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ÍNDICE

CAPÍTULO I

Considerações gerais, 3
1. Introdução, 3
2. Objetivo, 3
3. Topografia, 4
4. Coordenadas terrestres, 6
5. A vegetação, 11
6. Agentes atmosféricos, 13
7. Efeitos benéficos, 24
8. Efeitos maléficos, 25

CAPÍTULO II

Deslocamentos nas matas, 27


1. Introdução, 27
2. A orientação, 27
3. A navegação em matas e florestas, 29
4. A sinalização, 30
5. Animais peçonhentos e venenosos, 31

CAPÍTULO III

Os incêndios florestais, 33
1. Introdução, 33
2. Os tipos de fogo, 33
3. Partes do incêndio, 35
4. Causas do incêndio, 35
5. Fatores de propagação, 39
6. Períodos de incidências, 44
7. Prejuízos ecológicos, 45

CAPÍTULO IV

O combate, 46
1. Introdução, 46
2. A localização do incêndio, 46
3. Composição da guarnição, 48
4. O desenvolvimento do combate, 50
5. Métodos de extinção, 52
6. O apoio logístico, 54
7. Fogo contra fogo, 54
8. Os aceiros ou linhas de defesa, 54

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CAPITULO V

O material, 57
1. Introdução, 57
2. Equipamento individual, 57
3. Material e equipamento operacionais, 58
4. O helicóptero e o ultraleve, 63
5. O trator, 66
6. Osborne e goniômetro, 68
7. A comunicação, 69

CAPITULO VI

A prevenção, 71
1. Introdução, 71
2. Educação preventiva, 72
3. Controle de riscos e causas, 73
4. A vigilância, 79
5. O código florestal, 82

CAPITULO VII

Situações diversas, 85
1. Introdução, 85
2. Fogo no mato em local urbano, 85
3. Fogo no mato junto a rodovias e ferrovias, 86
4. Fogo no mato ameaçando residências, 87
5. Salvamento em incêndios florestais, 88
6. O rescaldo, 89

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CAPÍTULO I

Considerações gerais

1. INTRODUÇÃO

A ocorrência de incêndios florestais em todo o mundo é uma realidade. A perda


de florestas através do fogo tem registrado de maneira generalizada e inquietante.

A poluição dos rios, as grandes inundações provocadas pelos desmatamentos e


as terraplanagens não são menos destruidoras do que os incêndios florestais. As perdas
materiais, com estes sinistros, durante um único ano, podem, às vezes, superar o
consumo de madeira em dez anos em um país.

O empesteamento do ar, o perigo das radiações e a destruição das matas pioram


as falhas da humanidade que, procurando evoluir, causam a sua destruição paulatina.

Dos três reinos da natureza, o reino vegetal é o mais importante, pois sem ele o
reino animal não sobreviveria.

No Brasil, os dados sobre o assunto ainda são esparsos, e a ausência de


estatísticas globais; nos mostra a necessidade de se conhecer melhor as peculiaridades
de incêndios em matas, e de se preparar com maior eficiência, nossos homens de
combate a incêndios, para que de sua intervenção, sejam alcançados melhores
resultados na extinção de incêndios florestais, cujo potencial destruidor é elevado.

A destruição generalizada e inescrupulosa de nossas florestas, causa o


desequilíbrio do clima, o terreno fica árido e as chuvas quase desaparecem, pois a
floresta é o coração da natureza. Onde morre a floresta, pode nascer o deserto. A mata
assegura a normalidade da circulação da água, a estabilidade do clima e a fertilidade dos
campos agrícolas.

O assunto que apresentamos é de acentuada importância, não só pelos prejuízos


que pode trazer como também por ser o segundo maior índice de saídas de socorro do
Corpo de Bombeiros de todo país.

Contudo, pouca atenção se tem dado a esses eventos, não se preocupando com
os prejuízos que trazem à comunidade e para o mundo futuro, prejuízos estes que, a
cada ano, tornam-se crescentes.

O Brasil não pode continuar sendo uma imensa queimada, tendo como vítimas
as nossas reservas florestais, nossa fauna, nosso homem e nossa economia.

2. OBJETIVO

Os incêndios florestais são complexos, diferentes e muito difíceis de serem


combatidos, mesmo com apoio de pessoal treinado e equipamento especial, dadas as
características próprias do terreno e à rápida propagação das chamas. Por isso, o
objetivo deste trabalho é mostrar dados que permitam conhecer e qualificar estes
sinistros, para que se possa estabelecer uma política racional de prevenção e combate,
pois não se pode esperar que estes conhecimentos sejam adquiridos somente através de
experiências.

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3. TOPOGRAFIA

A topografia do terreno desempenha um papel importante na propagação do


fogo e, ao contrário dos agentes atmosféricos, constitui um fator constante que não se
modifica por simples mudanças.

Incêndios
Natureza do Imóvel Sinistrado Extensão do
Unidades da Sinistro
Federação Comercial Industrial Residencial Edifício Depósito Matas, bosques, Outra Total Parcial
Público em Geral estabelecimentos
agropecuários, etc.
Brasil 2074 1348 6363 372 845 3123 1935 2703 13104
Rondônia 8 9 25 2 1 7 5 12 47
Acre 8 - 6 1 6 18 4 17 24
Amazonas 12 7 28 - 8 - 1 19 36
Roraima 2 - 13 - 1 3 - 6 12
Pará 28 17 63 3 6 6 25 10 135
Amapá 8 7 28 2 4 1 3 6 47
Maranhão 4 3 51 - 1 - 1 51 7
Piauí 15 6 88 - 1 23 1 27 107
Ceará 34 17 68 10 17 - 41 31 141
Rio Grande 15 3 42 4 4 1 15 8 78
do Norte
Paraíba 10 7 32 1 2 1 4 7 47
Pernambuco 73 39 175 14 13 45 5 18 303
Alagoas 19 8 15 9 - 1 3 7 48
Sergipe 2 2 - - 1 1 1 3 2
Bahia 63 18 57 2 12 4 49 92 107
Minas Gerais 197 113 789 44 89 328 904 80 2377
Espírito Santo 10 5 38 2 17 3 3 24 54
Rio de Janeiro 336 63 767 32 80 88 175 1213
São Paulo 581 477 2037 105 235 1233 139 576 4215
Paraná 235 182 603 25 91 635 45 391 1398
Santa 90 150 336 21 46 76 43 254 496
Catarina
Rio Grande 230 193 890 68 180 593 527 766 1856
do Sul
Mato Grosso 34 32 78 10 20 32 21 54 173
do Sul
Mato Grosso 15 3 15 1 - - - 12 21
Goiás 23 11 53 3 9 8 6 48 65
Distrito 24 - 66 15 1 - 3 11 98
Federal
*Fonte – Ministério da Justiça, Secretaria de Planejamento, Divisão de Estatística.

O Estado do Rio de Janeiro possui um relevo forte, com grandes desníveis e


elevações pronunciadas. Cerca de 50% do território se encontra abaixo de 200 m de
altitude, e apenas 1% acima de 1500 m. Três unidades compõem o quadro morfológico
do Estado: baixada, maciços litorâneos e planalto.

a. Baixada

Estende-se ao longo do litoral, descrevendo um arco de nordeste para sudoeste.


Muito estreita em sua porção ocidental, alarga-se consideravelmente na parte oriental.
Exibem complexa morfologia com morros e colinas talhadas em rochas cristalinas, praias,
areais, campos de dunas e amplas várzeas.

b. Maciços litorâneos

Os maciços litorâneos erguem-se em meio à baixada, formando um alinhamento


montanhoso com 200 a,500 m de altura. As elevações se prolongam desde Cabo Frio até
a margem oriental da baía de Guanabara, seguindo rumo paralelo à costa. Do lado
ocidental da baía, ganham maior altitude no Município da capital, formando os maciços
de Jericinó (900m), da Pedra Branca (1.025m) e da Tijuca - (1.021m).

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c. Planalto

O planalto ocupa a maior parte do Estado. Seu bordo montanhoso, chamado


genericamente da Serra do Mar e localmente Serra dos Órgãos, da Estrela, das Araras,
da Bocaina, de Paranapiacaba, etc.

Além do Rio Paraíba do Sul, junto ao limite com o Estado de Minas Gerais,
seguindo rumo grosseiramente paralelo à linha divisória, ergue-se outro paredão
montanhoso semelhante a Serra do Mar: é a Serra da Mantiqueira, que forma o rebordo
do planalto Mineiro.

Dentre os picos mais altos estão o Pico de Itatiaia, no maciço das Agulhas
Negras e o Dedo de Deus, na Serra dos órgãos, em Teresópolis.

Estrutura esquemática dos blocos falhados e


basculados do Planalto Sul e das escarpas do Sudeste

Dentro desta topografia apresentada, é importante salientar que o declive é que


mais facilita a propagação do fogo, de acordo com o grau de inclinação; quanto mais
acentuado for, mais se pode calcular que a velocidade de propagação num declive muito
acentuado sem a participação do vento, é igual à de outro incêndio desenvolvido sobre
um terreno plano com a influência de uma ação eólica (ação do vento).

Esta rápida propagação dos incêndios montanha acima se explica pelos


seguintes motivos:

Declive (topografia do terreno)

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a. O fogo seca e aquece os materiais florestais que estão na parte de cima com
maior intensidade que os situados abaixo, não só pelo fato das ondas de calor irradiado
tenderem a subir, corno também pelo fato do declive aproximar os materiais das
chamas.

b. As chamas estão mais próximas (chegando mesmo a entrar em contato) dos


materiais combustíveis que estão na parte mais alta.

c. O lençol freático está a uma profundidade maior, dificultando o fenômeno de


capitalização da água.

d. A corrente de ar quente originada encaminha-se à parte superior da


montanha, em conseqüência da corrente de ar frio, que é injetada na parte interior da
montanha.

Levantamento de ar aquecido

e. Recebendo maior quantidade de calor e secando mais rapidamente, os


materiais florestais da parte superior entram em Combustão mais violentamente,
gerando uma proporção mais rápida e mais destruidora.

Os incêndios podem também, dependendo das condições, propagar-se montanha


abaixo, porém a velocidade de propagação será menor e, portanto, o combate bem mais
fácil.

PROPAGAÇÃO DO FOGO DE ACORDO COM A INCLINAÇÃO

PORCENTAGEM DE INCLINAÇÃO FATOR DE PROPAGAÇÃO

05 – 15 1.00
16 – 25 1.05
26 - 35 1.15
36 - 45 1.20
46 – 55 1.25

4. COORDENADAS TERRESTRES

Faz-se mister ressaltar tal estudo, tendo em vista sua importância no


atendimento de capítulos posteriores. Senão vejamos: A Terra é um planeta que
descreve em tomo do Sol uma órbita elíptica, levando neste percurso aproximadamente
365 dias e 6 horas.

Com a finalidade de facilitar o estudo do nosso planeta, considera-se a Terra


cortada por diversos planos imaginários e linhas por eles determinadas na superfície
terrestre, ou sejam, as coordenadas terrestres.

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A Terra possui um eixo imaginário, cujas extremidades constituem os pólos
norte e sul, ou "pólos verdadeiros", tendo em vista que suas posições diferem
ligeiramente dos "pólos magnéticos" indicados pela bússola.

Se traçarmos um plano perpendicular ao eixo terrestre passando pelo seu


centro, teremos a terra dividida em duas metades, denominadas "hemisféricos
terrestres" (norte ou sul).

O plano perpendicular acima citado é denominado “piano do equador, porque


delimita na superfície terrestre uma linha também imaginária, o Equador”.

Pelo eixo terrestre, podemos passar uma infinidade de planos paralelos ao plano
do equador, os quais determinam, na superfície terrestre, linhas chamadas "paralelos".
De modo análogo, se traçarmos planos que contenham o eixo terrestre e que sejam
perpendiculares ao plano do equador, eles irão formar linhas imaginárias denominadas
"meridianos".

Por convenção, o meridiano inicial ou meridiano de origem, é aquele que passa


no Observatório de Greenwich, na Inglaterra.

Finalmente, o ponto determinado pela interseção do plano do equador com o


eixo terrestre, é denominado "centro da Terra".

a. Longitude

Sendo o Equador uma circunferência (seção circular central da esfera terrestre),


podemos dividi-lo em arcos de um grau, ficando dessa forma constituído por 360 arcos
de um grau de abertura.

Denominamos de "longitude de um local L", o ângulo formado pelo meridiano de


origem, com o meridiano que passa em "L". A longitude é expressa em graus, minutos e
segundos, para leste e para oeste, a partir do meridiano inicial.

Evidentemente, a longitude de qualquer ponto não pode ser superior a 180º 00'
00” (este ou oeste). Por outro lado, todas as localidades situadas sobre um mesmo
meridiano, têm a mesma longitude.

b. Latitude

Como o plano do equador forma com o eixo terrestre um ângulo de 90 graus,


podemos dividir cada hemisfério terrestre em segmentos compreendendo arcos de um
grau, contados a partir do equador (0º) em direção aos pólos (90º). Pela extremidade de
cada um desses arcos, pode ser passado um paralelo.

A distância compreendida entre o paralelo que passa por um local "A" e o


equador recebe o nome de "latitude".

Evidentemente, todas as localidades situadas sobre um mesmo paralelo têm


mesmas latitudes, entretanto, nenhuma localidade pode ter latitude e longitude Iguais à
outra localidade.

c. Altitude

O termo "altitude" é empregado para exprimir a distância vertical entre um local


e o nível do mar. Para representar a altitude de um local qualquer, usa-se o símbolo -
"H", mas em Meteorologia é a altitude do barômetro.

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1) Altitude da estação meteorológica

Considerando que as estações meteorológicas raramente são instaladas em


áreas rigorosamente planas, torna-se necessário determinar a altitude média dessa área,
ou seja, a altitude da estação.

Ela é, então, a distância vertical média entre a área onde está localizada a
estação e o nível do mar, considerando-se como "área da estação" o terreno circular de
20 metros de raio, em cujo centro está o abrigo de instrumentos meteorológicos.

Para representar a altitude da estação, usa-se o símbolo "Hp".

2) Altitude do barômetro

A altitude do barômetro, ou a "altitude da cuba do barômetro", é a distância


vertical entre o nível do mercúrio da cuba e o nível médio do mar. Usa-se o símbolo "Hz".

Convém não confundir "altitude" com "altura". A altura de um objeto,


representada por "h", corresponde à distância vertical que separa este objeto de um
outro plano de referência estabelecido.

A figura existente, a seguir, contém esclarecimento sobre altura e altitude.

d. Plano do horizonte

Denomina-se "plano do horizonte de um ponto P”, situado na superfície terrestre


ao plano paralelo ao formado por uma superfície líquida em repouso, no local
considerado.

e. Movimentos da terra

A Terra apresenta dois movimentos principais: o de rotação e o de translação.

O movimento de rotação, a Terra executa em tomo de seu eixo imaginário num


período de 24 horas. Este movimento é responsável pela existência dos dias e das noites.

O movimento de translação é executado pela Terra em tomo do Sol, e dura


aproximadamente 365 dias e 6 horas. Nesse movimento, a Terra descreve uma elipse,
na qual o Sol ocupa um dos focos.

f – Estações do ano

Para compreendermos melhor a origem das estações do ano, vamos supor a


Terra situada num ponto "P" da sua órbita.

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Nesse ponto, os raios solares são perpendiculares a qualquer local situado sobre
o equador. Assim sendo, é primavera no hemisfério Norte e outono no hemisfério Sul. Os
dois pólos terrestres recebem então idênticas quantidades de energia luminosa, e para
um observador que estivesse no Pólo Norte seria verão, e para o Pólo Sul, Inverno.

Quando a Terra se movimenta ao redor do Sol, tomando uma nova posição "Q",
o hemisfério Norte começa a receber mais luz que o hemisfério Sul, devido à inclinação
do eixo da Terra em relação a eclítica. Nesta posição, os raios solares vão se tornando
perpendiculares aos locais situados cada vez mais ao Norte do equador, até atingir a
Latitude máxima possível (23º 27’ N)

Isto ocorre exatamente quando a Terra atinge a posição "Q", ocasião em que se
inicia o verão no hemisfério Norte e o Inverno no hemisfério Sul.

Continuando o seu movimento de translação a Terra passa agora a ocupar uma


terceira posição "R". Durante este percurso, os raios solares vão se tomando
perpendiculares a latitudes norte cada vez mais próximas do equador ocasião em que se
transcorre outono no Norte e primavera no Sul.

Ao atingir o ponto "S", o outono do hemisfério Norte e a primavera do hemisfério


Sul, iniciadas quando a Terra estava em "R", chegam ao fim, pois os raios solares,
cruzando a região do equador, passam a se tomar perpendiculares aos locais situados ao
Sul, até atingir a latitude máxima (23º 27' S).

A partir daí, eles vão se tornando perpendiculares a locais situados sobre


latitudes cada vez menores. Durante estes percursos, haverá inverno no hemisfério Norte
e verão no hemisfério Sul.

9. Fusos horários

Para nós, aparentemente, é o sol que realiza um movimento de translação,


girando em tomo da Terra, e percorrendo a cada hora do dia um arco de 15º (360º: 24
horas = 15º por hora).

Se pela extremidade de cada um desses arcos passarem um meridiano, teremos


a Terra dividida em 24 meridianos eqüidistantes de 15º, cada um deles constituindo um
fuso horário.

Para questões horárias, o fuso de Greenwich é também considerado inicial, uma


vez que se convencionou estar aquele Observatório situado no meridiano central do
primeiro fuso. Assim, todos os locais situados nos meridianos centrais do 1º, 2º, 3º, ...
23º, fusos a oeste de Greenwich, o tempo será respectivamente 01:00h, 02:00h, 03:00h
a menos que o de Greenwich.

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Como exemplo, para localidades situadas no meridiano central do 3º fuso a
oeste de Greenwich, teremos 3 horas a menos em relação ao tempo registrado rios
relógios do Observatório.

O território brasileiro está situado dentro do 2º, 3º, 4º e 5º fusos a oeste de


Greenwich, acarretando desta maneira que a hora de Fernando de Noronha difira de 3
horas do estado do Acre.

Em países muito grandes como o nosso, tornar-se-á pouco prático processar


alterações nos relógios a cada vez que se cruzasse um meridiano limitante de dois fusos
horários.

Visando facilitar a contagem do tempo para os fins civis, são estabelecidos


determinados acidentes geográficos, corno limites de fusos horários.

Tal fato ocorre com o Brasil, que tem o seu território dividido em quatro fusos
horários, limitados por acidentes geográficos importantes.

Exceto no Equador, onde durante todo o ano os dias duram doze horas, a
duração dos dias veria com a latitude, sendo mais longos no verão do que no inverno.

Para compreendermos melhor essa variação do comprimento do dia, é


necessário acompanharmos o movimento aparentemente descrito pelo sol no sentido
Norte-Sul. Durante esse movimento anual, temos a considerar quatro importantes datas:

- 23 de setembro - equinócio de primavera no hemisfério sul (equinócio de


outono no hemisfério norte);
- 21 de dezembro - solstício de verão no hemisfério sul (solstício de inverno no
hemisfério norte);
- 21 de março - equinócio de outono no hemisfério sul (equinócio de primavera
no hemisfério norte);
- 21 de junho - solstício de inverno no hemisfério sul (solstício de verão no
hemisfério norte).

Posição do sol nos equinócios e solstícios, considerando-se a Terra fixa e o sol


móvel.

É importante ainda observar que, por ocasião dos equinócios, o sol culmina
sobre o equador ao meio-dia, enquanto que, por ocasião dos solstícios, o sol culmina
sobre os trópicos de Capricórnio (23º 27' S) e de Câncer (23º 27’ N).

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A 23 de setembro o Sol culmina no zênite* sobre o equador ao meio-dia,
iluminando igualmente os dois hemisférios. Este dia tem a mesma duração para todos os
pontos situados no equador ou em qualquer outra latitude (exceto nos pólos). Para o
pólo norte, inicia-se o inverno, e para o pólo sul tem início o verão. A partir de 23 de
Setembro, o sol vai culminando no zênite em locais cada dia mais ao sul, o que provoca
um aumento de duração da luz solar ao sul, e uma diminuição da luz solar (duração do
dia), no hemisfério norte.

A 21 de dezembro o sol culmina no zênite sobre o Trópico de Capricórnio, e o


comprimento do dia varia de 12 horas (no equador) há 24 horas (nas latitudes iguais ou
superiores a 66º 33' S) - A partir de 21 de dezembro, o sol começa a culminar a cada dia
sobre latitudes cada vez mais próximas do equador.

A 21 de março o sol culmina novamente sobre o equador, ocorrendo o mesmo


fato verificado a 23 de setembro. A partir desta data, o sol culminará no Zênite, sobre
latitudes norte, o que provoca uma gradativa redução na duração dos dias no hemisfério
sul e aumento no hemisfério norte.

A 21 de junho o sol atinge a máxima latitude norte, culminando no zênite ao


meio-dia, sobre o Trópico de Câncer. Nessa ocasião, o comprimento do dia no hemisfério
sul varia de 12 horas (no equador) a 00:00h (sobre a latitude de 66º 33’ S). No pólo sul,
o inverno atinge sua metade.

Como podemos observar, o dia e a noite nos pólos dura cerca de 6 meses. Como
curiosidade estão registrados, a seguir, os dias mais compridos verificados em latitudes
de 00º a 90º (norte ou sul):

LATITUDE COMPR. DO DIA

00º 12.00 h
10º 12.35 h
20º 13.13 h
30º 13.56 h
40º 14.51 h
50º 16.09 h
60º 18.30 h
70º 65 dias
80º 134 dias
90º 186 dias

* Denomina-se de linha "Zênite-Nadir" de um ponto P, situado na superfície


terrestre, à linha imaginária que passa pelo ponto P e é perpendicular ao Plano do
Horizonte. Eis por que quando um astro cruza a linha Zênite-Nadir, acima do Plano do
Horizonte, diz-se que está "no Zênite” e abaixo está "no Nadir'.

