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Tema 4: Soluções

4.1. Objectivos
 Conhecer os conceitos relacionados soluções
 Conhecer os mecanismos de dissolução
 Conhecer os factores que afectam a solubilidade
 Conhecer e saber manipular as diferentes formas de expressão de concentração
de soluções
 Conhecer as propriedades coligativas das soluções

4.2. Conceito de Soluto e de Solvente

No nosso dia a dia temos estado em contacto com soluções. O nosso refresco, o chá que
tomamos, as misturamos usadas para a limpeza doméstica e industrial, são exemplos de
soluções.

Uma solução é uma mistura homogénea de duas ou mais substâncias, encontrando-se


ambas na mesma fase. Geralmente o componente que está em largas proporções é
denominado solvente enquanto que a outra, a que está distribuída no solvente, é
denominada soluto.

O termo solução não se restringe a apenas misturas homogéneas líquidas. Existem


soluções sólidas (por exemplo as ligas metálicas) e também gasosas (o ar é um exemplo
de uma solução gasosa).

4.2. Unidades de Concentração de Soluções

Para estudar soluções precisamos conhecer a formas de expressar a relação entre a


quantidade de soluto relativamente a quantidade do solvente na solução. Dizemos assim
que estamos a exprimir a concentração da solução em relação ao soluto. Existem várias
formas de exprimir a concentração de uma solução. Vamos analisar cada uma em
detalhe.

1
4.2.1. Molaridade (M)

Representa o número de moles do soluto por litro de solução. É a forma mais comum de
expressão da concentração. Tem apenas o inconveniente de não indicar directamente a
quantidade do solvente usado para a preparação da solução.

Concentração molar do soluto

Exemplo 1: Determine a molaridade de uma solução obtida pela dissolução de 43.785 g


de NaCl em 1,5 litros de água.

Resolução: para determinar a molaridade determinemos primeiro o número de moles


existentes na quantidade dada de NaCl. A massa molar de NaCl é 58.5 g/mol.
m NaCl
n NaCl 
Mm NaCl
Agora podemos calcular a molaridade da solução
m NaCl
n NaCl Mm NaCl m NaCl
M    ou seja
Vsolução Vsolução Mm NaClVsolução

43.785  g 
M  0.499 mol/l ou M
58.5  1.5  g / mol  l 

A molaridade da solução é 0.5mol/l.

4.2.2. Molalidade (m)

A molalidade de uma solução pode ser definida como o número de moles do soluto por
quilograma do solvente.

Molalidade do soluto

Exemplo 2: Calcule a molalidade de uma solução de K2CrO4 (cromato de potássio)


preparado pela dissolução de 19.4 g em 1 litro de água.

Resolução: O peso molar de K2CrO4 é 194.1903 g/mol. O número de moles de K2CrO4 é

2
19.4  g 
n  0.100 mol
194.1903  g / mol 
A densidade da água é 1.0 g/l. Um litro de água pesa 1 Kg. Logo, a molalidade será
0.100  mol 
m  0.100m
1.0  kg 

4.2.3. Fracção Molar (X)

A fracção molar de um componente particular é definida como o número de moles deste


componente particular dividido pelo número total de moles de todos os componentes na
mistura (solução).

nA
Fracção molar de A será X A 
n A  n B  nC  ...

Exemplo 3: Uma solução é formada por 1.00 mol de etanol, C2H5OH, dissolvido em 9.00
mol de água. Determine a fracção molar de etanol.

nC2 H 5OH 1.00


X C2 H 5OH    0.100
n H 2O  nC2 H 5OH 9.00  1.00

A fracção molar da água pode ser obtida por cálculo directo ou usando a soma das
fracções numa solução
n H 2O 9.00
X H 2O 0   0.900
n H 2O  nC2 H 5OH 9.00  1.00

Ou
X H 2O  X C2 H5OH  1 então X H 2O  1  X C2 H5OH  0.900

4.2.4. Percentagem ponderal

A percentagem ponderal de um componente representa a massa deste componente


dividida pela massa total da solução, multiplicada por 100. O valor não multiplicado por
100 representa a fracção em peso.

3
mA
Percentagem em peso % A   100%
m A  m B  mC  ...
Onde m representa a massa de um dado componente.

