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AULA 06 - FORMAÇÃO DO

REINO DE PORTUGAL
Prof. Edivaldo Constantino
ESTRUTURA DA AULA
Feudalismo
Formação do reino de Portugal
Expansão marítima
Portugal e navegação
FEUDALISMO
Idade Média (séc. V - XV)
Tipo de estrutura político, econômica e social que rege o homem medieval.
1.Política
 Descentralização
 Susseranos X Vassalos

2. Economia
 Autossuficiente
 Ruralizada/sem moeda
 Mão-de-obra servil
FEUDALISMO
Sociedade:

Clero → Orar
Nobreza → Batalhar
Campesinato → Trabalhar

Sociedade rígida
Imobilidade social
Obrigações servis
FEUDALISMO
Crise
Renascimento comercial/urbano
 Cruzadas
 Desarticula os feudos → burgos, feiras. → Flandres, Gênova, Veneza

Peste negra (1/3 da Europa)


 Guerras e revoltas camponesas
PORTUGAL

Área total: 92.389 km2 (incluindo Madeira e


Açores)

Na península ibérica: 91.959 km2


FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
O rio Tejo divide Portugal em duas regiões distintas
 Norte: maior amplitude térmica e mais chuvas; pequenas propriedades
 Sul: maiores períodos de estiagem; estrutura fundiária com predomínio de grandes propriedades

Estrutura portuária bem montada para dar suporte à navegação de cabotagem


Invasão árabe a partir de 711; início da reconquista em 737; tomada de Lisboa em
1147
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
Histórico do território:

 Até o séc. V – Império romano


 Divisão do império em Ocidental e Oriental
 Com a crise passou a sofrer invasões bárbaras germânicas

 Do séc. V a VII – Reino visigótico

 Do séc. VII a XI – Império mulçumano


 Espalhar a fé islâmica ao maior número de pessoas.
 Oriente Médio e Norte da África
 Reino das Astúrias
 Batalha de Tours

 Guerra da Reconquista (700 anos)


 Contexto das cruzadas
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
Outros nobres se dirigem para a península Ibérica para lutar contra os mouros.
Os nobres franceses Henrique e Raimundo de Borgonha lutando ao lado do Rei Afonso VI (Leão e Castela).
Pergunta: O que eles recebem em troca do Rei?
Feudos
Raimundo de Borgonha → Galícia
Henrique de Borgonha → Condado Portucalense
Ambos se casaram com as filhas do Rei Afonso VI, de Leão e Castela.
Raimundo de Borgonha → D. Urraca
Henrique de Borgonha → D. Teresa

Distanciamento político do Condado Portucalense do restante do Reino de Leão e Castela.


FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
Estava-se numa época de ofensiva geral da Cristandade aos territórios
ocupados pelos infiéis; e esse movimento, que tem o nome de “Cruzadas”,
favoreceu a não incorporação de Portugal no todo político a que presidiu
Castela. Participaram dele, no último quartel do século XI, Raimundo, filho
de Guilherme, conde de Borgonha, e seu primo, Henrique, que vieram às
Espanhas combater os Mouros. Casaram os dois nobres franceses com duas
filhas de Afonso VI, Urraca e Teresa; ...

SÉRGIO, Antonio. Breve interpretação da história de Portugal. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1977, p. 13.
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
... Raimundo teve o governo de toda a faixa ocidental até o Tejo (1094), e
Henrique, sob as ordens de Raimundo, o da terra portucalense, que ia das
imediações do Vouga às do Minho, e cujo nome derivava da sua principal
povoação, Portucale, junto ao Douro. Pouco depois governava Henrique,
independente da autoridade de Raimundo, toda a região ao sul do Minho.
Faleceu em 1114, sendo já mortos Raimundo e Afonso VI. Deixava um filho,
criança ainda, Afonso Henriques.

