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GUSTAVO DAGIOS DAL MOLIN

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ENERGIA


ELÉTRICA DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE

CURITIBA
2014
I
GUSTAVO DAGIOS DAL MOLIN

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ENERGIA


ELÉTRICA DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação,


apresentado à disciplina TE105 - Projeto de Graduação, do
Curso Superior de Engenharia Elétrica, do Departamento
Acadêmico de Engenharia Elétrica, da Universidade Federal
do Paraná – UFPR, como requisito para obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.

Orientador:

Prof.° Dr.° João Américo Vilela

CURITIBA
2014

II
TERMO DE APROVAÇÃO
GUSTAVO DAGIOS DAL MOLIN

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA DE UM SISTEMA


FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação aprovado como


requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista no Curso de
Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná,
pela seguinte banca examinadora:

Prof. Dr. João Américo Vilela


Orientador - Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica
da Universidade Federal do Paraná, UFPR.

Prof. Dr. Roman Kuiava


Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica
da Universidade Federal do Paraná, UFPR.

Prof. M. Sc. Mateus Duarte Teixeira


Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica
da Universidade Federal do Paraná, UFPR.
.

Curitiba, 15 de julho de 2014.

III
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas que me apoiaram e me


incentivaram, transmitindo força e perseverança para que eu conseguisse
chegar ao fim deste trabalho com sucesso. Minha família, meus professores,
meu orientador e meus colegas de universidade.

IV
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me ajudado, me orientado e me


apoiado em todos os momentos durante a realização deste trabalho e também
por ter me dado forças e sempre me iluminar durante estes cincos anos de
curso.

Agradeço ao Prof. Dr. João Américo Vilela por ter aceitado com toda
vontade e apoio me orientar durante este trabalho e por toda a paciência,
disposição, motivação para que eu pudesse melhorar cada vez mais e me
orientasse com grandes ideias para me ajudar durante as dificuldades
encontradas durante o trabalho.

Agradeço ao Engenheiro Tiago Chinvelski que possibilitou todo esse


estudo disponibilizando toda a infraestrutura e conhecimento da Elco
Engenharia de Montagens Ltda, para que o trabalho fosse realizado com
sucesso, por ter disponibilizado seu tempo, sua paciência, sua grande
experiência na área estudada e me orientando para que as medições
realizadas nesse trabalho fossem feitas com segurança e eficiência.

Agradeço ao meu supervisor na Renault Leandro Reis que foi sempre


muito compreensivo e sempre me apoiou durante a realização deste trabalho.

Agradeço aos meus PAIS E IRMÃO, por sempre terem me apoiado na


decisão de qual caminho tomar e por sempre estarem demonstrando vosso
amor e carinho para comigo.

E por fim, agradeço a todos os AMIGOS E FAMILIARES que estiveram


ao meu lado, sempre apoiando para conclusão desta etapa.

V
RESUMO

Tendo em vista a crescente evolução de sistemas fotovoltaicos e uma


demanda crescente por formas alternativas e sustentáveis de geração de
energia elétrica, o Brasil com seus excelentes índices de irradiação solar
aumenta significativamente a cada ano a geração de energia solar fotovoltaica
conectada à rede na sua matriz energética. Mas com isso surge uma
preocupação sobre qual podem ser os impactos na qualidade da energia
elétrica (QEE) entregue por esses sistemas fotovoltaicos conectados à rede de
distribuição (SFCR). Esse trabalho consiste em estudar um caso real no
Paraná da ELCO Engenharia de montagens, já homologado pela COPEL,
realizando ensaios e simulações com um equipamento que analisa vários
critérios da qualidade de energia elétrica, principalmente distorções harmônicas
e níveis de tensão e corrente, buscando verificar qual o impacto na instalação.
Nesse estudo de caso em um determinado ensaio alguns harmônicos
individuais de corrente foram reduzidos com a presença do inversor e os níveis
de tensão na saída do inversor se mantiverem dentro de limites adequados
mesmo ocorrendo variações na potência do sistema de geração fotovoltaico. A
simulação do SFCR mostrou os níveis de tensão do SFCR em vários pontos do
circuito para diferentes valores de potência do inversor e cargas conectadas.

Palavras chave: Geração Solar, Qualidade de Energia Elétrica, Geração


Distribuída (GD) e Distorções Harmônicas.

VI
ABSTRACT

The increasing trend of photovoltaic systems and an increasing demand


for alternative and sustainable forms of power generation, Brazil with its
excellent solar irradiation levels increases significantly each year generating
solar photovoltaic connected to the grid in the matrix energy. However, with that
comes a concern about what may be the impact on the power quality (PQ)
delivered by these photovoltaic systems connected to the distribution grid
(SFCR). This work consists of a real case study in the Paraná ELCO
Engineering, already approved by COPEL, performing tests and simulations
with a device that analyzes various criteria of quality of electric power, mainly
harmonic distortions and voltage and current levels, seeking to verify what
impact the installation. In this case, on a particular test some individual current
harmonics were reduced by the presence of the inverter and the voltage levels
in the inverter output are maintained within appropriate limits even occurring
variations in photovoltaic power generation system. The simulation showed
voltage levels of SFCR at various points of the circuit for different values of
power inverter and connected loads.

Keywords: Photovoltaic Power Generation, Power Quality, Generation


Distributed and Harmonic Distortions

VII
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BIG Banco de Informações de Geração

EPE Empresa de Pesquisa Energética

CA Corrente Alternada

CC Corrente Continua

COPEL Companhia Paranaense de Energia

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FV Fotovoltaico

GD Geração Distribuída

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

MPPT Maximum Power Point Tracking

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PRODIST Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema

QEE Qualidade de Energia Elétrica

SETI Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

SFCR Sistema Fotovoltaico conectado à Rede

SIN Sistema Interligado Nacional

TECPAR Instituto de Tecnologia do Paraná

8
LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1 - Matriz de Energia Elétrica ......................................................... 14


TABELA 2.1 – Agentes Investindo ................................................................... 22
TABELA 2.2 – Legenda Destinos de Energia................................................... 22
TABELA 2.3 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV
(220/127) .......................................................................................................... 26
TABELA 2.4 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV
(220/127) .......................................................................................................... 26
TABELA 2.5 – Classificação VTCD .................................................................. 27
TABELA 2.6 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais
de tensão.......................................................................................................... 29
TABELA 2.7 – Níveis de referência para distorções harmônicas individuais de
tensão .............................................................................................................. 29
TABELA 2.8 – Tempo de desligamento do Inversor ........................................ 31
TABELA 3.1 – Características Físicas Painel Solar Bosch modelo c-Si M60 EU
30117 ............................................................................................................... 42
TABELA 3.2 – Características Elétricas Painel Solar Bosch modelo c-Si M60
EU 30117 ......................................................................................................... 43

9
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – Diagrama do SFCR ................................................................... 33


FIGURA 2.2 – Sistema de medição do SFCR .................................................. 34
FIGURA 2.3 – Esquemático do SFCR ............................................................. 36
FIGURA 2.4 – Posição ponteiras no SFCR ...................................................... 37
FIGURA 3.1 – Diagrama unifilar do sistema fotovoltaico ELCO ....................... 44
FIGURA 3.2 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO ........... 44
FIGURA 3.3 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO -
Modificado ........................................................................................................ 47
FIGURA 3.4 – Harmônicos Individuais Inversor ............................................... 48
FIGURA 3.5 – Harmônicos Individuais Ponto de Junção ................................. 48
FIGURA 3.6 – Harmônicos Individuais da Carga medida ................................ 49
FIGURA 3.7 – Comparação entre Harmônicos Individuais .............................. 49
FIGURA 3.8 – Níveis de tensão RMS na fase A .............................................. 51
FIGURA 3.9 – Níveis de tensão RMS na fase B .............................................. 52
FIGURA 3.10 – Níveis de tensão RMS na fase C ............................................ 52
FIGURA 3.11 – Níveis de tensão RMS na fase A para 2 dias meio ................. 53
FIGURA 3.12 – Tensão e Corrente RMS na fase C ......................................... 55
FIGURA 3.13 – Tensão e Corrente RMS na fase C – ZOOM no momento de
desligamento .................................................................................................... 55
FIGURA 3.14 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO -
Modificado ........................................................................................................ 57
FIGURA 3.15 – Corrente RMS na saída do Inversor na fase A ....................... 58
FIGURA 3.16 – Tensão RMS na saída do Inversor na fase A ......................... 58
FIGURA 3.17 – Corrente RMS na saída do Inversor na fase A - ZOOM ......... 59
FIGURA 3.18 – Tensão RMS na saída do Inversor na fase A – ZOOM ........... 60
FIGURA 3.19 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO -
Modificado ........................................................................................................ 62
FIGURA 3.20 – Harmônicos de corrente Carga A fase A ................................ 63
FIGURA 3.21 – Harmônicos de corrente Carga B fase A ................................ 63
FIGURA 3.22 – Harmônicos de corrente Entrada de energia COPEL fase A .. 64

10
FIGURA 3.23 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO -
Modificado ........................................................................................................ 65
FIGURA 3.24 – Tensão nos pontos do SFCR com cargas variando a potência
do inversor........................................................................................................ 67
FIGURA 3.25 – Tensão nos pontos do SFCR sem cargas variando a potência
do inversor........................................................................................................ 67
FIGURA 3.26 – Comparação Com/Sem carga para Potência de valor Nominal
FIGURA 3.27 – Comparação Com/Sem carga para Potência de 4 vezes o valor
Nominal ............................................................................................................ 67
FIGURA 3.28 – Comparação Com/Sem carga sem o Inversor ........................ 68

11
SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................... VI
ABSTRACT ...................................................................................................... VII
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................. 8
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... 9
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ 10
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14
1.1 CONTEXTO ........................................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................ 17
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................... 17
1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................ 17
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 18
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ...................................................... 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 20
2.1 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E REGULAMENTAÇÃO ........................... 20
2.2 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA .............................................. 24
2.2.1 Níveis de tensão em regime permanente ..................................... 26
2.2.3 Distorções Harmônicas ................................................................. 27
2.2.3 Ilhamento ...................................................................................... 30
2.3 ESTUDOS JÁ REALIZADOS .............................................................. 31
2.3.1 Justificativa da escolha dos 4 artigos ................................................... 32
2.3.2 Artigo Análise da Qualidade de Energia de Sistemas Fotovoltaicos
de Pequeno Porte Conectados à Rede......................................................... 32
2.3.3 Artigo Qualidade da Energia Elétrica em Uma Instalação
Fotovoltaica Conectada à Rede Elétrica de Baixa Tensão ........................ 35
2.3.4 Dissertação de mestrado - Análise operacional de uma micro rede
eléctrica com produção de energia fotovoltaica ......................................... 37
2.3.5 Tese de doutorado - Sistemas fotovoltaicos conectados a redes de
distribuição urbanas: sua influência na qualidade da energia elétrica e
análise dos parâmetros que possam afetar a conectividade ..................... 38
3 DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS .................................................. 40
3.1 DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ..... 40
3.1.1 Entrada de energia ....................................................................... 41
3.1.2 Dados das placas solares fotovoltaicas ........................................ 41
12
3.1.3 Composição da instalação ............................................................ 43
3.2 EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO DE QUALIDADE DE ENERGIA ....... 45
3.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS ............................................................. 45
3.3.1 Ensaio de contribuição das harmônicas de corrente na carga,
inversor e o ponto de junção...................................................................... 46
3.3.2 Ensaio de monitoramento dos níveis de tensão RMS em um
período de aproximadamente uma semana .............................................. 50
3.3.3 Ensaio para verificar o sistema anti-ilhamento do inversor........... 54
3.3.4 Ensaio de monitoramento da tensão entregue pelo inversor de
acordo com a variação de potência fornecida pelo inversor ...................... 56
3.3.5 Ensaio de coleta das amostras de valores de harmônicos de
corrente individuais na saída dos inversores de acordo com a potência ... 60
3.3.6 Ensaios de coleta das distorções harmônicas de corrente para
modelagem do SFCR e utilização na simulação ....................................... 61
3.3.7 Simulação ..................................................................................... 64
4 CONCLUSÃO ............................................................................................ 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 72
APÊNDICE A – Tabela de Harmônicos Individuais de 7 amostras de potência
na saída do inversor Fase A............................................................................. 74
APÊNDICE B – Diagrama Unifilar Geral do SFCR da ELCO ........................... 76
APÊNDICE C – Esquemático monofásico do SFCR estudado no PSIM ......... 77

13
1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com grande potencial para a geração solar através de


módulos fotovoltaicos, com características naturais favoráveis principalmente
quando comparado com países que já possuem uma grande parte da sua
matriz energética composta pela geração fotovoltaica, mas que possuem
índices de irradiação solar médios muito inferiores a grande parte do território
nacional brasileiro.

