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OS AMERÍNDIOS HISTÓRICOS
FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1993. Página 1
ÍNDIOS – RIO GRANDE DO SUL
lugares das aldeias que lhe eram subordinadas. Só o chefe principal tinha direito de
possuir várias mulheres, dispondo delas para troca de objetos, mas sempre ficando com
os filhos. Se o chefe principal brigasse com outro subordinado, iria perseguir os
dissidentes até o extermínio. Só restava ao grupo dissidente viver se escondendo e
correndo pelas matas.
Os jês foram destruídos pelas epidemias de origem européia e africana, bem
como pela ação dos bandeirantes e bugreiros nos séculos XVII e XVIII. Os bugreiros
profissionais que recebiam pagamento por índio morto, provocando o vazio
demográfico nas trilhas das tropas de gado.
Levas de indígenas, corridos pelos cafeicultores de São Paulo, chegaram ao
Rio Grande do Sul no século passado. Novamente foram destruídos pelos brancos, que
contrataram bugreiros e dividiram suas terras, entregando-as aos imigrantes europeus.
Em 1882, Telêmaco Morocines Borba reuniu os sobreviventes, dando-lhes o nome de
caingangues.
Os pampianos
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Os guaranis
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Criam que existia um paraíso na terra, o yvi-maray, a terra sem males. A terra
era imperfeita e novamente seria destruída pelo fogo e pelo dilúvio, salvando-se apenas
o yvi-maray. Os guaranis migravam constantemente em busca desta terra perfeita.
Sua teogonia compunha-se de Monan, o Deus criador e pai de Mafra-monan,
que os homens queimaram numa fogueira e de sua cabeça saiu o trovão (Tupã), que por
vingança queimou com o fogo o céu a terra imperfeita, salvando-se apenas Irin-majé é a
chuva, filho de Monan que fertiliza a terra.O duplo de Monan é Sumé, o civilizador que
ensinou a agricultura. Na segunda versão, Sumé é filho de Irin-majé.
De Sumé nasceram os gêmeos Temendonaré, que deu os nomes as coisas que
Monan criou fazendo com que elas passassem a ser, e Aricoute ciumento que mandou o
dilúvio. Temendonaré ensinou os homens a sobreviverem na grande enchente,
refugiados em cima de palmeiras.
Acreditavam no Curupira, ente fantástico com os pés para trás, que habitava as
matas e fazia os homens se perderem. O Caapora (caipora), pequeno e triste, trazia a
infelicidade para quem o visse. A Uiara (iara), ente feminino, atraía o índio para o
fundo do rio. O Yurupari (jurupari) era o espírito do mal, o demônio.
Os guaranis históricos desapareceram lentamente do Rio Grande do Sul, pelos
ataques dos bandeirantes, pela guerra guaranítica, pela escravidão imposta pelo governo
militar espanhol nas reduções depois da expulsão dos jesuítas, pelo recrutamento militar
e pela mestiçagem das mulheres com os homens brancos.
Os guaranis, existentes atualmente no Rio Grande do Sul, chegaram em fins do
século passado, corridos pelos cafeicultores e pelas frentes de colonização em Paraná e
Santa Catarina. Alguns grupos menores são oriundos do Paraguai.
Segundo o adelantado Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, desde a fundação de
Assunção, no Paraguai, os guaranis forneceram alimentos e suas mulheres aos
espanhóis porque queriam aliados fortes para combater seus inimigos. Os guaranis eram
inimigos de outras parcialidades indígenas por causa de seu ritual antropofágico. O fato
de a economia dos guaranis ser principalmente agrícola facilitou aos padres
missionários reuni-los em reduções para a evangelização.
Na linguagem coloquial do Rio Grande do Sul há vários termos de origem
guarani: aguapé, araçá, araponga, aroeira, biboca, biriva, boçoroca, bocó, caboclo,
capão, capim, capivara, capoeira, chê, cutucar, cipó, cuia, goiaba, gravatá, guaraxaim,
guri, jacaré, jaguar, jararaca, jirau, joá, lambari, mambira, maricá, micuim, perereca,
perau, peteca, piá, pitanga, tapera, taquara, tatu, tiririca e urubu. Outra herança guarani é
o uso da erva mate (caá-iari) na forma de chimarrão (caá-iró). Se examinarmos os
mapas do Paraguai, Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul veremos que predominam
topônimos guaranis: Taquari, Jacuí, Itacolomi, Itapuã, Paraná, Jaguarí.
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