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O MERCANTILISMO, O NOVO E O
PIONEIRISMO PORTUGUÊS
A economia portuguesa – assim como de grande parte dos
Estados Nacionais Modernos na Europa ocidental - era mercantil ee
se baseava primordialmente na intervenção estatal na economia.
Suas principais práticas eram:
• Metalismo
• Balança comercial favorável
• Protecionismo alfandegário
Fonte: https://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/119.htm • Colonialismo
• Incentivo à manufatura
A partir destas características
DINASTIA DE BORGONHA e do intervencionismo amplamente
realizado, o rei tinha por objetivo o
(1139 - 1383) fortalecimento do Estado, embora
Estabeleceu-se através de intensa luta de Portugal contra os ao custo de continuar enriquecendo
Fonte: https://www.lusoamericano.
mouros, obtendo progressiva conquista de território. Além disso, o diretamente a burguesia. com/acores-acolhem-ii-cimeira-dos-
poder da autoridade régia foi reforçado pelas constantes guerras, Com o tempo e as atividades
arquipelagos-da-macaronesia/.
que facilitaram a centralização do poder nas mãos do rei, uma vez comerciais como fonte de renda,
que também desempenhava a chefia militar. Esta situação se tornou Portugal passou a ter uma nova necessidade econômica
possível devido ao feudalismo diferenciado desenvolvido na região, para romper com o monopólio italiano de especiarias no Mar
uma vez que as terras conquistadas pelos mouros e concedidas Mediterrâneo. Sendo assim, Portugal foi o pioneiro no processo
aos nobres não se converteram aos domínios independentes. Desta de Expansão Marítima e na mudança da rota comercial do Mar
maneira, as instituições municipais eram subordinadas ao monarca. Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
Seu pioneirismo é explicado pelos seguintes fatores: Em 1415, o conhecimento do litoral africano chegava até o
• Centralização política precoce – desde 1385 era o único Cabo Bojador, que só foi ultrapassado por Gil Eanes em 1434,
Estado centralizado e ausente de guerras motivado em avançar pela África subsaariana em busca do ouro
desviado de Ceuta. A exploração da costa africana foi bastante
• Localização geográfica favorável. lucrativa pela presença do ouro em pó, escravos e marfim
• Desenvolvimento náutico oriundo das técnicas árabes trocados por cavalos, tecidos e trigos, o que atraiu interesse
• Apoio da burguesia, nobreza e clero de comerciantes e amadores. Com o avançar da conquista do
litoral africano houve as instalações de feitorias (entrepostos
comerciais e fortificados) para consolidar o domínio luso. Em
A EXPANSÃO MARÍTIMA 1488, no reinado de D. João II, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo
das Tormentas, tornando possível o sonho de chegar às Índias e
PORTUGUESA romper com o monopólio italiano.
A primeira conquista de Portugal foi Ceuta em 21/8/1415 no norte A conquista das Índias e consequentemente do comércio
da África. Para sua dominação foi formado um exército cruzadista para de especiarias (cravo, canela, pimenta, noz moscada, dentre
combater os árabes na região, que marcou a presença dos filhos do outras) – tão desejadas no comércio europeu – se deu em 1498
rei D. João I – D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique e D. Fernando e suas pela chegada de Vasco da Gama a Calicute, na Índia. Sendo
ordenações como cavaleiros. A região conquistada era um entreposto assim, Portugal consolidou uma forte hegemonia econômica
comercial muçulmano – baseado principalmente nas negociações de na primeira parte do século XVII através da rota do Périplo
ouro, escravos e marfim – além de importante ponto de ataque dos Africano (África e Ásia). No entanto, a chegada dos portugueses
árabes. As outras conquistas foram as Ilhas do Atlântico, onde foram a América – Brasil – em 1500 e seu avanço pela Ásia ampliou
estabelecidas Capitanias Hereditárias (Madeira, entre 1419 e 1425; consideravelmente as suas possibilidades, como será visto nos
Açores, em 1439; Cabo Verde, em 1456). próximos módulos.
Fonte: https://www.infoenem.com.br/historia-geral-jornada-rumo-ao-oriente/
CHEGADA NO NOVO MUNDO A América inglesa estava localizada em uma região de clima
temperado frio, impossibilitando a adoção de um sistema de
A História da América colonial está intimamente ligada ao plantation ibérico. Logo, não seria necessário a aplicação de uma
processo de expansão marítima e comercial atlântica. A conquista empresa de colonização que demandasse grandes investimentos.
do Novo Mundo desenvolve dois projetos de colonização distintos:
Os metais preciosos foram encontrados em abundância na
os modelos ibérico e anglo-saxão. As consequências decorrentes
porção que pertencia a Espanha - América Espanhola – ainda no
de ambos os processos convergem em: extermínio das populações
século XVI, enquanto o ciclo minerador na América Portuguesa
americanas originais, tentativa de manutenção de sistemas de
ocorreu apenas nos três primeiros quartos do século XVIII. Já na
exclusividade comerciais, pirataria, tráfico negreiro para abastecer
América Inglesa, os metais preciosos apenas foram encontrados
as plantations – latifúndios escravistas, monocultores e voltados
na costa da Califórnia na metade do século XIX, isto é, após a
para a agroexportação – das colônias ibéricas e do sul das
consolidação da Independência dos Estados Unidos (1776).