Todavia, a participação da geração fotovoltaica na matriz energética


brasileira é pequena, quando comparado com a principal forma de geração,
representada pelas hidroelétricas. Segundo a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL o Brasil possui um total de 3152 empreendimentos em
operação que geram uma potência instalada de aproximadamente 128GW,
desse total, existem 102 empreendimentos de sistemas fotovoltaicos, os quais
correspondem a uma capacidade instalada em torno de 9MW. Como pode-se
verificar na tabela 1.1:
TABELA 1.1 - Matriz de Energia Elétrica

Empreendimentos em Operação
Capacidade Instalada Total
Tipo % %
N.° de Usinas (kW) N.° de Usinas (kW)
Hidro 1.108 86.698.970 63,54 1.108 86.698.970 63,54
Natural 116 12.534.521 9,19
Gás 157 14.281.944 10,47
Processo 41 1.747.423 1,28
Óleo Diesel 1.122 3.528.733 2,59
Petróleo 1.155 7.612.346 5,58
Óleo Residual 33 4.083.613 2,99
Bagaço de Cana 378 9.339.426 6,84
Licor Negro 16 1.530.182 1,12
Biomassa Madeira 51 432.635 0,32 478 11.423.613 8,37
Biogás 24 84.937 0,06
Casca de Arroz 9 36.433 0,03
Nuclear 2 1.990.000 1,46 2 1.990.000 1,46
Carvão Mineral Carvão Mineral 13 3.389.465 2,48 13 3.389.465 2,48
Eólica 135 2.876.576 2,11 135 2.876.576 2,11
Fotovoltaica 102 9.372 0 102 9.372 0
Paraguai 5.650.000 5,46
Argentina 2.250.000 2,17
Importação 8.170.000 5,99
Venezuela 200.000 0,19
Uruguai 70.000 0,07
Total 3.152 136.456.636 100 3.152 136.456.636 100
FONTE: ANEEL (2014)

14
Atualmente com um aumento elevado do consumo de energia elétrica,
uma preocupação cada vez maior com os impactos ambientais e o
desenvolvimento de novos conceitos de geração de energia elétrica, como
exemplo a geração solar, pode se tornar uma ótima alternativa.

Com a geração distribuída, que consiste em aproximar o consumidor de


energia elétrica da fonte de geração, surgem a micro e mini geração
distribuída, que por sua vez, podem ser conectadas à rede de distribuição,
dando seguimento ao conceito de micro e mini geração distribuída conectadas
à rede de distribuição. Onde os sistemas fotovoltaicos se colocam como sendo
uma de suas alternativas de geração de energia. Com isso, a energia elétrica
proveniente de fontes como hidráulicas e combustíveis fosseis podem ser
substituídas em alguns períodos do dia pela geração solar, economizando
recursos e reduzindo impactos ao meio ambiente.

Dentro desde contexto, este trabalho consiste em analisar alguns


critérios da qualidade da energia elétrica entregue por um sistema fotovoltaico
conectado à rede e homologado pela Copel, pois como uma grande alternativa
para a matriz energética brasileira é de extrema importância que esses
sistemas sejam implantados de maneira confiável, com segurança e qualidade.
Lembrando que se caso ocorra realmente uma grande utilização de novos
sistemas fotovoltaicos nos próximos anos, eles em conjunto podem acarretar
danos ainda maiores.

1.1 CONTEXTO

Tendo em vista a crescente demanda de energia elétrica, as


preocupações com o meio ambiente e principalmente o fato de a geração solar
através de sistemas fotovoltaicos conectados à rede se mostrarem uma ótima
alternativa, surge uma preocupação quanto essas futuras instalações desses
sistemas.

A resolução normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, que estabelece as


condições gerais para o acesso de micro geração e mini geração distribuída

15
aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação
de energia elétrica e entre outras normas, até mesmo de conteúdos
internacionais, determinam os critérios a serem seguidos para uma
implantação de sistemas de geração distribuída dentro dos padrões para que
energia elétrica seja fornecida corretamente e com qualidade.

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede fazem parte de algo muito


maior e tem um papel muito importante e significativo. Eles são uma das
formas de se gerar energia de maneira distribuída, a qual contribui para o
desenvolvimento de um novo conceito de como se manipular a energia desde
sua geração até a distribuição para o consumidor. Ela também pode estar
associada as redes inteligentes Smart Grids, que visam integrar e inter-
relacionar várias formas de tecnologia para a melhor eficiência da energia
elétrica, podendo ser essas, tecnologias da informação e telecomunicações,
mobilidade elétrica, acumulação de energia, medição inteligente e bidirecional
e automação inteligente.

Um exemplo ocorrido em Curitiba no Paraná, percebendo a consequente


demanda por conhecimento tecnológico e socioeconômico em GD e Smart
Grid a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI e o Instituto
de Tecnologia do Paraná – TECPAR promoveram a Conferência Internacional
de Energias Inteligentes com o objetivo de materializar um ambiente favorável
à discussão das tendências tecnológicas mundiais sobre o tema Smart Energy.

Na Conferência Internacional de Energias Inteligentes foram destaque


os seguintes pontos, os quais podem ser encontrados no site do evento:

 Geração Distribuída
 Infraestrutura Compartilhada
 Novas tendências tecnológicas do Smart Grid
 Aspectos regulatórios e seus impactos
 Telecomunicações
 Medição
 Ferramentas de TI

16
 Automação de Sistemas
 Mobilidade Elétrica
 Acumulação de Energia

Nessa conferência participaram empresas do setor elétrico, as


concessionárias de energia elétrica, integrantes do governo do Paraná, as
universidades, os sindicatos da indústria e comércio, empresas do setor
industrial e as companhias de gás e saneamento do estado. Mostrando a
preocupação com o futuro do setor de energia elétrica no Paraná e Brasil e que
deve ser discutido e planejado.

Um tema muito debatido foi a preocupação com os impactos que a


implantação de vários sistemas fotovoltaicos podem trazer para a qualidade da
energia elétrica das instalações de baixa tensão, como também para a rede de
distribuição, entre elas, as mais citadas foram as regulações de tensão e as
distorções harmônicas de corrente e tensão. Enfatizando assim, a preocupação
em realizar este trabalho com foco em entender como e quais critérios da
qualidade da energia elétrica um sistema conectado à rede pode estar
impactando.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O presente projeto teve como objetivo principal elaborar um estudo de


caso sobre os impactos na qualidade da energia elétrica entregue por um
sistema fotovoltaico conectado à rede de distribuição já homologado pela
Copel.

1.2.2 Objetivos específicos

Para alcançar o principal objetivo foram determinados alguns objetivos


secundários:

17
 Estudar os sistemas fotovoltaicos conectados à rede
 Estudar os critérios de qualidade de energia elétrica
 Estudar as normas técnicas
 Aprender a trabalhar com o FLUKE 434
 Analisar a instalação do sistema que será realizado as medições
 Realizar as medições de qualidade de energia elétrica
 Elaborar relatório final com os dados coletados

1.3 JUSTIFICATIVA

Analisando o panorama atual da situação energética brasileira é fácil


entender a necessidade da implantação de fontes alternativas de energia
elétrica e a preocupação com os impactos que esses sistemas quando
conectados à rede podem trazer.

O Brasil possui a maior parte da sua geração de energia elétrica


proveniente de hidrelétricas, fazendo com que o sistema fique dependente das
condições climáticas e quando esse tipo de geração não atende à demanda, as
usinas termelétricas são mais utilizadas encarecendo as tarifas e prejudicando
o meio ambiente. Com isso a utilização de fontes de energia renováveis como
é o caso da geração solar fotovoltaica fica em evidencia e se apresenta como
uma ótima alternativa para questões ambientais e deixam o sistema mais
confiável.

O estudo da qualidade da energia elétrica que está sendo entregue por


SFCR vai identificar quais os impactos pontos positivos ou negativos para a
rede de baixa tensão e a rede de distribuição. Sendo assim de grande
importância analisar esses critérios e verificar o que se passa quando
implantados de acordo com que a concessionária exige.

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O presente trabalho está organizado da seguinte maneira:


primeiramente é apresentada uma noção sobre a geração distribuída, os

18
sistemas fotovoltaicos conectados à rede e a regulamentação tanto nacional
como internacional, mostrando também alguns artigos que já estudaram a
qualidade da energia elétrica entregue por sistemas fotovoltaicos e que
apresentam alguns resultados importantes para comparações e entendimento
da metodologia a ser seguida nesse trabalho.

Em seguida, é realizado um detalhamento da metodologia a ser seguida,


explicando sobre a instalação elétrica do sistema fotovoltaico conectado à rede
estudado, sobre o aparelho FLUKE 434 utilizado para as medições e como
foram feitas as medições e no final são apresentados os resultados.

19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E REGULAMENTAÇÃO

O Brasil apresenta um grande potencial para produção de energia


elétrica através da geração solar, tendo como aliado uma evolução na
eficiência dos painéis fotovoltaicos e uma necessidade de expansão energética
no país. Mas esses fatores ainda dependem de um complemento de incentivos
provenientes do governo para que em conjunto tornem a geração solar através
de painéis fotovoltaicos viável e significativa.

