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Beato Miguel Pro: Má rtir mexicano do sé culo

20
Ann Ball

Indice
Capa
Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Dedicaçã o
Conteú do
Declaraçã o de Obediê ncia
Prefá cio do autor
Agradecimentos
Introduçã o
1. Uma Infâ ncia Viva
2. Anos de formaçã o
3. Juventude
4. Crescentes tensõ es polı́ticas
5. Trê s Vocaçõ es
6. Voo do Mé xico
7. Um sacerdote inalmente
8. Cruzes de corpo e alma
9. Retorno ao Mé xico: A Igreja se torna subterrâ nea
10. A Primeira Detençã o
11. Obras de misericó rdia
12. O perigo aumenta
13. Capture!
14. Martı́rio
15. Favores do cé u
Apê ndice 1: Escritos de Bl. Miguel Pro
Apê ndice 2: Oraçõ es
Apê ndice 3: Uma celebraçã o em homenagem ao beato. Miguel Pro
Bibliogra ia Selecionada
Sobre o autor
Contracapa
O Beato Miguel Agustin Pro Juarez, SJ (1891-1927) foi martirizado pela
fé no Mé xico.

Copyright © 1996 da TAN Books and Publishers, Inc.


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Cartã o de Catá logo da Biblioteca do Congresso nº 96-60532
ISBN: 978-0-89555-542-7
Impresso e encadernado nos Estados Unidos da Amé rica.
TAN Books
Charlotte, Carolina do Norte
2011

DEDICAÇAO
Este livro é amorosamente dedicado a meu ilho Raul, meus netos
Austin, Max, Tori, Michael e “Angelito” e à juventude da Amé rica. Que o
alegre má rtir mexicano, Miguel Pro, os leve com amor e risos a “ mi
Padre Dios ”.
CONTEUDO
Prefá cio do autor
Agradecimentos
Introduçã o
Capı́tulo 1: Uma Infâ ncia Viva
Capı́tulo 2: Anos de Formaçã o
Capı́tulo 3: Juventude
Capı́tulo 4: Aumentando as tensõ es polı́ticas
Capı́tulo 5: Trê s Vocaçõ es
Capı́tulo 6: Voo do Mé xico
Capı́tulo 7: Um Sacerdote inalmente
Capı́tulo 8: Cruzes de corpo e alma
Capı́tulo 9: Retorno ao Mé xico: A Igreja se torna subterrâ nea
Capı́tulo 10: A Primeira Detençã o
Capı́tulo 11: Obras de Misericó rdia
Capı́tulo 12: O perigo aumenta
Capı́tulo 13: Capture!
Capı́tulo 14: Martı́rio
Capı́tulo 15: Favores do Cé u
Apê ndice 1: Escritos de Bl. Miguel Pro
Apê ndice 2: Oraçõ es
Apê ndice 3: Uma celebraçã o em homenagem ao beato. Miguel Pro
Bibliogra ia Selecionada

DECLARAÇAO DE OBEDIENCIA
Em amorosa obediê ncia aos decretos de vá rios Romanos Pontı́ ices,
em particular os do Papa Urbano VIII, declaro que de forma alguma
pretendo prejulgar a Santa Madre Igreja em maté ria de Santos,
santidade, milagres e assim por diante. A autoridade inal em tais
assuntos cabe à Sé de Roma, a cujo julgamento eu me submeto de bom
grado.
—Ann Ball

