enquanto que no segundo caso o sistema é estatisticamente misto e descrito


pelo seguinte operador densidade:

½ = a j+i h+j + b j¡i h¡j + c¤ j¡i h+j ;


b
52 CHAPTER 1 SISTEMAS DE DOIS NíVEIS
0 1 0 1
1 0
onde {j+i = @ A ; j¡i = @ A} é a base de autoestados ortonormaliza-
0 1
dos do operador de Pauli ¾ z com autovalores 1 e ¡1, respectivamente. a)
Suponha que c = 0 e calcule para ambas as preparações as probabilidades
de, numa medida da componente z do spin, obtermos o estado j+i.
b) Suponha que c = 0 e calcule ambas as preparações as probabilidades
de, numa medição da componente x do spin, obtermos o estado j+ix =
p1 (j+i + j¡i).
2
c) Determine as relações que a, b e c devem satisfazer para que b
½ represente
um estado puro?
P 7.17 (UFPE 2007/2) Considere um fóton se propagando ao longo do
eixo z. Nessa situação o operador helicidade coincide com o operador mo-
mento angular do fóton ao longo da sua direção de propagação, Sbz , com auto-
valores } e ¡} nos autovalores quânticos de polarização circular à esquerda,j+i,
e à direita,j¡i, respectivamente. Na base L ={jµ = 0i ; jµ = ¼=2i} dos au-
toestados de polarização linear, onde
0 1
cos µ
jµi = @ A
sin µ

a) Determine a representação matricial do operador Sbz na base L.


Considere agra um fóton no estado quântico

(1 ¡ i) (1 + i)
jei = j+i + j¡i
2 2
D ¯ ¯ E D ¯ ¯ E D ¯ ¯ E2
¯b ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
b) Calcule o valor médio e ¯Sz ¯ e e a quantidade e ¯Sbz2 ¯ e ¡ e ¯Sbz ¯ e .
Interprete …sicamente os resutados.
c) Considere que o operador polarização linear do fóton na direção µ tenha
a representação na base L dada por
0 1
1
cos 2µ sin(2µ)
Pb = @ 2 A
1
2
sin(2µ) sin 2µ
D ¯ ¯ E
¯ b b¯
Calcule e ¯[Sz ; P ]¯ e e inteprete os resultados para µ = 0 e µ = ¼=4.
1.3 DINÂMICA DE SPIN 53

P 7.18 (UFPE 2002/1) O Hamiltoniano de um sistema de dois níveis é


dado por
H = ° (j1i h1j ¡ j2i h2j + j1i h2j + j2i h1j) ;
onde ° tem dimensão de energia.
a) Calcule os autovalores do Hamiltoniano
b) Determine os autoestados correspondentes.
c) Calcule a probabilidade, em função do tempo, do sistema ser encon-
trado no estado j2i, sabendo-se que em t = 0 ele estava no estado j1i. Discuta
o resultado encontrado.
P 7.19 (MIT-2013) Em t = 0, o spin aponta na direção de…nida pelos
ângulos µ = µo e Á = 0 (plano xz). Um campo magnético ao longo do eixo
y interage com o dipolo magnético do spin, resultando em um Hamiltoniano
dado por
H = °BSy ;
onde ° é uma constante e B é a magnitude do campo magnético.
a) Escreva o estado inicial jª(0)i, que representa a partícula de spin 1=2
em t = 0 em termos dos auto-estados j+i e j¡i da componente Sz do spin
com autovalores }=2 e ¡}=2, respectivamente.
b) Calcule o estado jª(t)i para t > 0 em termos dos auto-estados j+i e
j¡i. D¡!E
c) Descreva a evolução temporal do valor médio do spin S (t) em
termos das funções µ(t) e Á(t).
20-Faça os problemas 4.1, 4.2, 4.3, 4.4, 4.5, 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9 do livro do
Cohen, Vol. I

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