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CONTEÚ DO
Prefá cio
CAPÍTULO 1. O nascimento de Domingos. Sua juventude e vida
universitá ria.
CAPÍTULO 2. Domingos é nomeado cô nego de Osma. Sua missã o ao
norte em companhia de Diego de Azevedo.
CAPÍTULO 3. Peregrinaçã o a Roma. Primeiros trabalhos entre os
Albigenses.
CAPÍTULO 4. Dominic em Languedoc. Os milagres de Fanjeaux e
Montreal. A fundaçã o do Convento de Prouille.
CAPÍTULO 5. Diego retorna à Espanha. Sua morte. Dominic permanece
em Languedoc. O assassinato de Peter de Castelnau e o início da guerra
dos albigenses.
CAPÍTULO 6. Proclamaçã o da Cruzada. Simã o de Montfort. Domingos
entre os hereges. Seus trabalhos apostó licos.
CAPÍTULO 7. A instituiçã o do Rosá rio. O Conselho de Lavaur. A batalha
de Muret.
CAPÍTULO 8. Domingos inicia a fundaçã o de sua Ordem em Toulouse. A
concessã o de Fulk de Toulouse. Segunda visita de Domingos a Roma. O
Concílio de Latrã o. Inocêncio III aprova o plano da Ordem. Encontro de
Domingos e Francisco.
CAPÍTULO 9. O retorno de Dominic à França. Os irmã os se reú nem em
Prouille para escolher uma regra. O espírito da Ordem. Alguns relatos
dos primeiros seguidores de Domingos. O convento de Sã o Romano.
CAPÍTULO 10. Terceira visita de Domingos a Roma. Confirmaçã o da
Ordem por Honó rio III. A visã o de Domingos em Sã o Pedro. Ele é
nomeado mestre do Palá cio Sagrado. Ugolino de Ó stia.
CAPÍTULO 11. Dominic retorna a Toulouse. Ele dispersa a Comunidade
de St. Romain. Seu endereço ao povo de Languedoc. Assuntos futuros da
Ordem naquele país
CAPÍTULO 12. Quarta visita de Domingos a Roma. Seu modo de viajar.
CAPÍTULO 13. O convento de Sã o Sisto. Aumento rá pido da Ordem.
Milagres e popularidade de Sã o Domingos. A visita dos anjos.
CAPÍTULO 14. O mosteiro de Santa Maria em Trastevere. Dominic é
nomeado para reformar e cercar a comunidade. Seu sucesso. Seu
assentamento em St. Sixtus. A restauraçã o da vida do Senhor Napoleã o.
Irmã Cecília.
CAPÍTULO 15. Assuntos da Ordem na França. Primeiro assentamento
dos irmã os no convento de St. James em Paris. Fundaçã o em Bolonha.
Cará cter das casas religiosas da Ordem. Estabelecimento dos Frades na
Espanha e em Portugal. Irmã os Tancredo e Henrique de Roma.
CAPÍTULO 16. Dominic em Santa Sabina. A vocaçã o de Sã o Jacinto.
Reginaldo de Orleans. A Santíssima Virgem concede-lhe o há bito da
Ordem.
CAPÍTULO 17. A vida de Domingos em Roma. A regra da Ordem.
Descriçã o de sua pessoa e aparência. Sua oraçã o e modo de vida.
CAPÍTULO 18. Ataques do diabo. Lendas de Santa Sabina e Sã o Sisto.
CAPÍTULO 19. Domingos deixa Roma. Ele visita Bolonha a caminho da
Espanha. Incidentes de sua jornada. Ele prega em Segó via. Fundaçõ es lá
e em Madrid. Sua oraçã o contínua.
CAPÍTULO 20. Retorne a St. Romain. Ele segue para Paris. Jordâ nia da
Saxô nia. Entrevista com Alexandre, Rei da Escó cia. Regresso à Itá lia.
CAPÍTULO 21. O Convento de Bolonha. Efeitos da pregaçã o e governo
de Reginald. Fervor da Comunidade de Sã o Nicolau. Conversã o dos
Padres Roland e Moneta. Dispersã o dos irmã os pelas cidades do norte
da Itá lia. noviços de Reginald. Robaldo. Bonviso de Placentia. Estêvã o
da Espanha. Rodolfo de Faenza. Reginald é enviado para Paris. Jordan se
junta à Ordem. O sucesso e a morte de Reginald.
CAPÍTULO 22. Domingos viaja pela Itá lia e volta a Roma pela quinta vez.