4.2.5. Outras formas de expressão da concentração

Existem outras formas de expressão da concentração de soluções. Por exemplo a


concentração de gases é comummente expressa em percentagem volumétrica e não
ponderal como vimos no parágrafo anterior. A Normalidade (N), que representa o
número de equivalentes do soluto por litro de solução.

Para os ambientalistas por exemplo é comum falarem de partes por milhão (ppm) ou
ainda partes por bilhão (ppb). Estas formas de expressão da concentração são usadas
para exprimir concentrações muito baixas como as que ocorrem, por exemplo, na
poluição de recursos hídricos por alguns metais. Estas são relações por massa dos
componentes. Assim 1 ppm representa 1 g da substância num total de 106g. Como a água
a temperatura ambiente tem a densidade de 1 g/ml, portanto 1 litro de água pesa um Kg
podemos dizer:

Isto significa que ppm é equivalente a mg/l.

4.3. Processo de Dissolução

Quando um sal sólido (por exemplo NaCl) é adicionado a um líquido, por exemplo água,
este irá dissolver-se. As moléculas da água irão quebrar as ligações que mantém os iões
de sódio (Na+) e cloreto (Cl-) juntos. Assim, o tamanho dos cristais do sal irá diminuir,
como resultado da passagem de iões Na+ e Cl- para a solução. Este processo continuará
até que se chegue a momento em que macroscopicamente nada é observado.
Aparentemente nesse instante a dissolução do sal terá cessado. Neste ponto dizemos
que atingimos a saturação da solução.

4
A nível microscópico, no entanto, o processo continua. Iões Na+ e Cl- continuam
passando a solução. Nesta altura no entanto o processo inverso decorre a mesma
velocidade da dissolução. Ou seja, os iões Na+ e Cl- combinam-se e precipitam, formando
o NaCl sólido. As duas velocidades são iguais nesta altura. Portanto temos um equilíbrio.
Estamos em presença de uma solução saturada.

A solução aqui descrita diz-se que atingiu a solubilidade do sal naquele meio. Neste caso
em água. A solubilidade de um sal é a quantidade deste que existe numa solução em
equilíbrio com o seu sal sólido.

4.3. Dissolução de Líquidos em Líquidos

Se dois líquidos são misturados e estes formarem uma mistura homogénea, estes são
ditos miscíveis. Quando não se misturam são ditos imiscíveis. Não formam solução e são
observáveis duas fases e uma linha de separação dos mesmos.

No geral um solvente polar irá dissolver um soluto polar, enquanto um apolar irá
dissolver outro apolar, ou seja, o semelhante dissolve no semelhante. Por exemplo a
água e o álcool (C2H5OH) são miscíveis em todas as proporções. O octano (C8H18) e
tetracloreto de carbono (CCl4) são também miscíveis em todas as proporções. Mas já o
octano nem o tetracloreto de carbono serão miscíveis com a água.

A explicação para tal fenómeno encontra-se nas forças intermoleculares actuantes. No


caso de substâncias polares, como são os casos da água e etanol, as principais forças
intermoleculares são as pontes de hidrogénio. Assim, quando estes dois líquidos são
misturados, pontes de hidrogénio entre as moléculas de água e de álcool serão
estabelecidas assistindo, deste modo, o processo de formação da solução.

Para o caso de soluto e solvente não polares, as forças de dispersão (van der Waals, de
London, etc.) é que são responsáveis pela manutenção de ligações intermoleculares.
Quando dois líquidos apolares se misturam a mudança de energia resultante da
formação de ligações entre moléculas dos dois componentes (por exemplo CCl4–C8H18)

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não será muito (ou provavelmente a mesma) diferente daquele que mantém as ligações
entre as moléculas do solvente. Portanto quase ou nenhuma mudança de energia
ocorrerá. A formação de soluções nestas condições pode ser explicada a partir da
entropia do sistema.

Este princípio, do semelhante dissolve-se no semelhante, é também aplicável aos


sólidos. Assim, solventes polares irão dissolver solutos polares. Solventes apolares irão
dissolver solutos apolares.

