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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA


COORDENAÇÃO DO CURSO SUPERIOR DE
BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Gessé Vieira de Barros Junior

Estudo Experimental de Protótipos de Motores de Keppe e Bedini

João Pessoa
2017
Gessé Vieira de Barros Junior

Estudo Experimental de Protótipos de Motores de Keppe e Bedini

Trabalho de Conclusão de Curso


submetido à Coordenação do Curso de
Engenharia Elétrica do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba, como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista.

Orientador: Paulo Henrique da Fonseca Silva

João Pessoa
2017
Gessé Vieira de Barros Junior

Estudo Experimental de Protótipos de Motores de Keppe e Bedini

Trabalho de Conclusão de Curso


submetido à Coordenação do Curso de
Engenharia Elétrica do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba, como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista.

BANCA EXAMINADORA

Paulo Henrique da Fonseca Silva – IFPB


Orientador

Franklin Martins Pereira Pamplona – IFPB

Eduardo Vidal N. de Souza - IFPB

João Pessoa, 10 de agosto de 2017


3

Agradecimentos

Ao eterno Deus, pelo fôlego em meus pulmões durante os dias em que estava
dedicando meu tempo na conclusão deste curso e pelo seu amor incondicional que me
alcançou de uma forma linda e perfeita, “Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim...”.
Ofereço a Ele tudo o que tenho, tudo o que terei, tudo o que sou, tudo o que serei. A Deus
toda a glória para sempre amém.
A minha esposa querida Danielly Eugênia a responsável, aqui na terra, pelo início
deste curso, a pessoa mais incrível que já conheci e a melhor esposa do mundo, ela me
presenteou com meu filho e herdeiro querido Davi de Souza. Família que amo com amor
sacrificial assim como Cristo ama a igreja e por ela se entregou.
A minha segunda família, Gessé, meu pai, Claudicea, minha mãe, minhas duas irmãs
Ágda Christiane e Ádma Patrícia, meus cunhados e sobrinhos queridos que são exemplos em
minha vida, pela união que nós temos e o aconchego do nosso lar, amo vcs!
A minha terceira família, meu sogro Gilvandro, minha sogra Marizete, meus cunhados
João Neto e Gilvandro Junior que juntamente com Amanda e Samuel tem me proporcionado
momentos maravilhosos de felicidade, companheirismo, amor e carinho nos momentos em
que eu mais precisava.
Aos professores, Paulo Henrique, Franklin Pamplona, Eduardo Vidal, Álvaro, Artur,
Washington, Ronimack, Silvana, Danilo, Juarez, Kalina, Alfredo, Leonardo, entre outros, que
me ajudaram no aprendizado da vida acadêmica e desenvolvimento intelectual. Pelos
ensinamentos e conselhos que foram de fundamental importância para enfrentar o mercado de
trabalho.
Aos meus queridos colegas e amigos do curso de engenharia que foram uma
inspiração para conclusão deste curso, Samuel, Davi, Josué, Gilielson, Ingrid, Carol, Rávila,
Rodrigo, Paulo, Marla, Rayssa, Ana Maria, Duda, Alysson, Augusto, Dennis, Danilo, Anne,
Evaldo e todos, que não são menos importantes, que contribuíram direta ou indiretamente
para esta conquista. Obrigado!
4

RESUMO

Uma das maiores descobertas que contribuem para o desenvolvimento e auxiliam nas mais
diversas atividades são sem dúvida os motores elétricos. Novas tecnologias vêm sendo
estudadas a décadas e várias formas de desenvolvimento de motores estão surgindo. A
tendência é a substituição dos motores convencionais por motores de alto rendimento, aqueles
cuja eficiência energética esteja acima de 80%. Para este TCC foram desenvolvidos três
protótipos e analisados os materiais que os compõem e suas características eletromecânicas,
sendo observados os seguintes parâmetros: rotação, tensão, corrente e potência. Os motores
em questão são alimentados com corrente contínua pulsada, não possuem escovas e utilizam a
força eletromotriz e a força contra eletromotriz no processo de funcionamento. Os protótipos
dos motores de Keppe e Bedini desenvolvidos podem funcionar como geradores elétricos,
pois a força contra eletromotriz gerada nas bobinas do estator, no limiar da mudança de
polaridade do campo magnético, pode ser utilizada para outras finalidades, como por
exemplo, iluminação ou recarga de baterias. Os ensaios foram realizados levando-se em
consideração os motores em aberto e com diferentes cargas resistivas, variando-se a tensão de
alimentação com passos de 1 V até 24 V. Devido ao tipo de fixação dos ímãs no rotor, optou-
se por não fornecer aos motores tensão contínua superior a 24 V. Os ímãs de neodímio foram
usados no rotor devido à sua alta força coercitiva. Todos os ensaios foram realizados no
Laboratório de Telecomunicações do IFPB – campus João Pessoa. Os resultados mostraram
que os motores desenvolvidos apresentam baixo consumo de energia e geram formas de onda
com amplitude que variam de 35 V a aproximadamente 500 V (motor de Keppe). Nos ensaios
dos motores de Keppe e Bedini desenvolvido observou-se que ambos respondem de forma
praticamente linear à variação de tensão, ou seja, quanto maior a tensão aplicada maior é a
corrente eficaz nas bobinas de força e, consequente, maior a rotação do motor. Este trabalho
serve para análise e apresentação dos resultados de protótipos de motores Keppe e Bedini.
Palavras-Chave: Motor de Keppe. Motor de Bedini. Conversão Eletromecânica de Energia.
5

