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Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

LABORATÓRIO DE FÍSICA III


PROFA. DOROTÉIA DE FÁTIMA BOZANO

CAMPO MAGNETOSTÁTICO DE UM FIO RETILÍNEO

TURMA P03-2023-1

ALAN GABRIEL VARELA TARGINO

Campo Grande, MS
Maio de 2023

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1. OBJETIVOS

Realizar o mapeamento do campo magnetostático de um fio retilíneo gerado por uma


corrente contínua.

2. INTRODUÇÃO

2.1 - Campo Magnético - Leis de Ampère e Biot-Savart

Em Setembro de 1820 André-Marie-Ampère apresentou um trabalho apontando que a


corrente elétrica gera um campo magnético, que deflete uma agulha imantada. Ampère
chegou a uma relação entre corrente elétrica e campo magnético, que é conhecida como Lei
de Ampère. Essa lei relaciona o campo magnético, B1, com a densidade de corrente, J, que
em sua formulação integral, pode ser descrito pela Equação 1:

∮B dr = µ0∫∫∫J•ndS = µ0𝐼 (1)

A Lei de Ampère não é suficiente para determinar o campo magnético, uma vez que é
útil apenas para o que caso em que há um certa simetria do campo magnético. Assim, ainda
em outubro de 1820, Biot e Savart fizeram experimentos sobre a ação de corrente elétrica
sobre agulhas imantadas. As observações de Biot e Savart levaram a uma fórmula (Equação
2), que permite calcular o campo magnético gerado por um fio que conduz corrente elétrica:

µ0 𝐼
B(r) = 4π
∮ 3 dl x r (2)
𝑟

2.2 - Campo Magnético de Um Fio Retilíneo Infinito

O campo magnético gerado por um fio retilíneo uniforme que coincide com o eixo z,
a uma distância ρ do fio, será calculado utilizando a Equação 2. A Figura 1 mostra essa
situação e a direção do campo magnético.

Figura 1 - Geometria para calcular o campo magnético de um fio infinito

Fonte: Referência 1.

1
As letras em negrito, em texto e equações, representam vetores.

2
Em coordenadas cilíndricas, o caminho de integração é dado pela variável z’, que
varia de − ∞ a + ∞. O ponto onde ocorre a integração é dado pela Equação 3 e o
diferencial do caminho é dado pela Equação 4.

l = z’ ẑ (3)
dl = dz’ẑ (4)

Pode-se considerar que o ponto em que se quer calcular o campo magnético tenha
coordenada z = 0, pois sua origem pode ser posicionada em qualquer ponto do fio. Além
disso, o vetor r aponta do ponto onde está sendo feita a integração ao ponto fixo onde o
campo magnético está sendo calculado, como apresentado na Equação 5:

r = ⍴ê - r’ȓ (5)

O módulo desse vetor é dado pela Equação 6:

2 2
𝑟= ρ + 𝑧' (6)

Substituindo os termos e integrando a Lei de Biot-Savart sobre z’ de − ∞ a + ∞,


obtemos a Equação 7:

µ0𝐼
𝐵(ρ) = 2πρ
(7)

Essa equação expressa o módulo do campo magnético, que circunda o fio.

Utilizando a Lei de Ampère, escolhemos uma circunferência com centro no fio, com
raio ρ, e que está num plano perpendicular ao fio. A corrente que atravessa o fio é
determinado por essa curva e é simplesmente a corrente que passa pelo fio. Pela simetria de
rotação, as componentes tangencial e paralelo ao fio são iguais em toda a circunferência. A
integral de linha do campo magnético é simplesmente o valor de sua componente tangencial
multiplicado pelo comprimento da curva (2πρ). Logo:

µ0𝐼
𝐵(ρ) = 2πρ
(8)

Que é o mesmo resultado obtido pela Lei de Biot-Savart.

2.2 - Sonda Hall

A sonda Hall é construída com base na tensão Hall, que é definida na Equação 9.

