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Pá gina de direitos autorais
INDICE
Prefá cio
Introduçã o
I.O Castelo de Metola
II. A Filha do Castelhano
III.O Prisioneiro
IV. Sofrimento de Margaret
V. Margaret troca prisõ es
VI. Os Peregrinos Alemã es
VII. O Santuá rio de Castello
VIII.Margaret recebe sua liberdade
IX. O mendigo sem-teto
X.Margaret Entra no Convento
XI.Margaret é expulsa do convento
XII.Margaret se torna uma Mantellata
XIII.O Novo Terciá rio Dominicano
XIV. A Conturbada Casa da Paz
XV.Margaret e os Prisioneiros
XVI.Casa em chamas!
XVII.Margaret encontra um lar permanente
XVIII. A Cura Milagrosa
XIX.Missã o de Margaret
Oraçõ es da Novena
Fotogra ias
Sobre o autor
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A Vida da
Beata Margarida
de
Castello
1287-1320
O Nihil Obstat e o Imprimatur sã o declaraçõ es o iciais de que um livro ou pan leto está livre de
erros doutriná rios ou morais. Nenhuma implicaçã o está contida nele de que aqueles que
concederam o Nihil Obstat e o Imprimatur concordam com o conteú do, opiniõ es ou declaraçõ es
expressas.
Originalmente publicado em 1952 como The Story of Margaret of Metola por PJ Kenedy & Sons,
New York, New York. Publicado (revisado) como The Life of Margaret of Castello em 1955 na
Irlanda por Clonmore & Reynolds Ltd., Dublin, e na Inglaterra por Burns Oates e Washbourne Ltd.,
Londres. Segunda ediçã o (revisada) publicada como The Life of Blessed Margaret of Castello pela
IDEA, Inc. em 1979. Terceira ediçã o (revisada novamente) co-publicada em 1983 pela TAN Books
e IDEA, Inc., PO Box 4010, Madison, Wisconsin 53711 (també m PO Box 119, Elmwood Park,
Illinois 60635).
Desenho da capa de Richard Lewis, Rockford, Illinois, baseado na está tua da Beata Margarida no
Santuá rio da Abençoada Margarida na Igreja de St. Louis Bertrand, Louisville, Kentucky. Está tua de
Tony Moroder, Moroder International, Milwaukee, Wisconsin.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de
qualquer forma ou por qualquer meio, eletrô nico ou mecâ nico, incluindo fotocó pia, gravaçã o ou
por qualquer sistema de armazenamento ou recuperaçã o de informaçõ es, sem permissã o por
escrito da IDEA, Inc.
TAN Books
Charlotte, Carolina do Norte
www.TANBooks.com 2014
ÍNDICE
Prefá cio
Introduçã o
EU.O Castelo de Metola
II.A Filha do Castelhano
III.O prisioneiro
4.O sofrimento de Margaret
V.Margaret troca prisõ es
VI.Os peregrinos alemã es
VII.O Santuá rio de Castello
VIII.Margaret é dada sua liberdade
IX.O mendigo sem-teto
X.Margaret entra no convento
XI.Margaret é expulsa do convento
XII.Margaret se torna uma Mantellata
XIII.O Novo Terciá rio Dominicano
XIV.A Conturbada Casa da Paz
XV.Margaret e os prisioneiros
XVI.Casa em chamas!
XVII.Margaret encontra um lar permanente
XVIII.A cura milagrosa
XIX.Missã o de Margarida
Oraçõ es da Novena
Fotogra ias
Sobre o autor
Beata Margarida de Castello, beati icada em 19 de outubro de 1609. Sua festa é 13 de abril. A
está tua está no santuá rio da Beata Margarida na Igreja de St. Louis Bertrand em Louisville,
Kentucky.
PREFÁCIO
Jesus, Maria, José, glori icai a vossa serva Beata Margarida, concedendo-nos o
favor que tanto desejamos. Isto pedimos em humilde submissão à Vontade de
Deus, para Sua honra e glória e salvação das almas. (Com aprovação
eclesiástica.)
