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BRASÃO DA PMPR

Brasão da Polícia Militar do Paraná, criado pelo decreto nº 15.719, de 23 de junho de 1969,
assinado pelo governador Paulo Pimentel. (publicado no Boletim do CG do dia 30 de junho de 1969)

Considerando que as mais tradicionais Corporações Policiais Militares do Brasil possuíam sua
insígnia oficial, resolveu o governador do Estado do Paraná estabelecer a seguinte insígnia, baseada
no emblema oficial do Estado; DECRETAR:

Art. 1º - Fica criado na Polícia Militar do Paraná uma insígnia oficial em forma de escudo
com ângulo lateral, sobre o fundo amarelo-ouro, tendo em sua parte superior como timbre, o falcão
Nhapecami, desenhado em cor preto, com as asas semi-abertas.

No contorno interior do escudo, as legendas em letras de forma, em cor verde garrafa - PA-
RANÁ – POLÍCIA MILITAR. Na parte central do escudo, uma paisagem típica do Paraná, con-
tendo no campo esquerdo, o símbolo dos três Planaltos, bem como das três raças que colonizaram o
Estado, em cor azul. No campo direito, um pinheiro cor verde, símbolo da terra das araucárias, ao
lado do sol em amarelo vivo, símbolo das Américas, no campo inferior em tons verdes claros e es-
curos, símbolo de riqueza vegetal do Estado.

Art. 2º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação revogadas as disposições em
contrário.

(aa) – PAULO PIMENTEL, governador do Estado do Paraná.


Agostinho José Rodrigues
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INTRODUÇÃO

A POLÍCIA MILITAR foi criada pela Lei n. º 7, de 10 de agosto de 1854, sancionada pelo
Presidente ZACARIAS DE GÓES E VASCONCELLOS, exatamente 7 meses e 21 dias após o
desmembramento do PARANÁ da então Província de São Paulo.

Sua primeira denominação foi COMPANHIA DA FORÇA POLICIAL da Província do Pa-


raná e para comandá-la foi escolhido a pessoa do Capitão de Primeira Linha – JOAQUIM JOSÉ
DE MOREIRA MENDONÇA, oficial do Exército.

Em sua gênese histórica se manifestaram duas fases típicas, que se traduzem pelo cumprimen-
to de missões nos diversos períodos de nossa formação: REPRESSIVA e PREVENTIVA.

Com a missão de “proteger os viajantes contra a agressão de indígenas e malfeitores”,


vemo-la caracterizando sua ação de modo repressivo, lutando contra caudilhos, revolucionários, e o
estrangeiro que intentava invadir o país, dever que cumpriu com denoda e audácia, sendo, muitas
vezes, necessário o sacrifício de vidas para a imposição do império da lei e da ordem.

Em 1865, com apenas 11 anos de existência, encontramo-la integrando com seus homens, o
Corpo de Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai.

Em 1893, divisamo-la na Revolução Federalista, lutando com bravura durante o Cerco da


Lapa, em cuja resistência heróica perdeu grande parte de seu efetivo e um valoroso comandante, o
coronel Cândido Dulcídio Pereira.

Em 1912, vemo-la pelejando na Campanha do Contestado, agora, nos Campos do Irani,


juntamente com uma legião de bravos policiais-militares, onde outro seu comandante, também, pe-
recia, o coronel João Gualberto Gomes de Sá Filho.

Outras Revoluções se sucederam e inúmeros foram os combates: 1924, 1930, 1932; A Inten-
tona Comunista de 1935, a Revolução Democrática de 1964. Os conflitos internos: Imposto do
Vintém, a conflagração do sudoeste paranaense, a rebelião de Porecatu, etc. Em todas elas, nossos
soldados cobriram-se de glórias, mostrando a fibra de que eram possuidores.

Serenado a fase de lutas fratricidas que enlutaram o solo pátrio, pode, melhor, a Polícia Mili-
tar, dedicar-se à sua missão constitucional de mantenedora da ordem pública no Estado, auxiliando
o incremento do progresso em nossa terra, levando a segurança e a tranqüilidade às regiões mais
primitivas, participando ativamente na consolidação política do Paraná, tornando-se, em toda sua
plenitude GUARDIÃ DA LEI E DA ORDEM e garantia efetiva dos poderes constituídos.

Hoje, quando a Corporação paranaense comemora o sesquicentenário de sua existência, seus


homens têm consciência de que jamais poderão descansar em sua luta contra o crime e a desagre-
gação social. E desta consciência lhes nasce o ânimo e a fé na justiça, capaz de levá-los ao sacrifí-
cio da própria vida, pela causa que abraçaram.
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Os Primeiros Tempos - Período Colonial

Tudo começou com os portugueses. Do descobridor e


colonizador herdamos tudo: idioma, vocação desbrava-
dora, tolerância, religião, comodismo, organização polí-
tica administrativa, etc... Herdamos também os princí-
pios jurídicos-policiais que, através dos séculos, mode-
laram e cristalizaram a nossa concepção de segurança.

Os primeiros tempos são os tempos de Martim Afonso, das Capitanias, dos governadores-
gerais, dos governos do norte e do sul.

I – ORGANIZAÇÕES POLICIAIS PRIMITIVAS

1. ALMOTACÉ

Os “Alomotacés”, autoridades encarregadas de zelar pe-


lo ordem pública nas vilas recém-criadas no Brasil-
Côlonia, constituem a primeira manifestação de uma au-
toridade policial constituída.

Funções:

 Fiscalizar o cumprimento das leis referentes à proteção de pessoas e bens dos órfãos, dos au-
sentes, dos pródigos e furiosos;
 Velar contra o abuso de armas proibidas;
 Zelar pela execução das leis contra vagabundos e jogadores;
 Fiscalizar os viajantes, os pobres, os mendigos e os teatros.

2. COMPANHIAS DE ORDENANÇAS
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Nascem as Companhias de Ordenanças, organizadas nas ci-


dades, vilas e povoados. A primeira organização que se tem
notícia foi criada em 11 de dezembro de 1570, constituída
de Companhias de Ordenanças, nos termos da Carta Régia
de 1559.

Eram comandadas por capitães-mores que, juntamente com


os Alferes, Sargentos e Cabos, eram escolhidos por elei-
ção, do que se lavrava assento nas Câmaras. Contudo, esse
processo de eleição logo foi revogado pelos seus inconveni-
entes, passando a nomeação dos cargos à competência dos
Governadores.

“Cada localidade tinha um Capitão-mor nomeado pelo Governador da Capitania a quem ca-
bia fazer um minucioso levantamento de todos os moradores, detalhando-se as qualidades de
cada um, suas posses... Além do Capitão havia um Alferes, um Sargento, um Meirinho, um Es-
crivão e dez Cabos... A reunião de quatro Companhias de Ordenanças se denominou o Terço”.

As Companhias de Ordenanças mantinham a ordem pública nas cidades, vilas e paróquias.


Disciplinadas e obedientes ao poder público local, constituíam fatores fundamentais da ordem e
manutenção da hierarquia social. Também eram mobilizadas para a defesa interna contra agressões
externas não raras na época. Elas tiveram momentos de relevância na garantia da soberania da Pá-
tria nascente contra invasões externas, ressaltando-se na luta contra invasores holandeses e france-
ses.

Entretanto, as Companhias de Ordenanças - mais composta de voluntários e/ou homens menos


favorecidos (pobres, negros, pardos e índios) - não serviam aos desígnios dos senhores ambiciosos
em extorquir toda a riqueza da Terra florescente.

Companhias de Ordenanças no Paraná.

No período colonial (1722), o atual Estado do Paraná, era 5ª Comarca da Capitania de São Pau-
lo. O policiamento, nesta Comarca (5ª), era feito pela companhia de Ordenanças - Corporação cria-
da nas cidades e vilas, sob as ordens de “capitão-mor”, cuja finalidade era: TER TODA GENTE EM
GRANDE QUIETAÇÃO E SOSSEGO”, não podia consentir “HOMIZIADOS” e nem “PESSOAS
INQUIETAS QUE CAUSASSEM PERTURBAÇÃO AOS MORADORES”.

Organização da Companhia de Ordenanças no Paraná.

Pelo Regimento e Forma baixados com a Portaria do Capitão-General da Capitania de São Pau-
lo, em 1722, além dos Capitães, compunham-se essas Companhias de Alferes, Sargentos, Cabos de
Esquadra e Soldados, estes em número de 25 em cada esquadra “devendo de Alferes para cima ser
homens dos principais da terra, de melhor consciência e os mais ricos”.
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A nomeação para o posto de capitão-mor da Companhia era feita pelo Capitão-General da Ca-
pitania, por indicação das Câmaras das cidades e vilas de “três sujeitos dos mais nobres e ricos” do
lugar.

Na então Vila de Curitiba coube a nomeação de Capitão-mor de Ordenanças a FRANCISCO


XAVIER PÁSSARO, com patente que lhe foi passada em 20 de março de 1721.

Em 1728, o então Governador da Capitania ordenava ao Capitão-mor de Ordenanças que “ti-


vessem especial cuidado em prender os malfeitores que a experiência havia mostrado na prática de
grandes e atrozes delitos” e em 1733 ampliavam-se-lhes as atribuições, mandando-se “tomar as
armas curtas de fogo, pistolas e facas proibidas”.

Em 1766 havia no atual território do ESTADO DO PARANÁ, uma Companhia de Ordenanças


em Paranaguá e outra em Curitiba, esta com uma fração destacada em São José dos Pinhais, então
freguesia.

No ano seguinte, 1767, como todas as Forças de Ordenanças da Capitania, as Companhias de


Paranaguá e Curitiba, foram incorporadas ao Corpo do Exército sob o comando do Sargento-mór
FRANCISCO JOSÉ MONTEIRO, que marchou em socorro da Província de VIAMÃO (Rio Grande
do Sul) à braços com a invasão castelhana.

Pode-se, portanto, considerar como primeiro serviço de guerra em defesa do território esse das
Companhias que formaram os primeiros núcleos policiais do Paraná.

Em carta de 5 de fevereiro de 1768 comunicava o Governador da Província ao Conde de Oei-


ras, que as Companhias de Ordenanças se compunham de tantas esquadras de 10 a 15 homens, sob
comandos de Cabos quantos fossem necessários à lotação dos bairros, dependendo também o núme-
ro de Sargentos das necessidades dessa lotação.

Subsistindo ainda em 1822 a instituição das “Companhias de Ordenanças”, após a Proclamação


da Independência da Pátria, determinou-se pela Lei de 25 de outubro de 1823 que elas ficassem
sujeitas aos Presidentes das Províncias, não só em relação à escolha dos Oficiais como às suas or-
ganizações.

Decadência

Decadentes, as Companhias de Ordenanças subsistiram até o fim do primeiro império, em 1831,


quando foram extintas pela Regência Trina e substituídos, com as Milícias e pela Guarda Nacional.

Nessa fase conturbada da política brasileira, decorrência da abdicação do Imperador Pedro I, e


com o propósito de fortalecer ainda mais a tranqüilidade pública e auxiliar a justiça, a Regência
sancionou a Lei de 10 de outubro de 1831, criando na Corte o CORPO DE GUARDAS MUNICI-
PAIS PERMANENTES, a pé e a cavalo.

Das Companhias de Ordenanças surgiram as Tropas Pagas, que eram já profissionais remune-
rados pelos serviços prestados.

3. COMPANHIAS DE DRAGÕES.
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Tropas Pagas.

Surgem as Companhias de Dragões, composta


em sua maior parte de homens oriundos do rei-
no, bem adestrados e, portanto, mais aptos a im-
por a ordem interna nas Capitanias.

Quanto às Ordenanças, eis o depoimento:

“Estavam, as Ordenanças, limitadas a patrulha-


mentos locais, rondas e condução de presos, a-
fora as desordens que promoviam por conta
própria. Contudo, constituíam uma estrutura hi-
erárquica social que com o tempo formou a base
de nosso desenvolvimento em comunidade”.

As Companhias de Dragões, oriundas inicialmente de Portugal, assimilaram em forma de


Companhia de Pedestres anexas, as Tropas de Ordenanças em exaurimento, e foram tomando uma
conformação de tropa nativa. Era o advento das Tropas Pagas, soldados profissional organizado
e adestrado de acordo com os parâmetros da legislação militar portuguesa, redigida pelo Conde de
Lippe.

Assinale-se que, já na sua gênese, as Forças Públicas estruturavam-se como organização militar
e tinham uma dupla função:

- Civil: era a função policial rotineira de prevenir e reprimir o crime;

- Militar: era a função esporádica de enfrentamento das insurreições e defesa da Pátria.

Exemplo típico da primeira função - a civil -


era o capitão-mor FRANCISCO XAVIER PÁSSA-
RO (primeiro capitão-mor), nomeado para comandar
a Tropa da Vila de Curitiba, patrulhando as ruas,
prendendo malfeitores que praticavam grandes e
atrozes delitos, apreendendo armas (pistolas e facas)
proibidas.

Outro exemplo típico - o militar - era as Capita-


nias de Paranaguá e Curitiba incorporando suas For-
ças de Ordenanças, sob o comando do Sargento-Mór
FRANCISCO JOSÉ MONTEIRO, ao Corpo do E-
xército, que marchou em socorro da Província de
Viamão (RS), que estava à braços com a invasão
Castelhana.

Esse fato ocorreu em 1767, sendo considerado como o primeiro serviço de guerra em defesa do
Território Brasileiro, realizado por milícia paranaense.
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Em verdade, as Tropas Pagas dos séculos XVII e VIII - as famosas Companhias de Dragões e os
Regimentos - são as raízes das atuais Polícias Militares de hoje, ou melhor, estas resultam da evolu-
ção, em linha direta, daquelas.

Missão:

Patrulhamento local, rondas, condução de presos e combate a desordens, sob as ordens do go-
vernador da Província.

4. REGIMENTO REGULAR DE CAVALARIA.

Em 1775, foram organizados nas Provín-


cias mais desenvolvidas, os Regimentos
Regular de Cavalaria – também, Tropa
Paga.

O alferes Joaquim José da Silva Xavier – o “Tiradentes” – pertenceu ao Regimento Regular de


Cavalaria da Província de Minas Gerais.

O Alferes Tiradentes – Joaquim José da Silva Xavier per-


tenceu ao Regimento Regular de Cavalaria, da Província de Mi-
nas Gerais, exercendo a função de Comandante da 6ª Cia.

Nessa província era intensa a exploração do ouro e diaman-


tes, os quais eram transportados até a sede do Vice-Reino – Rio
de Janeiro – para embarque com destino a Portugal.

Missão:

 Combater os salteadores de estradas;


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 Impedir a sonegação das quantidades exploradas;


 Impedir o roubo no transporte, e;
 Fiscalizar a posse e administração de escravos.

Convém esclarecer - já que sua origem militar esteve por tanto tempo relegada ao esquecimen-
to, ou causou dúvidas por puro desconhecimento, que o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o
“Tiradentes”, jamais pertenceu à Companhia dos Dragões. Estes pertenciam aos Reais Exércitos
Portugueses, destacados em MG a serviço do Governo da Capitania a partir de 1719, mas sem vín-
culo direto com a gente mineira.

Decreto-Lei nº 9.208, de 29 de Abril de 1946.

(Institui o Dia das Polícias Civis e Militares, que será comemorado no dia 21 de Abril).

O Presidente da República,

Considerando que entre os grandes homens da história Pátria que mais se empenharam pela
manutenção da ordem interna, avulta a figura heróica do Alferes Joaquim José da Silva Xavier
(Tiradentes) o qual, anteriormente aos acontecimentos que foram base de nossa Independência,
prestara a Segurança Pública, quer na esfera militar, quer na vida civil patriótico serviços assinala-
dos em documentos do tempo e de indubitável autenticidade:

Considerando que a ação do indômito protomártir da Independência, como soldado da Lei e da


Ordem deve constituir um paradigma para os que hoje exercem funções de defesa da Segurança
Pública, como sejam as polícias civis e militares, às quais incumbem a manutenção da ordem e res-
guardo das instituições:

Usando da atribuição que lhe confere o Artigo 180 da Constituição,

Decreta:

Art. Único – Fica instituído o Dia das polícias Civis e Militares que será comemorado todos
os anos a 21 de abril, data em que as referidas corporações em todo o país realizarão comemorações
cívicas que terão como patrono o grande vulto da Inconfidência Mineira.

Rio de Janeiro, 29 de abril de 1946, 125º da Independência e 58º da República.

a.a.) Eurico Gaspar Dutra


Carlos Coimbra da Luz

5. DIVISÃO MILITAR DA GUARDA REAL


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A VINDA DA FAMÍLIA REAL


PARA O BRASIL

1809 - criação da Divisão Militar da Guarda Real, atual PMRJ, tendo como finalidade prover
a segurança e tranqüilidade pública do RJ.

Período Imperial

Com o advento do Império no Brasil, várias transformações se fi-


zeram na organização política e social do Império.

Na estruturação administrativa do Estado recentemente indepen-


dente, várias normas legais foram baixadas, adequando-se sua
composição à realidade do Brasil.

A Carta de Lei de 10 de Outubro de 1831 autorizou a criação de


Corpos Municipais.
D. João VI.

6. CORPOS DE GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES.


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Quando começou a ser organizado os Corpos do Exército


Brasileiro (1830-31), os efetivos das organizações existentes
foram sensivelmente esvaziados e absorvidos por essa nova
Corporação.

A Carta de Lei de
10 de outubro de
1831 autorizou a
criação dos Corpos
Municipais, dando
origem a uma nova
força que foi deno-
minada de Corpos
de Guardas Munici-
pais Permanentes.

Finalidade:

“Manter a tranqüilidade pública e auxiliar a justiça”. Em tempos de guerra constituíam a Li-


nha Auxiliar do Exército.

O Território, em 1836, ainda era a 5ª Comarca da Província de São Paulo. Nesse tempo,
surgiu a necessidade de garantir e alargar as comunicações entre as Capitanias de São Paulo e de
São Pedro (RS).

No Paraná, foi criada uma Cia. de Guardas Municipais, que foi estacionada na Estrada da
Mata entre as duas Províncias, com destacamento em Palmas e Guarapuava.

Organização:

- Um Comandante, e
- 50 Praças.

Missão:

“Proteger os viajantes contra agressões de indígenas e de outros


quaisquer malfeitores”.

1840 - Aumentou o efetivo em mais:

- 10 homens;
- 01 Capelão;
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- 01 Cirurgião (que exercia, também, a função de Boticário), e


- 01 Ferreiro.

1844 – O efetivo do Corpo de Guardas Municipais, passou a ser empregado no serviço de poli-
ciamento, em qualquer ponta da Comarca.

Extinção:

A Companhia de Guardas Municipais Permanentes, foi extinta pela Lei Provincial n.º 3 de 17
de fevereiro de 1855, entretanto, o Destacamento de Palmas foi conservado, sendo por fim, extinto
pelo Ato n.º 56 de 07 de abril de 1855, do Presidente da Província do Paraná.

Essas Companhias foram as Corporações das quais originaram as atuais polícias-militares do


Brasil.

7. CORPOS POLICIAIS.

Em 1840, os Corpos Municipais Permanentes passaram a denominar-se Corpos Policiais.

8. BRIGADAS POLICIAIS.

Em 1873, os Corpos Policiais foram transformados em Brigadas Policiais. Nesse tempo, a atu-
al PMPR, criada em 10 de agosto de 1854, denominava-se Companhia da Força Policial.

Período Republicano

9. FORÇAS PÚBLICAS.

Em 1891, as Brigadas Policiais passaram a denominar-se Forças Públicas. Nesse ano, a PMPR
passou a denominar-se Corpo Policial do Estado e em 1892, Regimento de Segurança do Paraná.

10. POLÍCIA MILITAR.

Em 1934, pela Constituição Federal, as corporações passaram a denominar-se POLÍCIA MI-


LITAR.

A PMPR, em 1918, passou a denominar-se Força Militar. Em 1932, Polícia Militar, em 1840,
Força Policial e em 1946, POLÍCIA MILITAR, até os nossos dias atuais.

II. EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO PARANÁ


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Até 1853, o Paraná era a 5ª Comarca da Província de São Paulo. Vivia entregue ao abandono
e à inércia devido a grande distância que a separava metrópole paulista.

Os habitantes do Paraná, na época, viam possibilidades de desenvolvimento da região e explo-


ração das riquezas e julgavam-se no direito de administrá-la e deram início em 1821, a um movi-
mento denominado “Conjuntura Separatista”.

Defensores do Paraná

Os defensores mais ardorosos da Emancipação do Paraná foram:

• Honório Hermeto Carneiro Leão, senador e futuro marquês do Paraná,

• Antônio Cândido da Cruz Machado, deputado mineiro que elaborou o projeto para o
desligamento da 5ª Comarca de São Paulo.

Movimento de Emancipação

Os movimentos pela emancipação do Paraná continuavam. Os dois maiores propagadores pe-


la libertação do Paraná foram:

• Paula Gomes – (Francisco de Paula e Silva Gomes), Paula Gomes, tropeiro famoso e há-
bil violinista, mandava imprimir folhetos e os distribuía por onde passava.

• Correia Júnior – (Manoel Francisco Correia Júnior), parnanguara, pela promessa de e-


mancipação da 5ª Comarca de São Paulo, armou um batalhão às suas custas contra a Re-
volução Liberal de 1842.

Muitas tentativas foram feitas, porém em 29 de agosto de 1853, o movimento separatista saiu-
se vitorioso, quando a Câmara de Deputados do Império, aprovou a Lei nº 704, assinada pelo Impe-
rador Dom Pedro II, criando a Província denominada de PARANÁ, desligando a então 5ª Comarca
da Província de São Paulo.

Instalação Oficial da Província do Paraná

Para organizar a Província do Paraná, foi nomeado por Carta Imperial


de 27 de setembro de 1853, o estadista Zacarias de Góes e Vasconcel-
los.

A 19 de dezembro de 1853, ocorria a instalação oficial com a posse do


primeiro presidente da província.
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CURITIBA: tornou-se oficialmente VILA,


em 29 de março de 1693 (Francisco da Sil-
va Magalhães), cidade em 05 de fevereiro
de 1842 e por ocasião da instalação da Pro-
víncia contava com sessenta e dois mil ha-
bitantes.

Curitiba em 1855

Quando o Presidente Zacarias tomou posse


da Província, um dos principais problemas que
encontrou foi o da ordem pública e a segurança
individual da população, devido à ineficiência das
tropas responsáveis pela manutenção da ordem na
ex-5ª Comarca Paulista.

Chegada do presidente Zacarias ao Paraná

Foi seu decidido e ilustre colaborador nesta obra de reforma de costumes, o Sr. ANTONIO
MANOEL FERNANDES JUNIOR, nomeado Chefe de Polícia, por Carta Imperial de 20 de outu-
bro de 1.853, que por sua vez dividiu a Província em distritos, nomeando as respectivas autoridades
e criou a efêmera “GUARDA DE PEDESTRES”, para atender o policiamento de Curitiba, cujos
integrantes em número de nove, foram nomeados a partir de abril daquele ano.

Fatores que motivaram a criação da atual PMPR

As organizações policiais encarregadas da segurança não tinham força suficiente para implan-
tar a ordem e não podiam sofrear os impulsos criminosos dos bandos de foragidos que cometiam
assaltos e praticavam desordens desvairando a opinião pública.

Existiam na época as seguintes organizações policiais:

Guardas Municipais Permanentes – guarneciam os campos de Palmas, Guarapuava e a Estrada da


Mata.

Guarda Nacional – desorganizada e sem traquejo de armas, fornecia serviço de polícia e postal no in-
terior da Província.

Guarda Policial – pequena força de guarda policial, criada pelo Decreto n.º 7, de 25 de junho de
1834, por Resolução do Conselho Geral de São Paulo.

Exército Nacional – a Força de Primeira Linha do Exército também colaborava na manutenção da or-
dem pública.

III – CRIAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ


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O Presidente Zacarias, certificando-se da necessidade de oferecer aos pro-


vincianos todas as garantias que precisavam, propôs à Assembléia a orga-
nização de uma força formada nos princípios básicos da ordem, da disci-
plina, da lealdade e com objetivos voltados para a segurança da população.

Assim, a primeira lei que sancionou foi a de 28 de julho de 1854, que fixou a Vila de Curitiba
como capital da Província e, ainda nessa mesma legislatura, foram votados e sancionados mais de-
zenove projetos, entre eles a Lei n.º 7, de 10 de agosto de 1854, que autorizou a organização da
COMPANHIA DA FORÇA POLICIAL, a qual veio a ser, de fato e de direito, a primeira organi-
zação policial do Paraná:

Lei n.º 7, de 10 de agosto de 1854

ZACARIAS DE GÓES E VASCONCELLOS

Presidente da Província do Paraná

Faço saber a todos os habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu san-
cionei a lei seguinte:

Art. 1º - Fica o Governo autorizado a organizar uma Companhia de Força Policial com total
de sessenta e sete homens e soldo constante do Plano junto, assim como a depender o que for ne-
cessário para armamento, equipamento, expediente, luzes, aluguel de casas para quartéis da Com-
panhia e destacamentos.

Art. 2º - O Presidente da Província fará o regulamento necessário à economia, disciplina e


moralidade da Companhia, marcando o modo e tempo de engajamento. Este regulamento será sub-
metido a aprovação da assembléia em sua próxima reunião, ficando em vigor desde sua publicação.

Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário. Mando, portanto a todas as autorida-


des a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir
tão inteiramente como nela se contém, o Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e cor-
rer. Palácio do Governo do Paraná, em 10 de agosto de 1854, trigésimo terceiro da Independência e
do Império.

2. ORGANIZAÇÃO INICIAL DA COMPANHIA DA FORÇA POLICIAL

O governo através da Lei n. º 7, de 10 de agosto de 1854, criou a Companhia da Força Policial


– primeira denominação da atual PMPR – com um efetivo de 67 homens (oficiais e praças) e soldo
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constante do “Plano”, assim como a depender o que for necessário para armamento, equipamento,
expediente, luzes, aluguel de casas para quartéis da Companhia e destacamentos.

Plano
Quantos GRADUAÇÃO Vencimentos Vencimentos Vencimentos A-
Diários Mensais nuais
1 Capitão 60$000 730$000
1 Tenente 50$000 600$000
1 Alferes 40$000 480$000
1 1º Sargento 700 21$700 260$400
2 2º Sargento 640 39$630 476$160
1 Furriel 600 16$600 223$200
8 Cabos 560 38$880 1:666$560
2 Cornetas 560 34$700 416$640
50 Soldados 500 775$000 9:300$000
67 1:178$580 14:152$960

Gratificação do Cmt da Cia 10$000 120$000


Fardamento p/ três Sargentos e Furriel 080 119$040
Idem de 8 Cabos, 2 Cornetas e 50 Sds. 060 1:330$200
Soma................................................................................................................. 15:712$200

A organização da Cia. da Força Policial foi moldada no tipo militar, com instrução de caçado-
res. Subordinava-se diretamente ao Presidente da Província, única autoridade que a poderia empre-
gar na manutenção da ordem e no interesse da tranqüilidade pública, e que, tinha por dever atender
as requisições das autoridades policiais, para o fim de fazer efetivos as suas ordens. Sob a vigilância
dos policiais militares surgiram as primeiras fazendas; diante de sua proteção ergueram-se as pri-
meiras chaminés de nossas fábricas e se estenderam os trilhos das primeiras ferrovias rumo ao ser-
tão desconhecido; seus homens acompanharam os fundadores de numerosas cidades, assistindo o
seu crescimento e garantindo a segurança da população.

É frisante e sintomático o fato da Corporação ter conservado, sempre, o caráter militar, originá-
rio de sua criação. Não é correta a concepção de que se militarizou por influência da Revolução de
1964, como muitos apregoam.

Tanto é verdade essa assertiva que o oficial escolhido para comandá-la


foi o capitão de primeira linha do Exército, Joaquim José Moreira de
Mendonça, que a convite do Presidente Zacarias, veio diretamente da
Corte do Rio de Janeiro com esse encargo. A ele coube, portanto, a di-
fícil tarefa de organizá-la nos moldes estabelecidos e com base na hie-
rarquia e disciplina, mecanismos ágeis de saneamento de seus qua-
dros.

(primeiro Cmt-Geral da PMPR)


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Além de a sua criação ter sido alicerçada nas tradições seculares de “Assegurar a paz pública e
auxiliar a justiça”, competia-lhe, de acordo com a legislação vigente, a prisão de criminosos, o pa-
trulhamento e rondas nas cidades, vilas e freguesias, estradas, além de outras diligências.

Todos os destacamentos policiais do interior da província também ficaram a seu cargo, conso-
ante ao disposto no artigo 1º da Lei nº 7, de 10 de agosto de 1854, passando seus integrantes a reali-
zar, diuturnamente, o policiamento ostensivo e desempenhar, cumulativamente, atividades de polí-
cia judiciária.

E lá, naqueles longínquos lugares, onde a dinâmica vida moderna não levara ainda a estrada e o
conforto, já se achava o soldado de polícia. Muitas vezes, era o único representante do governo; era
o homem mais conhecido e respeitado do lugarejo; o representante da Lei e da Justiça; era a palavra
da ordem e da civilização que, embora de maneira tosca, se fazia entender.

Como vimos, desde aquela época, a Corporação tinha como exclusividade o exercício do poli-
ciamento ostensivo. Porém, hoje, como frutos de açodamentos, pretendem desviar essa missão
para outra organização que os policiais militares ajudaram a criar.

“Durante muitos anos, somente a Companhia da Força Poli-


cial figurava nas leis orçamentárias da Província, o que con-
firma a inexistência, na época, de qualquer outro órgão res-
ponsável pela manutenção da ordem pública”.

