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A IARA ou Mãe-D'água - figura mitológica difundida entre os indígenas e caboclos após o século XVII, de
aculturação provavelmente européia e tendo suas raízes nas sereias. Loira e muito bonita, a mãe-d'água
atrai os pescadores, ou quem quer que se aproxime de rio ou praia `a noite, e leva o pretendente a
afogar-se em busca de diversão. Em algumas comunidades é reputada como protetora das águas e
pescas. Sendo meio peixe e meio mulher, apresenta-se a pentear os cabelos, a cantar ou mesmo
conversando com algum passante. Encantado e quase que sob efeito hipnótico, o pretenso parceiro
mergulha nas profundezas da água, onde sufoca e morre.1
A Iara é uma bonita moça que vive na água, contam os índios. Dizem que é tão linda, que ninguém
resiste ao seu encanto. Costuma cantar com uma voz tão doce, que atrai as pessoas. Quando se
percebe, já é tarde. Ela arrasta a vítima para o fundo das águas. Os índios têm tanto medo da Iara, que,
ao entardecer, evitam ficar perto dos lagos e dos rios. Receiam ser atraídos por ela.
Jaguarari era um moço índio. Ele era muito forte, tão forte como a onça. E se houvesse uma luta entre os
dois, não sei quem sairia ganhando. Era, também, muito corajoso e os outros moços índios morriam de
inveja. Os velhos gostavam dele, porque era bondoso. As moças, então, viviam elogiando sua elegância,
sua força, sua ligeireza! É claro que ele se sentia feliz.
O índio Jaguarari gostava de remar e possuía uma canoa muito bonita. Mas bonita mesmo! Feita com
todo o capricho. Quando ele passava, remando, as aves da beira do rio não fugiam, ao contrário,
esticavam o pescoço o mais que podiam para vê-lo passar.
Para pescar e caçar não havia outro! Não tinha nem graça: enquanto os outros índios se cansavam,
correndo pela selva atrás de algum bicho, Jaguarari caçava quantos queria. Depois, pedia aos jovens
índios que o ajudassem a carregar os animais que havia caçado. E eles, embora tivessem inveja de
Jaguarari, não conseguiam resistir ao seu pedido, tão grande era sua simpatia.
Como o moço era bondoso, ainda repartia os animais abatidos com os amigos, proibindo-os de contar
aos outros índios quem os havia caçado...
Um dia, ele partiu bem cedo para a caça. Ia sozinho. A manhã estava linda. De toda parte, saíam gritos,
pios, cantos, saudando o sol que transformava tudo em vida e alegria. O moço índio sentia-se mais feliz
do que nunca e não parava de admirar as maravilhas que encontrava: as aves voando perto das águas
tranqüilas do lago... O colorido das flores... As teias de aranha cobertas de orvalho, parecendo tecidas
com fios de prata... Quanta beleza! Entusiasmado, ele resolveu passar o dia na floresta. Só voltaria à
aldeia quando começasse a anoitecer. Queria aproveitar bem aquele dia maravilhoso. Foi entrando pela
selva, até alcançar lugares que ainda não conhecia. Em tudo encontrava a mesma vida e a mesma
beleza, que pareciam nascer da luz do sol.
Encontrou um lago muito bonito, o mais bonito que ele já havia visto. Tinha uma superfície tão calma e
cristalina, que parecia ser de vidro. Não resistiu e resolveu dar um mergulho. Como sempre, as aves que
se achavam nas margens não fugiram. Chegaram mais perto do lago, para ver melhor o moço índio.
Depois de se banhar demoradamente, deitou-se à beira do lago e ficou admirando a beleza do céu. Ficou
assim horas, completamente esquecido do que pretendia fazer. Quando se lembrou, deu um salto,
apanhou o arco, as flechas e partiu para a caça. Não queria caçar muito, pois estava longe de sua aldeia.
E ficou por ali, caçando, até sentir fome. Preparou e comeu uma das caças e, sentindo sono, deitou-se
para descansar um pouco. Adormeceu profundamente. Quando despertou, viu que o dia já estava
terminando. Apressou-se em voltar à aldeia.
Mal começou a andar, ouviu um canto que o deixou maravilhado. Nunca ouvira nada tão bonito, antes.
