Você está na página 1de 359

ORGANIZAÇÃO

Mario Augusto Quinteiro Celegatto


Ana Carolina Rossato Atherino
Maria Carolina Casonato Possani
Natália Sperancetta França Demeterco
Renata Bolzan Jauris

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


Comentado e Esquematizado
• Integralmente escrito na vigência do CPC/15
• Comentários em todos os artigos do CPC/15
• Doutrina, Questões e Jurisprudência em uma única
obra

De acordo com as alterações trazidas e em conformidade com as Leis


- 13.793/2019 - “Acesso de advogados ao processo sem procuração”
- 13.894/2019 - “Alterações na Lei Maria da Penha” (Lei nº 11.340/06)
- 13.994/2020 - “Alterações na Lei dos Juizados Especiais Cíveis” (Lei nº 9.099/95)
- 14.010/2020 - “RJET das Relações de Direito Privado no período de Covid-19”
- 14.181/ 2021 - “Lei do Superendividamento”
- 14.195/2021 - “Lei do Ambiente de Negócios”
- 14.230/2021 - “Lei de Improbidade Administrativa”

Mario Augusto Quinteiro Celegatto Jorge Luiz Rodrigues Campanharo


Ana Carolina Rossato Atherino Luiz Osório Moraes Panza
Andressa Sechi Marra Maria Carolina Casonato Possani
Antonio Evangelista de Souza Netto Maria Eduarda Pereira Borges
Clayton de Albuquerque Maranhão Marcelo Marcos Cardoso
Danielle Nogueira Mota Comar Marcelo Quentin
Eduardo Henrique Veiga Mário Helton Jorge
Eduardo Novacki Mário Luiz Ramidoff
Frederico Augusto Gomes Natália Sperancetta França Demeterco
Giulia De Angelucci Rafaela Mattioli Somma
Igor Henrique Cheron Renata Bolzan Jauris
Isadora Silva de Hollanda Albuquerque Ruy Alves Henriques Filho
Joni Bonfim Aguiar Vivian Zaroni
Wiliam Loro de Oliveira
1ª Edição – 2022

APRESENTAÇÃO DA 1ª EDIÇÃO

Eis que um sonho, outrora distante (muito distante), se realiza.

Desde as aulas na PUC-MG, na amada Poços de Caldas-MG, me apaixonei pelo


Direito Processual Civil. Quando da conclusão da graduação em Direito, em 2011,
muito já se falava sobre um novo Código de Processo Civil, tema que bastante me
interessava, mas pouca (ou nenhuma) envergadura intelectual tinha para ousar falar,
ou pior ainda, escrever sobre.

Em verdade, pouca capacidade tinha sequer para entender algumas noções (algo
comum para os recém-formados). Aliás, àqueles que estão nesta condição, não se
preocupem, pois o receio, o pensamento confuso e a enorme insegurança quanto ao
conteúdo é algo evidente e deve acontecer. Do contrário, existe algo errado contigo e
talvez esteja tomado por uma soberba intelectual e um pedantismo que a local algum
te levará.

Após a conclusão do curso de Direito me dediquei efetiva e integralmente a estudar


qual espécie de monstro que estaria por vir (o dito NCPC). Fiz isto de maneira bastante
empolgada (como ainda faço – um eterno apaixonado pelo Processo Civil). Bom, acho
que a Filosofia não concordaria com a ideia de uma paixão eterna, já que a paixão,
per si, é fugaz. Digamos, então, que minha paixão pelo Processo Civil evoluiu para
uma espécie de “amor” e que eu “amo” o processo.

Em 2014 realizo meu maior sonho, a aprovação no Concurso de Juiz Substituto


do TJPR e, quase que de forma atabalhoada, muitas outras realizações e
acontecimentos também ocorrem, especialmente o nascimento do pequeno Miguel M.
Celegatto, algo inesperado, mas que diariamente me dá forças para continuar. Tive,
ainda, a dedicação à docência da amada disciplina, o Direito Processual Civil. Quando
da elaboração de aulas, muito se estuda e muito se registra e assim deve ser (imagino,
risos). Destes registros, nasce a ideia de um CPC esquematizado e organizado, de
fácil, agradável e boa leitura.

Não que minha compreensão técnica hoje seja impecável (muito pelo contrário,
pois humildemente devemos reconhecer que nunca será e que diariamente
aprendemos – eis a essência de tudo -), mas, ao menos, a coragem é maior para,
acompanhado de bons companheiros, eu pudesse compartilhar estes registros e
ideias, sem medo (talvez um pouco, risos – ou muito) das violentas críticas que
poderiam vir.

Para a organização do livro tive a felicidade de convidar, inicialmente, e ter o


convite aceito pela colega de Magistratura e amiga incansável (em bons e,
especialmente, nos piores momentos) Renata Bolzan Jauris. Rê sempre tão assertiva
e pontual em suas falas, especialmente nos puxões de orelha ainda frequentes.

Em 2021, em meio a provavelmente maior pandemia que o mundo já viu,


consolidam-se amizades incríveis. As discussões sobre direito, sobre direito
processual, sobre a vida em seus maiores desdobramentos ganham companheiras.
Talvez com minha ausência de humor ou a acidez da minha fala tenha feito o efeito
de conquistar semelhantes (risos) e passei a me relacionar muito bem com três outras
mentes brilhantes: Ana, Carol e Natália.

As eternas discussões (que me desculpo por não atender a contento – ou em


tempo – as belíssimas discussões propostas), obviamente me conduziram a uma
ideia: temos que compartilhar esta obra. Fazer acompanhado é muito melhor do que
fazer só. Dispenso qualquer vaidade neste ponto (ser o único autor da obra), pois ela
certamente se enriquece com mais pessoas pensando.

Para a coautoria tivemos o prazer em convidar grandes, seletos e verdadeiros


amigos de todas as espécies de carreira, mas, em comum, o amor pelo processo, pela
docência e o carinho recíproco entre nós.

Ao fim e ao cabo precisamos de um pequeno exército de boas mentes para revisar


o enorme conteúdo e para este propósito contamos com valiosos amigos que abaixo
serão discriminados.

O primeiro registro a se fazer e que sempre nos pareceu importante quando do


estudo do Direito Processual Civil é que tudo aqui foi escrito, estudado, trabalhado e
ajustado já sob a égide consolidada do CPC/15. Ou seja, a obra já foi pensada e
idealizada com base no “novo” Código. Nenhum desprestígio ao valor histórico do
CPC/73, mas optamos por não fazer quadros comparativos, bem como evitamos, ao
máximo, grandes referências ao antigo código. Já estamos em 2022, de modo que,
os objetivos estritos desta obra não comportam grandes visitas ao passado.
O leitor desta quando necessário observará conteúdo doutrinário em grande
verticalização, mas quando assim não se mostrar necessário aos autores acontecerá
o contrário, pois a ideia aqui é simplificar e ser objetivo. Cada artigo será comentado
(sem nenhuma exceção e sem comentários em bloco).

Não objetivamos formar doutrinadores (se assim conseguirmos será ótimo


também), mas sim pessoas de repertório mínimo necessário para a graduação, para
o dia a dia do processo, para a prática jurídica, e, em termos de exames e concursos,
para a aprovação. O que traremos ao leitor, neste ponto, é o necessário ao que
realmente interessa: o “x” na alternativa correta. Prometemos a vocês com muita
honestidade intelectual que a obra atenderá a todos estes propósitos.

Eu, Mário Celegatto, fiz do Direito Processual Civil grande parte da minha vida e
jamais entregaria este “filho” de forma a não prestigiar, com uma obra de excelente
qualidade, quem fizesse sua leitura.

A leitura da legislação é, e sempre será, o ponto mais importante para os bons


resultados no processo, especialmente em concursos públicos, mas, evidentemente,
muitas dificuldades e incompreensões podem surgir quando da leitura da “lei seca”.

De outro lado, fazer a leitura dos grandes Códigos Comentados – verdadeiros


tratados - (com viés doutrinário/acadêmico profundo) talvez não seja o melhor
caminho para o “concurseiro”, tampouco para consultas rápidas e pontuais pois
demandaria muito tempo (e tempo, sabemos, é algo sagrado e raro para os
postulantes e operadores do direito nesta nossa sociedade pós-moderna). Óbvio que
somos todos aqui amantes e apaixonados pelas grandes obras. Tão somente
apresentamos uma proposta mais “humilde”, obviamente menos densa e profunda,
mas de grande utilidade.

Pensando nisto, objetivamos somar tudo aquilo que se mostra necessário para o
conhecimento e compreensão da legislação. Inicialmente a obra trará comentários
breves sobre os artigos, evitando, sempre que possível, muitas citações doutrinárias,
pois a ideia é quase de uma conversa informal com o leitor. Traremos questões de
concursos públicos recentes para que o candidato saiba como o tema tem sido
abordado, bem como a exposição de julgados dos Tribunais Superiores sobre o
assunto, para que todos saibam como o Código de Processo Civil está sendo
interpretado.
Desta forma, sem excesso de formalismo, o leitor terá em suas mãos a
compressão doutrinária, a forma de cobrança e de interpretação jurisprudencial de
todos os dispositivos no Código de Processo Civil.

Esta obra é absolutamente despida de qualquer vaidade intelectual ou pretensão


acadêmica. Nosso objetivo, reiteramos, é singelo: fornecer um aparato mínimo para
breves consultas e a compressão necessária da legislação.

Por fim, os estudantes dos cursos de direito, membros de carreiras jurídicas,


advogados, enfim, qualquer operador do direito terá em mãos uma fonte objetiva e
direta para consultas das mais variadas situações processuais que venha a enfrentar.

Estamos inteiramente à disposição para críticas, sugestões, apontamentos e


discussões, pois no diálogo que se forma a boa compreensão. Pessoalmente
registramos escusas prévias (mesmo sabendo que isto não deve ser feito) por
eventuais erros, comprometendo-nos, edição após edição, a melhorar a obra.

Votos de sucesso e felicidade.

Nova Londrina, XX de XX de 2022.

Mário A. Q. Celegatto

@mario_celegatto
PREFÁCIO
ORGANIZADORES

MÁRIO AUGUSTO QUINTEIRO CELEGATTO

Mario Celegatto é Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Mestre


em Direito pela Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP; Professor de
Direito Processual Civil, Direito do Consumidor e Direito Civil; Membro da ABDPro -
Associação Brasileira de Direito Processual; Diretor do Núcleo EAD da EMAP - Escola
da Magistratura do Paraná; Professor da EMAP - Escola da Magistratura do Paraná;
Professor do Curso CEI; Professor do Curso CPIURIS; Professor em Diversos Cursos
de Pós-graduação; Formador e Tutor de Magistrados Certificado pela ENFAM (Escola
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados); Professor e Tutor da
EJUD - Escola Judiciária; Especialista em Direito Processual; Bacharel em Direito pela
PUC-MG, Consultor Científico da Editora Appris; Palestrante; Autor de Obras
Jurídicas (instagram: mario_celegatto / e-mail: mario_celegatto@yahoo.com.br).

ANA CAROLINA ROSSATO ATHERINO

Assessora Jurídica na Coordenadoria de Recursos Cíveis do Ministério Público do


Estado do Paraná; Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela ABDConst
– Academia Brasileira de Direito Constitucional; Especialização em Direito Público
EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Especialista em Direito Constitucional pela
ABDConst – Academia Brasileira de Direito Constitucional; Bacharel em Direito pela
Faculdade de Direito de Curitiba – FDC (e-mail: anatherino@hotmail.com).

MARIA CAROLINA CASONATO POSSANI

Advogada, Sócia fundadora do escritório de advocacia Possani & Hossaka


Advogados. Bacharela em Direito pela Universidade Norte do Paraná (2009). Pós-
graduada em Direito Civil Comercial e Imobiliário pela Universidade Anhaguera-
Uniderp. Cursando MBA em Gestão Pública e Inovação na Unicentro - Universidade
Estadual do Centro-Oeste. Diretora jurídica da Associação de Micro e Pequenas
Empresas de Apucarana (AMPEC) - filiada à CONAMPE. Mediadora Judicial em
formação. Membro do grupo de estudos em Mediação e Negociação da PUCPR -
GEMN/PUCPR. Membro do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família
Membro da Comissão da Mulher Advogada - OAB/PR da subseção de Apucarana (e-
mail: possani.adv@gmail.com).

NATÁLIA SPERANCETTA FRANÇA DEMETERCO

Assessora Jurídica do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Bacharel em Direito


pela Faculdade de Direito de Curitiba – FDC (e-mail: nataliademeterco@hotmail.com)

RENATA BOLZAN JAURIS

Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia


(2006). É magistrada - Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - e mestre em Direito
Negocial pela Universidade Estadual de Londrina. Formadora de Magistrados
Certificada pela ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados). Professora dos cursos CEI e Ênfase. Professora da Escola da
Magistratura do Paraná. (instagram: renatajauris / e-mail: renatajauris@yahoo.com.br)
AUTORES

MÁRIO AUGUSTO QUINTEIRO CELEGATTO

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Mestre em Direito pela


Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP; Professor de Direito Processual
Civil, Direito do Consumidor e Direito Civil; Membro da ABDPro - Associação Brasileira
de Direito Processual; Diretor do Núcleo EAD da EMAP - Escola da Magistratura do
Paraná; Professor da EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Professor de Curso
CEI; Professor em Diversos Cursos de Pós-graduação; Formador de Magistrados
Certificado pela ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados); Especialista em Direito Processual; Bacharel em Direito pela PUC-MG,
Consultor Científico da Editora Appris; Palestrante (instagram: mario_celegatto / e-
mail: mario_celegatto@yahoo.com.br).

ANA CAROLINA ROSSATO ATHERINO

Assessora Jurídica na Coordenadoria de Recursos Cíveis do Ministério Público do


Estado do Paraná; Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela ABDConst
– Academia Brasileira de Direito Constitucional; Especialização em Direito Público
EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Especialista em Direito Constitucional pela
ABDConst – Academia Brasileira de Direito Constitucional; Bacharel em Direito pela
Faculdade de Direito de Curitiba – FDC (e-mail: anatherino@hotmail.com).

ANDRESSA SECHI MARRA

Doutoranda em Direito Civil - bolsista Capes. Mestre em Direito Civil pela


UniCesumar/PR. Especialista em Processo Civil Contemporâneo. Professora em nível
de graduação. Juíza leiga vinculada ao TJPR.

ANTÔNIO EVANGELISTA DE SOUZA NETTO

Juiz de Direito - Titular Entrância Final do TJPR. Pós-doutor em Direito pela


Universidad de Salamanca – Espanha. Pós-doutor em Direito pela Universitá degli
Studi di Messina - Itália. Doutor em Filosofia do Direito pela PUC/SP. Mestre em Direito
Empresarial pela PUC/SP

CAROLINA FONTES VIEIRA

Juíza de Direito. Especialista em Direitos Humanos pelo Instituto Ius Gentium


Conimbrigae. Mestre pela Universidade de Coimbra e Doutoranda pela UFPR. Vice-
Diretora da EMAP - Curitiba.

CLAYTON DE ALBUQUERQUE MARANHÃO

Desembargador do TJPR Doutor e Mestre em Direito Processual Civil pela UFPR.


Professor Associado da Faculdade de Direito da UFPR. Mestre em Raciocínio
Probatório pela Universitat de Girona e pela Università degli Studi di Genova. Diretor-
Geral da Escola da Magistratura do Paraná.

DANIELLE NOGUEIRA MOTA COMAR

Juíza de Direito. Pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal pela ABDConst.


Mestranda em Processo Penal pela Faculdade de Direito da USP. Professora de
Prática de Processo Penal da EMAP - Curitiba.

EDUARDO HENRIQUE VEIGA

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Curitiba (2007). Pós-graduado em


Direito Penal e Processo Penal pela Academia Brasileira de Direito Constitucional
(2015). Atualmente exerce a função de assistente de Juiz de Direito - Tribunal de
Justiça do Paraná. Inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil sob nº
46.207 na Seção Paraná, atualmente licenciado. Membro da comissão de Direitos
Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná entre 2008 e 2009.

EDUARDO NOVACKI

Juiz de Direito em 2º Grau no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Diretor da


Escola da Magistratura do Paraná. Conselheiro da Escola Nacional da Magistratura.
Professor de graduação e pós-graduação. Tutor e professor em Cursos de Formação
de Magistrados. Mestre em Direito no Centro Universitário Internacional UNINTER.
Pós-graduado em Direito Público pela Escola da Magistratura do Paraná. Graduado
em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.

FREDERICO AUGUSTO GOMES

Mestre e Bacharel em Direito pela UFPR. Assessor no TJPR.

GIULIA DE ANGELUCCI

Bacharela em Direito pela Universidade Positivo. Pós graduada em Advocacia no


Direito Digital e Proteção de Dados pela Escola Brasileira de Direito (EBRADI). Pós
graduanda em Advocacia Feminista e Direito das Mulheres pela Faculdade Legale.
Assistente administrativa do Centro de Pesquisa da Universidade Positivo (CPUP), do
Centro de Pesquisa Jurídica e Social da Universidade Positivo (CPJUS) e do
Programa de Iniciação Científica da Universidade Positivo (PIC). Pesquisadora do
Centro de Pesquisa Jurídica e Social (CPJUS). Pesquisadora do Grupo de Estudos
de Direito Civil Constitucional do Programa de Pós-Graduação em Direito Civil da
Universidade Federal do Paraná - Virada de Copérnico. Membro do Grupo de
Pesquisa Direito Privado no Século XXI do IDP. Associada à Rede de Pesquisa
Empírica em Direito (REED). E-mail: giuliadeangelucci@gmail.com

IGOR HENRIQUE CHERON

Acadêmico de Direito pela Universidade Federal do Paraná. É estagiário em Direito


na Procuradoria Regional Eleitoral junto ao Ministério Público Federal
E-mail: igorcheron@gmai.com

ISADORA SILVA DE HOLLANDA ALBUQUERQUE

Licenciada em Letras português-inglês pela PUC-PR. Acadêmica de Direito da


Universidade Positivo. Pesquisadora do Centro de Pesquisa Jurídica e Social
(CPJUS) pela Universidade Positivo e do Programa de Iniciação Científica Voluntário
em Direito Constitucional pela Universidade Positivo. Associada à Rede de Estudos
Empíricos em Direito (REED). E-mail: ishalbuquerque@gmail.com.

JONI BONFIM AGUIAR

Estagiário de Direito no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Acadêmico de


Direito na Universidade Paranaense, 1º ano. Formado em Tecnólogo Superior de
Marketing (2019-2021).
E-mail: jonibonfim123@outlook.com

JORGE LUIZ RODRIGUES CAMPANHARO

Mestrando em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Graduado em Direito pela


Universidade Positivo (UP). Pós-graduando em Processo Civil. Pesquisador do Grupo
de Pesquisa “Fundamentos do Processo Civil Contemporâneo”, vinculado à
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do Grupo de Pesquisa
Direito, tecnologia e desenvolvimento: organizações econômicas e sociais, da
Universidade Positivo. E-mail: jorgelrcampanharo@hotmail.com

LUIZ OSÓRIO MORAES PANZA

Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná e Membro Presidente do Comitê de


Precatórios do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, com base na Resolução nº
303/2019 do CNJ. Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina
(1986), especialização em Direito Civil pelo IBEJ - Instituto Brasileiro de Estudos
Jurídicos (1998), mestrado (2005) e doutorado (2013) em Direito do Estado pela
Universidade Federal do Paraná. Pós-Graduado em Direito Constitucional Penal pela
Universidade Católica Portuguesa (2018). Professor titular II do Centro Universitário
Curitiba, prestador de serviços da Escola da Magistratura do Paraná e professor de
ensino superior da Universidade Positivo.

MARCELO MARCOS CARDOSO

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Mestre em Direito


Processual Civil pela Universidade Paranaense - UNIPAR; Professor de Direito
Processual Civil da Escola da Magistratura do Estado do Paraná; Especialista em
Direito Civil e Processual Civil; Especialista em Direito Penal e Processual Penal;
Especialista em Direito Aplicado.

MARCELO QUENTIN

Juiz de direito e Juiz eleitoral no estado do Paraná; graduado em Direito pela


Universidade Federal do Paraná (UFPR); mestrando em ciências jurídicas pela
Universidade Autônoma de Lisboa (UAL); formador de magistrados credenciado pela
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM); membro
eleito do Comitê Gestor de Gestão de Pessoas do TJPR; atuou como juiz auxiliar da
presidência do TRE/PR na coordenação do processo da biometria; é coordenador e
professor da Escola da Magistratura do Estado do Paraná (EMAP) no curso de pós-
graduação e nos preparatórios para concursos públicos; professor da graduação e
pós-graduação em Direito em diversas instituições; além de professor em
preparatórios para concursos públicos; professor ainda na Academia de Direito Centro
Europeu/PR e na Unipública Escola de Gestão Pública/PR; é consultor científico da
Editora Appris; foi técnico judiciário e assessor jurídico do Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná (TJPR), onde atuou em diversas funções da Administração Pública
como pregoeiro, presidente e membro de comissões de licitação, comissões de
julgamento, defensor em processos administrativos disciplinares, secretário de
câmaras do TJPR, entre outros; é autor e palestrante nas áreas do Direito e Concursos
Públicos. Currículo: http://lattes.cnpq.br/5987128303452717

MARIA CAROLINA CASONATO POSSANI

Advogada, Sócia fundadora do escritório de advocacia Possani & Hossaka


Advogados. Bacharela em Direito pela Universidade Norte do Paraná (2009). Pós-
graduada em Direito Civil Comercial e Imobiliário pela Universidade Anhaguera-
Uniderp. Cursando MBA em Gestão Pública e Inovação na Unicentro - Universidade
Estadual do Centro-Oeste. Diretora jurídica da Associação de Micro e Pequenas
Empresas de Apucarana (AMPEC) - filiada à CONAMPE. Mediadora Judicial em
formação. Membro do grupo de estudos em Mediação e Negociação da PUCPR -
GEMN/PUCPR. Membro do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família
Membro da Comissão da Mulher Advogada - OAB/PR da subseção de Apucarana.

MARIA EDUARDA PEREIRA BORGES

Acadêmica de Direito pela Universidade Paranaense UNIPAR, Paranavaí-PR,


Bacharel, 4º ano. Conhecimentos relevantes: Fisk, Inglês básico; Curso em Excel;
Experiência profissional e acadêmica: Cooperativa COPAGRA, setor financeiro;
Cartório de Registro Civil das pessoas naturais e Anexos de Nova Londrina; Ordem
dos Advogados do Brasil, subseção Loanda-PR, Comarca de Nova Londrina/PR;
Estágio - Vara de Execuções Criminais da Comarca de Nova Londrina; Fórum Eleitoral
de Nova Londrina; Estagiária do Tribunal de Justiça do Paraná;
E-mail: Mdudabbborges2000@hotmail.com / meduarda.p.borges@gmail.com
Currículo: http://lattes.cnpq.br/3385587958888267

MÁRIO HELTON JORGE

Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná e Desembargador Substituto do


Tribunal Regional Eleitoral, mestre em Direito pela PUC-PR, ex- Corregedor da
Justiça, membro do IBDPC e da Academia Paranaense de Direito Notarial e Registral.

MÁRIO LUIZ RAMIDOFF

Desembargador no TJPR; Mestre (UFSC) e Doutor em Direito (UFPR), Estágio Pós-


doutoral (UFSC); 2° Vice-Diretor Presidente da Escola Nacional da Magistratura
(ENM/AMB); Professor Universitário (UNICURITIBA e FAPAD);
marioramidoff@gmail.com.

NATÁLIA SPERANCETTA FRANÇA DEMETERCO

Assessora Jurídica do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Bacharel em Direito


pela Faculdade de Direito de Curitiba – FDC (e-mail: nataliademeterco@hotmail.com)

NITARA SCHUARTZ
Acadêmica de Direito pela Universidade Positivo. Bolsista do programa de bolsas
meritórias do Centro de Pesquisa Jurídica e Social (CPJUS) da Universidade Positivo.
Bolsista vinculada ao programa de iniciação científica da Universidade Positivo desde
2019, com vínculo ao programa de bolsas meritórias do CNPq desde 2020.
Pesquisadora do Grupo de Estudos de Direito Civil do Programa de Pós-Graduação
em Direito Civil da Universidade Federal do Paraná - Virada de Copérnico.
Pesquisadora do Programa de Iniciação Científica (PIC) da Universidade Positivo
desde 2019. Membro do Grupo de Pesquisa Direito Privado no Século XXI do Instituto
Brasiliense de Direito Público. Pesquisadora da Comissão de Responsabilidade Civil
da OAB/PR. Associada à Rede de Estudos Empíricos do Direito (REED). Email:
s.nitara@gmail.com

RAFAELA MATTIOLI SOMMA

Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (2006); especialista em


Direito Tributário Internacional pela Universidade de Barcelona (2006) e em Direito do
Estado pela Universidade Anhanguera - Uniderp (2010); mestre em Direito Negocial
pela Universidade Estadual de Londrina, com área de concentração em Estado e
Relações Empresariais (2010). Atualmente, magistrada de primeiro grau, na entrância
final, do Tribunal de Justiça do Paraná; Professora de curso preparatório para
concurso (VIPJUS) e dos cursos de pós graduação da Escola da Magistratura do
Paraná, instituição na qual também atua como Supervisora Pedagógica, e de pós
graduação à distância em Direito Processual Civil, oferecido em parceria entre esta
instituição, a Universidade Estadual de Ponta Grossa e o Núcleo de Tecnologia e
Educação Aberta à Distância. Formadora da ENFAM.

RENATA BOLZAN JAURIS

Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia


(2006). É magistrada - Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - e mestre em Direito
Negocial pela Universidade Estadual de Londrina. Formadora de Magistrados
Certificada pela ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados). Professora dos cursos CEI e Ênfase. Professora da Escola da
Magistratura do Paraná. (instagram: renatajauris / e-mail: renatajauris@yahoo.com.br)
RUY ALVES HENRIQUES FILHO

Professor e Magistrado. Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual de


Londrina (1995). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direitos
Fundamentais e Processo Civil. Doutor pela Universidade de Lisboa (título
reconhecido pela UFPR em 2020). Mestre pela Universidade Federal do Paraná
(2008). Membro do Instituto Paranaense de Direito processual. Membro do Instituto
Brasileiro de Direito Processual. Diretor da Escola Judicial da América Latina. Membro
do Fundo Penitenciário do Paraná. Professor do Centro Universitário Curitiba -
UNICURITIBA, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC/PR e da Escola
da Magistratura do Paraná. Vice-Diretor da Escola Judicial do Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná. Currículo: http://lattes.cnpq.br/9625502142457071

VIVIAN ZARONI

Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; pós-graduada


em Relações Internacionais pela FAE Business School; pós-graduada em Direito
Público pela Universidade Católica Dom Bosco/Marcato; mestre em Direito
Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Assessora
jurídica no Tribunal de Justiça do Paraná.

WILIAM LORO DE OLIVEIRA

Wiliam Loro é Advogado sócio da Tranquilli & Loro Sociedade de Advogados com
bancas nos estados de Minas Gerais e São Paulo, Doutorando em Direito pela
Universidade Autonóma de Lisboa PT; Mestre em Direito Processual Civil pela
UNIMEP – Piracicaba, SP; Professor concursado de Direito Processual Civil, Direito
Civil e prática real da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em Poços de
Caldas; Coordenador da Pós-graduação em Direito Civil e Processo civil com ênfase
em famílias e sucessões na PUC-Minas Poços de Caldas, MG; Membro da ABDPro -
Associação Brasileira de Direito Processual; Associado ao IBDFam; Professor em
diversos cursos de pós-graduação pelo Brasil; Professor de Direito Civil e Processo
Civil da Escola da Magistratura do Paraná EMAP; Professor convidado da ESA-SP
(Escola Superior da Advocacia de São Paulo), palestrante. (Instagram:
@prof.wiliamloro , e-mail: wloliveira@pucpcaldas.br
REVISORES

MÁRIO AUGUSTO QUINTEIRO CELEGATTO

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Mestre em Direito pela


Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP; Professor de Direito Processual
Civil, Direito do Consumidor e Direito Civil; Membro da ABDPro - Associação Brasileira
de Direito Processual; Diretor do Núcleo EAD da EMAP - Escola da Magistratura do
Paraná; Professor da EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Professor de Curso
CEI; Professor em Diversos Cursos de Pós-graduação; Formador de Magistrados
Certificado pela ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados); Especialista em Direito Processual; Bacharel em Direito pela PUC-MG,
Consultor Científico da Editora Appris; Palestrante (instagram: mario_celegatto / e-
mail: mario_celegatto@yahoo.com.br).

ANA CAROLINA ROSSATO ATHERINO

Assessora Jurídica na Coordenadoria de Recursos Cíveis do Ministério Público do


Estado do Paraná; Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela ABDConst
– Academia Brasileira de Direito Constitucional; Especialização em Direito Público
EMAP - Escola da Magistratura do Paraná; Especialista em Direito Constitucional pela
ABDConst – Academia Brasileira de Direito Constitucional; Bacharel em Direito pela
Faculdade de Direito de Curitiba – FDC (e-mail: anatherino@hotmail.com).

GIULIA DE ANGELUCCI

Bacharela em Direito pela Universidade Positivo. Pós graduada em Advocacia no


Direito Digital e Proteção de Dados pela Escola Brasileira de Direito (EBRADI). Pós
graduanda em Advocacia Feminista e Direito das Mulheres pela Faculdade Legale.
Assistente administrativa do Centro de Pesquisa da Universidade Positivo (CPUP), do
Centro de Pesquisa Jurídica e Social da Universidade Positivo (CPJUS) e do
Programa de Iniciação Científica da Universidade Positivo (PIC). Pesquisadora do
Centro de Pesquisa Jurídica e Social (CPJUS). Pesquisadora do Grupo de Estudos
de Direito Civil Constitucional do Programa de Pós-Graduação em Direito Civil da
Universidade Federal do Paraná - Virada de Copérnico. Membro do Grupo de
Pesquisa Direito Privado no Século XXI do IDP. Associada à Rede de Pesquisa
Empírica em Direito (REED). E-mail: giuliadeangelucci@gmail.com

IGOR HENRIQUE CHERON

Acadêmico de Direito pela Universidade Federal do Paraná. É estagiário em Direito


na Procuradoria Regional Eleitoral junto ao Ministério Público Federal
E-mail: igorcheron@gmai.com

ISADORA SILVA DE HOLLANDA ALBUQUERQUE

Licenciada em Letras português-inglês pela PUC-PR. Acadêmica de Direito da


Universidade Positivo. Pesquisadora do Centro de Pesquisa Jurídica e Social
(CPJUS) pela Universidade Positivo e do Programa de Iniciação Científica Voluntário
em Direito Constitucional pela Universidade Positivo. Associada à Rede de Estudos
Empíricos em Direito (REED). E-mail: ishalbuquerque@gmail.com.

JONI BONFIM AGUIAR

Estagiário de Direito no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Acadêmico de


Direito na Universidade Paranaense, 1º ano. Formado em Tecnólogo Superior de
Marketing (2019-2021).
E-mail: jonibonfim123@outlook.com

JORGE LUIZ RODRIGUES CAMPANHARO

Mestrando em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Graduado em Direito pela


Universidade Positivo (UP). Pós-graduando em Processo Civil. Pesquisador do Grupo
de Pesquisa “Fundamentos do Processo Civil Contemporâneo”, vinculado à
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do Grupo de Pesquisa
Direito, tecnologia e desenvolvimento: organizações econômicas e sociais, da
Universidade Positivo. E-mail: jorgelrcampanharo@hotmail.com
MARIA CAROLINA CASONATO POSSANI

Advogada, Sócia fundadora do escritório de advocacia Possani & Hossaka


Advogados. Bacharela em Direito pela Universidade Norte do Paraná (2009). Pós-
graduada em Direito Civil Comercial e Imobiliário pela Universidade Anhaguera-
Uniderp. Cursando MBA em Gestão Pública e Inovação na Unicentro - Universidade
Estadual do Centro-Oeste. Diretora jurídica da Associação de Micro e Pequenas
Empresas de Apucarana (AMPEC) - filiada à CONAMPE. Mediadora Judicial em
formação. Membro do grupo de estudos em Mediação e Negociação da PUCPR -
GEMN/PUCPR. Membro do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família
Membro da Comissão da Mulher Advogada - OAB/PR da subseção de Apucarana. E-
mail: possani.adv@gmail.com

MARIA EDUARDA PEREIRA BORGES

Acadêmica de Direito pela Universidade Paranaense UNIPAR, Paranavaí-PR,


Bacharel, 4º ano. Conhecimentos relevantes: Fisk, Inglês básico; Curso em Excel;
Experiência profissional e acadêmica: Cooperativa COPAGRA, setor financeiro;
Cartório de Registro Civil das pessoas naturais e Anexos de Nova Londrina; Ordem
dos Advogados do Brasil, subseção Loanda-PR, Comarca de Nova Londrina/PR;
Estágio - Vara de Execuções Criminais da Comarca de Nova Londrina; Fórum Eleitoral
de Nova Londrina; Estagiária do Tribunal de Justiça do Paraná;
E-mail: Mdudabbborges2000@hotmail.com / meduarda.p.borges@gmail.com
Curriculo: http://lattes.cnpq.br/3385587958888267

NATÁLIA SPERANCETTA FRANÇA DEMETERCO

Assessora Jurídica do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Bacharel em Direito


pela Faculdade de Direito de Curitiba – FDC (e-mail: nataliademeterco@hotmail.com)

NITARA SCHUARTZ

Acadêmica de Direito pela Universidade Positivo. Bolsista do programa de bolsas


meritórias do Centro de Pesquisa Jurídica e Social (CPJUS) da Universidade Positivo.
Bolsista vinculada ao programa de iniciação científica da Universidade Positivo desde
2019, com vínculo ao programa de bolsas meritórias do CNPq desde 2020.
Pesquisadora do Grupo de Estudos de Direito Civil do Programa de Pós-Graduação
em Direito Civil da Universidade Federal do Paraná - Virada de Copérnico.
Pesquisadora do Programa de Iniciação Científica (PIC) da Universidade Positivo
desde 2019. Membro do Grupo de Pesquisa Direito Privado no Século XXI do Instituto
Brasiliense de Direito Público. Pesquisadora da Comissão de Responsabilidade Civil
da OAB/PR. Associada à Rede de Estudos Empíricos do Direito (REED). Email:
s.nitara@gmail.com

PRISCILA CANONIO FENELON

Advogada, graduada no ano de 2017. Especialista em Direito Civil, Processo Civil e


do Trabalho. Professora de direito Civil no núcleo EAD da escola da Magistratura no
Paraná.

RENATA BOLZAN JAURIS

Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia


(2006). É magistrada - Tribunal de Justiça do Estado do Paraná - e mestre em Direito
Negocial pela Universidade Estadual de Londrina. Formadora de Magistrados
Certificada pela ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados). Professora dos cursos CEI e Ênfase. Professora da Escola da
Magistratura do Paraná. (instagram: renatajauris / e-mail: renatajauris@yahoo.com.br)
DEDICATÓRIA

“Aos meu pais e ao Miguel. Que a distância nunca seja um impedimento ao amor.”

Mario Celegatto
SUMÁRIO
ÍNDICE DOS COMENTÁRIOS

Arts. 1º ao 76 – Mario Celegatto e Renata Jauris

Arts. 77 ao 81 - Wiliam Loro

Arts. 82 ao 97 - Mario Celegatto e Renata Jauris

Arts. 98 ao 102 – Marcelo Marcos Cardoso

Arts. 103 ao 112 – Carolina Fontes Vieira

Arts. 113 ao 118 – Marcelo Marcos Vieira

Arts. 119 ao 124 – Danielle Nogueira Mota Comar

Arts. 125 ao 132 – Frederico Augusto Gomes

Arts. 133 ao 175 – Andressa Sechi Marra

Arts. 176 ao 235 – Ana Carolina Rossato Atherino

Arts. 236 ao 283 – Vivian Zaroni

Arts. 284 ao 293 – Eduardo Novacki

Arts. 294 ao 311 - Wiliam Loro

Arts. 312 ao 317 - Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts. 318 ao 353 - Danielle Nogueira Mota Comar

Arts. 354 ao 368 – Rafaela Mattioli Somma

Arts. 369 ao 404 - Carolina Fontes Vieira

Arts. 405 ao 463 – Ruy Alves Henriques Filho

Arts. 464 ao 480 – Eduardo Novacki

Arts. 481 ao 484 -

Arts. 485 ao 495 – Clayton de Albuquerque Maranhão

Arts. 496 ao 508 - Danielle Nogueira Mota Comar

Arts. 509 ao 512 - Eduardo Novacki

Arts. 513 ao 538 - Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts. 539 ao 553 - Andressa Sechi Marra

Arts. 554 ao 568 – Mário Helton Jorge e Mário Luz Ramidoff

Arts. 569 ao 609 -


Arts. 610 ao 667 - Danielle Nogueira Mota Comar

Arts. 668 ao 692 - Marcelo Marcos Cardoso

Arts. 693 ao 718 - Wiliam Loro

Arts. 719 ao 725 - Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts. 726 ao 730 - Danielle Nogueira Mota Comar

Arts. 731 ao 746 - Wiliam Loro

Arts. 747 ao 770 – Marcelo Quentin

Arts. 771 ao 796 - Mário Helton Jorge

Arts. 797 ao 830 -

Arts. 831 ao 854 - Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts 855 ao 903 -

Arts. 904 ao 909 - Mário Helton Jorge

Arts. 910 ao 920 -

Arts. 921 ao 928 - Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts. 929 ao 946 - Mário Helton Jorge

Arts. 947 ao 965 - Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts. 966 ao 975 - Mário Helton Jorge

Arts. 976 ao 987 -

Arts. 988 ao 993 – Antônio Evangelista de Souza Netto

Arts. 994 ao 1.008 -

Arts. 1.009 ao 1.020 - Wiliam Loro

Arts. 1.021 ao 1.026 - Mario Helton Jorge

Arts. 1.027 ao 1.028 -

Arts. 1.029 ao 1.041 - Luiz Osório Moraes Panza

Arts. 1.041 ao 1.072 -


PARTE GERAL

LIVRO I - Das Normas Processuais Civis

Título Único - Das Normas Fundamentais e da Aplicação das Normas Processuais

Capítulo I - Das Normas Fundamentais do Processo Civil – arts. 1.º a 12

Capítulo II - Da Aplicação das Normas Processuais – arts. 13 a 15

LIVRO II - Da Função Jurisdicional

Título I - Da Jurisdição e da Ação – arts. 16 a 20

Título II - Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional

Capítulo I - Dos Limites da Jurisdição Nacional – arts. 21 a 25

Capítulo II - Da Cooperação Internacional

Seção I - Disposições Gerais – arts. 26 e 27

Seção II - Do Auxílio Direto – arts. 28 a 34

Seção III - Da Carta Rogatória – arts. 35 e 36

Seção IV - Disposições Comuns às Seções Anteriores – arts. 37 a 41

Título III - Da Competência Interna

Capítulo I - Da Competência

Seção I - Disposições Gerais – arts. 42 a 53

Seção II - Da Modificação da Competência – arts. 54 a 63

Seção III - Da Incompetência – arts. 64 a 66

Capítulo II - Da Cooperação Nacional – arts. 67 a 69

LIVRO III - Dos Sujeitos do Processo

Título I - Das Partes e dos Procuradores

Capítulo I - Da Capacidade Processual – arts. 70 a 76

Capítulo II - Dos Deveres das Partes e de seus Procuradores

Seção I - Dos Deveres – arts. 77 e 78

Seção II - Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual – arts. 79 a 81

Seção III - Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas – arts. 82 a 97

Seção IV - Da Gratuidade da Justiça – arts. 98 a 102


Capítulo III - Dos Procuradores – arts. 103 a 107

Capítulo IV - Da Sucessão das Partes e dos Procuradores – arts. 108 a 112

Título II - Do Litisconsórcio – arts. 113 a 118

Título III - Da Intervenção de Terceiros

Capítulo I - Da Assistência

Seção I - Disposições Comuns – arts. 119 e 120

Seção II - Da Assistência Simples – arts. 121 a 123

Seção III - Da Assistência Litisconsorcial – art. 124

Capítulo II - Da Denunciação da Lide – arts. 125 a 129

Capítulo III - Do Chamamento ao Processo – arts. 130 a 132

Capítulo IV - Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica – arts. 133


a 137

Capítulo V - Do Amicus Curiae – art. 138

Título IV - Do Juiz e dos Auxiliares da Justiça

Capítulo I - Dos Poderes, dos Deveres e da Responsabilidade do Juiz – arts. 139 a


143

Capítulo II - Dos Impedimentos e da Suspeição – arts. 144 a 148

Capítulo III - Dos Auxiliares da Justiça – art. 149

Seção I - Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça – arts. 150 a 155

Seção II - Do Perito – arts. 156 a 158

Seção III - Do Depositário e do Administrador – arts. 159 a 161

Seção IV - Do Intérprete e do Tradutor – arts. 162 a 164

Seção V - Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais – arts. 165 a 175

Título V - Do Ministério Público – arts. 176 a 181

Título VI - Da Advocacia Pública – arts. 182 a 184

Título VII - Da Defensoria Pública – arts. 185 a 187

LIVRO IV - Dos Atos Processuais

Título I - Da Forma, do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais


Capítulo I - Da Forma dos Atos Processuais

Seção I - Dos Atos em Geral – arts. 188 a 192

Seção II - Da Prática Eletrônica de Atos Processuais – arts. 193 a 199

Seção III - Dos Atos das Partes – arts. 200 a 202

Seção IV - Dos Pronunciamentos do Juiz – arts. 203 a 205

Seção V - Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria – arts. 206 a 211

Capítulo II - Do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais

Seção I - Do Tempo – arts. 212 a 216

Seção II - Do Lugar – art. 217

Capítulo III - Dos Prazos

Seção I - Disposições Gerais – arts. 218 a 232

Seção II - Da Verificação dos Prazos e das Penalidades – arts. 233 a 235

Título II - Da Comunicação dos Atos Processuais

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 236 e 237

Capítulo II - Da Citação – arts. 238 a 259

Capítulo III - Das Cartas – arts. 260 a 268

Capítulo IV - Das Intimações – arts. 269 a 275

Título III - Das Nulidades – arts. 276 a 283

Título IV - Da Distribuição e do Registro – arts. 284 a 290

Título V - Do Valor da Causa – arts. 291 a 293

LIVRO V - Da Tutela Provisória

Título I - Disposições Gerais – arts. 294 a 299

Título II - Da Tutela de Urgência

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 300 a 302

Capítulo II - Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida em Caráter


Antecedente – arts. 303 e 304

Capítulo III - Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em Caráter Antecedente


– arts. 305 a 310
Título III - Da Tutela da Evidência – art. 311

LIVRO VI - Da Formação, da Suspensão e da Extinção do Processo

Título I - Da Formação do Processo – art. 312

Título II - Da Suspensão do Processo – arts. 313 a 315

Título III - Da Extinção do Processo – arts. 316 e 137

PARTE ESPECIAL

LIVRO I - Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença

Título I - Do Procedimento Comum

Capítulo I - Disposições Gerais – art. 318

Capítulo II - Da Petição Inicial

Seção I - Dos Requisitos da Petição Inicial – arts. 319 a 321

Seção II - Do Pedido – arts. 322 a 329

Seção III - Do Indeferimento da Petição Inicial – arts. 330 e 331

Capítulo III - Improcedência Liminar do Pedido – art. 332

Capítulo IV - Da Conversão da Ação Individual em Ação Coletiva – art. 333

Capítulo V - Da Audiência de Conciliação ou de Mediação – art. 334

Capítulo VI - Da Contestação – arts. 335 a 342

Capítulo VII - Da Reconvenção – art. 343

Capítulo VIII - Da Revelia – arts. 344 a 346

Capítulo IX - Das Providências Preliminares e do Saneamento – art. 347

Seção I - Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia – arts. 348 e 349

Seção II - Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor – art. 350

Seção III - Das Alegações do Réu – arts. 351 a 353

Capítulo X - Do Julgamento Conforme o Estado do Processo

Seção I - Da Extinção do Processo – art. 354

Seção II - Do Julgamento Antecipado do Mérito – art. 355

Seção III - Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito – art. 356

Seção IV - Do Saneamento e da Organização do Processo – art. 357


Capítulo XI - Da Audiência de Instrução e Julgamento – arts. 358 a 368

Capítulo XII - Das Provas

Seção I - Disposições Gerais – arts. 369 a 380

Seção II - Da Produção Antecipada da Prova – arts. 381 a 383

Seção III - Da Ata Notarial – art. 384

Seção IV - Do Depoimento Pessoal – arts. 385 a 388

Seção V - Da Confissão – arts. 389 a 395

Seção VI - Da Exibição de Documento ou Coisa – arts. 396 a 404

Subseção I - Da força probante dos documentos – arts. 405 a 429

Subseção II - Da arguição de falsidade – arts. 430 a 433

Subseção III - Da produção da prova documental – arts. 434 a 438

Seção VIII - Dos Documentos Eletrônicos – arts. 439 a 441

Seção IX - Da Prova Testemunhal

Subseção I - Da admissibilidade e do valor da prova testemunhal – arts. 442 a 449

Subseção II - Da produção da prova testemunhal – arts. 450 a 463

Seção X - Da Prova Pericial – arts. 464 a 480

Seção XI - Da Inspeção Judicial – arts. 481 a 484

Capítulo XIII - Da Sentença e da Coisa Julgada

Seção I - Disposições Gerais – arts. 485 a 488

Seção II - Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença – arts. 489 a 495

Seção III - Da Remessa Necessária – art. 496

Seção IV - Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer


e de Entregar Coisa – arts. 497 a 501

Seção V - Da Coisa Julgada – arts. 502 a 508

Capítulo XIV - Da Liquidação de Sentença – arts. 509 a 512

Título II - Do Cumprimento da Sentença

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 513 a 519


Capítulo II - Do Cumprimento Provisório da Sentença que Reconheça a Exigibilidade
de Obrigação de Pagar Quantia Certa – arts. 520 a 522

Capítulo III - Do Cumprimento Definitivo da Sentença que Reconhece a Exigibilidade


de Obrigação de Pagar Quantia Certa – arts. 523 a 527

Capítulo IV - Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de


Obrigação de Prestar Alimentos – arts. 528 a 533

Capítulo V - Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de


Obrigação de Pagar Quantia Certa pela Fazenda Pública – arts. 534 e 535

Capítulo VI - Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de


Obrigação de Fazer, de Não Fazer ou de Entregar Coisa

Seção I - Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação


de Fazer ou de Não Fazer – arts. 536 e 537

Seção II - Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação


de Entregar Coisa – art. 538

Título III - Dos Procedimentos Especiais

Capítulo I - Da Ação de Consignação em Pagamento – arts. 539 a 549

Capítulo II - Da Ação de Exigir Contas – arts. 550 a 553

Capítulo III - Das Ações Possessórias

Seção I - Disposições Gerais – arts. 554 a 559

Seção II - Da Manutenção e da Reintegração de Posse – arts. 560 a 566

Seção III - Do Interdito Proibitório – arts. 567 e 568

Capítulo IV - Da Ação de Divisão e da Demarcação de Terras Particulares

Seção I - Disposições Gerais – arts. 569 a 573

Seção II - Da Demarcação – arts. 574 a 587

Seção III - Da Divisão – arts. 588 a 598

Capítulo V - Da Ação de Dissolução Parcial de Sociedade – arts. 599 a 609

Capítulo VI - Do Inventário e da Partilha

Seção I - Disposições Gerais – arts. 610 a 614

Seção II - Da Legitimidade para Requerer o Inventário – arts. 615 e 616


Seção III - Do Inventariante e das Primeiras Declarações – art. 617 a 625

Seção IV - Das Citações e das Impugnações – arts. 626 a 629

Seção V - Da Avaliação e do Cálculo do Imposto – arts. 630 a 638

Seção VI - Das Colações – arts. 639 a 641

Seção VII - Do Pagamento das Dívidas – arts. 642 a 646

Seção VIII - Da Partilha – arts. 647 a 658

Seção IX - Do Arrolamento – arts. 659 a 667

Seção X - Disposições Comuns a Todas as Seções – arts. 668 a 673

Capítulo VII - Dos Embargos de Terceiro – arts. 674 a 681

Capítulo VIII - Da Oposição – arts. 682 a 686

Capítulo IX - Da Habilitação – arts. 687 a 692

Capítulo X - Das Ações de Família – arts. 693 a 699

Capítulo XI - Da Ação Monitória – arts. 700 a 702

Capítulo XII - Da Homologação do Penhor Legal – arts. 703 a 706

Capítulo XIII - Da Regulação de Avaria Grossa – arts. 707 a 711

Capítulo XIV - Da Restauração de Autos – arts. 712 a 718

Capítulo XV - Dos Procedimentos de Jurisdição Voluntária

Seção I - Disposições Gerais – arts. 719 a 725

Seção II - Da Notificação e da Interpelação – arts. 726 a 729

Seção III - Da Alienação Judicial – art. 730

Seção IV - Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de


União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio – arts. 731 a 734

Seção V - Dos Testamentos e dos Codicilos – arts. 735 a 737

Seção VI - Da Herança Jacente – arts. 738 a 743

Seção VII - Dos Bens dos Ausentes – arts. 744 e 745

Seção VIII - Das Coisas Vagas – art. 746

Seção IX - Da Interdição – arts. 747 a 758

Seção X - Disposições Comuns à Tutela e à Curatela – arts. 759 a 763


Seção XI - Da Organização e da Fiscalização das Fundações – arts. 764 e 765

Seção XII - Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis


Formados a Bordo – arts. 766 a 770

LIVRO II - Do Processo de Execução

Título I - Da Execução em Geral

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 771 a 777

Capítulo II - Das Partes – arts. 778 a 780

Capítulo III - Da Competência – arts. 781 e 782

Capítulo IV - Dos Requisitos Necessários para Realizar Qualquer Execução

Seção I - Do Título Executivo – arts. 783 a 785

Seção II - Da Exigibilidade da Obrigação – arts. 786 a 788

Capítulo V - Da Responsabilidade Patrimonial – arts. 789 a 796

Título II - Das Diversas Espécies de Execução

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 797 a 805

Capítulo II - Da Execução para a Entrega de Coisa

Seção I - Da Entrega de Coisa Certa – arts. 806 a 810

Seção II - Da Entrega de Coisa Incerta – arts. 811 a 813

Capítulo III - Da Execução das Obrigações de Fazer ou de Não Fazer

Seção I - Disposições Comuns – art. 814

Seção II - Da Obrigação de Fazer – arts. 815 a 821

Seção III - Da Obrigação de Não Fazer – arts. 822 e 823

Capítulo IV - Da Execução por Quantia Certa

Seção I - Disposições Gerais – arts. 824 a 826

Seção II - Da Citação do Devedor e do Arresto – arts. 827 a 830

Seção III - Da Penhora, do Depósito e da Avaliação

Subseção I - Do objeto da penhora – arts. 831 a 836

Subseção II - Da documentação da penhora, de seu registro e do depósito – arts. 837


a 844
Subseção III - Do lugar de realização da penhora – arts. 845 e 846

Subseção IV - Das modificações da penhora – arts. 847 a 853

Subseção V - Da penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira – art.


854

Subseção VI - Da penhora de créditos – arts. 855 a 860

Subseção VII - Da penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas –


art. 861

Subseção VIII - Da penhora de empresa, de outros estabelecimentos e de semoventes


– arts. 862 a 865

Subseção IX - Da penhora de percentual de faturamento de empresa – art. 866

Subseção X - Da penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel – arts.


867 a 869

Subseção XI - Da avaliação – arts. 870 a 875

Seção IV - Da Expropriação de Bens

Subseção I - Da adjudicação – arts. 876 a 878

Subseção II - Da alienação – arts. 879 a 903

Seção V - Da Satisfação do Crédito – arts. 904 a 909

Capítulo V - Da Execução contra a Fazenda Pública – art. 910

Capítulo VI - Da Execução de Alimentos – arts. 911 a 913

Título III - Dos Embargos à Execução – arts. 914 a 920

Título IV - Da Suspensão e da Extinção do Processo de Execução

Capítulo I - Da Suspensão do Processo de Execução – arts. 921 a 923

Capítulo II - Da Extinção do Processo de Execução – arts. 924 e 925

LIVRO III - Dos Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões
Judiciais

Título I - Da Ordem dos Processos e dos Processos de Competência Originária dos


Tribunais

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 926 a 928

Capítulo II - Da Ordem dos Processos no Tribunal – arts. 929 a 946


Capítulo III - Do Incidente de Assunção de Competência – art. 947

Capítulo IV - Do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade – arts. 948 a 950

Capítulo V - Do Conflito de Competência – arts. 951 a 959

Capítulo VI - Da Homologação de Decisão Estrangeira e da Concessão do Exequatur


à Carta Rogatória – arts. 960 a 965

Capítulo VII - Da Ação Rescisória – arts. 966 a 975

Capítulo VIII - Do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – arts. 976 a 987

Capítulo IX - Da Reclamação – arts. 988 a 993

Título II - Dos Recursos

Capítulo I - Disposições Gerais – arts. 994 a 1.008

Capítulo II - Da Apelação – arts. 1.009 a 1.014

Capítulo III - Do Agravo de Instrumento – arts. 1.015 a 1.020

Capítulo IV - Do Agravo Interno – art. 1.021

Capítulo V - Dos Embargos de Declaração – arts. 1.022 a 1.026

Capítulo VI - Dos Recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior


Tribunal de Justiça

Seção I - Do Recurso Ordinário – arts. 1.027 e 1.028

Seção II - Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial

Subseção I - Disposições gerais – arts. 1.029 a 1.035

Subseção II - Do julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos – arts.


1.036 a 1.041

Seção III - Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário – art. 1.042

Seção IV - Dos Embargos de Divergência – arts. 1.043 e 1.044

LIVRO COMPLEMENTAR - Disposições Finais e Transitórias – arts. 1.045 a 1.072


ABREVIATURAS
LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015.

Código de Processo Civil.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta


e eu sanciono a seguinte Lei:

PARTE GERAL

LIVRO I

DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

TÍTULO ÚNICO

DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS


PROCESSUAIS

CAPÍTULO I

DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado


conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.

Já da exposição de motivos, como forma de objetivar a eficácia do processo e a


materialização do direito material, o legislador, expressamente, buscou harmonizar o
novo regramento processual com o modelo constitucional vigente, o que, há muito já
orientava a prática processual, como defendido por Cândido Rangel Dinamarco:
“Direito processual constitucional é o método consistente em examinar o sistema
processual e os institutos do processo à luz da Constituição e das relações mantidas
com ela. Não é mais um entre os diversos ramos do direito processual, como o direito
processual civil, o trabalhista, o penal etc. O método constitucionalista inclui o estudo
das recíprocas influências existentes entre Constituição e processo – relações que se
expressam na tutela constitucional do processo, representada pelos princípios e
garantias que, vindos da Constituição, ditam padrões políticos para a vida daquele”
(2016, p. 53).
Nesse contexto, o CPC é inaugurado com um capítulo dedicado ao que se
denomina “Normas Fundamentais” disciplinadas nos artigos 1º ao 12. São normas
que estabelecem verdadeiros vetores interpretativos ao Processo Civil e colocam em
destaque a necessidade de pensar o processo civil sob a ótica dos direitos
fundamentais e, portanto, de forma constitucionalizada.

Quando o texto legal utiliza a expressão "normas” diz respeito a um gênero que
comporta as Normas Regras e Normas Princípios. Tal distinção tem importância
desde o desenvolvimento da ideia de força normativa da Constituição (Konrad Hesse)
e da normatividade dos princípios (com desenvolvimento no Pós-positivismo Jurídico).

As disposições do Capítulo I, portanto, representam as Normas Fundamentais do


Processo Civil Contemporâneo. Ressalte-se que tais normas fundamentais não se
esgotam nos 12 primeiros artigos do CPC. Tome-se como exemplo o Princípio do
Devido Processo Legal, previsto na Constituição no art. 5º, LIV; ou a regra da
Proibição da Prova Ilícita, do art. 5º, LVI.

A previsão de um capítulo inaugural no CPC destinado às normas fundamentais,


sobretudo com o que dispõe o primeiro artigo do Código, insere-se no contexto do que
se convenciona chamar de Modelo Constitucional do Processo.

Este modelo é fruto do que se entende como Movimento de Constitucionalização


do Processo, fenômeno, aliás, que alcança outros ramos do Direito Público e até
mesmo do Direito Privado. Fala-se em um Movimento de Constitucionalização dos
Direitos com expressão na aplicação direta dos Direitos Fundamentais a todas as
relações, sejam públicas ou privadas (verticais ou horizontais), de modo que não
poderia ser diferente no que concerne ao Direito Processual Civil.

Alguns autores chamam esse fenômeno de Filtragem Constitucional, na medida em


que toda interpretação legal é, antes de tudo, uma interpretação constitucional e
perpassa necessariamente pelo crivo dos Direitos Fundamentais.

O artigo 1º expressamente consagra a adoção, portanto, de um modelo


constitucional de processo. No entanto, vale dizer que tacitamente já era esta a
interpretação mais razoável, tendo em vista o Movimento de Constitucionalização do
Processo e dos Direitos como um todo.

Observa-se que, do ponto de vista simbólico, a expressa constitucionalização


trazida no art. 1º é algo bastante razoável. Ainda, em termos didáticos, trata-se de
algo interessante, mas sob um viés normativo e pragmático trata-se de algo de
duvidosa utilidade, já que a noção de Força Normativa da Constituição já era
disseminada e, obviamente, aplicável ao Processo Civil, conforme se exemplificou
com o precedente acima. A única “novidade”, portanto, ficaria por conta de uma
referência expressa no CPC como fator de integração do sistema normativo.

Alguns autores, contudo, expressam uma importância maior ao art. 1º do CPC, a


exemplo de Teresa Arruda Alvim Wambier (2015, p. 58), segundo a qual o dispositivo
"vale de garantia eficaz contra qualquer dispositivo que contrarie a Constituição, bem
como é fator de interpretação para a aplicação dos dispositivos processuais. Aqui, a
lei processual e a própria atividade jurisdicional em si, submetem-se às normas e aos
valores constitucionais, os quais lhes servem de fonte e legitimam o seu exercício, ao
tempo em que impedem o autoritarismo e o abuso".

Uma questão, contudo, se coloca como relevante: Uma violação à norma


fundamental do Processo Civil (artigos 1º a 12 do CPC) constitui violação à Lei Federal
ou a própria Constituição? A depender da resposta, ter-se-iam hipóteses recursais
distintas.

De tal questionamento, decorre uma questão processual evidente sobre a instância


extraordinária responsável por julgar eventual recurso em sede não ordinária, sabido
que o Recurso Especial ao STJ serve para matéria atinente a Lei Federal e o Recurso
Extraordinário para matéria constitucional. Pois bem, em caso de violação do art. 1º
do CPC qual recurso utilizar? Especial? – Por ser o CPC norma infraconstitucional.
Extraordinário? – Por Violação à Constituição? O entendimento que parece mais
adequado é o que consagra a ideia de que a infração ao artigo 1º seria uma infração
à própria Constituição. Daí porque cabível o Recurso Extraordinário à Suprema Corte.

Nesse sentido entende, por exemplo, Fredie Didier Júnior e Guilherme Rizzo
Amaral: "na vigência do CPC revogado, a violação direta a tais princípios dificilmente
era objeto de análise nos Tribunais Superiores. Se, por um lado, o STJ consolidou
jurisprudência no sentido de que tal análise caberia tão somente ao STF, por outro, o
STF, salvo raríssimas exceções, estabeleceu ser inviável a análise da alegação de
violação a tais princípios sob o fundamento de se tratar de ofensa reflexa ao texto
constitucional" (2015, p. 47-48).
JURISPRUDÊNCIA
Aplicação de princípios constitucionais, ainda sob a égide do CPC de 73. CIVIL.
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVENTÁRIO. CITAÇÃO POR EDITAL DE
HERDEIROS QUE RESIDEM EM COMARCA DISTINTA DA QUE TRAMITA A AÇÃO.
INTERPRETAÇÃO DA NORMA EM SINTONIA COM A GARANTIA DO
CONTRADITÓRIO E AS REGRAS QUE AUTORIZAM, SEMPRE
EXCEPCIONALMENTE, A CITAÇÃO EDITALÍCIA. CITAÇÃO, POR CARTA, DE
HERDEIROS CONHECIDOS E QUE ESTÃO EM LOCAL SABIDO. NECESSIDADE.
(...) 3- A regra do art. 999, §1º, do CPC/73, que autoriza a citação por edital daqueles
que residem em comarca distinta daquela em que tramita a ação de inventário, não
deve ser interpretada de forma assistemática, devendo, em observância ao modelo
constitucional de processo e à garantia do contraditório, ser lida em sintonia com
as hipóteses de cabimento da citação editalícia, previstas no art. 231 do mesmo
diploma, que sempre devem ser consideradas excepcionais. 4- Na hipótese, tendo sido
declinados na petição inicial todos os dados pessoais indispensáveis a correta
identificação dos herdeiros, inclusive os seus respectivos endereços, devem ser eles
citados pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, vedada apenas a citação
por oficial de justiça, que comprometeria a garantia a razoável duração do processo. 5-
Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1584088/MG, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 18/05/2018).

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. MEDIDAS COERCITIVAS ATÍPICAS. CPC/2015.
INTERPRETAÇÃO CONSENTÂNEA COM O ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL.
SUBSIDIARIEDADE, NECESSIDADE, ADEQUAÇÃO E PROPORCIONALIDADE.
RETENÇÃO DE PASSAPORTE. COAÇÃO ILEGAL. CONCESSÃO DA ORDEM.
SUSPENSÃO DA CNH. NÃO CONHECIMENTO. 1. O habeas corpus é instrumento de
previsão constitucional vocacionado à tutela da liberdade de locomoção, de utilização
excepcional, orientado para o enfrentamento das hipóteses em que se vislumbra
manifesta ilegalidade ou abuso nas decisões judiciais. 2. Nos termos da jurisprudência
do STJ, o acautelamento de passaporte é medida que limita a liberdade de locomoção,
que pode, no caso concreto, significar constrangimento ilegal e arbitrário, sendo o
habeas corpus via processual adequada para essa análise. 3. O CPC de 2015, em
homenagem ao princípio do resultado na execução, inovou o ordenamento jurídico com
a previsão, em seu art. 139, IV, de medidas executivas atípicas, tendentes à satisfação
da obrigação exequenda, inclusive as de pagar quantia certa. 4. As modernas regras
de processo, no entanto, ainda respaldadas pela busca da efetividade
jurisdicional, em nenhuma circunstância, poderão se distanciar dos ditames
constitucionais, apenas sendo possível a implementação de comandos não
discricionários ou que restrinjam direitos individuais de forma razoável. 5. Assim,
no caso concreto, após esgotados todos os meios típicos de satisfação da dívida, para
assegurar o cumprimento de ordem judicial, deve o magistrado eleger medida que seja
necessária, lógica e proporcional. Não sendo adequada e necessária, ainda que sob o
escudo da busca pela efetivação das decisões judiciais, será contrária à ordem jurídica.
6. Nesse sentido, para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão
deve ser fundamentada e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade
da medida adotada em razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de
configurar-se como sanção processual. 7. A adoção de medidas de incursão na
esfera de direitos do executado, notadamente direitos fundamentais, carecerá de
legitimidade e configurar-se-á coação reprovável, sempre que vazia de respaldo
constitucional ou previsão legal e à medida em que não se justificar em defesa
de outro direito fundamental. 8. A liberdade de locomoção é a primeira de todas as
liberdades, sendo condição de quase todas as demais. Consiste em poder o indivíduo
deslocar-se de um lugar para outro, ou permanecer cá ou lá, segundo lhe convenha ou
bem lhe pareça, compreendendo todas as possíveis manifestações da liberdade de ir
e vir. 9. Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de suspensão do passaporte
proferida no bojo de execução por título extrajudicial (duplicata de prestação de
serviço), por restringir direito fundamental de ir e vir de forma desproporcional e não
razoável. Não tendo sido demonstrado o esgotamento dos meios tradicionais de
satisfação, a medida não se comprova necessária. 10. O reconhecimento da ilegalidade
da medida consistente na apreensão do passaporte do paciente, na hipótese em
apreço, não tem qualquer pretensão em afirmar a impossibilidade dessa providência
coercitiva em outros casos e de maneira genérica. A medida poderá eventualmente ser
utilizada, desde que obedecido o contraditório e fundamentada e adequada a decisão,
verificada também a proporcionalidade da providência. 11. A jurisprudência desta Corte
Superior é no sentido de que a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação não
configura ameaça ao direito de ir e vir do titular, sendo, assim, inadequada a utilização
do habeas corpus, impedindo seu conhecimento. É fato que a retenção desse
documento tem potencial para causar embaraços consideráveis a qualquer pessoa e,
a alguns determinados grupos, ainda de forma mais drástica, caso de profissionais, que
tem na condução de veículos, a fonte de sustento. É fato também que, se detectada
esta condição particular, no entanto, a possibilidade de impugnação da decisão é certa,
todavia por via diversa do habeas corpus, porque sua razão não será a coação ilegal
ou arbitrária ao direito de locomoção, mas inadequação de outra natureza. 12. Recurso
ordinário parcialmente conhecido. (RHC 97.876/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 09/08/2018)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC -
2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Procurador Legislativo
No que se refere às normas fundamentais do Processo Civil:
A) todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
B) é assegurado às partes tratamento diferenciado em relação ao exercício de direitos
e faculdades processuais, inclusive quanto ao contraditório, a ser discricionariamente
resguardado a elas pelo juiz.
C) as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
excluída a atividade satisfativa.
D) o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se
tratar-se de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
E) os juízes e tribunais atenderão obrigatoriamente à ordem cronológica de conclusão
para proferir sentença ou acórdão.
(Gabarito A)

• Ano: 2018 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Prova: CONSULPLAN - 2018 - TJ-
MG - Juiz de Direito Substituto
São princípios fundamentais do processo civil, EXCETO:
A) Isonomia.
B) Cooperação.
C) Informalidade.
D) Boa-fé objetiva.
(Gabarito C)

Art. 2.º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por


impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

O presente dispositivo, nada mais é, do que a conjugação dos artigos 2º e 262 do


CPC/1973, tratando do sistema processual propriamente dito, o qual pode ser
classificado da seguinte forma:

Sistema Dispositivo: é Sistema Inquisitivo: Sistema Misto –


aquele que se tem-se aquele, que o adotado pelo
caracteriza pela processo se desenvolve ordenamento brasileiro:
instauração do processo por impulso oficial. É a junção dos sistemas
pela parte interessada. dispositivo e misto,
objetivamente transcrito
no artigo 2º: “processo
começa por iniciativa da
parte e se desenvolve por
impulso oficial”

Portanto, ao adotar o sistema processual misto, tem-se que, salvo expressa


previsão legal, o processo cível só terá início a partir da iniciativa da parte,
preservando, assim, a imparcialidade do magistrado no curso do processo. E, tendo
em vista a crescente importância dos princípios como base de interpretação do
ordenamento jurídico, a redação do artigo 2º do CPC/2015 exalta os seguintes:

Princípio da Inércia da Jurisdição: através do qual veda-se a atuação de ofício


do magistrado, salvo previsões legais. Como anteriormente mencionado, aqui busca-
se preservar a imparcialidade do magistrado no curso do processo, tornando
faculdade exclusiva das partes a iniciativa para movimentar o aparato judicial e a
delimitação dos contornos do litígio.

Nesse contexto, o Estado-Juiz, somente irá atuar quando provocado pela parte que
se sentiu lesada, sendo-lhe exigida uma postura ativa de busca da tutela jurisdicional,
o que deverá ser feito perante o juízo competente para análise do caso proposto e
mediante petição inicial.
Conjugadas ao princípio da inércia estão as expressões nemo judex sine actore
(não pode haver juiz sem um autor) e ne procedat judex ex officio (o juiz não pode dar
início a um processo sem que haja provocação da parte), que se traduzem na primeira
parte do art. 2º.

Insta salientar, ainda, que a doutrina trabalha com três motivos justificadores da
inércia, quais sejam: a) o Juiz não deve transformar um conflito jurídico em um conflito
social, uma vez que as partes, mesmo existindo um conflito jurídico, podem preferir
dele abrir mão em nome da paz social, situação em que o Estado-Juiz, ao agir de
ofício, estaria prejudicando as partes; b) a atuação de ofício do Estado-Juiz consistiria
em sacrifício dos meios alternativos de solução do conflito, uma vez que as partes,
ainda que desejem resolver o conflito jurídico existente, podem querer fazê-lo por
autocomposição, o que seria prejudicado pela iniciativa de ofício; e, c) a perda da
imparcialidade do juiz, uma vez que tomando a iniciativa, desde logo demonstra a
propensão pelo direito veiculado.

Por sua vez, a existência de exceções ao princípio da inércia é admitida pela própria
redação do dispositivo, em sua parte final, que tem como exemplos: suscitar conflito
de competência (art. 951) e instaurar incidente de resolução de demandas repetitivas
(art. 978).

Uma clássica exceção ao princípio da inércia era a possibilidade do juiz


instaurar inventário de ofício. No entanto, a hipótese deixou de ser prevista no CPC
de 2015, razão pela qual não se pode mais invocar este exemplo.

Princípio do Impulso Oficial (impulso processual, impulsão processual ou do


processo, oficialidade ou oficiosidade): Após instauração da relação processual, o
processo este deve continuar se desenvolvendo, independente de impulso das partes,
incumbindo ao Estado-Juiz impulsioná-lo.

Veja que o processo só se inicia por iniciativa da parte, mas se desenvolve


automaticamente independentemente de provocação (GAJARDONI E ZUFELATO,
2017, p. 22).

Entretanto, não obstante o teor do princípio do impulso oficial, nada impede que as
partes desistam da demanda, desde que respeitado o devido procedimento para tanto.
Impulso Oficial e acordos processuais: A noção de que o processo começa por
iniciativa das partes, mas se desenvolve por impulso oficial precisa ser reexaminada
em virtude de uma novidade implícita. Isso porque uma das exceções ao princípio do
impulso oficial passa a ser a negociação entre as partes.

As partes podem modular o impulso oficial por meio de negócios jurídicos


processuais. Nessa esteira, o princípio do impulso oficial precisa ser repensado tendo
em vista o princípio do respeito ao autoregramento da vontade e a cláusula geral
de negociação processual.

Os negócios jurídicos processuais e, notadamente, a cláusula geral de negociação


processual prevista no artigo 190 do CPC, exercem uma influência relevante naquilo
que se exige do impulso oficial. No entanto, é absolutamente necessário estabelecer
os limites do que será possível ou não em matéria de convenção processual, conforme
bem esclarece a doutrina: “por força do art. 190 do NCPC, portanto, não reputamos
ser possível a pactuação de negócio jurídico processual que tenha por objeto deveres
processuais imperativamente impostos às partes, sob pena de ser-lhe ilícito o objeto.
Não vigora, ipso facto, o ‘vale tudo’ processual. O negócio jurídico processual não tem,
e nem deve ter, esta extensão. (…) Não se pode, é nossa convicção, dispor em
negócio jurídico processual que uma decisão poderá ser não fundamentada, ou que
não vigora o dever de cumprir as decisões judiciais. Admiti-lo seria algo comparável à
admissão do objeto ilícito na celebração do negócio jurídico processual.”
(CONCEIÇÃO, MELLO, RIBEIRO e WAMBIER, 2015, p. 356-357).

Os enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) -


Orientam a prática processual diante do novo regramento processual questão
referente ao impulso oficial e os negócios jurídicos processuais:

Enunciados 6 - FPPC: “O negócio jurídico processual não pode afastar os deveres inerentes
à boa-fé e à cooperação”.

Enunciado 17 - FPPC: “As partes podem, no negócio processual, estabelecer outros deveres
e sanções para o caso do descumprimento da convenção”.

Enunciado 19 - FPPC: “São admissíveis os seguintes negócios processuais, dentre outros:


pacto de impenhorabilidade, acordo de ampliação de prazos das partes de qualquer natureza,
acordo de rateio de despesas processuais, dispensa consensual de assistente técnico, acordo
para retirar o efeito suspensivo da apelação, acordo para não promover execução provisória”.

Enunciado 20 - FPPC: “Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre outros:
acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da 1ª instância”.

Enunciado 21 - FPPC: “São admissíveis os seguintes negócios, dentre outros: acordo para
realização de sustentação oral, acordo para ampliação do tempo de sustentação oral,
julgamento antecipado da lide convencional, convenção sobre prova, redução de prazos
processuais”.

Da mesma forma, orientativos são os enunciados das Jornadas de Direito Processual Civil do
CJF:

Enunciado 113 - FPPC: "As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC poderão ser
aplicadas ao procedimento de recuperação judicial".

Enunciado 114 - FPPC: "Os entes despersonalizados podem celebrar negócios jurídicos
processuais".

Enunciado 115 - FPPC: "O negócio jurídico processual somente se submeterá à


homologação quando expressamente exigido em norma jurídica, admitindo-se, em todo caso,
o controle de validade da convenção".

Legislação Complementar:
Art. 3º. Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre
direitos indisponíveis que admitam transação. (LEI DE MEDIAÇÃO - Lei nº 13.140, de 26 de
junho de 2015)

Art. 165. § 2º. O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver
vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a
utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior
entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si
próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

Vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=bFDFWxVzoQw - Uma Mente Brilhante e o


Princípio da Cooperação.
JURISPRUDÊNCIA
Princípio do Impulso Oficial. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DESPACHO. PRAZO PARA HABILITAÇÃO DE
HERDEIROS. AUSÊNCIA DE CUNHO DECISÓRIO. NATUREZA JURÍDICA DE
IMPULSO OFICIAL. ATO JUDICIAL IRRECORRÍVEL. ART. 1.001 DO CPC/2015. NÃO
CONHECIMENTO. 1. O despacho que determina a habilitação de herdeiros nos autos
não é ato decisório passível de ser atacado por meio de recurso, porquanto sua
natureza jurídica é de mero impulso oficial (art. 1001, CPC/2015). 2. Agravo interno não
conhecido. (AgInt no AREsp 1515723/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 08/03/2021, DJe 11/03/2021)

Exceção ao Princípio da Inércia. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


HERANÇA JACENTE. LEGITIMIDADE ATIVA DO PRÓPRIO MAGISTRADO.
PODERES DE INSTAURAÇÃO E INSTRUÇÃO DO PROCEDIMENTO CONFERIDOS
PELA LEI PROCESSUAL. PODER-DEVER DO JUIZ. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO. 1. O propósito
recursal consiste em definir se a instauração do procedimento especial de herança
jacente por um ente municipal, mas sem a devida instrução com os documentos
indispensáveis, ainda que desatendida a intimação para emendar a petição inicial,
enseja o indeferimento da exordial e, por conseguinte, a extinção do processo sem
resolução do mérito. 2. A ausência de demonstração, nas razões recursais, da forma
pela qual se deu a violação ao art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 pelo Tribunal de origem
implica deficiência na fundamentação, a impossibilitar o conhecimento da insurgência
no ponto, dada a incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. A herança
jacente, prevista nos arts. 738 a 743 do CPC/2015, é um procedimento especial de
jurisdição voluntária que consiste, grosso modo, na arrecadação judicial de bens da
pessoa falecida, com declaração, ao final, da herança vacante, ocasião em que se
transfere o acervo hereditário para o domínio público, salvo se comparecer em juízo
quem legitimamente os reclame. 4. Tal procedimento não se sujeita ao princípio da
demanda (inércia da jurisdição), tendo em vista que o CPC/2015 confere
legitimidade ao juiz para atuar ativamente, independente de provocação, seja
para a instauração do processo, seja para a sua instrução. Por essa razão, ainda
que a parte autora/requerente não junte todas as provas necessárias à
comprovação dos fatos que legitimem o regular processamento da demanda,
deve o juiz, antes de extinguir o feito, diligenciar minimamente, adotando as
providências necessárias e cabíveis, visto que a atuação inaugural e instrutória
da herança jacente, por iniciativa do magistrado, constitui um poder-dever. 5.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (REsp
1812459/ES, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 09/03/2021, DJe 11/03/2021)

Princípio da demanda. “Defeso ao magistrado decidir fora do pedido formulado pelo


autor da demanda. Por conseguinte, a prestação jurisdicional que extrapolar os
parâmetros estabelecidos pelos pedidos vertidos na petição inicial contraria o
Ordenamento Jurídico pátrio” (STJ, AgRg no REsp 742.420/RS, Rel. Min. Celso
Limongi, 6ª Turma, jul. 01.06.2010, DJe 21.06.2010)

Pedido deferido em menor extensão. “Pode o magistrado, observando os limites


estabelecidos no pedido formulado, bem como na causa de pedir, deferir o pedido em
menor extensão daquele formulado na inicial, sem alterar a natureza do objeto da ação,
não havendo falar em julgamento extra petita ou condicional” (STJ, AgRg no Ag
1157902/PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, jul. 18.02.2010, DJe
15.03.2010).

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público
O conceito de Equilíbrio de Nash (NASH, John F. Theory of Games and Economic
Behavior, 1944) na teoria dos jogos
A) se trata de teoria de comportamento econômico, sem qualquer relevância para o
estudo da mediação em demandas judiciais.
B) tem como principal elemento a competição entre os envolvidos na disputa, de modo
que deve prevalecer quem tem maior mérito.
C) é absolutamente incompatível com os escopos e finalidades da mediação como
instrumento de autocomposição.
D) tem por finalidade assegurar a absoluta igualdade entre as partes envolvidas em um
litígio judicial.
E) é compatível com a cooperação, pois combinando estratégias entre os jogadores
alcança-se um melhor resultado, individual e coletivamente.
(Gabarito E)

• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público
A mediação:
A) não constitui técnica adequada para a solução de demandas contra a Fazenda
Pública.
B) constitui técnica de heterocomposição, uma vez que se caracteriza pela intervenção
de um terceiro imparcial para auxiliar na resolução do conflito.
C) é inaplicável diante de um conflito que verse sobre direito indisponível.
D) da forma como é regulamentada pelo Código de Processo Civil não é a técnica
adequada para a solução de um conflito entre pessoas que não mantinham vínculo
anterior.
E) extrajudicial não encontra regulamentação na legislação federal em vigor, uma vez
que ela cuida apenas da mediação de demandas judicializadas.
(Gabarito D)

Art. 3.º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a


direito.

§ 1.º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2.º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos


conflitos.
§ 3.º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual
de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo
judicial.

O caput do artigo 3º do CPC/2015 cuida da consagração infralegal da


Inafastabilidade da Apreciação Jurisdicional, consagrando o acesso à justiça,
anteriormente prevista apenas no art. 5º, XXXV, CF/88.

Há na doutrina quem diferencie os conceitos de acesso à jurisdição e acesso à


justiça, senão vejamos:

Acesso à Justiça: é a proximidade do Acesso à Jurisdição: seria o direito


cidadão à proteção aos direitos subjetivos, fundamental à tutela jurídica efetiva – direito
que se dá mediante a atuação do Estado- ao devido processo legal, que
juiz, traz a ideia de uma situação jurídica consubstancia uma tutela efetiva,
consagrada por uma norma, por isso uma tempestiva e adequada. Conceito ligado ao
acepção mais ampla. processo justo e às garantias processuais,
• São subprincípios do acesso à justiça: i) tido como fenômeno endoprocessual. O
acessibilidade; ii) operosidade; iii) utilidade; foco do direito de ação desloca-se do
e, iv) proporcionalidade. conceito para o resultado propiciado pelo
seu exercício, implicando, por conseguinte,
no “direito a técnicas processuais
adequadas, efetivas e capazes de outorgar
tempestividade à tutela dos direitos”
(MARINONI e MITIDIERO, 2016, p. 109)1

Ainda tratando do direito ao acesso à justiça, destaca-se o conceito de Direito ao


Processo Qualificado, uma expressão que se confunde com o direito à tutela jurídica
efetiva ou de acesso à jurisdição efetiva. Em meio à constitucionalização dos direitos
e a supremacia da Constituição, compreende-se uma nova acepção do princípio da
inafastabilidade da jurisdição, entendido não apenas como acesso à justiça, mas
como direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva. O acesso à justiça não se
esgota ao disponibilizar o aparato judiciário ao cidadão, mas deve viabilizar o acesso
a uma ordem jurídica justa.

Luiz Guilherme Marinoni explica que o acesso à justiça também tem caráter
instrumental para a tutela ou proteção do direito material. Para tanto, é preciso levar
em consideração as especificidades do direito material, uma vez que o direito de ação
não se esgota com o protocolo da petição inicial, mas constitui um complexo de
posições jurídicas e técnicas processuais em busca da tutela efetiva, sendo
considerado o direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva (MARINONI, 2011. p.
227).

Não obstante a sistemática de que nenhuma ameaça ou lesão a direito deixará de


ser apreciada por órgão jurisdicional, cabe ao Estado, através do juiz, advogados,
Ministério Público, Defensoria Pública, estimular a solução consensual dos conflitos.

Arbitragem. O art. 3º §1º, consagra, textualmente, a possibilidade de solução de


conflitos pela via da arbitragem.

Por algum tempo se discutiu se a arbitragem seria ou não Jurisdição.


Entretanto, foi chancelado pelo STJ o entendimento de que arbitragem seria
efetivamente Jurisdição, ao decidir pela possibilidade de existência de conflito de
competência entre um órgão jurisdicional e uma câmara arbitral. - Informativo
522/STJ, 2ª Seção, CC 111.230-DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08.05.2013.

De acordo com a opinião largamente majoritária entende-se que o CPC tornou


expressa a arbitragem como jurisdição no Direito Brasileiro. Vale dizer que o §1º do
artigo 3º passa a formalizar o que já é regulamentado pela lei 9.307/96 atualizada pela
lei 13.129/15. Além disso, o STF declarou a constitucionalidade do mecanismo da
arbitragem quando teve questionados os dispositivos mais sensíveis da lei n. 9.307/96
(Ag Rg na SE n. 5.206, em 12.12.2001, Rel. Min. Sepúlveda Pertence).

Assim, conceitua-se a arbitragem como um método heterocompositivo que assume


características da atividade jurisdicional, ressaltando-se que a jurisdição estatal é
regulada pelas normas processuais civis e a jurisdição arbitral, regulada por lei
específica.

A harmonização entre as duas espécies de jurisdição ocorre por meio da Carta


Arbitral (art. 237, IV do NCPC). Trata-se do instrumento jurídico através do qual se
veiculam os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros. A Carta Arbitral,
obviamente, não autoriza os juízes a revisarem o mérito das decisões proferidas pelo
árbitro, pois os atos de cooperação se limitam a realização de diligências e o
fornecimento de informações.

Outro ponto importante do CPC, é a regulamentação da alegação pelo réu, da


existência de convenção de arbitragem. Sabe-se que a convenção de arbitragem é
fato jurídico impassível de reconhecimento de ofício pelo juiz; por isso faz-se
necessária a interpelação de uma das partes para que se leve ao juízo esta matéria.
Cumpre, portanto, ao réu, alegar a existência de convenção de arbitragem na primeira
oportunidade que lhe couber falar nos autos. E caso não o faça, o seu silêncio será
considerado como aceitação da jurisdição estatal e consequentemente, renúncia ao
juízo arbitral.

Observe-se que a decisão que acolhe a alegação da existência de convenção de


arbitragem será hipótese do inciso VII do artigo 485, do CPC, como causa em que o
juiz não resolverá o mérito na extinção do processo, da qual o recurso cabível
será apelação, nos termos do art. 1.009 do CPC. Noutro giro, da decisão que
rejeitar, no todo ou em parte a convenção de arbitragem caberá, nos termos do art.
1.015, III do CPC, agravo de instrumento.

Caso inocorrente a alegação de convenção de arbitragem pelo réu, considera-se


por ele aceita a jurisdição estatal, provocada pela parte autora, esta que quebrou o
contrato, e de tal forma, tacitamente, também renunciou à jurisdição arbitral. Ainda, o
réu, ao falar sobre a convenção de arbitragem, não deve contestar o mérito a demanda
ajuizada, sob pena de se entender aceita, igualmente, a jurisdição estatal.

Solução Consensual de Conflitos. Um dos nortes do CPC é a solução


consensual de conflitos, prevista no art. 3ª § 3º, a qual deve ser estimulada pelo
Estado (Princípio da Promoção pelo Estado da Solução por Autocomposição). O
ordenamento processual é estruturado no estímulo a autocomposição como método
de solucionar os conflitos, a partir do reconhecimento de tais métodos como mais
idôneos em determinadas situações.

Autocomposição é gênero do qual são espécies: a) Transação: as partes,


através de concessões mútuas, alcançam a solução do conflito, nos termos do art.
840 do Código Civil; b) Submissão de um à pretensão do outro: sujeição à vontade
do outro conflitante, reconhecendo, de maneira voluntária, a procedência do pedido;
c) Renúncia da pretensão deduzida: quando realizada em juízo pelo autor, a
submissão é reconhecida como renúncia. Já a sujeição do réu ao pedido do autor,
praticada em juízo, configura o reconhecimento da procedência do pedido. Em ambas
as situações, têm-se à resolução do mérito, conforme previsão do art. 487, III, a e c,
CPC.

Aqui, importante salientar a diferença entre renúncia e desistência:


Renúncia: é um ato unilateral, através do Desistência: o autor decide não prosseguir
qual o autor expressa a vontade de dispor com a demanda, limitando-se aos efeitos
do direito material. Coloca fim ao processo processuais.
de forma definitiva em decorrência dos A decisão que homologa a desistência não
efeitos materiais, operando coisa julgada resolve o mérito, permitindo, assim, que a
material. atividade jurisdicional seja novamente
provocada.
* O art. 485 dispõe que a homologação da
desistência está condicionada à anuência
do réu após a apresentação de contestação.
* De acordo com entendimento dos
Tribunais superiores, fica dispensada a
concordância do réu quando a desistência é
formulada em mandado de segurança
(REsp 1405532/SP – Info 533 e RE
669367/RJ - Info 704)

Esta nova norma fundamental processual, teve como influência a resolução 125 de
2010 do CNJ, que instituiu a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos
de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios
adequados à sua natureza e peculiaridade.

As inovações trazidas pelo novo código têm a finalidade de favorecer o acesso à


justiça, possibilitando às partes eleger uma alternativa apta a afastar a morosidade,
além de buscar uma maior efetividade para a solução dos conflitos de interesses, uma
vez que a solução por autocomposição traz em si maior pacificação social do que a
solução pela via da decisão judicial.

Além disso, diante da importância dada à matéria, o CPC traz em diversos


momentos o incentivo à resolução consensual dos litígios, como, por exemplo na
criação de centros judiciários de mediação e conciliação (arts. 165 e ss.), na alteração
do procedimento comum, com a instituição de audiência inicial de conciliação
ou mediação (art. 334), dentre outros.

O art. 3º, §3º vem na mesma toada, determinando que todos os sujeitos/atores do
processo são convidados a estimular a solução consensual do conflito. O estímulo à
utilização métodos de solução consensual de conflitos (obtempere-se que o texto legal
usa a expressão “métodos de solução consensual” e não “meios alternativos de
solução de controvérsias”) revela-se como um dos principais objetivos do CPC, tanto
que, expressamente, consagra que está poderá ocorrer a qualquer momento (ex:
designação de audiências conciliatórias além das iniciais). Pode-se afirmar que houve
uma verdadeira alteração do paradigma da justiça ao se reconhecer que nem sempre
a imposição de uma decisão judicial é o meio mais idôneo para que a efetividade seja
alcançada.

Passou-se a falar em sistema de justiça multiportas – entendido como um


sistema de justiça que dispõe de diversas portas para a busca da solução do litígio,
sendo cada uma mais adequada para cada forma de litígio que se apresenta.

Como regra, não se precisa buscar, tampouco esgotar a via administrativa de


solução de conflitos para, só então, adentrar à esfera do Poder Judiciário, sob pena,
de assim, enfraquecer o acesso à Justiça e a inafastabilidade da Jurisdição.

Vele mencionar, contudo, que a Justiça Desportiva é um exemplo de exceção à


desnecessidade do esgotamento da via administrativa, conforme previsão no texto
constitucional, no seu art. 217, senão vejamos: “§ 1º O Poder Judiciário só admitirá
ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. § 2º A justiça desportiva terá o prazo
máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão
final”.

Outra exceção, que vem sendo admitida pela Jurisprudência, são os benefícios
previdenciários – Tema 350 do STF2 – em que há a necessidade do prévio
requerimento administrativo como condição para o acesso ao Judiciário.

Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis Relevantes:


Enunciado 04: "(art. 69, § 1º) A carta arbitral tramitará e será processada no Poder Judiciário
de acordo com o regime previsto no Código de Processo Civil, respeitada a legislação
aplicável. (Grupo: Arbitragem)".

Enunciado 05: "(art. 69, § 3º) O pedido de cooperação jurisdicional poderá ser realizado
também entre o árbitro e o Poder Judiciário. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por
aclamação)".

Enunciado 24: "(art. 237, IV) Independentemente da sede da arbitragem ou dos locais em que
se realizem os atos a ela inerentes, a carta arbitral poderá ser processada diretamente pelo
órgão do Poder Judiciário do foro onde se dará a efetivação da medida ou decisão,
ressalvadas as hipóteses de cláusulas de eleição de foro subsidiário. (Grupo: Arbitragem;
redação revista no III FPPC- RIO21 e no V FPPC- Vitória)".
Enunciado 27: "(art. 267) Não compete ao juízo estatal revisar o mérito da medida ou decisão
arbitral cuja efetivação se requer por meio da carta arbitral. (Grupo: Arbitragem – Enunciado
aprovado por aclamação) ".

Enunciado 47: "(art. 485, VII) A competência do juízo estatal deverá ser analisada previamente
à alegação de convenção de arbitragem (Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC-
Rio)".

Enunciado 48: "(art. 485, VII) A alegação de convenção de arbitragem deverá ser examinada
à luz do princípio da competência-competência. (Grupo: Arbitragem – enunciado aprovado
por aclamação)".

Enunciado 153: "(art. 485, VII) A superveniente instauração de procedimento arbitral, se ainda
não decidida a alegação de convenção de arbitragem, também implicará a suspensão do
processo, à espera da decisão do juízo arbitral sobre a sua própria competência. (Grupo:
Arbitragem)".

Enunciado 203: "(art. 966) Não se admite ação rescisória de sentença arbitral. (Grupo:
Arbitragem)".

Enunciado 417: "(arts. 260, caput e §3º, 267, I) São requisitos para o cumprimento da carta
arbitral: i) indicação do árbitro ou do tribunal arbitral de origem e do órgão do Poder Judiciário
de destino; ii) inteiro teor do requerimento da parte, do pronunciamento do árbitro ou do
Tribunal arbitral e da procuração conferida ao representante da parte, se houver; iii)
especificação do ato processual que deverá ser praticado pelo juízo de destino; iv)
encerramento com a assinatura do árbitro ou do presidente do tribunal arbitral conforme o
caso. (Grupo: Arbitragem)";

Enunciado 434: "(art. 485, VII) O reconhecimento da competência pelo juízo arbitral é causa
para a extinção do processo judicial sem resolução de mérito. (Grupo: Arbitragem)".

Enunciado 435: "(arts. 485, VII, 1015, III) Cabe agravo de instrumento contra a decisão do juiz
que, diante do reconhecimento de competência pelo juízo arbitral, se recusar a extinguir o
processo judicial sem resolução de mérito. (Grupo: Arbitragem)".

Enunciado 544: "(arts. 914-920) Admite-se a celebração de convenção de arbitragem, ainda


que a obrigação esteja representada em título executivo extrajudicial. (Grupo: Arbitragem)".

Enunciado 572: "(art. 1º, § 1º, da Lei 9.307/1996) A Administração Pública direta ou indireta
pode submeter-se a uma arbitragem ad hoc ou institucional. (Grupo: Arbitragem)".

Enunciado 371: "(arts. 3o, §3º, e 165). Os métodos de solução consensual de conflitos devem
ser estimulados também nas instâncias recursais. (Grupo: Normas fundamentais)".
JURISPRUDÊNCIA
Acesso à justiça: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVENTÁRIO.
CELEBRAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL ATÍPICO. CLÁUSULA
GERAL DO ART. 190 DO NOVO CPC. AUMENTO DO PROTAGONISMO DAS
PARTES, EQUILIBRANDO-SE AS VERTENTES DO CONTRATUALISMO E DO
PUBLICISMO PROCESSUAL, SEM DESPIR O JUIZ DE PODERES ESSENCIAIS À
OBTENÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL EFETIVA, CÉLERE E JUSTA. CONTROLE
DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS QUANTO AO OBJETO E
ABRANGÊNCIA. POSSIBILIDADE. DEVER DE EXTIRPAR AS QUESTÕES NÃO
CONVENCIONADAS E QUE NÃO PODEM SER SUBTRAÍDAS DO PODER
JUDICIÁRIO. NEGÓCIO JURÍDICO ENTRE HERDEIROS QUE PACTUARAM SOBRE
RETIRADA MENSAL PARA CUSTEIO DE DESPESAS, A SER ANTECIPADA COM
OS FRUTOS E RENDIMENTOS DOS BENS. AUSÊNCIA DE CONSENSO SOBRE O
VALOR EXATO A SER RECEBIDO POR UM HERDEIRO. ARBITRAMENTO
JUDICIAL. SUPERVENIÊNCIA DE PEDIDO DE MAJORAÇÃO DO VALOR PELO
HERDEIRO. POSSIBILIDADE DE EXAME PELO PODER JUDICIÁRIO. QUESTÃO
NÃO ABRANGIDA PELA CONVENÇÃO QUE VERSA TAMBÉM SOBRE O DIREITO
MATERIAL CONTROVERTIDO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO DO JUIZ AO
DECIDIDO, ESPECIALMENTE QUANDO HOUVER ALEGAÇÃO DE
SUPERVENIENTE MODIFICAÇÃO DO SUBSTRATO FÁTICO. NEGÓCIO JURÍDICO
PROCESSUAL ATÍPICO QUE APENAS PODE SER BILATERAL, LIMITADOS AOS
SUJEITOS PROCESSUAIS PARCIAIS. JUIZ QUE NÃO PODE SER SUJEITO DE
NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL. INTERPRETAÇÃO ESTRITIVA DO OBJETO E
DA ABRANGÊNCIA DO NEGÓCIO. NÃO SUBSTRAÇÃO DO EXAME DO PODER
JUDICIÁRIO DE QUESTÕES QUE DESBORDEM O OBJETO CONVENCIONADO.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA. REVISÃO DO VALOR QUE
PODE SER TAMBÉM DECIDIDA À LUZ DO MICROSSISTEMA DE TUTELAS
PROVISÓRIAS. ART. 647, PARÁGRAFO ÚNICO, DO NOVO CPC. SUPOSTA
NOVIDADE. TUTELA PROVISÓRIA EM INVENTÁRIO ADMITIDA, NA MODALIDADE
URGÊNCIA E EVIDÊNCIA, DESDE A REFORMA PROCESSUAL DE 1994,
COMPLEMENTADA PELA REFORMA DE 2002. CONCRETUDE AOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO E DA RAZOÁVEL
DURAÇÃO DO PROCESSO. HIPÓTESE ESPECÍFICA DE TUTELA PROVISÓRIA DA
EVIDÊNCIA QUE OBVIAMENTE NÃO EXCLUI DA APRECIAÇÃO DO PODER
JUDICIÁRIO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. REQUISITOS PROCESSUAIS
DISTINTOS. EXAME, PELO ACÓRDÃO RECORRIDO, APENAS DA TUTELA DA
EVIDÊNCIA. ACORDO REALIZADO ENTRE OS HERDEIROS COM FEIÇÕES
PARTICULARES QUE O ASSEMELHAM A PENSÃO ALIMENTÍCIA CONVENCIONAL
E PROVISÓRIA. ALEGADA MODIFICAÇÃO DO SUBSTRATO FÁTICO. QUESTÃO
NÃO EXAMINADA PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. REJULGAMENTO DO RECURSO
À LUZ DOS PRESSUPOSTOS DA TUTELA DE URGÊNCIA. 1- Recurso especial
interposto em 19/12/2016 e atribuído à Relatora em 25/01/2018. 2- Os propósitos
recursais consistem em definir: (i) se a fixação de determinado valor a ser recebido
mensalmente pelo herdeiro a título de adiantamento de herança configura negócio
jurídico processual atípico na forma do art. 190, caput, do novo CPC; (ii) se a
antecipação de uso e de fruição da herança prevista no art. 647, parágrafo único, do
novo CPC, é hipótese de tutela da evidência distinta daquela genericamente prevista
no art. 311 do novo CPC. 3- Embora existissem negócios jurídicos processuais típicos
no CPC/73, é correto afirmar que inova o CPC/15 ao prever uma cláusula geral de
negociação por meio da qual se concedem às partes mais poderes para convencionar
sobre matéria processual, modificando substancialmente a disciplina legal sobre o
tema, especialmente porque se passa a admitir a celebração de negócios processuais
não especificados na legislação, isto é, atípicos. 4- O novo CPC, pois, pretende melhor
equilibrar a constante e histórica tensão entre os antagônicos fenômenos do
contratualismo e do publicismo processual, de modo a permitir uma maior participação
e contribuição das partes para a obtenção da tutela jurisdicional efetiva, célere e justa,
sem despir o juiz, todavia, de uma gama suficientemente ampla de poderes essenciais
para que se atinja esse resultado, o que inclui, evidentemente, a possibilidade do
controle de validade dos referidos acordos pelo Poder Judiciário, que poderá negar a
sua aplicação, por exemplo, se houver nulidade. 5- Dentre os poderes atribuídos ao juiz
para o controle dos negócios jurídicos processuais celebrados entre as partes está o
de delimitar precisamente o seu objeto e abrangência, cabendo-lhe decotar, quando
necessário, as questões que não foram expressamente pactuadas pelas partes e que,
por isso mesmo, não podem ser subtraídas do exame do Poder Judiciário. 6- Na
hipótese, convencionaram os herdeiros que todos eles fariam jus a uma retirada mensal
para custear as suas despesas ordinárias, a ser antecipada com os frutos e os
rendimentos dos bens pertencentes ao espólio, até que fosse ultimada a partilha, não
tendo havido consenso, contudo, quanto ao exato valor da retirada mensal de um dos
herdeiros, de modo que coube ao magistrado arbitrá-lo. 7- A superveniente pretensão
do herdeiro, que busca a majoração do valor que havia sido arbitrado judicialmente em
momento anterior, fundada na possibilidade de aumento sem prejuízo ao espólio e na
necessidade de fixação de um novo valor em razão de modificação de suas condições,
evidentemente não está abrangida pela convenção anteriormente firmada. 8- Admitir
que o referido acordo, que sequer se pode conceituar como um negócio processual
puro, pois o seu objeto é o próprio direito material que se discute e que se pretende
obter na ação de inventário, impediria novo exame do valor a ser destinado ao herdeiro
pelo Poder Judiciário, resultaria na conclusão de que o juiz teria se tornado igualmente
sujeito do negócio avençado entre as partes e, como é cediço, o juiz nunca foi, não é e
nem tampouco poderá ser sujeito de negócio jurídico material ou processual que lhe
seja dado conhecer no exercício da judicatura, especialmente porque os negócios
jurídicos processuais atípicos autorizados pelo novo CPC são apenas os bilaterais, isto
é, àqueles celebrados entre os sujeitos processuais parciais. 9- A interpretação acerca
do objeto e da abrangência do negócio deve ser restritiva, de modo a não subtrair do
Poder Judiciário o exame de questões relacionadas ao direito material ou processual
que obviamente desbordem do objeto convencionado entre os litigantes, sob pena de
ferir de morte o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal e do art. 3º, caput, do novo CPC.
10- A possibilidade de revisão do valor que se poderá antecipar ao herdeiro também é
admissível sob a lente das tutelas provisórias, sendo relevante destacar, nesse
particular, que embora se diga que o art. 647, parágrafo único, do novo CPC seja uma
completa inovação no ordenamento jurídico processual brasileiro, a tutela provisória já
era admitida, inclusive em ações de inventário, desde a reforma processual de 1994,
que passou a admitir genericamente a concessão de tutela antecipatória, em qualquer
espécie de procedimento, fundada em urgência (art. 273, I, do CPC/73) ou na evidência
(art. 273, II, do CPC/73), complementada pela reforma de 2002, que introduziu a
concessão da tutela fundada em incontrovérsia (art. 273, §6º, do CPC/73),
microssistema que deu concretude aos princípios constitucionais da inafastabilidade da
tutela jurisdicional e da razoável duração do processo. 11- O fato de o art. 647,
parágrafo único, do novo CPC, prever uma hipótese específica de tutela provisória da
evidência evidentemente não exclui da apreciação do Poder Judiciário a pretensão
antecipatória, inclusive formulada em ação de inventário, que se funde em urgência,
ante a sua matriz essencialmente constitucional. 12- A antecipação da fruição e do uso
de bens que compõem a herança é admissível: (i) por tutela provisória da evidência, se
não houver controvérsia ou oposição dos demais herdeiros quanto ao uso, fruição e
provável destino do referido bem a quem pleiteia a antecipação; (ii) por tutela provisória
de urgência, independentemente de eventual controvérsia ou oposição dos demais
herdeiros, se presentes os pressupostos legais. 13- Na hipótese, o acordo celebrado
entre as partes é bastante singular, pois não versa sobre bens específicos, mas sobre
rendimentos e frutos dos bens que compõem a herança ao espólio, bem como porque
fora estipulado com o propósito específico de que cada herdeiro reunisse condições de
custear as suas despesas do cotidiano, assemelhando-se, sobremaneira, a uma
espécie de pensão alimentícia convencional a ser paga pelo espólio enquanto perdurar
a ação de inventário e partilha. 14- Tendo o acórdão recorrido se afastado dessas
premissas, impõe-se o rejulgamento do recurso em 2º grau de jurisdição, a fim de que
a questão relacionada à modificação do valor que havia sido arbitrado judicialmente
seja decidida à luz da possibilidade de majoração sem prejuízo ao espólio e da
necessidade demonstrada pelo herdeiro, o que não se pode fazer desde logo nesta
Corte em virtude da necessidade de profunda incursão no acervo fático-probatório. 15-
Recurso especial conhecido e provido, para cassar o acórdão recorrido e determinar
que o agravo de instrumento seja rejulgado à luz dos pressupostos da tutela provisória
de urgência, observando-se, por fim, que eventual majoração deverá respeitar o limite
correspondente ao quinhão hereditário que couber à parte insurgente. (REsp
1738656/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
03/12/2019, DJe 05/12/2019)

Priorização da solução consensual de conflitos: DIREITO PROCESSUAL CIVIL.


PREVIDENCIÁRIO. RECUSO ESPECIAL. A AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO É FASE
OBRIGATÓRIA DO PROCESSO CIVIL ATUAL. NOVA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL
CIVIL. JUSTIÇA MULTIPORTAS. VALORIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO AMIGÁVEL.
TAREFA A SER IMPLEMENTADA PELO JUIZ DO FEITO. AUSÊNCIA DE
COMPARECIMENTO DO INSS. APLICAÇÃO DE MULTA DE 2% SOBRE O VALOR
DA CAUSA. ART. 334, § 8o. DO CPC/2015. INTERESSE DO AUTOR NA
REALIZAÇÃO DO ATO. MULTA DEVIDA. RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. A nova legislação processual civil instrumentaliza a
denominada Justiça Multiportas, incentivando a solução consensual dos
conflitos, especialmente por meio das modalidades de conciliação e mediação. O
objetivo dessa auspiciosa inovação é hipervalorizar da concertación de
interesses inter partes, em claro desfavor do vetusto incentivo ao demandismo.
Mas isso somente se pode alcançar por meio da atuação inteligente dos Juízes
das causas, motivados pelos ideais da equidade, da razoabilidade, da economia
e da justiça do caso concreto. 2. Em seus artigos iniciais, o Código de Processo
Civil prescreve que o Estado promoverá, sempre que possível, a solução
consensual dos conflitos (art. 3o., § 2o. do CPC/2015), recomendando que a
conciliação, a mediação e outros métodos de solução harmoniosa de conflitos
sejam estimulados por Juízes, Advogados, Defensores Públicos e Membros do
Ministério Público (art. 3o., § 3o. do CPC/2015), inclusive no curso do processo
judicial (art. 139, V do CPC/2015). Esses dispositivos do CPC pressupõem que os
Julgadores abram as mentes para a metodologia contemporânea prestigiadora
da visão instrumentalista do processo, levando-o, progressivamente, a deixar de
ser um objetivo em si mesmo. 3. Reafirmando esse escopo, o CPC/2015, em seu art.
334, estabelece a obrigatoriedade da realização de audiência de conciliação ou de
mediação após a citação do réu. Excepcionando a sua realização, tão somente, na
hipótese de o direito controvertido não admitir autocomposição ou na hipótese de
ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição
consensual (art. 334, § 4o. do CPC/2015). 4. O caráter obrigatório da realização dessa
audiência de conciliação é a grande mudança da nova Lei Processual Civil, mas o
INSS, contudo, intenta repristinar a regra de 1994, que estabelecia ser optativa a
audiência de conciliação (art. 125, IV do CPC/1973 com redação dada pela Lei
8.952/1994), retirando o efeito programado e esperado pela legislação processual civil
adveniente. 5. Rememore-se, aqui, aquela conhecida - mas esquecida - recomendação
do jurista alemão Rudolph von Iherin (1818-1892), no seu famoso livro O Espírito do
Direito Romano, observando que o Direito só existe no processo de sua realização. Se
não passa à realidade da visa social, o que existe apenas nas leis e sobre o papel não
é mais do que o simulacro ou um fantasma do Direito, não é mais do que meras
palavras. Isso que dizer que, se o Juiz não assegurar a eficácia das concepções
jurídicas que instituem as garantias das partes, tudo a que o Direito serve e as
promessas que formula resultarão inócuas e inúteis. 6. No caso dos autos, o INSS
manifestou desinteresse na realização da audiência, contudo, a parte autora
manifestou o seu interesse, o que torna obrigatória a realização da audiência de
conciliação, com a indispensável presença das partes. Comporta frisar que o processo
judicial não é mais concebido como um duelo, uma luta entre dois contendores ou um
jogo de habilidades ou espertezas. Exatamente por isso, não se deixará a sua
efetividade ao sabor ou ao alvedrio de qualquer dos seus atores, porque a justiça que
por meio dele se realiza acha-se sob a responsabilidade do Juiz e constitui, inclusive,
o macro-objetivo do seu mister. 7. Assim, não comparecendo o INSS à audiência de
conciliação, inevitável a aplicação da multa prevista no art. 334, § 8o. do CPC/2015,
que estabelece que o não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência
de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da Justiça e será sancionado
com multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa,
revertida em favor da União ou do Estado. Qualquer interpretação passadista desse
dispositivo será um retrocesso na evolução do Direito pela via jurisdicional e um
desserviço à Justiça. 8. Recurso Especial do INSS a que se nega provimento. (REsp
1769949/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 08/09/2020, DJe 02/10/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PGE-SE Prova: CESPE – 2017 – PGE-SE –
Procurador do Estado:
Duas sociedades empresárias firmaram contrato que contém cláusula compromissária
de convenção de arbitragem com a previsão de que eventual litígio de natureza
patrimonial, referente ao contrato, deveria ser submetido a tribunal arbitral. Nessa
situação hipotética, caso seja instaurado procedimento arbitral,
A) o magistrado poderá, de ofício, reconhecer a existência de convenção de arbitragem
e extinguir o processo sem resolução do mérito, se o litígio referente ao contrato
também for levado ao Poder Judiciário. (art. 337, § 5º, CPC)
B) em eventual execução judicial de sentença arbitral, será vedado ao réu arguir
nulidade da decisão arbitral por meio de impugnação ao cumprimento de sentença,
devendo o interessado utilizar ação própria para esse fim. (art. 1.061. CPC)
C) as partes não estarão obrigadas a se submeter a esse procedimento, uma vez que
a convenção de arbitragem é nula, por excluir da apreciação jurisdicional ameaça ou
lesão a direito. (art. 3º, § 1º, CPC)
D) a opção feita pelas partes pela arbitragem deverá ser considerada legítima, e a
sentença do árbitro, título executivo extrajudicial, conforme o CPC. (art.515, CPC)
E) eventual cumprimento de carta arbitral no Poder Judiciário, referente ao caso, deverá
tramitar em segredo de justiça, se houver comprovação de confidencialidade da
arbitragem. (art. 189, IV CPC)
(Gabarito E)
• Ano: 2020 Banca: VUNESP Órgão: FITO Prova: VUNESP - 2020 - FITO - Advogado
O artigo 3° do CPC dispõe: “Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou
lesão a direito”. E o artigo 16 cita que: “A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos
tribunais em todo o território nacional”.
Tais artigos tratam respectivamente dos princípios da
A) inafastabilidade da jurisdição e da aderência ao território.
B) inércia e da sucumbência.
C) instrumentalidade e da inafastabilidade da jurisdição.
D) lealdade processual e da instrumentabilidade.
E) aderência ao território e do duplo grau de jurisdição.
(Gabarito A)

A questão trata de dois princípios da jurisdição:


Princípio da Inafastabilidade da jurisdição ou do acesso à Justiça (art. 5º, XXXV,
da CF e art. 3º do CPC). É a garantia de que qualquer cidadão poderá buscar a
efetivação dos seus direitos pelo acesso ao Judiciário. O órgão constitucionalmente
investido no poder de jurisdição tem a obrigação de prestar a tutela jurisdicional e não
a simples faculdade (princípio da indeclinabilidade). Não pode recusar-se a ela, quando
legitimamente provocado.