A Polícia se identificou pelo uniforme que usa. E exercia – como até hoje o faz, com mais efi-
ciência – a polícia preventiva em toda a sua plenitude, evitando, com a sua presença, a perpetração
do delito e guardando o emprego de medida repressiva para a última instância.

Como agentes da Lei, seus membros têm tombado no solo sem vida, numa demonstração ine-
quívoca que a missão policial-militar é árdua, complexa, dignificante e pode até mesmo custar o
sacrifício da própria vida.

Não se encontra no mapa do Estado um lugar onde não haja tombado, em holocausto ao dever,
o soldado de polícia, inscrevendo, a sangue vivo, a odisséia magnifica da dor e do sacrifício nessas
jornadas de todo o dia, obscura é verdade, mas de um profundo e belo sentido de defensor da vida e
dos bens da gente laboriosa, das cidades e dos sertões, constantemente ameaçados pelo flagelo do
banditismo.

O seu passado, cheio de tradições, está vinculado à própria história do Paraná. E esta ensina, e
confirma, que a Corporação sempre esteve presente e atuante nos momentos decisivos do nosso
Estado, em harmonia com as aspirações populares e as melhores recordações do povo paranaense.
18

Crescendo paralelamente com o desenvolvimento do Estado, a Polícia Militar vem assinalando,


nas dobras do pavilhão que defende, com denodo de bravos, os feitos de suas empreitadas vitorio-
sas, nos domínios da paz, no terreno das dificuldades e nos campos de batalha.

Seu primeiro regulamento foi elaborado por uma comissão de oficiais do Exército e entrou
em vigor a partir do dia 05 de dezembro de 1854.

Citamos aqui alguns artigos desse regulamento, que julgamos de interesse histórico:

Art. 3º - O capitão comandante e os outros oficiais da Companhia serão de livre escolha e no-
meação do Presidente da Província, que igualmente os poderá demitir ou excluir do serviço, bem
como, as demais Praças, tendo para isso motivo justificado pela conveniência da boa marcha da
ordem e serviço da Companhia.

Art. 4º - Os oficiais inferiores serão nomeados, promovidos, demitidos ou rebaixados dos pos-
tos pelo comandante da Cia., dando de tudo, imediatamente, parte motivada ao presidente da Pro-
víncia.

Art. 5º - As praças de pré serão despedidas pelo comandante da Força, findo o tempo de alista-
mento, se assim o requererem ou continuarão a fazer parte dela, pelo tempo que de novo quiserem
alistar-se.

Art. 10º - O comandante satisfazerá a requisição das diferentes autoridades policiais e crimi-
nais, quando essas requisições limitarem a três ou quatro praças. Ao Chefe de Polícia satisfará a
requisição de qualquer número de praças dando logo parte ao presidente da Província, quando o
número delas exceder o terço da totalidade da Companhia.

Art. 20º - Todas as praças de pré pernoitarão no seu quartel, exceto, porém, as casadas e poucas
outras, as quais por sua conduta, poderá o comandante da Cia., sob a sua responsabilidade, consentir
que durmam em suas casas.

Art. 21º - O indivíduo que alistar-se na Companhia, prestará juramento aos Santos Evangelhos
de cumprir bem, pronta e fielmente as ordens superiores, concernente ao serviço, ser fiel ao governo
e ao sistema político adotado no Império.

O Art. 22º - trata do uniforme da Cia. e o 23º e seguintes, dos crimes, penas e processos.

O Art. 51º - dizia que o Comandante da Cia. podia, independente de processo, aplicar até 8 dias
de prisão com trabalho, dando parte ao presidente. Se a falta fosse em destacamento, o respectivo
comandante, sendo oficial, poderia aplicar 4 dias de prisão, comunicando ao comandante o delito,
podendo por o culpado em segurança.

No entanto, toda a vez que o castigo não excedesse de 2 meses de prisão com trabalho, o presi-
dente da Província poderia mandar aplicá-lo, conforme as circunstâncias do caso e provas que tives-
se do delito, com a diferença que, sendo até um mês, fá-lo-ia a seu arbítrio, e, sendo maior, em or-
dem motivada.
19

O Art. 52 - concluía expondo que “o arbítrio de que tratava o artigo anterior não compreendia a
faculdade de alguém aplicar o castigo da CHIBATA, que na Companhia era expressamente proibi-
do”.

Esse regulamento funcionou até a República. (mantivemos a grafia da época)

3. Efetivo Inicial

Total do efetivo: 67 homens (sendo três oficiais e sessenta e quatro praças).

Das 64 Praças: um 2º Sargento, dois Cabos e dez Soldados formariam uma Secção de Cava-
laria. Esta por sinal, só veio a ter uma pequena organização com um efetivo de 06 soldados e igual
número de cavalos em 1879. Mais tarde é denominado de Esquadrão de Cavalaria, atualmente, Re-
gimento de Polícia Montada, constituindo-se assim, organização PM mais antiga da Corporação
paranaense.

Os Primeiros Soldados que ingressaram na Polícia Militar:

Nicolau José Lopes ingressou na Companhia da Força Policial, no dia 1º de outubro de 1854,
oriundo da extinta Guarda de Pedestres, tendo sido o primeiro cidadão provinciano a envergar a
farda de Policial-Militar.

No dia primeiro de novembro de 1854:

- Nicolau José Lopes, nascido em 1835, natural do Rio Grande do Sul, e


- José Theodoro de Freitas, nascido em 1834, natural de Curitiba.

No dia 1º de dezembro de 1854:

- Joaquim Vicente da Silva, nascido em 1837, natural de Morretes;


- Antônio Lopes Santana; e
- Domingos Pinto da Silva.

No dia 30 de dezembro de 1854:

- Antônio José de Lima.

Ingressaram no ano de 1855:

Amâncio José da Luz, Francisco José Carvalho, Jacob Sttol, Francisco Luiz, Dioniso Lu-
iz, Joaquim Pereira de Souza, Júlio Pinto, Antônio Pedro, Joaquim Cândido, Manoel Gonçalves,
Leonardo José Marques, Manoel Rodrigues, João Taborda Ribas, Manoel Domingues, Antônio
Balbino, José Luiz Jesus, Américo Querino, Luiz Cândido Olegário Carvalho, Ricardo Pereira,
Bento Antônio Joaquim, Francisco Antônio de Oliveira, Francisco Geraldo da Conceição e José
Sebastião.
20

A fase organizacional foi árdua. Com um pouco mais de dois meses de existência, a milícia pa-
ranaense, contava com o efetivo de apenas dois oficiais e cinco praças.

Só em fins de novembro de 1854, o presidente Zacarias pode iniciar a execução da lei nº 7, em


toda a sua plenitude. No entanto, as condições razoáveis estabelecidas no primeiro regulamento, em
fevereiro de 1855, a Companhia da Força Policial, não tinha ainda um terço das praças que for-
mava o seu estado efetivo completo.

 No regulamento foi consignada expressamente a idéia de não poder ser indivíduo algum
constrangido a assentar praça na polícia.

Sobre a falta de indivíduos para preencher as vagas existentes o presidente Zacarias, em seu
Relatório de 1855, expunha, entre outras coisas que:

 Os habitantes da província não tinham nenhuma inclinação ao serviço das armas e que era
provável que a confiança que inspirava o comandante da Cia., assim como oficiais e a cer-
teza da exclusão de castigos infames (era proibido o uso da chibata), fossem motivos para
que a Força Policial dentro de pouco tempo chegasse ao seu estado efetivo completo.

Além do pouco interesse dos paranaenses pela vida militar, outros fatos que, sem dúvida, im-
pedia o preenchimento do efetivo era o baixo soldo estipulado aos soldados – não condizente como
um bom chamariz para angariar voluntários, o presidente Zacarias fez ver essa situação e propôs
que fosse elevado a “dez tostões” diários o vencimento de cada soldado. (ver tabela na página 16).

Após algumas contestações, em vista dos pequenos recursos da província, o seu apelo foi aten-
dido e a Cia., logo ficou em condições de iniciar suas atividades; desempenhar cabal e fielmente as
missões que lhe foram confiadas.

Mas como era óbvia, com o emprego da tropa miliciana no policiamento, a outra organização
existente teriam que ser dissolvidas ou afastadas do serviço.

 Lei nº 8, de 10 de agosto de 1854 – revoga na Província o serviço da Guarda Policial que


havia sido criada em 1834 pelo Conselho Geral de São Paulo.

 Ato nº 56, de 07 de abril de 1855 – considerando que nenhum serviço vinha prestando os
destacamentos dos Guardas Municipais Permanentes que o governo de São Paulo havia
estacionado nos campos de Palmas e na Estrada da Mata, revogou as ordens que autoriza-
vam a sua permanência naquelas regiões, deslocando para lá, homens da Cia. da Força
Policial do Paraná.

Quanto à utilização de Praças do Exército em Destacamentos, o presidente Zacarias manifes-


tou-se em seu relatório datado de 07 de janeiro de 1855, dizendo:

 “Convencido pela experiência de que a existência de pequenos Destacamentos da Tropa de


Linha nas localidades do interior, por um lado impondo respeito aos paisanos, tornava-os
menos afoitos na perpetração de delitos, por outro lado, relaxando a disciplina dos solda
dos, expunha-os a figurar como réus em quase todos os crimes, de modo que, sem ganhar-
se com a tropa de delinqüentes, perdia-se com o desfalque que sofria o Corpo pelas de
21

deserções e processos, resolvi substituí-los por Destacamentos da Força Policial organi-


zada, em geral de modo que a gente que a compõe não necessita de tão rigorosa disciplina
para comportar-se satisfatoriamente”.

A conveniência dessa medida justifica-se não só pelo exame da estatística criminal de 1854,
onde figurou como autores ou provocadores dos principais crimes, soldados do Corpo da Guarnição
Fixa, como pelo estado satisfatório em que se acha atualmente a Cia. da Força Policial que, reunida
na Capital têm podido receber de sua digna comandante e distinta oficialidade, a subordinação e
instrução de que tanto carecia.

 A Cia. da Força Policial, apesar de diminuta em número, tem prestado bons serviços à Po-
lícia da Província.

A Guarda Nacional, todavia, continuou fornecendo pequenos destacamentos na Província ainda


por algum tempo.

 A Lei nº2395, de 16 de setembro de 1879, dispensou os seus serviços, ficando, em conse-


qüência, a manutenção da ordem pública afeta exclusivamente a esta Corporação paranaen-
se.

4. O Progresso da Polícia Militar

A Polícia Militar de hoje deixou as velhas lides militares que as situações da época exigiam.
Seus membros não renegam, mas glorificam os feitos bélicos de seus ancestrais e, a par da venera-
ção dos mortos queridos, lembram-se de que os tempos já são outros.

Paralelamente ao crescimento do Estado, vem ela se desenvolvendo na sua organização, na sua


responsabilidade e, o que é importante, na sua história.

A partir de 1946, a Corporação entrou de fato na sua fase contemporânea. Com os termos da
Constituição Federal...

 “As Polícias Militares eram as únicas organizações policiais que figura-


vam na Constituição do Brasil, desde 1934, como responsáveis pela ma-
nutenção da ordem pública nos Estados, nos Territórios e no Distrito Fe-
deral”.

... Com a diversificação de idéias e a liberdade dos legisladores no estudo dos problemas do Es-
tado, com a evolução, ao lado do progresso, das questões de segurança, tornou-se uma organização
moderna e sedenta de aperfeiçoamento policial.

Assim, como Corporação fardada e armada, estruturada à base da disciplina e da hierarquia,


não tem se descuidado de suas obrigações militares perante a Nação, a fim de ajustar-se, sobre crité-
rios seguros, na execução da parcela que lhe cabe na missão de prover a segurança interna, e não
vem medindo esforços para elevar cada vez mais, sua capacidade operacional como polícia.
22

5. Primeiros Comandantes da atual PMPR

1º Comandante – Cap JOAQUIM JOSÉ MOREIRA DE MENDONÇA.

O Capitão de 1ª Linha do Exército, Joaquim José Moreira de


Mendonça, nasceu por volta de 1809, na Província de Minas
Gerais. Era ativo, inteligente, culto e dotado de boa vontade
férrea.

Foi nomeado a 22 de novembro de 1854, por ato do Presidente


da Província do Paraná – Zacarias de Góes e Vasconcellos,
com o consentimento do Ministro da Guerra, para o cargo de
Comandante da Companhia da Força Policial, atual PMPR,
tornando-se o primeiro Comandante da Corporação paranaen-
se. Assim, é considerado como tendo sido o primeiro Coman-
dante-Geral da atual PMPR.

No dia 29 de novembro de 1854, anunciou no jornal “Dezeno-


ve de Dezembro” um edital convocando os primeiros voluntá-
rios para ingressarem na Companhia da Força Policial:

 “O Capitão comandante da Cia., convida a todas as pessoas que quiserem


engajar voluntariamente para o serviço da Cia. hajão de comparecer na casa
de sua residência Rua Direita n. º 08, a fim de proceder-se ao respectivo con-
tacto”.(mantido a grafia da época)

Obstáculos:

- outras organizações policiais prestavam serviço no território da Província.


- a Guarda de Pedestre criada pelo Chefe de Polícia Dr. Antônio Manoel Fernandes Júnior, em
15 de abril de 1854, com um efetivo de 9 homens.
- falta de interesse dos provincianos pelo serviço das armas, principalmente porque a Cia., ha-
via sido criada nos moldes militar “(hierarquia e disciplina)”.
- Era precário o estado das finanças, o soldo do soldado era muito baixo.

Efetivo da Companhia:

Inicialmente, a Cia., foi organizada com o ingresso dos remanescentes da Guarda de Pedestre
(abril de 1854) e da Guarda Policial (1834), que haviam sido extintas da Província do Paraná, pela
lei provincial.

Em janeiro de 1855, a Cia. contava com um efetivo de 36 homens e foi com esse que ela deu
início as suas atividades de mantenedora da ordem pública no Paraná.
23

Realizações:

- conseguiu uma enfermaria com 12 leitos anexa ao hospital do Corpo da Guarnição Fixa de
Curitiba e outra com 4 leitos no destacamento de Paranaguá.
- conseguiu o apoio do Dr. José Cândido da Silva Muricy, cirurgião do Exército (alferes).
- colaborou na confecção do 1º regulamento da Cia.

Apesar de ter encontrado grandes dificuldades para estruturar a Corporação, o comandante,


graças a sua perseverança e iniciativa, conseguiu organizá-la de modo que atendesse plenamente ao
fim de que se destinava:

 “O relatório do presidente Zacarias, dizia: a Companhia da Força Policial,


apesar de diminuta em número tem prestado bons serviços à Polícia da Pro-
víncia”.

Deixou o comando da Cia. em 04 de janeiro de 1856, passando a prestar serviço no Corpo da


Guarnição Fixa de Curitiba e em 05 de abril de 1865, foi reformado no posto de Major, visto sofrer
de moléstia incurável que o tornou incapaz para o serviço militar.

Em junho desse ano foi residir na Província de Minas Gerais, onde no mês de julho foi nomea-
do para exercer as funções de Ajudante-de-ordens do Presidente da Província de Minas Gerais, por
quatro anos e em 1870 era nomeado comandante da Polícia Militar de Minas Gerais.

Em 1882, era o encarregado do Depósito de Artigos Bélicos da Província de Minas Gerais. Fa-
leceu no dia 24 de março de 1883, quando ainda chefiava o Depósito de Artigos Bélicos. Tinha 74
anos de idade quando faleceu.

2º Comandante – Cap DIOGO PINTO HOMEM.

Diogo Pinto Homem era Capitão do Exército Brasileiro, radi-


cado em São Paulo. Foi nomeadas Comandante da Companhia
da Força Policial em 04 de junho de 1856, com autorização do
Ministério da Guerra.

Nessa época a Companhia contava com apenas 65 homens dos


100 previstos para completo efetivo. Propôs ao presidente a
transformação da Cia. em Corpo Policial com duas Cias, mas a
Assembléia não aprovou devido à péssima situação da nova
Província.

Realizações:

- elevação do soldo do soldado para 10 tostões diários.


- substituiu os destacamentos da tropa de linha (Exército) por
policiais da Cia. da Força Policial.
- elevou o efetivo para 150 homens.
24

- conseguiu tornar sem efeito a lei nº 4, de 09 de abril de 1856, que autorizava a criação de
Companhias de Pedestres na Província.
- criou a Banda de Música da PMPR (Lei n.º 3, de 12 de março de 1857)

Depois de um ano e três meses no comando, foi exonerado no dia 14 de abril de 1857, retiran-
do-se para a Corte, indo servir na Província de Goiás e em 1865, foi nomeado no posto de Ten-Cel,
Comandante do Corpo de Guardas Nacionais da Província do Paraná.

Em junho de 1865, foi nomeado para servir nas forças em marcha e operações contra o Para-
guai. Em novembro desse ano foi reformado por sofrer de moléstia incurável que o tornou incapaz
de continuar no servi militar.

Em 1866, foi residir na Província de São Paulo.

3º Comandante – Ten-Cel MANOEL EUFRÁSIO DE ASSUMPÇÃO

O Ten-Cel Manoel Eufrásio de Assumpção, nasceu em São Pau-


lo em 20 de fevereiro de 1829 e com a idade de 20 anos ingres-
sou no Regimento de Artilharia daquele Estado.

Era um homem der altos e baixos, de resoluções bruscas e re-


pentinas, ora violento e impulsivo, ora alegre e brincalhão.

Em 1853, quando o Paraná desmembrou-se da Província de São


Paulo, envergava a farda de 1º Sargento do Corpo Provisório da
Guarnição Fixa de Curitiba.

Em 1854, ao ser instalada a Companhia da Força Policial, foi


nomeado pelo Presidente Zacarias para o cargo de Tenente, se-
guindo para Paranaguá em 03 de abril desse ano, para organizar
o Destacamento Policial. Paranaguá foi o primeiro Município a
contar com um Destacamento PM.

A nomeação de Manoel Eufrásio de Assumpção como oficial da Companhia da Força Policial


fez com que o Ministro da Guerra enviasse ofício ao presidente da Província do Paraná nos seguin-
tes termos:

 “... como e porque se apresentou ai esse sargento; e com que autorização


foi nomeado Tenente do Corpo da Policia...”.
25

Resposta do presidente da Província:

 “... informo que o referido sgt se achava aqui destacado quando se insta-
lou esta província, sendo depois nomeado Tenente da Cia. da Força Poli-
cial e continuava ocupando este posto quando foi promovido a alferes do
Exército para a Província do Mato Grosso... não sei em virtude de que au-
torização foi ele empregado na Polícia por um de meus predecessores...”.

Na verdade a informação ao Ministério da Guerra já havia sido enviado anteriormente, mas fo-
ra parar na Província do PARÁ... Durante esse lapso de tempo, o 1º Sargento era promovido a alfe-
res do Exército, sendo designado para servir no Batalhão de Caçadores da Província do Mato Gros-
so.

Em 06 de janeiro de 1856, deixou o comando do destacamento de Paranaguá, onde estava ser-


viu de 1854 a 1856.

Sobre o seu deslocamento para o Mato Grosso, o presidente Beaurepaire Rohan dirigiu ofício à
Tesouraria Provincial:

 “O alferes levaria 162 dias para chegar ao seu destino, tendo em vista que
à distância entre Paranaguá e Mato Grosso era de 487 léguas (caminharia
três léguas por dia)”.

Era uma viagem no lombo de um animal, mas ele não iria fazê-la...

O padre Vicente Pires da Motta que havia assumido a presidência da Província do Paraná, e-
nérgico, insistiu junto ao Marques de Caxias que ele permanecesse nesta Província por ser um ofici-
al de sua inteira confiança.

Assim, pelo empenho do presidente Pires da Motta, o alferes Assumpção permaneceu na Pro-
víncia do Paraná e em 02 de abril de 1857, foi nomeado comandante da Companhia da Força Poli-
cial, comissionado no posto de Capitão.

Providencias que tomou:

- instalar a Cia. em dependência mais condigna, já que o quartel que ocupava era um “verdadei-
ro pardieiro”, sito no Largo da Ponte (atual Praça Zacarias).

 “Curitiba não tinha prédios para tal fim, então o comandante cedeu um
barracão de tijolos de sua propriedade para alojar a tropa, onde ficou por
mais de 20 anos”.

O barracão onde a Cia. passou a utilizar era construído na esquina das Ruas Marechal Floriano
(antiga Rua do Ipiranga) e Rua Marechal Deodoro (antiga Rua do Comércio), onde está hoje o edi-
fício do banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul.
26

No dia 04 de julho de 1857, contratou o professor Bento Antônio de Menezes para organizar e
dirigir a Banda de Música, que se apresentou pela primeira vez no dia 7 de setembro de 1861.

Durante a Guerra do Paraguai colaborou na organização dos primeiros Corpos de Voluntários


da Pátria, também apoiou os policiais-militares que decidiram seguir para o campo de luta.

Em 31 de março de 1873, foi graduado no posto de Major e em 13 de abril de 1878, foi promo-
vido ao posto de Tenente-Coronel.

O Ten-Cel Assumpção, foi o oficial que mais tempo permaneceu no comando da PMPR, fican-
do no cargo durante 24 anos consecutivos.

A falta de pessoal para os serviços, atraso no pagamento e a intromissão da autoridade civil nos
assuntos afetos à Corporação, levaram-no a protestar com veemência e, consequentemente, deixar o
comando da milícia paranaense, em fevereiro de 1881.

Faleceu no dia 14 de junho de 1901, com 72 anos de idade.

V – ESTRUTURAÇÃO HISTÓRICA DA PMPR

1. Guerra do Paraguai (1865-1870)

Criação dos Corpos de Voluntários da Pátria – 07 de janeiro de 1865

Esses Corpos foram organizados com a participação voluntária da população e integrantes


das Forças Armadas e organizações policiais já organizadas. No Paraná era a Companhia da Força
Policial, atual PMPR.

Em 11 de novembro de 1864, Solano Lopes fecha ao Brasil o aces-


so pelo rio Paraguai, captura o vapor Marques de Olinda e aprisio-
na o coronel Carneiro Campos, presidente do Mato Grosso.

No dia 13 de novembro de 1864 as relações diplomáticas entre o Brasil e o Paraguai se


romperam e a guerra explodiu medonha e sinistra. As tropas paraguaias ocuparam Corrientes na
Argentina, invadiu o Mato Grosso e tomou o Forte Coimbra, na cidade de Corumbá e a Colônia
Militar de Dourados.
27

Nessa época a Companhia da Força Policial da Província do Paraná tinha apenas onze anos
de existência e contava com um efetivo de 71 homens.

Recrutamento

Havia a necessidade do recrutamento de paranaenses para a formação dos Corpos de Vo-


luntários e complementação dos efetivos do Exército.

Oficiais recrutadores no Paraná

- Tenente Antônio Emílio Vaz Lobo, recrutador da Comarca de Curitiba.


- Alferes Nicolau José Lopes, recrutador da comarca de Castro.
- Alferes Nestor Augusto Morocines Borba, ofereceu voluntariamente seus serviços.

Voluntários oriundos da Companhia da Força Policial

A 1ª Cia., de paranaenses foi formada no mês de fevereiro de 1865, constituída de 75 pra-


ças e 03 oficiais. Nela foram incorporados 13 policiais-militares que já haviam se oferecido volun-
tariamente no dia 26 de janeiro, entre esses 13 primeiros, destacamos:

- Músico Clarimundo José da Silva


- Corneteiro Antonio Roberto e o,
- Soldado Fidêncio Lemos do Prado

Esses foram os primeiros voluntários procedentes de Curitiba, porquanto os outros que vie-
ram fazer parte da Cia., só se alistaram a partir dos meses de fevereiro e março de 1865, como foi o
caso de mais 08 policiais-militares dos quais destacamos o nome do:

- Alferes João José Pichet, ofereceu-se como voluntário da Pátria e foi


classificado nessa Companhia em 27 de fevereiro de 1867.

Mais tarde, outros 17 policiais-militares seguiram com o Corpo de Voluntários da Pátria,


dos quais destacamos:

- soldado Vicente Nery Pereira, nascido em 1839, em Rancho Alto/MG, voluntário a partir
de 12 de abril de 1865.
28

Em 1867, também se ofereceram como Voluntários da Pátria, mais 09 policiais-militares.


Até o final de 1867, a Corporação paranaense havia incluído como voluntário, 54 policiais-
militares.

No decorrer dos anos de 1868 a 1870, seguiram para a guerra, juntamente com pequenos
grupos isolados, mais 11 PM.

Assim, durante a Guerra do Paraguai, o número de voluntários oriundos das fileiras da Ci-
a., da Força Policial, totalizou 65 homens, sendo:

- oficiais.....................03
- Sargentos.................03
- Músicos...................04
- Corneteiros..............04
- Cabos e Soldados... 51
Total..........................65

No período da Guerra do Paraguai, a Companhia da Força Policial era comandada pelo ca-
pitão Manoel Eufrásio de Assumpção.

Destaques de Policiais Militares na Guerra do Paraguai

Destacamos aqui os nomes de alguns PM que se distinguiram no campo de luta durante a


longa e penosa jornada de cinco anos, assinalando a sua bravura e valor indômito em todos os com-
bates, num atestado vivo de sua conduta e acendrado patriotismo. Seus feitos foram coligidos nas
Ordens do Dia do Exército, cuja coleção é carga do Museu Histórico da PMPR e em outros docu-
mentos da época.

Do Paraná as baterias de Itapiru; do Passo da Pátria ao Estero Belaço; de Tuiuti as linhas


de Pequiricy; do estabelecimento a Humaitá; de Itororó a Havaí; de Vileta a Lomas Valentina, de
Augustura a Assunção; de Escurra a Perbebui; de Campo Grande a Caacupe; na esteira dessas eta-
pas gloriosas vencidos pelas tropas brasileiras, através de mil perigos e sacrifícios, seguem igual-
mente os policiais-militares, sagrados heróis, entre inúmeras vitórias conquistadas. E ao lado dos
seus irmãos de armas, vão também caindo, um após outros, feridos e mortos, bravos policiais-
militares, marcando o solo inimigo com o sangue derramado em defesa da Pátria.

Destaque na Batalha de Tuiuti


Nestor Augusto Morocines Borba – foi ferido gravemente no dia 24 de maio de 1866,
nos campos do Tuiuti. Uma bala atravessou o seu peito, invalidando-o para o serviço de campanha,
no dia 16 de outubro do mesmo ano, obteve as honras do posto de capitão do Exército. No dia 25 de
maio de 1867 o jornal “Dezenove de Dezembro” dava notícia do seu retorno à Curitiba:
Chegada: chegou a esta Capital o senhor capitão honorário do Exército Nestor Augusto
Morocines Borba, um dos primeiros voluntários da Pátria que desta Província marcharam
para o teatro da guerra. Gravemente ferido em combate (por uma bala que lhe atravessou
o peito) este denodado paranaense teve de retirar-se da campanha por não poder continu-
ar a prestar a Pátria os seus voluntários serviços.
29

Clarimundo José da Silva – foi um dos primeiros voluntários a seguir


para o Paraguai. Com a ausência de corneteiros no batalhão de Voluntá-
rios da Pátria, o coronel Pinheiro Guimarães, sugeriu que Clarimundo
treinasse o ouvido da soldadesca ao pistão. Quis o comandante fazê-lo
cornetiro-mor, mas ele não aceitou e partiu como simples soldado. Esteve
em Tuiuti e fez a Dezembrada. Foi vítima de epidemias como a cólera e a
varíola, mas voltou Sargento e com peito coberto de medalhas, entre elas
a de campanha com o passador nº 5. Aqui chegando foi nomeado Mestre
da Banda de Música da PMPR.

Antônio Roberto – seguiu para a guerra como corneteiro des-


tacando-se com bravura em todos os combates. Foi um dos primeiros
brasileiros a adentrar ao palácio do ditador Solano Lopes em Assunção.

Vicente Nery Pereira – soldado, nasceu em Rancho Alto, lugarejo da


antiga Província de Minas Gerais em 1834. Seus pais eram escravos
numa mina de ouro das alterosas. Até os vinte e poucos anos de idade,
viveu na escravidão, obtendo a concessão de liberdade em 1858, dado
os seus dotes de homem íntegro e comportado. Veio pára o Paraná. A-
qui, a 13 de janeiro de 1859 prestou o juramento aos “Santos Evange-
lhos” e ingresso nas fileiras da Companhia da Força Policial, como vo-
luntário por quatro anos. Na Corporação, dedicou-se a manutenção da
ordem pública no interior paranaense: Castro, Ponta Grossa e na Barrei-
ra da Graciosa.

Mercê de longa e constante dedicação ao serviço, impôs-se a estima e conquistou, pela cor-
reção de sua atitude, a admiração e o respeito dos habitantes dos lugares onde serviu. Em 1865, o
Brasil entrou na guerra contra o Paraguai, o bravo soldado, correspondendo ao apelo patriótico,
apresentou-se como voluntário a 02 de abril daquele ano, para incorporar-se ao cargo de Voluntá-
rios da Pátria, organizado no Paraná. Durante os cinco anos da campanha, praticou serviços relevan-
tes e ações de bravura no campo de luta. Foi atacado de cólera marbus. Teve participação ativa e
brava em todas as grandes batalhas em que tomou parte sob as ordens de Osório, Caxias e Conde
d’Eu, entrando com as tropas vitoriosas em Assunção a 05 de janeiro de 1869. Como herói retornou
as fileiras da milícia paranaense em 17 de setembro de 1871, um ano após o término da guerra. Pela
brilhante façanha, a 10 de julho de 1875, recebeu a MEDALHA DA CAMPANHA GERAL DO
PARAGAUAI (mais alta condecoração do Império) criada pelo Imperador Dom Pedro II em 06 de
agosto de 1870, outorgada como recompensa pelos relevantes serviços prestados aos combatentes,
na Guerra do Paraguai.
30

Essa medalha era feita com o bronze dos canhões


tomados do inimigo, tinha a forma de uma cruz de
malta. O soldado Vicente Nery Pereira, adquirindo
doença oriunda da campanha, em 02 de abril de
1880, requereu sua reforma do serviço ativo, tendo o
seu comandante encaminhado a fé de ofício ao man-
datário da Província; solicitando a sua reforma na
forma da lei.

