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Pesquisa papo literário

Lendas indígenas e seus significados: Poliana


Existem muitas lendas indígenas. Essas histórias fazem parte da cultura de
povos de diversos lugares do mundo e ajudam a retratar histórias e crenças
desses povos ao longo dos séculos. As lendas indígenas brasileiras são muito
ricas em detalhes e muitas se confundem com crenças religiosas ou
acontecimentos da natureza. Algumas histórias surgem para explicar o
aparecimento de plantas, como a vitória-régia; outras falam sobre alimentos,
como a mandioca, e outras tantas ainda citam deuses e forças da natureza. É
comum ver também as histórias sendo utilizadas na educação de crianças, seja
por meio de lições de moral ou até do medo. Quase sempre, as lendas
retratam histórias de bravos guerreiros e guerreiras, histórias de coragem ou de
amizade e união. As lendas indígenas ainda ensinam a cuidar bem da
natureza, por exemplo. Várias histórias, como as do Saci-Pererê, do Curupira
ou da Caipora fala sobre forças que ajudam a proteger a fauna e a flora de
caçadores e pessoas mal-intencionadas.
Lenda do Saci Pererê: Muito esperto e travesso, ele aparece sempre às sextas-
feiras, à noite, pulando com uma perna só, mostrando seus olhinhos brilhantes
e os dentes pontiagudos. Usa uma camisa e uma carapuça vermelha na
cabeça e traz em uma das mãos um cachimbinho de barro. Sua tarefa é
carregar para uma mata muito distante crianças desobedientes e manhosas,
gorar ovos de ninhadas, queimar balões, azedar leite, fazer o milho de pipoca
virar piruá e atacar os viajantes, pedindo fumo e fogo. Se alguém recusa seu
pedido, ele faz cócegas na pessoa até ela morrer de tanto rir. Conta a lenda
que o saci vive até os 77 anos de idade e, então, transforma-se em um
cogumelo venenoso, embora outras versões falam que ele se transforma em
um cogumelo chamado orelha-de-pau. Os estudiosos não sabem quem foi o
autor dessa história, e podemos dizer que é impossível obter esse tipo de
informação. De toda forma, estudos realizados pelos folcloristas conseguiram
identificar que a lenda do saci surgiu na Região Sul do Brasil, no final do século
XVIII, na região habitada pelos índios guaranis. Essa lenda era conhecida entre
os índios guarani como Çaa cy perereg, sendo que Çaa Cy significa “olho mau”
e pérérég significa “saltitante”. À medida que a lenda do saci foi espalhando-se
pelo território brasileiro, ela foi incorporando elementos originários de outras
culturas. Além da cultura indígena, a lenda foi fortemente influenciada pela
cultura europeia e africana. A lenda do saci-pererê ficou nacionalmente famosa
por conta da influência de um escritor chamado Monteiro Lobato, que criou o
Sítio do Picapau Amarelo, obra literária infantil que fez bastante sucesso e que
incluiu histórias sobre o saci-pererê. Monteiro Lobato era um escritor pré-
modernista e seu entusiasmo pela valorização dos elementos nacionais
despertou seu interesse pelo folclore brasileiro. Por essa razão, ele publicou
um inquérito no jornal O Estado de São Paulo no qual convidava os leitores a
enviarem o que as pessoas tinham ouvido falar sobre o saci-pererê. Monteiro
Lobato recebeu inúmeras respostas, sobretudo, vindas de São Paulo e Minas
Gerais, e por meio delas organizou a lenda em um livro. Esse livro foi nomeado
como Sacy-Pererê: resultado de um inquérito e foi publicado em 1918 com
tiragem de dois mil volumes. Três anos depois, Monteiro Lobato adaptou a
lenda do saci para o público infantil e inseriu-o no Sítio do Picapau Amarelo,
uma das obras literárias infantis mais conhecidas do Brasil.
Significado:
Lenda da Iara: A Lenda da Iara, também conhecida como Lenda da Mãe
d’água, faz parte do folclore brasileiro. Trata-se de uma lenda folclórica de
origem indígena, oriunda da região amazônica. Apesar de ser originária dessa
região, a Lenda da Iara é conhecida em todo Brasil. Iara ou Yara, do indígena
Iuara, significa “aquela que mora nas águas”. É uma sereia (metade mulher,
metade peixe) que vive nas águas amazônicas. Muitas vezes, a figura de Iara é
confundida com o orixá africano Iemanjá, a rainha do mar. Com longos cabelos
pretos e olhos castanhos, a sereia Iara emite uma melodia que atrai os
homens, os quais ficam rendidos e hipnotizados com seu canto e sua voz doce.