5. A VEGETAÇÃO

Pouco resta da primitiva cobertura do Estado do Rio de Janeiro. A ocupação


agropastoril levou a uma quase extinção das florestas fluminenses que recobriram
outrora cerca de 90% da superfície atual do Estado.

A vegetação florestal exerce acentuada influência no microclima da área. Uma


floresta densa, fechada, intercepta a radiação solar, baixando por conseguinte a
temperatura do ar e dos materiais combustíveis ali contidos. Também funciona como
barreiras evitando a livre passagem das correntes de ar e reduzindo sensivelmente a
velocidade do vento. Isto ocasionará menor evaporação dentro da floresta, evitando ou
dificultando a secagem do material combustível da floresta.

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Além desses efeitos, a transpiração da massa florestal provocará o aumento da
umidade relativa do ar. Todos esses fatores reunidos reduzem sensivelmente o perigo de
ignição e propagação dos incêndios florestais.

Porém, em uma floresta aberta e rala, a radiação solar e o vento atuarão quase
livremente, produzindo o aumento da temperatura e a secagem do material combustível,
expondo assim a floresta a um maior risco de incêndio.

As espécies florestais influem também diferentemente na propagação dos


incêndios. Um povoamento puro de coníferas resinosas, pelas características
combustíveis dessas espécies, apresenta maior perigo que um povoamento de folhosas,
geralmente mais difíceis de entrar em combustão. Em um povoamento de Araucária, o
fogo se propaga com muito maior rapidez e intensidade do que em um povoamento de
Eucaliptus. A diferença de comportamento do fogo em povoamentos dessas duas
espécies citadas, mostra claramente a influência, do tipo de floresta na propagação dos
incêndios. Convém salientar que esta diferença não se deve apenas à espécie em si, mas
também aos diferentes sub-bosques e "coberturas mortas de solo", que se desenvolvem
distintamente em cada um daqueles povoamentos.

É oportuno lembrar que, normalmente, os povoamentos artificiais estão mais


sujeitos aos incêndios (apresentam condições mais favoráveis) que as florestas naturais
(que ainda não sofreram devastação).

No Brasil, em 1978 existiam 2,4 milhões de hectares reservados à conservação,


sendo aumentado para 13 milhões de hectares em 1984. Possui o Brasil, atualmente, 26
Parques Nacionais, 14 Reservas Biológicas e 14 Florestas Nacionais, sendo de
responsabilidade federal, possuindo, também, vários outros de responsabilidade
Estadual.

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Portanto, o mapeamento das classes de materiais combustíveis, ou tipos de
vegetação dentro do estado, é também um ponto importante para sabermos em que
áreas o fogo vai se propagar mais rapidamente, quais as áreas que pela sua vegetação
oferecem maior perigo, etc. Este conhecimento é realmente de extrema importância
quando do combate a incêndios florestais, devendo por isso haver um prévio,
conhecimento de suas florestas pelos quartéis dos Corpos de Bombeiros. Para tanto,
mostramos a seguir uma localização no Estado, de nossas reservas importantes.

6. AGENTES ATMOSFÉRICOS

Os agentes atmosféricos exercem influência marcante sobre as florestas. Esta


influência pode ser benéfica ou prejudicial ao desenvolvimento das árvores, dependendo
da forma de atuação desses fenômenos naturais. A maioria dos agentes atmosféricos,
quando atua de maneira normal, é essencial e indispensável ao crescimento das árvores.
Uma planta, por exemplo, necessita de certa quantidade de água e calor para seu
crescimento. Se estes fatores estão presentes em quantidade conveniente, as plantas
crescem mais rapidamente.

Controlar ou mudar os agentes atmosféricos é praticamente impossível, pois o


clima está acima do controle humano. Portanto, uma vez que os fatores atmosféricos não
podem ser alterados em si, o único recurso é manejar a floresta de modo a obter uma
reação mais favorável dos agentes atmosféricos em seu desenvolvimento.

Esses agentes constituem um complexo de vários fatores que precisaremos


analisá-los separadamente.

a. Ventos

O estudo do vento é de suma importância para o pessoal de Combate a


Incêndios Florestais, pois que este deverá:

- Saber, em qualquer situação, como deslocar-se-á no ar;

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- Conhecer a influência da Topografia no fluxo de ar próximo à superfície
terrestre;
- Avaliar a influência de obstáculos, tais como rochedos, árvores e consideráveis
massas de terra, no que se refere à mudança de direção da corrente do ar;
- Saber como se comportará o ar junto aos vaies, colinas, e no interior de
florestas e bosques;
- Conhecer os princípios que regem as mudanças dos elementos do vento, e
corno determinar a sua direção.

1) Mecanismo geral dos ventos

A diferença de temperaturas do ar atmosférico e a conseqüente formação de


zonas de desiguais pressões, ocasionam a movimentação das massas de ar. A figura
abaixo dá a idéia esquemática da formação dos ventos.

Formação dos ventos

Realmente, salvo curtos períodos de estabilidade e de calma, a troposfera está a


assistir urna constante troca de massas de ar. Pela figura já apresentada, pode-se
afirmar que quanto maior for à diferença de pressões em uma determinada direção,
tanto maior será a força que move o ar.

Entretanto, a diferença de pressões não é a única força determinante.

Uma outra é a “força desviadora” ou "Força de Coriolis" devido à rotação da


terra, que atua de modo a desviar o vento para a direita (no hemisfério Norte) e para a
esquerda (no hemisfério Sul), com tanto maior intensidade quanto mais perto estiver dos
pólos.

Além da diferença de pressões e a Força de Coriolis como causas imediatas do


vento, devem ser citados os contrastes térmicos entre o Equador e os Pólos como força
impulsoras próprias da circulação atmosférica.

2) Ventos periódicos

São os que sopram em períodos certos, ora em uma direção, ora em outra.

Os ventos periódicos mais conhecidos são as brisas e as monções.

BRISAS - Têm um âmbito quase universal, aparecendo nas regiões banhadas


pelo mar, e são explicadas da seguinte forma:

Dado ao fato de que as massas de terra absorvem e irradiam mais rapidamente


o calor que as massas de água, a terra fica mais quente que o mar durante o dia, e mais
fria durante a noite. Esta diferença de temperatura é mais notável durante os meses de
verão.

14
A distribuição local de temperatura e pressão nas áreas da costa é tal, que o ar
quente sobre a terra se eleva e se move horizontalmente para o mar. Em substituição a
este ar quente ascendente, o ar mais frio sobre a água move-se para a terra,
ocasionando a "brisa marítima".

À noite, a circulação é invertida, sendo que o movimento de ar à superfície é na


direção da terra para o mar, ocasionando a "brisa terrestre". Tanto uma quanto a outra
são pequenas em profundidade.

MONÇÕES - São as que correspondem não às variações diárias de temperaturas,


mas às que resultam das diferenças entre as estações climáticas. São também chamadas
de "Ventos Estacionais".

Durante o verão, o continente aquece-se mais depressa do que o oceano,


acarretando deslocamentos de massas de ar deste para aquele, e originando as
"monções marítimas" ou "de verão".

Com o inverno tomando-se o continente mais frio que o oceano, dá-se o oposto,
e as correntes dirigem-se da terra para o mar, constituindo as "monções continentais".

3) Turbulência

Normalmente o vento junto à superfície da terra não se desloca corno um fluxo


contínuo de ar, mas sim por sucessões de rajadas de durações e direções diversas,
intercaladas por períodos de calma.

Essa irregularidade de movimentação do ar é denominada de "turbulência".

Para fins de nosso estudo, a turbulência pode ser dividida de acordo com os
fatores causadores, em dois tipos:

Térmica - causada pelas correntes de convecção localizadas, decorrentes do


aquecimento da superfície (ar frio movendo-se sobre o solo mais quente);

Mecânica - decorre da irregularidade da superfície terrestre e da velocidade do


vento. A passagem do ar através de terrenos irregulares, origina sempre torvelinhos,
tanto mais pronunciados quanto maior for à velocidade do vento e acidentada a
superfície.

4) Direção do vento

Por convenção, "direção do vento" é aquela, de onde ele sopra. É interessante


relembrar-se que a direção do vento está quase sempre sujeita a variações,
principalmente rios ventos a baixas altitudes o pequenas velocidades.

15
Em meteorologia são utilizados determinados termos, como os abaixo citados,
para caracterizar posições em relação a ventos.

• Barlavento lado de onde sopra o vento;


• Sotavento lado para onde sopra o vento;
• Contra vento - movimento em direção ao lado de onde sopra o vento;
• A favor do vento - movimento que acompanha a direção do vento

A direção do vento pode ser designada:

Pelos ponto cardeais o colaterais

- É a designação mais comumente usada, sendo a direção do vento aquela de


onde ele sopra, será o vento designado conforme o caso, como "vento norte", “vento
nordeste”, “vento sudeste”, “vento noroeste”, e assim por diante.

• Pelo sistema sexagesimal

- Dividindo-se uma circunferência imaginária em 36 direções (cada uma


englobando 10º), poderemos nomear um vento conforme a sua direção, como sendo
"vento de dez graus", "vento de sessenta graus", "vento de noventa graus", "vento de
duzentos e setenta graus", etc.

16
• Por denominações específicas

- Neste caso, chama-se ao vento de seis horas de “vento de trás" ou de “vento


amigo"; ao de nove horas, de "vento transversal" (denominação também dada ao de três
horas). Aos demais dá-se a denominação de "vento oblíquo".

5) Métodos de avaliação

- A direção do vento pode ser avaliada por diversos modos, desde os mais
sumários como por meio das birutas dos campos de aviação, das colunas de fumaça, de
inclinação de plantações e ramos, e até por meio de aparelhos apropriados tais como o
Anemômetro de Campanha e o Cata-vento de Wild.

Vento

Quanto mais irregular e cheio de obstáculos for o terreno, tanto mais freado e
irregular será o vento. Assim, a velocidade pode aumentar consideravelmente à medida
que se afasta do solo, segundo a tabela que se segue, considerando-se as condoas
normais de temperatura.

ALTURA VARIAÇÃO DA VELOCIDADE (Km/h)

0 13
3 30
6 31
9 32
12 33
15 34

17
Até 500 m de altura, a velocidade do vento vai aumentando continuamente,
sendo este aumento muito grande até 30 m. De 500 até 1000 m, a velocidade diminui,
geralmente a velocidade dobra entre 0,5 a 10 m, aumentando apenas 1,2 vezes de 10 a
100 m.

Beaufort nos apresenta uma tabela em que a velocidade do vento pode ser
classificada segundo o efeito que produz, mesmo sem a presença de aparelhos.

ESCALA DE BEAUFORT (PARA ESTIMAR A VELOCIDADE DO VENTO)

Nº Veloc.Vento Tipos de Efeitos do Vento


Beaufort Km/h Vento
0 1 Calmaria A fumaça sobe verticalmente. As folhas não se movem.
1 1a5 Aragem A direção do vento é mostrada pela inclinação da fumaça.
leve Os pequenos galhos se movem lentamente. As gramíneas
altas se inclinam com o vento. As aspas do anemômetro
apenas se movem.
2 6 a 11 Brisa Leve Nas clareiras, as árvores de até 5m de altura se inclinam
suavemente. Sente-se o vento sobre o rosto. Papéis soltos
se movem. Pequenos galhos se movem apreciavelmente. O
vento agita pequenas bandeiras.
3 12 a 19 Vento Nas clareiras, as árvores de até 5m de altura se inclinam
suave apreciavelmente. Os ramos maiores são sacudidos. As
copas das árvores em bosques densos se movem. O vento
estende as pequenas bandeiras.
4 20 a 28 Vento Nas clareiras, as árvores de 5m de altura se inclinam
moderado violentamente. Em bosques densos as árvores se inclinarão
apreciavelmente. O pó levanta das estradas.
5 29 a 38 Vento Desprendem-se pequenos ramos das árvores. Nota-se
fraco interferência no andar contra o vento.
6 39 a 60 Vento forte Os ramos se desprendem das árvores. Sente-se dificuldade
em andar contra o vento. Grandes ramos se movem,
levados pelo vento. Podem resultar danos às construções.
Acima de 62Km/h, considera-se ventania forte.

O vento, portanto, é fator fundamental num incêndio de copas, para transportar


o calor e as chamas de árvore para árvore. Se o vento parar, o fogo geralmente não tem
continuidade nas copas e passa a queimar apenas como incêndio superficial. A influência
do vento se faz também de outras formas, como por exemplo, ativando a combustão
pelo fornecimento constante de oxigênio; aumentando a evaporação e por conseguinte
secando o material combustível; e também proporcionando o aparecimento de "incêndios
de manchas", que são os que se originam em conseqüência de chispas, folhas, restos de
cultura em combustão que, pela ação do vento e pela própria temperatura, saltam à
distância, dando lugar a focos secundários. Incêndios como estes, se não forem
combatidos com rapidez, podem-se transformar em incêndios superficiais, de copa e
subterrâneo.

Vento

18
Este quadro ilustra a influência do vento na propagação dos incêndios.

VELOCIDADE DO VENTO Km/h FATOR DE PROPAGAÇÃO

8 a 16 1,0
17 a 24 2,0
25 a 32 2,8
33 a 40 3,2
41 a 48 3,4

Portanto, concluindo, o vento quanto mais forte, mais rapidamente será a


propagação do incêndio, isto porque o vento traz consigo um suprimento adicional de
oxigênio fazendo com que este alastre chamas, fagulhas e brasas em direção ao
combustível que está adiante, provocando fogos intermitentes e esparsos.

O fogo, por si mesmo, provoca corrente local de ar, que se conjuga ao efeito do
vento, prevalecendo sobre propagação de incêndio.

O ar sobre as chamas é aquecido e se eleva, e a entrada de ar novo favorece a


combustão.

O calor solar que aquece a terra durante o dia, faz com que o ar existente sobre
ela se eleve pelos vales e declives. Normalmente o vento sopra para cima do vale
durante o dia e para baixo durante a noite. É importante verificar a direção do vento nos
vales e declives para que se planeje o ataque ao incêndio.

A tabela a seguir, mostra os tipos de vento em função do horário em dia


ensolarado.

TABELA DE HORA DOS VENTOS CONÍVECTIVOS (TÉRMICOS)*

Ao amanhecer Brisa da terra para o mar. Ventos pendentes


abaixo.
08:00h Brisa da terra diminui. Ventos pendentes
abaixo também.
09:00h Brisa da terra quase parada. Ventos
pendentes abaixo se detêm, exceto aqueles
em lugares sombreados. Ventos pendentes
acima começam a se manifestar.
11:00h Equilíbrio entre Brisa da Terra e do Mar.
12:00h Temperaturas máximas. A brisa do mar
reforça os ventos pendentes acima.
15:00 – 16:00h Brisas do mar ao máximo. Ventos se tomam
mais erráticos e são muito fortes pendentes
acima.
Pôr do sol Brisa do mar diminui. Ventos pendentes
acima diminuem.
20:00h Equilíbrio entre brisa do mar e ventos
pendentes abaixo.
22:00 – 24:00h Predomina Brisa da Terra. Ventos correm
pendentes abaixo.

Cicio começa outra vez ao amanhecer.

* Produzidos pelo aquecimento das massas de ar.

19
b. Temperatura

A maior parte do território brasileiro apresenta temperaturas médias superiores


à 22ºC. Somente a Região Sul e as zonas montanhosas do leste e centro-oeste acusam
médias menores que 22ºC por influência da maior Latitude, ou da altitude elevada. As
isotermas anuais superiores a 22ºC ocorrem ao longo da Costa, do Norte até o litoral
Fluminense, sendo o seu traçado geral no sentido Oeste-Leste. No planalto interior vão
apresentar um traçado irregular, atingindo temperaturas mais baixas em determinados
pontos pela influência do relevo. Esta influência pode-se sentir, principalmente quando
comparamos as temperaturas médias anuais de localidades vizinhas como a cidade do
Rio de Janeiro com 23,7ºC e Petrópolis com 18,2ºC.

A influência da altitude vai proporcionar que a menor temperatura média anual


ocorra no Alto do Itatiaia, com 11,5ºC apresentando, inclusive, dias de geada.

Sendo a temperatura (calor) um dos elementos do “Triângulo do fogo", não


resta dúvida que sua importância é fundamental tanto na ignição como na propagação
dos incêndios florestais.

O ponto de ignição ou inflamabilidade, temperatura na qual se inicia a


combustão, está entre 260ºC a 398ºC, dependendo, naturalmente, das características do
material e das condoas atmosféricas do momento. A madeira seca apresenta um ponto
de ignição a mais ou menos 285ºC.

A velocidade do avanço do fogo em um material florestal combustível qualquer é


menor ou maior segundo o seu conteúdo de umidade no momento de entrar em
combustão. O material combustível, úmido, absorve grande parte do calor que receba
para secar-se e só entra em combustão depois que a quantidade de umidade seja
suficientemente pequena e incapaz de impedir a ignição. Desta forma compreende-se
que um material verde queima com dificuldade (absorve grande parte do calor para
secar-se), ao passo que o material que está seco entra em combustão imediatamente.

Não havendo uma fonte de calor suficiente para elevar a temperatura do


material combustível até o ponto de ignição, não poderá haver combustão. E para
materiais verdes, esse calor tem que ser mais intenso do que para materiais secos.
Quanto mais quente estiver a temperatura do ar, logicamente, com maior velocidade os
incêndios se propagarão.

20
Portanto, concluindo, a temperatura exerce sua influência sobre a
combustibilidade da mata ao facilitar a evaporação, como também influência o grau de
umidade lenhoso; de modo que, ao se elevar à temperatura, surjam condições propícias
aos incêndios; o ar quente absorve maior quantidade de umidade que o ar frio.

O calor produzido pelos materiais em combustão é também um fator muito


importante em sua propagação; ao passar sobre os materiais, seca-os, elevando sua
temperatura a ponto de ignição. Esses então ardem e propagam o fogo a seus vizinhos,
que, ao continuar o processo, o generalizam a toda área boscosa. O calor do fogo se
transmite como urna coluna de ar que tende a elevar-se verticalmente e como calor
radial que se propaga em todas as direções, decrescendo na razão inversa ao quadrado
das distâncias.

A temperatura do solo aquecido também influi sobre o movimento da corrente


de ar.

Os bombeiros ficam debilitados com maior facilidade, em razão da elevação da


temperatura diminuindo seu rendimento, tornando-os mais lentos.

c. Índice pluviométrico

A palavra "pluviometria" significa "medição de chuva", mas compreende a


determinação da quantidade de água caída sob a forma de neve, garoa, etc.

A unidade usada para medir a quantidade de precipitação é o milímetro


pluviométrico (mm), que equivale a uma precipitação de 1 litro de água para cada metro
quadrado de superfície.

Isto significa que 1 litro de água, despejado em um recipiente perfeitamente


horizontal e impermeável de 1 metro quadrado de área de base, formaria uma película
com 1mm de espessura, cobrindo homogeneamente todo o fundo deste recipiente.

Os instrumentos destinados à determinação da quantidade de precipitações são


os pluviômetros (medem) e pluviógrafos (medem e registram).

Tempo atmosférico

Apesar da sua grande extensão, o Brasil não possuem desertos, e suas máximas
pluviométricas não atingem os níveis observados em outros países. A pluviosidade do
país vai ser resultante, principalmente, da ação das massas de ar e interferência do fator
geográfico - altitude, aliado à temperatura.

21
As precipitações no Brasil se distribuem de maneira irregular, variando de menos
de 500 mm até mais de 4.000 mm anuais. As áreas de maiores precipitações (superior a
2.000 mm) são as da região do Alto Amazonas e ao longo da Serra do Mar, onde
também encontramos as precipitações máximas observadas.

O Estado do Rio de Janeiro registra climas diversificados, sendo o mais notório e


freqüente o tropical-semi-úmido, com chuvas de verão e invernos secos e também
possui a pluviosidade de 1.250 mm anuais. O clima tropical úmido ocorre na Serra do
Mar, onde as chuvas de relevo determinam uma elevação de pluviosidade para atingirem
a 2.500mm anuais.

É importante o conhecimento desses dados, pois o conteúdo de umidade do


material combustível, que controla a sua inflamabilidade, é muito importante na
determinação das condições de perigo de fogo. Se os combustíveis estão saturados de
umidade, eles não queimam com a mesma facilidade que se o conteúdo de umidade do
combustível for baixo, o que permite um incêndio iniciar e se propagar. A umidade do
combustível inibe a ignição, No, um material não será efetivamente combustível
enquanto contiver uma determinada quantidade de umidade. O conteúdo de umidade
dos materiais combustíveis mortos (cobertura morta, galhos, folhas, húmus) varia
tremendamente, dependendo da chuva. Ela raramente é menor que 20% mas pode
exceder a 200%, como por exemplo em madeira apodrecida ou húmus, depois de
prolongada chuva.

Experiências já demonstraram que a probabilidade de ignição é praticamente


zero, para a maioria dos materiais combustíveis, quando sua umidade está entre 25% e
300%.