ABSTRACT

One of the biggest discoveries that contribute to the development and help in the most diverse
activities are undoubtedly the electric motors. New technologies have been studied for
decades and various forms of engine development are emerging. The trend is to replace
conventional engines with high-performance engines, those whose energy efficiency is above
80%. For this CBT, three prototypes were developed and the materials that compose them and
their electromechanical characteristics were analyzed, with the following parameters: rotation,
voltage, current and power. The motors in question are driven by pulsed direct current, do not
have brushes and use electromotive force and electromotive force in the process of operation.
The prototypes of developed Keppe and Bedini motors can function as electric generators,
since the electromotive force generated on the stator coils, at the threshold of the change of
polarity of the magnetic field, can be used for other purposes, such as lighting or recharging
of batteries. The tests were carried out taking into account the open motors and with different
resistive loads, varying the supply voltage in steps of 1 V up to 24 V. Due to the type of
fixation of the magnets in the rotor, it was decided not to To provide DC motors with DC 24
V. Neodymium magnets were used in the rotor because of their high coercive force. All the
tests were carried out at the IFPB Telecommunication Laboratory - João Pessoa campus. The
results showed that the developed motors have low power consumption and generate
waveforms ranging from 35 V to about 500 V (Keppe motor). In the tests of developed Keppe
and Bedini engines it was observed that both respond in a linear way to the voltage variation,
ie, the higher the applied voltage, the higher the effective current in the power coils and,
consequently, the greater the motor rotation. This work is for the analysis and presentation of
the prototype results of Keppe and Bedini engines.
Keywords: Keppe engine. Bedini engine. Electromechanical Energy Conversion.
6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Diagrama de ligação do motor de Keppe ................................................................ 18


Figura 2 – Protótipo para estudo das características do motor de Keppe ................................. 18
Figura 3 – Diagrama motor de Bedini ...................................................................................... 19
Figura 4 – Protótipo do motor de Bedini – IFPB / 2015 .......................................................... 20
Figura 5 – Protótipo do motor de Bedini Window ................................................................... 20
Figura 6 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V do motor de Keppe ... 22
Figura 7 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 15 V do motor de Keppe ... 23
Figura 8 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 20 V do motor de Keppe ... 23
Figura 9 – Gráfico da corrente de entrada pela variação de tensão na entrada do motor de
Keppe ........................................................................................................................................ 24
Figura 10 – Gráfico da corrente de saída pela variação de tensão na carga do motor de Keppe
.................................................................................................................................................. 24
Figura 11 – Gráfico da potência de entrada pela variação de tensão da fonte do motor de
Keppe ........................................................................................................................................ 25
Figura 12 – Gráfico da potência de saída pela variação da tensão da fonte do motor de Keppe
.................................................................................................................................................. 25
Figura 13 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V do motor de Keppe . 26
Figura 14 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 20 V do motor de Keppe . 26
Figura 15 – Gráfico da corrente de entrada pela tensão de entrada do motor de Keppe .......... 27
Figura 16 – Gráfico da corrente de saída da fonte pela tensão de saída do motor de Keppe ... 27
Figura 17 – Gráfico da potência de entrada pela variação da tensão de entrada do motor de
Keppe ........................................................................................................................................ 28
Figura 18 – Gráfico da potência de saída na carga pela variação da tensão de saída do motor
de Keppe ................................................................................................................................... 28
Figura 19 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 10 V do motor de Bedini . 29
Figura 20 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V do motor de Bedini . 29
Figura 21 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 24 V do motor de Bedini . 29
Figura 22 – Gráfico da corrente de entrada pela variação da tensão da fonte do motor de
Bedini ....................................................................................................................................... 31
Figura 23 – Gráfico da potência de entrada em relação a tensão de entrada do motor de Bedini
.................................................................................................................................................. 31
7

Figura 24 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 9 V e carga resistiva de 1


k do motor de Bedini ............................................................................................................. 32
Figura 25 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V e carga resistiva de 1
k do motor de Bedini ............................................................................................................. 32
Figura 26 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 24 V e carga resistiva de 1
k do motor de Bedini ............................................................................................................. 32
Figura 27 – Corrente de entrada pela variação de tensão na fonte com carga de 1 k............ 33
Figura 28 – Corrente de saída pela variação de tensão na fonte com carga resistivas de 1 k
do motor de Bedini ................................................................................................................... 34
Figura 29 – Potência de entrada em relação a variação da tensão de entrada no motor de
Bedini com carga resistiva de 1 k .......................................................................................... 34
Figura 30 – Potência de saída pela variação da tensão de saída no motor de Bedini para uma
carga resistiva de 1 k ............................................................................................................. 34
Figura 31 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V e sem carga do motor
de Bedini Window .................................................................................................................... 35
Figura 32 – – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 17 V e sem carga do
motor de Bedini Window ......................................................................................................... 35
Figura 33 – – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 20 V e sem carga do
motor de Bedini Window ......................................................................................................... 36
Figura 34 – Corrente de entrada em relação a variação da tensão de entrada do motor de
Bedini Window sem carga ........................................................................................................ 37
Figura 35 – Potência de entrada pela variação da tensão de entrada do motor de Bedini
Window sem carga ................................................................................................................... 37
8

LISTA TABELAS

Tabela 1 – Análise eletromecânica do motor Keppe com carga de 1 k ................................ 23


Tabela 2 – Análise eletromecânica do motor Keppe com carga de 10 k .............................. 26
Tabela 3 – Ensaio do motor de Bedini em aberto..................................................................... 30
Tabela 4 – Ensaio do motor Bedini com carga de 1 k ........................................................... 33
Tabela 5 – Ensaio do motor Bedini Window em aberto........................................................... 36
9

LISTA DE SIGLAS

DDP – Diferença de Potencial


FEM – Força Eletromotriz
RPM – Rotações por Minutos
FCEM – Contra Força Eletromotriz
AWG – American Wire Gauge (escala americana normalizada)
SSG – Simplified School Girl Motor (motor simplificado da garota da escola)
10

Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

1.1 MOTIVAÇÃO .................................................................................................................. 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 13

2.1 GERAL .............................................................................................................................. 13

2.2 ESPECÍFICO .................................................................................................................... 13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 14

3.1 LEI DE FARADAY .......................................................................................................... 14

3.2 LEI DE BIOT-SAVART:................................................................................................. 15

3.3 PRIMEIRA LEI DE OHM .............................................................................................. 15

3.4 SEGUNDA LEI DE OHM: .............................................................................................. 16

4 ANÁLISES DOS MOTORES ............................................................................................ 17

4.1 MOTOR DE KEPPE ........................................................................................................ 17

4.2 MOTOR DE BEDINI ....................................................................................................... 19

4.3 BEDINI WINDOW .......................................................................................................... 20

5 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 21

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 22

6.1 RESULTADOS ................................................................................................................. 22