Dependendo da região brasileira, a representação da índia pode diferir, por
exemplo, na cor dos olhos e dos seus cabelos, que ora são escuros, ora são
claros.
Reza a lenda que a Iara era uma corajosa guerreira dona de uma beleza
invejável. Por esse motivo, os irmãos sentiam inveja dela e resolvem matá-la.
Todavia, no momento do combate, pelo fato de possuir habilidades guerreiras,
Iara consegue inverter a situação e acaba matando seus irmãos. Diante disso,
com muito medo da punição de seu pai, o pajé da tribo, Iara resolve fugir, mas
seu pai consegue encontrá-la. Como castigo pela morte dos irmãos, ele resolve
lançá-la ao rio. Os peixes do rio resolvem salvar a bela jovem transformando-a
na sereia Iara. Desde então, Iara habita os rios amazônicos conquistando
homens e depois levando-os ao fundo do rio, os quais morrem afogados.
Acredita-se que se o homem consegue escapar dos encantos de Iara ele fica
louco, num estado de torpor e somente um pajé poderá curá-lo.
Significado:
Apresentar cultura indígena nos tempos atuais (mínimo duas tribos)
Kawahiva: Nicolle
Onde estão: Os Kawahiva são um pequeno grupo indígena que vive na
Amazônia brasileira. Eles são os sobreviventes de inúmeros ataques
genocidas. Atrocidades similares já aniquilaram diversas tribos da região no
século passado. Hoje os Kawahiva vivem em constante fuga de invasões feitas
por madeireiros, garimpeiros e fazendeiros. Eles correm grave perigo de serem
aniquilados se suas terras não forem protegidas pelas autoridades brasileiras.
Seu território, conhecido como Território Indígena Kawahiva do Rio Pardo, esta
localizado no Mato Grosso, onde taxas de desmatamento ilegal são as mais
altas já registradas na Amazônia brasileira. O Rio Pardo encontra-se dentro do
município de Colniza, uma das areas mais violentas do Brasil. 90% dos
proventos da cidade vem da extração ilegal de madeira. A condição dos
Kawahiva é tão alarmante que em 2005 um Procurador da República lançou a
primeira investigação brasileira pelo genocídio de uma tribo indígena isolada.
Vinte nove pessoas foram apontadas como suspeitas por envolvimento em
homicídio de Kawahiva, incluindo um ex-governador do Estado e um policial
que foram detidos porém liberados mais tarde. O caso estagnou por falta de
provas.
População total: Não encontrei.
História
Os Kawahiva são um povo nômade de caçadores-coletores. Além disso, muito
pouco se sabe sobre eles, por não terem contato pacifico com pessoas de fora.
Eles podem estar relacionados a uma tribo vizinha chamada Piripikura, pois
partilham uma língua semelhante, cortam o cabelo da mesma maneira e usam
o mesmo tipo de flechas para caçar peixes. Tribos vizinhas se referem a eles
como “cabeças vermelhas” e “baixinhos”. Os Kawahiva do Rio Pardo fazem
parte de um grupo maior que dividiu-se gradualmente a medida que invasores
ocuparam suas terras. É possível que muitos foram assassinados pelos
invasores ou pereceram por doenças como gripe e sarampo, por falta de
resistência. Um grupo de Kawahiva vem sendo monitorado pela Fundação
Nacional do Índio, a FUNAI, há 17 anos. Eles foram filmados em 2013 por um
agente da fundação. Adultos e crianças pareciam estar saudáveis. Pode ainda
haver outros grupos de Kawahiva isolados na floresta.