A chamada ANEEL n° 013/2011, nomeada de Projeto Estratégico:


“Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica
na Matriz Energética Brasileira” de agosto de 2011, tem como principal
objetivo:

“A proposição de arranjos técnicos e comerciais para


projeto de geração de energia elétrica através de
tecnologia solar fotovoltaica, de forma integrada e
sustentável, buscando criar condições para o
desenvolvimento de base tecnológica e infraestrutura
técnica e tecnológica para inserção da geração solar
fotovoltaica na matriz energética nacional. ”

Ela é uma chamada para projetos de pesquisa e desenvolvimento


estratégico, P&D, que visa desenvolver essa tecnologia, incentivando a
participação dela na matriz energética brasileira. Alguns pontos que fazem
parte das perspectivas dessa chamada e que demonstram claramente o
objetivo principal são:

“Facilitar a inserção da geração solar


fotovoltaica na matriz energética brasileira; Viabilizar
economicamente a produção, instalação e
monitoramento da geração solar fotovoltaica para
injeção de energia elétrica nos sistemas de distribuição
e/ou transmissão; Fomentar o treinamento e a
capacitação de técnicos especializados neste tema em
universidades, escolas técnicas e empresas; Propiciar
a capacitação laboratorial em universidades, escolas
técnicas e empresas nacionais; Identificar
possibilidades de otimização dos recursos energéticos,

20
considerando o planejamento integrado dos recursos e
a identificação de complementaridade horossazonal e
energética entre a fonte solar fotovoltaica e as fontes
disponíveis; Estimular a redução de custos da geração
solar fotovoltaica com vistas a promover a sua
competição com as demais fontes de energia”

A resolução normativa ANEEL nº 482, de 17 de abril de 2012,


estabelece as condições gerais para o acesso de micro geração e mini geração
distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de
compensação de energia elétrica, e dá outras providências. No Art. 2° a
resolução define o conceito de micro e mini geração distribuída:

I - microgeração distribuída: central geradora de


energia elétrica, com potência instalada menor ou igual
a 100 kW e que utilize fontes com base em energia
hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada, conforme regulamentação da ANEEL,
conectada na rede de distribuição por meio de
instalações de unidades consumidoras;
II - minigeração distribuída: central geradora de energia
elétrica, com potência instalada superior a 100 kW e
menor ou igual a 1 MW para fontes com base em
energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou
cogeração qualificada, conforme regulamentação da
ANEEL, conectada na rede de distribuição por meio de
instalações de unidades consumidoras;

E no que impacta a qualidade de energia, ela destaca no capítulo V os


artigos:

Art. 11. Aplica-se o estabelecido no caput e no inciso II


do art. 164 da Resolução Normativa nº 414 de 9 de
setembro de 2010, no caso de dano ao sistema elétrico
de distribuição comprovadamente ocasionado por
microgeração ou minigeração distribuída incentivada.
Art.12. Aplica-se o estabelecido no art. 170 da
Resolução Normativa nº 414, de 2010, no caso de o
consumidor gerar energia elétrica na sua unidade
consumidora sem observar as normas e padrões da
distribuidora local.

Segundo a ANEEL, ficam evidenciados as justificativas e os benefícios


que esse tipo de geração pode trazer para o sistema elétrico, impactando
beneficamente tanto as concessionárias como os consumidores:

21
“Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor
a Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, o
consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia
elétrica a partir de fontes renováveis e inclusive
fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua
localidade. Trata-se da micro e da mini geração
distribuídas de energia elétrica, inovações que podem
aliar economia financeira, consciência socioambiental e
auto sustentabilidade. ”

Atualmente existem 1619 agentes investindo no mercado de geração de


energia elétrica, sendo desse total 96 destinados para mini e micro geradores
dentro dos quesitos estabelecidos pela resolução da ANEEL 482 de 2012,
como bem observado nas tabelas disponibilizadas pelo BIG - Banco de
Informações de Geração disponibilizado pela ANEEL.

TABELA 2.1 – Agentes Investindo

Agentes Distribuidos entre os Destinos da Energia


Destino da Energia Quantidade de Agentes

SP 84

APE 267

PIE 1.326

COM 0

APE-COM 0

REG 1.245

REG-RN482 96

* Um Agente pode atuar em vários destinos

FONTE: ANEEL (2014)

TABELA 2.2 – Legenda Destinos de Energia

Legenda
APE Autoprodução de Energia
APE-COM Autoprodução c/ Comerc. de Excedente
COM Comercialização de Energia
PIE Produção Independente de Energia
REG Registro
REG-RN482 Registro mini micro Geradores RN482/2012
SP Serviço Público

22
FONTE: ANEEL (2014)

Outro ponto da resolução trata da possibilidade de ganhar créditos de


energia quando esse tipo de sistema é conectado à rede e possui um
excedente de energia gerado. Um grande exemplo é a aplicação da geração
fotovoltaica conectado à rede de uma residência. Durante o dia, o consumo da
casa é baixo e a geração de energia elétrica solar é alta, o consumidor pode
ganhar créditos que podem compensar os períodos de grande consumo
reduzindo o custo mensal de energia do cliente. A REN 482/2012, define o
conceito de sistema de compensação de energia elétrica como sendo:

“Sistema no qual a energia ativa injetada por unidade


consumidora com microgeração distribuída ou
minigeração distribuída é cedida, por meio de
empréstimo gratuito, à distribuidora local e
posteriormente compensada com o consumo de
energia elétrica ativa dessa mesma unidade
consumidora ou de outra unidade consumidora de
mesma titularidade da unidade consumidora onde os
créditos foram gerados, desde que possua o mesmo
Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de
Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao Ministério da
Fazenda.”

Como neste trabalho o sistema de geração fotovoltaico conectado à rede


a ser estudo foi homologado pela Copel é de grande relevância estar ciente
das normas exigidas por essa concessionária. A NTC 905200 “Acesso de micro
e minigeração distribuída ao sistema da copel” de Fevereiro de 2014, em
conformidade com as prescrições vigentes nos Procedimentos de Distribuição
– PRODIST e nas Resoluções Normativas da Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, tem como objetivo fornecer os requisitos para acesso de
geradores de energia elétrica conectados através de unidades consumidoras
optantes pelo Sistema de Compensação de Energia Elétrica (micro e mini
geradores), instituído pela Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012.

Algumas recomendações internacionais que falam sobre impactos da


qualidade da energia elétrica de sistemas conectados à rede, como por
exemplo, as recomendações IEEE std 519-1992 “IEEE Recommended
Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric Power Systems”,
estabelece limites superiores de distorção harmônica total de 5% para

23
geradores de energia elétrica que queiram injetar correntes em redes até 69kV,
que também é utilizada pela recomendação IEEE std 1547-2003 “IEEE
Standard for Interconnecting Distributed Resources With Electric Power
Systems”.

2.2 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

Em relação a qualidade de energia elétrica que é o foco deste trabalho,


surge uma preocupação em relação aos impactos que essa tecnologia de
SFCR pode causar principalmente nos sistemas de baixa tensão. Os impactos
vão desde critérios de confiabilidade, qualidade de energia elétrica (QEE) até
segurança pessoal. Em relação a QEE, esses sistemas podem contribuir para
alterações nos níveis de distorções harmônicas de tensão e corrente, além de
elevar os valores dos níveis de tensão eficaz. (ROGERS, 2003).

A exigência por uma qualidade de energia elétrica cada vez maior, os


atuais aparelhos eletrônicos utilizados, o perfil do consumidor se alterando e a
geração distribuída aumentando sua participação em várias partes do sistema
elétrico colocam a QEE como um ponto a ser respeitado e priorizado com o
passar do tempo.

Analisando o período no início da revolução industrial, as cargas


elétricas alimentadas pela rede eram pouco sensíveis a distúrbios e distorções,
possuindo características de robustez, assim os efeitos recebidos pela rede e
também gerados pelos próprios equipamentos acabavam sendo praticamente
imperceptíveis e não eram avaliados. (LOURENÇO, 2012).

No entanto as características das cargas atuais são muito diferentes,


elas são muito mais sensíveis a distúrbios e além disso são capazes de gerar
mais distorções. Com isso a preocupação para que esses distúrbios elétricos
sejam controlados se torna totalmente relevante, até porque em alguns casos
eles podem alterar o funcionamento de outros equipamentos, diminuir a vida
útil e gerar perdas elétricas significativas (LOURENÇO, 2012). Sendo assim na
dissertação de mestrado Avaliação da Qualidade de Energia Elétrica no Centro

24
de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará de Tiago Greison Martins
Lourenço de 2012, comenta:
“Para que se definam estratégias de mitigação
dos distúrbios da QEE, é necessário realizar, por meio
de um plano de medição, a captura de dados, isto é,
grandezas elétricas como tensão e corrente, entre
outras, em pontos estratégicos da rede monitorada, no
intervalo de tempo apropriado, utilizando-se
equipamentos adequados para a tarefa. ”
“O monitoramento ideal da rede elétrica é a
coleta simultânea de dados nos pontos de interesse.
Nestas condições, o diagnóstico da rede seria mais
completo e preciso, uma vez que demonstraria o
desempenho da rede numa área geográfica maior
submetida a eventos e distúrbios simultâneos.
Entretanto, limitações econômicas dificultam esta
solução, e o monitoramento em geral é feito em cada
ponto estratégico individualmente. ”

No que diz respeito à regulação, o PRODIST - Procedimentos de


Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional da ANEEL no seu
módulo 8 trata da qualidade da energia elétrica, tendo como um de seus
objetivos “Estabelecer os procedimentos relativos à qualidade da energia
elétrica - QEE, abordando a qualidade do produto e a qualidade do serviço
prestado”. Os critérios relacionados a qualidade do produto, tanto em regime
permanente como em regime transitório são:

 Tensão em regime permanente;


 Fator de potência;
 Harmônicos;
 Desequilíbrio de tensão;
 Flutuação de tensão;
 Variações de tensão de curta duração;
 Variação de frequência.

Alguns desses critérios, por se tratarem dos pontos fundamentais para


se avaliar a qualidade da energia elétrica serão analisados separadamente,
utilizando-se também como base as definições e conceitos do módulo 8 do
PRODIST.

25
Quanto a qualidade de serviço que de acordo com o PRODIST tem
como objetivo estabelecer a metodologia para apuração dos indicadores de
continuidade e dos tempos de atendimento a ocorrências emergenciais,
definindo padrões e responsabilidades será tratada com menor ênfase
deixando os tópicos de produto mais em evidência, pois são os que definem os
principais pontos que são avaliados nas medições no sistema fotovoltaico
estudado.

2.2.1 Níveis de tensão em regime permanente

A ANEEL estabelece no módulo 8 do PRODIST que existem os limites


adequados, precários e críticos para os níveis de tensão em regime
permanente disponibilizados aos consumidores e que essa faixa de valores vai
depender se o consumidor é alimentado em alta, média ou baixa tensão. A
tabela 2.3 mostra os valores de forma genérica e a tabela 2.4 para valores de
tensão (220V/127V) estudados neste trabalho, ambas retiradas do módulo 8 do
PRODIST:
TABELA 2.3 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (220/127)

FONTE: PRODIST, ANEEL, 2013.

TABELA 2.4 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (220/127)

FONTE: PRODIST, ANEEL, 2013.

26
2.2.2 Elevações de tensão de curta duração

As Variações de Tensão de Curta Duração (VTCD) podem ser definidas


de acordo com o módulo 8 do PRODIST como desvios significativos no valor
eficaz da tensão em curtos intervalos de tempo, podendo ser classificada como
momentânea ou temporária dependendo da duração da variação e
denominadas como interrupção, afundamento ou elevação dependendo da
variação da amplitude. A tabela 2.5 apresenta suas classificações.