PREFACIO DO AUTOR
Meu interesse pela vida de Bl. Miguel Pro, SJ, começou há mais de
25 anos, quando eu mal havia começado a reunir informaçõ es para um
livro sobre os santos modernos. Em minha pesquisa inicial sobre sua
vida e martı́rio, fui cativado por sua natureza feliz e espı́rito de alegria
combinados com uma profunda seriedade de pensamento, seu zelo
pelas almas, sua paixã o pela justiça, sua dedicaçã o à obediê ncia e sua
forte devoçã o, como bem como seu heroı́smo sublime.
Depois de Fr. Beati icaçã o de Pro Escrevi uma grinalda em sua
homenagem, que esperava ajudasse de alguma forma a sua Causa. O
meu Bispo, o Rev. Joseph A. Fiorenza, emitiu um Imprimatur para o
chapelim e expressou a sua esperança de que, rezando, muitos se
aproximassem de Deus por intercessã o do Beato. Miguel Pro e que
experimentassem a profunda fé e o amor a Cristo Rei que motivou e
sustentou o Beato. Miguel na missã o sacerdotal e no martı́rio.
Acredito irmemente na comunhã o dos Santos tal como de inida
pela Igreja Cató lica e, para mim, o Beato. Miguel é um amigo, um
conselheiro, um ajudante e um guia - nã o apenas um assunto de meus
escritos. Alé m disso, como o meu amado padroeiro Sã o Joã o Bosco, ele
parece trazer amor, risos e alegres surpresas!
Apó s a aprovaçã o do chapelim, atravé s de um amigo de longa data
conheci Carol e Lawrence Le Leux da ProVision,*que apoiavam
entusiasticamente o Bl. Miguel. Na mesma é poca, localizei e pude falar
com o atual vice-postulador de pe. Causa Pro, pe. Fernando Suarez
Santoyo, SJ A partir daquele momento, parecia que meu alegre má rtir
mexicano me pressionava a ajudá -lo a espalhar sua alegria pelos
Estados Unidos, onde tantos cató licos hoje, especialmente nossos
jovens, precisam tanto de heró is cristã os.
Uma nova medalha foi cunhada e os chapelins foram
produzidos. Escrevi um artigo sobre o padre. Pro, que foi publicado
em Our Sunday Visitor , um jornal cató lico nacional. No artigo, dei o
endereço da ProVision para quem queria mais informaçõ es. O jornal
imediatamente recebeu uma enxurrada de cartas de todos os Estados
Unidos, de pessoas que pareciam famintas por saber mais sobre esse
feliz má rtir.
Embora eu pudesse localizar uma sé rie de artigos e breves
biogra ias em obras coletadas em inglê s, parecia que as principais
biogra ias de Bl. Miguel estava em outras lı́nguas ou fora de catá logo e
era difı́cil de encontrar. Alé m disso, as bê nçã os e o apoio do meu Bispo e
do Pe. Vice-postulador de Pro, os comentá rios e bê nçã os do Pe. Molinari
(Postulador Geral dos Jesuı́tas) e do Bispo Tamayo (o Bispo auxiliar da
minha diocese) e do BispoRamirez de Las Cruces, assim como os
pedidos, apoios e oraçõ es dos Le Leux's e de tantos outros, todos me
convenceram de que um novo trabalho sobre o padre. Pro era
necessá rio.
Antes de sua morte, Bl. Miguel disse a alguns amigos que acreditava
que a oferta da sua vida seria aceite e que o martı́rio seria a sua chave
para o cé u. Ele entã o comentou brincando que se lhe fosse permitido
este favor, seus amigos deveriam preparar suas petiçõ es, porque do Cé u
ele distribuiria favores como se fossem um baralho de cartas.
Oro sinceramente para que esta breve recontagem da histó ria do
“Coringa” mexicano o ajude de alguma forma a continuar seu “jogo” de
unir os coraçõ es ao Sagrado Coraçã o de Jesus e de ganhar almas para
“ mi Padre Dios ” - “Deus meu Pai” - que era Bl. O nome favorito de
Miguel para a Providê ncia Divina.
—Ann Ball

