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Dinâmica e estrutura da população brasileira

Entenda as diferenças entre Migração x Imigração, e aprenda quais são os elementos da Dinâmica
Populacional. Veja o que provoca o Crescimento Populacional.

De acordo com os resultados preliminares do censo de 2010, realizado pelo IBGE, na Estrutura da
População brasileira tínhamos o registro de 190.755.799 habitantes.

Mas, em 2020, os dados já apontavam 208 milhões de habitantes. Ao se comparar a população


brasileira em 2020 com a de 2010, verifica-se um crescimento de 9,4%. Na década anterior, de 2010
em relação a 2000, o crescimento tinha sido maior, de 12,3%.

Ao se comparar os resultados atuais com os do primeiro censo realizado no Brasil , em 1872, temos a
clara impressão do crescimento do país. Naquela primeira coleta de dados o país tinha 9 milhões e 930
mil habitantes. Em um século e meio a população multiplicou-se por mais de 20 vezes.

Para entender melhor a dinâmica e a Estrutura da População brasileira, vamos voltar ao passado para
ver de que forma que se iniciou o crescimento da população brasileira.

Há duas causas básicas para o crescimento populacional brasileiro: a contribuição da imigração e


o crescimento natural ou vegetativo da população. Vamos então tentar entender quais são os fatores
que influenciam nessa dinâmica da população brasileira.

A Imigração na Estrutura da População

Os europeus, africanos e asiáticos que migraram para o Brasil , além dos indígenas que aqui já viviam,
são os formadores da população brasileira.

Entre os imigrantes que entraram no Brasil, devemos distinguir os que vieram de maneira forçada,
como os africanos, trazidos como escravos, e os imigrantes livres ou espontâneos. Desse grupo, os que
mais se destacaram quantitativamente foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses.

Além desses povos, os sírios, libaneses, poloneses, holandeses, coreanos e chineses também
contribuíram para a formação da população brasileira. Foi gente de todo o lado querendo conhecer o
Brasil!

Entre 1887 e 1930 entraram no Brasil cerca de 3,8 milhões de imigrantes, o que contribuiu de forma
significativa para o crescimento populacional do país.

Resumo sobre a Imigração Europeia no Império:

Após 1930, com a chegada de Getúlio Vargas no poder, a imigração europeia decresce , assumindo
uma importância secundária no crescimento populacional. Entre os fatores que explicam essa queda,
destaca-se a Lei de Cotas da Imigração, criada pelo governo brasileiro em 1934.

Essa lei restringiu a entrada de imigrantes, pois estabelecia cota anual de 2% do total de imigrantes de
cada , isso fez com que diminuísse a entrada de imigrantes no Brasil.

Observa-se que em alguns locais do Brasil , principalmente na região sul do país, há uma forte
presença cultural de povos originários do continente europeu que imigraram para cá.
Essa vinda de imigrantes europeus não só auxiliou no crescimento populacional como também no
desenvolvimento da economia, e deixou suas marcas na Estrutura da População brasileira.

Crescimento Vegetativo

A diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade dá-se o nome de crescimento natural ou
vegetativo da população.

A taxa de natalidade corresponde ao número de nascidos vivos a cada 1.000 habitantes de um país,
estado ou município, em um determinado período de tempo , geralmente 1 ano.

É calculada dividindo-se o número de nascidos vivos em determinado período pelo número da


população existente no mesmo período. O resultado é multiplicado por mil pra facilitar a leitura e
permitir comparação internacional.

Ela é representada pelo símbolo ‰ e lê-se permilagem, diferente de percentual (%).

A taxa de mortalidade corresponde ao número de óbitos por


1.000 habitantes. É calculada dividindo-se o número de óbitos em determinado período pela população
total nesse mesmo período e multiplicando o resultado por mil.

Imigração no Brasil

O processo de imigração no Brasil começou a partir de 1850 com o fim do tráfico de pessoas
escravizadas.

Querendo apagar a herança escravocrata brasileira, o governo passa a estimular a entrada de imigrantes
europeus, a fim de promover o "branqueamento" da população.

Características da imigração no Brasil

A abertura dos portos, ocorrida em 1808, possibilitou a entrada de imigrantes não portugueses ao
Brasil. Neste momento, várias expedições científicas europeias visitam e divulgam a colônia
portuguesa na Europa. Também se registra a instalação de profissionais liberais especialmente no Rio
de Janeiro.

Com a proibição do tráfico de escravos, em 1850, o desenvolvimento das lavouras de café e o


preconceito racial induziram a entrada de imigrantes europeus no país.

