Você está na página 1de 39

Treinamento em

Eletricidade

Eletricidade Básica

outubro de 2005
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

ÍNDICE

1. FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE............................................................................. 2
1.1 Introdução .................................................................................................................... 2
1.2 Grandezas e Unidades Elétricas ............................................................................ 5
1.2.1 Tensão ................................................................................................................... 5
1.2.2 Corrente ................................................................................................................ 6
1.2.3 Resistência e Lei de Ohm................................................................................. 7
1.2.3.1 Resistência ................................................................................................... 7
1.2.3.2 Lei de Ohm ................................................................................................... 8
1.2.4 Potência ................................................................................................................ 8
1.2.5 Capacitância ...................................................................................................... 10
1.2.6 Resumo - Tabela de Grandezas e Unidades ............................................. 10
1.3 Circuitos Elétricos.................................................................................................... 11
1.4 Componentes Eletro-eletrônicos ......................................................................... 12
1.4.1 Resistor – conceito, associação .................................................................. 12
1.4.1.1 Conceitos.................................................................................................... 12
1.4.1.2 Associação de Resistores...................................................................... 13
1.4.2 Diodo.................................................................................................................... 16
1.4.3 Capacitor............................................................................................................. 16
1.4.4 SCR – Retificador Controlado de Silício .................................................... 18
1.5 Equipamentos Elétricos.......................................................................................... 19
1.5.1 Baterias ............................................................................................................... 19
1.5.2 Campo Magnético – conceitos...................................................................... 22
1.5.3 Motores e Geradores Elétricos ..................................................................... 23
1.5.4 Relés .................................................................................................................... 27
1.5.5 Contactores........................................................................................................ 27
1.5.6 Bancada Retificadora de Diodos.................................................................. 28
2. UTILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO .................................................... 29
2.1. Medindo Tensão com o Multímetro ..................................................................... 29
2.2. Medindo Corrente com o Multímetro .................................................................. 30
2.3. Leitura de Resistência Elétrica ............................................................................. 32
2.4. Teste de Diodos ........................................................................................................ 32
2.5. Teste de Continuidade ............................................................................................ 34
2.6. Megôhmetro ............................................................................................................... 35
2.6.1 Leitura de isolamento em circuitos de baixa tensão ........................................... 36
2.6.2 Leitura de isolamento em circuitos de alta tensão .............................................. 37
Bibliografia ................................................................................................................................. 38
Equipe de Elaboração ............................................................................................................. 38

Página 1
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

1. FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE

1.1 Introdução
A primeira experiência com eletricidade da qual se tem notícia ocorreu por volta
de 600 A.C, na Grécia. Thales de Mileto verificou que, ao friccionar o âmbar mineral
com uma substância seca, o âmbar adquiria a propriedade de atrair corpos leves, tais
como pedaços de papel, fios de cabelo, pedaços de lã. Como "âmbar", em grego, é
"elektron", daí surgiram as palavras "elétron" e "eletricidade".

Para entendermos os princípios da eletricidade, precisamos entender o átomo,


que é uma das menores partículas que compõe a matéria.
Imagine-se dividindo um fio de cobre, utilizando-se de uma ferramenta. Ao fazer
o primeiro corte, o fio se dividirá em dois. Cada parte continuará sendo de cobre.

Cortando cada parte pela metade, elas se dividirão em partes menores. Se você
continuar cortando, as partes irão se dividindo, dividindo, dividindo....de tal forma que, a

Página 2
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

certo momento, teríamos partículas extremamente pequenas, chamadas "átomos".


Neste caso seriam átomos de cobre.

Os átomos são tão pequenos, que 100 milhões deles, um ao lado do outro,
formariam uma reta de 1 cm de comprimento!
O átomo é formado por um núcleo e uma eletrosfera. No núcleo encontramos os
prótons e nêutrons. Na eletrosfera, estão os elétrons, em movimento.

Um átomo em equilíbrio apresenta os elétrons girando em sua volta, "presos" ao


átomo, de forma semelhante ao movimento dos planetas em torno do Sol.

Página 3
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Pois bem!
Vamos continuar utilizando esse exemplo e fazermos mais algumas
considerações.
O Sol exerce, sobre os planetas, uma atração constante, mantendo-os em suas
órbitas. Se essa atração fosse rompida, todos os planetas se perderiam no espaço.
Se você não concorda com essa idéia, imagine-se segurando um barbante com
uma pedra amarrada na ponta, fazendo-a girar com velocidade cada vez maior.