Princípio da aderência territorial ou da territorialidade (art. 16 do CPC). Todo juiz


ou órgão judicial conta com uma circunscrição territorial dentro da qual exerce suas
funções jurisdicionais, que pode ser a comarca, o Estado, o Distrito Federal ou todo o
território nacional, conforme disposto na Constituição e nas leis de organização
judiciária.

Art. 4.º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução


integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Este dispositivo ser firma na ideia de desenvolvimento efetivo do processo,


representado pela soma de duas premissas: a duração razoável do processo (art.
5º, LXXVIII, CF) e a solução de mérito como direito (desde que viável/possível),
o que se convencionou chamar de Princípio da Primazia da Decisão de Mérito.

O princípio da primazia do mérito, com origem no processo coletivo, significa que a


atividade jurisdicional deve-se orientar pela busca de satisfação dos direitos
discutidos em juízo. O CPC passa a dar maior importância ao bem da vida em
detrimento do processo enquanto ciência ou procedimento. Parte do pressuposto de
que aquele que busca o Judiciário quer ver a sua pretensão resolvida no mérito, ainda
que o resultado lhe seja desfavorável. Destarte, a satisfatividade deve ser tão
essencial quanto a preocupação com a duração razoável do processo, isso porque,
ambas estão aglutinadas ou ligadas, já que a demora da resposta do Estado-Juiz
compromete a efetividade do direito material vindicado ou o bem da vida.

Pela primazia da decisão de mérito, o juiz deverá sempre procurar resolver o


mérito da lide, de forma que esta atinja um resultado útil. Daniel Amorim Assumpção
Neves (2016, p. 153) afirma que o processo de conhecimento foi projetado pelo
legislador para resultar em um julgamento de mérito, sendo este considerado o fim
normal do processo, e, quando isso diante do caso concreto não é possível, tem-se a
convivência necessária com o fim anômalo do processo, que se dá por meio da
sentença terminativa. Assim, devem ser empregados todos os meios previstos no
CPC para que a sentença de extinção sem resolução de mérito seja verdadeiramente
excepcional.

Tal princípio guarda relação com a efetividade do processo e da jurisdição, pois se


considera que um processo justo e efetivo é aquele que propicia às partes a análise
do mérito, encerrando assim, de fato, a atividade jurisdicional.

Observe-se que, da dicção do art. 6º do CPC, em que “Todos os sujeitos do


processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão
de mérito justa e efetiva”, a grande importância que o legislador buscou conferir à
primazia do mérito, ao determinar que todos devem cooperar para a sua obtenção.

O princípio da primazia da decisão do mérito, portanto, significa que o julgador


deve, sempre que possível, priorizar o julgamento do mérito, superando eventuais
vícios processuais ou ainda viabilizando a sua correção e, assim, aproveitando
ao máximo todos os atos do processo.

O princípio tem ligação com a garantia constitucional do devido processo legal,


dentro da ideia de que um processo devido é sempre um processo efetivo, tempestivo
e adequado, bem como sofre influência e influencia os princípios da boa-fé
processual, do moderno contraditório e o princípio da cooperação.

A solução de mérito é, portanto, prioritária (o que não significa que seja


obrigatória) e essa noção encontra-se espelhada em vários institutos do CPC. São
exemplos: a) Modificação do sistema de preclusões, prevista no art. 1.009: “Da
sentença cabe apelação. § 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a
decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela
preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões”; b) A conjugação dos arts. 4º
e 139, IX, sendo o teor deste: "O juiz dirigirá o processo conforme as disposições
deste Código, incumbindo-lhe: IX - determinar o suprimento de pressupostos
processuais e o saneamento de outros vícios processuais”; c) Qualquer
sentença que extingue o processo sem resolução de mérito admite juízo de retratação;
d) Caberá ao magistrado sempre oportunizar a manifestação antes de extinguir o
processo sem resolução de mérito.

O art. 4º traz ainda, aliado à primazia do mérito, o direito à razoável duração do


processo3, tendo como nota distintiva da previsão constitucional (art. 5º, LXXVIII da
CF/88) a inclusão do direito à satisfação, entendido como a possibilidade de
aplicação da duração razoável inclusive no cumprimento de sentença e nas
execuções na medida em que se procura a entrega do direito e não apenas a decisão.
A mera proclamação de direitos é insuficiente, exigindo-se meios idôneos e
tempestivos para efetivar as decisões judiciais. Marinoni e Mitidiero (2016, p. 123)
afirmam que quando se considera o direito à obtenção da tutela do direito material se
toma em conta a sua efetividade, o que igualmente reclama tempestividade. Institutos
processuais tais como as tutelas provisórias, o julgamento antecipado parcial de
mérito, a fixação de prazos processuais de forma razoável, a aplicação de preclusões
temporais, a previsão de sanções pela atuação protelatória das partes, representam
formas de distribuir entre as partes o ônus do tempo do processo, sem, contudo, ferir
o direito de participação adequada.

Há grande dificuldade, no entanto, em se dimensionar o que configuraria uma


dilação processual injustificada. Trata-se de um conceito aberto, sem parâmetros
objetivos que possam ser utilizados com segurança para a definição. A despeito disso,
a complexidade da causa, o comportamento das partes, de seus procuradores, do
magistrado e dos seus auxiliares na condução do processo, a efetiva asseguração
dos prazos para o contraditório, bem como a média de duração de processos
semelhantes poderão ser nortes para a delimitação, no caso concreto, o que seria
uma duração razoável (ASSIS, 2016, p. 489). A doutrina sugere a possibilidade de
responsabilização do Estado apesar de não apontar jurisprudência nesse sentido
(MARINONI e MITIDIERO, 2016, p. 141 e também ASSIS, 2016, p. 489).
O STJ tem aplicado o princípio da primazia do julgamento, que, juntamente com os
princípios da efetividade e da instrumentalidade das formas, formam um arcabouço
principiológico para o aproveitamento dos atos processuais.

Enunciados relevantes do Fórum Permanente de Processualistas Civis:

Enunciado 292: "(arts. 330 e 321; art. 4º) Antes de indeferir a petição inicial, o juiz deve aplicar
o disposto no art. 321. (Grupo Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória)";

Enunciado 372: "(art. 4º) O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de
procedimento, inclusive em incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão
jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para examinar o mérito, sempre que seja
possível a sua correção. (Grupo: Normas fundamentais)";

Enunciado 386: "(art. 113, §1º; art. 4º) A limitação do litisconsórcio facultativo multitudinário
acarreta o desmembramento do processo. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)"

Enunciado 387: "(art. 113, §1º; art. 4º) A limitação do litisconsórcio multitudinário não é causa
de extinção do processo. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)";

Enunciado 488: "(art. 64, §§3º e 4º; art. 968, §5º; art. 4º; Lei 12.016/2009). No mandado de
segurança, havendo equivocada indicação da autoridade coatora, o impetrante deve ser
intimado para emendar a petição inicial e, caso haja alteração de competência, o juiz remeterá
os autos ao juízo competente. (Grupo: Impacto do novo CPC e os processos da Fazenda
Pública)";

JURISPRUDÊNCIA

Priorização da solução consensual de conflitos. RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO. INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS.
COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. SEGURADORA.
QUALIDADE DE DENUNCIADA. RECONHECIMENTO. LITISCONSÓRCIO. PRAZOS
RECURSAIS EM DOBRO. ART. 191 DO CPC/73. DENUNCIAÇÃO.
EXTEMPORANEIDADE. VÍCIO FORMAL. INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS.
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. O propósito recursal é determinar se: a) na hipótese
dos autos, com a denunciação da lide, os prazos recursais devem contados em dobro;
e b) o Tribunal de origem poderia ter declarado a extinção da denunciação da lide
apresentada intempestivamente pelo recorrente e a nulidade da lide secundária. 2. A
denunciação da lide, em sua delimitação moderna, tem a função de adicionar ao
processo uma nova lide conexa e, assim, atender ao princípio da economia dos atos
processuais e evitar sentenças contraditórias. Consiste, por esse motivo, em mero ônus
à parte que não a promove, impossibilitando-a de discutir, num mesmo processo, a
obrigação do denunciado de ressarcimento dos prejuízos que venha a sofrer na
hipótese de ser vencido na demanda principal. 3. A falta de denunciação da lide não
acarreta a perda do direito de pleitear, em ação autônoma, o direito de regresso. 4.
Feita a denunciação pelo réu, o denunciado pode aceitar a denunciação e contestar o
pedido do autor, situação que o caracterizará como litisconsorte do denunciante, com
a aplicação em dobro dos prazos recursais, e que acarretará a resolução do mérito da
controvérsia secundária e o resultado prático de sujeitá-lo aos efeitos da sentença da
causa principal. 5. O processo é instrumento para a realização do direito material, razão
pela qual, se o denunciado reconhece sua condição de garantidor do eventual prejuízo,
não há razões práticas para que se exija que, em virtude de defeitos meramente formais
na articulação da denunciação da lide, o denunciante se veja obrigado a ajuizar uma
ação autônoma de regresso em desfavor do denunciado. 6. Na presente hipótese,
embora a denunciação da lide tenha sido formulada intempestivamente, a recorrida
reconheceu, ainda que parcialmente, sua condição de garantidora. Portanto, ao
reconhecer esse vício do oferecimento da denunciação da lide e anular todos os atos
processuais praticados, o Tribunal de origem agiu em descompasso com os princípios
da primazia do julgamento de mérito e da instrumentalidade das formas. 7. Recurso
especial provido. (REsp 1637108/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 12/06/2017)

QUESTÕES

• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: SEAD-AP Prova: FCC - 2018 - SEAD-AP - Analista
Jurídico
Estabelece o Código de Processo Civil:
- não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida
(art. 9°, caput);
- o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que
se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício (art. 10).
Tais normas atendem ao princípio
A) Contraditório.
B) Inércia.
C) Primazia do mérito.
D) Motivação das decisões judiciais.
E) Inafastabilidade da jurisdição.
(Gabarito A)

• Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: TJ-RN Prova: COMPERVE - 2018 - TJ-RN -
Juiz Leigo
Imagine a seguinte situação: um juiz, numa demanda acerca de indenização por dano
moral, ao chegar ao momento de produção de provas, indefere o pedido da parte autora
para a devida produção, determinando julgamento antecipado da lide. Posteriormente,
acaba indeferindo o pleito sob o argumento de falta de provas. No novo sistema
processual civil brasileiro, baseado na boa fé objetiva, essa situação caracteriza
A) surpressio, renúncia tácita a um direito.
B) exceptio doli, boa-fé utilizada como defesa nesse caso.
C) venire contra factum proprium, também aplicável ao órgão jurisdicional.
D) tu quoque, utilização de uma norma já violada pela parte.
(Gabarito C)

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve


comportar-se de acordo com a boa-fé.

Mais uma vez, o CPC apenas declarou em seu texto um preceito há muito
contemplado na prática processual, o da boa-fé. Entretanto, é importante,
inicialmente, diferenciar a Boa-fé Subjetiva e Boa-fé Objetiva:

Subjetiva - A boa-fé subjetiva é também Objetiva – A boa-fé objetiva é uma Norma


conhecida como boa-fé crença, isto porque, Princípio, um padrão ético de conduta. A
diz respeito a questões boa-fé objetiva é a que representa o
psicológicas/internas do agente, que realiza princípio da boa-fé processual.
algo sem o conhecimento do vício que a
inquina.

Consagração Expressa do Princípio da Boa-fé Objetiva. A Boa-Fé processual é


uma consequência lógica do Devido Processo Legal, elevada à categoria de norma
fundamental processual (expressamente). Como consequência desta “elevação
axiológica”, tem-se a sua aplicação em relação às demais normas do ordenamento
processual civil (todas).

Nesses termos, a boa-fé é presumida e busca trazer ao processo um ambiente


regido pelo comportamento ético, condizente com a mais adequada prestação
jurisdicional e, por isso, aplicável a todos os atores processuais, os quais, de alguma
forma participam do processo, como peritos, serventuários da justiça e, inclusive ao
magistrado.

Enquanto a boa-fé é presumida, tem-se que a má-fé demanda comprovação,


passível de multa, em todas as fases do processo. Aliás, para reconhecimento da má-
fé processual exige-se decisão fundamentada (princípio da fundamentação ou da
motivação - art. 93, inciso IX, da CF).

Importante salientar que a boa-fé é uma Cláusula Geral, que é uma norma com
diretrizes indeterminadas, podendo ser indeterminadas em um duplo aspecto,
quanto a: a) Hipóteses: a dúvida está no conteúdo da norma; b) Consequências: resta
dúvida quanto à solução jurídica. Por essa razão, a aplicação da boa-fé exige
Concretização na Prática.

Possíveis Concretizações do Princípio da Boa-fé Processual segundo Fredie


Didier: a) Torna ilícita qualquer conduta imbuída de má-fé; b) Torna o abuso do direito
no processo um ato ilícito e, portanto, indenizável; c) Proíbe o comportamento
contraditório – Venire Contra Factum Proprium; d) Consagra a supressio processual
– Perda do Direito pela Inércia, definido como o não exercício de um direito por uma
parte somado a expectativa do não exercício desse mesmo direito pela outra parte.

Levando em conta a aplicação da boa-fé, algumas consequências se traduzem no


processo, como: a) Deveres de Cooperação (Princípio da Cooperação); b)
Orientação da interpretação do pedido e da Decisão, conforme o teor do art. 332,
§ 2º e art. 489, § 3º, do CPC.

Enunciados relevantes do Conselho da Justiça Federa e do Fórum


Permanente de Processualistas Civis:

Enunciado 1 – Jornada CJF: A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a


comprovação do animus do sujeito processual.

Enunciado 169 – Jornada CFJ: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o
agravamento do próprio prejuízo.

Enunciado 375 – FPPC: O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a
boa-fé objetiva.

Enunciado 376 – FPPC: A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão


jurisdicional.

Enunciado 377 - FPPC: A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a
alteração, decisões sobre uma mesma questão de direito aplicável às situações de fato
análogas, ainda que em processos distintos.

Enunciado 377 - FPPC: A boa fé processual orienta a interpretação da postulação e da


sentença, permite a reprimenda do abuso de direito processual e das condutas dolosas de
todos os sujeitos processuais e veda seus comportamentos contraditórios.
JURISPRUDÊNCIA

Respeito da boa-fé pelo juiz. “PROCESSUAL CIVIL. TEMPESTIVIDADE DA


APELAÇÃO. SUSPENSÃO DO PROCESSO. HOMOLOGAÇÃO ANTES DE SER
PUBLICADA A DECISÃO RECORRIDA. IMPOSSIBILIDADE DA PRÁTICA DE ATO
ENQUANTO PARALISADA A MARCHA PROCESSUAL. HIPÓTESE QUE NÃO SE
CONFUNDE COM A ALEGADA MODIFICAÇÃO DE PRAZO PEREMPTÓRIO. BOA-
FÉ DO JURISDICIONADO. SEGURANÇA JURÍDICA E DEVIDO PROCESSO LEGAL.
NEMO POTEST VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. 1. O objeto do presente
recurso é o juízo negativo de admissibilidade da Apelação proferido pelo Tribunal de
Justiça, que admitiu o início da contagem de prazo recursal de decisão publicada
enquanto o processo se encontra suspenso, por expressa homologação do juízo de 1°
grau. 2. Cuida-se, na origem, de Ação Declaratória ajuizada pela recorrente contra o
Município de Porto Alegre, tendo como objetivo a declaração de nulidade de processo
administrativo que culminou na aplicação de penalidades pela instalação irregular de
duas Estações Rádio Base (ERBs) naquela municipalidade. 3. O Tribunal a quo não
conheceu da Apelação da ora recorrente, porquanto concluiu que se trata de recurso
intempestivo, sob o fundamento de que a suspensão do processo teria provocado
indevida modificação de prazo recursal peremptório. 4. Com base nos fatos delineados
no acórdão recorrido, tem-se que: a) após a interposição dos Embargos de Declaração
contra a sentença de mérito, as partes convencionaram a suspensão do processo pelo
prazo de 90 (noventa) dias; b) o juízo de 1° grau homologou a convenção em 12.9.2007
(fl. 343, e-STJ); c) posteriormente, em 2.10.2007, foi publicada a sentença dos
aclaratórios; d) a Apelação foi interposta em 7.1.2008. 5. Antes mesmo de publicada a
sentença contra a qual foi interposta a Apelação, o juízo de 1° grau já havia homologado
requerimento de suspensão do processo pelo prazo de 90 (noventa) dias, situação em
que se encontrava o feito naquele momento, conforme autorizado pelo art. 265, II, § 3°,
do CPC. 6. Não se trata, portanto, de indevida alteração de prazo peremptório (art. 182
do CPC). A convenção não teve como objeto o prazo para a interposição da Apelação,
tampouco este já se encontrava em curso quando requerida e homologada a
suspensão do processo. 7. Nessa situação, o art. 266 do CPC veda a prática de
qualquer ato processual, com a ressalva dos urgentes a fim de evitar dano irreparável.
A lei processual não permite, desse modo, que seja publicada decisão durante a
suspensão do feito, não se podendo cogitar, por conseguinte, do início da contagem do
prazo recursal enquanto paralisada a marca do processo. 8. É imperiosa a proteção da
boa-fé objetiva das partes da relação jurídico-processual, em atenção aos princípios da
segurança jurídica, do devido processo legal e seus corolários - princípios da confiança
e da não surpresa - valores muito caros ao nosso ordenamento jurídico. 9. Ao
homologar a convenção pela suspensão do processo, o Poder Judiciário criou nos
jurisdicionados a legítima expectativa de que o processo só voltaria a tramitar após o
termo final do prazo convencionado. Por óbvio, não se pode admitir que, logo em
seguida, seja praticado ato processual de ofício - publicação de decisão - e, ademais,
considerá-lo como termo inicial do prazo recursal. 10. Está caracterizada a prática de
atos contraditórios justamente pelo sujeito da relação processual responsável por
conduzir o procedimento com vistas à concretização do princípio do devido processo
legal. Assim agindo, o Poder Judiciário feriu a máxima nemo potest venire contra factum
proprium, reconhecidamente aplicável no âmbito processual. Precedentes do STJ. 11.
Recurso Especial provido”. (REsp 1306463/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 11/09/2012)

AGRAVO REGIMENTAL EM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA.


RECURSO ESPECIAL TEMPESTIVO. AJUIZAMENTO DE MEDIDA CAUTELAR
INOMINADA. INCIDÊNCIA DAS NORMAS DE PROCESSO CIVIL.
PROCESSAMENTO, NA ORIGEM, QUE SEGUIU O RITO DOS PROCEDIMENTOS
CÍVEIS, COM COLABORAÇÃO EFETIVA DO AGRAVANTE E DA SERVENTIA
JUDICIAL. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA BOA FÉ OBJETIVA. NEMO POTEST
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. CONTROVÉRSIA QUE, A DESPEITO DE
TER SIDO DEBATIDA EM ÓRGÃO JULGADOR CÍVEL, OSTENTA NATUREZA
PENAL. COMPETÊNCIA DA TERCEIRA SEÇÃO DESTA CORTE. PRESSUPOSTOS
PARA O DEFERIMENTO DO PEDIDO VERIFICADOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
AGRAVADA. 1. O ajuizamento de medida cautelar inominada, ainda que com o
propósito de suspender cautelar criminal, atrai a aplicação das regras de direito
processual civil, inclusive a que prevê prazo em dobro para o Ministério Público, ante a
inexistência de dispositivo no Código de Processo Penal regulando a matéria. 2. Se
todo o processamento do feito, na origem, seguiu o rito dos procedimentos cíveis
- embora a matéria de fundo tenha índole penal - tendo o agravante, inclusive,
colaborado e laborado nesse sentido, com a participação efetiva da serventia
(certificando a tempestividade do recurso), eventual conclusão pela
intempestividade do recurso especial interposto pelo Ministério Público local (ao
fundamento de que o prazo recursal é de natureza penal) vulneraria o princípio
da boa-fé objetiva (art. 5º do CPC), aplicável a todos os sujeitos processuais,
materializado no brocardo nemo potest venire contra factum proprium. 3. O prazo
recursal, enquanto o feito tramitou na origem, deve ser considerado como de índole
cível, circunstância que firma a tempestividade do recurso especial, notadamente
porque o órgão ministerial, além de ter interposto o recurso no prazo de 30 dias (15
dias contados em dobro), logrou demonstrar a suspensão do prazo recursal no período
compreendido entre 17 e 19/4/2019, mediante petição protocolizada em data anterior
ao recurso. 4. Não há vício na distribuição do pedido de tutela provisória no âmbito da
Terceira Seção desta Corte, pois, se os acórdãos impugnados mantiveram decisão
monocrática que suspendeu os efeitos de decisão cautelar criminal, a controvérsia é
eminentemente penal. 5. A concessão de efeito suspensivo a recurso exige a presença,
concomitante, de elementos que evidenciem a probabilidade de êxito do recurso
interposto (fumus boni juris) e a demonstração de risco de dano irreparável ou de difícil
reparação decorrente de eventual demora na solução da causa (periculum in mora). 6.
No caso, há risco de dano irreparável ao bem jurídico tutelado pela norma penal (arts.
38, caput, e 54, caput, da Lei n. 9.605/1998), evidenciado por meio das circunstâncias
referenciadas pelo Magistrado, notadamente a supressão de APP e a destruição de
nascentes causadas pelo empreendimento. 7. Também há probabilidade de êxito do
recurso especial, pois há indícios de omissão reiterada no julgamento efetivado na
Corte de origem (violação do art. 1.022 do CPC), circunstância que, caso reconhecida
no julgamento do recurso especial, viabilizará o exame do recurso no que se refere à
tese principal (violação dos arts. 42, 43 e 62, todos do CPC, e do art. 282 do CPP) - na
forma do art. 1.025 do Código de Processo Civil (prequestionamento ficto) - que, do
mesmo modo, também ostenta possibilidade de êxito, ante os elementos dos autos que
dão conta, em princípio, de que a Corte de origem tratou de questão penal como se
cível fosse. 8. Agravo regimental improvido. (AgRg no TP 2.183/GO, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 03/09/2019, DJe 12/09/2019)

PROCESSUAL CIVIL. SESSÃO DE JULGAMENTO. PEDIDO DE PREFERÊNCIA.


VOTO-VISTA. PROCLAMAÇÃO DE ADIAMENTO. POSTERIOR RETOMADA E
PROCLAMAÇÃO DO RESULTADO FINAL NA MESMA ASSENTADA. NULIDADE.
1. O Novo Código de Processo Civil trouxe várias inovações, entre elas um sistema
cooperativo processual - norteado pelo princípio da boa-fé objetiva -, no qual todos os
sujeitos (juízes, partes e seus advogados) possuem responsabilidades na construção
do resultado final do litígio, sendo certo que praticamente todos os processos devem
ser pautados, inclusive aqueles com pedido de vista que não forem levados a
julgamento na sessão subsequente, nos termos do art. 940, §§ 1º e 2º, do CPC/2015.
2. O objetivo de tais mudanças é dar maior transparência aos atos processuais,
garantindo a todos o direito de participação na construção da prestação
jurisdicional, a fim de evitar a surpresa na formação das decisões (princípio da
não surpresa). 3. Os princípios da cooperação e da boa-fé objetiva devem ser
observados pelas partes, pelos respectivos advogados e pelos julgadores. 4. É
dever do Órgão colegiado, a partir do momento em que decide adiar o julgamento
de um processo, respeitar o ato de postergação, submetendo o feito aos
regramentos previstos no CPC/2015. 5. Hipótese em que há nulidade no
prosseguimento do julgamento, pois, com a informação prestada aos advogados
de que a apresentação daquele feito seria adiada - o que provocou a saída dos
patronos do plenário da Primeira Turma -, tornou-se sem efeito a intimação para
aquela assentada. 6. Recurso provido para anular o julgamento dos agravos
regimentais realizado na sessão do dia 19/04/2016. (EDcl no AgRg no REsp
1394902/MA, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
04/10/2016, DJe 18/10/2016)

Nulidade de algibeira ou nulidade de bolso. “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ART.
1.022 DO CPC/2015. AUSÊNCIA DE OMISSÕES. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA
INTIMAÇÃO. "NULIDADE DE ALGIBEIRA. PRECLUSÃO. PRECEDENTES DO STJ.
SÚMULA 83. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Não há falar em ofensa está o
art. 1.022 do CPC/2015, haja vista que o acórdão estadual apreciou as questões
deduzidas, decidindo de forma clara e conforme sua convicção com base nos
elementos de prova que entendeu pertinentes. Portanto, não há falar, no caso, em
negativa de prestação jurisdicional. 2. A questão trazida pela parte, em que pese seu
prévio conhecimento, fora propositadamente omitida e só suscitada no momento
tido por conveniente pela mesma, traduzindo-se em estratégia rechaçada por
esta Corte Superior ("nulidade de algibeira"). 3. A alegação de nulidade por suposta
irregularidade na intimação deve ser suscitada pela parte interessada na primeira
oportunidade que tenha para se manifestar nos autos, sob pena de preclusão.
Precedentes desta Corte. 4. Agravo interno não provido”. (AgInt no AREsp
1410289/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
03/09/2019, DJe 10/09/2019)

Duty to mitigate the loss. “ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR


PÚBLICO. REINTEGRAÇÃO. ARTS. 1º DO DECRETO N. 20.910/1932 E 189 DO
CÓDIGO CIVIL/2002. SÚMULA 211/STJ. PRETENSÃO DE RECEBIMENTO DE
INDENIZAÇÃO PELO PERÍODO DE AFASTAMENTO. IMPROCEDÊNCIA. LONGO
PERÍODO SEM QUESTIONAMENTO DO ATO DE EXONERAÇÃO.
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ
OBJETIVA E DO DUTY TO MITIGATE THE LOSS. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Cinge-se a controvérsia a estabelecer se o
recorrente, servidor público municipal, tem direito a ser indenizado pelas vantagens
pecuniárias que deixou de receber no período em que permaneceu afastado de suas
funções em decorrência de exoneração declarada ilegal na presente ação. 2. No
tocante à suposta violação dos arts. 1º do Decreto n. 20.910/1932 e 189 do Código
Civil/2002, observa-se que os referidos preceitos normativos não foram objeto de
debate e deliberação pela Corte de origem, mesmo com a oposição dos embargos de
declaração, o que redunda em ausência de prequestionamento da matéria, aplicando-
se, ao caso, a orientação firmada na Súmula 211/STJ. 3. Em verdade, o Tribunal de
origem não afastou o pleito indenizatório com fundamento na prescrição, mas, sim, na
boa-fé objetiva e na vedação ao enriquecimento ilícito. 4. O caso em epígrafe comporta
peculiaridades que o distinguem do entendimento prevalente na jurisprudência desta
Corte. Com efeito, conforme ressaltado no aresto combatido, após a exoneração, o
recorrente permaneceu inerte por mais de 4 (quatro) anos, sem questionar o ato na
seara administrativa ou judicial. 5. Portanto, a pretensão de, após esse longo período
e pouco tempo antes do término do prazo prescricional, receber todas as vantagens
que lhe seriam devidas caso não tivesse sido exonerado, sem a devida
contraprestação, geraria inequívoco enriquecimento sem causa por parte do servidor.
6. Além disso, a conduta importa ainda em violação do princípio do duty to
mitigate the loss, consectário da boa-fé objetiva, de acordo com o qual é dever
do credor mitigar as suas próprias perdas, sob pena de incorrer em abuso de
direito. 7. Impende destacar ainda que, na hipótese dos autos, o servidor não ficou
destituído de meios de subsistência, tendo em vista que o motivo da exoneração,
posteriormente anulada, foi a sua aposentadoria pelo Regime Geral de Previdência
Social - RGPS. 8. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não
provido”. (REsp 1731351/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25/08/2020, DJe 09/09/2020)

Litigância de má-fé. “O litigante de má-fé – trate-se de parte pública ou de parte


privada – deve ter a sua conduta sumariamente repelida pela atuação jurisdicional dos
juízes e dos tribunais, que não podem tolerar o abuso processual como prática
descaracterizadora da essência ética do processo” (STF, AI 567.171 AgR-ED-EDv-ED,
Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, jul. 03.12.2008, DJe 06.02.2009).

“Para a condenação em litigância de má-fé, faz-se necessário o preenchimento de três


requisitos, quais sejam: que a conduta da parte se subsuma a uma das hipóteses
taxativamente elencadas no art. 17, do CPC; que à parte tenha sido oferecida
oportunidade de defesa (CF, art. 5º, LV); e que da sua conduta resulte prejuízo
processual à parte adversa” (STJ, REsp 271.584/PR, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma,
jul. 23.10.2000, DJ 05.02.2001, p. 80)

Não pode prosperar a condenação por litigância de má-fé com o simples argumento de
que os recursos são protelatórios. Isso porque, sem a adequada fundamentação, não
é possível a imposição da pena de litigância de má-fé, como assentado em diversos
precedentes da Corte” (STJ, REsp 622.366/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul.
21.06.2005, DJU 01.07.2005, p. 519)

QUESTÕES

• Ano: 2018 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Prova: CONSULPLAN - 2018 - TJ-
MG - Juiz de Direito Substituto
São princípios fundamentais do processo civil, EXCETO:
A) Isonomia.
B) Cooperação.
C) Informalidade.
D) Boa-fé objetiva.
(Gabarito C)
• Ano: 2016 Banca: Serctam Órgão: Prefeitura de Quixadá - CE Prova: Serctam - 2016
- Prefeitura de Quixadá - CE - Advogado
Julgue as questões abaixo. Depois marque alternativa correta.
I- No regime do novo CPC a solução de mérito é prioritária, gerando, como uma de
suas implicâncias práticas, o dever do juiz determinar a correção dos vícios
processuais.
II- O princípio da cooperação, consagrado no art. 6º do CPC/2015, é um corolário do
princípio da boa-fé, gerando o dever de assim agir às partes e ao juiz, mas não aos
auxiliares da justiça, pois estes não participam do processo de forma direta, não sendo
razoável a exigência de tal comportamento.
III- O princípio da boa-fé processual não está expressamente disposto no CPC/2015,
porém pode ser extraído do devido processo legal, que é uma cláusula geral
processual.
IV- É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos
e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório
A) Os itens I e II são falsos.
B) Todas alternativas são falsas.
C) Os itens I e IV estão corretos.
D) Apenas o item III é falso.
E) Os itens I e III estão corretos.
(Gabarito C)

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se


obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Cuida-se de um dos mais importantes dispositivos do NCPC, pois esclarece qual


modelo de processo o legislador desejava. Há uma clara opção por aquilo que
chamamos de modelo de processo cooperativo.

Modelo cooperativo de processo fica entre dois extremos:

MODELO PUBLICISTA – o PROCESSO LIBERAL MODELO COOPERATIVO


juiz é o grande autor CLÁSSICO/ADVERSARIAL – trata-se de um modelo que
processual. Conduz ativa e – trata-se de modelo onde exige que as partes
isoladamente o processo e há a proeminência das dialoguem de uma forma
decide. Trata-se de modelo partes. A condução dos simétrica e equilibrada. É
com muitos poderes ao juiz, processos fica ao alvedrio uma consequência, um
que pode utilizá-los sem a das partes e o juiz é um corolário do princípio da boa-
interferência das partes. O espectador que decide ao fé.
NCPC não o é pelo simples final.
fato de prestigiar o auto-
regramento da vontade.

A boa-fé tem na cooperação um dos seus deveres anexos. Por isso, no art. 6º temos
a consagração do Princípio da Cooperação e do modelo cooperativo de processo.
Tal modelo tem por meta transformar o processo em um ambiente cooperativo. Cuida-
se da noção de uma comunidade de trabalho em que vigore a lealdade e o equilíbrio
entre os sujeitos do processo.

Todos os Sujeitos do Processo, inclusive o juiz, devem participar do modelo


cooperativo.

Cooperar não se trata de ajudar a parte adversa, mas sim agir em conformidade
com os deveres de cooperação e da boa-fé. São deveres objetivos. Essencialmente,
poderíamos dizer que seriam, na verdade, um dever de “não atrapalhar”. Dever de
não transformar o processo em um ambiente hostil. Transformar o processo em
um ambiente de diálogo e equilíbrio, objetivando que o conflito se desenvolva com
ética.

O art. 6º tem uma relação íntima com acordos ou convenções processuais.

Veja-se, ainda, o teor do art. 190: “Versando o processo sobre direitos que admitam
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no
procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os
seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade”.

Deveres do Juiz frente ao Princípio da Cooperação. Em decorrência do


mencionado princípio, o juiz assume vários deveres, dentre eles:

- Dever de Consulta: inerente a um processo cooperativo (ambiente de diálogo


equilibrado), em respeito ao princípio do contraditório.

- Dever de Prevenção: outro dever geral decorrente do dever da cooperação. O


juiz tem o dever de apontar as falhas do processo, bem como de indicar às partes que
aquele processo está defeituoso e que não seria útil prosseguir com processo até o
final com vícios. Deve ainda o juiz indicar como esse defeito processual deve ser
corrigido, priorizando, ao final, a análise de mérito.

- Dever de Esclarecimento: revela-se sob dois aspectos:

- Dever de dar Decisões Claras: significa expor de maneira coerente, ordenada,


as razões pelas quais de decide de determinada maneira.
- Dever de Pedir Esclarecimento das Partes caso não Entenda a Postulação:
não se pode indeferir um pedido/requerimento por não ter entendido a postulação.

- Dever de Auxílio: dever do juiz de auxiliar as partes na remoção de


obstáculos processuais (formais ou de mérito), com base no Direito alemão e
austríaco.

Didier discorda dessa classificação, acreditando não existir um dever geral de


auxílio. A parte já tem seu auxiliar técnico (advogado ou defensor público).
Excepcionalmente, o autor concorda com esse dever de auxílio em casos onde se
permite a postulação sem advogado.

Enunciado relevante do Fórum Permanente de Processualistas Civis:


Enunciado 373 – FPPC: As partes devem cooperar entre si; devem atuar com ética e lealdade,
agindo de modo a evitar a ocorrência de vícios que extingam o processo sem resolução do
mérito e cumprindo com deveres mútuos de esclarecimento e transparência.

JURISPRUDÊNCIA

Cooperação e boa-fé. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. OBRIGAÇÃO DE


FAZER E INDENIZATÓRIA. ORDEM JUDICIAL DETERMINANDO QUE A RÉ RETIRE
GRAVAMES DE VEÍCULO NO DETRAN, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA.
ASTREINTES. PARÂMETROS DE FIXAÇÃO. 1. É verdade que, para a consecução da
"tutela específica", entendida essa como a maior coincidência possível entre o resultado
da tutela jurisdicional pedida e o cumprimento da obrigação, poderá o juiz determinar
as medidas de apoio a que faz menção, de forma exemplificativa, o art. 461, §§ 4º e 5º
do CPC/1973, dentre as quais se destacam as denominadas astreintes, como forma
coercitiva de convencimento do obrigado a cumprir a ordem que lhe é imposta. 2. No
tocante especificamente ao balizamento de seus valores, são dois os principais vetores
de ponderação: a) efetividade da tutela prestada, para cuja realização as astreintes
devem ser suficientemente persuasivas; e b) vedação ao enriquecimento sem causa
do beneficiário, porquanto a multa não é, em si, um bem jurídico perseguido em juízo.
3. O arbitramento da multa coercitiva e a definição de sua exigibilidade, bem como
eventuais alterações do seu valor e/ou periodicidade, exige do magistrado, sempre
dependendo das circunstâncias do caso concreto, ter como norte alguns parâmetros: i)
valor da obrigação e importância do bem jurídico tutelado; ii) tempo para cumprimento
(prazo razoável e periodicidade); iii) capacidade econômica e de resistência do
devedor; iv) possibilidade de adoção de outros meios pelo magistrado e dever do credor
de mitigar o próprio prejuízo (duty to mitigate de loss). 4. É dever do magistrado utilizar
o meio menos gravoso e mais eficiente para se alcançar a tutela almejada,
notadamente verificando medidas de apoio que tragam menor onerosidade aos
litigantes. Após a imposição da multa (ou sua majoração), constatando-se que o
apenamento não logrou êxito em compelir o devedor para realização da prestação
devida, ou, ainda, sabendo que se tornou jurídica ou materialmente inviável a conduta,
deverá suspender a exigibilidade da medida e buscar outros meios para alcançar o
resultado específico equivalente. 5. No tocante ao credor, em razão da boa-fé
objetiva (NCPC, arts. 5° e 6°) e do corolário da vedação ao abuso do direito, deve
ele tentar mitigar a sua própria perda, não podendo se manter simplesmente
inerte em razão do descaso do devedor, tendo dever de cooperação com o juízo
e com a outra parte, seja indicando outros meios de adimplemento, seja não
dificultando a prestação do devedor, impedindo o crescimento exorbitante da
multa, sob pena de perder sua posição de vantagem em decorrência da
supressio. Nesse sentido, Enunciado n° 169 das Jornadas de Direito Civil do CJF.
6. Na hipótese, o importe de R$ 408.335,96 a título de astreintes, foge muito da
razoabilidade, tendo em conta o valor da obrigação principal (aproximadamente R$
110.000,00). Levando-se em consideração, ainda, a recalcitrância do devedor e, por
outro lado, a possibilidade de o credor ter mitigado o seu prejuízo, assim como poderia
o próprio juízo ter adotado outros meios suficientes para o cumprimento da obrigação,
é razoável a redução da multa coercitiva para o montante final de R$ 100.000,00 (cem
mil reais). 7. Recurso especial parcialmente provido. (AgInt no AgRg no AREsp
738.682/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe 14/12/2016)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDÊNCIA


PRIVADA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COMBINADA COM PRETENSÃO
INDENIZATÓRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO
OCORRÊNCIA. ENTE BANCÁRIO. SUCESSÃO. SUPERVENIÊNCIA DE PEDIDO
JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL. AFASTAMENTO. ASSUNÇÃO DA DÍVIDA DE
VALOR. TÍTULO JUDICIAL. NEGÓCIO JURÍDICO. ÁREA ADMINISTRATIVA. ERRO.
JUSTAS EXPECTATIVAS. FRUSTRAÇÃO. BOA-FÉ OBJETIVA. CONTRATO.
DEVERES ANEXOS. DEVER DE INDENIZAR. 1. Recurso especial interposto contra
acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional,
tampouco em fundamentação deficiente, se o tribunal local motiva adequadamente sua
decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à
hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte. 3. Na hipótese, como o ente
bancário sucedeu a entidade de previdência complementar em todos os direitos e
obrigações, a dívida de valor reconhecida no título judicial também deverá ser de sua
responsabilidade, não tendo ocorrido superveniência de pedido juridicamente
impossível. A base do direito da autora passa a ser o título judicial, e não mais eventual
contrato de previdência complementar, de modo que a instituição financeira deverá
suportar os pagamentos da condenação, sem que isso implique em considerá-la ou
transmudá-la em entidade de previdência privada. 4. Havendo boa-fé da pessoa física
contratante, o erro administrativo do próprio ente previdenciário não pode prejudicá-la,
frustrando justas expectativas (arts. 129, 187 e 422 do Código Civil). Vedação do
comportamento contraditório (non venire contra factum proprio) e observância dos
deveres anexos do contrato (cooperação, segurança, lealdade, informação e proteção).
Precedentes. 5. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1244046/SP, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
23/11/2020, DJe 01/12/2020)
QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Sorocaba - SP Prova: VUNESP -
2018 - Prefeitura de Sorocaba - SP - Procurador do Município
Durante o julgamento de uma causa, o juiz, de ofício e sem prévia manifestação das
partes, decidiu pela prescrição da pretensão do autor. O fundamento da decisão limitou-
se à reprodução de um dispositivo legal, bem como à invocação de um precedente,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta ao referido precedente. É correto afirmar que a sentença é:
A) válida e de acordo com o princípio da celeridade e eficiência processual.
B) anulável, por ofensa aos princípios da imparcialidade e igualdade processual.
C) nula, por ofensa ao princípio da não surpresa e fundamentação das decisões
judiciais.
D) anulável, por ofensa ao princípio da não surpresa e fundamentação das decisões
judiciais.
E) nula, de acordo com o princípio da razoável duração do processo e da adequada
tutela jurisdicional.
(Gabarito C)

• Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR -
Promotor Substituto
Assinale a alternativa correta acerca das normas fundamentais do processo civil, de
acordo com o Código de Processo Civil de 2015:
A) A atividade satisfativa da tutela jurisdicional deve ser prestada com duração
razoável.
B) A exigência de comportamento com boa-fé, do Código de Processo Civil, aplica-se
somente às partes.
C) Há regra geral do Código de Processo Civil que permite que decisões sejam
proferidas sem a oitiva da parte afetada.
D) A cooperação processual é princípio que atinge apenas as partes, no Código de
Processo Civil.
E) A solução consensual dos conflitos é incentivada somente em momentos pré-
processuais.
(Gabarito A)

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao


exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.

O presente dispositivo representa a somatória entre os princípios da Isonomia e


do Efetivo Contraditório, aprimorando o enunciado do art. 125, I do CPC/73.

Trata-se de outra cláusula geral (paridade de tratamento) que, como o princípio da


boa-fé, dialoga com diversos outros dispositivos do NCPC.
Isonomia. O CPC disseca o conteúdo da igualdade no processo, utilizando-se da
expressão “Paridade de Tratamento”.

A igualdade de tratamento pode ser subdividida em quatro aspectos, quais sejam:

1º - Imparcialidade do Juiz;

2º - Igualdade no acesso à Justiça (vedação à discriminação);

3º - Redução das dificuldades do acesso à Justiça, que tem como exemplos: i)


as regras de gratuidade da justiça; ii) redução de dificuldades geográficas –
possibilidade expressa de sustentação oral por videoconferência; iii) dificuldades de
comunicação – pela primeira vez o CPC prevê expressamente o uso de língua de
sinais (Libras) quando existir no processo parte que deste tipo de comunicação
dependa.

4º - Paridade de Informações – vedação a qualquer informação privilegiada.

Efetivo Contraditório. O Juiz deve zelar pelo efetivo contraditório, objetivando-


se a efetiva participação das partes do processo, em busca de uma decisão
justa, procura-se, aqui, evitar a arbitrariedade do juiz com a implementação de alguns
institutos, como, por exemplo, a obrigatória oitiva da parte adversa (art. 9º) e a
proibição da decisão surpresa (art. 10).

Um exemplo de concretização prática do efetivo contraditório no NCPC é a


Dilação de Prazos Processuais (Art. 139, VI), senão vejamos: “Art. 139. O juiz dirigirá
o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: VI - dilatar os
prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-
os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do
direito”;

Observe-se que a dilação de prazos processuais não pode superar a


preclusão – a dilação de prazos deve se dar antes da ocorrência da preclusão.

JURISPRUDÊNCIA
Paridade de tratamento. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ERRO
MÉDICO. TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA E INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. PARIDADE DE TRATAMENTO NO PROCESSO CIVIL. ARTS. 7º E 373, §
1º, DO CPC/2015. ACÓRDÃO QUE, À LUZ DAS PROVAS DOS AUTOS, CONCLUIU
PELA HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA DA PARTE AUTORA. IMPOSSIBILIDADE DE
REVISÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Cuida-se, na origem, de Agravo de
Instrumento interposto pelo Distrito Federal a fim de impugnar decisão interlocutória
que inverteu o ônus da prova em Ação de Indenização por suposto erro médico. 2.
Impossível, diante do óbice da Súmula 7/STJ, rever, em Recurso Especial, o
entendimento do Tribunal de origem que considerou os agravados-autores
tecnicamente hipossuficientes diante da natureza do objeto da prova pericial e de erro
em atendimento médico, e concluiu, ademais, que o agravante-réu dispõe de melhores
meios para obter prontuários e ocorrências médicas sofridas pela paciente. 3.
Outrossim, a decisão recorrida está em consonância com a jurisprudência do STJ, que,
em casos análogos, tem admitido a inversão do ônus da prova, em face de
vulnerabilidade técnica e hipossufiência da vítima, como na hipótese. Precedentes. 4.
O art. 373, § 1º, do CPC/2015, em perfeita sintonia com a Constituição de 1988,
reproduz, na relação processual, a transição da isonomia formal para a isonomia
real por meio da teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, mutação
profunda do paradigma dos direitos retóricos para o paradigma dos direitos
operativos, pilar do Estado Social de Direito. Não se trata, contudo, de
prerrogativa judicial irrestrita, pois depende ora de previsão legal direta ou
indireta (ope legis), ora, na sua falta, de peculiaridade da causa (ope iudicis),
associada quer à impossibilidade ou a excessivo custo ou complexidade de
cumprimento do encargo probante, quer à maior capacidade de obtenção da
prova pela parte contrária. No primeiro cenário, em resposta à natureza
espinhosa da produção probatória, a inversão foca a dificuldade do beneficiário;
no segundo, prestigia a maior facilidade para tanto do detentor da prova do fato
contrário. Qualquer elemento probatório, pontualmente - ou todos eles
conjuntamente -, pode ser objeto da ordem de inversão, desde que estribada em
adequada fundamentação judicial. A locução "peculiaridades da causa" refere-se
tanto a atributos singulares da pretensão em juízo como, mais amplamente, a
especificidades de classe de causas com características comuns ensejadoras da
inversão do ônus da prova. 5. No erro médico, barreiras de todo tipo - técnicas, de
informação, econômicas, de status social e de espírito de corpo da profissão -
contribuem para, com frequência, transmutar o ônus probatório da vítima em via crucis
rumo ao impossível, convertendo, assim, o direito de acesso ao Judiciário em
irrealizável fantasia de justiça. Então, legal e legítima a inversão do ônus da prova ope
iudicis na relação de consumo, pública ou privada, que tem por objeto prestação de
serviço médico. 6. A inversão do ônus da prova cumpre papel ético-político, mas
também jurídico, de equilibrar, no processo civil, as posições dos litigantes em
conflito, de modo a evitar que a fraqueza processual gritante de um não
corresponda tout court à vitória do outro, passaporte para negar àquele o que lhe
cabe de direito. A "paridade de tratamento", essência do art. 7º do CPC/2015,
carrega sentido de genuína paridade real, e não apenas de oca paridade formal,
garantia inútil por ser carente de efetividade. É dever do juiz assegurar a paridade
real, inclusive com a inversão do ônus da prova. 7. Agravo conhecido para não se
conhecer do Recurso Especial. (AREsp 1682349/DF, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2020, DJe 22/10/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: PGE-AP Prova: FCC - 2018 - PGE-AP - Procurador do
Estado
Afirma-se, de modo pacífico na doutrina, que O magistrado está limitado, na sua
decisão, aos fatos jurídicos alegados e ao pedido formulado. (DIDIER Jr., Fredie. Curso
de Direito Processual Civil. Edit. Jus Podivm, 1 v., 17.ed., 2015, p. 553)
Essa lição concerne ao princípio
A) da inércia processual.
B) da eventualidade
C) do dispositivo ou da livre iniciativa da parte.
D) da inafastabilidade da jurisdição.
E) da adstrição ou congruência.
(Gabarito E)

• Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2018 - TJ-RJ - Juiz Leigo
A regra segundo a qual o juiz, ao decidir a questão que lhe foi proposta, deve manter-
se nos limites das questões trazidas, não podendo julgar acima, abaixo ou
diferentemente do que lhe foi trazido (são as jurisdições ou julgamentos ultra, intra ou
extra petita) corresponde ao princípio
A) do contraditório.
B) da ampla defesa.
C) do impulso oficial.
D) da congruência.
E) da substanciação.
(Gabarito D)

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais


e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade
da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a
legalidade, a publicidade e a eficiência.

O artigo em comento cria critérios de interpretação do ordenamento processual, a


fim de atender os fins sociais e as exigências do bem comum, premissas essas que
estabelecem regras de hermenêutica que consagram, expressamente, a dignidade
da pessoa humana, a razoabilidade e a proporcionalidade (uma das únicas leis no
ordenamento que cuida disso de forma expressa).

Há, ainda, a consagração expressa, em âmbito jurisdicional, das diretrizes


constitucionais relativas à atuação da administração pública, bem como o dever de
observar a razoabilidade e a proporcionalidade na interpretação e aplicação do
ordenamento jurídico.

O art. 8º pode ser dividido em 3 partes:


1ª parte: Quase uma 2ª parte: Consagração dos 3ª parte: Consagra os
reprodução da LINDB. princípios da Dignidade da princípios da Legalidade,
Diferencia-se somente pela Pessoa Humana, publicidade e eficiência.
expressão ordenamento Proporcionalidade e •Art. 37, caput, CF.
jurídico. Razoabilidade.
Princípios do direito
• Importante esclarecer que administrativo, expressos na
a Dignidade da Pessoa CF: Legalidade,
Humana em seu viés Impessoalidade,
processual se confunde com Moralidade, Publicidade e
o Devido Processo Legal. Eficiência (o famoso
“LIMPE”).

Importante destacar que o CPC não menciona Impessoalidade e Moralidade. A


impessoalidade no âmbito do processo é o juiz natural, já a moralidade no CPC se
confunde com boa-fé objetiva.

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. TUTELA DA SAÚDE. INTERESSES E DIREITOS
METAINDIVIDUAIS. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. ART. 2º, CAPUT, DA LEI DA AÇÃO
CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/1985). ART. 209 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE (LEI 8.069/1990). ART. 80 DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO
IDOSO). ART. 93 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI 8.078/1990).
DEMANDAS SOBRE SAÚDE PÚBLICA EM QUE O ESTADO DE MATO GROSSO
SEJA PARTE. ARTS. 44 E 52, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/2015. COMPETÊNCIA
CONCORRENTE. FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR. OPÇÃO LEGISLATIVA
INAFASTÁVEL. HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Trata-se de Mandado de Segurança
impetrado por idoso hipossuficiente, de 81 anos, representado pela Defensoria Pública,
contra ato do Juiz de Direito do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Sinop,
que - nos autos de "ação de obrigação de fazer (concretização de direito fundamental)
c/c pedido de tutela de urgência satisfativa" de medicamento de uso contínuo (Entresto
24/26 mg, 60 doses/mês) - declinou da competência, em obediência à Resolução
9/2019 do Órgão Especial do TJ/MT, em favor da 1ª Vara Especializada da Fazenda
Pública da Comarca de Várzea Grande, a cerca 500km de distância. No Mandado de
Segurança, a Defensoria Pública alega que a Resolução 9/2019 violou as normas de
competência do CPC/2015, da Lei da Ação Civil Pública e do Estatuto da Criança e do
Adolescente. BENEFÍCIOS DA ESPECIALIZAÇÃO JUDICIAL: ALÉM DA
EFICIÊNCIA ECONÔMICA 2. A especialização de Varas e órgãos fracionários dos
tribunais representa tendência mundial na organização do Poder Judiciário,
instigada pela crescente complexidade jurídica - enredamento legal (do
arcabouço normativo) e fático (da vida na sociedade tecnológica) -, um dos
subprodutos do enveredar do Direito por espaços policêntricos e
multidisciplinares. Ao contrário do que se observou nos primórdios do fenômeno
em outros setores, hoje se especializa não só por convocação de pura eficiência
econômica, mas sobretudo em decorrência de legítimas inquietações éticas e
políticas com a dignidade da pessoa humana, os fins sociais do Direito, as
exigências do bem comum, a qualidade da prestação jurisdicional e a segurança
jurídica. Significação duplamente dilatada se empresta ao núcleo eficiência
referido no art. 8º, in fine, do CPC/2015, em primeiro lugar como peça integrante
de uma constelação de valores e objetivos proeminentes e vinculantes que, em
segundo, balizam não só a "aplicação do ordenamento jurídico pelo juiz", mas
também a próprIa "organização judiciária em que se insere o juiz". 3. Apontam-se
inconvenientes plausíveis na centralização, técnica de monopólio ou oligopólio judicial
associada à especialização. Tais malefícios são contrastados com inúmeros benefícios
que, claro, subordinam-se a certas condições prévias, entre elas deliberação com base
em critérios objetivos e cautelas procedimentais de praxe, fugindo-se seja de modismo
supérfluo, seja de transplante inconsequente, duas das notórias influências e pressões
impertinentes que turvam a lucidez de medidas legislativas, administrativas e judiciais.
ESPECIALIZAÇÃO DE VARA E ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DOS TRIBUNAIS:
LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS NA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DOS
ESTADOS 4. Se é verdade que os arts. 8º e 44 do CPC/2015 autorizam, de maneira
implícita, os tribunais a, por ato administrativo, designarem Varas e Câmaras/Turmas
especializadas - alternativa inteiramente compatível com o princípio do juiz natural por
não importar designação casuística ou manipulação post factum da competência -, tal
poder vem condicionado por limites fixados em normas constitucionais federais e
estaduais, legislação processual comum e especial, e leis de organização judiciária,
tanto mais se envolvidos sujeitos vulneráveis ou valores e bens aos quais a legislação
confere especial salvaguarda. Em outras palavras, interditado atribuir,
administrativamente, a órgão jurisdicional competência que legalmente não lhe
pertence, ou ampliar a existente fora das hipóteses cabíveis, mesmo que com o nobre
fundamento da necessidade de especialização de varas. 5. Não se veja no art. 44 do
CPC/2015 empecilho à melhor gestão processual de demandas guarnecidas de
consistência ético-jurídica diferenciada, com destaque para as ações coletivas. É
exatamente o contrário, haja vista, nessas latitudes de metaindividualidade, se requerer
mais engenhosidade na organização judiciária. Tabus centenários e arranjos
institucionais arcaicos convidam a incansável e enérgico questionamento e, se
imperativo, modificação ou mesmo completa substituição. Situações haverá, inclusive
em Estados com grande território, em que a especialização - e correlata concentração
- se explicará pelo desiderato, iluminado pelo ânimo da eficiência e eficácia, de
assegurar autêntica justiça a pessoas e bens jurídicos especialmente tutelados, como
ocorre com Varas Ambientais desenhadas a partir, p. ex., da conformação de
ecossistemas, ecorregiões, bacias ou sub-bacias hidrográficas, tendo em mente a
concorrência ecológica instaurada nesse cenário, em que o dano potencial ou real,
direto ou indireto, pode afetar, juntamente, múltiplas comarcas ou subseções
judiciárias. Não há alternativa possível, dado que tribunais e juízes fracassarão se
pretenderem aplicar ao processo civil coletivo a lupa, o modo de pensar, os institutos e
os procedimentos típicos do processo civil individual. Nesse panorama, lembra-se que,
por vezes, a especialização vem apresentada pelo legislador. É assim no art. 70 do
Estatuto do Idoso ("O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas do
idoso") e no art. 5º, IV, do Código de Defesa do Consumidor. COMPETÊNCIA NA LEI
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA, NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, NO
ESTATUTO DO IDOSO E NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 6. A
Resolução 9/2019 do TJ/MT atribuiu à 1ª Vara Especializada de Fazenda Pública de
Várzea Grande "Processar e julgar, exclusivamente, os feitos relativos à saúde pública,
ações civis públicas, ações individuais ..., incluindo as ações de competência da Vara
da Infância e Juventude e os feitos ... relativos à saúde pública, em que figure como
parte o Estado de Mato Grosso" (destaque acrescentado). Não obstante a evidente
intenção elevada do Órgão Especial, a concentração adotada pelo ato impugnado
choca-se frontalmente com o art. 2º, parágrafo único, da Lei 7.347/1985 (Lei da Ação
Civil Pública), com o art. 209 da Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
com o art. 80 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) e com o art. 93 da Lei 8.078/1990
(Código de Defesa do Consumidor). 7. Nesses quatro dispositivos, fica patente a ratio
legislativa de antepor, à frente de qualquer outra consideração, a facilitação, na
perspectiva da vítima, da tutela dos interesses individuais e metaindividuais de sujeitos
vulneráveis ou hipossuficientes. Destarte, vedado, aqui, rompante de flexibilização
administrativa judiciária, pois se está diante ora de competência absoluta, ora de
competência concorrente à conveniência do autor. COMPETÊNCIA EM DEMANDAS
COM ESTADOS FEDERADOS 8. Com espírito semelhante ao decretado na Lei da
Ação Civil Pública, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Estatuto do Idoso e no
Código de Defesa do Consumidor - vale dizer, facilitação do acesso à justiça ao
vulnerável ou hipossuficiente -, prescreve o CPC/2015 que, "Se Estado ou o Distrito
Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no
de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na
capital do respectivo ente federado" (art. 52, parágrafo único, grifo acrescentado).
Prioriza-se, sem dúvida, a comodidade dos cidadãos, conferindo-lhes privilégio de
opção ("poderá"), na forma de competência concorrente. 9. A Súmula 206/STJ
preceitua: "A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a
competência territorial resultante das leis de processo." A jurisprudência do STJ
reconhece que os Estados-Membros e suas entidades autárquicas e empresas
públicas podem ser demandados em qualquer comarca do seu território, não gozando
de foro privilegiado. Precedentes do STJ. 10. O art. 52, parágrafo único, do CPC/2015
estabelece foro concorrente para as causas em que seja réu o Estado ou o Distrito
Federal, estipulando prerrogativa processual em favor do cidadão, a quem é facultado
escolher onde demandar a Administração. Tal dispositivo concretiza garantia real, e
não meramente fictícia, de inafastabilidade da jurisdição e de acesso democrático à
justiça. Como instituição, o Estado está presente e atua em todo o seu território -
ubiquidade territorial; o cidadão, ao contrário, propende a se vincular a espaço
confinado, ordinariamente o local onde reside e trabalha - constrição territorial. Logo,
se ato normativo secundário do Tribunal cria prerrogativa de foro ao ente público e
altera padrões de competência prescritos por lei federal, ofendido se queda o esquema
normativo imperturbável de organização do aparelho judiciário, gravidade acentuada
se o rearranjo acarretar grave e desarrazoado desmantelamento de deferência que o
próprio legislador se encarregou de conferir, como mandamento de ordem pública, aos
sujeitos vulneráveis ou hipossuficientes e aos titulares ou representantes de certos
bens e valores considerados de altíssima distinção na arquitetura do Estado Social de
Direito. 11. A alteração da competência para comarca distante do domicílio do autor-
vítima vulnerável ou hipossuficiente traz, sim, indisputável prejuízo, ainda que o
processo judicial seja eletrônico, haja vista os demandantes nem sempre disporem de
computador e internet. Além disso, a distância geográfica pode comprometer a
produção de provas pelo jurisdicionado, o contato com seu advogado etc. Aqui, então,
assoma um dos cânones de ouro no Estado Social de Direito: o acesso à justiça para
hipossuficiente ou vulnerável - portador de debilidade jurídica, econômica, técnica ou
informativa, perdurável ou contingencial - deve, no verbo e na prática, ser facilitado, e
não embaraçado. A prerrogativa de escolha de foro processual visa garantir a
superação, ou pelo menos a mitigação, de variados obstáculos naturais, formais,
financeiros e psicológicos que impedem ou dificultam o acesso à justiça a todos em
condições de igualdade real, postura de repúdio republicano absoluto a um Poder
Judiciário de elite e a serviço da elite. CONCLUSÃO 12. Recurso Ordinário provido.
(RMS 64.534/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
13/10/2020, DJe 01/12/2020)
QUESTÕES

• Ano: 2016 Banca: IESES Órgão: TJ-MA Prova: IESES - 2016 - TJ-MA - Titular de
Serviços de Notas e de Registros - Remoção
Com relação a preocupação do legislador no novo Código de Processo Civil para
assegurar uma prestação jurisdicional célere e elevar o grau de justiça, foram valorados
alguns princípios constitucionais, dos quais podemos destacar:
A) Evidenciados no Novo Código de Processo Civil, apenas os princípios da celeridade,
da razoabilidade e do contraditório.
B) Essencialmente o princípio do juiz natural e da celeridade.
C) Princípio da ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal, da celeridade,
da dignidade da pessoa humana, moralidade, publicidade e razoabilidade.
D) Somente os princípios da celeridade e da dignidade da pessoa humana.
(Gabarito C)

• Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: TJM-SP Prova: VUNESP - 2016 - TJM-SP - Juiz
de Direito Substituto
Assinale a alternativa correta.
A) garantia do contraditório participativo impede que se profira decisão ou se conceda
tutela antecipada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida (decisão
surpresa).
B) A boa-fé no processo tem a função de estabelecer comportamentos probos e éticos
aos diversos personagens do processo e restringir ou proibir a prática de atos
atentatórios à dignidade da justiça.
C) O princípio da cooperação atinge somente as partes do processo que devem
cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e
efetiva.
D) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e econômicos e
às exigências do bem público, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana.
E) Será possível, em qualquer grau de jurisdição, a prolação de decisão sem que se dê
às partes oportunidade de se manifestar, se for matéria da qual o juiz deva decidir de
ofício.
(Gabarito B)

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III


III - à decisão prevista no art. 701 .
Este artigo consagra, efetivamente, o princípio do contraditório, que pode ser
subdividido da seguinte forma:

Contraditório em sentido estrito: verifica- Contraditório Efetivo: se demonstra na


se na ciência dos atos processuais. É uma efetiva reação, participação das partes nos
participação no aspecto formal. atos processuais, no aspecto material, que
a doutrina convencionou chamar em ampla
defesa.

De acordo com esta orientação, uma decisão não pode ser proferida contra
alguém, sem que este seja previamente ouvido. Se a decisão a ser proferida for
em benefício de uma das partes, é possível que a parte beneficiada não seja ouvida
previamente. Por esta razão se admite improcedência liminar do pedido -
Julgamento de improcedência sem participação do Réu -, isto porque a decisão
lhe será benéfica.

Exceções. Casos de dispensa de oitiva (decisão contrária sem oitiva): Há no


ordenamento processual possibilidades de se proferir decisão contrária sem ouvir a
parte afetada negativamente, levando-se em conta que o princípio do contraditório
não é absoluto.

O rol de exceções indicadas nos incisos I, II e III (Tutela Provisória - urgência e


evidência - e Ação Monitória) é meramente exemplificativo.

Estas exceções dispensam a oitiva prévia da parte em caso de se proferir DECISÃO


PROVISÓRIA contrária ao seu interesse, tratando-se aqui do contraditório mitigado,
postergado. Podemos concluir, então, que somente decisões definitivas não
podem ser tomadas sem ouvir a parte que será teoricamente desfavorecida.

Com relação à necessidade de motivação das decisões merecem destaque


os seguintes artigos

Art. 5º, LXI, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXI
- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente.
Art. 93, IX, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: [...] IX - todos os julgamentos
dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar.

Art. 381, III, CPP. A sentença conterá: [...] III - a indicação dos motivos de fato e de direito em
que se fundar a decisão.

Art. 489, CPC. São elementos essenciais da sentença - § 1o Não se considera fundamentada
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a
causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar
o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar
precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir
enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a
existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Há possibilidade de aplicação analógica, porém relativa, do artigo 489 do CPC


ao Processo Penal.

Enunciados relevantes da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento


de Magistrados – ENFAM:
Enunciado 20: O pedido fundado em tese aprovada em IRDR deverá ser julgado procedente,
respeitados o contraditório e a ampla defesa, salvo se for o caso de distinção ou se houver
superação do entendimento pelo tribunal competente.

Enunciado 29: Para a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, III, do CPC/2015,
o pedido reipersecutório deve ser fundado em prova documental do contrato de depósito e
também da mora.

Enunciado 30: É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do
CPC/2015 quando a pretensão autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo
Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade ou com tese
prevista em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante.
Enunciado 31: A concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015
independe do trânsito em julgado da decisão paradigma.

Enunciados relevantes das Jornadas de Processo Civil do Conselho da


Justiça Federal – CJF:
Enunciado 15 – JPC-CJF: Aplicam-se às entidades referidas no § 3º do art. 186 do CPC as
regras sobre intimação pessoal das partes e suas testemunhas (art. 186, § 2º; art. 455, § 4º,
IV; art. 513, § 2º, II e art. 876, § 1º, II, todos do CPC).

Enunciado 30 – JPC-CJF: É admissível a prova emprestada, ainda que não haja identidade
de partes, nos termos do art. 372 do CPC.

Enunciado 31 – JPC-CJF: A compatibilização do disposto nos arts. 378 e 379 do CPC com o
art. 5º, LXIII, da CF/1988, assegura à parte, exclusivamente, o direito de não produzir prova
contra si quando houver reflexos no ambiente penal.

Enunciado 53 – JPC-CJF: Para o reconhecimento definitivo do domínio ou da posse do


terceiro embargante (art. 681 do CPC), é necessária a presença, no polo passivo dos
embargos, do réu ou do executado a quem se impute a titularidade desse domínio ou dessa
posse no processo principal.

JURISPRUDÊNCIA
Contraditório Efetivo. O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão
judicial é, para o Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição
administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em
audiência, em cartório ou por mandado (...) Assim, conquanto se reconheça que a
intimação do ato e o respectivo prazo processual caminhem ligados, uma vez que, em
regra, a ciência ou o conhecimento das partes acerca dos atos processuais dispara o
início do cômputo do prazo para a prática de novos atos, o início na contagem do
prazo pode e deve ser postergado quando adequado e necessário ao exercício
do contraditório pleno (...) REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,
Terceira Seção, por maioria, julgado em 23/8/2017, DJe 14/9/2017. (Tema 959).
Informativo n. 611.

O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor de réu revel
citado por edital (...) al orientação é a que melhor se coaduna com o direito ao
contraditório e à ampla defesa (...). REsp 1.088.068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, por unanimidade, julgado em 29/08/2017, DJe 09/10/2017. Informativo n. 613.

Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de retenção do passaporte em decisão


judicial não fundamentada e que não observou o contraditório, proferida no bojo de
execução por título extrajudicial. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe 09/08/2018. Informativo n. 631.

Posição contrária ao inciso IV do 489 do CPC. STJ Agravo em Recurso Especial nº


827.440/MT: “Esclareça-se que não se exige do julgador a análise de todos os
argumentos das partes, a fim de expressar o seu convencimento”.

Motivação per relationem. STF- Segunda Turma- ARE 753481 -Rei. Min. Celso de
Mello- DJe 28/10/2013 e STJ- Quinta Turma- HC 263985- Rei. Min. Marco Aurélio
Bellizze- DJe 25/11/2013.

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TJ-PR Prova: CESPE - 2017 - TJ-PR - Juiz
Substituto
Com referência ao litisconsórcio e à intervenção de terceiros, assinale a opção correta.
A - No incidente de desconsideração da personalidade jurídica, estará sempre presente
interesse público que torne obrigatória a intervenção do MP como fiscal da ordem
jurídica.
B - O magistrado deve indeferir o requerimento de ingresso de amicus curiae em
processo que esteja em primeira instância, porque essa hipótese de intervenção de
terceiro somente pode ocorrer em causa que tramite no tribunal.
C - Na hipótese de desmembramento do litisconsórcio multitudinário, a interrupção da
prescrição deve retroagir à data de propositura da demanda original, inclusive para os
autores que forem compor um novo processo.
D - A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório pelo
litisconsorte necessário, será nula de pleno direito, não importando que o litisconsórcio
seja simples ou unitário.
(Gabarito C)

• Ano: 2016 Banca: TRF - 4ª REGIÃO Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: TRF - 4ª
REGIÃO - 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto
Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.
Considerando o Código de Processo Civil de 2015:
I. O Código é marcado pelos princípios do contraditório permanente e obrigatório, da
cooperação, do máximo aproveitamento dos atos processuais, da primazia do
julgamento de mérito e da excepcionalidade dos recursos intermediários, entre outros.
II. O Código busca a segurança jurídica e a isonomia, reforçando o sistema de
precedentes (stare decisis) e estabelecendo como regra, no plano vertical, a
observância dos precedentes e da jurisprudência e, no plano horizontal, a estabilidade,
a integridade e a coerência da jurisprudência.
III. A distinção (distinguishing), a superação (overruling) e a superação para a frente,
mediante modulação dos efeitos (prospective overruling), são técnicas de adequação
do sistema de precedentes às alterações interpretativas da norma e às circunstâncias
factuais postas sob exame dos juízes e dos tribunais.
IV. Paralelamente à proteção da segurança jurídica, a necessidade de evolução da
hermenêutica exige que apenas súmulas, vinculantes ou não, sejam consideradas
parâmetros para aplicação do sistema de precedentes, sob pena de se imobilizar a
exegese das normas.
A - Estão corretas apenas as assertivas I e II.
B - Estão corretas apenas as assertivas I, II e III.
C - Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.
D - Estão corretas todas as assertivas.
E - Nenhuma assertiva está correta.
(Gabarito B)

• Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: TJM-SP Prova: VUNESP - 2016 - TJM-SP - Juiz
de Direito Substituto
Assinale a alternativa correta.
A - A garantia do contraditório participativo impede que se profira decisão ou se
conceda tutela antecipada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida
(decisão surpresa).
B - A boa-fé no processo tem a função de estabelecer comportamentos probos e éticos
aos diversos personagens do processo e restringir ou proibir a prática de atos
atentatórios à dignidade da justiça.
C - O princípio da cooperação atinge somente as partes do processo que devem
cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e
efetiva.
D - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e econômicos e
às exigências do bem público, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana.
E - Será possível, em qualquer grau de jurisdição, a prolação de decisão sem que se
dê às partes oportunidade de se manifestar, se for matéria da qual o juiz deva decidir
de ofício.
(Gabarito B)

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade
de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir
de ofício.

O art. 10 deve, obrigatoriamente, ser lido e entendido em conjunto com o art. 9º do


CPC.

Trata-se de uma das maiores novidades em termos de simbologia (objetivos


doutrinários) do CPC, pois cuida-se de uma prévia submissão ao diálogo
processual. Essa garantia evita decisões surpresas, ou seja, decisão com base em
questão sobre a qual não houve oportunidade de manifestação.
Decorre do DEVER DE CONSULTA, através do qual o juiz tem o dever de consultar
as partes. Não se trata de pré-julgamento, mas de simples consulta que antecede a
decisão.

Assim, às partes deve-se oportunizar a manifestação em relação a todos os


fundamentos que possam influir na decisão judicial, mesmo que seja algo que
possa se decidir de ofício.

O objetivo é de fornecer às partes a real possibilidade de participar e influenciar


na decisão judicial – contraditório efetivo (participação e influência).

Tal ideia já havia sido consagrada na lei de execução fiscal onde se pode conhecer
de ofício da prescrição intercorrente, mas com a incumbência de ouvir a fazenda
pública previamente, ou seja, uma concretização do dever de consulta prévia ao CPC,
senão vejamos:

• Art. 40, Lei 6.830/80: “O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for
localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora,
e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição. § 4o Se da decisão que ordenar
o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e
decretá-la de imediato”.

Assim, o presente dispositivo exterioriza dois outros valores do processo civil


contemporâneo, quais sejam: Dever de Consulta e Proibição da Prolação de
Decisão Surpresa.

Enunciados relevantes da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento


de Magistrados – ENFAM:
Enunciado 1: Entende-se por “fundamento” referido no art. 10 do CPC/2015 o substrato fático
que orienta o pedido, e não o enquadramento jurídico atribuído pelas partes.

Enunciado 2: Não ofende a regra do contraditório do art. 10 do CPC/2015, o pronunciamento


jurisdicional que invoca princípio, quando a regra jurídica aplicada já debatida no curso do
processo é emanação daquele princípio.

Enunciado 3: é desnecessário ouvir as partes quando a manifestação não puder influenciar


na solução da causa.
Enunciado 4: na declaração de incompetência absoluta não se aplica o disposto no art. 10,
parte final, do CPC/2015.

Enunciado 5: não viola o art. 10 do CPC/2015 a decisão com base em elementos de fato
documentados nos autos sob o contraditório.

Enunciado 6: Não constitui julgamento surpresa o lastreado em fundamentos jurídicos, ainda


que diversos dos apresentados pelas partes, desde que embasados em provas submetidas
ao contraditório.

Enunciados relevantes das Jornadas de Processo Civil do Conselho da


Justiça Federal – CJF:

Enunciado 61 – JPC-CJF: Deve ser franqueado às partes sustentar oralmente as suas razões,
na forma e pelo prazo previsto no art. 937, caput, do CPC, no agravo de instrumento que
impugne decisão de resolução parcial de mérito (art. 356, § 5º, do CPC).

Enunciado 80 – JPC-CJF: Quando o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a


ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, deverá, antes de remetê-lo ao
Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial, conceder prazo de
quinze dias para que as partes complementem suas razões e contrarrazões de recurso.

Enunciado 82 – JPC-CJF: Quando houver pluralidade de pedidos de admissão de amicus


curiae, o relator deve observar, como critério para definição daqueles que serão admitidos, o
equilíbrio na representatividade dos diversos interesses jurídicos contrapostos no litígio,
velando, assim, pelo respeito à amplitude do contraditório, paridade de tratamento e isonomia
entre todos os potencialmente atingidos pela decisão.

Enunciado 97 – JPC-CJF: A execução pode ser promovida apenas contra o titular do bem
oferecido em garantia real, cabendo, nesse caso, somente a intimação de eventual
coproprietário que não tenha outorgado a garantia.

Enunciado 154 - JPC-CJF: O exequente deve providenciar a intimação do coproprietário no


caso da penhora de bem indivisível ou de direito real sobre bem indivisível.

JURISPRUDÊNCIA
A Fazenda Pública, em sua primeira oportunidade de falar nos autos (art. 245 do
CPC/1973, correspondente ao art. 278 do CPC/2015), ao alegar nulidade pela falta de
qualquer intimação dentro do procedimento do art. 40 da LEF, deverá demonstrar o
prejuízo que sofreu (exceto a falta da intimação que constitui o termo inicial -Tema 566,
onde o prejuízo é presumido), por exemplo, deverá demonstrar a ocorrência de
qualquer causa interruptiva ou suspensiva da prescrição. REsp 1.340.553-RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 12/09/2018,
DJe 16/10/2018 (Temas 570 e 571). Informativo n. 635.

Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no


aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do
fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo
inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90 (noventa)
dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90
(noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária
utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive antecedente aos
mencionados 90 (noventa) dias de retroação. REsp 1.412.433-RS, Rel. Min. Herman
Benjamin, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 28/09/2018
(Tema 699). Informativo n. 634.

A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 do CPC/2015, torna-se estável
somente se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte contrária.
REsp1.760.966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em
04/12/2018, DJe 07/12/2018. Terceira turma. Informativo n. 639.

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. JULGAMENTO SECUNDUM EVENTUM


PROBATIONIS. APLICAÇÃO DO ART. 10 DO CPC/2015. PROIBIÇÃO DE DECISÃO
SURPRESA. VIOLAÇÃO. NULIDADE. 1. Acórdão do TRF da 4ª Região extinguiu o
processo sem julgamento do mérito por insuficiência de provas sem que o fundamento
adotado tenha sido previamente debatido pelas partes ou objeto de contraditório
preventivo. 2. O art. 10 do CPC/2015 estabelece que o juiz não pode decidir, em
grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício. 3. Trata-se de proibição da chamada decisão
surpresa, também conhecida como decisão de terceira via, contra julgado que
rompe com o modelo de processo cooperativo instituído pelo Código de 2015
para trazer questão aventada pelo juízo e não ventilada nem pelo autor nem pelo
réu. 4. A partir do CPC/2015 mostra-se vedada decisão que inova o litígio e adota
fundamento de fato ou de direito sem anterior oportunização de contraditório
prévio, mesmo nas matérias de ordem pública que dispensam provocação das
partes. Somente argumentos e fundamentos submetidos à manifestação
precedente das partes podem ser aplicados pelo julgador, devendo este intimar
os interessados para que se pronunciem previamente sobre questão não
debatida que pode eventualmente ser objeto de deliberação judicial. 5. O novo
sistema processual impôs aos julgadores e partes um procedimento permanentemente
interacional, dialético e dialógico, em que a colaboração dos sujeitos processuais na
formação da decisão jurisdicional é a pedra de toque do novo CPC. 6. A proibição de
decisão surpresa, com obediência ao princípio do contraditório, assegura às partes o
direito de serem ouvidas de maneira antecipada sobre todas as questões relevantes do
processo, ainda que passíveis de conhecimento de ofício pelo magistrado. O
contraditório se manifesta pela bilateralidade do binômio ciência/influência. Um sem o
outro esvazia o princípio. A inovação do art. 10 do CPC/2015 está em tornar
objetivamente obrigatória a intimação das partes para que se manifestem previamente
à decisão judicial. E a consequência da inobservância do dispositivo é a nulidade da
decisão surpresa, ou decisão de terceira via, na medida em que fere a característica
fundamental do novo modelo de processualística pautado na colaboração entre as
partes e no diálogo com o julgador. 7. O processo judicial contemporâneo não se faz
com protagonismos e protagonistas, mas com equilíbrio na atuação das partes e do juiz
de forma a que o feito seja conduzido cooperativamente pelos sujeitos processuais
principais. A cooperação processual, cujo dever de consulta é uma das suas
manifestações, é traço característico do CPC/2015. Encontra-se refletida no art. 10,
bem como em diversos outros dispositivos espraiados pelo Código. 8. Em atenção à
moderna concepção de cooperação processual, as partes têm o direito à legítima
confiança de que o resultado do processo será alcançado mediante fundamento
previamente conhecido e debatido por elas. Haverá afronta à colaboração e ao
necessário diálogo no processo, com violação ao dever judicial de consulta e
contraditório, se omitida às partes a possibilidade de se pronunciarem anteriormente
"sobre tudo que pode servir de ponto de apoio para a decisão da causa, inclusive
quanto àquelas questões que o juiz pode apreciar de ofício" (MARIONI, Luiz Guilherme;
ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo código de processo civil
comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 209). 9. Não se ignora
que a aplicação desse novo paradigma decisório enfrenta resistências e causa
desconforto nos operadores acostumados à sistemática anterior. Nenhuma dúvida,
todavia, quanto à responsabilidade dos tribunais em assegurar-lhe efetividade não só
como mecanismo de aperfeiçoamento da jurisdição, como de democratização do
processo e de legitimação decisória. 10. Cabe ao magistrado ser sensível às
circunstâncias do caso concreto e, prevendo a possibilidade de utilização de
fundamento não debatido, permitir a manifestação das partes antes da decisão judicial,
sob pena de violação ao art. 10 do CPC/2015 e a todo o plexo estruturante do sistema
processual cooperativo. Tal necessidade de abrir oitiva das partes previamente à
prolação da decisão judicial, mesmo quando passível de atuação de ofício, não é nova
no direito processual brasileiro. Colhem-se exemplos no art. 40, §4º, da LEF, e nos
Embargos de Declaração com efeitos infringentes. 11. Nada há de heterodoxo ou
atípico no contraditório dinâmico e preventivo exigido pelo CPC/2015. Na eventual
hipótese de adoção de fundamento ignorado e imprevisível, a decisão judicial não pode
se dar com preterição da ciência prévia das partes. A negativa de efetividade ao art. 10
c/c art. 933 do CPC/2015 implica error in procedendo e nulidade do julgado, devendo a
intimação antecedente ser procedida na instância de origem para permitir a
participação dos titulares do direito discutido em juízo na formação do convencimento
do julgador e, principalmente, assegurar a necessária correlação ou congruência entre
o âmbito do diálogo desenvolvido pelos sujeitos processuais e o conteúdo da decisão
prolatada. 12. In casu, o Acórdão recorrido decidiu o recurso de apelação da autora
mediante fundamento original não cogitado, explícita ou implicitamente, pelas partes.
Resolveu o Tribunal de origem contrariar a sentença monocrática e julgar extinto o
processo sem resolução de mérito por insuficiência de prova, sem que as partes
tenham tido a oportunidade de exercitar sua influência na formação da convicção do
julgador. Por tratar-se de resultado que não está previsto objetivamente no
ordenamento jurídico nacional, e refoge ao desdobramento natural da controvérsia,
considera-se insuscetível de pronunciamento com desatenção à regra da proibição da
decisão surpresa, posto não terem as partes obrigação de prevê-lo ou advinha-lo. Deve
o julgado ser anulado, com retorno dos autos à instância anterior para intimação das
partes a se manifestarem sobre a possibilidade aventada pelo juízo no prazo de 5
(cinco) dias. 13. Corrobora a pertinência da solução ora dada ao caso o fato de a
resistência de mérito posta no Recurso Especial ser relevante e guardar potencial
capacidade de alterar o julgamento prolatado. A despeito da analogia realizada no
julgado recorrido com precedente da Corte Especial do STJ proferido sob o rito de
recurso representativo de controvérsia (REsp 1.352.721/SP, Corte Especial, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, DJ de 28/4/2016), a extensão e o alcance da decisão
utilizada como paradigma para além das circunstâncias ali analisadas e para "todas as
hipóteses em que se rejeita a pretensão a benefício previdenciário em decorrência de
ausência ou insuficiência de lastro probatório" recomenda cautela. A identidade e
aplicabilidade automática do referido julgado a situações outras que não aquelas
diretamente enfrentadas no caso apreciado, como ocorre com a controvérsia em liça,
merece debate oportuno e circunstanciado como exigência da cooperação processual
e da confiança legítima em um julgamento sem surpresas. 14. A ampliação demasiada
das hipóteses de retirada da autoridade da coisa julgada fora dos casos expressamente
previstos pelo legislador pode acarretar insegurança jurídica e risco de decisões
contraditórias. O sistema processual pátrio prevê a chamada coisa julgada secundum
eventum probationis apenas para situações bastante específicas e em processos de
natureza coletiva. Cuida-se de técnica adotada com parcimônia pelo legislador nos
casos de ação popular (art. 18 da Lei 4.717/1965) e de Ação Civil Pública (art. 16 da
Lei 7.347/1985 e art. 103, I, CDC). Mesmo nesses casos com expressa previsão
normativa, não se está a tratar de extinção do processo sem julgamento do mérito, mas
de pedido julgado "improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova" (art. 16, ACP). 15. A diferença é significativa, pois, no caso de a ação coletiva
ter sido julgada improcedente por deficiência de prova, a própria lei que relativiza a
eficácia da coisa julgada torna imutável e indiscutível a sentença no limite das provas
produzidas nos autos. Não impede que outros legitimados intentem nova ação com
idêntico fundamento, mas exige prova nova para admissibilidade initio litis da demanda
coletiva. 16. Não é o que se passa nas demandas individuais decidas sem resolução
da lide e, por isso, não acobertadas pela eficácia imutável da autoridade da coisa
julgada material em nenhuma extensão. A extinção do processo sem julgamento do
mérito opera coisa julgada meramente formal e torna inalterável o decisum sob a ótica
estritamente endoprocessual. Não obsta que o autor intente nova ação com as mesmas
partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir, inclusive com o mesmo conjunto
probatório, e ainda assim receba decisão díspar da prolatada no processo anterior. A
jurisdição passa a ser loteria em favor de uma das partes em detrimento da outra, sem
mecanismos legais de controle eficiente. Por isso, a solução objeto do julgamento
proferido pela Corte Especial do STJ no REsp 1.352.721/SP recomenda interpretação
comedida, de forma a não ampliar em demasia as causas sujeitas à instabilidade
extraprocessual da preclusão máxima. 17. Por derradeiro, o retorno dos autos à origem
para adequação do procedimento à legislação federal tida por violada, sem ingresso no
mérito por esta Corte com supressão ou sobreposição de instância, é medida que se
impõe não apenas por tecnicismo procedimental, mas também pelo efeito pedagógico
da observância fiel do devido processo legal, de modo a conformar o direito do
recorrente e o dever do julgador às novas e boas práticas estabelecidas no Digesto
Processual de 2015. 18. Recurso Especial provido. (REsp 1676027/PR, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/09/2017, REPDJe
19/12/2017, DJe 11/10/2017)

QUESTÕES

• Ano: 2016 Banca: FAURGS Órgão: TJ-RS Prova: FAURGS - 2016 - TJ-RS - Juiz de
Direito Substituto
Na vigência do Novo Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015,
Antônio propõe ação em face de Ovídio, pedindo ordem para cumprimento de
obrigação de fazer cumulada com indenização por danos materiais. Após a regular
instrução do feito, passa-se à fase decisória. Nesse caso, quanto à sentença, assinale
a alternativa correta.
A - Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente fixar na
sentença a liquidação por procedimento comum para os danos materiais, uma vez
transitada em julgado a decisão, a forma de liquidação não poderá ser alterada, por
estar protegida pela coisa julgada.
B - Após contraditório prévio e efetivo e uma vez transitada em julgado a decisão do
juiz absolutamente competente, não será possível a Ovídio obter alterações no julgado
calcadas em supostas modificações de fato ou de direito supervenientes, mesmo se a
obrigação de fazer referir-se à relação jurídica de trato continuado.
C - Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente fixar, na
sentença, a técnica da multa diária para o cumprimento da obrigação de fazer, uma vez
transitada em julgado a decisão, a técnica executiva não poderá ser alterada, por estar
protegida pela coisa julgada.
D - Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente decidir
questão prejudicial de cuja solução dependa o mérito da causa, uma vez transitada em
julgado a decisão, não será possível a Ovídio rediscutir tal questão em ação futura, por
estar protegida pela coisa julgada.
E - Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
reconhecer, em sentença, que o valor da indenização é menor do que 40 salários
mínimos nacionais, a motivação poderá ser feita de maneira sucinta, omitindo-se o
relatório.
(Gabarito D)

• Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: DPE-MG Prova: FUNDEP
(Gestão de Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público
Analise as seguintes afirmativas referentes aos princípios aplicáveis ao Direito
Processual Civil.
I. Não se considera “decisão surpresa” ou “decisão de terceira via” aquela que, à luz do
ordenamento jurídico nacional, as partes tinham obrigação de prever, concernente às
condições da ação, aos pressupostos de admissibilidade de recurso e aos
pressupostos processuais.
II. No modelo cooperativo de processo, a gestão do procedimento de elaboração da
decisão judicial é difusa, já que o provimento é o resultado da manifestação de vários
núcleos de participação, ao mesmo tempo em que todos os sujeitos processuais
cooperam com a condução do processo.
III. Por meio do contraditório, as partes têm o condão de delimitar a atividade decisória
aos limites do pedido (princípio da congruência ou da adstrição), coibindo o julgamento
não apenas fora e além do pedido, mas, inclusive, em desconformidade com a causa
de pedir.
IV. A defesa técnica no processo civil é prescindível para assegurar às partes, ao longo
de todas as etapas do procedimento, a chamada “competência de atuação”,
diretamente relacionada ao exercício pleno dos princípios da ampla defesa, da
isonomia e do contraditório.
Nesse contexto, pode-se afirmar:
A Todas as afirmativas estão corretas.
B Todas as afirmativas estão incorretas.
C Estão corretas as afirmativas I e IV apenas.
D Estão incorretas as afirmativas I e IV apenas.
(Gabarito D)
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a


presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos
ou do Ministério Público.

Os Princípios da Publicidade e da Fundamentação, expressos neste


dispositivo, são, também, elencados ao status de normas gerais do Processo
Civil Contemporâneo.

Publicidade dos atos processuais.

Regra: art. 93, inciso IX - todos os Exceção: CF art. 5°, LX - a lei só poderá
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário restringir a publicidade dos atos
serão públicos, e fundamentadas todas as processuais quando a defesa da intimidade
decisões, sob pena de nulidade. ou o interesse social o exigirem.

A questão referente os atos processuais será melhor discutida no art. 189 do CPC,
no qual prevê que a regra geral é de que os processos são públicos, salvo exceções
que tramitarão em segredo de justiça, como se vê: “I - em que o exija o interesse
público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III
- em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que
versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1 o O
direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir
certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2o O terceiro
que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação”.

A questão da publicidade processual é muito discutida no âmbito do Processo


Penal em virtude dos bens jurídicos lá tutelados, porém tendo em vista identidade de
alguns aspectos da Teoria Geral do Processo, é importante destacarmos algumas
orientações normativas nesse sentido:
Art. 792, CPP: “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos
(...) § 1o Se do ato processual puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz, de ofício ou a requerimento pode determinar que o ato seja
realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas”.

Art. 201, § 6°, CPP: “Para preservar o ofendido, é possível a decretação judicial do segredo
de justiça, que pode atingir toda a persecução penal, englobando dados, depoimentos e
demais informações constantes dos autos, de forma a não expor a vítima aos meios de
comunicação”.

Publicidade. quanto ao sigilo do conteúdo do ato processual: publicidade externa,


público externo ou geral: é a regra; publicidade interna, relativa às partes, restrita ou
específica: exceção. São exemplos: a votação no Tribunal do Júri (art 485, caput, do
CPP- antiga "sala secreta"); a Lei n° 12.015/2009, que prevê a tramitação sob segredo
de justiça dos processos que cuidam de crime contra a dignidade sexual (art. 234-B
do Código Penal).

Inquérito policial. por se tratar de fase pré-processual, é regido pelo princípio do


sigilo da consulta aos autos. Súmula vinculante n° 14 do STF - "é direito do defensor,
no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa” - (advogado - art. 7°, XIV,
da Lei no 8.906/1994 (Estatuto da OAB).

Art. 20, CPP: “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação


do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de
antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes”.

Garantias do Sigilo. Dependem de ordem judicial a invasão das inviolabilidades


constitucionais (direito à honra, à imagem, à privacidade, à intimidade etc., art. 5º, X,
XI e XII, CF). Exceções: poderes investigatórios da CPI (art. 58, § 3º, CF); quebra de
sigilo bancário por outras autoridades. Lei nº 13.344/16 - art. 13-A e B do CP; Lei
9613/98 (lavagem) - Art. 17-A a E; Lei nº 12.850/13 (organizações criminosas) – art.
15 e 16.
Enunciados relevantes da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
de Magistrados – ENFAM:
Enunciado 7. O acórdão, cujos fundamentos não tenham sido explicitamente adotados como
razões de decidir, não constitui precedente vinculante.

Enunciado 8. Os enunciados das súmulas devem reproduzir os fundamentos determinantes


do precedente.

Enunciado 9. É ônus da parte, para os fins do disposto no art. 489, § 1º, V e VI, do CPC/2015,
identificar os fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento, sempre que invocar jurisprudência, precedente
ou enunciado de súmula.

Enunciado 10. A fundamentação sucinta não se confunde com a ausência de fundamentação


e não acarreta a nulidade da decisão se forem enfrentadas todas as questões cuja resolução,
em tese, influencie a decisão da causa.

Enunciado 11. Os precedentes a que se referem os incisos V e VI do § 1º do art. 489 do


CPC/2015 são apenas os mencionados no art. 927 e no inciso IV do art. 332.

Enunciado 12. Não ofende a norma extraível do inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015 a
decisão que deixar de apreciar questões cujo exame tenha ficado prejudicado em razão da
análise anterior de questão subordinante.

Enunciado 13. O art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 não obriga o juiz a enfrentar os fundamentos
jurídicos invocados pela parte, quando já tenham sido enfrentados na formação dos
precedentes obrigatórios.

Enunciado 19. A decisão que aplica a tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos
não precisa enfrentar os fundamentos já analisados na decisão paradigma, sendo suficiente,
para fins de atendimento das exigências constantes no art. 489, § 1º, do CPC/2015, a
correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele apreciado no incidente de solução
concentrada.

Enunciados relevantes das Jornadas de Processo Civil do Conselho da


Justiça Federal – CJF:
Enunciado 22 – I JPC-CJF. Em causas que dispensem a fase instrutória, é possível o
julgamento de improcedência liminar do pedido que contrariar decisão do Supremo Tribunal
Federal em controle concentrado de constitucionalidade ou enunciado de súmula vinculante.
Enunciado 27 – I JPC-CJF. Não é necessário o anúncio prévio do julgamento do pedido nas
situações do art. 355 do CPC.

Enunciado 76 – I JPC-CJF. É considerada omissa, para efeitos do cabimento dos embargos


de declaração, a decisão que, na superação de precedente, não se manifesta sobre a
modulação de efeitos.

Enunciado 81 – I JPC-CJF. A devolução dos autos pelo Superior Tribunal de Justiça ou


Supremo Tribunal Federal ao tribunal de origem depende de decisão fundamentada, contra a
qual cabe agravo na forma do art. 1.037, § 13, II, do CPC.

Enunciado 92 – I JPC-CJF. A intimação prevista no caput do art. 523 do CPC deve contemplar,
expressamente, o prazo sucessivo para impugnar o cumprimento de sentença.

Enunciado 95 – I JPC-CJF. O juiz, antes de rejeitar liminarmente a impugnação ao


cumprimento de sentença (art. 525, § 5º, do CPC), deve intimar o impugnante para sanar
eventual vício, em observância ao dever processual de cooperação (art. 6º do CPC).

JURISPRUDÊNCIA
O magistrado, ao reconhecer a prescrição intercorrente, deverá fundamentar o ato
judicial por meio da delimitação dos marcos legais que foram aplicados na contagem
do respectivo prazo, inclusive quanto ao período em que a execução ficou suspensa.
REsp 1.340.553-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 12/09/2018, DJe 16/10/2018. Informativo n. 635.

No caso de processo penal que tramita sob segredo de justiça em razão da qualidade
da vítima (criança ou adolescente), o nome completo do acusado e a tipificação legal
do delito podem constar entre os dados básicos do processo disponibilizados para
consulta livre no sítio eletrônico do Tribunal, ainda que os crimes apurados se
relacionem com pornografia infantil. A CF, em seu art. 5º, XXXIII e LX, erigiu como
regra a publicidade dos atos processuais, sendo o sigilo a exceção, visto que o
interesse individual não pode se sobrepor ao interesse público. Tal norma é secundada
pelo disposto no art. 792, caput, do CPP. A restrição da publicidade somente é admitida
quando presentes razões autorizadoras, consistentes na violação da intimidade ou se
o interesse público a determinar. Nessa mesma esteira, a Quarta Turma do STJ,
examinando o direito ao esquecimento (REsp 1.334.097-RJ, DJe 10⁄9⁄2013),
reconheceu ser “evidente o legítimo interesse público em que seja dada publicidade da
resposta estatal ao fenômeno criminal”. Ademais, os arts. 1º e 2º da Resolução n.
121⁄2010 do CNJ, que definem os dados básicos dos processos judiciais passíveis de
disponibilização na internet, assim como a possibilidade de restrição de divulgação de
dados processuais em caso de sigilo ou segredo de justiça, não têm o condão de se
sobrepor ao princípio constitucional da publicidade dos atos processuais (art. 5º, LV, da
CF), tampouco podem prescindir da obrigatoriedade de fundamentação das decisões
judiciais (art. 93, IX, da CF). RMS 49.920-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 2/8/2016, DJe 10/8/2016. (Informativo n. 587).
Tese firmada para fins do art. 543-C do CPC/1973: 1-O tabelião, antes de intimar o
devedor por edital, deve esgotar os meios de localização, notadamente por meio do
envio de intimação por via postal, no endereço fornecido por aquele que procedeu ao
apontamento do protesto; 2-é possível, à escolha do credor, o protesto de cédula de
crédito bancário garantida por alienação fiduciária, no tabelionato em que se situa a
praça de pagamento indicada no título ou no domicílio do devedor. REsp 1.398.356-
MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe
Salomão, Segunda Seção, julgado em 24/2/2016, DJe 30/3/2016 (Informativo n. 579).

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: TRT 4º Região Órgão: TRT - 4ª REGIÃO (RS) Prova: TRT 4º Região
- 2016 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Juiz do Trabalho Substituto
Considere as assertivas abaixo sobre remessa necessária.
I - Não se aplica a remessa necessária quando a sentença estiver fundada em
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência.
II - Aplica-se a remessa necessária mesmo que a sentença esteja fundada em
entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo
do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.
III - Não se aplica a remessa necessária para a confirmação de sentença proferida
contra fundações de direito público estaduais quando a condenação ou o proveito
econômico obtido na causa for inferior a 500 (quinhentos) salários-mínimos.
Quais são corretas?
A - Apenas I
B - Apenas II
C - Apenas III
D - Apenas I e III
E - I, II e III
(Gabarito D)

• Ano: 2016 Banca: TRT 4º Região Órgão: TRT - 4ª REGIÃO (RS) Prova: TRT 4º Região
- 2016 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Juiz do Trabalho Substituto
Considere as assertivas abaixo sobre fundamentos das decisões judiciais.
I - No caso de colisão entre normas, o Juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais
da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma
afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
II - Não serão consideradas fundamentadas as decisões interlocutórias, caso haja
referência apenas à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida.
III - É fundamentada a sentença que deixar de seguir o enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Quais são corretas?
A - Apenas I
B - Apenas II
C - Apenas III
D - Apenas I e II
E - I, II e III
(Gabarito D)

Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de


conclusão para proferir sentença ou acórdão.

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem


cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação
dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar


permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na
rede mundial de computadores.

§ 2º Estão excluídos da regra do caput:

I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de


improcedência liminar do pedido;

II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica


firmada em julgamento de casos repetitivos;

III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de


demandas repetitivas;

IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;

V - o julgamento de embargos de declaração;

VI - o julgamento de agravo interno;

VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho


Nacional de Justiça;

VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham


competência penal;

IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por


decisão fundamentada.
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica
das conclusões entre as preferências legais.

§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o


requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a
decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão
do julgamento em diligência.

§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à


mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista.

§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso,


no § 3º, o processo que:

I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver


necessidade de realização de diligência ou de complementação da
instrução;

II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II .

O caput do artigo 12 seria uma das maiores inovações do CPC, mas já no período
de Vacatio Legis houve a alteração do dispositivo, no sentido de retirar o caráter
obrigatório da ordem cronológica de julgamentos, passando-se a adotar a
expressão preferencialmente, o que talvez retire grande parte da “intenção” do
dispositivo. De mais a mais, tem-se, (ainda que somente de maneira preferencial), a
instituição de uma ordem cronológica de julgamento dos processos conclusos.

Fundamenta-se no direito a razoável duração do processo, previsto no art. 4º e,


ainda, no princípio da isonomia, ao evitar que haja favorecimento na ordem de
julgamento dos processos conclusos.

Estabelece-se, ainda, a obrigatoriedade de divulgação da lista de processos


conclusos. Uma outra forma de fiscalização da atividade jurisdicional.

Exceções. Existem casos que são exceção à regra geral, ou seja, não se
submetem a tal lista cronológica (Art. 12, § 2º), quais sejam: a) Improcedência
Liminar do Pedido – Rejeição (no mérito) de plano da petição inicial; b) Casos
Repetitivos – um dos grandes propósitos do NCPC: fixar um precedente para casos
repetitivos e tornar esse precedente, essa tese, obrigatório. Deste modo, para aplicar
a tese firmada, não se precisa respeitar a ordem de conclusão - julgamento em bloco;
c) Recursos Repetitivos e Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas - A
ideia é dar preferência às decisões em casos repetitivos; d) Decisões que extinguem
sem exame do mérito (art. 485) e decisões monocráticas de relator (art. 932); e)
Embargos de Declaração e Agravo Interno; f) Preferências Legais e Metas do
CNJ; g) Processos Criminais – casos de vara única por exemplo. Cumulação de
competências; h) “a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida
por decisão fundamentada”: sempre que o caso concreto demonstrar que há
urgência, possibilita-se a flexibilização, dês que devidamente fundamentada a decisão
que rompe a cronologia.

A “conclusão” que determina a cronologia somente se aplica às sentenças e


acórdãos (decisões finais), não se aplicando às decisões interlocutórias.

§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das


conclusões entre as preferências legais, ou seja, as preferências legais também
demandam lista própria de cronologia.

§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento


formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando
implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência. A
preocupação é evitar manobras que atrasassem o julgamento.

§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no §


3o, o processo que: I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver
necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução; II - se
enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.

Sentença anulada não precisa voltar no final da fila, mas assume o primeiro lugar
da fila.

Caso a preterição se der pelo juiz, não há que se falar em invalidação da sentença
proferida fora da ordem cronológica. Não há prejuízo que invalide a sentença proferida
fora da ordem. O desrespeito gera consequências disciplinares (CNJ e Corregedoria).
Pode-se imaginar que o desrespeito a ordem cronológica pode ser um indício de
suspeição do juiz e, constatada a suspeição, o ato será invalidado. Não pela quebra
da ordem, mas pela suspeição.
Enunciados relevantes da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
de Magistrados – ENFAM:
Enunciado 32. O rol do art. 12, § 2º, do CPC/2015 é exemplificativo, de modo que o juiz
poderá, fundamentadamente, proferir sentença ou acórdão fora da ordem cronológica de
conclusão, desde que preservadas a moralidade, a publicidade, a impessoalidade e a
eficiência na gestão da unidade judiciária.

Enunciado 33: A urgência referida no art. 12, § 2º, IX, do CPC/2015 é diversa da necessária
para a concessão de tutelas provisórias de urgência, estando autorizada, portanto, a prolação
de sentenças e acórdãos fora da ordem cronológica de conclusão, em virtude de
particularidades gerenciais da unidade judicial, em decisão devidamente fundamentada.

Enunciado 34: A violação das regras dos arts. 12 e 153 do CPC/2015 não é causa de nulidade
dos atos praticados no processo decidido/cumprido fora da ordem cronológica, tampouco
caracteriza, por si só, parcialidade do julgador ou do serventuário.

Enunciado relevante das Jornadas de Processo Civil do Conselho da Justiça


Federal – CJF:
Enunciado 14 – JPC-CJF: A ordem cronológica do art. 153 do CPC não será renovada quando
houver equívoco atribuível ao Poder Judiciário no cumprimento de despacho ou decisão.

JURISPRUDÊNCIA

O magistrado, ao reconhecer a prescrição intercorrente, deverá fundamentar o ato


judicial por meio da delimitação dos marcos legais que foram aplicados na contagem
do respectivo prazo, inclusive quanto ao período em que a execução ficou suspensa.
REsp 1.340.553-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 12/09/2018, DJe 16/10/2018. Informativo n. 635.

É admissível o uso da técnica executiva de desconto em folha de dívida de natureza


alimentar ainda que haja anterior penhora de bens do devedor (...) Diante desse novo
cenário, não é mais correto afirmar que a atividade satisfativa somente poderá ser
efetivada de acordo com as específicas regras daquela modalidade executiva, mas,
sim, que o legislador conferiu ao magistrado um poder geral de efetivação, que deve,
todavia, observar a necessidade de fundamentação adequada e que justifique a técnica
adotada a partir de critérios objetivos de ponderação, razoabilidade e
proporcionalidade, de modo a conformar, concretamente, os princípios da máxima
efetividade da execução e da menor onerosidade do devedor, inclusive no que se refere
às impenhorabilidades legais e à subsidiariedade dos meios atípicos em relação aos
típicos. Informativo n. 640.

