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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
FORTALEZA
2012
ii
Orientadora:
Profa. PhD. Ruth Pastora Saraiva Leão
FORTALEZA
2012
iii
CDD 621.3
iv
v
AGRADECIMENTOS
À Gyna, minha esposa, que cada dia me presenteia generosamente com seu amor, por ter
trilhado esta caminhada comigo. A ela dedico este trabalho.
Aos meus pais, Nídia e Lourenço, à minha irmã, Danielly. À minha vó Edna.
Ao Sr. Moacir e D. Elza, meu sogro e sogra, que sempre oram por mim como quem ora por
um filho.
Aos colegas da UFC: Samuel Pires, pelas novas ideias; Janaína Almada, pela ajuda com os
equipamentos; Reginaldo Silva, pelo compartilhamento de seus conhecimentos; aos demais
colegas que caminharam comigo ao longo desses anos na UFC, muito obrigado. À professora
Ruth, pelo acompanhamento neste estudo.
Ao Banco do Nordeste do Brasil, instituição da qual tenho orgulho de fazer parte, pela
facilitação proporcionada para a conclusão deste trabalho. Aos meus chefes, Marcos Antonino
e Ana Lígia, pelo incentivo concedido, e aos colegas do BNB, pela amizade de todos os dias.
A Deus, que me permitiu vencer os obstáculos e concluir esta etapa de minha vida.
vi
“Quando mais aprendo, quanto mais adquiro, mais certo estou de que nada sei.”
RESUMO
ABSTRACT
The present study aims to describe a power quality diagnosis construction methodology and
performance evaluation, with respect to the power quality, of the electrical grid of Federal
University of Ceará's Technology Center. It covers the main concepts related to power quality
and energy efficiency study, in addition to national and international standards which discuss
these topics. Considering the regulatory instructions and the reference values established in
these documents, a methodology for analyzing measurement data collected in a distribution
transformer of this grid using Excel® is described, and the power quality diagnosis
construction stages for this electrical system point. The described method application is
extended to the power grid that supplies the Technology Center, using data collected from a
measurement plan realized with the fifteen transformers which compose the network. From
the realized plan, the collected data analysis and the grid diagnosis, with respect to the power
quality, are presented. The results show that the indices of power quality and energy
efficiency of the grid under study violated the reference values established in standards,
mainly with respect to power factor and current total harmonic distortion, and also low
transformers loading, justifying the corrective and preventive actions proposed in this work to
improve the power quality and the efficient use of this resource in the monitored grid. For
rates of current harmonic distortion, for example, all the monitored points showed at least
80% of samples exceeding the reference value of 5%. Similarly, power factor was violated for
all monitored points, resulting in capacitor bank scaling for reactive power compensation with
power ratings estimated from 4 kVAr to 90 kVAr. There were also power factor reductions of
up to 74% due to the presence of harmonic currents. With respect to the loading of
transformers, many monitored units showed up underutilized, occurring loading indices below
10% in more than half of the monitoring time to thirteen monitored points.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Equipamento de medição conectado no lado de baixa tensão de uma unidade
consumidora cativa .............................................................................................................................. 28
Figura 3.3 – Faixas de tensão em relação à tensão de referência na baixa tensão ...................... 30
Figura 4.2 – Diagrama unifilar atual da rede elétrica do Campus do Pici .................................. 42
Figura 4.3 – Diagrama unifilar da rede elétrica do Campus do Pici após implantação das
proposições de modernização da rede ............................................................................................. 45
Figura 4.4 – Trecho do cronograma de execução das medições .................................................. 48
Figura 4.7 – Instalação da caixa metálica com o analisador em um ponto de medição ............ 52
Figura 4.8 – Trecho da forma padrão da planilha de medições .................................................... 54
Figura 4.9 – Exemplo de agregação de curvas de fator de potência por fase e fator de potência
total. ....................................................................................................................................................... 55
Figura 4.10 – Disposição do 14º ponto de medição ....................................................................... 57
Figura 4.11 – Perfis das correntes de fase do Transformador 14 .................................................. 58
Figura 4.14 – Razão entre a taxa de distorção harmônica total das correntes de fase do
Transformador 14 e o valor de referência de 5% ............................................................................ 61
Figura 4.15 – Perfis das taxas de distorção harmônica total das tensões do Transformador 14
................................................................................................................................................................ 62
Figura 4.16 – Perfis dos fatores de potência de deslocamento do Transformador 14 ............... 63
Figura 4.17 – Cálculo de banco de capacitores do Transformador 14 para elevação do fator de
potência a 0,92 indutivo ..................................................................................................................... 64
Figura 4.18 – Perfis dos fatores de potência reais do Transformador 14 ..................................... 64
Figura 4.19 – Diferença percentual entre o fator de potência de deslocamento e o fator de
potência real para o Transformador 14 ............................................................................................. 65
Figura 4.20 – Perfis das taxas de distorção harmônica total das correntes de fase do
Transformador 14, no período de 09/10 a 10/10/2011 ................................................................... 65
Figura 4.21 – Perfis da frequência fundamental, Hz, e de Hz+ e Hz– do Transformador 14 ... 66
Figura 4.22 – Perfis das potências ativas das fases do Transformador 14 ................................... 67
Figura 4.23 – Perfis das potências reativas das fases do Transformador 14 ............................... 68
Figura 4.24 – Perfis das potências aparentes das fases do Transformador 14............................. 68
Figura 4.25 – Carregamento do Transformador 14 ......................................................................... 68
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.3 – Efeitos dos harmônicos sobre equipamentos e elementos da rede elétrica .......... 19
Tabela 3.3 – Limites de distorção de corrente para sistemas de distribuição (120V a 69.000V)
............................................................................................................................................................... 38
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A avaliação dos níveis de QEE é feita, em geral, por três motivações principais. A
primeira se deve à necessidade de adequação dos parâmetros da energia fornecida aos valores
de referência estabelecidos nos documentos normativos vigentes. A segunda está relacionada
à evolução tecnológica recente da rede elétrica, permeada por dispositivos eletroeletrônicos
que degradam a qualidade da energia.
Há ainda a motivação econômica, visto que baixos níveis de QEE podem causar
prejuízos financeiros (MARQUES, 2006), através da penalização das concessionárias de
energia pela não adequação às normas, perdas patrimoniais, como redução da vida útil de
equipamentos da rede elétrica ou de cargas sensíveis a distúrbios elétricos, além da
interrupção de processos fabris, comerciais, residenciais ou de serviços.
Além dos aspectos econômicos envolvidos, um levantamento da qualidade da energia
elétrica fornecida pode ter ainda outras motivações, tais como (DUGAN et al., 2004):
1
Conforme disposto no Módulo 5 do PRODIST (ANEEL, 2011), “os medidores eletrônicos utilizados para
avaliação de indicadores de qualidade de energia elétrica – QEE deverão respeitar os parâmetros e metodologias
de medição estabelecidos no Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica”.
5
A importância da medição da QEE tem se tornado evidente nos anos recentes, uma
vez que supervisionar e, se necessário, elevar a qualidade da energia elétrica passou a ser
exigência normativa a ser observada pelas concessionárias. Entretanto, dada a complexidade
da rede elétrica, dotada de geração distribuída, cargas não lineares e equipamentos sensíveis
que também contribuem para a degradação da QEE, a observância destes valores de
referência tem sido um grande desafio para gestores das redes elétricas.
Neste cenário, medir a qualidade da energia é essencial para o cumprimento dos
requerimentos dos órgãos reguladores. Desde a coleta e tratamento das medições até à
construção de um diagnóstico, as etapas gerais de um cronograma de medições devem ser
observadas e devidamente implementadas.
9
A partir da identificação destas necessidades e dos estudos que têm sido propostos
para a modernização da rede Pici, o conhecimento de seu estado atual, no que se refere à
qualidade de energia elétrica, é importante para se definir o planejamento da modernização
proposta.
Desta forma, a avaliação da atual qualidade da energia circulante na rede, associada às
proposições da instalação de novos equipamentos e da subestação, e do rearranjo de sua
topologia, deverá ser útil na elaboração de uma proposta de modernização da rede que resulte
na elevação dos índices de continuidade e da qualidade da energia elétrica.
10
Para a realização dos propósitos descritos anteriormente, o presente texto foi dividido
em seis capítulos, como segue:
No Capítulo 1 são apresentadas as considerações introdutórias do trabalho, seus
objetivos e sua estrutura.
O Capítulo 2 apresenta definições relacionadas ao estudo da QEE e Eficiência
Energética, destacando os principais conceitos sobre os temas.
No Capítulo 3 são avaliados os principais documentos normativos e seus respectivos
valores de referência dos principais parâmetros que quantificam a qualidade de energia.
O Capítulo 4 descreve a rede elétrica objeto de estudo e aborda a metodologia
utilizada para a construção do diagnóstico de QEE desta rede, descrevendo a forma de
11
CAPÍTULO 2
QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
ܸି
ܦܨൌ ή ͳͲͲሾΨሿሺʹǤͳሻ
ܸା
ͳ െ ඥ͵ െ ߚ
ܦܨൌ ͳͲͲ ή ඨ ሾΨሿሺʹǤʹሻ
ͳ ඥ͵ െ ߚ
em que
ସ ସ ସ
ܸ ܸ ܸ
ߚൌ ଶ ଶ ሺʹǤ͵ሻ
ሺܸ ܸ ଶ ሻଶ
ܸ
2.1.3 – Harmônicos
ටσୀଶ
ೣ ଶ
ݒ
ܶܪܦൌ ή ͳͲͲሾΨሿሺʹǤͶሻ
ܸଵ
A Tabela 2.3 apresenta os principais danos causados pelos harmônicos sobre alguns
componentes e elementos do sistema elétrico. Ações para a mitigação dos harmônicos
circulantes na rede são essenciais para evitar prejuízos econômicos, patrimoniais e
operacionais (CORRÊA, 2007). Conforme apresentado no Capítulo 3, a norma IEEE 519 é
um documento regulatório internacionalmente utilizado como parâmetro técnico para a
tomada de medidas de mitigação deste efeito.