SÉRGIO, Antonio. Breve interpretação da história de Portugal. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1977, p. 13.
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
1143 → Guerra de Independência de Portugal
Henrique de Borgonha e D. Teresa começam essa guerra, mas quem vai consolidar é
o filho: D. Afonso Henriques
 Fundador da Dinastia de Borgonha (1139 – 1383)
 Primeiro Rei de Portugal

Note: D. Afonso Henriques era Rei de Portugal e heroi da Independência o que


confere a ele forte autoridade.
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
Dinastia de Borgonha → Consolidação do poder real

Portugal
Cercado de inimigos → Expansão: atividade mercantil, mar → Porto (ingleses) e
Lisboa (italianos) → Crescimento da classe mercantil, mas tinha a nobreza que era
baseada na terra → Rivalidade
Rivalidade atinge o ápice no último Rei da dinastia de Borgonha (D. Fernando) →
Ele era próximo da fidalguia. → Casa sua filha com a Coroa de Castela. → Porque?
Proteger o trono do seu irmão (D. João, o mestre de Avis) → D. João era próximo da
camada mercantil
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
Morte de D. Fernando → Coroa de Castela reclama o trono de Portugal →
Revolução de Avis (1383 – 1385)
 D. João + burguesia mercantil + parte da nobreza (sim!) se levantam contra a possibilidade de
Castela assumir o trono → Perda de autonomia.

Dinastia de Avis (1385 – 1580)


 Comprometida com a classe comercial → Cria condições para as expedições
FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL
Independência
 Rei de Leão - D. Afonso VI
 D. Henrique de Borgonha (Condado Portucalense)
 Independência de Portugal – D. Afonso I (1.139)

Revolução de Avis
 D. João I (dinastia de Avis)
 Incentivo à expansão marítima
EXPANSÃO MARÍTIMA
Portugal: Primeira monarquia moderna
Centralização precoce do Estado
Revolução de Avis
Consolidação de um sistema econômico comercial X Capitalismo comercial
Estado e burguesia tem interesses comuns
MONARQUIAS NACIONAIS
Burocracia nacional
Exército
Leis e justiça unificadas
Uma só língua e uma só moeda: segurança nas transações
EXPANSÃO MARÍTIMA
Busca por novas rotas comerciais para as Índias

Expansão da fé católica

Mediterrâneo dominado pela Itália

Portugal é pioneiro

Disponibilidade de capitais
Queda do Império Bizantino → Invasão dos turcos-otomanos → Obstáculo para a rota de comércio
TECNOLOGIAS
Escola de Sagres

Caravela

Astrolábio

Bússola

Cartas náuticas
EXPANSÃO MARÍTIMA
1415: Ceuta
1431: Açores
1434: Cabo Bojador → Gil Eanes
1456: Cabo Verde
1488: Bartolomeu Dias: Cabo da Boa Esperança
1498: Vasco da Gama: Índias (Calicute)
1500: Pedro Álvares Cabral: Brasil
A NAVEGAÇÃO E AS
ESPECIARIAS NOS MARES
ASIÁTICOS
Charles Boxer
“LUCROS, IMPÉRIO E FÉ”
MOTIVAÇÕES
 LUCROS: monopólio italiano-muçulmano
 IMPÉRIO: territorialidade
 FÉ: “espírito de cruzada”

Incidem sobre Portugal unificado


Convergem na ação expansionista encabeçada pelo Estado
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
Portugal manteve por quase todo o século XVI uma posição dominante no comércio
marítimo do oceano Índico e uma parte muito importante no que se fazia a leste do
estreito de Malaca.

Litoral da África oriental


 Ligada com Arábia e a Índia do ponto de vista cultural e econômico
 Ouro, marfim, escravos.

Cidade de Ormuz
 Sal e enxofre, mas era fundamental para o comércio entre Índia e Pérsia.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
Ormuz e Malaca eram os dois principais entrepostos para o recolhimento e a
distribuição de mercadorias de luxo.
 Elas chegavam à Europa via Levante.

Afortunadamente para os portugueses, no período em que entraram nos mares da


Ásia, os impérios do Egito, da Pérsia e de Vijayanagar não possuíam navios armados
no Índico.

A frota mercante árabe era mais frágil em relação às carracas e aos galeões
portugueses.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
Afonso de Albuquerque:

 Fez de Gau o quartel-general dos portugueses.