TABELA 2.5 – Classificação VTCD

FONTE: PRODIST, ANEEL, 2013.

2.2.3 Distorções Harmônicas

A presença de não linearidades em equipamentos elétricos e em


componentes da própria instalação elétrica e da rede elétrica, podem alterar a
tensão e corrente de um sistema elétrico de corrente alternada, fazendo com o
que era pra ser um perfil puramente senoidal possua outros sinais elétricos
associados a esse perfil. (LOURENÇO, 2012).

27
O módulo 1 do PRODIST define dois critérios relacionados aos
harmônicos que ajudam a analisar a qualidade da energia elétrica:

“Distorção harmônica individual: Grandeza que


expressa o nível individual de uma das componentes que
totalizam o espectro de frequências de um sinal distorcido,
normalmente referenciada ao valor da componente
fundamental”.
“Distorção harmônica total: Composição das distorções
harmônicas individuais que expressa o grau de desvio da onda
em relação ao padrão ideal, normalmente referenciada ao valor
da componente fundamental”.

A ANEEL estabelece somente valores limites para distorções


harmônicas individuais e totais de tensão, DITh e DTT respectivamente. Ela
não estabelece os valores para a corrente, mas as equações para a corrente
seguem a mesma formulação, ela se diferencia somente nos valores de tensão
por valores de corrente. As equações para tensão são:

(1)

√∑
(2)

Onde h é a ordem harmônica, hmáx é a ordem harmônica máxima, Vh é a


tensão harmônica de ordem h e V1 é a tensão de frequência fundamental.

Ainda no módulo 8 do PRODIST a ANEEL apresenta duas tabelas


de valores de referência para as distorções harmônicas totais e individuais,
tabelas 2.6 e 2.7, respectivamente. Mas ela deixa claro que: “Estes valores
servem para referência do planejamento elétrico em termos de QEE e que,

28
regulatóriamente, serão estabelecidos em resolução específica, após período
experimental de coleta de dados”.

TABELA 2.6 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais

(em porcentagem da tensão fundamental)

FONTE: PRODIST, ANEEL, 2013.

TABELA 2.7 – Níveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão

(em percentagem da tensão fundamental)

FONTE: PRODIST, ANEEL, 2013.

A tabela 2.7 evidencia o fato de que os harmônicos de ordem impar são


mais significativos e quando eles estão presentes em um sinal de tensão ou

29
corrente eles provocam as distorções prejudicando a qualidade da energia
elétrica desse sinal.

Alguns problemas gerados pelas distorções harmônicas:

Problemas na operação de dispositivos de proteção como relés,


disjuntores e fusíveis, aquecimento de condutores causados por gerar perdas
elétricas, ressonância, diminuição da vida útil de equipamentos, erros de
medição e instrumentação, disparos indevidos de dispositivos de eletrônica de
potência, interferência eletromagnética em equipamentos de telecomunicações,
flutuação da intensidade luminosa, os famosos flickers e alterar o
funcionamento de equipamentos como computadores e CLP’s (Computadores
lógico programáveis) que podem estar operando máquinas na indústria por
exemplo. (Sousa, 2010).

2.2.3 Ilhamento

O fenômeno de ilhamento acontece quando uma parte de um sistema


elétrico que está abastecendo de energia uma instalação com cargas e outras
entradas de geração é desconectada, podendo ser por acidentes ou proposital,
mas as cargas continuam a ser alimentadas por outros sistemas de geração
distribuídos conectados à elas, caracterizando um sistema isolado. Esse fato
pode ocorrer em sistemas de geração fotovoltaico conectados à rede, fazendo
com que a instalação continue energizada mesmo quando à alimentação pela
rede estiver desconectada.

Por isso é de extrema importância que os inversores dos sistemas de


geração fotovoltaicos possuam o sistema de anti-ilhamento, como é enfatizado
nas normas (IEEE-519, 1992; IEEE-929, 2000). Os inversores homologados no
Brasil devem satisfazer a norma ABNT NBR IEC 62116:2012, publicada no
início do ano de 2012. Esse sistema se resume em desligar o inversor em caso
de falha na rede elétrica que está alimentando as cargas, como uma
interrupção no fornecimento de tensão ou até mesmo variações de tensão de
curta duração.

30
Caso o inversor não possua um sistema de anti-ilhamento ou apresente
falha na atuação desse sistema, a qual pode ser causada por erro na regulação
do próprio inversor ou defeito, a segurança pessoal e da instalação com o
sistema de geração fotovoltaica conectado à rede pode ficar comprometida.

O desligamento do inversor quando ele detecta uma variação na tensão


em sua saída fora do comum, causada por uma falta de fornecimento da rede
de energia elétrica ou por alguma anormalidade, possui tempos de
desligamento que de acordo com a norma IEEE Std 1547-2003 são
apresentados abaixo, onde Vnominal é a tensão desejada em sua saída:

TABELA 2.8 – Tempo de desligamento do Inversor

Fonte: IEEE Std 1547, 2003.

Após um desligamento da rede devido à alguma anormalidade o sistema


FV não deve retomar a fornecer energia à rede elétrica por um período de no
mínimo 5 minutos após a retomada das condições normais de tensão e
frequência da rede (IEEE Std 929-2000).

2.3 ESTUDOS JÁ REALIZADOS

Como os estudos sobre os impactos dos critérios de qualidade de


energia elétrica sobre sistema de geração distribuída conectados à rede,
especificamente de sistemas de geração fotovoltaica, ainda estão evoluindo,
tanto em relação a estudos acadêmicos, como também em regulamentações, é

31
importante avaliar alguns exemplos de testes, medições, teorias e métodos já
realizados, para que se possa entender alguns resultados, compará-los e se
possível aprimorá-los.

2.3.1 Justificativa da escolha dos 4 artigos

Será apresentado em seguida quatro trabalhos: Os dois primeiros foram


escolhidos porque trazem exemplos práticos que avaliaram critérios de QEE
em SFCR, por isso são importantes para ajudar na realização dos ensaios e
medições no presente estudo. O terceiro foi citado, pois utilizou-se de recursos
de simulação que serviram como exemplo para a realização do ensaio de
simulação neste trabalho. Por fim, o último além de apresentar vários ensaios
realizados em vários SFCR práticos, ele apresenta resultados para serem
comparados.

2.3.2 Artigo Análise da Qualidade de Energia de Sistemas Fotovoltaicos


de Pequeno Porte Conectados à Rede

O artigo Análise da Qualidade de Energia de Sistemas Fotovoltaicos de


Pequeno Porte Conectados à Rede dos autores Demonti. R., Brantes. M.,
Omori. J. S., Teixeira M. D., Siebert L. V., Dalke D. B, buscou avaliar alguns
critérios de QEE, dentre eles os três principais foram a tensão RMS, o fator de
potência e a distorção harmônica. Utilizando dois SFCR práticos conectados à
rede da COPEL.

O SFCR que foi utilizado nesse estudo para a realização dos


monitoramentos de aspectos da qualidade da energia elétrica está
demonstrado na figura 2.1:

32
FIGURA 2.1 – Diagrama do SFCR
FONTE: Demonti. R, ET AL. 2014. p. 2.

O sistema possui dois grupos de módulos fotovoltaicos, um grupo de


módulos KD135W-UPU da Kyocera, conectados ao inversor 2 (Xantrex), que
possuem as características de potência máxima de 135 W, tensão de 17,7 V,
corrente de 7,6A e eficiência de 13,47% e outro grupo de módulos HG70 da
Mitsubishi, conectados ao inversor 1 da marca CP Eletrônica, com as
características de potência máxima de 70W, tensão de 17,2 V, corrente 4,1 A e
eficiência de 14,2%.

O sistema de medição dos parâmetros de qualidade de energia elétrica


foi configurado da seguinte maneira de acordo com o artigo:

“Os medidores foram instalados da seguinte


maneira: um na saída de energia do inversor CP; o
segundo na saída do inversor Xantrex; e o terceiro foi
instalado no barramento comum dos inversores. Desta
forma, esperava-se conseguir obter as contribuições
individuais de cada um dos inversores, bem como o
efeito combinado dos dois sistemas”.

33
Os três equipamentos utilizados para as medições são aparelhos de
monitoramento da qualidade da energia elétrica modelo MARH-21 da marca
RMS e atuaram durante cerca de três meses.

A figura 2.2, mostra como ficou a configuração do sistema de medição


para monitorar os parâmetros somente em regime permanente:

FIGURA 2.2 – Sistema de medição do SFCR


FONTE: Demonti. R, ET AL. 2014. p. 3.

Em relação aos resultados do indicador dos níveis de tensão RMS,


observou-se que durante as horas de sol, os sistemas fotovoltaicos podem
melhorar a regulação dos circuitos, mas para vários sistemas operando em
várias residências, poderá trazer algumas preocupações para as
concessionárias de distribuição, pois eles poderiam superar os limites
superiores de tensão fazendo como que a rede opere em condições precárias.

Os resultados dos indicadores do fator de potência mostraram que


durante o período de sol, os painéis fotovoltaicos injetaram potência ativa e
como os inversores são pré-estabelecidos para operarem na saída com fator
de potência unitário, somente é injetado potência ativa, sendo que as
concessionárias distribuidoras continuariam injetando a potência reativa
necessária, deixando de ganhar e podendo em certos casos pagar multas por
causa da diminuição do fator de potência.

A partir dessa análise do fator potência, surge uma questão a ser


estudada em outros trabalhos de sistemas que utilizam banco de capacitores

34
para corrigir o fator de potência, quais os impactos que a atuação desses
bancos poderiam trazer.

Em relação a distorção harmônica de tensão foi observado através de


uma análise dos espectros harmônicos e da distorção harmônica total que ela
foi pouco alterada com entrada do SFCR, não impactando na qualidade de
energia, em compensação a distorção harmônica de corrente sofreu
alterações, preocupando o aspecto da qualidade de energia.

2.3.3 Artigo Qualidade da Energia Elétrica em Uma Instalação


Fotovoltaica Conectada à Rede Elétrica de Baixa Tensão

O artigo Qualidade da Energia Elétrica em Uma Instalação Fotovoltaica


Conectada à Rede Elétrica de Baixa Tensão dos autores Melo F. C., Spaduto
R. R., Tavares C. E., Macedo Jr J. R., Rezende P. H. O., Freitas L. C. G,
realizou um estudo de alguns aspectos da qualidade de energia elétrica de um
SFCR. São apresentados alguns métodos utilizados para as medições e seus
resultados.

O sistema fotovoltaico estudado possui uma potência de 6,58 kWp na


cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Ele é composto de 20 módulos
fotovoltaicos da Sun-Earth TPB156x156-60-P homologados pelo IMETRO com
classificação “A” de eficiência energética. Possuem potência de pico de 235
Wp para as Condições de Teste Padrão (CTP) de 1000 W/m2 de irradiância,
temperatura de 25 ºC e A.M. Os dois inversores utilizados foram do modelo
Eltek Valere THEIA HE-t 4.4 kW. A figura 2.3 mostra o esquemático da
instalação:

35
FIGURA 2.3 – Esquemático do SFCR
FONTE: Melo F. C. ET AL. 2014. p. 2.

Para análise dos parâmetros de qualidade de energia foram utilizados os


analisadores de qualidade Blackbox Portable Elspec G4500 e osciloscópio
Tektronics TPS 2024. A figura 2.4 mostra o posicionamento das ponteiras na
instalação onde (1) inversor 1, (2) inversor 2, (3) rede elétrica da CEMIG e (4)
cargas da empresa.