Aumento da Ordem. Cará ter dos primeiros pais. Entrevista com Sã o
Francisco. Favores da Santa Sé.
CAPÍTULO 23. Primeiro Capítulo geral em Bolonha. Lei da pobreza. A
Ordem se espalha pela Europa. A doença de Dominic em Milã o. Visita a
Siena. Tancredo. Viagens apostó licas pela Itá lia. Retorno a Bolonha, e
conversã o do Mestre Conrad. Joã o de Vicenza. Anedotas.
CAPÍTULO 24. Hereges do norte da Itá lia. Fundaçã o da terceira ordem.
Ú ltima visita a Roma. Encontro com Fulk de Toulouse. Segundo capítulo
geral. Divisã o da Ordem em províncias. Beato Paulo da Hungria. Sã o
Pedro Má rtir.
CAPÍTULO 25. A Ordem na Inglaterra. Chegada a Oxford de Gilbert de
Fresnoy. Celebrados ingleses da Ordem. Walter Malclerk, Bacon e
Fishacre. A Ordem e as universidades. A província alemã .
CAPÍTULO 26. A ú ltima viagem missioná ria de Domingos. Seu retorno a
Bolonha e doença. Sua morte. Revelaçõ es de sua gló ria. Sua canonizaçã o
e a traduçã o de suas relíquias.
CAPÍTULO 27. Escritos de Dominic. Sua suposta defesa da Imaculada
Conceiçã o. Seus retratos de Fra Angelico e nos versos de Dante.
Observaçõ es sobre a Ordem.
A Vida de São Domingos
The Life of St. Dominic por Augusta Theodosia Drane (1823-1894) foi publicado pela primeira vez
em 1857 em Londres. A presente edição é redigitada a partir da primeira parte de uma obra em
duas partes intitulada The Life of St. Dominic, com um Sketch of the Dominican Order publicado
por Burns, Oates & Washbourne Ltd., Londres, c. 1890.
ISBN: 978-0-89555-336-2
A composição deste livro é propriedade da TAN Books e não pode ser reproduzida, no todo ou em
parte, sem permissão por escrito da editora.
TAN Books
www.TANBooks.com
2011
A prova do fogo: os escritos dos Albigenses são consumidos nas chamas, enquanto o livro de São
Domingos sobre a Carne de Cristo é milagrosamente levado em segurança na presença de toda a
assembléia. (Ver páginas 18 e 236). Neste livro São Domingos afirmou a Imaculada Conceição da
Bem-Aventurada Virgem Maria.
" 'E como eles saberiam se ninguém contou? E como
pregarã o se nã o forem enviados, como está escrito: Quão
formosos são os pés dos que pregam o evangelho da paz,
dos que trazem boas novas de coisas boas! . . .Sim, em
verdade, o seu som se espalhou por toda a terra, e as suas
palavras até os confins do mundo.' ”
Romanos 10:14-15, 18
CONTEÚ DO
Prefácio
CAPÍTULO 2. Domingos é nomeado cô nego de Osma. Sua missão ao norte em companhia de Diego
de Azevedo .
CAPÍTULO 9. O retorno de Dominic à França. Os irmãos se reú nem em Prouille para escolher uma
regra. O espírito da Ordem. Alguns relatos dos primeiros seguidores de Domingos. O
convento de São Romain .
CAPÍTULO 10. Terceira visita de Domingos a Roma. Confirmação da Ordem por Honó rio III. A
visão de Domingos em São Pedro. Ele é nomeado mestre do Palácio Sagrado. Ugolino de
Ó stia .
CAPÍTULO 11. Dominic retorna a Toulouse. Ele dispersa a Comunidade de St. Romain. Seu
endereço ao povo de Languedoc. Assuntos futuros da Ordem naquele país
CAPÍTULO 13. O convento de São Sisto. Aumento rápido da Ordem. Milagres e popularidade de São
Domingos. A visita dos anjos .
CAPÍTULO 14. O mosteiro de Santa Maria em Trastevere. Dominic é nomeado para reformar e
cercar a comunidade. Seu sucesso. Seu assentamento em St. Sixtus. A restauração da vida do
Senhor Napoleão. Irmã Cecília .
CAPÍTULO 15. Assuntos da Ordem na França. Primeiro assentamento dos irmãos no convento de
St. James em Paris. Fundação em Bolonha. Carácter das casas religiosas da Ordem.