6.1.1 Motor de Keppe ............................................................................................................. 22

6.1.2 Motor de Bedini ............................................................................................................. 28

6.1.3 Motor Bedini Window ................................................................................................... 35

6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 37

7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

As mudanças climáticas são evidentes não só em nosso país, mas em todo mundo e
isso nos faz mais conscientes sobre a importância de encontrarmos fontes alternativas de
energia mais eficientes e sustentáveis. De acordo com a concepção de Marques (2015), “as
crises ambientais tornam inadiável a necessidade de uma reflexão sobre o caos socioambiental
em que corremos risco de naufragar”. Uma das alternativas para amenizar esses
acontecimentos é o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a questão da
eficiência energética.
Os motores de alta eficiência e desempenho podem ser uma alternativa para a
diminuição do consumo de energia elétrica e consequentemente, a redução da degradação do
meio ambiente Keppe (2010). A constante necessidade da criação e utilização de fontes de
energia alternativas tem despertado na comunidade científica o interesse em desenvolver
tecnologias que possibilitem ao ser humano um uso mais racional da energia elétrica. O
desenvolvimento de motores de alto rendimento que podem economizar até 90% de
eletricidade, traz um benefício significativo para o meio ambiente e para a economia de uma
nação. Segundo Keppe (2010), os motores elétricos de baixa potência são os mais utilizados,
pois acionam eletrodomésticos, ferramentas elétricas, bombas hidráulicas, sistemas de
refrigeração doméstica, etc. Se levarmos em consideração a quantidade de motores utilizados
hoje, eles somam centenas de milhões e estão diretamente vinculados ao desenvolvimento de
um país ou região, pois todos os anos mais motores são adquiridos por consumidores.
O objeto de estudo deste trabalho de conclusão de curso são dois tipos de motores
elétricos, com rotor que utiliza ímãs permanentes, sem escovas, conhecidos como motor de
Keppe e motor de Bedini.
Estas máquinas são de fácil construção, apresentam alta eficiência e não necessitam de
ferro no estator ou rotor, características que reduzem seu custo de fabricação e podem
contribuir de forma eficaz para a redução do consumo de energia de nosso planeta. Suas
bobinas de campo são alimentadas por correntes elétricas contínuas pulsantes, que são geradas
em circuitos eletrônicos de chaveamento apropriados de acordo com a frequência do rotor.
Como não possui partida própria, estes tipos de motores precisam de um esquema auxiliar de
partida, que pode ser manual ou automática.
12

Em larga escala, o uso de motores de alto rendimento e geradores inteligentes em


máquinas industriais, contribuiria para a redução do risco de falta de energia elétrica.
Contudo, afirma Keppe (2010), o processo de substituição de motores elétricos não parece ser
tão imediato como foi para a substituição da iluminação incandescente, porém seu impacto
econômico na redução de custos pode ser até maior.
A pesquisa encontra os seus fundamentos nas leis do eletromagnetismo e da dinâmica
do movimento circular para estudar empiricamente a conversão eletromecânica no motor de
Keppe e geração de energia alternativa do motor de Bedini.
13

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Verificar o comportamento eletromecânico do motor de Keppe e motor de Bedini, no


que diz respeito a desenvolvimento, consumo de energia e potência elétrica.

2.2 Específico

• Desenvolver motores com alta eficiência energética, de baixo custo baseados nas
tecnologias de Keppe e Bedini;
• Caracterizar o motor de Keppe e motor de Bedini em relação a consumo, tensão,
corrente, potência;
• Comprovar eficiência energética dos motores de Keppe e Bedini;
• Apresentar vantagens e desvantagens das máquinas de Keppe e Bedini;
• Contribuir com os estudos de novas tecnologias baseadas no estudo do motor de
Keppe e motor de Bedini.
14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O estudo das máquinas elétricas de Keppe e Bedini envolve o uso dos princípios que
regem a conversão eletromecânica de energia (ROCHA PINTO, 2011). Seus fundamentos são
encontrados na teoria eletromagnética, principalmente nas leis de Biot-Savart, Ampère,
Faraday e Lenz (HALLIDAY D., et al. 2012; SADIKU, M. N. 2012).
As equações utilizadas no desenvolvimento dos protótipos de Keppe e Bedini estão
apresentadas a seguir:

3.1 Lei de Faraday

 
A interação entre o campo magnético B e o campo elétrico E produz uma corrente

elétrica e a variação do campo magnético B em uma determinada espira induz um campo
elétrico. Essa interação entre um campo magnético e o campo elétrico induzido é chamada de
Lei de Faraday (HALLIDAY, 2012).
A Lei de Faraday está presente em nossos dias atuais como, por exemplo, em um
instrumento musical ou até mesmo em geradores que produzem energia pera o nosso
consumo.
Faraday (Apud HALLIDAY, 2012), conseguiu mostrar que se existe movimento
relativo entre a espira e o campo magnético, é induzida uma corrente na espira chamada de
corrente de indução. Ao trabalho produzido pelo movimento dos elétrons dar-se o nome de
Força Eletromotriz.
Em termos quantitativos a aplicação desta lei nos dá a seguinte expressão:

 
fem   E  dl (1)
c

Em que E representa o campo elétrico no elemento dl do caminho C. O fluxo num
caminho fechado C é dado por
 
 B   B  ds (2)
s

Com B representando o vetor densidade de fluxo magnético aplicado ao circuito. A lei de
Faraday pode ser escrita na forma
d B
fem   (3)
dt
15

Ou equivalentemente,
 d  
 E  dl   dt  B  ds
c s
(4)

3.2 Lei de Biot-Savart:

Quando um condutor elétrico é atravessado por uma corrente elétrica, aparecerá


espontaneamente um campo magnético em sua volta. Uma característica deste campo magnético é
ser constituído por linhas de força que são circulares de forma que podemos colocar bússolas em
diferentes pontos da extremidade do campo e o Norte de cada uma delas estará voltado sempre
para a direção tangencial das linhas do campo. Este efeito foi descoberto por Hans Christian
Oersted, que percebeu através de experiências que uma agulha magnética posicionada
paralelamente a um condutor elétrico sofreria deflexão significativa em relação a sua posição
original. Podemos saber a direção e o sentido do campo magnético gerado através da Regra da
Mão Direita e o seu valor em diferentes pontos através da Lei de Biot-Savart.