INTRODUÇÃO
A histó ria de Margarida de Castello tem seu cená rio na Itá lia à s
vé speras do Renascimento. Naquela é poca, a Itá lia fervilhava em um
tumulto furioso e caó tico em que os extremos mais surpreendentes de
gê nio e estupidez, heroı́smo e covardia abjeta, contentamento e
ambiçã o desenfreada, humanidade e crueldade revoltante apareciam
lado a lado em rá pida sucessã o.
O con lito de vida ou morte entre um modo de vida profundamente
enraizado em sé culos passados e as novas ideias revolucioná rias que
in lamavam as mentes dos homens, a luta entre a velha e a nova ordem,
em nenhum lugar da Europa atingiu maior intensidade ou maior
profundidade de selvageria do que na Itá lia. Da Sicı́lia aos Alpes, o paı́s
foi convulsionado por uma sé rie interminá vel de guerras entre os
guelfos, que se ressentiam da dominaçã o estrangeira, e os gibelinos,
que apoiavam as reivindicaçõ es dos imperadores alemã es. No terrı́vel
con lito, nã o apenas os guelfos estavam dispostos contra os gibelinos,
mas as cidades lutavam entre si, enquanto em cada comuna a nobreza e
as classes baixas disputavam amargamente o poder polı́tico e ambas as
partes eram invariavelmente divididas em facçõ es furiosas.
A ferocidade dessas brigas produziu homens como Ezzelino da
Romano, que in ligiu terrı́veis mutilaçõ es e mortes horrı́veis a milhares
de homens, mulheres e crianças; os tiranos Visconti, que por traiçã o,
tortura e derramamento de sangue, tentaram conquistar toda a Itá lia;
os condottieri , que incessantemente saquearam o paı́s e por incê ndio
criminoso, estupro e matança, deixaram-no uma terra de desolaçã o. Os
monstros brutais retratados por Dante no Inferno nã o eram fruto da
imaginaçã o do poeta, mas pessoas reais que viveram na segunda
metade do sé culo XIII e na primeira parte do sé culo XIV.
No entanto, foi na mesma atmosfera que o gentil Niccola de Pisa
produziu suas obras-primas na escultura e na arquitetura; que Cimabue
e seu ilustre aluno Giotto, descartando o antigo simbolismo, introduziu
o naturalismo na pintura; que Dante Alighieri, exilado em Ravena,
compô s sua imortal Divina Commedia; que Petrarca e Boccaccio
encantaram seus leitores, um com seus sonetos de amor, o outro com
suas sá tiras e histó rias.
Certamente nenhum bió grafo poderia desejar um tempo e um
lugar mais coloridos ou mais emocionantes como pano de fundo para
sua narrativa. Mas grandes acontecimentos exigem grandes
personagens, pessoas notá veis no mundo da arte, da literatura ou da
polı́tica – ou, no caso de uma mulher, algué m conhecido pelo menos por
sua beleza, ou por sua inteligê ncia, ou mesmo por seus crimes. Por isso
mesmo, qualquer bió grafo de Margarida de Castello trabalha com
de iciê ncia, pois Margarida nã o atende a nenhum desses requisitos. Ela
nã o cometeu nenhum crime; ela nã o era espirituosa; e certamente ela
nã o era bonita. Ela nã o compô s nenhum poema sublime, nã o pintou
nenhum quadro famoso e nã o ocupou posiçã o de destaque na polı́tica.
Ela nem mesmo compartilhou de nenhuma gló ria re letida por
associaçã o com os grandes, nem foi a inspiraçã o para o gê nio, como
Beatrice foi para Dante e Laura para Petrarca.
Pelo contrá rio, ela foi considerada tã o insigni icante que as
histó rias mais detalhadas da Itá lia medieval nã o se preocupam em
mencioná -la. E, no entanto, somos confrontados com um fato
surpreendente: durante o curso de seiscentos anos, mais de duzentos
escritores - quase todos eles homens de educaçã o incomum - por acaso
em algum manuscrito que continha um relato da vida de Margaret,
acharam que valia a pena. publicar a histó ria desta menina obscura.
Ao apresentar ao pú blico a histó ria quase incrı́vel de Margarida de
Castello, estou tentando fazer justiça tardia a algué m cuja vida foi
persistentemente deturpada por todos os escritores desde o inal do
sé culo XIV até o presente. Muitas pessoas histó ricas tiveram sua
memó ria ferida por bió grafos hostis; foi a singular infelicidade de
Margaret ter sua memó ria quase esquecida por escritores amigá veis!