36
FIGURA 2.4 – Posição ponteiras no SFCR
FONTE: Melo F. C. ET AL. 2014 p. 5.

O parâmetro de qualidade de energia elétrica mais discutido neste


trabalho foram as distorções harmônicas totais de tensão e corrente no
barramento CA dos inversores. Para o inversor 1, os resultados dessas
distorções de tensão e corrente foram respectivamente 2,16 % e 5,27 % com o
SFCR desligado, atendendo as normas nacionais e internacionais. Após, com o
SFCR ligado, as distorções harmônicas totais pouco alteraram.

2.3.4 Dissertação de mestrado - Análise operacional de uma micro rede


eléctrica com produção de energia fotovoltaica

A dissertação de mestrado, Análise operacional de uma micro rede


elétrica com produção de energia fotovoltaica de Florindo da Cunha Barreiro de
Sousa, elaborou um estudo de análise dos principais requisitos da qualidade de
energia elétrica de uma instalação de baixa tensão conectada em um sistema
fotovoltaico. Para isso, foram realizadas simulações através do software
PSIM©, onde foi implementado vários componentes do sistema fotovoltaico e
da rede de BT, simulando diversas situações críticas de funcionamento, assim
analisando os impactos que teriam na qualidade de energia elétrica. (Barreiro
de Sousa, 2010).

Para a comparação dos resultados com alguma regulamentação, a


dissertação utilizou a norma NE/EN 50160, e as recomendações IEEE std 519-
1992 e IEEE std 1547-2003.

A primeira simulação realizada mostrou como a rede de baixa tensão se


comporta sem a presença do sistema fotovoltaico, para nos próximos ensaios
perceber como afeta os parâmetros da qualidade de energia a presença do
sistema fotovoltaico. Na simulação seguinte foi considerado o sistema
fotovoltaico conectado e operando em potência máxima. Os principais

37
requisitos comparados com a primeira simulação foram os níveis de tensão e
corrente e a distorção harmônica total em vários pontos da instalação.
Novamente um dos parâmetros mais estudados foi a distorção harmônica de
corrente.

Ainda em outras simulações foram observados os transitórios de tensão


e corrente na saída dos sistemas fotovoltaicos, VTCD e perturbações ocorridas
devido à saída de serviço dos sistemas fotovoltaicos.

2.3.5 Tese de doutorado - Sistemas fotovoltaicos conectados a redes


de distribuição urbanas: sua influência na qualidade da energia elétrica e
análise dos parâmetros que possam afetar a conectividade

A tese de doutorado, Sistemas fotovoltaicos conectados a redes de


distribuição urbanas: sua influência na qualidade da energia elétrica e análise
dos parâmetros que possam afetar a conectividade, Jair Urbanetz Junior, que
possui como objetivo geral “Analisar a interação entre os parâmetros de
qualidade de energia elétrica e o funcionamento dos inversores de SFCR,
propondo soluções que permitam a conexão à rede.”, realizou inúmeros
ensaios práticos em sistemas fotovoltaicos conectados à rede, obtendo muitas
conclusões sobre vários aspectos da qualidade de energia que foram
impactados.

Quanto a metodologia utilizada nesse estudo para análise dos


parâmetros de qualidade de energia:

“Quanto à técnica de coleta de dados para a


análise da interação entre os SFCR e os parâmetros de
qualidade de energia elétrica (THDv, THDi, tensão e
frequência), foram realizadas medições no ponto de
conexão com a rede em diversos sistemas FV
instalados no Brasil, sendo essas medições realizadas
com os sistemas FV gerando energia e desligados,
além de ensaios em laboratório. Foi também analisado
o funcionamento de inversores conectados a sistemas
onde a rede elétrica é formada a partir de geradores a
diesel e a gasolina. ”

38
Os ensaios realizados nessa tese foram focados em analisar os
parâmetros de qualidade de energia elétrica no ponto de conexão do sistema
fotovoltaico com a rede de distribuição. Primeiramente foram realizados testes
em laboratório em que foi possível simular uma rede elétrica com vários
conteúdos harmônicos, para assim posteriormente avaliar vários casos reais
em operação. É importante citar um caso em que foi dado ênfase de um
sistema fotovoltaico instalado na Fundição Estrela do Grupo Zeppini, o qual
apresentava uma baixa qualidade da energia elétrica, com alto conteúdo
harmônico, fazendo com que os inversores não entrassem em operação. Após
novas medições serem realizadas, só foi possível fazer o sistema entrar em
operação quando o ponto de conexão foi modificado. (Urbanetz, 2010).

Nesta tese de doutorado chegou-se à várias conclusões e discussões


após a realização dos ensaios nos inúmeros sistemas fotovoltaicos estudados
na tese, algumas consideradas mais importantes são citadas em seguida:

Quanto aos níveis de tensão em regime permanente, ficou evidente,


elevações destes nos pontos de conexão com a presença do sistema
fotovoltaico, que em alguns casos em que o nível de tensão se apresenta
inferior ao valor nominal pode ser benéfico, mas é importante tomar cuidado
com esse critério, como foi ressaltado em outros artigos já citados, pois à partir
do momento em que vários sistemas fotovoltaicos são inseridos na rede, essa
elevação pode acabar prejudicando e excedendo os limites definidos por
norma. (Urbanetz, 2010).

Tratando dos valores de distorção harmônica total de tensão THDv, ficou


evidenciado na maioria dos casos uma leve redução nos seus valores nos
pontos de conexão com a presença do sistema fotovoltaico, mas isso em casos
em que o carregamento do inversor estava moderado e pleno. Já para casos
em que o THDv sem a presença do inversor já era muito baixo e que haviam
presença de cargas não lineares conectadas ao ponto de conexão do inversor,
o THDv sofre um leve aumento e o mais preocupante foi que nessas condições
a distorção harmônica total de corrente THDi foi aumentada e em alguns casos
excedeu os valores previstos em norma. (Urbanetz, 2010).

39
Por fim, analisando o caso estudado da Fundição Estrela, para que o
inversor pudesse entrar em funcionamento, que não estava ocorrendo, pois
apesar do THDv apresentar uma leve redução o THDi estava elevado por
causa da forte presença de cargas não lineares, foram propostas algumas
soluções: Seria possível instalar filtros ativos e passivos em alguns pontos de
conexão do circuito, outra solução seria instalar um circuito que fosse
especifico, fazendo com que outros circuitos não impactassem com sua não
linearidades. A solução que foi realizada foi conectar os inversores em outro
circuito que apresentasse baixo conteúdo harmônico. Mas ainda sei foi testada
uma outra solução mantendo o sistema FV no mesmo circuito o qual foi
destinado, mas alterando alguns parâmetros do inversor, a qual não foi muito
bem avaliada pois algumas parametrizações saiam dos valores de normas e
poderiam comprometer a instalação e também os inversores. (Urbanetz, 2010).

Esses trabalhos, puderam descrever algumas maneiras de ensaios e


análises de sistemas fotovoltaicos em relação aos parâmetros de qualidade de
energia, podendo assim, servirem como referência, tanto para comparação,
como também de base para os experimentos realizados neste trabalho de
conclusão de curso.

3 DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

3.1 DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

O sistema fotovoltaico estudado nesta tese possui conexão em paralelo


com a rede de distribuição da COPEL através de inversores. Nele foram
realizados as análises e os ensaios de qualidade de energia elétrica para este
trabalho. O SFCR pertence a empresa Elco Engenharia de Montagens Ltda e
fica instalado na sede da mesma no bairro Prado Velho em Curitiba no Paraná.
Vale ressaltar que esse foi o primeiro SFCR homologado pela COPEL no
Paraná. O diagrama unifilar geral encontra-se no apêndice B.

40
3.1.1 Entrada de energia

A sede da ELCO é atendida em baixa tensão através de uma entrada


trifásica de 200 A. Para a implantação do sistema de micro geração fotovoltaica
foi necessário a instalação de um medidor bidirecional, sendo de acordo com a
resolução da ANEEL 482 de 2012, o serviço realizado pela COPEL e os custos
responsabilidade da ELCO. De acordo com o memorial descritivo da instalação
disponibilizado pela ELCO, “além do sistema padrão de entrada de energia, foi
feita a instalação de uma chave seccionadora, sem fusível, com dispositivo
para cadeado, com capacidade de corrente trifásica de 250A, instalada a
montante do medidor de energia e acessível aos técnicos da COPEL para
eventual operação”.

3.1.2 Dados das placas solares fotovoltaicas

As placas solares utilizadas foram da marca Bosch modelo c-Si M60 EU


30117 de potência 240 Wp. A descrição das características físicas e elétricas
são descritas na tabela 3.1 e 3.2, respectivamente:

41
TABELA 3.1 – Características Físicas Painel Solar Bosch modelo c-Si M60 EU 30117

FONTE: BOSCH SOLAR ENERGY (2011)

42
TABELA 3.2 – Características Elétricas Painel Solar Bosch modelo c-Si M60 EU 30117

FONTE: BOSCH SOLAR ENERGY (2011)

3.1.3 Composição da instalação

O sistema fotovoltaico da ELCO pode ser dividido em três conjuntos de


painéis solares compostos de 12 placas solares cada, totalizando um total de
36 módulos solares, cada conjunto determina uma fase na saída de um
inversor de potência máxima de saída de 3300 W, formando um sistema
trifásico. Os inversores são interligados entre si e ao painel de distribuição no
modelo “grid-tie”, que nada mais é que o sistema de geração de energia
elétrica conectado à rede de distribuição que abastece uma população.

43
O diagrama unifilar e o esquema representativo resumidos são
apresentados nas figuras 3.1 e 3.2, respectivamente, sendo que o diagrama
unifilar completo de toda a instalação se encontra no apêndice B:

FIGURA 3.1 – Diagrama unifilar do sistema fotovoltaico ELCO


FONTE: MEMORIAL DESCRITIVO ELCO (2012)

FIGURA 3.2 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO


FONTE: MEMORIAL DESCRITIVO ELCO (2012)

44
3.2 EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO DE QUALIDADE DE ENERGIA

O medidor de qualidade de energia elétrica utilizado neste trabalho foi o


FLUKE 434 Three Phase Power Quality Analyzer (analisador de qualidade de
potência trifásica). Ele foi o escolhido para esse estudo por ser um
equipamento disponibilizado pela própria UFPR e principalmente porque ele
apresenta uma variedade muita grande de parâmetros de qualidade de energia
que podem ser avaliados. As funções deste equipamento são:

 Níveis de tensão e corrente


 Formas de onda da tensão e corrente
 VTCD
 Harmônicos
 Potência e energia
 Flicker
 Desequilíbrio
 Transientes
 Inrush
 Sinalização principal
 Monitoração de qualidade da potência

Para coletar os valores desses parâmetros o aparelho dispõe de 4


pinças para medir corrente e mais 4 cabos para medir a tensão. Dependendo
do ensaio realizado foi configurada uma disposição dos medidores e utilizado
como resultado alguns desses parâmetros de qualidade energia elétrica. A
compressão da leitura desses critérios será mostrada de acordo com os
resultados dos ensaios.