 O controle do golfo Pérsico foi conseguido com a captura de Ormuz em 1515.
 A conquista de Malaca (1511) propiciou aos portugueses o maior centro de distribuição de
especiarias indonésias, o mar de Java e o mar da China meridional.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO

“Depois de esmagaram o monopólio mulçumano das rotas de especiarias do Índico pela


força das armas, e se apossarem de três dos principais entrepostos, os portugueses
tentaram por em vigor um sistema monopolista próprio, que a Coroa manteve durante
séculos. O comércio com certos portos e de certas mercadorias era considerado
monopólio da Coroa portuguesa, e realizado em proveito dela ou daquelas nomeados
por ela.”

BOXER, Charles. O império marítimo português.


PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
É certo que o monopólio português do comércio marítimo do Índico não foi
completamente eficaz, embora o domínio português em Moçambique, Ormuz, Diu,
Goa e Malaca lhes permitisse regular o curso do comércio marítimo dessa região
durante maior parte do século XVI.

Navios sem licença que encontrasse navios portugueses corriam o risco de ser
capturados ou afundados, sobretudo se pertencessem a mercadores muçulmanos.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
“Quando tentavam aplicar no mar da China meridional, os mesmos métodos violentos
que lhe foram tão úteis no Índico, foram decisivamente derrotados pelas frotas chinesas
de defesa da costa, em 1521 e 1522. Embora, tenham posteriormente conseguido
penetrar no tão cobiçado comércio chinês, só o fizeram por condições estabelecidas
pelas autoridades chinesas e não por aquelas impostas por eles próprios.”

BOXER, Charles. O império marítimo português.


PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
Pergunta: Que condições contribuíram para a ascensão do império oriental português e
para sua longa duração, apesar dos insuficientes recursos demográficos e econômicos de
Portugal?

Supremacia dos navios portugueses e determinação dos invasores.


 Burguesia desejava lucros.
 Nobreza almejava terras.
 Clero buscava espalhar a fé católica.
 O povo, assolado pela peste negra, desejava novas oportunidades econômicas.
Governantes asiáticos compartilhavam a convicção de que “as guerras do mar são assunto de
mercadores, e não envolvem o prestígio dos reis”.
Ásia envolvida em disputas internas.
 Portugueses não criaram as rivalidades, mas exploraram.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
Império português era disperso.
Produtos: Ouro, açúcar, pimenta, macis, noz-moscada, cravo, canela, seda,
porcelanas, prata, cavalos, têxteis de algodão.

Problemas enfrentados por Portugal:


 População e número de navios.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
“A presença portuguesa na Ásia sofreu sempre de uma demografia paupérrima, embora
este fato tenha sido parcialmente compensado através da política de miscigenação com
as sociedades locais implementada por Afonso de Albuquerque, em Goa, em 1510. Esta
característica distintiva do Império Português, reproduzida em grande escala no Brasil e,
em muito menor grau, em África, deu origem a sociedades coloniais estratificadas em
função de complexos critérios ‘raciais’, tal como aconteceu no Império Espanhol.”

Francisco Bethencourt & Diogo Ramada Curto (orgs.)


A expansão marítima portuguesa. 1400-180. Lisboa: Edições 70, 2010, p. 8
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
Ceuta valia em si própria, e sobretudo, porque abria à penetração portuguesa dois
mundos: o marroquino-mediterrâneo e o marroquino-atlântico. Um conduziria ao
campo onde a concorrência comercial era áspera, ao mercado mediterrâneo e o
Levante; o outro ao mercado sudanês. Em suma, Ceuta era a porta para as regiões
do ouro, dos cerais, dos panos, das pescarias.

Valor estratégico de Ceuta: segurança não de Portugal e Castela como até de todas
a Cristandade.
PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
A iniciativa de invasão à Ceuta pertence a João Afonso e a D. João I.
A conquista de Ceuta integra-se num plano de expansão portuguesa no Norte da
África.
Ceuta era a base naval para a pirataria portuguesa interceptar o tráfego marítimo
dos mouros.
 A atividade do corsário não se opunha ao comércio. Era a forma mais nobre do comércio, porque
implicava feitos guerreiros, que para a mentalidade desses séculos, são eticamente superiores às
transações mercantis.