Bem, os elétrons, girando em torno dos prótons, também apresentam a mesma


tendência de escapar. Isso só não acontece porque os elétrons são atraídos pelos
prótons, assim como o sol atrai os planetas.

Página 4
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Veja o esquema a seguir:

No estado de equilíbrio do átomo, a ação de escapar e a ação de atração são


iguais para todos os elétrons. No entanto, se houver algum agente externo, como por
exemplo atrito, que transmite calor aos elétrons, a tendência dos elétrons "escaparem"
do átomo aumenta. Através desse movimento de elétrons que escapam do átomo é que
surge a possibilidade de condução de energia elétrica.
A diferença de potencial elétrico, ou d.d.p, ocorre quando há acúmulos de
elétrons em uma região, em relação a outra região.
Entendendo o conceito de diferença de potencial elétrico, podemos partir para o
estudo das diversas grandezas e unidades elétricas

1.2 Grandezas e Unidades Elétricas

1.2.1 Tensão

Tensão elétrica ou voltagem é uma grandeza elétrica, medida pela diferença


de potencial elétrico entre dois pontos. Sua unidade de medida é o Volt, em
homenagem ao físico italiano Alessandro Volta. O símbolo do Volt é o "V" maiúsculo. A
tensão elétrica é normalmente designada por "E", "U" ou mesmo "V".
Para facilitar o entendimento do que é a tensão elétrica, pode-se fazer um
paralelo com a pressão hidráulica. Quanto maior a diferença de pressão hidráulica entre
dois pontos, maior é o fluxo, quando há comunicação entre os dois pontos. Na

Página 5
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

eletricidade, a "pressão hidráulica" é o potencial elétrico, e a "diferença de pressão" é a


tensão elétrica.

1.2.2 Corrente

Corrente elétrica é uma grandeza elétrica associada ao movimento ordenado


de cargas elétricas. Sua unidade de medida é o Ampère, cujo símbolo é "A" maiúsculo.
A corrente elétrica é normalmente designada por "I".
Aplicando uma diferença de potencial num fio metálico, surge nele uma corrente
elétrica formada pelo movimento ordenado de elétrons. No fio metálico, mesmo antes
de aplicarmos a diferença de potencial, já existe movimento de cargas elétricas. Todos
os elétrons livres estão em movimento, devido à agitação térmica. No entanto, o
movimento é caótico e não há corrente elétrica. Quando aplicamos a diferença de
potencial, esse movimento caótico continua a existir, mas a ele se sobrepõe um
movimento ordenado, de tal forma que, em média, os elétrons livres do fio passam a se
deslocar ao longo deste. É assim que se forma a corrente elétrica.
Corrente Contínua ou CC (em inglês, DC - direct current) é um fluxo constante e
ordenado de elétrons sempre em uma direção. Esse tipo de corrente é gerado por
baterias de locomotivas, automóveis ou de motos (6, 12 ou 24V), pequenas baterias
(geralmente 9V), pilhas (1,2V e 1,5V), dínamos, etc. Normalmente é utilizada para
alimentar aparelhos eletrodomésticos de som e vídeo (entre 1,2V e 24V) e os circuitos
digitais de equipamento de informática (Computadores, etc.).

Página 6
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Corrente Alternada, ou CA (em inglês AC-alternating current), é uma corrente


elétrica cujas magnitude e direção variam ciclicamente. A forma de onda usual em um
circuito de potência CA é senoidal, por ser a forma de transmissão de energia mais
eficiente. Entretanto, em certas aplicações, diferentes formas de ondas são utilizadas,
tais como triangular ou ondas quadradas. Veja a seguir o formato de uma onda
senoidal:

corrente I
ou tensão V

tempo

1.2.3 Resistência e Lei de Ohm

1.2.3.1 Resistência

Resistência elétrica é uma grandeza que exprime oposição à passagem de


corrente elétrica. Sua unidade de medida é o ohm. O símbolo do ohm é a letra grega Ω
(ômega). A resistência elétrica é normalmente designada por "R".
Comparando com o exemplo hidráulico, a resistência ou atrito do tubo por onde
passa o fluxo equivale à resistência elétrica para a corrente no circuito elétrico.

Página 7
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Na figura à esquerda, temos um cano com maior passagem de água, ou seja,


com menos resistência à passagem de água. Já no caso da direita, a resistência à
passagem de água é maior, o que ocasiona menor passagem de água.
Os resistores são elementos que apresentam resistência conhecida bem
definida. Eles podem ter um valor de resistência fixa ou variável.