3.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

45
3.3.1 Ensaio de contribuição das harmônicas de corrente na carga,
inversor e o ponto de junção

Este ensaio tem como objetivo avaliar a interação das harmônicas de


corrente em uma fase específica. O aparelho de medição utilizado foi o FLUKE
434 e a figura 3.3 representa uma parte do esquemático trifásico do sistema
estudado mostrando os pontos onde as sondas de corrente foram conectadas.

Foram utilizadas três sondas de corrente do aparelho de medição em


três pontos de um mesmo circuito. Uma das sondas de corrente foi ligada na
saída do inversor para verificar as distorções provindas da mesma. Uma
segunda sonda foi conectada no ponto de junção que conecta o inversor com a
rede elétrica como visto na figura 3.3. Por fim, uma terceira sonda foi
conectada em uma carga (Carga Medida) alimentada pela mesma fase dos
outros dois pontos, sendo que todas as outras cargas conectadas nesta fase
foram desligadas. Com isso pode-se avaliar como a carga e o inversor
contribuem para as distorções harmônicas de corrente nesta fase. É importante
ressaltar que esta carga é composta predominantemente por computadores e
iluminação, ou seja, cargas com características não lineares, que representam
bem um modelo de cargas presentes na maioria das residências e edificações
que possam estar utilizando um SFCR.

46
FIGURA 3.3 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO - Modificado
FONTE: ELCO (2012)

Para medir as distorções harmônicas de corrente foi utilizado a função


harmônicos do FLUKE que mede e registra harmônicos e inter harmônicos até
a quinquagésima ordem, mostrando a contribuição de cada ordem para o sinal
principal, além de mostrar o valor da distorção harmônica total. Após isso
realizado, os dados foram manipulados e comparados para a compreensão dos
resultados.

Nas figuras 3.4, 3.5 e 3.6 pode-se observar as distorções harmônicas


individuais em cada ponto medido, elas são dadas já em valores de corrente
RMS. Lembrando que neste momento o inversor estava fornecendo corrente
para a carga e para o ponto de junção que vai até outro conjunto de cargas. Já

47
na figura 3.7 é feito um comparativo entre as harmônicas individuais desses
três pontos e em seguida são apontadas algumas conclusões.

Harmônicos Individuais Inversor


0,30

0,25

0,20
Ampères

0,15

0,10

0,05

0,00
H3 H5 H7 H9 H11H13H15H17H19H21H23H25H27H29H31H33H35H37H39H41H43H45H47H49
Harmônicos

FIGURA 3.4 – Harmônicos Individuais Inversor

Harmônicos Individuais Ponto de Junção


0,35

0,3

0,25
Ampères

0,2

0,15

0,1

0,05

0
H3 H5 H7 H9 H11H13H15H17H19H21H23H25H27H29H31H33H35H37H39H41H43H45H47H49
Harmônicos

FIGURA 3.5 – Harmônicos Individuais Ponto de Junção

48
Harmônicos Individuais Carga
0,25

0,2
Ampères

0,15

0,1

0,05

0
H3 H5 H7 H9 H11H13H15H17H19H21H23H25H27H29H31H33H35H37H39H41H43H45H47H49
Harmônicos

FIGURA 3.6 – Harmônicos Individuais da Carga medida

Comparação entre Harmônicos Individuais


0,35

0,3

0,25
Ampères

0,2

0,15

0,1

0,05

0
H3 H5 H7 H9 H11 H13 H15 H17 H19 H21 H23 H25 H27 H29 H31 H33 H35 H37 H39 H41 H43 H45 H47 H49
Harmônicos

Inversor Carga Pto de Junção

FIGURA 3.7 – Comparação entre Harmônicos Individuais

Para entender e explicar o porquê a distorção harmônicas de algumas


ordens no ponto de junção aumentaram e em alguns casos diminuíram em
diferentes proporções é preciso entender a soma de senóides ou fasores. Por
exemplo, para duas senóides de mesmo módulo e em fase, os módulos

49
acabam se somando resultando em uma nova senóide com o módulo dobrado
e para duas senóides defasadas entre elas de por exemplo 180° acabam se
subtraindo e se forem de mesmo módulo resultam em zero, assim entre esses
dois extremos podem existir várias outras senóides resultantes que vão
depender dos seus módulos e de suas fases.

O resultado da figura 3.7, mostra que na 3° harmônica de corrente a


resultante no ponto de junção que une a corrente do inversor mais a da carga,
foi menor que a soma do módulo das duas, mostrando assim, que além dos
módulos essa soma dependeu da fase como uma soma fasorial. Já na 5° e na
7° harmônica a resultante no ponto de junção foi praticamente igual à soma dos
módulos da carga e do inversor, ou seja, as fases pouco interferiram.

Nas harmônicas 9° e 11°, ocorreu a mesma situação da 3° harmônica,


ou seja, para a carga e o inversor que estavam sendo utilizados naquele
momento específico a resultante do ponto de junção foi menor que a soma das
contribuições do inversor e da carga.

Em relação aos valores de Distorção Harmônica Total, o inversor


apresentou THDi de 3,6%, a carga de 42,4% e o ponto de junção de 5,8%.
Com isso é possível observar, que mesmo as harmônicas individuais de
corrente no ponto de junção terem aumentado em alguns harmônicos ou
reduzido em outros, o inversor naquela situação especifica de carga e geração
de energia contribui para que o THDi no ponto de junção fosse reduzido,
mesmo as cargas apresentando um valor elevado de THDi causado por suas
características não lineares.

3.3.2 Ensaio de monitoramento dos níveis de tensão RMS em um


período de aproximadamente uma semana

Este ensaio tem como objetivo, avaliar os níveis de tensão RMS em


regime permanente das três fases no ponto de junção dos inversores com a
rede elétrica (figura 3.3) sendo medidos durante um período de
aproximadamente 6 dias contendo dias da semana e dias do final de semana.
50
Com isso pretende-se entender como irá se comportar o nível de tensão
nesses dois perfis de consumo totalmente diferentes. Durante os dias da
semana há um maior consumo de energia e variações da carga pela entrada e
saída da utilização de equipamentos elétricos. No final de semana o consumo é
muito baixo e se o dia for ensolarado os painéis irão fornecer de energia de
volta para à rede de distribuição. Além disso, durante o mesmo dia alterações
climáticas e períodos como o almoço por exemplo, podem interferir nos níveis
de tensão RMS.

Para avaliar este critério utiliza-se a função de monitoramento de


qualidade de energia elétrica do FLUKE 434, a qual pode demonstrar as
variações do nível de tensão RMS em cada fase ao longo do tempo desejado,
o qual é o foco principal deste ensaio. As figuras 3.8, 3.9, 3.10 e 3.11
apresentam os resultados nas três fases.

Vrms fase A
133,000

132,000

131,000

130,000
Volts

129,000

128,000

127,000

126,000
00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00
Horas

FIGURA 3.8 – Níveis de tensão RMS na fase A

51
Vrms fase B
133,000

132,000

131,000

130,000
Volts

129,000

128,000

127,000

126,000
00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00
Horas

FIGURA 3.9 – Níveis de tensão RMS na fase B

Vrms fase C
132,000

131,000

130,000
Volts

129,000

128,000

127,000

126,000
00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00 12:00 00:00
Horas

FIGURA 3.10 – Níveis de tensão RMS na fase C

52
Vrms fase A para 2 dias e meio
132,000

131,500

131,000

130,500

130,000
Volts

129,500

129,000

128,500

128,000

127,500

127,000
12:00 18:00 00:00 06:00 12:00 18:00 00:00 06:00 12:00 18:00 00:00
Horas

FIGURA 3.11 – Níveis de tensão RMS na fase A para 2 dias meio

Os gráficos apresentam os valores de tensão nas três fases por


amostra, sendo que cada amostra é gerada a cada 10 minutos, assim
totalizando aproximadamente 5 dias de coleta, sendo que os últimos dias se
referem aos dias do final de semana. Aparentemente os valores de tensão
durante esse período de medição apesar de variarem bastante permaneceram
dentro da faixa de valores adequados estabelecidos no PRODIST módulo 8.

É possível perceber na figura 3.11, que se refere aos dias da semana,


que durante o período noturno quando os inversores não estão atuando e a
presença de cargas diminui, os níveis de tensão aumentam e quando chega às
6 horas até as 18 horas que é o período onde tem mais presença de cargas e
quando os inversores estão ligados os níveis de tensão baixam. Estes
resultados, podem ser explicados pela regulação de tensão do transformador,
pois durante o período noturno que possui poucas cargas e com características
capacitivas, o transformador aumenta sua tensão nos terminais secundários e
em períodos diurnos onde a presença de cargas é significativamente maior a

53
tendência é que a tensão no secundário diminua, explicando esse
comportamento. Mas com isso, pode-se dizer que os inversores pouco
contribuíram para os níveis de tensão, pois as tensões medidas no ponto de
junção seguiram A influência do transformador e dos cabos. E em qualquer
período sempre ocorre variações rápidas de tensões dentro de valores
adequados, que devem ao comportamento das cargas conectadas ao
transformador.

3.3.3 Ensaio para verificar o sistema anti-ilhamento do inversor

Este ensaio tem como objetivo avaliar o desempenho da função anti-


ilhamento do inversor, pois é um critério que impacta diretamente na segurança
da instalação elétrica e na segurança pessoal.

Para isso utiliza-se o FLUKE 434 para acompanhar os valores de


tensão, corrente e potência, desligando o disjuntor no ponto de junção (figura
3.3) que conecta os inversores à rede de distribuição, fazendo com que o
sistema anti-ilhamento do inversor entre em operação, pois os circuitos não
estão mais sendo alimentados pela rede.

A figura 3.12 mostra a tensão e corrente RMS na fase C durante a


atuação do sistema anti-ilhamento. O desligamento do disjuntor no ponto de
junção pode ser observado quando a tensão e a corrente caem para zero e é
religado quando voltam para seu regime normal. A fase C é apresentada na
figura 3.12, pois no momento em que foi desligado o disjuntor, logo em
seguida, os inversores desligaram, mas apareceu um aumento de tensão em
um curto intervalo de tempo, chegando à uma tensão de 145,13V.

É também importante ressaltar que os inversores ligaram


automaticamente após dois minutos quando o disjuntor no ponto de junção foi
ligado novamente, ou seja, quando a tensão da rede foi reconhecida nas
saídas dos inversores.