Tabela 2.3 – Efeitos dos harmônicos sobre equipamentos e elementos da rede elétrica.
Equipamento ou elemento Efeitos
· Perdas no núcleo
· Danos aos enrolamentos devido ao
Transformadores aumento da corrente eficaz circulante
e das correntes parasitas, diretamente
proporcionais ao quadrado da corrente
harmônica
· Perdas adicionais por histerese e
correntes parasitas no núcleo
Motores CA magnético
· Perdas ôhmicas nos enrolamentos
· Torções por oscilação no eixo
· Sobrecarga
· Ressonância harmônica (equivalência
Banco de capacitores da reatância indutiva e capacitiva do
banco com uma frequência harmônica)
· Sobretensões ou sobrecorrentes
Cabos Perdas ohmicas por efeito pelicular
Mau funcionamento de fusíveis e relés
Dispositivos de proteção
eletromecânicos
Telecomunicações Interferência telefônica
Fonte: SANKARAN (2001).
O termo Eficiência Energética pode ser descrito como a busca pela maximização do
aproveitamento dos recursos energéticos disponíveis, através da exploração sustentável destes
recursos, da otimização dos processos de conversão e distribuição para os consumidores finais
e da utilização racionalizada do recurso por estes consumidores.
Segundo o PNEf (Plano Nacional de Eficiência Energética) (BRASIL. MME, 2011a),
eficiência energética são
20
15
10
5
0
00:00:00
01:00:00
02:00:00
03:00:00
04:00:00
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06:00:00
07:00:00
08:00:00
09:00:00
10:00:00
11:00:00
12:00:00
13:00:00
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16:00:00
17:00:00
18:00:00
19:00:00
20:00:00
21:00:00
22:00:00
23:00:00
Hora
Fonte: autor.
O Fator de Carga ܥܨ, por sua vez, representa quantitativamente quão bem distribuído
é o consumo de energia da instalação ao longo do dia. O ܥܨpode ser definido como a razão
22
ഥ
ܦ
ܥܨൌ ሺʹǤͷሻ
ܦ௫
Da Equação 2.5, observa-se que quanto maior for a demanda média em relação à
demanda máxima, o valor do Fator de Carga tenderá à unidade, mais suave será o perfil da
curva de carga e mais bem distribuída será a demanda da instalação ao longo do dia.
Por outro lado, à medida que a demanda média diminui em relação à demanda
máxima, menor é o fator de carga. Neste caso, a demanda tende a se localizar em curtos
períodos do dia, concentrando o uso da instalação em determinados horários em detrimento de
outros, quando a instalação fica ociosa. Se a concentração de demanda ocorrer em horários de
ponta, o consumidor pagará pelas tarifas mais caras, além de possivelmente pagar multas por
ultrapassagem da demanda contratada.
Outra definição do Fator de Carga é apresentada na Equação 2.6, em que ܧ௱௧ é a
energia ativa consumida em um intervalo de tempo ߂ݐ, e ܧೣ é a energia consumida no
mesmo intervalo de tempo se a demanda máxima medida ocorresse para todo este período.
ܧ௱௧
ܥܨൌ ሺʹǤሻ
ܧೣ
Para utilizar a Equação 2.6 no cálculo do fator de carga, é necessário medir a energia
consumida no intervalo de interesse. Porém, caso esta medida não esteja disponível, é
possível calcular a energia consumida a partir da curva de carga da instalação. Para isto, basta
calcular a área sob a curva de carga representada na Figura 2.3.
Considere-se a curva de carga apresentada na Figura 2.4.
A área total sob a curva, ்ܣ, é definida como a soma das áreas trapezoidais
ܣଵ ǡ ܣଶ ǡ ܣଷ ǡ ǥ ǡ ܣ . Logo,
ሺܲଵ ܲଶ ሻሺݐଶ െ ݐଵ ሻ ሺܲଶ ܲଷ ሻሺݐଷ െ ݐଶ ሻ ሺܲଷ ܲସ ሻሺݐସ െ ݐଷ ሻ ሺܲିଵ ܲ ሻሺݐ െ ݐିଵ ሻ
்ܣൌ ڮ ሺʹǤሻ
ʹ ʹ ʹ ʹ
2 ഥ
Como ܦ é sempre menor que ܦ௫ , tem-se que Ͳ ൏ ܥܨ൏ ͳ.
23
߂௧
்ܣൌ ሾሺܲͳ ܲʹ ሻ ሺܲʹ ܲ͵ ሻ ሺܲ͵ ܲͶ ሻ ڮ ሺܲ݊െͳ ܲ݊ ሻሿሺʹǤͻሻ
ʹ
ou
ିଵ
߂௧
்ܣൌ ൭ܲଵ ܲ ʹܲ ൱ሺʹǤͳͲሻ
ʹ
ୀଶ
Como a área sob o gráfico da Figura 2.4 quantifica a energia consumida no intervalo
considerado, conclui-se que a Equação 2.10 pode ser utilizada para determinar a energia
elétrica consumida a partir da curva de carga amostrada em um intervalo de tempo divido em
݊ െ ͳ intervalos iguais a ߂௧ .
Fonte: autor.
ିଵ
Utilizando a Equação 2.11, para a curva de carga apresentada na Figura 2,3, a energia
consumida no intervalo equivale a 204,25 kWh. Para este intervalo, ܦ௫ ൌ ͳͻǡ. Logo,
da Equação 2.6,
ʹͲͶǡʹͷ
ܥܨൌ ൌ ͲǡͶ͵
ͳͻǡ ή ʹͶ
2.3 – Conclusão
Este capítulo teve por objetivos descrever os conceitos básicos relacionados ao estudo
da qualidade da energia elétrica e da eficiência energética, além de apresentar a classificação,
as origens e os efeitos danosos dos distúrbios de QEE ao sistema elétrico e às cargas.
A avaliação destes distúrbios é essencial para o funcionamento adequado da rede
elétrica, por meio do monitoramento dos eventos que degradam a QEE e da tomada de
decisões para a amenização dos distúrbios e dos prejuízos decorrentes.
Do estudo introdutório apresentado, observou-se a relação entre os conceitos de
eficiência energética e qualidade de energia, uma vez que, para atestar o funcionamento
apropriado do sistema elétrico, deve-se buscar o uso racional da energia e a implantação de
ações corretivas e preventivas para mitigar os efeitos degradantes da qualidade deste recurso.
Foram apresentados os conceitos de curva de carga e fator de carga, os quais são
importantes na avaliação da instalação elétrica no que diz respeito à eficiência energética. A
partir desta análise, é possível definir se a demanda da instalação é bem distribuída ao longo
das horas do dia e, a partir do diagnóstico, estabelecer uma estratégia de remanejamento das
25
CAPÍTULO 3
NORMAS E REGULAMENTAÇÕES
PARA A OPERAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS
3.1 – Introdução
3.2 – ANEEL
3 Conforme resolução da ANEEL nº 223, de 29 de abril de 2003, tensão primária de instalação é a “tensão
disponibilizada no sistema elétrico da concessionária, com valores padronizados iguais ou superiores a 2,3 kV”.
28
partir dos valores medidos da Taxa de Distorção Harmônica Total de Corrente, ܶܪܦ , e de
uma constante, ߙ.
TENSÃO DE
REFERÊNCIA
݈݊
ܴܲܦൌ ή ͳͲͲሾΨሿሺ͵Ǥͳሻ
ͳͲͲͺ
݈݊ܿ
ܥܴܦൌ ή ͳͲͲሾΨሿሺ͵Ǥʹሻ
ͳͲͲͺ
em que ݈݊ representa quantidade de leituras de tensão situadas na faixa precária e ݈݊ܿ a
quantidade de leituras de tensão situadas na faixa crítica.
Os valores de referência para este indicador são:
4
Neste trabalho, o fator de potência de deslocamento será denominado apenas de fator de potência.
32
ܲ
ܲܨൌ ൌ ߠ ሺ͵Ǥ͵ሻ
ඥܲଶ ܳ ଶ
O controle do fator de potência deve ser uma prática permanente na rede elétrica
monitorada (WEG, 2009), uma vez que a violação dos valores estabelecidos em norma obriga
o consumidor a pagar multa à concessionária de energia pela circulação de potência reativa
excedente na rede.
Normalmente a compensação é feita por meio de bancos de capacitores automatizados,
que operam injetando potência reativa capacitiva na rede elétrica consumidora em horários
pré-programados, a fim de manter o valor do fator de potência dentro do intervalo permitido.
Para a maioria dos sistemas elétricos, nos quais há circulação de correntes harmônicas
e a distorção harmônica da tensão é desprezível, o fator de potência deve incluir o efeito da
presença destes sinais de frequência múltipla da fundamental, conforme a Equação 3.4
(MARTINS et al., 2012).
