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Recentemente, foram difundidas nas redes sociais informações sobre o

Fuzil/carabina 5,56 IA2 que provocaram dúvidas e questionamentos de


clientes, usuários e admiradores da marca IMBEL. Sempre no intuito
de manter seu público preferencial informado, estamos divulgando em
diversos meios de comunicação a presente NOTA DE ESCLARECIMENTO,
abordando dois temas importantes: a CONTRAINDICAÇÃO DE
UTILIZAÇÃO DE MUNIÇÃO CALIBRE .223 REM e a recomendação sobre
a NÃO UTILIZAÇÃO DO CARREGADOR COMO APOIO DE MÃO DURANTE
A REALIZAÇÃO DE TIRO. Os conteúdos dos dois comunicados (nº 01
e 02), apesar de extensos são bastante esclarecedores e pacificam
definitivamente algumas controvérsias envolvendo aquele consagrado
produto da indústria nacional.
Comunicado nº 01 - Munição adequada à utilização no Fuzil/Carabina 5,56 IA2

Recentemente, a Empresa apoiou a participação do SO Vagner BRUM na “First Rifle Championship”, competição
de tiro prático com armas longas realizada na Rússia. Após a realização do evento, o SO Brum postou nas redes
sociais comentários dando conta da utilização da munição no calibre .223 na competição. Aqueles comentários
provocaram questionamentos de usuários e órgãos de segurança púbica nacionais à IMBEL devido à recomendação
expressa da IMBEL contida no manual do Armamento, contraindicando o uso de munição calibre .223 Rem nos
fuzis e carabinas IMBEL de calibres 5,56 (famílias MD97 e IA2).
Inicialmente convém esclarecer aspectos que caracterizam as munições nos calibres .223 e 5,56. A denominação
abreviada de munição .223 trata-se, na realidade, de munições denominadas .223 Remington (.223 Rem) que foram
desenvolvidas em meados da década de 1950 com o patrocínio do Exército dos Estados Unidos da América (EUA),
tendo por objetivo o desenvolvimento de munição para um novo fuzil que viria a substituir os então M-14 e M-15 em
uso naquele exército. O fuzil selecionado foi o Colt M-16, modelo militar do AR-15 desenvolvido pela Armalite, que
utilizava a versão militar do cartucho .223 Rem com projétil de 55 grains totalmente jaquetado (em inglês FMJBT –
Full Metal Jacket Boattail). Essa versão militar da munição recebeu a designação M193.
Devido ao relativo sucesso do fuzil Colt M-16 na Guerra do Vietnã (1955-1975), os países membros da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) resolveram iniciar estudos para padronização do calibre, mas com a introdução
de algumas diferenças em relação ao cartucho .223 Rem original. Essas diferenças focavam principalmente
a melhoria da confiabilidade e segurança para níveis militares e melhorias na balística terminal do projétil. Das
propostas apresentadas, sagrou-se vencedora a munição 5,56x45 mm SS109 desenvolvida pela belga FN Herstal.
Essa munição recebeu denominação de M855 pelos EUA e foi usada inicialmente no fuzil M-16A2.
O Quadro 1, a seguir, apresenta alguns cartuchos .223 Rem e 5,56 x 45 mm com as respectivas designações norte
americanas e da OTAN, além da massa do projétil.

Quadro 1 - Cartuchos .223 Rem e 5,56 x 45 mm NATO

Cartucho Designação US Designação OTAN Projétil


.223 Remington .223 Rem -x- 55 gr FMJBT
.223 Remington M193 5.56 × 45 mm 55 gr FMJBT
.223 Remington M197 -x- C10524197-56-2
5,56×45 mm NATO M855 SS109 62 gr
5,56×45 mm NATO M856 L110 63,7 gr Traçante
5,56×45 mm NATO M857 SS111 Carbeto de tungstênio