Estabelecimento dos Frades na Espanha e em Portugal. Irmãos Tancredo e Henrique de
Roma .
CAPÍTULO 16. Dominic em Santa Sabina. A vocação de São Jacinto. Reginaldo de Orleans. A
Santíssima Virgem dá-lhe o hábito da Ordem .
CAPÍTULO 17. A vida de Domingos em Roma. A regra da Ordem. Descrição de sua pessoa e
aparência. Sua oração e modo de vida .
CAPÍTULO 19. Domingos deixa Roma. Ele visita Bolonha a caminho da Espanha. Incidentes de sua
jornada. Ele prega em Segó via. Fundaçõ es lá e em Madrid. Sua oração contínua .
CAPÍTULO 20. Retorne a St. Romain. Ele segue para Paris. Jordânia da Saxô nia. Entrevista com
Alexandre, Rei da Escó cia. Regresso à Itália .
CAPÍTULO 22. Domingos viaja pela Itália e volta a Roma pela quinta vez. Aumento da Ordem.
Caráter dos primeiros pais. Entrevista com São Francisco. Favores da Santa Sé .
CAPÍTULO 23. Primeiro Capítulo geral em Bolonha. Lei da pobreza. A Ordem se espalha pela
Europa. A doença de Dominic em Milão. Visita a Siena. Tancredo. Viagens apostó licas pela
Itália. Retorno a Bolonha, e conversão do Mestre Conrad. João de Vicenza. Anedotas .
CAPÍTULO 24. Hereges do norte da Itália. Fundação da terceira ordem. Ú ltima visita a Roma.
Encontro com Fulk de Toulouse. Segundo capítulo geral. Divisão da Ordem em províncias.
Beato Paulo da Hungria. São Pedro Mártir .
CAPÍTULO 25. A Ordem na Inglaterra. Chegada a Oxford de Gilbert de Fresnoy. Celebrados ingleses
da Ordem. Walter Malclerk, Bacon e Fishacre. A Ordem e as universidades. A província alemã
.
CAPÍTULO 26. A ú ltima viagem missionária de Domingos. Seu retorno a Bolonha e doença. Sua
morte. Revelaçõ es de sua gló ria. Sua canonização e a tradução de suas relíquias .
CAPÍTULO 27. Escritos de Dominic. Sua suposta defesa da Imaculada Conceição. Seus retratos de
Fra Angelico e nos versos de Dante. Observaçõ es sobre a Ordem .
PREFÁ CIO
Terceira visita de Domingos a Roma. Confirmação da Ordem por Honó rio III. A visão de Domingos
em São Pedro. Ele é nomeado mestre do Palácio Sagrado. Ugolino de Ó stia.
Domingos em Santa Sabina. A vocação de São Jacinto. Reginaldo de Orleans. A Santíssima Virgem
concede-lhe o hábito da Ordem.
Diz-se que todas as vidas têm seu capítulo de poesia; se assim for, o
poema da vida de Dominic está agora se abrindo diante de nó s.
Nenhum período de sua histó ria é ao mesmo tempo tã o rico em beleza
lendá ria e tã o cheio de detalhes amplos e encantadores como o de sua
residência em Santa Sabina, a igreja que, como já dissemos, foi
concedida a ele e seus irmã os. pelo Papa Honó rio quando eles
abandonaram St. Sixtus para as freiras do Trastevere. Foi anexado ao
palá cio dos Savelli, da qual a família Honó rio era membro; e é-nos dito
que a mudança de residência foi particularmente bem-vinda aos frades,
pois o bairro era entã o mais densamente povoado do que o de S. Sisto, e
a igreja era de popular estâ ncia. Esse personagem há muito se afastou
dele; e a maré da populaçã o, recuando a cada ano mais e mais para o
oeste, deixou o monte Aventino mais uma vez com sua beleza silenciosa
e solitá ria. Construído no cume daquela colina, que se ergue
abruptamente acima do Tibre, o convento de Santa Sabina fica entre a
cidade antiga e a moderna. De um lado tem uma longa vista de igrejas e
palá cios, até que o brilho dourado do horizonte acima de Monte Má rio é
cortado pelo contorno nítido daquela maravilhosa cú pula que se ergue
sobre o tú mulo dos apó stolos.
Vire apenas a cabeça e você contemplará um mundo diferente.