ͳ
ܲܨൌ ߠ ሺ͵ǤͶሻ
ටͳ ܶܪܦଶ
ටσୀଶ
ೣ ଶ
݅
ܶܪܦ ൌ ሺ͵Ǥͷሻ
݅ଵ
5
Os índices “nc” e “c” significam, respectivamente, as grandezas não compensadas (antes da instalação do
banco de capacitores) e compensadas (após a instalação do banco).
34
Fonte: autor.
ܳ
ߠ ൌ ିଵ ൬ ܿ ൰ሺ͵Ǥሻ
ܲ
ܳ
ܲܨௗ ൌ ିଵ ൬ ܿ ൰൨ሺ͵Ǥͺሻ
ܲ
35
3.2.3 – Harmônicos
menor que 10%, uma vez que as medições foram realizadas no lado de baixa tensão dos
transformadores 13,8 kV / 380 V do CT da UFC.
A norma IEEE 519-1992 (IEEE, 1992), uma revisão da norma IEEE 519-1981, é
amplamente utilizada como parâmetro regulatório ao redor do mundo. Embora a aplicação
desta norma não seja obrigatória no Brasil, sua utilização no estudo e controle dos harmônicos
na rede é frequente.
A filosofia da norma IEEE 519-1992 no estabelecimento de limites para os
harmônicos está baseada em:
A norma IEEE 1459-2010 é uma revisão da norma 1459-2000, e tem como tema
principal a revisão das definições, métodos de cálculo e nomenclaturas das grandezas
elétricas, notadamente as potências, em sistemas monofásicos ou trifásicos sinusoidais, não
sinusoidais, balanceados ou desbalanceados, e a proposição de novas nomenclaturas e
mecanismos de cálculo destas grandezas e do fluxo de energia elétrica nestes sistemas.
A definição clássica dos três tipos básicos de potência, isto é, ativa, reativa e aparente,
foi adequada para a realidade de uma rede elétrica de pelo menos cinco décadas atrás, em que
os perfis de tensão e corrente eram muito próximos de uma onda senoidal pura. Conforme
citado no Capítulo 2 deste trabalho, naquele contexto, dadas as características da rede elétrica
e dos equipamentos conectados a ela, havia interferência mínima entre estes dois elementos.
Desta forma, as reformulações apresentadas na norma se justificam pelo fato de que
diversas mudanças ocorreram nos últimos cinquenta anos na estrutura e no funcionamento das
redes elétricas. Entre elas, podem ser citadas:
39
3.5 – Conclusão
Este capítulo teve por finalidade comparar normas internacionais aos requisitos
estabelecidos pela ANEEL, por meio do PRODIST, além de descrever alguns dos principais
documentos normativos que regulamentam a qualidade da energia elétrica, apresentando a
abordagem geral de cada um, os indicadores mínimos e os valores de referência de cada
parâmetro analisado a ser observado pelas concessionárias e pelos consumidores finais.
40
CAPÍTULO 4
DESCRIÇÃO DA REDE ELÉTRICA DO CT-UFC
E METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE QEE
4.1 – Introdução
O Campus do Pici da UFC ocupa uma área de aproximadamente 212 ha (UFC, 2012)
em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, onde estão instalados diversos cursos e serviços
oferecidos pela Universidade, nas áreas das Ciências Naturais e Exatas, Engenharias, Instituto
de Cultura e Arte e Instituto de Educação Física e Esportes, além de laboratórios, unidades
administrativas, bibliotecas, pró-reitorias, restaurante universitário, residência universitária e
bancos.
É o maior campus da UFC, tanto em área geográfica quanto em quantidade de cursos
ofertados. A Figura 4.1 apresenta a vista aérea do campus com suas delimitações
aproximadas, indicadas pelas linhas brancas.
analisados os índices econômicos Valor Presente Líquido (VLP), Taxa Interna de Retorno
(TIR) e Taxa Mínima de Atratividade (TMA).
Da análise, concluiu-se que, a despeito do aumento orçamentário em 12% se
comparado à instalação de um barramento aéreo, a implantação do switchgear é
economicamente justificada.
Em BARROS (2010), o estudo apresentado descreve o projeto do esquema de
proteção para a subestação do campus, ajustes de funções de proteção, resultados de
simulações da rede elétrica no software EasyPower® e a proposição da instalação de um grupo
de geradores de 3 MW, distribuídos em seis geradores de 500 kVA para suprimento de cargas
em horário de ponta, que podem gerar economia mensal da ordem de 28,8%.
Conforme previsão apresentada no estudo, o tempo de retorno do investimento da
subestação, ainda que com a mudança da modalidade tarifária, é bastante considerável e
totaliza aproximadamente 332 meses. Entretanto, a atuação do grupo de geradores em horário
de ponta associada à redução tarifária resultaria em tempo de retorno do investimento de
aproximadamente 36 meses.
Em LOPES (2011) o autor apresenta estudos de fluxo de carga, esquemas de proteções
e uma nova topologia para a rede elétrica do campus para implementação de um sistema de
reposição automática.
São apresentadas especificações de equipamentos, ajustes de proteções, comparativos
de topologias por meio de fluxos de carga e resultados de simulações realizadas no
EasyPower®. O remodelamento da rede inclui: inclusão da subestação 69 kV – 13,8 kV,
conexão da subestação à rede através de três alimentadores e instalação de religadores ao
invés de chaves seccionadoras ao longo da rede.
O estudo apresenta inicialmente a avaliação do fluxo de carga da rede com sua
configuração atual para três níveis de demanda: atual (3,7 MW), e futuros (6,0 MW e 7,1
MW), em que o último cenário simula a subestação a ser construída injetando na rede sua
máxima potência. Neste caso, a avaliação do carregamento dos condutores indicou
necessidade de recondutoramento do tronco principal da rede.
São apresentados ainda os fluxos de carga para a rede após a implantação da
subestação. Nesta abordagem, dois cenários foram analisados. No primeiro, a rede sendo
alimentada a partir de duas saídas de alimentadores; no segundo, a partir de três saídas de
alimentadores.
47
Em ambos os cenários, os fluxos de carga foram repetidos para faltas em cada um dos
trechos da rede para, após a reconfiguração da rede, ser feita a avaliação do nível de
carregamento dos demais trechos sem defeito.
Para o cenário com duas saídas de alimentadores, a rede foi dividida em sete trechos a
partir do posicionamento ideal dos religadores. Neste caso, se a falta ocorrer em dois dos
trechos, haverá sobrecarga de condutores. Para três saídas de alimentadores, a rede também
foi dividida em sete trechos. Neste cenário, não houve necessidade de recondutoramento
qualquer que seja a localização da falta.
Considerando o aumento da confiabilidade da rede pela instalação de um alimentador
a mais, bem como a não necessidade de recondutoramento, o trabalho conclui que a topologia
com três saídas de alimentadores é técnica e economicamente mais viável.
· Área a ser monitorada: rede elétrica de baixa tensão do CT-UFC suprida por dezesseis
transformadores;
48
Para o acompanhamento do plano, foi criado um arquivo de texto em que são descritas
todas as atividades realizadas pela equipe responsável. Para cada evento relacionado à
execução do plano, foi estipulada uma atividade numerada sequencialmente, em que consta a
descrição da atividade a ser realizada, o período previsto para a execução, os integrantes da
equipe participantes daquela atividade, os objetivos definidos e os que foram alcançados.
Este cronograma de execução pode ser aplicado ao acompanhamento preciso das
atividades e para consultas futuras, a fim de se conhecer quando e quais trabalhos foram
realizados, os integrantes envolvidos e os resultados obtidos. A Figura 4.4 apresenta um
trecho do cronograma, cujas informações estão resumidas na Tabela 4.1.
6
Dos dezesseis transformadores ativos da rede do CT, somente o terceiro, de 112,5 kVA e próximo ao bloco 705,
não foi monitorado, visto que funciona esporadicamente a partir de demandas em horários específicos do bloco
alimentado por este transformador. Por esta razão, ao longo deste trabalho o Transformador 3 será omitido.
51
acabamento e/ou construção. Embora não tenham sido monitorados, os dois pontos foram
incluídos no levantamento e estão identificados na Figura 4.5 como Trafo_17 e Trafo_18,
uma vez que em breve comporão a rede elétrica ativa do CT.
Para a realização das medições, foi utilizado um analisador de energia que tem como
principais funções o registro de tensões, correntes, potências, energia, harmônicas e
oscilografia de perturbações em sistemas elétricos de geração, consumo e distribuição, assim
como circuitos de alimentação de máquinas elétricas em geral (RMS, 2005a).
O MARH-21® 993 possui teclado integrado para a programação de modos de
operação, configuração de data e hora e outras funções. Possui conversores analógico-digitais
de 12 bits e memória de massa de 1 MB. A Figura 4.6 apresenta o modelo utilizado.
Fonte: autor.
· Interrupções: em todos os casos o período de medição foi de pelo menos oito dias
consecutivos a fim de evitar que, caso houvesse interrupção no sistema, a medição
realizada fosse descartada por insuficiência de amostras válidas;
· Condições climáticas: durante alguns meses, a época chuvosa atrasou o cronograma,
visto que o ar úmido era um fator de risco para o manuseio da caixa metálica nas
proximidades do transformador energizado;
· Calendário letivo: nos períodos não letivos, como férias e períodos de greve de
servidores da Universidade, as medições foram suspensas, uma vez que o
comportamento das cargas é diferenciado, o que não permitiria um diagnóstico preciso
da rede.