4.4. Calor de Dissolução

Como discutimos anteriormente a formação de uma solução vai envolver a quebra das
ligações das partículas componentes do soluto. Por outro lado também a moléculas do
solvente terão que ser apartadas para permitir que sejam acomodadas partículas do
soluto.

Numa solução podemos considerar três tipos de forças atractivas, soluto-soluto,


solvente-solvente e soluto-solvente. A separação das partículas de cada componente da
solução requere energia. As partículas do solvente e do soluto, por outro lado, irão
atrair-se, processo que liberta energia. No processo de dissolução a energia gasta na
separação das moléculas do solvente e do soluto será compensada pela energia liberta
na atracção entre as moléculas do soluto e do solvente.

O calor de solução, a variação de entalpia de todo o processo de formação da solução,


será a entalpia total destes processos individuais. Se a energia das interacções soluto-
solvente é maior, a solubilização ocorrerá com a libertação de energia. São exemplos a
dissolução de NaOH, de H2SO4, entre outros. Se, por outro lado, a energia das interacções
soluto-solvente for menor então a solubilização ocorrerá com absorção de energia
(processo endotérmico). São exemplos a dissolução de NH4Cl (cloreto de amónio) e
NH4NO3 (nitrato de amónio).

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Os calores de solução são determinados usando calorímetros. Quando a medição é feita
em condições padrão o valor obtido é designado entalpia de solução, Hºsolução. Para
soluções a concentração padrão é de 1 molal (1 m).

4.5. factores que Afectam a Solubilidade

A solubilidade de gases é bastante influenciada pela temperatura e pressão. A


solubilidade de líquidos e sólido é, de forma geral, afectada pela temperatura.

4.5.1. Lei de Henry. Efeito da Pressão

A solubilidade de um gás num líquido é directamente proporcional a pressão do gás.


Com o aumento da pressão do gás irá também aumentar a solubilidade.
S g  k H Pg

Sg é a solubilidade do gás; kH constante de Henry é característica do soluto e do solvente;


Pg é a pressão do gás.

Tabela 1: Constantes de Henry a 25ºC.


Gás KH
(M/mm Hg)
N2 8.42×10-7
O2 1.66×10-6
CO2 4.48×10-5

Exemplo 4: Qual é a concentração de O2 em água doce numa corrente em equilíbrio com


ar a 25ºC e 1.0 atm? Expressar o resultado em gramas de O2 por litro de água.
(composição do ar: N2 - 0.7808; O2 – 0.2095; CO2 – 0.00033; Ar – 0.00934).

Resolução: Para calcular a solubilidade de O2 nestas condições deve-se calcular


primeiro a pressão parcial de O2 no ar. A fracção molar de O2 no ar é 0.2095. Se a pressão

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total do ar é 1.0 atm (760 mm Hg). Assim a pressão parcial de O2 será 160 mm Hg. A
constante de Henry é 1.66×10-6 M/mm Hg.
A pressão parcial de O2 será PO2  X O2 Ptotal  0.2095 760  160 mm Hg

Solubilidade de O2 = 2.6610-4 M

Para exprimir esta solubilidade em gramas por litro é só multiplicar pela massa molar de
O2 (32.0 g/mol)

 2.66  104 mol  32.0 g 


Solubilidade de O2      0.00850g / L
 L  mol 
Ou seja a solubilidade é de 8.50 mg/L.

4.5.2. Efeito da Temperatura

A solubilidade de gases em água diminui com a temperatura. Isto pode ser facilmente
verificado. Basta aquecer um refresco ou outra bebida gaseificada para observar a
formação de bolhas que resultam da evolução do gás dissolvido na bebida.

Nos rios e lagos, por exemplo, quando as águas se tornam mais quentes no verão o peixe
procura áreas mais profundas onde a concentração de oxigénio é mais alta. O uso de
águas superficiais na indústria para o arrefecimento pode causar problemas a vida
marinha. As águas descarregadas das caldeiras e outros meios de calor industrial são
pobres em oxigénio.

O efeito da temperatura pode ser explicado pelo facto de no geral as reacções de


dissolução de gases ocorrerem com libertação de calor. Assim, o processo inverso
consome calor, ou seja é endotérmico.