B    ni (5)
n Ni
l (6)

Em que:


B É a densidade do fluxo magnético, (T) ou (Wb/m2)
 É a permeabilidade magnética
n É a densidade das espiras, (esp/m)
i É a corrente da espira, (A)
l É comprimento da espira, (mm²)

3.3 Primeira Lei de Ohm

A primeira Lei de Ohm mostra que em uma carga ôhmica (resistência constante)
mantido à temperatura constante, a intensidade (i) de corrente elétrica será proporcional à
diferença de potencial (ddp) aplicada entre suas extremidades. É representada pela equação a
seguir:
V  R I (7)
16

V
I (8)
R
P V  I (9)
Em que:

P Corresponde a potência na carga dado em (W)


V Corresponde a tensão de alimentação da carga (V)
R Corresponde a carga instalada (Ω)
I Corresponde a corrente do circuito (A)

3.4 Segunda Lei de Ohm:

A segunda Lei de Ohm estabelece que a resistência elétrica de um material é diretamente


proporcional ao seu comprimento, inversamente proporcional à sua área de secção transversal. É
representada pela seguinte equação:
L
R  (10)
A
Em que:

R É a resistência elétrica do material, ()


 É a resistividade elétrica do mesmo, (m)
L É o comprimento do material, (m)
A É a área da seção transversal do material (m2)

O cálculo da rotação em rpm foi realizado considerando os motores como assíncronos


por sua rotação variar de acordo com a variação da carga.

fo
n(rpm)  120  (11)
Np
Em que:

n É a velocidade de rotação no eixo (rpm)


f o É a frequência de operação da máquina mostrado pelo osciloscópio (Hz)
Np É o número de polos da máquina
17

4 ANÁLISES DOS MOTORES

4.1 Motor de Keppe

De acordo com o conceito de (KEPPE et al 2013), é um motor a frio que utiliza tensão
contínua pulsada e não apresenta escovas para seu funcionamento. Pode funcionar como
gerador, ao mesmo tempo em que entrega energia potencial mecânica e torque de trabalho. O
motor de Keppe foi desenvolvido de acordo com os princípios revolucionários do cientista
brasileiro Norberto R. Keppe (2010). Sua estrutura física compreende uma forma simplificada
de montagem que traz uma vantagem significativa de utilização em detrimento de outros tipos
de motores convencionais. Não possui núcleo de chapas laminadas, o que o torna mais leve e
economicamente viável. Outra característica intrínseca a este tipo de motor é a não dissipação
de calor, consequentemente perdas por efeito Joule baixas, otimizando o processo de
conversão eletromecânica, aumentando a eficiência do motor, podendo chegar até 99 %
segundo Keppe (2010). Utiliza, no rotor, ímãs permanentes de neodímio por serem ímãs com
força coercitiva mais elevada se comparados com outros tipos de ímãs.
A geração de energia dá-se na forma de pulso de corrente continua nas bobinas do
estator, com o surgimento da FCEM no momento exato em que acontece a descarga da
energia armazenada nas bobinas, cuja amplitude pode chegar a mais de 500 Vpp.
Os componentes básicos e princípio de funcionamento do motor de Keppe pode ser
melhor compreendido com o auxílio da Figura 1, que trata do diagrama de ligação do Motor.
O motor é composto por um rotor de ímãs permanentes e um estator com as bobinas
de campo A e B indicadas na Figura 1. As bobinas de campo em série são alimentadas por
meio de uma bateria de 9 V ou fonte de corrente contínua e uma chave magnéticas reed-
switch.
18

Figura 1 – Diagrama de ligação do motor de Keppe

Fonte: United States Patent Keppe US8546985 – 2013

A imagem apresentada na Figura 2 é de um protótipo construído pelos discentes no


IFPB, em 2014. Um vídeo disponível na Internet mostrando maiores detalhes da construção e
funcionamento deste primeiro protótipo de motor de Keppe pode ser encontrado no endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=7GJoGwR-DU0.

Figura 2 – Protótipo para estudo das características do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2014


19

4.2 Motor de Bedini

O motor de Bedini tem ação geradora e possui rotor com ímãs permanentes
posicionados de forma a ficarem com a mesma polaridade, assumindo uma condição
momentânea de oposição magnética com o polo do estator, sendo este composto pelas
bobinas de força, chaveamento e recuperação de energia (BEDINI 2003). Conforme indicado
na Figura 3, a energia da FCEM induzida retificada pode ser utilizada na iluminação ou
armazenada num capacitor e transferida para recarga de baterias.

Figura 3 – Diagrama motor de Bedini

Fonte: Patente Bedini, US6545444 B2 – 2003

O projeto das bobinas solenoides do estator é de extrema importância para a obtenção


do fluxo magnético adequado ao funcionamento dos motores de Keppe e Bedini. Alguns
parâmetros elétricos e de construção do motor estão associados ao projeto de um solenoide:
corrente elétrica, número de espiras, bitola do fio (AWG) e tipo de núcleo magnético.
Existem alguns tipos de circuitos eletrônicos para alimentação e controle da máquina
de Bedini. Neste projeto será abordado o circuito, SSG que tem por finalidade o controle da
geração de energia.
A imagem apresentada na Figura 4 é de um protótipo construído em parceria com o
orientador do projeto no IFPB, em 2015.
20

Figura 4 – Protótipo do motor de Bedini – IFPB / 2015

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Este motor de Bedini foi cedido pelo professor Dr. Paulo Henrique da Fonseca Silva e
utilizado como parte fundamental das análises trabalho de conclusão de curso.

4.3 Bedini Window

Além do motor de Keppe e do motor gerador de Bedini SSG um novo protótipo foi
confeccionado para o estudo e desenvolvimento de novas tecnologias no que diz respeito a
conversão eletromecânica de energia. O Bedini Window é um motor com ação geradora que
tem a mesma função do Bedini SSG abordado anteriormente. Suas características se diferem
pela forma de construção do motor, mas seu princípio de funcionamento é o mesmo. Ímãs
permanentes girando e interagindo com o campo magnético produzido por uma corrente
contínua pulsante em uma bobina, induzindo uma tensão, também pulsante, que pode ser
armazenada em uma bateria por exemplo. A proposta deste motor é aperfeiçoar o processo de
geração desses pulsos de tensão para melhorar o processo de utilização e armazenamento do
mesmo. A Figura 5 apresentada é de um protótipo desenvolvido pelos discentes do IFPB.