_________
* ProVision é um grupo de pessoas dedicadas à promoçã o de pe. Causa do Pro.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos sã o estendidos com gratidã o a estes e outros
correspondentes e amigos - amigos meus e de Bl. Miguel:
Rev. Luis Diaz Borrundo, M.Sp.S.
Rev. John Boscoe, CSB
Rev. Jack Broussard, CSB
Rev. Enrique Cardenas, SJ (RIP), ex-vice-postulador
Rev. A. Dragon, SJ (RIP)
Muito Rev. Joseph A. Fiorenza, Bispo de Galveston- Houston
Rev. Richard Flores
Rev. Bill Frankenberger, CSB
Rev. Troy Gately
Rev. Peter Gumpel, SJ
Margaret Hotze
Lawrence e Carol Le Leux, ProVision
Irmã Margaret Mary, MC
Rev. Paolo Molinari, SJ, Postulador Geral dos Jesuı́tas
Rev. Max Murphy, CSB
Jeanne Noxon
Rev. Ricardo Ramirez, CSB, Bispo de Las Cruces
Rev. Fernando Suarez Santoyo, SJ, Vice-Postulador
Rev. Raphael O'Laughlin, CSB
Muito Rev. Enrique San Pedro, SJ (RIP), ex-Bispo de Brownsville
Muito Rev. James T. Tamayo, Bispo Auxiliar de Galveston-Houston
Bea Whit il
Mano. David Lopez, OSF
Fausto Zelaya, Jr.
Sem sua ajuda, incentivo e apoio, e especialmente suas oraçõ es, eu
nã o poderia ter contado essa histó ria. Que Deus e nosso alegre má rtir
mexicano os abençoe.
—Ann Ball

INTRODUÇAO
Este é um livro sobre o amor de Deus por um homem, como com
verdadeira alegria cristã ele trabalhou pelo bem das almas e como deu
sua vida em defesa da Fé Cató lica.
Este nã o é um livro sobre polı́tica. Estude o quanto quiser, a
situaçã o polı́tica do Mé xico era e é complicada. Neste breve trabalho
nã o há espaço para incluir uma traduçã o de initiva de todas as
motivaçõ es e açõ es polı́ticas no Mé xico entre 1890 e 1940. Outros livros
detalham os problemas da Igreja Cató lica no Mé xico.*A maioria dos
americanos mal consegue compreender a situaçã o; o fato de que essas
coisas ocorreram tã o perto de nossa pró pria naçã o espanta muitos que
pensam no Mé xico apenas como um paı́s cató lico, nã o como um paı́s
perseguido.
Fr. Pro nã o foi de forma alguma o ú nico cató lico a dar sua vida pela
fé durante os longos e sombrios anos de perseguiçã o religiosa no
Mé xico. Milhares de cató licos - padres, religiosos e leigos - foram
perseguidos, torturados, mortos ou forçados a fugir de sua pá tria.
Uma causa de beati icaçã o foi iniciada para vá rios desses heró is da
Fé ; as façanhas heró icas de muitos vivem apenas no coraçã o de suas
famı́lias e nas memó rias das pessoas de suas regiõ es nativas. Dois
exemplos - um do inı́cio e outro do im da perseguiçã o ativa contra a
Igreja no Mé xico - sã o mencionados brevemente aqui.
_______
* Para detalhes sobre a histó ria da Igreja Cató lica no Mé xico, ver Blood-Drenched Altars , do
Reverendı́ssimo Francis C. Kelley e Mexican Martyrdom , do Pe. Wilfrid Parsons, SJ Ambos os
livros sã o publicados pela TAN Books.

Fr. Mateo Correa

O santo sacerdote que derramou a á gua viva sobre o menino Miguel


Pro foi o pe. Mateo Correa. Fr. A vida de Correa foi coroada com sua
execuçã o por se recusar a quebrar o selo do confessioná rio.
Um dia, o idoso Pe. Correa, obedientemente continuando seu
ministé rio à s pessoas de sua á rea, estava levando Viá tico a um doente
quando foi surpreendido por um grupo de soldados. Ele consumiu a
Hó stia para que nã o fosse profanada e foi entã o levado perante o
comandante militar, onde foi acusado de ser aliado
da Libertadores Cató licos (um grupo de homens, també m conhecidos
como Cristeros , que defendia a força na ordem para alcançar a
liberdade da Igreja Cató lica).
Fr. Correa foi enviado para ouvir as con issõ es dos prisioneiros
antes de serem executados. Quando o comandante entã o exigiu saber o
que os prisioneiros haviam dito ao padre em suas con issõ es, o corajoso
confessor se recusou a dizer. Ele foi baleado em 6 de fevereiro de 1927.
Maria de la luz camacho