O inesquecível miliciano não gozou desse benefício. Faleceu a 10 de maio de 1881, tendo o seu
funeral sido custeado pela própria Corporação que lhe tanto amou e a quem prestou incontestáveis e
reais serviços.

João José Pichet – no mês de fevereiro de 1865, foi formada a


1ª Cia., de Voluntários paranaenses. Em 27 de fevereiro de
1867, o alferes da Força Policial foi incorporado nessa Cia.,
como Voluntário da Pátria. No dia 03 de março de 1865, essa
Cia., seguiu para os campos de batalha. No dia 25 de novem-
bro de 1865, é publicado no jornal “Dezenove de Dezembro, a
notícia de ter falecido no hospital de Salto, a 16 de setembro o
alferes João José Pichet, que havia marchado aqui do Paraná
em defesa da Pátria. Poucos dados pudemos colher a respeito
deste PM, nascido em Curitiba em 1846, tinha dezenove anos
quando partiu para a campanha, nomeado oficial subalterno da
1ª Cia., de Voluntários da Pátria. Era oficial da PMPR.

Lá no teatro da guerra a um quilômetro de Concórdia (cidade Argentina da margem Uru-


guai) acamparam e permaneceram um mês e meio. No hospital militar dessa cidade faleceu João
José Pichet, o jovem patriota paranaense que tantas esperanças nutria de voltar a Pátria e ao seio da
família, coberto de glórias. Foi enterrado no cemitério onde está até os dias de hoje a espera de
transporte para a sua terra aqui no Paraná.
31

Fidêncio Lemos do Prado – a 25 de janeiro de 1865, apresen-


tou-se como voluntário com destino ao Paraguai, sendo a 08 de
março, incorporado na 4ª Cia., do 27º Corpo de Voluntários da
Pátria. Participou dos combates de 22 e 24 de maio, onde foi
ferido. Participou em Tuiuti, Tuiaqué, Salce, Curupaiti, Hu-
maitá, e Lomas Valentinas, na redenção de Augustura e As-
sunção. Foi elogiado em Ordem do Dia, do comandante das
forças de Manduvira, por haver com valor, abnegação e cons-
tância, suportado as fadigas de cinco anos de campanha.

No Paraguai. No dia 07 de maio de 1880, foi-lhe concedido às honras do posto de alferes


do Exército em atenção aos relevantes serviços de guerra. O bravo e patriótico curitibano, residia,
no ano de 1922, em Imbituva/PR, onde gozava de estima e respeito geral e, apesar de sua avançada
idade, ainda forte, conservava a vivacidade e ardor patriótico de sua mocidade. Fidêncio Lemos do
Prado, que serviu a Polícia Militar, por dois meses e sete dias, faleceu com as honras do posto de
major do Exército brasileiro.

Resgate da Bandeira Imperial do Brasil:

Quando o Exército Brasileiro entrou na cidade de ASSUNÇÃO, capital do PARAGUAI.


No dia 05 de janeiro de 1869, comandada pelo General OSÓRIO, não fora encontrado ninguém.

Depois que a tropa brasileira se aquartelou, o Ten FIDÊNCIO LEMOS DO PRADO, o


Mestre de Música CLARIMUNDO JOSÉ DA SILVA e o Corneteiro-mor ANTONIO ROBER-
TO se dirigiram ao Palácio do ditador Solano Lopes.

No interior, apreciaram a beleza do palácio, sua arqui-


tetura lhes chamava à atenção. Seguiram em direção
ao último andar, onde encontraram o gabinete, que era
o escritório do ditador Paraguaio. Ai encontrou uma
BANDEIRA IMPERIAL BRASILEIRA estendida no
chão, na frente da cadeira do referido ditador servin-
do-lhe de TAPETE.

O Ten Fidêncio Lemos do Prado, levantou-a e a levou consigo. Seriam, talvez, 4 horas
da tarde.

Às 5 horas, encontraram três paraguaios: Romão Braga, Ocalino Banio e João Martins, que
faziam parte do piquete que acompanhara o ditador e tinham ficado refugiados nos arrebaldes da
cidade.

Estes ao serem inquiridos como foi que Solano Lopes obtivera aquela bandeira, os três a-
firmaram que quando haviam aprisionado o “Vapor Marquês de Olinda”, que levava a bordo o Cel.
32

Carneiro Campos, Governador da província de Mato Grosso, foram tiradas duas bandeiras do Va-
por.

Uma delas ficara no quartel de HUMAITÁ para servir de TAPETE, e a outra viera para o
palácio de Solano Lopes, na Capital, destinada a mesma serventia.

O Ten Fidêncio Lemos do Prado, guardou a bandeira em sua mochila.

Quando regressou do Paraguai, trouxe a preciosa relíquia, conservando-a com carinho, em


sua residência, como recordação do tempo em que defendeu a Pátria.

Seu desejo era que aquele Pavilhão lhe servisse de mortalha quando morresse. Um dia, in-
do ao Rio de Janeiro, assistir o Centenário, levara a bandeira para oferecê-la ao Conde d’Eu.

O Conde morreu antes que chegasse ao Rio de Janeiro.

Hoje, a Bandeira Imperial resgatada por policiais-militares da Companhia da Força Policial


do Paraná (PMPR), na guerra do Paraguai, encontra-se encerrada numa caixa de madeira com a
inscrição em letras douradas: “A memória de D. Pedro II - o valor e a constância”, no Museu His-
tórico Nacional do Rio de Janeiro.

2. Revolução Federalista 1893/1894.

Muito se tem ouvido falar, porém poucos conhecem a verda-


deira história de bravura e heroísmo deste episódio que aju-
dou a consolidar a República no Brasil. Foram 26 dias de
muita tensão e incertezas. A Lapa ouviu dois sons diferentes
que marcaram o compasso de sua história.

Há mais de duzentos anos o toque do berrante, no ritmo das


tropeadas rasgava os caminhos para conseguir desenvolvi-
mento e prosperidade. Há cem anos o rouco som da metralha,
o sibilar das balas, zuniam aos ouvidos daqueles que aqui a-
judaram a escrever a página gloriosa dessa história escrita
com o sangue dos bravos que tombaram em nome de um ide-
al.

A CAUSA
33

Após a proclamação da República em 1889, por forças con-


trárias aos ideais de Marechal Deodoro o fizeram renunciar
e este entregou o cargo ao então vice-presidente Marechal
Floriano Peixoto que assumiu a presidência do Brasil.

Floriano chegara ao governo em momento crucial, o país estava entregue a inflação, a ati-
vidade econômica exigia créditos e o governo não tinha muitas alternativas, senão, continuar seu
programa de governo. No campo político, grande era as dificuldades. Floriano tinha adversários por
toda a parte. Focos de revoltas sucediam em várias partes do país, prisões arbitrárias aconteciam e a
imprensa atacava sem tréguas. Seu espírito então o fez enfrentar com mãos de ferro as rebeliões que
abalavam o governo.

A rivalidade entre Gaspar Silveira Martins do Partido


Nacional Federalista e Júlio de Castilhos, republicano
foi a gota d’água para a eclosão da Revolução Federa-
lista. Cresceu a anarquia. Nascia, assim, o movimento
de contestação ao governo de Floriano.

Silveira Martins Julio de Castilhos

A confusão no Rio Grande do Sul era intensa. Derrotado nas urnas, os partidários de Sil-
veira Martins resolveram então, conquistar o poder pela força e veio a guerra civil.

PICA-PAUS X MARAGATOS

Desse conflito, então, surgiram no teatro da guerra personagens como os Pica-paus e os


Maragatos.

Pica-paus, expressão usada pelos federalistas para identificar os republi-


canos, teve origem do nome, nas faixas brancas a semelhança do pássaro
pica-pau encontradas nos quepes destes militares.
34

Os Maragatos, fusão de federalistas e parlamentaristas, teve como origem


a região de Leon, na Espanha, mais precisamente, no distrito de Maragate-
ria, onde seus habitantes eram chamados de maragatos.

Imigrando para a cidade de São José, no Uruguai, muitos participaram do Exército Liber-
tador liderado por Gumercindo Saraiva.

Os Maragatos usavam calças cheias de pregas e ajustadas nos joelhos, amavam o cavalo, a
tenda e a lança. Eram chamados também de federalistas ou revoltosos.

Sob o comando de Gumercindo Saraiva, cognominado o Napoleão dos


Pampas, gaúcho de Arroio Bretanha, foi considerado audaz e intrépido
guerreiro. Carismático, eletrizava seus comandados e era considerado um
bravo soldado, mesmo pelos seus adversários.

No Paraná, Curitiba e Paranaguá, estavam praticamente tomadas pelas tropas federalistas


de Gumercindo. Tijucas, um dos últimos focos havia capitulado. Só restava então um único ponto
de resistência, a Lapa.

Cercada de montanhas, a pequena cidade parecia o local propício a não resistir mais de 48
horas de combates como calculava Gumercindo Saraiva. Sitiados os pica-paus somavam cerca de
900 homens mal adestrados. Na maioria civis voluntários e inferiorizados belicamente. Por outro
lado os Maragatos dispunham de um exército de mais de 3 mil homens bem preparados e colocados
em pontos estratégicos. A sorte estava lançada.

Sob o comando das operações dos pica-paus, estavam o Coronel Antônio


Ernesto Carneiro Gomes, mineiro de Cerro, tendo este já combatido na
Guerra do Paraguai e o Coronel Cândido Dulcídio Pereira do Regimento
de Segurança do Paraná, ambos, excepcionais estrategistas, exemplos de
disciplina obstinada ao cumprimento do dever.

O CERCO

Na noite de 14 de janeiro de 1894, começa aquele que seria um dos maiores feitos cívico
militar do Brasil. O Cerco da Lapa.

Foi uma epopéia sem paralelos na história brasileira onde um punhado de homens na maio-
ria despreparados, enfrentando um exército de forças superior, mostraram aos seus inimigos toda a
sua coragem e bravura.
35

Lapa estava literalmente sitiada. Os tiros da artilharia pesada vinham de todos os lados e os
lugares mais visados, eram a praça, o cemitério e a casa que servia como hospital. Barricadas e trin-
cheiras eram construídas para fazer defesa às ações do inimigo. A cada dia de batalha, a pequena
cidade da Lapa se fragmentava a um amontoado de cadáveres e muitos feridos agonizavam a sua
própria sorte.

Foram dias de combates contínuos onde os canhões federalistas


vomitavam projéteis pesados em cima daquela cidade. As casas já
estavam todas esburacadas e já estava faltando comida, remédio e
munição. O mau cheiro dos cadáveres em decomposição era um
suplício insuportável, as chuvas de verão castigavam a Lapa e as
comunicações estavam todas cortadas. Reinava o caos absoluto.

Na noite de 6 para 7 de fevereiro, os federalistas ocupavam as casas da Rua das Tropas e vin-
do pelos quintais chegaram até a Rua da Boa Vista. Pela manhã, nas janelas da casa de Francisco de
Paula, algumas dezenas de federalistas descarregavam seus fuzis sobre a Guarnição da trincheira da
Rua da Boa Vista, quase a queima roupa.

Diante de um iminente massacre, o General Carneiro ordenou que


todos recuassem para a farmácia Westhephalen, em frente a casa
de Francisco de Paula onde poderiam abrir fogo em igualdade de
condições. Os combates prosseguiram no ritmo sangrento que
culminou com a morte de vários líderes da resistência.

Entre eles, o Tenente José Amintas da Costa Barros, bravo comandante do Batalhão Floriano
Peixoto, ferindo o Coronel Cândido Dulcídio Pereira, ilustre comandante do Regimento de Segu-
rança do Paraná e o General Antônio Ernesto Gomes Carneiro, que na tentativa de salvar o Tenente
Henrique Santos, foi atingido por um projétil que lhe atravessou o estômago e o fígado.

Agonizando nos braços do amigo, o Dr. João Cândido Ferreira, lapeano que chefiava o corpo
médico da resistência, ainda encontrou forças para levantar o moral da tropa, enviando uma ordem:

 “O nosso dever continua sendo o nosso princípio e qualquer que seja a


gravidade do meu ferimento, a sua resposta João Cândido, deve ser uma só
– o ferimento é leve”.
36

O líder civil da resistência, o lapeano Joaquim Lacerda , trouxe reforços


do Batalhão Marechal Floriano, na tentativa de uma última investida
que só cessou aproximadamente, às 4 horas da tarde.

As baixas foram consideradas de ambos os lados que já davam sinais de fadiga.

No dia 8 pela manhã, morreu o coronel Cândido Dulcídio Pereira


que não resistiu os ferimentos que o atingiram. Seu corpo foi re-
colhido na sacristia da igreja Matriz. Perto dali, ainda agonizante.
O General Carneiro transmitia obstinadamente mais uma ordem:

 “Resistamos camaradas, porque nós militares não te-


mos direitos mas apenas deveres a cumprir e os deveres de um soldado resume-se em um único,
queimar o último cartucho e depois morrer... resistência, resistência, resistência a todo o transe”.

No dia 9 de fevereiro, 06:30 horas, da tarde, o General Carneiro


ladeado por seus correligionários, exala seu último suspiro... mor-
ria mais um herói. O Paraná sacrificava-se com a revolta, porém,
a República estava salva.

FIM DE UMA EPOPÉIA

11 de fevereiro. Diante da dramática situação em que se encontravam civis e militares, a-


pós 26 dias de intensos combates, caía à última e heróica resistência. O comandante em chefe, co-
ronel Joaquim Lacerda recebe um ofício do General Laurentino Pinto Filho das forças federalistas
propondo em bons termos uma rendição sem ofender os brios daqueles bravos combatentes.

Descontentes com os termos da rendição do General Laurentino, Gumercindo Saraiva e Pi-


ragibe lavraram uma nova ata assinada por Joaquim Lacerda em sua residência. O Cerco havia aca-
bado.
37

O feito e a proeza dos bravos da Lapa trouxeram dias de luto, de dor e heroísmo, mistura-
dos com horas lentas de bravura e agonia. Momentos de esperança e desalentos.

As notícias da capitulação assinada no dia 11 de fevereiro de 1894, correu por todo o país
como um rastilho de pólvora e comoveram a todos. A resistência da Lapa constituiu-se como um
dos maiores feitos cívico militar na história do Brasil.

MOBILIZAÇÃO
DAS FORÇAS LEGAIS
DO PARANÁ

Quando Júlio de Castilhos assumiu o governo no Rio Grande do Sul com apoio do Mare-
chal Floriano Peixoto, as perseguições surgiram de todos os lados contra os federalistas, cujas idéias
era chegar até o Distrito Federal (Rio de Janeiro) e depor a República.

Incentivado pela revolta da Armada comandada pelo almirante Custódio José de Mello,
que também pretendia depor o Marechal Floriano e restaurar o regime constitucional, o Partido Fe-
deralista, contando com a ajuda de alguns caudilhos que chefiavam grupos irregulares, dentre os
quais destacamos Gumercindo Saraiva, Laurentino Pinto , Piragibe, Juca Tigre, Aparício Saraiva e
outros.

Os movimentos combinados entre a Revolta da Armada e a Revolução Federalista demons-


travam o grau de entendimento e igualdade de propósito de seus chefes. Os federalistas planejavam
avançar sobre os estados de Santa Catarina e Paraná que, desprevenidos, se tronariam presas fáceis.
Penetrariam em São Paulo, onde agrupariam todos os elementos anti-florianistas a fim de preparar o
avanço até a capital federal.

No dia 06 de setembro de 1893, no porto do Rio de


Janeiro, a Esquadra brasileira, sob o comando de Cus-
tódio de Mello, amanheceu revoltada, exatamente
quando o Rio Grande do Sul atingia o máximo de sua
perturbação.

O Paraná mobilizou suas forças policiais e organizou


tropas civis para auxiliar na defesa. O Dr. Vicente Ma-
chado criou o Batalhão Patriótico “23 de Novembro”,
38

composto por voluntários dentre eles alguns funcioná-


rios públicos estaduais. No dia 29 de setembro de 1893,
esse Batalhão foi aquartelado juntamente com o Regi-
mento de Segurança do Paraná, formando uma Bri-
gada Provisória, ficando sob o comando do coronel
Cândido Dulcídio Pereira.

Em setembro de 1893, os federalistas, compos-


to por cerca de 3 mil homens, a maioria gente experi-
mentada nas lides revolucionárias do Uruguai, enfrenta-
ram no solo gaúcho a Divisão Norte, tropa florianista,
atravessaram o Rio Pelotas, invadiram e conquistaram o
território de Santa Catarina, ameaçando a fronteira do
Paraná.

O governo federal tomou a decisão que o avanço dos federalistas deveria ser contido em
território paranaense, de modo que o governo federal pudesse se preparar convenientemente para a
defesa da República.

Para comandar o 5º Distrito Militar, foi designado o general Francisco


de Paula Argolo, com a missão de organizar a Coluna Expedicionária,
formada pela Brigada Provisória e a Guarnição do Exército em Curiti-
ba, para combater os invasores.

MOBILIZAÇÃO
DO REGIMENTO DE SEGURANÇA
DO PARANÁ

ÓRGÃO E F E T I V O
Oficiais Praças Observações
Estado Maior 06 - -
Estado Menor - 05 -
Esquadrão Cavalaria 03 65 68 cavalos
4 Cias de Infantaria 12 384 Efetivo global
TOTAL 21 454 -

No dia 18 de setembro de 1893, um contingente do Batalhão Patriótico, 40 policiais-


militares e outras praças da força de linha, seguiu para Paranaguá para reforçar o destacamento que
lá se achava sob o comando do major Manoel Vicente Ferreira de Mello.
39

Na capital, o Batalhão de Voluntários, juntamente com o Regimento de Segurança do Pa-


raná (atual PMPR), formaram uma Brigada Provisória, sob o comando do coronel Cândido Dulcídio
Pereira. Essa Brigada foi colocada a disposição do governo federal e em seguida passou a integrar a
Coluna Expedicionária, sob o comando do general Francisco de Paula Argolo.

DESENVOLVIMENTO
DAS
OPERAÇÕES

Os federalistas (maragatos) já haviam tomado a Ilha do Desterro (Florianópolis) que ficou


sendo a capital da República Federativa.

A Coluna Expedicionária do Paraná rumou para o campo de luta, seguindo pela Lapa e al-
cançando o Rio Negro. Depois, atravessou o Rio da Várzea. Em 11 de novembro de 1893, achava-
se em São Bento/SC, onde o general Argolo instalou um governo provisório, tomando posse do solo
onde pisava, em nome da República.

Então, chega à notícia de que os federalistas avançavam pela estrada da com cerca de três
mil homens. O general Argolo retrocede para guarnecer o Rio Negro, onde recebeu uma intimação
do general Piragibe, comandante do Exército Nacional Provisório (federalistas), para que se entre-
gasse com a sua coluna, dizendo que ela estava cercada por 1500 homens.

OS PRIMEIROS
COMBATES NO PARANÁ

No dia 19 de novembro, os federalistas tentaram tomar a passagem do Rio Negro, mas fo-
ram repelidos.

No dia 21, um piquete de cavalaria do Regimento de Segurança do Pa-


raná, sob o comando do capitão Custódio Gonçalves Rollemberg, teve
destacada atuação ao travar violentos combates com as forças revolu-
cionárias.

Como continuava cerrado o fogo de artilharia em Rio Negro, o general


Argolo decidiu retirar-se para a linha do Rio da Várzea e a seguir para a cidade da Lapa, que seria o
ponto de concentração das tropas legalistas.

No Rio da Várzea encontraram a ponte destruída pelos revolucionários. A mesma foi re-
construída as pressas pelo engenheiro Hercílio Luz.
40

O capitão Rollemberg com seu piquete de cavalaria foi designado para permanecer na re-
taguarda para garantir o avanço da tropa. Novamente entra em ação com a tropa inimiga, conse-
guindo repeli-la, pondo-a em debandada. Sua tropa portou-se com heroísmo, calma e bravura.

COMBATE
NO
RIO DA VÁRZEA

No dia 23 de novembro de 1893, o general Argolo com


sua coluna chegava à Lapa. Aqui, ele foi substituído pe-
lo coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro e o co-
mando de todas as operações foi entregue ao general
Antônio José Maria Pego Júnior.

Carneiro assume o seu posto, ordena a resistência a to-


do o custo. Seu efetivo era mais ou menos 900 homens,
incluindo 11 oficiais e 174 praças do Regimento de Se-
gurança.

Carneiro determina uma incursão à região, a fim de de-


salojar o inimigo. Era uma experiência inédita que fazia com o seu pessoal, e essa missão coube em
grande parte, aos integrantes do Regimento de Segurança que conheciam bem o jeito de andara por
aqueles lugares a cata de bandidos, isso os tornava indiferentes ao perigo.

No dia 14 de dezembro de 1893, um destacamento PM, sob o comando do capitão Rollem-


berrg, atravessou o Rio da Várzea, atacando a força de Piragibe pela retaguarda, enquanto isso a
companhia do capitão Clementino Paraná, forçava a ponte, em ataque frontal, conseguindo cortar a
retirada dos revoltosos. O combate foi violento, os federalistas sofreram muitas baixas, deixando 19
prisioneiros, armas, carretas de munições, cavalos e muitos pereceram afogados.

Essa foi a primeira vitória das armas republicanas no solo paranaense e a bravura dos poli-
ciais-militares despertou a admiração de todos, sendo enaltecidos pelo coronel Carneiro.

O CERCO

No dia 13 de janeiro de 1894, os federalistas já se encontravam acampados a quatro quilô-


metros da cidade. Desde então, as demonstrações de heroísmo e, em pouco tempo, o inimigo perce-
beu quão difícil seria tomar a cidade da Lapa. Tijucas, Paranaguá e Curitiba já haviam capitulado.

Os federalistas recebiam reforços das tropas que tomaram esses locais.

O Regimento de Segurança mantinha as tradições do passado. Muitos foram os feitos de


seus valorosos soldados, assinalados como verdadeiro tributo de sangue à história da Polícia Militar
do Paraná.
41

No dia 14 de janeiro de 1894, deu-se início o cerco da cidade, os federalistas atacavam de


vários pontos. No dia 17 de janeiro, os sitiados foram atacados por diversos pontos. Tentaram atacar
pelo engenho de mate, mas foram recebidos pelos policiais-militares, tendo à frente o Major Ignácio
Gomes da Costa, que repeliram os federalistas.

Já, no dia 22 de janeiro, os federalistas tomaram a estrada-de-ferro, o cemitério e o enge-


nho Lacerda.

O Regimento de Segurança, guiado pelo major Ig-


nácio, fez uma investida fulminante contra os fede-
ralistas e, depois de desalojá-los das matas adjacen-
tes, retomou algumas casas da orla da floresta, numa
luta corpo-a-corpo, readquirindo, à tarde, as posições
perdidas.

O capitão Clementino Paraná, com 22 homens do


Regimento de Segurança, transpondo as trincheiras e
abrigado pelo mato rasteiro, avançou e expulsou os
invasores da estação a tiros e a coices de armas,
quando foi ferido. Uma bala lhe atingiu o ventre. Foi
salvo por um caboclo da região.

O coronel Carneiro, vendo-o numa padiola elogiou-o dizendo:

 “Há de a República recompensá-lo, meu caro. O seu esforço não será


em vão. Trabalhar pela República é obter a glória”.

Os combates continuavam. Os federalistas, abatidos, retrocederam, deixando para trás mui-


tos de seus homens mortos e feridos e outros prisioneiros.

Nos demais dias de janeiro, os federalistas bombardearam a cidade com seus canhões
krupp, de sol-a-sol, e à noite, com o intuito de levar ao cansaço as forças republicanas. A fadiga se
fazia sentir, algumas deserções na Guarda Nacional e nos Batalhões Patrióticos.

A Lapa apresentava um aspecto desolador. A munição se esgotava. Faltava remédio, ali-


mentos. O mau cheiro dos corpos era um verdadeiro suplicio. Havia o cansaço e todos deviam se
manter firmes de dia e de noite. Com as chuvas, as trincheiras se transformavam em lodaçais.

O comando da resistência procurava manter o moral elevado, congratulava-se com a tropa


pelo triunfo até então conseguido, solicitava que todos mantivessem a constância e resignação pelo
bem da República que em breve seria vencedora e estaria em paz.
42

O ÚLTIMO COMBATE
No dia 7 de fevereiro de 1894, acontece o mais violento combate. Era madrugada, quando
se deu o primeiro estrondo. Foi o primeiro tiro, os canhões vomitaram seus projéteis pesados sobre
as trincheiras da defesa. Os tiros partiam do cemitério, do morro do monge e do alto da cruz.
Laurentino Pinto, Aparício Saraiva, Torquato Severo, Piragibe e outros comandavam o a-
taque dos maragatos. Avançavam pelos quintais das casas das Ruas das Tropas, Boa Vista e Alto da
Lapa. Era o ataque fulminante sobre as trincheiras da defesa.

Do alto da torre da Matriz, o coronel Cândido Dulcídio Pe-


reira, observava o movimento das tropas federalistas, arma-
do com um a “manulicher”, combatia os sitiantes. Quando
se preparava para sair daquele posto, foi ferido por uma bala
que atravessou o porta-revólver indo alojar-se na bexiga,
achatando-se contra o osso ilíaco.

O coronel Dulcídio foi atendo pelo Dr. João Cândido, depois conduzido a residência do co-
ronel Joaquim Lacerda. Antes de dar o último suspiro, dizia aos seus:
 “É só tirar essa dor de minhas costas que eu não bato o rosquete.”

Mencionava também que, quando melhorasse iria para as trincheiras e que a canseira que
sentia era da cama, mas que havia de se levantar.
Às 10 horas do dia 8 de fevereiro de 1894, falecia o valoroso e destemido soldado, coman-
dante do Regimento de Segurança do Paraná. Nesse mesmo dia, o coronel Carneiro que fora ferido
quando tentava socorrer outro oficial, por uma bala que lhe atravessou o estômago e o fígado. Fale-
ceu no dia seguinte, quando amanhecia o dia.

O coronel Joaquim Lacerda assumiu o comando da defesa e o major Ignácio passou a lide-
rar o Regimento de Segurança do Paraná.

A CAPITULAÇÃO

Estando toda a tropa florianista cercada pelos três corpos de exército, cujas forças monta-
vam um efetivo superior a três mil homens, e considerando que:

- Não havia possibilidade dos sitiados tentarem qualquer retirada ou continuarem resistin-
do, por se lhes ter esgotado as munições, víveres e água;
- Não podiam tomar, por faltas de recursos, uma ofensiva;
- Estavam certos de que não poderiam contar com nenhum reforço;
43

- Cientes também que Paranaguá, Curitiba e outras cidades do Estado já estavam em poder
dos revoltosos, e que o governador e o general Pego Junior tinham se retirado precipita-
damente, o coronel Joaquim Lacerda reuniu os seus oficiais e com eles decidiu que seria
aceita a capitulação. A Ata de Capitulação foi assinada no 11 de fevereiro de 1894.

AS DEGOLAS

A violação dos compromissos assumidos com a capitula-


ção e a recusa em prestar serviços à causa revolucionária
era motivos para o imperdoável degolamento. Com essa
finalidade, os piquetes federalistas percorriam os arredores
das cidades à cata de fugitivos. A maioria dos oficiais e
praças do Regimento de Segurança conseguiram escapulir
e se refugiar nos sertões e em São Paulo, até se reincorpo-
rarem as tropas legais.

O PARANÁ EM PODER DOS FEDERALISTAS

No dia 20 de janeiro de 1894, as tropas federalistas já haviam entrado triunfantes em Curi-


tiba e logo tentaram reorganizar suas tropas.

Para reequipar seus batalhões, os federalistas precisavam angariar


fundos e para isso nomeou uma comissão liderada pelo Chefe polí-
tico Ildefonso Correa (Barão do Cerro Azul) que, levado pela boa
fé e grande generosidade, aceitou esse cargo e com isso lavrou sua
sentença de morte.

O Regimento de Segurança foi reorganizado pelos federalistas com o nome de Regimento


Policial do Paraná, assumindo o seu comando o coronel revolucionário José Luiz de Souza Pires,
permanecendo no cargo até o dia 03 de abril de 1894, sendo substituído pelo coronel Rodolpho Nu-
nes Pereira, que ficou até o dia 16 de abril, quando foi exonerado, passando a responder pelo co-
mando o major Aristides Francisco Guarnier.

Como Fiscal do Regimento, foi nomeado o ex-alferes do Exército, Pedro Nolasco Alves
Ferreira, comissionado no posto de major.

O coronel José Luiz de Souza Pires, ao assumir o comando concitou energicamente que os
oficiais e praças do Regimento de Segurança deveriam aderir a revolução contra Marechal Floriano.
Os que se recusassem ou desertassem seriam fuzilados ou degolados.
44

O major Nolasco, que havia alegado doença foi demitido da função em 3 de abril, assu-
mindo em seu lugar o cidadão Manoel Pereira de Almeida, ex-tenente da PM.

Com a reorganização do Regimento, este foi transferido para um prédio localizado à Rua
Iguaçu, de propriedade de Júlio Gineste.

RETOMADA DO PODER

No mês de março de 1894, o governo central ordena o seguimento de tropa para operações
de guerra na fronteira do Paraná. Gumercindo Saraiva, amedrontado, recua. Sua única chance foi
voltar para o Rio Grande do Sul. Muitos federalistas se refugiaram no Uruguai e Argentina.