A solubilidade dos sólidos, no entanto, não tem um padrão de comportamento uniforme


em relação ao efeito da temperatura. No geral a solubilidade aumenta com a
temperatura. Mas existem algumas excepções. O NaCl, por exemplo é pouco afectado
pela temperatura. O Li2SO4 reduz sua solubilidade com a temperatura.

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4.6. Propriedades Coligativas

A presença de uma substância dissolvida num solvente altera as propriedades originais


do solvente puro. Por exemplo a água na presença de um soluto terá diferente pressão
de vapor, temperatura de fusão e de ebulição entre outras propriedades das da água
pura. Estas alterações estão relacionadas com a quantidade de partículas do soluto em
solução. Estas são designadas propriedades coligativas, a pressão osmótica também faz
parte deste grupo. As propriedades coligativas dependem da quantidade de partículas
do soluto. Não dependem da sua natureza.

4.6.1. Variação da Pressão de Vapor. Lei de Raoult

Qualquer líquido experimenta evaporação a qualquer temperatura. De forma contrária


também se verifica a condensação das partículas para a formação do líquido. Quando a
velocidade do processo de evaporação, escape das moléculas da superfície do líquido, se
iguala a velocidade da condensação das moléculas, a pressão medida do vapor sobre o
líquido é designada pressão de vapor desse líquido a temperatura dada.

Para uma molécula escapar para o estado gasoso deve (1) encontrar-se na superfície do
líquido e (2) possuir suficiente energia cinética. Nem todas as moléculas existentes na
superfície possuem suficiente energia cinética. A presença de um soluto reduz, por um
lado, o número de moléculas na superfície do líquido. Por outro lado também introduz
um conjunto de novas interacções entre as moléculas do soluto e do solvente.

A redução do número de moléculas do solvente na superfície da solução resulta na


concomitante redução de moléculas com energia cinética suficiente para escapar da
superfície da solução. Como resultado a pressão de vapor do solvente irá baixar. É claro
que este abaixamento será mais acentuado quanto maior for o número de moléculas
(partículas) do soluto. Assim, podemos dizer que a pressão de vapor do solvente será
proporcional a concentração do soluto, ou seja Psolvente Xsolvente. Assim teremos
Psolvente  X solvente  K

Onde K é a constante de proporcionalidade. Para o solvente puro teremos que Xsolvente é


igual a 1. Considerando Pºsolvente a pressão de vapor do solvente puro teremos que

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0
Psolvente K

A equação assume a forma


Psolvente  Psolvente
0
 X solvente
Esta é a equação da lei de Raoult (François M. Raoult – 1830-1901). Esta equação
descreve o comportamento ideal das soluções. Uma solução que obedeça estritamente a
lei é dita solução ideal.

Numa solução ideal não deve haver interacção entre as moléculas do soluto e do
solvente. Ou seja, as interacções devem permanecer as mesmas como no caso do
solvente puro. Estes acaso acontencem apenas quando o soluto e o solvente têm as
mesmas carcterísticas estruturais, como o que acontece quando temos uma solução de
um hidrocarboneto no outro (hexano, C6H14 em octano, C8H18, é um exemplo). Se as
interacções solvente-soluto forem mais fortes que as interacções solvente-solvente,
então a pressão de vapor será menor que a do solvente puro. E se estas interacções
soluto-solvente forem menores então a pressão de vapor será maior.

Exemplo 5: Etileno glicol, HOCH2CH2OH, é um ingrediente comum de anticongelantes


automóveis (solução 30.2%, é a concentração comummente usada). Se 651 g de etileno
glicol são dissolvidos em 1.50 kg de água, qual será a pressão de vapor da água sobre a
solução a uma temperatura de 90ºC? (a pressão de vapor da água pura a essa
temperatura é 525.8 mm Hg). Assuma um comportamento ideal da solução.