Margarida de Castello é mencionada pela primeira vez na Arbor
Vitae pelo franciscano Hubert de Casale ( l. 1325). Ele icou tã o
profundamente impressionado com ela que falou longamente dela em
seu livro.
Pouco depois de sua morte, uma pessoa anô nima escreveu-lhe
vida. Um cô nego regular da Catedral de Castello classi icou o livro como
"um tecido de mentiras". Ele resolveu expor a "fraude". Entã o ele
procurou e interrogou todos que conheciam a garota. Em seguida,
procurou nos arquivos da Prefeitura e da Catedral todos os documentos
o iciais referentes a Margarida. Quando terminou sua longa
investigaçã o, teve que admitir que o bió grafo havia dito a verdade.
Mas a biogra ia, o Câ none nos diz, "faltava estilo literá rio", entã o ele
escreveu uma nova vida de Margaret; este era em latim. Apareceu em
1345. Em 1397, um dominicano, chocado com o latim pobre do Câ none,
reescreveu o livro em latim clá ssico. Entã o, em 1400, outro dominicano
— Thomas Cafferini — escreveu uma traduçã o italiana do livro. A
primeira biogra ia desapareceu no sé culo XV, mas as ediçõ es de 1345,
1397 e 1400 ainda existem. Todos os trê s foram usados para compilar
este livro, mas sempre que vou falar do "bió grafo medieval", é ao Câ non
que me re iro, pois ele é a principal fonte de nosso conhecimento de
Margaret.
O manuscrito do Câ none revela que ele escrevia apenas para seus
pró prios concidadã os e, de fato, para os de sua é poca. Ele diz em sua
conclusã o que "muitas outras coisas poderiam ser ditas com verdade
sobre Margaret". Mas ele os omite porque, como declara, "todo mundo
ainda está falando sobre eles!" Entã o, qual é a utilidade de gravar o que
todo mundo já sabe?
De acordo com esse estranho raciocı́nio, ele nã o nos diz nada sobre
questõ es polı́ticas contemporâ neas, costumes locais, as duras leis sobre
o crime ou os horrores de uma prisã o medieval. No entanto, todos esses
fatores afetaram a vida de Margaret — alguns deles em grau drá stico.
Felizmente, ainda existem alguns manuscritos dos sé culos XIV e XV
que dã o a histó ria das vá rias repú blicas envolvidas, assim como
biogra ias de personagens da é poca, documentos legais,
correspondê ncia de funcioná rios, etc. dados que o Câ none de Castello
omitiu.
Uma fonte tardia de informaçã o é um longo relató rio publicado em
1600. No ano anterior, St. Robert Bellarmine - o erudito mais erudito da
é poca - realizou uma investigaçã o completa do assunto de Margaret de
Castello. Seu relató rio é valioso por vá rias razõ es, uma das quais é que
ele cita extensivamente documentos antigos que mais tarde pereceram
durante as Guerras Napoleô nicas na Itá lia.
O nome de famı́lia de Margaret foi ocultado pelos bió grafos do
sé culo XIV e hoje ainda é incerto. Por causa disso, ela é chamada de
"Margarida de Metola", sua cidade natal, e "Margarida de Castello",
onde morreu. Na verdade, nã o há cidade na Itá lia chamada
simplesmente "Castello" - a cidade referida é "Citta di Castello". Mas os
escritores ingleses encurtam o nome para "Castello", assim como
encurtam "Massa Trabaria" para "Trabaria".
Em conclusã o, desejo expressar minha gratidã o à s muitas pessoas
em Citta di Castello por seus esforços incansá veis para me ajudar em
minhas pesquisas todas as vezes que visitei sua cidade. Na regiã o
outrora chamada Massa Trabaria (Mercatello, Metola, Sant'Angelo in
Vado, etc.), a á vida cooperaçã o que me foi dada resultou na descoberta
de dados valiosos nã o fornecidos pelos bió grafos medievais.
A todos os meus "assistentes" italianos — meus mais profundos e
calorosos agradecimentos!
