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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Química
Curso: Engenharia Química

Química Inorgânica I

Compostos complexos

Discentes:
COSSA, Paulo
MABASSO, Demilson Joaquim
MAGAIA, Victor Júnior
PARRUQUE, Douglas Dato Armando

Docente:
Dra. Bina Laquene

Maputo, 10 de Maio de 2016


Índice

1. Introdução................................................................................................................................1
1.1. Objectivos.........................................................................................................................2
2. Características gerais dos compostos complexos....................................................................2
3. Teoria de coordenação de Werner...........................................................................................3
4. Nomenclatura dos compostos complexos................................................................................3
5. Tipos de ligação nos compostos complexos............................................................................4
4.1. Teoria de ligação de Valência.......................................................................................4
4.2. Teoria do campo cristalino............................................................................................5
6. Isomeria dos compostos complexos........................................................................................7
7. Estabilidade dos compostos complexos...................................................................................9
8. Conclusão..............................................................................................................................11
9. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................12
1. Introdução

A segunda metade do seculo XIX, foi uma época marcada por diversas descobertas que até hoje
influenciam a maneira como diversos fenómenos físicos e químicos são interpretados. Nesta
época, foram inventados diversos dispositivos, estruturas e processos que permitiram que
diversos cientistas pusessem em prática as suas teorias e de forma experimental sintetizassem
diversos compostos usados até hoje.
No âmbito dessa evolução foram descobertos diversos compostos que foram nomeados e
agrupados de acordo com as suas propriedades e funcionalidades. Já nos finais do século XIX
existia ainda uma grande controvérsia sobre as características estruturais de um certo grupo de
compostos, que mais tarde recebeu o nome compostos complexos.

No trabalho que será apresentado, não se irá abordar sobre os factos que marcaram a descoberta
dos compostos complexos, nem da sua evolução histórica, mas sim analisar de forma prática as
suas características, propriedades, formas de ligação intramolecular e sua respectiva
nomenclatura.
É importante destacar, que o seguinte trabalho para além de publicar os resultados do estudo
feito, visa transmitir de forma sintética, o conhecimento adquirido durante a realização do
mesmo. Assim espera-se que o mesmo disponha de informação suficiente por forma a não deixar
lacunas ou dúvidas com relação ao estudo feito.

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1.1. Objectivos
 Descrever as características gerais dos compostos complexos;
 Propriedades essenciais;
 E as formas de ligação intramoleculares verificadas.

2. Características gerais dos compostos complexos

Os compostos complexos são definidos como agregados parcialmente estáveis, formados quando
um átomo ou ião central, normalmente de um metal de transição, se liga a um certo número de
moléculas neutras ou iões de carga contrária.
As moléculas neutras ou iões de carga contrária que entram na formação do complexo contem na
sua estrutura pares de electrões livres que colocam a disposição do átomo central. Eles ligam-se
ao átomo central por ligação covalente dativa e são chamadas ligantes ou grupos dadores. O
número de ligantes ou dadores ligados ao átomo central é chamado número de coordenação
(normalmente 4 ou 6).
Quando o agregado formado pelo átomo central e seus ligantes for uma espécie carregada, o
complexo é chamado ião complexo.
Dependendo do número de pares de electrões livres existentes na estrutura da espécie que doa os
electrões, o ligante estes podem colocar a disposição do átomo central um ou mais pares de
electrões.
Quando um ligante ocupa mais de uma posição na esfera de coordenação do átomo central, isto
é, doa mais do que um par de eletrões, este ligante é chamado ligante polidentado. Os
complexos formados por ligantes polidentados têm a principal característica a formação de anéis
entre o átomo central e os ligantes, através dos respectivos átomos dadores (por ex.
trietilenodiamina-cobalto(III)). Este tipo de ligantes é chamado de chelato e o seu efeito na
formação do complexo é chamado de efeito chelato.

Figura 1: Estrutura do complexo trietilenodiamina-cobalto(III) ou [Co(en) 3]3+.

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3. Teoria de coordenação de Werner

Combinando a interpretação do isomerismo óptico e geométrico com padrões de reações e com


dados de condutividade elétrica dos compostos eléctricos, Alfred Werner sugeriu que os
elementos possuem dois tipos de valência, a valência primária [1] e a valência secundária[2].
Uma valência primária está relacionada com o estado de oxidação do elemento. A valência
secundária está relacionada com o número de ligantes à volta do átomo central num complexo
que é igual ao número de coordenação do complexo.
As valências primárias são satisfeitas por aniões, enquanto as valências secundárias são
satisfeitas tanto por aniões como por moléculas neutras. Nos casos onde elas existem em
quantidade suficiente, os aniões podem satisfazer simultaneamente ambos tipos de valência.
As valências primária e secundária de um elemento podem variar independentemente uma da
outra. Foi ainda proposto por Werner que as valências secundárias estão direcionadas para certas
posições fixas no espaço a volta do átomo central, comprovando assim que a partir do número de
coordenação é possível determinar as estruturas geométricas de um composto complexo.

