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05/08/2019 A imigração alemã no Rio Grande do Sul – Isabel Cristina Arendt / Marcos Antônio Witt / Günter Weimer

ISABEL CRISTINA ARENDT / MARCOS ANTÔNIO WITT / GÜNTER WEIMER


A imigração alemã no Rio Grande do Sul
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Sul%20http://goo.gl/AguOxM)

Panorama da cidade de Ijuí, sem data. Acervo Museu Histórico Visconde de São Leopoldo

O
s primeiros imigrantes alemães chegaram ao Rio Grande do Sul
em 1824, vindos de diversas regiões da Alemanha. Instalados na
colônia São Leopoldo, às margens do Rio dos Sinos, próximo à
capital da província, Porto Alegre, o grupo era formado por agricultores,
artesãos e soldados. Esta composição estava estreitamente relacionada aos
objetivos traçados pelo Império brasileiro quanto à imigração de europeus:
criar e dinamizar um mercado interno; contrabalançar o poder dos
grandes proprietários rurais; incentivar o desenvolvimento de pequenas
manufaturas, que deveriam se transformar em médias e grandes
indústrias; substituir, aos poucos, a mão-de-obra escrava africana; e
fornecer homens para lutar nas guerras que o Brasil travou ao longo do
século XIX.

Parte da historiografia que se dedicou ao tema da imigração cristalizou a


ideia de que a grande maioria dos imigrantes era formada por agricultores.
Mas sabemos que em São Leopoldo, entre 1824 e 1845, 60% dos homens
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eram artesãos, da área metalúrgica, da produção têxtil, do comércio, etc.


Deste artesanato surgiram pequenas, médias e grandes indústrias.
Sobrenomes como Adams, Arnt, Dreher, Gerdau, Mentz, Oderich, Renner,
Ritter, Trein, entre outros, despontaram no cenário econômico brasileiro.
Assim, é possível perceber que o artesanato, trazido por imigrantes
alemães e perpetuado por seus descendentes, floresceu e permitiu que
algumas famílias fundassem indústrias.

Novo Hamburgo, por exemplo, cidade próxima a Porto Alegre, ostenta o


título de “capital nacional do calçado” e possui um museu específico, o
Museu do Calçado, para contar a saga dos primeiros imigrantes alemães
que se dedicaram ao manuseio do couro. Daí derivou o trabalho 137
artesanal que produzia botas, chinelos e selas para montaria. As sapatarias
e pequenas manufaturas, empregando mestres e aprendizes, acabaram se
transformando nas incipientes indústrias do ramo coureiro-calçadista que
se espalharam pela cidade. Parte do século XIX e do XX foram
testemunhas do enriquecimento de famílias que investiram em curtumes
e/ ou fábricas que transformavam o couro em sapatos e bolsas, vendidos
tanto para o mercado interno quanto para o exterior. Novo Hamburgo tem
sua origem nos empreendimentos de artesãos do século XIX.

Em 1827, três anos depois do início do movimento imigratório, Carl Seidler


assinalou que “aqui (em Porto Alegre) existiam... operários alemães, como
marceneiros, alfaiates e sapateiros, em grande número, e todos
prosperavam, pois de bom grado pagava-se a um operário alemão o dobro
do que se pagava a um nacional”. Trinta anos mais tarde (em 1857), Carlos
Jansen publicou uma preciosa Folhinha Rio-Grandense na qual fez um
levantamento bastante acurado das atividades dos moradores de Porto
Alegre. Com base nestes dados avaliamos que o contingente teuto da
população desta cidade deveria se aproximar de 15% de seus habitantes,
dos quais 67% eram artesãos, 20% comerciantes e os restantes 13% eram
profissionais liberais. Portanto, o grupo dos imigrantes era bastante
heterogêneo, sendo que apenas os comerciantes mais bem sucedidos
abriram estabelecimentos na rua principal da cidade.

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O relativo enriquecimento das colônias “alemãs” fez surgir uma atividade


que seria de fundamental importância no desenvolvimento econômico
estadual: o caixeiro viajante. Como representantes dos principais
empórios urbanos de importação e exportação, tiveram um papel decisivo
na atualização dos métodos produtivos e na elevação do nível cultural nas
colônias. Esta interação mostrou o quanto esses profissionais estavam a
par das necessidades dos agricultores.

Até hoje, o Estado do Rio Grande do Sul é sinônimo da imigração alemã e


italiana. Os primeiros jornais e almanaques, como por exemplo, o jornal
Der Colonist, de 1852, de Porto Alegre, e o primeiro almanaque, Koseritz´
Deutscher Volkskalender für Brasilien, de 1874 foram publicados no Rio
Grande do Sul. Além disso, surgiu a necessidade da fundação de escolas
alemãs. Em 1850, existiam 24 escolas. Na maioria eram escolas pequenas
com um professor só e vinculadas à igreja católica/jesuíta ou luterana. Por
causa das escolas alemãs também cresceu o mercado de editoração de
livros escolares, como, por exemplo, a editora mais famosa e ainda
existente, Rotermund, fundada em 1877. Os imigrantes organizaram sua
própria vida religiosa e construíram os seus templos (inicialmente as
escolas serviram como capelas) e cemitérios. Foi também no Rio Grande
do Sul que começou a vida social e comunitária dos imigrantes alemães
com a fundação de associações, clubes e sociedades de uma abrangente
variedade: desde o esporte, passando pela ajuda social até o divertimento,
o lazer, a cultura e a recreação. Assim, as festas típicas alemãs como Kerb e
Oktoberfest, tiveram continuidade até hoje no sul e no sudeste do Brasil.

Autores e Autoras (/autores.php)

Sumário
Um país desconhecido (/buch/Um-pais-desconhecido.php)
Portas abertas para viajantes e imigrantes (/buch/Portas-abertas-para-viajantes-e-imigrantes.php)
Entre o Império e a República (/buch/Entre-o-imperio-e-a-republica.php)

Ficha Técnica (/fichatecnica.php)

Editora Brasileira de Arte e Cultura (http://www.editorabrasileira.com.br) ()

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Instituto Martius-Staden (/martiusstadenPt.php)


Goethe-Institut São Paulo (http://www.goethe.de/ins/br/sap/ptindex.htm?wt_sc=saopaulo.)

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