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01 GRANDES NAVEGAÇÕES E PERÍODO HISTÓRIA II

PRÉ COLONIAL (1500 - 30)

DA RECONQUISTA À EXPANSÃO No ponto de vista econômico, o período se notabilizou pelo


comércio marítimo oriundo das rotas do Mediterrâneo e fortalecida
MARÍTIMA no século XIII pela região de Flandres, que faziam de Portugal um
porto comercial para o norte da Europa.
A Península Ibérica teve, após a queda do Império Romano
do Ocidente, duas fases de ocupações. A primeira foi no século Na organização social de Portugal, o topo da sociedade
VII pelos visigodos - povo germânico convertido ao cristianismo. era comandado por uma nobreza de origem diversa, pois havia
Posteriormente, no século VIII, a Península Ibérica foi conquistada franceses, ingleses, flamengos e alemães. Além disso, podemos
pelos muçulmanos - conhecidos na região como mouros. reconhecer a força da burguesia, que se constituiu através do
Entretanto, os cristãos mantiveram os reinos das Astúrias (futuro comércio, se separando das camadas populares e conseguindo
reino de Leão) de onde partiram para Reconquista, que só ganhou ocupar determinados cargos administrativos. Entretanto, apesar
força a partir do século XI, com a formação dos reinos cristãos de destes casos, ainda tinham origem plebeia. Já dentro da camada
Leão, Navarra, Castela e Aragão. mais popular, havia um agrupamento composto por mouros,
moçárabes e judeus.
Com a luta contra os mouros, o Rei Afonso IV (1069 – 1109),
rei de Leão e Castela, em 1102, casou suas filhas com os nobres
e irmãos franceses Raimundo e Henrique de Borgonha, que
se destacaram na luta contra os mouros. Como recompensa,
AS CRISES DO SÉCULO XIV E A
receberam, além das filhas de Afonso, terras como dotes. Com REVOLUÇÃO DE AVIS (1383 - 1385)
isso, Henrique de Borgonha ficou com o condado de Portucalense
No século XIV, uma forte crise assolou o continente europeu.
e iniciou a história de formação do país.
Com isso, a Peste Negra – infecção bacteriana transmitida pela pulga
Em 1139, Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha, do rato, que matou cerca de 1/3 da população europeia – atingiu o
libertou-se de Leão e se proclamou Rei de Portugal. Entretanto, o reino Estado português. Desencadeia-se então uma crise de mão de obra,
de Leão só reconheceu o fato em 1143. Em 1249, contra os mouros, aumentando o custo pela sua utilização. Este contexto levou ao rei
Portugal conquistou Algarves no sul, formando o atual mapa do país. Afonso IV (1325-1357) a aplicar medidas favorecendo a nobreza. No
entanto, com a morte do monarca Fernando I (1367-1383) a crise
atinge um patamar superior. O postulante era D. Pedro I, rei de Castela
e casado com Beatriz (filha de Fernando I).
Esta possível união entre as coroas de Portugal e Castela não
agradou a burguesia comercial-marítima do país que, liderada por Álvaro
Pais, apoiou D. João de Avis, irmão bastardo de Fernando I, iniciando,
assim, a Revolução de Avis, que se consagrou na Batalha de Aljubarrota
em 1385. Após a vitória, D. João permitiu saques e apropriações da
nobreza que apoiou Castela e fundou a Dinastia de Avis (1385-1580).

O MERCANTILISMO, O NOVO E O
PIONEIRISMO PORTUGUÊS
A economia portuguesa – assim como de grande parte dos
Estados Nacionais Modernos na Europa ocidental - era mercantil ee
se baseava primordialmente na intervenção estatal na economia.
Suas principais práticas eram:
• Metalismo
• Balança comercial favorável
• Protecionismo alfandegário
Fonte: https://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/119.htm • Colonialismo
• Incentivo à manufatura
A partir destas características
DINASTIA DE BORGONHA e do intervencionismo amplamente
realizado, o rei tinha por objetivo o
(1139 - 1383) fortalecimento do Estado, embora
Estabeleceu-se através de intensa luta de Portugal contra os ao custo de continuar enriquecendo
Fonte: https://www.lusoamericano.
mouros, obtendo progressiva conquista de território. Além disso, o diretamente a burguesia. com/acores-acolhem-ii-cimeira-dos-
poder da autoridade régia foi reforçado pelas constantes guerras, Com o tempo e as atividades
arquipelagos-da-macaronesia/.

que facilitaram a centralização do poder nas mãos do rei, uma vez comerciais como fonte de renda,
que também desempenhava a chefia militar. Esta situação se tornou Portugal passou a ter uma nova necessidade econômica
possível devido ao feudalismo diferenciado desenvolvido na região, para romper com o monopólio italiano de especiarias no Mar
uma vez que as terras conquistadas pelos mouros e concedidas Mediterrâneo. Sendo assim, Portugal foi o pioneiro no processo
aos nobres não se converteram aos domínios independentes. Desta de Expansão Marítima e na mudança da rota comercial do Mar
maneira, as instituições municipais eram subordinadas ao monarca. Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.