O CASTELO DE METOLA
A FILHA DO CASTELLAN
O PRISIONEIRO
O SOFRIMENTO DE MARGARET
OS PEREGRINOS ALEMÃES
O SANTUÁRIO DE CASTELLO
"Eu nã o vejo, Maria, como você pode icar falando metade do dia
com aquele aleijado de aparê ncia horrı́vel."
"Eu nã o estava falando com ela por muito tempo, e ela nã o tem
uma aparê ncia horrı́vel", protestou Maria, a esposa de Carlo, o Notá rio.
"Eu a acho interessante. Você sabe, Antonina, ela é realmente uma
garota incrı́vel! Realmente incrı́vel!"
"O que é incrı́vel sobre ela? Ela é apenas mais uma mendiga. Se
você me perguntar, já existem muitos deles na cidade."
Antonina nã o costumava icar zangada, mas, embora seu marido
fosse um rico comerciante de tecidos, ela estava muito chateada porque
o preço da carne havia subido novamente, desta vez trê s denários a
libra.
"Pense só , Antonina! Ela nã o tem nada, nem mesmo um quarto
para dormir à noite, e está tã o feliz quanto o dia!"
"Eu nã o acredito! Ora, o que ela tem para estar feliz?"
"Ela está feliz, ela me disse, porque Deus nos ama muito."
"Maria!" gritou Antonina acaloradamente. "Use um pouco de bom
senso! Ningué m poderia sofrer como aquele aleijado miserá vel e icar
feliz com isso. Mamma mia! Até mesmo um santo acharia quase
impossı́vel."
Seu companheiro parou de repente e olhou com os olhos
arregalados para sua amiga.
"Qual é o problema, Maria? Por que você está me olhando assim?"
"Com licença, querida", disse Maria sem fô lego. "Você nã o se
importa de ir para casa sozinho, nã o é ? Devo voltar para Margaret. Acho
que você acertou em cheio na cabeça!"
Com isso ela se foi.
Antonina icou olhando Maria voando pela rua. Entã o, balançando
a cabeça em confusã o com a estranha conduta de seu companheiro, ela
retomou sua jornada de volta para casa.
"O que no mundo ela quis dizer quando ela disse que eu acertei o
prego na cabeça?"
Capítulo X
MARGARET E OS PRISIONEIROS
CASA EM FOGO!
A CURA MILAGROSA
Agora que Margaret estava morta, pode-se supor que seus restos
mortais foram entregues ao seu local de descanso inal em paz e
tranquilidade. Mas isso nã o era para ser. Depois de sua vida
tempestuosa, era pelo menos consistente que seu funeral nã o fosse
pacı́ ico, mas perturbado por uma discussã o violenta.
O Mantellate, de acordo com sua Regra, encarregou-se do funeral.
Era seu dever lavar o corpo do falecido e depois vesti-lo com o há bito
religioso do Mantellate. Nã o havia embalsamamento, pois o ú nico
mé todo entã o em uso era tã o caro que apenas os ricos podiam pagar.
Nem o corpo de Margaret foi colocado em um caixã o; isso també m era
caro. Como os dominicanos eram obrigados por sua regra a observar a
pobreza voluntá ria durante a vida, assim na morte eles deveriam ser
enterrados como os pobres eram enterrados; por essa razã o, nenhum
caixã o foi fornecido para o enterro. O manto preto dominicano de
Margaret, no qual seu corpo estava envolto, serviria como sua mortalha.
Era costume naqueles climas quentes que o falecido fosse
enterrado no mesmo dia em que morria, a menos, é claro, que a morte
ocorresse no inal da tarde ou à noite. Assim, sem mais delongas,
formou-se o costumeiro cortejo fú nebre. Primeiro andou o Mantellate,
cada um segurando uma vela acesa. Em seguida vieram os carregadores
de caixã o, carregando o corpo de Margaret em uma armaçã o de
madeira. Um grande nú mero de enlutados completou a procissã o.