1.2.3.2 Lei de Ohm

A "Lei de Ohm", também conhecida como a "Lei Fundamental da Eletricidade",


relaciona Tensão (E), Corrente (I) e Resistência (R).
A Lei de Ohm foi formulada com base em experiências práticas do cientista
George Ohm. Ele observou que a corrente que circula por um resistor aumenta
proporcionalmente com a tensão aplicada sobre ele. Matematicamente, a Lei de Ohm é:

E
I=
R
Onde: I é a intensidade da corrente
E é a tensão elétrica aplicada sobre o resistor
R é o valor da resistência
Relembrando a comparação com o sistema hidráulico, podemos dizer que, para
uma mesma diferença de potencial hidráulico (V = potencial elétrico), quanto maior for a
resistência à passagem de água (R = resistência), menor será o fluxo da passagem da
água (I = corrente).

1.2.4 Potência

Potência é uma grandeza utilizada tanto em eletricidade como em mecânica.


Como conseqüência, existem diversas definições e tipos de potência. Na eletricidade, é
importante saber que a potência está relacionada à tensão e à corrente. A unidade

Página 8
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

padrão é o Watt, que tem como símbolo o "W" maiúsculo. A potência é normalmente
designada pela letra "P".
O que é potência - definição geral:
Potência é a energia fornecida, recebida ou gasta por unidade de tempo.
Em corrente contínua a potência P pode ser calculada pela expressão:

P=ExI
Onde: "E" é a tensão elétrica e "I" é a intensidade de corrente elétrica.

Veja o que significa a potência para...


GERADOR: representa a potência fornecida pelo gerador, sob a forma de tensão e
corrente. É o gerador que fornece a potência que será dissipada por todos os
equipamentos que citaremos abaixo.
MOTOR: significa a força do eixo no seu giro.

Página 9
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

CHUVEIRO: é o calor fornecido, que aquece a água.


LÂMPADA: significa o seu brilho, mais ou menos luz.
FORNO: representa o calor liberado para aquecimento.
RESISTOR: potência é a dissipação em forma de calor, e pode ser calculada utilizando
a lei de Ohm, segundo a qual E = RxI. Então, para o resistor, temos P = ExI = (RxI)xI.
Assim, a potência para um resistor é:
P = R x I2

1.2.5 Capacitância

Capacitância é a grandeza elétrica característica de um capacitor. Ela indica a


relação entre a carga armazenada por um capacitor para um determinado nível de
tensão aplicado sobre ele. Matematicamente:

Q
C=
V
Onde: Q é a quantidade de carga (em Coulomb) e V é a diferença de potencial
ou tensão, dada (em Volts).
A unidade de capacitância é o Farad, que tem como símbolo o "F" maiúsculo.
Pela fórmula, vemos que quanto maior a capacitância, maior é a carga que um
capacitor acumula, para uma mesma tensão aplicada sobre ele.

1.2.6 Resumo - Tabela de Grandezas e Unidades

Grandeza Unidade
Tensão Volt (V)
Corrente Ampere (A)
Potência Watt (W)
Resistência Ohm (Ω)
Capacitância Farad (F)

Página 10
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

É muito comum se utilizar prefixos para designar múltiplos ou submúltiplos das


unidades. Exemplos:
1 kilograma equivale a 1000 gramas
1 milivolt equivale a 0,001 volts
A tabela a seguir mostra os prefixos mais utilizados.

Prefixos de unidades
Símbolo Nome Fração/Múltiplo
p pico trilionésimo = 1/1000.000.000.000
n nano bilionésimo = 1/1.000.000.000
µ micro milionésimo = 1/1.000.000
m mili milésimo = 1/1000
k kilo milhar = 1000
M mega milhão = 1.000.000
G giga bilhão = 1.000.000.000

1.3 Circuitos Elétricos

Circuito é todo percurso que representa um caminho fechado. Você deve


conhecer as corridas de Fórmula 1, onde os pilotos dão voltas em um mesmo percurso
fechado. É por isso que chamamos às pistas de circuito.
Em um circuito elétrico, a corrente elétrica circula por um caminho fechado. Se o
circuito estiver aberto a corrente não circula.

Existem 4 tipos de componentes fundamentais em um circuito elétrico:

1. Fontes geradoras: produzem energia elétrica para o circuito. Exemplos:


geradores elétricos, pilhas, baterias, etc.

2. Aparelhos consumidores: transformam a energia elétrica em outro tipo de


energia, da qual o homem necessita para o seu benefício. Exemplo: motores elétricos,
eletrodomésticos, lâmpadas, etc.

