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ELETROTÉCNICA - MÓDULO I

CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA

SUMÁRIO:

1- INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 02
1.1 – Teoria Eletrônica da Matéria ........................................................................... 02
1.2 - Constituição do Átomo .................................................................................... 03
1.2.1 - Carga Elétrica das Partículas ....................................................................... 05
1.2.2 - Comportamento Elétrico Entre as Partículas ............................................. 06
1.2.3 - Produção de Carga Elétrica em um Corpo ................................................. 06
1.2.4 - Ionização dos Átomos .................................................................................. 07
1.3 - Campo Elétrico ................................................................................................ 11
1.4 - Condutores e Isolantes ................................................................................... 13
1.5 - CORRENTE ELÉTRICA .................................................................................... 14
1.5.1 - Intensidade da Corrente Elétrica ................................................................. 15
1.6 - Circuito Elétrico ............................................................................................... 16
1.7 - Efeitos Produzidos Pela Corrente Elétrica .................................................... 17
1.8 - Aparelho de Medida da Corrente Elétrica ...................................................... 18
1.9 - Tensão Elétrica ................................................................................................. 19
1.10 - Fonte de Energia Elétrica .............................................................................. 22
1.11 - Tensão Contínua ............................................................................................ 25
1.12 - Resistência Elétrica ....................................................................................... 26
1.13 – Resistor .......................................................................................................... 28
1.14 - Fatores Que Determinam a Resistência Elétrica ........................................ 31
1.15 - Lei de Ohm ..................................................................................................... 33
1.16 - Potência Elétrica ........................................................................................... 35
1.17 - Energia Elétrica ............................................................................................. 38
1.18 - Associação de Cargas .................................................................................. 40
1.18.1 - Circuito Série .............................................................................................. 40
1.18.2 - Circuito Paralelo ......................................................................................... 43
1.18.3 - Circuito Misto .............................................................................................. 47
1.19 – Bibliografia ..................................................................................................... 49

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1– INTRODUÇÃO

O primeiro fenômeno elétrico foi observado no ano 641 a.c por um filósofo grego chamado
Tales, o qual observou que uma peça de âmbar (resina de árvore na forma petrificada),
quando atritada com a pele de animal, adquiria a propriedade de atrair corpos leves tais
como penas, cinzas, pêlos, miolo de sabugueiro, etc.
Como o âmbar no idioma grego é chamado elétron, os fenômenos resultantes do atrito desta
substância foram denominados fenômenos elétricos.
No ano de 1600, Willian Gilbert, Médico Inglês, partindo da experiência de Tales, descobriu
que várias outras substâncias também apresentavam propriedades elétricas quando
atritadas.
Apesar das descobertas de Tales e Gilbert, a história do desenvolvimento da ciência da
eletricidade e do magnetismo principia realmente no século 19, com a descoberta da pilha
elétrica por Alexandre Volta em 1800.
As bases fundamentais desta ciência, as quais são devidas ao grande progresso da
civilização atual, foram assentadas por físicos notáveis, entre os quais destacamos Faraday,
Maxwell, Àmpere, Coulomb, Ohm, Oesrted, Henry, cujas experiências no campo da
eletricidade e do magnetismo permitiram formar um estudo sistematizado que se chamou
eletrodinâmica.

1.1 – Teoria Eletrônica da Matéria

Para estudarmos o funcionamento dos circuitos elétricos, primeiramente devemos entender


o conjunto dos fenômenos elétricos que tem explicação aceitável em teoria, chamada Teoria
Elétrica da Matéria, que se baseia sobre os fatos transcritos a seguir:

 Matéria e Substância:

Aquilo que constitui todos os corpos e pode ser percebido por qualquer dos nossos sentidos
é Matéria. A madeira de que é feita o quadro-negro e o vidro que se faz o bulbo de uma
lâmpada são exemplos de matéria.
Vemos que o nome matéria se relaciona com uma grande variedade de coisas, cada tipo
particular de matéria é uma substância, e, portanto, existem milhões de substâncias
diferentes.

 Moléculas e Átomos:

Quaisquer substâncias são formadas por partículas muitíssimo pequenas e invisíveis


chamadas moléculas.
A molécula é a menor parte em que se pode dividir uma substância e que apresenta todas
as características químicas da mesma. Por exemplo, uma molécula de água é a menor
quantidade desta água que pode existir.
As moléculas são constituídas por átomos, o número de átomos que compõem uma
molécula varia de acordo com a substância.
Quando os átomos de uma substância são iguais à substância é simples, e cada átomo é
conhecido com o mesmo nome da substância.
Como exemplo de substâncias simples, podemos citar o Ferro, o Cobre, o Zinco, o Alumínio,
o Oxigênio, o Hidrogênio, etc. Existem substâncias que são formadas por átomos diferentes,
neste caso são substâncias compostas. Como exemplo podemos citar a água (H 2O), ácido
sulfúrico (H2SO4), etc.
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 Estrutura da Molécula de Água.

Átomo de Oxigênio (O)

Quando dois átomos de


Hidrogênio se combinam
com um átomo de oxigênio
ter-se-á uma molécula de
água (H2O).

Átomo de Hidrogênio (H)

Embora a água seja composta de apenas dois tipos de átomos, Oxigênio e Hidrogênio, as
moléculas de muitas substâncias podem ter sua estrutura bastante complexa.

1.2 – Constituição do Átomo

O átomo, conforme a teoria corrente, possui uma estrutura muito parecida com o do sistema
solar, isto é, possui um núcleo central em volta do qual giram com velocidade fantástica
algumas partículas chamadas elétrons.

Um núcleo Elétrons, partículas


compreendendo que gravitam em torno
Prótons e do núcleo e em torno
Nêutrons. de si mesmas .

Um átomo em seu estado natural tem o


mesmo número de Prótons e Elétrons,
caracterizando um átomo equilibrado.

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Na figura abaixo, foi representado um átomo equilibrado, com as camadas orbitais e núcleo
num mesmo plano.

EQUILÍBRIO DO ÁTOMO

NÚMERO DE PRÓTONS = NÚMERO DE ELÉTRONS

PRÓTON

NÊUTRON

ELÉTRON

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1.2.1 - Carga Elétrica das Partículas

Existe uma força de interação entre os prótons e elétrons em um átomo.

A essa interação foi atribuída uma propriedade chamada “Carga Elétrica”.

Carga elétrica das partículas.