No dia 1º de maio de 1894, o 2º Batalhão, vindo de São Paulo chegava a Curitiba pondo
em fuga os rebeldes revolucionários que aqui ainda se encontravam. Incorporados a esse Batalhão,
vieram muitos policiais-militares do Regimento de Segurança do Paraná.

Centenas de prisões foram feitos, abarrotando quartéis, os fuzilamentos foram em massa,


como aquele que houve na Serra do Mar, onde o barão do Cerro Azul e outras personalidades curi-
tibanas.

O major revolucionário Pedro Nolasco Alves Ferreira, então Fiscal do Regimento, também
foi preso e fuzilado sumariamente em Paranaguá, sob acusação de ter fornecido informações confi-
denciais e se apoderado de dinheiro.
O médico do Regimento, Dr. Gastão de Aragão de Mello, também foi fuzilado em Santa
Catarina.
O Regimento de Segurança do Paraná foi reorganizado. O major Ignácio Gomes da Costa,
promovido ao posto de coronel, passou a ser o seu comandante.

3. Campanha do Contestado – (1912/1916)

Mensagem

Na Segunda década do século XX, o Planalto de Santa Catarina foi palco da epopéia do
Contestado, considerada um dos maiores eventos já promovidos pelos oprimidos e marginalizados
do mundo.

O fanatismo religioso, a expulsão do meio em


que viviam e a própria miséria lançou, irmãos
nossos, nascidos sobre este mesmo solo, em
uma empreitada messiânica e suicida.
45

Por quatro anos, milhares de homens, mulhe-


res e crianças travaram combate, sem tréguas,
às condições desumanas a que estavam lança-
dos.

Combatidos e vencidos, em nome da lei e da ordem, foram dizimados deixando o aviso de


que a pressão e a miséria levam até os mais humildes a revolta, mesmo que esta revolta possa ter
um trágico fim.

O Contestado

A guerra do Contestado reproduziu, no Sul do


Brasil, a epopéia de Canudos. Este conflito
opôs, de um lado, as forças do governo federal
e dos Estados do Paraná e de Santa Catarina e,
de outro, milhares de camponeses.

Contestado foi o nome dado a região disputa-


da por Paraná e Santa Catarina e situada entre
os rios Negro, Iguaçu, Uruguai e a fronteira da
Argentina. Nessa região, de 1912 a 1916, o
exército e as forças policiais de ambas as uni-
dades da federação debelaram uma rebelião
sertaneja de consideráveis proporções que se
tornou conhecida como “guerra do Contesta-
do”.

A questão dos limites entre Paraná e Santa Catarina tem raízes


nas expedições paulistas em direção ao Sul, ainda no século
XVIII; permaneceu indecisa durante o império e agravou-se no
fim do século XIX, já sob o regime republicano. Em 1904, o
Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa às pretensões de
Santa Catarina sobre a área em litígio. No entanto, a execução
da sentença foi embargada, o que provocou agitação em ambos
os Estados.

Características do conflito

O problema intensificou-se a partir de 1908, com a constru-


ção, nessa zona, de um trecho da estrada de ferro São Paulo –
Rio Grande. Iniciada por uma firma francesa, a concessão
46

passou à companhia norte-americana Brazil Railway S. A.,


de Percival Farquhar, que em pouco tempo englobou várias
empresas. Como pagamento, a empresa recebe uma doação
de mais de 6.000 (seis mil) quilômetros quadrados de terras,
cobertas com mais de 15 (quinze) milhões de árvores em “i-
dade de corte”. Numerosos trabalhadores (cerca de 2000) de
outros Estados, sobretudo cariocas e pernambucanos, foram
levados para a região.

Para cumprir um dos termos do contrato, a companhia deu i-


nício à colonização de 15 (quinze) quilômetros de cada lado
da via férrea.

Porém, não levou em consideração que


nessa área já existiam alguns fazendeiros estabele-
cidos, que ficaram descontentes com a interferên-
cia da companhia em suas terras. Concluída a cons-
trução da ferrovia, em 1910, cerca de 8 (oito) mil
trabalhadores ali permaneceram, desocupados, ape-
sar da promessa de serem trazidos de volta aos seus
Estados. Uma desenfreada especulação desalojou
das terras devolutas numerosas famílias de possei-
ros (chamados “intrusos”) que ali haviam se insta-
lado gerando, insegurança e descontentamento. As
terras passavam, todas, às mãos de companhias
colonizadoras, na maioria, estrangeiras.

Em 1911, a Lumber, poderosa empresa madei-


reira ligada a Brazil Railway, estabeleceu-se na
zona contestada, instalando a maior serraria da
América do Sul, capaz de serrar 1.200 (um mil e
duzentas) dúzias de tábuas de 4 (quatro) metros
de comprimento, por dia. Essa companhia tinha
autorização para explorar a madeira da região,
comprometendo-se pela colonização.

Essa atividade afastava a possibilidade de um acordo entre o Paraná e Santa Catarina, pois
ambos queriam ficar com a posse da região, onde se esperava um grande desenvolvimento.

Fanatismo

Em 1911, no município de Campos Novos, Santa Catarina, na


região conhecida por Faxinal dos Padilhas, surgiu um curan-
deiro, José Maria de Santo Agostinho, ao redor do qual se
constituiu um grupo de adeptos que passaram a venerá-lo. Di-
zia-se irmão do “monge” João Maria, dirigia terços, recitava
47

narrativas sacras e contava ao povo histórias de Carlos Magno


e dos Doze Pares de França. Chegou a ganhar de taumaturgo,
graças às curas que teria obtido. Pouco se sabe do seu passado,
além do que teria sido praça do exército e desertor da polícia
militar paranaense, e de que, na verdade, chama-se Miguel Lu-
cena de Boaventura.

Também conhecido como “monge”, distinguia-se, contudo do seu antecessor por várias ca-
racterísticas, inclusive pela frouxidão de costumes.

João Maria, o primeiro, cujo nome verdadeiro era Anastas


Marcaf, de nacionalidade francesa, era um tipo ascético, eminen-
temente pacífico, pregava a submissão e a humildade, não recolhia
dádivas, praticou a caridade e foi um médico, um pai e um amigo
dos pobres, era um andarilho e não queria ser acompanhado pelo
povo. Desapareceu no outro lado do rio Pelotas, fronteira com o
Rio Grande do Sul.

José Maria tornara-se o novo messias, ao contrário do andarilho que procedera, inaugura
no Planalto catarinense o messianismo instalado no “quadro santo”, um acampamento de fanáticos,
misto de convento e de hospital. José Maria é o chefe místico que aglutina revoltosos armados.

José Maria e seus seguidores forma-


ram um arraial em Taquaruçu, no município
catarinense de Curitibanos. Ali dominava o
“coronel” Francisco de Albuquerque, que se
mostrou preocupado com o crescimento da
influência “monge” e telegrafou ao governador
de Santa Catarina, denunciando que os fanáti-
cos haviam proclamado a monarquia. Seguiu
então, ao local, um contingente de tropas esta-
duais. Após quatro horas de resistência ao fogo
de artilharia, aos jagunços bateram em retira-
da.

A Luta no Paraná.

Acompanhado por seu bando de adeptos, José Maria re-


fugiou-se em Irani, no município de Palmas, Paraná,
onde já tinha vivido anteriormente.
48

No início do mês de outubro de 1912, começaram a


chegar as primeiras notícias sobre o movimento dos ja-
gunços chefiados pelo falso “monge” José Maria, que
bem aparelhados promoviam todo tipo de desordens
nos campos de Palmas.

Alterada a ordem pública no município


de Palmas, o governador do Estado determinou
o seguimento da tropa (Regimento de Segurança
do Paraná - PMPR), para a localidade de Palmas
que, seguiu viagem no dia 13 de outubro, indo
de trem, até União da Vitória, de onde prosse-
guiu a pé e a cavalo, até os campos de Palmas e
Irani.

O Regimento de Segurança do Paraná, na época era comandado pelo Coronel JOÃO


GUALBERTO GOMES DE SÁ FILHO.

José Maria afirmava que nada tinha contra o governo do Paraná e que apenas fugia com
sua gente da perseguição do “coronel” Albuquerque. Rejeitou, entretanto, uma intimação que lhe foi
dirigida em 20 de outubro de 1912 pelo comandante do Regimento de Segurança do Paraná, coronel
João Gualberto, para que viesse ao acampamento da força estadual “explicar o motivo da reunião de
gente armada em torno de sua pessoa”, porém José Maria não reconheceu o valor do bilhete, porque
estava “escrito a lápis”.

O ataque efetuou-se na madrugada de 22 de outubro.


49

Combate do Irani

Ao chegar nesta localidade, na manhã de 22 de outubro foi a pequena coluna atacada por
um elevado grupo de fanáticos, cercando-á, obrigaram seus componentes a uma reação heróica, na
qual valentemente tombaram o comandante e alguns de seus comandados, ficando outros feridos,
entre eles destacando-se o bravo Sarmento, que então tinha o posto de Alferes.

José Maria foi morto em combate pelo 2º Sargento Joaquim Virgílio da Rosa. Os jagun-
ços, superiores em número e usando facões, foices, machados e armas de fogo, repeliram a tropa
paranaense.

O coronel João Gualberto, “com os punhos cortados por vários golpes de facão, viu-se ro-
deado por um grupo de uma dúzia que discutiam se o matavam ou não. Surgiu então o assassino
José Fabrício das Neves que tomou a iniciativa, dando-lhe o golpe de misericórdia, produzindo
profundo ferimento frontal, provocando um movimento, instintivo do moribundo levantar os dois
braços para defender a cabeça escarnecida e descoberta. Seu corpo ficou irreconhecível”.

O coronel João Gualberto morreu


bravamente, no Combate do Ira-
ni, no dia 22 de outubro de 1912,
sem recuar, sem acovardar-se um
só instante.

Esse episódio, foi o primeiro confronto de uma guerra que dura-


ria 4 (quatro) longos anos. Ficou, historicamente, conhecido como o
“Combate do Irani”. Por esse fato, a região do Irani também é conheci-
da como o “Berço do Contestado”.

Cidade Santa

Após o combate do Irani, o grupo dispersou-se. Surgiu então a crença de que José Maria
não morrera, mas reapareceria numa “cidade santa”. Também os fanáticos mortos em combate
ressuscitariam. Criou-se mais uma entidade mitológica, o “exército encantado” ou “exército de
São Sebastião”.
50

No início de dezembro de 1913, formou-se em Taquaruçu, município de Curitibanos, Santa


Catarina, um novo acampamento, chefiado por Eusébio Ferreira dos Santos homem de bons prece-
dentes, pequeno negociante, crente de monge, que não estivera presente no combate, mas acreditava
firmemente na ressurreição do taumaturgo, tanto mais que, por duas vezes, tinha ele “voltado” ao
convívio de seus fiéis. A neta de Eusébio, a “virgem” Teodora de 11 anos, vira em sonhos o “mon-
ge”, que em espírito continuava a comandar a luta. Atacado por tropas vindas de Florianópolis, esse
reduto veio a desdobrar-se em múltiplas fortificações de guerrilheiros e em sucessivas “cidades san-
tas”, prontas para resistir aos “peludos”, como chamavam aos soldados do governo. Os seguidores
de José Maria usavam fitas brancas no chapéu, raspavam a cabeça e eram conhecidos como “pela-
dos”, de modo que a guerra do Contestado ficou conhecida também como a “guerra dos pelados”.

Os caboclos, com a esperança sobrenatural num reino de paz, prosperidade e justiça, de-
fendiam a sua “monarquia”, termo que para eles tinhas significado diferente do usual, numa con-
cepção mais mística que política. Na República, os fanáticos viam apenas o regime em cujas leis se
apoiavam os “coronéis” e as companhias estrangeiras para lhes tomarem as terras. Praticavam entre
si um igualitarismo comunitário, onde tudo era dado e, se alguém vendia, era morto.

A 28 de dezembro de 1913, o arraial de Taquaruçu foi objeto de um ataque de tropa federal


e um contingente da força pública catarinense. O ataque foi repelido. Nova expedição realizou-se
em fevereiro de 1914, mobilizando uma força de 750 homens. Os fanáticos, vencidos, abandonaram
o reduto, que foi arrasado.

Os que conseguiram escapar refugiaram-se na maior


parte em Caraguatá. Em Caraguatá a líder espiritual era
a “virgem” Maria Rosa de 15 anos, também chefe mili-
tar.

No dia 8 de março de 1914, ataque ao reduto de Caraguatá. Uma epidemia de tifo obrigou
os rebeldes a se retirarem e formar outros redutos; no vale do Timbó e na Serra do Tamanduá, ainda
em Santa Catarina.

Em agosto de 1914, um dos chefes dos “pelados” Manuel Alves de Assunção Rocha, lan-
çou um manifesto, no qual se proclamava “imperador constitucional da monarquia sul-
brasileira”.

Em 26 de setembro de 1914, Curitibanos é incendiada.

O Ciclo do Banditismo.

Os jagunços espalham-se sob o comando de


vários chefetes e bandoleiros, como Aleixo
51

Gonçalves, Alonso, Adeodato, o “alemãozi-


nho”, “Castelhano”, Tavares, Josefino e
Marcelo. Animados com os êxitos obtidos,
não se limitam esperar os ataques da tropa.
Antecipando-se, atacam povoações, destruem
estações ferroviárias, invadem cartórios para
queimar os registros de propriedade de terras.

Adeodato Alemaozinho

Em ataque a uma serraria da Lumber (Southern Brazil Lumber and Colonization Co., subsi-
diária da Brazil Railway), em 6 de setembro de 1915, empenham-se em combate com uma tropa do
16º batalhão de infantaria, 60 homens, vinda de Vila Timbó sob o comando do capitão João Teixeira
de Matos Costa, promovido a major post-mortem.

Neste choque com a força de fanáticos talvez dez vezes superior, os


soldados foram massacrados e o próprio comandante pereceu.

Cap.Matos Costa
52

Reduto de Santa Maria

Com a continuação das investidas dos sertanejos, novos redutos se formavam como pontos
de concentração e recrutamento: Piedade, Timbozinho, Taquarizal e Santa Maria, este último o
maior e bem mais defendido. No auge do movimento, os rebeldes ocupavam um território de cerca
de 28 mil quilômetros quadrados. Alonso chegou a tomar Papanduva e o “alemãozinho” ocupou
Itaiópolis e ameaçou Rio Negro. Nessa fase, eram respeitados os bens dos que aderiam ou simpati-
zavam com a causa; as propriedades dos que recusavam a aderir, pelo contrário, eram pilhadas e
incendiadas.

A Expedição do General Setembrino de Carvalho

Em setembro de 1914, chegou a Curitiba o general


Setembrino de Carvalho, a quem o governo federal
dera o encargo de acabar de vez com os fanáticos do
Contestado. Antes de iniciar as hostilidades, o gene-
ral encaminhou aos rebeldes um apelo para que se
rendessem. Tomou providências contra a eficiente
espionagem que mantinham os insurretos através de
agente infiltrados nas forças legais.

A tática adotada pelo general Setembrino foi de encerrar os fanáticos num quadrado, norte,
sul, leste e oeste, cercando a área que ocupavam.

Pela primeira vez, a força aérea


esteve presente em operações
militares no Brasil, para reco-
nhecimento, numa das quais pe-
receu, em desastre, o tenente a-
viador Ricardo Kirk.

Em janeiro de 1915, as tropas federais dominavam


os redutos de Santo Antônio e Timbozinho. À medi-
da que o cerco se estreitava, os fanáticos refugia-
vam-se em Santa Maria. Esse reduto, sob a chefia
suprema de Aleixo, toma a aparência de uma nova
Canudos, chegando a abrigar uma população calcu-
lada em 5 mil pessoas e tendo no centro uma igreja
onde se venerava o “monge”. Os chefes, que lá não
conseguiam chegar, rendiam-se. Multidões compos-
53

tas, sobretudo de velhos e crianças se apresentavam


nos acampamentos do exército.

O primeiro ataque a Santa Maria deu-se a 8 de fevereiro de 1916 sem sucesso.

O reduto tinhas um novo chefe, Adeodato, este, por sua vez, livrou-se de Aleixo que era
seu sócio, matando-o.

O ataque decisivo realizou-se a partir de 31 de março pelos 600


homens da coluna, sob o comando do capitão Tertuliano de Al-
buquerque Potiguara, enquanto os restantes 7 mil homens (signi-
ficava 80% do exército brasileiro) da expedição permanecia na
reserva.

A 2 de abril caiu o reduto avançado do ja-


gunço Adeodato. No dia 3, o capitão Potiguara pene-
trou em Santa Maria, porém, verificou que estava
cercado. Enviou um bilhete pedindo reforços ao co-
mandante da coluna que esta mais próxima – Estilac
– recebeu reforço de 2 mil soldados, os quais surpre-
enderam os sertanejos pela retaguarda. O reduto foi
então aniquilado.

Adeodato fugiu. Em agosto foi preso e condenado a 30 anos de cadeia, na penitenciária de


Florianópolis. Cumpre 7 anos de pena. Resolve fugir e é morto.

Últimos Redutos

Oficialmente, deu-se a campanha concluída. Grande


número de fanáticos, porém conseguira escapar. Logo
muitos deles se reuniram de novo. Formou-se o reduto
54

em São Miguel e outro em Pedras Brancas. Mais tarde,


o reduto de São Miguel transferiu-se para junto do Rio
Timbó, onde foi fundada a “cidade santa” de São Pe-
dro. Nesse período final, a luta contra os jagunços foi
principalmente obra de grupos civis, os “vaqueanos”
comandados por Lau Fernandes, morador de Canoi-
nhas.

Sob seu comando, a 17 de outubro de


1915, foi ocupado e destruído o reduto de Pedras
Brancas. Dois meses mais tarde, uma coluna de
cem “vaqueanos” penetrou no reduto de São Pedro,
que foi ocupado e incendiado. Depois da destruição
dos últimos redutos, muitos fanáticos se entrega-
ram, enquanto outros fugiam pelas serras.

O Acordo

A campanha do Contestado custou aos cofres públicos a quantia de 3 mil contos de réis,
quantia elevadíssima para a época. Encerrada a luta armada, o Presidente da República Venceslau
Brás, juntamente com os governadores de Santa Catarina e Paraná, Srs. Felipe Schmidt e Afonso
Camargo, em 20 de outubro de 1916, assinaram o acordo de limites, pondo um fim ao litígio territo-
rial.

ORGANIZAÇÃO DO BATALHÃO TÁTICO

Objetivando colaborar de modo mais eficiente na manutenção da ordem, o Presidente do


Estado do Paraná, em 9 de novembro de 1914, autorizou que o Batalhão de Infantaria, do Regimen-
to de Segurança do Paraná (atual PMPR), fosse organizado como “Batalhão Tático”, sob o comando
do bravo Major Benjamim Augusto Lage:

Comando e Estado-Maior
Comandante - Major Benjamim Augusto Lage
55

Ajudante - Alferes Hermínio da Cunha César


Quartel-Mestre - Alferes Genésio de Carvalho
1° Companhia
Comandante - Capitão Antonio Gomes Ferreira
Subalterno - Alferes Adeodato de Carvalho

2° Companhia
Comandante - Capitão José Agostinho da Silva
Subcmt - Tenente Floriano Barcellos Bica
Subalterno - Alferes Luiz Napoleão de Britto Abreu

3° Companhia
Comandante - Capitão Heitor de Alencar Guimarães
Major Benjamin Augusto Lage Subcmt - Tenente João Busse
Subalterno - Alferes Deocleciano Gomes de Miranda

O Batalhão Tático foi integrado


às tropas do Exército, incorporando-se à
Coluna Leste, comandada pelo Cel Ex Júlio
César Gomes da Silva, sem qualquer vincu-
lação com as autoridades do Paraná. Era a
única tropa estadual que tinha acesso a toda
a zona contestada pelos dois estados, não
obstante os enérgicos protestos do governo
catarinense. A Coluna Leste ficou com o
seu comando fixado em Rio Negro.

Como fato curioso, destacamos que nessa área surgiram vários comentários contra as For-
ças de Primeira Linha, inclusive um anspeçada do Regimento de Segurança fez apreciações desairo-
sas sobre as operações do Exército no Contestado, declarando, perante um grupo de sargentos, que a
tropa federal havia sido abatida e que a mesma sorte estava reservada ao Batalhão Tático. Essas
declarações lhe valeram cinco dias de xadrez, a pão e água, e o rebaixamento definitivo da gra-
duação que ocupava.

DESTAQUE DO BATALHÃO TÁTICO

• No Campo Belo expulsaram bandidos que


ousadamente arrebanhavam cavalhada e
56

bois, fazendo-os fugir para os matos do


Cerrito.

• Explorou as pastagens cortadas pelo


Rio Itajaí, por onde cruzavam, impu-
nes, grupos de fanáticos roubando com
descaro e perversidade.

• Nessa ocasião, o Batalhão Tático


colaborou ainda com a coluna Norte
para a ocupação da Colônia Vieira,
guarneceram Estiva, Sepultura e a
ponte do Rio São José, impedindo a
fuga dos bandidos.

• Retomou a vila de Papanduva, que


era lugar preferido dos fanáticos por se
localizar entre os redutos de Tavares e
Aleixo.

• Conquistou o reduto de Tavares,


onde se entregaram o líder Alemãozi-
nho e Bonifácio Papudo.
57

• Conquistaram os redutos de Marcello e Josephino.

• No final do mês de janeiro de 1915 começaram os ataques ao último reduto, o de Santa


Maria que foi por fim conquistado em 03 de abril.

Homenagem aos policiais-militares do Regimento de Segurança do Paraná, que participa-


ram na Campanha do Contestado. 1916.

4 – Revoluções:

Revolução de 1924
58

Irrompeu o movimento revolucionário de 05 de julho de 1924, em


São Paulo. A Corporação paranaense mobilizou-se organizando o
1º Batalhão de Infantaria, comandado pelo então Cap JOAQUIM
ANTONIO DE MORAES SARMENTO, que foi posto a disposi-
ção do Governo Federal.

Este Batalhão penetrou na Estado agitado, percorreu BOCAIÚVA, SOROCABA, PORTO


FELIZ, ITÚ, BOTUCATU, daí para SOROCABANA, até as barrancas do Rio Paraná, em PRESI-
DENTE EPITÁCIO.

Bateu-se em Porto Feliz, Botucatú e Santo Anastácio, desempenhando com bravura todas
as missões que lhe foram atribuídas de modo a merecer vários elogios do General AZEVEDO DA
COSTA, comandante das forças em operações contra os rebeldes e das autoridades estaduais daque-
le Estado.

Combate em Botucatu Combate em Santo Anastácio

Mudando-se o teatro de operações, para o interior deste Estado, para ali foi encaminhado o
1º Batalhão que passou a fazer parte das forças comandadas pelo General CÂNDIDO MARIANO
DA SILVA RONDON, marchando para GUARAPUAVA, LARANJEIRAS, UNIÃO e CATAN-
DUVAS. Combateu em BELARMINO, FORMIGUINHAS, COLÔNIA PARAGUAIA e CA-
TANDUVAS, perdendo vários de seus componentes, mortos e feridos, entre eles o 2º Tenente JO-
AQUIM TABORDA RIBAS.
59

Catanduvas Colônia Paraguaia

Guarapuava Guaíra

O 1º Batalhão só regressou à sede em março de 1925, depois de desbaratados completa-


mente os revolucionários, tendo desempenhado bravamente as perigosíssimas missões que lhe fo-
ram dadas, merecendo o comandante SARMENTO, seus Oficiais e Praças, os maiores elogios por
parte das autoridades federais e a cujas disposições serviam.

Revolução de 1930

A situação que reinava no país inteiro era de intranqüilidade, esperando-se a qualquer mo-
mento um movimento revolucionário. Podia ser no norte, em Minas Gerais ou no Rio Grande do
Sul.
60

Manifestação popular em Curitiba

Os ânimos estavam exaltados e sentia-se algo de inquietante, a nossa Força Policial manti-
nha-se dentro da mais sólida disciplina, fiel ao governo, obedecendo às leis emanadas pelo Poder
Público, esperando confiante que a situação melindrosa se resolvesse de forma satisfatória, com a
substituição da mais alta autoridade do País no dia 15 de novembro de 1930.

Os Oficiais da Força Policial que se achavam


em comissão do governo, ocupando cargos públicos,
procuravam se manter alheios à política de modo a não
dar lugar a queixas e melindres, a fim de não criar casos
que viessem a comprometer o bom nome da Corpora-
ção. A situação era extremamente grave quando às 05
horas da madrugada de domingo, do dia 05 de outubro
de 1930, irrompeu a revolução em Curitiba, o Governo
do Estado antes de abandonar o poder, telefonou ao
comando da Força, para que não houvesse derrama-
mento de sangue, pois iria sair do Estado e para que a
Força Policial não oferecesse resistência à revolução.

Diante de tão delicada situação, o Comandante resolveu deixar o cargo, e passou o coman-
do ao seu substituto imediato, retirando-se para a sua residência. A Força Policial, que até então se
achava fiel e pronta para defender as autoridades constituídas de nosso Estado, não vacilou diante
da situação imprevista, procurando seu Comandante, entrar em entendimento com as altas autorida-
des do Exército, do qual resolveu aderir o movimento revolucionário.

Em vista o alto conceito que gozava a nossa Força, mercê das nobres tradições de seu pas-
sado impoluto, foi recebida de braços abertos pelas tropas federais a sua adesão, leal e franca ao
movimento revolucionário.

Daí por diante os seus elementos se empenharam com amor e dedicação à nova causa, de-
sempenhando missões arriscadas e de responsabilidades, que lhe foram confiadas no decorrer da
luta em todas frentes.
61

Às 07 horas daquela bela manhã de outubro, desfi-


laram em formatura com as demais Forças Revolu-
cionárias, pelas principais ruas de Curitiba, os ele-
mentos da brava Corporação recebendo os aplausos
do povo que se regozijava, pelo fato de haver sido
necessário, travar-se em nossa capital uma luta fra-
tricida, com a adesão da Força, foi poupada a nossa
bela capital de ser teatro de combates sanguinolen-
tos.

A Força Policial do Paraná, pela sua tradição de


honra e conhecimento do dever mais uma vez sou-
bera escolher o caminho que deveria palmilhar, u-
nindo-se aos seus irmãos na sua luta em defesa de
um mesmo ideal. Naquele mesmo dia o Cap
GASPAR PEIXOTO DA COSTA, foi comissiona-
do no posto de Ten Cel e designado pelo governo a
comandar a Força Policial do Estado do Paraná.

Cmt da tropa

Oficial distinto, dotado de excepcionais


qualidades de comando, logo se ambientou em
nosso meio, podendo com facilidade desenvol-
ver a sua ação em benefício da causa, tendo em
data de 07 de outubro providenciado o embar-
que de uma Companhia de Fuzileiros e Esqua-
drão de Cavalaria para SENGÉS, a fim de ope-
rar junto ao 13º R/I de PONTA GROSSA. Em
08 de outubro seguiu outra Companhia de Infan-
taria, para a CAPELA DA RIBEIRA, a fim de
operar juntamente com as Forças do Exército.
Ponta Grossa

Em 15 de outubro, seguiu a 3ª Companhia para MORUNGAVA, para operar com a que lá


se achava. Toda essa Força marchou consciente do seu dever, para empenhar-se em luta pela causa
da revolução.

A nossa Força Policial, pôs ainda, a disposição de elementos civis, fardamento, munições
de que dispunha a fim de que os mesmos pudessem eficazmente se incorporar a fim de poderem ser
útil ao movimento. A Força empenhou-se em todas as frentes de combate, com entusiasmo e bravu-
ra, fazendo parte sempre da vanguarda, desde Sengés, Morungava e Capela do Ribeira, após a
rendição das tropas governistas a 24 do mesmo mês, regressaram para o sul 12.000 homens das
Forças Revolucionárias porém a nossa Corporação continuou como Força de vanguarda. Seguiu
62

para o Estado de São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, por ser considerada de confiança, tendo
por este alto conceito, sido incorporado quando em São Paulo, ao 13º R/I de Ponta Grossa, como 3º
Batalhão, conservando-se nesta categoria, até o seu regresso do Rio de Janeiro, em 15 de novembro.

Após a vitória da revolução, a Força Policial do Estado do Paraná, persistiu trabalhando


com dedicação para consolidar a obra revolucionária. Os seus elementos continuam em diversos
setores de administração a zelar e defender os princípios revolucionários, para que os Estados con-
seguissem finalmente desfrutar a situação de destaque no conceito da federação.

Fatos da Revolução de 1930

O primeiro reconhecimento do inimigo foi sobre


ENGENHEIRO SCHAMBER, a Força era um
Esquadrão de Cavalaria da Força do Paraná, co-
mandadas pelo Tenente MANOEL DINIZ, Ofici-
al de rara coragem. Descansava a Cavalaria,
quando uma sentinela avançada, posta ao longo
da coxilha, que demandava além do terreno ini-
migo deu sinal de tropas adversárias. Era um re-
conhecimento sem importância feito por meio de
automóvel de linha.

Os cavalarianos encilharam seus animais e rapidamente galgaram a coxilha. Ao cair da


noite, 50 soldados da Cavalaria, dirigidos pelo Ten DINIZ partiram em direção a Sengés. Era de
ver o aspecto daquela tropa montada, subindo e descendo a coxilha, até desaparecer das vistas dos
companheiros que nela tinham cravado os olhos da face do coração. Entrava em terreno inimigo a
hora do acaso, como que iluminados pela fé que abala montanhas e com a esperança do dever a
cumprir para com a Pátria.