Página 11
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

3. Condutores: interligam os outros componentes do circuito, conduzindo


corrente de um local a outro. São os cabos, fios e barramentos.

4. Dispositivos de manobra: permitem ou impedem a passagem da corrente


elétrica no circuito. Exemplos: interruptores, chaves, contatores, relés.

1.4 Componentes Eletro-eletrônicos

1.4.1 Resistor – conceito, associação

1.4.1.1 Conceitos

Resistor é um componente elétrico cuja função básica é oferecer resistência à


passagem de corrente, limitando o valor ou intensidade de corrente em um circuito.
Com isso é possível "controlar" ou estipular os valores de corrente e também de tensão
em um circuito elétrico. Esta resistência à passagem de corrente resulta na
transformação de energia elétrica em calor.
As figuras a seguir mostram os símbolos mais utilizados para representar um
resistor.

Resistores ajustáveis:
São resistores cujo valor de resistência pode ser ajustado, dentro de uma faixa
pré-definida.
Estes tipos de resistores são utilizados em circuitos que exijam calibração.

Página 12
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Potenciômetros

São resistores com uma derivação que permite a variação do valor resistivo pelo
movimento de um eixo.

Os potenciômetros são usados para permitir a mudança do regime de operação


de equipamentos. Por exemplo: potenciômetro de volume em aparelhos de som;
potenciômetro de brilho em monitores.

1.4.1.2 Associação de Resistores

Existem três tipos básicos de associação de resistores:

1. Associação Série

Os resistores têm os terminais ligados uma após o outro, permitindo que a


corrente tenha um único caminho.
Na associação série, a resistência total equivalente é a soma das resistências da
associação. Portanto, para o exemplo da figura anterior:

Resistência equivalente = 3 + 2 + 5 = 10 ohms

Página 13
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

2. Associação Paralelo

Os resistores têm seus terminais ligados diretamente à linha principal. Todos os


resistores estão sujeitos à mesma tensão.

Condutância - conceito
Na associação em paralelo, utilizamos os valores das condutâncias dos
resistores associados para o cálculo da resistência total equivalente. O valor da
condutância de um resistor é o inverso do valor da resistência. O símbolo da
condutância é G. Portanto:

1
G=
R
Vale também dizer que a resistência é o inverso da condutância. Portanto:

1
R =
G
A condutância total de uma associação de resistores em paralelo é a soma das
condutâncias dos resistores associados.

Vamos calcular o a resistência equivalente da figura anterior?

Primeiro, calculamos o valor da condutância de cada resistência:

Página 14
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

1 1
G1 = =
R1 6

1 1
G2 = =
R2 12

1 1
G3 = =
R3 4

Em segundo lugar, calculamos a condutância total equivalente, que é a soma de


cada condutância:

1 1 1 2 + 1+ 3 6
Gtotal = + + = = = 0,5
6 12 4 12 12

E finalmente, o terceiro e último passo é calcular a resistência equivalente:

1 1
R = = = 2ohms
G 0,5

3. Associação Mista

Na associação mista existem tanto associações séries como em paralelo no


circuito. Observe na figura anterior que o ponto C é chamado um "nó" do circuito. Um
nó, é um ponto do circuito onde uma corrente se divide.

Página 15
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

1.4.2 Diodo

Diodo é um componente que permite a passagem da corrente elétrica apenas


em um sentido. A corrente só passa quando ele é "polarizado diretamente", isto é,
quando o anodo está alimentado com uma tensão superior ao do catodo.

Símbolo do Diodo:

Catodo Anodo

1.4.3 Capacitor
Capacitor é um dispositivo que armazena energia elétrica num circuito. É
também chamado de “condensador”. Constitui-se usualmente de duas placas próximas,
separadas por um isolante.

Símbolo do Capacitor:

Observe o circuito a seguir, formado por uma bateria E, um interruptor, um resistor R e um


capacitor C.

Página 16
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Ao fecharmos a chave, circulará uma corrente elétrica, que "carrega" o capacitor.


Quando o capacitor estiver totalmente carregado, a corrente pára de circular. Se
abrirmos novamente a chave neste momento, verificaremos que o capacitor permanece
com a tensão da fonte.
Tipos de capacitores: eletrolítico, cerâmico, poliéster, mica, shicko, policarbonato,
polistireno. Veja na figura a seguir os formatos mais comuns para esses tipos:

Página 17
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Capacitores eletrolíticos
Os capacitores eletrolíticos são capacitores de maiores valores de capacitância,
formados por uma caneca chamada de armadura negativa e um eletrodo central, que é
o terminal positivo. Como isolante é usado uma camada de óxido.