Com as guerras de unificação na Itália e na Alemanha, são trazidos pelo governo brasileiro para
trabalhar nos cafezais.
Sistema de parceira e colonato

A imigração europeia no Brasil não foi homogênea para todas as regiões. Em São Paulo, observamos a
implantação do sistema de parceira, onde o imigrante vinha trabalhar nas fazendas de café.

Já no sul do Brasil, a preocupação era povoar as grandes regiões desertas para resguardar a fronteira.
Por isso, ali é aplicado o sistema de colonato.

Vejamos a diferença entre os dois sistemas.

Sistema de Parceria

Na primeira, os imigrantes que desejavam vir, eram contratado pelos proprietários das fazendas. Estes
pagavam a passagem de navio, o deslocamento do porto até a fazenda, e a hospedagem. Deste modo,
chegavam ao destino endividados e sem poder obter a sonhada propriedade da terra.

Igualmente, os colonos não podiam abandonar a fazenda enquanto não pagassem o que deviam.

Este sistema era tão cruel que foi registrada uma revolta de imigrantes alemães na fazenda Ibicapa, do
Senador Vergueiro, em São Paulo. A consequência foi a proibição da imigração prussiana ao Brasil em
1859.

Sistema de Colonato
Na segunda fase foi aplicado o sistema de colonato e a vinda de imigrantes era assumida pelos
governos provinciais (estaduais). Assim, o imigrante não vinha endividado.

Também recebiam uma remuneração mensal ou anual, podiam plantar alimentos para sua subsistência
e estavam livres para deixar a propriedade.

Este sistema era mais atrativo para os imigrantes e muitas colônias puderam prosperar.

Imigrantes no Brasil

Antes da chegada dos portugueses é importante salientar que o território já contava com uma
população indígena de cerca de 5 milhões de habitantes. Por sua vez, o africanos foram trazidos de
maneira forçada.

Assim, quem é imigrante no Brasil, se apenas os indígenas são os nativos? Para fins de estudos, vamos
considerar como imigrante apenas o indivíduo que chegou livre no país.

Alemães

Com a unificação aduaneira promovida no Império Alemão e o processo de Unificação Alemã, muitos
camponeses perderam suas terras.

Embora já existissem cidadãos de origem alemã no Brasil, o dia 25 de julho de 1824 é considerado o
marco da imigração. Nesta data, chegaram 39 imigrantes alemães à cidade de São Leopoldo/RS.

Incentivados pelo governo brasileiro, eles se dirigiram especialmente para o sul e a região serrana do
Rio de Janeiro, em busca de terras para cultivo. Ali, tentaram reproduzir o estilo de vida de seus
antepassados.

Por outro lado, o governo imperial esperava que eles ajudassem a defender as fronteiras brasileiras e
muitos eram forçados a se alistar no Exército assim que desembarcavam.

Os alemães estão presentes em quase todos os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina,
principalmente nas cidades de Joinville, Blumenau e Pomerode.

Italianos

A Península Itálica passou por várias batalhas até alcançar a Unificação Italiana sob o reinado do rei
Vitor Manuel II (1820-1878), em 1870. A partir dessa década, começam a chegar contingentes de
italianos no Brasil e o fluxo só terminaria com a ascensão de Mussolini.

Desde o fim do tráfico de escravos, estimulava-se a vinda de italianos para o Brasil a fim de substituir
os africanos escravizados.

O governo brasileiro pagava a passagem dos imigrantes em navios a vapor, lhes prometia salários e
casas, algo que não era cumprido.

Os estrangeiros receberam incentivos, como a propriedade da terra e cidadania. Foi assim que surgiram
na região sul cidades como Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves.
A presença italiana sente-se especialmente em São Paulo pelos seus aspectos culturais e políticos.
Foram os imigrantes italianos que se tornaram os primeiros trabalhadores das fábricas de São Paulo.

Assim, fizeram as primeiras "caixas de socorro mútuo" com o objetivo de ajudar os operários quando
ainda não havia sindicatos estabelecidos no Brasil.

Portugueses

A imigração portuguesa nunca deixou de acontecer, mesmo depois da independência e da separação de


ambos países.

Com o aumento população portuguesa e a escassez de terras, vários empreenderam a viagem para a ex-
colônia americana. No entanto, ao contrário de outros imigrados, a relação com os portugueses era
mais fluida, pois alguns vinham, se enriqueciam e voltavam para Portugal.