7
Na denominação do arquivo, “FP” significa “forma padrão”, e denota o arquivo ajustado, após o expurgo das
amostras inválidas e/ou não utilizadas.
54
respectivamente. A partir da quarta coluna, cada uma representa uma grandeza elétrica e em
cada linha está registrado o valor medido desta grandeza em determinado dia e hora.
As grandezas medidas são, para as três fases A, B e C: tensões de fase e de linha,
correntes de fase, potências ativa, reativa e aparente, fator de potência, distorções harmônicas
totais de tensão e corrente, frequência elétrica fundamental e frequências Hz+8 e Hz–9.
Devido à limitação de espaço, não é possível inserir no corpo deste texto um exemplo
completo de uma tabela padrão. Para fins de consulta, todos os dados coletados estão
disponíveis eletronicamente no Apêndice E10, em um CD anexo a este trabalho.
A Figura 4.8 exemplifica um trecho de uma planilha padrão em que constam, além das
colunas de hora, data e dia da semana, os valores medidos de tensões de linha. Da figura,
infere-se, por exemplo, que às 11h do dia 18/03/2011, sexta-feira, o valor da tensão da fase B
era 221,523 V.
Fonte: autor.
8
Hz+ representa o maior valor de frequência registrado dentro do período de integração.
9
Hz– representa o menor valor de frequência registrado dentro do período de integração.
10
Devido à inviabilidade da impressão de todas as planilhas, os dados coletados ao longo do plano de medição
estão disponibilizados somente na forma eletrônica, em um CD anexo ao trabalho.
55
construídas separadamente, podem ser condensadas em apenas dez. Desta forma, para cada
ponto medido haverá dez conjuntos de curvas agregadas.
23:00:00
08:20:00
09:40:00
11:00:00
12:20:00
13:40:00
15:00:00
16:20:00
17:40:00
19:00:00
20:20:00
21:40:00
00:20:00
01:40:00
03:00:00
04:20:00
05:40:00
07:00:00
Fase A Fase B Fase C FP total
Fonte: autor.
Como cada uma das 1.008 amostras são tomadas a cada dez minutos, o total de
amostras para uma determinada grandeza foi dividido em sete subgrupos de 144 amostras.
Assim, ao invés de construir um único gráfico com 1.008 pontos no eixo das ordenadas,
foram construídos sete gráficos com 144 pontos neste eixo que, se unidos, resultam no perfil
completo da grandeza monitorada ao longo dos sete dias.
Esta metodologia foi adotada por duas razões: i) para tornar a análise do perfil da
grandeza elétrica mais apurada, visto que o intervalo de tempo de cada gráfico é o equivalente
a 144 amostras, e não a 1.008, e ii) para facilitar a disposição dos gráficos na apresentação
deste trabalho.
Conclui-se portanto que para cada ponto foram construídas setenta curvas agregadas,
totalizando 1.050 curvas para os quinze pontos de interesse, as quais estão apresentadas no
Apêndice A11.
O processo de construção das curvas utilizando as ferramentas do Excel não é
automatizado, uma vez que é necessário fazer a seleção dos intervalos desejados (da grandeza
medida e do intervalo de tempo) e padronizar os eixos das ordenadas, para que o programa
apresente a curva desejada.
11
Semelhantemente às planilhas de dados medidos, as curvas das grandezas elétricas medidas estão
disponibilizadas somente em formato eletrônico, em um CD anexo a este trabalho, uma vez que, dado o grande
número de páginas necessárias para conter todas as curvas, a impressão foi inviabilizada.
56
12
Nesta seção, definiu-se, para facilitar a análise, que o horário comercial compreende os dias úteis, das 8h às
18h.
57
Fonte: autor.
A Figura 4.11 ilustra os perfis das correntes de fase do transformador entre os dias
13/10/2011 (quinta-feira) e 14/10/2011 (sexta-feira). Da figura, observa-se o comportamento
horo-sazonal da grandeza e o evento pontual da queda do valor da corrente na fase C,
provocando desbalanceamento de correntes.
Verifica-se ainda que o comportamento da grandeza no intervalo considerado é típico
para instalações cuja demanda principal é verificada em horários comerciais, ocorrendo
demanda mínima no período noturno. A análise visual/qualitativa dos perfis indica a presença
de desequilíbrio entre as correntes de fases, embora o PRODIST não aborde o tema.
70
60
50
40
30
20
10
0
10:40:00
17:20:00
18:40:00
20:00:00
21:20:00
22:40:00
00:00:00
01:20:00
02:40:00
04:00:00
05:20:00
06:40:00
08:00:00
09:20:00
12:00:00
13:20:00
14:40:00
16:00:00
Fonte: autor.
O conceito de desvio padrão pode ser aplicado a esta avaliação para quantificar o grau
de dispersão dos valores medidos em relação ao valor médio, conforme apresentado na Figura
4.12.
Para este intervalo de 24 h, o desvio padrão, σ, apresenta valores inferiores a 10 A em
aproximadamente 90% das amostras consideradas e o maior valor registrado ocorre quando
da redução acentuada no valor da corrente da fase C, visualizada na Figura 4.11, quando se
verifica o maior grau de desbalanceamento das correntes.
Entretanto, visto que não há definição normativa quanto ao valor máximo desejável do
desvio padrão, o valor apresentado pode ser utilizado apenas para complementar a análise
qualitativa dos dados.
59
70
Coeficiente de
Variação (%)
15 60
50
10 40
30
5 20
10
0 0
16:20:00
17:20:00
08:00:00
08:50:00
09:40:00
10:30:00
11:20:00
12:10:00
13:00:00
13:50:00
14:40:00
15:30:00
17:10:00
σ (A) V (%)
Fonte: autor.
Obviamente, esta avaliação é útil apenas para horários comerciais, uma vez que, para o
período de baixa demanda, os perfis de correntes e do desvio padrão são praticamente
coincidentes. Desta forma, avaliando o perfil do coeficiente de variação ao longo do período
de medição, é possível descrever o comportamento das correntes de fase no que se refere ao
desequilíbrio entre fases em horário comercial.
Em geral, consideram-se os seguintes valores de referência para o coeficiente de
variação (UFRRJ, 2012):
13
Deve-se atentar para a notação utilizada na representação do coeficiente de variação, ܸ. Neste caso, a notação
difere de tensão elétrica pela utilização de um subscrito quando for feita referência a tensões (por exemplo, ܸ
referindo-se à tensão na fase A). Quando não for utilizado subscrito, subentende-se que se trata do coeficiente de
variação.
60
de Correntes (%)
Harmônica Total
400
300
200
100
0
02:20:00
07:10:00
18:50:00
20:20:00
21:50:00
23:20:00
00:50:00
03:50:00
05:20:00
06:50:00
08:20:00
09:50:00
11:20:00
12:50:00
14:20:00
15:50:00
Fase A Fase B Fase C
Fonte: autor.
100
80
Total de Correntes
60
40
vezes 5%
20
0
23:20:00
03:50:00
08:20:00
07:10:00
18:50:00
20:20:00
21:50:00
00:50:00
02:20:00
05:20:00
06:50:00
09:50:00
11:20:00
12:50:00
14:20:00
15:50:00
Fonte: autor.
Embora o valor de referência estabelecido pelo IEEE não seja oficialmente adotado no
Brasil e, conforme citado no Capítulo 3, a ANEEL não trate sobre o assunto, conclui-se que,
para este ponto, medidas rígidas de controle de distorção harmônica de corrente devem ser
adotadas. Para este mesmo intervalo, ainda que a distorção harmônica de corrente tenha
62
3,5
Harmônica Total
de Tensões (%)
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
02:20:00
17:20:00
18:50:00
20:20:00
21:50:00
23:20:00
00:50:00
03:50:00
05:20:00
06:50:00
08:20:00
09:50:00
11:20:00
12:50:00
14:20:00
15:50:00
Fase A Fase B Fase C
Fonte: autor.
Na Figura 4.16 estão apresentados os perfis dos fatores de potência entre os dias
09/10/2011 (domingo) e 10/10/2011 (segunda-feira). No intervalo considerado na Figura
63
0,8
0,6
0,4
0,2
0
04:00:00
17:20:00
18:40:00
20:00:00
21:20:00
22:40:00
00:00:00
01:20:00
02:40:00
05:20:00
06:40:00
08:00:00
09:20:00
10:40:00
12:00:00
13:20:00
14:40:00
16:00:00
Fase A Fase B Fase C
Fonte: autor.
A Figura 4.16 ainda apresenta o perfil do fator de potência total, ܲܨ௧ , que é calculado
como a razão entre a soma das potências ativas das fases, ܹ , ܹ e ܹ , e a potência aparente
total, ܵ௧ . Embora não seja calculado como a média dos fatores de potência das fases, que, para
este intervalo, é igual a 0,567, esta grandeza quantifica o impacto global dos perfis individuais
dos fatores de potência das fases sobre o sistema elétrico ao qual está conectado.
A Figura 4.17 apresenta o cálculo estimado, realizado através da Equação 3.10, da
potência do banco de capacitores necessário à compensação de reativos para elevação do fator
de potência a 0,92 indutivo, respectivamente, entre 7h10min de 07/10/2011 e 0h10min de
08/10/2011.