Amontoados em uma confusã o fantá stica, há os arcos de ruínas
gigantescas, e as paredes quebradas e torres de vigia que se erguem
entre os vinhedos; e além deles está a ampla Campagna que se estende
como um mar no horizonte turvo, atravessada pelas longas linhas dos
aquedutos, que parecem ter alcançado a pró pria base daquelas
montanhas distantes que ficam ao redor da cidade eterna como “as
colinas ficam ao redor de Jerusalém”. St. Sixtus nã o está longe - você
pode encontrar o caminho até ele através das alamedas verdes e
agradáveis que serpenteiam entre as amendoeiras; tudo aqui parece
cheio de Dominic; e quando a histó ria de sua vida se tornou querida e
familiar para nó s, todo o Aventino parece consagrado como seu
santuá rio. *
Foi aqui, entã o, que os frades se mudaram assim que as freiras
tomaram posse de sua antiga residência; e eles nã o haviam se
estabelecido há muito tempo em seu novo convento quando alguns
acréscimos muito notáveis foram feitos aos seus nú meros. Ivo
Odrowatz, o bispo polonês de Cracó via, estava entã o em Roma, tendo
em sua companhia seus dois sobrinhos, Ceslau e Jacinto, ambos
cô negos de sua catedral e homens de singular virtude. Todos estiveram
presentes em Sã o Sisto por ocasiã o da ressurreiçã o do jovem Napoleã o;
e quando, por meio do cardeal Ugolino, eles conheceram pessoalmente
Domingos, a profunda impressã o que aquela cena causou em suas
mentes foi aumentada por seus modos santos e cativantes. Ivo instou-o
a enviar alguns de seus irmã os para os países do norte, mas as
dificuldades da língua pareciam oferecer um obstá culo insuperável a
esse plano; Dominic, no entanto, sugeriu que se alguns de seus pró prios
seguidores adotassem o há bito, seria a melhor maneira de realizar seus
desejos.
Poucos dias depois, Jacinto e Ceslau, com outros dois, Henrique da
Morávia e Herman, nobre alemã o, apresentaram-se em Santa Sabina e,
atirando-se aos pés da Santa, imploraram para entrar na Ordem. Eles
foram recebidos com alegria, e seu progresso foi tã o rá pido quanto
extraordiná rio. Sem dú vida, naqueles dias de fervor inicial, o
crescimento das almas plantadas em uma atmosfera de santidade era
mais rá pido e mais vigoroso do que agora; e somos levados a exclamar:
“Havia gigantes naqueles dias”, quando encontramos esses quatro
noviços, dentro de seis meses apó s sua primeira admissã o, prontos
para retornar ao seu pró prio país para serem os fundadores e
propagadores da Ordem. Eles viajaram de volta com o bispo de
Cracó via, pregando enquanto iam. A separaçã o, essa lei do instituto
dominicano, era a sorte que os esperava também. Hyacinth e Ceslaus
seguiram seu caminho para o norte, onde dividiram a terra entre eles.
Ceslau plantou a ordem na Boêmia, enquanto o apostolado de Jacinto se
estendeu pela Rú ssia, Suécia, Noruega, Prú ssia e as naçõ es do norte da
Á sia. O antigo sonho de Domingos de uma missã o aos cumanos tornou-
se realidade nos trabalhos deste o maior de seus filhos, e nele a ordem
dos Frades Pregadores tomou posse de metade do mundo conhecido.
Henrique seguiu para a Estíria e Á ustria e fundou muitos
conventos, especialmente o de Viena. Um relato de beleza singular é
deixado de sua morte. Ele adoeceu no convento da Wrateslavia; e
achando que sua ú ltima hora se aproximava, ele fixou os olhos em um
crucifixo diante dele e cantou docemente enquanto tinha forças. Depois
de algum tempo ele ficou em silêncio, mas sorriu, e juntou as mã os, e
mostrou em seus olhos e em todo o seu rosto uma grande e inexplicável
alegria. Entã o, depois de um breve tempo, ele falou e disse: “Os
demô nios estã o vindo, e querem perturbar e perturbar minha fé, mas
creio em Deus Pai, e no Filho, e no Espírito Santo”; e com essas palavras
em seus lá bios ele gentilmente expirou.
Herman, o quarto desta sociedade, foi deixado em Friesach para
governar um convento fundado naquele lugar. Ele era um homem de
extraordiná ria devoçã o, embora de pouca aprendizagem. Por causa de
sua simplicidade e ignorâ ncia, foi muitas vezes desprezado e
ridicularizado por seus companheiros; e, buscando o conforto de Deus
na oraçã o, obteve o dom de tanto conhecimento das Sagradas
Escrituras que, sem nenhum tipo de estudo, foi capaz de pregar nã o
apenas em alemã o, mas também em latim, com extraordiná ria
eloquência e sucesso.