Assim sendo, a umidade do material combustível tem grande influência na


propagação dos incêndios. Havendo grande quantidade de material seco (baixo índice
pluviométrico), o fogo vai se propagar com muita intensidade. Então, o próprio fogo vai
atuar corno agente secador, reduzindo a quantidade de umidade dos demais materiais
(inclusive vegetação viva) e intensificando cada vez mais a capacidade de propagação do
incêndio.

d. Umidade do ar

A Umidade do ar pode ser assim estudada:

1) Umidade absoluta:

E a quantidade de vapor de água contido rio ar. É expressa na razão "massa por
volume" (g/cm3). É também chamada de "Tensão de Vapor", "Concentração de Vapor” ou
de "Densidade de Vapor”.

2) Umidade relativa:

É a relação entre a quantidade real de vapor de água existente; e a que existiria


se o ar estivesse saturado. Podemos explicar a Umidade relativa de outra forma:

• Consideramos a quantidade de vapor existente no ar em determinado


momento (umidade absoluta), corno sendo igual a 10 g/cm3. Se considerarmos que à
mesma temperatura aquele ar satura-se a 20 g/cm3, concluiremos que aquele vapor é
correspondente à metade da tensão máxima (saturação). Assim, neste caso, diz-se que a
Umidade relativa é igual a 500% pois que ela é expressa em percentagem.

22
• Em outro exemplo se a Umidade relativa em uma determinada região for de
68%, isto significa que naquele momento a umidade existente no ar atmosférico atingiu
apenas a 68% da máxima atingível naquelas condições.

Existe também uma relação estreita entre o conteúdo dos materiais florestais e a
umidade relativa do ar, é fácil Compreender sua influência na propagação dos incêndios.
O conteúdo de umidade dos materiais aumenta ou diminui de acordo com a umidade
relativa do ar. Quanto mais baixa for esta, mais evaporação haverá (o ar absorve a
umidade dos materiais; lenhosos) e por conseguinte mais secos ficarão os materiais
combustíveis da floresta, aumentando assim o perigo do início e propagação dos
incêndios florestais.

Esta umidade contida nos combustíveis é um fator importante a ser considerado,


visto que os combustíveis molhados são em maioria as folhas verdes, que queimam
espontaneamente.

Normalmente, durante o dia o ar é mais seco que à noite, quando o fogo arde
mais lentamente, pois a umidade é absorvida pelos combustíveis.

A absorção de umidade pelos combustíveis (vento favorável ao declive,


temperaturas inferiores e outras diferenças atmosféricas entre o dia e a noite),
geralmente favorecem o combate durante a noite. Isto explica por que durante o dia um
incêndio poderia se tomar incontrolável e à noite ser mais fácil seu controle, o qual, se
possível, deve ser antes do dia seguinte.

A influência da umidade relativa do ar na propagação do fogo pode-se


demonstrar no quadro elucidativo abaixo.

UMIDADE RELATIVA FATOR DE


EM % PROPAGAÇÃO

41 - 45 1,0
31 - 40 1,4
26 - 30 2,0
16 - 25 2,8
15 3,2

23
7. EFEITOS BENÉFICOS

Sob o ponto de vista silvicultural, o fogo pode, em determinadas ocasiões e


condições, resultar em alguns benefícios para a floresta. Porém, é de grande importância
que o uso do fogo deve ser feito sempre com cuidado, de forma prudente e controlada,
para que não fuja ao nosso controle e não cause nenhum dano. Podemos obter os
seguintes benefícios com um fogo bem dirigido e controlado:

a. Favorece a regeneração de certas espécies

Algumas vezes a "cama” de material morto que cobre o solo florestal é muito
espessa, não permitindo o contato da semente com o solo, dificultando por isso a
germinação. Um fogo ligeiro e controlado queima esta "cama", possibilitando o contato
entre a semente e o solo, além de fornecer calor, do qual algumas sementes necessitam
para acelerar a germinação.

b. Destruição de alguns animais nocivos

O fogo destrói alguns animais prejudiciais à floresta, especialmente os roedores,


que comem a semente de várias espécies florestais.

c. Limpeza do terreno

O fogo é um meio eficiente e barato, para a limpeza do terreno, quando


desejamos estabelecer um povoamento artificial ou se fazer qualquer tipo de plantação.

d. Pode melhorar a composição física do solo

Dentro de certas condições, em alguns casos especiais, o fogo controlado pode


melhorar a condição física do solo, proporcionando melhor aeração e aquecimento do
solo. Com isto, estimula também a atividade bacteriana favorecendo a nitrificação. A
incorporação de cinza contribui também para a eliminação da acidez do solo, facilitando
as trocas químicas.

e. Redução do material combustível

O fogo controlado é sem dúvida um ótimo auxiliar para se reduzir o material


combustível de uma floresta evitando e prevenindo maiores danos que por certo
aconteceriam, no caso de um incêndio incontrolado. É uma técnica preventiva, quando a
queima de uma área se faz controlada para se proteger efetivamente a floresta no caso
de vir um incêndio em sua direção.

f. Pode melhorar as condições de penetração

Em algumas florestas de difícil penetração o uso adequado do fogo, pode


melhorar as condições de penetração, facilitando o acesso e a exploração da mata.

g. No combate a Incêndios

Em alguns casos e dependendo das condições, o fogo sob forma de contra-fogo,


é um dos melhores meios para deter o avanço de um incêndio, possibilitando, assim, sua
total extinção. Voltaremos a este assunto oportunamente.

24
8. EFEITOS MALÉFICOS

Os incêndios florestais constituem sem dúvida alguma a principal fonte de efeitos


maléficos às florestas em todo o mundo. Anualmente milhares de hectares de florestas
são queimados, com prejuízos incalculáveis. De um modo geral, estes efeitos causados
às florestas podem ser classificados nos seguintes grupamentos:

a. Danos às árvores

São enormes os danos às árvores comerciáveis; ou maduras e às árvores


jovens, causados pelos incêndios florestais. Certamente dependerá diretamente da
intensidade do fogo, do tempo de duração, do tipo de floresta, etc. Portanto, mesmo
após o incêndio, a madeira das árvores ainda pode ser aproveitada, com uma pequena
depreciação, de seu preço, apenas. Somente nas árvores jovens, devido a sua casca
mais fina, e conseqüentemente à sua menor resistência, é que sua completa
carbonização traz a morte da árvore.

No entanto, muitas árvores que não morreram estão debilitadas sensivelmente.

b. Danos ao solo

Devemos ressaltar que os danos ao solo são particularmente mais severos de


acordo com a intensidade e freqüência dos incêndios. Portanto os incêndios florestais
geralmente causam grandes danos ao solo, principalmente às suas propriedades físicas.
A destruição da cobertura orgânica do solo, expondo-o diretamente às intempéries,
provoca grandes modificações em suas propriedades físicas, particularmente porosidade
e penetrabilidade, além de expor totalmente o solo à ação dos agentes causadores de
erosão.

c. Danos à capacidade produtiva

O fogo, de uma maneira geral, favorece a vegetação herbácea e as matas


secundárias. O fogo pode mudar completamente o tipo de floresta, causando geralmente
o empobrecimento da mesma. O fogo reduz, também, a densidade da floresta,
prejudicando a produção qualitativa e quantitativa da madeira. Altera também o
"Princípio de Persistência”, por forçar o corte de árvores ainda imaturas, diminuindo o
rendimento da floresta.

d. Danos à fauna

Os incêndios podem causar danos à floresta diretamente, através da morte dos


animais que não conseguem escapar ao fogo; e indiretamente, pela destruição da
alimentação, e modificação radical do habitat dos animais. O equilíbrio biológico da
floresta será totalmente alterado.

e.Danos no aspecto recreativo

Em várias partes do Brasil, as florestas são também usadas como recreação,


para passeios ou para turismo, ou até mesmo onde populações urbanas vão passar fins
de semana, feriados, fugindo da vida agitada da cidade. As florestas usadas para esta
finalidade (parques nacionais, etc:), apresentam sempre um bonito aspecto paisagístico,
o que um incêndio tomará este aspecto sem valor.

25
f. Danos no caráter protetor

A floresta constitui um agente protetor de grande importância. Exercem proteção


básica contra deslizamentos, avalanches, invasão de dunas e erosão. A floresta atua
também como reguladora do regime hidrológico. O solo, com um incêndio, passará de
esponjoso a duro, bastante impermeável, provocando o escoamento das águas das
chuvas pela superfície, causando inundações, deslizamentos, erosão e também danos
aos solos férteis das partes mais baixas, através do material erosinado.

g. Danos a propriedades diversas

Além dos danos diretos provocados às florestas pela destruição da madeira, os


incêndios podem também causar danos a outras propriedades tais como casas,
construções, veículos, implementos, etc. No incêndio do Paraná em 1963, citado
anteriormente, por exemplo, foram destruídas cerca de 4.000 casas, deixando
aproximadamente 5.700 famílias de trabalhadores rurais desabrigados.

h. Danos à vida humana

Os incêndios de grandes proporções, além de destruírem as florestas e outros


bens materiais, algumas vezes provocam também ferimentos ou mesmo a morte de
seres humanos. Até mesmo pequenos incêndios em matas podem trazer sérios danos à
pessoa física, por se tratarem de fogo de difícil extinção, pois vários fatores contribuem
para isto, tais como a fadiga do homem, o difícil acesso, a topografia, e também os
ventos que variam muito de direção.

26
CAPÍTULO II

Deslocamentos nas matas

1. INTRODUÇÃO

O indivíduo ou grupo de indivíduos. tomando parte em operações de incêndios


florestais poderá se ver isolado ou até mesmo perdido nas matas, devido às
características próprias que a extinção a este tipo de incêndio requer.

A densidade da vegetação não permite, muitas vezes, a localização de pontos de


referência nítidos. Também, a necessidade de saber onde pisar ou colocar as mãos
desviará, por certo, a direção do raio visual. A noite, nada se vê, nem a própria mão a
um palmo dos olhos. O copado fechado das árvores não permitirá que se observe
facilmente o sol ou o céu, a não ser que se esteja em uma clareira e, mesmo assim, em
dia que não tenha céu nublado.

Portanto, trataremos agora deste assunto, que tem por finalidade trazer
conhecimentos básicos para se movimentar nas matas, pois tão logo o indivíduo se sinta
isolado, em meio à mata densa, tentará, naturalmente, andar em uma direção qualquer,
em busca da salvação. Será normal tal precipitação, porém totalmente errada, pois a
ânsia de salvar-se, andando a esmo e entrando em pânico, poderá trazer conseqüências
piores. Mostraremos também algumas considerações quanto a animais presentes nesses
locais.

2. A ORIENTAÇÃO

A necessidade de penetração para o combate ao fogo nos leva a fazer picadas,


caminhos que, além do uso como meio de transporte, se constituem em verdadeiras
barreiras para a passagem do fogo.

Portanto, ao se penetrar na mata já se deve fazer os cortes rios arbustos de


forma padronizada, para que assim constitua a melhor forma de orientar a quem estiver
perdido, pois esta picada será a principal forma desse indivíduo voltar a se reencontrar, e
também poderá orientar a quem possui como missão o resgate do pessoal perdido.

Ao se ver isolado, as regras a se observar são:

- ficar parado, não andar a toa;


- sentar-se para descansar e pensar;
- alimentar-se e matar a sede para poder raciocinar;
- procurar então se orientar, se posicionar e, começar a se deslocar.

Apresentaremos agora alguns processos para se melhor orientar nas matas:

- orientação pelo Sol


- orientação pelo Relógio
- orientação pelas Estrelas
- observação dos Fenômenos Naturais
- construção de abrigos pelos Animais
- orientação pela Carta
- orientação pela Bússola

27
a. Orientação pelo sol

Desde que observado o ponto de seu nascedouro (Leste) e seu ponto onde se
põe (Oeste), basta se traçar uma perpendicular para se ter a direção Norte e Sul.

b. Orientação pelo relógio

Colocando-se a linha 6-12 voltada para o sol, a direção Norte-Sul será a bissetriz
do ângulo formado pela linha 6-12 e o ponteiro das horas, contando no sentido do
movimento dos ponteiros. No caso do hemisfério Norte, a linha a ser voltada para o Sol
será a do ponteiro das horas, e a bissetriz do ângulo desta linha com a 6-12 dará a
direção S-N.

c. Orientação palas estrelas

1) Estrela polar

No hemisfério Norte, o alinhamento observador – estrela polar dará a direção


N-S. Esta estrela poderá ser identificada pelas duas mais afastadas da constelação Ursa
Maior, chamadas indicadoras.

2) Cruzeiro do Sul

No hemisfério Sul, prolongando-se quatro vezes e meia o braço maior da cruz,


ter-se-á o Sul no pé da perpendicular baixada, desta extremidade, sobre o horizonte.

28
d. Observação dos fenômenos naturais

A observação de vários fenômenos naturais também permite o conhecimento, a


grosso modo, da direção N-S. Assim, os caules das árvores, a superfície das pedras, os
mourões das cercas, etc, são mais úmidos na parte voltada para o sul.

e. Construção cio abrigos pelos animais

Os animais de modo geral procuram construir os seus abrigos com a entrada


voltada para o norte protegendo-se dos ventos frios do Sul e recebendo diretamente o
calor e a luz do sol.

f. Orientação pela carta

Se possuir carta no local em que o indivíduo se encontra, deve-se observar que


a carta é um desenho do terreno e das coisas que a mão do homem construiu no mesmo
terreno. Seu desenho do terreno é feito de um ponto elevado no espaço.

A carta possui uma série de linhas traçadas sobre ela, formando quadrados,
numerados para melhor identificação.

A primeira coisa que se deve fazer é determinar onde estamos situados quando
olhamos para este desenho, que é, como já mencionamos, o que vê um observador
situado a grande altura, sobre uma determinada região.

g. Orientação pela bússola

O mais eficaz. Por isso, quando se penetrar em qualquer mata densa, para o
combate a incêndios florestais, não se deve esquecer de incluir no equipamento uma
bússola protegida por plástico. Ela poderá ser a salvação da pessoa que se encontra
perdida. Se houver mais de um elemento, poderão caminhar fazendo com que um seja o
homem-ponto, enquanto aquele que maneja o instrumento seja o homem-bússola.

3. A NAVEGAÇÃO EM MATAS E FLORESTAS.

É a deslocamento orientado através das matas e/ou florestas, por via terrestre
ou aquática. Não se dispondo de bússola, a navegação terá de ser orientada de outra
forma. Se houver um guia, normalmente chamado "mateiro", conhecedor da região, não
haverá maiores problemas. Quando se encontrar uma trilha aberta por ser humano,
geralmente ela conduzirá a um lugar de salvação. Se a trilha for de animal - difícil de
identificar por quem desconhece a seiva normalmente ela conduzirá a um local de água
(bebedouro). Se este bebedouro for um riacho ou córrego, poder-se-á segui-lo na
direção da corrente, fato que deverá conduzir a um curso de água maior, e daí, por sua
vez, a um local que permita a sinalização terra-ar ou onde haja habitante ribeirinho.

29
Se um elemento perde-se do grupo, poderá ser encontrado lançando mão de
gritos e de apitos; se possuir arma, dará dois tiros, o que já é convencional nas matas.
Poderá também, bater com qualquer pedaço de pau em cartas raízes expostas de
árvores, o que produzirá um som que reboará até determinada distância. Se tentar uma
navegação em busca do grupo, deverá, à medida que se deslocar, ir marcando o
caminho percorrido; para isso fará marcas com um facão, faca ou canivete nas árvores,
ou irá quebrando galhos da vegetação baixa, de modo que as pontas fiquem apontando a
direção seguida.

Com exceção do paladar, os demais sentidos serão bastante solicitados no caso


de uma navegação noturna. A vista sentir-se-á cansada ante o esforço para enxergar. O
tato, a todo momento, estará em função. O olfato identificará possíveis odores que
sirvam para auxiliar a busca de um objetivo. A audição procurará identificar os sons
comuns, bem como a distância em que são produzidos. Portanto, podemos destacar,
devido às grandes dificuldades que se encontram, que os deslocamentos noturnos não
são compensadores, devendo ser executados somente se necessário.

No caso de necessidade de passar a noite num local qualquer, deve-se escolher


para se abrigar, um ponto alto, em terreno ligeiramente inclinado, relativamente limpo e,
se possível, próximo a água potável. Também será necessário se fazer urna fogueira,
para se aquecer, para iluminar, sinalizar e fazer uma segurança noturna, porém, deve-se
escolher um bom local pois o fogo não deve ser aceso, por questões óbvias, debaixo do
abrigo.

Um deslocamento mais seguro nas matas deve sempre ser realizado em grupo,
nunca sozinho e jamais com uma distância maior do que três metros entre seus
integrantes. A navegação deve ser em fila indiana e, após o cansaço do homem da
frente, aquele que vai abrindo o caminho, este passará a ocupar o último lugar da fila,
passando seu serviço para o segundo, e assim sucessivamente.

Se algum bombeiro se perder no cumprimento de um serviço de combate a


incêndios florestais, calcula-se que ele já possua determinados equipamentos que
facilitarão suas ações. Neste caso, também seus comandantes ou superiores saberão
aproximadamente onde poderá estar, havendo, portanto, uma base segura para a
partida do socorro e uma perspectiva mais rápida de seu resgate, pois no plano de ações
das equipes se pode localizar os pontos onde cada uma foi deixada para cumprir sua
missão.

4. A SINALIZAÇÃO

O que mais interessa a uma pessoa que se encontra perdida é ser encontrada.
Portanto, se for utilizado um processo qualquer para sinalização, poderá haver
possibilidades amplas de sucesso, desde que esse processo seja o mais adequado para a
ocasião.

No entanto, se necessário for, os processos mais simples de sinalização são: por


apito, por tiro (dois), por batidas de paus em raízes de árvores, ou qualquer outro à base
de acústica uma vez que sinais visuais surtirão poucos efeitos por causa da vegetação, e
sinais como fogueira ou fumaça não representarão nenhum meio de sinal em locais;
onde já temos a presença do incêndio florestal.

Se o elemento ou o grupo decidir tentar a navegação, não deverá esquecer de ir


balizando o percurso; para isto, além de sinalizar por meios acústicos, a espaços de
tempo regulares, irá assinalando sua passagem pela quebra de pequenos galhos, de
marcas em árvores, de objetos ou partes deles deixados pendurados, etc. Portanto, ao se
encontrar uma clareira, tomar-se-á mais fácil seu resgate, se houver uma sinalização
adequada. Para tanto, mostramos a seguir alguns sinais que poderão ser usados:

30
5. ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS

Nas matas existem inúmeros animais que poderão atuar como inimigo do
homem, se este não estiver capacitado a evitá-los ou a debelar os malefícios que
poderão decorrer da sua peçonha ou do seu veneno.

a. Animal peçonhento

É aquele que segrega substâncias tóxicas com o fim especial de serem utilizadas
como arma de caça ou de defesa. Para que haja uma vítima de peçonhamento, é
necessário que a peçonha seja introduzida por órgãos especiais de inoculação dentro do
organismo da vítima. Exemplos de animais peçonhentos são as cobras, as aranhas e os
escorpiões.

b. Animal venenoso

É aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais, exige contato físico
externo com o homem ou que seja por este digerido, como, por exemplo, o sapo cururu
e o peixe baiacu.

Para se evitar picadas de animais, existem algumas medidas preventivas que se


devem tomar no caso de penetração nas matas para a missão de se combater incêndios.

1) Andar sempre com uma vara, batendo-a nas árvores e galhos; o ruído
espantará os animais, e a própria vara poderá servir como defesa.

2) Antes de sentar ou deitar, verificar o local com a vara ou com os pós; evitar
sentar árvores caídas, sem antes examinar à sua volta, pois são lugares preferidos, pelo
frescor e sombra, para abrigar serpentes.

3) Ao vestir-se, sacudir as roupas.

4) Examinar os coturnos antes de calçá-los, pois são locais preferidos por


escorpiões.

5) Ter cuidado ao mexer em folhas de palmeira, montes de folhas ou palhas, e


paus ou tábuas empilhadas.

31
6) Evitar sempre andar isolado. Quando possível, deslocar-se no, mínimo, em
grupos de três pessoas.

7) Sempre que possível, transportar sedativos e analgésicos entre os


medicamentos de primeiros socorros.

8) É sempre importante se ter noções de primeiros socorros.

32
CAPÍTULO III

Os incêndios florestais

1. INTRODUÇÃO

Todos os anos, a estação da soca provoca o aumento do perigo de incêndios


florestais. Tanto nas matas naturais, quanto nas áreas reflorestadas, os riscos; de fogo
nesta época crescem a níveis que, às vezes, chegam a ser inquietantes.

A grande maioria dos incêndios florestais é fruto da ação do homem e,


conseqüentemente, poderia ser evitada.

A falta de chuva, a intensificação dos ventos, a redução da umidade do ar e o


hábito de o agricultor queimar a terra para preparar o solo ou promover a reforma das
pastagens são fatores que mais contribuem para o aumento da incidência de incêndios
florestais, no período de maio a outubro.

O incêndio florestal deve ser atacado e/ou isolado o mais rápido possível e pela
maior quantidade de pessoa e material.

2. OS TIPOS DE FOGO

Em um incêndio florestal podemos encontrar um ou mais tipos de fogo ria


vegetação, quais sejam: fogo de superfície ou solo, fogo de copa e fogo subterrâneo.

a. Fogo de superfície

É o que se desenvolve na superfície do solo, queimando a "cama" de restos


vegetais não decompostos (folhas, galhos etc.), a cobertura do solo (gramíneas, etc), o
subbosque e as árvores jovens da reprodução natural. Estes materiais são geralmente
bastante inflamáveis, principalmente durante a estação de seca e, por isto mesmo, os
incêndios florestais, chamados superficiais são caracterizados por uma propagação
rápida, de chamas intensas; e com grande geração de calor. Não são, porém, muito
difíceis de serem combatidos.