No quadro anterior, verifica-se que a denominação da munição calibre .223 ou 5,56 corresponde a uma variada
gama de munições, as quais diferenciam-se pela aplicação e norma utilizada. Nesse contexto, dois órgãos
destacam-se na definição dos requisitos específicos das munições: a Sporting Arms and Ammunition Manufactures’
Institute (SAAMI), organização não governamental norte-americana que visa criar e promulgar padrões técnicos de
desempenho e segurança para o comércio de armas de fogo, munições e seus componentes, porém destinada a
armas esportivas e de caça; e a OTAN, que através da Standization Agreement (STANAG) 4172 define os requisitos
militares para munições calibre 5,56x45 mm NATO.
O Quadro 2, a seguir, apresenta um resumo das diferenças entre as especificações SAAMI e OTAN para algumas
características.
Quadro 2 – Comparação entre as especificações SAAMI e OTAN para munições.

Característica SAAMI x OTAN


Não apresentam diferenças significativas sendo na
Dimensões do estojo prática iguais com eventuais disparidades decorrentes
do processo de fabricação.
Apresentam diferenças. A câmara padrão SAAMI possui
cone de forçamento mais justo que a câmara padrão
OTAN que é mais alongada. Devido a essa diferença, o
Dimensões da câmara uso de munição 5,56x45 mm em câmaras .223 Rem não
é considerado seguro, pois as pressões desenvolvidas
pela munição 5,56x45 mm podem exceder o limite de
resistência do cano .223 Rem.
As especificações apresentam valores diferentes em
Pressão máxima
pontos de medições diferentes.
Para emprego militar existem especificações apenas
Projetil
para munições do tipo comum, traçante e perfurante.
A SAAMI e a OTAN possuem requisitos de sensibilidade
e segurança distintos para as espoletas. De forma
resumida, a energia mínima necessária para deflagrar
uma espoleta padrão militar, definida pela OTAN, é o
dobro da energia necessária para deflagrar uma espoleta
definida pelas normas da SAAMI. Essa diferença decorre,
Espoleta principalmente, que a SAAMI definem os requisitos para
armas de tiro esportivo ou de caça que são, em geral,
armas de repetição enquanto os requistos da OTAN focam
armas automáticas ou semiautomáticas. Em decorrência,
não é aconselhável o uso de espoletas padrão SAAMI
em armas automáticas ou semiautomáticas devido a
maior sensibilidade da espoleta.

Voltando ao emprego de munição .223 pelo SO Brum na competição “First Rifle Championship”, a IMBEL recebeu
a informação de que a comissão organizadora do torneio disponibilizava aos competidores a munição .223 Rem
(5,56x45) FMJ com projétil de 62 gr fabricado pela empresa russa BARNAUL (vide Figura 1).
Após serem efetuadas pesquisas no site do fabricante (http://www.barnaul.co.nz/ammunition/selection/rifle-2/5-56-
x-45-223-rem), verificou-se que se tratava de
munição de emprego militar, assemelhando-
se à munição 5,56x45 mm SS109, atendendo,
portanto, aos padrões europeus com pressão
máxima, energia de boca e velocidade de
boca dentro dos limites de especificação da
munição para uso nos produtos IMBEL de
calibre 5,56x45 mm. Como consequência,
foi autorizado pela IMBEL, o uso da referida
munição pelo SO Brun.
A situação das munições .223 Rem e
5,56x45mm no Brasil é diferente. A CBC,
única fabricante de munição no País, faz
Figura 1 - Munição utilizada no “First Rifle Championship” distinção entre os calibres .223 Rem e
5,56x45mm mantendo linhas de produtos
distintas, com segmentos autorizados para compras distintos, conforme pode-se verificar no link http://www.cbc.
com.br/municoes-para-fuzis-e-metralhadoras-subcat-12.html. Os produtos no calibre 5,56x45mm são destinados
às Forças Armadas e à Segurança Pública, enquanto os produtos no calibre .223 Rem são destinados à Segurança
Pública, atiradores e caçadores esportivos. Cabe ainda destacar que são produtos diferentes (vide Figura 2):
• cartuchos 5,56x45mm: Comum M193,
Traçante M196, Comum SS109, Traçante L110,
etc. (link http://www.cbc.com.br/municoes-
para-fuzil-e-metralhadoras-5-56-x-43mm-
subprod-15.html);
• cartuchos .223 Rem: ETPT, EXPT e frangível.
(link http://www.cbc.com.br/municoes-para-
fuzis-e-metralhadoras-subcat-12.html)
Feitas as considerações anteriores, a IMBEL
reitera a recomendação para o usuário não
utilizar a munição .223 Rem nacional, que segue
Figura 2 – forma de fixação da espoleta nos cartuchos CBC a norma SAAMI destinada a armas de caça e
5,56X45mm e .223 Rem tiro esportivo, não sendo, portanto, adequada
ao emprego militar e em armas automáticas ou
semiautomáticas.