PRÓTON CARGA ELÉTRON CARGA


“POSITIVA” NÊUTRON CARGA “NEGATIVA”
“NULA”

CARGA ELÉTRICA

Símbolo da grandeza Carga elétrica Unidade de medida


Q elementar (e) COULOMB (C)

CARGA DE UM PRÓTON = + 1,602 x 10 –19 C


CARGA DE UM ELÉTRON = - 1,602 x 10 –19 C

Q 1c
n n
VALOR DA CARGA ELÉTRICA DE UM CORPO e 1,602 x 10 19 c

Q=n.e
n  6,24 x 1018
Q = carga elétrica
n = números portadores de carga elementar.
e = carga elementar 6,24 x 1018 elétrons = - 1c

6,24 x 1018 Prótons = + 1c

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1.2.2 - Comportamento Elétrico entre as Partículas

PARTÍCULAS ELÉTRICAS INFLUÊNCIA


PRÓTON ELÉTRON
ATRAÇÃO

PRÓTON PRÓTON
REPULSÃO

ELÉTRON ELÉTRON
REPULSÃO

As forças elétricas que se manifestam entre duas cargas de mesmo nome são de repulsão,
e de nomes contrários, atração.

1.2.3 - Produção de Carga Elétrica em um Corpo

Diz-se que um corpo está eletrizado quando o número de elétrons e prótons são diferentes.

Quando se aplica a certos materiais energia externa como calor, luz, ou energia elétrica, os
elétrons adquirem energia e alguns dos elétrons de valência ou da camada mais externa
abandonarão o átomo. Esses elétrons são chamados de elétrons livres.

ELETRIZAÇÃO DO ÁTOMO

PERDENDO ELÉTRONS DA GANHANDO ELÉTRONS DA


ÚLTIMA CAMADA ÚLTIMA CAMADA

1º - PERDENDO ELÉTRONS DA ÚLTIMA CAMADA:

ÁTOMO DESEQUILIBRADO
COM CARGA ELÉTRICA
POSITIVA – ÍON POSITIVO.

O Nº DE PRÓTONS É MAIOR
DO QUE O Nº DE ELÉTRONS.

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2º - Ganhando Elétrons na Última Camada:

ÁTOMO DESEQUILIBRADO
COM CARGA ELÉTRICA
NEGATIVA – ÍON NEGATIVO.

O Nº DE PRÓTONS É MENOR
DO QUE O Nº DE ELÉTRONS.

A PERDA DE ELÉTRONS DETERMINA MANIFESTAÇÃO DE ELETRICIDADE


POSITIVA; E O GANHO, ELETRICIDADE NEGATIVA.

1.2.4 – Ionização dos Átomos

A Ionização é o processo pelo qual o átomo perde ou ganha elétrons.


As formas mais comuns de Ionização de um corpo são:

 Atrito
 Indução
 Contato

 Ionização por Atrito

a) Se esfregarmos dois corpos condutores inicialmente neutros, provocando troca de


elétrons entre eles, um corpo irá ceder elétrons para o outro, eletrizando positivamente o que
perde elétrons e negativamente o que ganha.
Na eletrização por atrito os corpos adquirem cargas de mesmo valor e sinais opostos.
Na figura abaixo, está representado um bastão de vidro e um pano de flanela que antes de
se atritarem estão inicialmente neutros (todos os átomos de cada substância possuem igual
número de cargas positivas e negativas).

Vidro

flanela

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b) atritando-se os dois, verifica-se o fenômeno de alguns átomos da flanela cederem
elétrons aos átomos do bastão de vidro, conforme a figura abaixo.
Ficando o bastão eletrizado negativamente e a flanela tendo perdido elétrons, carregada
positivamente.

Vidro

flanela

 Ionização por Indução

a) Ao aproximarmos dois corpos sem encostar, um eletricamente isolado e no estado neutro,


o outro, por exemplo, com carga negativa (indutor), o corpo eletrizado negativamente irá
produzir, por indução eletrostática, uma separação de cargas elétricas no corpo neutro
(induzido), fazendo com que a extremidade deste próximo ao corpo carregado fique positiva,
enquanto a extremidade oposta fica negativa, como observado na figura abaixo.

++ ────
++++ ─ ─
Corpo neutro
Nneutro

b) Afastando-se o corpo indutor, o corpo induzido volta ao estado neutro, o que demonstra
que as massas elétricas negativas e positivas, geradas por indução, são iguais em valor
absoluto, e sua soma é constantemente nula.

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c) Se agora aproximarmos do corpo em estado neutro, um outro com carga positiva
(indutor), o corpo eletrizado possivelmente irá produzir por indução eletrostática uma
separação de cargas elétricas no corpo neutro (induzido), fazendo com que a extremidade
deste próximo ao corpo carregado fique negativa, enquanto a extremidade oposta fique
positiva, como observado na figura abaixo.

── ++++
──── ++
Corpo neutro

d) Mantendo-se o corpo carregado próximo, liga-se o corpo eletricamente neutro à terra.


Elétrons subirão da terra para neutralizar o “excesso” de carga positiva.

── ++++
──── ++

e) Cortando-se a ligação à terra, obtém-se um corpo negativamente carregado.

─ ─ ─ ─
─ ─ ─ ─

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 Ionização por Contato

Se um condutor eletrizado positivamente é colocado em contato com outro, inicialmente


neutro, as cargas do eletrizado atraem elétrons livres do neutro, os quais, devido ao contato,
passam para o eletrizado até que ocorra o equilíbrio elétrico entre eles. O corpo inicialmente
neutro fica com falta de elétrons, isto é, eletrizado positivamente. Após a transferência de
cargas negativas para o corpo positivo, verifica-se uma diminuição da carga deste corpo.

── ++++
──── ++

Figura a Figura b

Corpo eletrizado positivamente Transferência de carga


sendo aproximado de um corpo negativa do corpo neutro
neutro. para o corpo positivo.

+ + +
+ + +

Figura c

Eletrização do corpo,
anteriormente neutro, com
carga de mesmo sinal da do
indutor .

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1.3 – Campo Elétrico

Campo elétrico é a região do espaço que envolve um corpo carregado, onde outras cargas
colocadas neste campo ficam sujeitas a forças de origem elétrica.

A figura ao lado mostra que a carga q1


produz um campo elétrico no espaço que
a envolve, visto pelo sombreamento.

A carga q1 cria um campo que exerce


uma força F sobre a carga q2

q2 F

O campo elétrico no espaço em torno de um corpo carregado pode ser representado por
linhas (imaginárias) de força.
Qualquer que seja as cargas elétricas, positivas ou negativas, influencia eletricamente uma
determinada região em torno da qual ela está localizada.

(Linhas de força de uma carga positiva) (Linhas de força de uma carga negativa)

A carga elétrica positiva irradia uma influência elétrica de dentro para fora, de formas
divergentes, quanto à negativa a irradiação é de fora para dentro de forma convergente.

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 A figura abaixo está representando as linhas de força de duas cargas de sinais
opostos:

O campo elétrico fica mais concentrado na região compreendida entre as cargas.