O fogo de superfície é o mais comum, podendo ocorrer em todas as regiões. É,


também, a forma pela qual começam quase todos os incêndios. Havendo condições;
favoráveis, corno tipo de vegetação, de material combustível e intensidade de fogo, o
fogo de superfície pode dar origem a fogo de copas e a fogo subterrâneo.

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b. Fogo de copo

Caracteriza-se pela queima das copas das árvores. A folhagem é totalmente


destruída e as árvores geralmente morrem devido ao superaquecimento do câmbio.
Salvo casos excepcionais, raios por exemplo, todos os fogos de copas originam-se de
fogos superficiais. Este tipo de fogo propaga-se rapidamente em condições favoráveis
(vento principalmente) e são sempre seguidos por fogo superficial, uma vez que os fogos
de copas, inevitavelmente, fazem cair fagulhas e outros materiais acasos que irão,
gradativamente, queimando os arbustos e os materiais combustíveis da superfície do
solo.

A condição fundamental para que haja ocorrência de fogo de copa é que a


folhagem das árvores seja combustível. Este tipo de fogo desenvolve-se especialmente
em florestas coníferas.

Pelas características do material combustível e pelas próprias características do


fogo de copa, são eles os mais difíceis de serem combatidos.

Os fogos de copas avançam, sempre, na direção do vento.

1) Câmbio - camada de tecido situada entre o lenho e o liber.

2) Floema ou liber - conjunto dos vasos que conduzem a seiva.

c. Fogo subterrâneo.

É o que queima sob a superfície do solo, face à acumulação de matéria orgânica.


Esta matéria orgânica que fica sob a superfície é completamente isolada da atmosfera e,
em conseqüência, com grande falta de oxigênio, fazendo com que o fogo seja lento, sem
chamas, mas com intenso calor e força destruidora uniforme. Os fogos subterrâneos
ocorrem em locais onde existe grande acumulação de humus; e em áreas mal drenadas,
tais com brejos ou pântanos, onde se produziram espessas camadas de turfa, e que, por
condições especiais, se encontram suficientemente secas.

A intensidade do calor e o poder de destruição desses fogos, além de causar a


morte das raízes e conseqüentemente das árvores, atinge também a microbiologia e a
fertilidade do solo, através da destruição da sua camada orgânica, Este tipo de incêndio
não é muito freqüente. Entretanto, podemos citar que ele ocorre na Reserva Biológica de
Poço das Antes.

34
3. PARTES DO INCÊNDIO

Seja de que tipo for, o incêndio tem quatro partes que são: o perímetro, cabeça
ou frente, retaguarda ou cauda e flancos.

• Perímetro - é o limite do fogo, medido pela distância dos contornos em


chamas;
• Cabeça ou frente - é o sentido no qual o incêndio se movimenta o varia
conforme a direção do vento. É a parte, que avança mais rapidamente.
• Retaguarda ou cauda - onde a velocidade das chamas é menor. A retaguarda
de incêndios em terrenos planos é a parte da qual provém o vento.
• Flancos - constituem os lados do fogo, entre a cabeça e a retaguarda,
paralelamente à direção do vento. Os flancos geralmente avançam com lentidão e nestes
casos, constituem o melhor ponto para se iniciar o combate ao incêndio.

4. AS CAUSAS DO INCÊNDIO

Focos secundários

O incêndio florestal acontece em conseqüência dos riscos elevados provocados


pelas condições da vegetação, pela presença do homem e pela falia de informação deste,
com relação aos aspectos preventivos. Assim sendo, podemos dizer que um incêndio
florestal se manifesta, seja qual for o lugar, por um conjunto de ações humanas e
naturais que possam transmitir ou produzir fogo. Assim poderemos dizer que os
incêndios florestais têm como origem as causas naturais e as causas humanas. As causas
naturais independem da vontade humana. Já as causas humanas apresentam dois
aspectos que são o dolo e a culpa.

35
No dolo, o homem manifesta-se pela intenção de consumar o fato, ele quis e
assumiu o risco de produzir os efeitos advindos de seu ato.

Na culpa, o fato acontece quando o homem, por negligência, negligência ou


imperícia, causa incêndios florestais. Neste caso, o homem não quis produzir o risco, mas
contribuiu para que o fato ocorresse.

a. Causas naturais

1) Raios
2) Terremotos
3) Tufões
4) Combustão espontânea
5) Efeito de lupa
1) Raios

São incêndios causados direta ou indiretamente por descargas elétricas. Sua


prevenção é quase que impossível. A ação destruidora decorrente de queda de raios em
florestas não são muito comuns no Brasil, em virtude das tempestades serem, sempre,
acompanhadas das precipitações. Porém aconteceram casos de focos iniciais de
incêndios, por raios, que provocaram incêndios em florestas e outros que foram
prontamente debelados, pois foram descobertos no dia seguinte à tempestade e não
haviam se propagado ainda, em virtude da umidade do material florestal.

2) Terremotos

Este fato não foi observado rio Brasil até hoje e não merece ser detalhado,
portanto.

3) Tufões

Os tufões, também, não são comuns no Brasil. Eles acontecem, com mais
frequência, rio mar da China, entre os meses de julho e outubro. É um vento muito forte
e tempestuoso.

4) Combustão espontânea

Chama-se combustão espontânea o fato de alguns corpos terem como


propriedade característica a possibilidade de se combinarem com o oxigênio do ar ou
outro portador (agentes oxidantes) com que estejam em contato, ocasionando uma
reação exotérmica, isto é, com despreendimento de calor, o que favorece sua
combustão, sem o concurso de uma fonte externa de calor, centelha ou outra causa de
incêndio.

36
A combustão espontânea inicia-se normalmente por uma lenta reação química
(oxidação) que gera algum calor e este processo vai se acelerando até tomar lugar uma
rápida oxidação. Com exceção de alguns corpos sujeitos a uma rápida oxidação, o
processo de combustão espontânea é tento e a ignição pode ocorrer após dias ou mesmo
semanas, durante os quais a temperatura se eleva lentamente.

A presença da umidade, em certos casos, pode favorecer o aquecimento, como


por exemplo a presença de umidade no carvão vegetal.

A combustão espontânea pode surgir, também, em produtos vegetais sujeitos à


fermentação por bactérias ou enzimas. Nesta hipótese o aquecimento se dará em dois ou
mais estágios: o primeiro até 70 ou 80ºC, provocado pela fermentação ou outra ação
microbiana, pois acima desta temperatura, cessam todas as atividades vitais dos
microorganismos e enzimas. O aumento de temperatura, no segundo estágio, é atribuído
a uma oxidação química que faculta ao corpo alcançar seu ponto de ignição.

O cânhamo, a juta e o sisal são materiais sujeitos à combustão espontânea.

A madeira, quando sujeita a uma prolongada ação de temperatura, não muito


alta, pode queimar espontaneamente, devido à formação de carbono poroso ou carvão
na superfície exposta da mesma.

5) Efeito de "lupa"

É comum acontecer incêndio em florestas, próximas a concentrações humanas,


em parques onde haja camping, etc, pois, muitas vezes, os freqüentadores daquelas
florestas levam para lá garrafas com refrigerantes ou outro tipo de bebida qualquer e,
após o uso, às vezes, quebram as garrafas e as jogam em locais da floresta onde haja
incidência de sol e muito material seco (folhas, pequenos galhos, etc). Esses fragmentos,
com a incidência de raios solares, atuam como lentes, gerando a combustão.

A causa inicial foi a ação do homem, mas o incêndio originou-se de uma causa
natural propriamente dita, que foi o "efeito da lupa".

b. Causas humanas

1) Incendiários
2) Queimas para limpeza
3) Fumantes
4) Fogos campestres
5) Operações florestais
6) Estrada de ferro
7) Balões

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1) Incendiários

Pode-se distinguir dois tipos de incendiários: aquele que age por vingança, por
inimizade ou outro motivo, colocando fogo em floresta alheia, agindo com dolo, portanto.
Temos aquele que age inconscientemente, por desequilíbrio mental qualquer,
tomando-se um "piromaníaco", agindo, neste caso, de maneira culposa, ao atear fogo
em floresta.

2) Queimas para limpeza

Compreendem os incêndios florestais originados de fogos usados ria limpeza do


terreno para qualquer propósito (agricultura, pastagem, reflorestamento, etc.). Nos
países tropicais, de uma maneira geral, é esta a principal causa dos incêndios florestais.
Geralmente, nesta época de maior ocorrência, as condições são propícias à propagação
do fogo, e, nesta ocasião, é que são usadas as práticas de queimadas.

- Normalmente as queimadas para limpeza são efetuadas sob controle dos


agricultores, podendo, por razões adversas, extrapolarem as áreas previstas.

3) Fumantes

Neste caso estão incluídos os incêndios florestais originados por fósforos; e


pontas de cigarros acesos que poderão ser atirados displicentemente ou mesmo de
maneira intencional, em locais sujeitos a incêndios.

É muito comum este tipo de incêndio às margens de estradas. As pessoas, ao


passarem por elas, jogam pontas de cigarros nas suas margens, de maneira displicente
(culpa) ou mesmo colocam fogo de maneira consciente (dolo), causando grandes
incêndios.

É muito difícil chegar ao autor de determinados atos.

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4) Fogos campestres

Incêndios florestais originados de fogueiras feitas por pessoas que estejam


acampadas, caçando ou pescando.

Neste caso, o fato de colocar fogo para acender urna fogueira, pura e
simplesmente, não leva à dedução de que o autor queda que, através da fogueira, fosse
atingida uma floresta com o fogo. Caso a pessoa que acendeu a fogueira,
deliberadamente, desse condições para que o fogo atingisse a floresta, estaria ela agindo
com dolo.

5) Operações florestais

São incêndios causados por trabalhadores florestais, quando em atividade na


floresta.

Os trabalhadores, nas suas atividades, utilizam freqüentemente o fogo, para


cozimento de alimentos ou pequenos serviços. A perda de controle deste fogo pode
provocar um incêndio.

6) Estradas de ferro

Com o uso da máquina diesel-elétrica, o perigo de incêndios florestais diminui


bastante. Os incêndios nas florestas cortadas pelas estradas de ferro, são, atualmente,
provocados pelos maquinistas ou passageiros dos trens que jogam fósforos, cigarros,
etc., na vegetação ao Lado dos trilhos.

Aqui, também, poderia ser determinado o dolo ou a culpa, dependendo de como


o fato foi gerado.

7) Balões

É muito comum ouso de balões nas festas juninas. Trata-se de um costume


muito difundido, que, apesar das leis proibindo e das sucessivas campanhas, ainda não
se erradicou.

5. FATORES DE PROPAGAÇÃO

a. Fatores que influem na propagação dos Incêndios florestais

1) Quantidade e tipo de material combustível

O combustível é fator básico para a propagação dos incêndios. Não poderá haver
fogo se não houver combustível para queimar. Em uma floresta existe uma grande
quantidade de combustíveis em potencial, os quais, para efeito de análise, podem ser
classificados em:

a) Quanto à condição orgânica:

- Combustível morto: constituído por folhas e acículas secas, ramos e galhos


caídos, pastos secos, restos de exploração vegetação, etc.
- Combustível vivo (Verde): ervas, matas, plantações, enfim, as plantas vivas
com suas folhagens.

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b) Quanto à rapidez em arder

- Combustível ligeiro: ervas, folhas, acículas, etc.

- Combustível lento: troncos, ramas, raízes, etc.

Combustíveis lentos
propagação lenta

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c) Quanto à localização - Combustível subterrâneo: raízes e outros materiais,
que se encontram sob o solo vegetal.

- Combustível superficial: composto por folhas, acículas, ramas, arbustos ou


árvores jovens, troncos, etc, que se encontram até = 1,5m de altura sobre o solo.
- Combustível aéreo: ramas, fustos das árvores, folhagens, musgos, etc, que se
encontram acima de 1,5m sobre o solo.

d) Quanto à disponibilidade

- Combustível total: todo aquele existente no local (vivo ou morto)


- Combustível disponível: é o que está em condições de queimar e consumir-se
durante o incêndio.
- Combustível restante: fração do combustível total, que não está em condições
de queimar e que fica após o incêndio.

Compreendem o humus, os galhos mais grossos, os troncos caldos e os tocos de


árvores já derrubadas. São materiais que, por suas características, queimam lentamente.
Embora a ignição desses materiais seja mais difícil, eles são muito perigosos por
manterem latente a combustão. Muitas vezes, quando um incêndio parece extinto, urna
corrente de vento pode reacender estes materiais lenhosos; que começam a lançar
fagulhas e, se houver descuido, podem reiniciar o incêndio.

2) A seca

A seca pode ser definida como a deficiência de umidade no solo. Uma redução da
precipitação normal, é a causa primária dos efeitos da seca. O perigo de danos e
incêndios florestais aumenta sob condições atmosféricas e ventos fortes, pois todos estes
fatores estimulam a evaporação e transpiração, reduzindo, portanto, rapidamente c
suprimento de água do solo.

A falta de água suficiente para promover as necessidades de uma floresta,


sempre resulta em danos extensivos para esta floresta. A extensão dos danos pode
variar desde uma pequena redução do crescimento, até mesmo ao incêndio florestal com
a conseqüente morte de árvores. O primeiro dano causado pela seca é a morte da
cobertura do solo e da reprodução jovem. À medida que aumenta a intensidade da seca,
o próprio povoamento, com raízes mais profundas, sofre danos e as árvores, mesmo de
grande porte, são completamente mortas. A quantidade e distribuição da precipitação
são os principais fatores na determinação do caráter da floresta. Qualquer diminuição
brusca no suprimento de água de uma floresta, será refletida em danos de seca nas
árvores, principalmente, em região de solo raso ou onde a precipitação é, em si, quase o
mínimo para suportar uma floresta.

Um dos sinais característicos de danos causados pela seca, são folhas e galhos
tenros murchos, o amarelecimento das folhagens e queda prematura das folhas e
também um povoamento afetado pela seca geralmente tem a aparência de uma área
queimada. Portanto, no terreno totalmente seco por falta de precipitação, as plantas não
têm de onde pegar água e, conseqüentemente, vão se tomando secas e mortas.

Quando se encontram nesta situação, o risco de incêndio é muito grande


bastando a ação de qualquer fonte externa de calor.

Durante a época seca do ano (normalmente do inverno), na região Sul e Sudeste


do Brasil, a umidade relativa do ar freqüentemente baixa ao nível de 30%. Podemos citar
como exemplo o incêndio florestal de 1963, no Paraná (queimou 2/3 de suas reservas),
que chegou a registrar índices inferiores a 10% de umidade relativa. Como podemos
observar, isto fornece ótimas condições para a propagação do incêndio.

41
3) Outros fatores de propagação

- Umidade do material combustível


- Vento
- Temperatura
- Umidade relativa do ar
- Topografia

A umidade do material combustível é um dos pontos mais importantes na


avaliação dos combustíveis. Influi na probabilidade de que se inicie um incêndio e no
comportamento que este apresenta uma vez iniciado.

Antes de queimar, é necessário que se evapore o excesso da umidade e, assim


sendo, é a umidade do combustível que vai determinar a quantidade de calor necessário,
para atingir o ponto de ignição.

Umidade de combustível - é a quantidade de água no combustível expressa


como porcentagem em relação ao peso seco.

Umidade do combustível = P. úmido - P. seco x 100


P. seco

Pode variar de quase 0 (zero) até 300%.

Combustíveis vivos têm umidade muito elevada podendo, às vezes, funcionar


como retardante do incêndio.

O conteúdo da umidade varia muito em função da temperatura e dias sem


chuva, podendo mesmo baixar acentuadamente o teor da umidade dos combustíveis
vivos tornando-os suscetíveis de se inflamarem.

Estudos têm demonstrado que abaixo de 70% o perigo começa a aumentar.

Não serão feitas considerações sobre os demais fatores acima, pois os mesmos
já foram detalhados no capítulo I do presente Manual, dispensando, portanto, qualquer
comentário para o seu perfeito entendimento.

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Formas de Propagação dos Incêndios

Terreno plano – sem vento


Combustíveis homogêneos

circular

Pendente – Vento variável


Combustíveis heterogêneos

Irregular

Terreno plano
Vento

Elíptico

43
6. PERÍODOS DE INCIDÊNCIAS

Os incêndios não ocorrem com a mesma freqüência durante todo o ano. Em cada
região existe uma determinada época do ano em que a ocorrência de incêndios florestais
é mais acentuada. Logicamente, nesse período é necessário que se faça uma proteção
mais organizada e mais efetiva. Esta época do ano, denominada "Período Normal de
maior risco", depende das condições climáticas de cada região, principalmente da
quantidade e distribuição das chuvas, além de outros fenômenos atmosféricos tais como
ventos, geadas etc. Na região do Estado do Rio de Janeiro podemos situar esse período
de maior incidência, começando pelo início do mês de julho até fins de setembro ou início
do mês de outubro. Dentro desse período de maior risco podemos distinguir uma parte
crítica que corresponde à época de prática de queimadas para fins agropecuários.
Conhecendo, então, estes períodos, podemos tomar as medidas necessárias para
estarmos preparados e prontos para atendimento e combate aos incêndios florestais.

Pelo gráfico abaixo, podemos observar que, durante as 24 horas do dia, ocorrem
mudanças bem notórias nas condições e ação do fogo.

O fogo diminui sua intensidade de avanço geralmente às 04:00 horas, quando


alcança seu ponto de ação mais baixo; a partir desse momento, recrudesce até as 14:00
horas e alcança sua intensidade máxima entre 16 e 18:00 horas; a partir daí começa a
declinar paulatinamente em intensidade até as 04:00 horas, em que retoma ao ponto
mais baixo de avanço.

Cabe aqui esclarecer que essas variações não são definitivas porquanto certas
condições especiais, tais como vento, umidade, etc., podem modificá-las.

Veremos, à frente, uma fórmula para que sejam calculados os índices de tempo
de fogo em florestas. A fórmula será a de ANGSTROM, que se baseia fundamentalmente
na umidade relativa e na temperatura do ar, ambos tomados ao meio-dia solar, ou seja,
às 13 horas, pelo horário oficial.

Fórmula de cálculo:

B = 5 H - 0,1 (t - 27), onde:

13 = índice de perigo

H = umidade relativa do ar

t = temperatura do ar

5; 0,1; 27 = constantes

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Sempre que B for menor que 2,5, haverá riscos de incêndios, isto é, as
condições atmosféricas do dia estarão favoráveis à ocorrência de incêndios.

Vamos desenvolver um exemplo prático para melhor compreensão. Suponhamos


que determinado dia, às 13 horas, obtivemos os seguintes dados:

Umidade relativa do ar = 40%

Temperatura do ar 30ºC, então

B = 5 40/100 - 0,1 (30 - 27), que desenvolvida terá

13 = 2,0 – 0,3 donde B = 1,7

Este dia será considerado perigoso, pois B = 1,7 é menor que 2,5.

Há outras fórmulas capazes de nos dar, também, os índices de risco de incêndios


florestais. Não vamos descrevê-las, por apresentarem processos complicados de cálculo.

7. PREJUÍZOS ECOLÓGICOS

A conseqüência mais desastrosa de um incêndio florestal é a destruição da


vegetação, a qual raramente se recompõe em pouco tempo, e, às vezes, é arrasada
definitivamente, não havendo, portanto, recomposição florestal.

Pode-se afirmar que a capacidade de recuperação da vegetação queimada está


na razão inversa de sua dimensão (ou parte) e do grau de destruição causado pelo fogo.

Os prejuízos ecológicos e econômicos de um incêndio florestal podem ser


temporários ou permanentes, variando sua intensidade, desde valores pequenos até
perdas totais irreparáveis.

Um incêndio florestal pode ser comparado desde uma pequena fogueira, sem
maiores conseqüências, até uma depredação florestal em larga escala.

Os incêndios florestais, causados por diversos motivos e origem, aliados aos


desmatamentos indiscriminados, colocando vários Estados do Brasil em situação de
quase deserto, provocam prejuízos com reflexos diretos à média pluviométrica; redução
ou extinção de cursos de água; redução do teor da umidade do ar; aumento da
temperatura média; aceleração da erosão do solo; extinção ou emigração da fauna;
diminuição da taxa de oxigênio do ar; diminuição da produção agrícola e perdas
eventuais de instalações, plantações, rebanhos, etc.

45
CAPÍTULO IV

O combate

1. INTRODUÇÃO

No combate a incêndios florestais, é necessário o emprego do maior número de


pessoal e material, e no menor tempo que se tiver possibilidades. Isto porque, no início,
ou quando "ainda se encontra em menores proporções se pode controlar e combater com
maior eficiência. No combate, a organização, o planejamento, o reconhecimento e o
correto emprego do pessoal e material, são indispensáveis para se minimizar a extensão
e os efeitos deste agente destruidor.

Portanto, o primeiro passo para se controlar o fogo é determinar o real


perímetro da linha de fogo, de modo a poder utilizar com vantagens os homens e o
equipamento necessário. Deve-se determinar as cabeças de fogo, o aspecto topográfico e
as localizações de rios, lagos, estradas e outros acidentes, pois se constituem em
bloqueios naturais à propagação do incêndio. Outro fato de extrema importância a ser
verificado é a velocidade e a direção dos ventos, para, assim, certificar-se da velocidade
de propagação e o direcionamento das cabeças de fogo.

É um tipo de incêndio que apresenta uma grande dificuldade de combate


quando alcança determinada proporção, por isso deve-se planejar e executar os serviços
contando com todas as observações já descritas, e não se esquecendo que o entardecer
e o amanhecer representam o melhor tempo para se combater incêndios florestais.

