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Campo Magnético Gerado por bobinas em seu eixo de simetria

Denys Oliveira Resende1, Gustavo Dagrava Junior 2, João Pedro Ramos Andrade Leite
Panissi3,
Física Experimental 2
Universidade Federal de Uberlândia
1
e-mail Denys Oliveira Resende: denys.oliveira.resende@ufu.br
2
e-mail Gustavo Dagrava Junior: gustavodagrava@ufu.br
3
e-mail João Pedro Ramos Andrade Leite Panissi: joao.pedro.ramos@ufu.br

Resumo. No relatório foram abordados a teoria e experimentos de análise do campo


magnético gerado por bobinas em seu eixo de simetria, com intuito de mapear o campo
magnético e fazer uma comparação entre os valores experimentais medidos com um
gaussímetro digital e os valores teóricos obtidos por meio da Lei de Biot-Savart.

Palavras chave: campo magnético, Biot-Savart, bobinas

Introdução

Um campo magnético é gerado quando um condutor elétrico é atravessado por uma


corrente elétrica. Este campo é constituído por forças magnéticas circulares de modo que ao
colocar bússolas em pontos distintos do campo, o Norte de cada uma das bússolas irá se voltar
para a direção tangencial das linhas de campo.

Hans Christian Oersted, por meio de experimentos, descobriu que quando se posiciona
uma agulha magnética paralelamente a um condutor elétrico, esta agulha sofre uma forte
deflexão. Para entender o sentido e a direção do campo magnético, usa-se a Regra da mão
direita e o seu valor em diferentes pontos através da Lei de Biot-Savart.

Jean-Baptiste Biot e Félix Savart elaboraram uma expressão para determinar o campo
magnético em um ponto P no espaço, através dessa equação, pode-se determinar propriedades
significativas das bobinas estudadas. A equação da Lei de Biot-Savart é dada por:
^
µ0𝑖 𝑑𝑙→× 𝑟
𝑑𝐵→ = 2
4π 𝑟

Equação 1

−7 𝑇.𝑚
Onde µ0 é a permeabilidade magnética no vácuo (µ = 4π × 10 𝐴
).

A espécie de bobina mais utilizada no dia a dia são as bobinas circulares, essas bobinas tem
propriedades facilmente calculáveis, considerando uma bobina de raio R com seu eixo de
simetria no eixo x e uma corrente i, o campo magnético no eixo de simetria pode ser
facilmente calculado pela Lei de Biot-Savart.

Figura 1: Demonstração do campo magnético

O campo gerado (𝑑𝐵⃑) é a soma da componente do campo paralelo ao eixo 𝑥 com a


componente perpendicular ao eixo de simetria, obtemos:

𝑑𝐵⃑ = 𝑑𝐵⃑𝑝𝑒𝑟𝑝𝑒𝑛𝑑𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 + 𝑑𝐵⃑𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜

Equação 2

Além dessa análise, é possível visualizar que os campos magnéticos que resultam nos eixos
cartesianos 𝐵𝑦 e 𝐵𝑧 serão zero no ponto P, por fim, resta apenas a componente paralela ao eixo

de simetria 𝐵𝑥, assim:

𝑑𝐵𝑥 = 𝑑𝐵 ×𝑐𝑜𝑠Ɵ

Equação 3

O campo magnético 𝑑𝐵⃑ é perpendicular a 𝑟⃑, logo, a expressão que poderá ser utilizada é
dada:
µ0 𝑖𝑑𝑙
𝑑𝐵 = 4π 𝑟2

Equação 4

1
2 2 2 𝑅 𝑅
É possível observar que 𝑟 = (𝑅 + ℎ ) e 𝑐𝑜𝑠Ɵ = 𝑟
= 1 , reescrevendo,
2 2 2
(𝑅 + ℎ )

obtém-se a componente 𝑑𝐵𝑥 da seguinte forma:


µ0𝑖 𝑅
𝑑𝐵𝑥 = 𝑑𝐵 ×𝑐𝑜𝑠Ɵ = 4π 3 𝑑𝑙
2 2 2
(𝑅 + ℎ )

Equação 5

Dessa forma, quando integrada toda a curva C da espira, obtém-se:

µ0𝑖 𝑅 µ0𝑖 𝑅
2
𝐵𝑥 = 4π 3 ∫ 𝐶𝑑𝑙 = 2 3
2 2 2 2 2 2
(𝑅 + ℎ ) (𝑅 + ℎ )

