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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Ciências e Tecnologia - CCT


Unidade Acadêmica de Física - UAF
Curso de Engenharia de Elétrica
Disciplina: Física Experimental II – Turma: 10
Aluna: Luciana Bonfim

UNIDADE III: RELATÓRIO 11 – CAMPO MAGNÉTICO DE DOIS FIOS


PARALELOS E LONGOS

Campina Grande - PB
2023
1. INTRODUÇÃO
Cálculo do Campo Magnético de um fio infinito pela lei de Ampére
A direção B em cada ponto é tangente às linhas de campo e seu sentido, pode ser determinado
pela regra da mão direita.
Pela Lei de Ampére:

Desenvolvendo o 1º membro da equação, tem-se:

Para um mesmo r, B é constante:

Portanto:

Ou ainda:

Campo Magnético de dois fios paralelos


Ampère observou experimentalmente que dois fios longos e paralelos, separados por uma
distância d, e percorridos, respectivamente, pelas correntes Ia e Ib, de mesmo sentido, se
atraem mutuamente. As forças que os fios exercem um sobre o outro têm o mesmo módulo e
sinais opostos. Para correntes de sentidos opostos os dois fios se repelem.
Pode-se determinar o campo magnético total ao redor de dois condutores, isto é, o
campo que atuaria sobre uma outra corrente ou sobre uma agulha imantada situada nas
proximidades, somando vetorialmente os campos correspondentes às correntes Ia e Ib. Este
campo está esquematizado abaixo.
Na primeira figura mostra o campo em torno de dois fios, lado a lado, as correntes têm o
mesmo sentido, assim os fios se atraem. Na segunda figura, as correntes têm sentidos opostos, e
os fios se repelem.
Os condutores se repelem quando as linhas de campo são mais densas na região
compreendida entre eles do que na região externa a eles e que se atraem, quando as linhas são
mais densas fora do que entre eles. As linhas de B atuam como se fossem alças de borracha,
que resistem ao serem distendidas ou comprimidas. Imaginando-se deste modo as linhas de
campo total, tem-se uma ideia sobre as forças e os movimentos de correntes em campos
magnéticos sem a necessidade de fazer cálculos detalhados.

Expressão quantitativa do campo magnético devido aos dois fios (superposição)

Dividindo o espaço em três regiões I, II, III. Considerando r a distância em relação ao fio 1.
Calcula-se o campo B:

Na região I:

𝐵𝐼 = 2πµ0 ( 𝐼 𝑟1 − 𝑟+𝐼 2𝑑 ) (− ∞ < 𝑟 < 0)

Na região II:
Na região III: 𝐵𝐼𝐼 = 2πµ0 ( 𝐼 𝑟1 + 𝑑𝐼 −2𝑟 ) (0 < 𝑟 < 𝑑)

𝐵𝐼𝐼𝐼 = µ0 (𝑑 < 𝑟 < ∞)

Onde: 2π

- r: distância genérica do ponto considerado ao fio


- d: distância entre os fios;
- I: corrente que passa pelos fios.
Na realização do experimento verifica-se as fórmulas, medindo-se o campo nas regiões I e II,
em função da distância r.

Método de medição da f.e.m induzida


Na prática é bastante difícil medir um campo magnético estacionário. Para verificar os
campos dados pelas fórmulas citadas acima, é aconselhável servir-se de um artifício que facilita
a medição. Este artifício consiste em mandar uma corrente alternada de frequência bastante
baixa (60 Hz) através dos fios. Isto não afeta a distribuição espacial do campo. Em seguida,
aproveita-se o efeito de indução (Lei de Faraday) causando em uma bobina retangular colocada
no ponto onde se quer medir o campo.
Colocando uma bobina retangular de comprimento a e espessura b (a>>b) a uma
distância genérica r do fio, com o seu comprimento paralelo ao mesmo:

Para todos os pontos a uma distância r do fio, o módulo do campo magnético é o mesmo.
O fluxo magnético na superfície da bobina é:

Colocando a bobina e o fio no mesmo plano (horizontal), temos que o campo de indução
magnética B será paralelo ao vetor de superfície ds da bobina de prova. Portanto o ângulo será
igual a 0º. Neste caso, temos o fluxo máximo na superfície da bobina de prova.