 A figura abaixo está representando as linhas de força de duas cargas de mesmo
sinal:

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1.4 – Condutores e Isolantes

OS CORPOS PODEM SER CLASSIFICADOS EM DUAS CATEGORIAS

BONS MAUS
CONDUTORES CONDUTORES
OU ISOLANTES

Os elétrons da órbita externa (elétrons livres) Os elétrons da órbita externa estão


estão debilmente ligados ao núcleo, podendo firmemente ligados ao núcleo, de modo
passar facilmente de um átomo para outro, que não há ou só é possível um pequeno
não necessitando de muita energia para movimento de elétrons livres entre os
produzir um grande número de elétrons livres. átomos. É necessário gastar grande
quantidade de energia para produzir um
grande número de elétrons livres.

São condutores em diversos graus:


São maus condutores em diversos graus:
 Os metais (Prata, Cobre, Alumínio,
etc.);  A baquelita;
 A água impura;  A borracha;
 O carbono;  A porcelana;
 O corpo humano, etc.  Os óleos minerais ou sintéticos;
 O vidro;
 O papel;
 O ar seco;
 A água destilada, etc.

A capacidade que um isolante possui de suportar um certo esforço elétrico é chamado de


rigidez elétrica.
Os semicondutores, dentre os quais citamos o Silício e o Germânio, são materiais que
pertencem a uma classe intermediária entre os condutores e os isolantes. Para serem
utilizados industrialmente, esses materiais devem ser tratados e modificados com a
introdução de “impurezas” especiais que lhe dão algumas características distintas.
Os materiais semicondutores são largamente utilizados na indústria eletrônica devido às
suas características ímpares. Os exemplos mais claros são o Diodo, o Transistor e os
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Circuitos Integrados CI,s, dispositivos imprescindíveis na fabricação e desenvolvimento de
equipamentos e maquinários eletrônicos.
As linhas de transmissão e as redes de distribuição, na sua maioria, são constituídas de
condutores de Alumínio nu, já a sustentação desses condutores e a sua isolação com a terra
e os outros circuitos energizados é feita através de isoladores de porcelana, vidro ou
polímero e o próprio ar.
Visando uma melhora substancial das redes de distribuição, as concessionárias têm
empregado redes áreas isoladas e aéreas protegidas, sendo os condutores de alumínio
revestidos com isolantes sólidos termofixos, como a Borracha Etileno-Propileno (EPR) ou
Polietileno Reticulado (XLPE).
Nos circuitos Residenciais, Prediais e Industriais são normalmente empregados condutores
de Cobre revestidos com isolante de PVC (Cloreto de Polivinila).

1.5 – Corrente Elétrica

Nas substâncias condutoras, os elétrons da última camada orbital, mesmo em temperatura


ambiente, ficam praticamente à solta, indo de um átomo para outro num movimento
aleatório, que se intensifica com a elevação de temperatura.

Sem campo elétrico aplicado:


Elétrons livres em movimento aleatório.

Se ligarmos os extremos deste condutor aos terminais de uma fonte de energia, como, por
exemplo, uma pilha, como um terminal da pilha tem carga elétrica positiva e a outra
negativa, o campo elétrico produzido pelas cargas ficará aplicado ao longo do comprimento
do condutor, fazendo com que os elétrons desse condutor se desloquem para o extremo
positivo, o que sobrepõe os deslocamentos aleatórios.
A esse movimento organizado dos elétrons livres do condutor, denominamos: “Corrente
Elétrica”.

Campo elétrico aplicado: Deslocamento de Condutor


elétrons em direção ao extremo positivo

Pilha

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1.5.1 – Intensidade da Corrente Elétrica:

Define-se como Intensidade de Corrente Elétrica a quantidade de cargas elétricas que


atravessam uma seção(S) qualquer do circuito elétrico, no espaço de tempo de um segundo
(1s).

elétron S
s
 Símbolo da Grandeza: I
 Unidade de Medida: Ampère (A)

I - Intensidade de corrente elétrica em Ampère (A)


Q - Carga elétrica em Coulomb (c).
t - Tempo em segundos (s).

Se um circuito elétrico é percorrido por uma corrente de 2A, dizemos que neste circuito
passam 2 Coulomb de carga elétrica por segundo.

MÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM AMPÈRE


Kiloampère kA 1000A ou 103 A

SUBMÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM AMPÈRE


Miliampère mA 0,001A ou 10-3 A
Microampère A 0,000001A ou 10-6 A

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1.6 – Circuito Elétrico

O circuito elétrico é o caminho por onde pode passar a corrente elétrica, e é constituído de
fonte, condutor e carga. Cada elemento de um circuito elétrico possui a sua função:

Fonte: É o elemento do circuito responsável pela geração da energia, produzindo e


mantendo o desequilíbrio elétrico.

Condutor: São os elementos dos circuitos, portadores dos elétrons livres, e o meio por onde
os elétrons irão se deslocar.

Carga: É o elemento do circuito responsável pela recepção e transformação da energia


elétrica em outra forma de energia.

I (CONVENCIONAL)

I (REAL)
+
CONDUTORES
G
-
FONTE
(Gerador de C.C.) CARGA

São dois os sentidos para a corrente que percorre um circuito elétrico:

O Sentido Real ou Eletrônico: O Sentido Real é aquele em que a corrente atravessa o


circuito elétrico do pólo negativo para o pólo positivo da fonte, e passa internamente nesta
do positivo para o negativo.

O Sentido Convencional: O Sentido Convencional é aquele em que a corrente atravessa o


circuito elétrico do pólo positivo para o pólo negativo da fonte, e passa internamente nesta
do negativo para o positivo.

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Quando acionamos o interruptor num circuito de alimentação de uma lâmpada, estaremos
realizando uma das seguintes operações, abertura ou fechamento do circuito.

BATERIA BATERIA

QUANDO O CIRCUITO ESTÁ QUANDO O CIRCUITO ESTÁ


ABERTO A LÂMPADA ESTÁ FECHADO A LÂMPADA ESTÁ

APAGADA ACESA

No caso da abertura, à medida que os contatos do interruptor foram se afastando, o ar foi


sendo inserido entre esses, interrompendo, desta forma, o fluxo de corrente pelo circuito.
Quando abrimos um circuito elétrico, estamos inserindo um isolante neste circuito, mas os
isolantes sob determinadas condições podem passar a conduzir. Se aquecermos o ar entre
os contatos abertos do interruptor, esse ar irá ionizar e poderá passar a conduzir a corrente
elétrica.
Em função do que foi exposto, devemos evitar queimadas próximo às linhas de transmissão
e redes de distribuição aérea.
Um outro exemplo é quando se aplica um campo elétrico muito intenso num circuito elétrico
isolado. Esse campo excessivo pode romper a rigidez dielétrica da isolação deste circuito no
qual passará a conduzir, colocando o circuito em curto-circuito, com risco de choque elétrico.