É vedado ao relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente


o agravo interno. Cingiu-se a controvérsia a decidir sobre a invalidade do julgamento
proferido, por ausência de fundamentação, a caracterizar violação do art. 489, §
1º, IV, do CPC/2015. Sustentou-se que tribunal de origem, ao julgar o agravo
regimental que interpusera, limitou-se a reproduzir a decisão monocrática do relator,
sem enfrentar os argumentos deduzidos, capazes de alterar o resultado do julgamento.
Conquanto o julgador não esteja obrigado a rebater, com minúcias, cada um dos
argumentos deduzidos pelas partes, o novo Código de Processo Civil, exaltando os
princípios da cooperação e do contraditório, impõe-lhe o dever, dentre outros, de
enfrentar todas as questões capazes de, por si sós e em tese, infirmar a sua conclusão
sobre os pedidos formulados, sob pena de se reputar não fundamentada a decisão
proferida (art. 489, § 1º, IV). Ademais, conforme prevê o § 3º do art. 1.021 do CPC/2015,
é vedado ao relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente
o agravo interno, ainda que “com o fito de evitar tautologia”. REsp 1.622.386-MT, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/10/2016, DJe 25/10/2016.
Informativo n. 592.

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: Câmara de Campo Limpo Paulista - SP Prova:
VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Procurador Jurídico.
Dr. Esculápio é juiz de direito de uma das varas cíveis da Comarca de Campo Limpo
Paulista. Em uma ação que tramita pelo procedimento comum, após a citação, no
momento do saneamento do processo, percebe que o direito da parte autora está
prescrito. Diante dessa situação, levando em consideração os princípios que norteiam
a nova estrutura do CPC/15, assinale a alternativa correta.
A) Independentemente da oitiva das partes, por se tratar de matéria de ordem pública,
poderá o juiz aplicar a prescrição e assim extinguir a ação sem resolução do mérito.
B) Por ser vedada a decisão surpresa, deve o juiz, mesmo em se tratando de matéria
de ordem pública, ouvir as partes antes de determinar a extinção do processo com
resolução do mérito, aplicando-se a prescrição.
C) Em que pese seja vedada a decisão surpresa, tal princípio é excepcionado pelas
matérias de ordem pública e, dessa forma, o juiz pode extinguir a ação com resolução
do mérito, independentemente da oitiva das partes.
D) A prescrição somente será aplicada se o réu da causa alegá-la em sede de
contestação, a fim de dar vazão ao princípio dispositivo.
E) Por ser vedada a decisão surpresa, deve o juiz ouvir as partes antes de determinar
a extinção do processo sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial,
aplicando-se a prescrição.
(Gabarito B)

• Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2017 - TJ-SP - Juiz
Substituto
Quanto à petição inicial, no procedimento comum,
A) o autor, depois da citação, poderá aditar ou alterar o pedido ou causa de pedir,
hipótese em que, desde que assegurado o contraditório mediante a possibilidade de
manifestação no prazo mínimo de quinze (15) dias, não será exigido consentimento do
demandado.
B) o autor tem o ônus de alegar eventual desinteresse na designação de audiência de
conciliação ou mediação, sob pena de ser presumido seu interesse na tentativa de
autocomposição.
C) ela será inepta e, como tal, deverá ser indeferida se o juiz verificar desde logo a
ocorrência de prescrição ou decadência.
D) o autor poderá cumular pedidos, desde que haja conexão entre eles.
(Gabarito B)

CAPÍTULO II

DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras,
ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados,
convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.

De maneira simples, observa-se que o presente dispositivo cuida de aprimorar a


regra constante da primeira parte do art. 1.211 do Código de Processo Civil de 1973,
inovando ao destacar a importância do Direito Internacional no atual panorama jurídico
brasileiro ao fazer referência aos tratados convenções e acordos internacionais que o
Brasil faça seja parte.

Neste sentido, subdivide o ordenamento processual em: a) normas processuais


que, distribuindo-se entre regras e princípios, estarão previstas, prima facie, no CPC,
e, ao mesmo tempo, na legislação extravagante (Ex. Lei nº 12.016/2009 - Mandado
de Segurança, Lei nº 5.478/1968 - Alimentos); e, b) tratados, convenções e acordos
internacionais que o Brasil faça parte.

Veja-se que o reconhecimento dos tratados, acordos e convenções internacionais


como fonte do direito brasileiro, com grande expressão dos direitos humanos,
repercutiu na construção do novo ordenamento processual civil, harmonizando-se
com o modelo constitucional proposto pelo CPC.

Portanto, “além das normas brasileiras, constitucionais ou infraconstitucionais,


prossegue o art. 13, devem ser observados também os tratados, convenções ou
acordos internacionais de que o Brasil é parte” (SCARPINELLA BUENO, 2015, p. 51).
Legislação Complementar
Decreto nº 7.030/2009. Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados,
concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66.

Decreto nº 3.087/1999. Regras processuais específicas ao procedimento de adoção


internacional, em vigor com a promulgação da Convenção Relativa à Proteção das Crianças
e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída na Haia, em 29 de maio de
1993.

Decreto nº 19.841/1945. Promulga a Carta das Nações Unidas, da qual faz parte integrante o
anexo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, assinada em São Francisco, a 26 de junho
de 1945, por ocasião da Conferência de Organização Internacional das Nações Unidas.

JURISPRUDÊNCIA

Inafastabilidade da Jurisdição. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PENHORA.


RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, XXXV E LV, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. CONTRADITÓRIO E AMPLA
DEFESA. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. EVENTUAL VIOLAÇÃO
REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O
exame da alegada ofensa ao art. 5º, XXXV e LV, da Lei Maior, observada a estreita
moldura com que devolvida a matéria à apreciação desta Suprema Corte, dependeria
de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, o que foge à
competência jurisdicional extraordinária prevista no art. 102 da Magna Carta. 2. As
razões do agravo não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a
decisão agravada, principalmente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da
Constituição da República. 3. Agravo interno conhecido e não provido. (ARE 1182129
AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 10/05/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 15-05-2019 PUBLIC 16-05-2019).

Reserva de Plenário. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


DIREITO TRIBUTÁRIO. REGIME DE DESONERAÇÃO DA FOLHA. ANÁLISE DE
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. SUPOSTA OFENSA AO ART. 97 DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E À SÚMULA VINCULANTE 10 DO STF.
IMPROCEDÊNCIA. CABIMENTO DA APLICAÇÃO DO ART. 1.033 DO CPC. 1. Não
cabe recurso extraordinário quando a verificação da alegada ofensa à Constituição
Federal depende da análise prévia da legislação infraconstitucional pertinente à
matéria. 2. In casu, o Tribunal de origem, a partir da análise das Leis 12.546/2011 e
13.670/2018, assentou a impossibilidade de revogação do regime de desoneração da
folha. 3. O Tribunal de origem não ofendeu ao art. 97 da Constituição, tampouco
à Súmula Vinculante 10, uma vez que não há que se exigir reserva de plenário
para a mera interpretação e aplicação das normas jurídicas que emergem do
próprio exercício da jurisdição, sendo necessária para a caracterização da
violação à cláusula de reserva de plenário que a decisão de órgão fracionário
fundamente-se na incompatibilidade entre a norma legal e o Texto Constitucional,
o que não se verificou no caso concreto. 4. É possível o envio dos autos ao Superior
Tribunal de Justiça para que processe a demanda, quando não há interposição
simultânea dos recursos extraordinário e especial e o acórdão recorrido tenha sido
publicado posteriormente ao marco inicial de vigência do CPC/15. Art. 1.033 do CPC.
5. Agravo regimental a que se dá parcial provimento. (RE 1294407 AgR, Relator(a):
EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 08/04/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-089 DIVULG 10-05-2021 PUBLIC 11-05-2021)

Marco Civil da Internet. RECURSO ESPECIAL. INTERNET. JURISDIÇÃO.


SOBERANIA DIGITAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. MARCO CIVIL DA
INTERNET. ALCANCE. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. PERTINÊNCIA
DA JURISDIÇÃO NACIONAL. 1. Agravo de instrumento interposto em 29/08/2016,
recurso especial interposto em 11/01/2017 e atribuído a este gabinete em 02/05/2018.
2. O propósito recursal consiste em determinar a competência da Poder Judiciário
Brasileiro para a determinação do fornecimento de registros de acesso de endereço de
e-mail, localizado em nome de domínio genérico ".com". 3. Em conflitos
transfronteiriços na internet, a autoridade responsável deve atuar de forma
prudente, cautelosa e autorrestritiva, reconhecendo que a territorialidade da
jurisdição permanece sendo a regra, cuja exceção somente pode ser admitida
quando atendidos, cumulativamente, os seguintes critérios: (i) fortes razões
jurídicas de mérito, baseadas no direito local e internacional; (ii)
proporcionalidade entre a medida e o fim almejado; e (iii) observância dos
procedimentos previstos nas leis locais e internacionais. 4. Quando a alegada
atividade ilícita tiver sido praticada pela internet, independentemente de foro previsto
no contrato de prestação de serviço, ainda que no exterior, é competente a autoridade
judiciária brasileira caso acionada para dirimir o conflito, pois aqui tem domicílio a autora
e é o local onde houve acesso ao sítio eletrônico onde a informação foi veiculada,
interpretando-se como ato praticado no Brasil. Precedente. 5. É um equívoco imaginar
que qualquer aplicação hospedada fora do Brasil não possa ser alcançada pela
jurisdição nacional ou que as leis brasileiras não sejam aplicáveis às suas atividades.
6. Tem-se a aplicação da lei brasileira sempre que qualquer operação de coleta,
armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de
comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet ocorra em
território nacional, mesmo que apenas um dos dispositivos da comunicação
esteja no Brasil e mesmo que as atividades sejam feitas por empresa com sede
no estrangeiro. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
desprovido. (REsp 1745657/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 03/11/2020, DJe 19/11/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: FCC - 2019 - TRF - 4ª
REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária
Renato ajuizou ação de cobrança contra Paulo, julgada procedente em primeiro grau.
No julgamento do recurso de apelação interposto pelo réu, o Tribunal pronunciou a
prescrição de ofício, sem conceder às partes a oportunidade de se manifestarem sobre
essa matéria, que não havia sido previamente ventilada no processo. De acordo com o
que está disposto no Código de Processo Civil, o acórdão que decidiu o recurso de
apelação é
A) nulo, pois a prescrição não pode ser pronunciada de ofício.
B) válido, pois a prescrição é matéria que pode ser apreciada de ofício, circunstância
que dispensa prévia manifestação das partes.
C) válido, pois, quando reconhecida em segundo grau de jurisdição, a prescrição pode
ser pronunciada de ofício sem que antes seja dada oportunidade às partes de se
manifestarem sobre ela.
D) nulo, pois o juiz não poderá decidir com base em fundamento acerca do qual não se
tenha dado às partes oportunidade de se manifestarem, nem mesmo em segundo grau
de jurisdição, ainda que se trate de matéria pronunciável de ofício. (Art. 10 e 933 CPC)
E) nulo, pois o Tribunal não pode decidir com base em fundamento que não foi ventilado
em primeiro grau de jurisdição, em virtude da preclusão.
(Gabarito D)

• Ano: 2021 Banca: CESPE CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A respeito da jurisdição, da competência e do poder geral de cautela no processo civil,
julgue o item subsequente.
As características da jurisdição incluem substituir, no caso concreto, a vontade das
partes pela vontade do juiz, o que, por sua vez, resolve a lide e promove a pacificação
social.
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente


aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.

O artigo estabelece a irretroatividade da lei processual, consagrando a incidência


imediata (tempus regit actum) das normas relativas ao processo, inclusive para
os feitos em tramitação por ocasião de sua entrada em vigor.

Os atos processuais já praticados e as situações consolidadas anteriormente serão


preservados, pois são perfeitos e não podem ser afetados/violados em respeito ao art.
5º, XXXVI, da Constituição Federal.

Trata-se, pois, da regra do isolamento dos atos processuais, já aplicada no


Código de Processo Civil de 1973.

Portanto, a regra geral para aplicação da norma processual segue o seguinte


raciocínio:
• Regra Geral: A norma processual tem aplicação imediata e não retroagirá.

• Durante o período entre a publicação (17/03/2015) e o início da vigência


(18/03/2016) do CPC/2015, aplicáveis as normas processuais do CPC/1973.

A doutrina resume o teor do art. 14 nos termos: “A primeira parte do art. 14 agasalha
expressamente o princípio tempus regit actum, que deve ser entendido como a
incidência imediata das novas leis no processo em curso, com a preservação dos atos
processuais já praticados. A regra é harmônica com o caput do art. 1.046, que
estabelece a aplicação imediata do CPC de 2015 aos processos em curso com a sua
entrada em vigor (art. 1.045), com a expressa revogação de 1973. [...] Com relação à
segunda parte do art. 14, não há espaço para duvidar de que, também no plano
processual, os atos processuais (porque praticados no âmbito e para o processo) e
os fatos processuais (porque influentes) devem ser apanhados pelo inciso XXXVI do
art. 5º da CF e a proteção lá prevista que, em última análise, enaltece o princípio da
segurança jurídica. É o que a doutrina chama, em geral, de ‘princípio do isolamento
dos atos processuais’ a ser analisado, caso a caso, para verificar em que medida a
nova lei processual (inclusive o próprio CPC de 2015) pode incidir, por força da
primeira parte do dispositivo e do caput do art. 1.046”. (SCARPINELLA BUENO, 2021.
p. 126-128).

Exceções à regra geral prevista no art. 14 do CPC


Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos
processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. § 1º As
disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 , relativas ao procedimento sumário e
aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não
sentenciadas até o início da vigência deste Código. § 2º Permanecem em vigor as disposições
especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente
este Código (aplicação supletiva do CPC 2015). § 3º Os processos mencionados no art. 1.218
da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 , cujo procedimento ainda não tenha sido
incorporado por lei submetem-se ao procedimento comum previsto neste Código. § 4º As
remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis,
passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código.

Art. 1.047. As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às
provas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência.

Art. 1.049. Sempre que a lei remeter a procedimento previsto na lei processual sem especificá-
lo, será observado o procedimento comum previsto neste Código. Parágrafo único. Na
hipótese de a lei remeter ao procedimento sumário, será observado o procedimento comum
previsto neste Código, com as modificações previstas na própria lei especial, se houver
(aplicação supletiva e subsidiária do CPC 2015).

Art. 1.052. Até a edição de lei específica, as execuções contra devedor insolvente, em curso
ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei nº
5.869, de 11 de janeiro de 1973.

Art. 1.053. Os atos processuais praticados por meio eletrônico até a transição definitiva para
certificação digital ficam convalidados, ainda que não tenham observado os requisitos
mínimos estabelecidos por este Código, desde que tenham atingido sua finalidade e não
tenha havido prejuízo à defesa de qualquer das partes.

Art. 1.054. O disposto no art. 503, § 1º , somente se aplica aos processos iniciados após a
vigência deste Código, aplicando-se aos anteriores o disposto nos arts. 5º , 325 e 470 da Lei
nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 .

Art. 1.056. Considerar-se-á como termo inicial do prazo da prescrição prevista no art. 924,
inciso V , inclusive para as execuções em curso, a data de vigência deste Código.

Art. 1.057. O disposto no art. 525, §§ 14 e 15 , e no art. 535, §§ 7º e 8º , aplica-se às decisões


transitadas em julgado após a entrada em vigor deste Código , e, às decisões transitadas em
julgado anteriormente, aplica-se o disposto no art. 475-L, § 1º , e no art. 741, parágrafo único,
da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 .

Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis previstos na Lei nº 9.099,
de 26 de setembro de 1995 , continuam competentes para o processamento e julgamento das
causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 .
Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em
lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal.

JURISPRUDÊNCIA
Tempus Regit Actum. ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. INTERVENÇÃO DO
ESTADO NA PROPRIEDADE. DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA.
OFERTA INDENIZATÓRIA INICIAL. INSTAURAÇÃO DE CONTROVÉRSIA.
REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS PROVISÓRIA E DEFINITIVA. IMPUGNAÇÃO
RECURSAL. PRETENSÃO DE LEVANTAMENTO DA INTEGRALIDADE DO
DEPÓSITO INICIAL. APLICABILIDADE DO NOVO REGRAMENTO. DIREITO
PROCESSUAL. IMPOSSIBILIDADE DE RETROATIVIDADE. "TEMPUS REGIT
ACTUM". 1. A regra do art. 34-A do Decreto-Lei 3.365/1941 versa norma de direito
processual aplicável, portanto, aos processos pendentes por ocasião da sua
entrada em vigor, mas desde que preservados os atos processuais já praticados.
Inteligência do art. 14 do CPC/2015. 2. Agravo conhecido para negar provimento ao
recurso especial. (AREsp 1464539/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 11/06/2019, DJe 18/06/2019)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO


ADMINISTRATIVO Nº 3/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MARCO TEMPORAL
PARA A APLICAÇÃO DO CPC/2015. PROLAÇÃO DA SENTENÇA. PRECEDENTES.
IMPUGNAÇÃO DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE VERBA HONORÁRIA.
MAJORAÇÃO. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O recorrente
alega que não há falar em direito adquirido a fim de conclamar incida o Novo
Código de Processo Civil apenas às demandas ajuizadas após a sua entrada em
vigor (conforme decidido pelo Tribunal a quo), porquanto, consoante
estabelecido no artigo 14 do NCPC, o novel diploma normativo processual
incidirá imediatamente aos processos em curso. 2. Esta Corte firmou a
compreensão de que "a regra processual aplicável, no que tange à condenação
em honorários advocatícios sucumbenciais, é aquela vigente na data da
prolatação da sentença. Em razão de sua natureza material, afasta-se a aplicação
imediata da nova norma." (REsp 1.686.733/PE, Segunda Turma, Rel. Ministro Og
Fernandes, julgado em 03/04/2018, DJe 09/04/2018). 3. Nesse contexto, sobrepõe-se
o entendimento consolidado neste Tribunal, no sentido de que salvo as hipóteses
excepcionais de valor excessivo ou irrisório, não se conhece de recurso especial cujo
objetivo é rediscutir o montante da verba honorária fixada pelas instâncias de origem,
a teor do enunciado nº 7, da Súmula do STJ. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no
REsp 1686339/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 04/12/2018, DJe 11/12/2018)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIGÊNCIA DO NOVO CPC.


18/3/2016. LC 95/1998 E LEI N. 810/1949. ACÓRDÃO IMPUGNADO PUBLICADO
ANTES DA VIGÊNCIA DO NOVO CPC. APLICABILIDADE NA ESPÉCIE DO CPC DE
1973. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. INVIABILIDADE DO MANEJO DE
AGRAVO. ART. 543-C, § 7º, do CPC. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Observando o
disposto na Lei n. 810/1.949 c/c Lei Complementar 95/1.998, a vigência do novo Código
de Processo Civil, instituído pela Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, iniciou-se em
18 de março de 2016 (Enunciado Administrativo n. 1, aprovado pelo Plenário do
Superior Tribunal de Justiça em 2/3/2016). 2. À luz do princípio tempus regit actum,
esta Corte Superior há muito pacificou o entendimento de que as normas de
caráter processual têm aplicação imediata aos processos em curso, regra essa
que veio a ser positivada no ordenamento jurídico no art. 14 do novo CPC. 3. Em
homenagem ao referido princípio, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o
entendimento de que a lei a reger o recurso cabível e a forma de sua interposição é
aquela vigente à data da publicação da decisão impugnada, ocasião em que o
sucumbente tem a ciência da exata compreensão dos fundamentos do provimento
jurisdicional que pretende combater. Precedentes. 4. Esse entendimento foi cristalizado
pelo Plenário do Superior Tribunal de Justiça, na sessão realizada dia 9/3/2016 (ata
publicada em 11/3/2016), em que, por unanimidade, aprovou a edição de enunciado
administrativo com a seguinte redação: "Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser
exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações
dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado
Administrativo n. 2, aprovado pelo Plenário do Superior Tribunal de Justiça em
9/3/2016). 5. Na espécie, o recurso especial impugna acórdão publicado na vigência do
CPC de 1973, sendo exigidos, pois, os requisitos de admissibilidade na forma prevista
naquele código de ritos, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência
desta Corte. 6. Não cabe recurso dirigido a esta Corte Superior de Justiça com escopo
de reformar decisão do Tribunal de origem que inadmitiu recurso especial com base no
art. 543-C, § 7º, do CPC de 1973. 7. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp
890.784/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
02/06/2016, DJe 08/06/2016)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: MPE-BA Órgão: MPE-BA Prova: MPE-BA - 2018 - MPE-BA -
Promotor de Justiça Substituto
O Código de Processo Civil (CPC), cuja entrada em vigor se deu no dia 18 de março
de 2016, portanto um ano após a sua publicação, trouxe à tona a problemática da
aplicação da lei no tempo. Sendo o arcabouço jurídico do Código de Processo Civil
destinado à regular a relação processual, é correto afirmar que
A) a lei passou a ser aplicada apenas aos processos ajuizados depois da sua entrada
em vigor, sem retroatividade, em atenção à unidade processual e à validade dos atos
processuais já praticados, evitando, com isso, a utilização de duas normas no mesmo
processo.
B) os atos que estavam pendentes nos processos em curso no momento da sua
entrada em vigor se sujeitaram à nova lei processual, mas foi preservada a eficácia dos
atos processuais já praticados na égide da lei antiga, aplicando a teoria do isolamento
dos atos processuais.
C) as fases postulatória, probatória, rescisória e recursal, por serem independentes e
compostas de atos inseparáveis, implicaram a incidência da nova lei, mas apenas aos
atos do processo cuja fase não tenha sido iniciada.
D) aplicou a teoria da unidade processual, segundo a qual a lei nova deve incidir sobre
todos os atos processuais praticados e a praticar no processo em curso, refazendo-se
aqueles realizados em desconformidade com a nova lei.
E) o novo CPC aplicou a teoria da unidade processual, incidindo a sua aplicação sobre
os atos já praticados e os por vir a ser, repetindo aqueles efetivados em desacordo com
a nova regra processual.
(Gabarito B)

• Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: PGE-SC Prova: FEPESE - 2018 - PGE-SC -
Procurador do Estado
Segundo dispõe o artigo 14 do CPC/2015, “A norma processual não retroagirá e será
aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada”.
Considerando isso, é correto afirmar que:
A) O legislador usou da chamada “teoria das fases processuais”, de modo que cada
fase é analisada e claramente identificada, promovendo-se a aplicação da nova lei
quando houver nova fase processual na demanda em curso.
B) A teoria adotada pelo legislador foi a chamada “teoria do isolamento dos atos
processuais”, ou seja, cada ato é claramente identificado (e olhado de forma
individualizada), promovendo-se a aplicação da nova lei quando houver novo ato
processual na demanda em curso.
C) Com esse dispositivo, o legislador determina o respeito aos atos processuais
praticados e a situações jurídicas consolidadas na vigência da norma revogada tão
somente quando dessas não resultarem piora da situação processual de qualquer das
partes. O que for em benefício da parte, sempre retroagirá.
D) Desse dispositivo decorre a aplicação do sistema da unidade processual, de modo
que, ocorrendo alteração da norma processual em meio à tramitação de um feito, ele
não surtirá qualquer efeito, permanecendo a norma revogada em plena vigência.
E) A referência a “situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada”
diz respeito apenas e tão somente a questões de direito material resolvidas sob a égide
da norma anterior, não guardando qualquer relação com questões de direito formal.
(Gabarito B)

• Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Câmara de Serrana - SP Prova: VUNESP - 2019
- Câmara de Serrana - SP - Procurador Jurídico
Tratando especificamente de direito intertemporal processual, assinale a alternativa
que está em consonância com a atual norma processual civil.
A) É regido pelos princípios da imediatidade e da retroatividade.
B) Não é adotado de forma explícita na lei.
C) Em regra, a norma processual retroagirá e será aplicável imediatamente aos
processos em curso.
D) A lei nova pode incidir imediatamente sobre relações jurídicas preexistentes,
ignorando os efeitos que estas já tenham produzido.
E) A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos
em curso, respeitadas as situações jurídicas já consolidadas. (Art. 14 CPC)
(Gabarito E)
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão
aplicadas supletiva e subsidiariamente.

Consagra o caráter subsidiário (a fim de preencher lacunas legislativas) e


supletivo (complementa a norma existente) do CPC em relação a todas as
naturezas de processos não-penais. Trata-se de condição já prevista amplamente
no ordenamento jurídico pátrio.

Assim sendo, os temas (processuais) que não encontrarem disciplina específica


no ordenamento especializado, serão regidos na forma que dispuser o CPC. Tem-se
como exemplo, a previsão do art. 769 do CLT: “Nos casos omissos, o direito
processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto
naquilo em que for incompatível com as normas deste Título”.

Vale dizer ainda, que a aplicação subsidiária do CPC não se esgota nos casos
previstos neste dispositivo, tratando-se de rol, meramente, exemplificativo.

ADI 5.492 - Questiona a constitucionalidade dos arts. 9º, parágrafo único, II, 15,
46, § 5º, 52, parágrafo único, 242, § 3º, 311, parágrafo único, 535, § 3º, II, 840, I, 985,
§ 2º, 1.035, § 3º, III, e 1.040, IV - Previsão de Julgamento: Excluída da sessão de
julgamento de 04/11/2021.

Legislação Complementar
Lei nº 12.016/2009. Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo.

Lei nº 4.717/1965. Regula a ação popular.

Lei nº 7.347/1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao
meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico.

Lei nº 8.429/1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração
pública direta, indireta ou fundacional.

Lei nº 9.784/1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública


Federal.
Resoluções e Enunciados Pertinentes
Resolução nº 203/2016 do TST. Edita a Instrução Normativa n° 39, que dispõe sobre as
normas do Código de Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do
Trabalho, de forma não exaustiva.

Enunciado Administrativo nº 01/2016 do STJ. O Plenário do STJ, em sessão administrativa


em que se interpretou o art. 1.045 do novo Código de Processo Civil, decidiu, por
unanimidade, que o Código de Processo Civil aprovado pela Lei n. 13.105/2015, entrará em
vigor no dia 18 de março de 2016.

Enunciado Administrativo nº 02/2016 do STJ. Aos recursos interpostos com fundamento no


CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os
requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então,
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

Enunciado Administrativo nº 03/2016 do STJ. Aos recursos interpostos com fundamento no


CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos
os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.

Enunciado Administrativo nº 04/2016 do STJ. Nos feitos de competência civil originária e


recursal do STJ, os atos processuais que vierem a ser praticados por julgadores, partes,
Ministério Público, procuradores, serventuários e auxiliares da Justiça a partir de 18 de março
de 2016, deverão observar os novos procedimentos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do
disposto em legislação processual especial.

Enunciado Administrativo nº 05/2016 do STJ. Nos recursos tempestivos interpostos com


fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016), não
caberá a abertura de prazo prevista no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo
CPC.

Enunciado Administrativo nº 06/2016 do STJ. Nos recursos tempestivos interpostos com


fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016),
somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º,
do novo CPC para que a parte sane vício estritamente formal.

Enunciado Administrativo nº 07/2016 do STJ. Somente nos recursos interpostos contra


decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários
sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC.
Enunciado 2 – I JPC-CJF. As disposições do CPC aplicam-se supletiva e subsidiariamente às
Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009, desde que não sejam incompatíveis com as
regras e princípios dessas Leis.

Enunciado 3 – I JPC-CJF. As disposições do CPC aplicam-se supletiva e subsidiariamente ao


Código de Processo Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei.

Enunciado 245, FPPC. (art. 99, § 4º, 15). O fato de a parte, pessoa natural ou jurídica, estar
assistida por advogado particular não impede a concessão da justiça gratuita na Justiça do
Trabalho. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 246, FPPC. (arts. 99, §7º, e 15). Dispensa-se o preparo do recurso quando houver
pedido de justiça gratuita em sede recursal, consoante art. 99, §6º, aplicável ao processo do
trabalho. Se o pedido for indeferido, deve ser fixado prazo para o recorrente realizar o
recolhimento. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 250, FPPC. (art. 138; art. 15). Admite-se a intervenção do amicus curiae nas
causas trabalhistas, na forma do art. 138, sempre que o juiz ou relator vislumbrar a relevância
da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão geral da
controvérsia, a fim de obter uma decisão respaldada na pluralidade do debate e, portanto,
mais democrática. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 266, FPPC. (arts. 218, § 4º, 15) Aplica-se o art. 218, §4º, ao processo do trabalho,
não se considerando extemporâneo ou intempestivo o ato realizado antes do termo inicial do
prazo. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 270, FPPC. (art. 224, § 1º; art.15) Aplica-se ao processo do trabalho o art. 224, §
1º. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 294, FPPC. (arts. 332 e §1º e 15). O julgamento liminar de improcedência,
disciplinado no art. 333, salvo com relação ao §1º, se aplica ao processo do trabalho quando
contrariar: a) enunciado de súmula ou de Orientação Jurisprudencial do TST; b) acórdão
proferido pelo TST em julgamento de recursos de revista repetitivos; c) entendimento firmado
em resolução de demandas repetitivas. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 302, FPPC. (arts. 373, §§1º e 2º, e 15). Aplica-se o art. 373, §§1º e 2º, ao processo
do trabalho, autorizando a distribuição dinâmica do ônus da prova diante de peculiaridades
da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade da parte de cumprir o seu
encargo probatório, ou, ainda, à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. O
juiz poderá, assim, atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que de forma
fundamentada, preferencialmente antes da instrução e necessariamente antes da sentença,
permitindo à parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. (Grupo: Impacto do CPC no
processo do trabalho).
Enunciado 304, FPPC. (art. 489; art. 15). As decisões judiciais trabalhistas, sejam elas
interlocutórias, sentenças ou acórdãos, devem observar integralmente o disposto no art. 499,
sobretudo o seu §1º, sob pena de se reputarem não fundamentadas e, por conseguinte, nulas.
(Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 325, FPPC. (arts. 927 e 15). A modificação de entendimento sedimentado pelos
tribunais trabalhistas deve observar a sistemática prevista no art. 927, devendo se
desincumbir do ônus argumentativo mediante fundamentação adequada e específica,
modulando, quando necessário, os efeitos da decisão que supera o entendimento anterior.
(Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 326, FPPC. (arts. 927 e 15). O órgão jurisdicional trabalhista pode afastar a
aplicação do precedente vinculante quando houver distinção entre o caso sob julgamento e o
paradigma, desde que demonstre, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada
por hipótese fática distinta, a impor solução jurídica diversa. (Grupo: Impacto do CPC no
processo do trabalho).

Enunciado 329, FPPC. (arts. 843, caput e §1º, e 15). Na execução trabalhista deve ser
preservada a quota parte de bem indivisível do coproprietário ou do cônjuge alheio à
execução, sendo-lhe assegurado o direito de preferência na arrematação do bem em
igualdade de condições. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 330, FPPC. (arts. 895 e 15). Na Justiça do trabalho, o juiz pode deferir a aquisição
parcelada do bem penhorado em sede de execução, na forma do art. 895 e seus parágrafos.
(Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 331, FPPC. (arts. 916 e 15). O pagamento da dívida objeto de execução trabalhista
fundada em título extrajudicial pode ser requerido pelo executado nos moldes do art. 916.98
(Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho; redação revista no VI FPPC-Curitiba).

Enunciado 332, FPPC. (arts. 938, §1º, e 15). Considera-se vício sanável, tipificado no art. 938,
§1º, a apresentação da procuração e da guia de custas ou depósito recursal em cópia,
cumprindo ao relator assinalar prazo para a parte renovar o ato processual com a juntada dos
originais. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 333, FPPC. (arts. 938, §1º e 15). Em se tratando de guia de custas e depósito
recursal inseridos no sistema eletrônico, estando o arquivo corrompido, impedido de ser
executado ou de ser lido, deverá o relator assegurar a possibilidade de sanar o vício, nos
termos do art. 938, §1º. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 335, FPPC. (arts. 947 e 15). O incidente de assunção de competência aplica-se
ao processo do trabalho. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).
Enunciado 347, FPPC. (arts. 976 e 15). Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de
resolução de demandas repetitivas, devendo ser instaurado quando houver efetiva repetição
de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão de direito. (Grupo: Impacto
do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 350, FPPC. (arts. 988 e 15) Cabe reclamação, na Justiça do Trabalho, da parte
interessada ou do Ministério Público, nas hipóteses previstas no art. 988, visando a preservar
a competência do tribunal e garantir a autoridade das suas decisões e do precedente firmado
em julgamento de casos repetitivos. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 352, FPPC. (arts. 998, caput e parágrafo único, e 15) É permitida a desistência do
recurso de revista repetitivo, mesmo quando eleito como representativo da controvérsia, sem
necessidade de anuência da parte adversa ou dos litisconsortes; a desistência, contudo, não
impede a análise da questão jurídica objeto de julgamento do recurso repetitivo. (Grupo:
Impacto do CPC no processo do trabalho).

Enunciado 353, FPPC. (arts. 1.007, § 7º, e 15) No processo do trabalho, o equívoco no
preenchimento da guia de custas ou de depósito recursal não implicará a aplicação da pena
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de cinco dias. (Grupo: Impacto do CPC no processo
do trabalho).

JURISPRUDÊNCIA
Fixação de honorários. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PRAZO LEGAL.
PAGAMENTO INTEGRAL DA DÍVIDA CPC/2015. DISCIPLINA PRÓPRIA.
HONORÁRIOS. REDUÇÃO. 1. O Código de Processo Civil de 2015 dispõe de regra
própria para o estabelecimento da verba honorária provisória para os casos de
execução de título executivo extrajudicial (dos quais é espécie a Certidão de Dívida
Ativa - CDA), o que afasta a disciplina geral contida no art. 85 do CPC. 2. Prevê o art.
827 e §§ do CPC vigente que serão arbitrados honorários advocatícios ao despachar a
inicial da execução em percentual fixo em favor do exequente, podendo esse ser
reduzido ou majorado a depender da sorte do feito executivo e das discussões
promovidas. 3. Considerando a inexistência de regra específica na Lei n.
6.830/1980, admite-se a aplicação subsidiária do art. 827, §1°, do CPC/2015 na
hipótese de pagamento integral da dívida objeto da execução fiscal no prazo
legal, possibilitando, assim, a redução do valor da verba honorária inicialmente
fixado. 4. Agravo conhecido para negar provimento ao recurso especial. (AREsp
1389544/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/06/2021, DJe 29/06/2021)

Improbidade Administrativa. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. RAZOÁVEIS
INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE. FUMUS BONI IURIS
CONFIGURADO. PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. APLICAÇÃO DO CPC.
SUBSIDIARIEDADE. 1. Trata-se, na origem, de Agravo de Instrumento contra decisão
proferida, nos autos de Ação Civil Pública por improbidade administrativa, que decretou
a indisponibilidade dos bens dos réus, além de proibi-los de contratar com o Poder
Público. 2. O Tribunal de origem deu provimento ao recurso por entender que "o
periculum in mora é requisito de natureza factual, não podendo ser configurado com a
só aceitação da inicial. É preciso mais. É preciso ser demonstrado o fundado receio de
desvio, a danificação ou a ocultação dos bens do agente, para que, assim, seja formada
a convicção do juiz em torno do perigo de dano ao ente lesionado. (...) em que pese a
clara opção feita pelo Colendo STJ no sentido de que a medida de indisponibilidade de
bens caracteriza-se numa tutela de evidência, fico com a tese contrária, qual seja,
aquela que entende se tratar de tutela de urgência, o que acarreta a necessidade de
demonstração não só do fumus boni juris, mas também do periculum in mora. Afinal,
não vejo como emprestar caráter absoluto ao pedido formulado pelo autor da ação, que
é onde resultará finalmente a adoção do entendimento exposto no REsp n. 1.366.721"
(fls. 155-156, e-STJ). 3. A Primeira Seção do STJ no julgamento do Recurso Especial
Repetitivo 1.366.721/BA, Relator para o acórdão Ministro Og Fernandes, fixou o Tema
701 de sua jurisprudência, afirmando, em relação às medidas cautelares ou liminares
que decretam a indisponibilidade dos bens do autor de ato de improbidade
administrativa, que "não está condicionada à comprovação de que o réu esteja
dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que o periculum
in mora encontra-se implícito no comando legal que rege, de forma peculiar, o sistema
de cautelaridade na ação de improbidade administrativa, sendo possível ao juízo que
preside a referida ação, fundamentadamente, decretar a indisponibilidade de bens do
demandado, quando presentes fortes indícios da prática de atos de improbidade
administrativa". 4. Destarte, a jurisprudência do STJ entende que as regras
contidas no Código de Processo Civil aplicam-se somente de forma subsidiária
às ações de improbidade administrativa. Nesse sentido: REsp 1.217.554/SP, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/8/2013 e REsp 1452660/ES, Rel.
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 27/04/2018). 5. Por fim, no que se
refere à pretensão de se proibir a empresa a contratar com o Poder Público, o acórdão
recorrido entendeu que "não se mostra razoável e tampouco proporcional proibir a
empresa de contratar com o Poder Público, em sede de antecipação dos efeitos da
tutela, sem a observância ao devido processo legal, do qual se desdobra o princípio do
contraditório e da ampla defesa" (fl.164, e-STJ). Desse modo, a alteração do
entendimento do Tribunal de origem, quanto à desproporcionalidade da medida, enseja
o reexame das provas carreadas nos autos, procedimento vedado, pela Súmula 7/STJ.
6. Recurso Especial parcialmente provido para determinar o retorno dos autos à
instância de origem, de modo que, afastado o fundamento relativo à necessidade de
demonstração do periculum in mora, analise, à luz da jurisprudência do STJ, a presença
dos requisitos para o deferimento da medida de indisponibilidade de bens. (REsp
1805282/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/06/2019, DJe 01/07/2019)

Tema Repetitivo 1026 do STJ. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL SOB O


RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. INSCRIÇÃO DO DEVEDOR EM
CADASTROS DE INADIMPLENTES POR DECISÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO FISCAL.
POSSIBILIDADE. ART. 5º, INC. LXXVIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTS. 4º,
6º, 139, INC. IV, 782, §§3º A 5º, E 805 DO CPC/2015. PRINCÍPIOS DA EFETIVIDADE
DA EXECUÇÃO, DA ECONOMICIDADE, DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO
E DA MENOR ONEROSIDADE PARA O DEVEDOR. ART. 1º DA LEI Nº 6.830/80.
EXECUÇÃO FISCAL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC. SERASAJUD.
DESNECESSIDADE DE ESGOTAMENTO PRÉVIO DE OUTRAS MEDIDAS
EXECUTIVAS. DEFERIMENTO DO REQUERIMENTO DE NEGATIVAÇÃO, SALVO
DÚVIDA RAZOÁVEL QUANTO À EXISTÊNCIA DO DIREITO AO CRÉDITO
PREVISTO NA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA - CDA. CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS
DA DECISÃO JUDICIAL PARA A PRECISÃO E QUALIDADE DOS BANCOS DE
DADOS DOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO E PARA A ECONOMIA DO
PAÍS. ART. 20 DO DECRETO-LEI Nº 4.657/1942 (ACRESCENTADO PELA LEI Nº
13.655/2018, NOVA LINDB). RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
RECURSO JULGADO SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 1.036 E SEGUINTES DO
CPC/2015 C/C ART. 256-N E SEGUINTES DO REGIMENTO INTERNO DO STJ. 1. O
objeto da presente demanda é definir se o art. 782, §3º do CPC é aplicável apenas às
execuções de título judicial ou também às de título extrajudicial, mais especificamente,
às execuções fiscais. 2. O art. 782, §3º do CPC está inserido no Capítulo III ("Da
competência"), do Título I ("Da execução em geral"), do Livro II (Do processo de
execução") do CPC, sendo que o art. 771 dispõe que "este Livro regula o procedimento
da execução fundada em título extrajudicial". 3. Não há dúvidas, portanto, de que o art.
782, §3º, ao determinar que "A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão
do nome do executado em cadastros de inadimplentes.", dirige-se às execuções
fundadas em títulos extrajudiciais. 4. O art. 782, §5º, ao prever que "O disposto nos §§
3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial.", possui dupla função: 1)
estender às execuções de títulos judiciais a possibilidade de inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes; 2) excluir a incidência do instituto nas
execuções provisórias, restringindo-o às execuções definitivas. 5. Nos termos do art.
1º da Lei nº 6.830/80, o CPC tem aplicação subsidiária às execuções fiscais, caso
não haja regulamentação própria sobre determinado tema na legislação especial,
nem se configure alguma incompatibilidade com o sistema. É justamente o caso
do art. 782, §3º do CPC, que se aplica subsidiariamente às execuções fiscais pois:
1) não há norma em sentido contrário na Lei nº 6.830/1980; 2) a inclusão em
cadastros de inadimplência é medida coercitiva que promove no subsistema os
valores da efetividade da execução, da economicidade, da razoável duração do
processo e da menor onerosidade para o devedor (arts. 4º, 6º, 139, inc. IV, e 805
do CPC). Precedentes do STJ. 6. O Poder Judiciário determina a inclusão nos
cadastros de inadimplentes com base no art. 782, §3º, por meio do SERASAJUD,
sistema gratuito e totalmente virtual, regulamentado pelo Termo de Cooperação
Técnica nº 020/2014 firmado entre CNJ e SERASA. O ente público, por sua vez, tem a
opção de promover a inclusão sem interferência ou necessidade de autorização do
magistrado, mas isso pode lhe acarretar despesas a serem negociadas em convênio
próprio. 7. A situação ideal a ser buscada é que os entes públicos firmem convênios
mais vantajosos com os órgãos de proteção ao crédito, de forma a conseguir a quitação
das dívidas com o mínimo de gastos e o máximo de eficiência. Isso permitirá que, antes
de ajuizar execuções fiscais que abarrotarão as prateleiras (físicas ou virtuais) do
Judiciário, com baixo percentual de êxito (conforme demonstrado ano após ano no
"Justiça em Números" do CNJ), os entes públicos se valham do protesto da CDA ou da
negativação dos devedores, com uma maior perspectiva de sucesso. 8. Porém, no
momento atual, em se tratando de execuções fiscais ajuizadas, não há justificativa legal
para o magistrado negar, de forma abstrata, o requerimento da parte de inclusão do
executado em cadastros de inadimplentes, baseando-se em argumentos como: 1) o
art. 782, § 3º, do CPC apenas incidiria em execução definitiva de título judicial; 2) em
se tratando de título executivo extrajudicial, não haveria qualquer óbice a que o próprio
credor providenciasse a efetivação da medida; 3) a intervenção judicial só caberá se
eventualmente for comprovada dificuldade significativa ou impossibilidade de o credor
fazê-lo por seus próprios meios; 4) ausência de adesão do tribunal ao convênio
SERASAJUD ou a indisponibilidade do sistema. Como visto, tais requisitos não estão
previstos em lei. 9. Em suma, tramitando uma execução fiscal e sendo requerida a
negativação do executado com base no art. 782, § 3º, do CPC, o magistrado deverá
deferi-la, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do direito ao crédito
previsto na Certidão de Dívida Ativa - CDA, a exemplo da prescrição, da ilegitimidade
passiva ad causam, ou outra questão identificada no caso concreto. 10. Outro ponto
importante a ser fixado é que, sendo medida menos onerosa, a anotação do nome da
parte executada em cadastro de inadimplentes pode ser determinada antes de exaurida
a busca por bens penhoráveis. Atende-se, assim, ao princípio da menor onerosidade
da execução, positivado no art. 805 do CPC. Precedentes do STJ. 11. Por fim, sob um
prisma da análise econômica do Direito, e considerando as consequências práticas da
decisão - nos termos do art. 20 do Decreto-Lei nº 4.657/1942 (acrescentado pela Lei nº
13.655/2018, que deu nova configuração à Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro - LINDB) -, não se pode deixar de registrar a relevância para a economia do
país e para a diminuição do "Custo Brasil" de que a atualização dos bancos de dados
dos birôs de crédito seja feita por meio dos procedimentos menos burocráticos e
dispendiosos, tais como os utilizados no SERASAJUD, a fim de manter a qualidade e
precisão das informações prestadas. Postura que se coaduna com a previsão do art.
5º, inc. XXXIII, da CF/88 ("todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado"). 12. Com base no art. 927, §3º,
do CPC, rejeito a modulação dos efeitos proposta pela Associação Norte-Nordeste de
Professores de Processo - ANNEP, uma vez que o entendimento firmado no presente
recurso repetitivo é predominante no STJ há bastante tempo. 13. Tese jurídica firmada:
"O art. 782, §3º do CPC é aplicável às execuções fiscais, devendo o magistrado deferir
o requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes,
preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do esgotamento
prévio de outras medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à
existência do direito ao crédito previsto na Certidão de Dívida Ativa - CDA.". 14. Recurso
especial conhecido e provido, nos termos da fundamentação. 15. Recurso julgado sob
a sistemática do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015 e art. 256-N e seguintes do
Regimento Interno deste STJ. (REsp 1807180/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2021, DJe 11/03/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: Câmara Municipal de Aracruz - ES Prova: IDECAN
- 2016 - Câmara de Aracruz - ES - Procurador Legislativo
Sobre o tratamento que o Novo Código de Processo Civil dá à aplicação das normas
processuais, analise as afirmativas a seguir.
I. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as
disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais
de que o Brasil seja parte. (Art. 13 CPC)
II. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas
sob a vigência da norma revogada. (Art. 14 CPC)
III. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas conjuntamente. (Art.
15 CPC)
Estão corretas as afirmativas
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
(Gabarito B)

• Ano: 2020 Banca: FEPESE Órgão: Prefeitura de Itajaí - SC Prova: FEPESE - 2020 -
Prefeitura de Itajaí - SC - Assistente Jurídico
É correto afirmar de acordo com o Código de Processo Civil.
A A aplicação das normas de processo civil deverá respeitar as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada. (Art. 14 CPC)
B Aplicam-se de forma integral e no que for compatível as normas do Código de
Processo Civil às normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos. (Art. 15 CPC)
C A jurisdição civil interna será regida pelas normas processuais brasileiras e pelas
disposições específicas previstas em acordos e tratados internacionais. (Art. 13 CPC)
D A norma processual retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
curso, independentemente da fase em que se encontrem.
E Os atos processuais já praticados sob a égide da norma revogada deverão ser
ratificados de acordo com a norma processual superveniente.
(Gabarito A)

LIVRO II

DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

TÍTULO I

DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO

Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo
o território nacional, conforme as disposições deste Código.

Antes de passar para a análise do presente dispositivo, algumas considerações


acerca da jurisdição se fazem necessárias.

Segundo a doutrina, a jurisdição “deve ser compreendida no sentido de exercício


da função jurisdicional, função típica (fim) do Poder Judiciário, que a caracteriza como
tal. O exercício da função jurisdicional, pelo Estado-juiz, é vocacionado à resolução
de controvérsias intersubjetivas sempre que outros meios não estatais ou não
jurisdicionais para aquele mesmo fim não atuarem a contento, não forem possíveis,
ou, ainda, quando os interessados assim entendam ser necessário,
independentemente de qualquer outra providência” (SCARPINELLA BUENO, 2021, p.
141-142). Tem-se, então, a jurisdição como o poder/função/atividade
desempenhados pelo Estado-juiz ao aplicar o direito ao caso concreto e
solucionar conflitos de forma definitiva (coisa julgada), gerando, por sua vez, a
pacificação social.

Complementando o conceito de jurisdição, observa-se que “Se a jurisdição é


manifestação do poder do Estado, é evidente que ela terá diferentes objetivos,
conforme seja o tipo de Estado e sua finalidade essencial. A jurisdição, em outras
palavras, terá fins sociais, políticos e propriamente jurídicos, conforme a essência do
Estado cujo poder deva manifestar. Se o Estado brasileiro está obrigado, segundo a
própria Constituição Federal, a construir uma sociedade livre, justa e solidária, a
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais,
e ainda a promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3.° da CF), os fins da jurisdição
devem refletir essas ideias. Assim, a jurisdição, ao aplicar uma norma ou fazê-la
produzir efeitos concretos, afirma a vontade espelhada na norma de direito material,
a qual deve traduzir, já que deve estar de acordo com os fins do Estado, as normas
constitucionais que revelam suas preocupações básicas” (MARINONI, 2004, p. 36).

Nesses termos, a jurisdição, pode ser vista sobre os enfoques de poder, função e
atividade:

Ainda, com intuito de aprofundar um pouco mais o conhecimento acerca do


presente instituto, é pertinente observar lembrar que a jurisdição é caracterizada
pelos seguintes princípios (vale dizer que a doutrina não é unânime em relação à
enumeração destas características): a) Inércia (conforme previsão do art. 2º do CPC,
o processo terá início pela provocação da parte); b) Substitutividade (o Estado-juiz
substitui a vontade das partes ao decidir – conceito trazido por Chiovenda); c)
Definitividade (a solução do conflito poderá se tornar definitiva e imutável - coisa
julgada – Enrico Allorio); d) Imperatividade (força coativa da decisão judicial); e)
Imparcialidade (o caso concreto deve ser julgado com base na legislação de forma
imparcial); e, f) Lide (Concepção clássica de Carnelutti de que “é o conflito de
interesses qualificado por uma pretensão resistida”).

Ainda, os princípios que regem a jurisdição, são assim apresentados:

Investidura Estado representado pelo juiz a quem é investido o poder


jurisdicional.
Territorialidade - Limitação da atividade jurisdicional. O juiz, investido de jurisdição, a
(aderência ao exercerá dentro do território nacional, respeitando as regras de
território) competência territorial.
Indelegabilidade Constitucionalmente, ao Poder Judiciário foi conferida a função
jurisdicional que, como regar geral, é indelegável (circunstância
externa). E, determinada a competência, o órgão jurisdicional não
poderá delegar sua função (circunstância interna).
Inevitabilidade Ao provocar a jurisdição a parte não poderá eximir-se de cumprir
determinada decisão ou acatá-la apenas no que lhe for proveitoso
Inafastabilidade Trata do direito de ação, previsto no art. 5º XXXV, da CF. Exceções:
Solução na via Desportiva (art. 217, § 1º, CF); Ações acidentárias.
Juiz natural Previsão do art. 5º, LIII, da CF: “ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente”.
Promotor natural É um proncípio paralelo ao do juiz natural, diante do qual ninguém
será acusado e processado senão pela autoridade competente,
coibindo a figura do promotor de exceção.

E, por sua vez, a jurisdição diferencia-se entre a contenciosa e voluntária,


distinção essa suprimida no presente CPC:

Contenciosa: Existência de lide entre as Voluntária: busca o equilíbrio na solução do


partes, que buscam, na intervenção do conflito, uma situação que traga benefício a
Estado-juiz a solução do conflito, ambas as partes.
favorecendo uma das partes.

Pois bem. Passando à análise do art. 16 do CPC, não obstante a breve exposição
anteriormente feita, verifica-se que o dispositivo deixa-se levar mais pelas regras de
repartição de competências do que à própria jurisdição.

Ou seja, “[...] ele insinua muito mais as questões relativas à competência e, portanto
a distribuição de tarefas por toda a organização judiciária nacional do que a jurisdição,
propriamente dita. [...] todo o cuidado é pouco com o art. 16 do CPC de 2015. Além
de não tratar de jurisdição, sua prescrição é insuficiente. E pensar, prezado leitor, que
o dispositivo é cópia quase literal do art. 1º do CPC de 1973. Viva, portanto, o art. 1º
do CPC de 2015” (SCARPELLA BUENO, 2021, p.142).

Nesse sentido, para a compreensão necessária, a análise do art. 16 do CPC deve


ser feita em conjunto com o art. 5º, XXX, XXXVI e XXXVII, CF e os arts. 3º ao 12 deste
CPC.

Legislação Complementar
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXV - a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI - a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal
de exceção.

Art. 3º. Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida
a arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução
consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos
e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

Art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída
a atividade satisfativa.

Art. 5º. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé.

Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e


faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Art. 8º. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às
hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista
no art. 701.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de
segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados,
de defensores públicos ou do Ministério Público.

Art. 12, caput. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de


conclusão para proferir sentença ou acórdão.

Diante do teor do art. 16 do CPC, faz-se necessário o estudo complementar dos


Códigos de Normas e Organização Judiciária dos Tribunais.

Súmulas

Súmula 89/STJ: A ação acidentária prescinde do exaurimento da via administrativa.

JURISPRUDÊNCIA
Atuação Juiz. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. LIBERDADE NEGOCIAL
CONDICIONADA AOS FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS. CPC/2015. NEGÓCIO
JURÍDICO PROCESSUAL. FLEXIBILIZAÇÃO DO RITO PROCEDIMENTAL.
REQUISITOS E LIMITES. IMPOSSIBILIDADE DE DISPOSIÇÃO SOBRE AS
FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO JUIZ. 1. A liberdade negocial deriva do princípio
constitucional da liberdade individual e da livre iniciativa, fundamento da República, e,
como toda garantia constitucional, estará sempre condicionada ao respeito à dignidade
humana e sujeita às limitações impostas pelo Estado Democrático de Direito,
estruturado para assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais e a Justiça. 2.
O CPC/2015 formalizou a adoção da teoria dos negócios jurídicos processuais,
conferindo flexibilização procedimental ao processo, com vistas à promoção efetiva do
direito material discutido. Apesar de essencialmente constituído pelo autorregramento
das vontades particulares, o negócio jurídico processual atua no exercício do múnus
público da jurisdição. 3. São requisitos do negócio jurídico processual: a) versar a causa
sobre direitos que admitam autocomposição; b) serem partes plenamente capazes; c)
limitar-se aos ônus, poderes, faculdades e deveres processuais das partes; d) tratar de
situação jurídica individualizada e concreta. 4. O negócio jurídico processual não se
sujeita a um juízo de conveniência pelo juiz, que fará apenas a verificação de sua
legalidade, pronunciando-se nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato
de adesão ou ainda quando alguma parte se encontrar em manifesta situação de
vulnerabilidade. 5. A modificação do procedimento convencionada entre as partes
por meio do negócio jurídico sujeita-se a limites, dentre os quais ressai o
requisito negativo de não dispor sobre a situação jurídica do magistrado. As
funções desempenhadas pelo juiz no processo são inerentes ao exercício da
jurisdição e à garantia do devido processo legal, sendo vedado às partes sobre
elas dispor. 6. Recurso especial não provido. (REsp 1810444/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe 28/04/2021)

Jurisdição Voluntária. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROCESSUAL CIVIL.


INFÂNCIA E JUVENTUDE. OMISSÃO AUSÊNCIA. IRREVOGABILIDADE DA
ADOÇÃO. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA E TEOLÓGICA. FINALIDADE
PROTETIVA. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO INTEGRAL E DO MELHOR INTERESSE
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. SENTENÇA CONCESSIVA DA ADOÇÃO.
AÇÃO RESCISÓRIA. POSSIBILIDADE. PROVA NOVA. CARACTERIZAÇÃO. PROVA
FALSA. CARACTERIZAÇÃO. 1- Ação ajuizada em 27/11/2014. Recurso especial
interposto em 13/5/2020 e concluso ao gabinete em 20/10/2020. 2- O propósito recursal
consiste em definir: a) se houve omissão da Corte de origem ao apreciar a tese relativa
à caracterização de falsidade ideológica, notadamente a própria declaração do adotado
no sentido de que não desejava a adoção; e b) se é possível, ante a regra da
irrevogabilidade da adoção, a rescisão de sentença concessiva dessa espécie de
colocação em família substitua ao fundamento de que o adotado, à época da adoção,
não a desejava verdadeiramente e de que, após atingir a maioridade, manifestou-se
pela procedência do pedido. 3- No que diz respeito à apontada omissão, verifica-se que
os recorrentes não indicam quais os dispositivos legais teriam sido violados pelo
acórdão hostilizado, tornando patente a falta de fundamentação do apelo especial,
circunstância que atrai a incidência, por analogia, do Enunciado de Súmula nº 284 do
Supremo Tribunal Federal. Ademais, não houve negativa de prestação jurisdicional,
porquanto a Corte de origem analisou a questão deduzida pelos recorrentes. 4- A
interpretação sistemática e teleológica do disposto no § 1º do art. 39 do ECA conduz à
conclusão de que a irrevogabilidade da adoção não é regra absoluta, podendo ser
afastada sempre que, no caso concreto, verificar-se que a manutenção da medida não
apresenta reais vantagens para o adotado, tampouco é apta a satisfazer os princípios
da proteção integral e do melhor interesse da criança e do adolescente. 5- A sentença
concessiva de adoção, ainda quando proferida em procedimento de jurisdição
voluntária, pode ser encoberta pelo manto protetor da coisa julgada material e,
como consectário lógico, figurar como objeto de ação rescisória. Precedentes. 6-
Está caracterizada a "prova nova" apta justificar a sentença concessiva de adoção,
porquanto se extrai do Relatório Psicológico que não houve, de fato, consentimento do
adotando com relação à adoção, conforme exige o § 2º do art. 45 do ECA. Não se trata
de vedada alegação de fato novo, mas sim de prova pericial nova que se refere à
existência ou inexistência de ato jurídico anterior à sentença, qual seja, o consentimento
do adolescente. 7- Subsume-se a hipótese ao previsto no inciso VI do art. 966 do CPC,
porquanto admitiu o magistrado singular, ao deferir a adoção, que houve o
consentimento do adotando, conforme exigido pelo § 2º do art. 45 do ECA, o que,
posteriormente, revelou-se falso. 8- Passando ao largo de qualquer objetivo de
estimular a revogabilidade das adoções, situações como a vivenciada pelos adotantes
e pelo adotado demonstram que nem sempre as presunções estabelecidas
dogmaticamente, suportam o crivo da realidade, razão pela qual, em caráter
excepcional, é dado ao julgador demover entraves legais à plena aplicação do direito e
à tutela da dignidade da pessoa humana. 9- A hipótese dos autos representa situação
sui generis na qual inexiste qualquer utilidade prática ou reais vantagens ao adotado
na manutenção da adoção, medida que sequer atende ao seu melhor interesse. Ao
revés, a manutenção dos laços de filiação com os recorrentes representaria, para o
adotado, verdadeiro obstáculo ao pleno desenvolvimento de sua personalidade,
notadamente porque impediria o evolver e o aprofundamento das relações
estabelecidas com os atuais guardiões, representando interpretação do § 1º do art. 39
do ECA descolada de sua finalidade protetiva. 10- Levando-se em consideração (a) os
princípios da proteção integral e do melhor interesse da criança e do adolescente, (b)
a inexistência de contestação ao pleito dos adotantes e (c) que a regra da
irrevogabilidade da adoção não possui caráter absoluto, mas sim protetivo, devem,
excepcionalmente, ser julgados procedentes os pedidos formulados na presente ação
rescisória com a consequente rescisão da sentença concessiva da adoção e retificação
do registro civil do adotado. 11- Recurso especial conhecido em parte e, nessa
extensão, provido. (REsp 1892782/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 06/04/2021, DJe 15/04/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: ALGÁS Prova: IESES - 2017 - ALGÁS - Analista de
Projetos Organizacionais - Jurídica
Segundo a Lei 13.105/2015, podemos afirmar sobre a jurisdição e da ação:
A) Não é admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito. (Art. 20 CPC)
B) Havendo substituição processual, o substituído não poderá intervir como assistente
litisconsorcial. (Art. 18, parágrafo único, CPC)
C) A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional
segundo as disposições do Código de Processo Civil regulamentado pela Lei
13.105/2015. (Art. 16 CPC)
D) Para postular em juízo é facultativo ter interesse e legitimidade. (Art. 17 CPC)
(Gabarito C)

• Ano: 2021 Banca: Quadrix Órgão: CRECI - 14ª Região (MS) Prova: Quadrix - 2021 -
CRECI - 14ª Região (MS) - Advogado
Resolvi certo!
A jurisdição pode ser conceituada como a função atribuída a terceiro imparcial de
realizar o direito, de modo imperativo e criativo, reconhecendo, efetivando e protegendo
situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de controle
externo e com aptidão para tornar-se indiscutível. Acerca das características da
jurisdição, julgue o item.
Por se tratar de monopólio do Estado, a função jurisdicional é indelegável e não pode
ser exercida por agentes privados.
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Trata o artigo, basicamente, das condições da ação e, aqui, mais uma vez,
importante traçar alguns apontamentos antes da análise, propriamente dita, do art. 17.
Em linhas iniciais, a ação “merece ser entendida como o direito (subjetivo público
ou, mais recentemente, fundamental) de romper a inércia jurisdicional e atuar ao longo
do processo em busca da tutela jurisdicional” (SCARPINELLA BUENO, 2021, p. 143).

Além disso, não obstante o CPC ter adotado, expressamente, a teoria eclética
da ação, importante trazer a classificação das teorias, quais sejam: a) Monistas
(Unitárias): conceituada por pertencer, unicamente, ao plano de direito material ou,
unicamente, ao plano de direito processual; e, b) Dualistas: abarca conceitos de direito
material e processual.

E, diante das classificações apresentadas, as teorias da ação, seguem, de forma


resumida, a seguinte diferenciação:

Teoria Civilista O direito de ação (poder do indivíduo contra outrem, não contra o
(Imanentista) Estado) só existe se existir o direito material.
Teoria Concreta da O direito de ação diferencia-se do direito material - poder do
Ação indivíduo contra o Estado, buscando decisão em seu favor, somado
a seu direito contra outrem.
Teoria Abstrata do Também diferencia o direito de ação do direito material - porém, o
Direito de Ação direito de ação é independente do direito material – o direito de ação
é abstrato na busca do pronunciamento do Estado-juiz.
Teoria Eclética Direito de ação e o direito material são distintos, autônomos e
independentes entre si, mas nunca incondicional e indeterminado.
Aqui, o a existência do direito de postular está condicionado ao
preenchimento de requisitos que, no caso do CPC, é a legitimidade
e o interesse – Adotada pelo CPC (Art. 17).
Teoria da A análise do preenchimento dos requisitos para exercício do direito
Asserção de ação deve ser analisada pelo Estado-juiz levando em conta as
informações apresentadas na petição inicial, pelo autor, sem
cognição exauriente, portanto, independe da existência de direito
material – Adotada pelo STJ (Resp nº 930.336/MG).

Aqui, teríamos um aprofundamento do que, anteriormente, seria conhecida como


condições da ação. Entretanto, essa é a maior alteração promovida pelo art. 17 do
CPC. Isto porque, o novo ordenamento processual suprimiu a terminologia ‘condições
da ação’, passando a constar a expressão, postular em juízo, o que é muito mais
amplo, pois remete ao exercício do direito de ação.

Nestes termos “Postular, contudo, não pode ser compreendido apena do ponto de
vista do autor, aquele que rompe a inércia da jurisdição para pedir a tutela jurisdicional.
Também o réu postula em juízo. E o faz mesmo quando se limita a resistir à pretensão
autoral sem reconvir. Os terceiros. Ao pretenderem intervir no processo, também
postulam. É essa a razão pela qual entendo importante adotar, em diversas
passagens deste Manual, a palavra postulação querendo descrever com ela o
exercício do direito de ação ao longo do processo, que não se confunde com a ação
em si mesma considera nem com a petição inicial (demanda) e, menos ainda, confina-
se ao autor” (SCARPINELLA BUENO, 2021, p. 143).

Outra inovação trazida pelo presente dispositivo, é não mais se referir à


‘possibilidade jurídica do pedido’ como um dos requisitos para o exercício do direito
de ação, pois tratar-se-ia de exame de mérito.

Conclui-se, portanto, que as alterações trazidas pela redação do artigo são


relevantes, pois consagram, de forma ampla, a obrigatoriedade de se ter interesse e
legitimidade para postular em juízo e não mais em uma via estrita de propor ou
contestar ação. Isso quer dizer que qualquer atuação no processo (partes ou
terceiros) estará sempre vinculada, ainda que minimamente, à legitimidade e ao
interesse.

A “possibilidade jurídica do pedido”, que anteriormente era tida como uma das
condições da ação, fica, expressamente, excluída desse rol, o que é confirmado
pelo teor do art. 485, VI, CPC: “O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI - verificar
ausência de legitimidade ou de interesse processual”. Nesse sentido, passa-se à
análise dos requisitos previstos, senão vejamos:

O interesse de agir se divide em duas variáveis, a necessidade e a adequação.


Mostra-se pertinente avaliar se realmente é necessária a postulação em juízo para
afastar lesão ou ameaça de lesão a direito. Ainda, caso superado o interesse, deve-
se utilizar o instrumento processual adequado à pretensão da parte.

Segundo a doutrina, o interesse de agir é colhido “No plano material, a partir da


afirmação de direito feita por aquele que postula em juízo” (SCARPINELLA BUENO,
2021, p. 144-145). Ou seja, “A parte tem ‘necessidade’ quando seu direito material
não pode ser realizado sem a intervenção do juiz. Contudo, além da "necessidade",
exige-se a "adequação". Se a parte requer providência jurisdicional incapaz de
remediar a situação por ela narrada na fundamentação do seu pedido, também falta
o interesse de agir” (MARINONI, 2004, p. 68).

Por sua vez, a legitimidade para agir (que terá maior atenção quando da análise
do art. 18) é, resumidamente, “a tradução processual dos polos subjetivos da relação
controvertida. Todo aquele que afirmadamente está naquela relação tem legitimidade
para agir. É o que a boa doutrina chama de ‘situação legitimante’” (SCARPINELLA
BUENO, 2021, p. 145).

Assim, a legitimidade leva a ideia de que, para cada processo, existem partes
legitimas, para que o mérito possa ser enfrentado pelo Estado-juiz.

Dispositivos do CPC relacionados ao teor do art. 17


Art. 19, caput. O interesse do autor pode limitar-se à declaração.

Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não
altera a legitimidade das partes.

Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será
deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que
falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão
do processo.

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos: [...] § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão
do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou
separação.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: [...] XI - ausência de legitimidade
ou de interesse processual.

Art. 339, caput. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da
relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI - verificar ausência de legitimidade ou
de interesse processual.

Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na


administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611 . Parágrafo único. O requerimento
será instruído com a certidão de óbito do autor da herança.

Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: I - o cônjuge ou companheiro supérstite; II


- o herdeiro; III - o legatário; IV - o testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII - o Ministério Público,
havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; IX - o
administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge
ou companheiro supérstite.

Art. 722. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse.

Art. 726, caput. Quem tiver interesse em manifestar formalmente sua vontade a outrem sobre
assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas participantes da mesma relação
jurídica para dar-lhes ciência de seu propósito.

JURISPRUDÊNCIA
Interesse. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. FALTA
DE INTERESSE RECURSAL. AUSÊNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE-
ADEQUAÇÃO. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. 1. O interesse recursal
repousa no binômio necessidade e utilidade. A necessidade refere-se à
imprescindibilidade do provimento jurisdicional pleiteado para a obtenção do
bem da vida em litígio, ao passo que a utilidade cuida da adequação da medida
recursal alçada para atingir o fim colimado. 2. O Tribunal de origem consignou: "em
face do exposto, dou provimento ao agravo de instrumento para reformar a decisão
agravada e assim conceder os benefícios da assistência judiciária a Luiz Antônio Nunes
de Souza, nos autos do processo nº 0069271-20.2016.4.02.5117." (fl. 48, e-STJ). 3. In
casu, a necessidade de novo julgamento não se apresenta, pois o bem da vida já está
devidamente assegurado ao recorrente, tampouco há utilidade no Recurso Especial
interposto, pois possui como único pedido a concessão do benefício de gratuidade de
justiça, que fora deferido pelo Tribunal de origem. 4. Com efeito, revela-se ausente o
interesse recursal, uma vez que insubsistente o binômio necessidade-adequação da
tutela ora pleiteada. 5. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1732026/RJ, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2018, DJe
21/11/2018)

Legitimidade. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. AÇÃO COLETIVA.
REAJUSTE DE 28, 86%. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. LEGITIMIDADE AD CAUSAM
DO SINDICATO. 1. O título executivo oriundo da ação coletiva referente ao reajuste de
28,86% abrange os servidores e pensionistas incluídos na categoria representada pelo
substituto processual, assim deve-se considerar que o Sindicato possui
legitimidade ativa ad causam para substituir as pensionistas, em execução de
sentença, diante da natureza do vínculo que a pensão gera em relação ao servidor
falecido. Precedente: AgRg no REsp 1.224.482/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 15/10/2015. 2. Agravo interno não provido. (AgInt no
REsp 1737722/PE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 21/03/2019, DJe 26/03/2019)

Teoria da Asserção. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.


REQUISITOS DO ARTIGO 927 DO CPC. AUSÊNCIA DE PROVA. HIPÓTESE DE
IMPROCEDÊNCIA. CARÊNCIA DE AÇÃO. AFASTAMENTO. 1. Não tendo os autores
da ação de reintegração se desincumbido do ônus de provar a posse alegada, o
pedido deve ser julgado improcedente e o processo extinto com resolução de
mérito. 2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 930.336/MG, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe
20/02/2014)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR -
Promotor Substituto
Sobre a jurisdição e a ação, assinale a alternativa correta, de acordo com o Código de
Processo Civil:
A) De acordo com o Código de Processo Civil, é necessário ter interesse, legitimidade
e possibilidade jurídica do pedido para postular em juízo.
B) A restrição para se pleitear direito alheio em nome próprio é absoluta e não possui
exceções.
C) É cabível ação declaratória do modo de ser da relação jurídica.
D) A ação declaratória de autenticidade de documento não é admitida pelo
ordenamento jurídico.
E) Se houver afirmação de violação de um direito, não se admite a ação meramente
declaratória.
(Gabarito C)

• Ano: 2018 Banca: MPE-BA Órgão: MPE-BA Prova: MPE-BA - 2018 - MPE-BA -
Promotor de Justiça Substituto
A jurisdição é uma das funções de Estado e visa a solucionar conflitos entre sujeitos
que declaram direito a um determinado bem, podendo ser entendida também como a
atividade de um órgão julgador, singular ou plural, tendente a esse mesmo fim.
Assinale a alternativa que, em vista da normatização ínsita ao Código de Processo Civil,
não pode ser aplicada à lide.
A) Uma vez provocando o exercício da jurisdição, imediatamente estará o autor
sujeitando-se ao juiz, posto que está a dar causa à formação do processo com a
entrega da causa ao Poder Judiciário em face da inevitabilidade da jurisdição estatal.
B) São limites jurisdicionais a que se submetem os juízes questões atinentes à
competência, condições da ação e exigências procedimentais, impedindo, assim, o seu
exercício indiscriminado.
C) Poderá ser contenciosa ou voluntária, sendo exemplo caracterizador desta última o
não julgamento de pretensões antagônicas, não impondo ao julgador escolher entre
tutelar um ou outro interessado.
D) A pretexto de julgar por equidade não pode o juiz decidir por critérios
inexistentes numa norma positivada, posto que lhe compete julgar,
exclusivamente, segundo as regras previstas em lei.
E) Expondo a violação de um direito, pode o autor requerer unicamente a sua
declaração, a manifestação acerca da inexistência de uma relação jurídica, da
autenticidade ou da falsidade documental.
(Gabarito D)
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá


intervir como assistente litisconsorcial.

O caput do artigo 18 trata da Legitimidade Extraordinária (defesa de direito


alheio, em nome próprio) - “salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico” –
trazendo um texto muito mais amplo do que o CPC/73.

Conforme a doutrina: “A regra geral em termos de legitimidade, ao menos na tutela


individual, é consagrada no art. 18 do Novo CPC, ao prever que somente o titular do
alegado direito pode pleitear em nome próprio seu próprio interesse, consagrando a
legitimação ordinária, com a ressalva de que o dispositivo legal somente se refere à
legitimação ativa, mas é também aplicável para a legitimação passiva. A regra do
sistema processual, ao menos no âmbito da tutela individual, é a legitimação ordinária,
com o sujeito em nome próprio defendendo interesse próprio. Excepcionalmente
admite-se que alguém em nome próprio litigue em defesa do interesse de terceiro,
hipótese em que haverá uma legitimação extraordinária” (NEVES, 2018, p. 134).

Portanto, verifica-se no presente dispositivo a manutenção da legitimação ordinária


como regra geral, mas com ampliação das possibilidades de legitimação
extraordinária, já que ela passa a ter supedâneo no ordenamento jurídico e não mais
somente da lei (direito em sentido amplo). Possibilita-se a legitimação
extraordinária ainda que não haja disposição expressa.

Assim, observa-se que a legitimidade extraordinária tem que ser extraída do


sistema e não somente de um artigo de lei.

Já o parágrafo único traz como novidade a intervenção do substituído como


assistente litisconsorcial. Importante a análise conjunta com o art. 124 CPC:
“Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença
influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido”.

A substituição Processual é Sinônimo de Legitimação Extraordinária e, em


havendo o fenômeno, o substituído (titular do direito) pode intervir para ser assistente
litisconsorcial do substituto (litisconsorte unitário).

Assim, de forma didática, a legitimidade pode ser resumida da seguinte forma:


Convenção processual sobre legitimação. “De acordo com a nova previsão legal,
em uma primeira análise, poder-se-ia defender a legalidade da convenção processual
sobre legitimação, por exemplo“ (Dalla, 2015).

Legitimidade Extraordinária Negocial ou Negociada: possibilidade de atribuição


de legitimidade a alguém para defender direito de outrem. Não se transfere o direito,
mas uma transferência da legitimidade processual.

A transferência do direito sempre foi possível (cessão de crédito por exemplo).

Um dos pilares do CPC é o respeito ao auto-regramento da vontade, o que é mais


um indício de autorização do sistema para a legitimidade extraordinária negocial.

Dispositivos de legislação especial relacionados ao teor do art. 18 do CPC


Art. 5º, XXI e LXX, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXI
- as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; [...] LXX - o mandado de segurança
coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados.

Art. 8º, III, CF. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] III - ao
sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas.
Art. 103, I e IX, CF. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória
de constitucionalidade: [...] I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III -
a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o
Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical
ou entidade de classe de âmbito nacional.

Art. 81, CDC. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será
exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim
entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.

Art. 82, CDC. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: I -
o Ministério Público; II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; III - as
entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
código; IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam
entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código,
dispensada a autorização assemblear. § 1° O requisito da pré-constituição pode ser
dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do
bem jurídico a ser protegido.

Súmulas

Súmula 629/ STF. A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes.

Súmula 630/ STF. A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

Súmula 329/ STJ. O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em
defesa do patrimônio público.
Súmula 219-III/TST. São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente
sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego.

Súmula 286/TST. A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se


também à observância de acordo ou de convenção coletivos.

Súmula406-II/TST. O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em


cujos autos fora proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu
na ação rescisória, sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados
substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio passivo necessário.

Orientações Jurisprudenciais do TST relacionadas


OJ 121/TST-SDI-I. O sindicato tem legitimidade para atuar na qualidade de substituto
processual para pleitear diferença de adicional de insalubridade.

OJ /TST-SDI-I. A ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual,


interrompe a prescrição, ainda que tenha sido considerado parte ilegítima ad causam.

Enunciados Relevantes

Enunciado 110, FPPC. (art. 18, parágrafo único) Havendo substituição processual, e sendo
possível identificar o substituto, o juiz deve determinar a intimação deste último para,
querendo, integrar o processo. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros).

JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE NULIDADE. CONTRATO DE LOCAÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA
DA IMOBILIÁRIA. MANDATÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL. CONTRATO QUE
EXPRESSAMENTE PREVÊ A LEGITIMIDADE. REVER AS CONCLUSÕES DO
ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULAS N. 5 E 7 DO STJ. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A
relação jurídica estabelecida entre a imobiliária e o proprietário do imóvel locado é de
um contrato de prestação de serviços, no qual aquela figura como mandatária deste
para realizar e administrar a locação, nos termos do art. 653 do CC, obrigando-se a
indenizar o mandante por quaisquer prejuízos advindos de sua conduta culposa. 2. O
acórdão recorrido, mediante acurada análise do acervo probatório e do contrato
firmado pelas partes, asseverou que o instrumento entabulado pelos
contratantes expressamente previa a legitimidade ad causam da ora recorrida
para figurar no polo ativo de demandas envolvendo o bem locado. Rever tais
conclusões demandaria o reexame de provas e análise do contrato. Incidência das
Súmulas n. 5 e 7 do STJ. 3. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp 1345254/PR,
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em
03/12/2018, DJe 06/12/2018)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. ART. 123 DO CTN.


INOPONIBILIDADE À FAZENDA PÚBLICA DAS CONVENÇÕES PARTICULARES
RELATIVAS À RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE TRIBUTOS. 1. O
acórdão recorrido consignou: "Com efeito, o art. 34 do Código Tributário Nacional
estabelece que o contribuinte do IPTU é o proprietário do imóvel, o titular do domínio
útil, ou seu possuidor a qualquer título. Sendo certo que este último volta-se apenas
para as situações em que há posse ad usucapionem e não para o não para o caso de
posse indireta exercida pelo locatário. Nem mesmo o contrato de locação, no qual é
atribuída ao locatário a responsabilidade pela quitação dos tributos inerentes ao imóvel,
tem o condão de alterar o sujeito passivo da obrigação tributária, consoante dispõe o
art. 123 do CTN. Nesse sentido: REsp 757.897/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 06/03/2006, p. 220) Assim,
a cláusula constante do contrato de locação que imputa ao locatário a responsabilidade
pelo pagamento do IPTU não tem o condão de se opor ao Poder Público". 2. O Tribunal
a quo está em consonância com o entendimento do STJ no sentido de que por força
do art. 123 do CTN, salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares,
relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à
Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações
tributárias correspondentes. 3. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1736428/RS,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2018, DJe
21/11/2018)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: PGE-SC Prova: FEPESE - 2018 - PGE-SC -
Procurador do Estado
Em uma ação de conhecimento pelo procedimento ordinário, é apontada como ré a
“Secretaria de Saúde do Estado de Santa Catarina”. Nessa hipótese:
A) Não há qualquer defeito processual a ser considerado.
B) Falta legitimidade passiva, razão pela qual é cabível a extinção do feito sem
julgamento do mérito.
C) Falta capacidade postulatória e, por esse motivo, deve ser dado prazo para a
solução do defeito processual.
D) Falta capacidade de ser parte, razão pela qual está ausente pressuposto de
constituição do processo.
E) É mera possibilidade de nulidade relativa do feito e, por esse motivo, não necessita
de qualquer providência imediata.
(Gabarito D)

• Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: Prefeitura de Matinhos - PR Prova: NC-UFPR -


2019 - Prefeitura de Matinhos - PR - Advogado
Quanto aos dispositivos do Código de Processo Civil sobre jurisdição e ação, assinale
a alternativa correta.
A) O Código de Processo Civil não mais exige que o postulante em juízo tenha interesse
e legitimidade. (Art. 17 CPC)
B) Em regra, ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio. (Art. 18 CPC)
C) É inadmissível a ação meramente declaratória quando haja ocorrido a violação de
direito. (Art. 20 CPC)
D) Não se admite que o substituído, no caso de substituição processual, intervenha
como assistente litisconsorcial. (Art. 18, parágrafo único, CPC)
E) Não é possível que o interesse do autor limite-se à declaração da autenticidade ou
da falsidade de documento. (Art. 19, II, CPC)
(Gabarito B)

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

A mudança, em relação ao CPC/73, está no inciso I, que torna explícita a


possibilidade de a ação declaratória versar sobre o modo de ser de uma relação
jurídica.

Não se limita, pois, a possibilidade de ação declaratória apenas quanto à existência


ou inexistência de uma relação jurídica, inclusive, tema sumulado pelo STJ (Súmula
181).

Observa-se que, com o teor do presente dispositivo, a propositura de ação


meramente declaratória entregará ao autor uma decisão com eficácia declaratória,
tendo em vista que o juiz está adstrito ao pedido formulado. Entretanto, o interesse
jurídico, meramente, declaratório da pretensão, não afasta a necessidade de
comprovar as alegações.

Nesses termos, “O art. 19 do novo CPC, tal qual o art. 4º do CPC atual, refere-se a
interesse do autor, o que é correto na compreensão de representar necessidade e
utilidade (alguns ainda se referem à adequação) da e na intervenção do Estado-juiz
para solucionar lesão ou ameaça a direito. Graças à subtração da ‘possibilidade
jurídica do pedido’ (v.art. 17), não há mais espaço para duvidar de que a temática
merece ser enfrentada na perspectiva do interesse de agir do autor; e não sobre os
pedidos voltados àquelas situações serem possíveis ou impossíveis juridicamente.
Afirmar existente ou inexistente que se quer declarar como tal ou, ainda, autêntico ou
falso um documento é questão relativa ao mérito cujo enfrentamento pressupõe, como
no CPC atual, a existência do interesse de agir” (SCARPINELLA BUENO, 2015, p.
57).
Além disso, “as ações meramente declaratórias são ações dúplices. Assim, durante
certo tempo, discutiu-se a possibilidade de reconvenção em tais ações. O STF editou
o enunciado n. 258 da súmula da sua jurisprudência, em que admite reconvenção em
ação declaratória [...] Esse enunciado deve ser compreendido da seguinte forma: o
réu não pode reconvir para pedir a negação do pedido do autor (inexistência ou
existência da relação jurídica discutida), em razão de falta de interesse, mas pode
reconvir para formular outro tipo de pretensão” (DIDIER, 2013, p.560).

Súmulas

Súmula 258/STF. É admissível reconvenção em ação declaratória.

Súmula 150/STJ. Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico
que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.

Súmula 181/STJ. É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto a exata
interpretação de cláusula contratual.”

Súmula 242/STJ. Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários.

Súmula 82/TST. A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se


demonstrado o interesse jurídico e não o meramente econômico.

Orientações Jurisprudenciais do TST relacionadas


OJ 188/TST-SDI-I. Falta interesse de agir para a ação individual, singular ou plúrima, quando
o direito já foi reconhecido através de decisão normativa, cabendo, no caso, ação de
cumprimento.

JURISPRUDÊNCIA
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DA SÚMULA
7/STJ. DESNECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO
PROBATÓRIO. EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA DECLARATÓRIA.
PRECEDENTES DO STJ. ICMS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ART. 166 DO CTN.
INOVAÇÃO RECURSAL. AGRAVO INTERNO CONHECIDO, EM PARTE, E, NESSA
EXTENSÃO, IMPROVIDO. I. Agravo interno aviado contra decisão que julgara recurso
interposto contra decisum publicado na vigência do CPC/2015. II. Noticiam os autos
que WMS Supermercados do Brasil Ltda ajuizou ação, com pedido de concessão de
tutela de urgência, contra o Distrito Federal, em que cumula pedidos de declaração de
inexistência de relação jurídico-tributária que obrigue a recolher ICMS nas operações
interestaduais com mercadorias ou bens realizadas de forma não presencial e de
condenação à repetição do indébito dos valores pagos indevidamente, a esse título. A
sentença confirmou a antecipação de tutela anteriormente deferida e julgou
"procedente o pedido para condenar o réu a se abster de exigir o recolhimento do ICMS
nos moldes estabelecidos no Protocolo ICMS 21/2001, regulamentado pelo Decreto
Distrital 32.933/2011". III. Na origem, trata-se de Agravo de Instrumento, interposto pelo
Distrito Federal, contra decisão mediante a qual o Juízo singular rejeitara impugnação
ao cumprimento de sentença, assentando que, "muito embora não conste
expressamente do dispositivo da sentença determinação de ressarcir os valores
recolhidos indevidamente, da forma como quer o executado, isso é consequência lógica
da ilegalidade da cobrança do tributo nela declarada e mantida pelo e. TJDFT". O
Tribunal de Justiça do Distrito Federal, dando provimento ao Agravo de Instrumento,
reformou a decisão, para afastar a repetição do indébito, relativamente a fatos
geradores ocorridos anteriormente ao deferimento da tutela de urgência. Nas razões
do Recurso Especial, o contribuinte aponta violação aos arts. 502 e 503 do CPC/2015,
alegando, em suma, que (i) a repetição do indébito estava abrangida pelo título, uma
vez que, "para aferir a extensão do comando do dispositivo da sentença, deve ser
considerado tanto o pedido quanto a causa de pedir, pois estes são os elementos que
delimitam o alcance do dispositivo da sentença, ou seja, da coisa julgada material"; e
(ii) ainda que assim não fosse, o direito à repetição decorre do efeito declaratório da
sentença. Mediante decisão monocrática, o Agravo em Recurso Especial foi conhecido,
para dar provimento ao Recurso Especial do contribuinte, restabelecendo a decisão do
Juízo singular, daí a interposição do presente Agravo interno, pelo Distrito Federal. IV.
Consoante a jurisprudência do STJ, "tem eficácia executiva a sentença
declaratória que traz definição integral da norma jurídica individualizada. Não há
razão alguma, lógica ou jurídica, para submetê-la, antes da execução, a um
segundo juízo de certificação, até porque a nova sentença não poderia chegar a
resultado diferente do da anterior, sob pena de comprometimento da garantia da
coisa julgada, assegurada constitucionalmente. E instaurar um processo de
cognição sem oferecer às partes e ao juiz outra alternativa de resultado que não
um, já prefixado, representaria atividade meramente burocrática e desnecessária,
que poderia receber qualquer outro qualificativo, menos o de jurisdicional" (STJ,
EREsp 609.266/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ
de 11/09/2006). Em igual sentido: STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1.462.896/RS, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 22/10/2015;
REsp 1.300.213/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,
DJe de 18/04/2012. V. No caso dos autos, conforme assentado no acórdão recorrido,
o Distrito Federal foi condenado a abster-se "de exigir o recolhimento do ICMS nos
moldes estabelecidos no Protocolo ICMS 21/2001, regulamentado pelo Decreto Distrital
32.933/2011". Desse modo, ressai evidente que o título judicial tem eficácia executiva,
de modo a autorizar a repetição de eventual indébito, relativo à relação jurídica
declarada inexistente, mesmo porque o pedido inicial versava também sobre a
repetição de indébito, tendo a sentença julgado a ação procedente, na íntegra, tal como
transcrito no acórdão recorrido, que permitiu, em execução, apenas a repetição dos
valores de ICMS recolhidos após o deferimento da tutela de urgência. VI. É certo que,
em se tratando de tributo indireto, como o ICMS, a repetição do indébito fica sujeita à
prova de assunção do encargo financeiro do tributo ou à prévia autorização por parte
de quem o tenha suportado. Não quer isto dizer, porém, que o título judicial declaratório
não tenha carga executiva. Em casos tais, não sendo possível, de plano, a
comprovação do preenchimento dos requisitos do art. 166 do CTN, deve o contribuinte
fazê-lo em sede de liquidação pelo procedimento comum, nos termos do art. 511 do
CPC/2015. No entanto, no caso concreto, a parte agravante não agitou a questão, no
Agravo de Instrumento, de modo que se trata de inovação recursal, de que não se pode
conhecer. VII. Agravo interno conhecido, em parte, e, nessa extensão, improvido. (AgInt
no AgInt no AREsp 1515296/DF, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 01/03/2021, DJe 08/03/2021).

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA DE SENTENÇA ARBITRAL. 1.


ALEGAÇÃO DE JULGAMENTO EXTRA PETITA, SOB O ARGUMENTO DE QUE A
POSTULAÇÃO FOI MERAMENTE DECLARATÓRIA E A SENTENÇA TEVE
CONTEÚDO CONDENATÓRIO. IMPROCEDÊNCIA. 2. SENTENÇA ARBITRAL QUE,
AO ANALISAR A MATÉRIA, OBJETO DO CONFLITO QUE LHE FOI SUBMETIDO,
RECONHECEU A RESPONSABILIDADE PELA RESCISÃO CONTRATUAL E O
DEVER DE RESTITUIR VALOR TRANSFERIDO, COMO CONSEQUÊNCIA
INERENTE DE SEU PROVIMENTO JURISDICIONAL. VERIFICAÇÃO. 3. EXECUÇÃO
PROMOVIDA PELA PARTE ADVERSA COM BASE NO CONTRATO ESTABELECIDO
ENTRE AS PARTES, CUJA HIGIDEZ FOI RECONHECIDA POR DECISÃO
TRANSITADA EM JULGADO, E NÃO NA SENTENÇA ARBITRAL EM ANÁLISE.
VERIFICAÇÃO. 4. TESE DE INFRINGÊNCIA DO ART. 31 DA LEI DE ARBITRAGEM.
INSUBSISTÊNCIA. EXECUTIBILIDADE DA SENTENÇA ARBITRAL, DE ACORDO
COM O CONTEÚDO ESTABELECIDO NO ART. 475-N, I, DO CPC/1973 (ART. 515
DO CPC/2015). 5. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1. A controvérsia posta no
presente recurso especial centra-se em saber se a sentença arbitral, objeto da
subjacente ação anulatória, teria incorrido em julgamento extra petita, revelando-
se nula de pleno direito, nos termos do art. 32, IV, da Lei de Arbitragem, sob a
alegação de que teria exarado provimento condenatório, a despeito de ser a
postulação submetida ao Tribunal arbitral meramente declaratória. A esse
propósito, sob o particular enfoque trazido pelos recorrentes, discute-se, ainda,
sobre a exequibilidade da sentença arbitral declaratória. 2. De modo bem
específico, discutiu-se no bojo do procedimento arbitral instaurado pelas partes
litigantes, basicamente, se os recorrentes deveriam ou não restituir à recorrida o valor
correspondente à parcela de 70% da Taxa de Exclusividade que lhe foi transferida,
como consectário da culpa pela rescisão do contrato. 2.1 Considerando-se que o objeto
do procedimento arbitral instaurado entre as partes consistiu em definir a culpa pela
rescisão do contrato estabelecido entre as partes, com a correlata responsabilização e
consectários daí advindos, ressai irrefreável a conclusão de que, em tal objeto, está
abrangido o reconhecimento do dever de restituir, ou não, a importância relativa à Taxa
de Exclusividade transferida à parte ora recorrente, a evidenciar a insubsistência da
alegação de julgamento extra petita. 3. Afigura-se absolutamente possível a imediata
promoção da ação de execução de contrato que possua cláusula compromissória
arbitral perante o Juízo estatal (única jurisdição, aliás, dotada de coercibilidade,
passível de incursionar no patrimônio alheio), não se exigindo, para esse propósito, a
existência de prévia sentença arbitral. Afinal, se tal contrato, por si, já possui os
atributos de executibilidade exigidos pela lei de regência, de todo despiciendo a
prolação de anterior sentença arbitral para lhe conferir executividade. Precedentes. 3.1
Não existe, no caso, nenhuma finalidade prática aferir a exequibilidade da sentença
arbitral em comento, a qual não constitui propriamente o título executivo que lastreia a
execução promovida pela parte adversa. 4 Sobressai evidente o propósito legislativo
de a tudo equiparar, mormente em relação aos efeitos, a sentença arbitral à sentença
judicial, o que decorre, naturalmente, do reconhecimento de que a atividade
desenvolvida no âmbito da arbitragem possui a natureza jurisdicional. Nessa medida,
o atributo da executibilidade conferido a determinado tipo de sentença judicial também
deverá estar presente, necessariamente, na sentença arbitral com idêntico conteúdo.
4.1 O inciso I do art. 475-N, I, do CPC/1973 (com teor semelhante ao do atual art. 515,
I, do CPC/2015) explicita o caráter de executibilidade da decisão que reconhece, de
forma categórica e determinante, a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar
coisa ou pagar quantia, ainda que não qualificada propriamente como condenatória.
4.2 Mostra-se adequada a compreensão que reconhece a coexistência dos arts. 31 da
Lei de Arbitragem com o art. 475-N, incisos I e IV, do CPC/1973 (atual art. 515, I e IV),
tendo este último explicitado o conteúdo do primeiro, para assentar, portanto, o caráter
de título executivo da sentença arbitral ? notadamente aquele, tal como se dá na
hipótese, que reconhece, de forma categórica e determinante, a obrigação de restituir
quantia certa (correspondente à denominada Taxa de Exclusividade) -, a equipará-la,
em todos os efeitos, à sentença judicial. 5. Recurso especial improvido. (REsp
1735538/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 06/10/2020, DJe 14/10/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: CONSULTEC Órgão: Prefeitura de Ilhéus - BA Prova: CONSULTEC
- 2016 - Prefeitura de Ilhéus - BA - Procurador
Com base no Art. 19, do novo Código de Processo Civil (CPC), o interesse do autor
pode limitar-se à declaração
A) apenas do interesse.
B) apenas de uma relação jurídica.
C) da existência, da inexistência de uma relação jurídica.
D) da autenticidade e falsidade de documento. (Art. 19, II, CPC)
E) da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica.
(Gabarito E)

• Ano: 2018 Banca: UEM Órgão: UEM Prova: UEM - 2018 - UEM - Advogado
São elementos da ação:
A) possibilidade jurídica do pedido, legitimidade ad causam e interesse processual.
B) legitimidade ad causam e interesse processual.
C) partes, causa de pedir e pedido.
D) partes, causa de pedir e interesse processual.
E) partes, legitimidade ad causam e causa de pedir.
(Gabarito C)

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha


ocorrido a violação do direito.

O Art. 20 do CPC apenas reproduz, na íntegra, a redação do parágrafo único do


art. 4º do CPC/73.

O ordenamento jurídico assegura à parte o direito de obter a declaração de


inexistência de relação jurídica, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
Importante ressaltar que a ação meramente declaratória se sujeita ao preenchimento
das condições da ação, dentre as quais merece destaque o interesse de agir,
consubstanciado, segundo a melhor doutrina, na presença do binômio
necessidade/utilidade da prestação jurisdicional.

Entretanto, a doutrina tece críticas ao teor do presente dispositivo, pois “O tema,


em rigor, é polêmico na perspectiva histórica e despreocupado com a necessária e
indispensável revisitação dos institutos fundamentais do direito processual civil à luz
do ‘modelo constitucional do direito processual civil’: diante do art. 5º, XXXV, da CF é
inimaginável que a lei pudesse querer excluir lesão ou ameaça da apreciação
jurisdicional, mesmo na hipótese pressuposta pelo dispositivo em questão. De
qualquer sorte, preso à tradição e predisposto a evitar discussões que certamente
aflorariam no silencio, o art. 2 justifica-se" (SCARPINELLA BUENO, 2021, p. 148).

Assim, acredita-se que o art. 20, nada mais é o preenchimento do vão deixado pela
supressão da ação declaratória incidental, pela Câmara dos Deputados, durante o
processo legislativo (SCARPINELLA BUENO, 2015, p. 57-58).

Súmulas
Súmula 258/STF. É admissível reconvenção em ação declaratória.

Enunciados Relevantes

Enunciado 111, FPPC. (arts. 19, 329, II, 503, §1º) Persiste o interesse no ajuizamento de ação
declaratória quanto à questão prejudicial incidental. (Grupo: Coisa Julgada, Ação Rescisória
e Sentença).

JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PEDIDO DE NATUREZA DECLARATÓRIA.
AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO. ART. 20, § 4º, DO CPC/73. 1. Nas causas sem
condenação, em que se deduziu pretensão de natureza meramente declaratória,
os honorários advocatícios devem ser arbitrados de forma equitativa pelo juiz,
nos termos do § 4º do artigo 20 do CPC. Precedentes. 2. Agravo interno a que se
nega provimento. (AgInt no AREsp 824.428/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 25/09/2018, DJe 05/10/2018)
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO
OCORRÊNCIA. AÇÃO MERAMENTE DECLARATÓRIA. NÃO SUBMISSÃO A PRAZO
PRESCRICIONAL. SÚMULA 83/STJ. IRRESIGNAÇÃO QUANTO À CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. QUESTÃO NÃO ARGUIDA NAS
CONTRARRAZÕES DO APELO ESPECIAL. PRECLUSÃO. HONORÁRIOS
RECURSAIS. NECESSIDADE DE PRÉVIA FIXAÇÃO DA VERBA NA ORIGEM.
AGRAVO DESPROVIDO. 1. Apesar de rejeitados os embargos de declaração, a
matéria em exame foi suficientemente enfrentada pela segunda instância, que sobre
ela emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que em sentido contrário à
pretensão do recorrente. 2. A única pretensão da parte é a declaração de nulidade
do contrato de sociedade por conta de participação, caracterizando-se, portanto,
como ação puramente declaratória, a qual, nos termos da jurisprudência desta
Corte Superior, não se submete a prazo prescricional. 3. A irresignação quanto à
concessão do benefício da gratuidade de justiça deveria ter sido trazida por ocasião da
abertura do prazo para apresentar contrarrazões ao recurso especial, ônus do qual a
parte não se desincumbiu, incidindo, portanto, a preclusão. 4. Não ensejam o
arbitramento de honorários recursais de sucumbência os casos em que o acórdão
recorrido foi proferido em julgamento de agravo de instrumento, sem a prévia fixação
da verba honorária. 5. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp 1556722/MG, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/03/2020,
DJe 13/03/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: SEFAZ-SC Prova: FCC - 2018 - SEFAZ-SC - Auditor-
Fiscal da Receita Estadual - Gestão Tributária (Prova 3)
A ação meramente declaratória
A) não é admissível, pela falta de conteúdo condenatório na sentença a ser proferida.
B) é admissível, salvo se houver ocorrido a violação do direito.
C) não é admissível, pela falta de conteúdo mandamental na sentença a ser proferida.
D) é admissível, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
E) poderá ou não ser admissível, se a sentença a ser proferida não possuir efeitos
patrimoniais nem definir a existência ou a inexistência de uma relação jurídica.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: UEM Órgão: UEM Prova: UEM - 2018 - UEM - Advogado
Pode-se afirmar que são condições da ação pelo Código de Processo Civil de 2015:
A) partes, legitimidade ad causam e interesse processual.
B) partes, pedido de legitimidade ad causam.
C) possibilidade jurídica do pedido, legitimidade ad causam e interesse processual.
D) legitimidade ad causam e interesse processual.
E) possibilidade jurídica do pedido, legitimidade ad causam e pedido.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC -
2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Procurador Legislativo
Em relação à função jurisdicional, é correto afirmar:
A) Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, em nenhuma hipótese.
B) A possibilidade jurídica da ação é uma das condições preliminares a serem
observadas no atual CPC por ocasião da prestação jurisdicional, até mesmo de ofício.
C) É admissível a ação meramente declaratória, salvo se houver ocorrido a violação do
direito.
D) A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil.
E) Compete à autoridade judiciária brasileira, em qualquer hipótese, o processamento
e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro
em contrato internacional, por sua ineficácia.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Sorocaba - SP Prova: VUNESP -


2018 - Prefeitura de Sorocaba - SP - Procurador do Município
De acordo com o entendimento da doutrina majoritária, a inexistência de capacidade
postulatória representa a ausência de um pressuposto processual
A) objetivo, de validade.
B) subjetivo, de validade.
C) objetivo, de existência
D) subjetivo, de existência.
E) objetivo, de desenvolvimento
(Gabarito B)

TÍTULO II

DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO


INTERNACIONAL

CAPÍTULO I

DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL

Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as


ações em que:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no


Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.


Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência,
filial ou sucursal.

Levando-se em conta que a jurisdição é, em resumo, o poder do Estado de aplicar


o direito ao caso concreto, solucionando o conflito de forma definitiva e alcançando a
pacificação social, o presente e, segundo o entendimento doutrinário “Em que pese
teoricamente ilimitada e universal a autoridade do Estado, a convivência mútua de
poderes similares conduziu a limitações recíprocas na atividade jurisdicional,
emanadas do direito internacional público comum e do direito internacional público
convencional” (ARAKEN DE ASSIS, 2015, 408), o presente dispositivo enuncia
limites práticos da jurisdição nacional.

Tais limites são regidos seguintes princípios:

Efetividade da A jurisdição nacional pressupõe que os litígios sejam


jurisdição brasileira juridicamente relevantes ao Estado e, que poderão ser,
efetivamente, cumpridos.
Submissão à Faz parte da jurisdição brasileira a demanda cuja decisão produza
jurisdição brasileira efeitos no território nacional ou reconhecida por Estado
estrangeiro. Pressupõe o princípio da efetividade.
Amplo acesso Trata-se de direito fundamental do acesso à justiça e, como bem
exposto “a jurisdição brasileira concorrente (arts. 21 e 22 do
NCPC) somente comportará exclusão, em casos concretos,
inexistindo o risco de denegação de Justiça” (ARAKEN DE ASSIS,
2015, p. 411) .
Inconveniência Não há unanimidade quanta a sua admissão no ordenamento
(forum non jurídico pátrio, mas trata de faculdade conferida ao autor de
conveniens) escolher o foro que lhe é mais favorável, nos casos de jurisdição
concorrente.

Os arts. 21 e 22 desse CPC tratam de uma das espécies de limitação à jurisdição


(subdivididas em concorrente e exclusiva, esta última melhor pontuada junto ao art.
23), qual seja a Jurisdição Internacional Concorrente, na qual tanto a jurisdição
internacional quanto a nacional poderão solucionar o conflito (juiz brasileiro e juiz
estrangeiro podem, em tese, julgar) e, definida a jurisdição internacional, a decisão
estrangeira poderá surtir efeitos no Brasil, desde que homologada pelo STJ.
Legislação Complementar relacionada ao teor do art. 21
Art. 70, CC. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.

Art. 71, CC. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente,
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

Art. 72, CC. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem.

Art. 73, CC. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o
lugar onde for encontrada.

Art. 74, CC. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o
mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às
municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da
própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

Art. 75, CC. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos
Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a
administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto
ou atos constitutivos. § 1º. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2º. Se a
administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

Art. 76, CC. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o
preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do
servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o
lugar em que cumprir a sentença.

Art. 77, CC. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado
no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Art. 78, CC. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

Art. 12. LINDB. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1º. Só à autoridade judiciária brasileira
compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2º. A autoridade
judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei
brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei
desta, quanto ao objeto das diligências.

JURISPRUDÊNCIA
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. COMPETÊNCIA CONCORRENTE
ENTRE A JUSTIÇA BRASILEIRA E A AMERICANA. TRÂNSITO EM JULGADO.
CARIMBO DE ARQUIVAMENTO "FILED". DISPOSIÇÃO SOBRE IMÓVEL SITUADO
NO BRASIL. AQUISIÇÃO ANTERIOR AO CASAMENTO CELEBRADO SOB O
REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. POSSIBILIDADE. ATENDIMENTO
DOS REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO. DEFERIMENTO. I - A hipótese versada
nos autos se insere no rol de competência concorrente da justiça brasileira
previsto no art. 21 do CPC/2015. II - O trânsito em julgado pode ser comprovado
com o carimbo "filed", no título judicial estrangeiro. (SEC 8.883/EX, Rel. Ministro
Raul Araújo, Corte Especial, DJe 11/9/2015; SEC 11.060/EX, Rel. Ministro Og
Fernandes, Corte Especial, DJe 25/5/2015. III - É válida a partilha de bens realizada
no estrangeiro quando o bem imóvel situado no Brasil for adquirido em data anterior ao
casamento e o regime de bens estipulado pelas partes seja o da comunhão parcial de
bens. (SEC 15.639/EX, Rel. Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado em
4/10/2017, DJe 9/10/2017). IV - Homologação de sentença estrangeira deferida. (SEC
14.822/EX, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em
05/09/2018, DJe 13/09/2018)

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. NATUREZA CONSTITUTIVA.


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE. NÃO
INCIDÊNCIA DO ART. 6º DA LEI 11.101/2005. PRESSUPOSTOS FORMAIS
PREENCHIDOS. HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA. 1. A sentença arbitral estrangeira,
proferida pela autoridade competente, transitou em julgado, está autenticada pelo
cônsul brasileiro e traduzida por tradutor juramentado no Brasil. A convenção de
arbitragem também conta com a chancela consular e está devidamente traduzida.
Ademais, a sentença arbitral estrangeira não ofende a soberania nacional, a dignidade
da pessoa humana e/ou a ordem pública. Pressupostos formais preenchidos. 2. O
processo de homologação de sentença estrangeira tem natureza constitutiva,
destinando-se a viabilizar a eficácia jurídica de provimento jurisdicional alienígena no
território nacional, de modo que tal decisão possa vir a ser aqui executada. É, portanto,
um pressuposto lógico da execução da decisão estrangeira, não se confundindo, por
óbvio, com o próprio feito executivo, o qual será instalado posteriormente - se for o caso
-, e em conformidade com a legislação pátria, na hipótese aplicando-se a Lei n.
11.101/2005, tendo em vista que a requerida se encontra em recuperação judicial. 3.
Por conseguinte, não há falar na incidência do art. 6º, § 4º, da Lei de Quebras como
óbice à homologação da sentença arbitral, uma vez que se está em fase antecedente
à execução, apenas emprestando eficácia jurídica ao provimento homologando. 4.
Homologação da sentença arbitral estrangeira deferida. (SEC 14.408/EX, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/06/2017, DJe
31/08/2017)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: Instituto Consulplan Órgão: Prefeitura de Suzano - SP Prova:
Instituto Consulplan - 2019 - Prefeitura de Suzano - SP - Procurador Jurídico
Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que,
EXCETO:
A) No Brasil tiver de ser cumprida a obrigação.
B) O fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
C) O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil.
D) Da ação, ainda quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
CPC, Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro
em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: IDHTEC Órgão: CRQ - 19ª Região (PB) Prova: IDHTEC - 2018 -
CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado
Acerca das regras de Competência, assinale a alternativa incorreta.
A) A incompetência absoluta deverá ser alegada como questão preliminar de
contestação.
B) A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição
e deve ser declarada de ofício.
C) A incompetência relativa deverá ser alegada incidentalmente, através de exceção
de incompetência, por instrumento apartado à contestação.
D) Estará precluso o direito do réu de alegar a abusividade de cláusula de eleição de
foro se, citado, deixar de arguí-la na contestação.
E) Os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente deverão ser conservados
até que outra seja proferida pelo juízo competente, se for o caso, salvo decisão judicial
em sentido contrário.
(Gabarito C)

Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e


julgar as ações:

I - de alimentos, quando:

a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;

b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de


bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver
domicílio ou residência no Brasil;

III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição


nacional.

O artigo somente aprimora a disciplina referente à jurisdição nacional, criando, em


verdade, uma ampliação das hipóteses do art. 21, ou seja, novas hipóteses de
jurisdição concorrente.

Alimentos. Com relação aos alimentos, o legislador estabelece a competência da


justiça brasileira para processar e julgar tais ações quando o credor for residente ou
domiciliado no Brasil ou ainda quando o réu mantiver vínculos no Brasil.

Em ambas as hipóteses a competência é da Justiça Estadual, sendo aplicável o


art. 26 da Lei de Alimentos (Lei 5.478/68) apenas aos casos em que o devedor esteja
domiciliado no Brasil.