Deixava longe o canto do uirapuru! Jaguarari, encantado, queria conhecer a ave que cantava assim, mas
já era tarde. Precisava ir embora, mas era tão bonito! Poderia voltar outro dia... E não conseguia afastar-
se.
Sem perceber, foi andando na direção da doce e mágica melodia. Afastando cipós e folhagens, sem ligar
para o perigo que podia encontrar, foi seguindo como que puxado por uma corda invisível.
Não demorou muito, chegou, por outro caminho, ao lago onde havia nadado. E viu a Iara.
Era realmente a Iara. Tinha um rosto tão lindo, que o moço ficou impressionado.
Sempre atraído, ele já estava quase dentro da água. Lembrou-se, porém, do que os velhos costumavam
contar sobre a Iara e se agarrou desesperadamente ao tronco de uma árvore, à beira do lago.
A Iara, que já o tinha visto antes, quando ele estava nadando, queria leva-lo para o fundo das águas.
Como não gostava da luz do dia, esperara entardecer para atrair o moço com o seu canto.
Jaguarari, por ser forte, muito forte, conseguiu resistir, agarrado ao tronco da árvore. Depois, segurando
os cipós que havia por perto, conseguiu afastar-se do lago. Percebeu, então, inúmeros animais e aves,
paralisados pelo canto da Iara. Estavam tão hipnotizados, que nem perceberam a sua passagem.
Quando chegou à aldeia, sua mãe notou que ele estava diferente.
- E apenas cansaço. Estive muito longe e precisei andar depressa, para que a noite não me pegasse na
floresta.
No dia seguinte, ele continuou preocupado e triste, bem diferente do que havia sido até então. Todos
estranharam e queriam saber o que lhe havia acontecido. Muitos acreditavam que ele estava sendo
vítima de Jurupari, o espirito do mal, pois o moço não ligava para mais nada. Apenas continuava a caçar
e a pescar. Só que não trazia mais bichos e peixes, como antes. Agora, trazia apenas algum bichinho e
dois ou três peixes, quando muito. Ele ficava a maior parte do tempo na beira do lago, para tornar a ver a
Iara. Estava completamente enfeitiçado.
A Iara, porém, não aparecia mais. E o moço ficava ali, atento, procurando perceber algum movimento na
água ou ouvir algumas notas de seu maravilhoso canto.
A mãe dele é que não conseguia descansar. Ficava à espera do filho e, todas as vezes que lhe
perguntava o que estava acontecendo, a resposta era sempre a mesma:
Ele, que antes não gostava de ficar na floresta quando escurecia, voltava agora muitas horas depois de
ter anoitecido. E, desde aquele dia, não aceitou mais a companhia de ninguém.
Os dias foram passando e cada vez Jaguarari parecia mais triste e desanimado. Tanto sua mãe insistiu,
que, uma noite, ao voltar do lago, ele lhe contou:
- Vi a Iara, minha mãe. Num lago, bem dentro da floresta. É a moça mais linda que já me apareceu. Não
existe outra igual. Seu canto é tão bonito, que não consigo esquecê-lo. Preciso vê-la outra vez e,
novamente, ouvir a sua voz maravilhosa!
- Fuja da Iara! - pediu-lhe. Ela conseguiu enfeitiçá-lo e você será morto, se não se afastar dela!
Ele foi para a rede, mas não pôde dormir. A lembrança do canto da Iara roubara-lhe o sono.
No dia seguinte, ouvindo o conselho da mãe, Jaguarari não saiu da aldeia. À medida, porém, que a tarde
ia caindo, ele foi ficando impaciente. Não conseguia conter-se. Precisava ir até o lago! Como era tarde
demais para atravessar a floresta, tomou uma canoa e começou a descer o rio. Os que estavam por perto
pensaram que ele ia pescar.
De repente, um índio gritou:
- Ei, Jaguarari não estava sozinho? Pois agora não está mais! Vejam!
Ao longe, avistava-se Jaguarari de pé, na canoa, em companhia de uma moça. Era a Iara. Foi a última
vez que alguém o viu.2
Fontes:
1. Sociedade e Cultural - Enciclopédia Compacta Brasil - Larousse Cultural - Nova Cultural - 1995
2. Texto extraído do livro Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). -
São Paulo: APEL Editora, sem/data
Ilustrações de J. Lanzellotti
mito que protege nossa fauna e nossa flora, que desorienta o caçador predador, que parte o machado de
quem abater árvores sem necessidade.