Figura 5 – Protótipo do motor de Bedini Window

Fonte: Acervo pessoal, 2015


21

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento dos motores de Keppe e Bedini, a metodologia utilizada neste


estudo é empírica experimental e pode ser separada em duas fases distintas:
• Ensaios eletromecânicos;
• Análise dos resultados.
Os componentes principais para a construção destes motores consistem de ímãs de
neodímio (Nd2Fe14B), bobinas de fio de cobre esmaltado, núcleos magnéticos, componentes
eletrônicos e outras partes mecânicas. Esses componentes são fáceis de serem encontrados no
comércio local de João Pessoa e apresentam custo acessível, que permite a fabricação própria
dos protótipos.
Os dados obtidos nos ensaios de medição do comportamento dinâmico dos motores
construídos são reunidos na forma de gráficos de parâmetros, como o estudo da corrente
elétrica, geração de tensão e frequência de rotação. Como medição final foi verificada a
potência de entrada e a potência de saída para constatar a eficiência dos protótipos
desenvolvidos em questão.
O período da forma de onda de corrente contínua pulsada na bobina de campo medida
em um osciloscópio é uma indicação precisa da frequência de rotação do eixo do motor, sua
amplitude indica o valor da FCEM induzida. Para este procedimento foi utilizado a equação
(11).
Incialmente foi analisado o funcionamento do motor de Keppe utilizando como
instrumento para o estudo um osciloscópio Agilent infiniiVision DSO-X2012A, bem como um
multímetro Keysight U3402A, fornecidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Paraíba campus João Pessoa onde foram realizados os ensaios. Foram feitas
séries de ensaios com diferentes tensões de entrada e analisadas as tensões, correntes e
potência de entrada e saída, frequências de funcionamento, bem como a rotação do motor. A
relação das potências de entrada e saída foi realizada através de cálculos. Foi analisado o
comportamento eletromecânico do motor de Keppe mediante a aplicação de diferentes níveis
de tensão. O estudo foi realizado com os mesmos instrumentos de medição do motor de
Bedini.
22

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Serão apresentadas todas as medições feitas em forma de gráfico com um resumo em


formato de tabela no final de cada apresentação para melhor entendimento das medições.

6.1 Resultados

Como procedimento dos ensaios e estudo dos motores em questão, utilizamos cargas
puramente resistivas para análise eletromecânica dos mesmos.

6.1.1 Motor de Keppe

Os primeiros ensaios realizados foram com o motor de Keppe. Foi feito a análise e
estudo eletromecânico do motor.
Para iniciar os ensaios no motor de Keppe foram feitas medições no mesmo com carga
resistiva de 1 k e uma tensão de alimentação de 12 V, que é a tensão mínima para o
funcionamento do protótipo do motor de Keppe desenvolvido em laboratório, a tensão foi
incrementada com passo de 1 V até 24 V, para analise eletromecânica do motor. Os resultados
obtidos contribuem para melhor entendimento do processo de funcionamento do motor de
Keppe. As Figuras 6 a 8 apresentam as curvas característica do ensaio.

Figura 6 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015


23

Figura 7 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 15 V do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 8 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 20 V do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

A partir dos resultados do ensaio com carga puramente resistiva de 1 k, a Tabela 1
foi construída levando em considerações as tensões, correntes e potências medidas, de entrada
e saída, bem como frequências e rotações para o protótipo de motor de Keppe.

Tabela 1 – Análise eletromecânica do motor Keppe com carga de 1 k

Tensão Corrente Potência Tensão Corrente Potência


Frequência Rotação
Fonte Fonte Fonte Carga Carga Carga
(Hz) (rpm)
(V) (mA) (W) (V) (mA) (W)
12 70 0,84 12,40 10,30 0,13 6,67 399,96
13 80 1,04 13,80 11,30 0,16 6,80 408,18
14 85 1,19 14,40 12,10 0,17 8,55 512,82
15 95 1,43 15,30 12,85 0,20 9,09 545,46
16 110 1,76 16,50 13,90 0,23 9,62 576,90
24

17 120 2,04 18,30 15,40 0,28 10,20 612,24


18 130 2,34 18,80 15,80 0,30 10,42 625,02
19 145 2,76 21,60 18,20 0,39 10,87 652,20
20 150 3,00 23,50 19,70 0,46 11,36 681,84
21 155 3,26 24,70 20,70 0,51 12,05 722,88
22 165 3,63 26,50 22,30 0,59 12,20 731,70
23 180 4,14 27,20 22,90 0,62 12,50 750,00
24 200 4,80 28,20 23,70 0,67 12,99 779,22

A partir dos dados listados na Tabela 1, o desempenho do protótipo foi inicialmente


avaliado em termos da curva de valores de corrente de entrada e saída em função da variação
de tensão na fonte. Também foi avaliado o desempenho considerando as correntes de entrada
e saída em função da variação de tensão na carga, bem como as potências de entrada e saída,
sempre pela variação da tensão na fonte conforme Figuras 9 a 12.

Figura 9 – Gráfico da corrente de entrada pela variação de tensão na entrada do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 10 – Gráfico da corrente de saída pela variação de tensão na carga do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015


25

Figura 11 – Gráfico da potência de entrada pela variação de tensão da fonte do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 12 – Gráfico da potência de saída pela variação da tensão da fonte do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Finalizados os ensaios do motor de Keppe com carga resistiva de 1 k, foram feitos
ensaios do mesmo com carga resistiva de 10 k. A tensão de partida com o motor com carga
de 10 k começou em 12 V e foi feito incremento de tensão com passo de 1 V até 24 V, para
analise eletromecânico do mesmo motor e estudo das diferenças deste motor com carga de 10
k e 1 k. Esses resultados poder ser observados nas Figuras 13 e 14, e a análise destes
mesmos resultados é vista na seção 6.2 deste trabalho
26

Figura 13 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 14 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 20 V do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

A partir dos resultados medidos do teste com carga resistiva de 10 k a Tabela 4 foi
construída reunindo as informações de tensão, corrente e frequência medidas para o protótipo
de motor de Keppe.