No caso em que o devedor reside no exterior e não há bens passíveis de constrição


no Brasil, a execução da sentença proferida no Brasil será executada no exterior,
conforme os ditames previstos na Convenção de Nova Iorque (Decreto 10/58 e
Decreto 58.826/65). Se ambos forem domiciliados no exterior (devedor e credor) mas
existir bens no Brasil (alínea “b”), a execução pode ocorrer no Brasil (Marinoni et.al, p.
203).

Relação de consumo internacional. Nas ações que envolvem relação de


consumo, o legislador estabeleceu que a competência é da justiça brasileira
considerando a leis de proteção e a hipossuficiência do consumidor. Tal dispositivo é
de extrema importância considerando a globalização e facilidade de aquisição de bens
de consumo estrangeiro.

Eleição de foro. O dispositivo elencado no inciso III reconhece a jurisdição da


autoridade brasileira quando as partes pactuarem, tácita ou expressamente, a
jurisdição nacional como competente para julgar controvérsias originárias no exterior.

Scarpinella Bueno (p. 219) faz uma ressalva quanto à previsão do inciso com
relação a boa-fé das partes em pactuar a cláusula de eleição de foro optando pela
justiça brasileira em detrimento de outros juízos competentes: ‘Trata-se de verdadeira
cláusula de eleição de foro com opção pelo Judiciário nacional, hipótese em que será
necessário discernir até que ponto o ajuste entre as partes – mesmo que celebrado
sob as vestes de “negócio processual” (art. 190) – pode querer definir o juízo
competente, levando em conta, inclusive, o Judiciário brasileiro. É correto, por isso
mesmo, entender que a liberdade contratual prevista no dispositivo encontra óbice no
art. 23 e que seu questionamento pode se dar, inclusive de ofício pelo magistrado,
nos moldes dos § § 3º e 4º do art. 63.’

Legislação Complementar relacionada ao teor do art. 22


Art. 227, CF. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 1.694, CC. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º. Os alimentos devem ser
fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. §
2º. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.

Art. 1.695, CC. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes,
nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

Art. 1.696, CC. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo
a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de
outros.

Art. 1.697, CC. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

Art. 1.698, CC. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições
de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas
a integrar a lide.
Art. 1.699, CC. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem
os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.

Art. 1.700, CC. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na
forma do art. 1.694.

Art. 1.701, CC. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-
lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação,
quando menor. Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a
forma do cumprimento da prestação.

Art. 1.702, CC. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido
de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios
estabelecidos no art. 1.694.

Art. 1.703, CC. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente
contribuirão na proporção de seus recursos.

Art. 1.704, CC. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos,
será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido
declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado
culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem
aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor
indispensável à sobrevivência.

Art. 1.705, CC. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor,
sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe
em segredo de justiça.

Art. 1.706, CC. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual.

Art. 1.707, CC. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos,
sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.

Art. 1.708, CC. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever
de prestar alimentos. Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a
alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.

Art. 1.709, CC. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante
da sentença de divórcio.

Art. 1.710, CC. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo
índice oficial regularmente estabelecido.
Art. 101, CDC. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor.

Dispositivos do CPC relacionados ao teor do art. 22


Art. 53, II. É competente o foro: [...] III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for
ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa
jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou
associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação
em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre
direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a
ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício.

Art. 528, § 7º. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação


alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do
exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito,
provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. [...] § 7º. O débito alimentar que
autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores
ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.

Súmulas

Súmula 1/STJ. O foro do domicílio ou da residência do alimentando e o competente para a


ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.

Súmula 144/STJ. Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados


os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa.

Súmula 309/STJ. O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem
no curso do processo.

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS.
DETERMINAÇÃO DE EMENDA À PETIÇÃO INICIAL. CONTRATO ASSINADO NO
EXTERIOR. RELAÇÃO DE CONSUMO. INEXISTÊNCIA DE CLÁUSULA DE
ELEIÇÃO DE FORO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA BRASILIEIRA. APLICAÇÃO DO
ARTIGO 22, INCISO II, DO CPC. DECISÃO REFORMADA. 1. Nos termos do art. 22,
inc. II, do Código de Processo Civil, compete à autoridade judiciária brasileira processar
e julgar as ações decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver
domicílio ou residência no Brasil. 2. Na espécie, considerando que a relação jurídica
tratada entre as partes é de consumo e que o agravante reside e tem domicílio local,
ainda que a parte agravada seja empresa estrangeira e que a relação jurídica tenha
sido travada em território internacional, não existe óbice ao processamento e
julgamento da ação no Brasil, pois, ao que tudo indica, não foi realizado contrato que
contenha cláusula de eleição de foro estrangeiro. 3. Agravo de Instrumento conhecido
e provido. Unânime. (TJ-DF 07148667320188070000 DF 0714866-73.2018.8.07.0000,
Relator: FÁTIMA RAFAEL, Data de Julgamento: 04/10/2018, 3ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 11/10/2018 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

UNIÃO ESTÁVEL. CASAL ESTRANGEIRO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA


BRASILEIRA PARA O JULGAMENTO DA AÇÃO. AQUISIÇÃO DE BENS NO
BRASIL DURANTE A RELAÇÃO. É competente a autoridade judiciária brasileira para
julgar ação de união estável, quando houver pedido de partilha de bens situados no
Brasil, comprovadamente adquiridos na constância da relação, assim como o pedido
de alimentos, pois o réu é proprietário de bens no país. Inteligência dos arts. 22 e 23,
inc. III, do NCPC e art. 12, § 1º, da LICC. Recurso desprovido. (Agravo de Instrumento
Nº 70079491965, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 27/03/2019). (TJ-RS - AI:
70079491965 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de
Julgamento: 27/03/2019, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 29/03/2019)

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: MPE-RS Órgão: MPE-RS Prova: MPE-RS - 2016 - MPE-RS -
Promotor de Justiça - Prova Anulada
Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações sobre o tema
dos limites da jurisdição nacional, segundo o disposto no Código do Processo Civil.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu,
qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil ou no exterior. (Art.
21, I, CPC)
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações decorrentes
de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil.
(Art. 22, II, CPC)
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra, em
matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao
inventário e à partilha de bens situados no Brasil, desde que o autor da herança não
seja de nacionalidade estrangeira ou não tenha domicílio fora do território nacional. (Art.
23, II, CPC)
( ) A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil. (Art. 24, I, CPC)
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – V – F.
B) F – V – F – V.
C) V – V – F – F.
D) F – F – V – V.
E) V – F – V – F.
(Gabarito B)

• Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: Câmara Municipal de Aracruz - ES Prova: IDECAN
- 2016 - Câmara de Aracruz - ES - Procurador Legislativo
De acordo com o Novo Código de Processo Civil, compete à autoridade judiciária
brasileira, com exclusão de qualquer outra:
A) Processar e julgar as ações em que o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,
estiver domiciliado no Brasil. (Art. 21, I, CPC)
B) Processar e julgar as ações decorrentes de relações de consumo, quando o
consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil. (Art. 22, II, CPC)
C) Julgar as ações de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
ou o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens,
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos. (Art. 22, II, CPC)
D) Em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
(Art. 23 CPC)
(Gabarito D)

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de


qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de


testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,


proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.

Do teor do art. 23, percebe-se que não estamos diante de limites à jurisdição
brasileira, mas sim da sua exclusividade da jurisdição (Jurisdição Nacional
Exclusiva), ou seja, o conflito só admitirá julgamento no território nacional, tornando
ineficaz qualquer pronunciamento de autoridade estrangeira.
Hipóteses de Competência Nacional Exclusiva. Nestes casos, se alguma
demanda referente aos temas elencados vier a ser julgada no exterior, efeito algum
produzirá em território nacional (art. 964 do CPC), diferente do que ocorre na
competência concorrente.

No art. 23 conseguimos observar novas disposições relativas, por exemplo, à


inclusão da confirmação de testamento particular como uma das hipóteses
alcançadas pela jurisdição nacional.

Temos ainda a inclusão de mais uma situação de competência exclusiva da


autoridade judiciária brasileira, qual seja, a partilha de bens situados no Brasil também
em caso de divórcio, separação judicial e dissolução de união estável.

A ação para pôr fim ao casamento ou à sociedade conjugal pode ser proposta de
julgada em outro país, mas a partilha dos bens competirá à jurisdição brasileira, ainda
que o titular dos bens seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.

A cláusula de eleição de foro em contrato internacional que eleja foro diverso da


justiça brasileira não será reconhecida com relação ao objeto do artigo em comento
por se tratar de competência absoluta.

Legislação Complementar relacionada ao teor do art. 23


Art. 7º, LINDB. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1º. Realizando-se
o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às
formalidades da celebração. § 2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. § 3º. Tendo os
nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro
domicílio conjugal. § 4º. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. §
5º. O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de
seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao
mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros
e dada esta adoção ao competente registro. § 6º. O divórcio realizado no estrangeiro, se um
ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano
da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo,
caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de
Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do
interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras
de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. § 7º. Salvo
o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos
não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8º. Quando a
pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele
em que se encontre.

Art. 8º, LINDB. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-
á a lei do país em que estiverem situados. § 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for
domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a
transporte para outros lugares. § 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a
pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.

Art. 10. LINDB. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. § 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou
legatário regula a capacidade para suceder.

Art. 12, LINDB. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1º. Só à autoridade judiciária brasileira
compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DECISÃO
PROFERIDA PELA JUSTIÇA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. PARTILHA DE
BENS IMÓVEIS SITUADOS NO BRASIL. ACORDO ENTRE AS PARTES NA JUSTIÇA
ESTRANGEIRA. HOMOLOGAÇÃO PELO STJ. POSSIBILIDADE. NÃO
COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA E DO
RESPECTIVO TRÂNSITO EM JULGADO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. 1. Esta
Corte possui precedentes no sentido de que o acordo quanto à partilha de bens imóveis
situados no Brasil pode ser homologado pelo STJ. Precedentes: SEC 15.639/EX, de
minha relatoria, Corte Especial, j. em 4/10/2017, DJe 9/10/2017. 2. Entretanto, entendo
que não houve a devida comprovação da homologação do acordo de partilha de bens
pela autoridade judicial estrangeira, bem como do respectivo trânsito em julgado,
requisitos indispensáveis para a chancela pelo STJ. 3. A diferença de forma entre o
documento de fl. 14 (N. FBT-FA-07-40197811) e a sentença que anteriormente deferira
o divórcio (N. FBT-FA-07-4019213-S: e-STJ, fls. 31-32), demonstra que, de fato, não
houve a comprovação da existência de sentença estrangeira homologando a proposta
de partilha de bens, o que torna impossível sua chancela pelo STJ. 4. Condeno a parte
autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes
arbitrados no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com fundamento no art. 85, §§ 2º
e 8º, do CPC/2015. Registre-se que o CPC/2015 é aplicável ao caso, porquanto a
sentença está sendo prolatada sob a vigência do novo estatuto normativo, e, conforme
recente precedente da Corte Especial do STJ: "O marco temporal para a aplicação das
regras fixadas pelo CPC/2015 em relação aos honorários advocatícios é a data da
prolação da sentença. Precedentes." (SEC 14.385/EX, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte
Especial, julgado em 15/8/2018, DJe 21/8/2018). 5. Pedido de homologação de
sentença estrangeira indeferido. (SEC 14.233/EX, Rel. Ministro OG FERNANDES,
CORTE ESPECIAL, julgado em 21/11/2018, DJe 27/11/2018)
PROCESSO CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS INTERPOSTOS NA VIGÊNCIA DO
CPC/1973. CONTRATO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO. PERMISSÃO LEGAL E CONTRATUAL PARA
ESCOLHA DE OUTRO FORO. AÇÕES AJUIZADAS NA INGLATERRA. SENTENÇAS
PROFERIDAS. AJUIZAMENTO DE AÇÃO DECLARATÓRIA NO BRASIL PELA
PARTE SUCUMBENTE NO TERRITÓRIO INGLÊS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
BOA-FÉ OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE DE BENEFICIAR-SE DA PRÓPRIA
TORPEZA. 1. Tendo sido extinta a ação declaratória por faltar ao Poder Judiciário
brasileiro jurisdição sobre o feito - matéria objeto dos recursos especiais -, os efeitos da
superveniente homologação de sentença estrangeira acerca da referida demanda
somente poderão ser enfrentados se reconhecida a jurisdição nacional. Isso porque,
sem jurisdição e sem competência, não é permitido ao magistrado nem ao STJ decidir
nenhuma outra questão jurídica, meritória ou processual. 2. As matérias relacionadas
para efeito de comprovar a afronta ao art. 535 do CPC/1973 foram enfrentadas pelo
Tribunal de origem, sobretudo à luz dos arts. 88, 89 e 90 do CPC/1973, de cláusula
contratual e, ainda, da livre aceitação pelas partes da jurisdição estrangeira. Omissões,
portanto, descaracterizadas. 3. Apesar de reconhecer a jurisdição concorrente com
fundamento no art. 88, I, do CPC/1973 e no próprio contrato (cláusula 14.2), o TJRJ
afastou a jurisdição do Poder Judiciário brasileiro, tendo em vista que contratantes e
contratadas ajuizaram demandas no foro inglês e, somente depois de sentenciados os
respectivos processos, a empresa cessionária dos supostos direitos das partes
sucumbentes propôs ação declaratória no Brasil com o propósito de rediscutir questões
decididas pela Justiça alienígena. Em tais circunstâncias, diante dos princípios da boa-
fé objetiva e da segurança jurídica, os quais também devem ser respeitados no plano
internacional, mantém-se a extinção da presente declaratória por faltar jurisdição à
magistratura brasileira. 4. Diante da impossibilidade legal de a parte se beneficiar da
própria torpeza, descabe à recorrente alegar a existência de fraude vinculada à cláusula
de eleição de foro e de aplicação da legislação inglesa ao contrato assinado em
território inglês. 5. Sendo vedado às cedentes ajuizar a presente ação no Brasil,
também não poderia fazê-lo a cessionária, que possui os mesmos direitos daquelas,
não mais. 6. Divergência jurisprudencial não configurada por ausência de semelhança
fática entre os casos confrontados. 7. Não sendo partes nesta demanda, cabe às
cedentes, para interpor recurso especial, comprovar "o nexo de interdependência entre
o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial", nos
termos do art. 499, § 3º, do CPC/1973. Incidência da Súmula n. 5 do STJ, considerando
a necessidade de examinar integralmente as cláusulas do contrato assinado entre a
cessionária, autora desta ação, e as cedentes, com recursos especiais distintos. 8.
Verificada a cessão de supostos créditos disputados judicialmente (art. 358 do
CC/2002), não incide o direito à evicção em favor da cessionária, disciplinado no art.
359 do CC/2002, sendo certo não ter existido hipótese de "retomada" nem "perda" de
domínio ou posse de bem adquirido pela cessionária. Fica afastada a legitimidade
recursal das cedentes também por essa razão. 9. Recurso especial interposto por
MARÍTIMA PETRÓLEO E ENGENHARIA LTDA. conhecido em parte e desprovido.
Recurso interposto por FSO CONTRUCTION INC. e outras não conhecido. (REsp
1090720/RJ, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado
em 14/06/2016, DJe 23/08/2016)

RECURSO ESPECIAL. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. AÇÃO DE


SONEGADOS PROMOVIDA PELOS NETOS DA AUTORA DA HERANÇA (E
ALEGADAMENTE HERDEIROS POR REPRESENTAÇÃO DE SEU PAI, PRÉ-
MORTO) EM FACE DA FILHA SOBREVIVENTE DA DE CUJUS, REPUTADA
HERDEIRA ÚNICA POR TESTAMENTO CERRADO E CONJUNTIVO FEITO EM 1943,
EM MEIO A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, NA ALEMANHA, DESTINADA A
SOBREPARTILHAR BEM IMÓVEL SITUADO NAQUELE PAÍS (OU O PRODUTO DE
SUA VENDA). 1. LEI DO DOMICÍLIO DO AUTOR DA HERANÇA PARA REGULAR A
CORRELATA SUCESSÃO. REGRA QUE COMPORTA EXCEÇÃO. EXISTÊNCIA DE
BENS EM ESTADOS DIFERENTES. 2. JURISDIÇÃO BRASILEIRA. NÃO
INSTAURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE DELIBERAR SOBRE BEM SITUADO NO
EXTERIOR. ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DA PLURALIDADE DOS JUÍZOS
SUCESSÓRIOS. 3. EXISTÊNCIA DE IMÓVEL SITUADO NA ALEMANHA, BEM COMO
REALIZAÇÃO DE TESTAMENTO NESSE PAÍS. CIRCUNSTÂNCIAS PREVALENTES
A DEFINIR A LEX REI SITAE COMO A REGENTE DA SUCESSÃO RELATIVA AO
ALUDIDO BEM. APLICAÇÃO. 4. PRETENSÃO DE SOBREPARTILHAR O IMÓVEL
SITO NA ALEMANHA OU O PRODUTO DE SUA VENDA. INADMISSIBILIDADE.
RECONHECIMENTO, PELA LEI E PELO PODER JUDICIÁRIO ALEMÃO, DA
CONDIÇÃO DE HERDEIRA ÚNICA DO BEM. INCORPORAÇÃO AO SEU
PATRIMÔNIO JURÍDICO POR DIREITO PRÓPRIO. LEI DO DOMICILIO DO DE
CUJUS. INAPLICABILIDADE ANTES E DEPOIS DO ENCERRAMENTO DA
SUCESSÃO RELACIONADA AO IMÓVEL SITUADO NO EXTERIOR. 5. IMPUTAÇÃO
DE MÁ-FÉ DA INVENTARIANTE. INSUBSISTÊNCIA. 6. RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO. 1. A lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) elegeu o
domicílio como relevante regra de conexão para solver conflitos decorrentes de
situações jurídicas relacionadas a mais de um sistema legal (conflitos de leis
interespaciais), porquanto consistente na própria sede jurídica do indivíduo. Em que
pese a prevalência da lei do domicílio do indivíduo para regular as suas relações
jurídicas pessoais, conforme preceitua a LINDB, esta regra de conexão não é absoluta.
1.2 Especificamente à lei regente da sucessão, pode-se assentar, de igual modo, que
o art. 10 da LINDB, ao estabelecer a lei do domicílio do autor da herança para regê-la,
não assume caráter absoluto. A conformação do direito internacional privado exige a
ponderação de outros elementos de conectividade que deverão, a depender da
situação, prevalecer sobre a lei de domicílio do de cujus. Na espécie, destacam-se a
situação da coisa e a própria vontade da autora da herança ao outorgar testamento,
elegendo, quanto ao bem sito no exterior, reflexamente a lei de regência. 2. O art. 10,
caput, da LINDB deve ser analisado e interpretado sistematicamente, em conjunto,
portanto, com as demais normas internas que regulam o tema, em especial o art. 8º,
caput, e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e o art. 89 do CPC. E, o fazendo, verifica-se
que, na hipótese de haver bens imóveis a inventariar situados, simultaneamente, aqui
e no exterior, o Brasil adota o princípio da pluralidade dos juízos sucessórios. 2.1
Inserem-se, inarredavelmente, no espectro de relações afetas aos bens imóveis
aquelas destinadas a sua transmissão/alienação, seja por ato entre vivos, seja causa
mortis, cabendo, portanto, à lei do país em que situados regê-las (art. 8º, caput, LINDB).
2.2 A Jurisdição brasileira, com exclusão de qualquer outra, deve conhecer e
julgar as ações relativas aos imóveis situados no país, assim como proceder ao
inventário e partilha de bens situados no Brasil, independente do domicílio ou da
nacionalidade do autor da herança (Art. 89 CPC e § 2º do art. 12 da LINDB) 3. A
existência de imóvel situado na Alemanha, bem como a realização de testamento
nesse país são circunstâncias prevalentes a definir a lex rei sitae como a regente
da sucessão relativa ao aludido bem (e somente a ele, ressalta-se), afastando-se,
assim, a lei brasileira, de domicílio da autora da herança. Será, portanto, herdeiro
do aludido imóvel quem a lei alemã disser que o é. E, segundo a decisão exarada
pela Justiça alemã, em que se reconheceu a validade e eficácia do testamento
efetuado pelo casal em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a demandada é
a única herdeira do imóvel situado naquele país (ante a verificação das
circunstâncias ali referidas - morte dos testadores e de um dos filhos). 3.1 Esta
decisão não tem qualquer repercussão na sucessão aberta - e concluída - no Brasil,
relacionada ao patrimônio aqui situado. De igual modo, a jurisdição brasileira, porque
também não instaurada, não pode proceder a qualquer deliberação quanto à extensão
do que, na Alemanha, restou decidido sobre o imóvel lá situado. 4. O imóvel situado na
Alemanha (ou posteriormente, o seu produto), de acordo com a lei de regência da
correspondente sucessão, passou a integrar o patrimônio jurídico da única herdeira. A
lei brasileira, de domicílio da autora da herança, não tem aplicação em relação à
sucessão do referido bem, antes de sua consecução, e, muito menos, depois que o
imóvel passou a compor a esfera jurídica da única herdeira. Assim, a providência
judicial do juízo sucessório brasileiro de inventariar e sobrepartilhar o imóvel ou o
produto de sua venda afigurar-se-ia inexistente, porquanto remanesceria não
instaurada, de igual modo, a jurisdição nacional. E, por consectário, a pretensão de
posterior compensação revela-se de todo descabida, porquanto significaria, em última
análise, a aplicação indevida e indireta da própria lei brasileira. 5. O decreto expedido
pelo Governo alemão, que viabilizara a restituição de bens confiscados aos
proprietários que comprovassem a correspondente titularidade, é fato ocorrido muito
tempo depois do encerramento da sucessão aberta no Brasil e que, por óbvio, refugiu,
a toda evidência, da vontade e do domínio da inventariante. Desde 1983, a ré, em
conjunto com os autores, envidou esforços para obter a restituição do bem. E, sendo
direito próprio, já que o bem passou a integrar seu patrimônio jurídico, absolutamente
descabido exigir qualquer iniciativa da ré em sobrepartilhar tal bem, ou o produto de
sua venda. Do que ressai absolutamente infundada qualquer imputação de má-fé à
pessoa da inventariante. 6. Recurso especial improvido. (REsp 1362400/SP, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/04/2015,
DJe 05/06/2015)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: IBFC Órgão: Prefeitura de Divinópolis - MG Prova: IBFC - 2018 -
Prefeitura de Divinópolis - MG - Procurador do Município
Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
A) processar e julgar as ações de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou
residência no Brasil
B) julgar as ações em que o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil
C) conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil
D) julgar as ações em que o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver
domiciliado no Brasil.
(Gabarito C)

• Ano: 2016 Banca: Serctam Órgão: Prefeitura de Quixadá - CE Prova: Serctam - 2016
- Prefeitura de Quixadá - CE - Assistente Jurídico
Analise os itens abaixo e depois marque a alternativa correta.
I- Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações nas quais o
réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil, considerando-
se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou
sucursal.
II- Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações de alimentos,
quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil e quando o réu mantiver vínculos
no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção
de benefícios econômicos.
III- Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da
ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação.
IV- Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra,
conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil.
V- A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de
sentença judicial estrangeira, quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
A) As cinco assertivas são falsas.
B) Todas as assertivas são verdadeiras.
C) Há duas assertivas falsas e três verdadeiras.
D) Há duas assertivas verdadeiras e três falsas.
E) Há apenas uma assertiva falsa.
(Gabarito B)

Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz


litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça
da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições
em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no
Brasil.

Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não


impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida
para produzir efeitos no Brasil.

O artigo basicamente trata de demandas concomitantes no Brasil e no estrangeiro.

A novidade aqui está representada pela admissão explícita de que ações


propostas em tribunais estrangeiros induzem litispendência, mas SOMENTE quando
houver previsão neste sentido em tratados internacionais ou acordos bilaterais
em vigor no Brasil que assim disponham (ou seja, a regra é não induzir
litispendência).

Prevê o dispositivo, ainda, que poderá ser homologada a sentença estrangeira


ainda que haja causa pendente de julgamento do Brasil, de modo que somente a
coisa julgada ocorrida no Brasil impedirá a homologação da sentença estrangeira
sobre a mesma causa.

Quanto à eficácia de sentença estrangeira no Brasil, é indispensável a


homologação do STJ sobre a sentença para que a mesma produza seus efeitos. Nas
palavras de Araken de Assis (p.421): “O art. 961, caput, do NCPC, declara, de forma
definitiva e irretorquível, “somente terá eficácia no Brasil após a homologação” a
decisão estrangeira. E a autoridade de coisa julgada é uma das eficácias da sentença
(art. 502). O STF já reconheceu a ineficácia total do provimento anteriormente à
homologação.173 Em consequência, o juiz brasileiro não poderá extinguir o processo
sob seus cuidados, com fundamento no art. 485, V, do NCPC simplesmente porque
se produziu a coisa julgada no estrangeiro sobre a mesma lide, haja vista a ineficácia
do ato na ordem interna antes da homologação.”

De modo inverso, ocorrendo a homologação da sentença estrangeira na pendência


de processo tramitando na justiça brasileira, o juiz deve extinguir a demanda sem
resolução de mérito (art. 485, V do CPC).

A exceção quanto à apreciação de demandas concomitantes no Brasil e no


estrangeiro se dá quando houver tratado ou disposição internacional que preveja a
litispendência com eficácia extintiva (Marinoni et al. p. 205).

Legislação Complementar relacionada ao teor do art. 24


Art. 102, I, e, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: [...] e) o litígio entre Estado
estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território”;

JURISPRUDÊNCIA
HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA CONTESTADA. PEDIDO DE
HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA QUE DECRETA DIVÓRCIO E
EFETUA A PARTILHA DE BENS E DIREITOS E ESTABELECE AS
RESPONSABILIDADES POR DÍVIDAS. ARTIGOS 15 E 17 DA LEI DE INTRODUÇÃO
ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ARTS. 963 A 965 DO CPC. ARTS. 216-C,
216-D E 216-F DO RISTJ. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. BENS IMÓVEIS
SITUADOS NO BRASIL. INVIABILIDADE, NO PONTO, DE HOMOLOGAÇÃO DA
PARTILHA. ART. 89, I, DO CPC/73. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. 1. Nos termos dos
artigos 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, 963 a 965 do
Código de Processo Civil e artigos 216-C, 216-D e 216-F do Regimento Interno do
Superior Tribunal de Justiça, que, atualmente, disciplinam o procedimento de
homologação de sentença estrangeira, constituem requisitos indispensáveis ao
deferimento da homologação, os seguintes: (i) instrução da petição inicial com o original
ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros documentos indispensáveis;
(ii) haver sido a sentença proferida por autoridade competente; (iii) terem as partes sido
regularmente citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; (iv) ter a sentença
transitado em julgado; (v) não ofender "a soberania, a dignidade da pessoa humana
e/ou ordem pública". 2. A requerida afirma que a sentença estrangeira acostada pelo
autor não é completa, contudo não traz aos autos comprovação de qual seria a
integralidade da sentença, deixando de se desincumbir de comprovar fato impeditivo
do direito à homologação, ônus que lhe incumbe, a teor do art. 373, II, do CPC/73. 3.
Preenchidos os requisitos legais, impõe-se a homologação da sentença estrangeira,
não cabendo ao Superior Tribunal de Justiça o exame de matéria pertinente ao mérito,
salvo para, dentro de estreitos limites, verificar eventual ofensa à ordem pública e à
soberania nacional, o que não é o caso. 4. A pendência de demanda no Brasil não
impede a homologação de sentença estrangeira. Art. 24, parágrafo único, do
CPC/2015. Inexiste, ademais, proibição de que a requerida fosse demandada no
estrangeiro, onde vive. 5. Definitividade da sentença homologanda comprovada pela
certidão acostada à inicial, cumprindo-se a exigência do art. 961, parágrafo 1º, do
CPC/2015. 6. Apenas no que diz respeito aos bens imóveis situados no Brasil, inviável
a homologação da partilha efetuada pela autoridade estrangeira, pois, nos termos do
art. 89, I, do CPC/73, em vigor quando da prolação da sentença estrangeira, a partilha
dos bens imóveis situados no Brasil apenas pode ser feita pela autoridade judiciária
brasileira, com a exclusão de qualquer outra. 7. Sentença estrangeira parcialmente
homologada. (HDE 176/EX, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE
ESPECIAL, julgado em 15/08/2018, DJe 21/08/2018)

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. EXISTÊNCIA DE


SENTENÇA BRASILEIRA TRANSITADA EM JULGADO COM O MESMO OBJETO.
OFENSA À SOBERANIA NACIONAL. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDO,
NOS TERMOS DO PARECER DO MPF. 1. Trata-se de pedido de Homologação de
Sentença Estrangeira de divórcio, proferida pela Suprema Corte do Estado de Nova
Iorque, Condado do Queens, Estados Unidos da América. 2. De forma superveniente
à propositura do presente pedido de homologação, o Poder Judiciário brasileiro
homologou acordo judicial com o mesmo objeto da sentença alienígena, decretando,
em sentença transitada em julgado, a dissolução do vínculo matrimonial do casal. 3.
Discussão acerca de eventual nulidade do acordo homologado que deve ser deduzido
em ação própria. Precedentes: AgRg no REsp. 1.118.946/SC, Rel. Min. SIDNEI
BENETI, DJe 25.9.2009 e AgRg no REsp. 1.057.402/BA, Rel. Min. MAURO CAMPBELL
MARQUES, DJe 23.4.2009. 4. Não se homologa sentença estrangeira, se existir
sentença brasileira, com o mesmo objeto e já transitada em julgado, sob pena de ofensa
à soberania nacional (AgRg na SE 9.698/EX, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe
18.2.2015). 5. Pedido de homologação de sentença estrangeira indeferido, nos termos
do parecer do Ministério Público Federal. (SEC 8.903/EX, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/06/2018, DJe 27/06/2018)
QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: FUMARC Órgão: Câmara de Conceição do Mato Dentro Prova:
FUMARC - 2016 - Câmara de Conceição do Mato Dentro - Advogado
Em relação aos limites da jurisdição nacional prevista no Novo CPC, é CORRETO
afirmar:
A) A ação proposta perante tribunal estrangeiro induz litispendência e obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais
em vigor no Brasil.
B) Compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação
quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação.
C) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que, no
Brasil, tiver de ser cumprida a obrigação.
D) Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra, julgar
as ações em que o credor tiver domicílio ou residência no Brasil.
(Gabarito C)

• Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: Câmara Municipal de Araraquara - SP Provas: IBFC -
2017 - Câmara Municipal de Araraquara - SP - Procurador Jurídico
No que diz respeito à competência da autoridade judiciária brasileira para processar e
julgar as ações no Brasil, assinale a alternativa incorreta:
A) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações de alimentos,
quando o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens,
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos.
B) A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil.
C) Compete à autoridade judiciária brasileira, concorrentemente com a autoridade
judiciária estrangeira, conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil.
D) Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da
ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação.
(Gabarito B)

Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e


o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo
estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência


internacional exclusiva previstas neste Capítulo. § 2o Aplica-se à hipótese
do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.
Foro de Eleição Internacional. A prática de cláusula de eleição de foro já era uma
prática difundida, mas que não era ainda acolhida, expressamente, pela legislação
pátria. Trata-se de mais uma hipótese de valorização da autonomia privada.

Não se aplica aos casos em que a competência BRASILEIRA for exclusiva


(art. 23), pois não há possibilidade de disposição.

Tem-se o afastamento da competência da autoridade judiciária brasileira se o réu


alegar a incompetência em preliminar de contestação (art. 25), caso contrário
prorroga-se a competência.

Trata-se de hipótese somente aplicável aos casos de competência relativa e se a


eleição de foro estrangeiro ocorrer em situação de competência exclusiva da justiça
pátria, a cláusula será nula.

Não se aplica, ainda, a eleição de foro quando abusiva, de modo a impedir ou


dificultar a defesa de parte hipossuficiente.

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSO CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS INTERPOSTOS NA VIGÊNCIA DO
CPC/1973. CONTRATO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO. PERMISSÃO LEGAL E CONTRATUAL PARA
ESCOLHA DE OUTRO FORO. AÇÕES AJUIZADAS NA INGLATERRA. SENTENÇAS
PROFERIDAS. AJUIZAMENTO DE AÇÃO DECLARATÓRIA NO BRASIL PELA
PARTE SUCUMBENTE NO TERRITÓRIO INGLÊS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
BOA-FÉ OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE DE BENEFICIAR-SE DA PRÓPRIA
TORPEZA. 1. As matérias relacionadas para efeito de comprovar a afronta ao art. 535
do CPC/1973 foram enfrentadas pelo Tribunal de origem, sobretudo à luz dos arts. 88,
89 e 90 do CPC/1973, de cláusula contratual e, ainda, da livre aceitação pelas partes
da jurisdição estrangeira. Omissões, portanto, descaracterizadas. 2. Apesar de
reconhecer a jurisdição concorrente com fundamento no art. 88, I, do CPC/1973 e no
próprio contrato (cláusula 14.2), o TJRJ afastou a jurisdição do Poder Judiciário
brasileiro, tendo em vista que contratantes e contratadas ajuizaram demandas no foro
inglês e, somente depois de sentenciados os respectivos processos, a empresa
cessionária dos supostos direitos das partes sucumbentes propôs ação declaratória no
Brasil com o propósito de rediscutir questões decididas pela Justiça alienígena. Em tais
circunstâncias, diante dos princípios da boa-fé objetiva e da segurança jurídica, os
quais também devem ser respeitados no plano internacional, mantém-se a extinção da
presente declaratória por faltar jurisdição à magistratura brasileira. 3. Diante da
impossibilidade legal de a parte se beneficiar da própria torpeza, descabe à recorrente
alegar a existência de fraude vinculada à cláusula de eleição de foro e de aplicação da
legislação inglesa ao contrato assinado em território inglês. 4. Sendo vedado às
cedentes ajuizar a presente ação no Brasil, também não poderia fazê-lo a cessionária,
que possui os mesmos direitos daquelas, não mais. 5. Divergência jurisprudencial não
configurada por ausência de semelhança fática entre os casos confrontados. 6. Não
sendo partes nesta demanda, cabe às cedentes, para interpor recurso especial,
comprovar "o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação
jurídica submetida à apreciação judicial", nos termos do art. 499, § 3º, do CPC/1973.
Incidência da Súmula n. 5 do STJ, considerando a necessidade de examinar
integralmente as cláusulas do contrato assinado entre a cessionária, autora desta ação,
e as cedentes, com recursos especiais distintos. 7. Verificada a cessão de supostos
créditos disputados judicialmente (art. 358 do CC/2002), não incide o direito à evicção
em favor da cessionária, disciplinado no art. 359 do CC/2002, sendo certo não ter
existido hipótese de "retomada" nem "perda" de domínio ou posse de bem adquirido
pela cessionária. Fica afastada a legitimidade recursal das cedentes também por essa
razão. 8. Recurso especial interposto por MARÍTIMA PETRÓLEO E ENGENHARIA
LTDA. conhecido em parte e desprovido. Recurso interposto por FSO CONTRUCTION
INC. e outras não conhecido. (REsp 1091299/RJ, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 23/08/2016)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: FUNECE Órgão: UECE Prova: FUNECE - 2017 - UECE - Advogado
Assinale a opção que completa, correta e respectivamente, as lacunas do seguinte
dispositivo legal: “_________________¹ à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro
exclusivo estrangeiro em contrato internacional, _________________²”.
A) Não compete¹; arguida pelo réu na exceção própria²
B) Não compete¹; arguida pelo réu na contestação²
C) Compete¹; ainda que arguida pelo réu²
D) Compete¹; vedada a arguição pelo réu²
(Gabarito B)

• Ano: 2016 Banca: FUNDATEC Órgão: Prefeitura de Porto Alegre - RS Prova:


FUNDATEC - 2016 - Prefeitura de Porto Alegre - RS - Procurador Municipal - Bloco I
Diante das regras de competência dispostas no Código de Processo Civil (Lei nº
13.105/15), assinale a alternativa INCORRETA.
A) Prorroga-se a competência territorial fixada em cláusula abusiva de eleição de foro
se não alegada a abusividade na contestação.
B) A modificação da competência determinada em razão da pessoa, realizada por
convenção das partes, somente produzirá efeitos depois de homologada pelo juiz.
C) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente,
mesmo sem conexão entre eles.
D) Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente,
no processo relativo à ação contida, será proferida sentença sem resolução de mérito,
caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
E) Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.
(Gabarito B)
CAPÍTULO II

DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

Seção I

Disposições Gerais

Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que
o Brasil faz parte e observará:

I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;

II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou


não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos
processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;

III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na


legislação brasileira ou na do Estado requerente;

IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos


pedidos de cooperação;

V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades


estrangeiras.

§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá


realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.

§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de


sentença estrangeira.

§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de


atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as
normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.

§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na


ausência de designação específica.

Cooperação internacional. O CPC é inovador ao prever um capítulo específico


para disciplinar a cooperação internacional em limites que ultrapassem as fatídicas
cartas-rogatórias. Trata-se de um conceito amplo que prevê o auxílio mútuo para
cumprimento de medidas fora de seus territórios.
A Cooperação Jurídica Internacional poderá ser exercida de três formas: Auxílio
Direto, Carta Rogatória e Homologação de Sentença Estrangeira.

A Cooperação Internacional poderá ocorrer sempre que haja necessidade de


praticar atos processuais de comunicação, atos destinados à produção
probatória, além de concessão de medidas urgentes (rol do artigo 27).

A Cooperação Jurídica Internacional sempre deve respeitar as garantias


processuais adotadas no Brasil (devido processo legal).

Autoridade Central. Fica estabelecida a figura da autoridade central, ou seja, um


órgão responsável pela comunicação e pela troca de pedidos com o Estado
estrangeiro.

Conflituosidade com Normas Fundamentais que regem do Estado Brasileiro.


A jurisdição nacional não pode convalidar atos que, conquanto sejam válidos no
estrangeiro, tenham efeitos inaceitáveis dentro da nossa ordem jurídica.

Legislação Complementar relacionada ao teor do art. 26


Art. 4º, IX, CF. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios: [...] IX - cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade.

Art. 5º, LIV e LXXIV, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LIV
- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; [...] LXXIV
- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos.

Art. 93, IX, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: [...] IX - todos os julgamentos
dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Art. 134, caput, CF. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
Federal.

Art. 4º, IX, Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração). Ao migrante é garantida no território nacional,
em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são assegurados: IX - amplo acesso à
justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos.

JURISPRUDÊNCIA
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STJ. EXEQUATUR. CARTA ROGATÓRIA.
CONCEITO E LIMITES. COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL. TRATADOS
E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS, APROVADOS E PROMULGADOS PELO
BRASIL. CONSTITUCIONALIDADE. HIERARQUIA, EFICÁCIA E AUTORIDADE DE
LEI ORDINÁRIA. 1. Em nosso regime constitucional, a competência da União para
"manter relações com estados estrangeiros" (art. 21, I), é, em regra, exercida pelo
Presidente da República (CF, art. 84, VII), "auxiliado pelos Ministros de Estado" (CF,
art. 76). A intervenção dos outros Poderes só é exigida em situações especiais e
restritas. No que se refere ao Poder Judiciário, sua participação está prevista em
pedidos de extradição e de execução de sentenças e de cartas rogatórias estrangeiras:
"Compete ao Supremo Tribunal Federal (...) processar e julgar, originariamente (...) a
extradição solicitada por Estado estrangeiro" (CF, art. 102, I, g); "Compete ao Superior
Tribunal de Justiça (...) processar e julgar originariamente (...) a homologação de
sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias" (CF, art. 105,
i, i); e "Aos Juízes federais compete processar e julgar (...) a execução de carta
rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação" (CF, art.
109, X). 2. As relações entre Estados soberanos que têm por objeto a execução de
sentenças e de cartas rogatórias representam, portanto, uma classe peculiar de
relações internacionais, que se estabelecem em razão da atividade dos respectivos
órgãos judiciários e decorrem do princípio da territorialidade da jurisdição, inerente ao
princípio da soberania, segundo o qual a autoridade dos juízes (e, portanto, das suas
decisões) não pode extrapolar os limites territoriais do seu próprio País. Ao atribuir ao
STJ a competência para a "concessão de exequatur às cartas rogatórias" (art. 105, I,
i), a Constituição está se referindo, especificamente, ao juízo de delibação consistente
em aprovar ou não o pedido feito por autoridade judiciária estrangeira para
cumprimento, em nosso país, de diligência processual requisitada por decisão do juiz
rogante. É com esse sentido e nesse limite, portanto, que deve ser compreendida a
referida competência constitucional. 3. Preocupados com o fenômeno da criminalidade
organizada e transnacional, a comunidade das Nações e os Organismos Internacionais
aprovaram e estão executando, nos últimos anos, medidas de cooperação mútua para
a prevenção, a investigação e a punição efetiva de delitos dessa espécie, o que tem
como pressuposto essencial e básico um sistema eficiente de comunicação, de troca
de informações, de compartilhamento de provas e de tomada de decisões e de
execução de medidas preventivas, investigatórias, instrutórias ou acautelatórias, de
natureza extrajudicial. O sistema de cooperação, estabelecido em acordos
internacionais bilaterais e plurilaterais, não exclui, evidentemente, as relações que se
estabelecem entre os órgãos judiciários, pelo regime das cartas precatórias, em
processos já submetidos à esfera jurisdicional. Mas, além delas, engloba outras muitas
providências, afetas, no âmbito interno de cada Estado, não ao Poder Judiciário, mas
a autoridades policiais ou do Ministério Público, vinculadas ao Poder Executivo. 4. As
providências de cooperação dessa natureza, dirigidas à autoridade central do Estado
requerido (que, no Brasil, é o Ministério da Justiça), serão atendidas pelas autoridades
nacionais com observância dos mesmos padrões, inclusive dos de natureza
processual, que devem ser observados para as providências semelhantes no âmbito
interno (e, portanto, sujeitas a controle pelo Poder Judiciário, por provocação de
qualquer interessado). Caso a medida solicitada dependa, segundo o direito interno, de
prévia autorização judicial, cabe aos agentes competentes do Estado requerido atuar
judicialmente visando a obtê-la. Para esse efeito, tem significativa importância, no
Brasil, o papel do Ministério Público Federal e da Advocacia Geral da União, órgãos
com capacidade postulatória para requerer, perante o Judiciário, essas especiais
medidas de cooperação jurídica. 5. Conforme reiterada jurisprudência do STF, os
tratados e convenções internacionais de caráter normativo, "(...) uma vez regularmente
incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos mesmos
planos de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis ordinárias"
(STF, ADI-MC 1480-3, Min. Celso de Mello, DJ de 18.05.2001), ficando sujeitos a
controle de constitucionalidade e produzindo, se for o caso, eficácia revogatória de
normas anteriores de mesma hierarquia com eles incompatíveis (lex posterior derrogat
priori). Portanto, relativamente aos tratados e convenções sobre cooperação jurídica
internacional, ou se adota o sistema neles estabelecido, ou, se inconstitucionais, não
se adota, caso em que será indispensável também denunciá-los no foro próprio. O que
não se admite, porque então sim haverá ofensa à Constituição, é que os órgãos do
Poder Judiciário pura a simplesmente neguem aplicação aos referidos preceitos
normativos, sem antes declarar formalmente a sua inconstitucionalidade (Súmula
vinculante 10/STF). 6. Não são inconstitucionais as cláusulas dos tratados e
convenções sobre cooperação jurídica internacional (v.g. art. 46 da Convenção de
Mérida -"Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção"e art. 18 da Convenção
de Palermo -"Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional") que estabelecem formas de cooperação entre autoridades vinculadas
ao Poder Executivo, encarregadas da prevenção ou da investigação penal, no exercício
das suas funções típicas. A norma constitucional do art. 105, I, i, não instituiu o
monopólio universal do STJ de intermediar essas relações. A competência ali
estabelecida - de conceder exequatur a cartas rogatórias -, diz respeito,
exclusivamente, a relações entre os órgãos do Poder Judiciário, não impedindo nem
sendo incompatível com as outras formas de cooperação jurídica previstas nas
referidas fontes normativas internacionais. 7. No caso concreto, o que se tem é pedido
de cooperação jurídica consistente em compartilhamento de prova, formulado por
autoridade estrangeira (Procuradoria Geral da Federação da Rússia) no exercício de
atividade investigatória, dirigido à congênere autoridade brasileira (Procuradoria Geral
da República), que obteve a referida prova também no exercício de atividade
investigatória extrajudicial. O compartilhamento de prova é uma das mais
características medidas de cooperação jurídica internacional, prevista nos acordos
bilaterais e multilaterais que disciplinam a matéria, inclusive na "Convenção das Nações
Unidas contra o Crime Organizado Transnacional" (Convenção de Palermo),
promulgada no Brasil pelo Decreto 5.015, de 12.03.04, e na "Convenção das Nações
Unidas contra a Corrupção" (Convenção de Mérida), de 31.10.03, promulgada pelo
Decreto 5.687, de 31.01.06, de que a Federação da Rússia também é signatária.
Consideradas essas circunstâncias, bem como o conteúdo e os limites próprios da
competência prevista no art. 105, i, i da Constituição, a cooperação jurídica requerida
não dependia de expedição de carta rogatória por autoridade judiciária da Federação
da Rússia e, portanto, nem de exequatur ou de outra forma de intermediação do
Superior Tribunal de Justiça, cuja competência, conseqüentemente, não foi usurpada.
8. Reclamação improcedente. (STJ - Rcl: 2645 SP 2007/0254916-5, Relator: Ministro
TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento: 18/11/2009, CE - CORTE
ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 16/12/2009RSTJ vol. 217 p. 308)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: ADM&TEC Órgão: Câmara de Belo Monte - AL Prova: ADM&TEC -
2018 - Câmara de Belo Monte - AL - Procurador
Leia as afirmativas a seguir:
I. A cooperação jurídica internacional é proibida de observar a publicidade processual
em todos os seus atos.
II. A cooperação jurídica internacional poderá ter por objeto, entre outros, a colheita de
provas e obtenção de informações, conforme disposto na lei nº 13.105, de 2015.
III. Não se destinando à vigência temporária, a lei poderá ter vigor até que outra a
modifique ou revogue.
Marque a alternativa CORRETA:
A) Nenhuma afirmativa está correta.
B) Está correta a afirmativa II, apenas.
C) Estão corretas as afirmativas I e II, apenas.
D) Estão corretas as afirmativas II e III, apenas.
E) Todas as afirmativas estão corretas.
(Gabarito B)

• Ano: 2018 Banca: ADM&TEC Órgão: Câmara de Belo Monte - AL Prova: ADM&TEC -
2018 - Câmara de Belo Monte - AL - Procurador
Leia as afirmativas a seguir:
I. Não deve haver cooperação entre os sujeitos do processo civil para que se obtenha
decisão de mérito justa e efetiva.
II. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional,
conforme as disposições da lei nº 13.105, de 2015.
III. A cooperação jurídica internacional poderá ter por objeto, entre outros, a assistência
jurídica internacional, conforme disposto na lei nº 13.105, de 2015.
Marque a alternativa CORRETA:
A) Nenhuma afirmativa está correta.
B) Está correta a afirmativa II, apenas.
C) Estão corretas as afirmativas I e II, apenas.
D) Estão corretas as afirmativas II e III, apenas.
E) Todas as afirmativas estão corretas.
(Gabarito D)
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:

I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;

II - colheita de provas e obtenção de informações;

III - homologação e cumprimento de decisão;

IV - concessão de medida judicial de urgência;

V - assistência jurídica internacional;

VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei


brasileira.

O art. 27 cuida tão somente de explicitar as hipóteses/objetos em que se mostra


cabível a Cooperação Jurídica Internacional em um rol meramente exemplificativo

O objeto de cooperação jurídica internacional possui dimensões excessivas, visto


que é meramente exemplificativo o rol previsto no art. 27 do CPC, porquanto, como
transmite o inciso VI, a cooperação poderá fazer menção a “qualquer outra medida
judicial ou extrajudicial proibida pela lei brasileira”.

Dispositivos do CPC relacionados ao teor do art. 27


Art. 238. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial. § 1º. Será expedida carta
para a prática de atos fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da
subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. § 2º. O tribunal poderá
expedir carta para juízo a ele vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos limites
territoriais do local de sua sede. § 3º. Admite-se a prática de atos processuais por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo
real.

Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do
processo. § 1º. É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte
por meio do correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de
recebimento. § 2º. O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da
decisão ou da sentença. § 3º. A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada
perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.

Art. 726. Quem tiver interesse em manifestar formalmente sua vontade a outrem sobre
assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas participantes da mesma relação
jurídica para dar-lhes ciência de seu propósito. § 1º. Se a pretensão for a de dar conhecimento
geral ao público, mediante edital, o juiz só a deferirá se a tiver por fundada e necessária ao
resguardo de direito. § 2º. Aplica-se o disposto nesta Seção, no que couber, ao protesto
judicial.

Art. 727. Também poderá o interessado interpelar o requerido, no caso do art. 726 , para que
faça ou deixe de fazer o que o requerente entenda ser de seu direito.

Art. 728. O requerido será previamente ouvido antes do deferimento da notificação ou do


respectivo edital: I - se houver suspeita de que o requerente, por meio da notificação ou do
edital, pretende alcançar fim ilícito; II - se tiver sido requerida a averbação da notificação em
registro público.

Art. 729. Deferida e realizada a notificação ou interpelação, os autos serão entregues ao


requerente.

Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de homologação de
decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário prevista em tratado. § 1º.
A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executada no Brasil por meio de carta
rogatória. § 2º. A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em vigor no Brasil
e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. § 3º. A homologação de decisão
arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se,
subsidiariamente, as disposições deste Capítulo.

Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de
sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em
sentido contrário de lei ou tratado. § 1º. É passível de homologação a decisão judicial
definitiva, bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional.
§ 2º. A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente. § 3º. A autoridade judiciária
brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de execução provisória no
processo de homologação de decisão estrangeira. § 4º. Haverá homologação de decisão
estrangeira para fins de execução fiscal quando prevista em tratado ou em promessa de
reciprocidade apresentada à autoridade brasileira. § 5º. A sentença estrangeira de divórcio
consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior
Tribunal de Justiça. § 6º. Na hipótese do § 5º, competirá a qualquer juiz examinar a validade
da decisão, em caráter principal ou incidental, quando essa questão for suscitada em
processo de sua competência.

Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência. §


1º. A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira concessiva de medida de
urgência dar-se-á por carta rogatória. § 2º. A medida de urgência concedida sem audiência
do réu poderá ser executada, desde que garantido o contraditório em momento posterior. §
3º. O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional
prolatora da decisão estrangeira. § 4º. Quando dispensada a homologação para que a
sentença estrangeira produza efeitos no Brasil, a decisão concessiva de medida de urgência
dependerá, para produzir efeitos, de ter sua validade expressamente reconhecida pelo juiz
competente para dar-lhe cumprimento, dispensada a homologação pelo Superior Tribunal de
Justiça.

Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão: I - ser proferida por
autoridade competente; II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; III
- ser eficaz no país em que foi proferida; IV - não ofender a coisa julgada brasileira; V - estar
acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; VI -
não conter manifesta ofensa à ordem pública. Parágrafo único. Para a concessão do
exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste
artigo e no art. 962, § 2º .

Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva
da autoridade judiciária brasileira. Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à
concessão do exequatur à carta rogatória.

Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo federal competente,
a requerimento da parte, conforme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão
nacional. Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com cópia autenticada
da decisão homologatória ou do exequatur, conforme o caso.

Legislação Complementar
Decreto nº 9.039/2017. Promulga a Convenção sobre a Obtenção de Provas no Estrangeiro
em Matéria Civil ou Comercial, firmada em Haia, em 18 de março de 1970.

JURISPRUDÊNCIA
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA
ARBITRAL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DA
ORDEM PÚBLICA E DA SOBERANIA. REQUISITOS FORMAIS CLARAMENTE
ATENDIDOS. CITAÇÃO POR MEIO POSTAL COM ATESTADO DE RECEBIMENTO.
POSSIBILIDADE NO PROCESSO ARBITRAL. PRECEDENTES. DOCUMENTAÇÃO
LEGALIZADA COM ATENÇÃO ÀS NORMAS CONSULARES DO MINISTÉRIO DAS
RELAÇÕES EXTERIORES. PRESENÇA DA TRADUÇÃO JURAMENTADA.
HOMOLOGAÇÃO. 1. Pedido de homologação de sentença derivada de procedimento
arbitral realizado no estrangeiro sobre inadimplência em contrato de compra e venda
de produtos agrícolas; o requerido foi sentenciamento por perdas e danos pelo
descumprimento de três contratos. 2. Os requisitos formais para homologação judicial
de sentenças estrangeiras possui sua previsão inicial no art. 15 do Decreto-Lei
4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB), tendo sido
recentemente reafirmados estes no art. 963 do Novo Código de Processo Civil. 3. O
Superior Tribunal de Justiça possui competência para homologação de sentenças
estrangeiras em razão da Emenda Constitucional 45/2004, e o § 2º do art. 960 do Novo
Código de Processo Civil determina a validade dos requisitos regulamentares do RISTJ
em relação aos procedimentos de homologação; no caso concreto, é aplicável, ainda,
as prescrições dos arts. 37 ao 40 da Lei 9.307/96, por se tratar de sentença arbitral. 4.
No caso concreto, a sentença arbitral não ofende a soberania e a ordem pública
brasileira, porquanto trata de direitos patrimoniais disponíveis pelas partes e tem uma
cláusula contratual, que frisa que a escolha pela via arbitral não veda o acesso do Poder
Judiciário para eventual conflito (fls. 164, 170 e 176); não há nenhum óbice, com base
no art. 39, e incisos, da Lei 9.307/96, no art. 216-F do RISTJ e no art. 963, VI, do NCPC.
5. A cláusula compromissória é facilmente localizada nos três contratos de compra e
venda, os quais foram redigidos em português e juntados aos autos (fls. 163, 169 e
175); e, portanto, está clara a competência atribuída pelas partes à entidade que
proferiu a sentença arbitral sob processo de homologação, estando atendidos o art. 15,
"a", da LINDB, o art. 216-D, I, do RISTJ, o art. 3º da Lei 9.307/96 e o art. 963, I, do
NCPC. No mesmo sentido: SEC 3.660/GB, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte
Especial, DJe 25.6.2009. 6. O trânsito em julgado pode ser inferido da própria sentença
traduzida (fls. 153-154), que indica que, em atenção aos contratos firmados, tornar-se-
ia final após a data de 23 de outubro de 2012; foi atendido o ditame previsto no art. 15,
"c", da LINDB, no art. 216-D, III, do RISTJ e no art. 38, VI, da Lei 9.607/96, por se tratar
de sentença arbitral. 7. Em relação aos procedimentos arbitrais, são aceitos pela Lei
9.307/96 o modo de citação postal, a aplicação de lei estrangeira ou outro meio previsto
na convenção de arbitragem, tal como expresso no seu parágrafo único; há cópias das
mensagens eletrônicas enviadas à parte requerida sobre o início da arbitragem (fls.
243-244; tradução: fls. 247-248), sendo que as cartas foram remetidas, também, por
serviço de entregas postais e entregues (fls. 287-303). 8. A citação em procedimentos
arbitrais por meio postal, com atestado de recebimento, é meio bastante e suficiente
para atender o ditame do parágrafo único do art. 39 da Lei 9.307/96, como já firmou a
Corte Especial do STJ: SEC 10.658/EX, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte
Especial, DJe 16/10/2014. No mesmo sentido: SEC 8.847/EX, Rel. Ministro João Otávio
de Noronha, Corte Especial, DJe 28/11/2013; atendidos o art. 15, "b", da LINDB, assim
como o art. 261-D, II, do RISTJ, o art. 963, II, do NCPC e o parágrafo único do art. 39
da Lei 9.307/96. 9. A legalização de documentos estrangeiros tem base, atual, no
Decreto 8.742/2016 e possui ditames regulamentares fixados no Manual do Serviço
Consular e Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; em sintonia com o
fixado no regulamento, há certificado de notária inglesa juntado aos autos, que
assevera a autenticidade dos documentos anexados e referentes ao processo de
arbitragem (fl. 14; tradução juramentada: fls. 52-53), com o devido selo consular (fl. 15);
de outro lado, os contratos de compra e venda também estão devidamente
autenticados por oficial de registro no Brasil, o qual reconheceu a firma do requerido
(fls. 159-164, 165-170 e 171-176); atendido o art. 15, "d", da LINDB, o art. 216-C do
RISTJ, o art. 963, V, do NCPC e, por se tratar de sentença arbitral, o art. 37, I, da Lei
9.307/96. 10. Após o exame acurado dos autos, deve ser frisado não existirem
impedimentos para a homologação postulada, tendo sidos atendidos todos os
requisitos formais previstos na legislação brasileira pertinente. Pedido de homologação
deferido. (SEC 9.820/EX, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL,
julgado em 19/10/2016, DJe 26/10/2016)
QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: ITAIPU BINACIONAL Prova: NC-UFPR - 2019 -
ITAIPU BINACIONAL - Profissional de Nível Universitário Jr - Direito
Sobre a competência do Poder Judiciário brasileiro, identifique como verdadeiras (V)
ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
( ) A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu,
qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que no
Brasil tiver de ser cumprida a obrigação.
( ) Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra, conhecer
de ações relativas a imóveis situados no Brasil.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
A) F – F – V – F.
B) V – F – V – F.
C) V – V – V – V.
D) F – V – F – V.
E) F – V – F – F.
(Gabarito C)

• Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AC Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de
Direito Substituto
A cooperação jurídica internacional pode ser entendida como um modo formal de
solicitar a outro país alguma medida judicial, investigativa ou administrativa, necessária
para um caso concreto em andamento. Uma das inovações trazidas pelo Código de
Processo Civil de 2015 foi regular a cooperação internacional em seu texto, nos
seguintes termos:
A) a carta rogatória oriunda de autoridade brasileira competente, a fim de viabilizar o
seu cumprimento, via de regra, será encaminhada ao Ministério das Relações
Exteriores, acompanhada de tradução para a língua oficial do Estado requerido.
B) compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar
pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
C) realizar-se-á, como regra, com base em reciprocidade, manifestada por via
diplomática.
D) é incabível o auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão
de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
(Gabarito B)
Seção II

Do Auxílio Direto

Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de
decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo
de delibação no Brasil.

Auxílio direto. Trata-se de uma das modalidades de cooperação interacional. O


instituto se destaca por ser mais simplificado que as demais modalidades de
cooperação, especialmente porque prescinde da participação do Poder Judiciário para
ser efetuado.

Nos termos do artigo 28 do CPC, o auxílio direto será cabível quando o pedido de
cooperação não tiver por objeto uma decisão judicial estrangeira que esteja
sujeita à delibação pela autoridade brasileira. Assim, como o auxílio direto não se
origina de decisão judicial estrangeira, não se sujeita a juízo de delibação, podendo-
se concluir, portanto, que a cooperação internacional não se restringe inclusive a ato
do Poder Judiciário.

Isso porque, como dito, o auxílio direto é uma forma de cooperação jurídica
internacional mais simplificada, podendo a providência solicitada em sede de auxílio
direto, no Brasil, ser cumprida até mesmo sem exequatur – o que realça a celeridade
na execução do ato.

Araken de Assis (2015, p.424) faz uma crítica sobre as disposições trazidas no
código sobre a cooperação internacional, em especial ao art. 28, por entender que as
mesmas não respeitam ao direito processual e sim ao direito internacional e por isso,
deveriam constar em diploma específico: “Segundo o art. 28, cabe essa modalidade
cooperativa quando a medida proveniente de autoridade jurisdicional estrangeira não
depender de juízo de delibação. Ora, nesse caso o assunto é administrativo e, salvo
quando houver necessidade de medida judicial (art. 33), não importa à autoridade
judiciária. Ao processo civil interessa o objeto da cooperação, no caso da necessidade
juízo de delibação, e o respectivo modus operandi. A localização dessa matéria no
estatuto processual, presumivelmente no interesse do Ministério da Justiça, revela os
efeitos colaterais de elaborar uma lei geral no regime democrático, promovendo
concessões a interesses heterogêneos. É a velha prática do rider passando da lei
orçamentária à lei processual. O único benefício consiste em conferir ares de
atualização e de inserção internacional do país”.

Além disso, segundo Scarpinella Bueno (2021, 51-152): ”Existe acesa


controvérsia sobre a constitucionalidade do auxílio direto no direito brasileiro. Isso
porque o art. 105, I, i, da CF prescreve competir ao STJ ’processar e julgar,
originariamente: (...) a homologação de sentenças estrangeiras e concessão de
exequatur às cartas rogatórias’, Seria possível, diante da previsão constitucional, que
algum ato normativo, mesmo que multinacional, dispusesse diferentemente,
dispensando a intervenção daquele Tribunal para admitir que atos originários de
Estado estrangeiro pudessem sentir efeitos, os mais diversos, em território nacional?
Os defensores da constitucionalidade do auxílio direto sustentam que a previsão
acima transcrita, fruto da EC n. 45/2004, é ampla o suficiente para albergar a hipótese.
Diferentemente da previsão anterior (art. 102, I, h, da CF), que definia, para tanto, a
competência do STF, a atual refere-se a ’de’, e não a ’das’ sentenças estrangeiras, o
que seria bastante para reconhecer espaço para o estabelecimento de outras formas
de cooperação internacional, que dispensam a necessária e prévia intervenção
daquele Tribunal e, consequentemente, a carta rogatória”.

Legislação Complementar
Art. 4º da CF. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III -
autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa
da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX -
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.

Art. 7º da Resolução nº 9/2005 do STJ. As cartas rogatórias podem ter por objeto atos
decisórios ou não decisórios. Parágrafo único. Os pedidos de cooperação jurídica
internacional que tiverem por objeto atos que não ensejem juízo de delibação pelo Superior
Tribunal de Justiça, ainda que denominados como carta rogatória, serão encaminhados ou
devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao cumprimento por
auxílio direto.

Art. 216-O do Regimento Interno do STJ. É atribuição do Presidente conceder exequatur a


cartas rogatórias, ressalvado o disposto no art. 216-T. [...] § 2º Os pedidos de cooperação
jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não ensejem juízo deliberatório do
Superior Tribunal de Justiça, ainda que denominados de carta rogatória, serão encaminhados
ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao cumprimento por
auxílio direto.

JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. COOPERAÇÃO JURÍDICA
INTERNACIONAL. CARTA ROGATÓRIA E AUXÍLIO DIRETO. DEFINIÇÃO. CASO
CONCRETO. EXISTÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL ESTRANGEIRA.
IMPRESCINDIBILIDADE DO EXEQUATUR. RECURSO PROVIDO. 1. Na carta
rogatória passiva, há decisão judicial oriunda da Justiça rogante que precisa ser
executada e cumprida no Estado rogado, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça o
juízo de delibação, sem, contudo, adentrar-se no mérito da decisão oriunda do País
estrangeiro. No auxílio direto passivo, há um pedido de assistência do Estado
alienígena diretamente ao Estado rogado, para que este preste as informações
solicitadas ou provoque a Justiça Federal para julgar a providência requerida
(medidas acautelatórias), conforme o caso concreto. Tudo isso, baseado em
Acordo ou Tratado Internacional de cooperação. 2. In casu, trata-se da primeira
espécie de cooperação internacional. O Promotor da República de Paris denunciou e
solicitou ao Judiciário francês o processamento da investigação, e o Juiz de instrução
julgou necessárias as providências referentes à colheita de prova "para a manifestação
da verdade". Assim, o Juízo estrangeiro, ao deferir a produção da prova requerida pelo
Ministério Público, emitiu pronunciamento jurisdicional. Quer dizer, houve um juízo de
valor realizado pelo Judiciário alienígena sobre a necessidade e adequação da colheita
de prova. A decisão judicial estrangeira, portanto, deve ser submetida ao juízo
delibatório do Superior Tribunal de Justiça, assegurando-se às Partes as garantias do
devido processo legal, sem, contudo, adentrar-se no mérito da decisão proveniente do
País rogante. 3. Frise-se que não se trata de mero ato judicial formal de
encaminhamento de pedido de cooperação, mas de ato com caráter decisório proferido
pelo Poder Judiciário francês no exercício típico da função jurisdicional. 4. A concessão
do exequatur é imprescindível na hipótese, pois, existente decisão judicial estrangeira
a ser submetida ao crivo desta Corte, o caso concreto amolda-se à definição de carta
rogatória, sendo de rigor a anulação dos procedimentos já realizados. 5. Não respeitada
a competência adequada para o processamento da cooperação internacional em
território nacional, nos termos do art. 105, inciso III, alínea i, da Constituição da
República, impõe-se a anulação do feito desde o seu início. 6. O ato de delegação da
condução e direção de produção de prova oral à Autoridade estrangeira, a fim de que
esta proceda diretamente à inquirição da testemunha ou do investigado, não encontra
qualquer tipo de respaldo constitucional, legal ou jurisprudencial. Trata-se de ato eivado
de nulidade absoluta, por ofensa à soberania nacional, o qual não pode produzir efeitos
dentro de investigações penais que estejam dentro das atribuições das Autoridades
brasileiras. Além disso, a nulidade decorrente do reconhecimento da necessidade de
exequatur, abrange também a realização do aludido ato. 7. Recurso provido, a fim de
declarar, relativamente a procedimentos ou processos em trâmite na República
Federativa do Brasil decorrente do pedido de auxílio direto ora anulado, a invalidade da
oitiva do Recorrente e as medidas judiciais de busca e apreensão e condução
coercitiva, além de outras determinadas pelo Juízo da 9.ª Vara Federal Criminal do Rio
de Janeiro, nos autos do Processo n.º 0120881-41.2017.4.02.5101, restituindo-se os
objetos apreendidos. (RHC 102.322/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA,
julgado em 12/05/2020, DJe 22/05/2020). Não obstante trata-se de julgado em matéria
criminal, o teor do voto elucida a questão do auxílio direto à luz do presente dispositivo

DIREITO INTERNACIONAL. APELAÇÃO CÍVEL. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL.


PENSÃO POSTULADA A INSTITUTO PREVIDENCIÁRIO PORTUGUÊS.
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. REFORMA DA SENTENÇA. EXTINÇÃO
DO FEITO. ARTIGO 267, VI, CPC. RECURSO CONHECIDO. EXTINÇÃO DO FEITO
EX OFFICIO. 1. Questão que envolve pleito condenatório contra o Instituto
Previdenciário Português, tendo em vista que o falecido companheiro da
Autora/Apelante era nacional português e, tendo laborado sempre em Portugal,
percebia benefício de aposentadoria do apontado réu. 2. Não se pode compelir
instituição previdenciária portuguesa, que se encontra fora da jurisdição brasileira, a
conceder benefício à Autora/Apelante. 3. Considerando-se que a Apelante não
formulou pedido expresso de reconhecimento de que atende aos requisitos necessários
à concessão do pretendido benefício, conforme determinados pela lei portuguesa,
impõe-se a extinção do feito sem resolução de mérito, ex officio, dada a impossibilidade
jurídica do pedido efetivamente formulado na exordial. 4. Recurso da Autora conhecido
para, de ofício, extinguir o feito sem resolução de mérito, dada a impossibilidade jurídica
do pedido (Artigo 267, VI, CPC), restando prejudicada a análise de mérito do recurso.
(TRF-2 00221635320104025101 RJ 0022163-53.2010.4.02.5101, Relator: MARCELO
PEREIRA DA SILVA, Data de Julgamento: 17/09/2014, 8ª TURMA ESPECIALIZADA

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: CESPE -
2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto
De acordo com as regras do Código de Processo Civil (CPC) que tratam da cooperação
jurídica internacional, o denominado auxílio direto passivo
A depende, para que seja cumprido, da concessão de exequatur, exceto quando tiver
por objeto ato de instrução processual.
B deve ser, caso dependa de medida judicial, pleiteado em juízo pelo Ministério Público,
independentemente de quem atue como autoridade central no caso.
C deve ser encaminhado, pelo Estado estrangeiro interessado, diretamente a órgão do
Poder Judiciário brasileiro.
D pode ser utilizado para qualquer medida judicial ou extrajudicial, desde que não
vedada pela lei brasileira e não sujeita a juízo de delibação no Brasil.
E somente pode ser utilizado nos casos previstos em tratados internacionais ratificados
pelo Brasil, dependendo a sua efetivação de homologação no STJ.
(Gabarito D)
• Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU -
Analista do MPU - Direito
Com base nas normas que regem o processo civil, julgue o item seguinte, acerca da
função jurisdicional; do Ministério Público; de nulidades processuais; e de sentença.
Na cooperação jurídica internacional, poderá ser prestado auxílio direto caso a medida
requerida não decorra diretamente de decisão jurisdicional que, proferida por
autoridade estrangeira, será submetida a juízo de delibação no Brasil.
Certo
Errado
(Gabarito Certo)

Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão


estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado
requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.

Este dispositivo versa sobre o auxílio direto passivo, caso em que o auxílio é
solicitado pelo Estado estrangeiro. Normalmente, o tratado internacional firmado entre
o Brasil e determinado Estado estrangeiro prevê quem exercerá o papel de
“autoridade central” em cada país. Desse modo, a autoridade central detém
competência para receber a solicitação de auxílio direto por parte do órgão
estrangeiro.

No caso brasileiro, para viabilizar a cooperação autoridade estrangeira interessada


deverá enviar o pedido à autoridade central respectiva, que, na ausência de
designação específica, será o Ministério da Justiça e Segurança Pública (CPC, art.
26, § 4º). Inclusive, nos termos do Decreto nº 8.668/2016, o Ministério possui um
departamento específico para cuidar da cooperação jurídica internacional,
denominado Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional – DRCI.

Legislação Complementar
Art. 105, I, i, da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar,
originariamente: [...] i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur
às cartas rogatórias.
JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA DE BENS.
ANORMALIDADE INSTITUCIONAL EM PAÍS ESTRANGEIRO QUE IMPEDE A
OBTENÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO
ANDAMENTO DE PROCESSO JUDICIAL NO BRASIL. FATO NOTÓRIO.
NECESSIDADE DE ADOÇÃO DE INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO JURÍDICA
INTERNACIONAL. EVENTUAL INSUCESSO DA MEDIDA. DECLARAÇÃO DE
AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS PELO ADVOGADO, MESMO QUE PARA
FINALIDADE DISTINTA DO USO EM PROCESSO JUDICIAL, PARA A QUAL HÁ
AUTORIZAÇÃO NORMATIVA. POSSIBILIDADE. CARÁTER EXCEPCIONAL E
SUBSIDIÁRIO DA INTERPRETAÇÃO POR ANALOGIA. 1- Ação proposta em
16/06/2017. Recurso especial interposto em 07/03/2018 e atribuído à Relatora em
18/09/2018. 2- O propósito recursal é definir se é admissível a autenticação de
documentos estrangeiros pelo advogado para a obtenção, perante a Receita Federal,
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas em nome de pessoa falecida que residia
no exterior, permitindo-se a continuidade da ação de inventário, especialmente quando
há notória impossibilidade, ainda que momentânea, de obtenção das referidas
autenticações no país de origem. 3- Tratando-se de fato notório a existência de situação
de anormalidade institucional em país estrangeiro que faz presumir a dificuldade ou a
inviabilidade de se obter documentos ou informações necessárias para o
prosseguimento da ação de inventário, deve-se flexibilizar a regra segundo a qual é
dever da parte atender às exigências e determinações de órgãos e entidades para que
se dê regular prosseguimento ao processo judicial, admitindo-se o uso de instrumentos
de cooperação jurídica internacional para a prática de atos ou obtenção de informações
de países do exterior. 4- Sendo infrutífero o pedido de cooperação jurídica internacional
e em se tratando de situação de notória anormalidade institucional existente no país de
origem, é admissível, subsidiariamente e em caráter excepcional, que seja determinado
à Receita Federal que emita CPF sem que haja autenticação, no país de origem, dos
documentos estrangeiros por ela comumente exigidos, suprindo-se a referida
autenticação por declaração de autenticidade dos documentos estrangeiros realizada
pelo advogado das partes, sob sua responsabilidade pessoal, como autoriza, no
processo judicial, o art. 425, IV, V e VI, do CPC/15. 5- Recurso especial conhecido e
provido. (REsp 1782025/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: FMP Concursos Órgão: PGE-AC Prova: FMP Concursos - 2017 -
PGE-AC - Procurador do Estado
Considere as seguintes afirmativas sobre o tema da cooperação internacional no
âmbito do Código de Processo Civil.
I - Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais
que regem o Estado brasileiro.
II - Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
III - Compete exclusivamente ao juízo federal do Distrito Federal apreciar pedido de
auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
IV - Somente nas hipóteses previstas no Código de Processo Civil será possível a
revisão do mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judiciária
brasileira.
Estão CORRETAS apenas as alternativas:
A I e II.
B II e III.
C II e IV.
D I, III e IV.
E II, III e IV.
(Gabarito A)

• Ano: 2017 Banca: IADES Órgão: CRF - DF Prova: IADES - 2017 - CRF - DF - Analista
l - Advogado
Sobre jurisdição, competência e cooperação internacional, à luz do Novo Código de
Processo Civil (NCPC), assinale a alternativa correta.
A A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado
à autoridade judiciária, com exclusividade, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido.
B Cabe auxílio direto quando a medida decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
C O ato de apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de
atividade jurisdicional compete ao juízo estadual do lugar em que deva ser executada
a medida.
D Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à
parte interessada na medida, que a requererá em juízo. Neste sentido, o NCPC veda a
atribuição ao Ministério Público do status de autoridade central, para fins de auxílio
direto.
E Quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação, o processamento e o julgamento da
ação não competem à autoridade judiciária brasileira. Todavia, tal restrição à jurisdição
nacional não se aplica aos casos de competência internacional exclusiva, como nos
casos relativos a imóveis situados no território da República Federativa do Brasil.
(Gabarito E)

Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o
auxílio direto terá os seguintes objetos:

I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e


sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;

II – colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em


curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária
brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei
brasileira.

O auxílio direto terá cabimento em casos específicos, quais sejam: aqueles em que
existir previsão de sua existência em tratados em que o Brasil faça parte, bem como
para o fornecimento de informações e para a prática de atos probatórios. Nesse caso,
a competência para prática de tais atos probatórios será da Justiça Federal, por força
da previsão contida no art. 109 da Constituição Federal.

Saliente-se que “A previsão do inciso III, ao se referir a ‘qualquer outra medida


judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira’, assumia feição restritiva diante
do art.35 do CPC de 2015, que impunha a carta rogatória ao ‘pedido de cooperação
entre o órgão jurisdicional estrangeiro para prática de ato de citação, intimação,
notificação judicial, colheita de provas, obtenção de informações e cumprimento de
decisão interlocutória, sempre que o ato estrangeiro constituir decisão a ser executada
no Brasil’. Com o veto presidencial daquele dispositivo, não subsiste razão para deixar
de entender que o auxílio direto será pertinente também naqueles casos. É o caso de
ressalvar, apenas, o cumprimento de decisões interlocutórias estrangeiras
concessivas de medida de urgência, hipótese em que prevalece o disposto no § 1º do
art. 962, sem prejuízo, de qualquer sorte, do disposto no § 4º daquele mesmo
dispositivo e no § 1º do art. 960” (SCARPINELLA BUENO, 2021, 153)

Dispositivos do CPC relacionados ao teor do art. 30


Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de homologação de
decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário prevista em tratado. § 1º
A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executada no Brasil por meio de carta
rogatória.

Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência. §


1º É passível de homologação a decisão judicial definitiva, bem como a decisão não judicial
que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional. [...] § 4º Haverá homologação de decisão
estrangeira para fins de execução fiscal quando prevista em tratado ou em promessa de
reciprocidade apresentada à autoridade brasileira.
Legislação Complementar
Art. 15, LINDB. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os
seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes
citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar
revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d)
estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal
Federal.

Art. 16, LINDB. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por
ela feita a outra lei.

Art. 17, LINDB. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.

Art. 216-C do Regimento Interno do STJ. A homologação da decisão estrangeira será


proposta pela parte requerente, devendo a petição inicial conter os requisitos indicados na lei
processual, bem como os previstos no art. 216-D, e ser instruída com o original ou cópia
autenticada da decisão homologanda e de outros documentos indispensáveis, devidamente
traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade
consular brasileira competente, quando for o caso.

Art. 216-D do Regimento Interno do STJ. A decisão estrangeira deverá: I - ter sido proferida
por autoridade competente; II - conter elementos que comprovem terem sido as partes
regularmente citadas ou ter sido legalmente verificada a revelia; III - ter transitado em julgado.

Art. 216-F do Regimento Interno do STJ. Não será homologada a decisão estrangeira que
ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública.

JURISPRUDÊNCIA
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA
ESTRANGEIRA ORIUNDA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. ARTS. 15 E 17
DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS 0NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ARTS. 960 E
SEGUINTES DO CPC/2015. ARTS. 216-C, 216-D E 216-F DO RISTJ. REQUISITOS
ATENDIDOS. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
DEFERIDO. 1. A homologação de decisões estrangeiras pelo Poder Judiciário possui
previsão na Constituição Federal de 1988 e, desde 2004, está outorgada ao Superior
Tribunal de Justiça, que a realiza com atenção aos ditames dos arts. 15 e 17 do
Decreto-Lei n.º 4.657/1942 (LINDB), do Código de Processo Civil de 2015 (art. 960 e
seguintes) e do art. 216-A e seguintes do RISTJ. 2. Nos termos dos arts. 15 e 17 da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, 963 do CPC/2015 e 216-C, 216-D e 216-
F do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, que, atualmente, disciplinam
o procedimento de homologação de sentença estrangeira, constituem requisitos
indispensáveis ao deferimento da homologação, os seguintes: (i) instrução da petição
inicial com o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros
documentos indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou
juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira; (ii) haver sido
a sentença proferida por autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente
citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; (iv) ter a sentença transitado em
julgado; (v) não ofender a soberania, a dignidade da pessoa humana e/ou ordem
pública. 3. Não há objeção da parte requerida à homologação da sentença estrangeira.
Após a citação por carta rogatória, a DEEPFLEX INC. não apresentou contestação,
razão pela qual a Defensoria Pública da União foi nomeada como curadora especial e,
em sua tréplica, concordou com a homologação da sentença. A requerida DEEPFLEX
DO BRASIL INDUSTRIA DE DUTOS FLEXIVEISE PARTICIPAÇÕES LTDA. se
manifestou pela homologação da sentença proferida pela Corte de Michigan "sem que
haja condenação nos ônus da sucumbência diante da ausência de litigiosidade do
presente caso". 4. Portanto os requisitos legais se encontram plenamente atendidos
neste caso, quanto à prova da citação do requerido no processo estrangeiro, ao trânsito
em julgado e estar a decisão devidamente autenticada por autoridade consular
brasileira e com tradução oficial e/ou juramentada. Nesse sentido, a propósito, o
parecer do MPF. 5. Determino às requeridas o ressarcimento das custas processuais
adiantadas pela parte requerente, mas deixo de condená-las em honorários
advocatícios, uma vez que não houve contestação ou qualquer oposição à
homologação pleiteada. Aplica-se, no caso, precedente recente firmado por esta Corte
Especial: HDE 1.614/EX, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em
22/04/2021, DJe 01/07/2021. 6. Pedido de homologação de sentença estrangeira
deferido. (HDE 1.600/EX, Rel. Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado
em 01/09/2021, DJe 13/09/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: TJ-PE Prova: IBFC - 2017 - TJ-PE - Técnico Judiciário
- Função Judiciária
A Cooperação Internacional foi recentemente regulamentada em território nacional por
meio da promulgação do novo Código de Processo Civil. A respeito do tema, assinale
a alternativa que contém informação correta:
A A solicitação de auxílio direto será encaminhada ao Brasil pela autoridade
estrangeira, cabendo ao Estado brasileiro assegurar a autenticidade do pedido
B É desnecessária a tradução juramentada de documento encaminhado juntamente
com o pedido de cooperação jurídica internacional, desde que este seja enviado por
meio de autoridade central ou via diplomática
C Compete ao juiz estadual da comarca em que deverá ser executada a medida
apreciar o pedido de auxílio direto
D A cooperação jurídica internacional terá como objeto tão somente os atos de citação,
intimação, notificação judicial e extrajudicial
E Caso fira preceitos constitucionais, pode a autoridade judiciária brasileira revisar o
mérito do pronunciamento judicial estrangeiro
(Gabarito B)
• Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: Câmara Municipal de Aracruz - ES Prova: IDECAN
- 2016 - Câmara de Aracruz - ES - Procurador Legislativo
Segundo o Novo Código de Processo Civil, a cooperação jurídica internacional NÃO
terá por objeto:
A Homologação e cumprimento de decisão.
B Concessão de medida judicial de urgência.
C Citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial.
D Medida processual, mesmo que proibida pela lei brasileira.
(Gabarito D)

Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com


suas congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros
responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação
enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições
específicas constantes de tratado.

O dispositivo trata da comunicação entre as autoridades. Nesse caso, a autoridade


central de um país se comunica diretamente com a autoridade central de outros.
Cuida-se, em evidência, e tão somente, de uma facilitação burocrática.

Aqui, está-se diante de cooperação internacional ativa, pois o Estado Brasileiro


requer a assistência internacional, conforme classificação doutrinária: “A cooperação
jurídica internacional pode ser classificada nas modalidades ativa e passiva, como os
lados de uma mesma moeda, de acordo com a posição de cada um dos Estados
cooperantes. A cooperação será ativa quando um Estado (requerente) formular a
outro (requerido) um pedido de assistência jurídica; a cooperação, por outro lado, será
passiva quando um Estado (requerido) receber do outro (requerente) um pedido de
cooperação” (TOFFOLI e CESTARI, Virgínia, 2008, 23).

Legislação Complementar
Decreto nº 3.413/2000. Promulga a Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro
Internacional de Crianças, concluída na cidade de Haia, em 25 de outubro de 1980.

Decreto nº 3.087/1999. Promulga a Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à


Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída na Haia, em 29 de maio de 1993.
JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. AFRONTA À AUTORIDADE DE DECISÃO
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
REAPRESENTAÇÃO DE PEDIDO DE COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL.
ATO DE COMUNICAÇÃO PARA COMPARECIMENTO VOLUNTÁRIO A AUDIÊNCIA
NO JUÍZO ROGANTE. CUMPRIMENTO MEDIANTE AUXÍLIO DIRETO.
POSSIBILIDADE. 1. A reclamação é admitida apenas para a preservação da
competência do Superior Tribunal de Justiça ou para a garantia da autoridade de suas
decisões. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e a do Supremo Tribunal
Federal admitem a cooperação jurídica internacional mediante auxílio direto. 3. É
possível o cumprimento direto pela autoridade central de pedido de cooperação jurídica
internacional que dispense juízo de delibação na Justiça brasileira e que tenha como
objeto qualquer medida judicial ou extrajudicial não proibida pela legislação brasileira.
4. O provimento do agravo interno está condicionado à demonstração de motivos que
afastem os fundamentos da decisão agravada. 5. Agravo interno desprovido. (AgRg na
Rcl 39.223/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL,
julgado em 25/08/2020, DJe 31/08/2020)

Decreto nº 3.413/2000. INTERNACIONAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS


ESPECIAIS. AÇÃO DE BUSCA, APREENSÃO E RESTITUIÇÃO PROPOSTA PELA
UNIÃO. CONVENÇÃO DE HAIA SOBRE OS ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO
INTERNACIONAL DE CRIANÇAS. DECRETO 3.413/2000. RETENÇÃO NOVA.
NECESSIDADE DE RETORNO DA CRIANÇA AO PAÍS DE RESIDÊNCIA HABITUAL.
HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Trata-se, na origem, de ação de busca, apreensão e
restituição de menor, nascido na Espanha em 23/12/2011, filho de mãe brasileira e pai
espanhol, movida pela União contra a genitora. 2. No primeiro grau, os pedidos foram
julgados improcedentes. O juízo considerou que a Convenção de Haia não seria
aplicável ao caso, ante o fundamento de que o país da residência habitual do menor
seria o Brasil, e não a Espanha, de sorte que não existiria "sequestro internacional". 3.
Ao julgar a Apelação da União, o Tribunal Regional deu provimento ao recurso por
entender que, no caso, o país da residência habitual do menor era a Espanha e que a
vinda dele ao Brasil com sua mãe foi ilícita. OBJETIVO DA CONVENÇÃO DE HAIA:
RETORNO IMEDIATO DA CRIANÇA ILICITAMENTE TRANSFERIDA - ART. 1º 4. A
Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, concluída
na cidade de Haia, em 25 de outubro de 1980, está em vigor no Brasil desde 1º de
janeiro de 2000, veiculada pelo Decreto 3.413/2000. Ela é o principal instrumento
jurídico a reger os fatos narrados na inicial, e seu escopo é assegurar o retorno imediato
de crianças ilicitamente transferidas de um país para o outro em detrimento de quem
detenha e exerça sua guarda. CONCEITO DE SUBTRAÇÃO ILÍCITA: ART. 3º DA
CONVENÇÃO DE HAIA 5. O art. 3º da citada convenção explicita os casos em que a
retenção ou remoção é considerada ilícita, verbis: "A transferência ou a retenção de
uma criança é considerada ilícita quando: a) tenha havido violação a direito de guarda
atribuído a pessoa ou a instituição ou a qualquer outro organismo, individual ou
conjuntamente, pela lei do Estado onde a criança tivesse sua residência habitual
imediatamente antes de sua transferência ou da sua retenção; e b) esse direito
estivesse sendo exercido de maneira efetiva, individual ou em conjuntamente, no
momento da transferência ou da retenção, ou devesse está-lo sendo se tais
acontecimentos não tivessem ocorrido. O direito de guarda referido na alínea a) pode
resultar de uma atribuição de pleno direito, de uma decisão judicial ou administrativa ou
de um acordo vigente segundo o direito desse Estado." EXCEÇÕES À REGRA DO
RETORNO IMEDIATO: ARTS. 12, 13 E 20 DA CONVENÇÃO DE HAIA 6. Apesar de,
como ressaltado, a Convenção visar ao retorno imediato da criança subtraída, há
situações excepcionais em que ele não deve ocorrer. 7. As exceções à regra do retorno
imediato são previstas nos arts. 12, 13 e 20 do citado acordo, os quais regulam as
hipóteses em que a volta da criança não é recomendável tendo em vista o melhor
interesse dela e sua condição de ser humano em formação. 8. A exceção constante do
art. 12 da Convenção da Haia estabelece a situação de integração da criança ao novo
meio. 9. O art. 13, por sua vez, diante do princípio do melhor interesse da criança,
estabelece cinco exceções à regra do retorno imediato: a) prova de que o requerente
não exercia a guarda da criança na época da transferência; b) quando existir o
consentimento posterior com a nova localização da criança; c) na hipótese de haver
risco grave de a criança, no seu retorno, sujeitar-se a perigos de ordem física ou
psíquica, como por exemplo guerras, conflitos internos, ou instabilidades que levem o
Estado a não ter condições de assegurar a segurança dos cidadãos; d) quando existir
risco grave de a criança ficar numa situação intolerável, como a de violência doméstica;
e) caso a própria criança, possuidora de certo grau de maturidade e idade, se recuse a
retornar para o lar habitual. 10. Por fim, o art. 20 excetua a regra do retorno imediato
ante a ausência de compatibilidade com os princípios fundamentais do Estado
requerido no tocante à proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais.
CASO CONCRETO - PREMISSAS FÁTICAS ADOTADAS PELO ACÓRDÃO
RECORRIDO: A RESIDÊNCIA HABITUAL DA CRIANÇA LOCALIZAVA-SE NA
ESPANHA E DECORREU MENOS DE UM ANO ENTRE A DATA DA
TRANSFERÊNCIA/RETENÇÃO ILÍCITA (SAÍDA DO PAÍS) E A DO INÍCIO DO
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO OU JUDICIAL (PEDIDO DE RETORNO DA
CRIANÇA) 11. No caso em análise, ao decidir o feito a Corte de origem consignou (fls.
111-112 - destaques acrescentados): "A sentença recorrida considerou como
residência habitual da criança o Brasil, fundando-se no fato de que a família, apesar da
divergência entre os discursos, veio aqui fixar residência no segundo semestre de 2013.
Não entendeu aplicável a Convenção da Haia, pois o retorno da Espanha em setembro
de 2014 seria para a residência habitual, caracterizando como provisória a estada
naquele país. Em que pese a minuciosa análise da situação fática promovida pela
sentença de primeiro grau, não extraio dos fatos narrados a mesma conclusão obtida
pelo julgador de piso. De fato a vinda da família para o Brasil em 2013 parece ter o
ânimo de definitividade, como concluiu a sentença. Vejo similar ânimo, todavia, em
2014, a despeito de que o núcleo constituído por mãe e filho tenha se fixado em cidade
espanhola diversa da do pai. Trata-se de uma estada de cerca de cinco meses, com
convenção, inclusive, quanto à convivência de pai e filho. Não é verossímil que a estada
de mãe e filho por cerca de cinco meses, nestes termos, tenha se dado a título de férias.
No Evento 1, PROCADM2, p. 109, há documento comprovando a matricula de Marcos
no Centro de Educação Infantil na Espanha para o período 2014/2015, o que bem
demonstra o caráter de definitividade da estadia, bem como a falta de consentimento
do pai para o retorno ao Brasil. Nessa medida, se provisoriedade havia, ao que parece,
estava presente no íntimo da mãe apenas. De qualquer sorte, o retorno ao Brasil,
assim, a revelia do consentimento do pai, reclama a proteção das normas da
Convenção da Haia. Ademais disso, há nos autos documento que comprova a matrícula
do menor em Centro de Educação Infantil situado na Espanha, para o período
2014/2015 (Evento 1, PROCADM2, Pg. 109), corroborando, portanto, a alegação de
que a transferência ao Brasil se deu sem o consentimento do pai. Segundo o artigo 12
da Convenção, quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos
termos do Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da
transferência ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a
autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se
encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o retorno imediato da criança. A
subtração teria ocorrido em setembro de 2014. A Autoridade Central espanhola foi
provocada em 01 de outubro de 2014. Em 03 de fevereiro de 2015 a Autoridade Central
espanhola encaminhou o pedido de cooperação jurídica internacional ao Estado
brasileiro, solicitando as medidas tendentes à restituição do menor ao território
espanhol. O pedido chegou na Autoridade Central brasileira em 13 de fevereiro de
2015, sendo que, em 11 de março de 2015 foi encaminhado ofício à genitora solicitando
manifestação quanto à possibilidade de solução amistosa para a questão. Percebe-se
claramente, assim, ter iniciado o processo perante a autoridade central brasileira antes
de completado um ano da transferência ilícita. De rigor, diante do quadro fático, que se
ordene o imediato retorno da criança, independentemente de qualquer consideração a
respeito da adaptação ao Brasil."AFRONTA AOS ARTS. 3º DA CONVENÇÃO DE HAIA
E 373, I E II, DO CPC/2015 - SÚMULA 7/STJ 12. No que concerne à citada violação
aos arts. 3º da Convenção de Haia e 373, I e II, do CPC/2015, é inviável analisar a tese,
defendida no Recurso Especial, de que a guarda, de fato, do menor seria da mãe, razão
pela qual ela poderia retornar ao Brasil, não existindo transferência ilícita da criança.
Não há como rever o conjunto probatório dos autos para afastar as premissas fáticas,
estabelecidas pelo acórdão recorrido, de que o país da residência habitual dele era a
Espanha. Aplica-se, portanto, o óbice da Súmula 7/STJ. APLICAÇÃO DO ART. 12 DA
CONVENÇÃO DE HAIA: DECURSO DE MENOS DE UM ANO ENTRE A DATA DA
TRANSFERÊNCIA OU RETENÇÃO INDEVIDA DA CRIANÇA E O INÍCIO DO
PROCESSO DE REPATRIAÇÃO 13. Consoante afirmado pelo acórdão recorrido, é
inquestionável a prática de ato ilícito pela recorrente, correspondente, de modo
específico, à retirada do menor da Espanha, país de sua residência, sem consentimento
do pai. 14. Ademais, igualmente indubitável é a ausência de transcurso de um ano entre
a data da transferência/retenção ilícita (saída do país) e a do início do procedimento
administrativo ou judicial (pedido de retorno da criança). Consta do aresto vergastado
que o pai, menos de um mês após a subtração ilícita, em setembro de 2014, provocou
a autoridade central espanhola. Tanto que o pedido de cooperação jurídica
internacional visando à restituição do menor chegou à autoridade central brasileira
menos de cinco meses após a retenção ilícita. 15. O caso em questão enquadra-se na
hipótese descrita no art. 12 da Convenção, que estabelece imediata devolução da
criança quando tiver decorrido menos de 1 (um) ano entre a data da transferência ou
retenção indevida e a de início do processo de repatriação no Estado que estiver
abrigando a criança, como afirmou o acórdão recorrido. 16. A Convenção acolhe a
presunção de que o retorno imediato do ilicitamente subtraído ao país de residência
habitual - juízo natural para eventuais controvérsias sobre guarda e Direito de Família
- representa providência que melhor atende ao interesse da criança. Cumpre lembrar
que, no plano ético-político dos valores amparados, a expressão "subtração
internacional de criança" encerra, simultaneamente, ataque ao menor envolvido, à paz
internacional nas relações de família e à jurisdição natural do país de residência
habitual. 17. Importa ainda alertar que risco grave a ser levado em conta pelo juiz
também diz respeito à inteireza universal da Convenção em si, instrumento exemplar
que protege, no mundo todo, milhares de pais e filhos (mas não só eles) que padecem
com sequelas angustiantes e desestruturadoras do núcleo familiar, causadas pela
subtração internacional de crianças. Em disputas deste jaez, o Judiciário, nas suas
decisões, deve estar a cada instante atento para, na medida do possível, divisar e evitar
efeitos colaterais imprevisíveis, assim como os social e internacionalmente
indesejáveis. 18. Para a tranquilidade das famílias, imprescindível acautelar o texto da
Convenção contra prática judicial que venha a corroer a garantia do bem jurídico
internacional maior. No Brasil ou em qualquer outro lugar, a insensibilidade para tais
aspectos relevantes deságua comumente no enfraquecimento da força obrigatória do
Pacto, do compromisso e da boa vontade em si de outros Estados-Membros com a
implementação de suas responsabilidades, sobretudo quando se tratar de sequestro
por estrangeiros de vítimas brasileiras (e são tantas mundo afora!). Afinal, na arena
internacional reina, de direito ou de fato, o princípio da reciprocidade: se não
cumprimos, ou cumprimos parcial ou relutantemente, nossos deveres explícitos e
inequívocos estatuídos na Convenção, por que as outras Partes haverão de fazê-lo
quando forem brasileiros o genitor titular da guarda ou a criança sequestrada? 19. A
análise do mencionado dispositivo deve ser criteriosa, para que atenda à finalidade da
Convenção, que é a devolução da criança ao local de onde foi retirada, sob pena de se
tornar inócuo o acordo internacional. 20. Por trazer exceções à medida do retorno
imediato, a interpretação deve ser restritiva, de modo que, quando transcorrer período
inferior a um ano entre o ato ilícito de transferência e o início do processamento do
pedido de retorno, feito pelo interessado perante as autoridades responsáveis, o menor
deve ser restituído independentemente de qualquer fator externo, como regra. Todavia,
após o decurso do referido lapso temporal, as autoridades devem observar as
peculiares e noticiadas condições de vida do menor no novo Estado, de modo que,
estando ele integrado ao novo meio e ao ambiente familiar, o retorno será obstado, em
benefício do melhor interesse do infante. Evidentemente o tempo de tramitação do
processo não deve ser considerado para efeito do prazo, sob pena de intencional
retardo do processo. Nesse sentido: REsp 1.351.325/RJ, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, DJe de 16/12/2013. CASO CONCRETO NARRADO PELO
ARESTO VERGASTADO QUE SE ADEQUA PERFEITAMENTE À HIPÓTESE DO
ART. 12 DA CONVENÇÃO DE HAIA. A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA EXCETUA A APLICAÇÃO DO CITADO ARTIGO SOMENTE
EM CASOS ESPECIALÍSSIMOS EM QUE HAJA PECULIARIDADES NÃO
VERIFICADAS NO PRESENTE FEITO 21. Não se desconhece que o Superior Tribunal
de Justiça, em hipóteses excepcionalíssimas, já excluiu a incidência da regra do retorno
imediato, prescrita no art. 12 da Convenção de Haia, em situações em que não
decorrera período inferior a um ano entre a data da retenção indevida e o início do
processo perante a autoridade judicial ou Administrativa do Estado Contratante. 22. A
ausência de observância do art. 12 ocorreu estritamente em razão das peculiaridades
e especificidades dos casos concretos analisados, como a ocorrência de excessiva
demora na tramitação do processo, associada ou não à possibilidade de separação de
irmãos pela incidência do art. 4º da Convenção de Haia à condição de um deles, ou,
ainda, pela existência de pluralidade de domicílios: situações que não se observam no
presente feito. 23. No julgamento do REsp 1.196.954/ES, da relatoria do Min. Humberto
Martins, DJe 2.5.2014, o repatriamento imediato, deflagrado antes de decorrido um ano
da ilícita abdução, foi afastado em virtude de uma das crianças subtraídas já ter mais
de 16 anos, não sendo alcançada pela Convenção, nos termos de seu art. 4º, e a outra
estar prestes a completar os dezesseis anos, ressaltando-se que a repatriação apenas
de uma delas, com a separação dos irmãos, seria prejudicial ao melhor interesse delas.
O caso em tela trata de única criança, com menos de cinco anos de idade, sendo,
portanto, alcançada pela Convenção de Haia, e não há separação de irmãos. 24. No
REsp 1.214.408/RJ, da relatoria do Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 5.8.2015,
por sua vez, apesar de ter sido destacado que a autoridade central brasileira fora
acionada pela congênere argentina para que promovesse o retorno de duas crianças
subtraídas, antes do primeiro ano da alegada retenção indevida de ambos pela mãe,
excetuou-se a regra do art. 12. Isso porque a judicialização da controvérsia fez que se
passasse mais de uma década sem solução definitiva e que um dos subtraídos
completasse 16 anos, de modo que não mais estaria abrangido pela Convenção,
consoante o art. 4º do mesmo acordo internacional. Registrou-se que o subtraído que
não era abrangido pelo referido Tratado já atingira grau de maturidade, recusando-se
a retornar para o lar habitual, e decidiu-se que a separação dos irmãos não seria
recomendada. Novamente se destaca que não há semelhança com o presente feito,
em que a criança tem menos de cinco anos, não existe separação de irmãos e não
houve transcurso de tempo tão longo desde a subtração, o qual é inferior a cinco anos.
25. No REsp 1.387.905/RS, da relatoria do Min. Og Fernandes, Segunda Turma, DJe
24.5.2017, apesar de a busca e apreensão ter sido apresentada antes de transcorrido
o lapso de 1 (um) ano da subtração do infante de quem detinha a guarda, a regra do
art. 12 da Convenção não foi seguida porque foi reconhecida a pluralidade de domicílios
e houve consentimento, no mínimo tácito, do genitor, o que não se verifica no caso dos
autos. Na hipótese em apreço, anotou-se que houve oposição do genitor e que o
domicílio era a Espanha. 26. No REsp 1.788.601/SP, Relator Min. Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 19.9.2019, também em virtude das peculiaridades do caso
concreto, não obstante ter decorrido menos de um ano entre a data da transferência ou
retenção indevida e a de início do processo de repatriação, a devolução imediata não
pôde ser efetivada. Tal se deu porque, devido ao decurso de sete anos da subtração,
um dos irmãos subtraídos completou dezesseis anos, cessando a aplicação do Tratado
em seu favor, não sendo recomendada a devolução de apenas um dos subtraídos, com
a separação de irmãos. Como acima registrado e reiterado, frise-se, mais uma vez, que
a situação dos autos é diversa, por ser relativa a uma criança de cinco anos,
plenamente alcançada pela Convenção, e inexistir separação de irmãos. 27. No
julgamento do AREsp 1.615.228, em decisão monocrática da lavra da Ministra
Assusete Magalhães, aplicou-se a Súmula 7/STJ ao caso examinado, após o relato de
circunstâncias específicas do caso concreto, consignadas no acórdão proferido pela
Corte de origem, o que não se verifica na hipótese em exame. 28. Assim, os casos
decididos nos precedentes acima mencionados não se assemelham ao do presente
feito. CONCLUSÃO 29. Recurso Especial não provido. (STJ - REsp: 1723068 RS
2018/0028313-6, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
08/09/2020, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/12/2020)

DIREITO INTERNACIONAL E PROCESSUAL CIVIL. CONVENÇÃO DE HAIA SOBRE


OS ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS. DOIS
IRMÃOS MENORES ALEGADAMENTE RETIDOS DE MODO INDEVIDO PELA MÃE
NO BRASIL. PRIMOGÊNITO QUE JÁ COMPLETOU 16 ANOS. NÃO INCIDÊNCIA DA
CONVENÇÃO. MANIFESTAÇÃO DO IRMÃO MENOR QUE CONTESTA SEU
RETORNO PARA O DOMICÍLIO ESTRANGEIRO PATERNO. OPINIÃO
DEVIDAMENTE CONSIDERADA NOS TERMOS DOS ARTS. 13 DA CONVENÇÃO DE
HAIA E 12 DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA.
MANUTENÇÃO DOS MENORES NO BRASIL. RECURSO ESPECIAL DA UNIÃO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Ainda que comprovada a conduta da genitora em
reter indevidamente seus dois filhos menores no Brasil, deixando de retornar para a
residência habitual na Argentina, onde residia o pai das crianças (circunstância
rejeitada pelo acórdão recorrido), mesmo assim e em situações excepcionalíssimas,
nos termos da Convenção de Haia e no propósito de se preservar o superior interesse
dos menores, possível será o indeferimento do pedido de imediato retorno dos infantes.
2. No caso concreto, tal como avaliado pela Corte regional de origem, com base em
idôneo acervo probatório, os menores já se encontravam adaptados ao novo meio,
contexto confirmado, posteriormente, em audiência de tentativa conciliatória realizada
neste STJ, ocasião em que os infantes manifestaram o desejo de não regressar para o
domicílio estrangeiro paterno. Filho mais velho que, tendo completado 16 anos, não
mais se submete à Convenção de Haia, nos termos de seu art. 4º. 3. Nos termos do
art. 13 da Convenção de Haia e do art. 12 da Convenção Internacional Sobre os Direitos
da Criança, deve-se levar em conta a manifestação da criança que revele maturidade
capaz de compreender a controvérsia resultante da desinteligência de seus pais sobre
questões de seu interesse. 4. Recurso especial do Ministério Público Federal não
conhecido. Recurso especial da União conhecido e desprovido. (REsp 1214408/RJ,
Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe
05/08/2015)
QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRF - 2ª REGIÃO Prova: CONSULPLAN -
2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária
O Novo Código de Processo Civil de 2015, Lei Federal nº 13.105, trouxe consideráveis
aprofundamentos em relação à cooperação jurídica internacional e aos instrumentos
que a viabilizam. Sobre o tema proposto, assinale a alternativa correta.
A O auxílio direto é via útil ao órgão estrangeiro interessado para requerer quaisquer
medidas judiciais ou extrajudiciais não proibidas pela lei brasileira.
B Não poderá ser objeto de auxílio direto a obtenção e prestação de informações sobre
o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou
em curso.
C Apenas quando houver prévio tratado de cooperação jurídica bilateral celebrado
entre o Brasil e o país requerente será possível a prática de atos de cooperação jurídica
internacional em território nacional.
D O Superior Tribunal de Justiça, no juízo de delibação da carta rogatória, pode rever
o mérito do pronunciamento judicial estrangeiro para adequá-lo com as normas
fundamentais que regem o Estado brasileiro.
(Gabarito A)

• Ano: 2017 Banca: TRF - 2ª Região Órgão: TRF - 2ª REGIÃO Prova: TRF - 2ª Região
- 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto
Sobre sentença estrangeira, rogatória e cooperação internacional, assinale a opção
correta:
A Por entender que o auxílio direto nem sempre é questão decorrente de Tratado ou
Contrato entre a União e o Estado estrangeiro ou organismo internacional, o CPC-2015
não atribuiu competência, para cumpri-lo, à Justiça Federal.
B A sentença estrangeira só pode ser homologada no Brasil se a autoridade que a
prolatou tiver jurisdição internacional exclusiva.
C A homologação de sentença estrangeira e a execução de rogatória submetem-se à
compatibilidade com a ordem pública brasileira, matéria a ser apreciada pelo Juiz
Federal, no chamado juízo prévio de delibação.
D A carta rogatória será cumprida como requerida pela via diplomática, de modo que,
quando exista requerimento de que a testemunha preste juramento com a mão sobre
a Bíblia, será esta a liturgia procedimental a ser observada.
E Na ausência de designação de outro órgão, pelo tratado ou instrumento de
cooperação internacional, o Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade
central.
(Gabarito E)

Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central
adotará as providências necessárias para seu cumprimento.

Tem-se, neste dispositivo, o denominado “Auxílio Direto Administrativo”, caso


em que que o auxílio direto poderá ser executado pelas autoridades administrativas
de nosso país, salvo se necessário medida judicial. Destarte, quando o pedido de
auxílio direto compreender apenas a prática de um ato que dispense uma prestação
jurisdicional, a própria autoridade central poderá adotar as providências que julgar
necessárias para a prática desse ato. Por outro lado, se for necessária a intervenção
judicial, a competência para executar também será do juiz federal, conforme o já
mencionado artigo 109 da Constituição Federal.