Modo de vida
Como todos os povos indígenas, os Kawahiva tiveram que reorganizar
radicalmente sua sociedade e se adaptar a mudanças causadas pela violência
e destruição de sua floresta. Antigas clareiras na floresta sugerem que várias
gerações atrás eles provavelmente cultivaram milho e mandioca, vivendo uma
vida mais estável. Porém nos ultimos 30 anos os Kawahiva foram forçados a
fugir de ondas de ataques e invasões, possivelmente se tornando nômades a
fim de sobreviver. A última roça no seu território foi encontrada quando uma
nova estrada atravessou a região mais de três decadas atrás. Assim, os
Kawahiva foram forçados a adotar um estilo de vida nômade. Eles montam
acampamentos temporários onde permanecem por vários dias, ate serem
forçados a se deslocar para escapar de invasores. Eles caçam queixadas,
macacos e aves e pescam nos riachos em sua terra. Eles coletam frutas, nozes
e bagas na floresta. Agentes da FUNAI que monitoram o território do Rio Pardo
encontraram artefatos que dão algumas dicas sobre a vida diária dos
Kawahiva. Arcos, flechas e restos de comida são provas da importância da
caça de animais selvagens para a tribo. Um acampamento com grandes
montes de castanha do pará enterrados no solo foi descoberto. Eles
possivelmente têm animais de estimação pois pequenas gaiolas para periquitos
foram encontradas, assim como penas. Os Kawahiva constroem escadas em
cima de árvores para coletar mel de ninhos de abelhas e para pescar peixes
nos riachos próximos a seus acampamentos. Uma descoberta incomum foi as
cercas feitas de ramos de palmeiras que cercam seus acampamentos. Estas
podem servir como proteção contra animais selvagens ou para desencorajar a
entrada de invasores.
Cultura dos Kawahiva (não encontrei)

Yanomami: Bianca
Onde estão: Norte da Amazônia, situados em ambos os lados da fronteira
Brasil-Venezuela na região do interflúvio Orinoco - Amazonas (afluentes da
margem direita do rio Branco e esquerda do rio Negro).
População total: Cerca de 38.000 indígenas.
História
Como a maioria dos povos indígenas do continente, os Yanomami
provavelmente migraram pelo Estreito de Bering entre a Ásia e a América cerca
de 15.000 anos atrás, seguindo lentamente para a América do Sul. Com mais
de 9,6 milhões de hectares, o território Yanomami no Brasil é o dobro do
tamanho da Suíça. Na Venezuela, os Yanomami vivem na Reserva da Biosfera
Alto Orinoco-Casiquiare, de 8,2 milhões de hectares. Juntas, essas regiões
formam o maior território indígena coberto por floresta de todo o mundo. Os
Yanomami primeiramente entraram em contato direto com invasores na década
de 1940 quando o governo brasileiro enviou equipes para delimitar a fronteira
com a Venezuela. No início dos anos 70, o governo militar decidiu construir
uma estrada cortando a Amazônia ao longo da fronteira norte. Sem aviso
prévio, tratores percorreram a comunidade Yanomami de Opiktheri. Duas
aldeias inteiras desapareceram em decorrência das doenças trazidas pelos
invasores. Os Yanomami continuam a sofrer com os impactos devastadores e
duradouros da estrada que trouxe colonos, doenças e o álcool. Hoje, os
fazendeiros de gado e os colonos usam a estrada como um ponto de acesso
para invadir e desmatar a terra Yanomami.
Modo de vida
Os Yanomami vivem em grandes casas comunais circulares chamadas de
“yanos” ou “shabonos”. Algumas podem acomodar até 400 pessoas. A área
central é utilizada para atividades tais como rituais, festas e jogos. Cada família
tem sua própria fogueira onde o alimento é preparado e cozido durante o dia. À
noite, as redes são penduradas próximas ao fogo, que é alimentado durante
toda a noite para manter uma boa temperatura. Os Yanomami acreditam
fortemente na igualdade entre as pessoas. Cada comunidade é independente
das outras e eles não reconhecem “chefes”. As decisões são tomadas por
consenso, frequentemente após longos debates, onde todos têm o direito à
palavra. Como a maioria dos povos amazônicos, as tarefas são divididas de
acordo com o gênero. Os homens caçam animais e as mulheres são
encarregadas das roças onde cultivam cerca de 60 culturas que correspondem
a cerca de 80% dos seus alimentos. Elas também colhem nozes, mariscos e
larvas de insetos. O mel selvagem também é muito valorizado e os Yanomami
colhem 15 tipos diferentes. Embora as caças equivalham a apenas 10% dos
alimentos dos Yanomami, a sua prática entre os homens é considerada a mais
prestigiada das habilidades e a carne é muito valorizada por todos. Nenhum
caçador come a carne que matou. Em vez disso, ele a compartilha entre
amigos e familiares. Em troca, ele receberá a carne de outro caçador. Os
Yanomami têm um enorme conhecimento botânico e utilizam cerca de 500
plantas como alimentos, remédios, para a construção de casas e de outros
artefatos. Eles se sustentam em parte pela caça, coleta e pesca, mas as roças
também são cultivadas em roças amplas localizadas na floresta. Como o solo
amazônico não é muito fértil, um novo jardim é criado a cada dois ou três anos.