4. Nomenclatura dos compostos complexos

Para nomear os compostos complexos de acordo com os critérios estabelecidos pela IUPAC é
preciso ter em conta as seguintes regras:
 o ião negativo é nomeado em primeiro lugar, seguindo se então o iao positivo;
 ao escrever a fórmula, os ligantes são listados na seguinte ordem: ligantes negativos,
ligantes neutros e ligantes positivos. Dentro de cada grupo de ligantes segue-se a ordem
alfabética de acordo com o primeiro símbolo de cada ligante;
 os ligantes negativos levam a terminação “–o”;
 os ligantes neutros não tem nenhuma terminação especial(quando existe mais de um
ligante lista-se primeiro a água de o amoníaco e só depois os restantes ligantes por ordem
alfabética);
 os ligantes positivos apresentam a terminação “–ium” ;
 nos casos onde tem-se mais do que um ligante do mesmo tipo usam-se os prefixos “di-”,
“tri-”, “tetra-”, “penta-” e “hexa” para indicar o numero de ligantes do mesmo tipo;
 o estado de oxidação do átomo central é indicado por um número romano colocado entre
parênteses imediatamente a seguir ao nome.
 enquanto que os iões complexos negativos e os complexos neutros não têm terminação
especial, os iões complexos negativos terminam em “-ato”;

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Valencia primária é o número de cargas positivas ou negativas no iao complexo.
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Valência secundária é o número de átomos ligantes coordenados ao metal central, ou seja, é o número de
coordenação do composto. Cada ligante doa um par de electrões ao ião metálico, formando uma ligação coordenada.

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 se o complexo contém dois ou mais átomos metálicos, ele é chamado complexo
polinuclear.

5. Tipos de ligação nos compostos complexos

Na tentativa de interpretar a ligação nos compostos complexos destacaram-se a teoria de ligação


de valência, teoria do acampo cristalino, a teria de orbitais moleculares e a teoria do campo de
ligantes.
A teoria de ligação de valência é considera conceptualmente muito simples, mas não é capaz de
explicar certas propriedades e fenómenos verificados nos compostos complexos.
A teoria do campo cristalino a teoria do campo de ligantes, e a teoria dos orbitais moleculares
são as mais próximas da realidade. A teoria dos orbitais moleculares apesar de ser uma das mais
próximas à realidade, é muito complexa especialmente quando aplicada a sistemas poliatómicos,
e os resultados que se obtêm nesses casos não são muito exactos sendo assim facilmente
descartado o seu uso.

4.1. Teoria de ligação de Valência

Segundo esta teoria, a ligação nos complexos é uma ligação do tipo covalente dativa, envolvendo
orbitais híbridas do átomo central e as orbitais atómicas dos ligantes. Ela assenta-se nos
seguintes enunciados:
 O átomo central deve colocar a disposição um certo numero de orbitais para a formação
de ligações covalentes dativas com orbitais apropriadas dos ligantes. Este número de
orbitais depende da estrutura do complexo e é igual ao úmero de coordenação do
complexo que vai formar-se;
 as orbitais do átomo central que participam na ligação são orbitais híbridas formadas a
partir de orbitais s, p e d disponíveis;
 o grupo dador (ligante) deve ser uma espécie que contenha um par de electrões livres.
Sendo a ligação covalente, as características da ligação resultante vao depender também
do grau de sobreposição das orbitais envolvidas. Quanto maio for o grau de sobreposição
mais forte é a ligação formada.
As orbitais d dos metais de transição têm no geral alguns electrões não-emparelhados. Dado que
a formação da ligação covalente dativa pressupõe a existência de orbitais vazias que vao
acomodar os pares de electrões doados, a teoria da ligação de valência assume que durante a
formação da ligação tem lugar um arranjo que causa um emparelhamento de electrões
anteriormente não-emparelhados. Este processo é acompanhado do surgimento de orbitais
vazias, em número igual ao dos pares de electrões emparelhados que surgem.