2. LOCALIZAÇÃO DO INCÊNDIO

É necessário concentrar esforços para encurtar o tempo entre o início da


ignição e o combate. Portanto, só será possível ter um maior êxito em combate a
incêndios florestais, com o fim de minimizar prejuízos, se existir um sistema de detecção
e aviso, interligado a um dispositivo de reação.

Quando ocorrem incêndios florestais (Reservas Biológicas, Parques Nacionais,


matas), ou mesmo fogo no mato (terreno baldio, fogo em área urbana), a localização é
fundamentalmente a primeira etapa na seqüência de ações necessárias à supressão.
Efetivamente, nenhuma ação de mobilização e combate pode ser tomada, antes que o
fogo seja descoberto. Diante disto, não há dúvida que, quanto mais rápido for localizado
o fogo, melhores condições teremos de combatê-lo.

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Os meios através dos quais os incêndios são descobertos e localizados, podem
ser divididos em:

- Torres de observação,
- Patrulhas terrestres,
- Patrulhas aéreas,
- Denúncias públicas

a. Torres de observação

As primeiras torres de observação foram inicialmente de vigia, onde se


mantinha urna fiscalização periódica. Normalmente esta fiscalização se inicia às 10:00h
da manhã. Hoje as torres possuem cabinas perfeitamente construídas; e abrigadas em
pontos estratégicos com domínio de extensas áreas florestais. Também possuem mapas
da área visível, um círculo graduado, aparelhos de localização de incêndios (goniômetros,
osborne), além de equipamentos de rádio VHF, transreceptor e ainda, binóculos, rádios
"walkie-talkie", telescópios para ampliar o campo de observação, etc. Certas torres
possuem instrumentos para regiões meteorológicos: pluviômetro, anemômetro,
termômetro, etc., e ainda aparelhos e ferramentas para combate ao fogo.

b. Patrulhas terrestres

Os serviços florestais ou as companhias de reflorestamento mantêm pessoal


devidamente equipado para percorrer zonas estabelecidas, a fim de prevenir, descobrir e
combater qualquer foco de incêndio.

A área sob vigilância dependerá das facilidades que ofereça para o rápido
deslocamento do pessoal que tem a seu cargo o patrulhamento; quanto mais dificultosa,
menos extensa.

O patrulhamento terrestre possui também aparelhos de comunicação para o


rápido contato quando da solicitação de auxílio para um incêndio que se inicia.

c. Patrulhas aéreas

Durante os últimos anos, em determinados países, o avião e os helicópteros


vêm ocupando um lugar de destaque na ação de descobrir ou detectar rapidamente os
focos de incêndios. Sua maior eficiência se faz notar naquelas regiões boscosas
distantes; dos centros populacionais.

Seu emprego é muito importante, ainda que em áreas dotadas de torres de


observação, já que em muitas circunstâncias estas não podem atuar por falta de
visibilidade; nestes casos, tanto o avião como o helicóptero, complementam a tarefa
destas torres.

d. Denúncias públicas

Referem-se aos casos em que o fogo é notado por populares e pessoas alheias
às organizações florestais e que, fazendo uso dos meios mais rápidos que tenham às
mãos, comunicam o caso à autoridade competente.

Vale a pena salientar um dos benefícios que as campanhas de educação


preventiva podem proporcionar: a conscientização e o esclarecimento que pessoas
alheias ao serviço florestal podem ter sobre o problema do fogo. E, movidas por este
conhecimento, essas pessoas muitas vezes nos prestam inestimáveis contribuições ao
comunicar imediatamente a presença dos incêndios.

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3. COMPOSIÇÃO DA GUARNIÇÃO

O número de pessoas necessárias para se combater um incêndio varia muito de


acordo com as circunstâncias e as condições locais. Para incêndios em terrenos baldios,
em locais urbanos, portanto de menores proporções, ou seja, em fogo no mato
(denominação mais comum), a guarnição de plantão rios quartéis do Corpo de Bombeiros
é suficiente para este serviço de extinção. Quando, porém, o incêndio toma proporções
maiores, toma-se mais difícil o trabalho o conseqüentemente necessita um número maior
de pessoas, o que poderá ser preciso acionar o "plano de chamada” ou até mesmo pedir
auxílio de outras unidades e de órgãos outros.

E necessário que os recursos (pessoal e material) sejam suficientes para urna


eficácia nos serviços de extinção. O material precisa ser adequado e ter manutenção
periódica e o pessoal precisa estar preparado, possuindo conhecimentos básicos, e uma
instrução específica para não se perder tempo com informações paralelas no momento
da extinção. Quanto maior o nível da instrução, menor a perda de tempo e os erros.

Para uma melhor organização do pessoal e seu emprego no local sinistrado,


deve-se dividida em grupos ou equipes, onde cada uma terá seu papel específico,
visando a uma rápida e eficiente extinção. Estas equipes, então, recebem as seguintes
denominações:

- Equipe de combate,
- Equipe de construção de aceiros,
- Equipe de remoção e limpeza,
- Equipe de retaguarda.

a. Equipe de combate

A equipe de combate terá um número variável de elementos, dependendo do


efetivo total, o qual definirá, proporcionalmente, sua composição. Também dependendo
das proporções do incêndio, poderão formar várias equipes de combate.

Sua atribuição é o combate ao incêndio, propriamente dito. É o grupo de


pessoas que efetivamente entra em combate direto com o fogo.

As equipes de combate, em caso de incêndios florestais de proporções maiores,


poderão ser transportadas por helicópteros para assim não se encontrarem cansadas e
com fadiga para o combate, pois normalmente terão de percorrer grandes extensões e
fazer a navegação por matas fechadas e de difícil acesso.

Além do material individual, a equipe levará o material operacional


correspondente, devendo sempre fazer parte deste, um equipamento de comunicação e
de primeiros socorros; também deverá ser equipado o chefe de cada equipe, com
binóculo e uma arma transportada na cintura.

b. Equipe de construção de aceiros

Os aceiros servem -para impedir a propagação do incêndio, também podem ser


utilizados para facilitar o acesso de pessoal e material.

O chefe da equipe dirá por onde deve ser construído o aceiro e a largura do
mesmo, que irá variar conforme as proporções do incêndio (talvez mais, talvez menos
que 10m de largura).

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Dentro desta equipe deverá ser distribuído o trabalho de forma que parte dela
desenvolva o serviço de derrubar árvores, cortar os troncos, etc., com a finalidade de ir,
progressivamente, fazendo um caminho desobstruído, que é o aceiro.

Para a construção de aceiros, deverão ter várias equipes trabalhando em


espaços regulares, portanto, uns vão derrubando árvores, outros vão retirando arbustos,
galhos, etc.. Enquanto os que têm por missão o tombamento de árvores trabalham com
moto-serras, machados, serras, os outros trabalham com facões, foices, enxadas, etc..

Para cada equipamento deve-se calcular três homens para operá-lo, assim, se
terá o efetivo da equipe ou das equipes, pois como dissemos acima, deverão ser
conduzidos para o local vários grupos com a finalidade de derrubar árvores e abrir
caminho para a construção de um eficiente aceiro.

Em casos especiais poderá ser utilizado um trator para auxiliar a equipe, o que
poderá se ganhar muito tempo na construção, pois o trator, podendo operar, fará o
serviço de muitos homens. Onde ele não puder trabalhar, a equipe, com moto-serras,
fará o serviço.

c. Equipe de remoção e limpeza

Complementa a construção de aceiros, pois enquanto a equipe vai à frente


derrubando árvores, cortando arbustos, enfim, construindo o aceiro, outra equipe, a de
limpeza e remoção, vai limpando o local, pois de nada adiantaria deixá-lo cheio de
vegetação.

Logicamente, a limpeza mecânica é bastante mais eficaz e econômica. Onde


não for possível, a limpeza terá que ser feita manualmente.

Deve-se manter a distância de 5m a 10m entre os homens em trabalho.

Poderá ser colocado fogo, controladamente, e com rapidez no amontoado da


mata rasteira (estepe) e para isto talvez se necessite de tochas. Obviamente este
material será queimado na parte do terreno onde o fogo está situado e não naquele que
procuramos isolar com o aceiro.

Nestas equipes, também são necessários vários grupos de pessoas, que têm
como objetivo a limpeza do terreno e remoção de toras, árvores, arbustos, às vezes
sendo preciso lançar mão da queima de alguns materiais.

d. Equipe de retarguada

É a equipe que fica no acampamento, no P.C., com o objetivo de trabalhar com


vistas a levar melhores condições aos que estão nas frentes de combate.

Equipe com um número menor de participantes, pois toda preocupação deve


ser a extinção do fogo, por isto os maiores recursos devem ser dedicados aos trabalhos
de combate.

Nos trabalhos de extinção, equipes são distribuídas pela grande extensão de


matas, conforme o perímetro de fogo, por isto deve-se ter um controle bem estruturado
do pessoal de cada equipe, local onde foi deixado, qual o material que cada equipe
transportou, etc. Este trabalho, de controle de coordenação, é da equipe de retaguarda,
da qual fazem parte também motoristas para transportar pessoal e material, pessoal
para operar as comunicações do PC, pessoal de apoio, pessoal para organizar e distribuir
ração fria, água, etc.

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4. O DESENVOLVIMENTO DO COMBATE

Todo o trabalho que possui um bom planejamento e um bom plano de combate


consegue êxito com maior rapidez.

Em um incêndio de proporções acentuadas deve-se montar um Posto de


Comando nas proximidades do local sinistrado para não se ter perda de tempo entre o
planejamento e o combate.

Deste posto é que sairão as equipes que poderão ser transportadas em


helicópteros ou viaturas. Para tanto, a primeira tarefa é conhecer a extensão do incêndio,
sua velocidade de propagação, os obstáculos naturais existentes na área. Todos estes
detalhes serão levantados no reconhecimento da área, ponto inicial para o planejamento,
do combate, através da observação dos momentos a seguir:

a) Análise de situação o plano de ataque:

- Qual o tempo necessário à construção da linha de defesa?


- Onde estará a frente do incêndio quando terminar a construção da linha?
- Há focos secundários?
- Que distância deixar entre a frente do incêndio e a linha de defesa?
- É possível o ataque direto?

b) Procedimento para análise da situação:

1) Estimar o tempo necessário para construir a linha de defesa:

- Extensão (comprimento) da linha - examinar a frente e estimar sua extensão


- A linha deverá ser mais longa para que o fogo não cerque os combatentes.
- Tipo de linha - qual a largura? Podemos alargá-la com contrafogo?
- Tempo necessário à construção? Estimada a extensão e conhecendo a
velocidade de trabalho do pessoal ou do equipamento disponível - determinar-se o tempo
necessário.

2) Estimar velocidade de propagação e comportamento do fogo:

- Velocidade - observar quanto o fogo avança em 1 (um) minuto.


- Estimar onde estará a frente (fogo) ao terminar a construção da linha de
defesa.
- Estimar o comportamento do fogo neste tempo - Mais quente? Mais rápido?
Como? (através do combustível?)
- Determinar possíveis pontos perigosos - árvores secas, grandes acumulações
de combustível, etc.

3) Determinar a demarcação da linha de defesa.

Com os dados anteriores e acrescendo uma distância extra para imprevistos o


chefe do grupo começa a marcar a linha de defesa.

Evitar grandes acumulações de combustível e lugares com declividade.

Após esta análise concluir que não se pode atacar com as forças disponíveis,
será melhor retirar-se para uma barreira segura - uma rodovia, estradas e aí iniciar o
ataque.

Não havendo barreiras seguras, teremos que determinar as forças adicionais e


solicitá-las.

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Pode-se atacar o fogo pela retaguarda e flancos com o pessoal disponível.

Organize todos os seus recursos.

Reúna os homens e trace a forma de combate, onde serão colocadas as


equipes e a função de cada uma. Mostre os pontos críticos e o que fazer em primeiro
lugar.

Todos os homens devem estar preparados e dispor de ferramentas suficientes


e prontas para este serviço. Tão logo surgiu a informação do incêndio, deve-se dirigir
para o local sem demora, a qualquer hora do dia ou da noite. Deve-se combater o fogo
começando pelos pontos que oferecem maior perigo de propagação. Deve-se utilizar no
combate, desde o início, o número necessário e indispensável de elementos.

Deve-se dividir os combatentes em equipes de até 20 homens, designando o


setor e o serviço de cada equipe.

É indispensável conhecer a superfície afetada pelo fogo, a fim de se planejar


com rapidez a forma de ataque e estar constantemente informado do avanço e condições
do fogo.

Se o combate durante a noite é viável o se dispõe de pessoal, deve-se


realizá-lo, pois se obterá melhores resultados que durante o dia. A prática e as condições
climáticas demonstram que é sempre conveniente concentrar o maior esforço no
combate a incêndios florestais ao entardecer, até a madrugada e ao amanhecer. Quem
comanda as operações deve observar e aproveitar toda a diminuição de intensidade do
fogo, para uma concentração de esforços no combate. Este comando também deverá
decidir pelo método ou forma de luta que considere mais conveniente para a
circunstância, cuidando de colocar fora do alcance do fogo os materiais de rápida
combustão. Deverá estar atento e eliminar rapidamente os “incêndios de manchas".

Deve-se procurar encurralar o fogo tão logo seja possível; em incêndios


pequenos e fracos, o ataque poderá ser feito diretamente sobre a cabeça (ou frente); em
grandes incêndios, o combate deve ser iniciado pelos flancos e ir avançando até a
cabeça. Deve-se procurar eliminar o fogo enquanto pequeno e concentrar um número
suficiente de homens para assegurar a extinção no menor período de tempo possível.

Deve-se manter homens vigiando o local e agindo em possíveis focos, para que
se tenha certeza que tenha cessado todo o perigo de reativação do fogo.

Portanto, para o desenvolvimento do combate, e visando a máxima rapidez na


luta contra o fogo, devemos observar os seguintes pontos:

a. No inicio, o fogo se propaga em círculo e gradativamente vai se expandindo


em todas as direções; o vento e as condições do material combustível determinam a
direção e intensidade de propagação.

b. A magnitude de um incêndio depende da quantidade de material combustível


existente.

c. Uma atmosfera úmida retarda a ação do fogo, uma seca aumenta sua
intensidade.

d. Não se deve demorar no início do combate.

e. Não se deve descuidar no estudo da situação, e na falta de planos


adequados.

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f. Deve-se possuir ferramentas em boas condições de uso e as equipes
adequadas com conhecimento suficiente.

g. Deve-se revezar as turmas antes que as mesmas estejam incapacitadas para


a luta pelo cansaço.
h. Deve-se manter urna atuação e vigilância adequada nos flancos.

i. Nunca abandonar uma área, após um incêndio, sem tomar as medidas


necessárias para que o fogo não tenha mais condições de reavivar-se.

j. O entardecer e o amanhecer são os melhores períodos para combater um


incêndio, o ar contém, neste períodos, maior percentagem de umidade e a atmosfera se
encontra calma.

Princípios da luta contra o fogo

5. MÉTODOS DE EXTINÇÃO

Conforme já mencionamos anteriormente, para uma boa atuação no combate a


incêndios florestais, deve-se observar:

- O caráter do incêndio,
- As variações no seu desenvolvimento,
- A topografia e o tipo de vegetação,
- As barreiras naturais existentes,
- O número de combatentes disponíveis,
- Recursos hídricos mais à mão.

É verdade também que nos incêndios de grandes proporções, se apresentam,


para os diferentes setores de avanço do fogo, variações substanciais com vistas aos
fatores assinalados, de tal maneira que, assim como num setor podem predominar as
condições topográficas, em outro o volume de combustível pode ser o fator de maior
importância.

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Basicamente, porém, podemos distinguir três métodos de combate a incêndios:

- Método direto
- Método indireto
- Método paralelo

a. Método direto

Neste caso, o fogo é atacado diretamente e extinto com água (através de


bombas costais, baldes ou moto-bombas), terra (com pás) ou batidas (com os
abafadores ou ramos de árvores). Logicamente, este método só pode ser aplicado em
alguns casos de incêndios superficiais, onde a intensidade de calor permita a
aproximação suficiente para o combate direto.

b. Método Indireto

Neste caso é quando lançamos mão do aceiro como método de extinção, não
permitindo o seu avanço. O aceiro, de largura maior também permite que se utilize o
fogo contra-fogo. Este método deve ser usado somente quando não for possível deter o
fogo com os outros métodos, e quando o calor não permitir uma aproximação maior do
bombeiro.

c. Método paralelo

Também chamado método intermediário, pois trata-se de um método existente


entre o direto e o indireto. Consiste em limpar-se uma faixa não muito larga próxima ao
fogo para deter o seu avanço. É usado em incêndios que pela intensidade do calor,
permitam uma certa aproximação, mas não o suficiente para o ataque direto. Pode ser
empregado rio combate a incêndios superficiais e subterrâneos. A faixa (pequeno aceiro)
deve ser limpa até chegar ao solo, retirando-se, portanto, todo o material combustível
que possa pernwtir a passagem de fogo. Ao chegar nesta faixa fimpa, o fogo entâo
diminui de intensidade e pode ser extinto pelo método direto.

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6. O APOIO LOGÍSTICO

Extremamente importante nos serviços de extinção de incêndios florestais, pois


caberá a esta equipe, todo o levantamento dos meios necessários para melhor realização
dos trabalhos. Tudo que for necessário na frente de combate, será solicitado através das
comunicações existentes à equipe de retaguarda, onde estará o pessoal responsável pelo
apoio logístico". É este pessoal que saberá como providenciar um helicóptero, um trator,
uma moto-serra, enfim, um equipamento qualquer ou até mesmo, providenciar e
entregar na linha de combate, a alimentação ou a água de que elas necessitarem.
Qualquer auxílio necessário será por eles acionado.

7. O FOGO CONTRA-FOGO

Embora as conseqüências; dos incêndios sejam conhecidas e temidas, nem


todas as espécies de fogo são prejudiciais às florestas. As chamas, desde que utilizada de
forma controlada, auxiliam o manejo florestal, diminuindo as possibilidades de sinistros
devastadores e melhorando a qualidade do solo.

Podemos usar a energia desprendida pelo fogo para aprimorar as florestas,


dotando-as de melhores condoas para o desenvolvimento. Esta afirmativa nos mostra
que o emprego racional do fogo é feito com bons resultados. Trata-se porém, de técnica
que requer uma equipe altamente especializada e conhecedora do clima e das
características do combustível existente na floresta.

Para se usar o fogo-contra-fogo, deve-se fazer um bom aceiro, bem largo e


completo. Nunca se deve iniciar este método sem que o aceiro esteja totalmente
termínado, pois existe o perigo dele escapar, fazendo uma nova frente de fogo. Se no
local existe algum acidente natural ou alguma estrada, podem ser usados como aceiro,
evitando assim a construção dos mesmos, com econornia de tempo. A grande vantagem
deste método é que os bombeiros trabalham a grande distância do fogo e assim podem
atuar com maior comodidade.

Com efeito, quando se usa o fogo-contra-fogo (método indireto) é


imprescindível, após o fogo ser dominado, o uso do método direto, a fim de se eliminar
os últimos vestígios do fogo, suprimindo-o efetivamente.

8. OS ACEIROS OU LINHAS DE DEFESA

No combate, os aceiros representam um grande meio de evitar que incêndios


se propaguem por grandes extensões florestais, permitindo o trabalho de extirição com
maior eficiência.

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A construção de aceiros, dependendo da extensão e tipo de vegetação, exige
grandes concentrações de meios humanos e materiais determinando, então, uma
demanda de tempo muito grande. Assim acontecendo, podemos dizer que os aceiros são
mais eficientes durante a prevenção, onde as grandes extensões e as dificuldades de
construção não são levadas em consideração. Instalado o fogo, a confecção de aceiros
exige maior rapidez e, às vezes, não é possível concentrar-se um grande esforço na sua
construção.

Os aceiros, na extinção de incêndios, ao serem construidos, devem ser


precedidos de uma criteriosa análise que, envolva, por exemplo, a sua largura, local de
sua construção, suficiência de tempo e disponibilidade de meios.

a. Largura de um aceiro

A largura de um aceiro deverá variar em razão do tipo de vegetação, condições


de vento, temperatura, etc. O Comandante das Operações deverá levar em consideração
estes fatores para evitar que nenhum esforço se desprenda no trabalho de construção,
que não possa trazer benefícios às operações de extinção do incêndio florestal.
Normalmente a largura de um aceiro deve ser superior a 10m em se tratando de fogo em
copas de vegetação elevada.

b. Tempo suficiente para a construção do aceiro

De nada adiantada a construção de um aceiro, se ao tenniná-lo, o fogo já


tivesse ultrapassado seus limites. Para que a concentração de esforços, neste sentido,
não seja inútil, fazse necessário ter uma idéia de tempo para a confecção do aceiro, a fim
de evitar que sua eficácia se perca.

c. Local de construção

O local de construção de aceiro deverá estar condicionado, principalmente, à


suficiência de tempo. Ao fazer esta análise, o Comandante das Operações deverá
verificar:

1) Se o fogo sobe por uma ladeira, a linha de defesa deve se localizar


imediatamente por trás da elevação.

2) Se a direção do fogo é ladeira abaixo a linha de defesa deve ficar no fundo


do vale.

3) Quando possível apoiar a linha em barreiras naturais - rios, áreas rochosas,


floresta de folhosas, etc.

4) Apoiar sempre a linha em caminhos, estradas, ou aceiros que servem de


acesso aos meios de extinção e de fuga em caso de necessidade.

5) A linha não deve ter entradas e saliências.

6) A linha deve contornar os focos secundários.

7) Deve estar suficientemente separada da frente de fogo tendo em conta sua


velocidade de propagação.

d. Disponibilidade de meios

A disponibilidade de meios adequados à confecção de um aceiro representa um


ponto importantíssimo no desenvolvimento do trabalho de extinção do incêndio.