Tabela 2 – Análise eletromecânica do motor Keppe com carga de 10 k

Tensão Corrente Potência Tensão Corrente Potência


Frequência Rotação
Fonte Fonte Fonte Carga Carga Carga
(Hz) (RPM)
(V) (mA) (W) (V) (mA) (W)
12 80 0,96 15 1,53 0,023 7,519 451,14
13 85 1,11 16,2 1,65 0,027 8,197 491,82
14 95 1,33 17,8 1,81 0,032 8,772 526,32
15 110 1,65 19,2 1,95 0,037 9,434 566,04
27

16 120 1,92 20 2,04 0,041 10,002 600,12


17 130 2,21 21 2,14 0,045 10,638 638,28
18 145 2,61 22,5 2,29 0,052 11,11 666,6
19 150 2,85 23,6 2,4 0,057 11,304 678,24
20 155 3,10 24,1 2,45 0,059 12,195 731,7
21 165 3,47 24,7 2,52 0,062 12,505 750,3
22 180 3,96 25,6 2,61 0,067 12,601 756,06
23 200 4,60 26,8 2,73 0,073 13,045 782,7
24 210 5,04 27,9 2,84 0,079 14,002 840,12

As Figuras 15 a 18 representam as curvas das correntes de entrada e saída,


respectivamente, em função da variação de tensão de entrada e saída, bem como as potências
de entrada e saída, sempre pela variação da tensão de entrada do protótipo de motor de Keppe,
com carga resistiva de 10 k, desenvolvido em laboratório.

Figura 15 – Gráfico da corrente de entrada pela tensão de entrada do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 16 – Gráfico da corrente de saída da fonte pela tensão de saída do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015


28

Figura 17 – Gráfico da potência de entrada pela variação da tensão de entrada do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 18 – Gráfico da potência de saída na carga pela variação da tensão de saída do motor de Keppe

Fonte: Acervo pessoal, 2015

6.1.2 Motor de Bedini

Para iniciar os ensaios do motor de Bedini foi feito ensaio no motor a vazio com uma
tensão de entrada de 5 V, que é a tensão mínima para o funcionamento do protótipo de Bedini
desenvolvido em laboratório. Esta tensão foi aumentada com incrementos de 1 V até 24 V. As
correntes inicialmente foram verificadas acoplando o multímetro digital U3402A em série
com o circuito do motor de Bedini. Nos gráficos apresentados estão os picos das tensões de
saída (FCEM). Os resultados obtidos contribuem para melhor entendimento do processo de
funcionamento e geração do motor de Bedini e estão apresentados nas Figuras 19 a 21. As
análises podem ser vistas na seção 6.2 deste trabalho.
29

Figura 19 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 10 V do motor de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 20 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V do motor de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 21 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 24 V do motor de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015


30

A partir dos resultados obtidos dos ensaios em aberto do motor de Bedini, a Tabela 3
foi construída reunindo os resultados das medições das tensões, correntes, potências e
frequências. A partir dos dados listados na Tabela 3, o desempenho do protótipo foi
inicialmente avaliado em termos de curvas de corrente e potência pela variação da tensão
tanto na entrada (fonte) como na saída (carga).

Tabela 3 – Ensaio do motor de Bedini em aberto

Tensão Corrente Potência Tensão Corrente Potência


Frequência Rotação
Fonte Fonte Fonte Saída Saída Saída
(Hz) (RPM)
(V) (mA) (W) (V) (mA) (W)
5 100 0,5 6,26 0,0 0,0 13,37 401,07
6 120 0,7 7,25 0,0 0,0 16,50 495,06
7 180 1,3 9,39 0,0 0,0 20,41 612,24
8 220 1,8 11,2 0,0 0,0 23,31 699,3
9 260 2,3 12,59 0,0 0,0 25,91 777,21
10 300 3,0 13,8 0,0 0,0 29,07 872,1
11 350 3,9 14,3 0,0 0,0 31,75 952,38
12 380 4,6 15,2 0,0 0,0 33,67 1010,1
13 420 5,5 16 0,0 0,0 35,46 1063,83
14 440 6,2 16,4 0,0 0,0 36,63 1098,9
15 460 6,9 17,2 0,0 0,0 37,74 1132,08
16 480 7,7 19,3 0,0 0,0 38,31 1149,42
17 530 9,0 19,6 0,0 0,0 40,00 1200
18 560 10,1 20,2 0,0 0,0 40,98 1229,49
19 580 11,0 20,8 0,0 0,0 41,49 1244,82
20 610 12,2 21,4 0,0 0,0 42,56 1276,77
21 640 13,4 21,9 0,0 0,0 43,67 1310,04
22 650 14,3 22,05 0,0 0,0 45,05 1351,35
23 700 16,1 22,8 0,0 0,0 45,66 1369,86
24 750 18,0 23,6 0,0 0,0 46,95 1408,44

Para o cálculo da rotação, consideramos o motor de Bedini uma máquina com 4 pólos,
conforme a fixação de 4 ímãs no rotor. Os cálculos tiveram como base a equação (11).
As Figuras 22 e 23 apresentam os gráficos resultantes das medições da corrente de
entrada, levando em consideração a variação de tensão de entrada, bem como a potência de
entrada, pela variação da tensão de entrada do protótipo do motor de Bedini desenvolvido
para a análise.
31

Figura 22 – Gráfico da corrente de entrada pela variação da tensão da fonte do motor de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 23 – Gráfico da potência de entrada em relação a tensão de entrada do motor de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Após os estudos do motor de Bedini em aberto foram feitos ensaios do mesmo motor
com carga resistiva de 1 k. A tensão de partida do motor com carga de 1 k começou em 9
V incrementando-se a tensão com passos de 1 V até 24 V, para analisar o comportamento do
motor e estudar as diferenças do mesmo sem carga e com carga de 1 k. Alguns destes
resultados são observados nas Figuras 24 a 26.
32

Figura 24 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 9 V e carga resistiva de 1 k do motor


de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 25 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V e carga resistiva de 1 k do


motor de Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 26 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 24 V e carga resistiva de 1 k do


motor de Bedini

Fonte Acervo pessoal, 2015


33

A análise dos resultados das curvas de tensões geradas de saída do motor de Bedini
para uma carga resistiva de 1 k é realizada na seção 6.2 deste TCC.
A partir das medições do ensaio com carga resistiva de 1 k, a Tabela 4 foi construída
reunindo as tensões, correntes, potências e frequências medidas para o protótipo de motor de
Bedini apresentado na Figura 4.