Equação 6

No meio da espira onde ℎ = 0, a expressão pode ser reduzida por:

µ0 𝑖
𝐵𝑥 = 2 𝑅

Equação 7

Finalmente, para o caso de uma bobina com N espiras, pode-se utilizar a expressão:
µ0𝑁𝑖 𝑅
2
𝐵𝑥 = 2 3
2 2 2
(𝑅 + ℎ )

Equação 8

Para o aperfeiçoamento de experimentos, pode-se montar dois modelos de bobinas


geradoras de campo magnético, a Bobina de Helmoholtz e a Bobina anti-Helmholtz. Em
ambas as bobinas de Helmoholtz, existe um conjunto de duas bobinas circulares idênticas de
raio R, mesmo número de espiras, colocadas paralelamente uma com a outra em seu eixo de
simetria, separadas pela distância igual ao seu raio.

O que diferencia os dois métodos é apenas o sentido da corrente elétrica, quando são
colocadas no mesmo sentido, como é o caso da bobina de Helmoholtz obtém-se um campo
magnético constante, que pode ser chamado de campo uniforme.

De outro modo, quando as correntes são colocadas em sentidos opostos, no caso da


bobina anti-Helmoholtz, obtém-se um campo magnético gradiente constante. Ambos os
métodos são realizados preliminarmente para que experimentos de grau elevado, possam ser
realizados sem dificuldades.
Procedimento Experimental
Para os ensaios, foram utilizados:

1. Fonte tipo CC com ajuste de corrente e tensão;


2. 2 Bobinas idênticas em diâmetro e número de espiras;
3. Fios de ligação;
4. 1 Gaussímetro digital;
5. Ponta de prova por efeito Hall axial;
6. 1 suporte de sonda do gaussímetro não ferromagnética;
7. 1 régua de 60cm.

Inicialmente, ocorre a montagem da estrutura de ensaio em uma região sem outras


fontes de campo magnético.

A montagem da estrutura se dá pelo posicionamento das duas espiras em paralelo,


com o suporte de sonda perpendicular ao eixo dos centros de ambas (figura 2). Para o ensaio,
ligar a fonte em uma das espiras com os valores mínimos e aumentar a tensão para
posteriormente elevar a corrente para 2,0 A. O processo de medição com a sonda deve ser
realizado pelo centro da espira de um lado ao outro. Observa-se então os valores do campo
magnético em função da distância central das espiras definindo então um gráfico. Em seguida,
o processo de cálculo do campo magnético teórico conforme descrito na introdução é
realizado nas coordenadas no plano x (levando como o ponto 0 o centro da bobina) as
coordenadas -15 cm, de 5 em 5 cm, até o valor de 15 cm.
Figura 2: Esquema de montagem do ensaio

Em seguida, um segundo ensaio foi realizado com ambas as bobinas, a uma distância
predeterminada R (Distância entre as bobinas é o raio das mesmas). A corrente de 2 A,
fornecida conforme o procedimento anterior, foi ligada em série com as espiras e o campo
magnético medido entre elas em função de sua distância. Em seguida, retomou-se a distância
R inicial com a corrente em série no sentido oposto ao anterior. Com os 3 pontos, foram feitos
três gráficos dos campos magnéticos em função das distâncias.
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Resultados e Discussões

O primeiro experimento realizado baseou-se em realizar medições de campo


magnético gerado por uma bobina em seu eixo de simetria, e com isso, foram coletados os
dados de distância e campo magnético medido pelo gaussímetro para uma bobina de 38
centímetros de diâmetro.

Primeiramente foram medidos os valores de campo magnético de uma única espira, dessa
forma foram obtidos os valores expressos pela tabela 1.

Tabela 1 - Valores experimentais do campo em uma bobina

Utilizando-se da equação 8, anteriormente mencionada, é possível obter valores de


campo magnético teórico pela Lei de Biot-Savart, os valores estão expressos na tabela 2.