Da Figura 4.17, conclui-se que é necessário um banco de pelo menos 20 kVAr para a
compensação calculada. Para os demais pontos monitorados, as curvas de cálculo de banco de
capacitores estão disponibilizadas no Apêndice C.
A Figura 4.18 ilustra o perfil do fator de potência real, definido na Equação 3.4, para o
mesmo período contemplado na Figura 4.16. Das figuras, observa-se que ocorre redução,
embora menos significativa para as fases B e C do que para a fase A, dos valores de fator de
64
potência, quando se inclui no cálculo desta grandeza o efeito da distorção harmônica total de
correntes.
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Fonte: autor.
0,8
0,6
0,4
0,2
0
04:00:00
17:20:00
18:40:00
20:00:00
21:20:00
22:40:00
00:00:00
01:20:00
02:40:00
05:20:00
06:40:00
08:00:00
09:20:00
10:40:00
12:00:00
13:20:00
14:40:00
16:00:00
Fonte: autor.
60
de Potência de
50
40
30
20
10
0
20:20:00
17:20:00
18:50:00
21:50:00
23:20:00
00:50:00
02:20:00
03:50:00
05:20:00
06:50:00
08:20:00
09:50:00
11:20:00
12:50:00
14:20:00
15:50:00
Fase A Fase B Fase C
Fonte: autor.
300
250
Total de Correntes (%)
200
150
100
50
0
08:20:00
17:20:00
18:50:00
20:20:00
21:50:00
23:20:00
00:50:00
02:20:00
03:50:00
05:20:00
06:50:00
09:50:00
11:20:00
12:50:00
14:20:00
15:50:00
Fonte: autor.
66
4.4.4 – Frequência
59,5
57,5
55,5
53,5
51,5
49,5
21:20:00
07:10:00
18:40:00
20:00:00
22:40:00
00:00:00
01:20:00
02:40:00
04:00:00
05:20:00
06:40:00
08:00:00
09:20:00
10:40:00
12:00:00
13:20:00
14:40:00
16:00:00
Hz Hz+ Hz-
Fonte: autor.
5
0
-5
-10
-15
-20
21:50:00
07:10:00
08:30:00
09:50:00
11:10:00
12:30:00
13:50:00
15:10:00
16:30:00
17:50:00
19:10:00
20:30:00
23:10:00
00:30:00
01:50:00
03:10:00
04:30:00
05:50:00
Fase A Fase B
Fase C Potência Ativa Total
Fonte: autor.
Da Figura 4.24, verifica-se que a potência aparente total ܵ௧ 15 é menor que a potência
nominal do transformador (75 kVA) para todo o período avaliado. Conclui-se, portanto que,
para este intervalo, o carregamento do transformador, cujo perfil é apresentado na Figura
4.25, é considerado baixo nos períodos de maior demanda, uma vez que o valor máximo
registrado foi de 40,85%, o que é equivalente a 30,63 kVA.
14
Nas Figuras 4.22 e 4.23, as potências ativa e reativa totais, ܹ௧ e ܳ௧ , são calculadas, respectivamente, como a
soma algébrica dos valores instantâneos das potências ativas e reativas das fases.
15
A potência aparente total ܵ௧ é calculada como ܵ௧ ൌ ඥሺܹ ܹ ܹ ሻଶ ሺܳ ܳ ܳ ሻଶ , e não como a
soma algébrica das potências aparentes de cada fase.
Carregamento (%) Potência Potência
Aparente (kVA) Reativa (kVAr)
0
5
10
15
20
25
30
10
20
30
40
0
07:10:00
Fonte: autor.
Fonte: autor.
Fonte: autor.
07:10:00
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
0,00%
5,00%
Fase C
Fase A
08:40:00 08:40:00
Fase C
07:10:00
08:40:00 10:10:00 Fase A 10:10:00
10:10:00 11:40:00 11:40:00
do Transformador 14.
do Transformador 14.
Fase B
Fase B
22:10:00 22:10:00
22:10:00
23:40:00 23:40:00
23:40:00
01:10:00 01:10:00 01:10:00
02:40:00 02:40:00 02:40:00
Fonte: autor.
Coeficiente de
5 80,00%
Variação (%)
4
60,00%
3
40,00%
2
1 20,00%
0 0,00%
13:50:00
08:00:00
08:50:00
09:40:00
10:30:00
11:20:00
12:10:00
13:00:00
14:40:00
15:30:00
16:20:00
17:10:00
18:00:00
σ (kW) V (%)
Fonte: autor.
6 120,00%
Coeficiente de
Variação (%)
5 100,00%
4 80,00%
3 60,00%
2 40,00%
1 20,00%
0 0,00%
10:30:00
08:00:00
08:50:00
09:40:00
11:20:00
12:10:00
13:00:00
13:50:00
14:40:00
15:30:00
16:20:00
17:10:00
18:00:00
σ (kVAr) V (%)
Fonte: autor.
71
Coeficiente de
2,5 120,00%
Variação (%)
2 100,00%
80,00%
1,5
60,00%
1 40,00%
0,5 20,00%
0 0,00%
18:00:00
08:00:00
08:50:00
09:40:00
10:30:00
11:20:00
12:10:00
13:00:00
13:50:00
14:40:00
15:30:00
16:20:00
17:10:00
σ (kVA) V (%)
Fonte: autor.
17:20:00
18:40:00
20:00:00
21:20:00
22:40:00
00:00:00
01:20:00
02:40:00
04:00:00
05:20:00
06:40:00
08:00:00
09:20:00
10:40:00
12:00:00
13:20:00
14:40:00
16:00:00
Fase A Fase B Fase C
Fonte: autor.
390
385
380
375
370
17:20:00
18:40:00
20:00:00
21:20:00
22:40:00
00:00:00
01:20:00
02:40:00
04:00:00
05:20:00
06:40:00
08:00:00
09:20:00
10:40:00
12:00:00
13:20:00
14:40:00
16:00:00
Fonte: autor.
O perfil da tensão da fase B apresenta valores instantâneos superiores aos perfis das
demais fases, porém a diferença é pouco significativa em relação aos valores absolutos das
tensões, o que justifica os valores reduzidos de desvio padrão.
Para as tensões de linha, o PRODIST estabelece a metodologia de quantificação do
desequilíbrio de tensões (ver Equação 2.2) por meio do cálculo do fator de desequilíbrio, FD.
Para o intervalo considerado, não houve violação do parâmetro, uma vez que ܦܨൌ ͲΨǤ
Conforme Resolução da ANEEL nº 505, de 26 de novembro de 2001 (ANEEL, 2001)
e Módulo 8 do PRODIST (ANEEL, 2012a), o diagnóstico deve contemplar ainda o
histograma de tensões com intervalo de 0,80 p.u a 1,20 p.u e discretização mínima de 40
intervalos, ou seja, incremento de 0,01 p.u a cada intervalo.
A Figura 4.32 apresenta o histograma de tensões por fase para todo o período de
medição do Transformador 14. Observa-se a concentração de ocorrências em torno dos
73
intervalos adjacentes a 1 p.u, denotando que as tensões medidas apresentaram pouca dispersão
em torno do valor ideal, isto é, 220 V.
Da Tabela 3.1, infere-se que a tensão de leitura ܶ ܮé adequada se ʹͲͳܸ ܶ ܮ
ʹ͵ͳܸ, ou ͲǡͻͳǤ ݑ ܶ ܮ ͳǡͲͷǤ ݑpara um sistema cuja tensão nominal é 220 V. Desta
forma, conclui-se da Figura 4.32 que todas as leituras foram adequadas para o Transformador
14.
Para consultas posteriores, os histogramas de tensões dos demais pontos da rede do CT
estão disponibilizados no Apêndice C.
350
300
Quantidade de
250
200
150
100
50
0
0,82-0,83
0,86-0,87
0,80-0,81
0,84-0,85
0,88-0,89
0,90-0,91
0,92-0,93
0,94-0,95
0,96-0,97
0,98-0,99
1,00-1,01
1,02-1,03
1,04-1,05
1,06-1,07
1,08-1,09
1,10-1,11
1,12-1,13
1,14-1,15
1,16-1,17
1,18-1,19
Faixas de tensão (p.u)
FASE A FASE B FASE C
Fonte: autor.
Avaliação visual do
Identificar horários ou dias críticos
perfil
ࡰࡴࢀ࢜
Adequação normativa Verificar se ൏ ͳͲΨ, cfe.
da taxa Módulo 8 do PRODIST
Identificar picos ou depressões
Avaliação visual do Avaliação qualitativa do
perfil desequilíbrio entre fases
Identificar horários ou dias críticos
Verificar quantidade global e por
fase de amostras inferiores a 0,92,
cfe. Módulo 8 do PRODIST
Calcular a cada hora a potência
Fator de potência Adequação normativa mínima do banco de capacitores
das medições para elevação do fator de potência
a 0,92
Calcular a redução média do fator
de potência devido às correntes
harmônicas
Compensação de reativos para
Cálculo de banco de
elevar fator de potência a 0,92 ou
capacitores
0,95 indutivo
Avaliação visual do Identificar picos ou depressões
perfil Identificar horários ou dias críticos
Valores médio, maior e menor
Frequência elétrica
Adequação normativa Verificar quantidade de amostras
das medições entre 59,9 Hz e 60,1 Hz, cfe.