chamadas treze colônias, além das busca de metais preciosos
como forma de enriquecimento das metrópoles. As diferenças apontadas nos parágrafos anteriores explicam
os motivos que levaram as Américas a possuírem projetos de
Como destacado acima, os dois modelos de colonização da
colonização tão distintos. Enquanto na porção ibérica assistiremos
América ficaram conhecidos basicamente como de “exploração” e
um modelo denominado “Pacto Colonial” ou “exclusivismo
“povoamento". O fator determinante para estes diferentes modelos
metropolitano”, na América inglesa a ausência de um rígido Pacto
foram basicamente os diferentes climas existentes nas respectivas
Colonial criou uma experiência de autogoverno (self-government)
regiões e a presença ou ausência de metais preciosos. As colônias
conhecido também como “negligência salutar”.
de Espanha e Portugal encontravam-se em uma faixa entre os
trópicos de Capricórnio e Câncer, isto é, em uma região de clima A presença católica foi um dos traços marcantes da colonização
quente que favorecia o desenvolvimento de uma agricultura de de espanhóis e portugueses, enquanto na América Inglesa a regra
exportação de produtos primários que não eram obtidos na Europa, foi a tolerância religiosa entre os grupos que fugiam das guerras e
como, por exemplo, cana-de-açúcar, e que por isso tinha alto valor perseguições da Europa no século XVII.
no mercado do Velho Mundo.
PERÍODO PRÉ-COLONIAL
As três primeiras décadas da História do Brasil foram batizadas
pelos historiadores como “Período Pré-Colonial”, já que não houve
uma colonização efetiva. O lucrativo comércio com o Oriente ainda
era prioritário nas relações ultramarinas de Portugal. A terra de Vera
Cruz, primeiro nome dado ao território brasileiro, entretanto, não foi
totalmente abandonada pelos portugueses. A estratégia inicial da
Coroa portuguesa foi o envio de expedições de reconhecimento
e guarda-costas, as quais batizaram os primeiros acidentes
geográficos do Brasil, invariavelmente com nomes católicos.
A Coroa também concedeu os primeiros estancos, isto é,
autorizações reais para a exploração econômica da colônia por
particulares. Fernão de Noronha, cristão-novo, foi um dos primeiros
exploradores que utilizou a mão de obra indígena como forma de
obter pau-brasil, uma espécie natural encontrada na costa. O pau-
brasil era utilizado para se extrair uma tintura vermelha, muito rara
naquela época. A mão de obra indígena neste período era empregada
através da troca de objetos de pequeno valor para os portugueses
pelo pau-brasil, isto é, mediante o escambo. Os cristãos-novos
tornaram-se comuns em Portugal, sobretudo, no momento posterior
à Contrarreforma Católica, quando a Igreja assumiu uma posição de
maior intolerância para com os não católicos. O cristão-novo era
um apóstata, isto é, judeu convertido ao catolicismo. Muitos destes
indivíduos acabaram migrando para o Brasil definitivamente para
fugir dos temíveis tribunais da Inquisição em Portugal, organizados
a partir de 1536. No Brasil, a Inquisição não chegou a ser instalada,
procedendo apenas visitações do Tribunal do Santo Ofício na colônia.
Um dos responsáveis pelas expedições guarda-costas entre
1516 e 1528, o navegador Cristóvão Jacques, teria advertido a
monarquia portuguesa da necessidade de providências urgentes
no sentido de promover a ocupação territorial imediata, sob pena
de se perder o domínio da colônia para aventureiros de outras
nacionalidades, sobretudo franceses, que exploravam o litoral
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
O projeto de ocupação populacional da colônia, entretanto, Fonte: Google Imagens.
foi estabelecido entre 1534 e 1536, com a adoção do sistema
de capitanias hereditárias. O cinema, em 2003, brindou O sistema, contudo, começou a apresentar problemas para
os brasileiros com a reconstrução do período colonial em os donatários. Poucas foram as capitanias que efetivamente
Desmundo. Este sistema já havia sido empregado com sucesso prosperaram. As dificuldades dos donatários eram as mais diversas
nas ilhas atlânticas e, além do Brasil, seria estendido à Angola. possíveis: ataques de piratas europeus, assim como de grupos
O objetivo do rei D. João III com o sistema de capitanias indígenas, o alto custo do empreendimento, a falta de assistência
hereditárias era promover a ocupação territorial transferindo por parte da Coroa. De qualquer maneira, o sistema de capitanias
o ônus para particulares. O modelo era semelhante ao do hereditárias inaugurou, de fato, a colonização do Brasil, sendo extinto
senhorio português da Idade Média, entretanto, não podemos somente no século XVIII, durante a administração pombalina.
afirmar que este sistema criou relações feudais, haja vista que
no caso brasileiro existia um Estado Nacional centralizado
patrocinando um projeto colonizador. O sistema de capitanias ANOTAÇÕES