Tabela 2 - Valores teóricos do campo em uma bobina

A demonstração do cálculo será demonstrada para a distância de 0 metros, todas as


outras linhas da tabela utilizaram o mesmo raciocínio de cálculo.
−7 2
4·π·10 ·154·2 0,19
𝐵𝑥 = 2
· 2 2 3/2 = 0, 001019 𝑚𝑇
(0,19 +0 )

Para transformar mT em T, multiplique por 1000, logo:

𝐵𝑥 = 0, 001019 * 1000 = 1, 019 𝑇

Com os valores experimentais e a distância medida é possível confeccionar um gráfico e


posteriormente efetuar uma análise da conjunção dos três pontos feitos neste relatório.

Figura 3 - Gráfico Campo magnético (mT) x distância (cm)

O segundo experimento realizado, com intuito de mapear o campo elétrico gerado por
duas bobinas de mesmo diâmetro e número de espiras, no caso, 38 cm e 154 espiras,
respectivamente. Para a primeira montagem as bobinas foram conectadas ao circuito em série,
e foram colocadas alinhadas e paralelas entre si, com uma distância de 19 cm entre elas.
Dessa forma a corrente elétrica que passa em ambas percorrem o mesmo sentido. Chamada
Bobina de Helmholtz. Os valores de campo magnético medidos pelo gaussímetro estão
expressos na tabela 3.
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Tabela 3 - Valores teóricos do campo em duas bobinas.

Para o cálculo do campo entre as bobinas de Helmholtz, é usado o método de


superposição, sendo assim, os campos se somam. E os valores de campo magnético teórico
utilizando-se da Lei de Biot-Savart, estão expressos na tabela 4.

Tabela 4 - Valores teóricos do campo em duas bobinas.


Com os valores experimentais e a distância medida é possível confeccionar um gráfico
e posteriormente efetuar uma análise da conjunção dos três pontos feitos neste relatório.

Figura 4 - Gráfico Campo magnético (mT) x distância (cm)

Para a terceira montagem, as bobinas foram colocadas alinhas e paralelas entre si com
uma distância de 19 cm entre elas, o equivalente ao valor do raio da bobina. Porém o circuito
foi montado de modo que as correntes fluíssem em sentidos opostos. Com resultado dessa
mudança de sentido do fluxo de corrente, percebe-se que o valor do campo magnético na
região entre as bobinas varia linearmente. Os valores experimentais medidos pelo gaussímetro
estão expressos na tabela 5.
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Tabela 5 - Valores experimentais do campo em duas bobinas invertidas.

Novamente, para o cálculo do campo entre as bobinas, é usado o método de


superposição, sendo assim, os campos se somam. E os valores de campo magnético teórico,
para a terceira montagem, utilizando-se da Lei de Biot-Savart, estão expressos na tabela 6.

Tabela 6 - Valores teóricos do campo em duas bobinas invertidas.

Com os valores experimentais e a distância medida é possível confeccionar um gráfico


e posteriormente efetuar uma análise da conjunção dos três pontos feitos neste relatório.
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Figura 5 - Gráfico Campo magnético (mT) x distância (cm)

CONCLUSÃO

Por meio dos experimentos anteriores foi possível realizar a análise do comportamento de
campos magnéticos gerados por bobinas, ao serem conectadas de modo que uma corrente
elétrica fluísse com mesmo sentido e de sentidos opostos, e com isso há mudanças no
comportamento do campo magnético gerado, assim como, a distância entre as bobinas que
também influencia no comportamento do campo magnético.

Pela análise dos erros comparativos entre o campo magnético medido pelo
gaussímetro e o campo magnético teórico encontrado pela Lei de Biot-Savart, é possível
perceber que os erros são mínimos, mas ainda existentes.

Com isso, mesmo que erros tenham sido encontrados, o resultado saiu conforme
esperado, sendo possível cumprir com os objetivos dos experimentos de mapear o campo
magnético gerados pelas bobinas e analisar o comportamento destes diante das três diferentes
montagens realizadas.
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REFERÊNCIAS

FOSCHINI, Maurício; GUARANY, Cristiano A; IWANOTO, Wellington A; MARLETTA,


Alexandre. Guias e roteiros para laboratório de eletricidade e magnetismo. UFU- INFIS. 1 ed.
Uberlândia. 2016.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física: eletromagnetismo.


10. ed. [s.l.] GEN/LTC, 2014. v. 3

PAOLO, P. Circuito RC. Carga e Descarga de um capacitor. Parte 1. Física Geral III,
Aula 18. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5lSevpcpJRE&t=429s>.
Acesso em: jul. 2022.

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