Nos seus peitos abrasados levavam a ordem de reconhecer a todo transe Itararé e a ocupar
a posição se possível, era escura à noite, mas os caminhos da honra conduzidos pela claridade dos
soldados guiados pela mais pura e mais luminosa das consciências. No dia seguinte às 08 horas,
chegava a ligação da Cavalaria, trazendo a notícia para ela tão honrosa, da ocupação de Sengés.
Este estupendo feito das armas representava uma excursão de trinta quilômetros adentro pela estra-
da de rodagem em terreno que só se podia encontrar inimigos. Sendo de notar que para a gloriosa
Cavalaria, era completamente desconhecido o terreno que pisava. (Sublime Exemplo. Marcha Heróica do
Livro de Silva Duarte).

Revolução de 1932
63

A Polícia Militar, comandada pelo bravo Coronel AIRTON


PLAISANT, foi incontinenti mobilizada e posta à disposição do
governo federal, quando o país novamente foi convulsionado pelo
movimento rebelde originado no Estado de São Paulo, em julho
de 1932, marchando para as fronteiras daquele Estado, na zona da
Ribeira, no dia 14 daquele mês, precedida desde 11 por uma fra-
ção de sua Cavalaria.

Consideravelmente aumentada com a criação de seus 2º e 3º Batalhões de Infantaria, qua-


tro Regimentos e dois Esquadrões de reserva e constituindo a “COLUNA PLAISANT”, das Forças
do Exército do Sul, sob o comando do General WALDOMIRO CASTILHO DE LIMA, combateu
em Capela da Ribeira, Apiaí, Guapiara, Capão Bonito, Capela de Santo Antônio e Rio das Almas,
levando sempre de vencida a tropa rebelde até a pacificação completa do vizinho Estado, regressan-
do a esta capital à 08 de outubro.

O 3º Batalhão de Infantaria marchou para Guarapuava


e daí, até a fronteira de Guaíra, com o fim de guarne-
cer aquela localidade e evitar uma possível incursão
de revolucionários pelo Rio Paraná e outros elementos
seguiam de Apiaí, via Iporanga, até Xiririca, de onde
regressaram a sede.

Esta Corporação destacou-se extraordinariamente nas missões pesadíssimas que lhe foram
confiadas no decorrer da luta recebendo das autoridades e governos federais e estaduais os mais
estrondosos elogios pela conduta que demonstrou, com admiráveis provas de disciplinas e lealdade
registrando neste acervo vários Oficiais feridos e algumas Praças mortas e feridas em combates em
que tomou parte.

5. Intentona Comunista de 1935

O surto comunista que irrompeu nos últimos dias de novembro de 1935, em Natal e no Re-
cife, com as ramificações no Rio de Janeiro e outros Estados da Federação, foi sufocado graças à
pronta e enérgica ação do governo.

NATAL esteve em poder dos sectários russos, mas a pequena Força Pública Norte-
Riograndense, soube pagar com seu sangue a sua noção do sentimento do dever, e 50 homens, sitia-
dos dentro de seu quartel, provaram ao mundo e ao Brasil, o valor do soldado brasileiro. E caídos
estes, exangues de fadiga e já sem munição, o povo potiguar não esmoreceu e do centro do Estado
400 sertanejos, marchando sobre a cidade, cobriram de glória a fama nordestina, desbaratando os
criminosos.
64

Nas ruas de Recife, a tropa do Exército e da Brigada Militar do Estado, portaram-se com
heroísmo, combateram com denodo e asseguraram a vitória do governo, ou melhor, a vitória do
Brasil, que foi pronta e decisiva, fazendo imperar a ordem.

Aqui no Paraná, o Exército e a Polícia Militar coesos e prontos não consentiram sequer ti-
vesse a bandeira vermelha de Moscou a honra de se mostrar ao povo.

No Brasil foi derramado o sangue de muitos brasileiros em holocausto à Pátria e a nossa


Corporação destacou-se pela atuação decidida e leal ao lado dos Poderes Constituídos, devotando-
se inteiramente ao serviço da lei e da ordem.

Graças a sua inquebrantável linha de energia, que é o apanágio da Polícia Militar, sempre
ciosa de sua alta missão de mantenedora da ordem e das instituições, ao lado do Exército, ao pri-
meiro grito de desordem, conseguiram fazer os masorqueiros e o crime hediondo, com que os ini-
migos da Pátria pretendiam ferir o coração do povo brasileiro, foi abatido e sufocado aqui no Paraná
logo no início, não tendo, por isso maiores conseqüências.

OS LOUCOS DIAS DE 1935

“À Pátria tudo se deve dar e nada pedir – nem mesmo compreensão!" –


Siqueira Campos.

Intentona é um termo muito bem aplicado à maluquice organizada pelo Partido


Comunista do Brasil, com a participação de numerosos militantes da Aliança
Nacional Libertadora (ANL), esta fechada pelo governo Vargas em julho de
1935.

A supressão gradativa das liberdades pelo governo advindo da Revolução


pretensamente liberal de 30, colocou no mesmo alvo todos aqueles
inconformados com as respostas repressivas do Estado brasileiro. A
insatisfação, embora diminuta, foi polarizada pelo oportunismo da ANL e,
principalmente, dos bolchevistas que, dando asas aos seus sinistros
objetivos, prepararam uma sedição de seus adeptos em algumas unidades
militares.

Assim, em 24 de novembro, elementos do Exército rebelaram-se em Natal, com


pequeno apoio civil; criaram um "Governo Popular Nacional Revolucionário",
derrubado do poder efêmero e baderneiro, em quatro dias pelas forças
legalistas. O levante no Recife ocorreu no dia 24, tendo sido sufocado em
poucas horas.

No dia 27, surgiram os focos de rebelião no Rio de Janeiro, dentro do 3º


Regimento de Infantaria (na Praia Vermelha) e da Escola de Aviação Militar,
sendo dominados pelas tropas legalistas com o pleno uso da força e do
bombardeio.

Ficaram gravadas nas páginas da imorredoura memória militar brasileira, as


cenas de puro terrorismo, com o assassinato de camaradas de farda, que ainda
dormiam na madrugada do fatídico dia 27 de novembro de 1935, pelos
revoltosos comunistas.

O resultado das baixas legalistas indica a ferocidade da luta no Rio de


Janeiro: oito oficiais legalistas e vinte sargentos, cabos, incluindo dois
sargentos da Polícia Militar, acabaram sendo sacrificados no cumprimento do
dever.
65

A lição deixada pela Intentona Comunista, infelizmente, não é divulgada pela


Imprensa ou pelas escolas e universidades do Brasil. Aprisionadas pelo
silêncio da covardia moral que assola o país, as verdades históricas não são
mais expostas, mas eliminadas ou subvertidas a favor da interpretação da
ideologia vermelha de plantão. Dentro desta ótica perversa, o Poder
politicamente centralizado, através de seus inúmeros tentáculos tenebrosos,
como o Ministério da Educação, detêm "uma eficiência inquestionável",
parodiando o nobre Professor Jorge Boaventura, das muralhas de idéias
falsas, ou deliberadamente imprecisas, de que ele é construído.
O Partido Federalista deseja, nesse dia de memória dolorida e, ao mesmo
tempo, gratificante para quem ama a Liberdade, saudar todas as corporações
militares do Brasil. Delas, com certeza, sempre dependerá a Pátria Livre e a
expressão máxima da Soberania Nacional. Sem elas, morreria o Brasil.

Brasília, DF, 27 de novembro de 2006


Thomas Korontai.

6. Revolução Democrática de 1964


Por ocasião do movimento de 30 de março de 1964, e tendo em vista a situação anormal
que atravessava o país, com tropas mobilizadas em todo o território nacional, a Polícia Militar tam-
bém se manteve de prontidão, com parte de seu efetivo à disposição da 5ª Região Militar e o restan-
te empregado em guarnecer os pontos sensíveis da Capital e Interior do Estado.
Compreendendo a gravidade da situação, vários oficiais da Reserva Remunerada e mesmo
reformados da Corporação apresentaram-se ao Comandante-Geral, prontos para qualquer eventuali-
dade, abandonando o aconchego de seus lares para se colocarem a disposição do governo, no caso
da Polícia Militar necessitar de seus préstimos.
Só em 20 de abril, após a notícia da vitória das forças democráticas e o País ter voltado à
normalidade, ficou suspenso o rigoroso regime de prontidão que vinha mantendo.

Recebeu a Corporação, pela sua maneira corretamente patriótica em sua definição, colo-
cando-se ao lado do Exército Nacional, na defesa dos nossos postulados cristãos e democráticos, as
mais sinceras felicitações das autoridades estaduais e federais.

Em março de 1965, a Polícia Militar destacava-se outra vez na repreensão contra os com-
ponentes do famigerado “Grupo dos Onze”, que tentava subverter o Sudoeste paranaense.

Nessa operação participou de maneira digna o então Subtenente PM Ricardo José Couti-
nho, denunciando às autoridades militares o bando de comunistas chefiados pelo ex-Cel Jefferson
Carlin Alencar Osório.

O seu desprendimento, coragem e acentuado espírito de iniciativa, valeram-lhe a promoção


ao posto de 2º Tenente por ato de bravura.

Em 29 de junho de 1975, o Comandante-Geral, Coronel Orlando Xavier Pombo, foi agra-


ciado com a “Medalha do Pacificador”, através da Portaria Ministerial n. º 8668 e publicado no Diá-
rio Oficial da União n. º 1467, de 07 de fevereiro de 1966.
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7. Patrono da Polícia Militar do Paraná

CORONEL - JOAQUIM ANTONIO DE MORAES SARMENTO

Dia do Patrono – 17 de maio

“O homem que traz consigo a cicatriz de uma arma bandi-


da é um miliciano valente, digno e prestimoso”. Estas pa-
lavras foram dirigidas em 1915, pelo Chefe de Estado, ao
coronel Joaquim Antonio de Moraes Sarmento – PA-
TRONO DA PMPR. E o coronel Sarmento trazia consigo
esta marca que recebeu durante a luta contra os jagunços
fanáticos na “Campanha do Contestado”, em 1912.

JOAQUIM ANTONIO DE MORAES SARMENTO, filho de Sezostre Silvio de Moraes


Sarmento, nasceu no Estado do Ceará, no dia 17 de maio de 1882. Em 1903 veio para o Paraná.
Ingressou na PMPR, no dia 29 de julho de 1907, com idade de 25 anos, no então Regimento de Se-
gurança, sendo classificado inicialmente na graduação de 1º Sargento, por tê-la já ocupado no Exér-
cito Nacional.

A carreira policial-militar do então sargento Sarmento, foi brilhante, com rápida ascensão
aos postos mais elevados.

Promoções:

1908 – alferes
1913 – Tenente (ato de bravura – Combate do Irani – ferimento)
1916 – 1º Tenente
1921 – Capitão (merecimento)
1925 – Major (ato de bravura)
1925 – Ten-Cel (relevantes serviços)
1926 – Coronel

Comandos

O coronel Sarmento foi instrutor de tiro, Comissário, Delegado de polícia e comandou di-
versas Unidades da Corporação. Foi Tesoureiro Geral do Conselho Econômico, Inspetor da Banda
de Música, Ajudante da Força Policial, Fiscal Administrativo do 1º Batalhão, Inspetor Geral da
Guarda Civil e Assistente Geral da Força, cargo equivalente hoje, ao Chefe do Estado-Maior da
PMPR.

Condecorações

De 1912 a 1926, o Patrono da PMPR, participou de todas as operações revolucionárias do


Paraná e durante este tempo, recebeu muitas condecorações, dentre as quais destaca-se a “MEDA-
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LHA DE SERVIÇOS MILITARES, por ter tomado parte na Campanha do Contestado, outorgada
por decreto governamental em dezembro de 1915”.

Reforma e Falecimento

Reformado em 1926, o coronel Sarmento voltou à ativa em 1929 e no ano seguinte, 1930 o
Decreto de reversão às fileiras foi anulado, tendo sido definitivamente reformado no posto de coro-
nel. Quatro anos depois, no dia 21 de abril de 1934, data consagrada ao Patrono das polícias Milita-
res do Brasil, falecia o futuro Patrono da PMPR.

Missões que Sarmento cumpriu

Durante a sua carreira policial-militar, cumpriu cabalmente as mais difíceis e arriscadas


missões, sempre se destacando em todas elas.

Na noite de 03 de novembro de 1908, registrou-se uma revolta de grandes proporções entre


os inferiores (sargentos) e Praças do Regimento de Segurança. O alferes Sarmento, revelando a exa-
ta compreensão de seus deveres deu cabal desempenho à difícil, árdua e arriscada missão ao resta-
belecer e manter a ordem. Por tal feito, foi elogiado individualmente pelo governador do Estado,
Dr. Francisco Xavier da Silva.

Na agitação popular que se registrou, inesperadamente, na capital do Estado, no ano de


1910, cujos acontecimentos vieram perturbar não só a tranqüilidade do Regimento, o bravo alferes
portou-se com lealdade e extrema coragem, enfrentando destemidamente a onda de agitadores que
ameaçavam de modo assustador, à segurança pública.

O Batismo de Fogo O coronel Sarmento, não somente participou da história, mas foi
parte integrante dela. E ele entrou para a história justamente na
sua primeira missão em campo de batalha, em 1912, na Campa-
nha do Contestado. O litígio envolveu o Paraná e Santa Catari-
na, por questões de fronteira. Após a decisão do Supremo Tri-
bunal Federal em favor do vizinho Estado, também, um bando
de jagunços chefiados pelo falso monge José Maria, levantou-se
em armas, sendo expulso daquele Estado e refugiando-se na ci-
dade de Palmas, onde era conhecido.

Instalados no lugarejo conhecido por Faxinal do Irani, considerado na época como uma fortale-
za natural de difícil acesso para qualquer incursão militar, os jagunços chefiados pelo falso monge
passaram a assaltar vilas, fazendas e povoados na região de Palmas. Por ordem do governo do Esta-
do do Paraná, o Regimento de Segurança foi mobilizado e a tropa partiu no dia 13 de outubro de
1912, sob o comando do coronel João Gualberto. O alferes Sarmento tinha sob sua responsabilidade
uma Seção de Cavalaria.

Na manhã do dia 22 de outubro a tropa travou combate com as tropas do falso monge, mas
os sessenta e quatro milicianos foram encurralados pelos 400 homens de José Maria, tendo que op-
tar por uma luta encarniçada para sobreviver, partindo no final para uma luta corpo-a-corpo. Foi
nesse cenário que o alferes Sarmento teve seu batismo de fogo.
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A certa altura do combate, notando que o comandante João Gualberto estava na iminência
de sucumbir. O alferes Sarmento transformou sua espada numa espécie de clava para abrir caminho
por entre os jagunços e salvar o seu comandante. Nessa tentativa recebeu um profundo ferimento
de facão na face, na altura do olho direito. Apesar de gravemente ferido, Sarmento ainda reuniu
forças para incentivar seus companheiros a continuar a luta, caindo posteriormente desfalecido. Não
conseguiu salvar o comandante, mas cumpriu deu dever e teve essa satisfação ao saber da morte do
falso monge por um certeiro tiro de revólver desferido pelo 2º Sargento Joaquim Virgílio da rosa. O
alferes Sarmento foi tido como baixa no “Combate do Irani”, mas sobreviveu devido à assistência
que recebera de uma velha sertaneja e no dia 03 de novembro de 1912, retornou ao acampamento de
Palmas.

A Revolução de 1924

Irrompeu o movimento revolucionário de 05 de julho de


1924 em São Paulo. A Corporação paranaense foi mobili-
zada. Organizou o 1º Batalhão de Infantaria sob o coman-
do do Capitão Joaquim Antônio de Moraes Sarmento e,
colocado a disposição do governo federal e depois seguiu
para a fronteira paulista.

O 1º Batalhão de Infantaria do Paraná penetrou no Estado agitado, percorreu Bocaiúva, So-


rocaba, Porto Feliz, Botucatú, daí para Sorocaba, até as barrancas do Rio Paraná, em Presidente
Prudente.

Combateu em Porto Feliz, Botucatá e Santo Anastácio, desempenhando com bravura todas
as missões que lhe foram atribuídas de modo a merecer vários elogios do General Azevedo Costa,
comandante das forças em operação contra os rebeldes e das autoridades. Combateu também em
Belarmino, Formiguinhas, Colônia Paraguaia e Catanduvas.

Instituição como PATRONO DA PMPR

A Polícia Militar do Paraná, no dia 17 de maio de 1968, resgatou, da sombra do esqueci-


mento, um dos seus mais lídimos heróis de nossa Corporação.

O Comandante-Geral, considerando que o coronel SARMENTO foi incontestavelmente, o


tipo perfeito de cidadão e soldado, cujo nome é sempre lembrado com respeito, sugeriu, mediante
parecer de uma comissão de oficiais designada para esse fim, ao governador do Estado do Paraná
Paulo Pimentel, fosse ele instituído PATRONO da Corporação paranaense.
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Para exaltar esse miliciano, cuja força espiritual inspira nobres propósitos e ações; para que
o conhecimento de sua comprovada bravura e abnegação mais se amplie e, assim, fecunde esperan
ças novas; para que, enfim as gerações de hoje e as que virão amanhã encontrem este que pela sua
vida tornou-se exemplo para outras vidas, o governador atendeu a sugestão apresentada pelo co-
mandante-Geral da PMPR, Antônio Michalizen – e assinou o Decreto instituindo o coronel Sarmen-
to como Patrono da PMPR:

Decreto nº 8.871, de 07 de fevereiro de 1968.

“O governador do Estado do Paraná, usando de atribuições que lhe confere o Artigo 49, i-
tem XVI da Constituição Estadual”,

DECRETA:

Art. 1º - Fica declarado Patrono da Polícia Militar do Estado do Paraná, o coronel Joaquim
Antônio de Moraes Sarmento.

Art. 2º - è instituído o Diploma comemorativo à declaração do Patrono da Polícia Militar


do Estado do Paraná, o qual deverá ser entregue, na data da declaração, a representante dos familia-
res do coronel Sarmento, em solenidade cívica.

Art. 3º - o Diploma a que refere o artigo anterior, será confeccionado em pergaminho e a


mão, no tamanho de trinta por quarenta centímetros, onde serão inscritas as palavras:

“O governo do Estado do Paraná confere o presente Di-


ploma aos descendentes do bravo e valoroso coronel Joa-
quim Antônio de Moraes Sarmento, na data em que é decla-
rado Patrono da Polícia Militar do Estado do Paraná”.

Parágrafo Único – Ao lado do Diploma haverá um ramo de


louro, em toda a sua extensão, composto de dez folhas, nas
quais de inscreverão os nomes dos combates que participou.

8. Patrono das Polícias Militares do BRASIL

JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER – nasceu em 16


de agosto de 1746, na Vila de São João Del-Rei na Capi-
tania de Minas Gerais, filho de Domingos da Silva Santos
e de Antônia da Encarnação Xavier.
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Órfão, ainda menino, estudou as primeiras letras com sacrifí-


cio, mas demonstrando vivacidade e inteligência. Conviveu com seu
padrinho, Sebastião Ferreira Leitão, que era licenciado em cirurgia,
com quem aprendeu e praticou tal ofício, daí a alcunha de TIRA-
DENTES.
Tiradentes em missão
Nos sertões.

Comerciante, mercador, com noções práticas de medicina e odontologia, o alferes tinha


como profissão o cargo de oficial do Regimento Regular de cavalaria da Capitania de Minas Gerais,
comandante de Rondas Volantes que percorriam o Caminho Novo – por onde eram transportados
ouro e diamantes extraídos das minas das alterosas. Sua missão era a de combater os bandoleiros e
se empenhar em arriscadas diligências policiais, caracterizando-se como o precursor das lutas tra-
vadas, nos sertões, pelos soldados da Polícia Militar. Porém, a vida militar de Tiradentes – na qual
se notabilizou como mantenedor da ordem – era até pouco tempo, desconhecida no setor de segu-
rança pública.

Em janeiro de 1789, acertaram-se os primeiros planos para a chamada


“Inconfidência Mineira”. O alferes Joaquim José da Silva Xavier foi líder
e arrastou a principal culpa da Inconfidência. Foi preso em 10 de maio de
1789 na Fortaleza de São José, na Ilha das Cobras, removido para o Hos-
pital da Ordem Terceira de São Francisco, em 23 de setembro de 1791, e
posteriormente para a Cadeia Velha, em 17 de abril de 1792, donde saía
para ser enforcado em 21 de abril de 1792, quando foi cortado a cabeça e
o corpo dividido em quatro partes. Não morreu com Tiradentes a idéia da
liberdade.

9. Quartéis da Polícia Militar do Paraná

Desde a sua criação, em 10 de agosto de 1854, a Polícia Militar do Paraná, até os nossos
dias, já passou por nove quartéis, até se estabelecer em definitivo, no Quartel do Comando Geral,
localizado à Rua Marechal Floriano Peixoto, 1401, em CURITIBA, PR.

Poderia ter sido a própria residência do primeiro comandante, o primeiro quartel da Com-
panhia a Força Policial?
71

No dia 29 de novembro de 1854, anunciou no jornal “Dezenove de Dezembro” um edital


convocando os primeiros voluntários para ingressarem na Companhia da Força Policial:

 “O Capitão comandante da Cia., convida a todas as pessoas que quiserem engajar vo-
luntariamente para o serviço da Cia. hajão de comparecer na casa de sua residência
Rua Direita n. º 08 (atual 13 de Maio), a fim de proceder-se ao respectivo contac-
to”.(mantido a grafia da época)

1º Quartel da PMPR (Largo da Ponte, hoje Praça Zacarias)

Ao ser organizada a Cia. da Força Policial, em fins


de novembro de 1854, passou a ocupar uma casa -
“quase um verdadeiro pardieiro” - de proprieda-
de do cidadão Mariano Torres de Almeida, loca-
lizada no Largo da Ponte do Rio Ivo, depois de-
nominado Largo do Chafariz e atualmente Praça
Zacarias. No local, hoje, foi construído o Edifício
Acácia.

Praça Zacarias - 1854

Em 1860, o governo provincial adquiriu a referida casa “por três contos e quinhentos
mil réis”, a fim de transformá-la, provisoriamente, em mercado municipal, já que este vinha fun-
cionando precariamente no pátio da própria Igreja Matriz da cidade, hoje Catedral Metropolita-
na de Curitiba.

Nesse ano, CURITIBA era uma povoação pequena e insignificante. Como diziam os cro-
nistas da época “não passava de uma pugilo de casas, mal alinhadas, separadas uma das outras
por cercas de tábua e extensos muros de pedra e taipa”. As residências eram num total de 308,
estando 52 em construção. Três sobrados somente dominavam a casaria térrea da cidade.

2º Quartel da PMPR (Rua do Comércio/ Rua Ipiranga – atual Marechal Floriano com
Deodoro)

Em vista da reforma e conseqüente transformação em mercado, foi determinado à mudança


da Companhia da Força Policial daquela casa e não podendo os cofres provinciais arcar com despe-
sas para a construção ou aquisição de um novo quartel, apesar da Lei n. º 36, de 07 de abril de 1855,
ter aberto um crédito especial para esse fim, o próprio comandante, então Cap Manoel Eufrásio de
Assumpção, cedeu um velho barracão de sua propriedade para alojar a tropa.
72

A mudança para o novo quartel deu-se no dia 12


de agosto de 1861, quando a Cia da Força Policial
mudou sua sede para a Rua do Comércio (atual
Marechal Deodoro), esquina com a Rua Ipiranga
(hoje Marechal Floriano Peixoto).

3º Quartel da PMPR (Rua do Mato Grosso, atual Comendador Araújo)

Com a exoneração do Ten-Cel Manoel


Eufrásio de Assumpção do cargo de Comandan-
te do então Corpo Policial, em cuja função per-
maneceu durante 24 anos ininterruptamente, e
sua conseqüente substituição pelo Ten-Cel E-
mílio Silveira de Miranda, este, como uma de
suas primeiras medidas administrativas, provi-
denciou a mudança do quartel, no dia 02 de
julho de 1881, para uma propriedade do civil
Gabriel Chorrial, localizada na antiga Rua do
Mato Grosso, atual Comendador Araújo, cujo
prédio tinha as acomodações precisas e o alu-
guel era favorável - 50.000 mil réis.

4º Quartel da PMPR (Rua Aquidabam, atual Emiliano Perneta)

No entanto, ressentindo-se o prédio de alojamento a-


propriado para as Praças, as quais vinham dormindo
inclusive sobre tarimbas, no dia 11 de abril de 1882, o
novo Comandante Ten-Cel Antônio Ennes Bandeira,
com a aquiescência do governo, providenciou a mu-
dança para outro prédio de propriedade do Comenda-
dor Martim Franco, sito à rua do Aquidabem, hoje
Rua Emiliano Perneta.
73

5º Quartel da PMPR (Rua Direita, atual 13 de Maio)

Não oferecendo o referido prédio “segu-


rança em vista do seu mau estado, não obstan-
te ter vastas acomodações”, foi por ordem do
Vice-Presidente da Província, ordenado a sua
mudança para uma propriedade do Cel Inácio De
Sá Sotomaior, localizada na então Rua Direita,
atual 13 de Maio, que “oferecia dependências
necessárias ao limitado número de Praças exis-
tentes na Capital” - nesta época em CURITIBA
a Corporação contava com apenas 16 Praças, as
quais “faziam o serviço de ordem às diferentes
autoridades, policiavam o mercado público e o
respectivo quartel”.A mudança realizou-se no
dia 31 de julho de 1883.

6º Quartel da PMPR (Rua do Liceu, atual Dr. Muricy)

No dia 18 de novembro de 1885, o Corpo Policial


mudava-se para o prédio da Rua do Liceu (atual
Rua Dr. Murici), defronte ao Clube Garibaldi, no
Alto de São Francisco e de propriedade de José
Wolff.

7º Quartel da PMPR (Rua da Travessa da Assembléia, hoje Cândido Lopes)

Ali, ficou aquartelado até o dia 04 de fevereiro


de 1891, quando foi instalar-se num prédio do
próprio Estado, que servia anteriormente de se-
de da Assembléia Legislativa, sito à Rua Tra-
vessa da Assembléia, atualmente Cândido Lo-
pes, no mesmo local onde se ergue hoje o edifí-
cio da Biblioteca Pública do Estado. (Foi
também o 1º Quartel do Corpo de Bombeiros)
74

8º REGIMENTO POLICIAL – Rua Iguaçu

Com a tomada do Estado pelos revolucionários


federalistas e numa natural situação dominadora onde tudo
fazia crer que a permanência deles no poder prevalecesse
para sempre, procuraram arrumar as coisas a seu modo.
Assim, depois de saquearem o antigo prédio do Largo do
Conselheiro Zacarias que servia de Museu, transferiram
este para o Quartel do REGIMENTO DE SEGURANÇA
(Regimento Policial) que, por sua vez, foi instalado numa
casa de propriedade de Júlio Eduardo Ginestte, cuja mu-
dança verificou-se no dia 09 de abril de 1894.

9º Quartel da PMPR

A única e imperdoável conseqüência dessa mudança foi o extravio de vários documentos


históricos da Corporação. Com a retomada do poder pelas tropas florianistas, em 10 de maio de
1894, o aluguel dessa casa passou a ser pago pelo Governo Federal, até março de 1895, quando a
despesa passou a correr por conta de erário do estadual.

Reorganizado o Regimento de Segurança, destroçado durante o Cerco da


Lapa, o quartel tornou-se pequeno para alojar todo o pessoal. Por este mo-
tivo o Coronel Ignácio Gomes Da Costa, Comandante Geral, auxiliado
pelo Major Custódio Gonçalves Rollemberg, incitou uma campanha em
prol da aquisição de um prédio para o Quartel, a fim de que, em ambiente
mais adequado pudessem as Praças minorar as agruras que vinham tendo
com a falta de dependências adequadas para alojá-las.

Apesar do grande esforço que fizeram para concretizar esse ideal, somente no ano seguinte
o Governador do Estado, Dr. Francisco Xavier Da Silva, doou um velho prédio que servisse de
Quartel, cuja mudança realizou-se no dia 01 de fevereiro de 1896.
75

O edifício, localizado no mesmo terreno, à rua Marechal Floriano Peixoto, 1401, onde hoje
se ergue o Quartel do Comando Geral, da PMPR, sofreu contínuas modificações e reformas em
sua estrutura, até chegar ao atual prédio de nossos dias.

Parte interna do antigo quartel.


76

Desfile da tropa – 1940 1916

Homenagem aos heróis do Contestado – 1916 1916

1949 – Oficiais Maestro Suriani e a Banda de Música

10. Aviação na PMPR

AVIÃO “SARGENTO”

Em 1918, uma comissão de Sargentos do Regimento de Segurança do Paraná, devidamente


autorizada pelo Comandante Geral e com a anuência do Governador do Estado, organizou uma
subscrição popular a fim de angariar fundos para a compra de um avião - o primeiro a ser adqui-
rido no Paraná.

A idéia teve a melhor receptividade entre o povo e na imprensa e cresceu com excepcional
acolhida e entusiasmo dos Sargentos da Corporação.
77

O projeto encontrou ampla e entusiástica aprovação do


Coronel Fabriciano Do Rego Barros - Cmt Geral, que
estimulou o início da campanha e providenciou expedi-
ente necessário para obter junto ao Ministério da Mari-
nha a matrícula de dois Sargentos na Escola de Aviação
Naval.

A Marinha de Guerra, por sua vez, atendendo a solicitação, colocou


as vagas a sua disposição, caindo a escolha nos Sargentos Higino
Perotti e Miguel Balbino Blasi, os quais seguiram para o Rio de
Janeiro a fim de brevetarem.
Perotti

Blasi,

A comissão, em pouco tempo, conseguiu angariar a vultuosa quantia de 18.000 contos de


réis e incumbiu o Sargento PEROTTI para adquirir o aeroplano. Feita a compra, o Cmt Geral
seguiu à Capital Federal onde efetuou o pagamento e despachou o aparelho para CURITIBA.