Normalmente, o corpo de uma pessoa falecida era levado para a
igreja paroquial para os ritos fú nebres, mas Margaret expressou seu
desejo de ser enterrada na igreja dominicana, um privilé gio que ela
poderia reivindicar como membro do Mantellate. Assim, seu corpo foi
levado para a Chiesa della Carita. Quando o cortejo chegou à igreja,
descobriu-se que embora Margaret estivesse morta há apenas algumas
horas, a notı́cia se espalhou por toda a cidade e uma multidã o de
pessoas correu para a igreja para prestar suas ú ltimas homenagens a
amigo deles. Tã o grande era a multidã o que a maioria das pessoas teve
que icar do lado de fora na rua, sem conseguir entrar no pré dio.
Terminadas as oraçõ es, os frades levantaram a moldura de madeira
sobre a qual repousava o corpo e começaram a carregá -lo para a porta
lateral da igreja. O progresso foi necessariamente lento, devido à densa
multidã o por onde a procissã o teve que forçar o caminho. Aliá s, os
frades nã o foram muito longe, porque assim que o povo percebeu qual
era o seu destino, começaram a ouvir-se gritos de protesto de
diferentes partes da igreja.
"Nã o a leve para o claustro! Enterre-a na igreja! Ela é uma santa!
Enterre-a na igreja!"
Os frades que carregavam o caixã o recorreram ao prior para uma
decisã o; quando ele balançou a cabeça negativamente, eles tentaram
continuar seu curso. As pessoas logo perceberam que seus desejos
estavam sendo ignorados e, declara o bió grafo medieval, provocaram
"um tumulto estupendo". O clamor tornou-se ensurdecedor.
"Ela é uma santa! Ela tem o direito de ser enterrada na igreja!
Enterre-a na igreja!"
As pessoas nã o estavam mais fazendo sugestõ es; eles estavam
agora fazendo uma demanda. Resolutamente aglomeraram-se entre os
frades e a entrada do claustro e recusaram-se a ceder. Os frades foram
obrigados a parar; era simplesmente impossı́vel para eles avançar um
passo adiante. Mais uma vez eles olharam para o seu Prior em busca de
instruçõ es. Este ú ltimo, à força de agitar violentamente os braços e de
prolongada sú plica por silê ncio, inalmente conseguiu alguma
aparê ncia de ordem.
"Meus bons amigos", gritou ele, "como você s, acreditamos que a
pequena Margaret era uma pessoa muito santa. Se ela é realmente uma
santa ou nã o, nã o temos o direito de decidir; essa decisã o pertence
exclusivamente à Igreja. sem medo! No devido tempo a Igreja fará uma
investigaçã o e entã o anunciará seu julgamento. Enquanto isso, eu
imploro a você s, meus queridos amigos, que parem com essa
perturbaçã o indecorosa. Vamos enterrar a pequena Margaret no
cemité rio do claustro onde estã o os outros falecidos Mantellate.
Podemos facilmente transferir o corpo para um sepulcro na igreja
depois que Roma izer uma investigaçã o e aprovado. . . "
O Prior nã o avançou. Um admirador entusiasmado de Margaret, o
professor Orlando, que lecionava direito civil na grande Universidade
de Bolonha, gritou sarcasticamente:
"E quanto tempo, padre, a Igreja levará para fazer a investigaçã o?"
O assediado Prior viu a armadilha, mas nã o se atreveu a recusar-se
a responder. Talvez, com sorte, ele pudesse escapar da questã o.
"O tempo varia, professor. Mas Sã o Francisco foi canonizado dois
anos depois de sua morte; Santo Antô nio de Pá dua, um ano. Por isso
peço a você s, caros amigos, que tenham paciê ncia..."
"'Paciente' é a palavra certa", vociferou o professor irritado. "Tomá s
de Aquino, Alberto Magno, Margarida da Hungria - todos eles santos, se
é que já houve algum! - estã o mortos há meio sé culo, e Roma ainda está
'investigando!' Estaremos todos mortos e enterrados antes que Roma
chegue até Margaret. Nó s, cidadã os de Citta di Castello, sabemos muito
bem que a pequena Margaret é uma santa. Eu digo, pare com essa tolice
e enterre-a na igreja.