Ele que permite através da preservação da natureza, que se preserve assim também pelo maior tempo
possível a espécie humana.
Tem como principal signo a direção contrária dos pés em relação ao próprio corpo, o que constitui um
artifício natural para despistar os caçadores, colocando-os numa perseguição a falsos rastros.
Possui extraordinários poderes e é implacável com os caçadores que matam pelo puro prazer de fazê-lo;
Há, entretanto variantes, extremamente divergentes dessas idéias, onde o Curupira (e/ou Caipora, do
tupi-guarani "caá", mato, e "pora", habitante), é um ser medonho e perverso: "o demônio das florestas"; na
concepção pictória, "aparece" de várias formas: como um menino de corpo peludo, cabelos avermelhados
e dentes verdes; como um curumim; como um duende sem cabelos e com o corpo coberto de pelos
verdes; como um anão, um caboclinho, etc.
O Curupira tem para nós olimpienses uma peculiar importância por ser o patrono do FEFOL, durante a
qual é incumbido de governar a cidade após receber (personificado) das mãos do prefeito a carta de
mandatário e a chave simbólica do município.
É um mito existente em todo o Brasil. É um ente fantástico, demoníaco, cruel para os que não o atendem.
É representado ora como mulher unípede, o Caipora-Fêmea, ora como um tapuio encantado,nu, que
fuma no cachimbo, este último na área do Maranhão a Minas.
No Vale do Paraíba, estado de São Paulo, ele é descrito como um caçador façanhudo, bastante feio, de
pêlos verdes e pés virados para trás.
Outro nome do Caipora, ou Caapora, é Curupira, protetor das árvores, chamado assim quando apresenta
os pés normais.
Em algumas regiões, há fusão dos dois duendes, em outras elas coexistem. O mito emigrou do Sul para o
Norte, conforme conclusão dos estudiosos.
Existe na Argentina o mesmo duende, como um gigante peludo e cabeçudo. Couto de Magalhães aceita a
influência platina no nosso Caipora.
Nesse conto brasileiro, o duende vira ao avesso o caçador. Também é comum, principalmente em Minas
e São Paulo, o castigo de matar de cócegas aquele que não tem fumo para contentá-lo.
O Caipora, ou Pai-do-Mato, é protetor da caça e reina sobre todos os animais.
É mau espírito. Infelicita os que encontra, quando não lhe dá tremendas surras. Deparar o Caipora traz
conseqüências desagradáveis.
Por extensão, passou a lenda a considerar qualquer encontro com o Caipora como causa de infelicidade.
Daí caiporismo = má sorte.
O Caipora, também chamado Curupira e, em algumas regiões, Caiçara, justificado pelas lendas
ameríndias, é protetor da caça e guardião dos caminhos. Em maio de 1550, dizia o Padre Anchieta que o
Caiçara maltratava os índios nas brenhas, com chicotadas.
Chegava até a matá-los, à força de maltratos. Os índios, para apaziguá-lo, deixavam para ele, nas
clareiras, penas de pássaros, redes, esteiras. Segundo Gonçalves Dias, Curupira é o espírito mau que
habita as florestas. Descreve-o assim: 'Veste as feições de um índio anão de estatura, com armas
proporcionais ao seu tamanho'. Governa os porcos-do-mato e anda com varas deles, barulhando pela
floresta. O mesmo mito é encontrado em toda a América Espanhola: no Paraguai, na Bolívia, na
Venezuela.
Entre os Chipaias, tribo guarani moderna, há a crença no Curupira, como sendo um monstro antropófago,
gigantesco, muito simplório, conforme relato de Artur Ramos, em Introdução à Antropologia Brasileira.
Apesar de serem conhecidos o nome e o mito Curupira, no Vale do Paraíba é mais encontradiço o nome
Caipora, usado até para designar gente de cabeleira alvoroçada.
Lá, é um caboclinho feio pra danar, anão de pés virados para trás, cabeludo. Viaja montado em um porco-
espinho, com a cara virada do lado do rabo da montaria.
Quem vai mato a dentro, tem que se prevenir com fumo de rolo, para lhe oferecer.
Uma variação fonética mais recente foi recolhida no estado de São Paulo, e consta do reforço do primeiro
'r' brando do nome, para Currupira. Assim se diz em alguns pontos da Serra Quebra-Cangalha, nas
alturas de Silveiras e assim foi ouvido em Olímpia, cognominada a Capital Nacional do Folclore.