Mas outro discípulo deveria ser reunido na Ordem durante este
mesmo ano, cuja carreira, se mais curta do que qualquer um daqueles
que mencionamos, foi pouco menos brilhante; e que estava destinado a
exercer uma influência considerável sobre algumas das mais
importantes das primeiras fundaçõ es. De fato, havia sinais singulares
de uma providencial ordenaçã o das coisas no que parecia a reuniã o
acidental em Roma naquele ano de tantos homens cujos coraçõ es
estavam prontos para o trabalho que os preparava ali. Entre estes,
aquele de quem vamos falar nã o foi o menos destacado. Reginaldo,
diá cono da igreja de Orleans, havia chegado ali, em companhia do
bispo, com a intençã o de visitar o lugar santo e dali seguir em
peregrinaçã o a Jerusalém. Ele já era conhecido como um profundo
doutor em direito canô nico, e ocupou a cá tedra dessa ciência na
Universidade de Paris. Mas, por mais brilhante que fosse seu intelecto e
a fama que lhe dera, nã o o satisfez; pois ele tinha dentro de si algo
maior que o gênio, e uma sede que os aplausos do mundo nã o podiam
saciar.
Enquanto o mundo de Paris estava ocupado com sua fama, veio
sobre ele o desejo de abandonar todas as coisas por Cristo, e refugiar-se
do aplauso popular em algum estado onde ele pudesse gastar sua vida
pelas almas dos outros, enquanto sua pró pria deve ser um participante
da muita pobreza e nudez do crucifixo. A sua peregrinaçã o a Roma e
Jerusalém foi empreendida com esta ideia: fazia parte do seu plano
para se desvencilhar das amarras da sua vida presente e procurar a
melhor parte para a qual se sentia chamado e escolhido.
O resultado deve ser contado nas palavras do bem-aventurado
Humbert: “Ele se preparou para este ministério, portanto, embora nã o
soubesse de que maneira deveria realizá -lo; pois ignorava que a Ordem
dos Frades Pregadores ainda havia sido instituída. Ora, aconteceu que
em um discurso confidencial com um certo cardeal ele lhe abriu todo o
coraçã o sobre este assunto, dizendo-lhe que desejava muito largar
todas as coisas para ir pregar Jesus Cristo em estado de pobreza
voluntá ria. Entã o o cardeal lhe disse: 'Ei! há uma ordem recém surgida,
cujo fim é unir a prá tica da pobreza com o ofício da pregaçã o; e o
mestre desta nova ordem está presente conosco na cidade, que também
prega a palavra de Deus.' Agora, quando o mestre Reginald ouviu isso,
apressou-se a procurar o abençoado Domingos e revelar-lhe o segredo
de sua alma. Entã o a visã o do santo e a graciosidade de suas palavras
cativaram seu coraçã o, e ele resolveu entrar na Ordem.
“Mas a adversidade, que prova tantos projetos santos, nã o falhou
da mesma maneira em tentar também o dele. Ele adoeceu, de modo que
os médicos se desesperaram até mesmo em salvar sua vida. O bem-
aventurado Domingos, entristecido com a ideia de perder um filho
antes de o ter desfrutado, voltou-se para a misericó rdia divina,
implorando fervorosamente a Deus (como ele mesmo relatou aos
irmã os) que nã o lhe tirasse um filho. ainda, mas mal nasceu, mas pelo
menos para prolongar sua vida, se fosse apenas um pouco. E mesmo
enquanto ele ainda orava, a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mã e de
Deus e Senhora do Mundo, acompanhada por duas jovens donzelas de
incomparável beleza, apareceu ao Mestre Reginald enquanto ele estava
acordado e ressequido com uma febre ardente; e ele ouviu a Rainha do
Céu falando com ele, e dizendo: 'Pergunte-me o que você quer, e eu vou
dê a você.' E como ele pensava em si mesmo, uma das donzelas que
acompanhavam a Santíssima Virgem lhe sugeriu que ele nã o pedisse
nada, mas deixasse isso à vontade e prazer da Rainha da Misericó rdia,
ao que ele consentiu de boa vontade. Entã o ela, estendendo sua mã o
virginal, ungiu seus olhos, ouvidos, narinas, boca, mã os, rédeas e pés,
pronunciando certas palavras entretanto adequadas a cada unçã o. Ouvi
apenas aquelas que ela falou na unçã o de suas rédeas e pés: as
primeiras foram: 'Que tuas rédeas sejam cingidas com o cinto de
castidade'; e o segundo, 'Calcem-se os pés para a pregaçã o do
Evangelho da Paz'. Entã o ela lhe mostrou o há bito dos Frades
Pregadores, dizendo-lhe: 'Eis o há bito de tua ordem', e assim ela
desapareceu de seus olhos. E ao mesmo tempo Reginaldo percebeu que
estava curado, tendo sido ungido pela Mã e daquele que tem os segredos
da salvaçã o e da saú de. E na manhã seguinte, quando Dominic foi até
ele, para perguntar como ele estava, ele respondeu que nada o afligia, e
assim lhe contou a visã o. Entã o, ambos juntos deram graças a Deus, que
fere e cura, que fere e que cura”.