O avião tinha as seguintes características: marca de fabricação “BOREL”, tipo monopla-


no-hiplace, equipado com motor “GNOME” de 7 cilindros, com 80 HP.

Não estando ainda os Sargentos habilitados para pilotá-lo, foi contratado o piloto civil LU-
IZ BERMANN.

Assim, a aeronave “pioneira” no Paraná, voou pela primeira vez, no dia 17 de fevereiro
de 1918, no prado do GUABIROTUBA que, neste dia, estava superlotado pelos curitibanos, sem
faltar às autoridades civis e militares.
78

O primeiro vôo do Avião Sargento

Foi ali que ele foi também batizado com o nome de “SARGENTO”, pela primeira dama
do Paraná - esposa do Presidente do Estado, como uma justa homenagem aos inferiores “que leva-
ram adiante a idéia aventada de aquisição da possante arma de guerra”, como comentavam os
jornais da época.

O jornal “Diário da Tarde”, de 18 de fevereiro daquele ano comentando a


solenidade diz: “Em seguida a colocação da faixa com o nome do monopla-
no, àquela distinta senhora, enchendo uma taça de champanhe e após tomar
um gole, virou o líquido sobre o aparelho aí também quebrando a taça”.
A Banda de Música da Força Militar, imediatamente executou entusiásticos
dobrados, enquanto a multidão delirantemente vivava o galhardo aviador
Bermann que daí a pouco deveria galgar o espaço, empolgando-a.”

Com a compra do primeiro avião organizou-se em CURITIBA, a Escola Paranaense de


Aviação, oficialmente inaugurada no dia 24 de março de 1918, que tinha como seu primeiro Conse-
lho Administrativo, o Ten-Cel Benjamim Augusto Lage, Dr. Ildefonso De Assumpção, Major do
Exército Felix Merlo, Cap do Exército Bráulio Virmond De Lima e Cap PM João Busse.

A Comissão Organizadora da subscrição popular, ao fazer a entrega do referido aparelho à


Força Militar do Estado, mereceu a seguinte referência do Comando Geral:

“Ë com a mais grata satisfação que dirijo aos inferiores os meus mais entu-
siásticos aplausos e os meus melhores agradecimentos pelo grandioso em-
preendimento que vem a realizar, concorrendo com o seu esforço e com a sua
dedicação, própria do patriotismo brasileiro, para o engrandecimento do Es-
tado, para o desenvolvimento da aviação no Brasil e, portanto para a defesa
Nacional pela nova arma de guerra”.

No entanto, com a criação da Escola Paranaense de Aviação, cujo fim principal era o de
ministrar o ensino da aviação militar e na qual foram matriculados, de preferência, Oficiais e Sar-
79

gentos da Polícia Militar, o Cmt Geral resolveu ceder à Escola o aeroplano “SARGENTO”, a fim
de que pudesse iniciar suas atividades.

Ao fazer essa cessão, disse o Cmt-Geral: “Esta cessão não é senão um complemento dos
patrióticos intuitos dos dignos inferiores do meu comando, que angariando o aeroplano para a
Força Militar, visou a aprendizagem de seus camaradas que irão em breve tempo prestar eficaz
concurso ao glorioso Exército Nacional, de quem somos auxiliar imediatos”.

Em 11 de janeiro de 1919, os Sargentos Higino Perotti e Miguel Balbino Blasi, concluí-


ram o curso e receberam das mãos do Almirante Garnier, o BREVÊ de piloto-aviador. Foram os
primeiros paranaenses a conquistar um brevet de aviador.

A Marinha de Guerra, como uma homenagem


a Polícia Militar, doou-lhe um avião “BOREL”,
monoplano-biplace, dotado de comando duplo e
acionado por motor marca “LUK”, de 9 cilindros
e 120 HP, o qual também foi entregue à Escola
de Aviação do Estado.

Cap PM João Busse

Oficial do 1º Batalhão de Infantaria. O Ás da Aviação Para-


naense

O Cap JOÃO BUSSE foi, indiscutivelmente, o Ás Paranaen-


se nos primórdios de nossa aviação.

Já pela sua fina educação, já pelo seu caráter íntegro de mili-


tar brioso, o Cap Busse era estimadíssimo não só por seus
camaradas e subordinados, como também por seus superiores
hierárquicos, os quais apontavam-no como um exemplo dig-
80

no de ser imitado. Moço de corpo e de espírito, misto de mi-


litar e poeta, guiava por um rumo futurista e trajetória de sua
vida.

Como poeta ele foi um sonhador. Como militar foi um herói. A aviação - sonho de Júlio
Verne concretizado por Santos Dumont - estava naquela época (1920-1921) ensaiando os primei-
ros passos e bolindo com o cérebro de muitos jovens entusiastas e corajosos.

Voar fora o sonho de Ícaro. Voar era agora o sonho de quase todo mundo.

João Busse não poderia ficar indiferente. Coragem ele a possuía de sobra. Arrojo, já o
havia demonstrado em várias campanhas. Força de vontade...Ha! Quem não teria vontade de vo-
ar?...Voar como pássaro...Dominar o céu e a terra...Elevar-se sobre as demais criaturas num apare-
lho construído pelo homem e, lá do alto apreciar a terra, desafiando os poderes físicos da lei da
gravidade?...

Ele também seria um aviador. E se assim pensou


melhor o fez. Com o patrocínio do Estado e da sua
Corporação, seguiu para SÃO PAULO onde, em
janeiro de 1920, foi matriculado na Escola de A-
viação da Força Pública.

O tempo passado em estudos e experiências no vizinho Estado foi aproveitado em seus mí-
nimos instantes. Fruto devido unicamente ao seu esforço foi o êxito alcançado em seus exames
finais. Contudo não se contentou o Cap Busse com o BREVET de aviador. Quis mostrar ao povo
de sua terra que não fora em vão o seu esforço.

Desejava voltar a Curitiba, pilotando um avião e sobrevoar a cidade, para que todos pudes-
sem admirar o pássaro gigantesco controlado pelo homem.

Queria demonstrar de forma concreta o aproveitamento obtido no curso a que se submete-


ra. Vaidade? - Não!

O Cap Busse, após conquistar o BREVET de aviador, queria regressar pilotando ele pró-
prio um avião, desbravando os ares de São Paulo até Curitiba, a fim de evitar que essa honra, vies-
se futuramente a cair em outro que não um filho da terra dos pinheirais.

Constituiria essa excursão aérea uma homenagem aos dois Estado vizinhos. No entanto,
em virtude de ser o raio de ação de seu aparelho relativamente pequena, a travessia deveria ser e-
xecutada em três etapas: Itapetininga - Itararé - Curitiba.
81

Moço pobre, sem recursos que lhe facilitassem a


aquisição de um aeroplano capaz de resistir a
longa jornada e não podendo refrear o seu brio
de soldado e seu entusiasmo moço, resolveu
empreender a viagem de volta, fazendo o raid
em um avião alugado, o “Caldron”, de 120 HP,
em várias etapas, dadas as fracas possibilidades
da aviação naquela época, quanto ao elevar-se
sobre o solo, já era por si só, façanha digna de
admiração. Deslocou-se às nove horas e trinta e
cinco minutos do dia 28 de maio de 1921.

Às nove horas e cinqüenta minutos, portanto, apenas decorridos do início da jornada quin-
ze minutos, à altura de Idaiatuba, a dois mil e duzentos metros de altitude, o motor começou a fa-
lhar, obrigando-o a uma aterrissagem forçada perto da cidade, depois de planar cerca de cinco mi-
nutos em demanda a um campo antecipadamente escolhido, na emergência. Reparado o motor,
alçou vôo, no dia seguinte, até Itapetininga, etapa prevista. Reiniciada a viagem alcançou Bury,
tendo já vencido 100 quilômetros. Descontrolou-se novamente o motor, devido um defeito na dis-
tribuição de óleo. Executou o pouso, glissando, tendo o aparelho, ao aterrar, ido de encontro a um
cupim.

Capotando espetacularmente, após ter uma hélice arrancada,


o “Caldron” cuspiu de seu bojo o desditoso aviador. Gra-
vemente ferido e em estado de coma, o Cap. Busse recebeu
os primeiros cuidados médicos do Dr. Francisco Marcon-
des, o qual foi para o local tão logo ocorreu o acidente.

O Presidente do Estado do Paraná tomou várias providências no sentido de ser prestado as-
sistência ao aviador que deveria ser transportado para Curitiba.

Inútil, porém, foram os esforços despendidos para salvá-lo.

Às 9 horas e meia do dia 31 de maio de 1921, expirava o valoroso aeronauta, dando-se por
terminado o raid Campinas-Curitiba, iniciado com tanto sucesso.

O país inteiro cobriu-se de luto. A imprensa de todo o território pátrio, condoía pelo triste
desfecho da raid, publicava seguidos telegramas e noticiários do infausto acontecimento.

Em Curitiba, foi geral a consternação. Particularmente a Polícia Militar - gloriosa caserna


que já contava com algumas dezenas de mártires do cumprimento do dever - inscrevia agora mais
um nome em seu carnet de heróis: o nome do malogrado Cap Busse.

O seu enterramento no cemitério Municipal de nossa cidade (Curitiba), foi uma verdadeira
consagração. Para mais de quatro mil pessoas.
82

13. Vultos Históricos da PMPR

Cel. CÂNDIDO DULCÍDIO PEREIRA - Herói do Cerco da


Lapa

O coronel Dulcídio era o comandante do regimento de segurança do


Paraná, o bravo entre os mais bravos, porque com a vida a sua de-
voção à causa da legalidade, quando, ao lado do General Carneiro,
elevou bem alto o nome da Policia Militar do Estado do Paraná,
gravando no bronze da história seu nome imortal, pelos homéricos
feitos de guerra durante o memorável Cerco da Lapa.

Dulcídio nasceu em Curitiba, no dia 22 de novembro de 1861. Era


filho do Capitão Cândido José Pereira e de dona Cândida da Silva
Lopes Pereira.

Ingressou no Exército como soldado. Sendo, 1877, reconhecido como soldado nobre, isto
é, CADETE, por ser filho de oficial de patente.

Depois de estudar em Belém do Pará, foi para o Rio de Janeiro como aluno da Escola Mili-
tar da Praia Vermelha, dali foi para Porto Alegre/RS. Em 1887, retornou à Corte no posto de Alfe-
res da arma de Cavalaria.

No dia 15 de novembro de 1889, fazendo parte do 1º Regimento de Cavalaria marchou ao


lado do Marechal Deodoro da Fonseca na consolidação da República. Após esse advento veio servir
no 8º Regimento de Cavalaria de Curitiba, sua terra natal.

Em janeiro de 1890, foi promovido ao posto de Tenente, por estudos.

Comandante da PMPR

Assumiu o comando da Policia Militar do Estado do Paraná, no dia 29 de janeiro de 1891,


comissionado no posto de coronel.

Mudou a sede do quartel (03/02/1891) para um pré-


dio próprio do Estado, onde organizou uma seção de
cavalaria.
83

Onde hoje funciona a Biblioteca Pública do Estado

Em dezembro de 1891, a corporação passava por uma situação precária, presa aos moldes
de ação antiquados e já superada e, por conseguinte, ineficientes.

Com o apoio do Major Fiscal João Fernandes, o Coronel Dulcídio reestruturou a Policia
Militar, dando-lhe o nome de Regimento de Segurança do Paraná, através da lei do dia 5 de julho
de 1892:

- Constituiu um Estado Maior (oficiais) e um Estado Menor (sargentos);


- Constituiu quatro companhias de infantaria;
- Constituiu um Esquadrão de Cavalaria;
- Constituiu a Banda de Música.

A Policia Militar do Estado do Paraná foi impresso novas normas de ação, o regulamento
foi modificado, aparelhando-a de acordo com as exigências prementes da evolução e do progresso
do Estado e deu-lhe real significação de órgão permanente destinado a manter a ordem pública,
dando a paz e tranqüilidade dos cidadãos e garantindo a plena execução das leis, com organização
militar.

- Elevou o efetivo para 454 homens;


- Organizou o Conselho Econômico. (aplicava as economias para armamento, equipamen-
to, arreamento etapas e forragem do Regimento).

Revolução Federalista

Devido à situação em que se encontra o país, tendo em vista a iminência da Revolução que
organizava no Rio Grande do Sul, o Regimento de Segurança do Paraná, entrou em rigoroso regime
de prontidão. Assim que começou a revolta o Paraná mobilizou as suas Forças policiais e organizou
tropas civis para auxiliar na defesa das instituições do país.

O Dr. Vicente Machado criou um Batalhão Patriótico “23 de novembro”, composto por pa-
triotas e funcionários públicos estaduais. No dia 29 de setembro de 1853, o Batalhão Patriótico foi
aquartelada do junto ao Regimento de Segurança. Juntos, passaram a constituir uma “Brigada Pro-
visória”, sob o comando do Coronel Dulcídio.

No dia 23 de outubro essa brigada foi colocada a disposição do governo federal, passando
a fazer parte da Coluna Expedicionária do General Argolo, que, no dia 30 desse mês marchou com
destino a Santa Catarina, a fim de conter a marcha dos federalistas.
84

Passaram pelo Rio Negro, Rio Preto e chegaram a São Bento em território catarinense.

Juca Tigre avançava pela Estrada da Mata em direção ao Rio Negro. Isso colocava em sé-
rio perigo a coluna que para não ficar entre dois fogos retorna em direção a linha de Rio Negro.

Aparício Saraiva e Joaquim Ourigues, comandantes federalistas também avançavam com


sua tropa pela estrada de Ambrósio-Tijucas, o que vinha agravar situação. O General Argolo decide
retirar-se para a linha do Rio da Várzea.

A situação piorava tendo em vista que a tropa federalista era composta por 3 mil homens,
enquanto que a Coluna Expedicionária tentava conter o avanço com 400 homens.

Daí, a coluna retirou-se para a cidade da lapa e aí fixou o ponto de resistência, enquanto
aguardava reforços que chegavam a tempo.

O General Argolo foi substituído pelo Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, que ao
assumir o comando, mesmo diante das dificuldades, ordena a resistência a todo custo.

Raia o ano de 1894 e o cerco da Lapa se fecha cada vez mais. Avanços e recuos. Atos de
bravura sem contrapropostas de rendição são enviadas ao Coronel Carneiro, mas continua resistin-
do.

07 de fevereiro de 1894.

Foi o dia do grande ataque. O Coronel Carneiro recebera notícias através do Coronel Dul-
cídio de que a qualquer momento aconteceria o mais resoluto ataque por parte do inimigo com a
intenção de quebrar a resistência.

Alta madrugada do dia 7 de fevereiro, soou o primeiro tiro de canhão, outro... E mais ou-
tros partidos do cemitério do morro do monge e do alto da cruz. Era o ataque do dia 7 de fevereiro.

Lourentino Pinto, Aparício Saraiva, Torquato Severo, Piragibe e outros comandavam 3 mil
revolucionários que postados nos quintos das casas das ruas da tropa, Boa Vista e Alto da Lapa,
irromperam contra as trincheiras da defesa da Lapa.

Do alto da torre da Matriz, Dulcídio observava o movi-


mento das tropas federalistas, comunicando Carneiro o
que via, e armado com sua “manulicher”, rechaçava as
sitiantes e caçava os ajudantes de ordens e outros cava-
leiros que se adiantavam da sua posição.
85

Estava no final de sua observação e se preparava para a afastar-se daquele posto que se
tornava cada vez mais perigoso. Foi nessa ocasião ferido por uma bala, que atravessando o seu por-
ta-revólver e o talim foi alojar-se na sua bexiga, achatando-se contra o osso ilíaco.

Ferido, foi atendido pelo Dr. João Cândido, depois


conduzido para a residência do Coronel Lacerda. O seu esta-
do era grave. Mesmo assim, encorajava seus soldados, inci-
tando-as á vitória.

Antes de dar o último suspiro, dizia aos que o cercavam: ”É só tirar essa dor de minhas
costas que eu não bato o rosquete”.

Às dez horas do dia 8 de fevereiro expirava o comandante do Regimento de Segurança do


Paraná.

Dulcídio portou-se bravamente, lutando em todas as fases das operações, enaltecendo sem-
pre sua vida de soldado disciplinado e bravo, dignificando a corporação paranaense, que defendeu
com o sacrifício da própria vida.

Antes de falecer, havia sido promovido ao posto de Capitão do Exército, por ato de bravu-
ra.

Dulcídio, imagem imorredoura, espelho tradicional do cumprimento do dever, em vida, le-


gou as reais dignificantes exemplos. Como uma justa homenagem ao coronel Dulcídio, em 1968 a
Polícia Militar colocou o seu nome ao Esquadrão de Cavalaria, que recebeu com grado o seu nome:
“Regimento Coronel Dulcídio”.

Uma das Ruas de Curitiba leva o seu nome: “Cel. Dulcídio”.

Medalhas:

Criada em 06 de março de 1961, pela Lei nº 4.340, em ouro, prata e bronze, para premiar
os cadetes que concluem o Curso de Formação de Oficiais da Polícia e Bombeiros Militares, em 1º,
2º e 3º lugar, respectivamente.
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Cel. JOÃO GUALBERTO GOMES DE SÁ FILHO - Herói do Combate do Irani

O Coronel João Gualberto era filho de João Gualberto Gomes


de Sá e de dona Júlia Bezerra Cavalcante de Sá Nasceu no
Recife, Pernambuco a 11 de outubro de 1874.

Ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, no dia 26 de


março de 1890, com apenas 16 anos de idade, graduando-se
alferes em 1894.

Em 1893, tomou parte nas operações contra a revolta da Armada que havia aderido o mo-
vimento revolucionário federalista.

Mais tarde veio para o Paraná, onde se casou com Leonor de


Moura Brito.

Retornou ao Rio de Janeiro, onde se formou engenheiro mili-


tar com a turma de 1901.

Retornou a Curitiba, passando a servir no 13º Regimento de


Cavalaria.

Cargos que ocupou:

- Engenheiro de linha telegráfica Curitiba/foz.


- Comandante do tipo de Guerra “Barão do Rio Branco”, que fundou em 1908.
- Ajudante de ordens do Comandante do 5º Batalhão.

Além do Curso de engenheiro militar, era formado em ciências Físicas e Matemáticas. Em


1910 foi promovido a Capitão do Exército.

Em 1912, foi escolhido para prefeito de Curitiba, no entanto desistiu desse cargo para as-
sumir o Comando do Regimento de Segurança do Paraná.

No dia 21 de agosto assumiu com entusiasmo o comando da Corporação, comissionado no


posto de coronel.

Ao assumir o cargo assim se pronunciou:


87

“É um cargo que me nobilita, porque são nobres as tradições desta mi-


lícia. Destaca-se, porem um feito, que sobranceia aos anais da história
fulgurante do Regimento, recordando aquela magnifica impossibilidade
no fogo, no momento preciso que tombava gloriosos nas trincheiras da
legendaria Lapa, ao lado de Gomes Carneiro, o seu extraordinário
Comandante Cândido Dulcídio Pereira.

E, que a mesma impossibilidade querendo aparentar uma feroz indife-


rença, delatara antes de tudo, a disciplina que só a os grandes chefes
sabem imprimir às tropas. Tomá-lo-ei assim para rumo, no longo ou
curto período do meu comando, aqui, na forte preocupação de fazer es-
ta corporação distinguir-se pela instrução e pela disciplina, fatores que
mais concorrem para a harmonia e para a ordem.

Espero que num longo aprendizado junto ao insigne professor que tive
até aqui, permita-me, imitando seus dignificastes exemplos e inspiran-
do-me em seus princípios salutares, desempenhar de modo satisfatório,
embora modestamente, as funções que ora me acho investido.

Mantenho inalteráveis todas as determinações de meu ilustre anteces-


sor, Coronel Servando de Loyola e Silva, cuja administração fecunda
se apresenta na simples entrada nesta caserna: pautarei meus atos fu-
turos nos preceitos estritamente regulamentares, tendo por norma a
justiça”.

Realizações:

- Melhorou o nível intelectual do regimento;


- Passou a ministrar instrução de infantaria e cavalaria do exército para os homens da cor-
poração;

- Reabriu o rancho dos praças;


- Determinou a construção da sede da Banda de Música.
- Não permitia que os soldados fossem utilizados com criados pelos oficiais e sargentos.

Em 03 de setembro substituiu o uniforme brim cinzento em uso pelo de cor caqui em uso
até 1976.

A morte de João Gualberto

No início do mês de outubro de 1912 começavam a chegar as primeiras notícias sobre o


movimento dos jagunços chefiados pelo falso monge José Maria, que aparelhados promoviam todo
tipo de desordem nos campos de palmas.

No dia 13 de outubro o governador do Estado determinou o seguimento da tropa miliciana


para Palmas.
88

A tropa era constituída de 158 homens com os quais chegou a 18 de outubro no lugar cha-
mado Belo Horizonte de Palmas onde acampou.

Dali enviou um piquete de cavalaria composto de 22 homens comandados pelo alferes Jo-
ão Busse, com destino ao Faxinal do Irani, a fim de estabelecer contato com os fanáticos de José
Maria.

No dia 19, resolveu seguir rumo ao Irani com o restante da tropa. Mas devido a interferên-
cia do Chefe de Polícia, marchou somente com 44 homens. No dia 20, alcançou a cavalaria e acam-
param no lugar conhecido como Caçadorzinho. Dali redigiu um ultimato ao monge:

Senhor José Maria:

“Deveis comparecer a este acampamento com a maior urgência, a fim de me


explicardes o motivo da reunião de gente armada em torno de vossa pessoa,
alarmando os habitantes desta zona e infringindo as leis do Estado e da Repú-
blica”.

Caso não atenderdes a esta intimação, que me ditam o cumprimento do dever e


o sentimento de humanidade, comunico-vos que dar-vos ei desde logo franco
combate e a todos os que forem solidários convosco, em verdadeira guerra de
extermínio, a fim de fazer voltar a esta zona do Estado, o regime da ordem e
da lei.

Avisai a todos que vos acompanham, que os considerarei criminosos si não


comparecerdes vos ao meu acampamento a fim de evitar uma terrível desgra-
ça.

Comunico-vos ainda, que além das forças minhas que vos sitiam por várias es-
tradas, outras expedições perseguem também, tornando-se dessa forma impos-
sível a vossa fuga ou resistência no território nacional.

No caso de vossa resistência as minhas imposições, deveis retirar com urgên-


cia as mulheres e crianças que ai estiverem. (extraído do livro Três Histórias e Duas
Vidas – Davi Carneiro)

Um vaqueiro do lugar levara esta mensagem a José Maria. Como a resposta do monge foi
negativa e não havendo alternativa, o coronel João Gualberto partiu com a tropa no dia 21 de outu-
bro, em seu encalço.

Na madrugada daquele dia, ao transpor um riacho, a única metralhadora que a tropa con-
duzia caiu na água, molhando todas as fitas de munição. Recolocaram no cargueiro e prosseguiram
viagem, sem levar em conta esse acidente, aparentemente sem importância, mas que iria se revelar
com toda a gravidade.

Na manhã do dia 22 de outubro, deu-se o sangrento encontro da pequena força do Regi-


mento de Segurança que contava com um efetivo de 66 homens contra os fanáticos que estavam em
número superior a 400. O combate foi renhido. Os jagunços aramados com vários tipos de armas
saiam de todos os lados. O Regimento foi tomado de surpresa, mas não se intimidou, mas num re-
lance a tropa viu-se envolvida num inferno de fogo.
89

Homens caíam ao solo... O coronel João Gualberto continuava firme no seu posto de co-
mando, tentando pessoalmente colocar a metralhadora em funcionamento. Vendo que não consegui-
ria abandonou-a e empunhando um mosquetão disparava contra o bando. Sua espada estava no ca-
valo.

Seu pedido de socorro foi em vão, o Chefe de Polícia desprezou-os e a tropa miliciana ca-
iu nas mãos dos fanáticos, após heróica resistência.

O coronel João Gualberto junto a uma cerca, com as vestes rotas e ensangüentadas pelos
ferimentos recebidos, tendo o mosquetão na mão direita, defendia-se com o braço esquerdo, vendo
aproximar-se o momento épico para morrer pelo Paraná.

Perdia força com a perda de sangue, desceu a crista do morro em direção a barroca que e-
xistia atrás de uma palhoça, sempre se defendendo até que caiu:

“Com os punhos todos cortados por vários golpes de facão, viu-se rodeado de
fanáticos que discutiam se o matavam ou não. Surgiu então o assassino José
Fabrico das Neves que tomou a iniciativa dando-lhe o golpe de misericórdia,
produzindo profundo ferimento no frontal, provocando um movimento, instintivo
do maribondo levantar os dois braços para defender a cabeça encarnecida e
descoberta. Seu corpo ficou irreconhecível”.

João Gualberto tombou morto no


Combate do Irani, no dia 22 de outu-
bro de 1912, sem recuar, sem aco-
vardar-se um só instante.

No dia 27 de outubro seguiu um pequeno contingente para o Irani, a fim de so-


correr os feridos e exumar os mortos.

O corpo do coronel João Gualberto foi reconhecido por sua esposa dona Leo-
nor, através de um anel que trazia consigo num dos dedos de uma das mãos.

No dia 30 de outubro foi armada a câma-


ra ardente no edifício da prefeitura muni-
cipal de Palmas, para velar o corpo do
coronel João Gualberto. No dia seguinte
o corpo foi levado numa carroça para U-
nião da Vitória, daí partiu para Curitiba
num vagão de trem preparado para esse
fim.

Chegou em Curitiba no dia 5 de novembro de 1912. O


cortejo fúnebre caminhou pela Rua Barão do Rio Bran-
90

co, XV de Novembro, Dr. Muricy, até o quartel do Tiro


Rio Branco“.

Chegara o dia da inumação, 7 de novembro o cortejo agora vai pela Dr. Muricy, XV de
Novembro, 1º de Março e Praça Tiradentes onde o monsenhor Celso Itiberê da Cunha fez as exé-
quias do corpo presente.

O governo do Estado mandou erguer um Mausoléu por conta


dos cofres públicos, no Cemitério Municipal, onde repousa os restos
mortais do bravo soldado.

“A bravura do coronel João Gualberto na condução do Combate do Irani e seu


exemplo de militar na luta travada nos campos do Irani, escreveram para a his-
tória do Regimento de Segurança do Paraná, uma de suas páginas de heroísmo
mais fulgurante”. (Senador Rubem Mello Braga)

João Gualberto tombou morto no Combate do Irani quando tinha 39 anos de idade.

Hoje, uma das mais belas avenidas da Capital do Estado do Paraná, ostenta o seu nome:
Avenida João Gualberto.

Medalha João Gualberto

Foi criada em 24 de junho de 1968, pela Lei n.º 5.798, em ouro, prata e bronze, para pre-
miar os oficiais da Corporação que concluem o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da PMPR,
em 1º, 2º e 3º lugar, respectivamente.

12º Batalhão de Polícia Militar – “Coronel João Gualberto”


91

Pelo decreto n. º 4.048, de 18 de outubro de 1977, sancionado pelo governador do Estado


do Paraná – Jaime Canet Júnior, o 12º BPM, passou a ter a denominação histórica de “Batalhão
Coronel João Gualberto”, como homenagem ao bravo militar que tombou morto no Combate do
Irani, quando era comandante do Regimento de Segurança, atual PMPR. A memória do coronel é
cultuada em solenidade cívica organizada pelo 12º BPM, anualmente, na data do seu nascimento, 11
de outubro.

Tenente JOÃO PINHEIRO - Herói Morto em Combate a Infratores da Lei

O Bravo Tenente João Pinheiro nasceu no Paraná, em 1892, sendo


filho de Alfredo Pinheiro.

Com 20 anos de idade ingressou nas fileiras do Regimento de Segu-


rança (PMPR), no dia 12 de setembro de 1912, como voluntário.

Como praça sempre soube interpretar, com legítimo amor, os deve-


res de soldado de polícia, subindo na hierarquia policial-militar em
virtude de seus méritos e viva inteligência que sempre demonstrou.

Promoções:

- Dezessete dias após ter verificado praça, foi promovido à graduação de anspeçada.

- Em 28 de julho de 1913, foi promovido a furriel (3º Sar-


gento) e classificado no Esquadrão de Cavalaria.

- Em 1915, foi efetivado como 2º Sargento e passou a prestar serviços na Secretaria do


Regimento.

Acesso ao Oficialato
92

No dia 07 de fevereiro de 1928 foi graduado ao posto


de 2º Tenente pela sua destacada atuação na manu-
tenção da ordem pública e em defesa dos poderes
constituídos.

Sua fé-de-ofício registra uma série de triunfos conquistados todos eles a golpe de energia e
perseverança.

Sua Morte

Entre tantas comissões que participou, em 1929 foi nomeado delegado de polícia em Bom
Retiro (Clevelândia) e em 1930 assumiu as delegacias de Rebouças e Irati.

Após o término da Revolução Constitucionalista, em 12 de outubro de 1932, foi nomeado


delegado de polícia em Tibagi, continuando assim, as perigosas diligências na caça de famigerados
bandidos que infestavam as cidades paranaenses. E, foi numa dessas atividades, que no dia 05 de
fevereiro de 1933, o Ten JOÃO PINHEIRO foi assassinado por três indivíduos, infratores da lei.

Pereceu no cumprimento do dever, deixando para a geração futura um belo exemplo, digno
de imitação, pois a ordem, em defesa da qual perdeu a vida, continua a ser mantida a todo custo,
queiram ou não os transviados da lei.

