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OBRA: O TRABALHADOR
LIVRE NACIONAL
Celso Furtado (cap 21 e 23)
Prof. Edivaldo Constantino
ESTRUTURA DA AULA
Fim da escravidão
Porém, só a ação direta britânica aprisionando navios a partir do Aberdeen Act (1845) fez com
que o tráfico fosse de fato abolido – lei Eusébio de Queiroz (1850).
• Desde então, o fim iminente da escravidão passou a ser discutido em diversas ocasiões no Parlamento, imprensa e
encontros dos fazendeiros.
ABOLIÇÃO GRADUAL
Entre as elites agrárias de várias regiões predominou a estratégia da abolição gradual
Argumentos centrais: direito de propriedade e base da economia (agricultura) nacional. (Lei do Ventre Livre,
1871).
Mesmo condenada, porém, a escravidão foi preservada até o limite na região sudeste.
Por exemplo, em Vassouras, apenas 64 de 9.310 ingênuos foram libertados entre 1873-1888 (Stein).
PREÇO DOS ESCRAVOS EM PE E MG
INVIABILIDADE DA ESCRAVIDÃO
Talvez a hipótese mais influente para o declínio da demanda de escravos seja a da
inviabilidade/ineficiência da escravidão, isto é:
a) escravidão não teria flexibilidade, visto que o investimento em escravo era uma forma
de capital fixo;
b) o escravo seria ineficiente (= menor produtividade) em relação ao trabalhador livre;
c) o escravo seria incapaz de lidar com tarefas complexas associadas ao desenvolvimento
tecnológico.
ELITES MODERNIZANTES
Em geral, a hipótese da inviabilidade da escravidão vem associada à ideia de uma elite
cafeeira modernizante no Oeste paulista. Assim,
a) no Vale do Paraíba fluminense, a elite cafeeira seria apegada à escravidão como uma
forma de prestígio social em vez de busca de lucro;
b) no Oeste paulista, elite moderna, capitalista, dinâmica, aberta a novas ideias, em busca
de novas relações de trabalho (imigração) e insatisfeita com a escravidão.
INEFICIÊNCIA ECONÔMICA E ABOLIÇÃO
Assim, a ineficiência da escravidão, aliada ao surgimento de uma elite com mentalidade
modernizante e capitalista no Oeste paulista, teriam levado à busca de novas relações de
trabalho.
A desorganização social causada pelas ações dos escravos provocou o aumento das
alforrias, a adoção de contratos a termo e, por fim, o colapso do sistema.
O PROBLEMA DA MÃO-DE-OBRA: OFERTA
INTERNA POTENCIAL
Estoque de escravos Brasil X EUA.
Início do século XIX com estoque de 1 milhão
Sesmarias Propriedade da terra que antes era monopólio real passa para um número
limitado de indivíduos, que tinham favores reais.
O PROBLEMA DA MÃO-DE-OBRA: OFERTA
INTERNA POTENCIAL
Economia de subsistência
Áreas urbanas:
Massa de trabalhadores sem ocupação permanente.
Dificuldades de adaptação a disciplina do trabalho agrícola nas grandes fazendas.
Motivo para o não emprego dos nacionais na expansão da 2ª metade do século XIX (na verdade, em
São Paulo), de acordo com Furtado:
i) dispersão, que exigiria grande mobilização de recursos;
ii) recrutamento dependia de cooperação dos grandes proprietários de terras;
iii) cooperação era inviável, pois "era todo um estilo de vida, de organização social e de estruturação do
poder político que entrava em jogo".
Portanto, para Furtado, foram relações políticas e sociais tradicionais que impediram o emprego dos
trabalhadores nacionais.
OUTRAS INTERPRETAÇÕES
Outras interpretações clássicas: racismo, preconceito com relação a “indolentes” e “vadios”.
Interpretações recentes têm enfatizado outras causas para a não utilização do trabalho
nacional e o recurso ao imigrante.
O caráter sazonal do trabalho e o que parecia ser uma certa inabilidade de reter os
trabalhadores causavam uma série de queixas dos empreiteiros e engenheiros. Há vários indícios
de uma forte resistência dos trabalhadores em cortar os laços com os lotes de subsistência,
retornando às suas casas durante a estação de plantio e colheita (Lamounier, 2007).
O problema não era de escassez de mão-de-obra, mas a dificuldade de se obter uma oferta
permanente de uma força de trabalho regular, no contexto da sazonalidade e instabilidade da
economia rural em São Paulo da segunda metade do século XIX (Lamounier, 2007).
O PROBLEMA DA MÃO-DE-OBRA: TRANSUMÂNCIA
AMAZÔNICA
Último quartel do século XIX e o primeiro decênio do século XX
Movimento de população do NE para a Amazônia.
População no Pará e Amazonas cresceu de 320 mil em 1872 para 695 mil em 1900.
O PROBLEMA DA MÃO-DE-OBRA: TRANSUMÂNCIA
AMAZÔNICA
“Essa enorme transumância indica claramente que em fins do século XIX já existia no Brasil um
reservatório substancial de mão-de-obra e leva a crer que, se não tivesse sido possível solucionar o
problema da lavoura cafeeira com imigrantes europeus, uma solução alternativa teria surgido
dentro do próprio país. Aparentemente, a imigração europeia para a região cafeeira deixou
disponível o excedente de população nordestina para a expansão da produção da borracha.”
Europeus:
Exigente e ajudado pelo seu governo.
Tinham gastos pagos, residência garantida, gastos de manutenção assegurados até a colheita.
Ao fim do ano, buscava outra fazenda que oferecesse maior vantagem.
Tinha terra para plantar o essencial.
Nordestino:
Começava a trabalhar endividado, reembolso de viagem, alimentação dependia do empresário, grandes
distâncias e precária situação financeira.
Solidão nas cabanas. Isolamento.
O PROBLEMA DA MÃO-DE-OBRA: TRANSUMÂNCIA
AMAZÔNICA
“Os planos do imigrante nordestino que seguia para a Amazônia, seduzido pela propaganda
fantasista dos agentes pagos pelos interesses da borracha (...), baseavam-se nos preços que o
produto havia alcançado em suas melhores etapas. Ao declinarem estes de vez, a miséria
generalizou-se rapidamente. Sem meios para regressar e na ignorância do que realmente se
passava na economia mundial do produto, lá foram ficando. Obrigados a completar seu
orçamento com recursos locais de caça e pesca, foram regredindo à forma mais primitiva de
economia de subsistência, que é a do homem que vive na floresta tropical, e que pode ser aferida
por sua baixíssima taxa de reprodução.”