Comunicado nº 02 - empunhadura correta do Fz 5,56 IA2 durante o tiro

A IMBEL tomou conhecimento pelas mídias sociais do Memorando nº 2928/2017/CGOP/DFNSP/SENASP expedido


pelo Coordenador Geral de Operações do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública (DFNSP), que
orienta os Comandantes de Operações do DFNSP, às Seções e Coordenações do DFNSP a:
“NÃO UTILIZAR O CARREGADOR COMO APOIO DE MÃO, e sim a telha de acrílico à frente ou o “grip”
alocado antes do carregador (sic) em função de possível falha que ocorre no armamento Carabina 5,56
Imbel - IA2, onde durante os tiros ocorre um mau trancamento no ferrolho”.
Inicialmente, a IMBEL esclarece que os fuzis e carabinas no calibre 5,56 da família IA2 não apresentam dificuldades
de trancamento e que os problemas ocorridos no Departamento da Força Nacional de Segurança Pública (DFNSP)
foram consequência de provável uso de munição não recomendada pela IMBEL. A IMBEL, por diversas vezes,
solicitou acesso às armas que o DFNSP alega ter apresentado panes, para que pudesse realizar perícia e até o
presente momento, a Empresa não obteve retorno das solicitações encaminhadas ao DFNSP.
Sobre a orientação de manuseio, a IMBEL esclarece que nos seus treinamentos, palestras e demonstrações, os
presentes são orientados sobre
a posição de tiro mais adequada
para emprego do fuzil, ressaltando
que não é colocando a mão SOB O
CARREGADOR (Figura 3). São três as
posições recomendadas: apoiando a
mão na região anterior do alojamento
do carregador na caixa da culatra
(Figura 4); no punho tático vertical,
caso esteja instalado na arma (Figura
5); ou no guarda-mão (Figura 6).
Tal recomendação vem sendo
feita há muito tempo em diversas
oportunidades, constando, Figura 3 - Posição de tiro não recomendada
inclusive, de vídeos sobre os testes
Figura 4 - Posição de tiro recomendada - mão na região anterior do alojamento do carregador na caixa
da culatra ou no punho tático (quando instalado)

Figura 5 - Posição de tiro recomendada - mão no punho tático vertical (quando instalado)

Figura 6 - Posição de tiro recomendada - mão no guarda-mão (variações)


do Fuzil de Assalto 5,56 IA2 que circulam pela internet, como pode ser visto no link https://www.youtube.com/
watch?v=fZRGa4zRbQY na posição 6:16 do vídeo.
Essa recomendação decorre do fato que durante o desenvolvimento do produto, o fundo do carregador, o carregador
e a tampa da caixa da culatra foram projetados, por questões de segurança, para oferecer menor resistência para
o escape dos gases em caso de uma deflagração do cartucho fora da câmara, de forma que os gases venham a
escapar pelas porções superior e inferior do armamento. Com isso, evita-se que o “tiro saia pela culatra” e atinja
o usuário. Numa situação na qual o usuário esteja com a mão apoiada no fundo do carregador, como na Figura , o
mesmo poderá sofrer ferimentos.
Por fim, a IMBEL reitera que não teve acesso às armas que apresentaram supostos problemas nem foi informada
sobre o conteúdo da Determinação do Diretor do DFNSP mencionada anteriormente. Devido ao fato de inexistirem
informações técnicas sobre o tema, não é possível definir o contexto que levou o Coordenador Geral de Operações
do DFNSP a expedir o Memorando em pauta.

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