54
Gráfico Tensão e Corrente RMS na fase C
160,000
145,130

140,000

120,000

100,000
Volts e Ampères

80,000

60,000

40,000

20,000

0,000
0 50 100 150 200 250 300 350 400
-20,000
Segundos
Tensão Corrente

FIGURA 3.12 – Tensão e Corrente RMS na fase C

Gráfico da Tensão e Corrente na fase C - ZOOM


160,00

140,00

120,00
Volts e Ampères

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
-20,00
Segundos

FIGURA 3.13 – Tensão e Corrente RMS na fase C – ZOOM no momento de desligamento

55
Com a figura 3.12 e 3.13, foi possível verificar esse rápido aumento de
tensão causado durante o desligamento do inversor. Também foi possível
verificar o tempo de desligamento do inversor, o qual levou aproximadamente
0,99 segundos para desligar e como verificado na norma IEEE Std 1547-2003
está dentro dos valores adequados de 1 segundo para o valor de tensão
detectado. O rápido aumento de tensão de ocorreu quando a corrente na saída
estava caindo para zero ampères, ou seja, durante o desligamento do inversor.
Após aproximadamente 2 minutos que o inversor detectou a tensão fornecida
pela rede da COPEL o inversor ligou novamente.

3.3.4 Ensaio de monitoramento da tensão entregue pelo inversor de


acordo com a variação de potência fornecida pelo inversor

Este ensaio tem como objetivo verificar alguma anormalidade nos níveis
de tensão em regime permanente com a variação da potência fornecida pelo
inversor. Como exemplo, a presença de nuvens que dificultem a passagem da
irradiação solar até a superfície dos painéis faz com que os inversores
forneçam menos corrente para a instalação e no instante em que ocorre a
variação da potência poderá ocorrer alguma anormalidade como sub e sobre
tensões.

Para a detecção dessas variações, as sondas de corrente e as ponteiras


de tensão do FLUKE 434 foram conectadas nas saídas dos inversores como
representado na figura 3.14. O ensaio foi realizado em um dia com grande
movimentação de nuvens, mas com intensa presença do sol, assim a
irradiação durante o período medido variou sobre os painéis solares, variando
então a potência na saída dos inversores, sendo esse o perfil de dia ideal para
a realização do ensaio. O analisador informa os níveis de tensão e corrente
RMS. Com isso no momento em que ocorrer alguma variação de potência
ocasionada por uma variação de corrente, pretende-se visualizar o
comportamento dos níveis de tensão na saída do inversor.

56
FIGURA 3.14 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO - Modificado
FONTE: ELCO (2012)

No ensaio realizado, a figura 3.15 e 3.16, representam a corrente e


tensão RMS em uma fase específica, o tempo de duração da medição foi de 22
minutos e 15 segundos e o aparelho detectou 1306 amostra, portanto a
frequência de amostragem dos dados é de 0,978 amostras por segundo.

57
Corrente RMS na saída do Inverosr na fase A
10,000
9,000
8,000
7,000
6,000
Ampères

5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
0,000
83

780
1
42

124
165
206
247
288
329
370
411
452
493
534
575
616
657
698
739

821
862
903
944
985
1026
1067
1108
1149
1190
1231
1272
Segundos

FIGURA 3.15 – Corrente RMS na saída do Inversor na fase A

Tensão RMS na saída do Inversor na fase A


129,000

128,500

128,000
Volts

127,500

127,000

126,500

126,000
1
44
87
130
173
216
259
302
345
388
431
474
517
560
603
646
689
732
775
818
861
904
947
990
1033
1076
1119
1162
1205
1248
1291

Segundos

FIGURA 3.16 – Tensão RMS na saída do Inversor na fase A

58
Com esses dois gráficos pode-se observar primeiramente a variação da
potência na saída do inversor analisando a variação do valor RMS da corrente.
Ela variou aproximadamente entre 4 e 9 amperes, causada pela entrada ou
saída de alguma nuvem, que quando presente bloqueia a irradiação solar e faz
com que os painéis solares gerem menos corrente. Em relação a tensão, a
qual era o parâmetro a ser observado de acordo com a variação da corrente,
observou-se que ela variou aproximadamente entre 127V e 128,5V. Esses
valores estão, dentro dos valores adequados de tensão. O que deve ser
observado, são alguns afundamentos que ocorrem de maneira repentina,
mesmo não atingindo valores precários eles podem demonstrar algum
comportamento das cargas, como a entrada e saída de cargas e a regulação
do transformador.

Para verificar se no momento em que ocorreram uma elevação abrupta


da corrente, ou seja, um momento em que as nuvens permitiram a passagem
total da irradiação solar até os painéis fotovoltaicos, ocorreu alguma alteração
nos níveis de tensão RMS, a figura 3.17 e 3.18 demonstram um zoom na
região delimitada pelas duas retas presentes no gráfico da figura 3.15.

Corrente RMS na saída do Inverosr na fase A


10,000
9,000
8,000
7,000
6,000
Ampères

5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
0,000
178180182184186188190192194196198200202204206208210212214216218220222224226
Segundos

FIGURA 3.17 – Corrente RMS na saída do Inversor na fase A - ZOOM

59
128,600
Tensão RMS na saída do Inversor na fase A

128,400

128,200

128,000
Volts

127,800

127,600

127,400

127,200
178 180 182 184 186 188 190 192 194 196 198 200 202 204 206 208 210 212 214 216 218 220 222 224 226
Segundos
FIGURA 3.18 – Tensão RMS na saída do Inversor na fase A – ZOOM

O zoom dado nessa região de rápida e elevada variação de corrente não


demonstrou nenhuma alteração significativa da tensão, os valores médios da
tensão aumentaram levemente dentro de uma faixa de valores adequados.
Demonstrando assim, juntamente com outras faixas visualizadas nas curvas
das figuras 3.15 e 3.16 que variações de potência provenientes do conjunto
painéis solares e inversores afetam muito pouco os níveis de tensão nas
saídas dos inversores, mas afetam e as variações presente possivelmente
provem do comportamento das cargas conectadas na rede de distribuição
secundária.

3.3.5 Ensaio de coleta das amostras de valores de harmônicos de


corrente individuais na saída dos inversores de acordo com a potência

Este ensaio teve como objetivo registrar os valores de distorções


harmônicas individuais na saída dos três inversores para diferentes potências
nas saídas dos inversores. Para isso, foi medido com as sondas de corrente do
FLUKE 434 as distorções harmônicas individuais de sete amostras de corrente,
ou seja, de potências na saída dos inversores. A tabela de valores é

60
apresentada no apêndice A e esses dados foram usados posteriormente para
simular no PSIM® diferentes situações de injeção de corrente e harmônicos
dos inversores.

3.3.6 Ensaios de coleta das distorções harmônicas de corrente para


modelagem do SFCR e utilização na simulação

Estes ensaios têm como objetivo, adquirir os valores das distorções


harmônicas de corrente individuais de cada parte do SFCR da ELCO para ser
modelado e simulado no PSIM utilizando novamente o FLUKE 434. Os dados
foram retirados de acordo com a figura 3.19.

Primeiramente com os inversores desligados foram colocadas as sondas


de corrente no Ponto de Junção e obtidos os valores das distorções
harmônicas individuais nas três fases para representar a carga A, mas como
somente a fase A será simulada, somente os seus valores são apresentados
como na figura 3.20.
Em seguida, o ponto foi a carga B, para obter seus dados nas três fases,
foi primeiramente desligado o disjuntor do ponto de junção desligando a carga
A do circuito, após isso foram aplicadas as sondas de corrente no ponto de
medida das cargas B e obtidos os valores sem que as cargas A influenciassem.
Os seus resultados para a fase A são apresentados na figura 3.21.

Por fim, para obtenção dos valores das distorções harmônicas de


corrente da entrada de energia e da carga C foram colocas as sondas de
corrente no ponto Entrada de energia Copel nas três fases, observando que na
medição o disjuntor do Ponto de Junção permaneceu desligado e quando for
modelado os valores para a carga C serão obtidos pela subtração fasorial dos
valores do ponto Entrada de energia Copel pelos valores da carga B. Os
valores para a fase A na entrada de energia são apresentados na figura 3.22.

61
FIGURA 3.19 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO - Modificado
FONTE: ELCO (2012)

62
Harmônicos de corrente Carga A
Fase A
0,300

0,250

0,200
Ampères

0,150

0,100

0,050

0,000
H3 H5 H7 H9 H11H13H15H17H19H21H23H25H27H29H31H33H35H37H39H41H43H45H47H49
Harmônicos

FIGURA 3.20 – Harmônicos de corrente Carga A fase A

Harmônicos de corrente Carga B


Fase A
9,000
8,000
7,000
6,000
Ampères

5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
0,000
H3 H5 H7 H9 H11H13H15H17H19H21H23H25H27H29H31H33H35H37H39H41H43H45H47H49
Harmônicos

FIGURA 3.21 – Harmônicos de corrente Carga B fase A

63
Harmonicos de Corrente entrada de energia
Fase A
9,000
8,000
7,000
6,000
Ampères

5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
0,000
H3 H5 H7 H9 H11H13H15H17H19H21H23H25H27H29H31H33H35H37H39H41H43H45H47H49
Harmônicos

FIGURA 3.22 – Harmônicos de corrente Entrada de energia COPEL fase A

3.3.7 Simulação

A simulação tem como o objetivo modelar o SFCR estudado e verificar


se o que está acontecendo na prática segue os mesmos comportamentos da
simulação. O modelo do SFCR ao ser estudado segue o esquemático da figura
3.23, contendo as cargas A, B e C, as quais seus valores de distorção
harmônicas individuais são obtidos no ensaio 3.3.6. Os valores para
modelagem dos inversores são obtidos no ensaio 3.3.5. E por fim a modelagem
dos cabos que ligam os componentes foi obtida de acordo com seu
comprimento e sua bitola, tendo como base de cálculo a NTC841200 da
COPEL para as bitolas de 70 e 35 mm² e para as bitolas de 6 e 10 mm² o
manual da Nexans de 2010 para cabos multiplexados.

O esquemático completo utilizado na simulação através do software


PSIM® pode ser visualizado no apêndice C. Para a modelagem das cargas e
do inversor, foram utilizadas fontes de corrente, onde cada fonte possui a
frequência de cada harmônico e são inseridos os módulos e as fases na fonte

64
para cada ordem dos harmônicos respectivamente. A modelagem dos cabos é
feita por uma resistência e uma reatância.

O ensaio realizado na simulação consistiu em avaliar o comportamento


das tensões em vários pontos do circuito do SFCR modelado no PSIM®, indo
da saída dos inversores (ponto A) até o secundário do transformador (ponto D).
A indicação dos pontos no circuito do SFCR pode ser visualizada na figura
3.23.

FIGURA 3.23 – Esquema representativo do sistema fotovoltaico ELCO - Modificado


FONTE: ELCO (2012)

65
A simulação resultou em vários valores de tensão para esses pontos
variando-se a potência na saída dos inversores e a presença e ausência de
cargas conectadas ao circuito. Para os valores de potência dos inversores, foi
simulado um valor nominal, adquirido pelas medições das distorções
harmônicas de corrente no ensaio 3.3.5, esses valores se encontram na
amostra 1 dentro da tabela de harmônicos individuais do apêndice A. Um
segundo valor de potência de saída dos inversores, buscou-se simular uma
projeção de ampliação do sistema de geração, por isso foram multiplicados os
valores da amostra 1 por 4 representando essa situação. Por último, um caso
em que os inversores não estavam operando, ou seja, estavam desligados.
Para cada situação de potência, foram realizados experimentos com as cargas
com os valores obtidos no ensaio 3.3.6 e retirando totalmente as cargas. Os
resultados são apresentados nas figuras 3.24 à 3.28.

