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OBRA: IMIGRAÇÃO
Furtado (cap. 22)
Caio Prado Jr. (cap.19)
Maria Petrone (1969)
Prof. Edivaldo Constantino
MUSEU DA IMIGRAÇÃO DO ESTADO DE SP
A IMIGRAÇÃO EUROPEIA
A IMIGRAÇÃO EUROPEIA
“A corrente demográfica que ora nos interessa será constituída de trabalhadores braçais
de origem europeia, cujo afluxo e fixação no país serão provocados e estimulados por
uma política oficial e deliberada de povoamento, ou pela iniciativa privada de
particulares interessados na obtenção de mão-de-obra.”
“A heterogeneidade que resultava de um tal sistema, tanto racial como cultural e social, era situação por
demais imprópria para um país que se tornara sede de uma monarquia europeia.”
“Impõe-se assim o problema de como organizar no Brasil uma força armada eficiente, contando para
isto apenas com uma população dispersa e rarefeita, composta de quase 50% de escravos e outra
grande parcela de elementos heterogêneos e mal assimilados.”
“A formação de novas correntes demográficas constituía assim uma necessidade inadiável, e a ela
aplicou-se a administração portuguesa. (...) Mas como em todas as iniciativas em que se meteu, sua ação
será fraca e dúbia.”
Emigração europeia para os EUA não tem a ver com as grandes plantações
IMIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO: PRIMEIROS SINAIS
“A circunstância de que o algodão era um produto volumoso, ocupando grande espaço nos navios,
enquanto as manufaturas que importavam os norte-americanos apresentavam uma grande
densidade econômica, favoreceu a baixa nos fretes de retorno da Europa para os EUA. E foi essa
baixa dos preços das passagens - em navios cargueiros e semicargueiros -que permitiu se
avolumasse de tal forma a emigração espontânea da Europa para os EUA.”
“Caso ilustrativo é o da colonização alemã do Rio Grande do Sul. O governo imperial instalou aí a
primeira colônia em 1824, em São Leopoldo, e, depois da guerra civil, o governo da província
realizou fortes inversões para retomar e intensificar a imigração dessa origem. Contudo, a vida
econômica das colônias era extremamente precária, pois, não havendo mercado para os excedentes
de produção, o setor monetário logo se atrofiava, o sistema de divisão do trabalho involuía e a
colônia regredia a um sistema econômico rudimentar de subsistência.”
“Para que as colônias chegassem a constituir um êxito como política imigratória e atraíssem
pelo exemplo correntes espontâneas de povoamento, teria sido necessário que as mesmas se
dedicassem de imediato a atividades produtivas rentáveis.”
Senador Vergueiro contratou, em 1852, 80 famílias de alemães para sua fazenda (Ibicaba)
em Limeira.
Como? Adaptação da emigração inglesa para os EUA: o imigrante vendia seu trabalho futuro.
A IMIGRAÇÃO EUROPEIA
Governo financiava a passagem da família.
“É fácil compreender que esse sistema degeneraria rapidamente numa forma de servidão
temporária, a qual nem sequer tinha um limite de tempo fixado, como ocorria nas colônias inglesas.
Com efeito, o custo real da imigração corria totalmente por conta do imigrante, que era a parte
financeiramente mais fraca. O Estado financiava a operação, o colono hipotecava o seu futuro e o
de sua família, e o fazendeiro ficava com todas as vantagens.”
1) o primeiro: favorecido pelo governo imperial, que visava estabelecer imigrantes em colônias oficiais,
sob justificativas que incluíam povoamento, segurança de fronteiras, desenvolvimento da agricultura e
branqueamento.
Casos mais notáveis no RS, SC, PR e ES, mas também em outras províncias, como RJ e MG.
• Regime de parceria: “meio termo entre o regime de serviços assalariados e o das pequenas
propriedades”
• Nesse sistema, cada família cuidava de certo número de cafezais; permitia-se cultivo de
subsistência; produto da venda do café colhido e de alimentos produzidos era repartido
com o fazendeiro.
COLÔNIAS DE PARCERIA
• Problemas na definição dos contratos de parceria:
a) ausência de qualquer supervisão ou controle pelo colono da colheita do café até o ajuste
de contas;
b) deduções dos custos de transportes e impostos (20 a 30% do lucro bruto), desconfiança dos
colonos.