O capacitor eletrolítico é polarizado, isto é, possui um terminal positivo e outro


negativo. Por isso, temos que ligá-lo corretamente, senão o capacitor pode
estourar.

1.4.4 SCR – Retificador Controlado de Silício

O SCR é um diodo com três terminais: anodo, catodo e gate. Internamente ele
possui 4 cristais de silício interligados, formando uma estrutura PNPN. O SCR equivale
a dois transístores interligados, sendo um do tipo PNP e outro do tipo NPN. Abaixo
vemos o aspecto físico do componente, a estrutura interna e o equivalente com
transístores:

Página 18
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Funcionamento - Abaixo vemos um circuito simples com um SCR. Como podemos


observar, primeiro aplicamos uma tensão maior no anodo e menor no catodo, como em
qualquer diodo. Porém o SCR só conduzirá quando for aplicado um pulso (pequena
tensão) no gate. Quando for retirado o pulso do gate o SCR continuará conduzindo até
a alimentação ser desligada.

1.5 Equipamentos Elétricos

Quem trabalha com manutenção constantemente se depara com equipamentos


importantes, utilizados para produzir e controlar a energia elétrica. A energia elétrica,
apesar de apresentar perigo para pessoas inexperientes, é muito útil quando aplicada e
controlada de forma correta. A seguir procuraremos descrever alguns equipamentos
que exigem cuidados especiais de nossa manutenção.

1.5.1 Baterias

Bateria é um dispositivo que produz energia elétrica a partir de reações químicas.


Normalmente, ela é formada de diversas células. Cada célula, por sua vez, é
constituída de duas placas de metais diferentes. Estas placas são chamadas de
eletrodos. Os eletrodos ficam mergulhados em uma solução líquida ou pastosa

Página 19
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

denominada eletrólito. Veja na figura a seguir um exemplo simplificado de uma célula


de bateria.

Os eletrodos são feitos de materiais condutores metálicos, por onde a corrente


entra ou sai quando a bateria está aplicada em um circuito elétrico. Um dos eletrodos é
chamado cátodo, e o outro ânodo.
O eletrólito retira os elétrons do cátodo e leva até o ânodo. Isso é possível
através das reações químicas que ocorrem na bateria. Nessas reações acontece a
formação de íons, que são átomos que podem doar ou receber elétrons, dependendo
se eles estão com falta ou excesso de elétrons.
São as reações químicas que fazem surgir uma diferença de potencial elétrico
(d.d.p) ou tensão eletrica nos terminais da bateria. Esta tensão pode ser utilizada para
alimentar um circuito elétrico. Veja na figura a seguir um esquema simplificado de um
circuito alimentado por uma bateria.

Página 20
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

fig. 1
No nosso dia-a-dia trabalhamos com dois tipos de baterias, a alcalina e a
chumbo ácida.
Baterias Alcalinas: são baterias que utilizam como eletrólito o hidróxido de
potássio (KOH). A densidade da solução fica em torno de 1,17 a 1,3 independente da
bateria estar carregada ou não. Na realidade, a densidade se mantém a mesma em
qualquer estado de carga.
Baterias Chumbo-Ácido: são baterias que utilizam como eletrólito o ácido
sulfúrico (H2SO4). A densidade da solução fica em torno de 1,19 a 1,20 a plena carga.
O eletrólito torna-se ativo durante a processo de carga e descarga e há consumo de
H2SO4 durante a descarga. Quando ela está descarregada, o eletrólito apresenta uma
densidade de 1,05 a 1,10.
Observe que existem grandes diferenças entre uma bateria chumbo-ácido e uma
alcalina. Os eletrólitos de um ou outro tipo jamais podem ser misturados!
É muito importante não contaminar o eletrólito. A contaminação com impurezas
como óleo, água sem destilar, solventes ou outros eletrólitos, podem, além de diminuir a
vida útil das mesmas, provocar sérios acidentes a operadores.

Página 21
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

1.5.2 Campo Magnético – conceitos

Magnetismo é a propriedade que certos materiais apresentam, que lhes


possibilita atrair objetos de ferro, aço e alguns outros metais. Todos os corpos que
apresentam propriedades magnéticas são chamados ímãs. Existem os imãs naturais e
permanentes. Os imãs apresentam dois pólos, que por convenção são chamados de
pólo norte e pólo sul.
A razão para se chamar os pólos de um imã de norte e sul é simples. A Terra
apresenta um magnetismo próprio, que faz com que o nosso planeta se comporte como
um imã gigantesco, com dois pólos magnéticos ligeiramente deslocados dos pólos
geográficos. São esses pólos magnéticos que movimentarm a agulha de uma bússola.