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Caracterizada a necessidade de um aceiro para impedir o avanço do fogo e
caracterizado, também, o empreendimento de outras medidas para a extinção, cabe ao
Comandante das Operações escolher a melhor medida, caso não tenha ele
disponibilidades de meios materiais e humanos para a confecção do aceiro e agilizar
outras medidas ao mesmo tempo.

A carência de meios materiais e humanos não deve acontecer em um incêndio


florestal, já que, antes de iniciar qualquer operação de extinção, deverá haver um bom
planejamento que garanta sucesso nos trabalhos.

Construção de uma linha de detesa

56
CAPÍTULO V

O material

1. INTRODUÇÃO

Nas opções de combate a incêndios florestais, as ferramentas e aparelhos


ocupam Papel de destaque, uma vez que os trabalhos desenvolvidos, na maioria das
vezes, nas áreas de incêndios, são inacessíveis ao transporte e a única alternativa que
resta é o material portátil, transportado pelo próprio homem.

Para melhor eficiência no combate aos incêndios é sempre recomendável ter


ferramentas e equipamentos de uso exclusivo para este fim. Os materiais para uso em
combate a incêndios florestais devem estar em condições de uso, em qualquer mornento.
A qualidade e o tipo de ferramentas de uso em combate aos incêndios depende, sem
dúvida, das características locais, tipo de vegetação, tamanho da área do incêndio,
topografia do terreno, pessoal disponível, etc.

Algumas ferramentas e equipamentos poderão ser requisitados no local onde


estiver acontecendo o incêndio, para melhorar a eficiência do combate. O uso de tratores
e motoniveladoras, por exemplo, poderá ser útil ao Corpo de Bombeiros no combate ao
incêndio, pois, em alguns casos, tornam o trabalho de eliminação do fogo mais rápido e
com mais segurança. Constituindo equipamentos de alto custo e de dff ícil deslocamento,
os tratores ou motoniveladoras deverão, sempre que possível, ser requisitados de
proprietários onde a utilização deles não acarrete prejuízos ao combate.

2. EOUIPAMENTO INDIVIDUAL

Os equipamentos individuais são aqueles usados pelo homem para,


principalmente, dar-lhe condições de execução de seus trabalhos, condições de
deslocamento, etc., durante os trabalhos nos incêndios florestais. Os mais comuns são
Os seguintes:

a. Cantil

Deverá ser colocado no cinto N.A. e serve para manter o homem em condições
de não se desidratar mediante o calor intenso dos incêndios florestais. Permite que seu
trabalho se faça com menos interrupções, pois evita deslocamentos para busca de água.

b. Facão

Serve para abertura de picadas e para eliminar obstáculos ao deslocamento do


homem na floresta (cipó, espinhos, etc.)

c. Cinto N.A.

Equipamento mais cômodo para condução de arma, cantil, facão, etc. O cinto
ginástico, por ser muito tardo, exige algumas adaptações para condução de certos
materiais.

d. Perneira ou coturno

Serve para melhor proteger o homem de picadas de animais venenosos e


permite, ainda, proteção para as pernas quanto a acidentes por pontas de madeiras ou
outros.

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e. Luvas de couro

São luvas mais longas que as normais, podendo proteger melhor o braço. As
luvas podem ser usadas em caso de remoções de materiais que, por suas características,
viriam causar danos às mãos.

f. Apito

Serve para ser usado em caso de emergência, desde que sejam feitas, antes,
convenções para seu uso.

g. Relógio tradicional

No capítulo II falou-se sobre o uso do relógio para fins de orientação e sua


utilização é importante para o homem neste tipo de serviço.

3. MATERIAL E EOUIPAMENTO OPERACIONAIS

a. Binóculo

Usado para dar ao chefe da guarnição maior condição de observação na área


onde o incêndio estiver ocorrendo, respeitadas as limitações de visibilidade que, por
ventura, ocorram no local de operações.

b. Bússola

Instrumento essencial aos deslocamentos, permitindo à guarnição melhor


orientação.

c. Lanterna
Auxílio nas atividades noturnas. A lanterna permite maior visibilidade à
guarnição ou ao homem que se desloca em locais que requerem cuidados, para evitar
possíveis acidentes.

d. Rádio de comunicação portátil

O rádio portátil permitirá contatos mais rápidos com outras guarnições que
estejam, porventura, operando no incêndio florestal. Permitirá contatos, também com o
Posto de Comando ou sede. O Posto de Comando poderá ser montado, em pontos
estratégicos, próximo ao local do incêndio.

e. Corda de prontidão

Sua finalidade, entre outras várias, é permitir o seu uso em deslocamentos


noturnos, onde os elementos poderão caminhar segurando-a. O uso da corda, em
operações de incêndios florestais, como já dissemos, poderá apresentar uma série de
utilizações, dependendo das necessidades apresentadas durante o desenrolar das
operações.

f. Enxada

As enxadas servem para tazer pequenos aceiros que têm a finalidade de evitar
a passagem de fogo a outras áreas.

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g. Pá

Serve para apagar tocos e restos de madeira que estejam queimando,


jogando-se terra.

h. Foice

Poderá ser utilizada para abertura de picadas e feitura de aceiros.

i. Machado

Serve para derrubar árvores que estejam queimando e oferecendo perigo de


provocar incóridio de manchas, por exemplo.

j. Gurpião

Espécie de serra usada por dois homens, que tem a finalidade de serrar
árvores, mais ou menos grossas, em que o machado demandaria mais tempo.

l. Moto-serra

A moto-serra é um equipamento que permite cortar árvores mais rapidamente,


permitindo ao operador apresentar volume maior de serviço.

A utilização deste equipamento poderá ficar condicionada a certas variáveis


apresentadas no local do incêndio, tais como dificuldades de deslocamentos, quantidade
de outros materiais a serem conduzidos pela guarnição até o local de incêndio, etc.

m. Abafadores

1) Ranger

O abafador ranger assemelha-se a uma vassoura, só que sua parte inferior,


local correspondente à vassoura propriamente dita, é de aço em forma de molas espirais.

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2) Batedor de galhos verdes

Muito usado em incêndios florestais, pois a sua confecção é fácil e pode ser
feita no próprio local do incêndio.

3) Batedor de mangueira

Usando-se mangueira inservível para operações normais, para combate a


incêndio da mesma maneira que os demais abafadores.

Tiras de mangueira

4) Batedor de borracha

Seu funcionamento assemelha-se ao dos demais abafadores. É confeccionado


de borracha com lonas internas (para dar mais resistência).

Todos os abafadores acima mencionados são presos a um cabo de pau mais


longo, do que o de uma pá.

n. Gadanho

Utilizado para remoção de detritos depositados no solo (folhas, gramos, etc),


evitando que, através deles, um incêndio de superfície atinja partes mais densas de uma
floresta.

60
o. McLeod

De utilização semelhante à do gadanho, com a vantagem de possuir na sua


seção reta um corte para a retirada de raizes do solo.

p. Caixa de primeiros socorros

Esta caixa deverá conter, principalmente, soro anti-ofídico polivalente, pois os


perigos; a que a guarnição está exposta, quanto à mordedura de cobra, são imensos.

q. Arma individual

O revólver serve para proteger a guarnição contra animais ferozes, e ainda,


serve para utilização em sinais convencionais.

r. Mochilas especiais para água

As mochilas para água poderão dar ao homem maior quantidade de água do


que o cantil e permitir um reabastecimento do próprio cantil no local do incêndio.

s. Lança-chamas ou pinga-fogo

Muito útil e prático, para se fazer fogo contra fogo, especialmente quando estes
precisam ser feitos rapidamente.

61
t. Viaturas de bombeiros

As viaturas de Bombeiro são de uso muito limitado em incêndios florestais, pois


somente podem operar onde existem estradas relativamente boas ou qualquer outra
forma segura de penetração nos lociais de incêndio.

O combate a incêndios florestais, no Estado do Rio de Janeiro, tem sido feito


quase que exclusivamente através do uso de materiais ou equipamentos que não
envolvem dificuldades no transporte ou deslocamento.

Nos Parques Florestais, Reservas Biológicas, etc, há condições de emprego de


viaturas de Bombeiro, desde que seja feita uma infra-estrutura adequada, permitindo o
uso racional daquelas viaturas.

De um modo geral, quando há condições, poderão ser empregadas no incêndio


florestal as seguintes viaturas: ABT; AT; ABS; AMO; Bomba-Reboque e Vtr de Pessoal.

Sempre que possível, o transporte de pessoal e do material empregado na


extinção do incêndio deverá ser feito até ao local do sinistro ou até ao local onde se
permita a chegada de homens e recursos ao evento, com o menor espaço de tempo
possível.

Havendo condições seguras, o helicóptero é um excelente meio de transporte


de pessoal e de alguns materiais ao local incendiado. Trataremos deste assunto mais
adiante.

As viaturas utilizadas no transporte de materiais e de pessoal, poderão ser


utilizadas, caso haja necessidade, na remoção de pessoas, animais e bens, etc, da área
sinistrada para local seguro.

u. Avião

Durante os últimos anos, em países desenvolvidos, o avião vem ocupando um


lugar de destaque na ação de descobrir ou detectar rapidamente os focos de incêndios.

Seu emprego é muito importante no papel de reconhecimento, permitindo uma


perfeita localização e porporção do incêndio, etc, para um melhor planejamento de
recursos materiais e humanos.

Deve-se dar ênfase à crescente utilização dos chamados aerotanques, um dos


mais notáveis avanços tecnológicos no campo da extinção de incêndios fiorestaís, onde
são utilizados retardantes que são aspergidos na área do fogo, para sua extinção ou sua
circunscrição.

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Os materiais e equipamentos, aqui citados, não encerram outros que, por
acaso, possam ser utilizado pelo bombeiro. A utilização de outros equipamentos poderá
advir de circunstâncias espaciais apresentadas no local da operação.

4. O HELICÓPTERO E O ULTRALEVE

Nos países mais desenvolvidos, estudos sobre a utilização do helicóptero na


prevenção e combate a incêndios florestais, estão sendo desenvolvidos, há vários anos,
com grande sucesso.

O combate aéreo a incêndios florestais mantém uma tradição de sessenta anos


e tem sua origem nas grandes florestas da América do Norte.

Para a extinção de incêndio, o Helicóptero é indispensável, pois, além de


atender diversas necessidades no campo tático, auxilia na orientação às guarnições de
combate, através de rádio, dos caminhos mais curtos para o local de incêndios e a
melhor maneira para o combate, etc.

Na fase de reconhecimento, sua utilização permite dar a verdadeira posição,


extensão, etc. de um fogo.

Quanto ao combate direto às chamas, vários métodos têm sido estudados e


usados por Corpos de Bombeiros.

• Vários estudos sobre a quantidade de água a ser transportada, métodoo de


reabastecimento rápido, etc, foram desenvolvidos.

As pesquisas não pararam. Após testes positivos foi verificado que homens
cercados pelo fogo podem ser salvos com o uso de tanques de 500 litros de água,
misturada com material químico hurrimunte, formando em volta desses um isolamento
adequado como uma ilha de regúgio.

Cabe ressaltar que o helicóptero, por si só, não é auto-suficiente para extinguir
incêndios florestais, necessitando de equipes terrestres para que o combate atinja níveis
satisfatórios.

No Estado do Rio de Janeiro há vários helicópteros que poderão ser utilizados


em incêndios de grandes proporções, embora os mesmos não tenham dispositivos
próprios para combate a incêndios em reservas, parques florestais, etc., de nosso
Estado.

Daremos, a seguir, algumas formas de emprego possível do helicóptero em


incêndios florestais.

Trataremos, então, do emprego dele em ações de prevenção, reconhecimento,


transporte de Bombeiros, transporte de material, transporte de feridos e pessoas sitiadas
(ilhadas pelo fogo).

a. Uso do helicóptero na prevenção de incêndios florestais

Nesta atividade ele possui uma grande importância, pois permite observar
grandes extensões de florestas com menos tempo possível. Seu potencial de observação
é fantástico, permite voando a baixas altitudes observar, com detalhes, coisas
impossíveis de serem vistas por patrulhas terrestres.

Este aparelho, na prevenção, poderá usar agentes retardantes, lançando-os


onde o perigo existe em potencial, principalmente durante o período de maior incidência.

63
A conjugação do helicóptero com os meios de prevenção terrestre, dará
condições mais eficientes aos trabalhos diários de observação.

Sendo a utilização do helicóptero de custo altíssimo, a observação a áreas


florestais poderá ser feita em dias ou horários onde o risco atinja pontos de maior perigo.

b. Utilização do helicóptero no reconhecimento

Constatada a existência de fogo em floresta, o helicóptero poderá ser utilizado


no reconhecimento para dar ao Corpo de Bombeiros detalhes suficientes ao
planejamento, para combate ao fogo, de forma mais eficiente possível.

O reconhecimento através desta aeronave permite:

1) Ver a verdadeira extensão da área incendiada;

2) Melhor possibilidade de comunicação ao órgão responsável pelo combate ao


incêndio, com maior rapidez que através de outros meios de observação;

3) Detectar incêndios em locais de difícil observação através de meios usuais,


dando condições de ataque ao fogo na fase inicial;

4) Detalhamento com maior precisão de toda a situação onde o Bombeiro


deverá operar, para um melhor planejamento de alocação de recursos humanos e
materiais;

5) Orientar os deslocamentos de guarnições e materiais, através de viaturas e


meios lacustres, até ao local do incêndio ou até a locais mais próximos possíveis do
evento.

c. O helicóptero no transporte de pessoal do Corpo de Bombeiros

Sabemos que alguns incêndios florestais requerem uma gania muito grande de
homens e materiais. O helicóptero, neste caso, não teria condições de transportar todos
os recursos humanos e materiais requeridos pelo evento, mas permitida o envio de pelo
menos uma guarnição de vanguarda para as primeiras providências.

Devido a sua grande mobilidade e em razão de seus deslocamentos serem


quase em linha reta, a freqüência de transporte de Bombeiros ao local sinistrado se fará
com grande rapidez permitindo, em pouco tempo, engrossar o efetivo que deverá ser
empregado no combate ao incêndio florestal.

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d. O helicóptero no transporte de material

Como tivemos oportunidade de ver, os materiais utilizados no combate a


incêndios florestais na sua grande maioria são portáteis, permitindo levar ao local,
através de helicóptero, uma boa quantidade destes materiais. O deslocamento de
homens, em quantidade suficiente, e, ao mesmo tempo, de materiais utilizados no
combate vão permitir então o início da extinção das chamas.

O transporte de pessoas e materiais por helicópteros não exime o


deslocamento de homens e meios por outras formas de locomoção.

e. Transporte de feridos e de pessoas ilhadas pelo fogo

Há casos de incêndios onde pessoas ficam sitiadas pelo fogo, não permitindo o
seu salvamento através de meios terrestres e, na maioria das vezes, estas pessoas
tiveram como fim a morte. O helicóptero, neste caso, teria condições de poder retirar
estas pessoas sitiadas pelo incêndio e colocá-las em locais seguros.

A utilização do helicóptero no trarisporte de feridos, para a cidade ou posto


médico avançado, permitirá salvar pessoas que, através de outros meios, teriam morte
certa, pela demora em receber os devidos socorros. A agilidade desta aeronave ajuda em
muito na diminuição de casos fatais, devido ao pouco espaço de tempo no atendimento
às vítimas até os locaís de socorro médico.

f. O helicóptero no combate no incêndio florestal

Nos itens anteriores, na sua maioria, pode-se usar o helicóptero ou helicópteros


disponíveis no Estado, sem qualquer adaptação. Basta que sejam feitos pianos de
emprego para utilização, em caso de necessidade deles em grandes incêndios fiorestaís.

No combate a incêndios a utilização do helicóptero requer que a aeronave


tenha dispositivos próprios para tal fim e, como sabemos, fica difícil possuir hoje, em
qualquer unidade da Federação, tão sofistícado meio de combate a incêndios.

A sua utilização no Corpo de Bombeiros atingiria uma faixa muito grande de


atuação e, seu emprego, não ficaria apenas restrito às atividades que envolvessem riscos
e danos aos maciços florestais do Estado do Rio de Janeiro.

Feitas as considerações a respeito do helicóptero, passaremos a falar sobre a


aeronave denominada ULTRALEVE, utilizada atualmente no GMar do Corpo de Bombeiros
do Estado do Rio de Janeiro. Possui o Ultraleve um motor de 50 HP, apresenta uma
velocidade de deslocamento por volta de 100 km/h, vôo em altitudes de até 300 m
(recomendação do D.A.C.), com aubriornia de vôo de até 3 horas. Esta aeronave conduz
até dois tripulantes (piloto e observador) e pode ser equipada com rádio transceptor
VHF/FM.

Nas operações em áreas florestais, o emprego do Ultraleve poderá se efetivar


dentro das atividades de patrulhamento preventivo; precedendo ao combate aos
incêndios florestais, fazer reconhecimento para o planejamento das ações a serem
desenvolvidas no local do sinistro e, durante os trabalhos, fazer observações para
orientar o Comandante das Operações, nas decisões ou mesmo na mudança de algumas
providências já tomadas, para melhorar a eficiência das operações.

65
O Ultraleve, devido a sua própria constituição, possui limitações e estas
limitações poderiam aumentar mais ainda, se viéssemos a utilizá-lo em operações nas
áreas florestais. Por exemplo, não pode voar a grandes altitudes, é desaconselhável fazer
grandes deslocamentos, não pode sobrevoar áreas habitadas, etc. Para o vôo do
Ultraleve sobre áreas habitadas e evitar, ainda, o cansaço prematuro do piloto através de
grandes deslocamentos a aeronave poderá ser desmontada, conduzida em viatura e
montada no local onde se pretende utilizá-la, devendo naquele local haver uma pista
para pouso e decolagem, de 30 m de comprimento pelo menos.

5. TRATOR

O trator, em trabalhos de combate a incêndios florestais, representa um tipo de


equipamento importantíssimo, pois o seu uso apresenta um volume de trabalho/hora
que, se fosse feito pelo homem, demandaria um tempo muito grande que poderia trazer
prejuízos aos trabalhos de combate ao incêndio.

Sempre que possível, o trator deve ser alocado aos trabalhos de combate a
incêndios florestais, principalmente em casos onde a frente do fogo é muito grande e,
também, em situação onde a construção de aceiros é possível.

O trator pode ser empregado na construção de aceiros, na construção de


estradas, na remoção de materiais combustíveis, no represamento de água para
formação de lagos, etc.

a. Construção de aceiros

O trator, na construção de aceiros, talvez seja um dos melhores equipamentos


usados nas operações de combate a incêndios florestais. O uso dele neste tipo de serviço
vai proporcionar um rendimento muito grande na área de aceiros construídos. Quanto
mais rápido forem construídos sistemas que permitem limitar o fogo nas florestas, em
uma determinada área, melhor resultado terá o trabalho do Corpo de Bombeiros na
extinção do incêndio.

Conforme a localização do incêndio na floresta, o trator poderá ser deslocado


até o local do evento.

O trator pode trabalhar com relativa facilidade em declives, aclives ou declives


laterais bastante acentuados, sem que aconteçam acidentes.

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Há vários tipos de tratores. Os mais comuns entre nós são o trator de esteira e
o trator de lâmina (motoniveladora). Estes tipos de tratores são aqueles que poderiam
ser conskbrados nos trabalhos de combate a incêndios florestais como os melhores, pois
apresentariam volume de trabalho considerável. Na verdade, quando não há
possibilidade de serem deslocados rectirsos como os tratores de esteira ou
motoniveladoras até ao local do incêndio, os tratores agricotas poderão ser usados, com
menor rendimento, nos trabalhos de confecção de aceiros, embora haja uma grande
limitação para este trator, não tendo ele condições de poder fazer remoção de árvores
dos locais determinados para aceiro. A sua utilização ficaria limitada às áreas com
vegetação mais Ieve", embora com grande potencial de propagação de fogo.

b. Construção de estradas

Na construção de estradas o trator desempenha um papel preponderante.


Permite que recursos, impossíveis de serem carreados até o local do sinistro, se façam
através de abertura de estradas. As estradas, como os aceiros, havendo possibilidade,
poderão ser feitas em pontos estratégicos, servindo como uma barreira de proteção, não
permitindo a propagação do fogo embora seja o principal objetivo de sua construção e
fácil tramitação de recursos humanos, meios materiais de combate, apoio logístíco e
comunicações.

c. Remoção de materiais combustíveis

A remoção de materiais considerados combustíveis, vai ajudar em muito, a


extinção do fogo. Há casos, em incêndios florestais, de grande acúmulo de materiais no
local. A remoção destes materiais que ainda não foram incendiados, tomará mais brando,
o fogo e poderá evitar a propagação por outras áreas da floresta.

Quando os trabalhos não se constituem em técnicas de construção de aceiro, a


operação de retirada de materiais em incêndios florestais se constitui, também, como
operação de remoção.

A remoção seria, então, a retirada de um material combustível de determinada


área, fazendo com que se interrompa a propagação do fogo de uma área às demais
partes da floresta.

d. Construção de barragens

Muitas vezes em incêndios florestais há condições; de utilização de Auto Bomba


no auxilio à extinção de incêndios. Como este processo poderá se constituir em mais um
meio de ataque às chamas, há necessidade de se criar condições de abastecimento das
viaturas.

O represamento de água, muitas vezes, é possível em determinados; cursos de


água, com rapidez de construção e com um conseqüente armazenamento de
considerável volume de água.