JURISPRUDÊNCIA
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA DE BENS.
ANORMALIDADE INSTITUCIONAL EM PAÍS ESTRANGEIRO QUE IMPEDE A
OBTENÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO
ANDAMENTO DE PROCESSO JUDICIAL NO BRASIL. FATO NOTÓRIO.
NECESSIDADE DE ADOÇÃO DE INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO JURÍDICA
INTERNACIONAL. EVENTUAL INSUCESSO DA MEDIDA. DECLARAÇÃO DE
AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS PELO ADVOGADO, MESMO QUE PARA
FINALIDADE DISTINTA DO USO EM PROCESSO JUDICIAL, PARA A QUAL HÁ
AUTORIZAÇÃO NORMATIVA. POSSIBILIDADE. CARÁTER EXCEPCIONAL E
SUBSIDIÁRIO DA INTERPRETAÇÃO POR ANALOGIA. 1- Ação proposta em
16/06/2017. Recurso especial interposto em 07/03/2018 e atribuído à Relatora em
18/09/2018. 2- O propósito recursal é definir se é admissível a autenticação de
documentos estrangeiros pelo advogado para a obtenção, perante a Receita Federal,
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas em nome de pessoa falecida que residia
no exterior, permitindo-se a continuidade da ação de inventário, especialmente quando
há notória impossibilidade, ainda que momentânea, de obtenção das referidas
autenticações no país de origem. 3- Tratando-se de fato notório a existência de situação
de anormalidade institucional em país estrangeiro que faz presumir a dificuldade ou a
inviabilidade de se obter documentos ou informações necessárias para o
prosseguimento da ação de inventário, deve-se flexibilizar a regra segundo a qual é
dever da parte atender às exigências e determinações de órgãos e entidades para que
se dê regular prosseguimento ao processo judicial, admitindo-se o uso de instrumentos
de cooperação jurídica internacional para a prática de atos ou obtenção de informações
de países do exterior. 4- Sendo infrutífero o pedido de cooperação jurídica internacional
e em se tratando de situação de notória anormalidade institucional existente no país de
origem, é admissível, subsidiariamente e em caráter excepcional, que seja determinado
à Receita Federal que emita CPF sem que haja autenticação, no país de origem, dos
documentos estrangeiros por ela comumente exigidos, suprindo-se a referida
autenticação por declaração de autenticidade dos documentos estrangeiros realizada
pelo advogado das partes, sob sua responsabilidade pessoal, como autoriza, no
processo judicial, o art. 425, IV, V e VI, do CPC/15. 5- Recurso especial conhecido e
provido. (STJ - REsp: 1782025 MG 2018/0196150-3, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 02/04/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 04/04/2019)
QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: ADM&TEC Órgão: Prefeitura de Colônia Leopoldina - AL Prova:
ADM&TEC - 2019 - Prefeitura de Colônia Leopoldina - AL - Advogado
Leia as afirmativas a seguir:
I. Dívida pública mobiliária é a dívida pública representada por títulos emitidos pela
União – inclusive os do Banco Central do Brasil –, pelos estados e pelos municípios. I.
A cooperação jurídica internacional poderá ter por objeto, entre outros, a assistência
jurídica internacional, conforme disposto na lei nº 13.105, de 2015. Marque a alternativa
CORRETA:
A As duas afirmativas são verdadeiras
B A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
C A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa
D As duas afirmativas são falsas.
(Gabarito A)

• Ano: 2016 Banca: Serctam Órgão: Prefeitura de Quixadá - CE Prova: Serctam - 2016
- Prefeitura de Quixadá - CE - Assistente Jurídico
Analise os itens abaixo e depois marque a alternativa correta.
I- Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações nas quais o
réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil, considerando-
se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou
sucursal.
II- Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações de alimentos,
quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil e quando o réu mantiver vínculos
no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção
de benefícios econômicos.
III- Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da
ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação.
IV- Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra,
conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil.
V- A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de
sentença judicial estrangeira, quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
A As cinco assertivas são falsas.
B Todas as assertivas são verdadeiras.
C Há duas assertivas falsas e três verdadeiras.
D Há duas assertivas verdadeiras e três falsas.
E Há apenas uma assertiva falsa.
(Gabarito B)
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central
o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a
medida solicitada.

Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida


solicitada quando for autoridade central.

Auxílio direto jurisdicional. Como supramencionado, o auxílio direto pode


envolver alguma medida judicial, situação em que se lança mão do artigo 33 do CPC.

Ocorre em casos cujo pedido não proveio diretamente de autoridade jurisdicional


estrangeira, mas demanda a prática de determinado ato jurisdicional. Em tais casos,
o pedido deverá ser encaminhado à Advocacia-Geral da União para que a medida
seja solicitada.

Nos termos do parágrafo único, se ao Ministério Público for conferido poder de


autoridade central, desnecessária a intervenção da Advocacia – Geral da União,
sendo a medida requerida diretamente por este à Justiça Federal. (THEODORO
JÚNIOR, 2021, p. 451).

JURISPRUDÊNCIA
CRIME - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL - COMBATE - DILIGÊNCIAS -
TERRITÓRIO NACIONAL - MEIO. A prática de atos decorrentes de pronunciamento de
autoridade judicial estrangeira, em território nacional, objetivando o combate ao crime,
pressupõe carta rogatória a ser submetida, sob o ângulo da execução, ao crivo do
Superior Tribunal de Justiça, não cabendo potencializar a cooperação internacional a
ponto de colocar em segundo plano formalidade essencial à valia dos atos a serem
realizados. (HC 85588, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
04/04/2006, DJ 15-12-2006 PP-00095 EMENT VOL-02260-04 PP-00685) Não obstante
trata-se de julgado em matéria criminal, o fundamento utilizado adequa-se à previsão
do presente dispositivo

QUESTÕES
• Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: TJPR - Prova: Juiz Substituto
Sobre a cooperação nacional e internacional, é correto afirmar que:
A a cooperação jurídica internacional terá por objeto medidas judiciais, ficando
excluídas as medidas judiciais;
B na cooperação jurídica internacional, a publicidade dos atos processuais praticados
no Brasil deverá observar as hipótesesde sigiloda legisação nacional, sendo
irrelevantes as situaçõe previstas na legislação do Estado requerente;
C compete ao juízo estadual do lugar em que deva ser execuada a medida apreeciar
pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional;
D os atos concertados entr os juízes cooperantes poderão consistir no estabelecimento
de procedimento para a efetivação de medidas e providências para recuperação e
preservação de empresas;
E o pedido de cooperação judiciária não pode abranger atos relacionados à facilitação
de habilitação de créditos na falência.
(Gabarito D)

• Ano: 2019 Banca: ADM&TEC Órgão: Prefeitura de Carneiros - AL Prova: ADM&TEC


- 2019 - Prefeitura de Carneiros - AL - Procurador
Leia as afirmativas a seguir e marque a opção CORRETA:
A À luz da lei nº 13.105, de 2015, para postular em juízo, é necessário ter interesse e
legitimidade.
B A lei nº 13.105/15 proíbe a cooperação jurídica internacional com países da América
do Norte.
C É crime de responsabilidade realizar cooperação jurídica internacional a fim de obter
assistência jurídica internacional.
D É vedado à empresa controlada apresentar informações operacionais ao ente
controlador.
E As leis municipais devem sempre contemplar dispositivos contrários à garantia da
liberdade do cidadão.
(Gabarito A)

Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a
medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação
de atividade jurisdicional.

No tocante à competência para analisar o pedido de auxílio direto jurisdicional


passivo, o artigo 34 do CPC menciona os critérios de competência funcional e
territorial.

A competência será do juízo federal do local em que deva ser cumprida a medida
pleiteada, conforme o art. 109, incisos I, III e X, da CF/88 (Marinoni et. al, 2020, p.209).

Legislação Complementar
Art. 109 da CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras,
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; [...] III - as causas fundadas em tratado ou contrato
da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional. [...] X - os crimes de ingresso
ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur",
e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade,
inclusive a respectiva opção, e à naturalização.

JURISPRUDÊNCIA
EMENTA DIREITO PROCESSUAL. DIREITO INTERNACIONAL. CARTA
ROGATÓRIA E AUXÍLIO DIRETO. EXEQUATOR. COMPETÊNCIA. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. ALEGAÇÃO DE
OFENSA AO ART. 105, I E III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
INOCORRÊNCIA. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A
JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL.
INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO
VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 93, IX, DA LEI MAIOR.
NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RAZÕES DE DECIDIR EXPLICITADAS PELO ÓRGÃO
JURISDICIONAL. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. Inexiste
violação do art. 93, IX, da Constituição Federal. A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que o referido dispositivo constitucional exige a explicitação,
pelo órgão jurisdicional, das razões do seu convencimento. Enfrentadas todas as
causas de pedir veiculadas pela parte, capazes de, em tese, influenciar no resultado
da demanda, fica dispensando o exame detalhado de cada argumento suscitado,
considerada a compatibilidade entre o que alegado e o entendimento fixado pelo órgão
julgador. 2. O entendimento da Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão
agravada, não diverge da jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal.
Compreensão diversa demandaria a reelaboração da moldura fática delineada no
acórdão de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à Constituição,
insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso extraordinário. 3. O
exame da alegada ofensa ao art. 5º, X, XI, XXXV e LIV, da Constituição Federal,
observada a estreita moldura com que devolvida a matéria à apreciação desta Suprema
Corte, dependeria de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à
espécie, o que refoge à competência jurisdicional extraordinária prevista no art. 102 da
Magna Carta. 4. As razões do agravo não se mostram aptas a infirmar os fundamentos
que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se refere à ausência de ofensa
a preceito da Constituição da República. 5. Agravo interno conhecido e não provido.
(ARE 1146501 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
01/03/2019, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-052 DIVULG 15-03-2019 PUBLIC 18-03-
2019)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA DE BENS.


ANORMALIDADE INSTITUCIONAL EM PAÍS ESTRANGEIRO QUE IMPEDE A
OBTENÇÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO
ANDAMENTO DE PROCESSO JUDICIAL NO BRASIL. FATO NOTÓRIO.
NECESSIDADE DE ADOÇÃO DE INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO JURÍDICA
INTERNACIONAL. EVENTUAL INSUCESSO DA MEDIDA. DECLARAÇÃO DE
AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS PELO ADVOGADO, MESMO QUE PARA
FINALIDADE DISTINTA DO USO EM PROCESSO JUDICIAL, PARA A QUAL HÁ
AUTORIZAÇÃO NORMATIVA. POSSIBILIDADE. CARÁTER EXCEPCIONAL E
SUBSIDIÁRIO DA INTERPRETAÇÃO POR ANALOGIA. 1- Ação proposta em
16/06/2017. Recurso especial interposto em 07/03/2018 e atribuído à Relatora em
18/09/2018. 2- O propósito recursal é definir se é admissível a autenticação de
documentos estrangeiros pelo advogado para a obtenção, perante a Receita Federal,
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas em nome de pessoa falecida que residia
no exterior, permitindo-se a continuidade da ação de inventário, especialmente quando
há notória impossibilidade, ainda que momentânea, de obtenção das referidas
autenticações no país de origem. 3- Tratando-se de fato notório a existência de situação
de anormalidade institucional em país estrangeiro que faz presumir a dificuldade ou a
inviabilidade de se obter documentos ou informações necessárias para o
prosseguimento da ação de inventário, deve-se flexibilizar a regra segundo a qual é
dever da parte atender às exigências e determinações de órgãos e entidades para que
se dê regular prosseguimento ao processo judicial, admitindo-se o uso de instrumentos
de cooperação jurídica internacional para a prática de atos ou obtenção de informações
de países do exterior. 4- Sendo infrutífero o pedido de cooperação jurídica internacional
e em se tratando de situação de notória anormalidade institucional existente no país de
origem, é admissível, subsidiariamente e em caráter excepcional, que seja determinado
à Receita Federal que emita CPF sem que haja autenticação, no país de origem, dos
documentos estrangeiros por ela comumente exigidos, suprindo-se a referida
autenticação por declaração de autenticidade dos documentos estrangeiros realizada
pelo advogado das partes, sob sua responsabilidade pessoal, como autoriza, no
processo judicial, o art. 425, IV, V e VI, do CPC/15. 5- Recurso especial conhecido e
provido. (REsp 1782025/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: IADES Órgão: APEX Brasil Prova: IADES - 2018 - APEX Brasil -
Analista - Jurídico
Acerca das normas de direito processual internacional, assinale a alternativa correta.
A Uma vez ajuizada a ação no brasil, a sentença estrangeira não mais poderá ser
homologada, sob pena de constituir litispendência.
B São requisitos à homologação de sentença estrangeira: a não ofensa à soberania
nacional, a ordem pública, os bons costumes, e a existência de reciprocidade judiciária
entre o sistema judiciário do Brasil e do país rogante.
C No Brasil, é requisito para a homologação de sentença arbitral que a citação da parte
residente no Brasil tenha ocorrido em corte situada no território nacional.
D É expressamente vedado o reexame, a pedido de uma das partes interessadas, das
decisões proferidas em pedidos de homologação de sentença estrangeira.
E Via de regra, o cumprimento de carta rogatória é regido, quanto ao conteúdo, pelas
regras do Estado rogante. Todavia, quanto à matéria, a lei processual a ser observada
é a da justiça rogada.
(Gabarito E)
• Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRF - 2ª REGIÃO Prova: CONSULPLAN -
2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária
O Novo Código de Processo Civil de 2015, Lei Federal nº 13.105, trouxe consideráveis
aprofundamentos em relação à cooperação jurídica internacional e aos instrumentos que
a viabilizam. Sobre o tema proposto, assinale a alternativa correta.
A O auxílio direto é via útil ao órgão estrangeiro interessado para requerer quaisquer
medidas judiciais ou extrajudiciais não proibidas pela lei brasileira. (Art. 27, VI, CPC)
B Não poderá ser objeto de auxílio direto a obtenção e prestação de informações sobre
o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em
curso. (Art. 27 CPC)
C Apenas quando houver prévio tratado de cooperação jurídica bilateral celebrado entre
o Brasil e o país requerente será possível a prática de atos de cooperação jurídica
internacional em território nacional. (Art. 26 CPC)
D O Superior Tribunal de Justiça, no juízo de delibação da carta rogatória, pode rever o
mérito do pronunciamento judicial estrangeiro para adequá-lo com as normas
fundamentais que regem o Estado brasileiro. (Art. 36 CPC)
(Gabarito A)

Seção III

Da Carta Rogatória

Art. 35. (VETADO).

A redação original do dispositivo vetado era a seguinte: Art. 35. Dar-se-á


por meio de carta rogatória o pedido de cooperação entre órgão
jurisdicional brasileiro e órgão jurisdicional estrangeiro para prática de ato
de citação, intimação, notificação judicial, colheita de provas, obtenção de
informações e cumprimento de decisão interlocutória, sempre que o ato
estrangeiro constituir decisão a ser executada no Brasil.

Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de


Justiça é de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as
garantias do devido processo legal.

§ 1º A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos


requisitos para que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos
no Brasil.
§ 2º Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do
pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.

A carta rogatória é uma forma de comunicação utilizado em situações específicas


onde não haja previsão de utilização do auxílio direto em tratado ou acordo de
cooperação, ou ainda quando o ato internacional expressamente indicar sua
utilização, tendo por objeto qualquer ato processual que deva ser executado no Brasil,
com conteúdo decisório ou não. (Marinoni et. al, 2020, p. 210)

Por sua vez, para fins conceituais, entenda-se: o Estado que envia a carta rogatória,
logo, solicita cooperação, é o Estado rogante. Já o Estado que recebe a carta, logo,
recebe a solicitação para cooperar é o Estado rogado.

O CPC dispõe que o procedimento da carta rogatória deve tramitar e ser


homologada (exequatur) perante o Superior Tribunal de Justiça (art. 960 e ss. do CPC)
para que o pronunciamento judicial estrangeiro tenha eficácia no Brasil. Sendo um
procedimento de jurisdição contenciosa, dever-se-á observar as garantias do devido
processo legal.

O § 1º limita a defesa quanto ao conteúdo, estabelecendo que esta deve se


manifestar somente a respeito do atendimento ou não dos requisitos para que o
pronunciamento judicial produza efeitos no Brasil.

O § 2º veda a revisão de mérito pela autoridade judiciária brasileira do


pronunciamento estrangeiro.

Conforme apontamento de Scarpinella Bueno (2021, p.226), “ambos os parágrafos


preservam, destarte, a característica da atuação do STJ nesta matéria, limitada à
análise do juízo de delibação do ato a ser praticado e/ ou efetivado em território
brasileiro, isto é, sendo vedado o reexame do mérito do pronunciamento jurisdicional
estrangeiro pelo Judiciário brasileiro, mas observando, sempre, os limites da ordem
pública brasileira, como exige expressamente o art. 39.”

Portaria Relevante
Portaria Interministerial n° 501, de 21 de março de 2012, do Ministério da Justiça e do
Ministério das Relações Exteriores. Define a tramitação de cartas rogatórias e pedidos de
auxílio direto, ativos e passivos, em matéria penal e civil, na ausência de acordo de
cooperação jurídica internacional bilateral ou multilateral, aplicando-se neste caso apenas
subsidiariamente (art. 1º).

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. CARTA ROGATÓRIA. AGRAVO INTERNO. TESE DE
DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO. DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE PARA A
COMPREENSÃO DA CONTROVÉRSIA. CONCESSÃO DE EXEQUATUR. VIOLAÇÃO
DA ORDEM PÚBLICA.NÃO OCORRÊNCIA. QUESTÕES DE MÉRITO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ROGANTE. 1. A prática de ato de comunicação
processual é plenamente admissível em carta rogatória. A simples notificação, por si só,
não representa situação de afronta à ordem pública ou à soberania nacional, destinando-
se apenas a dar conhecimento de ação em curso na justiça alienígena. 2. Para a
concessão do exequatur, a carta rogatória não precisa estar acompanhada de todos os
documentos indicados na petição inicial e de detalhes do processo em curso, mas de
peças suficientes para a compreensão da controvérsia. 3. Cabe ao Superior Tribunal de
Justiça emitir juízo meramente de delibação acerca da concessão de exequatur à carta
rogatória, sendo competência da Justiça rogante a análise de alegações relacionadas
ao mérito da causa. Agravo interno desprovido. (AgInt na CR 16.181/EX, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 08/09/2021, DJe 13/09/2021)

PROCESSUAL CIVIL. CARTA ROGATÓRIA. AGRAVO INTERNO. REQUISITO


MATERIAL NÃO DEMONSTRADO. DECISÃO PROFERIDA POR AUTORIDADE
COMPETENTE. REQUISITO DO EXEQUATUR. 1. A prática de ato de comunicação
processual é plenamente admissível em carta rogatória, desde que assentada a
competência do Juízo rogante. 2. Quando verificado que todos os elementos jurídicos
da demanda (partes, causa de pedir, pedido, provas) têm direta relação com o Brasil,
necessário se faz aguardar a manifestação da Justiça rogante quanto à competência
para conhecimento da referida ação, pois ter sido a decisão proferida por autoridade
competente é requisito para concessão do exequatur (art. 963, I, do CPC). Agravo
interno provido em parte. (AgInt na CR 15.638/EX, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
CORTE ESPECIAL, julgado em 11/05/2021, DJe 13/05/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: CIEE Órgão: TJ-DFT Prova: CIEE - 2018 - TJ-DFT - Estágio - Direito
Com base na Lei nº 13.105/2015 - Código de Processo Civil, a carta será expedida para
a prática de atos fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da
subseção judiciárias. No que diz respeito às cartas, numerar a 2ª coluna de acordo com
a 1ª e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(1) Rogatória.
(2) Precatória.
(3) Arbitral.
( ) Expedida para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento,
na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária
formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.
( ) Expedida para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica
internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro.
( ) Expedida para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento,
na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária,
formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa.
A - 3 - 1 - 2.
B - 1 - 2 - 3.
C - 3 - 2 - 1.
D - 2 - 3 - 1.
(Gabarito A)

• Questão elaborada pelos autores


Acerca da carta rogatória, assinale a alternativa correta:
A) A execução da carta rogatória é de competência do STJ (Art. 109, X, CF).
B) As decisões interlocutórias estrangeiras não são passíveis de execução no Brasil
através de carta rogatória (art. 960, 1º, CPC).
C) A competência do STJ para homologação de sentença estrangeira e concessão do
exequatur às cartas rogatórias é originária (art. 105, I, o, CF).
D) A carta rogatória, para que possa ser cumprida no Brasil, deve cumprir alguns
requisitos, um deles é ser precedida de citação válida, portanto, não poderá ser
cumprida se constatada a revelia.
(Gabarito C)

Seção IV

Disposições Comuns às Seções Anteriores

Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de


autoridade brasileira competente será encaminhado à autoridade central
para posterior envio ao Estado requerido para lhe dar andamento.

O pedido de cooperação jurídica internacional, destinado a Estado estrangeiro,


deve ser encaminhado, primeiramente, à autoridade central brasileira para que ela,
então, encaminhe ao Estado requerido.

Trata-se de pedidos de cooperação, pois, em regra, tramitam entre autoridades


centrais.

Conforme leciona Scarpinella Bueno (2021, p. 227), à falta de designação será o


Ministério da Justiça que enviará o pedido ao estado estrangeiro (art. 26, § 4º).
Legislação Complementar
Decreto Nº 3.810/2001. Promulga o Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre
o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América,
celebrado em Brasília, em 14 de outubro de 1997, corrigido em sua versão em português, por
troca de Notas, em 15 de fevereiro de 2001.

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
POSITIVO. SUSCITAÇÃO PELA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. JUÍZOS
SUSCITADOS. ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DO STJ. SOBREPOSIÇÃO DE
COMPETÊNCIAS. AUSÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO INCIDENTE.
IDENTIFICAÇÃO DA CONTROVÉRSIA 1. Trata-se de Conflito de Competência
(positivo) suscitado pela Advocacia-Geral da União, no qual se alega que a matéria
versada no Mandado de Segurança 26.627/DF, impetrado por Luiz Inácio Lula da Silva
na Primeira Seção do STJ, é estritamente penal e, por isso, deveria ser processada nas
Turmas e Seção com competência criminal, designadamente a Quinta Turma e a
Terceira Seção, onde está em curso o AgRg no REsp 1.765.139/PR. 2. No mencionado
MS 26.627/DF objetiva-se a concessão da segurança "a fim de que se franqueie acesso
à cópia integral de todos os eventuais registros relativos ao intercâmbio de informações,
contatos, encontros, provas, procedimentos e investigações entre as autoridades locais
e norte-americanas no âmbito da 'Operação Lava Jato', nos termos da Investigação
Defensiva comunicada na origem por meio de correspondência encaminhada em
16.03.2020, ou, então, para que referido órgão esclareça e certifique que não participou
dessa cooperação internacional com os Estados Unidos da América na condição de
autoridade central na forma prevista no Decreto n.º 3.810/2001". 3. Foi deferida medida
liminar para suspender a ordem emanada na liminar concedida no MS 26.627/DF (fls.
43-45) pelo eminente Ministro Sérgio Kukina. A liminar suspensa tem o seguinte teor:
"defiro, apenas em parte, o pedido de medida liminar, determinando à autoridade
coatora - Excelentíssimo Ministro de Estado da Justiça e Segurança - que informe ao
impetrante, única e tão somente, sobre a existência, ou não, de pedidos de cooperação
internacional formulados por autoridades Judiciárias brasileiras ou americanas (EUA),
com base no acordo referido no Decreto 3.810/01, que tenham tramitado ou ainda
tramitem perante a Autoridade Central brasileira (DRCI), tendo por foco as específicas
6 (seis) ações penais a que responde o impetrante no âmbito da Operação Lava Jato,
todas identificadas e numeradas na nota de rodapé n. 12, da página 11 da petição inicial
destes autos; em caso de inexistirem pedidos de cooperação internacional relacionados
aos mencionados processos penais, deverá a autoridade impetrada, do mesmo modo,
informar acerca dessa inexistência; fixo, outrossim, o prazo de 5 (cinco) dias úteis, a
contar da publicação desta decisão, para o atendimento da presente medida,
comunicando-se a este relator sobre o seu cumprimento". ANÁLISE DO
CONHECIMENTO DO CONFLITO 4. O writ impetrado por Luiz Inácio Lula da Silva visa
ao acesso a documentos em posse de autoridade administrativa (Ministro de Estado da
Justiça e Segurança Pública), o que demonstra competência da Primeira Seção, não
importando se o conteúdo ou o destino posterior de sua utilização envolvam questão
penal. 5. Estaria caracterizado o conflito positivo apenas se a Quinta Turma também
tivesse declarado sua competência para apreciar o pedido de acesso administrativo, o
que não se verifica. 6. Como informado pelo Ministro Felix Fischer, a petição incidental
apresentada pelo ora interessado Luiz Inácio Lula da Silva, nos autos do REsp
1.765.139/PR, pleiteava acesso aos precitados Termos de Cooperação, que estariam
tramitando sob sigilo perante a 13ª Vara Federal de Curitiba/PR. 7. Não se pleiteou, no
juízo suscitado penal, acesso aos documentos à autoridade administrativa impetrada
no MS 26.627/DF, o que por si só resulta na conclusão de que não há conflito positivo
entre os juízos suscitados. Não bastasse isso, a Quinta Turma do STJ, no AgRg no
REsp 1.765.139/PR, decidiu não conhecer do pedido, por total impertinência temática
com a questão de fundo tratada na Ação Penal. ANÁLISE DE POSSÍVEL PERDA DE
OBJETO EM RAZÃO DO DECIDIDO PELO STF NA RCL 43.007 8. Por provocação da
Ministra Maria Thereza de Assis Moura, passa-se a analisar possível perda de objeto
em virtude de recente decisão proferida pelo Ministro Ricardo Lewandowski na
Reclamação 43.007 com o seguinte teor: "Diante de todo o exposto, julgo procedente
o pedido para, confirmando a medida cautelar, determinar ao Juízo da 13ª Vara Federal
Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR que libere, incontinenti, o acesso da
defesa aos elementos de prova e demais dados constantes do Acordo de Leniência
5020175-34.2017.4.04.7000 que façam referência ao reclamante ou que lhe digam
respeito, notadamente: (i) ao seu conteúdo e respectivos anexos; (ii) à troca de
correspondência entre a 'Força Tarefa da Lava Jato' e outros países que participaram,
direta ou indiretamente, da avença, como, por exemplo, autoridades dos Estados
Unidos da América e da Suíça; (iii) aos documentos e depoimentos relacionados aos
sistemas da Odebrecht; (iv) às perícias da Odebrecht, da Polícia Federal, do MPF e
realizadas por outros países que, de qualquer modo, participaram do ajuste; e (v) aos
valores pagos pela Odebrecht em razão do acordo, bem assim à alocação destes pelo
MPF e por outros países, como também por outros órgãos, entidades e pessoas que
nele tomaram parte. O acesso a tais dados só poderá ser limitado - e desde que de
forma motivada e pormenorizada - caso contemple informações tão somente referentes
a terceiros ou que possam concretamente comprometer eventuais diligências em
andamento. Reforço, ainda, que a presente decisão deve ser cumprida
independentemente de prévia intimação ou manifestação do MPF, da Odebrecht ou de
quem quer que tenha participado do referido Acordo de Leniência, sobretudo para
impedir que venham a obstar ou dificultar o fornecimento dos elementos de prova cujo
acesso o STF autorizou à defesa do reclamante. Por fim, após uma cognição exauriente
dos autos, concluo que a determinação acima exarada deve estender-se a todos
elementos probatórios e demais informações que se encontrem em expedientes
conexos à Ação Penal e ao Acordo de Leniência acima referidos, digam eles respeito
à Odebrecht ou a outras pessoas jurídicas de direito público ou privado, ainda que
envolvam autoridades estrangeiras, desde que tais dados tenham sido ou possam ser
empregados pela acusação contra o reclamante ou tenham a aptidão de contribuir para
a comprovação de sua inocência. O prazo para as alegações finais nos autos da Ação
Penal 5063130-17.2016.4.04.7000 somente deverá ter início após o cabal cumprimento
desta decisão, ficando prejudicado, consequentemente, o pedido de declaração de
nulidade dos atos praticados a partir do despacho judicial impugnado nesta
reclamação. Publique-se. Brasília, 16 de novembro de 2020". 9. Ressalta-se que a
decisão acima é exauriente e confirma decisão cautelar proferida em 2.9.2020 com o
mesmo teor, mas o Conflito de Competência ora em análise foi ajuizado pela União em
9.9.2020. 10. Não há perda de objeto do presente Conflito de Competência por o ex-
Presidente da República ter supostamente conseguido acesso aos documentos
controvertidos, pois tal questão diz respeito ao mérito das ações que dão origem ao
presente Conflito, sendo nelas o juízo próprio para declaração de perda de objeto pelo
acesso aos documentos. 11. Ocorreria a perda de objeto do presente Conflito de
Competência se em uma das ações originárias houvesse declaração de carência de
interesse processual da parte que persegue a resposta jurisdicional. CONCLUSÃO 12.
Sendo o presente Conflito incognoscível, a medida liminar deferida é revogada, e a
análise da tutela provisória pleiteada por Luiz Inácio Lula da Silva nas fls. 80-90 fica
prejudicada. 13. Conflito de Competência não conhecido. (CC 174.706/DF, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/11/2020, DJe
18/12/2020)

QUESTÕES
• Questão elaborada pelos autores
O procedimento da carta rogatória perante o STJ, será de jurisdição contenciosa e
dispensará as garantias do devido processo legal nos casos em que a lei determinar.
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

• Questão elaborada pelos autores


Em casos excepcionais, a atuação do STJ poderá ultrapassar o juízo de deliberação e
reexaminar o mérito do pronunciamento estrangeiro, caso a execução da carta
rogatória ofenda a ordem pública.
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira


competente e os documentos anexos que o instruem serão encaminhados
à autoridade central, acompanhados de tradução para a língua oficial do
Estado requerido.

O art. 38 basicamente complementa o artigo anterior, estabelecendo um requisito


de tramitação do pedido de cooperação internacional, qual seja, a tradução dos
documentos que instruem o pedido para a língua oficial do Estado estrangeiro
requerido.

Sobre a referida tradução, há doutrinadores que defendam tratar-se de uma


exigência que pode se mostrar extremada em alguns casos. Veja-se:

“A exigência pode, contudo, em muitos casos, revelar-se excessiva: muitos países


aceitam a tramitação de pedidos de cooperação jurídica internacional em língua
inglesa, inclusive porque nem sempre haverá disponibilidade de tradutores de línguas
mais difíceis e/ou de países de número relativamente pequeno de falantes. Idiomas
como o finlandês, o dinamarquês, o islandês, o esloveno e tantos outros caem nessa
chave.
O dispositivo pode criar verdadeiros embaraços à cooperação jurídica internacional
em situações em que não haja fluidez no diálogo entre os sujeitos processuais e/ou
as instituições intervenientes, mesmo que o Estado de que se cogita pedir cooperação
esteja inteiramente disposto a proceder pelo idioma inglês.” (CABRAL e CRAMER
org., 2016, p. 86).

JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO INTERNO NA CARTA ROGATÓRIA. VIA DIPLOMÁTICA. PRESUNÇÃO DE
AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS. DISPENSA DE TRADUÇÃO, CHANCELA E
PROCURAÇÃO. DOCUMENTOS SOLICITADOS. ESPECIFICAÇÃO DEVIDA.
COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL. RESSALVA DO ART. 23 DA
CONVENÇÃO DE HAIA. COMPARTILHAMENTO E PRODUÇÃO DE PROVAS.
CONFIDENCIALIDADE, RECIPROCIDADE E NECESSIDADE DE PROVAS.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE DA JUSTIÇA BRASILEIRA. 1. Diante da
autenticidade presumida dos documentos que instruem as cartas rogatórias passivas,
as quais são encaminhadas pela via diplomática, são dispensáveis a tradução oficial, a
chancela consular e a apresentação de instrumento de mandato. 2. A indicação
individualizada de documentos cuja produção é objeto de diligência rogada e a
demonstração de sua pertinência para a instrução de demanda em trâmite na Justiça
rogante, quando feitas da forma mais completa possível (art. 397 do CPC), não geram
nulidade da comissão. 3. A ninguém é dado eximir-se do dever de colaborar com o Poder
Judiciário, incumbindo ao terceiro, em relação a qualquer causa, exibir coisa ou
documento que esteja em seu poder, observado o direito de abster-se de eventual
autoincriminação (arts. 378, 379 e 380, II, do CPC). 4. A ressalva feita pelo Brasil em
relação ao pre-trial discovery of documents, nos termos do art. 23 da Convenção de Haia
sobre a Obtenção de Provas no Estrangeiro em Matéria Civil ou Comercial, não impede
a busca de provas no estrangeiro, mas evita a coleta abusiva de provas quando dirigidas
contra particulares. 5. Litígio que não conste do rol dos temas sujeitos à jurisdição
exclusiva da Justiça brasileira (art. 23 do CPC), configurando hipóteses de competência
concorrente, pode ser apreciado pela Justiça alienígena. 6. Agravo interno desprovido.
(STJ - AgInt na CR: 14548 EX 2019/0122704-5, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, Data de Julgamento: 07/04/2020, CE - CORTE ESPECIAL, Data de
Publicação: DJe 16/04/2020)

QUESTÕES

• Questão elaborada pelos autores


A cooperação internacional ativa é aquela solicitada pela autoridade brasileira para
realização de diligência no estrangeiro, podendo ter como objeto, atos processuais
simples, como citação e intimação, ou atos para instrução probatória.
Certo
Errado
(Gabarito Certo)
• Questão elaborada pelos autores
Sobre a cooperação jurídica internacional, assinale a alternativa correta:
a) A extradição, a transferência de presos e a cobrança de alimentos são
exemplos de cooperação jurídica internacional.
b) A carta rogatória é o auxílio direto são os únicos instrumentos de cooperação
jurídica internacional previstos na legislação brasileira.
c) São alguns dos princípios que regem as relações internacionais: a prevalência
dos direitos humanos, independência nacional e o repúdio ao terrorismo, ao racismo e
ao tráfico internacional de drogas.
d) As exceções à publicidade dos atos processuais, nos casos que envolvem
cooperação jurídica internacional, observarão, apenas, as previsões da legislação
brasileira.
(Gabarito A)

Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será


recusado se configurar manifesta ofensa à ordem pública.

Cuida o art. 39 de uma hipótese de recusa ao pedido passivo de cooperação, a qual


se refere à ofensa à ordem pública. Trata-se de conceito jurídico indeterminado,
ou seja, aquele que o conteúdo e extensão do significado não é dotado de um sentido
certo e preciso.

Podemos entender que há um núcleo central que defina o termo, existindo ainda
uma zona de certeza positiva (a qual não há dúvidas sobre a aplicação do conceito) e
uma zona de certeza negativa (a qual não há dúvidas sobre a impossibilidade de
aplicação do conceito). Entre estes dois campos permeia uma zona de incerteza
(espaço de dúvida sobre a aplicação do conceito).

De acordo com José Eduardo Martins Cardozo (2005, p.67), “apenas quando essa
zona conceitual tiver grande amplitude é que o conceito jurídico poderá ser qualificado
de indeterminado”

Nas palavras de Acedo Penco, a ordem pública pode ser classificada por
juridicidade, objetividade, ser reflexo social, flexibilidade, fixação jurisprudencial e
limitatividade. Tem caráter de mutabilidade e sua construção é feita pelos juízes,
devendo servir a evitar limitação aos direitos individuais, sendo analisada sob o
paradigma dos valores políticos, econômicos, sociais e jurídicos vigentes no caso
concreto.
JURISPRUDÊNCIA
CARTA ROGATÓRIA - CITAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDA DE JOGO
CONTRAÍDA NO EXTERIOR - EXEQUATUR - POSSIBILIDADE. - Não ofende a
soberania do Brasil ou a ordem pública conceder exequatur para citar alguém a
se defender contra cobrança de dívida de jogo contraída e exigida em Estado
estrangeiro, onde tais pretensões são lícitas. (STJ - AgRg na CR: 3198 US
2008/0069036-9, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Data de
Julgamento: 30/06/2008, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 11/09/2008)

AGRAVO INTERNO. HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA.


CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE NA CITAÇÃO. ATO CITATÓRIO QUE SE APERFEIÇOOU POR MEIO DE
CARTA ROGATÓRIA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça é firme em que "a simples verificação da revelia no
processo estrangeiro não configura ofensa à soberania nacional ou à ordem
pública (LINDB, art. 17; RISTJ, art. 216-F), a obstar a homologação da sentença
estrangeira, sobretudo se a citação da pessoa jurídica domiciliada no Brasil foi
devidamente realizada por carta rogatória, respeitando-se o contraditório e a ampla
defesa no processo alienígena" (SEC 13.561/EX, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE
ESPECIAL, julgado em 16/12/2015, DJe 02/02/2016). 2. No caso, o ato citatório se
aperfeiçoou por meio da Carta Rogatória n. 12.138-US, no bojo da qual consta a entrega
da correspondência encaminhada via postal à requerida (e-STJ fls. 1.732 da CR
12138/EX), certidão atestando o decurso in albis do prazo para impugnação (fl. 177 da
CR 12138/EX) e manifestação da Defensoria Pública da União (fl. 181 da CR 12138/EX),
tendo sido expedida certidão do Oficial de Justiça, após a concessão do exequatur (e-
STJ fls. 185-186 da CR 12138/EX), na qual atesta a intimação da parte requerida (e-STJ
fl. 229 da CR 12138/EX). 3. Logo, cumpridos os requisitos exigidos pela legislação
aplicável, há de ser homologado o título judicial estrangeiro de pagamento de quantia
certa. 4. Agravo interno desprovido. (AgInt na HDE 3.919/EX, Rel. Ministro JORGE
MUSSI, CORTE ESPECIAL, julgado em 28/04/2021, DJe 30/04/2021)

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 15039 - EX (2015/0314470-4)


DECISÃO 1. Trata-se de pedido de homologação da sentença proferida no Paraguai
em processo de divórcio litigioso na data de 23/10/2014. Foi apresentada
contestação, réplica (fls. 155-157) e tréplica (fls. 163-229). Juntada petição pela
requerida reiterando os termos da contestação (fl.). Parecer do Ministério Público
opinando pela não homologação da decisão alienígena: DIREITO INTERNACIONAL.
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. HOMOLOGAÇÃO DE DIVÓRCIO
LITIGIOSO. INSUFICIÊNCIA DA INSTRUÇÃO DOS AUTOS. - Parecer pela negativa
de homologação da sentença estrangeira de divórcio. É o relatório. 2. O Código de
Processo Civil estabelece os requisitos indispensáveis à homologação da decisão
estrangeira: Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I - ser proferida por autoridade competente; II - ser precedida de citação regular, ainda
que verificada a revelia; III - ser eficaz no país em que foi proferida; IV - não ofender a
coisa julgada brasileira; V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que
a dispense prevista em tratado; VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.
Outrossim, registra que "a homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em
vigor no Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça" (art. 960, § 2º).
Nessa esteira, os artigos 216-C e 216-D do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça estabelecem os requisitos para a homologação de sentença estrangeira, quais
sejam: I - estar instruída com o original ou cópia autenticada da decisão homologanda,
bem como de outros documentos indispensáveis, traduzidos por tradutor oficial ou
juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira competente; II
- haver sido proferida por autoridade competente; III - terem sido as partes citadas ou
haver-se legalmente verificado a revelia; IV - ter transitado em julgado. O art. 216-F do
RISTJ dispõe, ainda, que não será homologada a sentença estrangeira que
ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem
pública, norma que tem alicerce legal no que dispõe o art. 17 da LINDB: Art. 17. As leis,
atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão
eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes. 3. Consta dos autos a cópia integral da sentença homologanda autenticada
pela autoridade consular brasileira e traduzida oficialmente (fls. 11-16), sendo
competente o Tribunal estrangeiro para proferir decisão sobre as partes e o objeto da
questão, além da comprovação da citação válida. Tais requisitos formais encontram-se
preenchidos. Na contestação, alega a requerida que não decorreu o prazo de 3 anos da
prolação da sentença estrangeira (art. 7, § 6º, da LICC), carecendo o autor de interesse
processual, olvidando-se que a Emenda Constitucional n. 66/2010, ao proclamar que "o
casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio", acabou com a necessidade da
observação de prazos para a dissolução do vínculo. Nesse sentido: SENTENÇA
ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. REQUISITOS FORMAIS.
CUMPRIMENTO. AUSÊNCIA DE OFENSA À SOBERANIA NACIONAL E À ORDEM
PÚBLICA. DEFERIMENTO DO PEDIDO HOMOLOGATÓRIO. 1. Com a Emenda
Constitucional 66, de 13 de julho de 2010, que instituiu o divórcio direto, a homologação
de sentença estrangeira de divórcio para alcançar eficácia plena e imediata não mais
depende de decurso de prazo, seja de um ou três anos, bastando a observância das
condições gerais estabelecidas na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(LINDB) e no Regimento Interno do STJ. 2. Uma vez atendidos os requisitos
previstos no art. 15 da LINDB e nos arts. 216-A a 216-N do RISTJ, bem como
constatada a ausência de ofensa à soberania nacional, à ordem pública e à
dignidade da pessoa humana (LINDB, art. 17; RISTJ, art. 216-F), é devida a
homologação de sentença estrangeira. 3. Pedido de homologação deferido,
estendendo seus efeitos ao pacto antenupcial, com a homologação também da sentença
estrangeira parcial, tal como pleiteado pelas partes. (SEC 4.445/EX, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/05/2015, DJe 17/06/2015) Sustenta,
outrossim, a ocorrência de adultério por parte do requerente e que deve ser feita, por
esta Corte Superior, a partilha dos bens remanescentes não abrangidos pela partilha
realizada no feito de origem, uma vez que eram casados sob o regime da comunhão
universal de bens. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, quando tinha competência
para processamento e julgamento dos pedidos de homologação de sentença
estrangeira, firmou entendimento de que a homologação de decisão alienígena "deve
limitar-se, estritamente, aos termos que emergem do conteúdo desse ato sentencial, não
podendo abranger e nem estender-se a tópicos, acordos ou cláusulas que não se achem
formalmente incorporados ao texto da decisão homologanda" (SE 5.590/AO, STF, Rel.
Min. Celso de Mello, DJU de 26.05.1998). Esse também é o entendimento desta Corte
de Justiça: SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO CONSENSUAL.
ACORDO DE SEPARAÇÃO INCORPORADO À SENTENÇA. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DEFERIDO. 1. É devida a homologação
da sentença estrangeira de divórcio consensual, porquanto foram atendidos os
requisitos previstos na legislação processual. 2. A homologação da sentença estrangeira
não pode abranger e nem estender-se a tópicos, acordos ou cláusulas que não se
achem formalmente incorporados ao texto da decisão homologanda. Precedentes do
STF e do STJ. 3. No caso, a sentença estrangeira de divórcio fez expressa menção ao
acordo de separação celebrado entre as partes, afirmando que está incorporado à
decisão de dissolução do casamento. Além disso, há explícita anuência do requerente
ao pedido da requerida de homologação dos termos integrais da sentença com a
inclusão do aludido acordo. 4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não
obstante o disposto no art. 89, I, do CPC de 1973 (atual art. 23, I e III, do CPC de
2015) e no art. 12, § 1º, da LINDB, autoriza a homologação de sentença estrangeira
que, decretando o divórcio, convalida acordo celebrado pelos ex-cônjuges quanto
à partilha de bens imóveis situados no Brasil, que não viole as regras de direito
interno brasileiro. 5. Pedido de homologação da sentença estrangeira deferido. (SEC
11.795/EX, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/08/2019,
DJe 16/08/2019) ------------------------------------------ HOMOLOGAÇÃO. SENTENÇA DE
DIVÓRCIO PROFERIDA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DO ESTADO DE NOVA
JERSEY, EUA. ALEGAÇÃO DE VÍCIO QUANTO À COMPROVAÇÃO DO TRÂNSITO
EM JULGADO. SITUAÇÃO DE DEFINITIVIDADE DA DECISÃO EXTRAÍDA DO
CONTEXTO. APOSIÇÃO DE ARQUIVAMENTO. INEXISTÊNCIA DE ANEXO DA
SENTENÇA. TERMO DE ACORDO QUE NÃO FOI POR ELA ABRANGIDO.
REQUISITOS ATENDIDOS. 1. A exigência do trânsito em julgado prevista no art. 5º, III,
da Resolução n.º 9/2009, não impõe à parte a sua comprovação por meio de termo
equivalente ao previsto na processualística pátria, mas que demonstre, por qualquer
meio, ter havido a definitividade da decisão homologanda, que em outras palavras
significa, que comprove a consagração induvidosa da coisa julgada. 2. No caso, como
já reconhecido por esta Corte e pelo Supremo Tribunal Federal, a existência da
expressão "arquivado", em sentença de Tribunal americano, corresponde ao que aqui
se conhece por trânsito em julgado. 3. Afigura-se prescindível aos autos do pedido de
homologação a juntada de Termo de Acordo de bens que não foi abrangido pela
sentença, notadamente se a Corte estrangeira fez expressa menção dele não fazer parte
do contexto do julgamento. 4. Requisitos atendidos, homologação deferida. (SEC
3.281/EX, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, CORTE ESPECIAL,
julgado em 24/11/2011, DJe 19/12/2011) -----------------------------------------------
SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA. HOMOLOGAÇÃO. ILEGITIMIDADE ATIVA
DA REQUERENTE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. I -
A homologação da sentença estrangeira não pode abranger e nem estender-se a
tópicos, acordos ou cláusulas que não se achem formalmente incorporados ao texto da
decisão homologanda. Precedentes do c. Supremo Tribunal Federal. II - Na hipótese
dos autos, a sentença homologanda sequer faz menção à requerente como parte ou
interessada na lide arbitral. III - In casu, para que se possa verificar a legitimidade ativa
da requerente, imprescindível é a análise do contrato de cessão firmado entre esta e a
empresa vencedora da lide arbitral, o que é vedado em sede de homologação de
sentença estrangeira. Processo extinto sem julgamento do mérito, em razão da ausência
de legitimidade ativa da requerente. (SEC 968/CH, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
CORTE ESPECIAL, julgado em 30/06/2006, DJ 25/09/2006) No caso, não consta da
sentença homologanda nenhuma menção à realização ou não de partilha de bens, o
que impede seja o pleito atendido, mormente tendo em vista que a análise do tema
extrapola o âmbito cognitivo da ação homologatória. 4. O Ministério Público opinou pela
não homologação da decisão estrangeira por entender que não houve a comprovação
do trânsito em julgado da decisão (fl. 235). Contudo, às fls. 46-48, foi juntada a decisão
proferida em 11/3/2016, que homologou a desistência dos recursos de apelação e
nulidade movidos pela requerida contra a sentença, estando tal documento devidamente
traduzido e legalizado. Dessarte, é forçoso concluir pela ocorrência do trânsito em
julgado do decisum. 5. Quanto à fixação da verba sucumbencial, importa registrar o
entendimento recentíssimo da Corte Especial no sentido da utilização de valor equitativo
(art. 85, § 8º, do CPC): AGRAVO INTERNO. SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA
CONTESTADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO POR EQUIDADE.
PEDIDO SUBSIDIÁRIO. MAJORAÇÃO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1.
Insurge-se a agravante contra a adoção do critério estabelecido no art. 85, § 8º do
CPC/2015 para a fixação dos honorários advocatícios, no procedimento de
homologação de sentença estrangeira. 2. Na esteira da jurisprudência, mesmo com o
advento do CPC de 2015, este Sodalício manteve hígido o entendimento já sedimentado
sob a égide do CPC de 1973, de que o pedido de homologação de sentença estrangeira
não encerra conteúdo condenatório. Por esta razão, em situações como a retratada no
presente caso, tem fixado os honorários advocatícios sucumbenciais em valor equitativo,
com fundamento no § 8º do art. 85 do CPC/15, e não com base no valor atribuído à
causa. 3. Não merece amparo o pedido subsidiário de majoração do valor fixado,
porquanto a decisão agravada, a partir da análise do trâmite do feito e dos atos
processuais praticados pelos patronos, adotou como parâmetro precedente desta Corte
em situação similar, ao arbitrar a quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a título de
honorários sucumbenciais. 4. Agravo interno desprovido. (AgInt nos EDcl na SEC
5.293/EX, Rel. Ministro JORGE MUSSI, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/12/2020,
DJe 07/12/2020) Assim, tendo sido atribuída à causa o valor de R$ 5.000,00, que serve
como um norte para o arbitramento por equidade, fixam-se os honorários sucumbenciais
em R$ 1.000,00. 3. Ante o exposto, defiro o pedido de homologação. Condeno a
requerida ao pagamento das custas processuais e de honorários de sucumbência, os
quais fixo em R$ 1.000,00, com base no art. 85, § 8º, do CPC. Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 29 de abril de 2021. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO Relator (STJ - SEC:
15039 EX 2015/0314470-4, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Publicação: DJ 18/05/2021)

QUESTÕES:
• Questão elaborada pelos autores
Inexistindo tratado, a cooperação jurídica internacional poderá se realizar com base na
reciprocidade, através da via diplomática.
Certo
Errado
(Gabarito Certo)

• Questão elaborada pelos autores


Acerca do objeto da cooperação jurídica internacional, assinale a alternativa
INCORRETA:
a) Assistência jurídica internacional.
b) Qualquer outra medida judicial ou extrajudicial permitida pela lei brasileira ou
tratado internacional.
c) Colheita de provas e obtenção de intimações.
d) Homologação e cumprimento de decisão.
e) Concessão de medida judicial de urgência.
(Gabarito B)

Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão


estrangeira dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de
homologação de sentença estrangeira, de acordo com o art. 960.

Somente para atos mais simples podemos cogitar a utilização de auxílio direto.
Quando se tratar de pedido relativo à execução de decisão estrangeira, deverá ser
seguido o procedimento previsto no art. 960 e seguintes do CPC, que tratam da
homologação de sentença estrangeira e concessão de exequatur à carta rogatória,
sendo ambos os procedimentos de competência do STJ (art. 105, I, i, da Constituição
Federal).

Legislação complementar:
Redação do art. 105 da Constituição Federal após a Emenda Constitucional nº 45 de 2004.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...)
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;

Emenda Regimental n. 18 - Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. Art. 216-A. É


atribuição do Presidente do Tribunal homologar sentença estrangeira, ressalvado o disposto
no art. 216-K. § 1º Serão homologados os provimentos não judiciais que, pela lei brasileira,
tiverem natureza de sentença. (...) Art. 216-O. É atribuição do Presidente conceder exequatur
a cartas rogatórias, ressalvado o disposto no art. 216-T. § 1º Será concedido exequatur à
carta rogatória que tiver por objeto atos decisórios ou não decisórios. § 2º Os pedidos de
cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não ensejem juízo
deliberatório do Superior Tribunal de Justiça, ainda que denominados de carta rogatória, serão
encaminhados ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao
cumprimento por auxílio direto.

JURISPRUDÊNCIA
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. SENTENÇA FINAL DE PENHORA DE
BENS SOB A GUARDA DE TERCEIROS. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS
EXIGIDOS PELA RES. 9/STJ. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
OMISSÃO. ARGUMENTO APRECIADO. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Nos termos
do art. 535 do CPC, os Embargos de Declaração constituem modalidade recursal
destinada a suprir eventual omissão, obscuridade e/ou contradição que se faça
presente na decisão contra a qual se insurge, de maneira que seu cabimento revela
finalidade estritamente voltada para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, que
se quer seja cumprida com a efetiva cooperação das partes. 2. Na hipótese, nota-se
claramente a intenção de alteração do julgado a partir de argumentos e fundamentos
novos, calcados em princípios e dispositivos constitucionais, o que não se coaduna com
o escopo dos Declaratórios. 3. O acórdão embargado entendeu pela inexistência do
vício de fundamentação apontado não havendo falar-se em omissão, tendo
solucionado a controvérsia a partir dos fundamentos que entendeu suficientes e
necessários, sendo impróprio o uso dos Embargos Declaratórios para forçar o
pronunciamento desta Corte sobre matéria de cunho constitucional ou mesmo para
sustentar a incorreção do julgado. 4. Nos termos da Resolução STJ 9/2005 para a
homologação de sentença estrangeira somente cabe ao STJ verificar a presença dos
requisitos, em mero juízo de delibação. 5. Embargos de Declaração rejeitados. (EDcl
na SEC 9.275/EX, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 17/12/2014, DJe 02/02/2015)

QUESTÕES:
• Questão elaborada pelos autores
O pedido de auxílio direto formulado pelo Estado estrangeiro será requerido em juízo
pela Advocacia Geral da União e, se for o caso, pelo Ministro Público.
Certo
Errado
(Gabarito Certo)

• Questão elaborada pelos autores


A execução de decisão estrangeira no Brasil, será realizada por intermédio, exclusivo,
de carta rogatória.
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de


cooperação jurídica internacional, inclusive tradução para a língua
portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por meio de
autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se a juramentação,
autenticação ou qualquer procedimento de legalização.

Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a


aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de
tratamento.

Dispensam-se algumas providências burocráticas (juramentação, autenticação ou


qualquer procedimento de legalização) quando o pedido de cooperação é
encaminhado por intermédio da autoridade central ou por via diplomática. No
parágrafo único, temos a ideia de que, caso haja tal exigência por parte de Estado
estrangeiro, também poderá o Estado brasileiro fazê-la em razão do princípio da
reciprocidade.

Em termos doutrinários, “A razão de ser da regra é a de facilitar e agilizar o


processamento de todas as formas de cooperação jurídica internacional, razão última
de ser dos avanços que essa área do direito vem passando mais recentemente. É
prova segura de acerto da afirmação a circunstância de o CPC de 2015 voltar-se mais
detidamente ao tema, disciplinando expressamente o auxílio direto” (SCARPINELLA
BUENO, 2021, 155)

JURISPRUDÊNCIA
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA
ESTRANGEIRA CONTESTADA. AÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA JULGADA
POR SENTENÇA ORIUNDA DA ALEMANHA. ARTIGOS 15 E 17 DA LEI DE
INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ARTS. 960 E SEGUINTES
DO CPC/2015. ARTS. 216-C, 216-D E 216-F DO RISTJ. REQUISITOS ATENDIDOS.
PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DEFERIDO. 1. A
homologação de decisões estrangeiras pelo Poder Judiciário possui previsão na
Constituição Federal de 1988 e, desde 2004, está outorgada ao Superior Tribunal de
Justiça, que a realiza com atenção aos ditames dos arts. 15 e 17 do Decreto-Lei n.º
4.657/1942 (LINDB), do Código de Processo Civil de 2015 (art. 960 e seguintes) e do
art. 216-A e seguintes do RISTJ. 2. Nos termos dos arts. 15 e 17 da Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro, art. 963 do CPC/2015, e artigos 216-C, 216-D e 216-F
do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, que, atualmente, disciplinam o
procedimento de homologação de sentença estrangeira, constituem requisitos
indispensáveis ao deferimento da homologação, os seguintes: (i) instrução da petição
inicial com o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros
documentos indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado
no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira; (ii) haver sido a sentença
proferida por autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente citadas ou
haver-se legalmente verificado a revelia; (iv) ter a sentença transitado em julgado; (v)
não ofender a soberania, a dignidade da pessoa humana e/ou ordem pública. 3. Entendo
que o alegado descumprimento do referido acordo de guarda compartilhada não é óbice
para a homologação da sentença estrangeira, pois o ordenamento jurídico brasileiro
adota o sistema de delibação na hipótese, razão pela qual há que se verificar apenas a
presença dos requisitos formais, não cabendo o exame do mérito. Dessa forma, como
bem argumentando na réplica às e-STJ, fls. 164-167, "o ajuizamento de ação
modificativa de guarda no Brasil patrocinado pela requerida não tem o condão de obstar
a homologação da sentença estrangeira". Precedentes. 4. O fato de existir uma decisão
liminar do Judiciário Brasileiro regulando de forma diversa da sentença estrangeira os
alimentos e a guarda de menor não importa, só por si, em ofensa à soberania da
jurisdição nacional, o que impediria o deferimento do exequatur à decisão estrangeira.
Precedentes. 5. A execução da sentença estrangeira no país, entretanto, deverá
observar a prudente ponderação da Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura,
na SEC 14914-EX, aprovada à unanimidade pela Corte Especial: "Como os provimentos
jurisdicionais que versam sobre guarda de menores, direito de visita, alimentos, são
desprovidos de definitividade, podendo ser revisto em caso de modificação do estado
de fato, tem-se que a sentença estrangeira homologada, quanto a esses pontos, será
confrontada, pelo juízo da execução, com as decisões proferidas pelo Poder Judiciário
brasileiro.". 6. No que concerne à gratuidade da justiça concedida em favor do requente,
já foi concedida pela Presidência e merece ser mantida, nos termos do quanto salientado
pela Defensoria Pública da União, pois "a situação socioeconômica do mesmo no
processo em questão encontra-se em consonância com a Resolução 133/2016 do
Conselho Superior da Defensoria Pública da União, a qual disciplina os critérios para
aferição da hipossuficiência econômica de pessoa natural integrante de núcleo familiar
cuja renda mensal bruta não ultrapasse valor fixado para atuação do órgão.".
Igualmente, penso que merece acolhida o pleito de concessão da justiça gratuita à
requerida, pois comprovou que não tem condições de arcar com as custas e despesas
do processo. 7. Portanto, os requisitos legais se encontram plenamente atendidos neste
caso, quanto à prova da citação do requerido no processo estrangeiro, ao trânsito em
julgado e a estar a decisão devidamente autenticada por autoridade consular brasileira
e com tradução oficial e/ou juramentada. Nesse sentido, a propósito, o parecer do MPF.
8. Pedido de homologação de sentença estrangeira deferido. (HDE 3.014/EX, Rel.
Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/10/2020, DJe
20/10/2020)

CARTA ROGATÓRIA Nº 9.830 - FR (2015/0036330-3) RELATOR : MINISTRO


PRESIDENTE DO STJ JUSROGANTE : COUR D'APPEL DE PARIS INTERES. : FABIO
ITO ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - CURADOR ESPECIAL
A.CENTRAL : MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DECISÃO Cuida-se de Carta Rogatória pela
qual o Poder Judiciário da França solicita que se proceda à notificação da parte
interessada para que tome ciência de acórdão proferido à revelia pela 1ª Câmara da
Cour d'appel de Paris, no dia 5 de março de 2013, segundo o texto rogatório. A parte
interessada, por meio da Defensoria Pública da União, apresentou impugnação.
Destacou, em suma, que os documentos juntados não foram autenticados por
representação consular brasileira bem como não foi feita tradução juramentada.
Em razão disso, requereu a não concessão do exequatur. O Ministério Público Federal
não se opõe à concessão. Relatados. Decido. A impugnação não merece ser
acolhida. Conforme assentado por essa Corte, o fato de a comissão tramitar pela
via diplomática assegura a competência do juízo rogante e a autenticidade dos
documentos. Não é outro o entendimento prevalente no que se refere à
desnecessidade de tradução juramentada dos documentos. Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NA CARTA ROGATÓRIA. DÚVIDAS QUANTO À
IDENTIDADE DA AUTORIDADE ROGANTE, AO OBJETO E À AUTENTICIDADE DOS
DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A COMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
TRAMITAÇÃO PELA VIA DIPLOMÁTICA. PRESUNÇÃO DE COMPETÊNCIA DO
JUÍZO ROGANTE E DE AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. I - A autoridade rogante não remete a um ente
personificado, mas a juízo constituído nos termos da legislação local. II - O fato de a
comissão tramitar pela via diplomática assegura a competência do juízo rogante e a
autenticidade dos documentos. III - Ausência de obrigatoriedade de que os
documentos constantes das cartas rogatórias sejam traduzidos por profissional
juramentado no Brasil. Agravo regimental desprovido (AgRg na CR 9.280/EX, de
minha relatoria, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/03/2015, DJe de 29/04/2015). E o
fato é que o objeto da presente carta rogatória não atenta contra a soberania nacional,
a dignidade da pessoa humana ou a ordem pública. Assim, com fundamento no 216-O
do RI/STJ, concedo o exequatur. Em sequência, observo que houve comparecimento
espontâneo da parte interessada, o que se entremostra pela apresentação da
manifestação de fls. 100/101 e pela intimação pessoalmente recebida (fls. 81/82), razão
pela qual deixo de remeter a presente comissão para a Justiça Federal, pois entendo
que ela já está cumprida, uma vez que o presente pedido de cooperação se restringe a
mero pleito de comunicação de ato processual. Por oportuno, fixo o dia em que for
publicada a presente decisão como data de cumprimento da presente Carta Rogatória.
Ante o exposto, e com fulcro no art. 216-X do RI/STJ, determino a devolução da presente
comissão à Justiça Rogante por intermédio da autoridade central competente. Publique-
se. Intimem-se. Brasília (DF), 14 de outubro de 2015. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO
Presidente (STJ - CR: 9830 FR 2015/0036330-3, Relator: Ministro FRANCISCO
FALCÃO, Data de Publicação: DJ 19/10/2015)
QUESTÕES:
• Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: TJ-PE Prova: IBFC - 2017 - TJ-PE - Técnico Judiciário
- Função Judiciária
A Cooperação Internacional foi recentemente regulamentada em território nacional por
meio da promulgação do novo Código de Processo Civil. A respeito do tema, assinale a
alternativa que contém informação correta:
A) A solicitação de auxílio direto será encaminhada ao Brasil pela autoridade
estrangeira, cabendo ao Estado brasileiro assegurar a autenticidade do pedido. (Art. 29
CPC)
B) É desnecessária a tradução juramentada de documento encaminhado juntamente
com o pedido de cooperação jurídica internacional, desde que este seja enviado por
meio de autoridade central ou via diplomática. (Art. 41 CPC)
C) Compete ao juiz estadual da comarca em que deverá ser executada a medida
apreciar o pedido de auxílio direto. (Art. 34 CPC)
D) A cooperação jurídica internacional terá como objeto tão somente os atos de citação,
intimação, notificação judicial e extrajudicial. (Art. 27 CPC)
E) Caso fira preceitos constitucionais, pode a autoridade judiciária brasileira revisar o
mérito do pronunciamento judicial estrangeiro.
(Gabarito B)

• Ano: 2018 Banca: ADM&TEC Órgão: Câmara de Serra Talhada - PE Prova: ADM&TEC
- 2018 - Câmara de Serra Talhada - PE - Procurador Jurídico
Leia as afirmativas a seguir:
I. Os juízes não podem formular entre si pedido de cooperação para prática de qualquer
ato processual, exceto quando devidamente autorizados pelo promotor de justiça da
comarca.
II. Para ter efeitos legais no Brasil, os documentos redigidos em língua estrangeira não
devem ser traduzidos, devendo ser mantidos na língua original.
Marque a alternativa CORRETA:
A) As duas afirmativas são verdadeiras.
B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
D) As duas afirmativas são falsas.
(Gabarito D)
TÍTULO III

DA COMPETÊNCIA INTERNA

CAPÍTULO I

DA COMPETÊNCIA

Seção I

Disposições Gerais

Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos
limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo
arbitral, na forma da lei

Conceito de competência. A jurisdição é una, no entanto o exercício da jurisdição


demanda da conjunção de vários órgãos do Poder Público. O critério de distribuição
das atribuições relativas ao desempenho da jurisdição entre os órgãos judiciários é o
que resulta na competência, sendo esta apenas a medida da jurisdição exercida por
determinado órgão judicial (THEODORO JÚNIOR, 2021). Ou seja, a competência são
os limites estabelecidos onde o juiz exerce o poder jurisdicional dentro de determinado
órgão.

Critérios de competência. A determinação da competência se divide em três


critérios: objetivo, territorial e funcional.

O critério objetivo subdivide-se em razão da matéria, em razão do valor e em


razão da pessoa.

O critério funcional subdivide-se em funcional vertical (hierárquico ou por


graus) e funcional horizontal (Marinoni et al. 2019, pg. 212).

Ainda, a competência pode ser absoluta ou relativa. Por competência absoluta


entendemos aquela que não é suscetível de modificação, tanto por vontade das partes
ou por prorrogação, prevalecendo o interesse público. Já a competência relativa,
sua modificação fica submetida à vontade das partes ou ainda pode ser alterada por
prorrogação proveniente de conexão ou continência, prevalecendo o interesse
particular. (THEODORO JÚNIOR, 2021).

São relativas as competências que decorrem do critério territorial e do valor da


causa. São absolutas as competências que decorrem do critério material,
funcional e pessoal.
Conforme Humberto Theodoro Junior (2021, p. 493 e 494), o critério territorial
ainda que seja de competência relativa, possui exceções que torna imodificável a
competência quando se tratar das hipóteses do art. 47, §§ 1º e 2º; arts. 45, 51 e 52
(União ré, autora ou interveniente) e nas ações de falência.

Causas cíveis. O caput do referido artigo se refere expressamente ao


processamento e julgamento de causas cíveis pelo juiz nos limites de sua
competência.

A competência em matéria cível é residual. Dessa forma, boa parte da doutrina


entende que as causas cíveis englobariam todas as matérias não afetas ao Direito
Penal, porém, para Daniel Amorim Assumpção Neves, causas afetas às Justiças
Especializadas não estariam englobadas pelo CPC, como por exemplo as causas
trabalhistas. Nesta linha de entendimento, a aplicação subsidiária do CPC depende
de uma norma regulamentadora que viabilize sua aplicabilidade, como é o caso do
art. 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível
com as normas deste Título.”

Justiça Especializada no Brasil: Trabalhista, Eleitoral e Militar.

Arbitragem. A instituição da arbitragem está prevista na Lei nº 9.307, de 23 de


setembro de 1996 (Lei de Arbitragem). Conforme art. 3º, as partes podem submeter
seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, esta entendida por
cláusula compromissória e compromisso arbitral.

A distinção destes dois institutos se dá quanto ao momento de sua pactuação:

Cláusula compromissória: encontra Compromisso arbitral: encontra


previsão no art. 4º da Lei de Arbitragem e previsão no art. 9º da Lei de
sua pactuação entre as partes ocorre antes Arbitragem e sua pactuação entre as
do surgimento da lide. partes ocorre depois do surgimento
da lide.

Natureza jurisdicional da arbitragem. O STJ consagrou o entendimento que a


arbitragem tem verdadeira natureza jurisidicional (CC 111.230/DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 08.05.2013, Informativo nº 522).
Parte majoritária da doutrina, entende que o tratamento dispensado à arbitragem
pelo CPC é um respaldo para se dizer que ela, mais do que um equivalente
jurisdicional, consiste no efetivo exercício jurisdicional por particulares (WAMBIER,
2015, p.153). No entanto, tal entendimento não é pacificado.

Princípio da Kompetenz-Kompetenz na arbitragem. Sua aplicação decorre do


disposto no art. 8º, parágrafo único, da Lei n.º 9.307/1996, que atribuiu aos árbitros o
poder de apreciar questões relativas à existência, validade e eficácia da convenção
de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.

Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis e do Conselho


da Justiça Federal

Enunciado 47 – FPPC: “(art. 485, VII) A competência do juízo estatal deverá ser analisada
previamente à alegação de convenção de arbitragem (Grupo: Arbitragem; redação revista no
III FPPC-Rio).”

Enunciado 48 – FPPC: “(art. 485, VII) A alegação de convenção de arbitragem deverá ser
examinada à luz do princípio da competência-competência. (Grupo: Arbitragem – enunciado
aprovado por aclamação).”

Enunciado 153 – FPPC: “(art. 485, VII) A superveniente instauração de procedimento arbitral,
se ainda não decidida a alegação de convenção de arbitragem, também implicará a
suspensão do processo, à espera da decisão do juízo arbitral sobre a sua própria
competência. (Grupo: Arbitragem).”

Enunciado 434 – FPPC: “(art. 485, VII) O reconhecimento da competência pelo juízo arbitral
é causa para a extinção do processo judicial sem resolução de mérito. (Grupo: Arbitragem).”

Jornada CFJ - Enunciado 5: “A arguição de convenção de arbitragem pode ser promovida por
petição simples, a qualquer momento antes do término do prazo da contestação, sem
caracterizar preclusão das matérias de defesa, permitido ao magistrado suspender o processo
até a resolução da questão.”

Jornada CFJ - Enunciado 75: “Havendo convenção de arbitragem, caso uma das partes tenha
a falência decretada: (i) eventual procedimento arbitral já em curso não se suspende e novo
procedimento arbitral pode ser iniciado, aplicando-se, em ambos os casos, a regra do art. 6º,
§ 1º, da Lei n. 11.101/2005; e (ii) o administrador judicial não pode recusar a eficácia da
cláusula compromissória, dada a autonomia desta em relação ao contrato.”
Legislação Complementar
Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem.

JURISPRUDÊNCIA
1) A convenção de arbitragem, tanto na modalidade de compromisso arbitral
quanto na modalidade de cláusula compromissória, uma vez contratada pelas
partes, goza de força vinculante e de caráter obrigatório, definindo ao juízo arbitral
eleito a competência para dirimir os litígios relativos aos direitos patrimoniais
disponíveis, derrogando-se a jurisdição estatal.
Julgados: REsp 1733685/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado
em 06/11/2018, DJe 12/11/2018; AgInt no AREsp 425931/MG, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/10/2018, DJe 17/10/2018;
REsp 1639035/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA
TURMA,julgado em 18/09/2018, DJe 15/10/2018; AgInt no AgInt no AREsp 1096912/SP,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe
27/02/2018; REsp 1694826/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 07/11/2017, DJe 13/11/2017.(Edição 122 – Jurisprudência em Teses, STJ).

2) Uma vez expressada a vontade de estatuir, em contrato, cláusula


compromissória ampla, a sua destituição deve vir através de igual declaração
expressa das partes, não servindo, para tanto, mera alusão a atos ou a acordos
que não tenham o condão de afastar a convenção das partes.
Julgados: REsp 1678667/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado
em 06/11/2018, DJe 12/11/2018; SEC 1/EX, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/10/2011, DJe 01/02/2012. (Vide
Informativo de Jurisprudência N. 485)

3) A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da


competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre Poder Judiciário,
de ofício ou por provocação das partes, as questões relativas à existência, à
validade e à eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a
cláusula compromissória.
Julgados: HDE 120/EX, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado
em 18/12/2018, DJe 12/03/2019; AgInt no AREsp 425955/MG, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/02/2019, DJe 01/03/2019;
REsp 1678667/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
06/11/2018, DJe 12/11/2018; CC 150830/PA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/10/2018, DJe 16/10/2018; Rcl 36459/DF,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
26/09/2018, DJe 05/10/2018; AgInt no CC 156133/BA, Rel. Ministro GURGEL DE
FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/08/2018, DJe 21/09/2018. (Vide Informativo
de Jurisprudência N. 622). (Edição 122 – Jurisprudência em Teses, STJ).

4) O Poder Judiciário pode, em situações excepcionais, declarar a nulidade de


cláusula compromissória arbitral, independentemente do estado em que se
encontre o procedimento arbitral, quando aposta em compromisso claramente
ilegal.
Julgados: AgInt nos EDcl no AREsp 975050/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe 24/10/2017; REsp
1602076/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
15/09/2016, DJe 30/09/2016. (Vide Informativo de Jurisprudência N. 591). (Edição 122
– Jurisprudência em Teses, STJ).

9) A atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem possui natureza jurisdicional,


o que torna possível a existência de conflito de competência entre os juízos estatal
e arbitral, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça - STJ o seu julgamento.
Julgados: CC 157099/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY
ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/10/2018, DJe 30/10/2018; CC
150830/PA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
10/10/2018, DJe 16/10/2018; AgInt no CC 156133/BA, Rel. Ministro GURGEL DE
FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/08/2018, DJe 21/09/2018; AgInt no CC
153498/RJ, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
23/05/2018, DJe 14/06/2018; EDcl no CC 148932/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe 30/04/2018; CC
139519/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministra
REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/10/2017, DJe
10/11/2017. (Vide Informativo de Jurisprudência N. 522). (Edição 122 – Jurisprudência
em Teses, STJ).

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO


CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INCIDENTE MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC.
JUÍZO ARBITRAL E JUÍZO ESTATAL. ARBITRAGEM. NATUREZA JURISDICIONAL.
MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO. DEVER DO ESTADO.
PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA-COMPETÊNCIA. PRECEDÊNCIA DO JUÍZO
ARBITRAL EM RELAÇÃO À JURISDIÇÃO ESTATAL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO. 1. Segundo a regra da Kompetenz-Kompetenz, o próprio árbitro é quem
decide, com prioridade ao juiz togado, a respeito de sua competência para avaliar
a existência, validade ou eficácia do contrato que contém a cláusula
compromissória, nos termos dos arts. 8º, parágrafo único, e 20 da Lei nº
9.307/1996. 2. O caráter jurisdicional da arbitragem, decorrente da regra
Kompetenz-Kompetenz, prevista no artigo 8º da lei de regência, impede a busca
da jurisdição estatal quando já iniciado o procedimento arbitral, operando-se o
efeito negativo da arbitragem previsto no art. 485, VII, do NCPC. 3. Na hipótese dos
autos as informações prestadas pelo Juízo Arbitral dão conta de que, além de se
pronunciar sobre a sua própria competência com a efetiva verificação da cláusula
compromissória existente no contrato celebrado entre as partes, foi comprovada a
alteração de sua denominação social com a juntada do documento respectivo. 4. Agravo
interno não provido. (STJ - AgInt nos EDcl no AgInt no CC: 170233 SP 2019/0386014-
7, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 14/10/2020, S2 - SEGUNDA
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 19/10/2020)

A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da


competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário
as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem
e do contrato que contenha a cláusula compromissória. (STJ, REsp 1.550.260-RS,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por
maioria, julgado em 12/12/2017, DJe 20/03/2018 – Informativo nº 622).
A instituição arbitral, por ser simples administradora do procedimento arbitral,
não possui interesse processual nem legitimidade para integrar o polo passivo da
ação que busca a sua anulação. (REsp 1.433.940-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, por unanimidade, julgado em 26/09/2017, DJe 02/10/2017 – Informativo nº 613).

QUESTÕES
• Ano 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-
PE - Analista Judiciário de Procuradoria.
Por ter sofrido sucessivos erros em cirurgias feitas em hospital público de determinado
estado, João ficou com uma deformidade no corpo, razão pela qual ajuizou ação de
reparação de danos em desfavor do referido estado.
Tendo como referência essa situação hipotética e os dispositivos do Código de Processo
Civil, julgue o item subsecutivo.
O foro competente para o ajuizamento da referida ação será o da ocorrência do fato,
não podendo ser escolhido o foro do domicílio de João.
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

• Ano 2018 Banca: CONSULPLAN Órgão: Câmara de Belo Horizonte - MG Prova:


CONSULPLAN - 2018 - Câmara de Belo Horizonte - MG – Procurador
Sobre Modificação da Competência no Direito Processual Civil, assinale a alternativa
INCORRETA.
A) Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.
B) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.
C) As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
D) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente,
desde que haja conexão entre eles.
(Gabarito D)

• Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: MPE-MG Prova: FUNDEP
(Gestão de Concursos) - 2019 - MPE-MG - Promotor de Justiça Substituto
Assinale a alternativa incorreta sobre arbitragem (Lei n° 9.307/96):
A) Quando a cláusula compromissória for vazia, e, pelo teor da sua redação, ficar claro
que a arbitragem deverá ser institucional, e as partes não chegarem a um acordo sobre
qual câmara de arbitragem ficará responsável por administrar o procedimento arbitrai,
uma das partes deverá ajuizar ação judicial, buscando, com isso, a instituição da
arbitragem. Trata-se de procedimento especial disciplinado pelos arts. 6o e 7o da Lei n°
9.307/96.
B) De acordo com o princípio da competência-competência, é o árbitro que tem
competência, em primeiro lugar, para decidir sobre a sua própria competência..
C) No cumprimento da carta arbitrai, será observado o segredo de justiça,
independentemente do teor da convenção de arbitragem, do termo de referência e do
regulamento da instituição de arbitragem.
D) Estão impedidas de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as partes
ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos
de impedimento ou suspeição de juízes.
(Gabarito C)

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da


distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Princípio da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da competência). Esclarece-


nos o artigo que, via de regra, a causa se perpetua no juízo. Assim, fatos posteriores
não afetam, a princípio, a prévia fixação da competência, a qual se encontraria
estabilizada pelo princípio da perpetuatio jurisdictionis. Esclareça-se que o mais
adequado seria falar em perpetuação da competência.

A data da perpetuação é a data da distribuição ou do registro. Devemos ter em


mente que a data da distribuição será o marco quando houver mais de uma vara
competente e a data do registro em caso de vara única. Neste momento
(alternativo entre umas das hipóteses acima mencionadas), tem-se, pois, fixada a
competência do juízo.

No CPC/73 o marco para fixação da competência era a data da propositura da


ação, que coincidiam entre si. Atualmente conforme regra do CPC, será a data do
protocolo.

Data do protocolo – Ação proposta (data Distribuição ou Registro – fixação da


da propositura). Competência.

Se a distribuição for automática, haverá uma coincidência.

O princípio da perpetuação da competência é norma que determina a


inalterabilidade da competência, dessa forma, uma vez estabelecida, se mantém
durante todo o curso do processo. No entanto, esta inalterabilidade é objetiva, ou seja,
se refere ao órgão judicial e não ao juiz, que pode ser substituído (THEODORO
JUNIOR, 2021, p.469).

Mitigação ao Princípio da perpetuatio jurisdictionis. A parte final do art. 43 do


CPC traz duas situações em que se excetua a regra da perpetuação da competência:
supressão de órgão judiciário e alteração da competência absoluta.

No CPC/73 tínhamos uma redação no sentido de regras que viessem a alterar a


competência em razão da Matéria ou Hierarquia. No CPC trata-se corretamente a
ideia de que a competência absoluta é gênero e que qualquer mudança
superveniente de competência absoluta quebra a perpetuação. Trata-se de algo
já consagrado doutrinariamente, pois assim já entendia a doutrina.

Temos ainda que o momento do registro ou da distribuição também será


relevante para que se determine a prevenção (art. 59 NCPC): “Art. 59. O registro
ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.”

Criação de nova comarca ou desmembramento. Havendo criação de nova


comarca, em regra, os processos continuam em tramitação na comarca de origem,
aplicando-se o princípio da perpetuatio jurisdictionis. A exceção se dá somente com
relação aos processos em que houver alteração da competência absoluta, onde
haverá necessariamente a remessa destes à nova comarca.

Ação de Guarda e Alimentos. Nas ações que envolvam interesses de menores e


adolescentes aplica-se o princípio do juiz imediato, previsto no art. 147, I e II, do
ECA, atraindo a competência para o foro do local onde a criança ou o adolescente
exerce com habitualidade o convívio familiar. Para o STJ, tal princípio sobrepõe-se
às regras gerais de competência previstas no CPC, não se aplicando o princípio da
perpetuação da competência. Dessa forma, se houver a mudança do domicílio do
menor ou do adolescente no curso do processo, os autos devem ser remetidos à
comarca de domicílio atual. (CC 111.130/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 01/02/2011)

Cumprimento de sentença em foro distinto da fase de conhecimento. Na


exegese do art. 516, parágrafo único do CPC, conjugado com entendimento do STJ,
a competência para o processamento do cumprimento de sentença pode ser
deslocada para processamento junto ao foro da comarca de domicílio do executado
por opção do exequente. (STJ - REsp: 1776382 MT 2018/0266681-5, Relator: Ministra
NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 03/12/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: DJe 05/12/2019)

Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis


Enunciado 20 – FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira
instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos. (Grupo:
Negócio Processual; redação revista no VI FPPCCuritiba).

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA. EXTINÇÃO DOS GRUPOS DE CÂMARAS CÍVEIS. REDISTRIBUI-
ÇÃO A CÂMARA CÍVEL ISOLADA. ALTERAÇÃO DE COMPETÊNCIA. PRINCÍPIO DA
PERPETUAÇÃO DA COMPETÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES 5. O art.
87 do Código de Processo Civil estabelece que "se determina a competência no mo-
mento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato
ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou
alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia". 6. As exceções ao
princípio da perpetuatio jurisdictionis elencadas no art. 87 do CPC são taxativas,
ou seja, somente deve ocorrer quando houver supressão do órgão judiciário ou
alteração da competência em razão da matéria ou da hierarquia, que me parece
ser o caso dos autos. (STJ - REsp 1533268 / MG 2014/0343175-7, Relator: Ministro
HUMBERTO MARTINS (1130), Data do Julgamento: 18/08/2015, Data da Publicação:
01/09/2015, T2 - SEGUNDA TURMA)

PROCESSO CIVIL. REGRAS PROCESSUAIS. GERAIS E ESPECIAIS. DIREITO DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. COMPETÊNCIA. ADOÇÃO E GUARDA. PRINCÍ-
PIOS DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO JUÍZO IMEDIATO.
1. A determinação da competência, em casos de disputa judicial sobre a guarda - ou
mesmo a adoção - de infante deve garantir primazia ao melhor interesse da criança,
mesmo que isso implique em flexibilização de outras normas.
2. O princípio do juízo imediato estabelece que a competência para apreciar e julgar
medidas, ações e procedimentos que tutelam interesses, direitos e garantias positivados
no ECA é determinada pelo lugar onde a criança ou o adolescente exerce, com regula-
ridade, seu direito à convivência familiar e comunitária.
3. Embora seja compreendido como regra de competência territorial, o art. 147, I e II, do
ECA apresenta natureza de competência absoluta.
Isso porque a necessidade de assegurar ao infante a convivência familiar e comunitária,
bem como de lhe ofertar a prestação jurisdicional de forma prioritária, conferem caráter
imperativo à determinação da competência.
4. O princípio do juízo imediato, previsto no art. 147, I e II, do ECA, desde que
firmemente atrelado ao princípio do melhor interesse da criança e do adolescente,
sobrepõe-se às regras gerais de competência do CPC.
5. A regra da perpetuatio jurisdictionis, estabelecida no art. 87 do CPC, cede lugar à
solução que oferece tutela jurisdicional mais ágil, eficaz e segura ao infante, permitindo,
desse modo, a modificação da competência no curso do processo, sempre consideradas
as peculiaridades da lide.
6. A aplicação do art. 87 do CPC, em contraposição ao art. 147, I e II, do ECA,
somente é possível se - consideradas as especificidades de cada lide e sempre
tendo como baliza o princípio do melhor interesse da criança - ocorrer mudança
de domicílio da criança e de seus responsáveis depois de iniciada a ação e con-
sequentemente configurada a relação processual.
7. Conflito negativo de competência conhecido para estabelecer como competente o
Juízo suscitado. (CC 111.130/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 08/09/2010, DJe 01/02/2011)

Criação de nova vara e “perpetuatio jurisdictionis” - 4 - Informativo nº 783 do STF.


A criação superveniente de vara federal na localidade de ocorrência de crime doloso
contra a vida não enseja a incompetência do juízo em que já se tenha iniciado a
ação penal. Em relação à alegada incompetência superveniente da vara federal de
Belo Horizonte/MG, a Turma asseverou que incidiria, no campo do processo penal,
a figura da “perpetuatio jurisdicionis”, reiterado o que decidido no RHC 83.181/RJ
(DJU de 22.10.2004). Nesse julgado, o STF entendera que a criação de novas varas,
por intermédio de modificações na lei de organização judiciária, não alteraria a
competência territorial do juízo criminal em que instaurado o feito criminal de
forma pretérita, ressalvados os casos excepcionados no art. 87 do CPC (“Deter-
mina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes
as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo
quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da
matéria ou da hierarquia”). Vencido o Ministro Marco Aurélio (relator), que concedia a
ordem para fixar a competência da vara federal de Unaí/MG. HC 117871/MG, rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, 28.4.2015. (HC-117871) HC
117832/MG, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, 28.4.2015. (HC-
117832)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. MUDANÇA DE DOMICÍLIO NO CURSO


DA AÇÃO DE ALIMENTOS. RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUATIVA. PERMEABILI-
DADE A FATOS SUPERVENIENTES. MENOR HIPOSSUFICIENTE. INTERESSE
PREPONDERANTEDESTES. MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURIS-
DICTIONIS (ART. 87 DO CPC). 1. A prestação de alimentos refere a uma relação
jurídica continuativa, por tempo indeterminado, estando sujeita a modificações di-
tadas por comprovada alteração da situação fática justificadora de sua fixação. Os
alimentos podem ser redimensionados ou afastados. 2. Assim, os alimentos podem
ser revistos ainda no trâmite do processo originário ou em nova ação. Essa demanda
posterior não precisa ser proposta em face do mesmo juízo que fixou os alimentos
originalmente, podendo ser proposta no novo domicílio do alimentando, nos ter-
mos do art. 100, II, do Código de Processo Civil. Até mesmo a execução do julgado
pode se dar em comarca diversa daquela em que tramitou a ação de conheci-
mento, de modo a possibilitar o acesso à Justiça pelo alimentando. Precedentes.
3. O caráter continuativo da relação jurídica alimentar, conjugado com a índole
social da ação de alimentos, autoriza que se mitigue a regra da perpetuatio juris-
dictionis. 4. Isso porque se o alimentando mudar de domicílio logo após o final da lide,
e ocorrerem fatos supervenientes que autorizem a propositura de ação de revisão de
alimentos, essa vai ser proposta na comarca onde o alimentando tiver fixado novo do-
micílio. Do mesmo modo, a execução do julgado pode se dar no novo domicílio do ali-
mentando, como acima visto. Assim, se a troca de domicílio ocorrer durante o curso da
ação originária não parece razoável que se afaste esse entendimento com vistas
somente no aspecto da estabilidade da lide, de marcante relevância para outras
demandas, mas subalterno nas ações de alimentos, permeáveis que são a fatos
supervenientes. (STJ - CC: 114461 SP 2010/0186742-0, Relator: Ministro RAUL ARA-
ÚJO, Data de Julgamento: 27/06/2012, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação:
DJe 10/08/2012)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS


MATERIAIS E COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. CUMPRIMENTO DE SEN-
TENÇA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. COMPETÊNCIA
PARA PROCESSAMENTO DO CUMPRIMENTO DE SENTEÇA. EXEQUENTE QUE
PODE OPTAR PELA REMESSA DOS AUTOS AO FORO DA COMARCA DE DOMICÍ-
LIO DO EXECUTADO. 1. Ação de reparação de danos materiais cumulada com com-
pensação de danos morais, já em fase de cumprimento de sentença, em virtude de aci-
dente de trânsito. 2. Cumprimento de sentença promovido em 20/04/2012. Recurso es-
pecial concluso ao gabinete em 26/11/2018. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito re-
cursal é dizer se, nos termos do art. 516, parágrafo único, do CPC/2015, é possível a
remessa dos autos ao foro de domicílio do executado após o início do cumprimento de
sentença. 4. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pela recorrente
em suas razões recursais, não obstante a oposição de embargos de declaração, impede
o conhecimento do recurso especial. 5. Em regra, o cumprimento de sentença efetua-se
perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. Contudo, nos termos
do art. 516, parágrafo único, do CPC/2015, o exequente passou a ter a opção de ver o
cumprimento de sentença ser processado perante o juízo do atual domicílio do execu-
tado, do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou do local onde deva ser
executada a obrigação de fazer ou não fazer, casos em que a remessa dos autos do
processo será solicitada ao juízo de origem. 6. Como essa opção é uma prerrogativa do
credor, ao juiz não será lícito indeferir o pedido se este vier acompanhado da prova de
que o domicílio do executado, o lugar dos bens ou o lugar do cumprimento da obrigação
é em foro diverso de onde decidida a causa originária. 7. Com efeito, a lei não impõe
qualquer outra exigência ao exequente quando for optar pelo foro de processamento do
cumprimento de sentença, tampouco dispondo acerca do momento em que o pedido de
remessa dos autos deve ser feito - se antes de iniciada a execução ou se ele pode
ocorrer incidentalmente ao seu processamento. 8. Certo é que, se o escopo da norma é
realmente viabilizar a efetividade da pretensão executiva, não há justificativa para se
admitir entraves ao pedido de processamento do cumprimento de sentença no foro de
opção do exequente, ainda que o mesmo já tenha se iniciado. 9. A remessa dos autos
ao foro da Comarca de São Paulo/SP é medida que se impõe. 10. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (STJ - REsp: 1776382 MT
2018/0266681-5, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
03/12/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/12/2019)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: PGE-SC Prova: FEPESE - 2018 - PGE-SC - Pro-
curador do Estado
No que se refere à competência interna, é correto afirmar:
A) A competência em razão do valor da causa será sempre critério relativo, nunca ab-
soluto.
B) A competência funcional equipara-se à competência territorial e, por essa razão, é
considerada competência relativa.
C) Fixada a competência no momento do registro ou distribuição da petição inicial, a
alteração da competência absoluta poderá determinar sua modificação.
D) Fixada a competência pelo registro ou distribuição, caso ocorra a alteração do domi-
cílio do réu durante o prazo de contestação, e a pedido dele, haverá o deslocamento da
demanda para o novo local.
E) Para as ações fundadas em direito real, a competência será do local da situação da
coisa, adotando-se o critério territorial (competência relativa).
(Gabarito C)

Ano: 2018 Banca: COSEAC Órgão: Prefeitura de Maricá - RJ Prova: COSEAC - 2018 -
Prefeitura de Maricá - RJ - Procurador do Município
São de jurisdição exclusiva da autoridade judiciária brasileira as ações:
A) de alimentos, quando o alimentando tiver domicílio no Brasil.
B) relativas a imóveis situados no Brasil.
C) de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil.
D) em que a obrigação tiver que ser cumprida no Brasil.
E) em que o fundamento seja fato ou ato praticado no Brasil.
(Gabarito B)

Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a


competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em
legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no
que couber, pelas constituições dos Estados

Fontes para estabelecimento da competência. O dispositivo em comento apenas


sintetiza e simplifica as normas previstas nos artigos 93 e 91 do CPC/73. De certa
forma o dispositivo, de maneira mais simples e objetiva, cria um escalonamento
hierárquico entre as normas que cuidam da competência, na ordem de redação
do artigo.

Desta forma, as normas infraconstitucionais devem respeitar os limites


estabelecidos pela Constituição Federal.

De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves (2016, p.63), o legislador


silenciou acerca da correlação entre espécie de fonte normativa e espécie de
competência: “Poderia ter o legislador previsto a correlação entre a espécie de fonte
normativa e a espécie de competência, mas o silêncio legal deixará tal tarefa à
doutrina e jurisprudência, exatamente como ocorria com o CPC/1973.

Infelizmente, não caberia ao Novo CPC resolver a maior incongruência nessa


distribuição de competência, que é a previsão de regras de competência relativa - de
natureza relativa, portanto - no texto constitucional. Não existe qualquer justificativa
plausível para o art. 109,§§ Io e 2o, da Constituição Federal versar sobre o tema, ainda
mais quando ele é tratado em nível infraconstitucional pelo Código de Processo Civil.
A Constituição Federal deveria se limitar a prever regras de competência absoluta,
mas essa adequação depende de emenda constitucional, nada podendo fazer o
legislador no Novo CPC.”

Enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis

Enunciado nº 236: O art. 44 não estabelece uma ordem de prevalência, mas apenas elenca
as fontes normativas sobre competência, devendo ser observado o art.125, § 1º, da
Constituição Federal.1

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. TUTELA DA SAÚDE. INTERESSES E DIREITOS
METAINDIVIDUAIS. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. ART. 2º, CAPUT, DA LEI DA AÇÃO
CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/1985). ART. 209 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE (LEI 8.069/1990). ART. 80 DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO
IDOSO). ART. 93 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI 8.078/1990).
DEMANDAS SOBRE SAÚDE PÚBLICA EM QUE O ESTADO DE MATO GROSSO
SEJA PARTE. ARTS. 44 E 52, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/2015. COMPETÊNCIA
CONCORRENTE. FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR. OPÇÃO LEGISLATIVA
INAFASTÁVEL. HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Trata-se de Mandado de Segurança
impetrado por idoso hipossuficiente, de 81 anos, representado pela Defensoria Pública,
contra ato do Juiz de Direito do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Sinop,
que - nos autos de "ação de obrigação de fazer (concretização de direito fundamental)
c/c pedido de tutela de urgência satisfativa" de medicamento de uso contínuo (Entresto
24/26 mg, 60 doses/mês) - declinou da competência, em obediência à Resolução 9/2019
do Órgão Especial do TJ/MT, em favor da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da
Comarca de Várzea Grande, a cerca 500km de distância. No Mandado de Segurança,
a Defensoria Pública alega que a Resolução 9/2019 violou as normas de competência
do CPC/2015, da Lei da Ação Civil Pública e do Estatuto da Criança e do Adolescente.
BENEFÍCIOS DA ESPECIALIZAÇÃO JUDICIAL: ALÉM DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA
2. A especialização de Varas e órgãos fracionários dos tribunais representa tendência
mundial na organização do Poder Judiciário, instigada pela crescente complexidade
jurídica - enredamento legal (do arcabouço normativo) e fático (da vida na sociedade

1
Embora o enunciado traga entendimento diverso ao apresentado, este não possui caráter vinculante, mas
simplesmente orientativo.
tecnológica) -, um dos subprodutos do enveredar do Direito por espaços policêntricos e
multidisciplinares. Ao contrário do que se observou nos primórdios do fenômeno em
outros setores, hoje se especializa não só por convocação de pura eficiência econômica,
mas sobretudo em decorrência de legítimas inquietações éticas e políticas com a
dignidade da pessoa humana, os fins sociais do Direito, as exigências do bem comum,
a qualidade da prestação jurisdicional e a segurança jurídica. Significação duplamente
dilatada se empresta ao núcleo eficiência referido no art. 8º, in fine, do CPC/2015, em
primeiro lugar como peça integrante de uma constelação de valores e objetivos
proeminentes e vinculantes que, em segundo, balizam não só a "aplicação do
ordenamento jurídico pelo juiz", mas também a própria "organização judiciária em que
se insere o juiz". 3. Apontam-se inconvenientes plausíveis na centralização, técnica de
monopólio ou oligopólio judicial associada à especialização. Tais malefícios são
contrastados com inúmeros benefícios que, claro, subordinam-se a certas condições
prévias, entre elas deliberação com base em critérios objetivos e cautelas
procedimentais de praxe, fugindo-se seja de modismo supérfluo, seja de transplante
inconsequente, duas das notórias influências e pressões impertinentes que turvam a
lucidez de medidas legislativas, administrativas e judiciais. ESPECIALIZAÇÃO DE
VARA E ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DOS TRIBUNAIS: LIMITES CONSTITUCIONAIS
E LEGAIS NA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DOS ESTADOS 4. Se é verdade que os
arts. 8º e 44 do CPC/2015 autorizam, de maneira implícita, os tribunais a, por ato
administrativo, designarem Varas e Câmaras/Turmas especializadas - alternativa
inteiramente compatível com o princípio do juiz natural por não importar
designação casuística ou manipulação post factum da competência -, tal poder
vem condicionado por limites fixados em normas constitucionais federais e
estaduais, legislação processual comum e especial, e leis de organização
judiciária, tanto mais se envolvidos sujeitos vulneráveis ou valores e bens aos
quais a legislação confere especial salvaguarda. Em outras palavras, interditado
atribuir, administrativamente, a órgão jurisdicional competência que legalmente
não lhe pertence, ou ampliar a existente fora das hipóteses cabíveis, mesmo que
com o nobre fundamento da necessidade de especialização de varas. 5. Não se
veja no art. 44 do CPC/2015 empecilho à melhor gestão processual de demandas
guarnecidas de consistência ético-jurídica diferenciada, com destaque para as
ações coletivas. É exatamente o contrário, haja vista, nessas latitudes de
metaindividualidade, se requerer mais engenhosidade na organização judiciária.
Tabus centenários e arranjos institucionais arcaicos convidam a incansável e
enérgico questionamento e, se imperativo, modificação ou mesmo completa
substituição. Situações haverá, inclusive em Estados com grande território, em
que a especialização - e correlata concentração - se explicará pelo desiderato,
iluminado pelo ânimo da eficiência e eficácia, de assegurar autêntica justiça a
pessoas e bens jurídicos especialmente tutelados, como ocorre com Varas
Ambientais desenhadas a partir, p. ex., da conformação de ecossistemas,
ecorregiões, bacias ou sub-bacias hidrográficas, tendo em mente a concorrência
ecológica instaurada nesse cenário, em que o dano potencial ou real, direto ou
indireto, pode afetar, juntamente, múltiplas comarcas ou subseções judiciárias.
Não há alternativa possível, dado que tribunais e juízes fracassarão se
pretenderem aplicar ao processo civil coletivo a lupa, o modo de pensar, os
institutos e os procedimentos típicos do processo civil individual. Nesse
panorama, lembra-se que, por vezes, a especialização vem apresentada pelo legislador.
É assim no art. 70 do Estatuto do Idoso ("O Poder Público poderá criar varas
especializadas e exclusivas do idoso") e no art. 5º, IV, do Código de Defesa do
Consumidor. COMPETÊNCIA NA LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA, NO ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, NO ESTATUTO DO IDOSO E NO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR 6. A Resolução 9/2019 do TJ/MT atribuiu à 1ª Vara
Especializada de Fazenda Pública de Várzea Grande "Processar e julgar,
exclusivamente, os feitos relativos à saúde pública, ações civis públicas, ações
individuais ..., incluindo as ações de competência da Vara da Infância e Juventude e os
feitos ... relativos à saúde pública, em que figure como parte o Estado de Mato Grosso"
(destaque acrescentado). Não obstante a evidente intenção elevada do Órgão Especial,
a concentração adotada pelo ato impugnado choca-se frontalmente com o art. 2º,
parágrafo único, da Lei 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), com o art. 209 da Lei
8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), com o art. 80 da Lei 10.741/2003
(Estatuto do Idoso) e com o art. 93 da Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do
Consumidor). 7. Nesses quatro dispositivos, fica patente a ratio legislativa de antepor, à
frente de qualquer outra consideração, a facilitação, na perspectiva da vítima, da tutela
dos interesses individuais e metaindividuais de sujeitos vulneráveis ou hipossuficientes.
Destarte, vedado, aqui, rompante de flexibilização administrativa judiciária, pois se está
diante ora de competência absoluta, ora de competência concorrente à conveniência do
autor. COMPETÊNCIA EM DEMANDAS COM ESTADOS FEDERADOS 8. Com espírito
semelhante ao decretado na Lei da Ação Civil Pública, no Estatuto da Criança e do
Adolescente, no Estatuto do Idoso e no Código de Defesa do Consumidor - vale dizer,
facilitação do acesso à justiça ao vulnerável ou hipossuficiente -, prescreve o CPC/2015
que, "Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no
foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no
de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado" (art. 52, parágrafo único,
grifo acrescentado). Prioriza-se, sem dúvida, a comodidade dos cidadãos, conferindo-
lhes privilégio de opção ("poderá"), na forma de competência concorrente. 9. A Súmula
206/STJ preceitua: "A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não
altera a competência territorial resultante das leis de processo." A jurisprudência
do STJ reconhece que os Estados-Membros e suas entidades autárquicas e
empresas públicas podem ser demandados em qualquer comarca do seu
território, não gozando de foro privilegiado. Precedentes do STJ. 10. O art. 52,
parágrafo único, do CPC/2015 estabelece foro concorrente para as causas em que seja
réu o Estado ou o Distrito Federal, estipulando prerrogativa processual em favor do
cidadão, a quem é facultado escolher onde demandar a Administração. Tal dispositivo
concretiza garantia real, e não meramente fictícia, de inafastabilidade da jurisdição e de
acesso democrático à justiça. Como instituição, o Estado está presente e atua em todo
o seu território - ubiquidade territorial; o cidadão, ao contrário, propende a se vincular a
espaço confinado, ordinariamente o local onde reside e trabalha - constrição territorial.
Logo, se ato normativo secundário do Tribunal cria prerrogativa de foro ao ente público
e altera padrões de competência prescritos por lei federal, ofendido se queda o esquema
normativo imperturbável de organização do aparelho judiciário, gravidade acentuada se
o rearranjo acarretar grave e desarrazoado desmantelamento de deferência que o
próprio legislador se encarregou de conferir, como mandamento de ordem pública, aos
sujeitos vulneráveis ou hipossuficientes e aos titulares ou representantes de certos bens
e valores considerados de altíssima distinção na arquitetura do Estado Social de Direito.
11. A alteração da competência para comarca distante do domicílio do autor-vítima
vulnerável ou hipossuficiente traz, sim, indisputável prejuízo, ainda que o processo
judicial seja eletrônico, haja vista os demandantes nem sempre disporem de computador
e internet. Além disso, a distância geográfica pode comprometer a produção de provas
pelo jurisdicionado, o contato com seu advogado etc. Aqui, então, assoma um dos
cânones de ouro no Estado Social de Direito: o acesso à justiça para hipossuficiente ou
vulnerável - portador de debilidade jurídica, econômica, técnica ou informativa,
perdurável ou contingencial - deve, no verbo e na prática, ser facilitado, e não
embaraçado. A prerrogativa de escolha de foro processual visa garantir a superação, ou
pelo menos a mitigação, de variados obstáculos naturais, formais, financeiros e
psicológicos que impedem ou dificultam o acesso à justiça a todos em condições de
igualdade real, postura de repúdio republicano absoluto a um Poder Judiciário de elite e
a serviço da elite. CONCLUSÃO 12. Recurso Ordinário provido. (STJ - RMS: 64534 MT
2020/0235110-3, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
13/10/2020, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/12/2020)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E


PREVIDÊNCIA PRIVADA. DECISÃO DA PRESIDÊNCIA. RECONSIDERAÇÃO.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPETÊNCIA PARA AÇÃO DE
COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA MOVIDA CONTRA ENTIDADE DE
PREVIDÊNCIA PRIVADA. JUSTIÇA COMUM. ENTENDIMENTO DESTE SODALÍCIO.
AGRAVO CONHECIDO PARA PROVER O RECURSO ESPECIAL. 1. Decisão agravada
reconsiderada, na medida em que houve impugnação específica dos óbices contidos na
decisão de admissibilidade do recurso especial. Novo exame do feito. 2. "No
julgamento do RE 586.453/SE e do RE 583.050/RS, sob o rito da repercussão geral,
o STF estabeleceu, em caráter vinculante, que 'a competência para o
processamento de ações ajuizadas contra entidades privadas de previdência
complementar é da Justiça comum, dada a autonomia do Direito Previdenciário
em relação ao Direito do Trabalho. Inteligência do art. 202, § 2º, da Constituição
Federal a excepcionar, na análise desse tipo de matéria, a norma do art. 114, inciso
IX, da Magna Carta' (Pleno, Rel. p/ acórdão o Ministro DIAS TOFFOLI, DJe de
5.6.2013)." (CC 148.352/SP, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti,Segunda Seção, julgado
em 03/12/2020, DJe 09/12/2020). 3. Agravo interno provido para reconsiderar a decisão
agravada e, em novo exame, conhecer do agravo e dar provimento ao recurso especial.
(STJ - AgInt no AREsp: 1798773 GO 2020/0317305-5, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO,
Data de Julgamento: 21/06/2021, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
01/07/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PR Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz
Substituto
De acordo com o Código de Processo Civil, no que concerne ao julgamento de ação
reivindicatória da propriedade de bem imóvel localizado em território nacional, a
competência internacional da justiça brasileira e a competência territorial do foro do local
do imóvel são consideradas, respectivamente, como
A) exclusiva e absoluta.
B) exclusiva e relativa.
C) concorrente e absoluta.
D) concorrente e relativa.
(Gabarito A)

• Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: DPE-SC Prova: FUNDATEC - 2018 - DPE-SC
- Analista Técnico
No caso dos cônjuges manterem domicílio na mesma cidade em que conviviam
maritalmente e não havendo filho incapaz, será competente para a ação de divórcio o
local do:
A) Domicílio da mulher.
B) Domicílio do marido.
C) Último domicílio do casal.
D) Casamento.
E) Onde estão situados os bens imóveis a serem partilhados.
(Gabarito C)

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão


remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas
empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de
fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro
interveniente, exceto as ações:

I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de


trabalho;

II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.

§ 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja


de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.

§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos


em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o
mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades
autárquicas ou de suas empresas públicas.

§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar


conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do
processo.

O CPC, no artigo em análise, disciplina a cumulação de pedidos quando houver


juízo absolutamente incompetente para algum deles. Vejamos em tópicos as
circunstâncias mais relevantes:

O art. 45 do CPC trata do caso em que o processo tem de ser remetido de juízo
estadual para juízo federal.

O juiz deve não admitir a cumulação caso seja incompetente, mas deve
processar o pedido para o qual ele é competente. Não se deve remeter os autos
existindo parcela de pedido para a qual o juízo seja competente.

Neste caso os autos não serão remetidos ao juízo federal (art. 45, § 1o), não
se admitindo a cumulação de pedidos e não podendo, por conta disso, o juízo
estadual conhecer do pedido em relação ao qual exista interesse da entidade
federal (art. 45, § 2o).
À parte, no caso em análise, caberá propositura de nova ação quanto ao pedido
não apreciado em face do juízo competente, havendo extinção sem julgamento de
mérito do pedido pelo juízo incompetente. Não sendo o caso de manter o processo
com o juízo estadual, serão os autos remetidos para o juízo federal, único
competente para dizer se o ente federal deverá ou não ser admitido no processo
(enunciado 150 da súmula do STJ).

Admitido o ente federal no processo, este terá a competência alterada, pas-


sando a desenvolver-se perante o juízo federal. Não admitido o ente federal, serão os
autos restituídos ao juízo estadual de origem (art. 45, § 3o).

Súmulas
Súmula 224 do STJ. Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a
declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. A
súmula foi integralmente incorporada ao seu CPC (art. 45, § 3o).

JURISPRUDÊNCIA
“A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA)
desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida
por Juízo estadual” (Súmula 365, STJ).

“A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização


por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004”
(Súmula Vinculante 22, STF).

