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Povos Karo Arara

Os Arara Karo vivem em duas aldeias, Iterap e Paygap, ambas localizadas na parte sul da
Terra Indígena Igarapé de Lourdes, em Rondônia. A área tem aproximadamente 190.000 Km2
de extensão e cerca de 1/3 dela “pertence” aos Arara, sendo o restante destinado aos Gavião.
Dois terços dos Arara habitam a primeira aldeia, e o restante habita a segunda. Na mesma
Terra Indígena moram os índios Gavião, seus tradicionais inimigos. Os Arara foram contactados
no final dos anos 1940, quando centenas deles morreram de doenças contagiosas e os
sobreviventes foram morar nos seringais da região. Isso fez com que os Arara se engajassem
totalmente no modo de vida não indígena, mas seus pajés ainda são (re)conhecidos por todos
os índios das regiões vizinhas como muito poderosos.

Apesar de manterem algum tipo de contato com a população envolvente desde os anos
1920, os Arara foram contatados pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) somente no
final da década de 40. O contato foi fulminante para as comunidades Arara. Centenas de índios
morreram por doenças levadas por não-índios (principalmente pneumonia, gripe e sarampo), e
os poucos que sobraram foram trabalhar em seringais da região, junto à população não-índia.

Foi somente no final da década de 60 que um funcionário do SPI, supostamente o chefe


do Posto Indígena Lourdes, Sr. Brígido, conseguiu reagrupar os Arara, que passaram então a
viver junto aos Gavião. Após muitos desentendimentos, em meados dos anos 80 os Arara
resolveram fundar sua própria aldeia, próxima ao Igarapé da Prainha, a cerca de 5 Km de sua
desembocadura no Rio Machado. Logo obtiveram da Funai o reconhecimento da aldeia, sendo
então criado o Posto Indígena Iterap.

Falando agora sobre crianças Karo arara, vale ressaltar que as mesmas estão sempre
próximos dos pais ou mães. A criança normalmente é amamentada por sua mãe até dois anos
ou mais. Elas podem sair com as amigas e os amigos para brincar pela aldeia e no igarapé.

Porém desde de cedo as mesmas aprendem terem suas obrigações, ajudando o pai e a mãe
nas atividades. A filha acompanha a mãe ao cozinhar, lavar roupa, limpar a casa, fazer
artesanato, ir para o roçado e cuidar das crianças mais novas. Já o menino vai junto com o pai
na caça e na pesca e também auxilia no cuidado das crianças mais novas. Com relação a
educação, em cada aldeia existem escolas com professores e professoras que ensinam a ler e
escrever na língua materna, já o português é a segunda língua falada e só é usada para se
comunicar com pessoas de fora da comunidade.

Povos Apurinã

Dispersos em locais próximos às margens do Purus, os Apurinã compartilham um rico


complexo cosmológico e ritual. Sua história é fortemente marcada pela violência dos dois ciclos
da borracha na região amazônica. Hoje lutam pelos direitos a algumas de suas terras que ainda
não foram reconhecidas e que são recorrentemente invadidas por madeireiros.

Os Apurinã vivem em diversas Terras Indígenas, sendo duas com os Paumari do Lago Paricá
e Paumari do Lago Marahã, e uma com os índios Torá, na terra de mesmo nome. O território
habitado pelos Apurinã, no século XIX, era o médio rio Purus – do rio Sepatini ou do rio Paciá
ao Laco. Mas os Apurinã são um povo tradicionalmente migrante e, hoje, seu território se
estende ao baixo rio Purus, até Rondônia. Há áreas Apurinã nos municípios Boca do Acre,
Pauini, Lábrea, Tapauá, Manacapuru, Beruri, Manaquiri, Manicoré (este último na TI Torá),
todas no estado do Amazonas, além de índios Apurinã morando em várias cidades do país, e
uma aldeia na Terra Indígena Roosevelt, dos índios Cinta larga, com quem alguns são casados.

Na região do município de Boca do Acre, há quatro comunidades Apurinã, sendo três


próximas à BR-317: a comunidade do Km 124 e a comunidade do KM 137, ambas na Terra
Indígena BR-317, a comunidade do Km 45 na TI Boca do Acre, e a comunidade Camicuã na TI
de mesmo nome, localizada bem próxima do município.