Tabela 4 – Ensaio do motor Bedini com carga de 1 k


Corrente Potência Tensão Corrente Potência
Tensão Frequência Rotação
Fonte Fonte Carga Carga Carga
Fonte (V) (Hz) (RPM)
(mA) (W) (V) (mA) (W)
9 200 1,8 12,1 12,23 0,15 13,44 403,2
10 205 2,05 15,5 15,67 0,24 16,56 496,8
11 210 2,31 13,7 13,85 0,19 20,49 614,7
12 220 2,64 15,6 15,77 0,25 20,08 602,4
13 240 3,12 17,3 17,49 0,30 21,74 652,2
14 265 3,71 18,9 19,11 0,36 29,07 872,1
15 280 4,2 20,8 21,03 0,44 24,88 746,4
16 320 5,12 23,7 23,96 0,57 27,03 810,9
17 350 5,95 26,3 26,59 0,70 28,99 869,7
18 400 7,2 28,4 28,72 0,82 30,49 914,7
19 430 8,17 30,7 31,04 0,95 31,75 952,5
20 460 9,2 32,7 33,06 1,08 33,33 999,9
21 500 10,5 35,3 35,69 1,26 35,46 1063,8
22 530 11,66 37,1 37,51 1,39 35,97 1079,1
23 550 12,65 38,9 39,33 1,53 37,17 1115,1
24 570 13,68 40,7 41,15 1,67 37,45 1123,5

A partir dos dados listados na Tabela 4, foram plotadas as curvas apresentadas nas
Figuras 27 a 30, resultantes dos estudos de tensão, corrente e potência, na entrada e na saída,
do protótipo de motor de Bedini com carga resistiva de 1 k desenvolvido.

Figura 27 – Corrente de entrada pela variação de tensão na fonte com carga de 1 k

Fonte: Acervo pessoal, 2015


34

Figura 28 – Corrente de saída pela variação de tensão na fonte com carga resistivas de 1 k do motor de
Bedini

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 29 – Potência de entrada em relação a variação da tensão de entrada no motor de Bedini com
carga resistiva de 1 k

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 30 – Potência de saída pela variação da tensão de saída no motor de Bedini para uma carga
resistiva de 1 k

Fonte: Acervo pessoal, 2015


35

A análise dos resultados das curvas de tensões geradas de saída do motor de Bedini
para uma carga resistiva de 1 k é realizada na seção 6.2 deste TCC.

6.1.3 Motor Bedini Window

Após a conclusão dos ensaios e estudo do motor de Bedini SSG, foi dado continuidade
nas análises do motor de Bedini Window, conforme Figura 5. Foram feitos ensaios no motor
em circuito aberto para realizar a comparação dos ensaios nos motores de Bedini SSG e
Window. No Bedini Window desenvolvido a tensão inicial de partida é de 12 V. esta tensão
foi aumentada até o limite de 24 V. As Figuras de 31 a 33 mostram os picos de FCEM do
motor de Bedini Window. Os resultados são observados na seção 6.2 deste trabalho.

Figura 31 – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 12 V e sem carga do motor de Bedini
Window

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 32 – – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 17 V e sem carga do motor de Bedini
Window

Fonte: Acervo pessoal, 2015


36

Figura 33 – – Picos de FCEM a partir da alimentação de entrada de 20 V e sem carga do motor de Bedini
Window

Fonte: Acervo pessoal, 2015

As análises de tais desempenhos são discutidas na seção 6.2 deste trabalho.


A partir das medições do ensaio do motor de Bedini Window em aberto a Tabela 6 foi
construída reunindo as tensões, correntes, potências e frequências medidas para melhor
compreender e analisar os resultados do motor apresentado na Figura 5. As correntes foram
calculadas tendo como base a equação (8).

Tabela 5 – Ensaio do motor Bedini Window em aberto

Corrente Potência Tensão Corrente Potência


Tensão Frequência Rotação
Fonte Fonte Saída Saída Saída
Fonte (V) (Hz) (RPM)
(mA) (W) (V) (mA) (W)

12 265 3,18 13,40 0,00 0,00 9,65 289,5


13 280 3,64 16,50 0,00 0,00 12,99 389,7
14 285 3,99 22,80 0,00 0,00 18,55 556,5
15 300 4,50 26,20 0,00 0,00 21,14 634,3
16 315 5,04 32,20 0,00 0,00 23,26 697,8
17 335 5,70 34,20 0,00 0,00 24,88 746,4
18 370 6,66 39,40 0,00 0,00 26,46 793,7
19 410 7,79 41,80 0,00 0,00 27,70 831,0
20 420 8,40 51,10 0,00 0,00 35,50 1065,0
21 435 9,14 55,80 0,00 0,00 43,30 1299,0
22 445 9,79 61,65 0,00 0,00 51,10 1533,0
23 490 11,27 67,50 0,00 0,00 58,90 1767,0
24 510 12,24 73,35 0,00 0,00 60,50 1815,0
37

As Figuras 34 e 35 apresentam os gráficos resultantes dos estudos da tensão, corrente


e potência de entrada e saída, do protótipo de motor de Bedini Window desenvolvido em
laboratório.

Figura 34 – Corrente de entrada em relação a variação da tensão de entrada do motor de Bedini Window
sem carga

Fonte: Acervo pessoal, 2015

Figura 35 – Potência de entrada pela variação da tensão de entrada do motor de Bedini Window sem carga

Fonte: Acervo Pessoal, 2015.