“O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de


bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa” (Súmula 480, STJ).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 181397 - MG (2021/0233265-4) DECISÃO Cuida-


se de conflito negativo de competência instaurado entre o JUÍZO DE DIREITO DA VARA
DA FAZENDA PÚBLICA EMPRESARIAL E DE REGISTROS PÚBLICOS DE RIBEIRÃO
DAS NEVES (MG), suscitante, e o JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA CÍVEL DE BELO
HORIZONTE (SJ-MG), suscitado. O objeto deste conflito é o processamento e
julgamento de ação ordinária para fornecimento de medicamento com pedido de tutela
de urgência ajuizada por José do Bonfim Gonçalves Santos. O Juízo estadual
determinou a inclus ão da União no polo passivo e determinou a remessa dos autos à
Justiça Federal. O feito foi distribuído à Vara Federal, que decidiu pela inexistência de
interesse jurídico da União na ação e determinou sua exclusão do polo passivo,
declinando da competência para julgamento da causa. Os autos foram devolvidos ao
Juízo estadual, que proferiu decisão suscitando o presente conflito de competência (fls.
4-14). É, no essencial, o relatório. Decido. A ação originária envolve tratamento de
patologia oncológica, que demanda urgência na apreciação dos pleitos formulados. Em
razão disso, deve ser designado um dos Juízos envolvidos neste conflito para decidir as
medidas urgentes. Considerando o entendimento jurisprudencial do STJ de que, se
"o Juízo Federal, em decisão irrecorrida, reconheceu expressamente a
inexistência de litisconsórcio passivo necessário da União, concluindo pela sua
ilegitimidade passiva e determinando o retorno dos autos à Justiça Estadual, é de
ser declarada a competência do Juízo Estadual para o processo e o julgamento da
demanda, nos termos das Súmulas 150, 224 e 254 do STJ" (AgInt no CC n.
172.933/RS, relator o Ministro Herman Benjamin, DJe de 17/11/2020). Ante o exposto,
designo o JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA EMPRESARIAL E DE
REGISTROS PÚBLICOS DE RIBEIRÃO DAS NEVES (MG), ora suscitante, para
resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes que porventura surgirem.
Comunique-se, ainda, ao Juízo suscitado para que preste as devidas informações, em
10 dias, nos termos do art. 954, caput, do Código de Processo Civil. Dê-se ciência ao
Juízo suscitante acerca do que foi aqui determinado. Após, vista ao Ministério Público
Federal pelo prazo de 15 dias (art. 198 do RISTJ). Em seguida, sejam os autos
conclusos ao relator (art. 955, parágrafo único, do Código de Processo Civil). Publique-
se. Intimem-se. Brasília, 26 de julho de 2021. MINISTRO JORGE MUSSI Vice-
Presidente, no exercício da Presidência. (STJ - CC: 181397 MG 2021/0233265-4,
Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Publicação: DJ 27/07/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: MPE-BA Órgão: MPE-BA Prova: MPE-BA - 2018 - MPE-BA -
Promotor de Justiça Substituto - Anulada
Aponte a assertiva correta:
A) É decorrente da própria lei o efeito suspensivo emprestado pela apelação, o que
significa dizer que somente após a análise por órgãos colegiados as decisões
provisórias ou de mérito em sede de primeiro grau começam a produzir efeitos concretos
para as partes.
B) Não obstante reconhecido o poder-dever do magistrado de velar pela rápida e
adequada solução dos litígios, este se encontra limitado e condicionado ao quanto
requerido pela parte ao conceder a tutela antecipada.
C) As hipóteses de incompetência em razão da matéria (rationi materiae), da pessoa
(rationi personae) e funcional (rationi funcioae), tendo em vista o interesse público, deve
ser declarada ex officio.
D) Como consectário lógico do processo, a sentença definitiva declaratória encerra a
fase de cognição e, uma vez reconhecendo um direito, este possui, de regra, efeitos ex
nunc, posto que não criam situações novas, mas a reconhece.
E) A tutela inibitória busca garantir a efetividade da prestação jurisdicional, visando
impedir ou suspender prática ilícita, pouco importando a ocorrência potencial do dano,
de culpa ou dolo.
(Gabarito C)

• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: SABESP Prova: FCC - 2018 - SABESP - Advogado
O juízo estadual, verificando que certa ação de ressarcimento de danos é proposta em
face de Mévio e da Caixa Econômica Federal, dá-se por incompetente e remete os autos
ao juízo federal que, por sua vez, após ouvir as partes, exclui do processo a referida
empresa pública e devolve os autos ao juízo estadual. Nessa situação, segundo dispõe
o Código de Processo Civil de 2015, o juízo
A) estadual, se discordar da decisão do juízo federal, deverá a este reenviar os autos,
expondo as razões do seu convencimento.
B) federal, após excluir a Caixa Econômica Federal do feito, deveria ter suscitado conflito
negativo de competência.
C) estadual, se discordar da decisão do juízo federal, deverá suscitar conflito negativo
de competência, no prazo preclusivo de 5 dias.
D) federal agiu acertadamente ao devolver os autos ao juízo estadual após excluir a
Caixa Econômica Federal do feito, não se cogitando, no caso¸ de conflito de
competência.
E) estadual, ao verificar que a relação processual envolvia a Caixa Econômica Federal,
deveria desde logo, ter suscitado o conflito de competência perante o Tribunal
competente, sobretudo se, de acordo com o seu pensamento, a Caixa Econômica
Federal fosse, sim, parte legítima no feito.
(Gabarito D)

• Ano: 2021 Banca: CONSULPLAN Órgão: Prefeitura de Suzano - SP Prova:


CONSULPLAN - 2021 - Prefeitura de Suzano - SP - Assistente Jurídico
Em uma ação de recuperação judicial que tramita na Justiça Estadual, na Vara de
Falências e Recuperações Judiciais, uma empresa pública federal peticionou
manifestando interesse no feito. Nos termos do Código de Processo Civil:
A) Se a intervenção fosse de autarquia federal, os autos seriam remetidos ao juízo
federal.
B) A remessa dos autos para a Justiça Federal depende da concordância da
recuperanda.
C) A intervenção da empresa pública federal não atrai a competência da Justiça Federal.
D) A remessa dos autos para a Justiça Federal depende da concordância do Ministério
Público.
(Gabarito C)

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens
móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.

§ 1.º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de


qualquer deles.

§ 2.º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser


demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.

§ 3.º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será
proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do
Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4.º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5.º A
execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua
residência ou no do lugar onde for encontrado.

Actor Sequitur Forum Rei. Em síntese, a regra geral como critério para
determinação de competência é o domicílio do réu.

Recaem sobre esta regra os conflitos oriundos de natureza obrigacional ou quando


se tratar de direito real sobre bens móveis (SCARPINELLA BUENO, 2021, p.233).

Os parágrafos estabelecem as variações desta competência. O legislador optou por


atribuir ao autor a escolha entre os diversos foros igualmente competentes
(concorrência de foros). Assim, não incidindo nenhuma outra norma que excepcione
a regra geral de competência prevista neste artigo, será discricionariedade do autor a
opção de foro.

Para entendimento completo do artigo em questão, este deve ser conjugado com
as disposições sobre o domicílio elencadas no Código Civil (art. 70 a 78).

Execução fiscal. O CPC trouxe uma inovação em seu art. 46, §5º, deixando claro
que caberá à Fazenda Pública a escolha do foro onde irá demandar o executado,
desde que em seu domicílio, residência ou onde for encontrado.

Segundo Marinoni et al. (2019, pg. 217-218), a Fazenda Pública não pode
escolher o foro onde ajuizará a execução pois o referido artigo prenuncia uma
“gradação legal impositiva”, partindo de uma regra de abstração onde existente o
domicílio, afasta-se a residência e a residência afasta o lugar onde for encontrado.

JURISPRUDÊNCIA
A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência,
ou estabelecimento, em que se praticou o ato. (SUMULA 363, STF)

RECURSO ESPECIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA. JULGAMENTO


AFETADO À SEGUNDA SEÇÃO PARA PACIFICAÇÃO ACERCA DA CORRETA
EXEGESE DA SÚMULA 321/STJ. INDEPENDENTEMENTE DA NATUREZA DA
ENTIDADE PREVIDENCIÁRIA (ABERTA OU FECHADA) ADMINISTRADORA DO
PLANO DE BENEFÍCIOS, DEVEM SER SEMPRE OBSERVADAS AS NORMAS
ESPECIAIS QUE REGEM A RELAÇÃO CONTRATUAL DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR, NOTADAMENTE O DISPOSTO NO ART. 202 DA CF E NAS LEIS
COMPLEMENTARES N. 108 E 109, AMBAS DO ANO DE 2001. HÁ DIFERENÇAS
SENSÍVEIS E MARCANTES ENTRE AS ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA
ABERTA E FECHADA. EMBORA AMBAS EXERÇAM ATIVIDADE ECONÔMICA,
APENAS AS ABERTAS OPERAM EM REGIME DE MERCADO, PODEM AUFERIR
LUCRO DAS CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS PELOS PARTICIPANTES, NÃO
HAVENDO TAMBÉM NENHUMA IMPOSIÇÃO LEGAL DE PARTICIPAÇÃO DE
PARTICIPANTES E ASSISTIDOS, SEJA NO TOCANTE À GESTÃO DOS PLANOS DE
BENEFÍCIOS, SEJA AINDA DA PRÓPRIA ENTIDADE. NO TOCANTE ÀS ENTIDADES
FECHADAS, CONTUDO, POR FORÇA DE LEI, SÃO ORGANIZADAS SOB A FORMA
DE FUNDAÇÃO OU SOCIEDADE SIMPLES, SEM FINS LUCRATIVOS, HAVENDO UM
CLARO MUTUALISMO ENTRE A COLETIVIDADE INTEGRANTE DOS PLANOS DE
BENEFÍCIOS ADMINISTRADOS POR ESSAS ENTIDADES, QUE SÃO
PROTAGONISTAS DA GESTÃO DA ENTIDADE E DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS. AS
REGRAS DO CÓDIGO CONSUMERISTA, MESMO EM SITUAÇÕES QUE NÃO SEJAM
REGULAMENTADAS PELA LEGISLAÇÃO ESPECIAL, NÃO SE APLICAM ÀS
RELAÇÕES DE DIREITO CIVIL ENVOLVENDO PARTICIPANTES E/OU
BENEFICIÁRIOS E ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADAS.
EM VISTA DA EVOLUÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ, A SÚMULA 321/STJ
RESTRINGE-SE AOS CASOS A ENVOLVER ENTIDADES ABERTAS DE
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. COMO O CDC NÃO INCIDE AO CASO, O FORO
COMPETENTE PARA JULGAMENTO DE AÇÕES A ENVOLVER ENTIDADE DE
PREVIDÊNCIA FECHADA NÃO É DISCIPLINADO PELO DIPLOMA CONSUMERISTA.
TODAVIA, NO CASO DOS PLANOS INSTITUÍDOS POR PATROCINADOR, É
POSSÍVEL AO PARTICIPANTE OU ASSISTIDO AJUIZAR AÇÃO NO FORO DO LOCAL
ONDE LABORA(OU) PARA O INSTITUIDOR. SOLUÇÃO QUE SE EXTRAI DA
LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. 1. Por um lado, o conceito de consumidor foi construído
sob ótica objetiva, porquanto voltada para o ato de retirar o produto ou serviço do
mercado, na condição de seu destinatário final. Por outro lado, avulta do art. 3º, § 2º, do
CDC que fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
prestação de serviços, compreendido como "atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração" - inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária -, salvo as de caráter trabalhista. 2. Há diferenças sensíveis e
marcantes entre as entidades de previdência privada aberta e fechada. Embora ambas
exerçam atividade econômica, apenas as abertas operam em regime de mercado,
podem auferir lucro das contribuições vertidas pelos participantes (proveito econômico),
não havendo também nenhuma imposição legal de participação de participantes e
assistidos, seja no tocante à gestão dos planos de benefícios, seja ainda da própria
entidade. Não há intuito exclusivamente protetivo-previdenciário.3. Nesse passo,
conforme disposto no art. 36 da Lei Complementar n.109/2001, as entidades abertas de
previdência complementar, equiparadas por lei às instituições financeiras, são
constituídas unicamente sob a forma de sociedade anônima. Elas, salvo as instituídas
antes da mencionada lei, têm, pois, necessariamente, finalidade lucrativa e são
formadas por instituições financeiras e seguradoras, autorizadas e fiscalizadas pela
Superintendência de Seguros Privados - Susep, vinculada ao Ministério da Fazenda,
tendo por órgão regulador o Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP. 4. É nítido
que as relações contratuais entre as entidades abertas de previdência complementar e
participantes e assistidos de seus planos de benefícios - claramente vulneráveis - são
relações de mercado, com existência de legítimo auferimento de proveito econômico por
parte da administradora do plano de benefícios, caracterizando-se genuína relação de
consumo. 5. No tocante às entidades fechadas, o artigo 34, I, da Lei Complementar n.
109/2001 deixa límpido que "apenas" administram os planos, havendo, conforme dispõe
o art. 35 da Lei Complementar n. 109/2001, gestão compartilhada entre representantes
dos participantes e assistidos e dos patrocinadores nos conselhos deliberativo (órgão
máximo da estrutura organizacional) e fiscal (órgão de controle interno). Ademais, os
valores alocados ao fundo comum obtido, na verdade, pertencem aos participantes e
beneficiários do plano, existindo explícito mecanismo de solidariedade, de modo que
todo excedente do fundo de pensão é aproveitado em favor de seus próprios integrantes.
6. Com efeito, o art. 20 da Lei Complementar n. 109/2001 estabelece que o resultado
superavitário dos planos de benefícios das entidades fechadas, ao final do exercício,
satisfeitas as exigências regulamentares relativas aos mencionados planos, será
destinado à constituição de reserva de contingência, para garantia de benefícios, até o
limite de 25% (vinte e cinco por cento) do valor das reservas matemáticas. Constituída
a reserva de contingência, com os valores excedentes será estabelecida reserva
especial para revisão do plano de benefícios que, se não utilizada por três exercícios
consecutivos, determinará a revisão obrigatória do plano de benefícios. 7. As regras do
Código Consumerista, mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela
legislação especial, não se aplicam às relações de direito civil envolvendo participantes
e/ou assistidos de planos de benefícios e entidades de previdência complementar
fechadas. Assim deve ser interpretada a Súmula 321/STJ, que continua válida, restrita
aos casos a envolver entidades abertas de previdência. 8. O art. 16 da Lei
Complementar n. 109/2001 estabelece que os planos de benefícios sejam oferecidos a
todos os empregados dos patrocinadores. O dispositivo impõe uma necessidade de
observância, por parte da entidade fechada de previdência complementar, de uma
igualdade material entre os empregados do patrocinador, de modo que todos possam
aderir e fruir dos planos de benefícios oferecidos que, por conseguinte, devem ser
acessíveis aos participantes empregados da patrocinadora, ainda que laborem em
domicílios diversos ao da entidade. 9. Dessarte, a possibilidade de o participante ou
assistido poder ajuizar ação no foro do local onde labora(ou) para a patrocinadora não
pode ser menosprezada, inclusive para garantir um equilíbrio e isonomia entre os
participantes que laboram no mesmo foro da sede da entidade e os demais, pois o
participante não tem nem mesmo a possibilidade, até que ocorra o rompimento do
vinculo trabalhista com o instituidor, de proceder ao resgate ou à portabilidade.
10. À luz da legislação de regência do contrato previdenciário, é possível ao
participante e/ou assistido de plano de benefícios patrocinado ajuizar ação em
face da entidade de previdência privada no foro de domicílio da ré, no eventual
foro de eleição ou mesmo no foro onde labora(ou) para a patrocinadora.11.
Recurso especial provido. (REsp 1536786/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 20/10/2015)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: IESES Órgão: TJ-AM Prova: IESES - 2018 - TJ-AM - Titular de
Serviços de Notas e de Registros - Remoção
Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I. O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. II. O
fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. III. De alimentos, quando o
credor tiver domicílio ou residência no Brasil. IV. Decorrentes de relações de consumo,
quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil.
A sequência correta é:
A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
B) Apenas as assertivas II e IV estão incorretas.
C) Apenas a assertiva IV está incorreta.
D) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
(Gabarito A)

• Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP - 2021
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Sobre a competência no processo civil, assinale a alternativa correta.
A) A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do autor.
B) Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro de
situação da coisa. O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de
eleição se o litígio recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
C) Após a citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio
do réu.
D) É competente o foro de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.
E) É competente o foro onde a obrigação deve ser satisfeita para as causas em que seja
autora a União.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: CESGRANRIO Órgão: Transpetro Prova: CESGRANRIO - 2018 -


Transpetro - Advogado Júnior
L mora em Recife, mas em férias no Rio de Janeiro, passeando pelo bairro de Madureira,
choca o carro que dirigia no veículo conduzido por J, que reside em São Paulo. A
responsabilidade de L pelo acidente é atestada pelo boletim de ocorrência lavrado logo
após o acidente. Na ocasião, os envolvidos na colisão trocam telefones e endereços
residenciais para que os custos do reparo no automóvel sejam arcados integralmente
por L, uma vez que ele deu causa ao infortúnio. Todavia, sem L retornar às insistentes
ligações de J, este é forçado a arcar com o valor referente ao reparo de seu veículo,
realizado na oficina do seu cunhado Y, localizada em Niterói. Sem encontrar outros
meios de reaver o prejuízo, J decide propor ação de reparação de dano.
A referida ação deve ser proposta APENAS
A) no Fórum de Madureira.
B) em Recife, domicílio do réu.
C) em São Paulo, domicílio do autor.
D) em Niterói, local em que o custo pelo reparo do automóvel foi arcado.
E) no domicílio do autor, no do réu ou na comarca do local em que ocorreu o acidente.
(Gabarito E)
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente
o foro de situação da coisa.

§ 1.º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de
eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança,
servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.

§ 2.º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da


coisa, cujo juízo tem competência absoluta.

Forum Rei Sitae. Como regra geral, nas ações reais imobiliárias é competente o
foro de situação da coisa.

Nos termos do §1º, de acordo com Marinoni et al. (2019, pg. 218), se as demandas
versarem sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e
demarcação de terras e nunciação de obra nova o foro da coisa, a competência é
determinada pelo critério funcional, sendo portanto, regime de competência
absoluta. Sobre todas as outras, pode o demandante optar pelo foro de domicílio do
demandado ou pelo foro de eleição, sendo então a competência relativa.

O §2º por sua vez esclarece uma antiga controvérsia doutrinária e jurisprudencial,
explicitando que ações possessórias também serão propostas no local da coisa. A
controvérsia existia, em apertadíssima síntese, pelo fato de que a posse não é um
direito real sendo, todavia, tratada no Direito Material Civil dentro do estudo do Direito
das Coisas junto com os Direitos Reais, em uma grande relação de proximidade.
Assim, sentido faz atribuir à posse as mesmas regras de competência dos direitos
reais.

Quando a ação possessória for decorrente de relação de direito pessoal tendo


origem em contrato existente entre as partes, deve prevalecer o foro de eleição
pactuado.

JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
AJUIZADA CONTRA A UNIÃO - AÇÃO DE NATUREZA REAL - COMPETÊNCIA
ABSOLUTA DO FORO DA SITUAÇÃO DA COISA - ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS
ARTS. 109, § 2º, DA CARTA MAGNA, E 95 DO CPC - COMPETÊNCIA DO JUÍZO
FEDERAL ONDE SE SITUA O IMÓVEL OBJETO DA DEMANDA. 1. Na linha da
orientação desta Corte Superior, a ação de desapropriação indireta possui
natureza real, circunstância que atrai a competência para julgamento e
processamento da demanda para o foro da situação do imóvel, nos termos do art.
95 do Código de Processo Civil. 2. Versando a discussão sobre direito de propriedade,
trata-se de competência absoluta, sendo plenamente viável seu conhecimento de ofício,
conforme fez o d. Juízo Suscitado. 3. A competência estabelecida com base no art.
95 do Código de Processo Civil não encontra óbice no art. 109, § 2º, da
Constituição Federal, segundo o qual "as causas intentadas contra a União
poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela
onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal". Com efeito, conforme já decidido
por esta Corte Superior, a competência absoluta do forum rei sitae não viola as
disposições do art. 109, § 2º, da Carta Magna, certo que a hipótese da situação da
coisa está expressamente prevista como uma das alternativas para a escolha do
foro judicial. 4. Ainda que a União Federal figure como parte da demanda, o foro
competente para processar e julgar ação fundada em direito real sobre imóvel deve ser
o da situação da coisa, especialmente para facilitar a instrução probatória. Precedentes
do STF e do STJ. 5. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Suscitante
- Juízo Federal da 1ª Vara de Macaé - SJ/RJ (STJ - CC: 46771 RJ 2004/0146695-8,
Relator: Ministra DENISE ARRUDA, Data de Julgamento: 24/08/2005, S1 - PRIMEIRA
SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 19.09.2005 p. 177)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE TERCEIRO. USUCAPIÃO.


COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 1. A reunião de ações, em virtude de conexão, não se
mostra possível quando implicar alteração de competência absoluta. 2. O foro
competente para a ação de usucapião de bem imóvel será sempre o da situação da
coisa (art. 95 do CPC/1973 e art. 57 do CPC/2015), configurando hipótese de
competência material, portanto, absoluta e improrrogável. 3. A competência para
julgamento dos embargos de terceiro é do juiz que determinou a constrição na ação
principal, nos termos do art. 1.049 do CPC/1973 (art. 676 do CPC/2015), de modo que,
por se tratar de hipótese de competência funcional, é também absoluta e improrrogável.
4. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo suscitado.
(STJ - CC: 142849 SP 2015/0214808-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data
de Julgamento: 22/03/2017, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
11/04/2017)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE AGRAVO DE


INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO AO RECLAMO. IRRESIGNAÇÃO RECURSAL DA PARTE AGRAVADA.
1. Deve ser afastada a competência absoluta de foro, prevista no art. 47, § 2º do
CPC/15, quando a ação possessória for decorrente de relação de direito pessoal
surgida em consequência de contrato existente entre as partes, devendo
prevalecer o foro de eleição pactuado. Incidência da Súmula 83/STJ. 2. Agravo
interno desprovido.(STJ - AgInt no REsp: 1835295 MA 2019/0259511-0, Relator:
Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 30/03/2020, T4 - QUARTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 02/04/2020)
QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: Câmara Municipal de Aracruz - ES Prova: IDECAN
- 2016 - Câmara de Aracruz - ES - Procurador Legislativo
Sobre o tema Competência no Novo Código de Processo Civil, assinale a afirmativa
INCORRETA.
A) A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo
tem competência relativa.
B) A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou
no do lugar onde for encontrado.
C) A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
D) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis o autor pode optar pelo foro de
domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de
obra nova.
(Gabarito A)

• Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: AL-RO Prova: FGV - 2018 - AL-RO - Advogado
Determinado credor ajuizou ação de cobrança em face do devedor, postulando a
condenação deste ao pagamento da quantia de cem mil reais, relativa ao crédito
derivado de um contrato de mútuo.
Na sessão de conciliação, as partes não obtiveram a auto composição. Transcorrido o
prazo legal, o réu não apresentou contestação, o que lhe valeu o decreto de revelia. Na
sequência, o devedor ajuizou, em face do credor, ação declaratória de inexistência do
contrato de mútuo.
Nesse cenário, o feito correspondente à demanda declaratória deve ser
A) reunido com o primeiro, em razão da conexão.
B) reunido com o primeiro, em razão da continência.
C) julgado extinto, sem resolução do mérito.
D) julgado extinto, com resolução do mérito.
E) regularmente processado, após ser submetido à livre distribuição.
(Gabarito C)

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente


para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições
de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e
para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha
ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é


competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;

II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;

III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do
espólio.

O art. 48 do CPC é mais minucioso ao tratar de ações relativas ao direito


sucessório, trazendo como regra geral o previsto no caput. O parágrafo único é uma
grande novidade, pois traz uma gradação preferencial para a competência em partilha
quando o autor da herança não possuir domicílio certo (com preferência para os
bens imóveis), sendo este de aplicação subsidiária.

Já decidiu o STJ que a competência territorial quanto ao foro do autor da herança


tem natureza relativa. (CC 19.334/MG, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo
Teixeira, Segunda Seção, DJ 25.2.2002).

JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 163.153 - PE (2019/0002147-7) RELATOR :
MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA SUSCITANTE : JUÍZO DE DIREITO DA 2A
VARA CÍVEL DE PAULISTA - PE SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 5A VARA
CÍVEL DE BARUERI - SP INTERES. : FERNANDA BRITO DA SILVA E OUTROS
ADVOGADO : ADALGISA ANGÉLICA DOS ANJOS - SP104403 INTERES. : JOAO
BRITO DA SILVA - ESPÓLIO DECISÃO Trata-se de conflito negativo de competência
em que é suscitante o JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DE CÍVEL DE PAULISTA - PE
e suscitado o JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DE BARUERI - SP. O interessado
ajuizou ação de inventário na 5ª VARA CÍVEL DE BARUERI - SP que, de ofício, declinou
a competência para o foro do último domicílio do autor da herança (e-STJ fl. 12). O
suscitante, por sua vez, aponta que a competência, nesses casos, é de natureza
territorial (art. 48 do CPC/2015), não podendo ser declinada de ofício pelo juízo (e-STJ
fls. 15/16). O Ministério Público Federal manifestou-se nos seguintes termos (e-STJ fl.
21): CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ARROLAMENTO DE BENS. ÚLTIMO DOMICÍLIO
DO AUTOR DA HERANÇA. COMPETÊNCIA RELATIVA. DECLÍNIO DE OFÍCIO.
VEDAÇÃO. SÚMULA 33 DO STJ. PARECER PELA DECLARAÇÃO DA
COMPETÊNCIA DO SUSCITADO. É o relatório. Decido. Segundo orientação desta
Corte Superior, "a competência territorial é matéria que gera nulidade relativa, não
devendo ser reconhecida de ofício, mas arguida em momento oportuno, sob pena
de operar-se a preclusão" (AgRg no AREsp n. 240.812/SP, Relator Ministro RAUL
ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 22/9/2015, DJe 15/10/2015). Confiram-se:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E
MATERIAIS. INCOMPETÊNCIA RELATIVA. DECLARAÇÃO DE OFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 33/STJ. 1. Relativa a competência territorial, a declaração
de incompetência não pode ser de ofício, incidindo o enunciado 33 da súmula deste
Tribunal. Precedentes. 2. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de
Direito da 25ª Vara Cível de São Paulo/SP, o suscitado. (CC n. 46.558/PR, Relator
Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 30/3/2005, DJ
18/4/2005, p. 211.) CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INVENTARIO. COMPETÊNCIA
TERRITORIAL. TRATANDO-SE DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL, DE NATUREZA
RELATIVA, NÃO CABE AO JUIZ DE DIREITO DA COMARCA ONDE FOI
INSTAURADO O INVENTARIO, SUSCITAR DE OFICIO A SUA INCOMPETÊNCIA,
SOB A ALEGAÇÃO DE QUE O "DE CUJUS" TIVERA SEU ULTIMO DOMICILIO EM
OUTRA COMARCA. (CC n. 11.629/MG, Relator Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/12/1994, DJ 20/2/1995, p. 3100.) CONFLITO
NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INVENTARIO. COMPETÊNCIA TERRITORIAL E,
PORTANTO, RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE DECLINAÇÃO DE OFICIO. SUM.
33/STJ. - EM SE TRATANDO DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL, PORTANTO,
RELATIVA, NÃO CABE AO JUIZ DECLARA-LA DE OFICIO (VERBETE DA SUM.
33/STJ). SOMENTE O PRÓPRIO REU, MEDIANTE OPOSIÇÃO DE EXCEÇÃO NA
FORMA DO ART. 112 DO CPC, PODERA INSURGIR-SE CONTRA O FORO
ESCOLHIDO PELO AUTOR. - CONFLITO CONHECIDO E DECLARADA A
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE DIREITO DA 1A. VARA DE ORFÃOS E SUCESSÕES
DO RIO DE JANEIRO/RJ, O SUSCITADO. (CC n. 18.032/MG, Relator Ministro CESAR
ASFOR ROCHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/12/1996, DJ 17/03/1997, p. 7425.)
Sendo assim, não pode o Juízo suscitado, no local de ajuizamento da ação, excepcionar
sua competência sem a devida provocação da parte ré, nos termos da Súmula n. 33 do
STJ: "a incompetência relativa não pode ser declarada de oficio" (Súmula n. 33, CORTE
ESPECIAL, julgado em 24/10/1991, DJ 29/10/1991, p. 15.312). Diante do exposto,
CONHEÇO do presente conflito negativo de competência, para DECLARAR
COMPETENTE o JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DE BARUERI - SP. Publique-
se e intimem-se. Brasília-DF, 27 de março de 2019. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA Relator (STJ - CC: 163153 PE 2019/0002147-7, Relator: Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, Data de Publicação: DJ 28/03/2019)

AGRAVO INTERNO EM CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. DIREITO DE


FAMÍLIA. SUCESSÃO. INVENTÁRIO. DOMICÍLIO DO AUTOR DA HERANÇA.
SITUAÇÃO DOS BENS. ARTS. 96 do CPC/1973 e 48 do CPC/2015. 1. Conflito de
competência suscitado sob a égide do Código de Processo Civil de 1973. 2. A
competência para o inventário é definida em razão do domicílio do autor da
herança, e, subsidiariamente, da situação dos bens, caso não possua domicílio
certo. 3. Na hipótese, as declarações de renda do falecido, o contrato de locação
firmado antes de sua morte, a origem de sua carteira de habilitação e o fato de a quase
totalidade de bens do autor da herança encontrarem-se localizados no Rio de Janeiro
comprovam a referida cidade como seu último domicílio. 4. Agravo interno não provido.
(STJ - AgInt no CC: 147082 RJ 2016/0154385-4, Relator: Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 25/10/2017, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de
Publicação: DJe 31/10/2017)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FUNRIO Órgão: AL-RR Prova: FUNRIO - 2018 - AL-RR - Procurador
(Anulada)
O Código de Processo Civil estabelece que a competência é determinada no momento
do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, entretanto, a própria legislação
processual estabelece exceções.
Considerando a legislação processual, NÃO se configura EXCEÇÃO, quando
A) duas ou mais ações tiverem em comum o pedido ou a causa de pedir.
B) ocorrer identidade entre duas ou mais ações quanto às partes e à causa de pedir,
mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
C) o Tribunal extinguir um órgão jurisdicional fracionado e os processos forem
redistribuídos para outro órgão jurisdicional fracionado, também de segundo grau
D) se repete ação que está em curso e essas ações são idênticas, pois possuem
as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

• Ano: 2016 Banca: IESES Órgão: TJ-MA Prova: IESES - 2016 - TJ-MA - Titular de
Serviços de Notas e de Registros - Remoção
Consoante a competência, se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente de forma abrangente:
A) Somente dos bens móveis e semoventes.
B) Local de último domicílio do autor da herança e/ou dos bens do espólio.
C) Foro de situação dos bens imóveis; havendo bens imóveis em foros diferentes,
qualquer destes; não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do
espólio.
D) Residência dos pais e familiares do autor da herança.
(Gabarito C)

Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu
último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a
partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.

O artigo em comento trata, basicamente, da competência interna em caso de


ausência, sendo aplicado somente quando houver reconhecimento judicial da
ausência do réu, atraindo a competência para o foro do seu último domicílio.

Neste sentido, tem-se que ausência decorre da não localização da pessoa em seu
domicílio atrelado à falta de notícias, não deixando representante ou procurador a
quem caiba administrar-lhe os bens (art. 22 do Código Civil). Também haverá
ausência quando houver mandatário que não queira ou não possa exercer ou
continuar o mandato, ou ainda quando seus poderes forem insuficientes (art. 23 do
Código Civil).

Se, por outro lado, o réu se encontra em local incerto ou não sabido, a ação deve
ser proposta no foro de domicílio do autor.

Versando a ação em desfavor do ausente sobre direitos reais imobiliários (art.


47, §1º e §2º), em especial direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova, o foro competente é o de situação
da coisa em prevalência ao último domicílio do ausente.
JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE
AUSÊNCIA. DOMICÍLIO DO AUSENTE. INCERTEZA. ART. 94, § 2º, DO CPC.
DOMICÍLIO DAS AUTORAS. FORO COMPETENTE. 1. As ações em que o ausente
figurar como réu serão processadas perante o juízo do seu último domicílio, nos
termos do art. 97 do CPC. 2. Sendo este, entretanto, incerto, aplica-se o disposto no
art. 94, § 2º, do CPC, que prevê seja o ausente demandado no local em que se encontrar
ou no foro do domicílio do autor. 3. Conflito de competência conhecido para fixar a
competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Família e Sucessões de Goiânia-GO.
(STJ - CC: 139482 MG 2015/0073708-1, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de
Julgamento: 27/05/2015, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 02/06/2015)

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SEGURO DE VIDA.


DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA DA SEGURADA. ABERTURA DE SUCESSÃO
PROVISÓRIA. PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO. NECESSIDADE DE SE AGUARDAR
A ABERTURA DA SUCESSÃO DEFINITIVA, QUANDO SERÁ PRESUMIDA A MORTE
DA PESSOA NATURAL. 1. O instituto da ausência e o procedimento para o seu
reconhecimento revelam um iter que se inaugura com a declaração, perpassa pela
abertura da sucessão provisória e se desenvolve até que o decênio contado da
declaração da morte presumida se implemente. 2. Transcorrido o interregno de um
decênio, contado do trânsito em julgado da decisão que determinou a abertura da
sucessão provisória, atinge sua plena eficácia a declaração de ausência,
consubstanciada na morte presumida do ausente e na abertura da sua sucessão
definitiva. 3. A lei, fulcrada no que normalmente acontece, ou seja, no fato de que as
pessoas, no trato diário de suas relações, não desaparecem intencionalmente sem
deixar rastros, elegeu o tempo como elemento a solucionar o dilema, presumindo, em
face do longo transcurso do tempo, a probabilidade da ocorrência da morte do ausente.
4. Estabelecida pela a lei a presunção da morte natural da pessoa desaparecida, é o
contrato de seguro de vida alcançado por esse reconhecimento, impondo-se apenas que
se aguarde pelo momento da morte presumida e a abertura da sucessão definitiva. 5.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (STJ - REsp: 1298963 SP
2011/0303963-1, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de
Julgamento: 26/11/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/02/2014)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR -
Promotor Substituto
Assinale a alternativa correta, no que diz respeito à matéria de competência, de acordo
com o Código de Processo Civil de 2015:
A) A ação fundada em direito real sobre bem móvel tem como regra geral a distribuição
no foro de domicílio da coisa.
B) Havendo dois ou mais réus com diferentes domicílios, o autor pode distribuir a ação
fundada em direito pessoal em qualquer foro do país.
C) A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de seu domicílio e a ação em
que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio.
D) É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor a União,
Estado ou o Distrito Federal.
E) As regras de competência territorial têm natureza absoluta.
(Gabarito D)

• Ano: 2019 Banca: PUC-PR Órgão: Prefeitura de Campo Grande - MS Prova: PUC-PR
- 2019 - Prefeitura de Campo Grande - MS - Auditor Fiscal da Receita Municipal
Em regra, a abertura da sucessão dá-se com a morte da pessoa, no entanto, há alguns
casos em que a morte não é dada como certa e provada, e com o intuito de solucionar
esse entrave da ausência de uma pessoa, o sistema jurídico brasileiro admite a
chamada “morte presumida”, portanto, presume-se que a ausência significa, pelo menos
temporariamente, a morte de uma pessoa, o que justificaria a abertura da sucessão, em
um primeiro momento de forma provisória. A lei elenca um rol de “interessados” que
podem pedir a declaração de ausência e a consequente abertura de sucessão
provisória.
Acerca da declaração de ausência e da consequente instauração da sucessão
provisória, é CORRETO afirmar que
A) se o ausente deixou representante ou procurador, não se pode pedir a declaração de
ausência e a sucessão provisória.
B) dez anos depois da prolatação da sentença que concede a abertura da sucessão
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das
cauções prestadas.
C) o cônjuge separado judicialmente há menos de um ano pode pedir a declaração de
ausência.
D) tendo decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, pode-se pedir a
declaração de ausência e a sucessão provisória.
E) regressando o ausente nos dez anos seguintes à declaração da sucessão definitiva,
será restituído em todos os bens existentes desde a sua ausência.
(Gabarito D)

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio
de seu representante ou assistente.

A capacidade processual se origina na conjugação de requisitos necessários para


participar da relação processual. Como regra geral, a capacidade processual exigida
da parte para o processo, deriva das mesmas regras de direito material para prática
de atos jurídicos da vida civil dispostos no art. 5º e no art. 40 do Código Civil. A
capacidade de atuar em juízo configura um pressuposto processual e sua inexistência
impede a formação da relação jurídica válida, devendo o exame e reconhecimento de
sua falta ser pronunciado ex officio pelo juiz ( THEODORO JUNIOR, 2021, p. 566).

Neste contexto, o artigo traz uma alteração textual para incluir a figura do
“assistente”. Isso se dá para promover uma adaptação do CPC à legislação civil que
nos esclarece que os absolutamente incapazes são representados e os
relativamente incapazes são assistidos (Art. 71 do Código Civil), tendo domicílio
necessário (art.76 do Código Civil), que será do seu representante ou assistente (art.
76, parágrafo único do Código Civil).

Com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, houve alteração no Código


Civil, passando-se a considerar absolutamente incapazes apenas os menores de 16
(dezesseis) anos (art. 3º do Código Civil). As demais pessoas com alguma deficiência
ou que por alguma causa transitória ou permanente não puderem exprimir sua
vontade são considerados relativamente incapazes (incapacidade relativa a certos
atos ou maneira de exercer, conforme art. 4º do Código Civil.

Excetua-se à regra geral do art. 50 se houver a incidência do art. 47§§ 1º e 2º


do CPC (Marinoni et al., 2019, pg. 220).

Enunciados do Conselho da Justiça Federal

Enunciado 40: O incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou
excepcionalmente como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos
adolescentes que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, no âmbito das medidas socioeducativas ali previstas.

Enunciado 154: O juiz deve suprir, de ofício, a alegação de prescrição em favor do


absolutamente incapaz.

Legislação Complementar
Lei Nº 13.146/2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto
da Pessoa com Deficiência).

JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 168.603 - PB (2019/0294163-4) RELATOR :
MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE SUSCITANTE : JUÍZO DE DIREITO DA VARA
ÚNICA DE PEDRAS DE FOGO - PB SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE
ITAMBÉ - PE INTERES. : A J DA S ADVOGADO : LUCIENE DA SILVA PONTES -
PE036483 INTERES. : L V M DE P REPR. POR : D F DE M E OUTRO EMENTA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE REGISTRO C.C.
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE, PROMOVIDA POR QUEM REPUTA SER O PAI
BIOLÓGICO DA CRIANÇA, CONSTANDO A MENOR NO POLO PASSIVO DA
DEMANDA. AÇÃO AJUIZADA NO DOMICÍLIO DO AUTOR. DECLARAÇÃO DE OFÍCIO
DA INCOMPETÊNCIA, ANTE A CONSTATAÇÃO DE INTERESSE DE MENOR, CUJA
PRIMAZIA HÁ DE SER SEMPRE E NECESSARIAMENTE OBSERVADA.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO FORO DOS PAIS OU DO DETENTOR DE SUA
GUARDA, PASSÍVEL, NESSE CASO, DE SER DECLARADA DE OFÍCIO. CONFLITO
CONHECIDO PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DO FORO EM QUE RESIDE A
CRIANÇA COM SUA GENITORA E PAI REGISTRAL. 1. Nos termos do art. 50 do
Código de Processo Civil, "a ação em que o incapaz for réu será proposta no foro
do domicílio de seu representante ou assistente", o que, na espécie, como visto, não
foi observada. Trata-se, pois, de regra especial de competência territorial que protege o
incapaz, por considerá-lo parte mais frágil na relação jurídica (ut CC 160.329/MG, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 27/02/2019, DJe 06/03/2019). Em
princípio, ainda que se trate de competência territorial especial, o critério de
competência é relativo, e, como tal, passível de prorrogação, caso o demandado
não alegue a incompetência do Juízo em preliminar de contestação, nos termos
do art. 65 do Código de Processo Civil. 2. Todavia, além da regra protetiva do
incapaz acima referida, é certo, que, em se tratando de ação que verse sobre
interesses de menor, cuja primazia há de ser sempre e necessariamente
observada, incide regramento especial (art. 147 do ECA) que estabelece a
competência absoluta do foro dos pais ou do detentor de sua guarda, passível,
nesse caso, de ser declarada de ofício. 3. A subjacente ação de investigação de
paternidade consubstancia ação de estado da pessoa, diretamente ligada ao direito de
personalidade e da dignidade da pessoa humana, no caso, de uma criança, não
restando dúvidas, assim, tratar-se de ação conexa ao interesse de menor, a atrair a
competência absoluta do foro do domicílio do detentor de sua guarda, nos termos de
enunciado n. 383 da Súmula do STJ. 4. Conflito de competência conhecido para declara
a competência do Juízo de Direito da Vara Única de Pedras Fogo/PB, ora suscitante.
DECISÃO Cuida-se de conflito de competência negativo instaurado entre o Juízo de
Direito da Vara Única de Pedras de Fogo/PB, como suscitante, e o Juízo de Direito da
Vara de Itambé/PE, como suscitado, no bojo de ação de anulação de registro civil e
reconhecimento de paternidade, ajuizada por A. J. da S. Extrai-se dos autos que A. J.
da S. promoveu ação de anulação de registro civil de pessoa natural e investigação de
paternidade, tendo por propósito anular o registro civil de pessoa natural da ré, L. V. F.
M. de P., menor impúbere, representada pela genitora D. F. de M. e por M. R. S. de P.
(pai registral), bem como investigação da sua paternidade, originariamente distribuída
para o Juízo de Direito da Vara Única da Comarca de Itambé/PE, autuado sob o n.º
0000035-70.2019.8.17.2770. O Juízo de Direito da Vara Única da Comarca de
Itambé/PE, de ofício, em virtude do reconhecimento de sua incompetência absoluta,
determinou a remessa dos autos ao Juízo de Direito da Vara Única de Pedras de
Fogo/PB (comarca do domicílio do detentor da guarda da menor), com a adoção da
seguinte fundamentação (e-STJ, fl. 24): Trata-se de Ação de Anulação de Registro e
Reconhecimento de Paternidade ajuizada por ARTUR JOSÉ DA SILVA em face
deLORENA VITÓRIA FELIX MESQUITA DE PAIVA, menor impúbere, representada por
DÊNYA FELIX DE MESQUITA e MARCOS RAFAEL SILVA DE PAIVA. Ocorre que o
pedido formulado não se enquadra nos limites de competência desta Unidade Judiciária,
uma vez que a menor e sua representante possuem endereço na Cidade de Pedras de
Fogo-PB. De acordo com a Súmula 383 do STJ, a competência para processar e
julgar ações que envolvam interesses do menor é do foro do domicílio do detentor
da sua guarda. Nesse sentido, o art. 147, inc.II, do Estatuto da Criança e
Adolescente dispõe que a competência será determinada pelo lugar em que se
encontra a criança ou adolescente. Tem-se entendido, inclusive, que se trata de
hipótese de competência absoluta. Isso porque o trâmite do processo na comarca
em que reside a menor atenderá melhor os seus interesses. Ante o exposto, declino
da competência para processar e julgar a demanda em favor da Comarca de Pedras de
Fogo-PB. Remetidos os autos ao Juízo de Direito da Vara Única de Pedras de Fogo/PB,
este, por sua vez, também se deu por incompetente, razão pela suscitou o presente
conflito de competência, tecendo os seguintes fundamentos (e-STJ, fl. 28): Bem
analisando o caso, vejo que houve sensível equívoco por parte do Juízo da Vara Única
da Comarca de Itambé/PE ao declinar de sua competência jurisdicional. De sabença
meridiana é que competência territorial é competência relativa, conforma pacífica
doutrina e jurisprudência quanto à questão. Em assim o sendo, patente é que não pode
qualquer Juízo declinar de sua competência em razão de critério territorial de ofício, sem
ter sido provocado pela parte ré ou executada. Veja-se que o art. 65, é taxativo em
afirmar que a competência territorial (relativa) prorrogasse em caso de não suscitação
caput pelo réu em preliminar de contestação, entendimento que deve ser estendido aos
processos de execução de título extrajudicial, tendo em vista que, conforme o art. 917,
V, do CPC, pode o executado, em embargos à execução, alegar a incompetência
absoluta ou relativa do juízo da execução. Em verdade, compulsando a totalidade dos
documentos que constam nos autos, não se percebe uma linha que seja por parte da ré
alegado a incompetência territorial (relativa) do juízo da Vara Única da Comarca de
Itambé/PE para processamento e julgamento desta demanda, ainda mais porque nem
mesmo citada foi. Desta forma, e com amparo nos termos do Enunciado n.º 33 da
Súmula do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é clara a vedação da declaração da
incompetência relativa (territorial) de ofício, que houve neste caso. [...] Assim, resta
patente a incompetência deste Juízo da Vara Única da Comarca de Pedras de Fogo/PB,
sendo realmente competente o Juízo da Vara Única da Comarca de Itambé/PE. Tendo
em vista que tanto o Juízo da entendeu-se incompetente e atribuiu a Vara Única da
Comarca de Itambé/PE este Juízo da Vara Única da Comarca de Pedras de Fogo/PB a
competência para processamento e julgamento do feito, conforme Decisão constante do
ID. , como este 17998353 Juízo da Vara Única da Comarca de Pedras de Fogo/PB
entende-se incompetente e atribui ao Juízo da 1ª Vara Única da Comarca de Itambé/PE
a competência para processamento e julgamento do feito, de acordo com o art. 66, II,
do CPC, há conflito de competência e, conforme inteligência do art. 66, parágrafo único,
do CPC, deve este Juízo da Vara Única da Comarca de Pedras de Fogo/PB suscitar o
conflito, de ofício, tendo em vista que foi o que não acolheu a competência declinada. O
Ministério Público Federal ofertou parecer pelo conhecimento do conflito negativo,
declarando-se a competência do Juízo de Direito da Vara Única de Pedras Fogo/PB,
que foi sintetizado na seguinte ementa (e-STJ, fl. 42): CONFLITO DE COMPETÊNCIA.
Ação de anulação de registro civil e reconhecimento de paternidade . Direito da Criança
e do Adolescente. Competência. Prevalência dos interesses do menor. Princípio do
Juízo Imediato. Precedentes. Parecer pelo provimento do conflito. Brevemente relatado,
decido. Nos termos relatados, subjaz ao presente conflito ação de anulação de registro
civil de pessoa natural e investigação de paternidade, promovida por A. J. da S., tendo
por propósito anular o registro civil de pessoa natural da ré, L. V. F. M. de P., menor
impúbere, representada pela genitora D. F. de M. e por M. R. S. de P. (pai registral),
bem como investigação da sua paternidade, originariamente distribuída para o Juízo de
Direito da Vara Única da Comarca de Itambé/PE, autuado sob o n.º 0000035-
70.2019.8.17.2770. Pelo que se verifica da exordial (e-STJ, fl. 8), o autor da ação, que
alega ser pai biológico da ré, é domiciliado na Comarca de Itambé/PE, foro no qual foi
proposta ação; enquanto que a demandada, menor impúbere, é domiciliada na comarca
de Pedras de Fogo/PB, com a sua genitora D. F. de M. e com M. R. S. de P., que figura
como seu pai registral. Não se olvida que, nos termos do art. 50 do Código de Processo
Civil, "a ação em que o incapaz for réu será proposta no foro do domicílio de seu
representante ou assistente", o que, na espécie, como visto, não foi observada. Trata-
se, pois, de regra especial de competência territorial que protege o incapaz, por
considerá-lo parte mais frágil na relação jurídica (ut CC 160.329/MG, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Segunda Seção, julgado em 27/02/2019, DJe 06/03/2019). Em princípio, ainda
que se trate de competência territorial especial, o critério de competência é relativo, e,
como tal, passível de prorrogação, caso o demandado não alegue a incompetência do
Juízo em preliminar de contestação, nos termos do art. 65 do Código de Processo Civil.
Todavia, além da regra protetiva do incapaz acima referida, é certo, que, em se tratando
de ação que verse sobre interesses de menor, cuja primazia há de ser sempre e
necessariamente observada, incide regramento especial (art. 147 do ECA) que
estabelece a competência absoluta do foro dos pais ou do detentor de sua guarda,
passível, nesse caso, de ser declarada de ofício. Registre-se, a esse propósito,
encontrar-se sedimentada a jurisprudência da Segunda Seção desta Corte de Justiça
no sentido de que 'a competência para processar e julgar ações conexas de interesse
de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda' (Súmula n.
383/STJ). AGRAVO INTERNO EM CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA.
GUARDA PROVISÓRIA DEFERIDA AOS AVÓS MATERNOS E À GENITORA EM
DUAS DEMANDAS DISTINTAS. ART. 147, ECA. PREVALÊNCIA DO MELHOR
INTERESSE DO MENOR. 1. Nos termos do art. 147 do ECA, a competência das ações
envolvendo interesses de menor possui natureza absoluta, sendo primordialmente
determinada pelo local do domicílio dos pais ou responsável, ou, na falta destes, pelo
lugar onde se encontre a criança ou o adolescente, não se podendo olvidar que o
princípio constitucional da prioridade absoluta dos interesses do menor é orientador das
regras desse estatuto e, por conseguinte, dos critérios previstos nesse dispositivo legal.
Neste sentido, a Súmula 383 do STJ: "A competência para processar e julgar ações
conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua
guarda". 2. Em tal contexto, não se podem adotar, de forma automática, as regras
processuais civis se elas puderem acarretar qualquer prejuízo aos interesses e direitos
do menor, cuja condição peculiar de pessoa em desenvolvimento implica a sobreposição
e aplicação do princípio da proteção integral, que permeia as regras do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Precedentes. 3. No caso concreto, consignou-se a prolação
de liminares por juízos distintos deferindo a guarda provisória do menor aos avós
maternos e à genitora, respectivamente, devendo-se aplicar a regra do art. 147, II, do
ECA, qual seja a do local onde a criança se encontra atualmente, em atenção ao
princípio do juízo imediato, máxime porque não há provas contundentes, no atual
estágio, de que a genitora tenha se valido de subterfúgio a fim de afastar o Juízo natural.
Ao revés, há indicativos da prática de violência doméstica, ainda que sem provimento
judicial definitivo. 4. Dessarte, em face do princípio constitucional da prioridade absoluta
dos interesses do menor, orientador dos critérios do art. 147 do ECA, mais adequada a
declaração de competência do Juízo do local onde se encontra atualmente o menor. 5.
Ausentes alegações que infirmem os fundamentos da decisão atacada, permanecem
incólumes os motivos expendidos pela decisão recorrida, que declarou a competência
do Juízo do local onde se encontra o menor. 6. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no CC 156.392/BA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 25/09/2019, DJe 30/09/2019) A subjacente ação de investigação de
paternidade consubstancia ação de estado da pessoa, diretamente ligada ao direito de
personalidade e da dignidade da pessoa humana, no caso, de uma criança, não
restando dúvidas, assim, tratar-se de ação conexa ao interesse de menor, a atrair a
competência absoluta do foro do domicílio do detentor de sua guarda, nos termos de
enunciado n. 383 da Súmula do STJ. Nesse sentido, oportuno transcrever as
considerações feitas pelo i. Representante do Ministério Público Federal: Cinge-se a
controvérsia a definir qual juízo competente para o processamento da ação de anulação
de registro civil e reconhecimento de paternidade. O Estatuto da Criança e do
Adolescente dispõe que a competên- cia será determinada pelo lugar em que se
encontra a criança ou o adolescen - te. É o que está disposto no artigo 147 do ECA,
segundo qual: "Art. 147. A competência será determinada: I - pelo domicílio dos pais ou
responsável; II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais
ou responsável." Nos termos de tal disposição, a competência das ações que envolvam
interesses de menor possui natureza absoluta. Isto se dá sob a ori - entação do princípio
constitucional da prioridade absoluta dos interesses do menor, que serve como princípio
norteador para estas regras. Deste modo, a necessidade de assegurar ao menor a
prestação jurisdicional de forma prioritá- ria, se sobrepõe à determinação da
competência. Cabe ainda destacar o enunciado da Súmula nº 383 do STJ que dispõe:
"A competência para processar e julgar as ações conexas de inte - resse de menor é,
em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda". Deste modo, as regras
processuais civis não podem ser ado tadas de forma automática, de forma a prejudicar
uma tutela mais eficaz ao atendimento dos interesses do menor. [...] Isto posto, o trâmite
do processo deve ser feito na comarca em que reside o menor, tendo em vista que tal
circunstância é mais adequada ao atendimento de seus interesses. Em arremate, na
esteira dos fundamentos acima delineados, conheço do conflito para declarar a
competência do Juízo de Direito da Vara Única de Pedras Fogo/PB, ora suscitante. Dê-
se ciência ao Juízo suscitado. Publique-se. Brasília (DF), 07 de novembro de 2019.
MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator (STJ - CC: 168603 PB 2019/0294163-
4, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 02/12/2019)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 157.766 - SP (2018/0083677-5) RELATOR :


MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE SUSCITANTE : JUÍZO DE DIREITO DA 1A
VARA DE ARUJÁ - SP SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 24A VARA CÍVEL DO
RIO DE JANEIRO - RJ INTERES. : SERGIO BITENCOURT SANTANA E OUTROS
ADVOGADO : NATHALIA PINHÃO DE AZEVEDO - RJ152791 INTERES. : C B S DA S
REPR. POR : MARCIA MARTINS BAPTISTA DECISÃO Trata-se, na origem, de ação
de extinção de condomínio de bem imóvel entre herdeiros ajuizada por Sérgio
Bittencourt Santana e outros em desfavor de C. B. S. da S. (menor), buscando "a
procedência do pedido para que seja concedida a preferência a que aduz o art. 1322 do
NCPC ao Autor na compra da parte do Réu, que perfaz o montante de 17/90 do imóvel
mencionado na alínea 'B', salientando que o Autor tem a maior parte eis que possui
poderes de sua irmã que é outra condômina do imóvel, conforme documentação em
anexo. Após a compra por parte do Autor do quinhão a que faz jus o Réu por um preço
justo pelo imóvel, requer a procedência do pedido para que seja extinto o condomínio
do bem situado na Rua Brasil Gerson, 103, bairro Taquara, Rio de Janeiro-RJ, CEP.:
22.275-220, pondo fim, por essa forma, à comunhão existente entre as partes" (e-STJ,
fl. 7). O feito foi, inicialmente, distribuído ao Juízo da 4ª Vara Cível do Foro Regional de
Jacarepaguá - RJ, o qual, reconhecendo sua incompetência absoluta, determinou a
remessa do feito "a uma das Varas com competência cível do Foro Central, a qual
couber por distribuição" (e-STJ, fls. 33-34). O processo, então, foi distribuído ao Juízo
da 24ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro - RJ, o qual declinou da competência
para o Juízo da Comarca de Arujá - SP, local de residência do réu, sob o fundamento
de que a demanda envolve direito pessoal (e-STJ, fl. 51). Recebidos os autos, o Juízo
de Direito da 1ª Vara de Arujá - SP suscitou o presente conflito de competência, sob o
fundamento de que a ação "funda-se, na verdade, em direito real, tratando-se de
competência absoluta o processamento do feito pelo Juízo da situação do imóvel, nos
termos do quanto disposto no artigo 47 do CPC" (e-STJ, fl. 65). Instado a se manifestar,
o Ministério Público Federal opinou pela competência do Juízo de Direito da 24ª Vara
Cível do Rio de Janeiro - RJ, em parecer assim resumido (e-STJ, fls. 76-78): Conflito de
competência. Ação de extinção de condomínio. Competência do local do imóvel. Art. 47,
caput, do NCPC. Precedentes. Parecer pela competência do Juízo de Direito da 24ª
Vara Cível do Rio de Janeiro - RJ. Brevemente relatado, decido. Colhe-se dos autos que
Sérgio Bittencourt Santana e Sulimei Bittencourt Santana Machado ajuizaram ação de
extinção de condomínio em desfavor de seu irmão C. B. S. da S. (menor), representado
no feito por sua genitora. Extrai-se dos autos que os autores e o réu receberam, como
herança deixada por Sebastião Santana da Silva, um imóvel localizado na cidade do Rio
de Janeiro/RJ, ocasião em que se registrou, na forma de condomínio, a propriedade de
todos, considerando a indivisibilidade do bem. Na referida ação, o autor Sérgio
Bittencourt Santana afirmou que "recebeu por doação o quinhão de sua mãe
TEREZINHA BITENCOURT SANTANA (30/90) restando então proprietário da maior
porção do imóvel (46/90). Ainda naquela ocasião, a segunda autora outorgou ao primeiro
autor instrumento público de mandado exarado pelo 11º Ofício de Notas, conferindo-lhe
poderes para ceder, vender, prometer, em todo ou em qualquer porção, a parte que lhe
cabe (17/90) do imóvel objeto desta lide. Desta feita, o primeiro autor buscou a genitora
do Réu com o intuito de adquirir sua porção daquele bem e então dar por extinta sua
copropriedade, contudo a mesma acintosamente vem oferecendo resistência por meio
da valoração absurda do quinhão do Réu, bem acima do mercado, valendo-se para tal
da pretensão e boa fé do primeiro autor". Afirmou, ainda, que "tal imóvel não é o único
bem do Réu e sequer este tem a função social de moradia do mesmo, não existindo
qualquer justificativa plausível ou óbice a sua alienação, tão senão a especulação
financeira praticada pela mãe do Réu" (e-STJ, fl. 5). Por essas razões, os autores
pleitearam, na aludida ação de extinção de condomínio, "a procedência do pedido para
que seja concedida a preferência a que aduz o art. 1.322 do CC ao Autor na compra da
parte do Réu, que perfaz o montante de 17/90 do imóvel mencionado, salientando que
o Autor tem a maior parte eis que possui poderes de sua irmã que é outra condômina
do imóvel. Após a compra por parte do Autor do quinhão a que faz jus o Réu por um
preço justo pelo imóvel, requer a procedência do pedido para que seja extinto o
condomínio do bem situado na Rua Brasil Gerson, 103, Taquara, Rio de Janeiro- RJ,
CEP.: 22.275-220, pondo fim, por essa forma, à comunhão existente entre as partes" (e-
STJ, fl. 7). A controvérsia instaurada no presente conflito consiste em saber qual é o
Juízo competente para julgar a ação de extinção do condomínio do referido bem imóvel,
se do local de domicílio do réu (Arujá - SP) ou se do local do imóvel (Rio de Janeiro -
RJ). A regra geral de competência territorial é o foro de domicílio do réu, tanto na ação
fundada em direito pessoal como em direito real sobre bens móveis, a teor do que dispõe
o art. 46 do Código de Processo Civil de 2015, in verbis: Art. 46. A ação fundada em
direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de
domicílio do réu. § 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de
qualquer deles. § 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser
demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3o Quando o réu
não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do
autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no
foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5o A execução fiscal será proposta no foro
de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. O art. 47
do CPC/2015, por sua vez, disciplina a competência para as ações reais imobiliárias,
estabelecendo o seguinte: Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis
é competente o foro de situação da coisa. § 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio
do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2o
A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta. Nota-se que a regra geral para as ações fundadas em direito real
sobre imóveis é a competência do foro de situação da coisa. Todavia, o § 1º do referido
dispositivo legal estabelece foros concorrentes, possibilitando ao autor optar pelo foro
de domicílio do réu ou pelo foro de eleição, desde que a demanda não verse sobre direito
de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação
de obra nova, bem como não se trate de ação possessória imobiliária, tendo em vista o
disposto no § 2º. Dessa forma, nas ações reais imobiliárias contempladas na ressalva
do § 1º e do § 2º do art. 47 do CPC/2015 a competência será absoluta do foro de situação
da coisa, não obstante se trate de competência territorial. Nesse sentido, é a lição de
Humberto Theodoro Júnior: Não basta que a ação seja apenas sobre imóvel (como a de
despejo, por exemplo). Para incidir o foro especial, é necessário que verse sobre direito
real (reivindicatória, divisória, usucapião, etc). A competência em questão é territorial e,
por isso, naturalmente relativa (art. 63). Mas torna-se excepcionalmente absoluta e
inderrogável quando o litígio versar sobre "direito de propriedade, vizinhança, servidão,
divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova" (art. 47, § 1º). Dessa
maneira, nem toda ação sobre direito real imobiliário estará sujeita a uma competência
absoluta (p. ex., a ação hipotecária não figura no rol do questionado dispositivo, e por
isso se sujeita ao critério comum da competência relativa). (Curso de Direito Processual
Civil - Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento
comum - vol. I, 58 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 223 - sem grifo no original) No
caso dos autos, a ação de extinção de condomínio, na qual se busca a alienação judicial
de bem imóvel advindo de partilha em inventário, possui natureza jurídica de direito real
imobiliário, porquanto decorre do atributo da propriedade dos herdeiros em relação ao
respectivo imóvel. Dessa forma, a competência para o julgamento da demanda será do
foro de situação da coisa, nos termos do referido art. 47 do CPC/2015, e não do domicílio
do réu, como equivocadamente entendeu o Juízo suscitado. Confira-se, a propósito, o
bem lançado parecer ministerial nesse sentido: O imóvel sobre o qual versa a presente
ação de extinção de condomínio situa-se na Rua Brasil Gerson 103, Taquara, Rio de
Janeiro - RJ, fl. (e-STJ) 04. Trata-se, portanto, de hipótese de aplicação do artigo 47,
caput, do atual Código de Processo Civil, isto é, 'para as ações fundadas em direito real
sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa'. Tal hipótese, frise-se, é de
competência absoluta, na lição de Daniel Amorim Assumpção Neves: Não há dúvida de
que nas ações descritas pelo dispositivo ora comentado a competência do local do
imóvel é absoluta. Há três razões para amparar tal conclusão: (a) da conveniência de
decidir no local as demandas referentes a imóveis; (b) facilidade de produção probatória;
(c) repercussão na vida econômica e social da localidade em que se situa o imóvel.
Confira-se, acerca do tema, o seguinte precedente, oriundo do Egrégio Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE
EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. TEMPESTIVIDADE.
DIREITO REAL. FORO DA COISA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CPC/73. 1. É tempestiva a
exceção de incompetência relativa oferecida no prazo para resposta, ainda que por meio
de fax e distribuída posteriormente, pois atendeu ao prazo legal para apresentação do
original (Lei 9.800/99 art. 2º, parágrafo único). 2. A demanda que tem como pedido
principal a extinção de condomínio com o fim de alienação judicial do imóvel se funda
em direito real, prevalecendo, portanto, a competência do lugar em que está situada a
coisa, no caso, do Juízo em que ajuizada - 2ª Vara Cível de Sobradinho. 3. O regular
exercício do direito de defesa não configura litigância de má- fé. (Acórdão n. 1075876,
20150020210542AGI, Relator: FERNANDO HABIBE 4ª TURMA CÍVEL, Data de
Julgamento: 21/02/2018, Publicado no DJE: 26/02/2018. Pág.: 319/325 - grifo nosso)
Esse é, igualmente, o entendimento firmado pelo Colendo Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo: Agravo de instrumento. Ação de extinção de condomínio de imóveis rurais
comuns entre as partes, bem como dos bens que guarnecem as propriedades. Demanda
proposta no foro do incapaz. Inadmissibilidade. Ação em que se discute a propriedade
do imóvel e atrai a regra da competência absoluta do foro da situação da coisa prevista
no revogado art. 95, primeira parte, do CPC, atual art. 47, CPC/15. Redistribuição do
feito que deve ser mantida. Domicílio do incapaz que é regra de competência relativa,
não podendo prevalecer sobre regra absoluta. Pretensão de levantamento das custas
iniciais. Impossibilidade. Foi determinada a remessa dos autos que seguem com as
custas aqui já recolhidas. Eventual discussão que deve ser dirimida pelo Juízo
competente. Decisão mantida. Recurso improvido. (Agravo de Instrumento 2204240-
58.2016.8.26.0000; Relator (a): Hamid Bdine; Órgão Julgador: 1ª Câmara Reservada de
Direito Empresarial; Foro de Barretos - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 09/11/2016;
Data de Registro: 10/11/2016 - o grifo não consta do texto original) Não se ignora que o
réu da ação de extinção de condomínio, irmão dos autores, é incapaz (menor), o que,
em tese, faria incidir a norma do art. 50 do CPC/2015, que assim dispõe: Art. 50. A ação
em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou
assistente. Entretanto, a regra de competência da ação em que o incapaz for réu não
prevalece em relação àquela prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do CPC/2015, isto é, nas
hipóteses em que a demanda versar sobre direito de propriedade (como no caso),
vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova (§
1º) ou quando se tratar de ação possessória imobiliária (§ 2º), tendo em vista que,
nesses casos, como já afirmado anteriormente, a competência é absoluta, portanto,
inderrogável. Nesse sentido, é a lição de Marinoni, Arenhart e Mitidiero: Art. 50. A
ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu
representante ou assistente. 1. Foro do Incapaz. O absolutamente e o
relativamente incapaz têm domicílio necessário (art. 76, CC), que é o de seu
representante e o de seu assistente (art. 76, parágrafo único, CC). Qualquer ação
em que o incapaz figure como demandado, salvo se incidir o art. 47, §§ 1º e 2º,
CPC, tem de ser proposta no domicílio de seu representante ou assistente. (Código
de Processo Civil comentado. 3ª ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018, p. 218
- sem grifo no original) Nessa mesma linha de entendimento, já decidiu a Terceira Turma
desta Corte Superior: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA
PÚBLICA. BEM IMÓVEL. AUTOR ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. COMPETÊNCIA DO
FORO DA SITUAÇÃO DA COISA. 1. O domicílio de eleição pressupõe a escolha
voluntária proveniente da vontade de indivíduos capazes, que se encontrem na livre
disposição de seus bens. A aplicação dessa regra mostra-se comprometida se um dos
contratantes for incapaz. 2. Hipótese em que o recorrido foi interditado em razão de
problemas de ordem cognitiva, após a celebração do ato negocial, de modo que a
própria escolha contratual do foro é questionada. 3. A competência para as ações
fundadas em direito real sobre bem imóvel é absoluta, da situação da coisa, porquanto
regida pelo princípio forum rei sitae. Precedentes do STJ. 4. Recurso especial provido.
(REsp n. 1.193.670/MG, Relator o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe de 9/2/2015
- sem grifo no original) Dessa forma, sendo a ação discutida de natureza real imobiliária,
nos termos do art. 47 do CPC/2015, será competente o foro de situação do imóvel - Rio
de Janeiro/RJ -, o qual possui competência absoluta para o julgamento da causa. Ante
o exposto, conheço do conflito para declarar a competência do Juízo da 24ª Vara Cível
da Comarca do Rio de Janeiro - RJ, o suscitado. Dê-se ciência ao Juízo suscitante.
Publique-se. EMENTA CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE
CONDOMÍNIO. DEMANDA INSTAURADA ENTRE IRMÃOS (HERDEIROS), VISANDO
A ALIENAÇÃO JUDICIAL DE BEM IMÓVEL DE PROPRIEDADE DOS AUTORES E DO
RÉU ADVINDO DE PARTILHA EM PROCESSO DE INVENTÁRIO. NATUREZA REAL
IMOBILIÁRIA DA AÇÃO. COMPETÊNCIA DO FORO DE SITUAÇÃO DO IMÓVEL
(CPC/2015, ART. 47). AFASTAMENTO DA REGRA DO ART. 50 DO CPC/2015, POR
SE TRATAR DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA. CONFLITO CONHECIDO PARA
DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. Brasília (DF), 16 de abril de
2020. MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator (STJ - CC: 157766 SP
2018/0083677-5, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação:
DJ 23/04/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor
Público - Reaplicação
Carlos e Vitória se casaram na cidade de Tabatinga (AM), onde residiram por cerca de
três anos e tiveram dois filhos. Há cerca de dois anos se mudaram para Tefé (AM). Em
razão de desentendimentos entre o casal, acabaram rompendo o relacionamento e,
após a separação de fato, Vitória se mudou para Parintins (AM), enquanto Carlos voltou
com as crianças para a sua cidade natal, Eurunepé (AM). O único imóvel do casal está
situado na cidade de Manaus (AM). Caso Carlos venha a ajuizar ação de divórcio, a
competência territorial neste caso será da Comarca de
A) Tabatinga.
B) Parintins.
C) Manaus.
D) Eurunepé.
E) Tefé.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado
de Polícia
As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua
competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. A
respeito do instituto da competência, é correto afirmar que
A) as suas regras são exclusivamente determinadas pelas normas previstas no Código
de Processo Civil ou em legislação especial.
B) tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal
competente se nele intervier a União, excluindo-se dessa regra, dentre outras, as ações
de insolvência civil.
C) a ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo
tem competência relativa para sua análise.
D) se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente o foro do domicílio
do inventariante para análise do inventário.
E) a ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de seu domicílio.
(Gabarito B)

Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que


seja autora a União.

Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta


no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou
a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

Temos uma reprodução da CF/88 (art. 109, §§ 1º e 2º), de modo que a ação em
que a União seja autora não mais tramitará perante o Foro da Capital do Estado
ou Território, mas sim no domicílio do Réu. Por sua vez, quando a União estiver
na condição de Ré, o processo poderá tramitar em foros diversos, à escolha do
autor (concorrência de foros), o que é regulado pelo parágrafo único.
Competência da Justiça Federal. Conforme estabelece o art. 109, I da CF/88,
compete aos juízes federais processar e julgar “I - as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras,
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.”

Tal competência pode ser delegada à Justiça Estadual através de Lei nas
demandas em que forem parte instituição de previdência social e segurado quando a
comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal (art. 109, § 3º da
CF/88). No entanto, com relação ao recurso cabível, este será sempre para o Tribunal
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau (art. 109, § 4º da
CF/88).

JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 178303 - RS (2021/0082949-0) DECISÃO
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA PERANTE O
FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR, NA FORMA FRANQUEADA PELO ART. 109, § 2o.
, DA CF/1988 E DO ART. 51, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/2015. INFORMAÇÕES
REFERENTES A DOMICÍLIO RELATIVIZADAS PELO JULGADOR, COM REMESSA
DO FEITO AO JUÍZO FEDERAL NO DISTRITO FEDERAL. PROVIDÊNCIA QUE, SE
FOSSE CONFIRMADA, TRADUZIRIA ESCOLHA DE FORO PELO MAGISTRADO
QUANTO A COMPETÊNCIA RELATIVA. COMPETÊNCIA MANTIDA NO JUÍZO
FEDERAL EM CANOAS/RS. CONFLITO DE COMPETÊNCIA CONHECIDO PARA
DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO FEDERAL EM CANOAS/RS, O SUSCITANTE,
AO MENOS NOS ESTRITOS LIMITES DO CONFLITO APRESENTADO. 1. Trata-se de
Conflito Negativo de Competência suscitado entre o JUÍZO FEDERAL DA 2a. VARA DE
CANOAS/RS e o JUÍZO FEDERAL DA 4a. VARA CÍVEL DO DISTRITO FEDERAL, em
ação ajuizada por YANET DAVILA DIAZ, médica cubana, em desfavor da UNIÃO, a
partir do qual objetiva a sua inscrição no Programa Mais Médicos para o Brasil/CICLO20,
que teve seu prazo encerrado em 03 de abril de 2020. 2. Inicialmente, a ação foi ajuizada
perante o Juízo Federal em Canoas/RS, que declinou de sua competência, sob a
compreensão de que, considerando a inexistência de prova do domicílio da Autora na
região abrangida pela competência territorial deste Juízo, tudo indicando que seu
domicílio era e é no Município de São José do Belmonte/PE, não há, de fato, qualquer
circunstância que justifique a manutenção do processo nesta Subseção (fls. 1.140). 3.
Por sua vez, o Juízo Federal do Distrito Federal determinou a devolução dos autos à
Justiça Federal no Rio Grande do Sul, sob a compreensão de que a opção pelo foro do
Distrito Federal é uma faculdade do jurisdicionado, não do juiz, este que não pode
declarar, de ofício, competência de natureza relativa. Assinalou, ademais, serem
razoáveis os motivos apresentados pela parte autora para justificar seu domicílio no
Município de Canoas/RS. Ao retorno, o Juízo Federal em Canoas/RS suscitou conflito
perante esta Corte Superior. 4. Em síntese, é o relatório. 5. Inicialmente, cumpre
registrar a regra prevista na Constituição Federal acerca da competência de foro
da Justiça Federal (art. 109, § 2o.): Art. 109. Aos juízes federais compete processar
e julgar: (...). § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o
ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda,
no Distrito Federal. 6. Também é crucial fazer lembrança ao art. 51 do Código de
Processo Civil: Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas
em que seja autora a União. Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação
poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato
que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. 7. Na
espécie, observa-se que a ação foi ajuizada perante o Juízo Federal em Canoas/RS.
Porém, o douto Magistrado lançou desconfiança sobre as informações e os documentos
apresentados pela parte autora quanto ao seu domicílio. Por essa razão, remeteu os
autos ao Juízo Federal no Distrito Federal. 8. Esse último Juízo, acertadamente,
devolveu os autos à Justiça Federal em Canoas/RS, uma vez que não cabia - como
efetivamente não cabe - ao Magistrado optar pelo Juízo do Distrito Federal, até mesmo
por se tratar de competência relativa. De fato, se aceitada a competência, ter-se-ia
hipótese em que, diante de diversos foros possíveis, a escolha recaiu sobre o Distrito
Federal a partir de apontamento do Juiz Federal de Canoas/RS, o que implicaria
violação ao citado dispositivo constitucional. 9. Lado outro, há um aspecto percuciente
na decisão declinatória de foro do Juízo Suscitante, o Juízo Federal de Canoas/RS: Não
há prova do domicílio da Autora na região abrangida pela competência territorial deste
Juízo. Pelo contrário, tudo indica que seu domicílio era e é no Município de São José do
Belmonte/PE. Tal constatação tem origem em consulta atualizada com os dados da
Requerente junto à Receita Federal do Brasil (ev. 2, INF1). A mesma informação pode
ser extraída da Declaração de que trabalhou como médica junto àquele Município por
meio do PMMB (ev. 1, DOC_IDENTIF7) e da Certidão de Casamento (ev.
1,CERTCAS22), dando conta de que é casada com cidadão natural do mesmo Estado
(PE). Quanto ao ato administrativo impugnado, ressalto que não tem origem neste
Município, não podendo prevalecer o foro eleito na propositura desta ação (fls. 1.161).
10. Ao que se vê, o Julgador indica certa convicção quanto ao verdadeiro domicílio da
parte autora, por informações pessoais que, diga-se de passagem, foram angariadas
com assaz diligência. 11. Bem por isso, frente a justificativas não aceitas quanto ao
domicílio, competia ao Magistrado ter remetido os autos para o foro que considera ser
do domicílio da parte autora, isto é, o Juízo Federal referente ao Município de São José
do Belmonte/PE, conforme afirmou com notável clareza. Essa providência se justificaria
porque, consoante a parte autora assinala, utilizou-se do foro do domicílio como critério
para o ajuizamento da ação. 12. Não é o caso de proclamar-se, nesta Corte Superior, a
competência do Juízo Federal no Estado de Pernambuco, uma vez que esse Juízo não
se pronunciou acerca do caso, não havendo, quanto a este, qualquer conflito. 13. Assim,
por ora, não sendo competência do Juízo Suscitado, a atribuição jurisdicional, ao menos
nos limites do que se apresentou nesta Corte Superior, permanece, por ora, a
competência d o Juízo Federal em Canoas/RS. 14. Mercê do exposto, conhece-se do
Conflito Negativo de Competência para, nos estritos limites dos Juízos apontados como
suscitante e suscitado, declarar-se competente o Juízo Federal da 2a. Vara Federal em
Canoas/RS. 15. Publique-se. Intimações necessárias. Brasília, 12 de abril de 2021.
MANOEL ERHARDT (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF-5ª REGIÃO)
Relator (STJ - CC: 178303 RS 2021/0082949-0, Relator: Ministro MANOEL ERHARDT
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF-5ª REGIÃO), Data de Publicação: DJ
14/04/2021)

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 63.439 - DF (2020/0101060-6)


RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA RECORRENTE : ALFREDO SIPPERT
RECORRENTE : MARIANE SIPPERT ADVOGADOS : RUDY MAIA FERRAZ -
DF022940 FABIO MONTEIRO FERREIRA - DF034402 ANAXIMANDRO DOUDEMENT
ALMEIDA - DF037434 ANA PAULA BARBIERI VENDRUSCOLO - DF056125 FELIPE
COSTA ALBUQUERQUE CAMARGO - DF057365 JULIA BITTENCOURT AFFLALO E
OUTRO (S) - DF057724 RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E
REFORMA AGRÁRIA DECISÃO Trata-se de recurso ordinário em mandado de
segurança, com pedido de tutela provisória, interposto por ALFREDO SIPPERT e
OUTRO, com fundamento no art. 105, II, b, da Constituição Federal, contra acórdão do
Tribunal Federal da 1ª Região assim ementado (e-STJ fl. 100): MANDADO DE
SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL. EXCEPCIONALIDADE CONFIGURADA.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO LOCAL DO IMÓVEL.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. DENEGADA A SEGURANÇA. I - Esta Seção tem
admitido excepcionalmente, mandado de segurança contra ato judicial, não obstante o
conteúdo da Súmula 267/STF, quando tendo em vista a permanência de discussões
doutrinárias e, até certo ponto, jurisprudenciais, sobre o recurso adequado para
impugnar decisão interlocutória que decide sobre competência, conheço do presente
mandado de segurança porque, em última análise, "a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" (art. 5º, XXXV, CF). II - Apesar de a
orientação constitucional sobre competência permitir o ajuizamento de ações intentadas
contra a União, dentre as alternativas, na Seção Judiciária do Distrito Federal, tal regra
deve ser interpretada com razoabilidade e em consonância com as demais normas
processuais de competência. III - Mesmo que a União figure como parte, o foro
competente para processar e julgar ação fundada em direito real sobre imóvel deve ser
o da situação da coisa, especialmente para facilitar a instrução probatória. Precedente
do STJ, AgRg no REsp 464.392/DF, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma,
julgado em 18/03/2004, DJ 03/05/2004. IV - Mandado de Segurança denegado. Nas
suas razões, os recorrentes alegam, em suma, contrariedade à regra prevista no art.
109, § 2º, da Constituição Federal, a qual confere ao autor a faculdade de escolher
qualquer dos foros possíveis para demandar contra a União ou suas autarquias federais,
a fim de facilitar o acesso dos jurisdicionados à justiça. Com base nos arts. 995,
parágrafo único, 294 e 300 do Código de Processo Civil de 2015, requerem a
antecipação da tutela recursal de modo a garantir a manutenção do feito na 20ª Vara
Federal da Seção Judiciária de Brasília até o julgamento definitivo do presente recurso
ordinário. Aduzem que o periculum in mora consiste no fato de que "o envio dos autos
para o juízo de Santarém/PA retardará a marcha processual de maneira desnecessária,
dado que é patente a violação ao direito líquido e certo dos impetrante de terem seu
processo julgado no Distrito Federal, bem como estará diretamente malferido o direito
fundamental dos Recorrentes à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII,
CRFB/88)". Contrarrazões apresentadas às e-STJ fls. 136/143. Passo a decidir. Nos
termos do art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009, a concessão de medida liminar em sede de
mandado de segurança requer a presença, concomitante, de dois pressupostos
autorizadores: a) a relevância dos argumentos da impetração; b) que o ato impugnado
possa resultar a ineficácia da ordem judicial, caso seja concedida ao final, havendo o
risco de dano irreparável ou de difícil reparação. Na presente hipótese, em uma análise
perfunctória dos autos, própria das tutelas de urgência, não verifico a presença desses
requisitos, apesar de reconhecer a divergência jurisprudencial existente sobre o tema.
Pois bem. Extrai-se dos autos que o Juízo da 20º Vara da Seção Judiciária do Distrito
Federal/DF se declarou incompetente para processar e julgar a Ação de Desapropriação
Indireta n. 1012772-65.2018.4.01.3400, sob o argumento de que a competência é do
foro da situação da coisa (art. 47 do CPC), devendo prevalecer a competência territorial
que é absoluta em prejuízo da competência em razão da Autarquia Federal, que é
relativa, determinando a remessa dos autos à Subseção Judiciária de Santarém/PA.
Inconformado, o recorrente impetrou mandado de segurança perante o o Tribunal de
origem, sendo a ordem denegada ao fundamento de que, nas ações fundadas em direito
real sobre imóveis, ainda que a União ou Autarquia Federal figure como parte, deve
prevalecer a competência da situação da coisa, para facilitar a instrução probatória. Dito
isso, é certo que o comando inserido no art. 47 do CPC/2015 (correspondente ao
art. 95 do CPC/1973) estabelece competência absoluta do foro da situação da
coisa (forum rei sitae), em se tratando de demanda de direito real imobiliário que
tenha por objeto os direitos de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão
e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Por sua vez, sabe-se que a
regra instituída no art. 51 do CPC/2015 trata da competência territorial (relativa)
em causas envolvendo a União federal, a qual dispõe, in verbis: Art. 51. É
competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro
de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no
de situação da coisa ou no Distrito Federal. Observa-se que o referido dispositivo
é mera reprodução da regra contida no art. 109, § 2º, da Constituição Federal -
criada pelo Poder Constituinte para facilitar a prestação jurisdicional -, a qual
faculta à parte autora ajuizar as causas contra a União na seção judiciária em que
for domiciliada, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda, onde esteja situada a coisa ou, ainda, no Distrito Federal. Aliás, o
Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, entendeu que o
disposto no art. 109, § 2º, da CF aplica-se à qualquer autoridade pública federal,
inclusive às autarquias. Veja-se a ementa do referido acórdão: CONSTITUCIONAL.
COMPETÊNCIA. CAUSAS AJUIZADAS CONTRA A UNIÃO. ART. 109, § 2º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CRITÉRIO DE FIXAÇÃO DO FORO COMPETENTE.
APLICABILIDADE ÀS AUTARQUIAS FEDERAIS, INCLUSIVE AO CONSELHO
ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. I - A faculdade atribuída ao autor quanto à escolha do foro competente
entre os indicados no art. 109, § 2º, da Constituição Federal para julgar as ações
propostas contra a União tem por escopo facilitar o acesso ao Poder Judiciário àqueles
que se encontram afastados das sedes das autarquias. II - Em situação semelhante à
da União, as autarquias federais possuem representação em todo o território nacional.
III - As autarquias federais gozam, de maneira geral, dos mesmos privilégios e
vantagens processuais concedidos ao ente político a que pertencem. IV - A pretendida
fixação do foro competente com base no art. 100, IV, a, do CPC nas ações propostas
contra as autarquias federais resultaria na concessão de vantagem processual não
estabelecida para a União, ente maior, que possui foro privilegiado limitado pelo referido
dispositivo constitucional. V - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem decidido
pela incidência do disposto no art. 109, § 2º, da Constituição Federal às autarquias
federais. Precedentes. VI - Recurso extraordinário conhecido e improvido. (RE
627709/DF, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Órgão Julgador: Tribunal
Pleno, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO, DJe 30-10-2014) Sob a égide do Antigo
Estatuto Processual, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que, embora a
competência territorial ou em razão do lugar seja, via de regra, relativa, a norma
contida na segunda parte do art. 95 do CPC/1973, atinente ao foro da situação do
imóvel, cria uma regra excepcional de competência absoluta. "A causa dessa
exceção é o juízo de conveniência e interesse público do legislador, de decidir in
loco os litígios referentes aos imóveis, com melhor conhecimento das realidades
fundiárias locais ou regionais, facilidade para a realização de perícias, maior
probabilidade de identificar e localizar testemunhas etc. Ademais, a destinação
dada ao imóvel pode ter repercussões na vida econômica ou social de uma
localidade ou de uma região, o que constitui respeitável fundamento metajurídico
da competência ditada pelo art. 95 do CPC" (CC 84752/RN, Relatora Ministra
NANCY ANDRIGHI, Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO, DJ 01/08/2007). Nesse
contexto, à luz da interpretação sistemática do ordenamento jurídico, tem-se que o
comando inserto no art. 47 do CPC/2015 (correspondente ao art. 95 do CPC/1973)
aplica-se, inclusive, às causas envolvendo a União ou suas autarquias, por tratar-se de
competência absoluta, podendo o autor optar pelos foros elencados nos arts. 109, §§ 1º
e 2º da CF/1988 e 51 do CPC/2015, que cuidam da competência territorial, somente se
a ação imobiliária não versar sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão
e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Nesse sentido, cito os seguintes
precedentes desta Corte: CONFLITO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA AJUIZADA CONTRA A UNIÃO - AÇÃO DE NATUREZA
REAL - COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO FORO DA SITUAÇÃO DA COISA - ANÁLISE
SISTEMÁTICA DOS ARTS. 109, § 2º, DA CARTA MAGNA, E 95 DO CPC -
COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL ONDE SE SITUA O IMÓVEL OBJETO DA
DEMANDA. 1. Na linha da orientação desta Corte Superior, a ação de desapropriação
indireta possui natureza real, circunstância que atrai a competência para julgamento e
processamento da demanda para o foro da situação do imóvel, nos termos do art. 95 do
Código de Processo Civil. 2. Versando a discussão sobre direito de propriedade, trata-
se de competência absoluta, sendo plenamente viável seu conhecimento de ofício,
conforme fez o d. Juízo Suscitado. 3. A competência estabelecida com base no art. 95
do Código de Processo Civil não encontra óbice no art. 109, § 2º, da Constituição
Federal, segundo o qual "as causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou
fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito
Federal". Com efeito, conforme já decidido por esta Corte Superior, a competência
absoluta do forum rei sitae não viola as disposições do art. 109, § 2º, da Carta Magna,
certo que a hipótese da situação da coisa está expressamente prevista como uma das
alternativas para a escolha do foro judicial (CC 5.008/DF, 1ª Seção, Rel. Min. Milton Luiz
Pereira, DJ de 21.2.1994). 4. Ainda que a União Federal figure como parte da demanda,
o foro competente para processar e julgar ação fundada em direito real sobre imóvel
deve ser o da situação da coisa, especialmente para facilitar a instrução probatória.
Precedentes do STF e do STJ. 5. Conflito conhecido para declarar a competência do
Juízo Suscitante - Juízo Federal da 1ª Vara de Macaé - SJ/RJ (CC 46771/RJ, Relator
(a) Ministra DENISE ARRUDA, Órgão Julgador S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 19/09/2005)
- [com grifos] PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO
ANULATÓRIA. ESCRITURA PÚBLICA DE CESSÃO E TRANSFERÊNCIA DE
DIREITOS POSSESSÓRIOS. DIREITO PESSOAL. DIREITO REAL IMOBILIÁRIO.
COMPETÊNCIA DO FORO DO DOMICÍLIO DO RÉU. ARTIGOS ANALISADOS: ART.
95 E 100 DO CPC. 1. Ação declaratória de nulidade de escritura pública de cessão e
transferência de direitos possessórios, ajuizada em agosto de 2009, da qual foi extraído
o presente conflito de competência, concluso ao Gabinete em 07.05.2010. 2. Discute-se
a competência para julgamento de ação declaratória de cessão de direitos possessórios,
considerando o disposto no art. 95 do CPC e a existência de outras duas ações, em que
se discute a posse do bem, e que tramitam no foro da situação deste. 3. A partir da
exegese da norma do art. 95 do CPC, na hipótese do litígio versar sobre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação
de obra nova, a ação correspondente deverá necessariamente ser proposta na comarca
em que situado o bem imóvel, porque a competência é absoluta. 4. Por outro lado, a
ação, ainda que se refira a um direito real sobre imóvel, poderá ser ajuizada pelo autor
no foro do domicílio do réu ou, se o caso, no foro eleito pelas partes, se não disser
respeito a nenhum daqueles direitos especificados na segunda parte do art. 95 do CPC,
haja vista se tratar de competência relativa. 5. Na hipótese, conforme apontado pelo
juízo suscitante, o litígio analisado não versa sobre nenhum direito real imobiliário, mas
sobre a eventual nulidade da escritura de cessão de posse de imóvel, por razões
formais. Aliás, é importante mencionar, nesse contexto, que nem mesmo a posse do
imóvel é objeto da presente ação. 6. Não há competência absoluta do foro da situação
do bem para o julgamento da presente ação, sendo inaplicável o art. 95 do CPC. A
competência é relativa, devendo ser fixada de acordo com as regras do art. 100 do CPC.
7. Nem mesmo poder-se-ia pensar em conexão entre a ação declaratória e as ações de
reintegração de posse e embargos de terceiro porque não se vislumbra identidade de
pedidos ou de causa de pedir, conforme prevê o art. 103 do CPC, para autorizar a
reunião dos processos. 8. Conflito conhecido, para declarar a competência do JUÍZO
DE DIREITO DE SÃO JOSÉ DO OURO - RS. (CC 111572/SC, Relatora Ministra NANCY
ANDRIGHI, Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO, DJe 15/04/2014) - [com grifos]
Esse entendimento coaduna com a Súmula 11 do STJ, que possui a seguinte redação:
"A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial,
não afasta a competência do foro da situação do imóvel." Cumpre notar, ainda, que a
Primeira Turma desta Corte de Justiça, analisando caso idêntico aos dos autos, assim
manifestou-se: ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS
DE REFORMA AGRÁRIA. CRIAÇÃO DE VARA FEDERAL NO LOCAL DE SITUAÇÃO
DO IMÓVEL. DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA. 1. É entendimento sedimentado
o de não haver omissão no acórdão que, com fundamentação suficiente, ainda que não
exatamente a invocada pelas partes, decide de modo integral a controvérsia posta. 2.
'Nos termos do posicionamento deste STJ, o foro competente para o julgamento de ação
de desapropriação é o da situação da área desapropriada e a superveniente criação de
vara federal, situada no local do imóvel, desloca a competência para esse juízo, na forma
do art. 87 do CPC.' (REsp 1033980/CE, Min. José Delgado, 1ª T., DJ de 25.06.2008). 3.
Recurso especial desprovido. ( REsp 993.665/CE, Relator Ministro Teori Zavascki, DJe
de 04/02/2009) [grifos acrescidos] Não se olvida a existência de precedente do Supremo
Tribunal Federal em sentido contrário ao entendimento do Superior Tribunal de Justiça,
conforme ressaltou o recorrente, vejamos: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. AÇÃO INTENTADA CONTRA A UNIÃO. ART. 109, 2º,
DA CONSTITUIÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I - O art. 109, § 2º, da Constituição
assegurou ao autor a faculdade de escolher, entre as alternativas delineadas pela Carta
Magna, o foro para ajuizar as ações intentadas contra a União. Precedentes. II - O
constituinte não determinou qualquer correlação entre a opção do autor e a natureza da
ação proposta contra a União. Assim, o fato de se tratar de uma ação real não impede
o autor de escolher, entre as opções definidas pela Lei Maior, o foro mais conveniente
à satisfação de sua pretensão. (RE 599188 AgR/PR, Relator Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Órgão Julgador: Primeira Turma, DJe- 30-06-2011) Nesse sentido,
cito a seguinte decisão monocrática do STF: ARE 1045552/CE, relator o Min. DIAS
TOFFOLI, Julgamento: 10/05/2017, DJe- 31/05/2017. Não obstante, com a devida vênia
do entendimento em contrário, nesse exame preliminar, não vislumbro patente o direito
vindicado dos impetrantes de terem seu processo julgado no Distrito Federal, pois, em
princípio, a regra de competência absoluta prevista no art. 47 do CPC/2015 aplica-se às
ações de desapropriação indireta (ação indenizatória de direito real - propriedade)
intentadas contra a União ou suas autarquias, cuja norma não contraria as disposições
contidas no art. 109, § 2º, do CF/88, mas se harmonizam. Ademais, os impetrantes não
demonstraram o risco de dano irreparável ou de difícil reparação, com a remessa dos
autos ao juízo de Santarém/PA, onde se situa o imóvel, considerando sobretudo que
somente os atos decisórios praticados pelo juízo incompetente são considerados nulos,
sendo perfeitamente possível o aproveitamento da instrução processual. Ante o exposto,
INDEFIRO o pedido de tutela de urgência. Abra-se vista ao Ministério Público Federal
para parecer. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 07 de maio de 2020. MINISTRO
GURGEL DE FARIA Relator (STJ - RMS: 63439 DF 2020/0101060-6, Relator: Ministro
GURGEL DE FARIA, Data de Publicação: DJ 14/05/2020)
QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: FAFIPA Órgão: Fundação Araucária - PR Prova: FAFIPA - 2017 -
Fundação Araucária - PR - Advogado
De acordo com o art. 44 do Código de Processo Civil vigente (Lei 13.105/2015)
“Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é
determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas
normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos
Estados”. Em se tratando das regras de competência interna previstas no Código de
Processo Civil vigente, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal
competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e
fundações ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte
ou de terceiro interveniente, exceto as ações de recuperação judicial, falência,
insolvência civil e acidente de trabalho ou aquelas sujeitas à justiça eleitoral e à justiça
do trabalho. Os autos não serão remetidos, porém, se houver pedido cuja apreciação
seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
B) O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário,
a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e, para todas as ações em que o
espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
C) É competente o foro de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, com exceção de
aeronaves.
D) É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União,
enquanto que, se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de
situação da coisa ou no Distrito Federal.
(Gabarito C)

• Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP - 2021
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Sobre a competência no processo civil, assinale a alternativa correta.
A) A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do autor.
B) Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro de
situação da coisa. O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de
eleição se o litígio recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
C) Após a citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio
do réu.
D) É competente o foro de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.
E) É competente o foro onde a obrigação deve ser satisfeita para as causas em que seja
autora a União.
(Gabarito D)
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que
seja autor Estado ou o Distrito Federal.

Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação


poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato
ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado.

Em termos teóricos, este artigo é um espelho do art. 51 do CPC, pois colhe a regra
pensada para união e aplica com algumas adaptações aos Estados e ao Distrito
Federal.

Para Scarpinella Bueno (2021, p. 234 e 235), a regra prevista no parágrafo único
traz certa polêmica considerando o “modelo constitucional do direito processual civil”,
“em especial os casos em que a demanda contra Estados será necessariamente
ajuizada perante o STF (art. 102, I, “e” e “f”, da CF) e a previsão do § 1º do art. 125 da
CF, que reserva aos Estados a organização da sua própria Justiça. Ademais, litigar
em face de Estado em qualquer comarca brasileira, como autoriza aquele dispositivo
ao fazer menção ao “domicílio do autor”, pode comprometer, não há como afastar,
aprioristicamente, esse receio, o exercício da ampla defesa pelo próprio Estado.
Idêntica observação merece ser feita com relação ao Distrito Federal, não obstante
caber à União Federal organizar a Justiça daquele ente político, consoante estabelece
o inciso XVII do art. 22 da CF.”

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO INDENIZATÓRIA.
DEMANDA CONTRA ESTADO DA FEDERAÇÃO. COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR. OPÇÃO. 1. O art. 52, parágrafo único, do
CPC/2015, ao enunciar que, se o Estado ou o Distrito Federal for demandado, a
ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato
ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado, estabelece a competência concorrente entre os juízos
para o ajuizamento da ação, constituindo-se em verdadeira opção do seu
promovente. 2. No caso, levando em consideração que a distribuição originária do feito
deu-se na comarca do domicílio do autor, evidencia-se a competência do suscitado. 3.
Impossibilidade de reconhecimento de ofício da incompetência relativa, a teor da Súmula
33 do STJ. 4. A pendência de ação direta de inconstitucionalidade perante o STF não
tem o condão de autorizar o sobrestamento do presente conflito, à míngua de previsão
legal. Precedentes: AgInt no CC 158781/DF, de minha relatoria, PRIMEIRA SEÇÃO,
DJe 21/03/2019; AgInt no CC 157479/SE, rel. Min. REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 04/12/2018 5. Agravo interno desprovido

(STJ - AgInt no CC: 163985 MT 2019/0049727-0, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA,


Data de Julgamento: 18/06/2019, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
25/06/2019) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO
EM MANDADO DE SEGURANÇA. DEMANDA CONTRA ESTADO DA FEDERAÇÃO.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE. FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR. OPÇÃO.
PRECEDENTES DO STJ. 1. O Tribunal a quo, ao decidir a controvérsia, consignou (fls.
202-203, e-STJ): "Conclui-se, pois, que em caso de o autor da demanda estar
domiciliado em local diverso dos limites territoriais do Estado em que situado o
Município-demandado, a competência para o respectivo julgamento deverá ser firmada
de acordo com o art. 53, inciso III, 'a', do CPC/2015 em conjunto com as regras de
organização judiciária daquele mesmo ente federado, restringindo-se a aplicabilidade do
art. 53, inciso V, do CPC/2015, e do art. 4º, inciso III, da LF nº 9.099/95, para as hipóteses
em que o autor estiver domiciliado dentro do território da mesma unidade federativa
(Estado) em que situado o Município demandado. No caso sub examine, tendo o
impetrante apontado o Município de Petrópolis/RJ como a parte legitimada para figurar
no polo passivo do feito, a competência para o processamento da demanda incumbe à
Justiça Estadual do Rio de Janeiro, a quem o processo deverá ser encaminhado para
as providências que se entender pertinentes." 2. A Primeira Seção do STJ já decidiu
que, em observância ao art. 52, parágrafo único, do CPC/2015, a demanda ajuizada
contra Estado da Federação pode ser proposta no foro do domicílio do autor, que,
in casu, se localiza no Estado de São Paulo, o que atrai a competência do Poder
Judiciário desse Estado para o processamento do feito. Precedentes: AgInt no CC
163.985/MT, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, DJe de 25/06/2019;
AgInt no CC 157.479/SE, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção, DJe
de 04/12/2018. 3. Agravo Interno não provido. (STJ - AgInt no RMS: 64292 SP
2020/0208680-3, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
30/11/2020, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/12/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: PGE-MS Órgão: PGE-MS Prova: PGE-MS - 2016 - PGE-MS -
Procurador do Estado
Analise as informações a seguir e identifique a alternativa correta, de acordo com as
previsões do CPC/15 e de Súmulas do STF e do STJ com este compatíveis:
I - De acordo com o princípio perpetuado jurisdicionis, determina-se a competência no
momento da ocorrência da citação, sendo irrelevantes as modificações do estado de
fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência absoluta. II - Proposta a execução fiscal, a posterior mudança
de domicílio do executado desloca a competência anteriormente determinada. Assim,
na hipótese de o executado transferir seu domicílio de Campo Grande-MS para São
Paulo-SP após a propositura da ação, tornar-se-á competente o foro de São Paulo-SP.
III - O foro de domicílio do réu será o competente para as causas em que seja autor
Estado ou o Distrito Federal; no caso de estes serem os demandados, a ação poderá
ser proposta no foro de domicílio do autor' no de ocorrência do ato ou fato que originou
a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
A) Todas as afirmações estão corretas.
B) Apenas uma das afirmações está correta.
C) Estão corretas apenas as afirmações I e II;
D) Estão corretas apenas as afirmações I e III;
E) Estão corretas apenas as afirmações II e III.
(Gabarito B)

• Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR -
Promotor Substituto
Assinale a alternativa correta, no que diz respeito à matéria de competência, de acordo
com o Código de Processo Civil de 2015:
A) A ação fundada em direito real sobre bem móvel tem como regra geral a distribuição
no foro de domicílio da coisa.
B) Havendo dois ou mais réus com diferentes domicílios, o autor pode distribuir a ação
fundada em direito pessoal em qualquer foro do país.
C) A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de seu domicílio e a ação em
que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio.
D) É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor a União,
Estado ou o Distrito Federal.
E) As regras de competência territorial têm natureza absoluta.
(Gabarito D)

Art. 53. É competente o foro:

I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e


reconhecimento ou dissolução de união estável:

a) de domicílio do guardião de filho incapaz;

b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;

c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio


do casal;

d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da


Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela
Lei nº 13.894, de 2019)

II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se


pedem alimentos;

III - do lugar:

a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;

b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa


jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou
associação sem personalidade jurídica;

d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;

e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no


respectivo estatuto;

f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de


dano por ato praticado em razão do ofício;

IV - do lugar do ato ou fato para a ação:

a) de reparação de dano;

b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;

V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de


dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.

O art. 53, basicamente atualiza o antigo art. 100 do CPC/73 com relação à
competência de foro para as ações relacionadas no artigo.

Ações relacionadas ao casamento e união estável. O CPC eliminou a regra


anteriormente contida no inciso I, art. 100 do CPC/73 que previa o foro privilegiado da
mulher. Isso decorre do pressuposto que a mulher não se encontra mais em uma
relação de inferioridade em relação ao homem, presumindo-se a isonomia.

Assim a alínea “a” estabelece que havendo filho incapaz, o foro competente para o
ajuizamento da ação será o domicílio do guardião.

No contexto do Código Civil com relação à guarda, a regra geral é a guarda


compartilhada (art. 1.584, § 2º do Código Civil). Neste contexto, Didier faz pondera
que nos casos em que não houver filho incapaz e ambos os genitores forem os
guardiões, a competência seria do domicílio do Réu e não do último domicílio do casal,
conforme preceitua a alínea “b”. Isto nos esclarece que a preferência é a proteção do
incapaz e não do cônjuge ou companheiro.

A Lei nº 13.894, de 2019 incluiu na redação do art. 53, I do CPC a alínea “d”, que
trouxe ao CPC o contido na Lei Maria da Penha quanto às vítimas de violência
doméstica e familiar, estabelecendo como competente o domicilio da própria vítima
para processamento das ações relacionadas ao casamento e união estável.

Importante esclarecer que as hipóteses trazidas nos incisos são de foros


subsidiários, devendo ser observadas cada uma das hipóteses descritas nas alíneas
para sua correta aplicação, com exceção da alínea “d” que nos traz uma situação
de prevalência de foro.

Ações em que se pedem alimentos. Nas ações em que se pedem alimentos, o


foro competente é o de domicílio ou residência do alimentando. Observou-se na
redação do inciso II do art. 51 o princípio constitucional do melhor interesse da criança
e do juiz imediato.

Neste sentido, a Súmula 383 do STJ: "A competência para processar e julgar ações
conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de
sua guarda".

Foro do lugar de residência do idoso. O inciso III, alínea “e”, estabelece a


competência do lugar de residência do idoso para causa que verse sobre direito
previsto no respectivo estatuto.

Para compreendermos a aplicação correta do artigo, devemos ter em mente que se


trata exclusivamente dos direitos exclusivos da pessoa idosa previstas no estatuto e
não como consumidor, contribuinte etc.

Neste aspecto, a competência é relativa porque o idoso tem a faculdade de propor


a demanda em seu domicílio, e não obrigatoriedade.

Ainda, importante destacar que a regra de foro do domicílio do idoso só se aplica


para ações individuais, sendo que as ações coletivas seguem o regramento contido
no Estatuto do Idoso (local do ato ou fato – local do ato ilícito). Trata-se de
competência absoluta.

Neste contexto, o art. 80 do Estatuto do Idoso deve ser interpretado como se


dissesse respeito somente às ações coletivas.

Ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício. O CPC define
como foro competente para as ações de reparação de dano por ato praticado em
razão do ofício a sede da serventia notarial ou de registro. A redação do artigo atende
a solicitação realizada pelos cartorários
Enunciado do Conselho da Justiça Federal
Enunciado 108: A competência prevista nas alíneas do art. 53, I, do CPC não é de foros
concorrentes, mas de foros subsidiários.

Legislação Complementar
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
providências.

Lei nº 13.894, de 29 de outubro de 2019. Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
Maria da Penha), para prever a competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento ou dissolução
de união estável nos casos de violência e para tornar obrigatória a informação às vítimas
acerca da possibilidade de os serviços de assistência judiciária ajuizarem as ações
mencionadas; e altera a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil),
para prever a competência do foro do domicílio da vítima de violência doméstica e familiar
para a ação de divórcio, separação judicial, anulação de casamento e reconhecimento da
união estável a ser dissolvida, para determinar a intervenção obrigatória do Ministério Público
nas ações de família em que figure como parte vítima de violência doméstica e familiar, e
para estabelecer a prioridade de tramitação dos procedimentos judiciais em que figure como
parte vítima de violência doméstica e familiar.

Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras


providências.

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO
DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL AJUIZADA POR
VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. FORO DO DOMICÍLIO DA MULHER.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 1. O art. 53, I, d, do CPC/15, dispõe sobre hipótese de
competência absoluta em função da pessoa e estabelece a possibilidade de a
mulher, em situação de violência, optar pelo foro do seu domicílio ou de sua
residência para o ajuizamento de ação de reconhecimento e dissolução de união
estável 2. Agravo Interno não provido.(STJ - AgInt no CC: 174492 PA 2020/0221014-
7, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 18/08/2021, S2 -
SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 20/08/2021)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE AGRAVO DE


INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO RECLAMO. INSURGÊNCIA DA AGRAVANTE. 1. Havendo
cumulação de pedido indenizatório com o de abstenção de uso de marca, como
é o caso dos autos, deve prevalecer a norma prevista no artigos 53, V, do CPC de
2015. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Privado do STJ. 2. Agravo
interno desprovido. (STJ - AgInt no REsp: 1901851 DF 2020/0275236-0, Relator:
Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 14/06/2021, T4 - QUARTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 17/06/2021)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. COMPETÊNCIA. DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE COMPETÊNCIA. RECORRIBILIDADE
IMEDIATA POR AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. AÇÃO FUNDADA
EM ALEGADO DELITO CIVIL E CRIMINAL AJUIZADA NO FORO DO DOMICÍLIO DO
AUTOR. POSSIBILIDADE. ART. 53, V, DO CPC/15. 1 - Ação de reparação de danos
materiais e morais em decorrência de alegado ato ilícito civil e penal praticado no
mercado de capitais. 2- Examinadas todas as questões relevantes ao desfecho
da controvérsia, não há que se falar em violação aos arts. 489, § 1º e 1.022, ambos
do CPC/15. 3- É cabível agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que
versa sobre competência. Precedentes. 4- A norma do art. 53, IV e V, do CPC/15
(antigo art. 100, V, do CPC/73), materializadora do forum commissi delicti, refere-
se aos delitos de modo geral, tanto civis quanto penais. Precedentes. 5- Agravo
interno em recurso especial desprovido. (STJ - AgInt no REsp: 1773999 RS
2018/0270372-4, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
31/08/2020, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/09/2020)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO


CONTRA DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE VEÍCULOS.
FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR OU DO LOCAL DO FATO. ESCOLHA QUE NÃO
COMPETE À LOCADORA DE VEÍCULOS. 1. É competente o juízo do foro do domicílio
do autor ou do local do fato para a ação de reparação de dano sofrido em razão de
acidente de veículos. Isso porque a regra geral do foro do domicílio do réu não seria
suficiente para atender às necessidades decorrentes de lides relacionadas aos
acidentes de trânsito, dado que muitas vezes a vítima haveria de ajuizar a demanda
em comarcas distantes de seu domicilio ou mesmo do local do fato. 2. As pessoas
jurídicas locadoras de frotas de veículos não estão abrangidas pela prerrogativa legal
de escolha do foro. Assim, não incide a regra do art. 100, V, parágrafo único, do Código
de Processo Civil de 1973 - nem a do art. 53, V, do atual CPC - no caso de ação judicial
movida pela locadora para reparação dos danos sofridos em acidente de trânsito no
qual envolvido o locatário, ainda que o veículo seja de propriedade da locadora. 3. A
escolha dada ao autor de ajuizar a ação de reparação de dano decorrente de acidente
de veículos é exceção à regra geral de competência, definida pelo foro do domicílio do
réu. Não se pode dar à exceção interpretação tão extensiva a ponto de subverter o
escopo da regra legal, mormente quando importar em privilégio à pessoa jurídica cujo
negócio é alugar veículos em todo território nacional em detrimento da defesa do réu
pessoa física. 4. Hipótese em que ambos os envolvidos no acidente, possíveis vítimas
- o locatário do veículo e o réu - têm domicílio no local onde ocorreu o acidente, comarca
de Porto Alegre, não atendendo à finalidade da lei a tramitação da causa em Minas
Gerais, sede da autora, empresa proprietária e locadora do veículo. 5. Embargos de
declaração acolhidos. (EDcl no AgRg no Ag 1366967/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
27/04/2017, DJe 26/05/2017)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: FMP Concursos Órgão: MPE-RO Prova: FMP Concursos - 2017 -
MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto
Acerca das regras de competência dispostas no Código de Processo Civil, pode-se
afirmar:
A ação fundada em direito sobre bens imóveis será proposta, em regra, no foro do
domicílio do réu.
B) Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde
for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
C) Para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou
dissolução de união estável, é competente o foro do domicílio do réu, mesmo que o
autor seja o guardião de filho incapaz.
D) Para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou
dissolução de união estável, é competente o foro do domicílio do réu, mesmo que seja
o autor quem reside no último domicílio do casal.
E) É competente o foro de residência da mulher, para a ação de separação dos
cônjuges e a conversão desta em divórcio e para a anulação de casamento.
(Gabarito B)

• Ano: 2016 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO - 2016 - MPE-GO -
Promotor de Justiça Substituto
A respeito das regras de competência, é incorreto afirmar:
A) Para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou
dissolução da união estável, é competente o domicílio do guardião do filho incapaz;
B) Ainda que não haja conexão entre eles, poderão ser reunidos para julgamento
conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou
contraditórias;
C) A competência determina-se no momento do registro ou da distribuição da petição
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.
D) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função poderá
ser derrogada por acordo entre as partes, homologado pelo juiz.
(Gabarito D)
Seção II

Da Modificação da Competência

Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela


continência, observado o disposto nesta Seção.