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Seu pioneirismo é explicado pelos seguintes fatores: Em 1415, o conhecimento do litoral africano chegava até o
• Centralização política precoce – desde 1385 era o único Cabo Bojador, que só foi ultrapassado por Gil Eanes em 1434,
Estado centralizado e ausente de guerras motivado em avançar pela África subsaariana em busca do ouro
desviado de Ceuta. A exploração da costa africana foi bastante
• Localização geográfica favorável. lucrativa pela presença do ouro em pó, escravos e marfim
• Desenvolvimento náutico oriundo das técnicas árabes trocados por cavalos, tecidos e trigos, o que atraiu interesse
• Apoio da burguesia, nobreza e clero de comerciantes e amadores. Com o avançar da conquista do
litoral africano houve as instalações de feitorias (entrepostos
comerciais e fortificados) para consolidar o domínio luso. Em
A EXPANSÃO MARÍTIMA 1488, no reinado de D. João II, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo
das Tormentas, tornando possível o sonho de chegar às Índias e
PORTUGUESA romper com o monopólio italiano.
A primeira conquista de Portugal foi Ceuta em 21/8/1415 no norte A conquista das Índias e consequentemente do comércio
da África. Para sua dominação foi formado um exército cruzadista para de especiarias (cravo, canela, pimenta, noz moscada, dentre
combater os árabes na região, que marcou a presença dos filhos do outras) – tão desejadas no comércio europeu – se deu em 1498
rei D. João I – D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique e D. Fernando e suas pela chegada de Vasco da Gama a Calicute, na Índia. Sendo
ordenações como cavaleiros. A região conquistada era um entreposto assim, Portugal consolidou uma forte hegemonia econômica
comercial muçulmano – baseado principalmente nas negociações de na primeira parte do século XVII através da rota do Périplo
ouro, escravos e marfim – além de importante ponto de ataque dos Africano (África e Ásia). No entanto, a chegada dos portugueses
árabes. As outras conquistas foram as Ilhas do Atlântico, onde foram a América – Brasil – em 1500 e seu avanço pela Ásia ampliou
estabelecidas Capitanias Hereditárias (Madeira, entre 1419 e 1425; consideravelmente as suas possibilidades, como será visto nos
Açores, em 1439; Cabo Verde, em 1456). próximos módulos.

Fonte: https://www.infoenem.com.br/historia-geral-jornada-rumo-ao-oriente/

CHEGADA NO NOVO MUNDO A América inglesa estava localizada em uma região de clima
temperado frio, impossibilitando a adoção de um sistema de
A História da América colonial está intimamente ligada ao plantation ibérico. Logo, não seria necessário a aplicação de uma
processo de expansão marítima e comercial atlântica. A conquista empresa de colonização que demandasse grandes investimentos.
do Novo Mundo desenvolve dois projetos de colonização distintos:
Os metais preciosos foram encontrados em abundância na
os modelos ibérico e anglo-saxão. As consequências decorrentes
porção que pertencia a Espanha - América Espanhola – ainda no
de ambos os processos convergem em: extermínio das populações
século XVI, enquanto o ciclo minerador na América Portuguesa
americanas originais, tentativa de manutenção de sistemas de
ocorreu apenas nos três primeiros quartos do século XVIII. Já na
exclusividade comerciais, pirataria, tráfico negreiro para abastecer
América Inglesa, os metais preciosos apenas foram encontrados
as plantations – latifúndios escravistas, monocultores e voltados
na costa da Califórnia na metade do século XIX, isto é, após a
para a agroexportação – das colônias ibéricas e do sul das
consolidação da Independência dos Estados Unidos (1776).
chamadas treze colônias, além das busca de metais preciosos
como forma de enriquecimento das metrópoles. As diferenças apontadas nos parágrafos anteriores explicam
os motivos que levaram as Américas a possuírem projetos de
Como destacado acima, os dois modelos de colonização da
colonização tão distintos. Enquanto na porção ibérica assistiremos
América ficaram conhecidos basicamente como de “exploração” e
um modelo denominado “Pacto Colonial” ou “exclusivismo
“povoamento". O fator determinante para estes diferentes modelos
metropolitano”, na América inglesa a ausência de um rígido Pacto
foram basicamente os diferentes climas existentes nas respectivas
Colonial criou uma experiência de autogoverno (self-government)
regiões e a presença ou ausência de metais preciosos. As colônias
conhecido também como “negligência salutar”.
de Espanha e Portugal encontravam-se em uma faixa entre os
trópicos de Capricórnio e Câncer, isto é, em uma região de clima A presença católica foi um dos traços marcantes da colonização
quente que favorecia o desenvolvimento de uma agricultura de de espanhóis e portugueses, enquanto na América Inglesa a regra
exportação de produtos primários que não eram obtidos na Europa, foi a tolerância religiosa entre os grupos que fugiam das guerras e
como, por exemplo, cana-de-açúcar, e que por isso tinha alto valor perseguições da Europa no século XVII.
no mercado do Velho Mundo.