Segundo Leôncio, cacique da comunidade do Km 124, as três comunidades, hoje localizadas


na beira da estrada, originaram-se de três sobreviventes de um surto de sarampo, que dizimou
a maloca existente na região. A sua mãe, Kamapã, foi uma das sobreviventes, e seu nome foi
dado à atual aldeia do Km 124. Maen, outra sobrevivente, dá o nome à aldeia dos seus
descendentes, na comunidade do km 137.

É difícil estimar o número de índios Apurinã, e mesmo tratar deles de maneira genérica,
porque estão muito espalhados. Segundo a Fundação Nacional da Saúde, os Apurinã somavam,
em novembro em 2003, 4.057 indivíduos. Em 1996, só na região de Pauini havia nas Terras
reconhecidas 1.114 habitantes (Relatório de Saúde/UNI) e cerca de 280 pessoas em terras a
reconhecer (Tis Garaperi/Santa Vitória/Lago da Vitória/Capira, Baixo Seruini, Baixo Tumiã,
Sãkoã/Santa Vitória e Mamoriá).

Deve-se considerar, ainda, que muitos Apurinã moram fora das áreas reconhecidas, em
comunidades ribeirinhas ou em cidades – Pauini, Lábrea, Tapauá, Rio Branco e Manaus são
freqüentemente citadas –, e que muitos migraram para locais distantes como Rondônia e até
Rio de Janeiro ou Minas Gerais.

Os Apurinã tiveram contato sistemático com não-índios no contexto da exploração da


borracha. No século XVIII, o rio Purus começou a ser explorado por comerciantes itinerantes,
na busca das chamadas “drogas do sertão”: cacau, copaíba, manteiga de tartaruga e borracha.
Alguns destes itinerantes se estabeleceram e começou a haver, então, benfeitorias para
exploração, ainda no baixo Purus. Nas décadas de 50 e 60 do século XIX houve várias
expedições para reconhecer e mapear o rio: nesta época, segundo os relatos, alguns Apurinã já
trabalhavam para os não-índios.

O rio Purus foi povoado por causa da borracha. A exploração começou na década de 1870
e, em 1880, o Purus já estava todo povoado de não-índios. A borracha decaiu na década de
1910, quando começou a produção asiática, com a qual a brasileira não conseguiu competir.
Sem o mercado, os seringais foram abandonados pelos patrões. Os seringueiros e índios
permaneceram, voltaram a produzir para a subsistência (isso, muitas vezes, era proibido nos
seringais) e a vender outros produtos, como a castanha.

Os Apurinã tiveram inserções diferentes nos seringais: grupos inteiros foram mortos, alguns
vendiam seus produtos, outros trabalharam como seringueiros; alguns trabalharam desde o
princípio, outros tiveram contato com não-índios somente na época dos “soldados da
borracha”. As histórias Apurinã falam de massacres, torturas, da experiência de terem sido
escravos, das relações pessoais, de compadrio, das batalhas e guerras pela terra. Após a queda
da borracha, nenhum produto a substituiu com a mesma importância e nenhuma outra
estrutura de produção se estabeleceu com igual força na região.
Ainda falando sobre a sua ocupação e resistência vale ressaltar que o povo Apurinã passaram
por um longo processo de resistência e lutas antes habitando no médio rio purus, mas devido o
processo de migração, veio ocupar a parte baixa do rio Purus, no sudoeste do estado do
Amazonas e nos estados do Acre e Rondônia. Entre 1870 e 1880 a povoação não indígena na
área Apurinã trouxe junto um forte prolongado processo de mudanças culturais, vindo a ser
confundidos com seringueiros. Já em 1970 com a exploração da madeira trouxe outros
prejuízos ao povos originários, devido à instalação de empresas madeireiras e agropastoris.
Desde então, os Apurinã reivindicam a demarcação de suas terras tradicionais.

Entrando no âmbito cultural dos Apurinã, os mesmo tem uma cultura bastante diversificada.
As crianças, estão sempre perto de seus familiares. No contato com as pessoas adultas, elas
aprendem a cultura de seu povo. Os meninos acompanham seus pais, tios irmãos mais velhos e
avôs nos roçados, nas coletas de frutas, na pesca, na caça, nas casas de farinha e nas colheitas
como de feijão, melancia e macaxeira. Já as meninas, acompanham suas mães, tias, irmãs e
avós nos afazeres domésticos e também vão para os roçados, para a coleta de frutas, cuidam
das crianças mais novas e acompanham as mulheres mais velhas no preparo da cerâmica.

Falando agora sobre educação, mas escolas Apurinã, os professores são do próprio povo.
Assim, para trabalhar com as crianças, eles devem aprender sua língua materna.

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