Três dias depois, Domingos voltou novamente ao seu quarto,
trazendo consigo um religioso dos Hospitalá rios de S. Joã o. E enquanto
eles se sentavam os três juntos, a mesma cena se repetia à vista de
todos. Alguns nos dizem que em sua apariçã o anterior a Santíssima
Virgem prometeu essa repetiçã o de sua visita anterior, e que Reginaldo
havia mencionado esse fato a Sã o Domingos. Ele agora conjurou ele e
seu companheiro para manter todas as circunstâ ncias em segredo até
depois de sua morte; e ele fez isso por humildade. Dominic atendeu ao
seu pedido; e ao anunciar aos irmã os sua intençã o de mudar a forma de
seu há bito, ele nã o deu a razã o que causou a mudança até depois da
morte de Reginald.
Até entã o, o há bito dos câ nones regulares continuava a ser usado
por todos os irmã os; agora foi trocado pelo que foi mostrado por Mary
a Reginald, e que Dominic tinha visto no segundo ocasiã o de sua
apariçã o. A sobrepeliz de linho foi deixada de lado e em seu lugar foi
usado o longo escapulá rio de lã , que era a parte específica do há bito
que ela foi vista segurando nas mã os. Desde entã o, este foi o sinal
distintivo da profissã o religiosa entre os Frades Pregadores; e as
palavras com que é acompanhado na cerimó nia de entrega do há bito
marcam ao mesmo tempo a sua origem, e a reverência com que os seus
portadores costumam olhá -lo: “Recebe o santo escapulá rio da nossa
Ordem, a parte mais distinta do nosso há bito dominicano, o penhor
maternal do Céu do amor da Bem-Aventurada Virgem Maria para
conosco”.
Este amor especial de Maria pela Ordem dos Frades Pregadores é,
de fato, uma afirmaçã o que nã o nos admira que eles façam, quando
consideramos as muitas maneiras pelas quais foi evidenciado. Naqueles
primeiros dias da Ordem um dos nomes populares pelos quais os
irmã os eram conhecidos era o de “Frades de Maria”; um título que nos
revela quã o filial era a devoçã o que sentiam pela Mã e que os revestiu
com suas pró prias mã os; e encontraremos, entre as tradiçõ es de Santa
Sabina, outros contos que nos mostram a natureza singular e terna da
proteçã o que ela lhes deu.
Algumas dessas tradiçõ es, ilustrando como ilustram esse período
da vida de Domingos, daremos nos capítulos seguintes, juntamente com
aquele esboço do que podemos chamar de seus há bitos conventuais,
que nos foi deixado pelo abençoado Jordan e outros escritores antigos;
e eles provavelmente nos tornarã o mais familiarizados com seu cará ter
pessoal do que qualquer outra parte de sua histó ria. Enquanto isso,
Reginaldo de Orleans partiu para a Terra Santa, de onde nã o retornou
até o final do ano.
CAPÍTULO 17
A vida de Domingos em Roma. A regra da Ordem. Descrição de sua pessoa e aparências. Sua oração
e modo de vida.
Domingos deixa Roma. Ele visita Bolonha a caminho da Espanha. Incidentes de sua jornada. Ele
prega em Segó via. Fundaçõ es lá e em Madrid. Sua oração contínua.
Hereges do norte da Itália. Fundação da terceira ordem. Ú ltima visita a Roma. Encontro com Fulk
de Toulouse. Segundo capítulo geral. Divisão da Ordem em províncias. Beato Paulo da Hungria. São
Pedro Mártir.