PATRONO DO QOA (Quadro de Oficiais de Administração)

Como justa homenagem ao inesquecível oficial, seu nome foi indicado como Patrono do
Quadro de Oficiais de Administração da PMPR, cujo ato foi oficializado através da Lei n.º 5.798, de
24 de junho de 1968.

“Medalha Tenente João Pinheiro”

Criada em 24 de junho de 1968, em ouro, prata e bronze, para premiar os alunos que con-
cluem o Curso de Oficiais de Administração da Polícia Militar, em 1º, 2º e 3º lugar, respectivamen-
te.

Tenente NICOLAU JOSÉ LOPES


93

O Tenente Nicolau José Lopes, nasceu na Província de São Pedro, no Rio Grande do Sul
em 1835, na Vila de São Gabriel. Foi considerado o mais valente Oficial do seu tempo.

Ao ser instalada a Província do Paraná, ingressou, a 13 de maio de 1854, na Guarda de


Pedestre de Curitiba, criada pelo Dr. Antônio Manoel Fernandes Júnior, Chefe de Polícia (hoje
Secretário de Segurança), como medida acauteladora para conter a onda de banditismo que infesta-
va a ex-5ª Comarca de São Paulo.

Entretanto, essa Guarda teve uma existência efêmera, pois assim que a Companhia da For-
ça Policial – atual PMPR, iniciou suas atividades, ela deixou de existir, tendo seus antigos membros
sido aproveitados, em sua maioria, na nova milícia paranaense.

Nicolau José Lopes ingressou na Corporação, no dia 1º de outubro de 1854, tendo sido o
primeiro cidadão provinciano a envergar a farda de Policial-Militar.

Como Soldado esteve destacado na zona litorânea, onde se destacou na captura de perigo-
sos assassinos e ladrões fugitivos de São Paulo, os quais aproveitando a situação oriunda da reor-
ganização da nova Província do Império, cometiam os mais sérios desatinos em quase toda a faixa
do litoral paranaense.

Promoções:

- Cabo – 1º de fevereiro de 1855;


- Furriel – 1º de outubro de 1855;
- 2º Sargento – 09 de dezembro de 1856.

Em 30 de novembro de 1857, em consideração a confiança inspirada ao governo, atingiu o


oficialato, sendo promovido a Alferes, Comandante do Destacamento de Paranaguá. Foi ele tam-
bém o primeiro policial militar, como Praça, a galgar o posto de Oficial na Corporação, na época
em que essa nomeação era privilégio exclusivo de Cadetes -Sargentos do Exército e de cidadãos
paranaenses de conceito ilibado.

Guerra do Paraguai:

Quando eclodiu a guerra do Paraguai – 1865, foi promovido ao posto de tenente, sendo, no
dia 24 de abril desse ano, sido nomeado Recrutador da Comarca de Castro, onde angariou um
grande número de Voluntários da Pátria que vieram se incorporar ao primeiro batalhão que seguiu
para o campo de luta.

Em setembro do mesmo ano integrou a comissão encarregada de abrir os volumes que vie-
ram da Corte, com armamento e mais pertencentes destinados à Guerra do Paraguai.

Com a partida dos contingentes para a desforrar a honra do Brasil ultrajada pelo ditador
Solano Lopes, Paranaguá exigia uma forte força policial para a guarda da cadeia, alfândega e segu-
rança pública. Todavia, ali ficou o valente Tenente destacado com apenas 13 Praças, número redu-
zido a vista das necessidades do lugar, mas, mesmo assim, jamais deixou de periclitar a manuten-
ção da ordem.
94

Faleceu em 1890, na cidade de Paranaguá.

Cap CLEMENTINO PARANÁ (Herói do Cerco da Lapa)

Nasceu em Curitiba, em 1870. Trabalhou quando jovem, como tipó-


grafo do jornal “A República”, onde conheceu Romário Martins,
Emiliano Perneta, Vicente Machado entre outros ilustres figuras pa-
ranaenses.

Fez-se militar durante o Império e por seu exemplar comportamento


e dedicação nos estudos galgou a graduação de 2º Sargento do Exér-
cito, dando provas de grande defensor do regime Republicano insti-
tuído por Manuel Deodoro da Fonseca.

Ingressou no Regimento de Segurança, no dia 15 de maio de 1893, quando foi nomeado


Capitão Comandante da 4ª Cia, por indicação do Cel Dulcídio, revelando-se desde então, um, valen-
te miliciano na captura de famigerados bandidos que infestavam os sertões do Estado do Paraná,
tornando-se respeitado pelos foras da lei e estimado pelos seus comandados.

Revolução Federalista

O Regimento de Segurança do Paraná, colocado à disposi-


ção do Governo Federal, incorporou-se a Brigada coman-
dada pelo General Francisco de Paula Argolo, indo para a
fronteira do Estado de Santa Catarina, a fim de combater
os revoltosos procedentes do Rio Grande do Sul, que pre-
tendiam invadir o Paraná.

Na vila Rio Negro, o Cap Clementino Paraná, tomou parte no primeiro combate, contra as
tropas revolucionárias. Dois dias depois, no Rio da Várzea, cortou a retirada dos revoltosos, colo-
cando-os entre dois fogos, fez muitos prisioneiros, outros pereceram afogados.

Mais tarde, na legendária cidade da Lapa, o bravo Capitão


revelou outra vez sua coragem no campo da luta. Tomou
parte de todos os combates travados em sua trincheira, du-
rante o sítio e até o dia em que foi ferido, portando-se com
heroísmo, sendo sempre o primeiro na luta e não se afas-
tando do perigo. Num daqueles dias, no comando de uma
95

fração de tropa de sua unidade, assaltou a estação da es-


trada de ferro da cidade da Lapa, que se achava em poder
dos revoltosos, de onde a tiros e coices de armas expulsou
os invasores, onde novamente foi ferido por uma bala que
lhe atravessou o ventre.

Após ter a cidade capitulada, no dia 11 de fevereiro de 1894, o Cap Clementino Paraná,
conseguindo escapar; mais tarde apresentou-se ao comandante do Regimento e mesmo ainda não
estando completamente curado dos ferimentos, foi nomeado Chefe da Praça de Morretes.

No mês de maio de 1894, voltou a exercer suas atividades no Regimento.

Recompensa: O Marechal Floriano Peixoto, para premiar os relevantes serviços prestados


pelo Capitão durante a Campanha Federalista, comissionou-o no posto de Alferes do Exército.

O Cap Clementino Paraná, retornou as fileiras do Exército, passando a integrar o 39º Bata-
lhão de Infantaria. Em 1897, voltou ao campo de batalha, na Campanha de Canudos, contra os
fanáticos do Conselheiro, onde reafirmou suas belas e valorosas qualidades, sendo louvado pela
sua bravura, valor e abnegação, coragem e sangue frio.

Retornou a Curitiba, onde foi recebido como herói, recebeu flores e foi conduzido erguido
nos ombros pelas ruas, recebendo também a “MEDALHA AO MÉRITO”.

Em Curitiba, vivia pacatamente. Em 1900, já disputava a primazia do famoso “taco” da


época, sendo freqüentador assíduo do bilhar instalado onde hoje é o Louvre ( Mal. Floriano com
XV de Novembro). Era parceiro inseparável de Carmelo Rangel, seu amigo de coração. Certo dia
deu-se um tiroteio com seu amigo num café daquela rua. Clementino meteu-se na luta e saiu nova-
mente ferido, tendo falecido um dos opositores.

Em 1904, em conseqüência daquela ocorrência, foi servir no Estado do Mato Grosso, onde
passou a ser temido e respeitado pelos inimigos da tranqüilidade pública.

Campanha no Mato Grosso: Em 1906, eclodiu um movimento revolucionário chefiado por


Genero Ponce e o bravo Cap Clementino e toda a oficialidade dos Batalhões estacionados em Cam-
bará aderiu à famosa “Legião Libertadora do Mato Grosso”.

Os correligionários de Ponce, chefiados por Clementino, atacaram a milícia mato-


grossense. Depois, já comissionado no posto de Coronel Revolucionário, foi incumbido de revoltar
a força federal sediada em São Luís de Cárceres, incorporando a revolução.

Em Cárceres, aprisionou os oficiais em suas casas. Irrompeu pelo Quartel, tomou a casa de
armas e assumiu o comando. Em seguida, colocou numa lancha e duas chatas parte do efetivo e
material bélico do Batalhão atacado, retornando a Cuiabá. Mais tarde foi Comandante da Polícia
Militar.
96

Reforma: Clementino Paraná permaneceu até o fim da campanha como revolucionário.


Depois voltou a integrar a sua unidade e ocupar o antigo posto de 2º Tenente, no qual foi reformado
em 1910. Continuou em Mato Grosso até 1920.

Retornou a Curitiba, indo mais tarde residir em Morretes.

Faleceu em 1938, com 68 anos de idade, na cidade de Morretes. Seus restos mortais re-
pousam no Panteão dos Heróis na cidade da Lapa.

Cel. FABRICIANO DO REGO BARROS (1º Comandante do Corpo de Bombeiros)

O coronel Fabriciano do Rego Barros era filho de Antônio


Soriano do Rego Barros e de Flora Minervina do Rego Bar-
ros, nasceu no dia 30 de março de 1875, na localidade de Po-
ço da Panela, distrito de Casa Forte, no Recife, em 1875. Era
descendente do Conde de Boa Vista, Francisco do Rego Bar-
ros, primeiro governador da antiga Província de Pernambuco.

Ingressou com 14 anos, como Cadete; 2º Sargento em 1889,


logo após a Proclamação da República, no 14º Batalhão de
Infantaria, com destino a Escola Militar da Praia Grande.

Quando irrompeu a Revolução Federalista no Sul, apresentou-se voluntariamente e comis-


sionado no posto de Alferes, incorporado ao 3º Batalhão de Infantaria, partiu em fevereiro de 1894,
em direção ao Sul. Chegou em Curitiba em setembro de 1894.

Participou ativamente no combate à Revolução Federalista em 1894, na defesa da Repúbli-


ca.

Quando era 1º Tenente, foi convidado pelo Governador do Paraná - Carlos Cavalcanti de
Albuquerque - e comissionado no posto de Major, organizar e comandar o Corpo de Bombeiros,
criado pela Lei n.º 1.133, de 23 de março de 1912. No dia 08 de outubro de 1912, instalou ofici-
almente o Corpo de Bombeiros, dando início as suas atividades em todo o Estado Paranaense.

Com a morte do Cel João Gualberto, nos campos do Irani, o Governador convocou-o para
ser o Comandante-Geral do Regimento de Segurança, comissionando-o no posto de Coronel.

Após três longos anos de lutas contra os fanáticos, a ordem foi restabelecida e o Cel Fabri-
ciano passou a dedicar-se à meta administrativa.

Principais realizações no Comando:

- Adquiriu as primeiras viaturas;


- Criou a Medalha de Mérito, para os que se destacassem em Campanha;
- Criou a DAL;
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- Durante o seu comando, mudou-se a designação de Alferes para Tenente (1916);


- Apoiou e incentivou os Sargentos para a criação de sua entidade de classe, que como uma
justa homenagem à sua pessoa tomou o nome de “Sociedade Beneficente Cmt Fabriciano” dos
inferiores do Regimento de Segurança do Paraná”.
- Apoiou a iniciativa dos Sargentos na aquisição de um aeroplano, que veio a ser o primei-
ro aparelho desse tipo adquirido no Paraná;
- Durante o seu comando, foi empregado pela primeira vez em manobra militar, o avião
para observação aérea, conforme está documentado em fotografia exposta no Museu Santos Du-
mont na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro;
- Durante o seu comando, inclui o Corpo de Bombeiros nos Quadros Orgânicos da Corpo-
ração;

Reorganização da Polícia Militar:

Em 1917, o antigo Regimento de Segurança, passou por uma organização que lhe deu mais
eficiência militar e policial. Mudou o nome para “FORÇA MILITAR DO ESTADO DO PARA-
NÁ”. Foi firmado um acordo entre a União e o Estado, considerando a Corporação, como “Força
Auxiliar e Reserva de Primeira Linha do Exército Brasileiro”.

Regresso ao Exército:

- Em 1919, foi promovido a Capitão;


- Em 1922, foi transferido para a 4ª RM, de Juiz de Fora/MG;
- Em 1923, retornou à Curitiba;
- Em 1924, foi reformado.

Falecimento: Faleceu em 1928, com 54 anos de idade, no posto de Major do Exército.

General MARIO ALVES MONTEIRO TOURINHO

Nasceu no Paraná, em Antonina, em 1871. Ingressou no Exército.


Como Alferes esteve ao lado do regime republicano na heróica resis-
tência Lapeana de 1894. Mais tarde lutou na Campanha do Contesta-
do, como Capitão.

Combateu as forças rebeldes de Isidoro Dias Lopes, na Revolução de


1924 e aderiu a Revolução de 1930, sob as ordens do Dr. Getulio Var-
gas, como Interventor Federal do Paraná.

No Comando da Polícia Militar:

Era Major do Exército, quando assumiu o Comando da Força Militar do Paraná, em 1918.

- Em 1919, criou a Escola da Força Policial;


- Instituiu promoções por Antigüidade e Merecimento;
- Reformulou a perda de posto; os oficiais não tinham garantias;
- Criou o posto de Coronel Comandante, que havia sido extinto em 1920;
- Criou um Regimento de cavalaria, com dois Esquadrões;
98

- Criou um grupo de metralhadoras com três pelotões;


- Criou a Companhia Escola, destinada a dar os ensinamentos aos recrutas. Nesta Escola
foram criados, anos mais tarde, os primeiros pelotões de Formação de Sargentos e Cabos.

Historicamente, ficou conhecido como o grande benfeitor da Polícia Militar do Paraná.


Faleceu com 93 anos de idade, em 1964, quando era General de Brigada, do Exército.

Cel PM HERCULANO DE ARAÚJO

Era Major do Exército, designado para comandar o Regimento


de Segurança, sua tarefa foi bastante ingrata. Teve que pacificar
uma revolta entre as “praças” que sobressaltou a população.
Depois, combater a indisciplina da tropa decorrente pelo atraso
do pagamento. Construiu a Linha de Tiro, onde hoje funciona o
edifício do Asilo Nossa Senhora da Luz - na propriedade de
Bortolo Parolim. Iniciou o plantio de forragem para a cavalha-
da, no terreno onde está, hoje localizada a Cervejaria Brahma.

Durante seu comando, construiu o Paiol de


munições que ainda hoje se vê, nas dependências do
Quartel do Comando Geral - 1910.

Pátio do Quartel do Comando Geral, nos anos 40.

Oficiais do Regimento de Segurança, na Linha


de Tiro. Ao centro o Coronel Herculano de Ara-
újo.
99

Em 1911, foi para o Rio de Janeiro para adquirir materiais à Corporação e quando retorna-
va daquela cidade, em viagem para Santos, faleceu repentinamente a bordo do Vapor “JÚPITER”,
no dia 1º de maio de 1911.

Cel PM BENJAMIN AUGUSTO LAGE

Oriundo das fileiras do Exército ingressou na Corporação no pos-


to de Capitão, quando contava apenas com 23 anos de idade,
sendo o mais jovem oficial a ocupar este posto na milícia parana-
ense. Foi um dos grandes destaques na Campanha do Contestado,
quando comandou o Batalhão Tático. Foi também o primeiro
Oficial da Corporação a ser nomeado para o cargo de Co-
mandante da Força Policial do Estado (PMPR). Em 1918 dei-
xou o cargo e foi residir nos Estados Unidos. Faleceu em 1950,
no Estado do Rio de Janeiro.

Cel PM JOÃO RODRIGUES DA SILVA LAPA

Quando ingressou na Corporação, seu nome era João Rodrigues da Silva. No entanto, co-
mo havia outros policiais com o nome idênticos, passou a chamar-se JOÃO RODRIGUES DA
SILVA LAPA, dando-lhe dado a denominação do lugar onde nasceu (Lapa), confirmado por De-
creto Governamental, ficando conhecido como Coronel Lapa.

Major PM CUSTÓDIO GONÇALVES ROLLEMBERG

Participou da Guerra do Paraguai e após, permaneceu no Exército


como 2º Sargento. Em 1892, com 68 anos de idade foi nomeado
Alferes do Regimento de Segurança do Paraná, por indicação
do Cel Dulcídio. Dois anos mais tarde já era Major do Regimen-
to.

Participou da Revolução Federalista e em 1902, devido seu precá-


rio estado de saúde foi reformado, estava com 78 anos de idade
e ia ficar desamparado, mas o Governador levando em conta os
100

relevantes serviços prestados ao Brasil e ao Estado, através de lei,


concedeu-lhe uma pensão de 100$000 mil réis e as honras do pos-
to que ocupava.

Cel PM IGNÁCIO GOMES DA COSTA

Nasceu em Porto de Cima, litoral paranaense. Ingressou no Exército


como Praça e em 1892 era Alferes. No ano seguinte foi nomeado
Fiscal do Regimento de Segurança, comissionado no posto de Major,
por indicação do Cel Dulcídio.

Participou dos combates da Revolução Federalista e com a morte do


Cmt (Cel Dulcídio) assumiu interinamente o Comando da Corpora-
ção.

Após a retirada das tropas federalistas da Capital, foi nomeado pelo


Dr. Vicente Machado, Governador em exercício, como Comandante
efetivo do Regimento, comissionado no posto de Coronel.

No seu comando foi adquirido o terreno onde hoje está instalado o Quartel do Comando
Geral.

Faleceu em 1930, como Major reformado do Exército.

Major SALVADOR JOÃO FERNANDES


Promovido ao posto de Major, foi o primeiro Chefe do Estado Maior da PMPR. Foi o
primeiro Sargento, comissionado no posto de Alferes, a exercer esse importante cargo na Corpo-
ração. Quando foi proclamada a República, era o único Oficial que continuava no serviço ativo,
tendo em vista que os demais foram dispensados em decorrência da redução do efetivo. Foi o subs-
tituto do Cel Dulcídio no cargo de Comandante da Corporação. Faleceu em 1920 com 83 anos de
idade.

Cel PM JOÃO MONTEIRO DO ROSÁRIO


Ingressou na Corporação no posto de Tenente, em 1894. Foi o primeiro Oficial da Cor-
poração a atingir, na época, o posto de Coronel na ativa.

Participou na Revolução Federalista, da Campanha do Contestado e da Revolução de 1924.

Foi agraciado pelo Marechal Floriano Peixoto com as honras do posto de Alferes do Exér-
cito.
Uma de suas realizações foi à criação do Almanaque dos Oficiais.

Foi reformado em 1928 e faleceu em Curitiba com 72 anos de idade (1941).

1º Ten PM JOÃO KÖNIG


101

Nasceu nos Estados Unidos da América em 1871. Veio para o Brasil ainda jovem, pas-
sando a residir no Paraná, onde exercia a profissão de barriqueiro, muito em voga na era do ouro e
erva-mate. Ingressou nas fileiras da Corporação em 1895. Sua ascenção na caserna foi rápida. Em
poucos anos era Sargento Ajudante e em 1898 era promovido a Alferes. Participou da Revolução
Federalista e da Campanha do Contestado. Faleceu em 1923, quando exercia o cargo de Delegado
de Polícia em Antonina, vítima de moléstia adquirida por ocasião da sua participação nos combates.

Maestro VICENTE D’ALÓ


Nasceu na Itália em 1843. Veio para o Brasil em 1870, radicando-
se em São Paulo. Em 1897 foi contratado para reger a Banda de
Música do Regimento de Segurança, quando já contava com 54 anos
de idade. Incluíram como músico de 1ª classe, o seu filho Atílio
D’aló e o seu sobrinho Savino D’aló, ambos naturais da Itália.
Em 1901, o cargo de Mestre passou a denominar-se Inspetor de
Música e Vicente D’aló foi nomeado como Alferes, sem direito ao
uso do uniforme. Em 1908 a função passou a ser denominada no-
vamente de Mestre, com as mesmas honras do posto de Tenente,
sendo-lhe facultado o uso da farda.

Passou a figurar no Livro de Registro, somente em 1908, e no decorrer dos anos o seu no-
me VICENZO, foi mudado para VICENTE. Nesse mesmo ano, foi elevado a Ensaiador, com as
honras do posto de Tenente. Em 1913, com 70 anos de idade, foi julgado incapaz para o serviço
ativo.

Faleceu com 89 anos de idade em 1932 e foi sepultado no cemitério Municipal.

Cap PM ROMUALDO SURIANI – Maestro da Banda de Música

Nasceu em Veneza, na Itália, em 1880. Veio para o Brasil


ainda jovem, juntamente com seus pais. Ao completar 18
anos retornou a Europa e após concluir os estudos sobre a
música, em 1903, veio para o Paraná, radicando-se em Para-
naguá. Ingressou na Escola de Aprendizes de Marinheiro,
organizando uma excelente fanfarra, dirigindo-á por muito
tempo.

Por volta de 1911, veio residir em Curitiba. Em 1912, foi


contratado para servir como Maestro da Banda de Música do
Regimento de Segurança do Paraná, com as honras do posto
de Alferes.

Em 1913, foi nomeado como Ensaiador e com as honras de Tenente.


102

Em 1914, foi equiparado aos demais Oficiais em deveres e obrigações, passando a ocupar a
função de Inspetor da Banda de Música.

Serviços em Campanha:

1) Campanha do Contestado: colaborou na manutenção da ordem pública na Capital,


durante o período da Campanha.

2) Revolução de 1924: pelos extraordinários serviços prestados foi agraciado com a Meda-
lha Militar de Mérito.

3) Revolução de 1930: foi elogiado pelo modo brilhante com que se houve no desempe-
nho de suas funções militares, civil e artística. Estava incorporado ao Batalhão de “Voluntários do
Paraná”, quando acompanhou o estadista Dr. Getulio Vargas, até a Capital Federal.

4) Revolução de 1932: pelos feitos demonstrados na Campanha, recebeu, em 1933, a Me-


dalha de Prata “Mulher Paranaense”. No mesmo ano foi agraciado com a Medalha Militar de
Bronze.

Composições:

- Hino de Glória, em louvor ao Paraná;


- “Cântico de Natal” canção oficial da PMPR (em 1980, a cidade da Lapa a oficializou
como seu hino);
- Hino do 2º Regimento de Artilharia Montada;
- Canção do 1º Batalhão de Infantaria (hoje 1º BPM).

Promoções e Realizações:

Em 1917, quando ocorreu a reorganização (Decreto 473/1917) e deu nova denominação ao


antigo Regimento de Segurança, o Maestro Suriani foi sensivelmente prejudicado em seus direitos
ao ser extinto o cargo de Inspetor da Banda de Música, sendo inclusive excluído do Estado Maior
da Corporação, passando a condição de extranumerário.

No ano seguinte, considerando os reais serviços que vinha prestando em benefício da Ban-
da de Música, foi proposto ao posto de 1º Tenente, equiparando-o aos demais Oficiais.

Em 1928, por ter havido com toda a lealdade e disciplina, mereceu o posto de Capitão Re-
gente da Banda de Música.

Em 1930, fundou a “Sociedade Sinfônica de Curitiba” e inaugurou o “Jazz” de Curitiba.


103

Em 1936, foi elogiado pelo Interventor Federal do Paraná, Manoel Ribas e em 1940, orga-
nizou a Banda de Clarim do 5º Regimento de Cavalaria Divisionária.

Por iniciativa do Interventor do Paraná, em 1938, autorizou o seu seguimento para a Itália
a fim de divulgar a música brasileira na Europa.

Troxe muitas fotografias e recortes de jornais para provar o êxito de sua ida a Itália. Na-
quela época não se cogitava o rompimento das relações entre Brasil e Itália.

Incidente:

Dias após seu regresso, no recinto do Café Brasil , na Rua XV de Novembro, ocorreu um
incidente entre o Capitão Suriani e o 1º Tenente Carlos Pereira Filho. Por sua ida a Europa o Ma-
estro passou a ser acusado de facista.

No final de 1939 a Inglaterra e a França declararam guerra contra a Alemanha e a Itália .


Aqui no Brasil, em 1942, nas águas costeiras houve alguns atentados contra a soberania, cometidos
pelos piratas do eixo, com o afundamento de cinco navios de nossa frota mercante.

Todos os estrangeiros da Alemanha e da Itália, residentes no Brasil, passaram sob severa


vigilância das autoridades.

Em 1942, o Interventor Federal do Estado, obedecendo as instruções do Ministro da Justi-


ça e Negócios do Interior, resolveu dispensar o Maestro Suriani das funções que exercia na Força
Policial, pelo simples fato de ter nascido na Itália. Assim, quando estava regendo a Banda de Mú-
sica durante o ensaio regulamentar, o Cap Augusto de Almeida Garret, comunicou-lhe o fato.

O Maestro não esperava ser excluído, por isso ficou muito surpreso.

Com lágrimas nos olhos e acabrunhado pela iniquidade do fato, despediu-se dos músicos e
retirou-se para sua residência. Foi excluído sem nenhum direito de defesa e pecuniário.

Morreu em 1943, esquecido, doente, não recebeu nenhuma homenagem “post-mortem”.

Em 1944, baixou-se um Decreto, tornando sem efeito a sua exclusão das fileiras da Força
Policial do Estado. O erro foi reconhecido muito tarde, o Maestro já não existia mais. Está esque-
cido até hoje.

Professor BENTO ANTONIO DE MENEZES

Nasceu no Paraná, em Paranaguá, em 1830. Em 1950, destacou-se


bravamente no combate que tomou parte contra o cruzador inglês
CORMORAN que havia penetrado na Baia de Paranaguá em per-
seguição a uma Galera e três Bergantins negreiros. Compôs um hi-
104

no dedicado ao Presidente Zacarias de Góes e Vasconcellos, bem


como o da Emancipação Política do Paraná.

Guerra do Paraguai:

Na organização dos Corpos Voluntários da Pátria, teve papel de destaque no recrutamento


de soldados.

Reforma:

1877 - foi reformado por contar com 20 anos de bons serviços prestados a Corporação.
Continuou na função até a contratação de outro Maestro.

Era Capitão da Guarda Nacional e Alferes Mestre de Música do Corpo Policial da Provín-
cia do Paraná. Faleceu em 1902, com 72 anos de idade.

Major Médico Dr. JOSÉ MARIA GUILHERME LOYOLA

Foi o primeiro Oficial a assumir a chefia do Serviço de Saúde da Corporação. Foi exonera-
do em 1928 e faleceu em 1951 em Curitiba.

Cel JOAQUIM ANTONIO DE AZEVEDO


( 21º Cmt-Geral)

Nasceu no Rio Grande do Sul. Em 1866, era soldado do Exército e em 1867, obteve
baixa do serviço ativo por incapacidade física. Não desistiu. Mais tarde formou-se na Escola Mili-
tar da Praia Grande, onde, e m 1882, concluiu os Exames Práticos das Armas da Cavalaria e Infan-
taria.

Depois de promovido a Alferes, veio para o Paraná passando a servir no 8º Regimento


de Cavalaria de Curitiba.

Em 1891, foi designado como Fiscal do Corpo Militar do Estado, sendo então, comis-
sionado no posto de Major PM, deixando o cargo a pedido, em maio de 1892.

Em 1893, eclodiu a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, atingiu Santa Catari-
na. O Paraná organizou suas forças para conter a marcha dos revoltosos e o Alferes Joaquim An-
tônio de Azevedo, incorporou-se a eles, lutando sem esmorecimento, até a vitória final, ao lado do
“Marechal de Ferro”.
105

Mais tarde voltou a sua lida na caserna e em 1897, foi promovido ao posto de Tenente.

Em 1899, comissionado no posto de Coronel, veio comandar o Regimento de Seguran-


ça.

Realizações:

- Começou o sistema de carga do material;


- Fez a instalação do gás acetileno no quartel (aboliu os lampiões);
- Organizou o Uniforme, Armas e Equipamentos: 50 arreios completos, 5 mil cartuchos
para fuzil, 50 espadas, 4 metralhadoras Maxim, 50 revólveres com munição, 100 barracas e 30 mil
cartuchos para metralhadoras.
- Em 1900, construiu a oficina de carpintaria;
- Em 1901, inaugurou dentro do Quartel o prédio - Edifício do Banheiro, destinado aos
Oficiais, Inferiores e Praças;
- Criou o Batalhão de Infantaria, que passou a ter vida ativa em 1º de março de 1900;
- Inaugurou o Rancho, em 30 de abril de 1901;
- Efetivou a instalação da luz elétrica no Quartel, em 1902;

- Efetuou uma reforma completa nas dependências do Quartel;


- Adquiriu uma ambulância (tração animal) em 1904;
- Efetuou a compra de mais de 200 animais para o Esquadrão, em 1901;
- Conseguiu contar o tempo em dobro para os militares que participaram da Revolução
Federalista;

- No seu comando, foi adotado o Regulamento Processual Militar da União, em 1901;


- No seu comando, os Sargentos eram comissionados no posto de Alferes, para exercer
o cargo de Delegado de Polícia, em 1903;
- Organizou duas enfermarias, para Oficiais e Sargentos (já havia outra, que ficou para
os Cabos e Soldados);
- No seu comando foi criado a Escola Regimental, destinada a ministrar o ensino primá-
rio às Praças do Regimento (foi confiada ao 2º Sgt Josias Wilson, que havia sido professor público
no Estado do Maranhão).

Como recompensa aos leais serviços prestados ao Exército Nacional, durante mais de
20 anos, em 1902, recebeu a Medalha de Prata, outorgada pelo Presidente da República.

Faleceu em 1907, no Rio de Janeiro, onde fora procurar recursos médicos.

14. O Corpo de Bombeiros da PMPR

1897 - Sociedade Teuto-Brasileira de Bombeiros Voluntários.