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Integravam os cabildos. Já na base da sociedade estavam os


indígenas e negros africanos, explorados como ‘semiescravos’ e
‘escravos’, respectivamente. Aos nativos foi imposto os trabalhos
compulsórios conhecidos como MITA ou REPARTIMIENTO
(trabalho forçado e temporário nas minas, com baixos salários) e
ENCOMIENDA (trabalho obrigatório nos latifúndios exportadores,
havendo de ‘recompensa’ a catequização).
É importante acrescentar que para comercializar escravos na
América Espanhola era necessário obter o asiento – concessão de
direito de venda.
A economia era baseada sobretudo na mineração. A extração
de metais preciosos ganha destaque na região do atual México,
Peru e Bolívia, principalmente na cidade de Potosí. Somado a esta
prática, a pecuária era uma atividade forte na região do rio da Prata.
Já os produtos para exportação concentravam-se, com maior
incidência na região do Caribe.
Vale destacar que visando seu enriquecimento e fortalecimento,
COLONIZAÇÃO ESPANHOLA e em concordância com as práticas econômicas mercantis, a
Entre os anos de 1492 (descoberta da América) e 1572 Espanha impôs à sua colônia o Pacto Colonial ou Exclusivo
(morte do último imperador Inca) os espanhóis derrotaram as Comercial, impossibilitando que a mesma comercializasse com
principais resistências indígenas, praticamente fazendo sumir do outras regiões, além de obterem intensas vantagens e privilégios
mapa os impérios pré-colombianos. Os espanhóis exploraram nestas transações.
as rivalidades existentes entre os ameríndios e utilizaram sua
superioridade militar: armas de fogo, espada (metal resistente),
cavalos, armadura, etc. O trabalho compulsório, aliado às doenças,
causou uma enorme mortandade. Veja o exemplo do que ocorreu
com os povos andinos:
Ano População andina
1633 40.115
1662 16.000
1683 10.633

Para consolidar seu domínio foi instalada uma estrutura


colonizadora com as seguintes características:
• Conselho das Índias: base localizada na Espanha. Funcionava
como Supremo Tribunal de Justiça, além de nomear
funcionários e regulamentar a administração das colônias.
• Casa de Contratação: sediada em Sevilha (Espanha).
Organizava o comércio e fiscalizava o pagamento do quinto.
• Vice-Reinos: visando facilitar a administração. Eram 04:
Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Prata. O Vice-Rei
representava o rei espanhol na América. Era escolhido
entre a nobreza e possuía funções militares, jurídicas,
fiscais, financeiras, religiosas e administrativas, em geral.
• Capitanias: além dos vice-reinos, foram 04 capitanias:
Cuba, Guatemala, Chile e Venezuela. Os capitães gerais
tinham importantes funções militares, e seu principal
objetivo era proteger estas regiões de possíveis invasões.
• Audiências: formadas pelos ouvidores. Possuíam função
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. p.282.
judiciária e com o tempo passaram a desempenhar
algumas funções administrativas.
• Cabildos ou ayuntamientos: órgão de atuação local.
Eram equivalentes às câmaras municipais. Formados COLONIZAÇÃO INGLESA
por elementos da elite colonial e subordinados as leis da Na América Inglesa, ao contrário do caso espanhol, o processo
Espanha. Entretanto, tinham autonomia para promover a de colonização não foi incentivado pela metrópole, uma vez que
administração local – municipal”. não havia um significativo motivador econômico que justificasse a
A sociedade era organizada da seguinte maneira: imposição de um rígido sistema de exclusivismo metropolitano. Já
na França, o rei Francisco I, enviou Jacques Cartier para a região do
No topo estavam os chapetones – espanhóis, que detendo
atual Canadá. Até o século XVIII, franceses e ingleses disputaram a
altos cargos políticos e obtendo privilégios, constituíam uma
hegemonia sobre a região. Apesar da cultura latina do Quebec, esta
elite política. Junto a eles, o clero obtinha grande influência
região acabaria sendo incorporada aos domínios britânicos.
política, cultural, econômica e social. Posteriormente havia os
criollos – descendentes de espanhóis, nascidos na América. Os primeiros colonos ingleses chegaram apenas em 1607,
Acabaram se configurando em uma elite econômica, uma vez quando Christopher Newport entrou em Hampton Roads fundando
que eram constituídos por grandes proprietários e comerciantes. Jamestown, uma homenagem ao rei Jaime I (1603-25), monarca