Orlando era tido em alta estima pelos cidadã os por causa de seu
grande aprendizado, e sua explosã o apaixonada foi tudo o que foi
necessá rio para desencadear uma nova e ainda mais ruidosa
manifestaçã o. O povo, excitado pelo que Orlando acabara de contar,
voltou a gritar:
"Ela é uma santa! Enterre-a na igreja!"
Foi em vã o que o Prior e seus confrades tentaram obter o silê ncio
pela segunda vez. As pessoas nã o iam ouvir. As mulheres suplicavam
aos frades; os homens discutiam e até começavam a sacudir os punhos
para os dominicanos. Mas os frades se mantiveram irmes; eles nã o
iriam comprometer a causa de Margaret por uma açã o precipitada e
imprudente. Por outro lado, o povo estava igualmente determinado a
nã o ceder.
Os carregadores de caixã o se cansaram de segurar a armaçã o de
madeira que servia de esquife e abaixaram-na até o chã o até que a
discussã o fosse resolvida. Mas nenhum acordo parecia à vista, e a
situaçã o, com o sentimento cada vez mais alto, poderia ter terminado
em violê ncia se o impasse nã o tivesse sido quebrado de uma forma
surpreendente.
Um homem e sua esposa trouxeram para a igreja sua jovem ilha
aleijada. Ela era uma muda. Mas isso era apenas parte de sua a liçã o; ela
també m sofria de uma curvatura tã o extrema da coluna que nunca
conseguira andar. Os pais, carregando a ilha, tentaram abrir caminho
entre a multidã o para chegar ao local onde agora jazia o corpo de
Margaret. Mas o progresso era impossı́vel até que os apelos frené ticos
dos pais à s pessoas à sua frente lentamente abrissem um caminho para
que eles avançassem.
Finalmente, o pai e a mã e com seu fardo lamentá vel chegaram ao
lugar onde o corpo de Margaret repousava. Eles gentilmente colocaram
sua ilha a lita no chã o ao lado do corpo e, caindo de joelhos,
começaram a implorar a intercessã o de Margaret pela cura de seu ilho.
As lá grimas que escorriam pelas faces dos pais angustiados levaram os
espectadores à piedade, e eles també m se juntaram à s oraçõ es do pai e
da mã e. A polê mica foi esquecida. Frades e pessoas igualmente, com os
braços erguidos para o cé u, estavam implorando pela jovem.
"Margaret! Pequena Margaret! Você mesmo era um aleijado; tenha
piedade desta pobre criança! Pequena Margaret! Você é uma boa amiga
de Deus; implore a Ele que tenha misericó rdia desse infeliz!"
As pessoas simples e calorosas falavam o que estava em seu
coraçã o: Margaret era sua querida amiga, nã o era? Enquanto ela estava
viva, ela nã o os amava profundamente? Será que ela esqueceria seus
amigos agora que estava no cé u? Ela nã o tinha o coraçã o mais bondoso
que se possa imaginar? Ela nã o estava sempre ansiosa para fazer um
ato gentil? Claro que ela iria ouvi-los agora. Ela simplesmente nã o podia
recusar! E assim um verdadeiro furacã o de sú plicas con iantes e
fervorosas cresceu de volume e subiu com força irresistı́vel até chegar
ao Trono da Misericó rdia.
De repente, um profundo silê ncio caiu sobre a multidã o. As pessoas
olhavam como as pessoas que temem que seus olhos as estejam
enganando. O braço esquerdo de Margaret estava subindo, estendendo
a mã o e tocando a jovem aleijada ao lado dela. Um momento depois, a
garota que nunca conseguira andar levantou-se sem ajuda. Ela icou por
um momento como em um sonho, como se ela nã o pudesse recolher
seus sentidos; entã o um grito ecoou por toda a igreja.
"Fui curado! Fui curado pelas oraçõ es de Margaret!"
Rindo e chorando, a menina se jogou nos braços do pai e da mã e.
A multidã o na igreja quase delirou de alegria.
Capítulo XIX
A MISSÃO DE MARGARIDA
E por isso que uma garota obscura, que nã o ocupou nenhum lugar
de destaque na vida polı́tica, que nã o possuı́a talentos notá veis com os
quais chamar a atençã o do mundo, ainda assim viveu na memó ria do
homem por mais de seiscentos anos.