A Lenda do Saci
Pretinho arteiro, de olhos carburantes e barrete de rubra cor à cabeça, traquinando e assobiando pelas
estradas em horas-mortas, a pelear, maldosamente, com suas travessuras, os animais e a trançar-lhes as
crinas.
Com efeito, o viajante que, no sertão, ao cair da tarde, cochilando o seu cansaço, as pernas lassas,
caídas sobre as espendas da sela, busca o pouso para descansar os membros doridos da jornada, ao
encilhar a montaria, na manhã seguinte, para seguir viagem, encontrará muitas vezes, a crina do animal
emaranhadamente trançada.
Atribuirá por certo às artes do Saci, sem indagar de uma pequenina ave do sertão que revela o curioso
característico de, em procurando no dorso dos animais a alimentação que lhe é cara, carrapatos e outros
parasitas, nunca deixam sem antes trançá-las com o bico sedenho.
Os redemoinhos, fenômenos produzidos por desequilíbrio das atmosferas, verdadeiras trombas aéreas
que se formam vertiginosamente em espiral, carregando folhas secas, gravetos e areia em suas
passagens, esses fenômenos consoante à crença entre os caipiras, são produzidos pelo Saci, e se algum
dotado de verdadeira fé, lançar sobre a tromba um rosário de capim, aprisioná-lo-á, por certo, e se
conseguir o barrete, terá em prêmio a ventura que aspirar.
"Esta entidade matreira, traquina e das mais conhecidas é também objeto de incontáveis e controvertidas
interpretações, tendo atravessado uma sucessão de metamorfoses, sob a influência mística e
supersticiosa de índios (o nome é de origem tupi-guarani), negros, brancos e mestiços.
O Saci é apresentado até como filho do Curupira, numa fantástica concepção que, de alguma forma, pode
até adquirir certa coerência se tomarmos as variantes em que o Curupira e o Caipora são seres distintos,
sendo o segundo, numa delas, uma mulher unípede que anda aos saltos.
De acordo com a configuração mais popular, o Saci-Pererê é representado por um negrinho de uma
perna só que usa carapuça vermelha cujo poder mágico lhe confere a prerrogativa de ficar invisível e de
aparecer e desaparecer como fumaça. Ele se faz anunciar por um assobio estridente e adora fumar, aliás
essa é uma forte característica do Saci, visto que é difícil imaginá-lo sem seu cachimbo.
Ah!!, e o Saci também é daqueles fumantes que nunca trazem consigo fósforos ou isqueiros e, por isso,
sempre aterroriza os viajantes pedindo-lhes fogo."
Ou Batatá, Baitatá, Biatatá, Bitatá, Batatal... O nome é indígena e quer dizer "cobra de fogo". E é
justamente o que ela é. Contam que certa vez houve uma grande enchente e todos os bichos morreram,
menos a cobra.
Quando a água baixou, era tanta comida que ela até ficou fresca: só queria comer os olhos dos bichos,
porque eram mais molinhos (é meio nojento, mas a lenda é assim).
Foi comendo tanto olho, tanto olho, que sua pele ficou transparente e ela virou uma cobra de luz! Virou o
Boitatá. Dizem que o Boitatá persegue quem faz queimadas nas matas, e se você correr — babau! Lá vai
ela atrás.
O mais importante e talvez o mais conhecido folguedo do Nordeste, espalhado por todo o Brasil, vira aqui
brincadeira de roda.
Brincadeira de meninos, que forma uma roda tendo o boi no centro. O boi pode ser um simples arremedo
na cabeça do animal, manejado pelo menino no centro da roda.
Enquanto cantam, o boi pode, sem prévio aviso, arremeter contra os que formam a roda.
Canta o toureiro:
Meu boi é laranjo
E! boi...
E boi...
E! boi...
E! boi...
E! boi....
E! boi... etc.
Nesse ponto – E! boi... – é que o boi, no centro, levanta a cabeça e arremete contra os da roda. Os que
não são atacados incentivam o boi com gritos, risadas e apupos. depois, escolhido o novo boi, forma-se
de novo a roda e a brincadeira continua.
Fonte:
http://www.abrasoffa.org.br/folclore/danfesfol/boi.htm