Todos os recursos disponíveis no local de incêndio deverão, sempre que


possível, ser utilizados. Há os que podem ser utilizados imediatamente, sem qualquer
adaptação ou outras modificações. Outros necessitam de trabalhos de aproveitamento
para se tomarem efetivamente importantes nas operações de combate a incêndios, como
é o caso do represamento de cursos de água.

Dependendo da situação, o trator poderá ser utilizado em outras atividades


para dinamizar as operações do bombeiro no combate ao incêndio florestal.

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Equipamentos usados em combate a indêndios florestais e alguns recursos hídricos.

6. OSBORNE E GONIÔMETRO

É um localizador de incêndio o Osborne. Aparelho básico em trabalhos de


observação, principalmente através de torres, sendo, portanto, montado em locais como
Reflorestamento, Parques Florestais, Reservas Biológicas, etc. Para que o Osborne
funcione há necessidade de que exista uma carta da área a ser Controlada pela
observação, para que haja condições, através do Osborne, de dar ao órgão encarregado
de combater os incêndios a exata do sinistro.

Como vimos, o Osborne não serve para nossos trabalhos quando saímos para
incêndios florestais, pois, na sua maioria, as regiões atingidas não possuem urna carta
da área que permitisse o uso de aparelho. Havendo possibilidade de uso do localizador de
incêndios Osborne, podemos utilizá-lo de uma maneira idêntica à leitura da bússola. O
observador, ao localizar uma fumaça na área controlada por ele, passa a medir o ângulo,
através do Osborne, tendo como referência a fumaça vista por ele. Os ângulos a serem
considerados são o ângulo horizontal e o ângulo vertical e o ângulo horizontal é chamado
de azimute e é medido do norte, em direção à direita. O círculo do azimute é graduado
em 360º, com o nome real (verdadeiro) indicado por zero. O ângulo horizontal, ou
azimute, é mais importante que o ângulo vertical.

As leituras; de ângulo vertical são importantes somente quando se vê o fogo.


Os azimutes são lidos na circunferência graduada em tomo do aparelho e os ângulos
verticais são lidos na escala de visada à ré.

Quanto ao Goniômetro, sabemos, também, que é um aparelho para medir e


dar a amplitude em ângulos. Nos incêndios, devem-se utilizar dois aparelhos deste para
localizar o sinistro. Há necessidade, também, de que a área possua uma carta, sem o
que seria impossível o uso do goniômetro.

Medimos o ângulo através do chamado ângulo horizontal (azimute) e o círculo


mostrado na figura é graduado em 360', com o norte verdadeiro indicado por zero.

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A leitura através do goniômetro depende de resultados de suas área de
observação (torres por exemplo) para se ter a posição do incêndio, enquanto o Osborne
dá a "ra diretamente através de um observador.

Mostramos os aparelhos Osborne e Goniômetro

CENTRO DE SOCORRO

7. A COMUNICAÇÃO

As comunicações representam papel importante nas operações de Bombeiros,


nos aspectos preventivos e nos aspectos de combate aos incêndios florestais.

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O papel desenvolvido no campo das comunicações é tão significante que
operações levadas a efeito, em áreas florestais, têm êxito ou não dependendo, às vezes,
da qualidade de um serviço de comunicação.

As comunicações podem ser empregadas em atividades de prevenção no setor


florestal, nas atividades de reconhecimento e na fase de combate aos incêndios
florestais.

a. Na fase de prevenção

Nas atividades de prevenção, o papel das comunicações representa o elo de


ligação entre a Vigilância Fixa e a Vigilância Móvel, com a Central de Operações. O papel
deste serviço, na atividade preventiva, é agilizar as providências a serem tomadas em
caso de qualquer anormalidade acontecida na área a ser protegida.

As atividades de vigilância acima mencionadas de nada adiantariam, se não


lhes fossem possíveis quaisquer contatos com o órgão encarregado de tomar as
providências necessárias ao combate a incêndios ou medidas; para evitá-lo.

b. Na fase de reconhecimento

Nesta fase é que acontecem as informações necessárias ao planejamento para


as ações de combate aos incêndios florestais. Conjugando-se as comunicações com
meios que permitam uma fácil visão de toda a área sinistrada, avião por exemplo, fica
mais fácil tomar as decisões para o combate ao incêndio. As informações chegam mais
rapidamente, permitindo tomada de posição, pela autoridade, com mais eficiência e
rapidez.

c. Na fase de combate

Dependendo da distância onde estiver acontecendo o incêndio florestal, a Sede


do Corpo de Bombeiros, encarregada de combatê-lo, poderá, durante as operações da
Guarnição ou Guarnições no local do evento, perder o contato com o pessoal na área de
operações, por falta de alcance das comunicações. Caso isto aconteça, há necessidade de
se deslocar para a área uma unidade com maior potência para permitir o elo de ligação
entre a área de operações e a Sede.

A solução de continuidade nas comunicações entre a Sede e o pessoal que se


encontra nas operações, acarretaria o isolamento e o resultado disto poderia causar
problemas profundos, tanto materiais como humanos, ao Comandante das Operações no
local do incêndio.

Estabelecida uma boa ligação entre Sede e Comando das Operações, vem a
necessidade, também, de estabelecer-se um bom contato entre Guarnições que operam
no local do incêndio e o Posto de Comando estabelecido na área de operações. Sendo
bom este contato, maiores informações sobre a situação que poderão vir de observações
aéreas, por exemplo, deverão ser levadas às Guarnições, para melhorar a eficiência nas
operações.

Nestes casos, a responsabilidade do Serviço de Comunicações da Unidade é


muito grande, pois o estabelecimento de uma boa qualidade de Comunicação dependerá
de um excelente conhecimento das potencialidades dos aparelhos que estão ao seu
alcance, para estabelecer as medidas necessárias à exploração adequada das
comunicações.

70
CAPÍTULO VI

A prevenção

1. INTRODUÇÃO

A prevenção é, sem dúvida, de fundamental importância na Proteção Florestal.


Há necessidade de que se protejam as árvores, em todas as etapas de sua vida. A
proteção começa pela prevenção.

Os prejuízos que os incêndios causam anualmente às florestas e à economia


florestal do país, conferem uma importância ímpar à prevenção dos incêndios florestais.
Caso pudesse ser evitado o aparecimento dos incêndios, todos os danos produzidos pelo
fogo, todos os custos de combate e dos preparativos para que o Corpo de Bombeiros
estivesse apto para combatê-lo, poderiam ser plenamente dispensáveis. Um incêndio
evitado certamente pouparia uma série de medidas por parte do Bombeiro, e estada
permitindo à flora e à fauna o desempenho de suas funções, dentro de um maior
equilíbrio ecológico.

A completa prevenção dos incêndios florestais é quase uma meta inatingível.


Não há dúvida, porém, de que temos através de eficientes planos e campanhas de
prevenção possibilidade de reduzir sensivelmente o número de ocorrências de incêndios
provocados pelas causas passíveis de prevenção, que afinal de contas, representam
cerca de 95% dos incêndios florestais.

A prevenção de incêndios florestais poderia vir através da eliminação ou


diminuição das causas humanas, isto é, evitar a primeira fagulha ou o início da ignição,
por intermédio da educação, leis e outros meios. Poderia vir, também, através da
redução do perigo ou risco de propagação dos incêndios (cujo início não pode ser
evitado) por meio de técnicas especiais tais como: eliminação do material combustível,
construção de aceiros, etc.

No Brasil não existem normas técnicas para orientar a prevenção contra


incêndios florestais. Todos os anos, a estação da seca provoca aumento do perigo de
incêndios nas florestas, tanto nas naturais, como nas partes reflorestadas. Já tivemos
grandes incêndios florestais no Paraná e no Estado de São Paulo, mesmo assim, as
nossas autoridades não foram suficientemente motivadas a criar dispositivos técnicos e
legais mais rígidos, para que outras catástrofes não viessem a acontecer.

71
2. EDUCAÇÃO PREVENTIVA

A educação preventiva consiste em um conjunto de medidas destinadas a levar


ao povo, em geral, os conhecimentos e as instruções necessárias à proteção das
florestas, espacialmente contra os incêndios.

A conscientização do povo para a importância das florestas e os danos; que a ela


podem causar os incêndios pode ser obtida através de contatos pessoais, de contato em
grupo, de material escrito e de recursos audiovisuais.

a. Contatos pessoais

As autoridades florestais devem periodicamente visitar os moradores das zonas


rurais, procurando motivá-los através de esclarecimentos e ensinamentos para os
problemas que o fogo pode causar, evitando assim que eles possam, por falta de
conhecimentos, ser causadores de incêndios. Esses contatos devem servir para divulgar
aos trabalhadores rurais a legislação florestal, alertando para as proibições legais (por
exemplo, a necessidade de pedir permissão para realizar queimas), assessorá-los sobre
os cuidados que deverão tornar por ocasião dessas queimadas, a fim de evitar que o fogo
venha a fugir do controle e passe a causar danos florestais, enfim, instruir o pessoal do
campo para que ele se tome defensor das florestas. Os contatos pessoais, apesar de
serem um método mais caro, são bastante eficientes, pois permitem um diálogo direto, o
que é muito importante para o trabalhador do campo, propiciando oportunidade para
melhor esclarecimento e melhor orientação.

b. Contato em grupo

Este método educativo é de bastante importância, especialmente nas escolas e


sobretudo escolas primárias. Urna campanha educativa funciona bem melhor, quando
dirigida a mentes jovens, ainda em formação, que têm possibilidade de assimilar melhor
os ensinamentos e aplicá-los futuramente. A maioria dos adultos que trabalham no
campo não tem consciência do valor e utilidade das florestas. Para eles, as florestas são
um empecilho à sua vontade de ampliar as áreas de cultivo e pastagens. Pensam, ainda,
que o único valor das florestas são as árvores de madeira valiosa, as quais eles, o mais
depressa possível, cortam e vendem. É difícil mudar este conceito em mentes já
formadas e adultas. Por isto, é de grande importância dirigir campanha educativa às
crianças, através das escolas, ensinando-as o valor das árvores, a utilidade da floresta,
enfim, proporcionar-lhes uma visão exata dos benefícios florestais.

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Os contatos em grupo podem ser, ainda, através de clubes, palestras,
solenidades (semana florestal, etc.), métodos estes de ótimos resultados, principalmente
se voltados para as mentes jovens.

c. Material escrito

A propaganda escrita sempre apresenta um ótimo poder de persuasão e, por


este motivo, toda campanha educativa deve incluir amplo material escrito.

Os jornais e revistas representam bons veículos para campanhas instrutivas,


ressaltando o valor das florestas o os perigos e danos que podem causar os incêndios.
Sua ação, porém, é limitada, pois geralmente esses periódicos não têm muita penetração
nas áreas rurais. Para uma campanha realmente eficiente de propaganda escrita, é
indispensável a publicação de cartazes, folhetos, boletins especiais, calendários, etc.,
todos de distribuição gratuita o ampla difusão nas regiões florestais. Estas publicações
devem, sempre, evidenciar o valor e a utilidade das florestas, os perigos que
representam os incêndios, as formas e os cuidados que se devem tomar para não
provocar incêndios.

d. Recursos audiovisuais

Com o avanço tecnológico dos últimos anos, a força publicitária ganhou novas
dimensões através do rádio e televisão. Estes meios de publicidade devem também
serem aproveitados como veículos de informação e instrução na prevenção de incêndios
e preservação das florestas, espacialmente o rádio que atualmente está presente na
maioria dos lares dos trabalhadores rurais. Os filmes, relacionados com o problema de
incêndio também constituem meio bastante eficiente de propaganda e podem ser
exibidos em clubes, escolas e até mesmo em praças públicas das regiões rurais,
contribuindo significativamente para a difusão das práticas preventivas e de conservação
das florestas.

Ao fumar, nunca atire pontas de cigarros ou resíduos de cachimbo, em locais


sujeitos a incêndios.

3. CONTROLE DE RISCOS E CAUSAS

O conjunto de medidas tomadas e ações realizadas, tendentes a evitar a


deflagração do incêndio, sua detecção e sua localização, facilitando as ações de combate
e promovendo a segurança do pessoal, chama-se prevenção contra incêndio florestal.

A prevenção contra incêndio florestal envolve os aspectos seguintes:

- Remoção e controle de riscos e causas de incêndios florestais;


- Detecção e aviso do incêndio, matéria ligada à vigilância e, portanto, assunto
que veremos mais adiante.

73
Primeiramente vamos dar um breve conceito do que seja causa o do que seja
risco. Causas são coisas que poderão provocar o incêndio. Exemplos de causas são
fósforos nas mãos de crianças, cinzas quentes, fagulhas de chaminés, pessoas causando
incêndio propositadamente, etc. Riscos são os materiais combustíveis. Alguns riscos são
feitos pelo homem, tais como lixo, trapos, materiais imprestáveis e outros são produtos
da natureza, tais como a grama, árvores mortas tombadas.

Quando as causas e riscos se combinam, o resultado é, muitas vezes, um


incêndio.

O controle e remoção de riscos e causas de incêndio podem ser feitos


persuadindo as pessoas a adotarem um comportamento compatível com a segurança
florestal. Ao serem notadas algumas práticas indevidas, como abandono de resíduos
combustíveis em florestas, em acampamentos, resíduos de serrarias e outros, podendo
evitar tais ações, através de orientação ou mesmo usando o poder da lei (Código
Florestal).

O risco florestal, mesmo sem agravantes produzidos pelo homem, em função


das variáveis fornecidas pela natureza, tais como temperatura, umidade e ventos,
predispõe à eclosão de incêndios; desta forma, esforços não devem ser medidos em
controle absoluto e remoção das principais causas de incêndios, quer através de ação
educativa, quer através de repressão.

As causas impossíveis de serem evitadas deverão ser criteriosamente,


controladas, corno, por exemplo, certas práticas agrícolas onde se exige a queima de
vegetação. Assim, deverá ser procedida dentro da técnica adequada, observando hora,
posicionamento do fogo inicial, aceiros e outras ações de segurança.

Várias medidas podem ser tomadas visando impedir a incêndios florestais.


Vejamos algumas delas.

O uso de lixeiras poderá se constituir em grandes incêndios, quando da queima


dos detritos.

a.Construção de aceiros

Aceiros são barreiras ou obstáculos construídos com a finalidade de deter a


propagação do fogo. Muitas vezes constroem-se os aceiros; somente quando o incêndio
está se desenvolvendo, como medida de combate. Muito mais eficiente e vantajoso é
construir uma rede de aceiros, como medida preventiva, isto é, independentemente ou
antes mesmo da ocorrência dos incêndios. Principalmente ao brigo das divisas de uma
propriedade florestal deve-se construir aceiros, para evitar que incêndios vindos de fora
causem danos às florestas que estamos protegendo. Sendo a propriedade muito grande
e com florestas nativas ou não, é de grande importância a construção de uma rede de
aceiros, em pontos estratégicos, dentro dessa propriedade.

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A largura dos aceiros depende muito das condições do local (do grande perigo
que se apresente, da vegetação existente, etc.), mas não deve nunca ser interior a 10m
e, em casos especiais, de locais extremamente perigosos, pode chegar a 50m.

A largura a ser observada na construção de aceiros deverá variar, também, em


função da vegetação, em função da altura das árvores, etc., que ficam às margens do
aceiro.

Os aceiros podem ser de construção empírira ou de construção mais aprimorada.

1) Construção empírica

No aceiro de construção empírica retira-se apenas, a vegetação, não permitindo,


no local, o tráfego de veículos.

2) Construção mais aprimorada

No aceiro de construção mais aprimorada, usa-se tratores ou matoniveladoras,


possibilitando o tráfego normal de veículos, servindo, também, além de aceiro, como
estrada para escoamento da produção florestal, para patrulhamento motorizado, a
cavalo, etc., e facilitando o acesso, em caso de necessidade de combate a algum incêndio
que ali venha a ocorrer.

De maneira geral, em incêndios de grandes proporções, os aceiros não


conseguem, por si só, deter o fogo, pois as fagulhas podem saltar, dependendo das
condições de vento e dos "rodamoinhos" produzidos pelo próprio fogo, até a uma
distância de 1.000m.

A grande utilidade dos aceiros é, sem dúvida, a facilidade de acesso ao local do


fogo e a possibilidade que oferecem de permitir que se empreguem técnicas especiais
para deter o fogo naquele local.

- Um aceiro, com estrada em seu interior.


- A ação do vento provocou queda de fagulhas na mata protegida pelo aceiro.

b. Construção de divisoras e contornos

Geralmente existe bastante contusão entre o que sejam aceiros, divisoras e


contornos, devido, principalmente, à carência de uma terminologia florestal oficial em
nosso país. Por este motivo, cada região tem sua terminologia própria e, muitas vezes,
existe dificuldade de distinção e identificação entre os diversos termos usados. Em nosso
caso, vamos dar as seguintes características para os três termos em questão:

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1) Aceiros são construções de prevenção e proteção contra incêndios que não
estão, obrigatoriamente, ligados a áreas florestadas ou reflorestadas artificialmente. São,
portanto, construções ao longo das divisas e em áreas de plantios, quando suas
características forem bem definidas, isto é, muito mais amplas e generalizadas que as
divisoras.

2) Contornos são faixas limpas (desprovidas de vegetação), transitáveis ou não,


que limitam talhões (terreno de cultura) com vegetação nativa.

Sede de uma propriedade sendo protegida por aceiro

3) Divisoras, são, também, faixas limpas (desprovidas de vegetação) geralmente


transitáveis, que dividem um talhão de outro.

Feitas estas considerações, vamos salientar a importância das divisoras e dos


contornos na prevenção dos incêndios. Atualmente, constatando-se efetivamente, os
perigos que os incêndios representam às florestas, dever-se-ia proibir o plantio sem a
construção de divisoras e contornos.

A construção de divisoras e contornos deve seguir as mesmas instruções para a


confecção de um aceiro.

c. Construções de cortinas de segurança

Uma das medidas eficientes que se pode tomar para prevenir a propagação dos
incêndios, principalmente quando se tem grandes extensões reflorestadas com espécies
altamente combustíveis (árvores resinosas) é o piando de faixas com espécies "não
combustíveis", isto é, espécies que, pelas suas características, oferecem corta resistência
à propagação do fogo.

Ao longo dos aceiros e ao longo das divisas é conveniente o planto de algumas


espécies "não combustíveis". O eucalipto, por exemplo, por não possuir folhas
combustíveis, pode ser usado como cortina de segurança, pois incêndios nestas espécies
são, geralmente, superficiais e lentos, facilitando, bastante o combate.

A finalidade da cortina de segurança é diminuir a velocidade de propagação do


fogo, facilitando assim, o combate.

A largura das cortinas de segurança varia muito.

Nas margens de aceiros bem construídos, apenas algumas linhas de espécies


escolhidas são suficientes. Em locais de maior perigo, pode-se planejar o piando de uma
série de linhas sucessivas para funcionar como cortina de proteção. De maneira geral,
cortinas de 50 a 100 m de largura oferecem boa margem de segurança.

76
Cortinas de segurança em volta de uma floresta

d. Eliminação de materiais combustíveis

Quanto menos material combustível existir numa floresta, menor será o risco de
ocorrência de incêndios. Mesmo que ocorra um incêndio, havendo pouco material
combustível, o fogo não assumirá grandes proporções, o combate será bem mais fácil e
os danos menores.

Retirar todo o material combustível que aumenta o risco de incêndio em uma


floresta (folhas caídas, ramos secos, pedaços de cascas, gramíneas secas, etc), é tarefa
economicamente difícil ou impossível.

Devemos, então, limitar a operação aos locais; de maior risco, apenas. Nas
estradas de muito movimento, e ao longo das divisas, devemos retirar todo o material
sem, dentro de uma faixa de 3 a 5 rn para o interior da floresta e queimá-lo, se possível.
Podemos, também, afastar todo este material para o interior da floresta, por ser uma
operação mais barata, mas tendo o inconveniente de aumentar a quantidade de material
combustível no interior da floresta.

e. Limpeza dos aceiros e margens de estradas

A limpeza periódica de aceiros é de extrema Importância como medida de


prevenção dos incêndios. De um modo geral, basta uma limpeza no início da época
perigosa para que os aceiros atravessem todo o período crítico em bom estado, pois
durante o inverno as plantas estão em estado de dormência e praticamente não há
crescimento vegetativo. Ao chegar a primavera, certamente o mato começará,
novamente, a invadir os aceiros, porém a época critica já passou e não há risco de
incêndio.

Dependendo das possibilidades, a limpeza poderá ser feita mecanicamente


(motoniveladoras ou roçadeiras mecânicas) ou manualmente (com foices ou enxadas).

As margens das estradas principais e até mesmo das secundárias também


devem ser conservadas e limpas, especialmente durante o período de maior perigo de
incêndio. Isto fará com que as estradas funcionem como um aceiro, dificultando a
propagação e facilitando bastante o combate ao fogo.

A largura da faixa a ser conservada limpa varia de acordo com o perigo que o
local oferece. Geralmente de 3 a 6m de cada lado da estrada, oferece uma boa proteção.

77
f. Construção de barragens

Até o presente momento não se tem dado a devida importância aos benefícios
que um conjunto de barragens pode trazer a uma área florestal. Evidentemente, não se
trata de grandes barragens de concreto armado, que seria uma aberração sob o ponto de
vista econômico, mas sim, pequenas barragens de terra, ao longo dos pequenos cursos
de água. Estas pequenas barragens, construídas em locais adequados e distribuídas por
toda a área florestal, são de grande utilidade sob vários aspectos. No que se refere à
proteção contra fogo, temos dois benefícios imediatos que são:

- será um local de fácil captação de água, no caso de combate a incêndios;


- aumentará a superfície de evaporação de água dentro da área florestal, o que
influirá beneficamente no microclima local, através de uma elevação da umidade relativa
do ar.