E també m a razã o pela qual ela, sem dú vida, continuará a ser
consagrada em muitos coraçõ es enquanto houver na terra coisas como
Fé , Esperança — e Amor.
ORAÇÕES DA NOVENA
em honra de
BEM-AVENTURADA MARGARIDA DE CASTELLO
Dominicana
1287-1320
PRIMEIRO DIA
O Beata Margarida de Castello, ao abraçar a tua vida tal como era, deste-nos um exemplo de
resignaçã o à Vontade de Deus. Ao aceitar a Vontade de Deus, você sabia que glori icaria a Deus,
cresceria em virtude, salvaria sua pró pria alma e ajudaria as almas de seus vizinhos. Obté m-me a
graça de reconhecer a Vontade de Deus em tudo o que me acontecer em minha vida, e assim me
resignar a ela. Obtenha para mim també m o favor especial que agora peço por sua intercessã o
junto a Deus.
Rezemos
O Deus, por cuja vontade a abençoada virgem Margarida era cega de nascença, para que os
olhos de sua mente fossem interiormente iluminados, ela pudesse pensar sem cessar somente em
Ti, ser a luz de nossos olhos, para que possamos fugir as sombras deste mundo e chegar ao lar da
luz sem im. Pedimos isso por meio de Cristo Nosso Senhor. Um homem.
Jesus, Maria, José , glori icai a vossa serva, a Beata Margarida, concedendo-nos o favor que
tanto desejamos. Isto pedimos em humilde submissã o à Vontade de Deus, para Sua honra e gló ria e
salvaçã o das almas.
(Reze um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Gló ria ao Pai após a oração de cada
dia.)
SEGUNDO DIA
TERCEIRO DIA
O Beata Margarida de Castello, o vosso amor por Jesus Sacramentado foi intenso e
duradouro. Foi lá , na intimidade com a Presença Divina, que você encontrou a força espiritual para
aceitar os sofrimentos com serenidade alegre, paciê ncia e bondade para com os outros. Obtende-
me a graça de extrair desta mesma Fonte, como de uma fonte inesgotá vel, a força pela qual eu
possa ser bondoso e compreensivo com todos, apesar de qualquer dor ou desconforto que possa
surgir em meu caminho. Obtenha para mim també m o favor especial que agora peço por sua
intercessã o junto a Deus.
Oremos : O Deus, etc.
QUARTO DIA
QUINTO DIA
SEXTO DIA
O Beata Margarida de Castello, tuas misé rias te ensinaram melhor do que qualquer professor
a fraqueza e fragilidade da natureza humana. Obtenha para mim a graça de reconhecer minhas
limitaçõ es humanas e reconhecer minha total dependê ncia de Deus. Adquira para mim aquele
abandono que me deixa completamente à mercê de Deus, para fazer comigo o que Ele quiser.
Obtenha para mim també m o favor especial que agora peço por sua intercessã o junto a Deus.
Oremos : O Deus, etc.
SÉTIMO DIA
O Beata Margarida de Castello, como deve ter doı́do quando seus pais a rejeitaram e a
abandonaram! No entanto, você aprendeu com isso que todo amor e afeto terrenos, mesmo para
aqueles que estã o mais pró ximos, devem ser santi icados. E assim, apesar de tudo, você continuou
a amar seus pais — mas agora você os amava em Deus. Obté m-me a graça de ver todos os meus
amores e afeiçõ es humanas em relaçã o a e para Deus. Obtenha para mim també m o favor especial
que agora peço por sua intercessã o junto a Deus.
Oremos : O Deus, etc.
NONO DIA
O Beata Margarida de Castello, atravé s do teu sofrimento e infortú nio, tornaste-te consciente
e sensı́vel aos sofrimentos dos outros. Seu coraçã o estendeu a mã o para todos aqueles em apuros -
os doentes, os famintos, os moribundos e os prisioneiros. Obtende-me a graça de reconhecer Jesus
em todos com quem entro em contato, especialmente nos pobres, nos rejeitados, nos indesejados!
Obtenha para mim també m o favor especial que agora peço por sua intercessã o junto a Deus.
Oremos : O Deus, etc.