Missão:

- extinção de incêndios;
- evitar a propagação do fogo aos prédios vizinhos;
- promover a salvação física e material das vítimas.
106

Meios:

O serviço de Bombeiros era realizado por pessoas voluntárias e era feito de acordo com os
recursos disponíveis.

Extinção:

A Sociedade foi extinta em 1901, pela precariedade dos recursos.

CRIAÇÃO DO CORPO DE BOMBEIROS

O Governador Dr. Carlos Cavalcanti de Albuquerque, assinou a Lei n.º 1.133, de 23 de


março de 1912, criando o Corpo De Bombeiros, com vencimentos, direitos e deveres iguais aos do
Regimento de Segurança, sendo regulamentado pelo Decreto n.º 639, de 17 de junho de 1912.

No dia 16 de abril de 1912, o 1º Ten de Infantaria do Exército Nacional Fabriciano Do Re-


go Barros, foi comissionado no posto de Major, para assumir o cargo de Comandante do Corpo de
Bombeiros, tornando-se o seu primeiro Comandante.

No dia 08 de outubro de 1912, o Corpo de Bombeiros foi instalado oficialmente, dando


início às atividades de combate à incêndios e de salvamentos em todo o Estado do Paraná.

Serviço de Bombeiros na Corporação:

Primeira Fase:

O primeiro passo que se deu no Estado para o Serviço de Bombeiros na Capital, data da
Lei n.º 679, de 27 de outubro de 1882, onde se determinou que a Corporação policial tivesse instru-
ção de bombeiro e fosse provida do material necessário a essa atividade.

Na Lei Orçamentária para 1895, foi o Governo autorizado a criar uma Seção de Bombei-
ros, anexa ao Regimento de Segurança, provida do material respectivo.

Essa autorização foi renovada na Lei de 08 de março de 1906, fixando-se em 100 as Praças
da Seção, sob o comando de um Capitão, com 03 Oficiais subalternos e determinando-se que ela
auxiliasse o serviço de policiamento da Capital.

Ainda em 1908, na Lei n.º 752, de 21 de março, foi renovada a autorização, que foi tornada
de caráter permanente em 1909, na Lei n.º 854 de 23 de março.

Finalmente, a Lei n.º 1.133, de 23 de março de 1912, criou o Corpo De Bombeiros do Es-
tado, com vencimentos, direitos e deveres de seus elementos, iguais aos do Regimento de Seguran-
ça, tendo sido regulamentado pelo Decreto n.º 639, de 17 de junho do mesmo ano.
107

Segunda Fase:

Foi incorporado à Força Policial em virtude da disposição do Art. 7º da Lei n.º 1.761, de 17
de março de 1917, por Decreto n.º 473, de 09 de julho de 1917, com organização de Companhia de
Bombeiros e Pontoneiros.

Voltou ao caráter de Independente, com a constituição de Corpo, com duas Companhias,


na Lei n.º 2.547, de 03 de março de 1928, sendo desanexado pelo Decreto n.º 324, de 10 de abril do
mesmo ano.

Ainda em 1928, no Decreto n.º 666, de 21 de maio, tomou nova organização, com Estado
Maior, Estado Menor e duas Cias.

Incorporado à Força Policial, para fins militares em 02 de junho de 1931, passou dela a fa-
zer parte integrante, como Batalhão de Sapadores Bombeiros, com as partes administrativas e técni-
cas independente do Comando da Força Policial.

Desligado da Força por Decreto n.º 134, de 15 de janeiro de 1932, voltou à denominação
de Corpo de Bombeiros em Art. 2º do Decreto 452, de 24 de fevereiro do mesmo ano.

Em Decreto n.º 1505, de 25 de junho de 1932, embora com Comando isolado, passou a ju-
risdição do Comando da Força Policial, para ser empregado em serviço de guerra, do qual foi dis-
pensado em 18 de dezembro do ano seguinte, por terem cessado os motivos de sua utilização naque-
le serviço.

O Decreto n.º 86 de 18 de janeiro de 1934, dispôs que a Corporação de Bombeiros, conti-


nuando o seu caráter de isolado, tivesse seus elementos sujeitos à justiça militar da Força Policial,
ficando reduzido a uma Companhia, vedada as transferências entre uma e outra Corporação. Nesse
mesmo ano foi excluído do acordo que o Estado firmou com a União em 15 de fevereiro de 1934,
passando a não ser considerado como força auxiliar do Exército Nacional.

Passou à administração do Município da Capital, em Art. 4º da Lei n.º 73, de 14 de dezem-


bro de 1936, devendo seu quadro de Oficias ser preenchido com Oficiais da Força Policial, em co-
missão.

Reverteu à administração do Estado, continuando independente e com seu quadro de Ofi-


ciais da Força em comissão, em Decreto n.º 8.713, de o8 de outubro de 1938.

Tem a organização de Companhia e em Decreto-Lei n.º 1.149, de 13 de junho de 1941, foi


mandado que se lhe aplicasse novamente o disposto no Decreto n.º 86, de janeiro de 1934.

A partir de 1949, voltou a ser parte integrante da Polícia Militar, permanecendo até os dias
de hoje, de conformidade com a Constituição Estadual de 05 de outubro de 1989.

Missão:

A missão do Corpo de Bombeiros, na forma constitucional, está voltada à prestação de ser-


viços de prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamentos e socorros públicos (pessoas e
bens), além de outras formas, tais como a execução das atividades de Defesa Civil.
108

VI – ACADEMIA POLICIAL MILITAR DO GUATUPÊ

Denominações:

1) Centro de Preparação Militar

A Lei nº 63, de 20 de fevereiro de 1948, decretada pela Assembléia Legislativa do Para-


ná e sancionada pelo governador Moysés Lupion, criou o CPM. (publicado no Bol do CG nº 41, de 20 Fev
1948)

2) Centro de Preparação Profissional

A Lei nº 1642, de 05 de janeiro de 1954, decretada pela Assembléia Legislativa do Es-


tado do Paraná e sancionada pelo governador Bento Munhoz da Rocha Netto, mudou a denomina-
ção para CPP. (publicado no Bol do CPP nº 48, de 27 Fev 1954)

3) Centro de Formação e Aperfeiçoamento

Pela Lei nº 2526, de 09 de dezembro de 1955, decretada pela Assembléia Legislativa do


Estado do Paraná e sancionada pelo governador Adolpho de Oliveira Franco, passou a ser denomi-
nado de CFA. (publicado no Bol do CG nº 2, de 02 Jan 1956)

4) Academia Policial Militar do Guatupê

Pelo Decreto nº 22.653, de 09 de março de 1971, decretado pela Assembléia Legislativa


do Estado do Paraná e sancionado pelo governador Paulo Cruz Pimentel, mudou a denominação
para APMG. (publicado no Bol do CG nº 46, de 11 Mar 1971)

Histórico

O Centro de Preparação Militar foi instalado pelo coronel Dagoberto Dulcídio Pereira,
em 1948, quando era comandante-Geral da PMPR.

O primeiro comandante do Centro de Preparação Militar (atual APMG), foi o Tenente-


Coronel José Scheleder, nomeado pelo decreto nº 2162, de 24 de março de 1948.

A primeira Turma de cadetes que funcionou no CPM a partir de 1951, denominou-se


CFOC – Curso de Formação de Oficiais Combatentes.
A aula inaugural da primeira turma de cadetes da PMPR, foi proferida pelo major, pro-
fessor e Dr. Fellipe de Sousa Miranda, numa das salas de aula da Escola Regimental, às 08:00 horas
do dia 1º de março de 1951.
O coronel Antisthenes Miranda de Moraes Sarmento, era o comandante do CPM, quan-
do do início da primeira turma de cadetes da PMPR, em 1951.
A primeira turma a formar-se, foi a de 1953, que ficou conhecida como a Turma “Cen-
tenário do Paraná ”.
109

O ESPADIM TIRADENTES

O Espadim Tiradentes, arma símbolo do Cadete da Polícia Militar do Estado do Paraná, rece-
beu este nome como uma homenagem perene que todas as milícias do Brasil prestam ao ilustre
JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, o Tiradentes, patrono de todas as Polícias Militares, pelos
grandes e relevantes trabalhos prestados a Nação, pois suas idéias de patriotismo, nacionalismo e
democracia sobrevivem em nossos dias.

Quando os exércitos passaram a ser munidos com armas de fogo, as espadas ficaram de uso
restrito aos comandantes como símbolo de suas responsabilidades na condução de suas tropas.

É na Rússia dos Czares que vamos encontrar a origem do Espadim, Alexandre III, Comandan-
te do Exército Russo, mandou que o armeiro fabricasse alguns ESPADINS, pequenas espadas de
aço decoradas em marfim e bronze.

Estes espadins representando o cerco vitorioso a Barna, traziam um punho encimado pe-
la figura da deusa mitológica Vitória, segurando grinalda com o monograma do Czar, os quais eram
distribuídos aos Príncipes do Império para que usassem até estarem aptos a exercer funções de co-
mando.

O Museu do Klemlim em Moscou ainda possui um modelo fabricado em Zalost, no ano


de 1829.

Com o casamento de Nicolau, filho de Alexandre III, com a Princesa Alex, neta da Rai-
nha Vitória da Inglaterra, o costume de usar o Espadim pelos jovens aristocráticos, filhos de nobres
nas escolas militares, foi introduzido na Europa, estendendo-se para todas as Academias Militares
mantendo-se esta nobre tradição até nossos dias, nesta cerimônia solene, quando as Academias re-
cebem novos Cadetes, que passarão a integrar a Polícia Militar.

12. Denominações da PMPR

A POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ, desde a data de sua organização até o término da


segunda guerra mundial, teve as seguintes denominações:

1. COMPANHIA DE FORÇA POLICIAL DA PROVÍNCIA DO PARANÁ, com que foi


batizada na Lei n.º 7, de 10 de agosto de 1854.

2. CORPO MILITAR DE POLÍCIA DO ESTADO DO PARANÁ, pelo Decreto de reorga-


nização n.º 4, de 10 de dezembro de 1891, composta de três Companhias e um Esquadrão de Cava-
laria.

3. REGIMENTO DE SEGURANÇA DO PARANÁ, pela Lei n.º 36, de 05 de julho de


1892, contando com um Estado Maior e outro Menor, quatro Companhias, um Esquadrão de Cava-
laria e a Banda de Música.
110

4. REGIMENTO POLICIAL DO PARANÁ, denominação que passou a ostentar durante a


ocupação do Estado pelas tropas federalistas, em 1894, voltando posteriormente, a tomar o antigo
nome de Regimento de Segurança.

5. FORÇA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ, pelo Decreto de reorganização n.º


473, de 09 de julho de 1917, consoante o acordo firmado entre a União e o Estado para que a Cor-
poração passasse a ser considerada Força de Primeira Linha, Auxiliar do Exército.

6. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ, pelo Decreto Lei n.º 505, de 25 de


junho de 1932, juntamente com a Companhia de Bombeiros, sozinha, denominava-se segundo esse
Decreto-Lei, FORÇA PÚBLICA DO ESTADO.

7. FORÇA POLICIAL DO ESTADO, pelo Decreto-Lei n.º 9.315, de 26 de dezembro de


1.939.

Após a conflagração mundial, nossa Corporação passou a ostentar o nome de:

8. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ, que lhe foi conferido pelo De-
creto-Lei n.º 544, de 17 de dezembro de 1.946.

UNIDADE I – Organizações Policiais Primitivas

Exercício nº 01.

Responda: Verdadeiro (V) ou Falso (F)

01. ( ) – Os Almotacés constituem a primeira manifestação de uma autoridade policial constituída.

02. ( ) – No regime antigo, o almotacé exercia também a função de polícia da cidade, cabendo-lhe
vigiar a limpeza pública.

03. ( ) - Velar contra o abuso de armas proibidas e fiscalizar os viajantes, os pobres, os mendigos e
os teatros, eram também funções dos almotacés.

04. ( ) – No Brasil-Colônia, nota-se a preocupação com a “ordem econômica e o pobre, já marginal,


também era fiscalizado.

05. ( ) – O alferes, o sargento e o cabo de esquadra, eram escolhidos por eleição, do que se lavrava
assento nas Câmaras.

06. ( ) – As Companhias de Ordenanças tinham como finalidade: “ter toda a gente em grande quieta-
ção, não permitir homiziados e nem pessoas inquietas que causassem perturbação aos morado-
res”.

07. ( ) – A Nomeação para o posto de Capitão-mor era feita por indicação das Câmaras das vilas de;
“três sujeitos dos mais nobres e ricos do lugar”
111

08. ( ) – Francisco Xavier Pássaro, foi o primeiro Capitão-mór nomeado para a Vila de Curitiba, em
1721.

09. ( ) – A defesa da Província de Viamão/RS, em 1777, pode-se considerar como sendo o primeiro
serviço de guerra, em defesa do território brasileiro.

10. ( ) – As Companhias de Ordenanças deram origem as Tropas Pagas no Brasil.

11. ( ) – Em decorrência da abdicação de Pedro I e com o propósito de fortalecer ainda mais a tran-
qüilidade pública e auxiliar a justiça, a Regência Trina sancionou a Lei de 10 de outubro de 1831,
criando na Corte o Corpo de Guardas Municipais Permanentes, a pé e a cavalo.

12. ( ) – No território paranaense, em 1836, foi estacionada na Estrada da Mata, uma Companhia de
Municipais Permanentes, com destacamento em Palmas e Guarapuava.

13. ( ) – Os Corpos de Guardas Municipais Permanentes tinham como missão “proteger os viajantes
contra agressões de indígenas e de outros quaisquer malfeitores”.

14. ( ) – Os Corpos de Guardas Municipais Permanentes, foram as Corporações que deram origem as
atuais Polícias Militares do Brasil.

15. ( ) – Pela Constituição Federal de 1934, as corporações passaram a denominar-se Polícia Militar.

16. ( ) – A atual PMPR, passou a denominar-se Polícia Militar, a partir de 1946.

17. ( ) – a atual PMPR, criada em 10 de agosto de 1854, com a denominação de Companhia da Força
Policial, em 1892, passou a denominar-se Regimento de Segurança do Paraná.

UNIDADE II – A Polícia Militar na Constituição Federal

Exercício nº 02.

Responda: Verdadeiro (V) ou Falso (F)

18. ( ) – A Constituição Imperial de 1824, não tratou claramente das corporações que ante-
cederam as Polícias Militares.

19. ( ) – “Polícias Militarizadas”, foi a expressão em que se originou a designação de Polícia


Militar.

20. ( ) – A Constituição de 1934, foi a que trouxe referências mais clara às Polícias Militares.

21. ( ) – A presença das Polícias Militares na Constituição de 1934 deveu-se à importância


que tiveram nos movimentos revolucionários de 1930 e 1932.

22. ( ) – A Constituição de 1937, previa que a fixação do efetivo das Polícias Militares era de
competência dos governos estaduais.

23. ( ) – A Constituição de 1946, fixou os campos de atuação da Polícia Militar; manutenção


da ordem pública e atuar na segurança interna.

24. ( ) – Na Constituição de 1988, a Polícia Militar foi inserida no capítulo da Segurança Pú-
blica
112

UNIDADE III – Emancipação Política do Paraná

Exercício nº 03.

Responda: Verdadeiro (V) ou Falso (F)

25. ( ) - Paula Gomes e Correia Júnior, foram os dois maiores propagadores pela libertação
do Paraná.

26. ( ) – No dia 19 de dezembro de 1853, ocorreu a instalação oficial da Província do Paraná.

27. ( ) – O primeiro presidente da Província do Paraná foi Zacarias de Góes e Vasconcellos.

28. ( ) – Curitiba tornou-se oficialmente VILA, em 29 de março de 1693.

29. ( ) – Curitiba foi fixada como capital em 1854.

UNIDADE IV – Criação da PMPR

Exercício nº 04.

Responda: Verdadeiro (V) ou Falso (F)

30. ( ) – A atual PMPR, foi criada pela Lei n.º 7, de 10 de agosto de 1854, sancionada pelo
Presidente da Província do Paraná, Zacarias de Góes e Vasconcellos.
31. ( ) – A primeira denominação da PMPR, foi Companhia da Força Policial.
32. ( ) – A Companhia da Força Policial, tinha um efetivo inicial previsto de 67 homens,
sendo três oficiais e 64 praças.
33. ( ) – A organização inicial da Companhia da Força Policial foi moldada no tipo militar,
com instrução de caçadores.
34. Dê o nome do primeiro comandante da atual PMPR.

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35. Dê o nome do primeiro cidadão provinciano a envergar a farda da PMPR.

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36. ( ) - A unidade PM mais antiga da PMPR é o Regimento de Polícia Montada.


113

37. ( ) - No primeiro regulamento da Companhia da Força Policial, foi consignado a idéia de


não poder ser indivíduo algum ser constrangido a assentar praça na polícia..
38. ( ) - A Banda de Música da Corporação, foi criada no dia 12 de março de 1857, no co-
mando de Diogo Pinto Homem, 2º comandante da atual PMPR.
39. ( ) – Paranaguá foi o primeiro Município a contar com um destacamento policial.
40. ( ) – O professor Bento Antônio de Menezes, foi o primeiro maestro da Banda de Música
da PMPR.
41. ( ) – A Banda de Música da PMPR apresentou-se pela primeira vez, no dia 7 de setembro
de 1861.

42. ( ) – Manoel Eufrásio de Assumpção, foi o oficial que mais tempo permaneceu no co-
mando da PMPR, ocupando o cargo durante 24 anos consecutivos.

UNIDADE IV – Estruturação Histórica da PMPR

Exercício nº 05.

Responda: Verdadeiro (V) ou Falso (F)

43. ( ) – Sessenta e cinco policiais-militares, integraram os Batalhões de Voluntários da Pá-


tria, na Guerra do Paraguai.

44. ( ) – Nestor Augusto Morocines Borba, foi o policial-militar ferido na Batalha do Tuiuti.
45. ( ) – A medalha da Campanha Geral do Paraguai, criada pelo Imperador Dom Pedro II,
era confeccionada com o bronze dos canhões apreendidos do inimigo.
46. ( ) – O alferes João José Pichet da PMPR, morto em combate na Guerra do Paraguai, está
sepultado no cemitério de Concórdia na Argentina.
47. ( ) – A bandeira Imperial apreendida do Vapor Marquês de Olinda e que servia de tapete
no gabinete do ditador paraguaio, foi resgatada por policias-militares do Paraná.
48. ( ) – A bandeira Imperial resgatada por policiais-militares na Guerra do Paraguai, encon-
tra-se hoje, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
49. ( ) – A epopéia do Cerco da Lapa durou 26 dias.
50. ( ) – Pica-paus, era a expressão usada pelos federalistas para identificar os republicanos.
51. ( ) – Maragatos, era assim identificados os revoltosos que aderiram a Revolução Federa-
lista em 1893, no Rio Grande do Sul.
52. ( ) – A Revolução Federalista, ou guerra civil de 1893, foi o combate entre Maragatos e
Pica-paus..
53. ( ) – Os federalistas eram comandados por Gumercindo Saraiva.
54. Nome do comandante do Regimento de Segurança morto no Combate do Cerco da Lapa.

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114

55. ( ) – No dia 11 de fevereiro de 1894, após esgotados os recursos da defesa, deu-se a capi-
tulação, perdendo-se a Praça legendária da cidade da Lapa.
56. ( ) – O primeiro combate no Paraná entre Maragatos e um piquete de cavalaria do Regi-
mento de Segurança do Paraná, deu-se na passagem do Rio Negro.
57. ( ) – O segundo combate entre Maragatos e policiais do Regimento de Segurança, deu-se
no Rio da Várzea contra as forças do general Piragibe, constituindo-se na primeira vi-
tória dos republicanos.
58. ( ) – A retomada da Estação da lapa foi comandada pelo capitão Clementino Paraná.
59. ( ) – O último combate do Cerco da Lapa ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1894.
60. ( ) – Após o Paraná ter caído nas mãos dos federalistas, o Regimento de Segurança foi
reorganizado com o nome de Regimento Policial composto por maragatos.
61. ( ) – O comandante do Regimento Policial, foi o coronel federalista José Luiz de Souza
Pires.
62. ( ) – No Paraná, o DR. Vicente Machado criou o Batalhão Patriótico-23 de Novembro,
composto por civis e funcionários públicos estaduais.

63. ( ) – O comando da defesa da cidade da Lapa, foi o coronel Antônio Ernesto Gomes Car-
neiro do Exército brasileiro.

64. ( ) – A heróica resistência da cidade da Lapa, durante a Revolução Federalista, ficou his-
toricamente conhecida como o Cerco da Lapa.
65. ( ) – Contestado foi o nome dado a região disputada por Paraná e Santa Catarina por
questões de limites de terra.
66. ( ) – O problema do Contestado intensificou-se com a construção da estrada de ferro li-
gando São Paulo ao Rio Grande do Sul e a conseqüente invasão das terras de proprie-
tários já estabelecidos na região de Santa Catarina.
67. ( ) – José Maria era o falso monge que passou a liderar o caboclo sertanejo expulso de
suas terras na região de Santa Catarina.
68. Nome verdadeiro do falso monge José Maria.

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69. ( ) – José Maria e seus seguidores formaram inicialmente o Arraial do Taquaruçu, pró-
ximo ao Município de Curitibanos, em Santa Catarina.
70. ( ) – O movimento dos caboclos em Taquaruçu, foi denunciado pelo coronel Francisco
Albuquerque, que dominava essa região.
71. ( ) – Após Ter resistido ao fogo de artilharia, em Taquaruçu, José Maria e seu bando fo-
ram se refugiar em Irani, na época território do Paraná.
72. ( ) – Na região dos Campos de Palmas, os jagunços chefiados por José Maria, bem apare-
lhados promoviam todo o tipo de desordens.
115

73. Comandante do Regimento de Segurança que tombou morto no Combate do Irani.

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74. ( ) – José Maria foi morto no Combate do Irani, sendo abatido pelo 2º sargento Joaquim
Virgílio da Rosa.
75. ( ) – José. Fabrício das Neves, foi o jagunço que desferiu o golpe de misericórdia contra
o coronel João Gualberto, no Combate do Irani.
76. ( ) – “Cidade Santa” era assim denominado os redutos dos fanáticos do Contestado.
77. ( ) – A menina Teodora, neta do caboclo Euzébio Ferreira dos Santos, vira em sonhos o
monge José Maria, que em espírito comandava a luta dos caboclos do contestado.
78. ( ) – A Guerra do Contestado ficou conhecida também como a “Guerra dos Pelados”.

79. ( ) – A líder espiritual do reduto de Caraguatá, era a “virgem” Maria Rosa de 15 anos de
idade.
80. ( ) – Adeodato foi o último líder dos fanáticos do Contestado a ser preso e após sete anos
na prisão, ao tentar fugir foi morto.
81. ( ) – “Batalhão Tático”, foi a tropa organizada na Corporação do Paraná, sob o comando
do major Benjamin Augusto Lage, para atuar em conjunto com o Exército, no comba-
ter os fanáticos do Contestado na região conflitada.

82. ( ) – Durante os conflitos da Revolução de 1924, a PMPR organizou o 1º Batalhão de In-


fantaria, que sob o comando do capitão Sarmento, combateu os revoltosos em São
Paulo.
83. Nome do Patrono da PMPR.

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84. ( ) – O dia do Patrono da PMPR é comemorado todos os anos no dia 17 de maio.


85. ( ) – O batismo de fogo do coronel Sarmento, deu-se durante o Combate do Irani, quando
foi ferido por um golpe de facão na altura do olho direito.
86. Nome do Patrono das Polícias Militares do Brasil.

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87. ( ) – O Dia do Patrono das Polícias Militares do Brasil é comemorado todos os anos no
dia 21 de abril.

88. ( ) – O primeiro Quartel da PMPR, localizava-se no “Largo da Ponte”, atual Praça Zaca-
rias.
89. ( ) – O segundo Quartel da PMPR, na época, localizava-se nas esquinas das Rua do Co-
mércio com Rua do Ipiranga.
90. ( ) – Durante a ocupação do Paraná pelos federalistas em 1894, o Regimento de Seguran-
ça foi reorganizado com a denominação de Regimento Policial.
116

91. ( ) – A mudança da Polícia Militar para o prédio atual, na Rua Marechal Floriano Peixo-
to, deu-se no dia º de fevereiro de 1896.
92. ( ) – O primeiro Quartel do Corpo de Bombeiros da PMPR, localizava-se onde hoje se
encontra a Biblioteca Pública do Estado, na Rua Cândido Lopes, em Curitiba.
93. ( ) – O primeiro avião do Paraná, foi adquirido pelos sargentos da PMPR.
94. ( ) – O primeiro avião do Paraná denominou-se “Avião Sargento”, assim denominado pe-
lo então primeira dama do Estado.
95. ( ) – O primeiro paranaense a obter um “Brevet” de aviador, foi o capitão João Busse da
PMPR.
96. ( ) – O avião sargento voou pela primeira vez em Curitiba, no dia 17 de fevereiro de
1918, levantando vôo no prado do Guabirutuba.
97. ( ) – O três Planaltos no Brasão da PMPR representa também as três raças que coloniza-
ram o Estado do Paraná.
98. ( ) – A ave colocada na parte superior do Brasão da PMPR, é o falcão Nhapecami.
99. ( ) – A primeira denominação da atual PMPR, foi Companhia da Força Policial.
100. ( ) – Na época do Cerco da Lapa e Combate do Irani, a atual PMPR denominava-se Re-
gimento de Segurança do Paraná.

101. ( ) – A Corporação paranaense passou a denominar-se POLÍCIA MILITAR, a partir de


1946.
102. Nome do comandante do Regimento de Segurança que tombou morto no combate do
Cerco da Lapa em 1894.

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103. ( ) – A medalha “Coronel João Gualberto”, foi criada para premiar os oficiais que con-
cluem o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da PMPR, em 1º, 2º e 3º lugar, respec-
tivamente.
104. ( ) – A medalha “Coronel Dulcídio”, foi criada para premiar os cadetes que concluem o
Curso de Formação de Oficiais da PMPR, em 1º, 2º e 3º lugar, respectivamente.
105. Nome do Patrono do Curso de Oficiais de Administração da PMPR.

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106. ( ) – A medalha “Tenente João Pinheiro”, foi criada para premiar os alunos que conclu-
em o Curso de Oficiais de Administração da PMPR, em 1º, 2º e 3º lugar, respectiva-
mente.
107. Nome do primeiro cidadão provinciano do Paraná a envergar a farda da PMPR.
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108. ( ) – Nicolau José Lopes foi o primeiro policial-militar que, como praça, galgou o posto
de oficial na Corporação.
109. ( ) – O capitão Clementino Paraná, foi o oficial do Regimento de Segurança que co-
mandou uma fração de tropa e recuperou a estação da Lapa que estava em poder dos
revoltosos.
110. Nome do primeiro comandante do Corpo de Bombeiros da PMPR.
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111. ( ) – O Corpo de Bombeiros da PMPR, foi instalado oficialmente no dia 08 de outubro


de 1912.
112. ( ) – As primeiras viaturas da PMPR, foram adquiridas durante o comando de Fabricia-
no do Rego Barros.
113. ( ) – O primeiro avião do Paraná, foi adquirido durante o comando do coronel Fabricia-
no do Rego Barros.
114. ( ) – O general Monteiro Tourinho, um dos comandantes da Corporação, ficou conheci-
do como o grande benfeitor da PMPR.
115. ( ) – O Paiol de Munição da PMPR, foi construído durante o comando do coronel Her-
culano de Araújo.
116. ( ) – O coronel Benjamin Augusto Lage, foi o primeiro oficial da Corporação a ser no-
meado para o cargo de Comandante Geral da PMPR.

117. ( ) – O terreno onde atualmente está localizado o Quartel do Comando Geral, foi adqui-
rido no comando do coronel Ignácio Gomes da Costa.
118. ( ) – O Major Salvador João Fernandes, foi o primeiro Chefe do Estado Maior da PM-
PR..
119. ( ) – O coronel João Monteiro do Rosário, foi o primeiro oficial da PMPR a atingir, na
época, o posto de coronel na ativa.
120. ( ) – O tenente João König, nasceu nos Estados Unidos da América em 1871.

121. ( ) – O maestro da Banda de Música da PMPR, Vicente D´aló, nasceu na Itália em


1843.

122. ( ) – O maestro da Banda de Música da PMPR, Romualdo Suriani, nasceu em Veneza,


na Itália em 1880.

123. ( ) – O “Cântico de Natal”, canção oficial da PMPR, que, em 1980, foi oficializado pela
cidade da Lapa, como seu hino, é de autoria do capitão Romualdo Suriani, maestro da
Banda de Música da PMPR.

124. ( ) – Bento Antônio de Menezes, foi o primeiro maestro da Banda de Música da PMPR.

125. ( ) – A primeira organização de bombeiros no Paraná, apareceu em 1897 com a deno-


minação de Sociedade Teuto-Brasileira de Bombeiros Voluntários.
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BIBLIOGRAFIA

1. Combate do Irani, João Alves da Rosa Neto, Vol. I, (AVM)


2. Campanha do Contestado, João Alves da Rosa Neto, Vol. II, (AVM)
3. Epopéia da Lapa, João Alves da Rosa Neto, Vol. III, (AVM)
4. Guerra do Paraguai, João Alves da Rosa Neto, Vol. IV, (AVM)
5. Revolução de 1924, João Alves da Rosa Neto, Vol. V, (AVM)
6. Revolução de 1930, João Alves da Rosa Neto, Vol. VI, (AVM)
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7. Berço de Líderes, Rogério de Oliveira Azevedo, Vol. I (AVM)


8. Apostila da História da PMPR, Rogério de Oliveira Azevedo (1º CFO 2004)

Nota: Esta apostila só poderá ser reproduzida com o consentimento do autor, ao qual é re-
servado o direito de uso.

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