1.7 – Efeitos Produzidos Pela Corrente Elétrica

Quando a corrente atravessa um circuito elétrico, são produzidos alguns efeitos dentre os
quais podemos citar:

 Efeito térmico – entre os aparelhos eletrodomésticos que convertem energia elétrica em


calor, podemos citar o chuveiro, ferro elétrico, forno elétrico, etc. Esse efeito também
representa uma perda de energia elétrica quando esta é transportada pelos condutores,
o que é considerada uma energia desperdiçada.

 Efeito luminoso – como exemplo, podemos citar a lâmpada fluorescente, vapor de


mercúrio, vapor de sódio, etc.

 Efeito magnético - dentre os equipamentos que necessitam deste efeito para o seu
funcionamento, destacamos os motores elétricos, transformadores, geradores de
energia, etc.

 Efeito químico - banho de revestimento como, cromar, niquelar, etc.

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Banho de revest.
(efeito químico)

Bateria
Chuveiro Lâmpada Motor
(efeito térmico) (efeito luminoso) (efeito magnético)

1.8 – Aparelho de Medida da Corrente Elétrica

O aparelho de medida da corrente elétrica é o “AMPERÍMETRO”.

Símbolo Esquemático: A

Para medirmos o fluxo de água em uma tubulação hidráulica, devemos inserir nesta
tubulação um hidrômetro.
Da mesma forma, se quisermos medir o fluxo de corrente num circuito elétrico, devemos
inserir um Amperímetro neste circuito.

I = 1,5 A
A

FONTE

A
I = 1,5 A

Como só existe um caminho à passagem da corrente, esta tem o mesmo valor em qualquer
parte do circuito. Dessa forma, a corrente medida antes da carga é a mesma depois da
carga.

“ATENÇÃO”: O Amperímetro não deve ser ligado aos terminais da fonte e nem em paralelo
com a carga. Se isso ocorrer, podemos colocar o circuito em curto, danificando o
instrumento e colocando em risco de choque elétrico quem o estiver manuseando.

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1.9 – Tensão Elétrica

Inicialmente, iremos fazer uma analogia entre o circuito elétrico e o circuito hidráulico.

 Diferença de Potência Hidráulica (D.D.P)

A energia potencial é a energia que um corpo possui armazenada consigo, ou seja, é a


energia disponível a realizar trabalho útil quando necessário.

Seja dois reservatórios “A” e “B” de mesma capacidade, sendo que o reservatório “Ä” possui
maior energia potencial hidráulica do que o reservatório “B”, dizemos também que existe
uma diferença de pressão hidráulica entre os reservatórios.
RESERVATÓRIO A RESERVATÓRIO B

ÁGUA
REGISTRO

TUBULAÇÃO

Devido à diferença de potencial entre os reservatórios, no instante de abertura do registro, é


criado na tubulação um fluxo d’água (movimento organizado de suas partículas).
O fluxo de água entre os reservatórios irá cessar quando os dois reservatórios estiverem
com a mesma pressão hidráulica, ou seja, o potencial hidráulico é o mesmo.

RESERVATÓRIO A RESERVATÓRIO B

REGISTRO
ÁGUA

TUBULAÇÃO

OBS: Não há diferença de nível, então não há fluxo de água.

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Para mantermos um fluxo constante de água entre os reservatórios, é necessário que seja
mantida a D.D.P entre os mesmos. O que poderá ser conseguido ligando uma bomba entre
os reservatórios, de tal forma que a água que flui entre os reservatórios devido, a diferença
de pressão hidráulica, retorne ao reservatório A através da bomba.

BOMBA

A B

REGISTRO

PEQUENA TURBINA

Podemos observar que a bomba está mantendo a energia potencial do reservatório A mas,
para isso, ela está absorvendo energia da sua fonte de alimentação.
Verificamos ainda que a energia potencial do reservatório A e convertida em energia cinética
da água que poderá, através de uma pequena turbina colocada no caminho do fluxo da
água, ser transformada em energia mecânica.
A vazão da água, isto é, os volumes de água que passa pelo cano por segundo, podem ser
associados à intensidade de corrente que se refere à quantidade de eletricidade (elétrons)
que estiver passando num ponto qualquer do condutor ou circuito elétrico (associado ao
cano d’água).

 Diferença de potencial elétrico (D.D.P)

Sejam dois corpos A e B, cada um com igual número de cargas positivas e negativas.
Os dois corpos foram interligados entre si através de um condutor e inserido neste circuito
um Amperímetro.
0 1 2

CORPO A CORPO B

Podemos observar que o amperímetro não indica passagem de corrente.


Em dois reservatórios com o mesmo nível de água, o potencial hidráulico é o mesmo e não
há fluxo de água entre eles.
Da mesma forma, dois corpos com a mesma carga elétrica estão num mesmo potencial
elétrico, e assim, os elétrons livres do condutor que os interliga não irão deslocar em direção
a nenhum dos dois corpos, pois a “pressão elétrica” exercida pelos dois corpos sobre os
elétrons livres do condutor é de mesma intensidade, portanto não haverá fluxo de corrente
elétrica no circuito.

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Temos agora os dois corpos com cargas elétricas desiguais.
A com excesso de elétrons e B com falta de elétrons.

0 1 2

A(-) B(+)

Podemos observar que o amperímetro indicará um certo valor de corrente.


Verificamos que ao interligarmos dois corpos com a diferença de potencial elétrico, os
elétrons livres do condutor que os interliga, irão se deslocar do corpo de maior potencial
(corpo negativo) ou maior pressão elétrica, para o de menor potencial (corpo positivo) ou
menor pressão elétrica, até que haja um equilíbrio elétrico ou pressão elétrica entre eles.
Para mantermos o fluxo de corrente constante no circuito, é necessário que se mantenha
constante a diferença de potencial entre os corpos.
Uma fonte de energia elétrica, além de criar a D.D.P, ela a mantém constante.
A diferença de potencial ou pressão elétrica é denominado por: TENSÃO ELÉTRICA.

A tensão elétrica é a força capaz de criar a corrente.

 Símbolo da Grandeza: V
 Unidade de Medida: Volt
 Símbolo da Unidade: V

MÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM VOLTS


Kilovolt kV 1000V ou 103 V

SUBMÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM VOLTS


Milivolt mV 0,001V ou 10-3 V
Microvolt V 0,000001 V ou 10-6 V

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O aparelho de medida da corrente elétrica é o “ VOLTÍMETRO ”.

Símbolo Esquemático: V

Fonte
(Bateria) V

OBS: O Voltímetro é ligado em paralelo com o circuito, ou aos terminais da fonte.

1.10 - Fontes de Energia Elétrica

O uso da energia elétrica se desenvolve com grande rapidez em todos os países, apesar da
existência de outras energias disponíveis (carvão, petróleo, quedas d’água, etc.)