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que daria impulso ao processo de colonização ao perseguir


católicos e protestantes não anglicanos. Foi nesta localidade, na
CHEGADA DOS PORTUGUESES
Virgínia, que John Rolfe casou com a famosa Pocahontas como NO “NOVO MUNDO”
forma de celebrar a paz com os indígenas. O ano de 1619 foi uma
A descoberta do Brasil pelo navegador português Pedro Álvares
data simbólica para o processo de ocupação inglesa na América do
Cabral faz parte do grande projeto de expansão atlântica do Reino de
Norte: reuniu-se a primeira assembleia de colonos, estabelecendo-
Portugal. A hipótese de que a chegada dos portugueses ao território
se, desta forma, uma das principais tradições das Treze Colônias
que hoje conhecemos como Brasil foi acidental, não sobrevive ao
Inglesas: o direito de autogoverno.
estudo mais aprofundado do tema. A manutenção do controle do
Na América Inglesa, a mão de obra predominante era livre, Atlântico Sul era de vital importância para os portugueses, ademais
familiar ou de servidão por contrato. Neste último caso, estabelecia- existia o precedente da pressão portuguesa em estender a linha
se uma uma espécie de acordo, em que em que um colono pobre se de demarcação de Tordesilhas, a qual as outras nações europeias
comprometia a trabalhar para uma Companhia de Comércio, que lhe não viriam a respeitar. O rei da França, Francisco I, teria feito um
concedia passagem e estadia para morar na colônia, por um período comentário jocoso, questionando a existência de um testamento
determinado de tempo, ao final do qual estaria livre de suas obrigações de Adão que concederia o mundo colonial aos ibéricos.
e poderia obter trabalho livre. As propriedades rurais eram pequenas ou
médias, sendo a produção destinada aos mercados interno e externo.
O livre-comércio com as Antilhas e a África era diversificado, existindo
produtos como tabaco, rum, açúcar e escravos negros para as colônias
do sul. Este modelo era denominado de “comércio triangular”.
Os colonos se consideravam tão súditos da Inglaterra quanto
aqueles ingleses que permaneceram em Manchester, Liverpool ou
Londres. A experiência de autogoverno provinha em grande parte
da tradição jurídica consuetudinária inglesa oriunda da Magna
Carta de 1215, que estabelecia os princípios fundamentais da
organização parlamentar. Esta experiência de self-government
seria, na realidade, a peça chave para entender o processo de
independência das Treze Colônias Inglesas no século XVIII.
Apesar da configuração acima, na região mais ao sul, sobretudo
pelo clima mais quente, enxerga-se a instauração de sistemas
de plantation, isto é, com a formação de grandes latifúndios
monocultores, com foco no mercado externo e a intensa utilização
de mão de obra escrava. O destaque da economia era sobretudo Oscar Pereira da Silva, 1904. Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.
para a produção de tabaco, algodão e arroz"