Xamanismo e festas
‘Você vê as coisas, você sonha, você conhece o xapiripë [espíritos]. Os xamãs
podem curar as doenças da floresta.’ – Davi Kopenawa sobre o xamanismo
O mundo espiritual é uma parte fundamental da vida dos Yanomami. Toda
criatura, pedra, árvore e montanha tem um espírito. Às vezes estes são
malevolentes; eles atacam os Yanomami e acredita-se que causam doenças.
Os xamãs controlam esses espíritos inalando um rapé alucinógeno chamado
yakoana. Através de suas visões e em um estado de transe, eles encontram os
espíritos ou xapiripë.
O xamã Davi Kopenawa explica:
‘Só quem conhece os xapiripë pode vê-los porque são muito pequenos e
brilhantes como a luz. Há muitos, muitos xapiripë, milhares de xapiripë como
estrelas. Eles são bonitos e decorados com penas de papagaio e pintados com
urucum e outros têm oraikok, outros usam brincos e tintura preta e dançam
muito bonito e cantam de forma diferente.’
Visitas entre as comunidades são frequentes. Cerimônias são realizadas para
marcar os eventos, tais como a colheita do fruto da pupunheira e o reahu (festa
de funeral), que celebra a morte de um indivíduo.

Pataxó: Cecília
Onde estão: Os Pataxó vivem em diversas aldeias no extremo sul do Estado da
Bahia e norte de Minas Gerais. (Os pataxós vivem atualmente na área em que
os primeiros portugueses chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral.
Pertencem à família linguística macro-jê e moram em áreas indígenas
localizadas nos municípios de Porto Seguro e de Santa Cruz de Cabrália, no
sul da Bahia.)
População total: Cerca de 12.326 indígenas.
"Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas pedras, e indo embora para o
rio e o mar.”
Kanátyo Pataxó, Txopai e Itôhâ, 1997
História:
Como aconteceu com grande parte dos povos indígenas do Brasil, os pataxós
foram expulsos de suas terras no interior, em épocas distintas, por motivos
variados, mas principalmente por causa da colonização e da exploração
econômica das áreas por eles ocupadas. Como são seminômades, durante
muitos anos conseguiram resistir aos constantes ataques às suas terras,
porque, logo que percebiam o perigo, fugiam e se mudavam para uma área
mais segura. Embora fossem obrigados a fazer isso muitas vezes, os pataxós
conservavam seus costumes, por isso não se sentiam desenraizados. No
século XIX, entretanto, as táticas utilizadas pelos exploradores para se
apoderar das terras indígenas foram se tornando muito mais cruéis e violentas.
Muitos índios foram mortos por doenças dos homens brancos. Para disseminar
a varíola e a hanseníase entre os índios, os exploradores espalhavam roupas
contaminadas ou deixavam nas matas corpos de pessoas que tinham morrido
dessas doenças. Em 1805, os pataxós passaram a se concentrar numa área
perto do monte Pascoal (aquele que foi avistado pela esquadra de Pedro
Álvares Cabral ao se aproximar das terras brasileiras). Em 1861, viviam numa
aldeia chamada Barra Velha, junto com índios de outras etnias: botocudos,
maxacalis e camacãs.
Modo de vida
Os habitantes praticam pesca e agricultura de subsistência, além de cultivar
cacau e criar gado para gerar renda. Há também a venda de artesanato
indígena e investimentos no etno-turismo, como já descrito. Alguns Pataxós
prestam serviços de hotelaria e aluguel de barracas em Porto Seguro. O
modelo de divisão de trabalhos geralmente confere aos homens as atividades
braçais, de pesca e de sustento, e às mulheres o cuidado das crianças e dos
afazeres domésticos. Porém, estes papéis podem mudar: algumas aldeias
mais próximas às cidades adotaram vivências com mais liberdade nas
atividades, onde os trabalhos são divididos igualmente entre os gêneros. A
tradição Pataxó é também igualitária: homens e mulheres são capazes de
assumir cargos de liderança.Na aldeia Coroa Vermelha, os Jogos Indígenas
são realizados anualmente, onde muitas comunidades indígenas reúnem-se
para celebrar a cultura Pataxó e transmiti-la às próximas gerações. Há disputas
de cabo de guerra, disparo de zarabatana, arremesso de takape, entre outras
atividades. Em cada uma das comunidades Pataxós na Bahia, existe pelo
menos uma escola. Os professores resgatam a cultura indígena nas escolas,
ensinando o Patxôhã além do português, e dando espaço à tradição Pataxó em
aulas de geografia, história e matemática. Frequentemente, as crianças
estudam na aldeia até o quinto ano do ensino fundamental, e depois concluem
o ensino fundamental e médio nas escolas do município, podendo depois partir
para faculdades normalmente.