Resolução: Vamos primeiro determinar a fracção molar da água. Para tal vamos
determinar o número de moles da água e do etileno glicol.
 1 _ mol 
Moles de água  1.50  103 g    83.2 mol
 18.02g 
 1 _ mol 
Moles de etileno glicol  651g    10.5 mol
 62.07g 
83.2  mol 
X H 2O   0.888
83.2  10.5  mol  mol 
Aplicando o resultado na lei de Raoult teremos
PH 2O  PH02O X H 2O  525.8  0.888mm _ Hg   467 mm Hg

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A variação da pressão de vapor será
PH 2O  PH 2O  PH02O  467  525.8  59 mm Hg ( 11% de abaixamento)

A fórmula da lei de Raoult pode ser modificada para um cálculo directo do abaixamento
de pressão de vapor.
Psolvente  Psolvente  Psolvente
0


Psolvente  Psolvente
0

X solvente  Psolvente
0
  X solvente  1Psolvente
0
 1  X solvente Psolvente
0

Para solução com apenas dois componentes podemos escrever:


X solvente  X soluto  1

Podemos reescrever a expressão da lei Henry como sendo


Psolvente   X soluto Psolvente
0

Assim a variação da pressão de vapor do solvente é proporcional a fracção molar do


soluto, o número relativo de partículas presentes na solução.

4.6.2. Elevação do Ponto de Ebulição

Como vimos com a lei de Henry, a presença de um soluto num solvente reduz a pressão
de vapor do solvente. Como resultado deste abaixamento da pressão de vapor do
solvente o ponto de ebulição eleva-se. O ponto de ebulição normal de um líquido é a
temperatura na qual a pressão de vapor do líquido é igual a 1.0 atm. O ponto de ebulição
de uma solução é relativamente mais alto que o do solvente puro. Esta elevação é
directamente proporcional a molalidade do soluto na solução.
t eb  K eb  msoluto

teb é a variação da temperatura de ebulição; Keb é a constante ebulioscópica.

Tabela 2: Constantes ebulioscópica e crioscópica de alguns solventes


Solvente Pto. de eb. Keb Pto. de Fusão Kcr1
(Solvente puro) (ºC/m) (solvente puro) (ºC/m)
(ºC) (ºC)

1
Constante crioscópica

11
Água 100.00 +0.5121 0.0 -1.86
Benzeno 80.10 +2.53 5.50 -5.12
Cânfora 207.4 +5.611 179.75 -39.7
Clorofórmio 61.70 +3.63 - -
(CHCl3)

Exemplo 6: Eugenol, o ingrediente activo em cravinhos da Índia, tem a fórmula


C10H12O2. Qual é o ponto de ebulição de uma solução de obtida pela solubilização de
0.144 g deste composto em 10.0 g de benzeno?

Resolução: vamos primeiro calcular a molalidade de eugenol na solução. O valor da


constante ebulioscópica pode ser obtido a aprtir da tabela 2.
1mol _ eugenol
0.144g   8.77  10  4 mol _ de _ eugenol
164.2 g

8.77  10 4 mol
Molalidade: m   8.77  10  2 m
0.010Kg
A elevação do ponto de ebulição será
t eb  2.53 8.77 102 º C / m  m  0.222º C

Assim o ponto de ebulição da solução será 80.10º C  0.222º C  80.32º C

4.6.3. Abaixamento do Ponto de Fusão

A dissolução de um soluto num solvente conduz também ao abaixamento do ponto de


congelamento da solução em comparação com o do solvente puro. Este abaixamento é
proporcional a molalidade da solução.

t cr  K cr  msoluto

tcr é o abaixamento do ponto de congelamento; Kcr é a constante crioscópica da solução.

Exemplo 7: Quantos gramas de etilenoglicol, HOCH2CH2OH, devem ser adicionados a


5.50 Kg de água para poder baixar o seu ponto de congelamento de 0.0 a -10.0ºC?

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Resolução: Para determinar a massa nencessária temos que usar a equação do
abaixamento da temperatura de congelamento. Com esta fórmula vamos determinar a
molalidade da solução de etilenoglicol.

t cr  10.0  º C 
Molalidade da solução m    5.38m
K cr  1.86  º C / m 

O número total de moles de etileno glicol que devem ser adicionados a 5.50 Kg de água
serão
5.38  mol 
n  5.50   kg   29.6mol
1.00  kg 
Conhecendo a massa molar de etilenoglicol (62.07 g/mol) podemos, agora, determinar a
massa necessária
62.07  g 
massa  29.6   mol   1840g de etilenoglicol
1  mol 
A densidade de etilenoglicol é 1.11kg/l, assim o volume a ser usado será 1.66 litros de
etilenoglicol.