PERÍODO PRÉ-COLONIAL
As três primeiras décadas da História do Brasil foram batizadas
pelos historiadores como “Período Pré-Colonial”, já que não houve
uma colonização efetiva. O lucrativo comércio com o Oriente ainda
era prioritário nas relações ultramarinas de Portugal. A terra de Vera
Cruz, primeiro nome dado ao território brasileiro, entretanto, não foi
totalmente abandonada pelos portugueses. A estratégia inicial da
Coroa portuguesa foi o envio de expedições de reconhecimento
e guarda-costas, as quais batizaram os primeiros acidentes
geográficos do Brasil, invariavelmente com nomes católicos.
A Coroa também concedeu os primeiros estancos, isto é,
autorizações reais para a exploração econômica da colônia por
particulares. Fernão de Noronha, cristão-novo, foi um dos primeiros
exploradores que utilizou a mão de obra indígena como forma de
obter pau-brasil, uma espécie natural encontrada na costa. O pau-
brasil era utilizado para se extrair uma tintura vermelha, muito rara
naquela época. A mão de obra indígena neste período era empregada
através da troca de objetos de pequeno valor para os portugueses
pelo pau-brasil, isto é, mediante o escambo. Os cristãos-novos
tornaram-se comuns em Portugal, sobretudo, no momento posterior
à Contrarreforma Católica, quando a Igreja assumiu uma posição de
maior intolerância para com os não católicos. O cristão-novo era
um apóstata, isto é, judeu convertido ao catolicismo. Muitos destes
indivíduos acabaram migrando para o Brasil definitivamente para
fugir dos temíveis tribunais da Inquisição em Portugal, organizados
a partir de 1536. No Brasil, a Inquisição não chegou a ser instalada,
procedendo apenas visitações do Tribunal do Santo Ofício na colônia.
Um dos responsáveis pelas expedições guarda-costas entre
1516 e 1528, o navegador Cristóvão Jacques, teria advertido a
monarquia portuguesa da necessidade de providências urgentes
no sentido de promover a ocupação territorial imediata, sob pena
de se perder o domínio da colônia para aventureiros de outras
nacionalidades, sobretudo franceses, que exploravam o litoral

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brasileiro. A dificuldade em patrulhar toda a colônia era facilmente


verificada pela grande extensão da costa e pelos limitados recursos
tecnológicos da época. A despeito da criação das primeiras
feitorias em Cabo Frio, em 1511, e Pernambuco, em 1516, havia a
necessidade de promover um modelo de colonização efetivo.
A primeira expedição deste tipo foi idealizada pelo rei D. João
III, o qual designou o fidalgo Martim Afonso de Souza como o
capitão-mor, que teria como responsabilidade expulsar os franceses
do litoral, estabelecer o reconhecimento geográfico da colônia e
manter núcleos de povoamento com certo grau de organização
administrativa. Em Pernambuco, entrou em choque com os
franceses e colocou à pique a nau La Pelerine. Martim Afonso de
Souza fundou a vila de São Vicente, no atual litoral paulista, na qual
estabeleceu a primeira experiência bem-sucedida de povoamento
na América portuguesa. Apesar das dificuldades iniciais, São Vicente
seria, juntamente com Pernambuco, a região que mais prosperaria
economicamente na colônia por conta da cana-de-açúcar.

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
O projeto de ocupação populacional da colônia, entretanto, Fonte: Google Imagens.
foi estabelecido entre 1534 e 1536, com a adoção do sistema
de capitanias hereditárias. O cinema, em 2003, brindou O sistema, contudo, começou a apresentar problemas para
os brasileiros com a reconstrução do período colonial em os donatários. Poucas foram as capitanias que efetivamente
Desmundo. Este sistema já havia sido empregado com sucesso prosperaram. As dificuldades dos donatários eram as mais diversas
nas ilhas atlânticas e, além do Brasil, seria estendido à Angola. possíveis: ataques de piratas europeus, assim como de grupos
O objetivo do rei D. João III com o sistema de capitanias indígenas, o alto custo do empreendimento, a falta de assistência
hereditárias era promover a ocupação territorial transferindo por parte da Coroa. De qualquer maneira, o sistema de capitanias
o ônus para particulares. O modelo era semelhante ao do hereditárias inaugurou, de fato, a colonização do Brasil, sendo extinto
senhorio português da Idade Média, entretanto, não podemos somente no século XVIII, durante a administração pombalina.
afirmar que este sistema criou relações feudais, haja vista que
no caso brasileiro existia um Estado Nacional centralizado
patrocinando um projeto colonizador. O sistema de capitanias ANOTAÇÕES

hereditárias consistia na concessão do rei de extensos domínios


a particulares, os quais recebiam uma carta de doação real e um
foral, no qual estavam consubstanciadas suas obrigações.
O donatário – nome dado ao particular que recebia a
capitania – tinha:
• o direito de explorar economicamente sua capitania
• a função de administras as questões judiciárias
• se sujeitar à autoridade da Coroa
• recolher tributos
• expandir a fé católica
• concessão de sesmarias – grandes extensões de terras
que estão na origem do latifúndio e da concentração de
terras no Brasil”.

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