Quais são as vantagens da energia elétrica?

 A energia elétrica é sinônima de conforto. Para ser usada, basta manejar um interruptor:
não esforço humano, nem fumaça, nem sujeira.
 A energia elétrica pode ser transmitida instantaneamente do local de geração ao local de
consumo.
 A energia elétrica pode ser facilmente transformada em outras formas de energia
conforme os aparelhos ligados: luz, calor, força motriz, energia química.

Como produzir energia elétrica?

 Para que haja energia elétrica, é preciso que haja corrente elétrica, ou seja, fluxo de
elétrons. Sabemos que os elétrons são extraídos dos átomos por uma força externa.
Então, para produção de eletricidade, alguma fonte de energia deve ser usada para
acionar os elétrons.
 Vamos produzir correntes elétricas aproveitando outras formas de energia; a passagem
do fluxo de elétrons ficará evidenciada por um aparelho especial.

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 Geração Através das Energias Mecânicas:

A aproximação de um ímã à frente de uma bobina provoca o desvio do ponteiro, indicando


assim a presença de corrente elétrica. A corrente elétrica desaparece quando para o
movimento do ímã. Para produzir energia elétrica, foi necessária uma energia mecânica
(movimento do imã).

SENTIDO DO MOVIMENTO
0
A

 Geração Através de Energia Calorífica

Se aquecermos a junção de dois metais diferentes (termo par) produziremos corrente


elétrica, isto é, conversão direta da energia calorífica em energia elétrica.

23
 Geração Através da Energia Luminosa

Pode-se gerar eletricidade usando a luz como fonte de energia.


Certas substâncias ao serem atingidas pela luz são capazes de produzir eletricidade. É o
caso das fotocélulas.

 Geração Através de Energia Química

Dois metais diferentes ao ser mergulhado em um meio ácido (eletrólito), surgirão reações
químicas entre o eletrólito e os metais.
A energia química é transformada em energia elétrica.

TERMINAL ELETROLITO TERMINAL


NEGATIVO POSITIVO

PLACAS DE PILHA

Sendo os metais diferentes, a reação química será diferente em cada metal. Esta diferença
de reação química é que produz a diferença de potencial, tornando-se uma placa positiva
em relação à outra placa negativa.
Devido às placas ficarem com polaridade definidas, este tipo de fonte é classificada de fonte
de corrente contínua.

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Conclusão:

ENERGIA ENERGIA
QUÍMICA MECÂNICA
PILHA GERADOR

ENERGIA
ELÉTRICA
A

ENERGIA ENERGIA
CALORÍFICA LUMINOSA
TERMO-PAR FOTO CÉLULA

1.11 - Tensão Contínua

A tensão contínua é aquela de polaridade elétrica definida e valor constante no decorrer do


tempo, conforme está representado no gráfico (V. t) abaixo.

t
A tensão contínua produz num circuito elétrico uma corrente contínua, sendo a corrente
contínua aquela de valor constante que percorre o circuito apenas num sentido. Abaixo está
representado o gráfico (I. t).

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I (sentido convencional)

Fonte
(Bateria) V V

Símbolo: C.C. (corrente contínua)


Símbolo esquemático:  ou 

As fontes mais comuns de corrente contínua são as baterias, pilhas, dínamos (gerador de
C.C.) e os retificadores eletrônicos.

1.12 - Resistência Elétrica

Usando duas lâmpadas incandescentes L1 e L2 de características diferentes, faremos duas


experiências.
I

A
1º Experiência:

V = 127 V
V I = 0,79 A L1

A
2º Experiência:

V = 127 V
V I = 1,58 A L2

26
A tensão nos dois circuitos foi a mesma, mas a lâmpada L2 foi percorrida por uma corrente
maior do que a lâmpada L1.
A lâmpada L2 ofereceu uma dificuldade menor do que a lâmpada L1 à passagem da
corrente elétrica.

A dificuldade oferecida pelas lâmpadas à passagem de corrente elétrica é chamada de


Resistência Elétrica, que pela experiência podemos observar que não é a mesma para
todas as cargas de um circuito.

A resistência elétrica é uma grandeza que caracteriza a propriedade que tem o circuito
elétrico de opor-se à passagem da corrente, e, ao mesmo tempo, provocar a transformação
da energia elétrica em energia térmica (efeito joule).

A resistência é, então, uma propriedade indesejável para os condutores que conduzem a


energia elétrica de uma fonte para uma carga, mas é desejável no funcionamento de
algumas cargas como o Chuveiro e o Ferro Elétrico.

A resistência pode ser explicada também pela teoria eletrônica da passagem de corrente. Os
elétrons livres durante o movimento em condutor, colidem com os átomos desse condutor
perdendo.

Parte de sua energia cinética sob forma de calor. Uma tensão aplicada fará com que estes
elétrons recuperem sua energia e velocidade, mas novas colisões farão com que percam
novamente. Esses aumentos e perdas ocorrem continuamente quando temos elétrons livres
se movendo em um condutor.

 Símbolo da grandeza resistência: R


 Unidade de medida: Ohm
 Símbolo da unidade de medida:  (Omega)

MÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM OHMS


Megaohm M 1000.000  ou 106 
Kiloohm k 1000  ou 103 

SUBMÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM OHMS


Miliohm m 0,001 ou 10-3 
Microohm  0,000001  ou 10-6 

27
1.13 - Resistor

O resistor é um dispositivo elétrico utilizado para introduzir resistência num circuito.

Os resistores podem ser classificados em três tipos:

 Resistor Fixo – Possui um valor de resistência fixa e pré-estabelecida durante o processo


de fabricação.
 Resistor variável – O valor de resistência pode ser alterado de Zero Ohms até o seu
valor nominal através de um cursor.
 Resistor Ajustável – Permite o ajuste da resistência em valores pré-determinados através
de derivações (TAP’S).

Apesar da enorme variedade de resistores, os mais utilizados na prática são:

 O de carvão, na realidade de pasta de aglomerados de grafite.

AGLOMERADO AGLOMERADO
METAL
METAL

ISOLANTE DE MATERIAL ISOLANTE


PLÁSTICO

 O de película ou camada fina de material metálico (Níquel, Cromo, Oxido de Estanho,


etc.) ou de carvão.

METAL PELÍCULA ESPIRAL DE PELÍCULA

METAL
ISOLANTE DE MATERIAL
VIDRO OU CERÂMICO ISOLANTE

28
 O de fio metálico bobinado normalmente o constatam (Liga Metálica de Níquel, Cobre e
Magnésio).

BRAÇADEIRA
FIO BOBINADO

COBERTURA DE MATERIAL ISOLANTE


NORMALMENTE ESMALTADO,
VITRIFICADO OU CIMENTADO

 Símbolos esquemáticos para representação dos resistores em um circuito elétrico:

RESISTOR RESISTOR RESISTOR


FIXO VARIÁVEL AJUSTÁVEL

Nos resistores, normalmente, está identificado o seu valor de resistência nominal e a


potência que pode ser dissipada em calor sem danificá-lo.