4.6.4. Pressão Osmótica

Quando uma solução é posta em contacto com o seu solvente puro, através de uma
membrana semipermeável, observa-se a migração de moléculas do solvente da região
do solvente puro para a solução a até o estabelecimento do equilíbrio. A osmose é o
movimento de moléculas do solvente através da membrana semipermeável. A pressão
necessária para contrabalançar este fenómeno é designada de pressão osmótica.

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Figura 1: Processo de osmose.

Para perceber o que é a pressão osmótica tomemos o exemplo da Figura 1. O recipiente


em U contém do lado direito (azul) o solvente puro e do outro uma solução do mesmo
solvente. A separar as duas partes existe uma membrana semipermeável. Esta
membrana permite a passagem de moléculas do solvente apenas e não do soluto.
Inicialmente observa-se o movimento se atinja o equilíbrio de forças. A pressão exercida
pela h altura da coluna com a solução, neste momento, força a passagem do solvente
deste lado para o lado do solvente puro. No equilíbrio as velocidades de passagem para a
solução e para o solvente são iguais. A pressão exercida pela coluna é denominada
pressão osmótica.

A pressão osmótica é proporcional a concentração e a temperatura. Estas grandezas


podem ser relacionadas pela fórmula seguinte

  cRT
Onde  representa a pressão osmótica, c a concentração, R a constante universal dos
gases e T a temperatura em Kelvins (temperatura absoluta).

Exemplo 8: Beta-caroteno é o mais importante das vitaminas A. A sua massa molar pode
ser determinada pela medição da pressão osmótica gerada por uma dada massa de -
caroteno dissolvida em clorofórmio. Calcule a massa molar de -caroteno se 7.68 mg são

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dissolvidos em 10.0 ml de clorofórmio dão uma pressão osmótica de 26.57 mm Hg a
25ºC.

Resolução: Usando a expressão da pressão osmótica podemos determinar


  cRT onde c é a molaridade, M
nsoluto msoluto
 RT  RT
Vsolução MmsolutoVsolução

daqui podemos extrair a massa molar do soluto


msoluto
Mmsoluto  RT
Vsolução

vamos reduzir o valor da pressão osmótica para atm, para podermos usar o R em
l×atm/mol×K. Sabemos que 1.0 atm equivale a 760 mm Hg

7.68  mg 
 
0.082057273.15  25
1000 mg / g
Mmsoluto  l  atm / mol  K  K 
26.57 
1.0

10  mmHg  atm  ml 
760 1000 
 mmHg ml / l 
Mmsoluto  537g / mol

O -caroteno tem a fórmula C40H56.

4.6.5. Propriedades Coligativas para Soluções de Electrólitos

As propriedades coligativas dependem do número de partículas existentes numa


solução e não da sua natureza. Assim quando um electrólito é dissolvido, devido a
dissociação, seu número de partículas será diferente que no caso dos não electrólitos.
Assim para soluções de electrólitos introduz-se o chamado coeficiente de van´t Hoff, i.
Este factor representa a razão entre efeito coligativo medido experimentalmente e o
calculado, para a solução de um dado electrólito. Assim teremos
t eb  iK eb msoluto para o efeito ebulioscópico

Exemplo 5: Uma solução aquosa de Co(NH3)5(NO2)Cl (composto iónico) 0.00200 m


congela a -0.00732ºC. Quantos moles de iões produz 1 mol deste sal ao ser dissolvido em
água?

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Resolução: Vamos calcular primeiro a temperatura de congelamento deste sal
considerando que ele não dissocia.
t cr  K cr  msoluto  (1.86)  0.00200º C / m  m  3.72 103 º C

De seguida comparamos o valor obtido com o medido. Ao proceder desta forma


estaremos calculando o factor de van´t Hoff.
t cr _ medido  7.32  103 º C
i   1.97  2
t cr _ calculado  3.72  103 º C

Aparentemente cada mol deste sal produz dois iões. Podemos aventar a hipótese de
serem [Co(NH3)5(NO2)]+ e Cl-.