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4.2. Teoria do campo cristalino

A teoria do campo cristalino pressupõe que as interacções entre o átomo central e os ligantes são
de natureza exclusivamente electrostática. Nesta teoria o complexo é tratado como uma molécula
isolada onde os electrões do átomo central, em particular os que ocupam orbitais d, estão sujeitos
a acção do campo eléctrico criado pelos ligantes à volta do átomo central. Os ligantes são
tratados como cargas pontuais, mesmo tendo em conta que eles podem ter tamanhos comparáveis
aos do átomo central.
A explicação desta teoria é feita de acordo com a geometria do complexo, ou por outra, o seu
número de coordenação.
No caso de um complexo octaédrico, onde o átomo central se encontra rodeado de 6 ligante s,
estes são colocados nos vértices do octaedro, ao longo dos eixos x, y, z do sistema de
coordenadas cartesianas.
As orbitais que mostram maior interacção com os ligantes são aquelas cujos lóbulos estão
dirigidos ao longo dos eixos que definem o sistema de coordenadas, nomeadamente as orbitais.
Com esta maior interacção as orbitais dz2 e dx2-y2 passam a ter maior energia que as orbitais dxy,
dyz e dxz, direcionadas no espaço entre os eixos que definem o sistema de coordenadas.
Significa que um electrão ocupando uma orbital dz2 ou dx2-y2 sofre uma mair repulsão que um
electrão ocupando as orbitais dxy, dyz e dxz,, enquanto que no ião livre tínhamos orbitais de igual
energia, com a presença dos ligantes, e como consequência do campo do que eles criam à volta
do átomo central, surge uma alteração.

Figura 2: Estrutura de um complexo octaédrico.

As orbitais degeneradas que caracterizavam o átomo livre, vêm a sua degeneração levantada,
devido a influência do campo dos ligantes. As cinco orbitais d com igual energia, são divididas
em dois grupos de orbitais com energias diferentes, denominadas t2g e eg.

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Figura 3: Diagrama de níveis de orbitais de orbitais d num campo octaédrico.

A média pesada de energias é considerada igual a zero e a diferença de energias entre os dois
níveis resultantes do levantamento da degeneração é atribuído o símbolo ∆ 0. As orbitais eg estão
0,6× ∆0 acima da média pesada e as orbitais t2g0,4× ∆0 abaixo.
Dependendo do grau de separação das orbitais degeneradas, os ligantes são classificados em
fortes e fracos. Os ligantes fortes causam uma grande separação das orbitais t2g e eg, enquanto que
ligantes fracos apresentam um menor efeito. E é de salientar que a ocupação das orbitais t2g e eg obedece
também a regra de Hund.

No preenchimento das orbitais existem casos em que um mesmo átomo central pode apresentar
maior número de electrões emparelhados e casos em que um menor número electrões está
emparelhado. O estado com maior número de eletrões desemparelhados é chamado estado com
spin alto ou spin livre, enquanto o outro é denominado estado com spin alto ou spin
emparelhado.
A ocorrência de um ou outro estado depende da força do ligante. Um ligante fraco causa uma
separação ligeira das orbitais t2g e eg, aspecto que pode tornar energeticamente favorável a ocupação da
orbital eg¸ no lugar do emparelhamento (spin alto). Por outro lado os ligantes fortes causam uma
separação significativa dos dois tipos de orbitais, o que faz com que neste caso a ocupação da orbital eg,
esteja associada a um grande dispêndio de energia. Nestes casos, tem lugar preferencialmente o
emparelhamento do electrão (spin baixo).

Figura 4: Complexos com spin baixo e com spin alto.

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6. Isomeria dos compostos complexos

Na maior parte das classes de compostos, existem certos compostos da mesma classe que têm a
mesma composição química mas apresentam diferentes arranjos estruturais, e são denominados
por isómeros. No caso dos compostos complexos aparecem diferentes tipos de isomeria, os quais
são classificados de acordo com a teoria de compostos de coordenação de Werner nos seguintes
grupos:
 isómeros geométricos;
 isómeros de ionização;
 isómeros ópticos;
 isómeros de coordenação;
 isómeros de ligação; e
 isómeros de hidratação.

a) Isómeros geométricos
É função da forma como os ligantes se distribuem ao longo do átomo central. Estes podem
ocupar posições adjacentes (isómeros cis) ou posições contrárias (isómeros trans). Este tipo de
isomeria ocorre nos complexos octaédricos ou com estrutura planar-quadrada, ou seja em
compostos do tipo MX2A2, MABX2, e MA2XY.

Figura 5: Isómeros geométricos trans e cis.

Para compostos do tipo MX3A3, existem também dois isómeros, que são chamdos meriodinal
(mer) e facial (fac).