Alguns cursos de água, às vezes de tamanho insignificante (que muitas vezes


não apresentam utilidade alguma), através de uma pequena barragem de terra, de
construção barata, podem se transformar em depósitos apreciáveis de água,
tomando-se, assim, extremamente benéficos para a floresta local.

Além do ponto de vista da proteção, estas pequenas barragens apresentam


várias outras vantagens, como por exemplo a possibilidade de se introduzir a
piscicultura, melhores efeitos paisagísticos, etc.

9. Pulverização

No Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, está sendo empregada a


pulverização de agentes químicos, por via aérea, durante o verão, nas áreas de florestais
onde o perigo existe em potencial. O material utilizado é o retardante de chamas
Phos-Chek, que funciona como barreira química contra fogo, durante toda a estação de
seca, até que chova. Sem produzir qualquer dano às árvores, pois desenvolve uma ação
fertilizante, o produto tem uma coloração vermelha, para fácil identificação visual das
áreas aplicadas.

Este processo é bastante caro e no Brasil, onde os princípios fundamentais de


proteção não SM usados, será muito difícil o uso de processos mais sofisticados na
proteção de nossas florestas.

78
4. A VIGILÂNCIA

A vigilância é um dos pontos básicos no sucesso da prevenção dos incêndios


florestais, principalmente para evitar a sua propagação. Isto porque a vigilância além de,
em certos casos, funcionar como método de detecção, isto é, possibilita a imediata
localização dos incêndios, tão logo eles se iniciam.

Como a prevenção visa não somente a evitar o início, mas também à


propagação dos incêndios, a vigilância pode, evidentemente, ser considerada uma das
práticas preventivas.

A vigilância pode ser exercida, basicamente através da vigilância fixa (tonos de


observação) e vigilância móvel.

a) Vigilância fixa

Este método de vigilância, exercido através de torres de observação é,


atualmente, o mais difundido e pode ser usado, sem muitas limitações, em quase todas
as regiões do país.

Consiste em instalar, em locais adequadamente selecionados, urna rede de


torres de observação, em número suficiente para cobrir toda a área a ser protegida.

As torres podem ser construídas de madeira ou ferro e devem ter no topo, uma
cabine fechada (geralmente de forma quadrangular) com janelas de vidro que
possibilitem ampla visibilidade em todos os lados. A altura das torres depende
obviamente das condições topográficas do terreno, vedando, de um modo geral, entre 10
e 40 m, de acordo, com o local onde são instaladas.

Geralmente, terrenos planos requerem torres mais altas e, inversamente, em


terrenos ondulados ou montanhosos, pode-se ter ótima visibilidade com tonos mais
baixas.

Em regiões planas, as torres podem ser distribuídas uniformemente, cada qual


cobrindo áreas idênticas, (do mesmo tamanho), obtendo-se uma perfeita cobertura de,
praticamente, toda a área. Já em terrenos ondulados, precisamos escolher os locais de
maior visibilidade (geralmente os pontos mais altos) e, certamente, não poderá haver
uma distribuição uniforme. As torres terão áreas; de ação de tamanhos diferentes,
dependendo da localização de cada uma no terreno ondulado. Em terrenos montanhosos
não há, também, possibilidade de cobrir 100% da área, a não ser pela construção de um
número elevadíssimo de torres, o que é totalmente inviável sob o ponto de vista
econômico. Geralmente uma cobertura de 70% da área pode ser considerada excelente e
atende perfeitamente às necessidades de vigilância.

79
Para que haja condições de localizar exatamente o ponto de incêndio, é
necessário que as torres possuam aparelhos para determinar a direção do fogo.

Estes aparelhos jà foram estudados em capítulo anterior (OSBORNE E


GONIÔMETRO).

Localizado o incêndio, o observador terá que se comunicar com o órgão


encarregado de combater os incêndios na área, no nosso caso, o Corpo de Bombeiros. É
imprescindível que as torres tenham possibilidade de comunicação.

A eficiência das torres está sempre condicionada ao bom treinamento do


observador. Os observadores de torres devem ser pessoas desembaraçadas, devem
saber operar bem os meios de comunicação, conhecer bem a região onde está situada a
torre e sua área de observação, conhecer e manejar bem os aparelhos de localização de
incêndios, em seu poder.

As torres devem ser, sempre, equipadas com para-raios, pois sendo construções
elevadas, sobre pontos altos do terreno, estão sempre ameaçadas pelas descargas
elétricas.

b) Vigilância móvel

1) Patrulhamento terrestre

Pode ser realizado a cavalo ou em veículos, dependendo da finalidade e das


condições locais. O patrulhamento a cavalo, geralmente, tem caráter mais permanente,
isto é, geralmente é realizado durante o ano todo. Este tipo de patrulhamento é muito
eficiente onde existem estradas de ferro que, mesmo com o uso de locomotivas
diesel-elétricas, sempre provocam incêndios, devido à feita de cuidado dos passageiros e
maquinistas. Patrulhamentos; feitos por homens a cavalo no trecho cortado pela estrada
de ferro podem evitar muitos problemas com incêndios, pois geralmente os focos são
descobertos logo no início e um homem pode, perfeitamente, extinguí-los ardes que se
propaguem. Este serviço deve ser executado durante todo o ano, exceto nos dias em que
não haja perigo, corno dias de chuva, por exemplo. É conveniente fazer o patrulhamento
a cavalo ao longo das estradas principais, ao longo das divisas, especialmente divisas
secas, e dentro da própria área florestal, nos locais abertos para tal fim.

O uso de aparelho de comunicação portátil poderá ser feito através da patrulha a


cavalo.

80
O patrulhamento com veículos deve ser realizado com viaturas leves (jeeps,
caminhonetes, etc) se possível, dotados de rádio transmissor receptor, com a finalidade
de comunicação com o órgão encarregado de combater o incêndio. É necessário, em
épocas de maior perigo, para percorrer as estradas principais, as divisas e os locais;
onde é maior a incidência de incêndios.

Convém salientar a importância e necessidade de se intensificar o patrulhamento


terrestre nos dias de excessivo perigo de incêndios e, principalmente aos domingos e
feriados, querido o perigo é sempre maior, devido aos pic-nics, passeios, pescarias, etc.

2) Patrulhamento aéreo

Nos últimos anos, em certos países, Canadá por exemplo, o avião tem ocupado
um lugar cada vez mais proeminente na tarefa de descobrir, localizar e comunicar
rapidamente os focos de incêndio.

Sem dúvida alguma, os modernos aviões oferecem novas perspectivas nas


tarefas de detecção de incêndios. A idéia original de que os custos muito elevados do
patrulhamento aéreo seriam um fator limitante ao seu uso, tem sido colocada em dúvida
por muitos pesquisadores.

Infelizmente, as áreas florestais brasileiras não contam, ainda, nem mesmo com
um sistema razoável de meios terrestres de prevenção contra incêndios. Por isto mesmo,
um sistema mais sofisticado, com aviões, está fora de cogitação em nossos dias.

81
5. O CÓDIGO FLORESTAL

Embora a educação bem dirigida possa, aos poucos, ir introduzindo uma melhor
cultura e uma atitude mais coerente a respeito do problema florestal, não há dúvida de
que a fixação de leis e regulamentos constitui meios da maior importância para se obter
sucesso na preservação das florestas. O novo Código Florestal, Lei nº 4771, de 15 de
setembro de 1965, atualizou bastante as leis florestais de nosso país, fixando normas
eficientes para a preservação das florestas de um modo geral. No caso da proteção
contra incêndios, podemos citar alguns artigos que direta ou indiretamente cuidam deste
problema e poderão ser de grande importância no sentido de evitar parte dos incêndios
florestais. Por exemplo:

Art. 11 - O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o


uso de dispositivos que impeçam difusão de fagulhas susceptíveis de provocar incêndios
nas florestas e demais formas de vegetação marginal.

Art. 25 - Em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos
ordinários, compete não só ao funcionário florestal, com a qualquer outra autoridade
pública, requisitar os meios materiais o convocar os homens em condições de prestar
auxilio.

Art. 26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano


de prisão simples ou muita de um a cem vezes o salário mínimo mensal do lugar e da
data da infração ou ambas as penas cumulativamente:

a) .............
b) .............
c) .............
d) .............

e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação,


sem tomar as precauções adequadas.

f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios


nas florestas e demais formas de vegetação.

1) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha sem uso de


dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas, susceptíveis de provocar incêndios
florestais.

Art. 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

Parágrafo único - Se peculiaridades locais; ou regionais justificarem o emprego


de fogo em agropastoris ou florestais, permissão será estabelecida em ato de Poder
Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.

Art. 42 - Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade


poderá permitir a adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos de
educação florestal, previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o
órgão florestal competente.

§1º - As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em suas


programações, textos e dispositivos de interesse florestal, aprovados pelo órgão
competente rio limite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, distribuídos ou não em
diferentes dias.

82
Todos estes artigos citados, se integralmente cumpridos, evitaram, sem dúvida
alguma, a maioria dos incêndios florestais que ocorrem em nosso país.

O artigo 27, por exemplo, talvez o mais importante, na prevenção de incêndios,


que são as queimas para práticas agropastoris

Não é, logicamente, possível proibir simplesmente essas queimas, mas sim,


permití-las mediante solicitação e tomando-se as devidas; precauções, tais como exigir
aceiros bem-feitos, pessoal suficiente para deter o fogo caso ele fuja ao controle e,
especialmente, não permitir, de modo algum, queimas em dias de extremo perigo de
incêndios. Também o artigo 42 (inclusive parágrafo 1º) é de grande importância na
educação do povo quando alerta, para os perigos do fogo. Infelizmente, o Código
Florestal não tem sido cumprido e o Governo nada tem feito para fiscalizar o seu
cumprimento.

Além das prerrogativas do Código Florestal, outros itens de importância na


prevenção dos Incêndios poderiam ser alvo de regulamentações especiais ou mesmo
regionais, tais como: proibição ou restrição do ato de fumar em determinadas; áreas, em
épocas de grande perigo, etc.

Fumar sempre em locais seguros, para evitar incêndios.

83
Não expor a perigo as florestas

Maneira correta do uso do fogo

84
CAPÍTULO VII

Situações diversas

1. INTRODUÇÃO

Os dados estatísticos do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro nos mostram que


a grande maioria de saldas de socorro para extinção de incêndios em vegetações
acontece em perímetros urbanos. Este tipo de incêndio é vulgarmente denominado de
“fogo no mato".

Tendo em vista esta comprovação, toma-se de extrema importância a


abordagem deste tipo de incêndio através de um melhor detalhamento, para o qual
faremos a seguir uma subdivisão onde será enfocado, para tomar-se mais elucidativo.

Pesquisando as estatísticas do Corpo de Bombeiros, vimos que, em todo o


Estado, o maior número de saídas para fogo no mato acontece em terreno baldio (lote
vago), junto a rodovias e com acentuada situação de ameaça a residências, depósitos,
indústrias, etc.

Para melhor conhecimento e eficácia neste tipo de operação, apresentaremos a


seguir: fogo no mato em local urbano; fogo no mato junto a rodovias e ferrovias; fogo no
mato ameaçando residências; salvamento em incêndios florestais e o rescaldo.

2. FOGO NO MATO EM LOCAL URBANO

a. Características

No interior de nosso Estado encontramos um relevo bastante acidentado onde


existe até mesmo grandes declives. A vegetação que envolve um perímetro urbano se
tomou uma mata aberta o mia onde a radiação solar penetra com facilidade e os ventos
atuam livremente, produzindo, com isso, um aumento da temperatura e uma secagem
grande do material combustível, expondo, assim, a um maior risco de incêndio.

Fogo em mato no perímetro urbano

Um fato notório que se percebe em locais urbanos é que o fogo no mato


apresenta urna velocidade de propagação reduzida, devido ao tipo de relevo e vegetação
apresentado acima. Com isto, toma-se mais acessível o trabalho de extinção e mais
adequada a utilização de pessoal e material nas operações de combate nestes locais.

85
b. Métodos de extinção

Os ataques aos incêndios florestais urbanos são diferentes dos ataques aos
incêndios florestais na área rural, embora os métodos usados na extinção de ambos
apresentem semelhanças dependendo de determinadas características.

Sabendo-se que o fogo no mato, em perímetro urbano, normalmente se


processa com contornos mais ou menos uniformes, em linha de formato arredondado
(conforme a força e direção do vento), o método mais usado na sua extinção é o direto,
por ser mais prático e mais eficiente, embora não deva ser descartado o emprego do
método indireto, em alguns casos.

Ao chegar ao local do incêndio, a guarnição do Corpo de Bombeiros deverá


observar os seguintes detalhes, para a sua melhor extinção:

1) a direção do vento;

2) as barreiras naturais para ajudarem no cerco ao fogo;

3) evitar o enclausuramento da guarnição, em casos de súbitas modificações do


vento;

4) verificar a real extinção do material combustível, para evitar a reignição;

5) selecionar o material e conduzi-lo ao local, já na fase de reconhecimento; e

6) na impossibilidade do uso de água através de auto, bombas, utilizar


abafadores tais como galhos verdes, batedor ranger, batedor de borracha, batedor de
mangueira retalhada, etc.

c. Riscos

No caso de incêndios em perímetro urbano, devemos observar com grande


atenção a direção do fogo, para evitar que o mesmo atinja residências, indústrias,
depósitos, paiol, etc.

3. FOGO NO MATO JUNTO A RODOVIAS E FERROVIAS

a. Características

Nos meses considerados como período de seca ou estiagem (maio a Setembro),


há uma grande incidência de incêndios às margens de rodovias e ferrovias, devido à falta
de manutenção quanto à limpeza destas margens e devido aos transeuntes que,
inadvertidamente ou não, lançam pontas de cigarro, por exemplo, naquelas margens,
dando início a incêndios nas laterais próximas às rodovias.

Nas ferrovias, também, o fato acontece de maneira idêntica ao das rodovias e


há, ainda, um fator a considerar, embora menos freqüente, que são as fagulhas
expelidas pelas máquinas dos trens.

Cabe ressaltar que a vegetação nas áreas de servidão das rodovias e ferrovias
geralmente apresentam uma vegetação rasteira, com povoamento quase que formado de
capim apenas.

86
b. Métodos de extinção

Os métodos usados na extinção de incêndios em vegetação às margens das


rodovias são idênticos, também, aos métodos convencionais, embora o uso de água,
através de auto-bombas, possa ser de grande valia e, dependendo da distância a ser
alcançada, poderá ser utilizada uma bomba portátil, em série, para que a água atinja o
local desejado, com vazão e pressão suficientes.

Nas ferrovias só poderemos usar água quando houver possibilidade do


deslocamento da água através de tanques, utilizados nas ferrovias, cabendo ao Bombeiro
somente a pressurização deste manancial. Caso não seja possível a utilização de água,
deve-se usar outros meios de extinção tais como galhos verdes, batedor ranger, batedor
de borracha, etc.

c. Riscos

1) Rodovias

Os incêndios às margens de rodovias, em razão do acúmulo de fumaça no seu


leito, toma a visibilidade precária, provocando, às vezes, grandes acidentes
automobilísticos, envolvendo vítimas e volumosos prejuízos.

Os DER e DNER são responsáveis pela limpeza e manutenção dessas áreas,


devendo mantê-las, sempre, com o mínimo de risco de incêndios possível. Urna forma de
manter aquelas áreas sempre limpas seria a de praticar a agricultura através de pessoas
interessadas, conforme acontece em algumas rodovias dos Estados de São Paulo e Minas
Gerais.

2) Ferrovias

O fogo às margens de ferrovias poderá trazer risco às residências próximas a


elas e danos à flora e à fauna locais.

4. FOGO NO MATO AMEAÇANDO RESIDÊNCIAS

a. Características

Neste tipo de incêndio está a maior incidência de atendimentos pelo Corpo de


Bombeiros, pois nas áreas urbanas, principalmente no Rio de Janeiro, concentra-se
grande número de lotes vagos (terreno baldio) onde a vegetação e o acúmulo de lixo ou
outros detritos, altamente combustíveis, são freqüentes devido à falta de uma
fiscalização adequada por parte dos órgãos competentes, que obrigassem o proprietário
do imóvel a mantê-lo limpo evitando assim os incêndios naqueles locais.

87
As áreas consideradas baldias, se não tivessem ao seu redor áreas construídas,
talvez não trouxessem grandes perigos, quando acontecessem incêndios. É em razão
mesmo de construções próximas a estes locais, que os riscos se tomam de tal ordem que
podem até atingir áreas mais populosas, tomando a propagação maior e,
conseqüentemente, maior o trabalho de extinção por parte do Corpo de Bombeiros.

b. Métodos de extinção

Normalmente o método mais usado no combate a este tipo de incêndio é através


da utilização de auto-bombas, tendo em vista que nas cidades geralmente há recursos
hídricos e facilmente de deslocamento de viaturas operacionais até o local do evento.

A chegada do socorro ao local, a primeira providência é a verificação de


existência de pessoas nas residências que existem no caminho que o fogo no mato tenha
tomado, devido à direção dos ventos. Na maioria das vezes, os seus moradores já
deverão ter se retirado, mas este reconhecimento é importante devido a eventual
possibilidade de se encontrar enfermos e pessoas com dificuldades de locomoção.

Outra medida que se deve tomar é, juntamente com moradores e populares,


manter bombeiros para auxiliar e orientar na construção de aceiros ao redor das
residências em perigo, enquanto a outra parte (maior) da guarnição dará início ao
combate propriamente dito.

Um detalhe, também, a ser mencionado é que a guarnição não deve se prender


em trabalhos em casa já totalmente tomada pelo fogo, devendo, sim, verificar sua
direção e fazer o combate e o controle escolhendo os pontos-chaves, ou seja, isolando as
residências que, por ventura, se encontrem no caminho do fogo.

5. SALVAMENTO EM INCÊNDIOS FLORESTAIS

As ocorrências de salvamento, tais como as de incêndios, são extremamente


complexas. No caso de incêndios florestais, a guarnição de Bombeiros, no que tange a
salvamento, deve se preocupar, prioritariamente, com o salvamento das pessoas e,
também, com o salvamento de animais com vida, transportando-os do local onde a
situação é crítica para um local seguro.

A guarnição deve analisar inicialmente no seu planejamento de combate, ao


fazer o reconhecimento, se existem pessoas dentro da área sinistrada, se existem
animais em perigo iminente de vida e quais; os meios materiais e pessoais para o
eficiente transporte das vidas que se encontram carentes de salvamento.

O trabalho de salvamento deve ser perfeitamente integrado entre equipes com


missões especificas a desempenhar. O Corpo de Bombeiros solicitará auxilio de
helicópteros para salvamento de pessoas, conforme descrito anteriormente e auxilio do
DER, DNER e Associação Protetora de Animais e Meio Ambiente, na ajuda ao salvamento
proposto.

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Um importante detalhe a ser observado nestes salvamentos em incêndios
florestais é a utilização de material de comunicação.

6. O RESCALDO

Após dominado o fogo, principalmente em incêndios de grandes proporções,


muita coisa deve ser feita para evitar que ele possa reavivar e se propagar novamente.
Ocorre frequentemente, e já tivemos a oportunidade de observar, um incêndio dado
como totalmente dominado lançar fagulhas a grandes distâncias e se propagar outra vez,
com grande intensidade.

Isto ocorre principalmente se houver descuido e as condições de vento e


temperatura continuarem desfavoráveis. As árvores e tocos que ficam queimando dentro
da área incendiada, com a ação do vento lançam fagulhas a grande distância, originando
"incêndios de manchas" que se propagarão rapidamente, se não forem imediatamente
combatidos. Não adianta muitas vezes o patrulhamento da área queimada, pois as
fagulhas, levadas pelo vento, reiniciarão o incêndio bem longe, sem que os homens que
estão patrulhando a área possam esboçar qualquer ação e defesa. Por isto, a medida
mais certa é eliminar todos os resíduos de fogo dentro da área queimada, mantendo-se,
também, o patrulhamento até que a situação esteja realmente dominada o não
apresente mais perigo.

Se o incêndio foi dominado durante o dia, este patrulhamento deverá


permanecer até a noite. No dia seguinte, deve-se voltar ao local para mais um
fiscalização, pois; quando a temperatura subir (geralmente após as 10 horas), algum
resíduo do fogo que ficou em estado latente pode oferecer perigo de iniciar novamente a
propagação do incêndio. Se o incêndio foi dominado à noite, com maior razão deve-se
voltar no dia seguinte para nova fiscalização.

Resumindo, após a extinção do fogo deve-se tomar as seguintes precauções:

a. Descobrir e suprimir "incêndios de manchas" (fagulhas que foram lançadas


para fora da área queimada e que poderão, posteriormente, continuar o incêndio);

b. Ampliar o aceiro ou a faixa limpa em tomo da área queimada, para melhor


isolamento, da mesma;

c. Derrubar as árvores ou arbustos (dentro ou fora da área queimada) que


estejam queimando por representarem grande perigo de propagação de incêndio através
das fagulhas que podem lançar;

d. Eliminar, através da aplicação de água ou terra, todos os resíduos de fogo


dentro da área queimada (tocos, raízes, árvores caídas, galhos maiores, etc.), que
estejam acesos ou em brasa.

e. Procurar fogos esparsos;

f. Espalhar todas as grandes massas de material combustível, para reduzir o


calor e o perigo de propagação;

g. Manter um patrulhamento com número suficiente de Bombeiros, até que


realmente não haja mais perigo de reinício de fogo; e

h. Finalizando, lembrar que o princípio fundamental em todo trabalho de


rescaldo é a eliminação da fonte de calor.

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