O artigo em comento trata de um aprimoramento técnico do legislador ao se


reconhecer a possibilidade de modificação da competência relativa como gênero, e
não somente da competência em razão do valor e do território, conforme disposto no
CPC/1973. De acordo com Fredie Didier Jr. (2019, p. 272) a modificação ou a
prorrogação da competência se dá quando há a ampliação da esfera de um órgão
judiciário que passa a englobar causas que a princípio não estariam compreendidas
nas suas atribuições jurisdicionais.

A modificação de competência pode ocorrer de forma voluntária ou em


decorrência de um preceito legal:

VOLUNTÁRIA LEGAL

Decorre da vontade das partes: Decorre de imposição legal:


- Foro de eleição (art. 63 do CPC); - Conexão;
- Ausência de alegação de incompetência - Continência
relativa em preliminar de contestação (art.
337, II, do CPC).

Importante destacar que a competência absoluta não se modifica por conexão


ou continência. Em tais casos, o juiz incompetente nunca se legitima para a causa,
ainda que seja caso de conexão ou continência ou em decorrência de acordo entre as
partes, tendo poder para reconhecer sua incompetência ex officio. O réu pode alegar
a incompetência absoluta do juízo em qualquer fase processual (ao contrário do que
ocorre na competência relativa), podendo se valer inclusive de ação rescisória para
anular o processo nos termos do art. 966, II do CPC. (THEODORO JÚNIOR, 2021, p.
494).

Em se tratando de competência relativa, a incompetência não pode ser declarada


de ofício pelo juiz (Súmula 33, STJ). Não sendo arguida pelo réu, prorroga-se a
competência.
Súmulas do STJ

Súmula 33 – “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.”

JURISPRUDÊNCIA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. INCIDENTE NÃO
CONHECIDO. NULIDADE AFASTADA. POSSÍVEL DIVERGÊNCIA QUANTO À
INTERPRETAÇÃO DE LEI ESTADUAL EM FEITOS DIVERSOS. DEFESA A SER
BUSCADA EM CADA UMA DAS AÇÕES. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA
DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta
Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data
da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o
Código de Processo Civil de 2015. II - Nulidade afastada, porquanto a pretensão
envolvendo a designação de Juízo único para a apreciação da tese relativa à aventada
aplicabilidade ou inconstitucionalidade da Lei n. 3. 166/2016 do Estado do Acre, é
também uma forma de reunião de feitos. III - Bloqueio de numerários de titularidade da
empresa Ympactus Comercial Ltda. decorrente de decisões judiciais proferidas em
variadas ações e de naturezas diversas, quais sejam, ação civil pública, ação criminal e
ação cautelar fiscal. IV - A possível existência de decisões conflitantes decorreria do
controle difuso de constitucionalidade a ser realizado em cada um dos Juízos originários.
Impossibilidade de atribuição de apreciação de tese jurídica a Juízo único. V -
Inaplicabilidade do art. 55, § 3º, do CPC. VI - O Agravante não apresenta, no agravo,
argumentos suficientes para desconstituir a decisão recorrida. VII - Agravo Interno
improvido.(STJ - AgInt no CC: 149314 AC 2016/0273115-2, Relator: Ministra REGINA
HELENA COSTA, Data de Julgamento: 27/02/2019, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de
Publicação: DJe 02/08/2019)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CONEXAS. REUNIÃO DE


PROCESSOS.COMPETÊNCIA ABSOLUTA. MODIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. A
competência absoluta não pode ser modificada por conexão oucontinência (CPC, art.
102).2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no CC: 43922 RS
2004/0080112-0, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento:
25/08/2004, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 13/09/2004 p. 166)

QUESTÕES

• Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: ALGÁS Prova: IESES - 2017 - ALGÁS -
Analista de Projetos Organizacionais - Jurídica
A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência,
desta forma:
A) Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade
somente quanto ao pedido. Quando houver continência e a ação continente tiver
sido proposta posteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida
sentença com resolução de mérito.
B) Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir: à execução de título extrajudicial, à ação de
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico e às execuções fundadas no
mesmo título executivo.
C) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões semelhantes caso decididos separadamente,
mesmo havendo conexão entre eles.
D) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta
mesmo se um deles já houver sido sentenciado.
(Gabarito B)

• Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP
- 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Acerca da modificação da competência, prevista no Código de Processo Civil,
assinale a alternativa correta.
A) Reputam-se conexas duas ou mais ações quando houver identidade quanto
às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange
o das demais.
B) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é
inderrogável por convenção das partes.
C) A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde
serão decididas sucessivamente.
D) Dá-se a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.
E) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias, caso decididos
separadamente, salvo se não houver conexão entre eles.
(Gabarito B)

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.

§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão


conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.

§ 2º Aplica-se o disposto no caput:

I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao


mesmo ato jurídico;

II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.


§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam
gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso
decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Conceito de conexão. A conexão pressupõe uma relação de similaridade nos


elementos que compõem a lide entre causas diversas concernente a: 1) pedido em
comum; 2) causa de pedir.

Na lição de Humberto Theodoro Junior (2021, p. 496), apenas a conexão subjetiva


decorrente da identidade de partes em diversas causas não gera por si só, a conexão.
O que nos interessa para análise do mecanismo processual em comento é a conexão
objetiva, que deriva da comunhão de pedidos ou da causa de pedir.

Dessa forma, a conexão é o instrumento apto a produzir o efeito jurídico de


modificar a competência relativa, de forma que as demandas conexas sejam
processadas e julgadas pelo mesmo juízo (Didier Jr. 2021, p. 277).

Reunião de processos. O efeito mais evidente da conexão é a reunião dos


processos. Conforme se extrai do § 1º, sempre que for possível, os processos conexos
devem ser reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já tiver sido sentenciado.

Havendo sentença, mesmo que haja recurso decorrente, não há que se falar em
conexão da ação julgada com outra ação que venha a ser ajuizada. No entanto, se a
segunda ação ajuizada também atingir grau recursal antes que seja realizado
julgamento da primeira ação, poderá haver reunião destas no segundo grau.

No entanto, peculiaridades do caso concreto por vezes não permitem que as


causas sejam reunidas, a exemplo de demandas que possuem procedimentos
distintos. Nestes casos, a conexão não gera o efeito de reunião dos processos e sim
de suspensão de um deles até que a outra demanda seja julgada (art. 313, V, “a” do
CPC).

Desta forma, há que se distinguir a conexão de seus efeitos. Nas palavras de Didier
Jr. (2019, p. 278): “É preciso, portanto, distinguir o fato jurídico conexão dos efeitos
jurídicos da conexão. Conexão não é a reunião dos processos. Conexão é o fato que
pode ter essa consequência. Pode haver conexão, como visto, sem que haja reunião
dos processos. Essa distinção entre o fato (conexão) e o efeito (reunião) está bem-
posta no enunciado n. 235 da súmula da jurisprudência do STJ: "A conexão não
determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado". Esse enunciado foi
reproduzido no § 1 º do art. 55 do CPC: "§ 1 º Os processos de ações conexas
serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido
sentenciado".”

Ainda quanto à reunião de processos, a jurisprudência do STJ formou entendimento


de que “a reunião dos processos por conexão configura faculdade atribuída ao
julgador, sendo que o art. 105 do Código de Processo Civil concede ao magistrado
certa margem de discricionariedade para avaliar a intensidade da conexão e o grau
de risco da ocorrência de decisões contraditórias" (REsp 1484162/PR, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe
13/03/2015).

Execução. O §2º traz a possibilidade de conexão entre execução e ação de


conhecimento, bem como as execuções fundadas no mesmo título. O legislador neste
parágrafo considerou para fins de determinação da conexão a similitude da relação
jurídica entre as demandas.

No entanto, não basta apenas que o título executivo coincida com a relação jurídica
base da ação de conhecimento. Para haver a modificação da competência deve existir
o risco de a pretensão executiva colidir com a pretensão cognitiva (THEODORO
JUNIOR, 2021, p.495).

Conexão por prejudicialidade. O §3º representa uma grande novidade, que,


aparentemente, amplia a possibilidade de reunião de feitos.

A ideia é um ignorar do conceito estrito de conexão para reunir processos em que


haveria uma prejudicialidade na decisão de um com relação ao outro, criando-se, em
verdade, uma nova hipótese de conexão, a conexão por prejudicialidade.

O parágrafo em comento se alinha com o posicionamento do STJ, que desde o


CPC/73 “flexibiliza” as regras da conexão, admitindo a reunião de processos ainda
que não haja conexão entre eles, adotando-se a “teoria materialista da conexão.”

É importante relembrar que o efeito da reunião de processos com modificação da


competência não ocorre quando se tratar de competência absoluta. Neste caso,
haverá a suspensão do andamento processual de um dos feitos até que a causa
conexa seja resolvida (art. 313, V, “a” do CPC).
Enunciado do Conselho da Justiça Federal e do Fórum Permanente de
Processualistas Civis

III Jornada de Direito Comercial - Enunciado 109 CFJ: “Os pedidos de abstenção de
uso e indenização, quando cumulados com ação visando anular um direito de
propriedade industrial, são da competência da Justiça Federal, em face do art. 55 do
CPC.”

Enunciado 289 FPPC: “Se houver conexão entre pedidos cumulados, a incompetência

relativa não impedirá a cumulação, em razão da modificação legal da competência.”

Súmulas do STJ

Súmula nº 235. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

Súmula nº 383. A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de


menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.

JURISPRUDÊNCIA

REUNIÃO DE AÇÕES. RELAÇÃO DE PREJUDICIALIDADE ENTRE AS CAUSAS.


PROCESSO DE CONHECIMENTO E DE EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE DE
JULGAMENTO CONJUNTO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO.
1. Uma causa, mercê de não poder ser idêntica à outra, pode guardar com a mesma um
vínculo de identidade quanto a um de seus elementos caracterizadores. Esse vínculo
entre as ações por força da identidade de um de seus elementos denomina-se,
tecnicamente, de conexão. (FUX, Luiz. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2001). 2. A moderna teoria materialista da conexão ultrapassa os limites
estreitos da teoria tradicional e procura caracterizar o fenômeno pela identificação de
fatos comuns, causais ou finalísticos entre diferentes ações, superando a simples
identidade parcial dos elementos constitutivos das ações. 3. É possível a conexão entre
um processo de conhecimento e um de execução, quando se observar entre eles uma
mesma origem, ou seja, que as causas se fundamentam em fatos comuns ou nas
mesmas relações jurídicas, sujeitando-as a uma análise conjunta. 4. O efeito jurídico
maior da conexão é a modificação de competência, com reunião das causas em um
mesmo juízo. A modificação apenas não acontecerá nos casos de competência
absoluta, quando se providenciará a suspensão do andamento processual de uma das
ações, até que a conexa seja, enfim, resolvida. 5. O conhecimento do recurso fundado
na alínea "c" do permissivo constitucional pressupõe a demonstração analítica da
alegada divergência. A demonstração da divergência não se satisfaz com a simples
transcrição de ementas, mas com o confronto entre trechos do acórdão recorrido e das
decisões apontadas como divergentes, mencionando-se as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, caso contrário não se terá por
satisfeito o disposto no § 2º do art. 255 do RISTJ. 6. Recurso especial a que se nega
provimento. (REsp 1221941/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 14/04/2015)
Conflito negativo de competência. Suspeição. Indevida redistribuição do processo. A
suspeição e o impedimento não são causas modificativas da competência e, por
isso, não ensejam redistribuição. Alcançam exclusivamente o juiz, pessoa natural,
afastando-o do processo, o qual, porém, continua na mesma Vara onde será conduzido
e julgado pelo juiz substituto legal.(TJ-DF 07154986520198070000 DF 0715498-
65.2019.8.07.0000, Relator: FERNANDO HABIBE, Data de Julgamento: 02/03/2020, 2ª
Câmara Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 04/05/2020 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DEMANDAS INDIVIDUAIS REPETITIVAS.


AUSÊNCIA DE CAUSA PARA MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA. A conexão, a
continência e a hipótese referida no § 3º, do art. 55, do CPC são causas de modificação
da competência apenas para que as ações sejam decididas simultaneamente (art. 58
do CPC), a fim de se evitar decisões contraditórias que atinjam uma mesma relação
material e por motivo de economia processual. Casos repetitivos não são o escopo
dessas causas de modificação de competência, mas sim de outros institutos
processuais, como, por exemplo, a ação coletiva e o incidente de resolução de
demandas repetitivas. (TRT18, CCCiv - 0010121-32.2021.5.18.0000, Rel. PLATON
TEIXEIRA DE AZEVEDO FILHO , TRIBUNAL PLENO, 19/03/2021)(TRT-18 - CCCIV:
00101213220215180000 GO 0010121-32.2021.5.18.0000, Relator: PLATON TEIXEIRA
DE AZEVEDO FILHO, Data de Julgamento: 19/03/2021, TRIBUNAL PLENO).
"DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRADIÇÃO,
OBSCURIDADE OU OMISSÃO. INEXISTÊNCIA, TENDO A CORTE LOCAL APENAS
PERFILHADO ENTENDIMENTO DIVERSO DAQUELE DEFENDIDO PELA PARTE.
AÇÕES DE INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE REPORTAGEM JORNALÍSTICA,
JULGADAS POR JUÍZOS DIVERSOS. PREVENÇÃO DE ÓRGÃO JULGADOR QUE
JULGOU UMA DAS AÇÕES. INEXISTÊNCIA. 1. A conexão ou a continência, por
decorrência da identidade da causa de pedir ou pedido, torna conveniente o julgamento
conjunto, não só por medida de economia processual, mas também para evitar a
possibilidade de prolação de decisões contraditórias, que trariam desprestígio à Justiça.
2. É conveniente a reunião de feitos na mesma fase processual por efeito de conexão,
não o sendo quando já foram julgados por Juízos de primeira instância distintos, pois
orienta a Súmula 235/STJ que a conexão não determina a reunião dos processos, se
um deles já foi julgado, não sendo também cabível se tiver o condão de ocasionar
tumulto ao Juízo, caso venha a receber todas as demandas. Precedentes do STJ.
3. De qualquer modo, mesmo havendo afinidade jurídica entre as demandas e ponto
fático em comum, a reunião de processos é faculdade do juiz, por isso só cabe ser
efetivada se for oportuna e conveniente e, ainda assim, para julgamento conjunto das
causas.
4. Recurso especial parcialmente provido para anular o acórdão recorrido para que outro
seja prolatado, dando por superado o entendimento de haver prevenção de outro Órgão
julgador" (REsp 1.001.820/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 15/5/2012, DJe 29/5/2012).
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA PETIÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO A
RECURSO ESPECIAL. INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DE PERICULUM IN MORA E
DE FUMUS BONI IURIS.
1. A concessão de efeito suspensivo é medida excepcional e somente é possível se
preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: demonstração do periculum in
mora e a caracterização do fumus boni iuris.
2. A jurisprudência desta Corte é assente no sentido de que a execução provisória, não
constitui, isoladamente, o periculum in mora exigido para a concessão de efeito
suspensivo ao recurso especial, até mesmo porque esse procedimento possui
mecanismos próprios para evitar prejuízos ao executado.
3. Conforme reiteradamente destacado no âmbito deste Tribunal, "não há
prejudicialidade externa que justifique a suspensão da demanda possessória até que se
julgue a ação de usucapião? (AgRg no REsp 1483832/SP). 4. Agravo interno não
provido.(AgInt na PET na Pet 14.017/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 12/04/2021, DJe 15/04/2021)

PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR PREPARATÓRIA. SUSPENSÃO DA


EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONEXÃO COM ANTERIOR MEDIDA
CAUTELAR DE MESMA FINALIDADE. INEXISTÊNCIA. DÉBITOS REFERENTES A
AUTUAÇÕES FISCAIS DISTINTAS. DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA.
CANCELAMENTO. 1. O Plenário do STJ decidiu que "aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016)
devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça"
(Enunciado Administrativo n. 2, sessão de 09/03/2016). 2. O vínculo de conexão a
justificar a reunião de medidas cautelares preparatórias está vinculado com a identidade
de objeto e/ou de causa de pedir existente entre ações principais a serem propostas.
Inteligência dos arts. 103 e 800 do CPC/1973. 3. Hipótese em que as medidas cautelares
manejadas com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário mediante
depósito judicial não guardam entre si vínculo jurídico apto a configurar a hipótese de
conexão e a distribuição por dependência, visto que tais medidas são preparatórias de
ações antiexacionais (anulatórias) independentes, voltadas contra autuações fiscais
distintas e respaldadas em fundamentos legais também diferentes. 4. Agravo conhecido
para dar provimento ao recurso especial. (AREsp 832.354/SP, Rel. Ministro GURGEL
DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/02/2019, DJe 19/03/2019)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CONEXÃO


ENTRE AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE E DE USUCAPIÃO.
RECONHECIMENTO DA CONEXÃO. FACULDADE ATRIBUÍDA AO JUÍZO.
INEXISTÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE EXTERNA, CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
ENTRE AÇÃO POSSESSÓRIA E USUCAPIÃO. 1. Segundo a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, a reunião dos processos por conexão configura faculdade
atribuída ao julgador. 2. Não há prejudicialidade externa que justifique a suspensão da
demanda possessória até que se julgue a ação de usucapião. 3. A posse é fato, podendo
estar dissociada da propriedade. 4. Por conseguinte, a tutela da posse pode ser
eventualmente concedida mesmo contra o direito de propriedade. 5. As demandas,
possessória e de usucapião, não possuem, entre si, relação de conexão ou continência.
6. Não apresentação pela parte agravante de argumentos novos capazes de infirmar os
fundamentos que alicerçaram a decisão agravada. 7. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1.483.832/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 13/10/2015)
QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado
de Polícia
A respeito dos critérios para a modificação da competência do juízo cível, é correto
afirmar que
A) a competência absoluta poderá modificar-se pela conexão ou pela continência.
B) reputam-se continentes 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou
a causa de pedir.
C) antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio
do réu.
D) se dá a conexão entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das
demais.
E) a citação do réu torna prevento o juízo.
(Gabarito C)

• Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: FGV - 2018 - MPE-AL - Analista do
Ministério Público - Área Jurídica
Sobre a competência no Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta.
A) A reunião de ações conexas pode se dar a qualquer tempo, independentemente da
prolação de sentença em algum dos processos.
B) As decisões do juízo absolutamente incompetente são nulas.
C) A cláusula de eleição de foro abusiva pode ser decretada ineficaz de ofício pelo juiz
a qualquer tempo.
D) Quando houver continência, as ações serão necessariamente reunidas.
E) Serão reunidos, para julgamento conjunto, os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente,
mesmo sem conexão entre eles.
(Gabarito E)

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por
ser mais amplo, abrange o das demais.

Na continência há identidade entre dois elementos da ação (das partes e a da causa


de pedir). Não há necessariamente identidade entre os pedidos, embora os pedidos
formulados em uma das demandas sejam mais abrangentes e englobem os pedidos
da(s) outra(s) demanda(s).
Assim, a ação que possui o objeto mais amplo (ação continente), poderá ter mais
pedidos que a ação mais restrita (ação contida). Todavia, os pedidos da ação contida
devem constar na ação continente.

A doutrina inclusive aborda a continência como uma modalidade de conexão, sendo


este o entendimento trazido pelo legislador no CPC ao tratar da mesma forma a
conexão e a continência com relação ao critério de prevenção do juízo (THEODORO
JÚNIOR, 2021, p.507).

No entanto, conforme lição de Fredie Didier Jr. (2019, p. 280): “Não se deve
confundir continência com litispendência: na continência o pedido de uma
demanda abrange (contém) o pedido da outra. Pedido aqui não é o conjunto dos
pedidos formulados em urna petição inicial, mas cada um dos pedidos efetivamente
deduzidos. Se em uma demanda há três pedidos e na outra há dois pedidos, não há
continência porque a primeira "conteria" a segunda. Se os pedidos formulados na
segunda demanda também foram formulados na primeira, o caso é de litispendência
parcial. Na continência os pedidos das causas pendentes são diversos: um engloba o
outro. Dois exemplos: i) se se pede a anulação de um contrato, em urna demanda, e
a anulação de uma cláusula do mesmo contrato, embora diferentes os pedidos, o
primeiro engloba o segundo; ii) pedido de anulação do ato de inscrição de crédito
tributário na dívida ativa e pedido de anulação do ato de lançamento (esse engloba
aquele, visto que a anulação do ato de lançamento implicará a anulação dos que lhe
forem subsequentes, inclusive o de inscrição em dívida ativa).”

JURISPRUDÊNCIA

Agravo regimental em mandado de segurança. 2. Alegação de continência com o MS


36.498, de relatoria da Min. Rosa Weber. 3. Inocorrência de continência (art. 56 do
CPC/2015). Ausência de identidade entre as partes e a causa de pedir. Não cabimento.
4. Incompetência do STF. Autoridade coatora não prevista no art. 102, I, “d”, da CF. 5.
Inexistência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo
regimental não provido. (MS 36757 AgR, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Segunda
Turma, julgado em 13/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 19-03-
2020 PUBLIC 20-03-2020) (STF - AgR MS: 36757 SP - SÃO PAULO 0031309-
86.2019.1.00.0000, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 13/03/2020,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-065 20-03-2020)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 162.965 - MG (2018/0340020-8) RELATORA :
MINISTRA REGINA HELENA COSTA SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL DA 3A VARA
CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS SUSCITADO : JUÍZO
FEDERAL DA 19A VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
INTERES. : BUSER BRASIL TECNOLOGIA LTDA INTERES. : SINDICATO DAS
EMPRESAS DE TRANSP PASSAGEIROS NO EST MG INTERES. : ESTADO DE
MINAS GERAIS INTERES. : UNIÃO DECISÃO Vistos. Trata-se de conflito negativo de
competência suscitado pelo Juízo Federal da 3ª Vara Cível da Seção Judiciária do
Estado de Minas Gerais em face do Juízo Federal da 19ª Vara Cível da Seção Judiciária
do Estado de São Paulo, nos autos do Mandado de Segurança n. 1002506-
80.2018.401.3800, impetrado por Buser Brasil Tecnologia em face do Superintendente
de Transportes de Passageiros da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT
em Minas Gerais e outros, objetivando que as autoridades coatoras se abstivessem de
qualquer medida para interromper ou impedir viagens intermediadas pela Impetrante. O
Juízo da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais "declinou da
competência por entender que o Juízo Federal da 19ª Vara da Seção Judiciária do
Estado de São Paulo seria prevento, haja vista a conexão com outro feito em tramite
naquela Vara" (fl. 71e). O Juízo Federal da 19ª Vara da Seção Judiciária do Estado de
São Paulo "recusou a prevenção e determinou a devolução dos autos ao juízo de origem
aduzindo, em síntese, que os objetos das demandas seriam distintos, pois na ação
proposta em São Paulo havia pedido de tutela para uma viagem a ser realizada em data
específica, a qual já teria ocorrido e o feito extinto sem resolução do mérito em razão da
perda de objeto, e, ainda, por entender que inexistiria possibilidade de decisões
conflitantes" (fl. 71e). Posteriormente, o Juízo suscitante declarou-se incompetente para
o julgamento do feito e suscitou o presente conflito, sob o fundamento de que o fato de
ter sido extinto o processo sem resolução de mérito não afasta a competência do Juízo
a receber a primeira demanda, nos termos do art. 286 do Código de Processo Civil de
2015 (fls. 03/07e). Em decisão de fl. 59e, foi designado o Juízo suscitante para resolver,
em caráter provisório, eventuais medidas urgentes e determinada a abertura de vista ao
Ministério Público Federal. O Ministério Público Federal opinou pelo conhecimento do
conflito, para declarar competente o Juízo suscitado (fls. 70/75e). É o relatório. Decido.
Por primeiro, consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento
jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de
2015. O art. 955, parágrafo único, I, do Código de Processo Civil autoriza o julgamento
do conflito de competência por decisão monocrática quando a decisão fundar-se em
tese firmada em Súmula do Supremo Tribunal Federal ou desta Corte. Nessa linha, cabe
destacar o enunciado da Súmula n. 568/STJ: O Relator, monocraticamente e no
Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver
entendimento dominante acerca do tema. O art. 55 do Código de Processo Civil
determina que há conexão entre 2 (duas) ações quando lhes forem comum o pedido ou
a causa de pedir e que existe a continência ocorre quando entre 2 (duas) ou mais ações
houver identidade de partes e causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo,
abrange o das demais. Nesse sentido: Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais
ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. (...) § 3º Serão reunidos
para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões
conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão
entre eles. Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais
amplo, abrange o das demais. Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-
se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. Art. 286. Serão
distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza: I - quando se
relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; II - quando, tendo sido
extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em
litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da
demanda; (...) No caso, Buser Brasil Tecnologia LTDA impetrou mandado de segurança
perante o Juízo Federal da 3ª Vara Cível da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais
e propôs ação ordinária com pedido de tutela antecipada antecedente perante Juízo
Federal da 19ª Vara da Seção Judiciária do Estado de São Paulo tendo figurado no polo
passivo de ambas as demandas a Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT
e outros. Ademais, as duas demandas alicerçam-se na mesma causa de pedir, qual
seja: o direito de não ser obstada no exercício da atividade de transporte terrestre de
passageiros. Além disso, o pedido formulado no writ impetrado perante Juízo Federal
da 3ª Vara Cível da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais foi mais amplo do que
o pedido formulado na ação proposta perante o Juízo Federal da 19ª Vara da Seção
Judiciária do Estado de São Paulo, uma vez que nesta se requereu provimento judicial
para a tutela de uma viagem com datas específicas (ida 2/3/18 e retorno 4/3/18), ao
passo que perante o Juízo Federal mineiro requereu-se uma tutela genérica, para toda
e qualquer viagem. Nesse sentido (fls. 03/07e): O pedido deduzido na ação em trâmite
perante a 19ª Vara Federal de São Paulo consiste em '...obter provimento judicial que
determine aos requeridos que se abstenham de criar qualquer óbice, impedir ou
interromper a viagem agendada para o dia 02/03/2018, com retorno em 04/03/2018,
entre as cidades de São Paulo/SP e Belo Horizonte/MG, com fundamento em
clandestinidade, venda individual de passagem, desvio de finalidade, usurpação de
função pública ou qualquer outro que não seja exclusivamente relacionado à fiscalização
de trânsito e segurança' (fl. 646). Já o pedido neste mandado de segurança consiste em
provimento judicial que determine '... às autoridades que se abstenham de criar qualquer
óbice, impedir ou interromper a s viage ns intermediadas pela Buser sob o fundamento
de prestação clandestin a de serviço público ou qualquer outro que extrapole a regular
fiscalização de trânsito e segurança, (...) Portanto, considerando a identidade de partes,
a comunhão das causas de pedir e a maior amplitude do pedido formulado em uma das
ações, tem-se a ocorrência de continência entre as demandas, hipótese que, como visto,
configura também a conexão. Quanto a possibilidade de decisões conflitantes, não
subsiste o fundamento do Juízo Federal suscitado no sentido de que ela inexiste. É que,
segundo conta dos autos (fl. 7) que ambos os juízos (suscitado e suscitante) já
proferiram decisões contrárias ao apreciarem o pedido liminar da parte autora, um
deferiu e o outro negou o pleito antecipatório da tutela vindicada. Dessa feita, a
competência para o julgamento das ações deve firmar-se perante o Júízo suscitado, nos
termos dos arts. 55, § 3º; 58 e 286 , do Código de Processo Civil, sendo irrelevante o
fato de a ação lá ajuizada ter sido extinta sem resolução do mérito, haja vista que a lide,
tal como posta no mandado de segurança, configura-se uma reiteração do pedido,
porém, com maior amplitude. Nessa linha: PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO
NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS AMBIENTAIS EM
TRÂMITE NA JUSTIÇA FEDERAL E NA JUSTIÇA ESTADUAL. CONTINÊNCIA
VERIFICADA. REUNIÃO DOS PROCESSOS. SÚMULA N. 489/STJ. 1. O STJ, em sede
de conflito de competência, pode reconhecer a ocorrência de conexão ou continência e
determinar a reunião dos processos. Precedentes: CC 78.058/RJ, Relator Ministro
Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 1/2/2011; CC 123.324/AM, Relatora
Desembargadora convocada Marilza Maynard Terceira Seção, DJe 27/5/2013; e AgRg
no CC 112.956/MS, Relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, DJe 2/5/2012.
2. Ambos os feitos foram ajuizados pelo Ministério Público em desfavor da Companhia
Siderúrgica Nacional - CSN, tendo como causa de pedir a degradação do meio ambiente
imposta pela Ré no âmbito do Condomínio Volta Grande IV. Sucede que o objeto da
ação civil pública que tramita na Justiça Federal é mais amplo, na medida em que
também objetiva impedir que o Rio Paraíba do Sul seja poluído em decorrência do aterro
irregular mantido pela CSN. Destarte, verifica-se a ocorrência de continência entre os
feitos em referência, conforme preceitua o art. 104 do CPC/1973. 3. É mister determinar
que os autos da ação civil pública em trâmite na Justiça estadual (processo n. 0023334-
40.2012.8.190066) sejam remetidos ao Juízo Federal da Segunda Vara da Subseção
Judiciária de Volta Redonda/RJ, que passa a ser o competente para processar e julgar
os dois processos em testilha, conforme a exegese da Súmula n. 489/STJ. 4. Conflito
positivo de competência conhecido, com o fim de que sejam reunidas, na Justiça
Federal, as duas ações civis públicas ambientais. (CC 137.896/RJ, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/06/2017, DJe 09/08/2017
- destaque meu). Isto posto, nos termos do art. 955, parágrafo único, I, do Código de
Processo Civil, conheço do conflito para declarar competente o Juízo suscitado - Juízo
Federal da 19ª Vara Cível da Seção Judiciária de São Paulo. Após as providências
cabíveis, arquivem-se os autos. Publique-se. Intime-se. Comunique-se. Brasília (DF), 02
de abril de 2019. MINISTRA REGINA HELENA COSTA Relatora (STJ - CC: 162965 MG
2018/0340020-8, Relator: Ministra REGINA HELENA COSTA, Data de Publicação: DJ
04/04/2019)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC -
2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Procurador Legislativo
No que tange aos critérios de modificação de competência,
A) a competência determinada em razão do território, pessoa ou função é derrogável
por convenção das partes.
B) reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum pedido, as partes e
a causa de pedir.
C) os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, ainda que um
deles já tenha sido sentenciado
D) a reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, ocorrendo a
prevenção com o oferecimento da contestação pelo réu.
E) quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
(Gabarito E)

• Ano: 2016 Banca: FAFIPA Órgão: Câmara de Almirante Tamandaré - PR Prova:


FAFIPA - 2016 - Câmara de Almirante Tamandaré - PR - Advogado
De acordo com as disposições do Código de Processo Civil vigente (Lei 13.105/2015)
acerca da competência, assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
A) A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do autor.
B) Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.
C) Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto
às partes e ao pedido, mas a causa de pedir de uma, por ser mais ampla, abrange a das
demais aproveitando-se as provas.
D)A competência absoluta poderá modificar-se pela conexão ou pela continência.
(Gabarito B)

Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta
anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença
sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente
reunidas.

O artigo especifica a situação em que houver continência entre as ações quando


forem propostas em momentos distintos, gerando 02 (duas) hipóteses:

1) Se a ação mais abrangente (ação continente) tiver sido proposta anteriormente


à ação menos abrangente (ação contida), a ação com o objeto menos amplo
será extinta sem resolução de mérito (art. 485, V do CPC);
2) Sendo a ação continente proposta posteriormente à ação contida, haverá
necessariamente a reunião dos processos perante o juízo prevento.

Dessa forma, nem sempre a continência vai gerar reunião dos processos.
Conforme lição de Humberto Theodoro Junior (2021, p. 505-506), “a regra se aplica
se, naturalmente, os dois processos se acharem em situações de desenvolvimento
que permitam o julgamento simultâneo, pois se a ação menor já tiver sido sentenciada,
por exemplo, não haverá como reuni-la com a continente. Ao juiz da causa em estágio
menos avançado caberá precaver-se para evitar o risco de decisões conflitantes,
lançando mão, por exemplo, da suspensão do processo durante algum tempo
razoável para aguardar a solução do outro. Não haverá de ser, entretanto, um prazo
indefinido ou exagerado, afinal, as partes têm direito a uma duração razoável do
processo, sob pena de a procrastinação transformar-se em denegação de justiça. Se
a causa contida se embaraçar a ponto de não se poder divisar quando se encerrará,
o processo continente terá de prosseguir, ainda que se corra o risco de indesejável
conflito de decisões.”

Ainda, conforme precedentes do STJ, a “Súmula nº 235/STJ pode ser aplicada em


casos de continência” (AgRg no CC 115.232/TO, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/3/2012, DJe 16/3/2012).
JURISPRUDÊNCIA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 166.519 - RS (2019/0174577-7) RELATOR :


MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE SUSCITANTE : JUÍZO DE DIREITO
DA 5A VARA CÍVEL DE CAXIAS DO SUL - RS SUSCITADO : JUÍZO DA 2A
VARA DO TRABALHO DE CAXIAS DO SUL - RS INTERES. : DANIEL PALANDI
VELHO ADVOGADOS : EDSON DAMETTO - RS037129 KLAUS KISSMANN -
RS061036 INTERES. : ADRIANE CORREA DA SILVA E OUTROS ADVOGADO
: MAICO DA SILVA DE SOUZA - RS095208 EMENTA CONFLITO NEGATIVO
DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CAUTELAR DE ARRESTO DE BENS PROPOSTA
PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO. DEFERIMENTO DE LIMINAR.
OFERECIMENTO DE EMBARGOS DE TERCEIRO. ATOS DE CONSTRIÇÃO.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO QUE DETERMINOU O ATO DE CONSTRIÇÃO.
ART. 676 do CPC/2015. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. DECISÃO
Trata-se de conflito negativo de competência que tem como suscitante o Juízo
de Direito da 5ª Vara Cível de Caxias do Sul-RS, e como suscitado o Juízo da 2ª
Vara do Trabalho de Caxias do Sul-RS. A questão, na origem, envolve embargos
de terceiro opostos por Daniel Palandi Velho em desfavor de Adriane Correa da
Silva e outros, objetivando defender a posse de seus bens móveis, os quais
foram objeto de arresto em ação cautelar (e-STJ, fls. 3-6). Proposta a ação
perante o Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul-RS, este declinou da
competência para o Juízo estadual, nos termos seguintes: "Encaminhem-se os
presentes autos ao Juízo Falimentar da 5ª Vara Cível, com dependência ao
Processo n. 010/1.18.0000670-5" (e-STJ, fl. 72). Ao receber os autos, o Juízo de
Direito da 5ª Vara Cível de Caxias do Sul-RS suscitou o presente conflito, ao
argumento de que o foro competente é o do local onde estão ocorrendo os atos
constritivos, nos termos do que dispõe o art. 676 do CPC/2015 (e-STJ, fl. 77).
Instado, o Ministérío Público Federal opinou pela competência do Juízo
trabalhista (e-STJ, fls. 87-89). Brevemente relatado, decido. O conflito merece
ser conhecido, visto que ambos os juízos declararam-se incompetentes, cabendo
a esta Superior Tribunal de Justiça decidi-lo de acordo com o art. 105, inciso I,
alínea d, da Constituição Federal. A questão posta nos presentes autos consiste
em definir o juízo competente para julgar embargos de terceiro opostos com o
fim de defender posse de bens móveis, os quais foram objeto de arresto em ação
cautelar que tramita perante o Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul-
RS, ora suscitado. Na hipótese, o Juízo de Direito da 5ª Vara Cível de Caxias do
Sul-RS, ora suscitante, declarou-se incompetente para apreciar a matéria,
registrando que "a Justiça estadual é absolutamente incompetente para julgar os
presentes embargos de terceiro. Não pode o juiz estadual decidir se correta ou
não a constrição do patrimônio efetivada por juiz do trabalho no bojo de ação
trabalhista. Exegese do art. 676 do NCPC" (e-STJ, fl. 77). De fato, nos termos
dos arts. 674 e 676 do CPC/2015, aquele que, não sendo parte no processo,
sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens, por ato judicial, poderá opor
embargos de terceiros, que serão distribuídos por dependência ao juízo que
decretou a constrição. Esta Corte já se manifestou no sentido de que a
competência para julgamento dos embargos de terceiro é do juiz que determinou
a constrição na ação principal: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE
TERCEIRO. USUCAPIÃO. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 1. A reunião de ações,
em virtude de conexão, não se mostra possível quando implicar alteração de
competência absoluta. 2. O foro competente para a ação de usucapião de bem
imóvel será sempre o da situação da coisa (art. 95 do CPC/1973 e art. 57 do
CPC/2015), configurando hipótese de competência material, portanto, absoluta
e improrrogável. 3. A competência para julgamento dos embargos de terceiro é
do juiz que determinou a constrição na ação principal, nos termos do art. 1.049
do CPC/1973 (art. 676 do CPC/2015), de modo que, por se tratar de hipótese de
competência funcional, é também absoluta e improrrogável. 4. Conflito de
competência conhecido para declarar a competência do Juízo suscitado. (CC
142.849/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 22/03/2017, DJe de 11/4/2017); CONFLITO DE COMPETÊNCIA.
EXECUÇÃO FISCAL. CARTA PRECATÓRIA. ATOS EXECUTIVOS
PRATICADOS PELO JUÍZO DEPRECADO. EMBARGOS À ARREMATAÇÃO.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DEPRECADO. 1. De nosso sistema processual civil
retira-se o princípio segundo o qual compete ao juízo em que se praticou o ato
executivo processar e julgar as causas tendentes a desconstituí-lo. Assim o é
para os embargos à execução por carta (CPC, art. 747) e para os embargos de
terceiro (CPC, art. 1.049). Precedentes do STJ e do STF. 2. Conflito conhecido
e declarada a competência do Juízo Federal da 7ª Vara de Execuções Fiscais
da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, o suscitado. (CC 53.034/GO, Rel. Ministro
TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/06/2006, DJ de
1º/8/2006). Diante do exposto, conheço do conflito e declaro competente o Juízo
da 2ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul-RS, o suscitado. Comunique-se.
Publique-se. Brasília, 12 de setembro de 2019. MINISTRO MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Relator (STJ - CC: 166519 RS 2019/0174577-7, Relator: Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 18/09/2019)

RE no AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 115.232 - TO


(2010/0222253-0) RECORRENTE : INVESTCO S/A ADVOGADOS : MARCELO
LUIZ ÁVILA DE BESSA E OUTRO (S) RAQUEL DE CASTILHO RECORRIDO :
TARCIZO JESUS ABREU LIMA ADVOGADO : FRANCISCO JOSÉ SOUSA
BORGES E OUTRO (S) DECISÃO Trata-se de recurso extraordinário interposto
por INVESTCO S/A, com fundamento no artigo 102, inciso III, alínea a, da
Constituição Federal, contra v. acórdão assim ementado: "AGRAVO
REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS ESTADUAL E
FEDERAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA PROPOSTA POR PARTICULAR CONTRA
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. INEXISTÊNCIA DE
COMPROVADO INTERESSE DA UNIÃO, QUE SEQUER FAZ PARTE DO
PROCESSO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. POSSIBILIDADE DE
APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 235/STJ TAMBÉM AOS CASOS DE
CONTINÊNCIA. 1. É competente a Justiça estadual para o julgamento de ação
indenizatória proposta por particular contra pessoa jurídica de direito privado, na
qual não se tenha presente o interesse da União. 2. A mera existência de ação
de desapropriação intentada pela agravante contra o ora interessado, ação que
tramita na Justiça Federal e na qual a União se afigura como interessada, não é
causa suficiente para atrair a competência daquela ação indenizatória para o foro
federal. A competência estabelecida para essa esfera, inserta no artigo 109 da
Constituição Federal, não pode ser estendida por presunção. 3. A Súmula nº
235/STJ pode ser aplicada em casos de continência. Precedente. 4. Agravo
regimental não provido."(fl. 266 e-STJ) Em suas razões, o recorrente apontou
preliminarmente a existência de repercussão geral da matéria discutida, e, no
mérito, aduziu que o v. acórdão vergastado incorreu em violação aos artigos 5º,
incisos XXXV e LV, e 93, inciso IX, da Constituição Federal. Sustenta, para tanto,
que o v. aresto impugnado incorreu em negativa de prestação jurisdicional ao
haver julgado o conflito de competência instalado, desconsiderando o argumento
de que "... a Justiça Federal é competente para julgar o presente feito, uma vez
que é caso de continência entre o processo de desapropriação e a presente ação
de indenização." (fl. 285 e-STJ) Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 296
e-STJ). É o relatório. Decido. Verifica-se que no julgamento do AI-RG-QO n.º
791.292, PE, Relator o em. Ministro Gilmar Mendes, o e. Supremo Tribunal
Federal assim decidiu: "Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão
em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3º e 4º). 2. Alegação de ofensa aos
incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal.
Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou
decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar,
contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem
que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida
para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal,
negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos
relacionados à repercussão geral." (STF, AI 791292 QO-RG, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe de 13/8/2010). In casu, o v. acórdão recorrido encontra-se em
conformidade com esse entendimento, na medida em que, embora contrário aos
interesses do recorrente, está suficientemente motivado, não configurando,
portanto, ofensa à Constituição Federal. Nesse sentido já manifestou-se a e.
Suprema Corte: "EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO. CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. MATÉRIA
CRIMINAL. NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DOS FATOS E DAS PROVAS
DA CAUSA. OFENSA REFLEXA À CONSTITUIÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO
DEFICIENTE. OFENSA AO ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1.
Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, consoante iterativa
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 2. Inviável o Recurso Extraordinário
nos casos em que se impõe o reexame do quadro fático-probatório para apreciar
a apontada ofensa à Constituição Federal. Incidência da Súmula STF 279. 3. O
Recurso Extraordinário é incabível quando a alegada ofensa à Constituição
Federal, se existente, ocorrer de forma reflexa, a depender da prévia análise da
legislação infraconstitucional. 4. Decisão fundamentada, embora contrária aos
interesses da parte, não configura negativa de prestação jurisdicional.
Precedentes. 5. Agravo regimental improvido." (AI 765411 ED/SP, 2ª Turma, Rel.
Minª. Ellen Gracie, DJe 06/08/2010). Ante o exposto, julgo prejudicado o recurso
extraordinário, nos termos do art. 543-B, § 3º, do CPC. P. e I. Brasília, 1º de
agosto de 2012. MINISTRO FELIX FISCHER Vice-Presidente(STJ - RE no AgRg
no CC: 115232 TO 2010/0222253-0, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de
Publicação: DJ 06/08/2012)
QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: IESES Órgão: TJ-MA Prova: IESES - 2016 - TJ-MA - Titular de
Serviços de Notas e de Registros - Remoção
Após a leitura das alternativas abaixo, identifique a(s) afirmações correta(s):
I. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência.
II. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.
III. Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente,
mesmo sem conexão entre eles.
IV. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto
à possibilidade jurídica do pedido e à causa de pedir.
A sequência correta é:
A) As assertivas I e IV estão corretas.
B) Apenas a assertiva III está correta.
C) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
D) As assertivas I, II e III estão corretas.
(Gabarito D)

• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: PGE-AP Prova: FCC - 2018 - PGE-AP - Procurador do
Estado
No tocante à modificação da competência,
A) quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
B) caso a alegação de incompetência seja acolhida, o processo será sempre extinto sem
resolução do mérito, interrompida porém a prescrição.
C) a competência relativa poderá modificar-se pela conexão, litispendência ou pela
continência.
D) os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, mesmo que
um deles já tenha sido sentenciado.
E) a incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação; se relativa a incompetência pode ser alegada em qualquer tempo e grau
de jurisdição e deve ser declarada de ofício.
(Gabarito A)

Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo


prevento, onde serão decididas simultaneamente.

A conexão, quando possível, gera a reunião dos processos para decisão


simultânea. A continência, no entanto, segue o disposto no art. 57 do CPC conforme
comentários anteriores.
Prevenção. A prevenção pode ser tida, em síntese, como um critério de
prefixação da competência relativa dentre vários juízes competentes em
abstrato.

Pensa-se a prevenção somente com a existência de diversos juízos abstratamente


competentes. Neste cenário, aquele que conheceu uma das causas conexas deve
preferir aos demais para conhecer todas as ações vinculadas.

Dessa forma, podemos dizer que a prevenção se utiliza do elemento temporal para
sua fixação, sendo critério de determinação de competência, impondo a reunião dos
processos e seu julgamento em conjunto (Marinoni et al., 2020, p. 225).

Enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis

Enunciado 630. A necessidade de julgamento simultâneo de causas conexas ou em que há


continência não impede a prolação de decisões parciais.

JURISPRUDÊNCIA

Processo civil. agravo de instrumento. COMPETÊNCIA. MODIFICAÇÃO.


CONTINÊNCIA OU CONEXÃO. redistribuição. conveniência da instrução. julgamentos
contraditórios. art. 58 do CPC. interpretação. art. 53, “b” do CPC. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A modificação da competência em
razão da continência ou conexão é restrita às hipóteses em que sua fixação ocorre em
razão do território e do valor da causa (natureza relativa). 2. A norma do art. 58, do
Código de Processo Civil determina que a reunião das ações propostas em
separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente deve
ser interpretada com conjunto com as demais normas processuais. Assim,
somente prevalecerá a regra da prevenção para definir onde tramitarão as ações
conexas quando ambos os juízos forem igualmente competentes e a competência
for relativa. 3. No caso, deve incidir a regra do art. 53, “b”, do Código de Processo Civil,
segundo a qual para a ação de reconhecimento de união estável é competente o foro
do último domicílio do casal, uma vez que os filhos requeridos não são menores ou
incapazes. 4. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ-DF
07062423020218070000 - Segredo de Justiça 0706242-30.2021.8.07.0000, Relator:
LUÍS GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 12/08/2021, 4ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 25/08/2021 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU ERRO MATERIAL.
REDISCUSSÃO DA CAUSA. 1. Trata-se, na origem, de Conflito de Competência
proposto no STJ atinente ao ajuizamento de ações individuais e coletiva em juízos com
competência territorial e vinculação a Tribunais diversos, mas com causa de pedir
relacionada à revogação pelo Banco do Brasil do Edital 2017/00192 (8558), que
objetivava a contratação de empresas para a execução de serviços de cobrança
extrajudicial dos seus créditos. 2. O Relator deferiu monocraticamente "tutela provisória
para determinar o sobrestamento dos processos em trâmite na 3a Vara Cível Residual
de Campo Grande/MS (Ação Anulatória 0820527-97.2018.8.12.0001) e na 4a Vara Cível
do Rio de Janeiro/RJ (Ação Civil Pública 0034683-07.2018.8.19.0203), com a
suspensão dos efeitos da tutela provisória deferida no primeiro processo referido,
designando a 15a Vara Cível de Brasília/DF para resolver, em caráter provisório, as
medidas urgentes relacionadas à validade do ato de revogação do Edital de
Credenciamento 2017/00192 (8558) praticado pelo Banco do Brasil, bem como quanto
aos contratos firmados pela instituição financeira decorrentes da revogação do referido
procedimento licitatório". 3. A parte agravante aduz que deve ser considerada como
ação preventa aquela ajuizada na 4ª Vara Cível do Rio de Janeiro (Ação Ordinária
0026474-49.2018.8.19.0203) em 25.6.2018. 4. Como se observa de forma clara, a
pretensão recursal não trata de apontar a existência de omissão, contradição,
obscuridade ou erro material, mas sim de inconformismo direto com o resultado da
decisão, que foi contrário aos interesses da parte ora agravante. Ressalte-se que a mera
insatisfação com o conteúdo da decisão dos Embargos de Declaração não é suficiente
para o cabimento dos Aclaratórios, recurso que se presta tão somente a sanar
contradições ou omissões decorrentes da ausência de análise dos temas trazidos à
tutela jurisdicional, no momento processual oportuno, conforme o art. 1.022 do CPC.
Nesse sentido: EDcl no AgInt nos EDcl no REsp 1.446.326/PR, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, DJe 13/6/2018. 5. Ocorre que, conforme afirmado na
decisão agravada, dois foram os argumentos para declarar como prevento o juízo da
15ª Vara Federal de Brasília/DF. Primeiro, em razão do foro de eleição fixado no Edital
de Credenciamento 2017/00192 (8558) do Banco do Brasil, matéria essa que por si só
sustenta a manutenção da tutela provisória e a fixação do referido juízo para decidir as
questões urgentes. Uma segunda questão é que, pela documentação apresentada às
fls. 529-539, a primeira ação proposta para discutir a legalidade do Edital de
Credenciamento 2017/00192 (8558) do Banco do Brasil foi o Mandado de Segurança
1002803-60.2017.4.01.3400, impetrado pela empresa Donadel Recuperação de
Créditos Ltda. - ME contra o Presidente da Comissão Permanente de Licitação do Banco
do Brasil, distribuído em 5.5.2017 para a 14ª Vara Federal do Distrito Federal. 6.
Posteriormente, foi protocolizada em 15.6.2018 na 13ª Vara Federal de Brasília/DF,
redistribuída à 14ª Vara Federal por conexão ao Mandado de Segurança 1002803-
60.2017.4.01.3400, a Ação Ordinária 1011750-69.2018.4.01.3400, remetida à Justiça
Comum do Distrito Federal, a qual também analisava a validade do Edital de
Credenciamento 2017/00192 (8558) do Banco do Brasil. 7. Tais ações são anteriores à
Ação Ordinária 0026474-49.2018.8.19.0203 proposta pela Maxiserv Assessoria de
Cobrança em trâmite na 4ª Vara Cível do Rio de Janeiro (Regional de Jacarepaguá),
distribuída em 25.6.2018. 8. Há de se aplicar o art. 58 do CPC/2015, que é claro ao
estabelecer: "O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo",
mesmo que posteriormente a ação que primeiro conheceu da matéria tenha sido extinta.
9. A jurisprudência do STJ tem reconhecido, seguindo a redação do art. 55 do
CPC/2015, a possibilidade da reunião de ações para julgamento conjunto, a fim de evitar
decisões contraditórias, fixando o juízo competente aquele que teve a primeira ação
ajuizada. Nesse sentido: CC 145.918/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Primeira Seção,
DJe 17/5/2017; CC 36.439/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJ 17/11/2003,
p. 197. 10. Agravo Interno não provido. (STJ - AgInt no CC: 160428 DF 2018/0215105-
5, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 10/04/2019, S1 -
PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 01/08/2019)
QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: FGV - 2018 - MPE-AL - Analista do
Ministério Público - Área Jurídica
Sobre a competência no Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta.
A) A reunião de ações conexas pode se dar a qualquer tempo, independentemente da
prolação de sentença em algum dos processos.
B) As decisões do juízo absolutamente incompetente são nulas.
C) A cláusula de eleição de foro abusiva pode ser decretada ineficaz de ofício pelo juiz
a qualquer tempo.
D) Quando houver continência, as ações serão necessariamente reunidas.
E) Serão reunidos, para julgamento conjunto, os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente,
mesmo sem conexão entre eles.
(Gabarito E)

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Fixação da prevenção. O CPC unificou o critério de prevenção, estabelecendo


que a prevenção ocorre com o registro ou a distribuição da petição inicial. Este critério
é utilizado tanto para fixar a competência, como para estabelecer a prevenção.

Desta forma, o juiz a quem foi primeiramente designada uma das causas conexas,
torna-se prevento. A exceção se dá caso haja o cancelamento da distribuição (art. 290
do CPC) e quando o juiz prevento for incompetente porque “a prevenção pressupõe
juízo competente” (STJ - CC: 133426 DF 2014/0089370-7, Relator: Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 05/11/2014, CE - CORTE
ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 17/11/2014).

Cumpre-se relembrar que o artigo em comento é peculiar à competência relativa.


Havendo situações que envolvam competência absoluta, o entendimento doutrinário
e jurisprudencial é que há uma inversão no critério cronológico de determinação de
competência no caso em que o juízo que detenha a competência absoluta não seja o
juízo prevento pelo registro ou a distribuição. Dessa forma, o juízo a quem
primeiramente foi atribuída uma das causas conexas ou continentes perderá a
competência em favor daquele que detenha competência absoluta.

Na lição de Humberto Theodoro Junior (2021, p. 508-509), haverá uma mitigação


dessa regra quando se tratar de juízes concorrentes que não pertençam à mesma
justiça, como exemplo havendo conexão entre dois processos em curso, um
tramitando na Justiça Estadual e outro na Justiça Federal. Neste caso, a
jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de inaplicabilidade do art. 58 do CPC no
que concerne à reunião dos processos. Havendo relação de prejudicialidade entre as
causas, uma deve ser suspensa até que haja o julgamento daquela que for prejudicial
à outra, conforme previsão do art. 313, V, “a” do CPC.

Em se tratando de continência entre ações civis públicas ajuizados perante a


Justiça estadual e a Justiça Federal, as causas serão reunidas na Justiça Federal
(Súmula 489 do STJ).

Súmulas do STJ

Súmula nº 489. Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações
civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

JURISPRUDÊNCIA

RECURSO ESPECIAL Nº 1.739.872 - MG (2018/0109094-0) RELATORA : MINISTRA


NANCY ANDRIGHI RECORRENTE : FABIO AUGUSTO FERREIRA CLEMENTINO DA
SILVA ADVOGADOS : MARTINA GATTI GRUPPIONI CORTES ZENOBIO - MG118389
ADRIANO CAMPOS CALDEIRA - MG055141N INTERES. : MARIA DAS DORES
FERREIRA CLEMENTINO - ESPÓLIO DECISÃO Chamo o feito à ordem, de ofício.
Inicialmente, anote-se que este processo tramitou integralmente sob a vigência do
CPC/15, exceção feita à petição inicial, que fora distribuída em 17/02/2016, ainda na
vigência do CPC/73. Examinando o presente recurso especial, verifica-se que a
sentença de fls. 81/85 (e-STJ), proferida pela 3ª Vara de Sucessões da Comarca de
Belo Horizonte, extinguiu a demanda sem resolução do mérito em virtude de
litispendência em relação à ação de inventário ajuizada pela irmã do recorrente, que
tramita pela 1ª Vara de Sucessões da mesma Comarca. A referida sentença, todavia,
foi proferida antes da triangularização da relação processual, pois a irmã do recorrente,
que inclusive foi nomeada inventariante no inventário que permanece em trâmite, ainda
não havia sido citada por ocasião do reconhecimento da litispendência, como determina
o art. 626, caput, do CPC/15. Interposto o recurso de apelação pelo recorrente (fls.
108/139, e-STJ), o processo foi imediatamente remetido ao TJ/MG, sem que fosse
oportunizado o oferecimento de contrarrazões (certidão de fl. 142, e-STJ). Desprovida a
apelação pelo acórdão recorrido (fls. 160/166, e-STJ), foram opostos embargos de
declaração (fls. 173/178, e-STJ). Foi proferido despacho para que se concedesse à irmã
do recorrente prazo para responder ao referido recurso, tendo sido certificado, ato
contínuo, a inexistência de parte adversa (fls. 181/182, e-STJ). Rejeitados os embargos
de declaração (fls. 184/189, e-STJ), foi interposto o presente recurso especial (fls.
196/233, e-STJ), certificando-se a não abertura de prazo de contrarrazões em virtude
da inexistência de polo passivo (fl. 264, e-STJ), sobrevindo, então, juízo positivo de
admissibilidade na origem (fls. 265/266, e-STJ). Relatados os fatos, decide-se. Embora
inexista, no CPC/15, uma regra específica que determine a intimação da parte não citada
para responder a recurso interposto contra sentença que extingue o processo sem
resolução de mérito por reconhecimento de litispendência (art. 485, V), o princípio
constitucional do contraditório impõe, por si só, que a parte que eventualmente possa
ser atingida por uma decisão judicial seja previamente cientificada da existência da
pretensão e, assim, possa efetivamente influenciar a formação do convencimento
judicial. Aplica-se ainda, por analogia, o art. 331, § 1º (segundo o qual o réu será citado
(rectius: intimado) para responder ao recurso de apelação na hipótese de indeferimento
da petição inicial) e o art. 332, § 4º, segunda parte (que determina que seja
triangularizada a relação processual quando proferida sentença de improcedência
liminar do pedido e, interposta a apelação pelo autor, não houver retratação pelo juízo
sentenciante). Na hipótese, constata-se que a irmã do recorrente, que foi nomeada como
inventariante na ação que tramita na 1ª Vara de Sucessões da Comarca de Belo
Horizonte, não foi intimada, em nenhum momento, da pretensão recursal deduzida pelo
recorrente, por meio da qual pretende, em última análise, a extinção da ação de
inventário em que ela exerce o referido munus por litispendência em relação à presente
demanda. Conclui-se, pois, que o hipotético e eventual provimento do presente recurso
especial sem a prévia oitiva da irmã do recorrente, inventariante na ação que permanece
em tramitação, representaria uma grave ofensa à garantia constitucional do contraditório
e, especificamente, ao art. 9º, caput, do CPC/15. Forte nessas razões, CONVERTO O
JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA com fundamento no art. 932, I, do CPC/15 e, em razão
disso, determino a intimação pessoal de VIRGÍNIA ALICE FERREIRA CLEMENTINO
DA SILVA, irmã do recorrente, a fim de que tome ciência do recurso especial de fls.
195/233 (e-STJ) e, querendo, apresente as respectivas contrarrazões no prazo de 15
(quinze) dias, que será computado na forma do art. 231, I, do CPC/15. Caberá ao
recorrente informar, em 05 (cinco) dias, o endereço em que a inventariante poderá ser
regularmente intimada, sob pena de não conhecimento do recurso especial. Publique-
se. Intimem-se. Brasília (DF), 29 de maio de 2018. MINISTRA NANCY ANDRIGHI
Relatora (STJ - REsp: 1739872 MG 2018/0109094-0, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Publicação: DJ 01/06/2018)

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. GUARDA PROVISÓRIA DEFERIDA ÀS


DUAS AVÓS EM DUAS DEMANDAS DISTINTAS. AFASTAMENTO DA REGRA DE
PREVENÇÃO PREVISTA NO CPC, EM RAZÃO DA PREVALÊNCIA DO INTERESSE
DO MENOR. 1. Nos termos do art. 59 do Código de Processo Civil, o registro ou a
distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. Na sistemática do antigo código
processual, a prevenção se dá em decorrência da primeira citação válida (art. 219). 2.
Contudo, não se podem adotar, de forma automática, as regras processuais civis se elas
puderem acarretar qualquer prejuízo aos interesses e direitos do menor, cuja condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento implica a sobreposição e aplicação do princípio
da proteção integral, que permeia as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Precedentes. 3. No caso concreto, há liminares de juízos distintos deferindo a guarda
provisória das duas netas menores (de 3 e 6 anos de idade) a ambas as avós, devendo-
se aplicar a regra do art. 147, II, do ECA, qual seja a do local onde as crianças se
encontram atualmente, em atenção ao princípio do juízo imediato, máxime porque,
segundo consta, em atendimento médico a que submetida a criança, "surgiram indícios
de que tivesse sofrido abuso sexual na cidade de Vilhena-RO". 4. Dessarte, em face do
princípio constitucional da prioridade absoluta dos interesses do menor, orientador dos
critérios do art. 147 do ECA, mais adequada a declaração de competência do Juízo
suscitante. 5. Conflito conhecido, declarando-se a competência do Juízo de Direito da
Vara da Infância e da Juventude de Porecatu/PR. (STJ - CC: 151511 PR 2017/0063334-
5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 11/10/2017, S2 -
SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 07/11/2017)
QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: TRT - 6ª Região (PE) Prova: FCC - 2018 - TRT - 6ª
Região (PE) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
Analise os enunciados a seguir, relativos à competência:
I. Argui-se exclusivamente, por meio de exceção, a incompetência relativa.
II. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.
III. Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no
foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta
em qualquer foro.
IV. Acolhida a alegação de incompetência absoluta, que se refere à matéria, à função e
à pessoa, o processo será extinto sem resolução do mérito, interrompida porém a
prescrição.
V. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) II, III e V.
B) I, III, IV e V.
C) I, II e IV.
D) II, IV e V.
E) II, III, IV e V.
(Gabarito A)

Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª
REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
A respeito da formação do processo, da penhora e do cumprimento de sentença, julgue
o item que se segue.
De acordo com o Novo Código de Processo Civil, considera-se proposta a ação quando
a petição inicial for protocolada, sendo que o efeito da prevenção está vinculado à
distribuição ou ao registro da petição inicial.
Certo
Errado
(Gabarito CERTO)

Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca,


seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento
estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.

Em caso de imóvel situado em mais de um Estado, comarca, seção ou


subseção judiciária, o autor da ação poderá escolher livremente o foro de sua
preferência para ajuizar a demanda (entre os mencionados), não sendo
relevante em qual localidade esteja a maior ou menor parte do imóvel, tornando-
se prevento o juízo onde ocorreu primeiro o registro ou a distribuição (art. 59,
CPC).

Os foros serão, pois, concorrentes de modo que se a demanda for proposta em


um deles, a competência do juízo prevento se estenderá pela totalidade do imóvel
(extraterritorialidade).

JURISPRUDÊNCIA

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE AJUIZADA POR


TERCEIRO. TURBAÇÃO DECORRENTE DE DECISÃO JUDICIAL. EMBARGOS DE
TERCEIRO. INTERDITOS POSSESSÓRIOS. POSSIBILIDADE. ÁREA EM REGIÃO DE
CONFLITO DE DIVISAS. ACO N. 347 DO STF. COMPETÊNCIA. PREVENÇÃO. ART.
95 DO CPC/1973 (ART. 107 DO CPC/2015). JUÍZO EXECUTIVO. COMPETÊNCIA
FUNCIONAL.1. O nosso sistema jurídico autoriza, para além da turbação de fato, a
possibilidade da turbação de direito da posse, tendo, ainda, previsto remédio processual
adequado para a defesa da posse do terceiro esbulhada por ato judicial - os embargos
de terceiro, instituto de natureza mandamental destinado à defesa de bens ou de direitos
indevidamente atingidos por uma constrição judicial, seja o terceiro proprietário
(inclusive fiduciário), seja possuidor (CPC, art. 674), sendo distribuídos por dependência
ao juízo que ordenou a constrição (CPC, art. 676). 2. "A utilização dos embargos de
terceiro é facultativa; decorrido o respectivo prazo, o terceiro cuja posse foi turbada por
ordem judicial, alegadamente mal executada, pode defendê-la por meio da ação de
reintegração. Recurso especial conhecido e provido" (REsp n. 150.893/SC, Rel. Min. Ari
Pargendler, Terceira Turma, julgado em 11/12/2001, DJ 25/03/2002). 3. É possível que
o terceiro proponha interdito possessório para defesa de sua posse contra ato judicial,
mas tal pretensão deverá ser ajuizada, por questões de competência, no juízo prolator
do provimento supostamente turbador. 4. Nos termos do Código de Processo Civil, se o
imóvel estiver localizado em mais de um estado, o juízo de qualquer uma das comarcas
onde se situa parte do imóvel terá competência concorrente para julgar as ações
mencionadas, determinando-se o foro pela prevenção que se estenderá sobre a
totalidade do imóvel (art. 107 do CPC/1973, art. 60 do CPC/2015). 5. Na hipótese, o
imóvel objeto do litígio encontra-se sediado em região de conflito de divisas entre Bahia
e Goiás (neste, perpassando por dois municípios), com registo em ambos os Estados,
havendo provimentos judiciais possessórios conflitantes: i) uma decisão tomada pelo
Juízo de Posse - GO determinando o prosseguimento da execução contra a executada,
com a expedição da imissão na posse do bem localizado nessa comarca e carta
precatória de imissão na posse do bem localizado na Comarca de São Domingos - GO;
ii) de outra parte, uma liminar do Juízo de Correntina - BA deferida em favor de terceiro
para mantê-lo na posse e impedir que os réus e demais pessoas que forem encontradas
no imóvel, situado e registrado na Comarca de Correntina - BA, realizem qualquer ato
de turbação ou esbulho. 6. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ACO n. 347,
relacionada a área em conflito, definiu que: "Demarcados os limites territoriais entre os
Estados, determino que sejam preservados os títulos de posse e de propriedade
anteriormente definidos, sendo que eventuais disputas de posse e de propriedade
relativas às áreas delimitadas não serão decididas por este Supremo Tribunal, mas em
ação própria no juízo competente. Acrescento que as ações judiciais referentes às áreas
abrangidas por estas ações ainda não sentenciadas deverão ser redistribuídas ao juízo
competente. A fim de que não haja dúvidas quanto aos efeitos deste provimento, fica
estabelecido que, quando dois Estados tiverem emitido um título de posse ou de
propriedade em relação a uma mesma área abrangida por esta ação, prevalecerá o título
concedido judicialmente, e, em se tratando de dois títulos judiciais, o que já transitou em
julgado." 7. Assim, no caso, seja pelos ditames do STF - o primeiro provimento judicial
oriundo do juízo competente - seja pela regra do CPC - a primeira citação na pretensão
possessória -, deve ser reconhecida a competência do Juízo de Posse - GO, deprecante
da imissão de posse determinada pelo Juízo de São Domingos - GO, a fim de dirimir os
feitos possessórios, determinando a remessa da ação de manutenção de posse para
aquele foro.8. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1787877/BA, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 01/12/2020, DJe 24/03/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: FAFIPA Órgão: Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR Prova: FAFIPA -
2019 - Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR - Procurador do Município Júnior
“Como função estatal, a jurisdição é, naturalmente, una. Mas seu exercício na prática
exige o concurso de vários órgãos do Poder Público. A competência é justamente o
critério de distribuir entre os vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao
desempenho da jurisdição.” (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito
Processual Civil. v. I. 59. ed. Rio de Janeiro: Forense, 11/2017. VitalBook file. p. 192).
Sobre competência para processar e julgar as ações, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser
protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao
juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.
B) A arguição de incompetência relativa não leva à extinção do processo, já a alegação
de incompetência absoluta leva à extinção do processo, visto que esta não se prorroga.
C) A tutela provisória em caráter antecedente deverá ser requerida ao juízo competente
para conhecer o pedido principal.
D) Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção
judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do
imóvel.
E) Para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica, é
competente o foro do lugar onde referida sociedade/associação exerce suas atividades.
(Gabarito B)

• Ano: 2020 Banca: IBFC Órgão: EBSERH Prova: IBFC - 2020 - EBSERH - Advogado
O exercício da jurisdição envolve a distribuição de atribuições aos órgãos jurisdicionais.
Como resultado dos critérios dessa distribuição, encontram-se as regras de
competência. Sobre ela, assinale a alternativa correta.
A) Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção
judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do
imóvel
B) A competência relativa não se modifica pela conexão ou pela competência
C) Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto
às partes e aos pedidos
D) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é
derrogável por convenção das partes
E) Prorrogar-se-á a competência absoluta se o réu não alegar a incompetência em
preliminar de contestação
(Gabarito A)

Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação
principal.

Conexão por acessoriedade. O Código prevê além da conexão e da continência,


outras formas de prorrogação da competência como é o caso da acessoriedade.

A ação assessória é aquela que se liga à ação principal por dependência no sentido
de complementar a demanda principal, sendo que o pedido formulado (ou que será
formulado) integra ou garante a ação principal.

Embora seja denominada de “ação secundária”, isto não quer dizer que tenha que
ser interposta depois da ação principal, podendo ter caráter antecedente (proposta
antes da ação principal) ou incidental (proposta no curso da ação principal).

Desta forma, seguindo a regra da acessoriedade, que impõe a propositura da ação


acessória no juízo da ação principal, verifica-se 02 (duas) hipóteses:

1) Sendo a ação acessória antecedente, esta deve ser proposta perante o juízo
competente para o julgamento da ação principal. Neste caso, tudo o que se pode fazer
é um prognóstico para definição da competência, a exemplo da definição da
competência do juízo para conhecer o pedido de tutela de urgência antecipada,
concedida em caráter antecedente;

2) Sendo a ação acessória incidental, deve ser necessariamente proposta perante


o juízo da ação principal. É o que ocorre, por exemplo, com a denunciação da lide (art.
125), com o chamamento ao processo (art. 130) e com a reconvenção (art. 343). No
caso da reconvenção, na lição de Humberto Theodoro Junior (2021, p. 509-510),
embora o Código tenha pretendido confundir a reconvenção como simples
modalidade de contestação, a mesma possui natureza evidentemente incidental ante
a existência de conexão com a ação principal, a possibilidade do prosseguimento da
reconvenção ainda que extinta a ação principal e atribuição de valor de causa próprio.
De ambas as formas, ficam as ações sujeitas à prevenção de competência pelo
regime da acessoriedade, sendo absoluta a competência do juízo para julgamento de
ambas as ações.

No entanto, conforme a lição de Humberto Theodoro Junior (2021, p. 511-512),


cumpre-se esclarecer que a simples relação de sucessão entre as causas que
envolvam a mesma relação jurídica, ou de relações litigiosas que sejam derivadas da
primeira causa, não geram acessoriedade para fins de determinação de competência.
Deste ponto, as causas provenientes de outras, como as revisionais, somente se
ligam à causa de origem para determinação de competência se esta última ainda não
tiver sido julgada.

JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE PARTILHA POSTERIOR AO DIVÓRCIO.
INCAPACIDADE SUPERVENIENTE DE UMA DAS PARTES. PREVENÇÃO ORIUNDA
DE CONEXÃO SUBSTANCIAL COM A AÇÃO DO DIVÓRCIO. COMPETÊNCIA
FUNCIONAL DE NATUREZA ABSOLUTA. FORO DE DOMICÍLIO DO INCAPAZ.
COMPETÊNCIA TERRITORIAL ESPECIAL DE NATUREZA RELATIVA. 1. Há entre as
duas demandas (ação de divórcio e ação de partilha posterior) uma relação de conexão
substancial, a qual, inevitalmente, gera a prevenção do Juízo que julgou a ação de
divórcio. 2. A prevenção decorrente da conexão substancial se reveste de natureza
absoluta por constituir uma competência funcional. 3. A competência prevista no art. 50
do CPC/15 constitui regra especial de competência territorial, a qual protege o incapaz,
por considerá-lo parte mais frágil na relação jurídica, e possui natureza relativa. 4. A
ulterior incapacidade de uma das partes (regra especial de competência relativa) não
altera o Juízo prevento, sobretudo quando o próprio incapaz opta por não utilizar a
prerrogativa do art. 50 do CPC/15. 5. Conflito de competência conhecido para declarar
como competente o Juízo de Direito da Vara Cível de Barbacena - MG. (STJ - CC:
160329 MG 2018/0210068-1, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de
Julgamento: 27/02/2019, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 06/03/2019
REVJUR vol. 498 p. 123)

COMPETENCIA. CONFLITO. ARBITRAMENTO DE HONORARIOS. ADVOGADO


CONTRA CONSTITUINTE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM FEITO PROCESSADO
PELA JUSTIÇA FEDERAL. CAUSAS QUE NÃO SE RELACIONAM COMO PRINCIPAL
E ACESSORIA. COMPETENCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. I - A AÇÃO DE
ARBITRAMENTO DE HONORARIOS, PROPOSTA PELO ADVOGADO CONTRA SEU
CONSTITUINTE, NÃO GUARDA RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE COM A CAUSA
JULGADA PELA JUSTIÇA FEDERAL, ONDE SE EFETUOU A PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS. A AÇÃO DO PROCURADOR CONTRA O SEU CLIENTE DERIVA DE
RELAÇÃO DE DIREITO MATERIAL, DE INDOLE CONTRATUAL, DIVERSAMENTE
DO QUE OCORRE QUANDO A PRETENSÃO DE HONORARIOS E DE UMA PARTE
EM RELAÇÃO A OUTRA, EM DECORRENCIA DA CAUSA. II - NÃO SE
RELACIONANDO AS CAUSAS, COMO PRINCIPAL E ACESSORIA, E NÃO
DETENDO, NENHUMA DAS PARTES, PRERROGATIVA QUE DESLOQUE A
COMPETENCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL, COMPETENCIA PARA PROCESSAR E
JULGAR O FEITO E A JUSTIÇA ESTADUAL. (STJ - CC: 3259 MG 1992/0017626-7,
Relator: Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data de Julgamento:
14/10/1992, S2 - SEGUNDA SECAO, Data de Publicação: DJ 16.11.1992 p. 21082
RTJE vol. 112 p. 197)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO


ANULATÓRIA. ART. 486 DO CPC. ALEGADOS VÍCIOS DE CONSENTIMENTO.
PEDIDO DE ANULAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL HOMOLOGADO NO ÂMBITO
DE JUIZADO ESPECIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO PROLATOR DA SENTENÇA
HOMOLOGATÓRIA QUE SE PRETENDE ANULAR. ART. 108 DO CPC.
RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DE JUÍZO ESTRANHO AO CONFLITO. 1.
Na ação principal, o autor pretende a declaração de nulidade do acordo celebrado no
Juizado Especial Cível, tendo como causa de pedir os alegados vícios de
consentimento. Vê-se, portanto, que são questões afetas exclusivamente à seara
civilista, ainda que, remotamente, as verbas acordadas digam respeito à relação laboral.
2. O reconhecimento da competência de Juízo estranho ao conflito suscitado é
perfeitamente possível ante a ausência de vedação legal, sendo procedimento adotado
por esta Corte Superior em muitas oportunidades, garantindo-se, assim, a celeridade na
tramitação do processo. Precedentes. 3. Compete ao Juizado Especial Cível processar
e julgar as demandas anulatórias de seus próprios julgados. 4. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo do Juizado Especial da Comarca de Iguatu/CE, terceiro
estranho ao conflito, para processar e julgar a ação anulatória. (STJ - CC: 120556 CE
2011/0310934-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:
09/10/2013, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/10/2013)

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: IESES Órgão: TJ-MA Prova: IESES - 2016 - TJ-MA - Titular de
Serviços de Notas e de Registros - Provimento
É certo afirmar:
I. Através do rito das “ações de família” previsto no CPC/2015, o ministério público teve
a sua competência significativamente ampliada.
II. O manejo da oposição pelo terceiro é facultativo. Cabe ao terceiro avaliar se pretende
discutir, desde logo, o objeto da lide pendente ou se aguardará o desfecho daquele feito
para ajuizar ação autônoma apenas em face do vencedor.
III. A ação de habilitação pertence à categoria das ações acessórias, por corresponder
a uma forma complementar ou regularizar causa já pendente, assim, a competência para
processá-la e julgá-la é do juiz.
IV. O foro para julgamento da ação de dissolução de sociedade de que trata o
procedimento especial do CPC é aquele eleito pelos sócios, constante do instrumento
contratual. Sendo omisso o contrato, o juízo competente será o do local onde está a
sede da sociedade (competência territorial), pois um dos réus é pessoa jurídica.

Analisando as proposições, pode-se afirmar:


A) Somente as proposições III e IV estão corretas.
B) Somente as proposições I e III estão corretas.
C) Somente as proposições I e II estão corretas.
D) Somente as proposições II e IV estão corretas.
(Gabarito D)

• Ano: 2019 Banca: FAFIPA Órgão: Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR Prova: FAFIPA -
2019 - Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR - Procurador do Município Júnior
De acordo com a doutrina “a Reconvenção é ‘a ação do réu contra o autor, proposta no
mesmo feito em que está sendo demandado’. Ao contrário da contestação, que é
simples resistência à pretensão do autor, a reconvenção é um contra-ataque, uma
verdadeira ação ajuizada pelo réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo), nos mesmos
autos.” (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. v. I. 59. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 11/2017. VitalBook file. p.830). Atende, pois, ao princípio da
economia processual. Sobre o tema, considere as proposições abaixo:
I. O réu poderá reconvir em face do autor da ação e de uma terceira pessoa que não
integre a lide ou ainda poderá, em litisconsórcio com terceira pessoa que não integre a
lide, reconvir em face do autor da ação, desde que haja conexão com a ação principal
ou mesmo com os fundamentos que ele mesmo apresentou na defesa.
II. No prazo para defesa, o réu pode limitar-se a apresentar reconvenção, sem contestar
a ação.
III. Se o réu apresentar reconvenção, o juiz deverá intimar o autor, na pessoa de seu
advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias.
IV. Sendo a reconvenção conexa com a ação principal, se esta for extinta sem resolução
do mérito, a reconvenção também o será, já que a acessória deve seguir a sorte da
principal.
Assinale a alternativa que apresenta apenas a(s) proposição(ões) CORRETA(S):
A) III.
B) I e III.
C) II e III.
D) I, II e III.
E) II, III e IV.
(Gabarito D)

Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da


função é inderrogável por convenção das partes.

Inderrogabilidade. A competência interna se divide em competência absoluta


(tratada neste artigo) e competência relativa (art. 63, CPC) e se embasa em critérios
ligados ao interesse público e ao interesse privado, sendo que a divisão entre as duas
modalidades se baseia na possibilidade de a competência sofrer ou não alterações
(THEODORO JUNIOR, 2021, p. 464).

Nas palavras de Araken de Assis (2015, p.734), “é fato que o regime dessas
competências difere completamente. Todavia, a base da respectiva distinção se
revela frágil. Na elaboração das regras de competência, em tese, ora prepondera o
interesse das partes, formando os casos de competência relativa, ora impera o
interesse público na melhor aplicação da justiça, gerando os casos de competência
absoluta. Por óbvio, na primeira hipótese, a competência é disponível; na segunda,
indisponível. O interesse particular, de um lado, e o interesse público, de outro,
inspiram a formulação desses regimes.”

A diferenciação entre as duas espécies pelo legislador ora se baseia nos elementos
da lide e ora nos dados do processo. No entanto, a principal consequência desta
diferenciação nos remete ao aspecto negativo ou incompetência.

O artigo em comento fixa os critérios de competência absoluta, que se dão em


razão da matéria, da pessoa ou da função, e estabelece a inalterabilidade da
modificação da competência por vontade das partes.

O CPC impede a prorrogação da competência de juízo absolutamente


incompetente não se admitindo foro de eleição (art. 63, CPC). Desta forma, a
incompetência absoluta pode ser declarada de ofício e alegada pelo réu a qualquer
tempo.

JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE TERCEIRO. USUCAPIÃO.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 1. A reunião de ações, em virtude de conexão, não se
mostra possível quando implicar alteração de competência absoluta. 2. O foro
competente para a ação de usucapião de bem imóvel será sempre o da situação da
coisa (art. 95 do CPC/1973 e art. 57 do CPC/2015), configurando hipótese de
competência material, portanto, absoluta e improrrogável. 3. A competência para
julgamento dos embargos de terceiro é do juiz que determinou a constrição na ação
principal, nos termos do art. 1.049 do CPC/1973 (art. 676 do CPC/2015), de modo que,
por se tratar de hipótese de competência funcional, é também absoluta e improrrogável.
4. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo suscitado.
(STJ - CC: 142849 SP 2015/0214808-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data
de Julgamento: 22/03/2017, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
11/04/2017)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. JUSTIÇA TRABALHISTA.


JUSTIÇA FEDERAL. TUTELA DE INTERESSES DE CONSUMIDORES E DE
TRABALHADORES. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO CONFLITO. 1. O conflito positivo de
competência ocorre quando dois ou mais Juízos se declararem competentes para
apreciar a mesma causa, ou quando houver a prática de atos por ambos os Juízos,
indicando que implicitamente se consideram competentes. 2. A Ação Civil Pública
0032200-52.2012.5.13.0002, em curso no TRT da 13ª Região, foi proposta por
Sindicato, visando à segurança dos trabalhadores e higidez do ambiente de trabalho;
enquanto a Ação Civil Pública 2008.82.00.007161-1, em curso no TRF da 5ª Região, foi
proposta pelo Ministério Público Federal em defesa da segurança dos usuários dos
serviços das agências postais. 3. Trata-se de hipóteses de competência - em razão da
matéria e da pessoa, respectivamente - de natureza absoluta e, como tal, não sofrem
alteração pela conexão ou continência, na forma do disposto nos artigos 54 e 62 do
Código de Processo Civil/2015, razão pela qual não há como fazer, sem agredir
frontalmente o princípio do juiz natural, com que apenas um único órgão jurisdicional se
torne competente para julgar ambas as demandas. 4. Conforme reconhecido no seu
memorial, a agravante demonstra que no âmbito de sua competência -
"respectivamente, discussão da relação jurídica de proteção ao consumidor e de
proteção de ambiente do trabalho" - ambos os órgãos jurisdicionais chegaram à mesma
conclusão, inexistindo neste instante decisões conflitantes. A única divergência diz
respeito ao momento do cumprimento "para a Justiça Federal somente após o trânsito
em julgado e para a Justiça do Trabalho, eficácia imediata da sentença", situação que
não se encontra no âmbito de definição do Conflito de Competência. 5. A questão
veiculada no memorial relativa à inaplicabilidade da Lei 7.102/1983 aos correspondentes
bancários diz respeito a matéria de fundo a ser debatida nas vias recursais adequadas,
e não no presente Conflito de Competência. 6. Agravo Interno não provido. (STJ - AgInt
no CC: 131257 PB 2013/0381681-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de
Julgamento: 26/10/2016, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 29/11/2016)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: Crescer Consultorias Órgão: Prefeitura de Jijoca de Jericoacoara -
CE Prova: Crescer Consultorias - 2019 - Prefeitura de Jijoca de Jericoacoara - CE -
Procurador do Município
Acerca do tema competência, nos termos do Novo CPC, analise os itens em que V
corresponde à Verdadeiro e F corresponde à Falso:
I. Em razão da autonomia proporcionada às partes no contexto do Novo CPC, é
assegurado o estabelecimento de cláusula geral de eleição de foro.
II. Em nenhuma hipótese pode o juiz declarar de ofício a incompetência relativa.
III. Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na
contestação, sob pena de preclusão.
IV. A competência determinada em razão do território, da pessoa ou da função é
inderrogável por convenção das partes.
A sequência correta corresponde a alternativa:
A) F, F, F, V
B) F, F, V, F
C) V, F, V, F
D) V, F, F, F
(Gabarito B)

• Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova: FCC - 2016 -
Prefeitura de Campinas - SP - Procurador
No que tange à incompetência absoluta e à incompetência relativa, é correto afirmar:
A) A competência determinada em razão de matéria, da pessoa ou da função é
derrogável por convenção das partes.
B) Prorrogar-se-ão as competências relativa e absoluta se o réu não alegar a
incompetência em preliminar de contestação.
C) A incompetência absoluta será alegada como preliminar de contestação, enquanto a
relativa será arguida por meio de exceção.
D) Caso a alegação de incompetência seja acolhida, o processo será extinto, sem
resolução de mérito.
E) A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição
e deve ser declarada de ofício.
(Gabarito E)

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do


território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e
obrigações.

§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento


escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser


reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos
ao juízo do foro de domicílio do réu.

§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de


foro na contestação, sob pena de preclusão.

Cláusula de eleição de foro. Em se tratando de competência relativa, a legislação


prestigia a vontade das partes deixando a seu critério a modificação voluntária da
competência quando da eleição de foro, tratada neste artigo.

Para Humberto Theodoro Junior (2021, p.515) trata-se do domicílio de eleição ou


foro contratual e tem previsão no art. 78 do Código Civil, que nada mais é a escolha
por vontade das partes do domicílio onde serão exercidos e cumpridos os direitos e
obrigações do contrato escrito que aluda a determinado negócio jurídico (§1º),
obrigando seus herdeiros e sucessores à avença (§2º). Assim, a cláusula de eleição
de foro de determinado contrato se aplica somente àquele negócio jurídico, não se
estendendo à outras ações que surjam entre as partes. Também se refere
exclusivamente ao foro eleito, nunca ao juiz ou a vara a ser ajuizada determinada
ação.

Marinoni et. al (2020, p.227) discorda deste posicionamento e entende que o foro
de eleição se diferencia do foro contratual, sendo o primeiro aquele eleito pelas partes
para dirimir conflitos oriundos dos mais diversos atos da vida civil, já o foro contratual
seria aquele estabelecido pelas partes para o cumprimento do contrato.

Embora o Código permita a modificação da competência pelas partes em razão do


território e do valor da causa, havendo cláusula de eleição de foro que envolva o valor
da causa, há limitações impostas pela legislação como o caso dos Juizados que prevê
sua limitação (teto). A competência neste caso é absoluta e se sobrepõe ao acordado
entre as partes quanto ao foro de eleição, podendo as partes apenas renunciar ao
valor que exceda o limite estabelecido na legislação quanto ao valor da causa.

Abusividade da cláusula de eleição de foro. O foro de eleição abusivo pode ser


denunciado em qualquer contrato e não somente nos contratos de adesão, como
previa o CPC/73. Se as partes convencionarem cláusula de eleição de foro que seja
abusiva relacionada à competência, gerando desigualdade entre as partes, pode o
juiz reputá-la ineficaz de ofício antes da citação, determinando a remessa dos autos
ao juízo de foro do domicílio do réu.

Perpetuação da competência. Caso haja a citação do réu, cabe a ele a alegação


da abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão,
prorrogando-se desta forma a competência.

Por imposição do art. 10 do CPC, ainda que a questão seja suscitada ex officio, o
juiz não poderá decidir sem oportunizar a manifestação das partes.

Em se tratando de ações reais imobiliárias que estejam ressalvadas no art.


47, § 1º, do CPC, não se permite a prorrogação contratual da competência.

Legislação Complementar
Art. 78 do Código Civil. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio
onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

Súmulas
Súmula nº 381 STJ. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas.

Súmula nº 335 STF. É válida a cláusula de eleição do foro para os processos oriundos do
contrato.
Enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis

Enunciado 668 – FPPC. A convenção de arbitragem e a cláusula de eleição de foro para os


atos que necessitem da participação do Poder Judiciário não se excluem, ainda que
inseridas em um mesmo instrumento contratual.

JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE NULIDADE DE
ACORDO DE ACIONISTAS. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO. VALIDADE.
SUMULA 335/STF. COMPROMISSO ARBITRAL. PRESENÇA. REGRAS DE
COMPETÊNCIA TERRITORIAL. NÃO OBSERVÂNCIA. 1. O propósito recursal consiste
em avaliar a decisão monocrática, a qual, de plano, estabeleceu o juízo competente para
a apreciação de lide acerca de questões societárias existentes entre J&F e MCL,
relativas à participação na sociedade ELDORADO. 2. Decisão agravada declarou a
competência da 2ª Vara Empresarial de Conflitos de Arbitragem da Comarca de São
Paulo/SP e, por consequência, retirar a eficácia as decisões proferidas pelo TJ/MS. 3.
De acordo com a Súmula nº 335/STF ?é válida a cláusula de eleição do foro para os
processos oriundos do contrato? e o Superior Tribunal de Justiça mantém essa mesma
orientação. Na hipótese, há cláusula de eleição de foro em contrato de compra e venda
de participação societária. 4. O Juízo Suscitante não demonstrou qualquer ilegalidade
da cláusula de eleição de foro e, assim, seu conteúdo deve se manter válido e íntegro,
o que afasta a competência do Juízo suscitante, em favor do Juízo suscitado. 5. A
presença de cláusula compromissória afasta a apreciação das controvérsias do Poder
Judiciário, considerando que o juízo arbitral possui prioridade lógica e temporal.
Precedentes. 6. Nos termos do art. 955, parágrafo único, I, do CPC/2015, nas hipóteses
de ofensa a súmulas do STF ou STJ, é permitido ao relator julgar, de plano, o conflito
de competência. 7. As alegações da agravante estão fundamentadas na premissa de
que a filial da Eldorado Brasil Celulose é localizada no Município de Três Lagoas/MS.
Entretanto, a Eldorado não é parte na ação originária. 8. Argumentos adicionais
apresentados no agravo interno são incapazes de infirmar a decisão agravada. 9.
Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no CC: 171855 MS 2020/0095348-4, Relator:
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 18/08/2020, S2 - SEGUNDA SEÇÃO,
Data de Publicação: DJe 21/08/2020)

AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.294.929 - SP (2011/0282516-8) RELATOR :


MINISTRO MARCO BUZZI AGRAVANTE : WHIRLPOOL S/A ADVOGADO : MARCOS
SERRA NETTO FIORAVANTI - SP146461 AGRAVADO : GL COMERCIAL DE
ELETROPEÇAS E TÉCNICA LTDA ADVOGADO : RONNIE PREUSS DUARTE E
OUTRO (S) - PE016528 DECISÃO Cuida-se de agravo interno interposto por
WHIRLPOOL S.A. em face de decisão monocrática da lavra deste signatário (fls. 720-
722, e-STJ), que deu parcial provimento ao recurso especial interposto pela parte
adversa. O apelo extremo, fundado na alínea a do permissivo constitucional, desafia
acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado (fl.
639, e-STJ): Exceção de incompetência. Acolhimento. Remessa dos autos para a 23ª
Vara Cível da Comarca de Fortaleza. Agravo de instrumento. Efeito suspensivo
concedido. Prevenção. Citação da agravada ocorrida em 14.05.2010. Ação ajuizada
pela agravada, em Fortaleza, em 19.05.2010. Art. 219 do CPC. Conexão. Remessa ao
Juízo prevento. Entendimento jurisprudencial e do STJ. Foro de eleição estabelecido
previamente pelas partes. Hipossuficiente da agravada não caracterizada. Ausência de
abusividade da cláusula de foro de eleição. Reconhecimento da competência da 20ª
Vara Cível da Comarca de São Paulo. Recurso acolhido, por maioria de votos. Nas
razões do recurso especial (fls. 654-673, e-STJ), a recorrente GL COMERCIAL DE
ELETROPEÇAS E TÉCNICA LTDA. aponta violação, pelo aresto estadual, aos artigos
94, § 4º, 100, V, a, 102, 104 e 105 do CPC/73. Sustenta, em síntese: a) a continência
entre as ações é causa de modificação da competência em relação à prevenção e à
cláusula de eleição de foro; b) a cláusula de eleição de foro não pode prevalecer para
determinar a competência quando fazem parte da demanda terceiros que não
participaram da elaboração do ajuste; c) por se tratar de demanda em que se pleiteia a
indenização por danos, o juízo do local onde ocorreu o dano é o competente para julgar
a causa. Contrarrazões às fls. 683-698, e-STJ. Após decisão de admissibilidade do
recurso especial (fl. 702, e-STJ), os autos ascenderam a esta egrégia Corte de Justiça.
Em decisão monocrática (fls. 720-722, e-STJ), deu-se parcial provimento ao recurso
especial, reconhecendo a Comarca de Fortaleza-CE como competente para o
julgamento e processamento das demandas. No presente agravo interno (fls. 726-738,
e-STJ), a agravante WHIRLPOOL S.A. sustenta que a decisão singular merece reforma,
sob o argumento de que, na hipótese, deve ser declarado competente o foro da Comarca
de São Paulo, em razão da prevenção. Impugnação às fls. 742-751, e-STJ. É o relatório.
Decido. Ante as razões expendidas no agravo interno de fls. 726-738 e-STJ, e após
melhor exame da matéria, reconsidero a decisão monocrática proferida às fls. 720-722,
e-STJ e passo a nova análise do recurso especial. A irresignação merece prosperar, por
fundamento diverso. 1. De início, verifica-se que a recorrente aponta violação aos artigos
94, § 4º, e 100, V, a, do CPC/73 alegando que a cláusula de eleição de foro não pode
prevalecer para determinar a competência quando fazem parte da demanda terceiros
que não participaram da elaboração do ajuste e que, por se tratar de demanda em que
se pleiteia a indenização por danos, o juízo do local onde ocorreu o dano é o competente
para julgar a causa. Com efeito, o conteúdo normativo dos mencionados artigos não foi
objeto de apreciação pelo Tribunal de origem e tampouco foram opostos embargos de
declaração visando prequestioná-los. Cabe ressaltar que o prequestionamento,
entendido como a necessidade de o tema objeto do recurso haver sido examinado pela
decisão atacada, não sendo suficiente para a sua configuração a mera indicação pela
parte do dispositivo legal que entende afrontado, constitui exigência inafastável contida
na própria previsão constitucional ao tratar do recurso especial, impondo-se como um
dos principais pressupostos ao seu conhecimento. Dessa forma, não examinadas pela
instância ordinária as matérias veiculadas pelos dispositivos mencionados, objeto do
especial, ausente o prequestionamento. Incide, portanto, em relação a referidos artigos,
o óbice da Súmula 211 do STJ. A propósito: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO DE NOME EMPRESARIAL
CUMULADA COM INDENIZATÓRIA, MARCA E NOME DE DOMÍNIO. ART. 461, § 4º,
DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF.
MULTA. OFENSA AO ART. 461, § 6º, DO CPC/1973. REVISÃO DE MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. Fica inviabilizado o conhecimento de tema trazido na petição de recurso
especial, mas não debatido e decidido nas instâncias ordinárias, tampouco suscitado
em embargos de declaração, porquanto ausente o indispensável prequestionamento.
Aplicação, por analogia, das Súmulas 282 e 356 do STF. [...] 3. Agravo interno a que se
nega provimento. (AgInt no AREsp 631.332/SC, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe 28/03/2017) [grifou-se] PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VENDA SIMULADA.
RELAÇÃO FAMILIAR COMPROVADA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA 7
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. MÁ-FÉ. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA. SÚMULA 282 e 356/STF. 1. Não cabe, em recurso especial, reexaminar
matéria de fato e provas (Súmula 7/STJ). 2. Não se admite o recurso especial, quando
não tratada na decisão proferida pelo Tribunal de origem a questão federal suscitada,
tampouco apresentados embargos de declaração, ante a ausência do indispensável
prequestionamento (Súmulas 282 e 356/STF, por analogia). 3. Agravo interno a que se
nega provimento. (AgInt no AREsp 952.348/GO, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 07/02/2017, DJe 20/02/2017) [grifou-se]
AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. [...] QUESTÕES NÃO DISCUTIDAS PELO TRIBUNAL DE
ORIGEM. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. AFERIÇÃO
DA TEMPESTIVIDADE DOS EMBARGOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO
REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. O conteúdo normativo de todas as normas apontadas
como violadas não foi debatido pelo Tribunal de origem, carecendo, no ponto, do
imprescindível requisito do prequestionamento, entendido como o indispensável exame
da questão pela decisão atacada, apto a viabilizar a pretensão recursal. Dessa forma,
mesmo tendo sido opostos embargos de declaração, estes não tiveram o condão de
suprir o devido prequestionamento, razão pela qual deveria a parte, no recurso especial,
ter suscitado a violação ao art. 535, II, do Código de Processo Civil, demonstrando de
forma objetiva a imprescindibilidade da manifestação sobre a matéria impugnada e em
que consistiria o vício apontado. Inafastável, nesse particular, a Súmula n. 211 desta
Corte. [...] 3. Agravo improvido. (AgRg nos EDcl no AREsp 740.572/MS, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe
19/05/2016) [grifou-se] 2. A recorrente aponta, ainda, violação aos artigos 102, 104 e
105 do CPC/73 alegando que a continência entre as ações é causa de modificação da
competência em relação à prevenção e à cláusula de eleição de foro. No particular, ao
analisar a controvérsia, o Tribunal de origem decidiu: Agora, examinando-se o mérito da
controvérsia recursal, entende-se não haver dúvida de que o Juízo competente, para
conhecer da demanda discutida nos autos principais, é o da d.20ª Vara Cível do Fórum
Central de São Paulo. Adiante, os motivos dessa conclusão. A agravante, como está
reconhecido por ambas as partes, foi citada para os termos da demanda que corre no
Juízo cearense, no dia 19.05.10, enquanto a agravada o foi, no Juízo paulista, na data
de 14.05.10, estabelecendo, assim, a prevenção do d.Juízo de São Paulo. [...] Cuidando-
se de causas conexas (ou mesmo de continência), o juiz, estando prevento, há de
determinar a reunião de ações propostas em juízos diversos, a fim de que sejam
decididas simultaneamente (cf. art. 105). [fls. 641-642, e-STJ] Há uma outra questão a
merecer análise. E diz respeito ao foro de eleição. Prescreve o art. 111 do diploma
processual civil que as partes, por convenção, podem "modificar a competência em
razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de
direitos e obrigações". E assim o fizeram ao estabelecer São Paulo como foro de eleição
[fls. 338]. [...] É, o que basta para resolver a pendência a favor da agravante e, uma vez
preservada a convicção da i.magistrada, Dra.Cláudia Menge, entende-se em sentido
oposto, porque, em síntese, [1] o Juízo de São Paulo tomou-se prevento para decidir
ambas as causas, dada a anterioridade da citação da agravada; [2] cuidando-se de
ações conexas, deve haver um único julgamento, a fim de evitar julgamentos
conflitantes; e [3] o foro de eleição, no caso, é prestigiado por não haver prejuízo
invencível que a agravada pudesse sofrer. Em razão disso, reconhece-se a competência
do Juízo da 20ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo para fazer a
entrega da prestação jurisdicional com relação a ambas as ações, que correm nesta
capital bandeirante e em Fortaleza/CE. [fls. 645-648, e-STJ] (grifou-se) Como se vê, o
órgão julgador reconheceu como competente o juízo da Comarca de São Paulo, em
razão da prevenção e do foro de eleição estabelecido pelas partes no contrato, o qual
deve ser privilegiado por não ter sido constatada abusividade. A jurisprudência desta
Corte Superior sobre a matéria é no sentido da validade da cláusula de eleição de
foro, a qual somente pode ser afastada quando reputada abusiva. Nesse sentido,
concluiu a Segunda Seção desta Corte: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - INEXISTÊNCIA
DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE - NATUREZA
PROCRASTINATÓRIA - MERA REDISCUSSÃO DO ACÓRDÃO JULGADO PELA
SEGUNDA SEÇÃO DO STJ. 1. Os embargos de declaração somente são cabíveis
quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade, contradição, omissão ou erro
material, consoante dispõe o artigo 1.022 do NCPC (art. 535 do CPC/73), o que não se
configura na hipótese em tela, porquanto o aresto deste órgão fracionário encontra-se
devida e suficientemente fundamentado. Inexistindo quaisquer das máculas previstas
nos aludidos dispositivos, não há razão para modificar a decisão impugnada.
Precedentes. 2. A utilização de serviços ou aquisição de produtos com o fim de
incremento da atividade produtiva não se caracteriza como relação de consumo, mas
de insumo, a afastar as normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor.
Precedentes de ambas as Turmas da Segunda Seção. 3. Consoante orientação firmada
pela Colenda Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, a cláusula do foro de
eleição é válida e somente pode ser afastada quando, segundo entendimento pretoriano,
seja reconhecida a sua abusividade, a inviabilidade ou especial dificuldade de acesso
ao Poder Judiciário. 3.1. Na hipótese dos autos, o elevado valor do negócio realizado
entre as partes, traduzido no conteúdo econômico milionário da demanda, não autoriza
presumir a falta de conhecimento técnico e informativo da cláusula de eleição do foro,
ou mesmo a dificuldade de acesso à justiça, a qual, ausente qualquer vício de validade,
deve prevalecer e ser respeitada pelas contratantes. Precedentes do STJ. 4. Embargos
de declaração rejeitados. (EDcl nos EDcl no CC 146.960/SP, Rel. Ministro MARCO
BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22.11.17, DJe 28.11.17) [grifou-se]Verifica-se,
assim, que sendo válida a cláusula de eleição de foro estabelecida pelas partes no
contrato, esta deverá ser observada para a fixação da competência territorial, devendo
as demandas serem reunidas no foro eleito, a despeito da existência de conexão ou
continência entre elas. No mesmo sentido, ainda, citam-se os precedentes:
PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. CLÁUSULA DE FORO DE ELEIÇÃO
INSERIDA EM CONTRATO DE DERIVATIVO CAMBIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 NÃO
DEMONSTRADA. SÚMULA N. 284/STF. 1. É deficiente o recurso especial cujas razões
se limitam a apontar violação genérica de lei federal. 2. Reconhecida a validade da
cláusula de eleição de foro, deve ela ser observada para fixação da competência.
Precedentes. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, a que se
nega provimento. (REsp 1.396.958/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 15.03.16, DJe 28.03.16) [grifou-se] Processual Civil.
Agravo no conflito de competência. Prorrogação da competência. Cláusula de foro de
eleição. Prevenção. - Sendo válida a cláusula de eleição de foro, esta deve ser
utilizada para fixação da competência e não possível prevenção que possa ter
ocorrido em processo correlato. Agravo não provido. (AgRg no Código Civil
40.879/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22.09.2004, DJe 06.10.2004) [grifou-se]CIVIL E PROCESSUAL. REPRESENTAÇÃO
COMERCIAL. DENÚNCIA DO CONTRATO. AÇÃO INDENIZATÓRIA MOVIDA PELA
EMPRESA REPRESENTANTE EM LOCAL DE SUA SEDE. LEIS N. 4.886/1965 E
8.420/1992, ART. 39. COMPETÊNCIA RELATIVA. CONTRATO DE ADESÃO.
HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO CONFIGURADA. PREVALÊNCIA DO FORO
CONTRATUAL. I. A competência firmada no art. 39 da Lei n. 4.886/1965, na redação
dada pela Lei n. 8.420/1992 é relativa, podendo ser alterada por vontade expressa das
partes, ainda que em contrato de adesão, se não configurada, de modo cabal, a
hipossuficiência de qualquer delas. Precedente da Segunda Seção. II. A mera
circunstância de uma litigante ser de maior porte que a outra, em relação à qual, todavia,
não é reconhecida a hipossuficiência, não constitui razão suficiente para se afastar a
cláusula de eleição de foro. III. Recurso especial conhecido e provido, para se
determinar a competência da Comarca de São Paulo, SP, para onde devem ser os autos
remetidos. (REsp 540.257/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA
TURMA, julgado em 23/09/2008, DJe 03/11/2008) [grifou-se] Com efeito, a teor do
entendimento desta Corte, o Tribunal de origem fixou a competência para o julgamento
das ações com base no foro de eleição eleito pelas partes. Desse modo, estando o
acórdão recorrido em conformidade com a jurisprudência do STJ, incide a Súmula 83
desta Corte, aplicável para recursos interpostos por ambas as alíneas do permissivo
constitucional. 3. Do exposto, dou provimento ao agravo interno da WHIRLPOOL S.A.
para reconsiderar deliberação anterior (fls. 720-722, e-STJ) e, de plano, nego
provimento ao recurso especial de GL COMERCIAL DE ELETROPEÇAS E TÉCNICA
LTDA., nos termos da fundamentação supra. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 21
de agosto de 2018. MINISTRO MARCO BUZZI Relator(STJ - AgInt no REsp: 1294929
SP 2011/0282516-8, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de Publicação: DJ
30/08/2018)

QUESTÕES
• Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Registro - SP Prova: VUNESP - 2016
- Prefeitura de Registro - SP - Advogado
Em um contrato de adesão constou uma cláusula de eleição de foro que prejudicava a
parte mais vulnerável da relação jurídica. Nessa situação hipotética, no que diz respeito
à competência prevista no Código de Processo Civil, está correto afirmar que
A) qualquer ação judicial só poderá ser proposta no foro de eleição, por se tratar de
competência relativa.
B) apenas se a parte prejudicada requerer a nulidade de tal cláusula, a competência
pelo foro de eleição poderá ser afastada.
C) é possível que em casos como este o juiz declare a nulidade de tal cláusula de ofício,
declinando a competência para o domicilio do réu.
D) por se tratar de competência absoluta, a parte que sentir-se lesada pela eleição do
foro deverá manejar exceção de incompetência.
E) é possível que em casos como este o juiz declare a nulidade de tal cláusula de ofício,
declinando a competência para o domícilio do autor.
(Gabarito C)

• Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: COMPESA Prova: FGV - 2016 - COMPESA - Analista
de Gestão - Advogado
A respeito das disposições sobre Função Jurisdicional, assinale a afirmativa incorreta.
A) A continência entre duas ou mais ações ocorre quando há identidade quanto às partes
e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
B) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.
C) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é
inderrogável por convenção das partes.
D) As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações, mas a cláusula de eleição
de foro não vincula os herdeiros e sucessores.
E) A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
(Gabarito D)
Seção III

Da Incompetência

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão


preliminar de contestação.