A direção da força magnética que atua na proximidade dos pólos dos imãs, pode
ser representada por linhas imaginárias. Estas linhas são chamadas de linhas de força
magnética.

Página 22
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Linhas de força magnética

O espaço onde existem as linhas de força magnética é chamado de Campo


Magnético. A intensidade do campo é medido pelo número de linhas de força. Quanto
maior o número de linhas de força, mais forte é o campo magnético do imã.

1.5.3 Motores e Geradores Elétricos

Geradores elétricos: são dispositivos acionados mecanicamente por motores à


explosão ou turbinas, que fazem uso da rotação para produzirem energia elétrica.
Basicamente existem dois tipos de geradores. Os que produzem corrente contínua, que
são chamados de Geradores de CC e os de corrente alternada que são chamados de
Alternadores.
A produção da corrente alternada se dá a partir de princípio da indução
eletromagnética: quando movimentamos um condutor no meio de um campo
magnético, cortando as linhas de força, uma tensão elétrica é induzida nesse condutor.
Esta tensão varia constantemente por causa da mudança de posição do condutor em
relação as linhas de força e é chamada de tensão alternada. Vejamos a figura abaixo.

Página 23
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

No desenho abaixo podemos ver os valores de tensão, na saída de nosso


gerador, em cada posição do condutor, imerso no campo magnético. O desenho da
esquerda mostra a posição do condutor no campo. O gráfico da direita a variação de
tensão para posição do condutor.

Página 24
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Já no gerador de corrente contínua o principio aplicado é o mesmo do alternador.


A diferença básica vai estar no local onde se retira a tensão produzida, no alternador
ela é retirada de anéis coletores fixada a cada extremidade do condutor. No gerador CC
ela é retirada a partir de semi-anéis colocados na extremidade dos condutores
chamados agora de comutadores. A cada semi-ciclo a polaridade dos semi-anéis é
invertida. Ao invés do ciclo passar a ser negativo, ele começa a subir novamente e na
saída do gerador cc teremos somente semi ciclos positivos.

Os motores de corrente contínua têm o princípio básico do gerador de corrente


contínua, só que agora ao comutador é aplicada uma tensão e esta produz um campo
magnético no condutor imerso no campo magnético que vai interagir com os pólos,
quando iguais repelindo, quando diferentes atraindo. Com isso é gerado uma força (ou
torque) que movimenta os condutores do motor. Veja na figura a seguir um esquema
simplificado do motor de corrente contínua.

Página 25
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Os motores e geradores de corrente contínua possuem componentes chamados


"escovas". As escovas têm uma função importantíssima no desempenho do motor, pois
são elas que permitem a circulação de corrente pelos equipamentos. Escovas em
condições impróprias podem causar sérios danos ao motor.
Os motores de corrente alternada utilizam o mesmo princípio dos motores de
corrente continua, com uma construção diferente para permitir a alimentação em tensão
alternada.

Página 26
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

1.5.4 Relés

O relé é um dispositivo de manobra eletromecânico, utilizado em comandos


elétricos para manobrar contatos por onde circulam correntes baixas, energizando
pequenas cargas ou dispositivos de manobra maiores que são os contactores.

O funcionamento básico de relés e contactores é: quando se energiza a bobina,


irá circular uma corrente que produzirá um fluxo magnético. Este por sua vez irá
procurar um caminho de melhor facilidade de circulação, atraindo, então o núcleo para
o interior do solenóide. Esta força de atração deve ser maior que a da mola de retorno,
alterando assim a posição dos contatos, que estão mecanicamente ligados ao núcleo.
Quando a corrente cessar, isto é, quando se desenergiza a bobina, a mola trará o jogo
de contatos à posição original.

1.5.5 Contactores

O princípio básico de funcionamento é o mesmo do relé. A diferença está na


aplicação, pois o contator é utilizado para manobrar correntes elevadas. Os contatores
podem ou não possuir contatos auxiliares que faciltam a interação com
outros circuitos de controle, mantendo o operador em segurança.

Página 27
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

1.5.6 Bancada Retificadora de Diodos

Diodos são componentes que possibilitam a circulação de corrente somente em


um sentido. Uma bancada retificadora nada mais é que um conjunto de diodos
dispostos de forma tal que conseguem fazer uma retificação de várias fases ao mesmo
tempo, mantendo um nível contínuo em barramentos determinados.