• Problemas como esses levaram a conflitos sucessivos. Maior crise ocorreu em dez/1856, com
a revolta na Fazenda Ibicaba, de Nicolau de Campos Vergueiro.
COLÔNIAS DE PARCERIA
Diversos problemas afetaram a manutenção do fluxo de imigrantes europeus em SP, a começar
pela coexistência com a escravidão até 1888. Além disso,
• a) queda dos preços do café após 1896 reduziu rentabilidade e levou a piora das
condições de trabalho dos colonos, na época basicamente italianos;
• b) reclamações e protestos levaram à intervenção do governo italiano:
Decreto Prinetti de 1902, que proibiu a emigração nos portos da Itália com
passagens pagas pelo governo de São Paulo;
COLÔNIAS DE PARCERIA
“Os proprietários, habituados a lidar exclusivamente com escravos, e que continuavam a conservar muitos
deles trabalhando ao lado dos colonos, não tinham para com estes a consideração devida à sua qualidade
de trabalhadores livres; os contratos de trabalho que os emigrantes assinavam antes de embaraçar na
Europa e desconhecendo ainda completamente o meio e as condições do país onde se engajavam, eram
geralmente redigidos em proveito exclusivo do empregador e não raro com acentuada má-fé. Além disto, a
coexistência nas fazendas, lado a lado, de escravos que formavam a grande massa dos trabalhadores, e de
europeus livres fazendo o mesmo serviço que eles, não podia ser muito atraente para estes últimos e
representava uma fonte de constantes atritos e indisposições. Doutro lado, o recrutamento de colonos na
Europa se fazia sem maior cuidado (...). Aceitavam qualquer candidato, sem indagar da sua prestabilidade
para o trabalho agrícola, e sobretudo o pesado esforço exigido por uma agricultura tropical de
desbravamento. Chegavam a emigrar para o Brasil não raro até enfermos e velhos inválidos.”
“O regime inicialmente adotado era o de parceria, no qual a renda do colono era sempre incerta,
cabendo-lhe a metade do risco que corria o grande senhor de terras. A perda de uma colheita
podia acarretar a miséria para o colono, dada sua precária situação financeira. A partir dos anos
sessenta introduziu-se um sistema misto pelo qual o colono tinha garantida parte principal de sua
renda. Sua tarefa básica consistia em cuidar de um certo número de pés de café, e por essa tarefa
recebia um salário monetário anual. Esse salário era completado por outro variável, pago no
momento da colheita em função do volume desta.”
“Além disto, em vez de preceder à vinda do imigrante com contratos já assinados na Europa,
o governo tomará o assunto a seu cargo, limitando-se a fazer a propaganda nos países
emigratórios e pagando o transporte dos imigrantes até o Brasil. Chegando aqui, eles eram
distribuídos pelas diferentes fazendas de acordo com as necessidades delas e os pedidos
feitos.”
Cenários:
A) Colono indeniza os gastos da viagem. Mas isso gerava temos sobre sua liberdade futura.
B) Fazendeiros arcam com o custo: Mas aí só os mais ricos iriam promover a imigração. Além disso, os
colonos poderiam migrar entre fazendas.
Sociedade de colonização
Surgem a partir da ação combinada dos Governos Provincial e Imperial
Promover o aumento da imigração, patrocinar reformas legislativas, fazer propaganda na Europa
Destaque para a Sociedade Promotora da Imigração: papel moralizador perante o governo italiano
Funcionou até 1895 e introduziu 126.145 imigrantes em São Paulo.
IMIGRAÇÃO ASSALARIADA
Fraudes nos serviços de imigração
As vezes vinham pessoas sem experiência na agricultura. Eles se fixavam nas cidades e não resolviam o
problema do Brasil.
Maria Petrone (1985) chama atenção para o fato de que o fluxo de italianos ao Brasil iria
alterar a composição da população.
Inclusive no que diz respeito aos hábitos alimentares (verduras, legumes e frutas foram
difundidas pelos imigrantes italianos).
IMIGRAÇÃO ASSALARIADA
O trabalho do colono na fazenda de café consistia no tratamento do cafezal, isto é, na
capinação, no replante das falhas, na limpeza das árvores, na varredura. (...) O colono
realizava seu trabalho no cafezal sem fiscalização e dispunha de seu tempo como bem
entendesse.
A renda do trabalho no cafezal era na realidade para a maioria dos colonos italianos um
lucro líquido, pois dispunham de terras suficientes para cultivarem seus próprios mantimentos.