Nesta situação o valor de B, varia apenas com r. Porém se a espessura b da bobina for
bastante pequena em relação à distância r, o campo não variará apreciavelmente ao longo desta
espessura. Como o campo constante sobre a superfície S da bobina.

Para uma bobina de N voltas:

O produto NS é denominado “área efetiva” da bobina de detecção. Se o campo é


variável com o tempo, há a indução uma força eletromotriz nos terminais da bobina de
detecção igual a: (Lei de Faraday).

Substituindo tem-se:

Ou

Onde
Os multímetros e amperímetros para corrente e tensão alternadas indicam valores RMS,
sendo assim, tem-se:

OBJETIVOS
Verificação da Lei de Ampére em se tratando do campo magnético produzido por um
fio longo; Comprovação do princípio da superposição de campos magnéticos para os campos
produzidos por dois fios paralelos e muito longo; Aplicação do princípio da indução (Lei de
Faraday) na medição de campos magnéticos.

2. MATERIAIS E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

2.1 Montagem Com Um Fio Longo

● Dois fios longos;


● Fonte da tensão alternada;
● Amperímetro;
● Multímetro;
● Reostato
● Bobina de detecção.

2.1.1 Procedimento Experimental:


Figura 1 Montagem com um Fio Longo

O circuito foi montado de acordo com a figura acima, mantendo o cabo de retorno

bastante afastado da bobina. Ligou-se a fonte e estabeleceu uma corrente de 2,0A no circuito,

manipulando a fonte e o reostato. A bobina ficou paralela ao fio. Anotou-se os parâmetros da

bobina, e o número de espiras. Quando se obteve uma deflexão no voltímetro, girou-se a

bobina em torno do próprio eixo longitudinal e observou-se o comportamento da f.e.m

induzida. Foi feita a medida da tensão induzida na bobina 𝐸𝑅𝑀𝑆 em função da distância r até o

fio, variando r a intervalos de 1,0 cm. Os valores obtidos foram anotados na tabela 1.

Depois manteve a bobina a uma distância de 4,0 cm do fio e mediu a tensão induzida
ERMS em função da corrente IRMS no circuito, variando a corrente IRMS no fio a intervalos de 0,2
A. Os valores obtidos foram anotados na tabela 2.
Tem-se que:
N = 1300 esp; a = 35,5 cm; b = 0,90 cm

Tabela 1: 𝐼𝑅𝑀𝑆 fixa (𝐼𝑅𝑀𝑆 = 2, 0 𝐴) e r variável 𝐸𝑅𝑀𝑆 (𝑚𝑉)

r (cm) 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 9,5 10,5 11,5 12,5 13,5 14,5

Erms(mV) 16,5 14,6 11,5 9,3 8,1 7,1 6,0 5,4 4,5 4,1 3,9 3,6 3,0

Tabela 2: r fixo (r = 2,5 cm) e 𝐼𝑅𝑀𝑆 variável

I(A) 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
Erms(mV) 0,4 1,8 2,6 3,6 5,2 6,0 6,7 7,5 8,4
2.2 Montagem Com dois Fios Longos e Paralelos

2.2.1 Procedimento Experimental

O circuito foi montado de acordo com a figura acima, mantendo uma distância fixa de

20 cm entre os dois fios. Ligou-se a fonte e estabeleceu uma corrente de 2,0 A no circuito,

manipulando a fonte e o reostato. Mediu-se a tensão induzida 𝐸𝑅𝑀𝑆 em função da distância r até

o fio 1, na região externa (região I). E variou r a intervalos de 1,0 cm. Os resultados foram

anotados na tabela 3. Repetiu-se o mesmo procedimento para toda a região entre os dois fios

(região II). Os valores encontrados foram anotados na tabela 4.