Página 28
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

2. UTILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

O multímetro é um instrumento utilizado para medir os valores das grandezas


elétricas de um circuito ou componente, tais como: tensão contínua ou alternada,
corrente contínua ou alternada, freqüência, continuidade, resistência elétrica,
capacitância, etc.
Ele possui uma chave seletora rotativa, que deve sempre ser corretamente
posicionada, conforme a grandeza a ser medida. Possui também usualmente quatro
bornes para conexão dos cabos de medição. Um dos bornes é de cor preta e é de uso
comum para todas as medições. Os outros três bornes deverão ser utilizados conforme
a grandeza a ser medida.

2.1. Medindo Tensão com o Multímetro

1. Conecte o cabo preto no borne COM do multímetro (borne preto).


2. Conecte o cabo vermelho no borne identificado com a inscrição V Ω .
3. Coloque a chave seletora na posição correspondente à tensão contínua ou
tensão alternada, conforme o caso, escolhendo uma escala de valor superior ao valor a
ser medido. Se o valor a ser medido não for conhecido, escolha a escala de maior valor
e vá diminuindo até conseguir uma leitura satisfatória.

Página 29
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Exemplo:

Veja como medir a tensão de uma pilha.

-Pontas nos terminais

Chave seletora em V -Preto no COM


na maior escala
- Vermelho no V Ω

ATENÇÃO – Tome muito cuidado quanto ao posicionamento da chave seletora e à


conexão dos cabos nos bornes do multímetro. Se qualquer um deles estiver
incorretamente posicionado, durante a medição de tensão, o multímetro será
danificado.

2.2. Medindo Corrente com o Multímetro

1. Conecte o cabo preto no borne COM do multímetro (borne preto).


2. Conecte o cabo vermelho no borne identificado com a inscrição A ou mA
conforme o valor da corrente a ser medida, prestando muita atenção à capacidade de
corrente de cada um dos bornes

Página 30
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Obs- O valor máximo de corrente do circuito deverá ser conhecido a fim


de que não exceda a capacidade máxima do multímetro.
3. Coloque a chave seletora na posição de corrente contínua ou alternada,
conforme o caso, escolhendo uma escala de valor superior ao valor a ser medido.
4. Abra o circuito a ser testado em algum ponto e insira o multímetro em série
com o circuito.

Exemplo:

Veja como medir a corrente no circuito a seguir:

-Pr
Preto no COM indo
para a fonte
Circuito ligado ao
positivo da fonte e ao - Vermelho no A
positivo do multímetro

ATENÇÃO -Tome muito cuidado para não tentar fazer qualquer leitura de tensão
enquanto o multímetro estiver configurado para leitura de corrente, caso isso
aconteça, ocorrerão danos irreparáveis ao multímetro.

Página 31
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

2.3. Leitura de Resistência Elétrica

1. Conecte o cabo preto no borne COM do multímetro (borne preto).


2. Conecte o cabo vermelho no borne identificado com a inscrição V Ω .
3. Certifique-se que o circuito ou componente a ser medido está desenergizado.
4. Verifique se há resistências em paralelo ao circuito ou componente que
possam "mascarar" o valor a ser medido. Se necessário desinstale o componente ou
circuito para obter a leitura correta.
4. Coloque a chave seletora na posição correspondente a leitura de resistência
(Ω), escolhendo uma escala de valor superior ao da resistência a ser medida. Se o valor
a ser medido não for conhecido, escolha a escala de maior valor e vá diminuindo até
conseguir uma leitura satisfatória.

-Preto no COM
- Vermelho no V Ω
Pontas entre
os terminais

ATENÇÃO -Tome muito cuidado para não tentar fazer qualquer leitura de tensão
enquanto o multímetro estiver configurado para leitura de resistência, caso isso
aconteça, ocorrerão danos irreparáveis ao multímetro.

2.4. Teste de Diodos

1. Conecte o cabo preto no borne COM do multímetro (borne preto).


2. Conecte o cabo vermelho no borne identificado com a inscrição V Ω .
3. Certifique-se que o circuito ou componente a ser medido está desenergizado.