4.7. Exercícios

1. Calcule a fracção molar, fracção em peso e a molalidade de glicerol, numa solução


preparada pela dissolução de 45.0 g de glicerol (C3H5(OH)3) em 100.0 g de água.
R. 8.09×10-2; 31.0%;4.89 m
2. Uma mistura é preparada a partir de 45.0 g de benzeno (C6H6) e 80.0 g de tolueno
(C7H8). Calcule: (a) a percentagem em peso de cada componente; (b) a fracção
molar de cada componente; (c) a molalidade da solução se o tolueno for tomado
como o solvente.
3. O ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) tem a densidade de 1.84 g/cm3 e é 95.0%
por peso de ácido. Qual é a molaridade do ácido. R. 2.00×102m; 17.8M
4. Uma solução contendo 121.8 g de Zn(NO3)2 (nitrato de zinco) por litro tem uma
massa específica de 1.107 g/ml. Calcule: (a) a percentagem em peso de Zn(NO3)2 na
solução; (b) a molalidade da solução; (c) a fracção molar de Zn(NO3)2 na solução;
(d) a molaridade da solução. R. (a) 11.0%; (b) 0.653 m; (c) 0.0116; (d) 0.643M
5. Quais são: a fracção molar, a molalidade e a percentagem em peso de uma solução
preparada pela dissolução de 0.30 mol de CuCl2, em 40.0 mol de água?
6. Uma solução de anticongelante é preparada a partir de 222.6 g de etilenoglicol,
C2H4(OH)2, e 200.0 g de água. Se a massa específica da solução for 1.072 g/ml,
calcule a molalidade e molaridade da solução. R. 18.0 m; 9.11M
7. Uma solução 4.03 M de etilenoglicol, tem a densidade de 1.045 g/ml. Calcule a
percentangem em peso, a fracção molar e molalidade de eileno glicol na solução.

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8. Uma solução de álcool isopropílico (C3H7OH, usado no polimento) em água tem
uma fracção molar de álcool igual a 0.250. Qual é a percentagem em peso de álcool
e a molalidade do álcool na solução? R. 0.526%; 18.5 m
9. A água do mar tem uma concentração de iões sódio na ordem de 1.08×104 ppm. Se
o sódio está presente na forma de cloreto de sódio, quantos gramas de cloreto de
sódio (NaCl) estão presentes em cada litro da água do mar? Assuma uma densidade
de 1.05 g/ml para a água do mar.
10. Se se dissolver 10.0 g de açúcar (sacarose,  uma colher de chá), C12H22O11, numa
chávena de água (250 g), qual é a fracção molar, molaridade, molalidade e
percentagem em peso de açúcar?
11. A pressão parcial de etano sobre a solução saturada contendo 6.56×10-2 g de etano
é 751 torr. Qual é a sua pressão parcial, quando a solução saturada contém
5.00×10-2 g de etano? R. 572 torr
12. A constante da lei de Henry para um gás dissolvido em água é de 6.50×10-5 g/l torr,
a 25ºC. Numa experiência, o gás foi colectado sobre a água e sua concentração foi
de 0.0478 g/l. Qual era a pressão total do gás sobre da solução?
13. A constante de Henry para CO2 em água a 25ºC é 4.48×10-5 M/mm Hg. Qual é a
concentração de CO2 em água quando a pressão parcial é 0.33 atm? Despreze a
reacção entre CO2 e água.
14. A pressão parcial de O2 nos seus pulmões varia de 25 a 40 mm Hg. Quanto oxigénio
pode dissolver em água a 25ºC se a pressão parcial de O2 é 40 mm Hg? R. 2.1×10-3 g
O2/l
15. A ureia, (NH2)2CO, é largamente usada em fertilizantes e plásticos. Este composto é
bem solúvel em água. 1.00 g pode ser dissolvido em 1 ml de água. Se 9.00 g de ureia
forem dissolvidos em 10.0 ml de água, qual é a pressão de vapor da solução a 24ºC
(pressão de vapor do solvente puro a esta temperatura 22.4 mm Hg)? Assuma que
a densidade é igual a 1.00 g/ml. R. 17.6 mm Hg
16. Dissolve-se 10.0 g de açúcar (C12H22O11) em 225 ml de água (densidade 1.0 g/ml) e
depois aquece-se até 60ºC. Qual é a pressão de vapor da água sobre a solução?
(pressão de vapor da água a 60ºC 149.4 mm Hg).
17. Uma amostra (35.0 g) de etilenoglicol, C2H4(OH)2, é dissolvida em meio litro de
água. A pressão de vapor a 32ºC é 35.7 mm Hg. Qual é a pressão de vapor da
solução de etilenoglicol?