Tabela 3: Região 1 𝐼𝑅𝑀𝑆 fixa (𝐼𝑅𝑀𝑆 = 2, 0 𝐴) e r variável em relação ao fio 1

r (cm) 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 9,5 10,5 11,5 12,5 13,5 14,5 15,5 16,5 17,5

19,4 13,3 10,0 7,7 6,1 5,1 4,3 3,7 3,2 2,8 2,5 2,5 2,2 2.0 1,8 1,6
𝐸𝑅𝑀𝑆 (𝑚𝑉)

Tabela 4: Região 2 𝐼𝑅𝑀𝑆 fixa (𝐼𝑅𝑀𝑆 = 2, 0 𝐴) e r variável em relação a região entre os dois

r (cm) 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 9,5 10,5 11,5 12,5 13,5 14,5 15,5 16,5

25,4 20,4 16,3 14,4 13,2 12,3 11,9 11,6 11,5 11,9 12,5 13,5 14,8 15,8 19,7
𝐸𝑅𝑀𝑆(𝑚𝑉)
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Experimento: Campo Magnético de Dois Fios Paralelos e Longos (Montagem Com
Um Fio Longo e Montagem Com Dois Fios Paralelos e Longos).

A) A partir dos dados das Tabelas 1 e 2, construa os gráficos da f.e.m., induzida εrms em
função de 1/r e em função de Irms.. Determine a área efetiva da bobina de indução (NS) em
cada gráfico, comparando os valores obtidos com o valor teórico (obtido através dos
dados da bobina de indução).

Com os dados obtidos nas tabelas 1 e 2 do experimento foram construídos os gráficos 1 e 2 em


papel milimetrado, para cada uma das tabelas, sendo gráficos do tipo 𝐸𝑅𝑀𝑆𝑥(1/𝑟) e 𝐸𝑅𝑀𝑆𝑥𝐼𝑅𝑀𝑆.

Gráficos: Montagem com um fio longo


Gráfico 1: Relaciona a Tensão Induzida variável na Montagem com um fio longo.

𝐸𝑅𝑀𝑆 fixo (𝐼𝑅𝑀𝑆=2,0 𝐴) em Função da Distância 1/r

𝐸𝑅𝑀𝑆 𝑥 (1/𝑟)
Gráfico 2: Relaciona a Tensão Induzida fixa em Função da Corrente.

𝐼𝑅𝑀𝑆 variável na Montagem com um fio longo

𝐸𝑅𝑀𝑆 𝑥 𝐼𝑅𝑀𝑆
❖ Calculo da área efetiva da bobina de indução ou NS teórico:

Dado que: N = 1300 esp; a = 35,5 cm; b = 0,90 c


Temos:

𝑁𝑆𝑡𝑒𝑜 = 𝑁∙𝑎∙𝑏 = 1300∙0, 355∙0, 009 = 4, 1535 𝑚2

❖ Cálculo do valor de NS experimental Para os Gráficos 1 e 2:

Construiu-se os gráficos da f.e.m. induzida E RMS em função de 1/r, e em função de I RMS, para o
circuito da Fig. 13-11 da apostila de experimental. A Tabela 1 mostra os valores de E RMS em
função de 1/r. A partir da inclinação do gráfico determinou-se o NSEXP em cada gráfico,
comparando com o valor teórico (o valor teórico é NS = 4,15 m2):

Em, ERMS em função de 1/r:


O desvio percentual associado é:

Em ERMS em função de IRMS:

O desvio percentual associado é:

B) A partir dos dados da Tabela 1, calcule o valor teórico da f.e.m. induzida na bobina εrms
a 8,5 cm do fio para Irms = 2,0A. Determine o desvio percentual da medida experimental da
εrms em relação ao valor medido pelo voltímetro em x = 8,5 cm. Use o
(NS) experimental obtido no item (a).