Módulo 8 do PRODIST
75
· Compensação de reativos:
o Em horários comerciais, necessidade de bancos de capacitores
de pelo menos 20 kVAr
· Redução do fator de potência devido às correntes harmônicas:
o Reduções médias (%):
§ Fase A: 25,98
§ Fase B: 2,46
§ Fase C: 2,23
· Comportamento da grandeza no período atende ao estabelecido
Frequência
pelo PRODIST: medições entre 59,9 Hz e 60,1 Hz
elétrica
· Valor médio de 60,008 Hz
· Comportamento horo-sazonal verificado
· Observação de redução pontual da demanda por volta de 12:30h em
dias úteis, ocasionada possivelmente por desligamento de cargas
laboratoriais
· Carregamento do transformador considerado baixo, com valor
máximo registrado de 40,85% (equivalente a 30,63 kVA)
· Desvio padrão das potências ativa e reativa maior que da potência
aparente, denotando distribuição desigual entre fases do fluxo de
Potências ativa, potências
reativa e · Carregamento apresenta comportamento aproximadamente padrão
aparente em dias úteis, ocorrendo redução significativa entre 12h e 13:30h
· Valores de carregamento em horário comercial:
o Máximo: 40,9%
o Mínimo: 6,8%
o Média: 34,2%
· Avaliação do coeficiente de variação:
o Potência ativa: ܸത ൌ ͷΨ, com ܸ௫ ൌ ͳͲΨ
o Potência reativa: ܸത ൌ ͷͶΨ, com ܸ௫ ൌ ͳ͵ͳΨ
o Potência aparente: ܸത ൌ ʹʹΨ, com ܸ௫ ൌ ͳͳͻΨ
77
4.5 – Conclusão
16
Na Tabela 4.4, todos os valores de referência indicados estão estabelecidos no PRODIST, com exceção da
taxa de distorção harmônica total de corrente, cujo valor de referência foi extraído da norma IEEE 519-1992. Os
indicadores ܶܪܦ e ܶܪܦூ representam, respectivamente, as taxas de distorção harmônica totais de tensão e
corrente. Os demais indicadores foram definidos previamente no Capítulo 3.
79
CAPÍTULO 5
DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA DO CT-UFC
Para todos os pontos, observou-se a sazonalidade diária das correntes, uma vez que os
valores de maior demanda são verificados em horários comerciais.
A seguir, é apresentado um resumo deste ponto de avaliação.
a) Transformador 01
· Redução pontual do valor da corrente por volta de 12h às 13h em todos os dias úteis;
· Comportamento irregular do desvio padrão, com 88% dos valores limitados a um
envelope de zero a 40 A, ܸത ൌ ʹΨ e ܸ௫ ൌ ͷͺΨ.
b) Transformador 02
c) Transformador 04
d) Transformador 05
e) Transformador 06
f) Transformador 07
g) Transformador 08
h) Transformador 09
i) Transformador 10
j) Transformador 11
k) Transformador 12
l) Transformador 13
m) Transformador 14
· Redução significativa pontual do valor da corrente por volta de 12h às 13h em todos
os dias úteis monitorados com reduzido grau de desequilíbrio de corrente entre as
fases;
· Evento pontual atípico às 12h50min de 07/10/2011: fases B e C com correntes
próximas a zero, resultando em pequena média e grande desvio padrão;
· Ocorrência, em horário aproximadamente de 12h às 13h em todos os dias úteis, de
redução do valor médio e consequente pico do valor de ܸ;
· Comportamento irregular do desvio padrão, com 99% dos valores limitados a um
envelope de zero a 19 A, ܸത ൌ ͳΨ e ܸ௫ ൌ Ψ.
n) Transformador 15
o) Transformador 16
a) Transformador 01
· Fase B apresentou perfil de DHT mais estável e com menores valores medidos;
· Fases A e C apresentaram comportamento de DHT mais instável nos dias 1, 2, 3 e 5
do monitoramento;
· Observaram-se maiores níveis de violação de DHT em horários não comerciais
comparativamente aos horários comerciais;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE519-1992:
o Fase A: 99,9%
o Fase B: 100%
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 14,1 vezes
o Fase B: 4,2 vezes
o Fase C: 17,3 vezes
b) Transformador 02
· Fase B apresentou perfil de DHT mais instável que as demais, com valores mais
críticos entre 5h e 8h;
· Fase A apresentou perfil de DHT oscilatório;
· Observaram-se maiores níveis de violação de DHT em horários não comerciais
comparativamente aos horários comerciais;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 13,5 vezes
o Fase B: 13,8 vezes
o Fase C: 9,6 vezes
84
c) Transformador 04
d) Transformador 05
· Fases A e C apresentaram perfis de DHT mais estáveis que a fase B, embora com
valores acima de 5%;
· Fase B apresentou perfil instável de DHT com três picos de distorção;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 3,0 vezes
o Fase B: 14,4 vezes
o Fase C: 5,5 vezes
e) Transformador 06
· Fase A com perfil de DHT oscilatório e fases B e C com perfis mais críticos que a fase
A;
· Verificaram-se maiores níveis de violação de DHT em horários não comerciais
comparativamente aos horários comerciais;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 11,6 vezes
o Fase B: 13,1 vezes
o Fase C: 11,8 vezes
f) Transformador 07
· Fase A com perfil de DHT oscilatório e fase C com perfil mais crítico que as demais;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 97,8%
o Fase B: 100%
85
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 2,9 vezes
o Fase B: 3,7 vezes
o Fase C: 7,6 vezes
g) Transformador 08
h) Transformador 09
i) Transformador 10
· Todas as fases com perfis de DHT alcançando com frequência valores de distorção de
até 400%;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
o Fase C: 35,4%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 80 vezes
o Fase B: 80 vezes
o Fase C: 80 vezes
j) Transformador 11
· Fase B apresentou perfil de DHT instável, variável de acordo com o dia e a hora, sem
padrões visíveis;
· Fase C apresentou perfil de DHT menos crítico que as demais, porém com elevações
em forma de pulso com larguras de uma a quatro horas;
· Verificaram-se maiores níveis de violação de DHT em horários não comerciais;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 50,8 vezes
o Fase B: 76,4 vezes
o Fase C: 30,3 vezes
k) Transformador 12
l) Transformador 13
· Perfis de DHT facilmente distinguíveis, com a distorção da fase A maior que a da fase
B que, por sua vez, é maior que a da fase C para todo o intervalo monitorado, porém
com taxas consideráveis para as três fases;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 79,5 vezes
o Fase B: 42,3 vezes
o Fase C: 9,84 vezes
m) Transformador 14
· Em geral, as variações bruscas de DHT são simultâneas nas três fases, embora em
horários comerciais os perfis sejam menos críticos comparativamente aos horários não
comerciais;
· Percentual de amostras que violaram a IEEE 519-1992:
o Fase A: 100%
o Fase B: 100%
87
o Fase C: 100%
· Grau máximo de violação (máximo múltiplo de 5%)
o Fase A: 64,7 vezes
o Fase B: 44,4 vezes
o Fase C: 80,0 vezes
n) Transformador 15
o) Transformador 16
Os perfis das taxas de distorção harmônica total de tensão por fase apresentaram
adequação ao estabelecido em norma, isto é, todas as medições realizadas foram menores que
10%, conforme estabelecido no Módulo 8 do PRODIST, com exceção do oitavo ponto de
medição.
Observou-se ainda que os perfis se sobrepõem em muitos intervalos de medição,
denotando pouca dispersão entre fases. O Transformador 8 apresentou taxas de ܶܪܦ que
violaram o valor de referência para a fase B somente. Para as demais, os valores registrados
foram inferiores a 5%.
a) Transformador 01
· Compensação de reativos:
o Verificou-se ocorrência de trechos, aproximadamente em horários
comerciais, com potência reativa capacitiva negativa, indicando fator de
potência superior a 0,92 nestes trechos e, portanto, sendo desnecessária a
compensação;
17
Esta avaliação utiliza o fator de potência medido pelo analisador de energia, o qual desconsidera a influência
das correntes harmônicas. É, portanto, o fator de potência de deslocamento, e não o fator de potência real.
89
b) Transformador 02
Percentual de
Valor médio
Fase amostras menores
por fase
que 0,92
ࡲࡼࢇ 0,29 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,91 53,3%
ࡲࡼࢉ 0,72 69,3%
· Compensação de reativos:
o Maior demanda de potência reativa capacitiva em horários de maior
demanda do transformador, com diferença de dimensionamento de banco
para horários comerciais e não comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 28 kVAr.
c) Transformador 04
18
A redução do fator de potência devido às correntes harmônicas foi calculada a partir dos valores medidos do
fator de potência de deslocamento e dos valores do fator de potência real, calculados utilizando a Equação 3.4.
90
Percentual de
Valor médio
Fase amostras menores
por fase
que 0,92
ࡲࡼࢇ 0,95 15,8%
ࡲࡼ࢈ 0,85 66,8%
ࡲࡼࢉ 0,66 76,9%
· Compensação de reativos:
o Verificou-se ocorrência de trechos, aproximadamente em horários
comerciais, com potência reativa capacitiva negativa, indicando fator de
potência superior a 0,92 nestes trechos e portanto sendo desnecessária a
compensação;
o Em horários não comerciais, necessidade de bancos de capacitores de pelo
menos 1 kVAr.
d) Transformador 05
Percentual de
Valor médio
Fase amostras menores
por fase
que 0,92
ࡲࡼࢇ 0,82 98,6%
ࡲࡼ࢈ 0,94 16,1%
ࡲࡼࢉ 0,25 100,0%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 20 kVAr.