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Figura 6: isómeros geométricos meridionais e faciais

A isomeria geométrica não ocorre em complexos com número de coordenação 2 ou 3 nem nos
complexos com estrutura de um tetraedro (num tetraedro qualquer das três posições restantes é
adjacente relativamente a uma primeira escolhida como referência.

b) Isomeria de ionização

É atribuída a troca de posição entre grupos ocupando posições que satisfazem a valência primária
com os grupos que satisfazem as valências secundárias do átomo central. Apesar de ter mesma
estrutura química, quando estão em solução estes isómeros formam iões diferentes. Este é o caso
dos compostos [Co(NH3)5Br]SO4 e [Co(NH3)5SO4]Br.

c) Isomeria óptica

A isomeria óptica é observada quando os isómeros podem desviar a luz polarizada para a direita
ou para esquerda. Quando o desvio é para direita o complexo recebe o nome de dextrogiro (d) e
quando este desvio é esquerda recebe o nome de levogiro (l). Estes isómeros apresentam
propriedades idênticas, portanto eles diferem um do outro apenas diante da luz polarizada.

Figura 7: As duas estruturas podem ser sobrepostas similarmente as nossas mãos.

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d) Isomeria de coordenação
Ocorre no caso em tanto o catião assim como o anião são iões complexos, ou quando o átomo
central é idêntico nos dois iões complexos. Esta isomeria tem como causa a troca de posições dos
ligantes dos dois iões complexos. Este é caso de compostos como [Co(NH3)6][Cr(CN)6] e
[Cr(NH3)6][CO(CN)6].

e) Isomeria de ligação
Ocorre nos complexos cujos ligantes possuem na sua estrutura mais de um átomo dador de
electrões. Este tipo de isomeria tem sido verificada frequentemente nos complexos em que
NO 2−¿¿, em que os electrões são doados tanto pelo átomo de nitrogénio com do de oxigénio,
formando dois complexo com a fórmula [CO(NH3)5NO2]CL2, onde o primeiro é vermelho e o
segundo amarelo.

Figura 8: Estrutura do ião nitropentamino-cobalto(III) e ião nitropentamino-cobalto(III).

f) Isomeria de hidratação
Ocorre devido a capacidade que a água tem de aparecer nos complexos, tanto como um ligante
satisfazendo as valências secundárias do átomo central ou como água de hidratação ocupando
posições no retículo cristalino [3].

7. Estabilidade dos compostos complexos

A formação de um complexo é tratada como um processo que se dá em etapas. Em cada etapa


tem lugar a adição de uma molécula do ligante ao átomo central. Para cada uma destas etapas
podem se formular as respectivas constantes de equilíbrio. Este procedimento pode ser descrito
tomando com exemplo a formação do complexo MLn entre o ião metálico M e o ligante L.
Dada reacção hipotética:
MLn−1 + L→ MLn
A constante de equilíbrio será dada por:
[ MLn ]
Kc=
[ ML n−1 ] ×[L]
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Retículo cristalino arranjo simétrico de iões, átomos ou moléculas que formam uma substância sólida cristalina.

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8. Conclusão
Durante a elaboração e discussão dos tópicos que compõem o presente trabalho, de tema
Compostos Complexos, concluiu-se que:

 Os compostos complexos são agregados parcialmente estáveis, formados quando um


átomo ou ião central, de um metal de transição, se liga a um certo número de moléculas
neutras ou iões de carga contrária;
 A geometria dos compostos complexos é definida de acordo com número de posições que
os ligantes ocupam a volta do átomo central, ou seja pelo número de coordenação;
 Assim como nas outras classes de compostos inorgânicos, nesta classe se verifica o
equilíbrio químico;
 Na classe dos compostos complexos verificam diversos tipos de isomeria;
 A ligação nos compostos complexos pode ser explicada efectivamente pela teoria de
ligação de valência e pela teoria do campo cristalino.

Contudo não dá para considerar que a informação acima trazida seja suficientemente
satisfatória em percentagem máxima, pois notou-se que a maior parte das literaturas não traz
informação detalhada sobre a classe dos compostos complexos.

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9. BIBLIOGRAFIA

SITOE, Alcides et al: “Química Geral e Inorgânica-Teoria”, Escola Editora, Maputo, 2014.

CHANG, Raymond: “Química Geral: Conceitos Basicos” 4a edição, Editora Mc Graw Hill,
Londres, 2003.

COELHO, Augusto L.: “ Química Inorgânica”, Núcleo Gráfico da UECE, Ceará, 2010.

“Compostos de coordenação” disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/composto_de_coordenacao

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