§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau


de jurisdição e deve ser declarada de ofício.

§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a


alegação de incompetência.

§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão


remetidos ao juízo competente.

§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos


de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida,
se for o caso, pelo juízo competente.

A competência é pressuposto de validade processual e admissibilidade da tutela


jurisdicional, cabendo ao juiz ao receber a inicial verificar se é competente ou não para
processar e julgar a demanda. Admitida a competência, não há manifestação do juiz
neste sentido pois o deferimento da petição inicial reconhece de maneira implícita a
competência. No entanto, se o juiz for provocado por uma das partes, deve se
manifestar expressamente acerca da competência. Também pode ocorrer o inverso e
o juiz entender que é incompetente para o processamento e julgamento, quando deve
se declarar expressamente sobre a falta de legitimação necessária para atuação no
feito. Assim como no reconhecimento positivo de competência, o negativo pode ser
espontâneo ou provocado (THEODORO JUNIOR, 2021. p.522).

Dessa forma, os conflitos existentes acerca da competência podem se resolver por


meio da alegação de incompetência (art. 64, CPC) e do conflito de competência (art.
66, art. 951 a 959, CPC).

Alegação de Incompetência. O CPC não faz distinção quanto a forma de alegação


de incompetência, seja absoluta ou relativa, que deverá ser arguida como questão
preliminar de contestação.
Em se tratando de incompetência relativa, a alegação de incompetência deve ser
suscitada em preliminar de contestação sob pena de preclusão, prorrogando-se a
competência do juízo da causa. Não pode ser declarada de ofício, mas pode ser
alegada pelo Ministério Público nas causas em que este intervir (art. 65, CPC).

Já a incompetência absoluta, pode ser declarada de ofício pela autoridade


judiciária e alegada pela parte em qualquer tempo e qualquer grau de jurisdição. Caso
não seja alegada pela parte como matéria de defesa, pode ser arguida a qualquer
tempo pela parte por simples manifestação nos autos, não ocorrendo preclusão e nem
prorrogação de competência, sujeitando-se inclusive à ação rescisória (art. 966, II,
CPC) a sentença transitada em julgado proferida por juízo incompetente.

Cumpre-se salientar, no entanto, que a incompetência absoluta não pode ser


conhecida de ofício pelo tribunal superior, pois “necessário que o tema tenha sido
decidido efetivamente pelos órgãos julgadores inferiores (prequestionamento) para
que possa ser revisto pela via do especial” (STJ - REsp: 155482 AL 1997/0082394-6,
Relator: Ministro JORGE SCARTEZZINI, Data de Julgamento: 16/03/2000, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 02/05/2000 p. 156). Isto porque, “Na linha
da compreensão firmada por esta Corte, mesmo as chamadas questões de ordem
pública, apreciáveis de ofício nas instâncias ordinárias, devem ser prequestionadas,
isto é, serem examinadas no acórdão, para viabilizar o recurso especial.” (STJ - AgRg
no Ag: 522292 SP 2003/0098884-9, Relator: Ministro PAULO GALLOTTI, Data de
Julgamento: 07/08/2003, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 17.11.2003 p.
395).

Havendo alegação de incompetência absoluta ou relativa, a contestação pode ser


protocolada no domicílio do réu, comunicando-se imediatamente o juízo da causa
(art.340, CPC).

Princípio da não surpresa. O § 2º determina que o juiz decidirá sob a alegação


de incompetência de forma imediata após a manifestação da parte contrária. O
parágrafo deve ser conjugado com o art. 10 do CPC, que reforça a garantia do
contraditório no processo civil, vedando o juiz proferir decisão com base em
fundamento a respeito do qual não tenha se oportunizado às partes se manifestar,
ainda que se trate de matéria a qual deva decidir de ofício.
Remessa dos autos e preservação das decisões anteriores. Como regra geral,
a incompetência do juízo não é causa de extinção do processo sem resolução de
mérito. Desta forma, conforme se depreende do § 3º, acolhida a incompetência, os
autos serão remetidos ao juízo competente. Com relação aos atos decisórios
anteriores, nos termos do § 4º, não haverá automática declaração de nulidade dos
atos praticados pelo juízo incompetente, cabendo ao juízo competente a análise dos
atos decisórios prévios. Preserva-se, pois, inicialmente, a decisão dada pelo juízo
incompetente, sendo que a invalidação somente ocorrerá caso o juiz competente
profira outra decisão sobre a mesma questão.

Trata-se de uma regra inovadora que contempla o princípio da preservação do


processo e da instrumentalidade das formas permitindo-se a conservação dos atos
processuais já praticados, adotando-se a translatio iudicii.

Recurso. A decisão do juiz sobre competência tende a ser uma decisão


interlocutória que rejeitará ou remeterá os autos. Sobre isso, o CPC diz que contra as
interlocutórias somente cabe agravo das decisões que estão listados no rol do art.
1.015. Porém, ocorre que decisões interlocutórias sobre competência não estão na
referida lista, de modo que se questiona - existe recurso imediato dessas
decisões?

Para Marinoni et. al (2020, p.229) embora o rol seja taxativo, entende-se que deve
se admitir exceções. Para o autor, a decisão relacionada à competência deve ser
recorrível de forma imediata e não apenas quando da apelação (art.1.009, § 1º, CPC),
em razão do risco das decisões que podem ser invalidas ou substituídas pela previsão
do art. 64, § 3º, CPC, atrelado à gravidade das consequências do prosseguimento da
ação em juízo incompetente, passível inclusive de ação rescisória.

O STJ vem reafirmando o posicionando da taxatividade mitigada do rol do art. 1015


do CPC relativo à competência, admitindo a “interposição de agravo de instrumento
quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no
recurso de apelação" (RESP REPETITIVO 1.704.520/MT, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/12/2018, DJe 19/12/2018). Em
decisão recente, reiterou o entendimento nessa linha de entendimento, admitindo ser
“cabível o agravo de instrumento para impugnar decisão que define a competência,
que é o caso dos autos.” (STJ - EREsp: 1730436 SP 2018/0056877-4, Relator:
Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 18/08/2021, CE - CORTE ESPECIAL,
Data de Publicação: DJe 03/09/2021).

Súmulas:
Súmula 33 STJ. A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.

Súmula 282 STF. É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão
recorrida, a questão federal suscitada.

Enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis

Enunciado 488 – FPPC. No mandado de segurança, havendo equivocada indicação da


autoridade coatora, o impetrante deve ser intimado para emendar a petição inicial e, caso haja
alteração de competência, o juiz remeterá os autos ao juízo competente.

Enunciado 238 – FPPC. O aproveitamento dos efeitos de decisão proferida por juízo
incompetente aplica-se tanto à competência absoluta quanto à relativa.

JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO IMEDIATA DAS NORMAS
PROCESSUAIS. TEMPUS REGIT ACTUM. RECURSO CABÍVEL. ENUNCIADO
ADMINISTRATIVO N. 1 DO STJ. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA COM
FUNDAMENTO NO CPC/1973. DECISÃO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. AGRAVO DE
INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO PELA CORTE DE ORIGEM. DIREITO
PROCESSUAL ADQUIRIDO. RECURSO CABÍVEL. NORMA PROCESSUAL DE
REGÊNCIA. MARCO DE DEFINIÇÃO. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA. RECURSO CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA OU EXTENSIVA DO INCISO III DO ART. 1.015 DO
CPC/2015. 1. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento de que as normas de
caráter processual têm aplicação imediata aos processos em curso, não podendo ser
aplicadas retroativamente (tempus regit actum), tendo o princípio sido positivado no art.
14 do novo CPC, devendo-se respeitar, não obstante, o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada. 2. No que toca ao recurso cabível e à forma de sua
interposição, o STJ consolidou o entendimento de que, em regra, a lei regente é aquela
vigente à data da publicação da decisão impugnada, ocasião em que o sucumbente
tem a ciência da exata compreensão dos fundamentos do provimento jurisdicional que
pretende combater. Enunciado Administrativo n. 1 do STJ. 3. No presente caso, os
recorrentes opuseram exceção de incompetência com fundamento no Código
revogado, tendo o incidente sido resolvido, de forma contrária à pretensão dos autores,
já sob a égide do novo Código de Processo Civil, em seguida interposto agravo de
instrumento não conhecido pelo Tribunal a quo. 4. A publicação da decisão
interlocutória que dirimir a exceptio será o marco de definição da norma processual de
regência do recurso a ser interposto, evitando-se, assim, qualquer tipo de tumulto
processual. 5. Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015,
a decisão interlocutória relacionada à definição de competência continua desafiando
recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação analógica ou extensiva da
norma contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015, já que ambas possuem a mesma
ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo que o juízo
natural e adequado julgue a demanda. 6. Recurso Especial provido. (RECURSO
ESPECIAL Nº 1.679.909 - RS (2017/0109222-3) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO. QUARTA TURMA, julgado em 14.11.2017).

DIREITO RECUPERACIONAL, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE
PENHORA NO ROSTO DOS AUTOS DO JUÍZO LABORAL. (I) AGRAVO DE
INSTRUMENTO. PARCIAL REFORMA DA DECISÃO. SOLICITAÇÃO DE
COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA. JUÍZO DA COORDENADORIA DE CONCILIAÇÃO E
APOIO PERMANENTE (COCAPE) – TRT 9ª REGIÃO QUE PENHOROU A
UNIVERSALIDADE DOS BENS DO EXECUTADO. ATO CONCERTADO.
POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 69, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
SOLICITAÇÃO QUE DEVE SER PRONTAMENTE ATENDIDA. RESSALVA DOS
ATOS DE PENHORA JÁ REALIZADOS, QUE DEVEM SER MANTIDOS, SEM EFEITO
EXPROPRIATÓRIO OU DE BLOQUEIO, EM ATENÇÃO AOS ARTS. 796 E 908, DO
CPC, PARA FINS DE PREFERÊNCIA. (II) AGRAVO INTERNO. PREJUDICADO. 1. A
Recomendação CNJ n. 38, de 07.22.2011, já previa que o pedido de cooperação
judiciária pode se processar “entre juízes de ramos judiciários distintos”, questão
devidamente positivada no art. 67 e seguintes, do Código de Processo Civil de 2015.2.
Dentre os exemplos possíveis de atos concertados está a efetivação de “medidas e
providências para recuperação e preservação de empresas”, na forma do art. 69, IV,
do diploma adjetivo.3. Na hipótese, diante da penhora da universalidade de bens e
direitos processada no Juízo do Trabalho, não obstante tratar-se a entidade esportiva
de pessoa jurídica constituída como associação, o pedido de cooperação endereçado
a este Tribunal deve ser prontamente atendido, em observância ao artigo 69, caput, do
CPC, observados os efeitos de preferência ao credor diante dos atos já realizados,
razão pela qual a parcial reforma da decisão é o que se impõe.AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.AGRAVO INTERNO
PREJUDICADO. (TJPR - 12ª C.Cível - 0027033-46.2020.8.16.0000 - Curitiba - Rel.:
Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins - J. 05.10.2020) (TJ-PR - AI:
00270334620208160000 PR 0027033-46.2020.8.16.0000 (Acórdão), Relator:
Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins, Data de Julgamento: 05/10/2020, 12ª
Câmara Cível, Data de Publicação: 06/10/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2020 Banca: VUNESP Órgão: FITO Prova: VUNESP - 2020 - FITO - Advogado
Sobre a incompetência absoluta ou relativa, assinale a alternativa correta.
A) Deverão ser alegadas como questão de mérito na contestação.
B) A absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição.
C) A absoluta não pode ser declarada de ofício.
D) Prorrogar-se-á a relativa se o réu alegar em preliminar de contestação.
E) A relativa não poderá ser alegada pelo Ministério público nas causas em que atuar.
(Gabarito B)
• Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: Prefeitura de Sabará - MG Prova:
CONSULPLAN - 2017 - Prefeitura de Sabará - MG - Advogado
Sobre a incompetência no Código de Processo Civil, assinale a alternativa
INCORRETA.
A) A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
B) A incompetência relativa não pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas
em que atuar.
C) Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo
competente.
D) A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição
e deve ser declarada de ofício.
(Gabarito B)

Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a


incompetência em preliminar de contestação.

Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo


Ministério Público nas causas em que atuar.

Prorrogação da competência. A prorrogação (manutenção) da competência


ocorre quando se amplia a esfera de competência de um órgão judiciário para
conhecer de certas causas que não estariam, ordinariamente, compreendidas em
suas atribuições jurisdicionais, tendo como regra geral a inércia das partes.

Na lição de Humberto Theodoro Junior (2021 p. 494), “a prorrogação pode ser: (a)
legal (ou necessária): quando decorre de imposição da própria lei, como nos casos de
conexão ou continência (arts. 54 a 56); (b) voluntária: quando decorre de ato de
vontade das partes, como no foro de eleição (art. 63), ou na falta de alegação de
incompetência relativa em preliminar de contestação ou de impugnação com base em
convenção de arbitragem (arts. 65 e 337, § 6º). A prorrogação, no entanto, em
quaisquer desses casos, pressupõe competência relativa, visto que juiz
absolutamente incompetente nunca se legitima para a causa, ainda que haja conexão
ou continência, ou mesmo acordo expresso entre os interessados.”

Desta forma, não havendo a alegação do réu sobre a incompetência do juízo,


opera-se a preclusão e o ato é convalidado, ou seja, a lei atribui retroativamente seu
valor e legitima-se o juízo como competente para o processamento e julgamento do
feito, produzindo o efeito da perpetuação da competência. Ainda, conforme se extrai
do entendimento de Marinoni et. al (2020, p.229), a prorrogação da competência pode
ocorrer também por inércia do juízo em conhecer de ofício a nulidade de cláusula de
foro no contrato de adesão (art. 63, §§ 3º e 4º, CPC).

O réu pode ainda optar por apresentar a contestação com alegação de


incompetência relativa no foro de seu domicílio, sendo que o procedimento adotado
seguirá o que determina o art. 340, CPC.

Legitimidade para alegar a incompetência relativa. O parágrafo único consagra


a legitimidade do Ministério Público para alegar a incompetência relativa. Nas
situações excepcionais que for parte, poderá alegar a incompetência como réu. Nas
demais situações em que intervenha no processo (art. 178), terá legitimidade para
atuar como fiscal da ordem jurídica podendo arguir a incompetência relativa.

Neste último caso, segue-se a regra do art. 179, I quanto ao momento da alegação.

Conforme a lição de Araken de Assis (2015, p. 885): “Competindo ao Ministério


Público arguir a incompetência relativa (art. 65, parágrafo único), e falando por último
(art. 179, I), só depois dessa intervenção verificar-se-á o fenômeno da prorrogação da
competência: o juiz, inicialmente incompetente, tornar-se-á competente, e, a partir daí,
também se produzirá o efeito da perpetuação da competência (art. 43). A prorrogação
da competência é concebível, nesses casos, porque se cuida de anulabilidade. O art.
65, caput, expressa, ao fim e ao cabo, o princípio da convalidação do anulável.”

Desta forma, compreende-se que ainda que não haja alegação pelo réu da
incompetência relativa como matéria de defesa, intervindo o Ministério Público nos
autos e arguindo a incompetência, relativiza-se a preclusão.

Além da atuação do Ministério Público, também os assistentes litisconsorciais


poderão arguir a incompetência relativa. (Marinoni et. al, 2020, p.229).

Legislação Complementar
Art. 127 da CF. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interes-
ses sociais e individuais indisponíveis. § 1º São princípios institucionais do Ministério Público
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. § 2º Ao Ministério Público é assegu-
rada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor
ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os
por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de
carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. § 3º O Ministério Público ela-
borará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orça-
mentárias. § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária
dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo conside-
rará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. § 5º
Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os
limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. § 6º Durante a execução orçamen-
tária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações
que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previa-
mente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais

JURISPRUDÊNCIA

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - INVENTÁRIO - COMPETÊNCIA


RELATIVA - IMPOSSIBILIDADE DE DECLÍNIO DE OFÍCIO. CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA - INVENTÁRIO - COMPETÊNCIA RELATIVA - IMPOSSIBILIDADE DE
DECLÍNIO DE OFÍCIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - INVENTÁRIO -
COMPETÊNCIA RELATIVA - IMPOSSIBILIDADE DE DECLÍNIO DE OFÍCIO.
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA -- INVENTÁRIO - COMPETÊNCIA
RELATIVA - IMPOSSIBILIDADE DE DECLÍNIO DE OFÍCIO. - Cuida a hipótese de
Conflito de Competência nos autos da Ação de Inventário e Partilha dos bens deixados
por Salvador Lopes Freire. - Regra do art. 96 do Código de Processo Civil. Competência
territorial que não pode ser declarada "ex-offício". Súmula 33 do E. Superior Tribunal de
Justiça. - Precedentes jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça e deste Tribunal
de Justiça. - Procedência do Conflito para declarar a competência do Juízo Suscitado.
(TJ-RJ - CC: 00757611320158190000 RIO DE JANEIRO MIRACEMA 1 VARA, Relator:
CAETANO ERNESTO DA FONSECA COSTA, Data de Julgamento: 03/02/2016,
SETIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 12/02/2016)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR - AÇÃO AJUIZADA


PELO CONSUMIDOR - COMPETÊNCIA RELATIVA - DECLINAÇÃO DE OFÍCIO -
AGRAVO DE INSTRUMENTO - COMPETÊNCIA - DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR -
AÇÃO AJUIZADA PELO CONSUMIDOR - COMPETÊNCIA RELATIVA - DECLINAÇÃO
DE OFÍCIO. O artigo 63, § 3º, NCPC, estabelece critério de competência de natureza
híbrida, isto é, em alguns momentos absoluta e em outros, relativa. A competência será
absoluta quando detectada a abusividade da cláusula de eleição de foro, hipótese em
que poderá ser declinada de ofício pelo magistrado. Será relativa a competência, quando
a ação for ajuizada pelo próprio consumidor, ainda que em comarca diversa do seu
domicílio, do domicílio do réu ou do foro de eleição. Neste caso, a competência apenas
poderá ser declinada quando interposta exceção de incompetência, momento em que o
juiz da causa apreciará as circunstâncias do caso e verificará quais são os critérios legais
de competência aplicáveis ao caso. (TJ-MG - CC: 10000180886244000 MG, Relator:
Evangelina Castilho Duarte, Data de Julgamento: 13/12/2018, Câmaras Cíveis / 14ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 13/12/2018)

QUESTÕES

• Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TRT - 24ª REGIÃO (MS) Prova: FCC - 2017 - TRT - 24ª
REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Área Judiciária
Sobre a competência interna, de acordo com o Código de Processo Civil, é correto
afirmar:
A) Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em
preliminar de contestação.
B) A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, podendo
o autor, contudo, optar pelo foro do domicílio do réu ou de eleição.
C) Tramitando processo de recuperação judicial na Justiça Estadual, os autos serão
remetidos ao juízo federal competente no caso de intervenção de uma determinada
empresa pública federal.
D) O foro da Capital do Estado é competente para as causas em que seja autora a
União.
E) A citação válida torna prevento o juízo e, ainda quando ordenada por juiz
incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.
(Gabarito A)

• Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: PGE-MT Prova: FCC - 2016 - PGE-MT - Procurador do
Estado
A respeito de competência absoluta e relativa, segundo legislação vigente,
A) a incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício pelo Magistrado, pois deve
ser alegada pelo réu em exceção de incompetência, em peça apartada, no mesmo prazo
da contestação.
B) a competência prevista em lei para a execução fiscal, é de natureza funcional e,
assim, absoluta, de modo que pode ser declinada de ofício pelo Magistrado.
C) a incompetência, seja absoluta ou relativa, deve ser alegada pelo réu em
preliminar de contestação; todavia, caso não o faça no prazo legal, somente esta
última se prorroga.
D) o Código prevê que é possível a reunião de duas ações conexas no juízo prevento,
ainda que se trate de competência em razão da matéria, desde que haja interesse
público que justifique a união das demandas para único julgamento.
E) a incompetência territorial é relativa e, por isso, não pode ser conhecida de ofício pelo
Magistrado, razão pela qual se prorroga, caso não seja alegada no momento oportuno.
(Gabarito C)
Art. 66. Há conflito de competência quando:

I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes;

II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao


outro a competência;

III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou


separação de processos.

Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá


suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo.

Conflito de Competência. O conflito de competência tem início quando diversos


juízes se declaram competentes para processar e julgar um processo ou quando se
recusam a funcionar no feito, dando origem a um conflito, que se soluciona por meio
de incidente que se denomina “conflito de competência” (THEODORO JUNIOR, 2021,
p. 527).

Isto porque o juízo validamente exerce a faculdade conferida pelo ordenamento


jurídico ao apreciar a própria competência, consoante o princípio kompetenz-
kompetenz.

Tipos de conflito de competência. A partir da leitura do artigo em comento, o


conflito pode, conceitualmente, ser positivo ou negativo. O conflito é positivo quando
2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes.

Neste caso, conforme se extrai da doutrina de Humberto Theodoro Junior (2021, p.


528), não há necessidade de decisão expressa do juiz acerca de sua competência ou
incompetência do outro, bastando apenas que juízes diferentes pratiquem atos de
causa idêntica.

Caso contrário, se declarando incompetentes e atribuindo um ao outro a função


jurisdicional, estaremos diante de um conflito negativo. A lei prevê ainda no parágrafo
único que o juiz que recusar a declinação não devolverá o processo ao primeiro juiz
que se declarou incompetente e sim suscitará o incidente, salvo se atribuir a
competência a outro juízo.

A reunião ou separação dos processos prevista no inciso III também conduzirá a


um conflito positivo ou negativo de competência. O Ministério Público, por sua vez,
não intervirá em qualquer conflito de competência, mas somente naquelas causas em
que ele já intervenha.

Competência para o julgamento. O Tribunal hierarquicamente superior aos juízos


conflitantes detém a competência para julgamento do conflito.

Caberá ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 105, I, “d”: “julgar os
conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,
I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados
a tribunais diversos.”

Caberá ao Superior Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, "o" processar e
julgar: 102, I, "o": “os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro
tribunal.”

A regulamentação do conflito de competência está elencada nos arts. 951 a 959 do


CPC.

Súmulas

Súmula 3 STJ. Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência


verificado, na respectiva Região, entre Juiz Federal e Juiz Estadual investido de jurisdição
federal.

Súmula 59 STJ. Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado,
proferida por um dos juízos conflitantes.

Súmula 428 STJ. Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência
entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

Sumula 236 STJ. Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de
competência entre juízes trabalhistas vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho diversos.

JURISPRUDÊNCIA

AgInt no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 153.849 - MG (2017/0203145-4) RELATOR


: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO – EMENTA - AGRAVO INTERNO NO CONFLITO
DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DA
EXECUÇÃO TRABALHISTA PARA A DEVEDORA SUBSIDIÁRIA. AUSÊNCIA DE
DIVERGÊNCIA ENTRE OS JUÍZOS TRABALHISTA E CÍVEL SOBRE SUA
COMPETÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO CONFLITO. TESE QUE DEVE SER
ANALISADA EM RECURSO PRÓPRIO. RESP 1.333.349/SP, JULGADO PELO RITO
DOS RECURSOS REPETITIVOS. 1. Não se vislumbra a ocorrência dos casos
elencados pelo artigo 66 do CPC/2015, uma vez que não se verificou a hipótese de dois
juízos acolhendo ou rejeitando sua competência, razão pela qual a decisão agravada
não conheceu do conflito. 2. A real pretensão da ora agravante é ver reconhecida a
impossibilidade de redirecionamento da execução trabalhista para ela, devedora
subsidiária, em face de ter sido deferido pedido de recuperação judicial à devedora
principal, tese que somente pode ser analisada em recurso próprio, a ser processado e
julgado perante o Tribunal competente, pois não se constitui o conflito de competência
sucedâneo recursal. Precedentes desta Corte. 3. Ademais, o STJ já firmou
posicionamento, em sede de recurso repetitivo, no sentido de que: "A recuperação
judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem induz
suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes
aplicam a suspensão prevista nos artigos 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que
se refere o artigo 59, caput, por força do que dispõe o artigo 49, § 1º, todos da Lei n.
11.101/2005" (REsp 1.333.349/SP, Segunda Seção, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
2.2.2015) 4. Agravo não provido.

AgInt no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 159.161 - RJ (2018/0145702-2) RELATOR


: MINISTRO FRANCISCO FALCÃO - EMENTA PROCESSUAL CIVIL.
ADMINISTRATIVO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DUAS AÇÕES DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA SOBRE OS MESMOS FATOS E PEDIDOS
PROCESSADAS EM JUÍZOS DIFERENTES. INEXISTÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO
JUÍZO FEDERAL DA COMARCA DE MAGÉ-RJ SOBRE A NECESSIDADE DE
REUNIÃO OU SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
INEXISTENTE. I - Trata-se, na origem, de ação civil pública por ato de improbidade
administrativa proposta pelo Ministério Público Federal. II - A suscitante aduz conflito de
competência em relação a duas ações de improbidade administrativa sobre os mesmos
fatos e pedidos que estão sendo processadas em juízos diferentes, quais sejam Juízo
da 1ª vara cível de magé ? RJ e juízo federal da vara de magé ? RJ. III - Verifica-se que
a suscitante se insurge em face da decisão do juízo cível da Comarca de Magé-RJ que
indeferiu o pedido de conexão entre as ações de improbidade administrativa. IV - Não
há manifestação do juízo federal da Comarca de Magé-RJ sobre a necessidade de
reunião ou separação de processos, e sequer consta qualquer declaração de
competência ou incompetência para processar e julgar as demandas. V - Inexiste conflito
de competência no caso em apreço, vez que não restou caracterizada as hipóteses
elencadas no dispositivo legal. VI - O conflito de competência não pode ser utilizado
como sucedâneo recursal, de modo que a suscitante deve se valer dos meios legais
para a impugnação da decisão. Nesse sentido: AgRg nos EDcl no CC 151.936/SP, Rel.
Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/10/2017, DJe
07/11/2017; AgRg no CC 121.226/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/3/2013, DJe 02/4/2013. VII - Agravo interno
improvido.
QUESTÕES

• Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRE-TO Prova: CESPE - 2017 - TRE-
TO - Analista Judiciário - Área Judiciária
Determinado cidadão impetrou, na justiça cível estadual, mandado de segurança contra
ato do presidente do partido político ao qual é filiado, que lhe teria negado o direito de
concorrer ao cargo de vereador. Na oportunidade, questionou, ainda, a validade da
convenção partidária na qual foram escolhidos os candidatos do partido. Ao receber a
petição inicial, o juízo declinou sua competência para a justiça eleitoral. Posteriormente,
o juízo da zona eleitoral, por entender que a matéria referente a critérios do partido
político para a escolha de candidatos diz respeito à validade de ato interno do partido,
suscitou conflito de competência por entender que a competência seria do juízo que a
havia declinado.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a
legislação em vigor e com a jurisprudência dos tribunais superiores.
A) O conflito de competência deve ser decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, e a
competência para exame do mandado de segurança é da justiça eleitoral. -
ELEITORAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO DE 1º GRAU. CONCESSÃO DE
LIMINAR PARA PARTICIPAÇÃO DE CHAPA EM CONVENÇÃO PARTIDÁRIA.
MATÉRIA INTERNA CORPORIS. REPERCUSSÃO NO PROCESSO ELEITORAL.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. AUSÊNCIA DEDIREITO LÍQUIDO E
CERTO. SEGURANÇA DENEGADA. É cabível Mandado de Segurança, tendo em vista
o não cabimento de recurso contra as decisões interlocutórias no processo eleitoral. É
de competência da Justiça Eleitoral o julgamento de matéria interna corporis se e
quando desafiar reflexos diretos no processo eleitoral." Quando dois juízes vinculados a
“Justiças” diferentes estão divergindo acerca da competência, quem deverá julgar este
conflito? Quem julga o conflito entre um juiz de direito e um juiz eleitoral? STJ, nos
termos do art. 105, I, “d”, da CF/88: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente: (...) d) os conflitos de competência entre quaisquer
tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele
não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
B) O conflito de competência deve ser decidido pelo Supremo Tribunal Federal, e a
competência para exame do mandado de segurança é da justiça estadual.
C) O conflito de competência deve ser decidido pelo Supremo Tribunal Federal, e a
competência para exame do mandado de segurança é da justiça eleitoral.
D) O conflito de competência não deve ser conhecido porque esse incidente somente
pode ser suscitado pelas partes ou pelo Ministério Público.
E) O conflito de competência deve ser decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, e a
competência para exame do mandado de segurança é da justiça estadual.
(Gabarito A)

• Ano: 2019 Banca: Quadrix Órgão: CRA-PR Prova: Quadrix - 2019 - CRA-PR -
Advogado I
No que se refere à ordem dos processos de competência originária dos tribunais, julgue
o item a seguir.
O conflito de competência, positivo ou negativo, uma vez suscitado, suspende
automaticamente o processo.
a) Certo
b) Errado.
(Gabarito B)

CAPÍTULO II

DA COOPERAÇÃO NACIONAL

Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado


ou comum, em todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos
tribunais superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio
de seus magistrados e servidores.

O artigo em comento trata da cooperação nacional externa entre juízos. Quanto a


isso, o Código, objetivando a informalidade e agilidade instituiu, o dever de recíproca
cooperação aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou
comum, em todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos tribunais
superiores.

Como bem exposto por Scarpinella Bueno: “Trata-se de criar, no âmbito do


Judiciário Nacional, condições ótimas de cooperação judicial, a exemplo do que, no
contexto internacional, é disciplinado pelos arts. 26 a 41 (v. n. 5, supra). Não há por
que negar que a iniciativa é meio de concretizar também o modelo se ‘processo
cooperativo’, derivado do art. 6º, analisado na perspectiva de relação entre os próprios
órgãos do Judiciário e seus personagens” (2021, p. 166).

O dispositivo legal, portanto, inova a cooperação nacional preconizada pelo CPC


em relação ao CPC de 73, uma vez que tem como função instituir a harmonização
entre juízos, mediante o intercâmbio e o auxílio recíproco de forma célere e eficiente,
já não mais limitado às burocráticas cartas precatórias que tardam demasiado tempo
para viabilizar a comunicação processual.

JURISPRUDÊNCIA

APELAÇÃO CÍVEL - PEDIDO DE ALVARÁ JUDICIAL - AUTOR QUE, QUANDO


MENOR, FOI BENEFICIADO POR INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA DECORRENTE DA
MORTE DE SUA GENITORA - QUANTIA DEPOSITADA EM CONTA JUDICIAL
VINCULADA A UM PROCESSO DA COMARCA DE SANTO AMARO/SÃO PAULO -
SENTENÇA QUE, DIANTE DESSE FATO, JULGOU IMPROCEDENTE O PLEITO
AUTORAL - INOBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA COOPERAÇÃO, DA
CELERIDADE PROCESSUAL E DA PRIMAZIA DA RESOLUÇÃO DO MÉRITO, QUE
INSPIRAM O NCPC - DIFICULDADES DO REQUERENTE EM PLEITEAR A
LIBERAÇÃO DO VALOR NO JUÍZO DE SANTO AMARO/SP - POSSIBILIDADE DE A
MAGISTRADA DE PISO OFICIAR AO JUÍZO MENCIONADO - COOPERAÇÃO
NACIONAL - ARTS. 67 E SEGUINTES NCPC - ANULAÇÃO DO DECISUM -
PROSSEGUIMENTO DO FEITO NA ORIGEM - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO,
POR UNANIMIDADE. (Apelação Cível nº 201900824827 nº único0002346-
03.2012.8.25.0075 - 2ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator (a):
Luiz Antônio Araújo Mendonça - Julgado em 26/11/2019) (TJ-SE - AC:
00023460320128250075, Relator: Luiz Antônio Araújo Mendonça, Data de Julgamento:
26/11/2019, 2ª CÂMARA CÍVEL)

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.AGRAVO DE INSTRUMENTO. CARTA


PRECATÓRIA. EXPEDIÇÃO PARA PENHORA E DEMAIS ATOS DE
EXPROPRIAÇÃO. IMÓVEL NÃO MAIS REGISTRADO EM NOME DO EXECUTADO.
ALEGAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO. MATÉRIA QUE DEVE SER CONHECIDA E
DECIDIDA NA EXECUÇÃO. CARTA PRECATÓRIA QUE CONSISTE EM ATO
PROCESSUAL DE COOPERAÇÃO NACIONAL PARA A PRÁTICA EXCLUSIVA DE
ATO NELA ESPECIFICADO E QUE ESTEJA FORA DO LIMITE DA COMPETÊNCIA
TERRITORIAL DO EMISSOR DA ORDEM JUDICIAL. INTERPRETAÇÃO DO ART.
914, § 2º, DO CPC, QUE POSITIVOU O ENTENTIMENTO JÁ CONSAGRADO PELO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NA SÚMULA 46. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DEPRECANTE, A QUEM CABERÁ CONHECER A TESE DEFENSIVA E DECIDIR A
RESPEITO DO SEU PROCEDIMENTO E MÉRITO. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR
- 16ª C. Cível - 0037359-36.2018.8.16.0000 - Matelândia - Rel.: Desembargador Lauro
Laertes de Oliveira - J. 12.12.2018) (TJ-PR - AI: 00373593620188160000 PR 0037359-
36.2018.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Desembargador Lauro Laertes de Oliveira, Data
de Julgamento: 12/12/2018, 16ª Câmara Cível, Data de Publicação: 14/12/2018)

QUESTÕES

• Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP - 2021
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil
De acordo com o Código de Processo Civil, as causas cíveis serão processadas e
decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de
instituir juízo arbitral, na forma da lei. Quanto a esse tema, é correto afirmar que
A) determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.
B) a competência, obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, é
determinada pelas normas previstas no Código de Processo Civil ou em legislação
especial, pelas normas de organização judiciária, mas não pelas constituições dos
Estados.
C) a ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro em que se encontra o bem.
D) a ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, mas
este não será competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento
de disposições testamentárias.
E) é incompetente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
(Gabarito A)
• Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP - 2021
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Sobre a competência no processo civil, assinale a alternativa correta.
A) A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do autor.
B) Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro de
situação da coisa. O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de
eleição se o litígio recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
C) Após a citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio
do réu.
D) É competente o foro de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive
aeronaves.
E) É competente o foro onde a obrigação deve ser satisfeita para as causas em que seja
autora a União.
(Gabarito B)

Art. 68. Os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para


prática de qualquer ato processual.

Nessa linha, a sistemática do CPC autoriza que a formalização do pedido de


cooperação, em nível nacional, independerá de forma específica e poderá ser
realizada para a prática de qualquer ato processual.

O dispositivo dá grande amplitude ao sistema de cooperação entre os organismos


jurisdicionais e promove a duração razoável do processo (arts. 5º, LXXVIII, CF/88 e
4º, CPC), de modo a facilitar e desburocratizar a prática de atos processuais ou
diligências fora da circunscrição territorial do foro da causa, facilitando o cumprimento
das precatórias ou até mesmo dispensando tal solenidade conforme o caso.

Assim, nas palavras de Humberto Theodoro Júnior, a cooperação entre juízos


busca “facilitar e desburocratizar a prática de atos processuais ou diligências fora da
circunscrição territorial do foro da causa, facilitando o cumprimento das precatórias ou
até mesmo dispensando tal solenidade conforme o caso” (2017, p. 187), na
concretização de um modelo processual célere e eficaz.

JURISPRUDÊNCIA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRÁTICA


DE ATOS CONSTRITIVOS. MATÉRIA AFETADA COMO REPRESENTATIVA DE
CONTROVÉRSIA PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO E. STJ NO JULGAMENTO DO RESP
Nº 1.712.484/SP, Nº 1.694.316/SP E Nº 1.694.261/SP, SOB O RITO DOS RECURSOS
REPETITIVOS, NOS TERMOS DO ARTIGO 1.036, PARÁGRAFO 5º DO CPC/2015.
TEMA 987. ORDEM DE SUSPENSÃO DA TRAMITAÇÃO DOS PROCESSOS
EMANADA DA CORTE SUPERIOR DE JUSTIÇA. SUSPENSÃO DO TRÂMITE DO
AGRAVO DE INSTRUMENTO ATÉ ULTERIOR DECISÃO DO C. STJ APLICAÇÃO DO
ART. 1.037, II DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. Cuida-se de agravo de
instrumento interposto contra decisão proferida pelo Juízo da Sétima Vara Empresarial
da Comarca da Capital que, nos autos de recuperação judicial, assentou que os créditos
de natureza fiscal não estão sujeitos à Recuperação Judicial (art. 6º, § 7º), devendo sua
execução prosseguir plenamente no processo de origem, ressalvado apenas a
competência do Juízo da Recuperação para prática dos atos de constrição sobre os
ativos da Recuperandas, o que pode ser solicitado por meio de carta ou ofício. 2. Ocorre
que a Primeira Seção, do Superior Tribunal de Justiça, em 20.02.2018, no julgamento
da ProAfR no REsp 1694261/SP, de Relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques,
afetou o processo, juntamente com os REsp 1.694.316 e REsp 1.712.484/SP, ao rito
dos recursos repetitivos descrito no Tema 987, no qual se discute a ¿possibilidade da
prática de atos constritivos, em face de empresa em recuperação judicial, em sede de
execução fiscal¿. 3. Outrossim, foi determinada a suspensão nacional de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos (art. 1.037, II, CPC) que versem sobre a
seguinte questão jurídica e que tramitem no território nacional. 4. Deste modo, tendo em
vista que a matéria versada no presente recurso se insere ao objeto da suspensão
determinada pelo Superior Tribunal de Justiça, impõe-se o sobrestamento do recurso
até que seja proferida decisão no recurso especial em questão, em obediência ao
princípio da segurança jurídica. Suspensão do julgamento do recurso que se impõe. (TJ-
RJ - AI: 00354503820198190000, Relator: Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO,
Data de Julgamento: 29/10/2019, OITAVA CÂMARA CÍVEL)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.


AUTORIZAÇÃO JUDICIAL DE ADOLESCENTE PARA PARTICIPAÇÃO EM
ESPETÁCULO PÚBLICO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. QUESTÃO
EXPRESSAMENTE DECIDIDA NO ACÓRDÃO RECORRIDO. PRETENSÃO DE DE
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL AMPLA, GERAL E IRRESTRITA, ATÉ QUE O
ADOLESCENTE ATINJA A MAIORIDADE CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO
CONTIDA NO ART. 149, §2º, DO ECA. REGRA QUE NÃO AUTORIZA, CONTUDO, O
ENTENDIMENTO DE QUE SERIA NECESSÁRIO FORMULAR PEDIDOS INDIVIDUAIS
EM CADA COMARCA DE APRESENTAÇÃO. COMPETÊNCIA DO LOCAL DO
DOMICÍLIO DO ADOLESCENTE FIRMADA NO ART. 147 DO ECA. POSSIBILIDADE
DE O JUÍZO EM CONTRADITÓRIO ESTIPULAR PREVIAMENTE DETERMINADOS
CRITÉRIOS E DIRETRIZES PARA CONCESSÃO DA AUTORIZAÇÃO. PROXIMIDADE
DO JUÍZO COM A ENTIDADE FAMILIAR E NECESSIDADE DE ESTABELECIMENTO
DE CRITÉRIOS UNIFORMES QUE JUSTIFICAM A FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA.
DISTANCIAMENTO FÍSICO ENTRE AS COMARCAS DE AUTORIZAÇÃO E DE
PARTICIPAÇÃO NO EVENTO. IRRELEVÂNCIA. USO ADEQUADO DE
INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA NACIONAL. AUXÍLIO DIRETO E
SIMPLIFICADO ENTRE JUÍZOS. POSSIBILIDADE. 1- Ação ajuizada em 02/10/2019.
Recurso especial interposto em 24/08/2020 e atribuído à Relatora em 26/04/2021. 2- Os
propósitos recursais consistem em definir: (i) se houve omissão relevante no acórdão
recorrido; (ii) se pode o juízo da comarca em que reside o adolescente conceder
autorização judicial mais ampla, fixando desde logo os parâmetros necessários ao
desenvolvimento contínuo da atividade de disc-jockey, de modo a tornar desnecessário
pedido de autorização judicial a cada evento e em cada comarca em que o adolescente
venha a se apresentar. 3- Não há que se falar em omissão quando o acórdão recorrido
efetivamente enfrenta a questão controvertida, ainda que de maneira distinta daquela
pretendida pela parte. 4- A partir da interpretação do art. 149, §2º, do ECA, conclui-se
ser expressamente vedada a concessão de autorização judicial ampla, geral e irrestrita,
para que o adolescente participe de espetáculos públicos até que atinja a sua
maioridade civil, ainda que se faça acompanhar por seus pais ou responsáveis. 5- Da
regra do art. 149, §2º, do ECA, todavia, não se extrai a conclusão jurídica dada pela
sentença e pelo acórdão recorrido à hipótese, no sentido de que seria necessário ao
adolescente que pretenda participar de espetáculos públicos formular pedidos
individuais, a serem examinados e decididos em cada comarca em que ocorrerá a
respectiva apresentação. 6- É admissível que o juízo da comarca do domicílio do
adolescente, competente em virtude da regra do art. 147 do ECA, ao julgar o pedido de
autorização judicial de participação em espetáculo público, que estabeleça previamente
diretrizes mínimas para a participação do adolescente em atividade que se desenvolve
de maneira contínua, fixando, após a oitiva dos pais e do Ministério Público, os
parâmetros adequados para a realização da atividade profissional pela pessoa em
formação. 7- Além da regra impositiva do art. 147 do ECA, a fixação da competência do
juízo da comarca do domicílio do adolescente para a concessão de autorização judicial
que permita a apresentação em espetáculos públicos decorre da proximidade e do
conhecimento existente entre o juízo e a entidade familiar e da necessidade de fixação
de critérios uniformes para a concessão da autorização. 8- O hipotético prejuízo
decorrente da concentração da competência do juízo da comarca do domicílio do
adolescente para autorizar a participação em espetáculos públicos, em especial
em comarcas distintas, pode ser drasticamente reduzido, até mesmo eliminado,
mediante o uso adequado do instituto da cooperação judiciária nacional (arts. 67
a 69, do CPC/15), que permite, de maneira simplificada e pela via do auxílio direto,
o cumprimento de providências e o atendimento de solicitações entre juízos
distintos. 9- Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (REsp 1947740/PR,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/10/2021, DJe
08/10/2021)

QUESTÕES

• Ano: 2021 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: MPE-MG Prova: FUNDEP
(Gestão de Concursos) - 2021 - MPE-MG - Promotor de Justiça Substituto
Assinale a alternativa INCORRETA quanto à cooperação internacional:
A) Cabe aos tratados internacionais disciplinar a cooperação internacional.
B) A reciprocidade pode suprir a ausência de tratados; desnecessária, contudo, na
hipótese de homologação de sentença estrangeira.
C) Devidamente autorizada pela via diplomática, a autoridade central nacional
comunicará ou dará tramitação ao auxílio direto ativo.
D) Ao Ministério Público cabe a adoção de atos à satisfação do pedido de auxílio direto,
quando indicado como autoridade central.
(Gabarito C)

• Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP - 2021
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Acerca da modificação da competência, prevista no Código de Processo Civil, assinale
a alternativa correta.
A) Reputam-se conexas duas ou mais ações quando houver identidade quanto às partes
e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
B) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é
inderrogável por convenção das partes.
C) A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão
decididas sucessivamente.
D) Dá-se a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.
E) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias, caso decididos separadamente,
salvo se não houver conexão entre eles.
(Gabarito B)

Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente


atendido, prescinde de forma específica e pode ser executado como:

I - auxílio direto;

II - reunião ou apensamento de processos;

III - prestação de informações;

IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.

§ 1º As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto


neste Código.

§ 2º Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir,


além de outros, no estabelecimento de procedimento para:

I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;

II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;

III - a efetivação de tutela provisória;

IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e


preservação de empresas;

V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação


judicial;

VI - a centralização de processos repetitivos;

VII - a execução de decisão jurisdicional.

§ 3º O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos


jurisdicionais de diferentes ramos do Poder Judiciário.

De forma a tornar palpável o novo rumo que toma a cooperação nacional externa
com a égide do CPC atual, o art. 69 traz um rol exemplificativo de meios que podem
ser usados como Meios de cooperação jurisdicional. Entre eles, temos:
i. Auxílio direto

ii. Reunião ou o apensamento de processos

iii. Prestação de informações

iv. Atos concertados entre juízes cooperantes

O auxílio direto também serve como ferramenta para viabilizar pedidos de


cooperação jurisdicional nacional. Ele objetiva o intercâmbio direto entre magistrados
ou servidores, sem interferência de qualquer outro órgão ou autoridade. Consiste,
portanto, em uma modalidade mais simplificada de cooperação.

A reunião de processos ocorre nas hipóteses de conexão, bem como quando


existir risco de prolação de decisões conflitantes, de forma que contribui para a
eficiência do poder judiciário. O apensamento, por sua vez, consiste na reunião de
processos para tramitação em conjunto. Em outras palavras, significa anexar um
processo aos autos de outra ação que com ele tenha relação, sem que isso implique
alteração da numeração originária.

A prestação de informações é medida que deve ocorrer sem maiores


formalidades, especialmente com a difusão acerca da utilização de meios eletrônicos
para a prática dos atos processuais.

Por último, os atos concertados ganham destaque com a nova sistemática do


Código, pois tratam de medidas negociadas entre juízos cooperantes com o objetivo
de agilizar o trâmite processual.

Nesses termos, nas palavras de Marcus Vinícius Furtado Coelho: “É perceptível


que, ao codificar a cooperação nacional, o legislador buscou primar pela celeridade e
eficiência processual, bem como pela razoável duração do processo, princípios
fundamentais na Constituição Federal. A desburocratização resultante da cooperação
pode evitar o acúmulo processual e reduzir as custas do processo, beneficiando as
partes, que aguardam pelo veredicto. Todavia, a almejada celeridade processual está
além da letra do Código, portanto, a mera positivação da cooperação jurisdicional
nacional não a torna automaticamente eficaz, devendo ao Poder Judiciário
proporcionar o aparato necessário para viabilizar a aplicação desses dispositivos”.
Normas e Resoluções

Resolução nº 350/2020 do CNJ. Dispõe sobre a Cooperação Nacional.

Portaria nº 40/2012 do CNJ. Designa os membros dos Comitês Executivos Estaduais da Rede
Nacional de Cooperação Judiciária.

Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC)


Enunciado 4 – FPPC. (art. 69, § 1º) A carta arbitral tramitará e será processada no Poder
Judiciário de acordo com o regime previsto no Código de Processo Civil, respeitada a
legislação aplicável. (Grupo: Arbitragem)

Enunciado 5 – FPPC: (art. 69, § 3º). O pedido de cooperação jurisdicional poderá ser realizado
também entre o árbitro e o Poder Judiciário. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por
aclamação).

Legislação Complementar
Art. 103-B, § 4º, I, CF (incluído pela EC 45/2004). O Conselho Nacional de Justiça compõe-
se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
sendo: […] § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do
Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: I - zelar pela
autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

Art. 3º, Lei 11.101/2005 (Lei de Falência). É competente para homologar o plano de
recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local
do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

JURISPRUDÊNCIA

CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO
FEDERAL. AFASTADA. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. DESCONTOS E PREÇOS
DIFERENCIADOS. INFRAÇÃO À ORDEM ECONÔMICA. VENDAS DE LIVROS. LIVRE
CONCORRÊNCIA. RECONVENÇÃO. (...) 11. Os atos objetos da ação não são violados
da ordem econômica, não configuram ilícito, muito menos ato concertado, mas normal,
e razoável a opção estratégica no sentido de assegurar linha isonômica no trato do
mercado jurídico-livreiro. 12. No que tange à reconvenção proposta, não há que se falar
que a providência reclamada está sem a guarida no Direito Objetivo, e que disto violaria
o Estatuto da Advocacia e da OAB. 13. A desconstituição da imunidade tributária
assegurada pela Lei n. 8.906/94 (art. 45, § 50) é matéria que enlaça nova relação
obrigacional, ou seja, entre a CAASC e a Fazenda Pública (Federal, Estadual e
Municipal), não sendo o objeto principal nos autos em apenso, e muito menos se
identifica com as partes legitimadas à principal. 14. A reconvinte deveria incluir a
Fazenda Pública em esfera litisconsorcial, o que ampliaria subjetivamente e,
conseqüentemente, desnaturaria o instituto da reconvenção, conforme entendimentos
majoritários da jurisprudência remansosa. 15. Não é o caso, sub examem, de tutela
transindividual ou metaindividual, de onde surgiria a legitimidade extraordinária da ANL
frente aos seus associados (art. 6º do CPC). (TRF-4 - AC: 001229 SC
2001.72.00.001229-3, Relator: MARGA INGE BARTH TESSLER, Data de Julgamento:
30/03/2011, QUARTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 19/04/2011).

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. AÇÃO MONITÓRIA EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
ACÓRDÃO QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO AO AGRAVO PARA FINS DE MANTER
O ATO DE PENHORA PARA FINS DE ORDEM DE PRIORIDADE, SEM EFEITO DE
BLOQUEIO OU DE EXPROPRIAÇÃO DE VALORES, COM A HABILITAÇÃO DO
CRÉDITO JUNTO AO JUÍZO TRABALHISTA (COCAPE). ARGUIÇÃO DE AUSÊNCIA
DE ANÁLISE DA IMPENHORABILIDADE DE VERBAS DA CONTA DE FGTS DA CEF.
OMISSÃO VERIFICADA. ACOLHIMENTO, NO PONTO, PARA FINS DE
ESCLARECIMENTO, SEM EFEITOS INFRINGENTES, APENAS PARA REGISTRAR A
IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DO AGRAVO NESTA PARTE, SOB PENA
DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
ACOLHIDO, PARA FINS DE INTEGRAÇÃO, SEM EFEITOS INFRINGENTES. (TJPR -
12ª C. Cível - 0027033-46.2020.8.16.0000 - Curitiba - Rel.: Desembargadora Ivanise
Maria Tratz Martins - J. 25.11.2020). (TJ-PR - ED: 00270334620208160000 PR
0027033-46.2020.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Desembargadora Ivanise Maria Tratz
Martins, Data de Julgamento: 25/11/2020, 12ª Câmara Cível, Data de Publicação:
25/11/2020).

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: IADES Órgão: CRF - DF Prova: IADES - 2017 - CRF - DF - Analista
l - Advogado
Sobre jurisdição, competência e cooperação internacional, à luz do Novo Código de
Processo Civil (NCPC), assinale a alternativa correta.
A) A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado
à autoridade judiciária, com exclusividade, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido.
B) Cabe auxílio direto quando a medida decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
C) O ato de apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de
atividade jurisdicional compete ao juízo estadual do lugar em que deva ser executada a
medida.
D) Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à
parte interessada na medida, que a requererá em juízo. Neste sentido, o NCPC veda a
atribuição ao Ministério Público do status de autoridade central, para fins de auxílio
direto.
E) Quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação, o processamento e o julgamento da ação
não competem à autoridade judiciária brasileira. Todavia, tal restrição à jurisdição
nacional não se aplica aos casos de competência internacional exclusiva, como nos
casos relativos a imóveis situados no território da República Federativa do Brasil.
(Gabarito E)

• Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2019 - TRF - 3ª
REGIÃO - Técnico Judiciário – Administrativa.
De acordo com o Código de Processo Civil, o pedido de cooperação jurisdicional, no
âmbito nacional:
A) exige forma prevista em lei, podendo ser executado como atos concertados entre os
juízes cooperantes.
B) exige forma prevista em lei, podendo ser executado como prestação de informações.
C) exige forma prevista em lei, podendo ser executado como reunião de processos.
D) prescinde de forma específica, podendo ser executado como auxílio direto.
E) prescinde de forma específica, desde que realizado entre órgãos jurisdicionais do
mesmo ramo do Poder Judiciário.
(Gabarito D)

LIVRO III

DOS SUJEITOS DO PROCESSO

TÍTULO I

DAS PARTES E DOS PROCURADORES

CAPÍTULO I

DA CAPACIDADE PROCESSUAL

Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem
capacidade para estar em juízo.

Em linhas gerais, a capacidade é subdividida em três espécies: a) capacidade


de ser parte (atributo para que o sujeito se torne titular da relação jurídica); b)
capacidade de estar em juízo (aptidão da parte para prática de atos processuais); e,
c) capacidade postulatória (capacidade para prática de atos de natureza técnica,
executados pelos procuradores, lembrando que o Ministério Público tem capacidade
postulatória).

Nestes termos, observa-se que o presente dispositivo, analisado em conjunto


com o artigo 71, disciplina a questão afeta ao sujeito que pode estar em juízo, ou
seja, terá capacidade processual (capacidade para estar em juízo) toda pessoa que
se encontrar no exercício de seus direitos.

A capacidade processual é requisito de validade do processo e representa a


aptidão para praticar atos processuais independentemente de assistência ou
representação. Tal capacidade pressupõe, obviamente, a capacidade de ser parte
(personalidade judiciária), mas a recíproca não é verdadeira. Ou seja, tem simetria
com a capacidade civil - aptidão para prática de atos civis, mas não se confundem.

No que se refere a pessoa jurídica, a capacidade de estar em juízo decorre do


registro dos atos constitutivos.

A capacidade de ser parte (personalidade judiciária ou personalidade jurídica)


diz respeito à capacidade do sujeito de gozo e exercício de direitos e obrigações (art.
1.º do CC), existindo para as pessoas físicas, pessoas jurídicas, pessoas formais (art.
75 do CPC), e para a maioria dos entes despersonalizados, tais como as mesas dos
corpos legislativos, as Casas Legislativas ou os Tribunais de Contas, desde que
atuem na defesa de seus interesses estritamente institucionais, ou seja, concernentes
à sua organização e funcionamento.

Registre-se a amplitude da capacidade de ser parte, que nem sempre vem


acompanhada da capacidade de estar em juízo, como ocorre com os incapazes, que
têm capacidade de ser parte, mas necessitam de um representante processual na
demanda por lhes faltar capacidade de estar em juízo.

Nos casos em que a parte for relativa ou absolutamente incapaz (arts. 3º e 4º


do CC) e em outras hipóteses enumeradas no CPC (art. 72), a capacidade precisa ser
integrada pelos institutos da assistência, representação ou curadoria especial.

O incapaz pode figurar como autor ou réu em uma demanda, mas, se não tiver
representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, o juiz deverá
nomear lhe curador especial (art. 72, I do CPC).

Segundo Scarpinella Bueno (2021, p. 147-175), podemos esquematizar a


capacidade da seguinte forma:

Capacidade de estar em juízo: “[...] Capacidade de ser parte: “[...] corresponde


corresponde à capacidade de exercício do à capacidade de ter direitos e obrigações na
direito civil, vale dizer, à verificação sobre ordem civil, como dispõe o art. 1º do CC. Só
em que condições o titular de direitos no aquele que, por força da lei civil, pode
plano material pode, validamente, exercê- contrair obrigações (assumir direitos e ter
los. Se é verdade que todo aquele que tem deveres), isto é, ser sujeito de direitos, pode
capacidade jurídica ou de gozo, ou seja, ser considerado titular de uma relação
capacidade de ser titular de direitos e jurídica a ser levada ao Estado-juiz. É o
obrigações, na esfera civil, tem também objeto do art. 70”.
capacidade de ser parte, isso significa dizer,
no entanto, que o exercício desses direitos,
no plano processual, não precise, por vezes,
ser integrado ou complementado por outro
agente, do mesmo modo que ocorre no
plano material. É disso que trata o art. 71
que, em verdade, importa para o plano do
processo, as formas de integração ou de
complementação do plano material,
inclusive as novidades pela Lei nº
13.146/2015, que instituiu o Estatuto da
Pessoa com Deficiência”.

Súmulas

Súmula 525 do STJ. A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.

Legislação Complementar
Art. 4º do CC. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em
tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por
legislação especial.

Art. 5º do CC. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores,
a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo
exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Art. 6º da Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). A deficiência não afeta a
plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável; II -
exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o número de
filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV
- conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à
família e à convivência familiar e comunitária; e, VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à
curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas.

Art. 8º da Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais). Não poderão ser partes, no processo
instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas
públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. § 1o Somente serão admitidas a propor
ação perante o Juizado Especial: I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de
direito de pessoas jurídicas; II - as pessoas enquadradas como microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no
123, de 14 de dezembro de 2006; III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; IV
- as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de
14 de fevereiro de 2001; § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por
advogado, quando a causa o recomendar.

JURISPRUDÊNCIA

LEGITIMIDADE ATIVA. CAPACIDADE PROCESSUAL. DIFERENCIAÇÃO. ARTIGOS


17, 18 E 70, DO CPC. A legitimidade ativa pressupõe a pertinência subjetiva da
demanda, e cabe ao titular do direito afirmado, diante da resistência oposta por outrem
(artigos 17 e 18, do CPC). Por sua vez, a capacidade processual é a aptidão para agir
em juízo. Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para
estar em juízo (art. 70, do CPC). In casu, a personalidade jurídica do sindicato e sua
capacidade de pleitear em juízo não se maculam por eventual irregularidade formal da
eleição de sua diretoria corrente, uma vez cumpridas as anteriores formalidades legais
que lhe conferiram a personalidade jurídica de direito privado para o livre exercício de
seus direitos. (TRT-3 - RO: 00102236420185030101 0010223-64.2018.5.03.0101,
Relator: Convocado Eduardo Aurelio P. Ferri, Segunda Turma)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXECUÇÃO - PESSOA JURÍDICA - EXTINÇÃO ANTES


DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO - CAPACIDADE PROCESSUAL - EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. A capacidade para estar em juízo é pressuposto de
validade do processo. 2. A pessoa jurídica extinta antes do ajuizamento da ação não
possui capacidade processual para figurar no polo passivo. (TJ-MG - AC:
10000204640924001 MG, Relator: José Américo Martins da Costa, Data de
Julgamento: 22/04/2021, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
29/04/2021)
QUESTÕES

• Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: FUNPRESP-EXE Prova: CESPE - 2016 -


FUNPRESP-EXE - Especialista - Área Jurídica
Acerca da capacidade postulatória e do litisconsórcio, julgue o item a seguir.
A capacidade postulatória, definida como a autorização legal para atuar em juízo, é
prerrogativa de advogados públicos e privados e defensores públicos, por exemplo.
Certo
Errado
(Gabarito Certo)
Segundo Diddier: "Alguns atos processuais, porém, além da capacidade processual, exigem do
sujeito uma capacidade técnica, sem a qual não é possível a sua realização válida. É como se
a capacidade, requisito indispensável à prática dos atos jurídicos, fosse bipartida: a) capacidade
processual; b) capacidade técnica. A essa capacidade técnica dá-se o nome de capacidade
postulatória. Frise-se: há atos processuais que não exigem a capacidade técnica, (por exemplo,
o ato de testemunhar e o ato de indicar bens à penhora); a capacidade postulatória somente é
exigida para a prática de alguns atos processuais, os postulatórios (pelos quais se solicita do
Estado-juiz alguma providência)" (2015, página 331)

• Ano: 2016 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2016 - MPE-PR -
Promotor Substituto
Sobre a disciplina dos sujeitos do processo, de seus direitos e deveres, no Código de
Processo Civil de 2015, assinale a alternativa correta:
A) A capacidade para estar em juízo é exclusiva dos maiores de dezoito anos, dos
menores cuja incapacidade cessou por conta das hipóteses legais do Código Civil e
das pessoas jurídicas;
B) O menor de idade tem capacidade para estar em juízo, mas não possui capacidade
processual;
C) A ação reipersecutória de bem imóvel não exige citação do cônjuge casado em
comunhão universal, pois não é ação possessória;
D) A parte que age de má-fé, como o autor que altera a verdade dos fatos ao narrá-los
na petição inicial, será punida com multa superior a um por cento e inferior a dez por
cento do valor corrigido da causa, não se cumulando nenhuma outra consequência
jurídica pelo ato praticado;
E) Como o benefício da gratuidade da justiça depende da demonstração de prejuízo
próprio ou da família, considera-se que essa garantia de acesso à justiça é válida
apenas para pessoas físicas.
(Gabarito B)

Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor
ou por curador, na forma da lei.

Não tem capacidade de estar em juízo quem não dispõe de aptidão civil para
praticar atos jurídicos materiais, como os menores.
A doutrina assim dispõe: “O incapaz não tem capacidade de estar em juízo, ad-
quirindo-a no caso concreto pela presença de seus pais, tutor ou curador, na forma
da lei. É preciso observar que a incapacidade civil relativa e absoluta é resolvida no
âmbito das relações jurídicas de direito material, com a intervenção de um assistente
ou um representante, respectivamente. No âmbito processual, a representação impor-
tará a realização de atos de parte exclusivamente pelo representante, enquanto na
assistência haverá realização conjunta dos atos. A distinção de o incapaz ser repre-
sentado ou assistido é novidade do art. 71 do Novo CPC, já que o art. 8o do CPC/1973
se limita a prever a circunstância de o incapaz ser representado em juízo. Ainda assim,
é mais adequada a manutenção do termo “representante processual”, que além de
devidamente consagrado, independentemente de se tratar de incapacidade absoluta
ou relativa, evita confusões com o terceiro interveniente pela assistência, chamado de
assistente” (NEVES, 2016, p. 98).

Da mesma forma que se passa com a incapacidade civil, supre-se a


incapacidade processual por meio das figuras jurídicas da representação, assistência
e curadoria.

Sempre que a parte for civilmente incapaz, embora regularmente representada


ou assistida, haverá necessidade de intervenção do Ministério Público no processo,
sob pena de nulidade (arts. 178, II, e 279), intervenção essa que se dará a título de
fiscal da ordem jurídica e não como parte, temas que serão melhor abordados
oportunamente.

Em linhas gerais, o dispositivo ora analisado segue o seguinte raciocínio:


JURISPRUDÊNCIA

Recurso Eleitoral. Requerimento de alistamento eleitoral. Preliminar de ausência de


capacidade postulatória da subscritora da peça recursal (suscitada de ofício). Recurso
interposto por recorrente menor de 18 anos de idade. Necessidade de que seja assistida
por seus genitores, por não ter a capacidade de, por si só, estar em juízo, na forma do
art. 71 do CPC. Determinada sua intimação para regularização, a advogada não trouxe
aos autos a procuração assinada pela recorrente e sua genitora, configurando a
irregularidade da representação processual. Art. 76, § 2º, inciso I, do CPC. Exigência da
regularidade da representação da parte como requisito para conhecimento do recurso.
Recurso não conhecido. (TRE-MG - RE: 060004779 CUPARAQUE - MG, Relator:
PATRICIA HENRIQUES RIBEIRO, Data de Julgamento: 21/01/2021, Data de
Publicação: DJEMG - Diário de Justiça EletrônicoTREMG, Data 27/01/2021)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO - COMUNICAÇÃO SOBRE O


FALECIMENTO DE UM DOS AUTORES NO CURSO DO PROCESSO -SUCESSÃO
PROCESSUAL - NÃO APRECIAÇÃO - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
- PROCESSAMENTO DO FEITO COM PARTE FALECIDA - IMPOSSIBILIDADE -
FALECIMENTO DA GENITORA QUE REPRESENTA O FILHO MENOR -
REGULARIZAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO - INOCORRÊNCIA - AUSÊNCIA DE
REGULARIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DO FILHO MENOR, POR MEIO DE SEU
REPRESENTANTE, E DOS FILHOS QUE ATINGIRAM A MAIORIDADE, JUNTO À
DEFENSORIA PÚBLICA - NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO PARA
REPRESENTAÇÃO - SENTENÇA QUE DECIDE A CAUSA EM RELAÇÃO A QUEM
NÃO É PARTE - NULIDADE PARCIAL DO PROCESSO. - Deve ser decretada a
nulidade parcial do processo, se, em seu curso, foi comunicado o falecimento de uma
autora, a genitora dos demais requerentes, e o Juiz, ignorando tal informação, conduziu
o feito e proferiu sentença sem adotar as medidas para proceder à habilitação dos
sucessores da falecida, sem exigir a regularização da representação processual do
único filho, autor, que ainda é menor, e sem exigir a regularização da situação junto à
Defensoria Pública, que patrocina a causa, mediante a apresentação de autorização
dos autores que atingiram a maioridade e de autorização do filho ainda menor, por meio
de seu representante. Ademais, a sentença decidiu a lide em relação a quem não é
parte, pois incluiu dois filhos da falecida, que não são autores. como beneficiários da
obrigação imposta à ré. (TJ-MG - AC: 10024121242770002 MG, Relator: Moreira Diniz,
Data de Julgamento: 02/07/2020, Data de Publicação: 03/08/2020)

QUESTÕES

• Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: SEFAZ-SC Prova: FCC - 2018 - SEFAZ-SC - Auditor-
Fiscal da Receita Estadual - Gestão Tributária (Prova 3)
Quanto aos sujeitos do processo, é correto afirmar:
A) Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz de imediato extinguirá o processo, por falta de pressuposto essencial de
admissibilidade.
B) Nem toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para
estar em juízo, o que pressupõe capacidade postulatória.
C) O juiz nomeará curador especial ao réu preso, revel ou não, bem como ao citado
com hora certa ou por edital, desde que os direitos sejam indisponíveis.
D) Os cônjuges não necessitam do consentimento um do outro para propor qualquer
ação, de direito pessoal ou real, seja qual for o regime matrimonial de bens, pois são
isonômicos os seus direitos.
E) Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticados.
(Gabarito E)

• Ano: 2019 Banca: AMEOSC Órgão: Prefeitura de São Miguel do Oeste - SC Prova:
AMEOSC - 2019 - Prefeitura de São Miguel do Oeste - SC - Advogado.
Julgue os itens a seguir sobre a capacidade processual de acordo com o Código de
Processo Civil:
I - O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens;
II - Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz julgará extinto o processo sem julgamento de mérito;
III - O incapaz tem capacidade para estar em juízo independente de assistência ou
representação;
IV - Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticados.
Dos itens acima:
A) Apenas os itens II e IV estão corretos.
B) Apenas os itens I e IV estão corretos.
C) Apenas os itens II e III estão corretos.
D) Apenas os itens I e II estão corretos.
(GABARITO B)

Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:

I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste


colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;

II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora
certa, enquanto não for constituído advogado.

Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública,


nos termos da lei.

O curador especial é representante processual da parte incapaz designado pelo


juiz da causa para aquele determinado processo. É uma representação ad hoc, ou
seja, ele representa apenas naquele determinado processo, enquanto durar a
incapacidade.
Quando o incapaz não tiver representante legal ou em conflito – quando o juiz
vê que o representante legal está atuando no processo de forma contrária ao interesse
do incapaz – será nomeado curador.

O inciso II, nada tem a ver com o assunto capacidade processual. A justificativa
para sua previsão conjunta com o inciso I, é somente pelo intuito comum a ambas:
prestar tutela à paridade de armas no processo civil. Neste ponto, não basta ser réu
preso. Exige-se à revelia, ao contrário do que o CPC/73 que ampliava a qualquer réu.
Curador especial somente se justifica se o curatelado não tiver advogado (nos casos
do inciso II). Atuação enquanto não houver advogado constituído nos autos.

A Defensoria Pública tem como função institucional atuar como curador


especial. Somente se não houver defensor público na Comarca é que se nomeará
outra pessoa para ser curador especial, qualquer pessoa capaz, mas normalmente se
designa um advogado.

Curatela é uma função pública de defesa de alguém. Ou seja, se não defender


o juiz terá de nomear outro, bem como em caso de negligência deste curador.

O curador especial não é parte, ele é apenas representante da parte, a parte é


o curatelado, tem poderes apenas de condução do processo (contestação, recorrer,
manifestar sobre as provas à atua na gestão do processo), não podendo dispor do
direito discutido, não pode demandar (não pode reconvir).

Nesse sentido, entende a doutrina: “O curador especial tem como função defen-
der os interesses da parte no processo quando assim disciplinado por lei. Ao ser no-
meado pelo juiz, condição sine qua non para que exista, o curador especial legitima-
se a exercer todas as situações jurídicas passivas e ativas da parte por ele tutelada,
exercendo um munus público exclusivamente dentro do processo” (NEVES, 2016, p.
99).

Contudo, se admite que o curador especial oponha embargos à execução e


interponha mandado de segurança contra ato judicial, pois ambas as condutas são de
defesa.
Súmulas

Súmula 196 do STJ. Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel,
será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.

Legislação Complementar
Art. 134 da CF. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamen-
talmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. § 1º Lei
complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios
e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, pro-
vidos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus
integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribui-
ções institucionais. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia fun-
cional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabe-
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º; § 3º
Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal; § 4º São
princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96
desta Constituição Federal.

Art. 135 da CF. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste
Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º.

Lei Complementar nº 80/1994. Lei Orgânica da Defensoria Pública.

JURISPRUDÊNCIA

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. PLEITO DE REDUÇÃO DO


ENCARGO ALIMENTAR. PRELIMINAR MINISTERIAL. DESCONSTITUIÇÃO DE
SENTENÇA E NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL. ACOLHIMENTO. SENTENÇA
DESCONSTITUÍDA. PREJUDICADA A ANÁLISE DO MÉRITO
RECURSAL.PRELIMINAR ACOLHIDA PARA DESCONSTITUIR A SENTENÇA, EM
RAZÃO DE EVIDENTE CONFLITO DE INTERESSES ENTRE REPRESENTANTE E
REPRESENTADA, SENDO IMPOSITIVA A NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL
PARA SALVAGUARDAR OS DIREITOS DA ALIMENTANDA. REPRESENTANTE
LEGAL QUE, TENDO SIDO DEVIDAMENTE CITADA, DEIXOU DE APRESENTAR
CONTESTAÇÃO, SENDO-LHE DECRETADA A REVELIA. PRELIMINAR ACOLHIDA.
SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. PREJUDICADO O MÉRITO DO RECURSO. (TJ-RS
- AC: 70085201101 RS, Relator: José Antônio Daltoe Cezar, Data de Julgamento:
08/09/2021, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: 13/09/2021)

Apelação cível. Ação de guarda de menor, regulamentação de visitas e alimentos.


Guarda deferida em favor da mãe, com fixação de regime de visitas paternas. Alimentos
arbitrados em 1/3 dos rendimentos líquidos do genitor ou o equivalente a 114% do
salário mínimo, em caso de desemprego ou trabalho autônomo. Insurgência do
alimentante. Pedido para redução do encargo, na hipótese de ausência de vínculo
laboral. Réu revel preso. Aplicação do artigo 72, II, CPC. Apresentação de defesa por
Curador Especial. Não aplicação dos efeitos da revelia. Alimentos. Aplicação dos artigos
1.566 e 1.694 do Código Civil e artigo 229 da Constituição Federal. Necessidades dos
menores que são presumidas, em razão da incapacidade de autossustento. Alimentos
fixados em patamar excessivo para a capacidade financeira e laborativa do genitor que,
egresso do sistema prisional e desempregado, exerce atividades eventuais de cuidador
de veículos e jardinagem. Possibilidade de redução da obrigação para 70% do salário
mínimo, considerando a obrigatória contribuição da genitora para sustento dos três
filhos. Sentença parcialmente reformada. Resultado. Recurso parcialmente provido. (TJ-
SP - AC: 10093471620198260506 SP 1009347- 16.2019.8.26.0506, Relator: Edson
Luiz de Queiróz, Data de Julgamento: 08/09/2021, 9ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 08/09/2021)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TRT - 21ª Região (RN) Prova: FCC - 2017 - TRT - 21ª
Região (RN) - Analista Judiciário - Área Judiciária
De acordo com o novo Código de Processo Civil, o juiz nomeará curador especial:
A) ao preso, seja ele autor ou réu.
B) ao réu preso, desde que revel.
C) a todo réu revel.
D) ao réu revel citado por edital, mas não ao revel citado com hora certa.
E) a toda pessoa menor de 18 anos, seja ela autora ou ré. (Gabarito B).

• Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM
- Assistente Judiciário
Acerca dos sujeitos do processo, julgue o item seguinte.
Se os interesses do incapaz colidirem com aqueles do seu representante legal, o juiz
nomeará um curador especial.
Certo
Errado
(Gabarito Certo)
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor
ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o
regime de separação absoluta de bens.

§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:

I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o
regime de separação absoluta de bens;

II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato


praticado por eles;

III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;

IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção


de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.

§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu


somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos
praticado.

§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos


autos.

O artigo regulamenta a capacidade processual das pessoas casadas, definindo


a doutrina: “Em rigor não se trata de disciplina relativa à capacidade de ser parte ou
de estar em juízo (legitimação processual), mas, mais ampla e genericamente, à
legitimidade para agir dos cônjuges. De qualquer sorte, a regra relativa à legitimidade
ativa está no caput do art. 73: o cônjuge necessitará de consentimento do outro para
postular sobre direito real imobiliário. A mesma regra dispensa expressamente a
necessidade de consentimento – e o faz corretamente na perspectiva do plano
material – quando os cônjuges forem casados sob o regime de separação absoluta
de bens” (SCARPINELLA BUENO, 2021, p, 175).

Pois bem. A primeira mudança é a adequação do Código de Processo Civil ao


Código Civil, tendo em vista que o CPC/73 era um espelho do CC/16.

Entretanto, ainda reside a dúvida em saber se a ressalva se aplica somente à


separação convencional ou também à separação legal, por conta do teor da Súmula
377 do STF.
Para F. Didier a redação não faz distinção, sendo aplicada tanto aos casos de
separação convencional quanto aos casos de separação legal.

Quanto ao teor do § 3º, note-se que a União Estável é uma situação de fato,
tendo como marca a informalidade (inclusive sendo essa sua grande vantagem), o
que faz desse artigo um grande problema, pois não é exatamente controlável,
tampouco pública a situação de União Estável.

Didier interpreta no sentido de que “comprovada nos autos” exige a


comprovação por documento averbado no registro civil, tal como regulamentado pelo
CNJ, que daria publicidade e eficácia perante terceiros (Provimento nº 37 do CNJ).

Já na visão de Scarpinella Bueno:” O mesmo regime jurídico, de participação


conjunta dos cônjuges, aplica-se aos casos de união estável (art. 73, § 3º), regra
absolutamente coerente com o ordenamento jurídico brasileiro. O que é questionável,
do ponto de vista legislativo de produção do CPC 2015, é a exigência de que essa
união estável esteja ‘comprovada nos autos’, o que só apareceu na versão final do
texto, sem correspondência nos Projetos de lei do Senado e da Câmara. Para superar
o vício, contudo, é suficiente interpretar o dispositivo no sentido se a união estável ser
comprovável, isto é, que aquele estado seja passível de comprovação nos autos. E
se tratar de união entre pessoas do mesmo sexo ou, ainda, se se tratar de união
poliafetiva? São perguntas que podem ser formuladas pertinentemente pelo prezado
leitor. A aplicação do mesmo regime prescrito no referido § 3º é de rigor. Não há
espaço para qualquer discriminação ou exceção nesse sentido, pouco importando o
silêncio da lei acerca da questão” (2021, p. 176-177).

Percebe-se, portanto, que os reflexos da aplicação do § 3º ainda serão muito


discutidos pela doutrina e pela jurisprudência até a pacificação do tema.

Súmula
Súmula 377 do STF. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na
constância do casamento.
Provimento CNJ

Provimento nº 37 do CNJ. Dispõe sobre o registro de união estável, no Livro "E", por Oficial
de Registro Civil das Pessoas Naturais.

Legislação Complementar
Art. 226, § 3º, da CF. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 3º
Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

Art. 1.643 do CC. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro: I -


comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; II - obter, por
empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644 do CC. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam
solidariamente ambos os cônjuges.

Art. 1.663 do CC. A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges. §
1º. As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens comuns e
particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver
auferido. § 2º. A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito,
que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns. § 3º. Em caso de malversação dos
bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges.

JURISPRUDÊNCIA

AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO QUE DEIXA DE


IMPUGNAR ESPECIFICAMENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO ORA
AGRAVADA. INCIDÊNCIA DOS ARTS. 932, III, E 1.021, § 1º, DO CPC/2015 E DA
SÚMULA 182 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO CONHECIDO. 1. Inexistindo
impugnação específica, como seria de rigor, aos fundamentos da decisão ora agravada,
essa circunstância obsta, por si só, a pretensão recursal, pois, à falta de contrariedade,
permanecem incólumes os motivos expendidos pela decisão recorrida. Incide na
espécie o disposto no arts. 932, III e 1.021, § 1º, do Código de Processo Civil de 2015
e a Súmula n. 182 do Superior Tribunal de Justiça. 2. É inadmissível o recurso especial,
quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso
não abrange todos eles. Aplicação por analogia da Súm. 283 do STF. 3. O CC/1916
estabelecia um prazo prescricional (decadencial) de quatro anos, contados da
dissolução da sociedade conjugal, a ação para desobrigar ou reivindicar os imóveis do
casal, quando o marido os gravou, ou alienou sem outorga uxória, conforme art. 178,
§9°, I, "a" ou em caso de erro, dolo, simulação ou fraude, do dia em que se realizou o
negócio jurídico, nos termos do art. 178, § 9° V, b. 4. Na hipótese, o ato que se pretende
declarar nulo foi praticado em 26 de novembro de 1975, a dissolução da sociedade
conjugal se deu em 09 de novembro de 1990 e a presente ação foi proposta apenas em
24 de agosto de 2005, restando consumado o prazo prescricional para anulação do
referido negócio jurídico. 5. Ademais, na espécie, em havendo expresso consentimento
do cônjuge - outorga uxoria - por meio de procuração para alienação do bem, não há
falar em nulidade do ato. Entender de forma diversa do acórdão recorrido para
reconhecer que não havia procuração específica com outorga uxória e consentimento
para venda do imóvel demandaria o revolvimento fático-probatório dos autos, o que
encontra óbice na Súm 7 do STJ. 6. Agravo interno não conhecido. (AgInt no REsp
1673559/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
27/10/2020, DJe 12/11/2020)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. NECESSIDADE CONSENTIMENTO


CÔNJUGE. INTELIGÊNCIA ARTIGO 73 CPC. JUSTO MOTIVO PARA RECUSA.
USUCAPIÃO FAMILIAR NÃO APLICÁVEL AO CASO. RECURSO IMPROVIDO.
Conforme certidão de casamento acostada no mov. 12.2, a autora se1. encontra casada
com o Sr. MARCOS ANTONIO CHICARELI, desde 1998, sob o regime de comunhão
parcial de bens, sendo indispensável, portanto, a sua presença no polo ativo da
presente demanda, nos termos do artigo 73 do Código de Processo Civil. 2. Em
momento algum requer a apelante prazo para exibir o consentimento do seu
cônjuge, havendo justos motivos para que este não seja concedido, visto que se
encontram no polo passivo da presente demanda os seus genitores, sendo
inaplicável, portanto, o caput do artigo 74, CPC. 3. Por fim, tampouco cabível o
reconhecimento da usucapião familiar, eis que o imóvel não está registrado em
nome do seu cônjuge, que sequer foi incluído no polo passivo da demanda. (TJPR
- 18ª C.Cível - 0002808-91.2018.8.16.0109 - Mandaguari - Rel.: Desembargador
Marcelo Gobbo Dalla Dea - J. 21.11.2018)

QUESTÕES

• Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova: FCC - 2016 -
Prefeitura de Campinas - SP - Procurador
Em relação à capacidade processual, é correto afirmar:
Alternativas
A Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz extinguirá o processo na primeira hipótese e suspendê-lo-á na hipótese de
irregularidade.
B O juiz nomeará curador especial ao réu preso revel, bem como ao réu revel citado
por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
C Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação que verse sobre
direto real, mobiliário ou imobiliário.
D A falta de consentimento de um cônjuge a outro, para ajuizamento de demandas,
quando necessário mas não suprido pelo juiz, caracteriza mera irregularidade
processual.
E A sociedade ou associação sem personalidade jurídica pode opor a irregularidade de
sua constituição quando demandada, por não possuir capacidade postulatória.
(Gabarito B)
• Ano: 2018 Banca: IDHTEC Órgão: CRQ - 19ª Região (PB) Prova: IDHTEC - 2018 -
CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado
Sobre a capacidade processual das partes, assinale a alternativa correta no que tange
a atuação do cônjuge da parte processual.
Alternativas
A É sempre indispensável ao cônjuge o consentimento do outro para propor ação que
verse sobre direito real imobiliário.
B Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
dispensável nas hipóteses de composse ou de ato praticado por ambos.
C É dispensável a citação de ambos os cônjuges para a ação resultante de fato que
diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles.
D Na ação que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus
sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges, a citação de ambos os cônjuges é
necessária.
E É dispensável a citação de ambos os cônjuges para a ação fundada em dívida
contraída por apenas um dos cônjuges a bem da família.
(Gabarito D)

Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente


quando for negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe
seja impossível concedê-lo.

Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não


suprido pelo juiz, invalida o processo.

Observe-se que o art. 73 não traz uma hipótese de litisconsórcio ativo


necessário, porquanto não há como constranger alguém a demandar como autor. Por
isso, é que o art. 74 permite que o consentimento seja suprido pelo juiz, quando, sem
justo motivo, um dos cônjuges negar a outorga ou quando estiver impossibilitado de
concedê-la.

O novo CPC traz, ainda, a possibilidade de o juiz determinar a intimação pessoal


do cônjuge preterido para se manifestar sobre a concessão da outorga, no prazo de
quinze dias. Nessa hipótese, não havendo manifestação no prazo indicado, o silêncio
do cônjuge importará consentimento tácito, não havendo necessidade de suprimento
judicial.

Importante mencionar que o reconhecimento da nulidade prevista no parágrafo


único, exige prévia intimação do outro cônjuge (companheiro) para suprir o vício, com
a advertência sobre o significado de sua omissão. A invalidade do processo pressupõe
prejuízo, a ser constatado (ou não) no caso concreto.
Entretanto, vale ressaltar a crítica doutrinária quanto à redação do parágrafo
único: “O dispositivo é sofrível e merecia uma revisão mais cuidadosa. Tratando-se
de processo de jurisdição voluntária com o único objeto de conseguir o suprimento da
autorização, caso o juiz entenda que o motivo de recusa é justa ou não há a
impossibilidade apontada pelo autor, simplesmente julgará improcedente o pedido do
autor. Por outro lado, caso o autor resolva ingressar com a ação real imobiliária e
buscar nesse processo o suprimento judicial, sua não obtenção não gera a invalidade
do processo, mas sua extinção por sentença terminativa por sua falta de capacidade
de estar em juízo” (NEVES, 2016, p. 104-105).

Legislação Complementar
Art. 1.648 do CC. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um
dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

Art. 1.649 do CC. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647),
tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois
anos depois de terminada a sociedade conjugal. Parágrafo único. A aprovação torna válido o
ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.

JURISPRUDÊNCIA

AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTROS – SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA –


ANTERIOR ALTERAÇÃO ADMINISTRATIVA DE SEXO E PRENOME NO REGISTRO
DE NASCIMENTO – PROPÓSITO DE QUE TAMBÉM SEJAM ALTERADOS OS
REGISTROS DE CASAMENTO, COM AVERBAÇÃO DE DIVÓRCIO, E NASCIMENTO
DE DESCENDENTE MENOR – IMPOSSIBILIDADE DE ANUÊNCIA DO FALECIDO
EX-CÔNJUGE – CONSENTIMENTO SUPRIDO JUDICIALMENTE. Apelação cível
desprovida. (TJPR - 17ª C.Cível - 0001370-43.2020.8.16.0179 - Curitiba - Rel.:
DESEMBARGADORA ELIZABETH MARIA DE FRANCA ROCHA - J. 16.03.2021)

APELAÇÃO CÍVEL – ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO - CÔNJUGES CASADOS


SOB O REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS - AUSÊNCIA DE OUTORGA
UXÓRIA – CONSENTIMENTO SUPRIDO – SENTENÇA EXTRA PETITA. 1. O sistema
processual vigente é regido pelo princípio da adstrição ou da congruência, segundo o
qual deve haver necessária correlação entre o pedido, a causa de pedir e o provimento
judicial. 2. Hipótese em que o apelante requereu a declaração de nulidade da escritura
de cessão de direitos que envolve o imóvel descrito nos autos, bem como a condenação
dos apelados em perdas e danos, ao passo que o MM. Juiz de 1º Grau julgou
improcedentes os pedidos contidos na inicial e declarou suprida a outorga do recorrente
no negócio realizado, ao argumento de seu consentimento tácito desde a autorização
judicial pelo juízo da 2ª Vara de Baixo Guandu, bem como, ainda, diante da ausência
de prejuízo ao mesmo. 3. Caso os apelados quisessem que a outorga fosse suprida
judicialmente, deveriam ajuizar ação de autorização judicial para tal desiderato
(CPC⁄1973, arts. 1.647 e 1.648). 4. Preliminar de sentença extra petita acolhida.
Sentença anulada. (TJ-ES - APL: 00010989320068080007, Relator: FABIO CLEM DE
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 14/06/2016, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 22/06/2016)

QUESTÕES
• Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Câmara de São Miguel Arcanjo - SP Prova:
VUNESP - 2019 - Câmara de São Miguel Arcanjo - SP - Procurador Legislativo
No que diz respeito à capacidade processual dos cônjuges, assinale a alternativa
correta.
Alternativas
A O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de comunhão total de bens.
B Basta a citação de apenas um dos cônjuges para ações que tenham por objeto o
reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos
os cônjuges.
C Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para ação resultante de fato que
diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles, desde que casados
pelo regime de separação absoluta de bens.
D Para as ações fundadas em dívida contraída por um dos cônjuges relativa a bem da
família, basta a citação do cônjuge que contraiu a dívida.
E Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.
(Gabarito E)

• Ano: 2017 Banca: FMP Concursos Órgão: MPE-RO Prova: FMP Concursos - 2017 -
MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto
Levando em consideração o disposto no Código de Processo Civil no que diz respeito
à capacidade processual, assinale a alternativa CORRETA.
A O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, independentemente do regime de bens.
B Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação que verse sobre
direito real sobre bens móveis.
C Poderá haver a citação de apenas um dos cônjuges para ação fundada em dívida
contraída por um dos cônjuges a bem da família.
D Poderá haver a citação de apenas um dos cônjuges para ação que tenha por objeto
o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de
ambos os cônjuges.
E O juiz nomeará curador especial ao réu preso revel, bem como ao réu revel citado
por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
(Gabarito E)
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão


vinculado;

II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;

III - o Município, por seu prefeito ou procurador;

IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente


federado designar;

V - a massa falida, pelo administrador judicial;

VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

VII - o espólio, pelo inventariante;

VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos


designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;

IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem


personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de
seus bens;

X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou


administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no
Brasil;

XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.

§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão


intimados no processo no qual o espólio seja parte.

§ 2º A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá


opor a irregularidade de sua constituição quando demandada.

§ 3º O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa


jurídica estrangeira a receber citação para qualquer processo.

§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso


recíproco para prática de ato processual por seus procuradores em favor
de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas
procuradorias.
O art. 75 do CPC trata da representação necessária para que as entidades
ali mencionadas possam estar em juízo tanto na qualidade de autoras quanto na
qualidade de rés.

Entretanto, vale destaque a releitura feita por Daniel Neves acerca dos
ensinamentos de Pontes de Miranda: “É antiga e tradicional a lição de Pontes de
Miranda que distingue presentação e representação: quando a parte se faz presente
em juízo por meio de seus órgãos, não existe tecnicamente representação, mas
presentação. Dessa forma, apesar do caput do artigo ora analisado mencionar
expressamente “representação”, somente as partes indicadas nos incisos V, VI, VIII e
X são efetivamente representadas em juízo pelos sujeitos previstos no dispositivo
legal, enquanto as partes indicadas nos incisos I, II, III, IV, VII e IX são presentadas
pelos sujeitos previstos no artigo ora comentado. Na hipótese de presentação não
existe necessidade de procuração, mandato nem qualquer forma de outorga de
poderes” (NEVES, 2016, p. 106).

Pessoas Jurídicas de Direito Público. A nova legislação trouxe regramento


especial para a prática dos atos processuais por Procuradores de Estado e do
DF. Nos termos do art. 75, § 4º, os Estados e o DF poderão ajustar compromisso
recíproco para a prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro
entre federado, mediante convênio firmado pelas respectivas procuradorias - seria
uma das inovações trazidas pelo CPC.

Inventariante dativo. O CPC passa a exigir tão somente a intimação dos


sucessores nas ações em que o espólio seja parte e esteja representado por
inventariante dativo, ou seja, por aquele terceiro nomeado pelo juiz apenas para
administrar os bens do falecido A hipótese altera o tratamento dado pelo CPC/1973,
que exige a integração de todos os sucessores na relação processual (litisconsórcio
necessário).

Ainda quanto à representação do espólio pelo inventariante, é preciso lembrar


que este só deve figurar como parte (representante) nas ações cujo objeto versar
sobre interesses patrimoniais. Nas ações de natureza pessoal, como na investigação
de paternidade, haverá necessidade da citação de todos os herdeiros do falecido,
caso existam.
No CPC/73 falava-se que todos os herdeiros deveriam ser autores ou réus
quando inventariante fosse dativo. Cuidava-se de um texto sem sentido que exigia um
litisconsórcio necessário. O CPC esclarece que a exigência é somente de intimação
dos sucessores – capacidade processual do espólio.

Pessoas Jurídicas. O Código cuida das sociedades, mas também das


associações irregulares (distinguem-se essas pela finalidade lucrativa ou não).

Além disso, note-se que a previsão do § 2º “A sociedade ou associação sem


personalidade jurídica não poderá opor a irregularidade de sua constituição quando
demandada” é uma regra de boa-fé, a fim de que a realidade fática seja devidamente
observada.

Súmula
Súmula 644 do STF. Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a
apresentação de instrumento de mandato para representá-la em Juízo.

Legislação Complementar
Art. 131 da CF. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de
órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos
da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. § 1º - A Advocacia-Geral da União
tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República
dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-
se-á mediante concurso público de provas e títulos. § 3º - Na execução da dívida ativa de
natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, observado o disposto em lei.

Art. 132 da CF. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira,
na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial
e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos
procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo
exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório
circunstanciado das corregedorias.

Art. 46, III, do CC. O registro declarará: [...] III - o modo por que se administra e representa,
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;

Art. 47 do CC. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites
de seus poderes definidos no ato constitutivo.

Art. 1.323 do CC. Deliberando a maioria sobre a administração da coisa comum, escolherá o
administrador, que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo alugá-la, preferir-se-á, em
condições iguais, o condômino ao que não o é.

Art. 1.324 do CC. O condômino que administrar sem oposição dos outros presume-se
representante comum.

Art. 1.325 do CC. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões. § 1º. As deliberações
serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria absoluta. § 2º. Não sendo possível alcançar
maioria absoluta, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer condômino, ouvidos os outros. §
3º. Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avaliado judicialmente.

Art. 1.326 do CC. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou
disposição de última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.

Art. 1.819 do CC. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e
administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à
declaração de sua vacância.

Art. 1.820 do CC. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão


expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação,
sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante.

Art. 1.821 do CC. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas
reconhecidas, nos limites das forças da herança.

Art. 1.822 do CC. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que
legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em
território federal. Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os
colaterais ficarão excluídos da sucessão.

Art. 1.823 do CC. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta
desde logo declarada vacante.
Art. 22, § 1º, Lei nº 4.591/1964 (Lei do Condomínio). Será eleito, na forma prevista pela
Convenção, um síndico do condomínio, cujo mandato não poderá exceder de 2 anos,
permitida a reeleição. § 1º Compete ao síndico: a) representar ativa e passivamente, o
condomínio, em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa dos interesses comuns, nos
limites das atribuições conferidas por esta Lei ou pela Convenção; b) exercer a administração
interna da edificação ou do conjunto de edificações, no que respeita à sua vigência,
moralidade e segurança, bem como aos serviços que interessam a todos os moradores; c)
praticar os atos que lhe atribuírem as leis a Convenção e o Regimento Interno; d) impor as
multas estabelecidas na Lei, na Convenção ou no Regimento Interno; e) cumprir e fazer
cumprir a Convenção e o Regimento Interno, bem como executar e fazer executar as
deliberações da assembleia; f) prestar contas à assembleia dos condôminos. g) manter
guardada durante o prazo de cinco anos para eventuais necessidade de verificação contábil,
toda a documentação relativa ao condomínio.

Art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança). Ao despachar a inicial, o
juiz ordenará: [...] II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo,
ingresse no feito;

JURISPRUDÊNCIA

HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA CONTESTADA. LEGITIMIDADE DA


PARTE REQUERENTE. PESSOA JURÍDICA ESTRANGEIRA REPRESENTADA POR
AGÊNCIA, FILIAL, SUCURSAL. ART. 75, X, DO CPC/2015. INTERPRETAÇÃO
EXTENSIVA PARA PERMITIR A REPRESENTAÇÃO POR ESTABELECIMENTO DE
PESSOA JURÍDICA NO BRASIL, QUALQUER QUE SEJA O NOME E A RELAÇÃO
JURÍDICA DESSE ESTABELECIMENTO. PRECEDENTES. I - A pessoa jurídica
estrangeira pode se fazer representar, ativa ou passivamente, em juízo no Brasil
por agência, filial ou sucursal, nos termos do art. 75, X, do CPC/2015. II - Admite-
se, contudo, a representação pela existência de estabelecimento de pessoa
jurídica estrangeira no Brasil, qualquer que seja o nome e a situação jurídica
desse estabelecimento, ainda que não sejam formalmente a mesma pessoa
jurídica. Precedentes: (HDE 410/EX, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Corte Especial,
julgado em 20/11/2019, DJe 26/11/2019). III - Em razão do juízo meramente delibatório
emitido por esta Corte, a legislação de regência não exige a juntada da petição inicial
que inaugurou o processo estrangeiro. IV - Homologação de decisão estrangeira
deferida. (STJ - HDE: 1692 EX 2018/0109259-2, Relator: Ministro FRANCISCO
FALCÃO, Data de Julgamento: 16/12/2020, CE - CORTE ESPECIAL, Data de
Publicação: DJe 18/12/2020)

EMENTA: AGRAVO INTERNO. ARTIGO 1.021, DO CPC DE 2015. EMBARGOS DE


TERCEIRO. ESPÓLIO. REPRESENTAÇÃO. INVENTARIANTE. ARTIGO 75, VII, DO
CPC DE 2015. ILEGITIMIDADE. RECURSO INADMISSÍVEL. I. O espólio deve ser
representado em juízo, ativa e passivamente, pelo inventariante, revelando-se
inadmissível o recurso interposto por pessoa diversa daquela outrora nomeada
nos autos do inventário judicial (Artigo 75, VII, do CPC de 2015). II. Deve ser mantida
a decisão que não conheceu do recurso de apelação interposto por herdeiro diverso do
inventariante que representa o espólio. (TJ-MG - AGT: 10000160567269002 MG,
Relator: Washington Ferreira, Data de Julgamento: 28/01/0018, Data de Publicação:
31/01/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. ESPÓLIO. INVENTARIANTE DATIVO. REPRESENTAÇÃO


PROCESSUAL. NULIDADE DA CITAÇÃO QUE SE RECONHECE. DISSOLUÇÃO DE
SOCIEDADE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. INOBSERVÂNCIA. 1. Nos
termos do artigo 75, inciso VII, e § 1º do Código de Processo Civil, o espólio será
representado em juízo pelo inventariante e, sendo o inventariante dativo, caberá
a este representar o espólio, sendo os sucessores do falecido intimados no
processo. 2. Não obstante, à época da distribuição da ação encontrava-se vigente o
Código de Processo Civil de 1973, que, no artigo 12, § 1º, dispunha que sendo o
inventariante dativo "todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus
nas ações em que o espólio for parte". Em tais casos, entendia-se que se tratava de
litisconsórcio necessário, cabendo a todos os herdeiros e sucessores compor a lide.
Precedente do STJ. 3. No caso dos autos, embora seja incontroversa a nomeação de
inventariante dativo para o Espólio réu, a parte autora requereu a citação na pessoa da
recorrente. 4. Assim, seja segundo as disposições do Código de Processo Civil de 1973
ou aplicando o atual Codex, verifica-se que ocorreu vício na citação, impondo-se, assim,
o reconhecimento da nulidade de todos os atos decisórios praticados. 5. Outrossim,
tratando-se de ação de dissolução de sociedade, a sociedade e os sócios
remanescentes devem integrar o polo passivo da relação processual, ante ao
litisconsórcio passivo necessário existente. Precedente do STJ. 6. Desta forma, nos
termos do parágrafo único do artigo 47 do Código de Processo Civil de 1973, vigente à
época da propositura da ação, correspondente ao artigo 115, parágrafo único, do atual
Codex, é de se reconhecer a nulidade da sentença, também para que sejam cumpridos
os referidos dispositivos. 7. Sentença que se anula. (TJ-RJ - APL:
03840092320148190001, Relator: Des(a). JOSÉ CARLOS PAES, Data de Julgamento:
07/08/2019, DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL)

QUESTÕES
• Ano: 2018 Banca VUNESP Órgão: Prefeitura de Bauru - SP Prova: VUNESP - 2018 -
Prefeitura de Bauru - SP - Procurador Jurídico
A relação jurídica processual possui requisitos próprios, denominados pressupostos
processuais, que devem estar presentes a fim de que esse processo suporte resolução
de mérito da relação jurídica material que está por detrás da lide. Sobre a capacidade
processual, como pressuposto da relação jurídica processual, é correto afirmar que
Alternativas
A toda pessoa, que se encontre no exercício de seus direitos ou não, tem capacidade
para estar em juízo.
B o juiz nomeará curador especial ao réu citado pelo correio, enquanto não for
constituído advogado.
C o Município será representado em juízo, ativa e passivamente, por seu prefeito ou
procurador.
D o cônjuge não necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse
sobre direito real imobiliário.
E verificada a incapacidade processual, o juiz, de plano, deve extinguir o processo, sem
resolução de mérito.
(Gabarito C)

• Ano: 2019 Banca: Itame Órgão: Prefeitura de Senador Canedo - GO Prova: Itame -
2019 - Prefeitura de Senador Canedo - GO - Procurador Municipal
Sobre a capacidade processual definida no Código de Processo Civil, é correto afirmar:
A Nas ações possessórias, não é exigida a participação do cônjuge do autor ou do réu
nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado;
B O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, qualquer que seja o regime de bens do casamento;
C O Município será representado em juízo, ativa e passivamente, por seu prefeito ou
procurador;
D Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz extinguirá o processo sem resolução de mérito, sem necessidade de intimação
das partes.
(Gabarito C)

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da


representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo
razoável para que seja sanado o vício.

§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância


originária:

I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;

II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;

III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo,


dependendo do polo em que se encontre.

§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de


justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:

I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência


couber ao recorrido.

Inicialmente temos que os institutos mencionados (capacidade das partes e


a regularidade de sua representação judicial) são pressupostos processuais de
validade, de modo que a falta deles acarreta a extinção do processo sem resolução
do mérito.

Verificado o defeito, com base no princípio da primazia da solução de mérito, o


juiz deve suspender o processo e intimar a parte a regularizá-lo (tal medida é
espalhada por todo CPC e representa, definitivamente, um viés ideológico do código
– a possibilidade de sanar vícios, antes das medidas processuais extintivas.

O prazo para sanar o vício é razoável e não especificado previamente, tendo


em vista que depende de arbitramento pelo magistrado.

Nas palavras de Daniel Neves: “A constatação pelo juiz da incapacidade da


parte e a irregularidade de representação da parte gera dois efeitos processuais.
Caberá ao juiz suspender o andamento procedimental e intimar a parte dentro de
prazo razoável para regularizar a situação. Naturalmente tal suspensão não impede a
prática de atos urgentes e tampouco o próprio ato de regularização. O prazo é judicial,
cabendo ao juiz fixá-lo no caso concreto diante de suas peculiaridades” (NEVES,
2016, p. 109).

Ainda, aponta Scarpinella Bueno: “Questão importante diz respeito a eventuais


vícios identificados na representação processual. O art. 76 regula a hipótese, criando
condições de saneamento dos defeitos para o regular prosseguimento do processo.
Caso contrário, o mesmo dispositivo estabelece as consequências aplicáveis. Assim
é que, constatando-se a incapacidade processual ou a irregularidade da
representação da parte, o órgão jurisdicional suspenderá o processo e designará
prazo razoável para que seja sanado o vício. Se o vício não for sanado, as
consequências variarão consoante se trate de processo em trâmite na instância
originária ou nos Tribunais. [...] Além disso, cabe frisar que, antes do reconhecimento
do vício e decretação das consequências previstas no dispositivo, cabe ao juiz (ou, no
âmbito dos Tribunais, ao relator) intimar as partes e/ou os terceiros para que sanem a
irregularidade. Trata-se de inarredável conclusão decorrente dos arts. 6º, 9º e 10 e,
no âmbito recursal, do parágrafo único do art. 932 e do próprio § 3º do art. 1.029, A
ressalva é razão bastante para entender que, com o CPC de 2015, fica superada a
orientação contida na Súmula 115 do STJ” (SCARPINELLA BUENO, 2021, p. 177).

Nesse sentido, há uma especificação quanto às consequências para o terceiro,


de modo que tudo dependerá da natureza jurídica da intervenção.
Ademais, tem-se a aplicação do dispositivo também na instância recursal,
assim, o defeito também poderá ser corrigido em grau de recurso.

Portanto, bem define a doutrina: “Quando a representação (ou assistência)


concerne à integração da capacidade, é ônus do autor zelar para que ela seja
devidamente observada, inclusive no que concerne ao réu. Por exemplo, quando
propõe a ação contra um menor absolutamente incapaz, o autor tem o ônus de zelar
para que a demanda seja deidade cientificada ao representante do réu. Se a
capacidade do réu não for perfeitamente integrada, o processo será extinto sem
julgamento de mérito, por falta de pressuposto de validade. Aplica-se a esse caso a
regra do inc. I do §1º do art. 76" (WAMBIER e TALAMINI, 2016, p. 316).

Súmulas
Súmula 456 do TST. Representação. Pessoa jurídica. Procuração. Invalidade. Identificação
do outorgante e de seu representante. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 373 da
SBDI-1 com nova redação). É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa
jurídica que não contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração,
pois estes dados constituem elementos que os individualizam.

JURISPRUDÊNCIA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CPC/2015.
ADVOGADO SUBSCRITOR. AUSÊNCIA DE PROCURAÇÃO. REPRESENTAÇÃO
PROCESSUAL. REGULARIZAÇÃO. OPORTUNIDADE. DESCUMPRIMENTO. NÃO
CONHECIMENTO. 1. A teor do disposto nos artigos 76 e 932, parágrafo único, do
Código de Processo Civil de 2015, verificada a irregularidade da representação
processual da parte, deve ser concedido prazo para que seja sanado o vício. 2. O
descumprimento da determinação de regularização da representação processual
enseja o não conhecimento do recurso. 3. Embargos de declaração não conhecidos.
(STJ - EDcl no AgInt nos EREsp: 1681194 PR 2017/0151240-5, Relator: Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 09/06/2021, S2 - SEGUNDA
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/06/2021)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. VÍCIO DE


REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. ADVOGADO SUBSCRITOR DAS RAZÕES
RECURSAIS SEM PODERES DE REPRESENTAÇÃO DA PARTE. ABERTURA DE
PRAZO PARA REGULARIZAÇÃO. NÃO ATENDIMENTO. ARTIGO 76, § 2º, I DO
CPC. APELAÇÃO NÃO CONHECIDA. - Nos termos do artigo. 76, § 2º, I do CPC de
2015, não se deve conhecer do recurso quando a parte, após regular intimação,
não comprova a regularidade da representação processual válida do advogado
subscritor das razões recursais apresentadas. (TJ-MG - AC: 10000210655981001
MG, Relator: Luiz Artur Hilário, Data de Julgamento: 08/06/2021, Câmaras Cíveis / 9ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 14/06/2021)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RENÚNCIA DO PATRONO
REGULARMENTE COMUNICADA. NÃO CONSTITUIÇÃO DE NOVO ADVOGADO
PELA PARTE. DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA REGULARIZAR. 1. Ação
de cobrança c/c indenização por danos materiais e morais. 2. A renúncia de mandato
regularmente comunicada pelo patrono à parte, na forma do art. 112 do CPC, dispensa
a determinação judicial para intimação da parte com vista à regularizar a representação
processual. Aplicação da Súmula 83 desta Corte. Precedentes do STJ. 3. Agravo interno
não conhecido. (AgInt no REsp 1848010/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 01/06/2020, DJe 04/06/2020)

QUESTÕES
• Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEDF Prova: CESPE - 2017 - SEDF
- Analista de Gestão Educacional - Direito e Legislação
Julgue o item a seguir, relativo a normas processuais civis, capacidade processual e
postulatória e intervenção de terceiros.
Após a juntada da procuração nos autos de uma relação processual, é vedado ao
constituinte revogar os poderes conferidos ao seu advogado sem a anuência deste.
Alternativas
Certo
Errado
(Gabarito Errado)

• Ano: 2020 Banca: Dédalus Concursos Órgão: COREN-SC Prova: Dédalus Concursos
- 2020 - COREN-SC - Advogado
De acordo com o Código Processual Civil em vigor, se um dos polos do processo for
ocupado por quem não tem capacidade de ser parte, ter-se-á:
A Declaração de nulidade do processo e remessa dos autos ao juízo competente, pois
há casos em que a falta de um pressuposto processual de validade ensejará a nulidade
do processo, mas não a sua extinção.
B Extinção do processo sem resolução do mérito, uma vez que a falta de um
pressuposto processual constitui matéria de ordem pública, devendo ser declarada de
ofício pelo juiz a qualquer tempo e grau de jurisdição.
C Prazo dado pelo juiz para regularização, pois há pressupostos processuais cuja
inobservância pode acarretar a extinção do processo, mas antes deve o juiz permitir a
sua regularização.
D Homologação da desistência da ação, que não se confunde com a renúncia ao direito
em que ela se funda.
E Extinção do processo com resolução do mérito, pois algumas ações têm cunho
personalíssimo e não se transmitem por força de sucessão.
(Gabarito C)

Você também pode gostar