· Redução do fator de potência devido às correntes harmônicas:
o Reduções mais acentuadas na fase B;
o Reduções médias (%):
§ Fase A: 0,54
§ Fase B: 1,94
§ Fase C: 0,86
91
e) Transformador 06
Percentual de
Valor médio
Fase amostras menores
por fase
que 0,92
ࡲࡼࢇ 0,27 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,94 24,7%
ࡲࡼࢉ 0,59 100,0%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 71 kVAr.
f) Transformador 07
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,16 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,95 0,1%
ࡲࡼࢉ 0,64 100,0%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 28 kVAr.
§ Fase C: 0,94
g) Transformador 08
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,58 98,8%
ࡲࡼ࢈ 0,96 0,2%
ࡲࡼࢉ 0,50 93,5%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 35 kVAr.
h) Transformador 09
· Fase A com perfil de FP mais crítico em horários não comerciais de dias não
úteis; Fase B com perfil menos oscilatório que as demais, porém com valores
abaixo do valor de referência; Fase C com perfil próximo ao adequado em
horários comerciais de dias úteis, porém com redução dos valores medidos em
horário não comercial;
· Avaliação geral por fase:
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,34 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,63 100,0%
ࡲࡼࢉ 0,56 90,4%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
93
i) Transformador 10
· Fator de potência das três fases alcançando valores muito próximos de zero, para
todo o período monitorado;
· Avaliação geral por fase:
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,02 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,01 100,0%
ࡲࡼࢉ 0,002 100,0%
· Compensação de reativos:
o Perfil aproximadamente constante da potência necessária do banco de
capacitores. Embora os valores de fator de potência sejam reduzidos, o
banco de capacitores requerido é de baixa potência devido aos baixos
valores medidos de potência ativa e reativa;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 1 kVAr.
j) Transformador 11
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,24 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,60 65,9%
ࡲࡼࢉ 0,44 100,0%
· Compensação de reativos:
o Observada diferença de dimensionamento de banco para horários
comerciais e não comerciais, ocorrendo desde valores praticamente nulos de
potência de banco até valores de 10 a 15 kVAr em horários de maior
demanda do transformador;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 17 kVAr.
k) Transformador 12
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,63 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,45 26,2%
ࡲࡼࢉ 0,22 100,0%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 47 kVAr.
l) Transformador 13
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,04 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,05 100,0%
ࡲࡼࢉ 0,58 99,7%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 2 kVAr.
m) Transformador 14
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,22 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,53 57,1%
ࡲࡼࢉ 0,30 100,0%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais, ocorrendo desde valores praticamente nulos de potência de
banco até valores de 10 a 20 kVAr em horários de maior demanda do
transformador;
96
n) Transformador 15
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,71 100,0%
ࡲࡼ࢈ 0,80 67,9%
ࡲࡼࢉ 0,26 100,0%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 90 kVAr.
o) Transformador 16
Percentual de
Valor médio amostras
Fase
por fase menores que
0,92
ࡲࡼࢇ 0,85 69,7%
ࡲࡼ࢈ 0,93 45,9%
ࡲࡼࢉ 0,72 73,1%
· Compensação de reativos:
o Diferença de dimensionamento de banco para horários comerciais e não
comerciais;
o Para ܲܨൌ Ͳǡͻʹ, banco de pelo menos 4 kVAr.
5.5 – Frequência
São avaliados a seguir os perfis de frequência elétrica medidos. Verifica-se que para
todos os pontos o perfil é suave, porém com picos positivos e negativos esporádicos. Excetua-
se o Transformador 8, que apresentou perfil instável, oscilante e com maior quantidade de
medições que violaram o valor de referência estabelecido no Módulo 8 do PRODIST.
98
a) Transformador 01
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 11,8%
o Ͳǡͳݖܪ: 15,7%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,5 / 59,4
b) Transformador 02
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 11,3%
o Ͳǡͳݖܪ: 14,7%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,6 / 59,6
c) Transformador 04
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 7,3%
o Ͳǡͳݖܪ: 9,0%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,3 / 59,7
d) Transformador 05
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 5,7%
o Ͳǡͳݖܪ: 9,7%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,2 / 59,7
e) Transformador 06
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 8,1%
o Ͳǡͳݖܪ: 10,1%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,3 / 59,4
f) Transformador 07
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 5,3%
o Ͳǡͳݖܪ: 10,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,4 / 59,4
99
g) Transformador 08
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 52,1%
o Ͳǡͳݖܪ: 89,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 61,4 / 82,9 / 47,6
h) Transformador 09
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 52,1%
o Ͳǡͳݖܪ: 89,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 61,4 / 82,9 / 47,6
i) Transformador 10
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 9,3%
o Ͳǡͳݖܪ: 11,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,8 / 58,8
j) Transformador 11
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 14,4%
o Ͳǡͳݖܪ: 10,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,4 / 59,5
k) Transformador 12
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 9,7%
o Ͳǡͳݖܪ: 9,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 /60,5 / 59,0
l) Transformador 13
m) Transformador 14
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 9,5%
o Ͳǡͳݖܪ: 11,2%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,6 / 50,0
n) Transformador 15
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 9,4%
o Ͳǡͳݖܪ: 14,9%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,7 / 53,1
o) Transformador 16
o ൏ ͷͻǡͻݖܪ: 5,8%
o Ͳǡͳݖܪ: 11,5%
o Valores médio, máximo e mínimo (Hz): 60,0 / 60,3 / 59,7
a) Transformador 01
· Desequilíbrio entre fases, com fluxo da potência ativa na fase A destacando-se das
demais;
· Observação de redução pontual da demanda por volta de 12h a 13h30min em dias
úteis, ocasionada possivelmente por desligamento de cargas laboratoriais;
· Carregamento apresenta comportamento aproximadamente padrão em dias úteis,
ocorrendo redução significativa entre 12h e 13h30min;
· Valores de carregamento em horário comercial:
o Máximo: 49,6%
o Mínimo: 14,5%
o Média: 34,1%
· Avaliação do coeficiente de variação:
o Potência ativa: ܸത ൌ ʹͺΨ, com ܸ௫ ൌ ͳΨ
o Potência reativa: ܸത ൌ ͳͶΨ, com ܸ௫ ൌ ͶͳΨ
101
b) Transformador 02
Nº de medições
Faixa de Nº de medições de de
carregamento (%) carregamento carregamento
(%)
<10 624 61,9%
10 – 20 225 22,3%
20 – 30 159 15,8%
30 – 40 0 0,0%
40 – 50 0 0,0%
c) Transformador 04
d) Transformador 05
e) Transformador 06
f) Transformador 07
g) Transformador 08
· Percentis de carregamento:
h) Transformador 09
i) Transformador 10
· Percentis de carregamento:
j) Transformador 11
k) Transformador 12
· Percentis de carregamento:
l) Transformador 13
m) Transformador 14
· Percentis de carregamento:
n) Transformador 15
o) Transformador 16
· Percentis de carregamento:
Tabela 5.1 – Proposta de remanejamento das cargas conectadas aos transformadores do CT.
Potência do
Transfor- Transfor- Blocos
transfor-
madores mador de supridos pelo Carregamento do
mador de
Nº do com destino das transfor- transformador de
destino das
Rearranjo demandas demandas mador de destino após
demandas
rema- rema- destino após remanejo
remanejadas
nejadas nejadas remanejo
(kVA)
706, 711, 712, Máximo 80,72%
717, 719, 705, Mínimo 5,07%
01 01, 02 05 225
716, 720, 702,
703 Médio 27,97%
Máximo 74,12%
04, 06, 07, 729, 715, 724,
02 16 300 Mínimo 14,13%
08, 09, 10 718, 730, 725
Médio 31,65%
726, 704, 713, Máximo 71,22%
11, 13, 14,
03 12 225 727, 708, 709, Mínimo 6,44%
15
710 Médio 29,83%
Fonte: autor.
Na Tabela 5.3 são apresentados os fatores de carga dos pontos da rede monitorada,
calculados conforme descrito no Capítulo 2.