Ceuta impedia a expansão castelhana para o Norte da África.


PORTUGAL E NAVEGAÇÃO
“Entre as razões da Coroa para promover esta empresa estava a necessidade de
fornecer à nobreza possibilidades de aumentar os seus proventos, através do saque e da
conquista. De fato, já praticamente se encontrava esgotada a capacidade régia para
conceder doações e rendas a uma nobreza que a paz com Castela deixara militarmente
desocupada. (...) A ida para o Norte de África era assimilável a uma natural
continuação da Reconquista.”

Rui Ramos (coord.)


História de Portugal. 6.ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010, p. 176
APÓS A CONQUISTA
O dinamismo econômico de Ceuta duraria até a metade do século XV

Razões da decadência
 Ausência de uma política de colonização
 Depredações (fidalguia, nobreza e suas pilhagens)
 Desvio das rotas comerciais mouras para a costa da Guiné (comércio Sudão-Marrocos)
 Estado de guerra causado pelo domínio português
APÓS A CONQUISTA
“Ceuta, depois de conquistada em 1415, não só não forneceu trigo a Portugal, como,
pelo contrário, necessitou de ser permanentemente abastecida, tantas vezes com trigo
importado de longínquas paragens. Também o almejado acesso ao ouro africano não
foi alcançado. (...) [A] presença portuguesa em Ceuta fez com que as rotas comerciais
se deslocassem, frustrando qualquer veleidade de apropriação da preciosa carga das
caravanas que se dirigiam para a costa.”

Rui Ramos (coord.)


História de Portugal. 6.ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010, pp. 175-176
APÓS A CONQUISTA
“Após o regresso dos cavaleiros e seus homens a Portugal, com os barcos carregados, a
cidade de Ceuta, completamente saqueada, foi então por eles entregue à Coroa
portuguesa. Isolada das terras à sua volta, praticamente já não tinha mais qualquer
utilidade (...). Em 1425, já o príncipe regente, D. Pedro, se queixava perante as cortes,
dizendo que Ceuta apenas servia para devorar pessoas, armas e dinheiro.”

Martin Page
Portugal e a revolução global: como um dos menores países do mundo mudou a nossa
história. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, p. 123
POLÍTICAS DE EXPANSÃO
CLASSES E INTERESSES
EXPANSÃO MARÍTIMA
Não existe [...] uma diretriz única de expansão. Na convergência das
necessidades de expansão comercial para a burguesia e de expansão
guerreira para a nobreza reside plausivelmente a causa dos
descobrimentos e conquistas.

GODINHO, V. M. A expansão quatrocentista portuguesa. Lisboa: Empresa Contemporânea de Edições, 1944, p. 97.
O IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS
(SEGUNDA METADE DO XVI)
EXPANSÃO MARÍTIMA
EXPANSÃO MARÍTIMA
Nunca houve um grupo de Estados com pretensões expansionistas tão acintosas, em
escala planetária como essa expansão europeia.

Não é uma expansão linear.

Ninguém imaginaria o resultado final. Não tinha um projeto.


 Se processa com demandas históricas específicas.
 Uma etapa não conduz necessariamente a outra.
 A história não caminha numa direção pré-determinada.
 É resultado de desenvolvimentos específicos que são conflituosos.
EXPANSÃO MARÍTIMA
Globalização?
Conexão entre pessoas → Viagem ao mundo
Telecomunicações → Guerra na TV

Perspectiva eurocêntrica
EXPANSÃO MARÍTIMA
Portugueses NÃO tinham como objetivo final descobrir o Brasil.
Uma história centrada no Brasil pode sugerir isso!
O Brasil não existia como uma entidade dotada de uma história própria.
A história do Brasil faz parte de algo maior.

Expansão portuguesa não termina com o descobrimento do Brasil.


AULA 06 - FORMAÇÃO DO
REINO DE PORTUGAL
Prof. Edivaldo Constantino

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