 Quanto a sua aplicação os resistores variáveis podem ser designados por:

REOSTATO - Tem por finalidade controlar a corrente de um circuito, como por exemplo, a
corrente de partida de um motor ou a corrente de uma lâmpada.

REOSTATO
A C

FONTE B
DE
LÂMPADA
ALIMENTAÇÃO BRAÇO DESLIZANTE

Utilização do reostato para controlar a corrente no circuito de uma lâmpada.

29
POTENCIÔMETRO – É usado para variar a tensão aplicada a um circuito, como por
exemplo, em circuitos amplificadores, rádios e em instrumentos elétricos.

BRAÇO DESLIZANTE

B
CIRCUITO
DE 12V
ENTRADA
CIRCUITO
6V DE
SAÍDA

À medida que o braço deslizante se aproxima do terminal A, a tensão de saída do circuito


aumenta e à medida que se aproxima de C, a tensão de saída diminui.

CARGA - os resistores também são usados como carga em circuitos elétricos fazendo a
conversão da energia elétrica em calor, como por exemplo, em forno elétrico, chuveiro
elétrico e lâmpada incandescente.

30
1.14 - Fatores Que Determinam a Resistência Elétrica

De que depende a resistência elétrica de um


condutor?

Do comprimento (ℓ)
R
Quando dobramos o comprimento de
um condutor, a sua resistência elétrica
A ℓ
dobra de valor, desta forma, a
resistência é diretamente proporcional
ao comprimento do condutor. 2R
Símbolo: ℓ
Rℓ A 2ℓ

Da área da seção transversal (A)

R
Quando dobramos a área da seção
transversal de um condutor, o valor de sua A ℓ
resistência cai pela metade, ou seja, a
resistência é inversamente proporcional à R/2
seção do condutor, ou diretamente
proporcional ao inverso da área da seção
transversal do condutor. 2A
Símbolo: A

Do material ()
R1
Cada material oferece uma dificuldade A ℓ 
1
própria que é denominada de
resistividade, que significa a resistência Cobre (Cu)
específica de cada material.
A resistividade é a resistência de um R2
condutor por unidade de comprimento e 
seção transversal. A ℓ 2
A resistência varia de maneira Alumínio (Al)
diretamente proporcional com a
resistividade de cada condutor
2  1
Símbolo:  (rô) A resistividade do condutor de alumínio é maior
que a do cobre, ou seja, o condutor de
alumínio, para um mesmo comprimento e seção
R
de um condutor de cobre, é mais resistivo à
passagem da corrente.

31
Pelo que foi exposto para qualquer condutor dado, a resistência de um determinado
condutor depende da resistividade do material, do comprimento do fio e da área da seção
transversal do fio de acordo com a fórmula:

Onde R = resistência do condutor em ohms ()


ℓ = comprimento do fio em metros (m)
A = área da seção transversal do fio em mm2
 = resistência específica ou resistividade em  . mm2 / m

O fator  (letra grega que se lê “ro”) permite a comparação da resistência de diferentes


materiais de acordo com a sua natureza.Valores mais altos de  representam maior
resistência.

Na tabela abaixo, foi exemplificada a resistividade de algumas substâncias:

Resistividade em  . mm2 / m na temperatura de 20ºC


Prata 0,0164
Cobre recozido 0,0172
Cobre duro 0,0178
Ouro 0,0245
Alumínio 0,0283
Tungstênio 0,0552
Níquel-cromo 1,0

Exemplo:

Calcular a resistência de um condutor de cobre que possui comprimento(ℓ ) de 200m,


resistividade() de 0,017  . mm2 / m e área de seção transversal (A) de 6 mm2 .

mm 2
  0,017  x 200m
R R m R = 0,56 
A 6mm 2

1.15 – Lei de Ohm


32
Em um circuito elétrico, a relação matemática existente entre a corrente, a tensão e a
resistência, é definida pela Lei de Ohm.
Podemos expressar esta relação através das experiências abaixo, onde um resistor é ligado
a uma fonte de tensão continua.

1º - Experiência: Ajustando-se a tensão aplicada ao resistor em três valores distintos e


mantendo-se a resistência constante, observa-se pela tabela que ao variar a tensão de
alimentação, a corrente no circuito varia de uma maneira diretamente proporcional às
variações da tensão.
A
V I R

50 V 1A 50 
V R
100 V 2A 50 

150 V 3A 50 
Para uma mesma resistência, quando a tensão
aumenta duas vezes, a corrente aumenta duas vezes.
Quando a tensão aumenta três vezes, a corrente aumenta três vezes.

2º - Experiência: Mantendo-se a tensão de alimentação constante e variando-se a


resistência do resistor em dois valores distintos, observa-se pela tabela que, ao variar a
resistência do circuito, a corrente varia de maneira inversamente proporcional às variações
da resistência.
A

V R

V I R
100V 1A 100
A 100V 2A 50

R
V

Para uma mesma tensão, se reduzirmos a resistência à metade, a intensidade de corrente


aumenta duas vezes.

Através dos resultados obtidos nas duas experiências, podemos descrever o enunciado da
Lei de Ohm:

33
“A CORRENTE ELÉTRICA NUM CIRCUITO ELÉTRICO É DIRETAMENTE
PROPORCIONAL À TENSÃO APLICADA EM SEUS TERMINAIS E INVERSAMENTE
PROPORCIONAL À RESISTÊNCIA ELÉTRICA DESSE CIRCUITO”

Expressão Matemática da Lei de Ohm:

I=V
R

R=V
V=R x I
I

R I

Triângulo da Lei de Ohm.

1.16 - Potência Elétrica

 Trabalho Elétrico
34
Toda vez que uma carga elétrica (Q) desloca-se através de um circuito, impulsionada pela
tensão aplica ao mesmo, produz-se um trabalho ou transformação de energia, como por
exemplo, quando as cargas elétricas atravessam a resistência elétrica do chuveiro, a energia
elétrica é transformada em calor, ou seja, realizou-se trabalho.

A unidade de medida do trabalho é o “Joule”, e o símbolo representativo do trabalho é a


letra “W”.

Num circuito elétrico, efetua-se o trabalho de 1 joule ( J ) quando 1 coulomb ( C ) de carga


elétrica ( Q ) é transportado sob uma diferença de potencial de 1 volt ( V ).

O trabalho elétrico será expresso por:

W – trabalho elétrico em joule (J)


W=VxQ V – tensão elétrica em volt (V)
Q – carga elétrica em coulomb (C)

 Potência Elétrica

A potência elétrica é o trabalho elétrico realizado num determinado tempo.