❖ Cálculo do valor teórico da f.e.m. induzida na bobina εrms a 8,5 cm do fio para Irms =
2,0A

Para determinar a força eletromotriz, sabe-se que:


Para este cálculo vamos utilizar o valor de NSEXP obtido do segundo gráfico. A razão é que o
valor experimental o qual comparamos foi o valor de ERMS medido contido no segundo gráfico.
Pela equação abaixo:

O desvio percentual em relação ao valor medido pelo


voltímetro em 8,5cm é:

Cálculo da Inclinação C da reta no Gráfico 1:

Para os gráficos da f.e.m em função do inverso do raio tem-se que a inclinação C da reta é
equivalente a:

Onde ω é a frequência da corrente (120 π) e µ0 é a constante de permeabilidade magnética no

vácuo.

Cálculo da Inclinação D da reta no Gráfico 2:

Já para o gráfico da f.e.m em função da corrente 𝐼𝑅𝑀𝑆 a inclinação D da reta é equivalente a:


C) Determine a expressão para a f.e.m., entre os fios 1 e 2 (Região II) para correntes
de sentidos opostos.

Para determinar a força eletromotriz, sabe-se que:

Para o experimento com dois fios longos e paralelos, cujas correntes estão em sentidos opostos,
no espaço entre os fios, o campo magnético será a soma vetorial dos campos individuais de
cada fio. Observando que a distância entre os fios é d, e utilizando a expressão obtida
anteriormente para a força eletromotriz induzida de um fio numa bobina, tem-se:

Derivando a expressão acima com relação a r e igualando a zero, descobre-se que E apresenta
um valor de mínimo local em r = d/2.

D) Construa os gráficos da tensão induzida em função da distância ao fio 1, para as


regiões I e II. (considere positivas as distâncias na região II e negativas na região I).

Com os dados obtidos nas tabelas 3 e 4 do experimento foram construídos os gráficos 3 e 4 em

papel milimetrado, para cada uma das tabelas, sendo gráficos do tipo 𝐸𝑅𝑀𝑆𝑥(1/𝑟) e 𝐸𝑅𝑀𝑆𝑥𝐼𝑅𝑀𝑆.

Gráficos: Montagem Com Dois Fios Longos e Paralelos


Gráfico 3: Relaciona a Tensão induzida 𝐸𝑅𝑀𝑆 fixo (𝐼𝑅𝑀𝑆 = 2, 0 𝐴) na Região I em Função da
Distância r variável em relação ao fio 1, na Montagem com dois fios longos e paralelos.

Gráfico 4: Relaciona a Tensão Induzida variável em relação a região entre os dois fios na Montagem
com dois fios longos e paralelos (𝐼𝑅𝑀𝑆 = 2, 0 𝐴) na Região II em Função da Distância r
4. CONCLUSÃO

Verifica-se algumas propriedades do magnetismo, assim sendo, observa-se o


comportamento da força magnética assim como seu módulo, quando se varia a distância da
bobina de prova, ou quando se varia a corrente.
Dessa forma, nota-se que como fonte de erros, tem-se: Arredondamento de cálculos;
Uso de materiais danificados; Erro na montagem dos circuitos etc.
5. REFERÊNCIAS

1. Livro de Física Experimental II, LABORATÓRIO DE ÓPTICA ELETRICIDADE E


MAGNETISMO FÍSICA EXPERIMENTAL II. Pedro L. Nascimento, Laerson D. da Silva,
Marcos J.A. Gama, Wilson F. Curi, Alexandre J.A. Gama (Professores) e Anthony Josean C.
Caldas(Engenheiro);
2. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos da Física 3;
10ªedição. Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A., 2016;

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