ͳͷǤ͵ͺǡͻ͵
ܥܨ் ൌ ൌ ͲǡͶ͵
ʹͻǡͻͻ ή ͷ ή ʹͶ
A descrição a seguir apresenta a avaliação global das tensões de fase e de linha da rede
em estudo. Observa-se que para todos os pontos houve conformidade com os valores de
referência estabelecidos pelo PRODIST, no que se refere a DRP, DRC e FD.
a) Transformador 01
b) Transformador 02
c) Transformador 04
· Tensão da fase C com perfil superior aos perfis das demais fases; tensões de linhas
com perfis das fases B e C superiores ao perfil da fase A;
· Histograma de tensões: ocorrências mais frequentes entre 0,99 e 1,04 p.u;
· Tensões de fase: ܸ௫ ൌ ͲǡΨ;
· Tensões de linha: ܦܨൌ ͲΨ;
· Indicadores
o ܴܲܦൌ ͲΨ
o ܥܴܦൌ ͲΨ
d) Transformador 05
e) Transformador 06
f) Transformador 07
g) Transformador 08
h) Transformador 09
· Tensões de fase e de linha com pouco desequilíbrio, com perfil da tensão da Fase A
com valores superiores às demais;
· Histograma de tensões: ocorrências mais frequentes entre 0,98 e 1,03 p.u;
· Tensões de fase: ܸ௫ ൌ ʹǡͲΨ;
· Tensões de linha: ܦܨൌ ͲΨ;
· Indicadores:
o ܴܲܦൌ ͲΨ
o ܥܴܦൌ ͲΨ
i) Transformador 10
· Tensões de fase e de linha com pouco desequilíbrio, com perfil da tensão da Fase A
com valores superiores às demais;
· Histograma de tensões: ocorrências mais frequentes entre 0,98 e 1,03 p.u;
· Tensões de fase: ܸ௫ ൌ ͳǡͳΨ;
114
j) Transformador 11
k) Transformador 12
l) Transformador 13
· Tensões da fase C com valores maiores que da Fase B, que por sua vez foram maiores
que as da Fase A, aumentando o desequilíbrio;
· Histograma de tensões: ocorrências mais frequentes entre 0,98 e 1,03 p.u;
· Tensões de fase: ܸ௫ ൌ ͲǡͻΨ;
· Tensões de linha: ܦܨൌ ͲΨ;
· Indicadores:
o ܴܲܦൌ ͲΨ
o ܥܴܦൌ ͲΨ
m) Transformador 14
n) Transformador 15
o) Transformador 16
· Tensões de fase e de linha com desequilíbrios reduzidos, com exceção das tensões de
fase, para as quais o perfil da Fase B se destaca das demais, porém sem elevar
consideravelmente a quantificação do desequilíbrio;
· Histograma de tensões: ocorrências mais frequentes entre 0,98 e 1,03 p.u;
· Tensões de fase: ܸ௫ ൌ ͲǡΨ;
· Tensões de linha: ܦܨൌ ͲΨ;
· Indicadores:
o ܴܲܦൌ ͲΨ
o ܥܴܦൌ ͲΨ
5.8 – Interrupções
19
Nesta tabela, o percentual do período de medição realizado representa a razão percentual entre o número de
amostras equivalente à duração da interrupção e o total de amostras medidas.
20
Os indicadores de continuidade individuais são definidos na Resolução da ANEEL nº 024/2000, a saber: DIC
(Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora), que quantifica o intervalo de tempo em que
ocorreu descontinuidade no suprimento de energia elétrica, e FIC (Frequência de Interrupção Individual por
Unidade Consumidora), que quantifica o número de interrupções ocorridas, no período de observação.
116
5.9 – Conclusão
A rede elétrica do CT da UFC requer ações corretivas para elevação dos níveis da
qualidade da energia elétrica. O diagnóstico apresentado no presente capítulo demonstra que
foram identificados diversos aspectos técnicos e gerenciais que devem ser avaliados pelos
gestores da rede.
As ações podem ser corretivas para os problemas identificados, preventivas para a
preservação de componentes da rede e das cargas, além da implantação de medidas que
tornem a rede mais eficiente em seu estado atual.
As ações devem também permitir sua evolução tecnológica e expansão para
atendimento à crescente demanda da Universidade e para a conformidade às normas e às
novas tecnologias que estão sendo implantadas como parte do processo de sua modernização.
Do estudo apresentado neste capítulo, podem ser destacadas as avaliações
apresentadas a seguir.
Quanto às correntes de fase, os resultados demonstraram, em geral, perfis
desequilibrados. Apenas os Transformadores 06 e 12 apresentaram baixo coeficiente de
variação médio entre fases. Para os demais pontos, os coeficientes de variação médios
calculados foram médios e altos, conforme definição apresentada na Seção 4.4.1. Destacam-se
também os Transformadores 04, 07, 09 e 16, os quais apresentaram maiores desequilíbrios
entre as correntes de fase, denotando má distribuição de cargas nos circuitos de alimentação
supridos por estes transformadores.
A taxa de distorção harmônica total de corrente apresentou comportamento crítico em
todos os pontos, requerendo ações corretivas imediatas para a minimização das taxas. Para
todos os pontos, o percentual de amostras que violaram o valor de referência desta grandeza
117
foi de pelo menos 80%. Para dez dos transformadores, a violação ocorreu para 100% das
amostras das três fases, ratificando o elevado grau de violação do valor de referência deste
parâmetro.
Por outro lado, a taxa de distorção harmônica total de tensão teve comportamento
normativamente adequado para todos os pontos monitorados, à exceção do oitavo
transformador. Para este ponto, 40,48% das amostras de ܶܪܦ௩ da fase B foram superiores ao
valor de referência.
No que diz respeito ao fator de potência, a rede do Pici requer ações corretivas
urgentes. Em todos os pontos monitorados houve violação do valor de referência, embora para
alguns pontos a não adequação tenha sido mais crítica do que para outros.
Para o Transformador 10, por exemplo, todas as amostras de fator de potência
violaram o valor de referência. Para os Transformadores 07 e 08, as fases A e C apresentaram
violação do valor de referência do fator de potência para mais de 90% das amostras. Para a
fase C, entretanto, a violação ocorreu somente para 0,1% e 0,2% das amostras,
respectivamente. Das medições realizadas, conclui-se que esta grandeza requer ações
corretivas imediatas para sua adequação normativa.
Também foram estimados os bancos de capacitores necessários para a compensação
de reativos. Verificou-se que para todos os pontos houve necessidade da instalação de bancos,
cujas potências calculadas variaram de 4 kVAr (para o Transformador 01, o qual apresentou
menores necessidades de compensação) até 90 kVAr (para o Transformador 15), cujos perfis
de fator de potência foram consideravelmente críticos.
Ainda no que se refere ao fator de potência, foram estimadas as reduções desta
grandeza devidas à presença de correntes harmônicas na rede. Em geral, os fatores de
potência da instalação sofreram reduções variando entre 0% e 10% aproximadamente,
ocorrendo, entretanto, reduções mais significativas ocasionadas pelos maiores níveis de
poluição harmônica. Para o Transformador 09, ocorreram reduções da ordem de 24% na fase
C. Para os Transformadores 10, 11 e 14, reduções de até 74%, 33% e 33%, respectivamente.
Conclui-se, portanto, que a compensação de reativos aliada à redução das correntes
harmônicas é necessária para a elevação do fator de potência das instalações do CT.
As medições de frequência elétrica apresentaram violação dos valores de referência
para todos os pontos, porém em pequenas quantidades percentuais de amostras
comparativamente a outras grandezas. O percentual de violação situou-se entre
aproximadamente 5% e 15% das amostras, com exceção do 8° ponto, em que se registraram
maiores índices de violação comparativamente aos demais pontos monitorados.
118
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO FUTUROS
Para dar suporte aos estudos que propõem a modernização da rede elétrica do Campus
do Pici, através da avaliação global da qualidade de energia elétrica circulante no campus, o
plano de medição realizado no presente estudo pode ser ampliado para todas as unidades de
transformação do sistema.
Entretanto, dada a extensão da rede, é de grande valia a definição de um planejamento
com a participação dos gestores da rede, do pessoal responsável pela manutenção e da equipe
designada para a condução o plano. Desta maneira, atrasos no cronograma poderão ser
evitados e maior celeridade para a construção de um diagnóstico poderá ser alcançada.
120
A partir dos resultados apresentados, podem ser propostos como trabalhos futuros:
REFERÊNCIAS
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). ANEEL abre audiência para definir novo
padrão de medidor de energia. 2010. Disponível em <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/
noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=3571&id_area=90>. Acesso em: 22 mar. 2012.
BROSHI, A. Monitoring Power Quality beyond EN 50160 and IEC 61000-4-30. In: 9th
International Conference on Electrical Power Quality and Utilisation, 2007, Barcelona.
Disponível em: <http://ieeexplore.ieee.org/xpl/articleDetails.jsp?reload=true&arnumber=4498
120>. Acesso em: 17 mar. 2012.
DUGAN, R. C.; McGranaghan, M. F.; Santoso, S.; Beaty, H. W. Electrical Power Systems
Quality. 2ª ed. New York: McGraw-Hill, 2004. 500p.
IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers). IEEE Std 519-1992: Recommended
Practices and Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems, 1992.
123
LEÃO, R. P. S.; G. Fl., J. I.; Aguiar, V. de P. B.; Costa, T. R. V. da; Melo, N. X.; Almada, J.
B. Inventário da qualidade da energia elétrica – um exemplo prático. In: III Congresso
Brasileiro de Eficiência Energética, 2009, Belém-PA.
OLIVEIRA, C. G. de; Sato, F.; Filho, E. R.; Kubo, M. M. Análise da Eficiência Energética
e da Qualidade de Energia Elétrica na Faculdade de Engenharia Elétrica e de
Computação da UNICAMP. In: XVII Congresso Brasileiro de Automática, 2008, Juiz de
Fora-MG. Disponível em: <http://www.labplan.ufsc.br/congressos/CBA2008/textos/CBA_
2008_Artigos/41010.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2012.
SANKARAN, C. Power quality. 1st. ed. Florida: CRC Press, 2001. 202p.
SOLLETTO, K. T.; Bonatto, B. D.; Belchior, F. N.; Mertens Jr., E. A. Certificação oficial de
medidores da qualidade da energia elétrica. In: VII Conferência Internacional de
Aplicações Industriais, 2008, Poços de Caldas-MG. Disponível em:
<http://www.iee.usp.br/biblioteca/producao/2008/Trabalhos/Solettocertificacao.pdf>. Acesso
em: 11 fev. 2012.
WEG Automação S.A. Manual para Correção do Fator de Potência. 2009. Disponível em
<http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-correcao-do-fator-de-potencia-958-manual-
portugues-br.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2012.