A unidade de potência é o joule por segundo ( j / s ) denominada watt (w).

A potência elétrica será expressa por:

O watt é a potência de um sistema que realiza o trabalho de 1 joule em 1 segundo.


Substituindo a expressão do trabalho no calculo da potência temos:

V xQ Q
P sendo I resulta : P V x I
t t 35
P – potência elétrica em Watt
V – tensão elétrica em volt
I – corrente elétrica em Ampère

A fórmula escrita demonstra que a potência gerada ou absorvida por uma parte de um
circuito é expressa pelo produto entre a diferença de potencial existente nos bornes da parte
considerada do circuito e a intensidade de corrente que a atravessa.
Portanto, pode-se definir o watt como a potência elétrica de um circuito que, tendo em seus
bornes uma diferença de potencial de 1 volt , é percorrido pela corrente de 1 ampère,
então:

1W = 1V x 1A

Uma vez que V = R x I num circuito somente com resistência, a equação da potência pode
ser escrita:

P(W) = ( R x I ) x I P(W) = R( ) x I2(A)

Substituindo o valor de na equação da potência temos:

Praticamente, para exprimir potências elevadas, usam-se os múltiplos do watt,


denominados:

MÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM WATTS


Quilowatt kw 1000 w ou 103 w
Megawatt Mw 1.000.000 w ou 106 w
Gigawatt Gw 1.000.000.000 w ou 109
w

No caso de motores elétricos, temos as unidades de potência mecânica que são a unidade
inglesa “horse-power” (HP), e a unidade francesa “cheval vapuer” (CV), sendo que a
potência mecânica de 1HP equivale a uma potência elétrica de 746 W, e 1CV a 736 W.

Se, no circuito de alimentação de uma lâmpada incandescente, ligarmos em série um


amperímetro e em paralelo um voltímetro e as leituras dos instrumentos forem:

 Voltímetro – 127V
 Amperímetro – 0,788A

36
Pode-se com estes dados calcular a potência absorvida pela lâmpada que seria:

P = 127V x 0,788A
P = 100W

Para se determinar o valor da potência de um circuito, em vez de usarmos o produto da


leitura de um voltímetro e um amperímetro, podemos também usar apenas um instrumento
para se determinar a potência, este instrumento de medição é chamado de Wattímetro.

O wattímetro é um instrumento que possui uma bobina de corrente que é ligada em série
com a carga, e uma bobina de tensão que é ligada em paralelo no circuito.
A interação eletromagnética dos campos magnéticos produzidos pelas bobinas de corrente e
tensão do instrumento é que dará o conjugado de torção necessário a movimentar um
ponteiro no qual indicará o valor de potência absorvido pelo circuito.

Com os dados de potência e tensão nominal de funcionamento contidos na carcaça de um


chuveiro elétrico, pode-se determinar matematicamente o valor de corrente nominal do
chuveiro, o que nos possibilita dimensionar o condutor ideal para se alimentar o chuveiro.
Se os dados nominais de chuveiro forem:

Potência elétrica nominal – 4.400W


37
Tensão elétrica nominal – 127V

O cálculo da corrente será:

1.17 - Energia Elétrica

O QUE É ENERGIA ELÉTRICA?

É A CAPACIDADE DE REALIZAR TRABALHO.

ENERGIA

EXEMPLO:

Todo sistema que O corpo vivo animal.


possui energia poderá
Um motor elétrico em funcionamento.
realizar trabalho.
Um peso elevado a uma determinada altura.

A energia elétrica recebida pelo circuito elétrico será


transformada em outra forma de energia.

EXEMPLO:

Uma lâmpada incandescente a transforma em


energia calorífica e luminosa.

Um motor a transforma em mecânica.

De que depende a energia elétrica absorvida por uma instalação?


-
a) Da potência elétrica em funcionamento.
b) Do tempo de funcionamento da instalação.

38
 Quanto maior a potência elétrica, maior será a energia elétrica absorvida.
 Quanto maior o tempo de funcionamento de uma instalação, maior será a energia elétrica
absorvida.

E=P.t
 Símbolo da grandeza energia: E
 Unidade de medida: Watt-hora
 Símbolo da unidade de medida: Wh

MÚLTIPLO SÍMBOLO VALOR EM WATT-HORA


Kilowatt-hora kwh 1000wh ou 103 wh
Megawatt-hora Mwh 1.000.000 wh ou 106 wh
Gigawatt-hora Gwh 1.000.000.000 wh ou 109 wh

APARELHO DE MEDIDA: MEDIDOR DE ENERGIA

SÍMBOLO ESQUEMÁTICO

kWh

B.T

B.C ENERGIA REGISTRADA PELO


MEDIDOR

A velocidade de rotação do disco é


proporcional à potência absorvida
F N pela instalação.

B.T = Bobina de Tensão.


B.C = Bobina de Corrente.

FASE

NEUTRO Instalação de um medidor monofásico

A energia registrada, correspondente a uma volta do disco, é chamada constante do disco


(kd).
1.18 - Associação De Cargas

É comum termos circuitos elétricos com mais de uma carga, nestas condições podemos
associá-las em série, em paralelo ou ainda montarmos um circuito misto no caso de termos

39
três ou mais cargas. O tipo de associação a ser feita é de acordo com cada situação.
Estudaremos, a seguir, as características de cada uma destas associações.

1.18.1 - Circuito Série:

É um circuito onde as cargas são interligadas uma após a outra formando um único caminho
para a passagem da corrente elétrica, conforme o esquema abaixo:
I= 2A

R1 = 2 

V = 12 V R2 = 3

R3 = 1 

 Características de um Circuito Série:

I
A
R1 = 2 
I=2A A
I=2A

V = 12 V
R2 = 3 

R3 = 1 
A

I=2A
No circuito elétrico acima, foram instalados três amperímetros em posições diferentes.
Pelo fato de o circuito série ter apenas um caminho para a passagem da corrente, podemos
observar que as corrente elétricas indicadas pelos amperímetros são iguais, onde
concluímos que:

A corrente elétrica é a mesma em todos os pontos do circuito,


isto é, a mesma corrente passa por todas as cargas.
IT = II = I2 = I3

Podemos observar também que as cargas dependem uma das outras, quanto ao
funcionamento, ou seja, se uma carga for desligada, as demais param de funcionar.