Quando o ex-governador de Tabasco, Tomas Garrido Canabal,


tornou-se Ministro da Agricultura do gabinete do Presidente Cá rdenas
em dezembro de 1934, trouxe para a capital suas pró prias tropas de
choque, os Rojinegros (“Negros Vermelhos”), um poço corpo
semimilitar treinado e disciplinado de rapazes e moças. Garrido, o
“Flagelo de Tabasco”, pregava uma mistura de socialismo e faná tico
anti-religiã o, e realizava “Sá bados Vermelhos” semanais em que artigos
religiosos e livros eram queimados com o acompanhamento de dança e
mú sica. Casas e igrejas da cidade foram invadidas em busca de material
para a fogueira semanal. Garrido começou entã o a enviar suas tropas
aos subú rbios para fazer manifestaçõ es.
Em 30 de dezembro de 1934, cerca de 50 ou 60 dos Rojinegros se
reuniram perto da igreja da Imaculada Conceiçã o em Coyoacá n. A missa
havia começado. Um grupo de cerca de 20 leigos, tendo sido avisados
de que os Rojinegros planejavam incendiar a igreja, subiu na escadaria
para defender a entrada pelo menos o tempo su iciente para que as
crianças dentro dela escapassem. Os minutos passaram. Por im, os
revolucioná rios avançaram gritando: “ ¡Viva la Revolución! ”
Com os braços estendidos em cruz, a valente catequista e militante
da Açã o Cató lica, Marı́a de la Luz Camacho, gritou: “ ¡Viva Cristo Rey! ”(“
Viva Cristo Rei! ”). As pistolas falaram,e Marı́a e quatro homens caı́ram
sem vida nos degraus da igreja. Houve um momento de silê ncio
atordoante e entã o a multidã o desarmada saltou sobre os assassinos -
que fugiram, embora estivessem armados, e se refugiaram na delegacia
de polı́cia.
Os assassinos foram presos, mas Garrido mandou uma caixa de
champanhe para animá -los. Posteriormente, eles foram soltos; nada foi
feito a eles.
O funeral de Marı́a de la Luz e das outras foi um triunfo, com a
presença de milhares de pessoas. Apó s este incidente os estudantes
universitá rios foram mobilizados para a defesa e os Rojinegros
encontraram oposiçã o por onde quer que fossem, até junho daquele
ano (1934), quando Garrido foi expulso do governo num expurgo, e ele
e suas tropas voltaram para Tabasco.
À esquerda : Padre Mateo Correa, executado em 1927 por se recusar a quebrar o selo da Con issã o .
À direita : Marı́a de la Luz Camacho, que foi baleada pelos Rojinegros em 1934 enquanto defendia a
entrada da Igreja da Imaculada Conceiçã o em Coyoacon .