1 𝑤
𝑉𝐻 = 𝑛𝑞 𝐴
𝐼𝐵 (9)

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A sonda Hall é constituída de uma tira plana condutora e uma bateria, que estabelece
uma corrente sobre essa tira. A diferença de potencial entre os lados da tira pode ser medida
com um voltímetro comum. Um experimento de calibração da sonda Hall permite obter o
coeficiente entre a tensão e o campo magnético na direção perpendicular à tira. As sondas
Hall modernas contêm um chip de material semicondutor, de alto grau de pureza (O valor de
n é menor e então a tensão é maior para um dado campo).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Observações:
1) Todas as medidas de corrente foram realizadas com um amperímetro.
2) Antes de iniciar os experimentos, o teslâmetro foi zerado.
O fio retilíneo infinito será simulado por uma bobina quadrada com 50 espiras, como
mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Bobina quadrada utilizada no experimento

Fonte: Referência 1.

a) Com uma régua, medimos os lados da espira quadrada e anotamos o número de


espiras, N = 50.
b) Ajustamos a fonte para que a corrente na bobina seja aproximadamente 2A, utilizando
um amperímetro em série entre a fonte de tensão e a bobina quadrada.
c) Consideramos uma das faces do quadrado, como sendo um fio ao logo da direção z.
Utilizando a sonda Hall, medimos o campo magnético sobre uma reta imaginária
passando pelo centro da face do quadrado e na direção perpendicular a mesma.
Fizemos as medidas em função da distância radial no lado de fora da bobina
utilizando uma régua plástica. Medimos 10 valores, a passos de 1 cm.
d) Invertemos a corrente da bobina, aumentamos para 4A e repetimos o procedimento
anterior.

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e) Fizemos um gráfico dos campos magnéticos medidos, em função de r, e o campo
esperado. Analisamos a concordância entre o resultado calculado e o experimental.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos resultados obtidos foram obtidos os gráficos das Figuras 3 e 4. A Figura 3
correlaciona o campo magnético (mT) com a distância (cm) para a corrente de 2 A e a Figura
4 relaciona o campo magnético (mT) com a distância (cm) para a corrente de 4 A.

Figura 3 - Gráfico do campo magnético (mT) em função da distância (cm) para a corrente elétrica igual a 2A.
Em vermelho o resultado calculado e em preto o resultado medido

Fonte: Autor.

Figura 4 - Gráfico do campo magnético (mT) em função da distância (cm) para a corrente elétrica igual a 4A.
Em vermelho o resultado calculado e em preto o resultado medido

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Fonte: Autor.
Analisando a tendência dos gráficos das Figuras 3 e 4, é possível notar que o
comportamento dos dados medidos corresponde ao esperado, uma vez que, para a corrente de
2A, o campo magnético diminui com a distância. Já para a corrente de 4A, vemos que o
campo magnético aumenta com a distância, isso se justifica pelo fato de que, nesse caso, a
corrente elétrica está com o sinal invertido, logo o campo magnético também muda de
sentido. levando em conta o módulo do campo magnético, é pode-se dizer que, para ambos os
casos, o campo magnético diminui com a distância.
Analisando a proximidade dos dados medidos (em preto) em relação aos esperados
(calculados a partir da equação 7 - em vermelho), é possível notar que os valores são
próximos, e portanto, aproximar a espira para um fio retilíneo infinito, nesse caso, é válido,
uma vez que não há grandes diferenças entre os dados medidos e calculados.

5. CONCLUSÃO

Analisando os gráficos das Figuras 3 e 4, é possível perceber que o campo magnético


produzido por um fio infinito retilíneo diminui com a distância. Além disso, aumentando a
corrente elétrica, é possível observar um aumento no módulo do campo magnético para uma
dada distância e esse aumento é proporcional ao aumento da corrente elétrica, o que é
esperado.
Além disso, analisando as distâncias entre os pontos referentes aos dados medidos e
calculados, é possível notar que eles são próximos, logo aproximar as espiras a um fio
retilíneo infinito é válido, para esse caso.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BOZANO, Dorotéia de Fátima. PRÁTICA 9 - CAMPO MAGNETOSTÁTICO DE


UM FIO RETILÍNEO. Campo Grande: Instituto de Física, 2023. 10 p.

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