Tensão nos Pontos do SFCR


128,5

128

127,5
Volts

127

126,5

126

125,5
Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D

Potência do inversor para um valor Nominal Potência do Inversor 4x Sem inversor

66
FIGURA 3.24 – Tensão nos pontos do SFCR com cargas variando a potência do inversor

FIGURA 3.25 – Tensão nos pontos do SFCR sem cargas variando a potência do inversor

127,8

127,6

127,4
Volts

127,2

127

126,8

126,6
Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D

Potência do inversor para um valor Nominal com carga


Potência do inversor para um valor Nominal Sem carga

FIGURA 3.26 – Comparação Com/Sem carga para Potência de valor Nominal

129,5 Tensões no ponto do SFCR


129,5
129
129
128,5
128,5
Volts Volts

128
128
127,5
127,5

127
127

126,5
126,5
Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D
126
Potência do Inversor 4x com carga Potência do Inversor 4x sem carga
Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D

Potência do inversor para um valor Nominal Potência do Inversor 4x Sem inversor

FIGURA 3.27 – Comparação Com/Sem carga para Potência de 4 vezes o valor Nominal

67
127,3
127,2
127,1
127
126,9
126,8
Volts

126,7
126,6
126,5
126,4
126,3
126,2
Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D

Sem inversor com carga Sem inversor sem carga

FIGURA 3.28 – Comparação Com/Sem carga sem o Inversor

As figuras 3.24 e 3.25 representam as três situações de potência com


carga e sem carga respectivamente. Analisando separadamente, para a
potência nominal com as cargas conectadas a tensão no ponto A é menor que
no ponto D, isso nos mostra que mesmo o inversor ligado injetando potência no
circuito quem injeta a maior parte dela para alimentar as cargas é a rede. O
ponto B possui uma tensão ligeiramente menor que no ponto A, isso é
consequência do inversor estar injetando potência, mas já o ponto C e D
possuem uma tensão maior. Esse ensaio representa um dia de semana normal
com sol, no qual o SFCR está gerando energia, mas existem muitas cargas
ligadas no circuito devido as pessoas estarem trabalhando.

Para essa mesma potência de valor nominal sem a presença de carga


no circuito busca-se representar um dia de final de semana com sol e que por
consequência não possui pessoas trabalhando, assim a presença de cargas é
quase nula. Na figura 3.25 e 3.26 é possível verificas essa condição. Nela a
tensão no ponto A é maior que nos pontos B, C e D, mostrando assim que o
inversor está injetando potência na rede, que é uma característica dos dias de
finais de semana nessa instalação e que trazem benefícios econômicos para
os proprietários do sistema que estão assim recebendo créditos de energia.

68
Para os casos da potência do inversor ser 4 vezes maior que o valor
nominal com e sem cargas presentes figuras 3.24, 3.25 e 3.27, os valores de
tensão se comportaram da mesma forma, para o ponto A os valores são
maiores que o ponto B, C e D. mostrando que o SFCR está injetando potência
e devolvendo energia para a rede, mesmo quando existe a presença de
cargas, caso que não ocorre para a simulação de um valor nominal. Essa
simulação demonstra uma situação fictícia e mesmo ocorrendo uma elevação
de tensão no ponto A, esse aumento ficou dentro de um valor adequado de
tensão.

As simulações sem inversor, representadas pelas figuras 3.24, 3.25 e


mais especificamente na 3.28, demonstram o comportamento da tensão nos
vários pontos, com e sem carga, representando uma situação na qual os
inversores estivessem desligados. Na situação com cargas a tensão no ponto
A ficou menor que no ponto B, C, e D, assim comprovando o fato que o fluxo
de potência vem da rede, ou seja, a rede é quem está injetando potência. E
ainda na situação sem cargas a tensão permanece a mesma em todos os
pontos, pois é como se o sistema estivesse em circuito aberto.

Foi possível observar com essa simulação que a regulação de tensão


dentro da empresa melhorou com a presença do inversor, fazendo com que a
tensão no secundário do transformador se mantivesse maior que quando o
inversor não está presente.

Ainda com essa simulação, é possível comparar com algumas


conclusões do ensaio 3.3.4, pois mesmo ocorrendo variações de potência na
saída do inversor os valores de tensão variaram, mas se mantiverem dentro de
valores adequados, igualmente ao ensaio.

69
4 CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo principal analisar alguns aspectos de


qualidade de energia elétrica de um SFCR. Para isso, foi utilizado um sistema
já homologado pela COPEL que se encontra em Curitiba pertencente a ELCO
engenharia de montagens. Utilizando um equipamento de monitoramento de
qualidade de energia elétrica FLUKE 434, foi possível realizar alguns ensaios,
coletar alguns dados referentes a qualidade de energia elétrica entregue por
este sistema, trabalhar esses resultados com gráficos no Excel e por fim
realizar uma simulação do sistema.

O primeiro ensaio buscou comparar a contribuição das harmônicas


individuais de corrente de um inversor e de uma carga e o resultado no ponto
de junção das mesmas. Foi verificado que, em algumas ordens o inversor
contribui para reduzir o efeito das harmônicas de corrente das cargas e em
outras frequências elas se somaram, dependendo do módulo e da fase. Neste
caso específico o THDi reduziu no ponto de junção, mas que para diferentes
cargas e inversores o resultado pode ser outro. A carga utilizada é uma carga
típica de escritório o que leva a acreditar que esse comportamento pode se
repetir em outros escritórios.

O ensaio que permitiu testar o sistema anti-lhamento, avaliando os


valores de tensão e corrente RMS na saída dos inversores, verificou-se o
funcionamento desse sistema de proteção em dois aspectos: a variação da
tensão e da corrente que pode mostrar em um momento algumas elevações
rápidas de tensão que devem ser acompanhadas porque podem trazer
prejuízos para a instalação e o tempo de desligamento do inversor que ficou
dentro da norma. Concluindo um bom funcionamento do sistema, mas devem
ficar atentos quanto essas elevações instantâneas de tensões.

70
O ensaio de monitoramento da tensão na saída dos inversores de
acordo com a variação de potência do conjunto painéis solares e inversores,
mostrou que mesmo a potência tendo variado, possuindo transitórios abruptos
de corrente, não houve impacto na tensão que permaneceu dentro de uma
faixa de valores adequados. Algumas pequenas variações nos níveis de tensão
são devidas ao comportamento da rede. Mostrando assim, que o SFCR não
impacta nesse aspecto de qualidade de energia.

Para o ensaio de aproximadamente 6 dias foi possível avaliar o


comportamento dos níveis de tensão RMS durante esse período e visualizar
que no período que os inversores estavam atuando juntamente com a maior
parte das cargas ligadas, os níveis de tensão diminuíram e nos períodos
noturnos aumentaram, mas isso é o comportamento normal da regulação de
tensão do transformador, assim pode se dizer que os inversores pouco
afetaram nos níveis de tensão.

Para a simulação no software PSIM, foi modelado o SFCR estudado


monofásico, para isso foram coletados os harmônicos de corrente em todas as
cargas e para o inversor em diferentes níveis de potência. Assim, foi possível
realizar mais ensaios, os quais na prática eram difíceis de realizar e demonstrar
o comportamento da tensão de acordo com o fluxo de potência do SFCR. Além
de comparar com alguns resultados encontrados na prática.

Este trabalho atingiu seus objetivos, encontrando através dos ensaios


realizados alguns resultados sobre os impactos na qualidade da energia de um
SFCR, principalmente porque se a participação desses sistemas continuarem
crescendo na matriz energética Brasileira, é importante saber quais podem ser
esses impactos e suas influências, mas com os resultados obtidos o SFCR
estudado se mostrou benéfico para a instalação e a rede de distribuição.

Ainda existem muitas estudos, ensaios e simulações a serem feitas


nessa área, sendo assim para futuros estudos sugere-se um aprofundamento
maior na simulação, buscar realizar outros ensaios na mesma instalação para

71
entender outros critérios de qualidade de energia e também realizar outros
estudos de casos para poder comparar com os resultados desse trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012
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ELÉCTRICA COM PRODUÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA. Porto,
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ANÁLISE DA QUALIDADE DE ENERGIA DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
DE PEQUENO PORTE CONECTADOS À REDE. Curitiba. Brasil
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ENERGIA ELÉTRICA E ANÁLISE DOS PARÂMETROS QUE POSSAM
AFETAR A CONECTIVIDADE. Florianópolis, Brasil.
NEXANS - Manual Técnico Aplicações recomendadas para os fios e cabos de
BT e MT. (2010).

73
APÊNDICE A – Tabela de Harmônicos Individuais de 7 amostras de
potência na saída do inversor Fase A

Fase A
Potência 1 Potência 2 Potência 3 Potência 4 Potência 5 Potência 6 Potência 7
1820,79 W 1108,32 W 1111,25 W 880,36 W 1052,32 W 1329,81 W 665,73 W
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5 Amostra 6 Amostra 7 Harmônicos
14,337 8,727 8,750 6,932 8,286 10,471 5,242 H1
0,025 0,045 0,033 0,021 0,035 0,040 0,042 H3
0,346 0,312 0,291 0,276 0,287 0,340 0,207 H5
0,073 0,075 0,073 0,072 0,069 0,087 0,079 H7
0,035 0,038 0,035 0,037 0,037 0,043 0,036 H9
0,043 0,047 0,052 0,039 0,049 0,062 0,049 H11
0,024 0,033 0,027 0,027 0,026 0,035 0,018 H13
0,026 0,027 0,020 0,029 0,020 0,030 0,021 H15
0,019 0,005 0,014 0,007 0,013 0,018 0,014 H17
0,020 0,003 0,009 0,011 0,010 0,015 0,013 H19
0,003 0,014 0,010 0,008 0,009 0,010 0,024 H21
0,016 0,023 0,018 0,018 0,018 0,021 0,025 H23
0,027 0,013 0,019 0,020 0,015 0,018 0,011 H25
0,007 0,008 0,008 0,006 0,006 0,012 0,017 H27
0,015 0,018 0,015 0,023 0,016 0,017 0,021 H29
0,014 0,014 0,011 0,017 0,010 0,011 0,016 H31
0,016 0,019 0,014 0,008 0,015 0,019 0,006 H33
0,020 0,027 0,018 0,020 0,017 0,018 0,016 H35
0,009 0,007 0,014 0,014 0,010 0,013 0,018 H37
0,016 0,021 0,019 0,018 0,019 0,020 0,019 H39
0,005 0,007 0,006 0,009 0,006 0,005 0,010 H41
0,015 0,007 0,011 0,006 0,011 0,015 0,007 H43
0,006 0,007 0,005 0,006 0,006 0,006 0,005 H45
0,006 0,006 0,008 0,011 0,007 0,009 0,014 H47
0,012 0,010 0,009 0,009 0,010 0,012 0,008 H49

74
75
APÊNDICE B – Diagrama Unifilar Geral do SFCR da ELCO

76
APÊNDICE C – Esquemático monofásico do SFCR estudado no PSIM

77

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