ORAÇÃO FINAL
O meu Deus, agradeço-vos por ter dado ao mundo a Beata Margarida de Castello como
exemplo do grau de santidade que pode ser alcançado por quem vos ama verdadeiramente,
independentemente das suas de iciê ncias naturais, cooperando com a vossa graça.
Em nossos tempos, Margaret, como tantas outras, quase certamente teria sido destruı́da pelo
aborto ou pelo infanticı́dio, pois seus pais estavam mais preocupados com as circunstâ ncias de
suas vidas do que com as necessidades de seu corpo pobre, frá gil e retorcido.
Mas Teus caminhos nã o sã o os caminhos do mundo. E assim foi Tua Vontade nã o apenas que
Margaret nascesse, mas també m que atravé s da fé e bondade que seu belo e amoroso coraçã o
engrandeceu, Teu poder e sabedoria fossem manifestados a este mundo egocê ntrico e incré dulo.
Por Tua sabedoria, a cegueira de Margaret permitiu-lhe ver, buscar e amar-Te mais
claramente. Aleijada, ela se inclinou e dependia de Ti mais completamente. Atro iada em estatura
fı́sica, por Tua graça ela se tornou um gigante na vida espiritual; deformada no rosto e no corpo, ela
estava unida aos rejeitados e proscritos, e a Jesus na Cruz.
Sua vida dramatizou as palavras do apó stolo Paulo: "De boa vontade, pois, me gloriarei nas
minhas fraquezas, para que o poder de Cristo habite em mim. Por isso me agrado nas minhas
fraquezas, nas injú rias, nas necessidades, nas perseguiçõ es, nas angú stias, por Cristo. Pois quando
estou fraco, entã o sou poderoso." (2 Cor . 12:9-10).
Rogo-te, ó Deus, Pai, Filho e Espı́rito Santo, que concedas, por intercessã o da Beata
Margarida de Castello, todos os de icientes fı́sicos e mentais, todos aqueles cujos pecados tornaram
espiritualmente paralisados, cegos e coxos, todos aqueles rejeitados, todos os indesejados deste
mundo, podem, dependendo mais plenamente de Teu poder e misericó rdia atravé s da oraçã o, vir a
se gabar de suas fraquezas nesta vida e a visã o de Tua gló ria na pró xima. Um homem.
Beata Margarida de Castello, rogai por nó s!
ou
V. Rev. Pe. Postulador Geral, OP
Convento Santa Sabina
Piazza Pietro d'Illiria, 1 (Aventino)
00153, Roma
Itá lia
O corpo incorrupto da Beata Margarida em um sarcó fago de vidro na Escola para Cegos, Citta di
Castello, Itá lia. A Beata Margarida está vestida com o há bito preto e branco das Mantellate ("as
veladas"), um grupo de mulheres leigas a iliadas à Ordem Dominicana. Ela usa uma simbó lica
"coroa de gló ria celestial". (Foto cortesia de Roger Sorrentino, Yonkers, NY)
Per il do rosto da Beata Margarida, com a carne intacta, mas descolorida depois de mais de 660
anos. O embalsamamento e icaz era desconhecido no tempo de Margaret. Tradicionalmente, a
incorrupçã o corporal é considerada pela Igreja como uma indicaçã o de intervençã o divina, e é
examinada juntamente com outras evidê ncias na avaliaçã o da possı́vel "virtude heró ica" do
indivı́duo, ou seja, santidade de vida. (Foto cortesia de Roger Sorrentino, Yonkers, NY)
Detalhe dos pé s da bem-aventurada Margarida mostrando alguma deformidade do pé esquerdo e,
apesar do â ngulo da câ mera, a relativa brevidade da perna direita. Os contemporâ neos de Margaret
a descreveram como des igurada, cega, corcunda e manca. (Foto cortesia de Roger Sorrentino,
Yonkers, NY)
O arcebispo Thomas J. McDonough abençoa o novo santuá rio em homenagem à Beata Margaret em
13 de abril de 1981, dia da festa de Margaret e aniversá rio de sua morte. A está tua, localizada no
santuá rio da Beata Margarida na Igreja de St. Louis Bertrand em Louisville, é obra de Tony
Moroder de Moroder International, Milwaukee.
SOBRE O AUTOR