 Analisando a tensão no circuito série:

40
V1 = 4 V

V1
I=2A

R1 = 2 

Vt R2 = 3  V2 V2 = 6 V
Vt = 12 V

R3 = 1 

V3

V3= 2 V

Analisando o circuito elétrico acima, percebemos que cada carga não está ligada
diretamente na fonte, conseqüentemente não terá em seus bornes a tensão da fonte.
O voltímetro ligado diretamente na fonte medirá a tensão total fornecida ao circuito, e cada
voltímetro ligado nos bornes da carga medirá sua respectiva queda de tensão, concluindo
que:

A tensão da fonte ou total se divide entre as cargas, isto é, a


soma das tensões nos bornes de cada carga é igual à tensão da
fonte:
VT = V1 + V2 + V3

A tensão da fonte dividirá de forma diretamente


proporcional às resistências da cada carga.

41
 Resistência total ou equivalente no circuito em série:

R1 = 2 

R2 = 3 

R3 = 1 

Ao associarmos resistores em série, estamos aumentando a dificuldade à passagem da


corrente elétrica, pois o caminho é único e cada resistor se opõe à passagem da corrente
elétrica.
A resistência total é uma única resistência que, ao ser ligada ao circuito, sob o mesmo valor
de tensão que o da associação série, absorverá o mesmo valor de corrente desta
associação.

Num circuito série, a resistência total ou equivalente é


igual à soma das resistências de cada resistor.
RT = R1 + R2 + R3 +......Rn

 Potencia total no circuito série:

Devido à tensão total se dividir proporcionalmente as resistências de cada resistor e a


corrente elétrica ser a mesma, a potência total fornecida pela fonte também será dividida
para cada resistor neste circuito.

Deduzindo:

Como, VT = V1 + V2 + V3 e I1 = I2 = I3 = IT = I
Sendo, PT = VT x IT
e substituindo o valor de VT na equação da potência temos:

PT = (V1 + V2 + V3) . I PT = P1 + P2 + P3

42
1.18.2 - Circuito Paralelo

É um circuito onde as cargas estão ligadas diretamente nos bornes da fonte, formando seu
próprio circuito, denominado de ramo ou malha.

It I1 I2 I3

R1 R2 R3

 Características do circuito paralelo:

A
I t = 22A
I1=6A I2=4A I3=12A
A A A

Vt = 12 V
R1 = 2  R2 = 3  R3 = 1 

No circuito paralelo, a corrente elétrica tem mais de um caminho para circular. A corrente
elétrica total se divide para cada carga ou para cada ramo.

No circuito paralelo a corrente elétrica total é igual


à soma das correntes em cada resistor

IT = I1 + I2 + I3 +...In

No circuito paralelo, cada carga forma seu próprio circuito, seu próprio ramo,
conseqüentemente as cargas são independentes quanto ao seu
funcionamento.

43
 Analisando a tensão no circuito paralelo:

It = 22A I1=6A I2=4A I3=12A

R1=2 V1 R2=3 V2 R3=1 V3


Vt
Vt =12V V1 =12V V2 =12V V3= 12 V

No circuito paralelo, as cargas estão ligadas diretamente nos bornes da fonte, fazendo com
que cada carga trabalhe com a própria tensão da fonte.

No circuito paralelo, a tensão total ou da fonte é a mesma nos bornes da carga.

 Resistência total ou equivalente no circuito paralelo:

R1=2 R2=3 R3=1

No circuito paralelo, temos vários caminhos, ou ramos para a corrente elétrica circular. À
medida que colocamos resistores em paralelo, estaremos criando mais percurso à
passagem da corrente elétrica, fazendo com que a corrente elétrica total aumente. Como a
tensão aplicada no circuito continua a mesma, pela lei de Ohm, a resistência total do circuito
estará diminuindo.
A resistência total é uma única resistência que ao ser ligada ao circuito, sob o mesmo valor
de tensão que o da associação paralela, absorverá o mesmo valor de corrente total desta
associação.

44
 Cálculo da resistência total no circuito paralelo:

Deduzindo:

Sabendo que:

Substituindo a equação 01 na equação 02, teremos:

Dividindo os termos da equação 03 por VT.

VT V V V 1 1 1 1
 1  2  3 teremos :   
VT RT VT .R1 VT .R2 VT .R3 RT R1 R2 R3

O inverso da resistência total é igual à soma


dos inversos das resistências parciais.

 Se tivermos resistores com resistências iguais:

No caso de termos resistências iguais, a resistência total é igual ao valor de uma resistência
dividido pelo número delas.

 Caso tenhamos dois resistores:

1 1 1 1 R 2  R1 R1 . R 2
     RT 
RT R1 R 2 RT R1. R 2 R1  R 2 45
Para dois resistores, a resistência total ou equivalente pode ser calculada dividindo-se o
produto das resistências dos dois resistores pela soma das resistências dos mesmos.

No circuito paralelo, a resistência total é menor que a menor das


resistências parciais.

 Potência no circuito paralelo:

Como, VT = V1 = V2 = V3 = V e IT = I1 + I2 + I3
Sendo, PT = VT . IT
Substituindo o valor de IT na equação da potência temos:

PT = VT . (I1 + I2 + I3) PT = P1 + P2 + P3

1.18.3 - Circuito Misto

O circuito misto é um circuito formado de três ou mais cargas, numa associação com parte
em série e parte em paralelo, conforme exemplo abaixo.

46
R1 = 10 

It =5A
I t = 5A I2=2,5A I3=2,5A
VT = 100 V R2 =20  R3 = 20 

It =5A

Para desenvolver um exercício de circuito misto, usa-se os conhecimentos de circuito série e


paralelo estudados anteriormente e de acordo com a configuração do exercício proposto.
Peguemos o circuito acima como exemplo, para calcularmos a RT , IT , VR1 , VR2 e VR3

 Analisando o circuito, podemos montar uma equação de R T, assim:

RT = (R2 // R3) + R1, onde R2 está em paralelo com R3 e o conjunto em série com R1

Para desenvolvermos esta equação, temos primeiro que calcular a resistência equivalente
entre R2 e R3.

Agora podemos calcular a RT

RT = R23 + R1  RT = 10  + 10   RT = 20 

Calculando IT ,

 Calculando as quedas de tensões:

47
1.19 – Referências Bibliográficas

 Análise de Circuitos 2ª Edição


Autor: John O’ Malley

 Eletricidade Básica
48
Autor: Millton Gussow

 Circuitos de Corrente Alternada


Autor: Kerchner & Corcoran

 Manual do Engenheiro Eletricista


Autor: M.G. Say.

 Eletrotécnica
Autor: Alfonso Martignoni

 Tomo III / Eletromagnetismo


Autor: Gerhard Sengberg

 Física
Halliday & Resnick

 Eletricidade Básica
Autor: Van Valkenburgh, Nooger & Neville, Inc.

 Apostila de Eletrotécnica I e II – EFAP / CEMIG

ELABORADO POR:

- Roberto Horta Maia – Instrutor Técnico / EFAP (CEMIG)

- José Luiz Tomé – Instrutor Técnico / EFAP (CEMIG)

49
Eletrotécnica

Circuitos de Corrente Contínua

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51

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