Página 32
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

4. Verifique se há resistências ou diodos, em paralelo ao diodo a ser conferido,


que possam "mascarar" o valor a ser medido. Se necessário desinstale o diodo para
obter a leitura correta.
5. Coloque a chave seletora na posição correspondente a leitura de resistência
(Ω), escolhendo a menor escala (200 Ω).
6. Meça a continuidade do diodo primeiro em um sentido (positivo no anodo do
diodo e negativo no catodo), nessa condição o diodo deverá conduzir, apresentando
uma baixa resistência.
7. Em seguida inverta as polaridades (negativo no anodo e positivo no catodo),
nessa condição o diodo deverá bloquear a condução, apresentando alta resistência.

anodo catodo

Resultado de teste com o diodo inversamente polarizado

Valor alto de
resistência
O.L.

Chave Seletora na
função DIODO

Pontas entre os
terminais

Página 33
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Resultado de teste com o diodo diretamente polarizado

Valor baixo de
resistência
0.344

Pontas entre os Chave Seletora na


terminais função DIODO

2.5. Teste de Continuidade

1. Conecte o cabo preto no borne COM do multímetro (borne preto).


2. Conecte o cabo vermelho no borne identificado com a inscrição V Ω .
3. Certifique-se que o circuito ou componente a ser medido está desenergizado
4. Coloque a chave seletora na posição correspondente a leitura de resistência
(Ω), escolhendo a menor escala (200 Ω) , e meça de uma extremidade a outra do
componente ou circuito a ser testado. O valor lido deverá ser próximo de zero e o
multímetro emitirá um aviso sonoro se dispuser desse recurso.

Página 34
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

2.6. Megôhmetro

O megôhmetro é um instrumento usado para medir altos valores de resistência, na


ordem de milhões de ohms (MΩ). Ele injeta uma alta tensão no circuito em teste para
medir o valor dessa resistência. É amplamente usado para medir o nível de isolação de
equipamentos elétricos, como motores, geradores, transformadores, etc.
Assim como o multímetro, o megôhmetro também possui um borne comum (de cor
preta), e outros bornes com diferentes valores de tensão que se deseja aplicar ao
circuito em teste. Normalmente variam de 500V a 2500V.

ATENÇÃO- TOME CUIDADO COM OS RISCOS DE CHOQUE


ELÉTRICO AO FAZER USO DO MEGÔHMETRO. LEMBRE-SE QUE
EXISTE UMA TENSÃO ELEVADA ENTRE OS TERMINAIS,
PORTANTO NÃO TOQUE NELES COM O MEGÔHMETRO
ENERGIZADO.

Página 35
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

2.6.1 Leitura de isolamento em circuitos de baixa tensão

1. Conecte o cabo negativo (preto) no borne COM (preto), e ligue a outra ponta do
cabo preto na carcaça da locomotiva, em um ponto livre de tinta ou oxidação.
2. Conecte o cabo positivo (vermelho), no borne correspondente ao nível de
tensão mais baixo (500V) e encoste a outra ponta do cabo na carcaça da locomotiva a
fim de testar as conexões. A leitura no megôhmetro deverá ser zero. Caso apresente
alguma resistência, limpar as conexões na carcaça até obter uma leitura igual a zero.
3. Comece a leitura de isolamento passando a ponta vermelha nos circuitos a
serem testados e fazendo a leitura no mostrador, prestando atenção à escala que está
sendo usada.

Ponta preta na
carcaça

Ponta vermelha no
equipamento a ser
testado

Página 36
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

2.6.2 Leitura de isolamento em circuitos de alta tensão

1. Conecte o cabo negativo (preto), no borne COM (preto), e ligue a outra ponta do
cabo na carcaça da locomotiva ou do equipamento em teste, em um ponto livre de tinta
ou oxidação.
2. Conecte o cabo positivo (vermelho), no borne correspondente ao nível de
tensão desejado (1500V a 2500V) e encoste a outra ponta do cabo na carcaça da
locomotiva ou equipamento a fim de testar as conexões. A leitura no megôhmetro
deverá ser zero. Caso apresente alguma resistência, limpar as conexões na carcaça até
obter uma leitura igual a zero.
3. Comece a leitura de isolamento passando a ponta vermelha nos circuitos a
serem testados e fazendo a leitura no mostrador, prestando atenção à escala que está
sendo usada.

Ponta preta na
carcaça

Ponta vermelha no
equipa
pamento a ser
testado

Página 37
Treinamento Módulo 1 Eletricidade Básica

Bibliografia

- Apostilas do Curso de Eletricidade e Eletrônica da SENAI/RFFSA

- Manuais de Instrumentos de Medição

Equipe de Elaboração

Agnaldo Lopes
Ariomar Pedro
Bruno Perin
Genival dos Santos
Gustavo Loyola
Leocádio Langhammer
Rogério Branco

Página 38

Você também pode gostar