Os Pataxós costumam ter grandes famílias, chegando a dez ou mais filhos. É
costumeiro que cada família trabalhe para seu próprio sustento, sem deixar de
manter o contato com pais e parentes. Os indígenas fazem política: o cacique,
principal líder, aliado aos conselheiros e outros cargos de liderança,
responsabilizam-se por cuidar de questões comuns a todos, sanando
necessidades da comunidade. Não há ‘mandatos’, pois o cargo de cacique
depende inteiramente da satisfação da comunidade com o eleito. Em último
caso, os índios se reúnem para eleger um cacique novo caso estejam
insatisfeitos. Por não adotar formas de governo arbitrárias e burocráticas, a
sociedade Pataxó não é homogênea. Existem grupos concorrentes e grupos
que convergem uns com os outros. É possível aprender muito com a cultura
Pataxó, desde o respeito à tradição até a organização governamental
totalmente voluntária, comum e livre. O senso de comunidade é forte e, em
muitos aspectos, proporciona uma vida muito mais pautada em união do que o
costumeiro caos individualista da hierarquia urbana. Nobre é a luta dos índios
Pataxós por direitos, por reconhecimento e pela sobrevivência de sua cultura.
A cultura Pataxó
Canto e dança: O Awê significa o amor, a união e a espiritualidade com a
natureza. A dança e o canto são instrumentos de comunhão entre os pataxós e
a natureza. Através do canto e da dança, o povo adquire energias da terra, do
ar, da água, do fogo e de todas as energias positivas que formam a natureza.
Pintura: A pintura corporal é um bem cultural de grande valor. Representa parte
da história do povo, sentimentos do cotidiano e os bens sagrados. A pintura
corporal é usada em festas tradicionais na aldeia como em ritos de casamento,
nascimento, comemorações, dança, luta, sedução, luto, proteção. Há pintura
para rosto, braço, costas e pernas. As pinturas são específicas para homens e
mulheres casados e solteiros. As pinturas têm diversidade de tamanho e
significados.
Alimentação: A base é a pesca, frutos e raízes. A mandioca, sem dúvida, é o
alimento preferido. É dela que os pataxós fazem a bebida sagrada conhecida
como kawi, o makaiaba (o beiju) e kuiuna (farinha). Inhame, batata, amendoim,
taioba etc também são cultivadas. Um outro alimento muito apreciado é o peixe
preparado na folha da patioba, pois ele é um alimento saudável que
rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.
Artesanato: O artesanato é feito a partir de tudo aquilo que a natureza oferece,
como madeiras, sementes, palhas, cipós, argila, penas, bambu etc. Alguns
artesanatos são feitos de barro, como o pote, a talha e a panela. Outros são
feitos de cipó, como o caçuar e o cesto. E ainda há aqueles feitos com uruba,
como a peneira e o leque. Alguns artesanatos estão relacionados à proteção
espiritual como, por exemplo, o colar de Tento.
Plantas medicinais: O conhecimento de várias plantas, raízes, cipós, folhas,
sementes, casca de madeiras, resinas etc. permite que os pataxós
desenvolvam a medicina baseada em plantas. A resina da amesca, por
exemplo, serve para purificar o ambiente, fortalecer o espírito e também para
afastar as coisas negativas do corpo.