Capítulo 1

UMA INFANCIA VIVA


Há mais aventura, emoçã o e perigo na vida do sacerdote mexicano
pe. Miguel Pro do que em muitos thrillers de espionagem
modernos. Sua vida de perigo começou quando, ainda apenas uma
criança, ele conseguiu escapar do olhar atento de sua babá e rastejar
para o parapeito de uma janela trê s andares acima de uma rua
movimentada. Lá , sua mã e horrorizada o encontrou e o resgatou. Um
ú ltimo episó dio perigoso levaria à sua morte na frente de um pelotã o
de fuzilamento aos 36 anos de idade.
Miguel nasceu em 13 de janeiro de 1891, em Guadalupe, Zacatecas,
perto do centro de uma das á reas de mineraçã o de prata mais ricas do
Mé xico. Ele era o terceiro ilho e o primeiro ilho de Don Miguel Pro e
sua esposa Josefa Juá rez. O pai de Miguel, como seu pai antes dele, era
um engenheiro de minas.
Miguel foi baptizado trê s dias apó s o seu nascimento na capela de
Ná poles do mosteiro franciscano. Ele recebeu o nome extenso e
impressionante de José Ramon Miguel Agustı́n Pro Juá rez. Seus avó s
paternos eram seus padrinhos. Um tesouro de famı́lia, um pequeno
recipiente com á gua da Terra Santa, foi usado no Batismo.
Quando Miguel ainda era um bebê , a famı́lia mudou-se para Cidade
do Mé xico. Ali, na grande e espaçosa casa da famı́lia, Miguel deu os
primeiros passos. Lá , també m, seus impulsos investigativos e atividade
fı́sica incessante constantemente o levavam à travessura.
Pelas janelas abertas, o bebê ouvia diariamente os gritos dos
vendedores ambulantes. Um desses vendedores, uma tı́mida mulher
asteca, fornecia frutas deliciosas para a famı́lia. Esta mulher tornou-se
uma das favoritas do jovem Miguel e muitas vezes parava para brincar
com ele, chamando-o de seu pequeno “bebê da alma”. Ela começou a
trazer guloseimas para ele, e um dia trouxe uma grande cabaça cheia de
uma pequena fruta chamada tojocotes . Antes que sua famı́lia
percebesse o que ele estava fazendo, Miguel consumiu avidamente
metade da fruta. Isso causou algum tipo de envenenamento, e Miguel
adoeceu gravemente e congestionou e parecia em perigo de morte.
Depois de vá rios dias, durante os quais seu amigo asteca sentou-se
tristemente ao lado de sua cama, angustiado com o que seu dom havia
feito e suplicando à Virgem de Guadalupe pela vida do menino, as
febres de Miguel se foram. Aparentemente, ele també m teve febre
cerebral, e a pequena vı́tima icou com o olhar vazio e a boca aberta de
um imbecil.
Por um ano, o bebê icou doente e nã o conseguia pronunciar uma
sı́laba. Uma nova febre surgiu, apó s surtos de sarampo e tosse convulsa,
e a ameaça à sua vida parecia ainda maior do que no ano
anterior. Miguel teve convulsõ es e os mé dicos anunciaram que a morte
era iminente. A famı́lia gathsentou-se tristemente em volta da cama da
criança para esperar o im. De repente, Dom Miguel arrancou do berço a
forma insensı́vel de seu ilho e, estendendo o bebê para uma imagem de
Nossa Senhora de Guadalupe, gritou: “Minha Mã e, devolva-me meu
ilho!”
No silê ncio que se seguiu, as testemunhas assustadas viram o bebê
estremecer imenso e vomitar no pai uma grande massa sangrenta de
catarro. O perigo acabou.
Em poucos dias, o bebê recuperou a saú de plena. Ele olhou para sua
adorá vel mã e e disse: “Mamã e, eu quero um cocol” (uma variedade de
pã ozinho que sempre foi seu favorito). A feliz mamã e pegou Miguel e o
abraçou, gritando: “Vem cá , meu cocolinho!” Anos depois, quando
estava se escondendo da polı́cia, Miguel freqü entemente assinava
cartas para seus companheiros cristã os com o apelido de “Cocol”.
Desde a infâ ncia, o riso e o bom humor foram marcas da
personalidade de Miguel. Ele estava constantemente em movimento,
fı́sica e mentalmente. Palhaço nato, Miguel foi agraciado com um
temperamento alegre e uma ludicidade que enriquecia as
confraternizaçõ es noturnas da famı́lia. Miguel, de cinco anos, divertia
com entusiasmo a famı́lia recitando versos, encenando charadas ou
dirigindo pequenas esquetes para as irmã s. Vendo o talento do ilho,