6.2 Análise dos Resultados

De acordo com os resultados experimentais obtidos e das curvas características das


medições, verificou-se que no motor Keppe, o consumo de corrente elétrica é extremamente
baixa, quando comparado com um motor de mesma potência. Além disso, observa-se que a
velocidade rotacional do protótipo de motor de Keppe, responde de forma praticamente linear
38

à variação de tensão, ou seja, quanto maior a variação de tensão maior a rotação do motor. O
consumo de corrente do motor de Keppe é proporcional à tensão na carga e suas perdas por
efeito Joule são praticamente nulas, por se tratar de aplicação de tensão de entrada contínua
pulsante. A potência de entrada é de aproximadamente de 4,8 W com carga de 1 kΩ chegando
na saída a aproximadamente 0,7 W com tensão de 24 V e na carga de 10 kΩ a potência de
entrada chegou a aproximadamente a 5,04 W e de saída 0,079 W, levando em consideração
24 V de alimentação. Com carga de 10 kΩ a corrente na saída é 70 vezes menor em
comparação com a entrada. Nas partes construtivas do motor de Keppe, principalmente na
parte que compõem o estator, não foi necessário a utilização de núcleo de ferro magnético,
diminuindo consideravelmente seu peso e valor comercial. Devido a forma de fixação dos
ímãs de neodímio no rotor, optou-se por não fornecer tensões acima de 24 V. O motor de
Keppe apresenta torque moderado no regime permanente, o que comprova sua utilização
como ventiladores e outras máquinas que não necessitam de torque elevado.
No estudo do protótipo do motor de Bedini desenvolvido verificou-se que a velocidade
de rotação do mesmo respondeu de forma praticamente linear à variação de tensão, ou seja,
quanto maior a tensão aplicada maior é a corrente eficaz nas bobinas de força e, consequente,
maior também a rotação do motor. Diferentemente do motor de Keppe, o motor de Bedini
apresenta perda por efeito Joule correspondente à variação da tensão da fonte. O ensaio em
aberto (Tabela 3), mostra que a corrente drenada da fonte em função da tensão aplicada foi
relativamente baixa, se comparados com motores de mesma potência. No ensaio em aberto os
picos da FCEM chegaram a 92 V. Verificou-se também uma variação maior na frequência de
rotação do motor até uma tensão de 12 V. Para tensões entre 13 V e 24 V a frequência de
rotação do motor aumenta a uma taxa menor. No ensaio com carga de 1 kΩ verificou-se que a
tensão de saída é de 40,7 V, em quanto que a de entrada é de 24 V, um aumento de 16 V.
O motor de Bedini Window desenvolvido em laboratório apresentou uma melhoria
significava em comparação com o SSG, no nível de tensão FCEM induzida e com diminuição
da corrente em regime permanente. No ensaio do motor de Bedini Window, a potência de
entrada em 24 V apresenta aproximadamente 12,24 W no ensaio em aberto, o que mostra que
houve uma redução na potência em comparação com o ensaio em aberto do Bedini SSG.
Durante a análise, observou-se que a corrente de entrada no Bedini Window ficou em torno de
510 mA e a tensão de saída em 73,35 V uma elevação de aproximadamente 50 V em
comparação com o SSG. No processo de recargas de baterias, podemos utilizar os picos de
tensão FCEM do motor de Bedini para realizar tal processo. O SSG chegou a picos de 92
39

Vpp, em contrapartida, o Bedini Window apresentou picos de tensão com amplitude, que
quando analisados em 24 V, chegaram a quase 500 V, o que resulta em um processo de carga
mais eficaz de uma bateria, ou possibilidade de utilização em iluminação de forma mais
eficiente.
Estes resultados foram apresentados a fim de se considerar a influência da variação
das cargas resistivas alimentadas pelos protótipos de motores de Keppe e Bedini. Em relação
ao torque inicial, ambos não possuem tal torque, porém é possível desenvolver mecanismos
que atendam a esta necessidade. O motor de Keppe apresentou após início de rotação, um
torque relativamente maior, quando comparado com o de Bedini, fato este que pode
proporcionar potência mecânica de valor adequado no seu eixo viabilizando o uso do motor
de Keppe na indústria. Em contrapartida, o motor de Bedini pode ser utilizado no processo de
geração de energia sendo uma alternativa eficaz no que concerne a uma fonte de energia
limpa.
40

7 CONCLUSÃO

Este TCC contribuiu para o estudo dos protótipos de motores de Keppe e Bedini, que
foram desenvolvidos em laboratório, bem como, procurou descrever o desempenho
eletromecânico dos mesmos. Os motores de Keppe e Bedini fabricados foram alimentados até
o limite de 24 V devido ao material utilizado para o desenvolvimento dos rotores e a forma de
fixação dos ímãs. Para o rotor do motor de Keppe, foi utilizado uma barra de aço fixando os
ímãs na mesma. Para o rotor do motor de Bedini foi utilizado um disco de gesso e colado os
ímãs em cavidades feitas no material. O rotor do Bedini Window foi feito com um cilindro de
nylon fixando os ímãs sobre a superfície do mesmo. Os resultados obtidos estão condizentes
com o limite mecânico dos rotores e os objetivos propostos neste trabalho. Os ímãs de
neodímio, apesar de serem de custo elevado, foram usados porque apresentaram maior força
coercitiva em relação aos de outros materiais (ferrite, alnico, etc). O consumo de energia dos
motores é baixo o que contribui para a redução de consumo de energia elétrica. Os motores de
Bedini satisfazem a concepção de geração de energia pulsada, e pode ser utilizada em
iluminação ou carga de baterias. O Bedini SSG desenvolvido respondeu de forma mais lenta
em relação ao Bedini Window, fato este que se pôde comprovar observando os pulsos de
FCEM após a retificação, na saída dos motores. Os estudos realizados sobre os motores de
Keppe e Bedini no que diz respeito às características eletromecânicas, contribuíram para o
entendimento inicial dessas novas tecnologias e abre precedentes para que novos materiais
para construção desses protótipos sejam desenvolvidos. A escolha adequada das peças e
equipamentos pode contribuir para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de outros
protótipos.
41

REFERÊNCIAS

ROCHA PINTO, J. Conversão eletromecânica de energia. 1. ed. (BR): Biblioteca 24 Horas,


2011. 234p.
HALLIDAY D., et al. Fundamentos de física 3 – eletromagnetismo. 9ª ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012. 416p.
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