De qualquer maneira, houve uma grande parte que permaneceu e foi engrossar o operariado brasileiro
e o comércio. No século XX, a colônia portuguesa se junta em torno do futebol, fundando seus
próprios clubes como Vasco da Gama, no Rio de Janeiro e Portuguesa, em São Paulo.

A ditadura de Antônio de Oliveira Salazar também foi motivo para que muitos portugueses deixassem
sua terra e viessem para o Brasil.

Espanhóis

O terceiro contingente de imigrantes no Brasil, em termos de número, foram os espanhóis. Estima-se


que entre 1880 e 1950 tenham entrado cerca de 700 mil espanhóis no país.

Destes, 78% se dirigiram para São Paulo, com o intuito de trabalhar nas lavouras de café e, mais tarde,
nos laranjais; e o restante buscou grandes centros como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Os espanhóis se organizavam em tornos de centros culturais como as "Casas de Espanha" que


ensinavam música, dança e o idioma para os filhos de imigrantes e brasileiros.

Japoneses

A maior colônia de japoneses do mundo está localizada no Brasil. Os japoneses chegaram a partir de
1908, em São Paulo para trabalhar nas lavouras de café.

Estabeleceram-se também no Paraná e Minas Gerais e inovaram as técnicas de cultivo conhecidas no


Brasil.

Migrações Internas no Brasil

As migrações internas no Brasil intensificaram-se no século XX e estão diretamente ligadas à


dinâmica econômica do país.
A dinâmica dos fluxos migratórios no
Brasil vem se alterando nos últimos tempos
As migrações internas – também chamadas de migrações inter-regionais – representam as dinâmicas
dos fluxos migratórios existentes no interior de um dado território. No caso do Brasil, é possível
identificar alguns vetores migratórios que se manifestam desde o período colonial, mas que se
intensificaram a partir do início do século XX.

O que se pode notar é que esse processo esteve sempre ligado à dinâmica econômica do país, mas que a
composição estrutural também exerceu uma importante influência. Inicialmente, os sistemas de
transportes não eram muito avançados, assim como a estrutura das rodovias e ferrovias no país não
possibilitava o deslocamento em massa de grande parte da população. Além disso, as baixas condições
de vida em boa parte do território e a predominância do trabalho escravo em alguns períodos da história
do país também funcionaram como um dificultador para a ocorrência de grandes fluxos migratórios.

O principal vetor das migrações do Brasil nos últimos tempos foi do Nordeste do país e do Norte de
Minas Gerais para as regiões Sudeste e Sul, notadamente as grandes metrópoles, como São Paulo, Rio
de Janeiro e Campinas. Esse fluxo iniciou-se no final do século XIX, mas se consolidou de forma mais
acentuada ao longo do século XX, quando o Nordeste conheceu o seu declínio econômico e o Sudeste
brasileiro industrializou-se a partir das infraestruturas herdadas da economia cafeeira da região.

Esse vetor migratório ainda existe, mas podemos dizer que ele começou a diminuir a partir da década de
1980. Em 2001, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de
pessoas saindo do Nordeste rumo ao Sudeste foi, pela primeira vez, menor do que o do sentido contrário.
Essa tendência repetiu-se anualmente até 2008.

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Essa transformação explica-se pelo fato de o Nordeste vir apresentando novos índices de recuperação
econômica e de industrialização. Além disso, a oferta de empregos no setor industrial do Sudeste vem
diminuindo graças à migração de indústrias para o interior do território brasileiro (desconcentração
industrial) e pelo fato de o setor secundário oferecer menos empregos em razão do crescente processo
de implementação de novas tecnologias no campo produtivo.

Uma dinâmica mais recente da demografia do Brasil vem destacando o papel crescente das regiões Norte
e Centro-Oeste a partir da década de 1970. Essa nova composição é, em partes, resultado da política de
Marcha para o Oeste iniciada na década de 1940 e dos atrativos de empregos oferecidos por essas regiões
e suas metrópoles. Hoje em dia, o maior fluxo migratório no Brasil segue em direção à zona do Brasil
Central e ao Amazonas.
Contudo, é importante lembrar que as zonas menos habitadas do país não recebem novos migrantes com
a mesma velocidade que o Sudeste recebeu outrora. Dados do IBGE confirmam que o número de
migrações internas no Brasil caiu 37% nos últimos 15 anos. Isso significa que, à medida que a
distribuição industrial e econômica do país acontece, maior a tendência de estabilidade no campo das
migrações internas.

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