Dom Miguel presenteou o menino com um pequeno teatro, e a mã e de
Miguel ajudou-o a comprar os bonecos de que precisava para povoá -
lo. Anos depois, sua habilidade dramá tica permaneceu. Um amigo
comentou queMiguel era um ator nato e podia rir em um minuto e
chorar no outro. Ele passou a dizer que Miguel podia rir com um lado
do rosto e chorar com o outro.
A puniçã o era rara na famı́lia Pro; em vez disso, D. Miguel
encorajava o bom comportamento dos seus ilhos com um ritual de
sá bado em que alguns “anjos bons” traziam pequenos presentes aos
dos ilhos que se comportaram excepcionalmente bem naquela
semana. Os que foram omitidos dos favores dos “anjos” se esforçaram
para ser lembrados na semana seguinte. Miguel ganhou uma surra, no
entanto, quando aos cinco anos teve um pequeno ataque de raiva em
uma loja durante um passeio com sua mã e e irmã s. Mais tarde, a
simples visã o do cavalinho branco que causou o ataque foi o su iciente
para trazer lá grimas aos seus olhos, e uma vez ele comentou: "Por isso
iz minha mã e chorar!"
Outra ocasiã o de disciplina surgiu no dia em que Miguel destruiu as
bonecas das irmã s. Como desculpa, Miguel deu o facto de estar a travar
uma “batalha” - pela qual estava vestido com a farda de pequeno
general que recebera de presente de Natal - e esfaquear e decapitar as
bonecas recalcitrantes por se terem recusado a fazê -lo. mover. O pai
respondeu que, nesse caso, o castigo de Miguel se devia ao rosto que
Miguel tinha mexido muito.
Quando Miguel tinha seis anos, a famı́lia mudou-se para a cidade
industrial de Monterrey, no norte, onde Miguel começou a estudar em
uma escola particular administrada por duas irmã s, as Señ oritas
Sá nchez. Para o menino ativo,a diversã o e a curiosidade ainda eram
prioridade. Um dia ele até faltou à escola para ver a chegada dos trens
cobertos de neve na grande estaçã o ferroviá ria da cidade.
Outras anedotas també m sã o registradas sobre os anos de escola de
Miguel. Houve uma vez em que deu um lagarto para sua professora
como um "presente", uma vez em que "cobrou" um doce em uma loja
local até que sua mã e recebesse a conta e ele recebesse sua justa
recompensa, e quando ele e outro menino entraram no uma verdadeira
batalha por um novo chapé u que Miguel havia usado na escola. O outro
garoto havia arruinado o chapé u novo puxando-o para baixo na cabeça
de Miguel, entã o Miguel pulou com os punhos prontos. Ao voltar para
casa de Miguel, sua mã e notou seu olho roxo e perguntou o que havia
acontecido. Quando ele contou a ela sobre a briga, ela comentou que ele
parecia ter levado o pior. "Oh, nã o", respondeu ele, "o outro menino tem
dois olhos pretos!"
Em 1889, Don Miguel foi transferido de Monterrey de volta para
Zacatecas, onde se tornou o engenheiro sê nior da mina de Concepció n
del Oro. Ele estava preocupado com a falta de boas escolas na á rea de
mineraçã o difı́cil, mas nã o queria separar sua famı́lia unida. Miguel, de
sete anos, e seus cinco irmã os e irmã s izeram as malas felizes para o
que lhes parecia apenas uma nova aventura.
També m faltou habitaçã o em Zacatecas, por isso a famı́lia viveu
algum tempo no hotel local enquanto uma nova casa estava a ser
construı́da. Durante este tempo, os pais protetores tentaram isolar seus
ilhos de outros viajantesque estavam hospedados no hotel, e proibiram
as crianças de se misturarem com eles. O curioso Miguel, embora nã o
falhasse na obediê ncia, conseguia manter conversas apressadas com
alguns toureiros no trajeto de ida e volta para o jantar na sala de jantar
do hotel. Seus trajes brilhantes animavam o garotinho animado, que,
em seu retorno aos aposentos da famı́lia Pro, iria imitar os toureiros em
uma paró dia agradá vel para suas irmã s admiradoras. Anos depois,
quando muitas vezes fugia da vigilâ ncia dos espiõ es de Calles, Miguel à s
vezes contava histó rias de suas fugas por pouco, usando os termos de
um toureiro para animar a narrativa.