Relevância de estudarmos a cultura indígena: Demetrius e Kawan
Estudar sobre a cultura indígena é uma excelente forma de observar vários
povos e grupos étnicos diferentes, bem como as tradições de cada um e suas
visões sobre o mundo. A cultura indígena possui importância fundamental na
construção da identidade nacional brasileira. Ela está presente em elementos
da dança, festas populares, culinária e, principalmente, na língua portuguesa
falada no Brasil, que é fruto do processo de aculturação entre povos indígenas,
negros e europeus. É importante salientar que, antropologicamente, é
impossível falar em cultura indígena no singular, já que não existe e nunca
existiu homogeneidade entre as comunidades tradicionais indígenas existentes
no país. Pelo contrário, a diversidade se manifesta na pluralidade de povos,
línguas e costumes que elas possuem. Apesar da grande contribuição que a
cultura indígena deu para a formação da cultura brasileira, é importante
ressaltar que esse processo não se deu sem que houvessem muitas perdas. A
partir do encontro colonial com os portugueses, muitas comunidades indígenas
foram dizimadas e, com elas, as línguas, culturas, cosmologias e saberes que
possuíam. De acordo com dados do Censo 2010, atualmente, existem cerca de
800 mil indígenas no país, o equivalente a 0,4% da população nacional. Esse
número chegava a cinco milhões antes da chegada dos colonizadores ao
Brasil. Dados da Fundação Nacional do Índio (Funai) dão conta da existência
de 225 povos indígenas e, pelo menos, 70 tribos que vivem em locais
totalmente isolados. Mas apesar da grande diversidade existente, é possível
encontrar pontos de conexão na cultura indígena resguardada por todos esses
povos. O principal deles é a relação de respeito e cuidado com a natureza, de
onde, orginalmente, retiravam o sustento, abrigo e proteção.
Mesmo depois da Lei 11.465/08 de 2008, que tornou obrigatório o estudo da
história e cultura afro-brasileira e indígena na escola, o estudo da cultura e da
literatura produzida por autores indígenas ainda caminha a passos lentos no
Brasil. Da mesma forma, o conteúdo sobre os povos tradicionais estudado nas
escolas sempre foi insuficiente – segundo estudos, os indígenas habitavam a
América do Sul há mais de mil anos antes da chegada dos conquistadores,
dado que pouca gente conhece. A celebração das culturas originárias segue
relegadas a uma espécie de festa à fantasia no mês de abril, com crianças com
o rosto pintado e cocares confeccionados em cartolina e penas imitando o que,
dentro do imaginário coletivo, é o índio brasileiro. Nós viemos de um histórico
escolar e cultural que via os povos indígenas como inferiores, como pessoas
com menor autonomia e, consequentemente, menos capazes que o restante
da sociedade brasileira. Tanto é que apenas a partir da Constituição de 1988
que o indígena adquire direitos mais próximos aos de um cidadão brasileiro de
outras etnias. Nossa dívida cultural com os povos indígenas é longa.
Infelizmente, muitos de nós ainda não reconhecem esse fato ao tornar
obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena na escola, a
lei acabou impulsionando imensamente a oportunidade de publicação de
autores literários indígenas. Hoje, é muito mais fácil encontrar obras literárias
indígenas escritas em português ou em edições bilíngues (em português e em
um idioma indígena). Diversos autores têm ganhado destaque no mercado
editorial: Daniel Munduruku, Eliane Potiguar, Yguarê Yamã, Olívio Jekupé,
Carlos Tiago Haki’y, entre outros. Primeiro, é importante que percebamos que,
além de serem nossos antepassados, os indígenas também fazem parte do
presente. Eles continuam aqui, fazem parte da sociedade brasileira, devem ser
respeitados e valorizados assim como toda a sociedade. Conhecer é o primeiro
passo para respeitar, para valorizar e para se permitir aprender com visões de
mundo, de tempo e espaço bastante distintas do pensamento ocidental
tradicional.

Referências:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/lendas-indigenas
http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2012/03/mitos-e-lendas-da-
cultura-indigena.html
https://mundoeducacao.uol.com.br/folclore/saci-perere.htm#:~:text=O%20saci
%2Dperer%C3%AA%20%C3%A9%20um%20ser%20m%C3%ADtico%20que
%20faz%20parte,as%20pessoas%20por%20onde%20passa.
https://www.todamateria.com.br/lenda-da-iara/
https://survivalbrasil.org/povos/yanomami
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/antropologia/cultura-indigena
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/cultura-indigena/#:~:text=Estudar
%20sobre%20a%20cultura%20ind%C3%ADgena,suas%20vis%C3%B5es
%20sobre%20o%20mundo.&text=Por%20isso%2C%20%C3%A9%20essencial
%20estudar,ainda%20influencia%20nossa%20vida%20cotidiana.
https://blog.institutosingularidades.edu.br/a-importancia-de-se-estudar-a-
cultura-e-a-literatura-indigena/#:~:text=%E2%80%8BPrimeiro%2C
%20%C3%A9%20importante%20que,assim%20como%20toda%20a
%20sociedade
Como vivem os índios Pataxós nos dias de hoje - Terravista Brasil
pataxó | Britannica Escola
Rede Globo > globo ecologia - Conheça a história dos índios pataxó
Os Últimos Kawahiva - Survival International (survivalbrasil.org)

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