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18. Iodo puro (105 g) é dissolvido em 325 g de CCl4 a 65ºC. Admitindo que a pressão
de vapor de tetracloreto a esta temperatura é 531 mm Hg, qual é a pressão de
vapor da solução CCl4-I2 a 65ºC?
19. Qual é a quantidade de etilenoglicol que deve ser adicionada a 125 g de água para
elevar o ponto de ebulição em 1.0ºC? Expresse a sua resposta em gramas.
20. Cristais (0.640 g) de uma substância azul composta por hidrogénio e carbono,
azuleno, cuja fórmula empírica é C5H4, são dissolvidos em 99.0 g de benzeno. O
ponto de ebulição medido da solução é 80.23ºC. Qual é a fórmula molecular do
azuleno?
21. Verique se 0.200 mol de um soluto não volátil em 125 g de benzeno produzem uma
solução cujo ponto de ebulição é 84.2ºC.
22. Qual é o ponto de ebulição de uma solução composta de 15.0 g de ureia, (NH 2)2CO,
em 0.500 kg de água?
23. Fenantreno, C14H10, é um hidrocarboneto aromático. Se se dissolverem alguns
gramas de fenantreno em 50.0 g de benzeno, o ponto de ebulição da solução passa
a 80.51ºC. Quantos gramas de fenantreno terão sido dissolvidos?
24. A solução de glicerol, C3H5(OH)3, em 735 g de água tem um ponto de ebulição de
104.4ºC a pressão de 760 mm Hg. Quantos gramas de glicerol estão na solução?
Qual é a fracção molar do soluto?
25. Calcule o ponto de congelamento de 525 g de água que contêm 25.0 g de NaCl.
Assuma o factor de van´t Hoff, i, igual a 1.85 para NaCl.
26. Algumas pessoas, no hemisfério norte, possuem casas de verão em lagos ou nas
florestas. Estas casas são fechadas no inverno. Quando fecham as casas os donos
adicionam anticongelantes na canalização. Poderá a adição de 525 g de
etilenoglicol a 3.00 kg de água garantir que a água não congele a -25ºC?
27. Uma mistura de etanol (C2H5OH) e água congela a -16.0ºC. (a) Qual é a molalidade
do álcool? (b) Qual é a percentangem de álcool na solução?
28. São adicionados 5.0 kg de água e etilenoglicol no radiador de um carro. (a) Se o
ponto de fusão da mistura no radiador for – 15.0ºC, quantos gramas de etileno
glicol terão sido adicionados? (b) Qual é o ponto de ebulição da mistura?
29. Se 52.5 g de LiF são dissolvidos em 306 g de água, qual é o ponto de congelamento
esperado? Assuma um factor de van´t Hoff, i, de 2.

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30. Para preparar sorvete caseiro, o leite e creme são arrefecidos por imersão do
continente em gelo contendo uma solução aquosa concentrada de sal (cloreto de
sódio, NaCl). Se quiser que a solução congele a -10.0ºC quantos gramas de NaCl
deverão ser adicionados a 3.0 kg de água? (assuma i igual a 1.85)
31. Uma amostra de 1.40 g de polietileno, um plástico comum, é dissolvida em
quantidade suficiente de benzeno, para produzir exactamente 100 ml de solução. A
pressão osmótica medida é 1.86 mm Hg a 25ºC. Calcule a massa molecular média
de polietileno.
32. Uma solução aquosa contendo 3.00% de fenilalanina, C9H11NO2, por massa. Assuma
que a fenilalanina é não iónica e não volátil. Determine: (a) o ponto de
congelamento da solução; (b) o ponto de ebulição da solução; (c) a pressão
osmótica da solução a 25ºC.
33. Uma solução aquosa contendo 1.00 g de insulina bovina (uma proteína, não
ionizada) por litro tem uma pressão osmótica de 3.1 mm Hg a 25ºC. Calcule a
massa molar da insulina bovina.

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