Capítulo 2

ANOS DE FORMAÇAO
Na festa de Sã o José de 1898, Miguel e suas irmã s mais velhas,
Concepció n e Marı́a de la Luz, izeram sua primeira comunhã o na igreja
paroquial de Concepció n del Oro. A tempestade de barbá rie que se
avizinhava dos cató licos mexicanos ainda nã o havia começado; entã o o
gentil pastor, pe. Mateo Correa, e o pequeno comungante, Miguel Pro,
nã o faziam ideia de que os dois um dia voltariam a ter os seus nomes
ligados, sendo a segunda vez em martı́rio por Cristo Rei. (Pe. Correa
seria martirizado durante o terror inicial da perseguiçã o a Calles em 6
de fevereiro de 1927, perto da cidade de Durango.)
Por causa da falta de boas escolas, Dom Miguel decidiu cursar ele
mesmo o ensino fundamental das crianças, por isso reservava um
tempo todas as noites para ouvir as aulas que eram ministradas
diariamente. Do café da manhã até o jantar mexicano das quatro horas,
as crianças deveriam trabalhar nas aulas. Miguel nã o era um estudante
sé rio, mas estudou com a obediê ncia de sempre. Rapidamente
aprendeu a ler e escrever muito bem, e sua extraordiná ria memó ria
permitiu-lhe fazer recitaçõ es bem-sucedidas mesmo nos assuntos de
que nã o gostava. Noà noite, Miguel começou a dominar o violã o e o
bandolim. Por im, sob a direçã o de Miguel, os cinco ilhos mais velhos
do Pro formaram um quinteto de cordas, que deu muito prazer à famı́lia
e aos visitantes da casa do Pro. Miguel també m gostava de poesia e
costumava escrever versos como presente para familiares em ocasiõ es
especiais.
Miguel gostava tanto de mú sica que sempre que uma banda de
mú sicos passava pela casa, ele largava o que estava fazendo e corria
para a porta. Certa vez, depois que Miguel interrompeu os estudos para
uma trupe desses menestré is itinerantes, seu pai o proibiu de deixar
seus livros ou de pô r os pé s na rua por causa disso. O jovem obediente,
mas sempre travesso, segurou seu livro nas mã os e caminhou de
joelhos até a porta para apreciar a performance dos pró ximos viajantes
musicais.
Quando Miguel tinha quase oito anos, sua mã e sugeriu que ele e
suas duas irmã s mais velhas ajudassem o pai em seu escritó rio nos dias
de pagamento de sá bado. Todas as trê s crianças veri icaram o dinheiro
que foi desembolsado e as meninas també m ajudaram carimbando as
impressõ es digitais que serviam como recibos da folha de
pagamento. Miguel carregava á gua para os homens que estavam na
longa ila da folha de pagamento e à s vezes dava seus pró prios biscoitos
e doces.
Embora Don Miguel tenha inicialmente tido escrú pulos sobre a
ideia porque seus trabalhadores eram muitas vezes rudes e briguentos,
o plano de Doñ a Josefa funcionou admiravelmente bem. Os mineiros
respeitaram a inocê ncia do ilhos, e a ajuda prestada pelos ilhos foi de
grande ajuda para seu pai sobrecarregado de trabalho. Miguel logo se
tornou um animal de estimaçã o particular desses trabalhadores e
disse-lhes que també m ele era mineiro. Seu nome nessa é poca era “el
barreterillo” (“o pequeno mineiro”) e, posteriormente, ele à s vezes se
referia a si mesmo como “el pobre barretero” (“o pobre mineiro”). Este é
mais um apelido que Miguel usou em sua correspondê ncia posterior,
quando era um padre escondido.
Josefa Juá rez foi uma in luê ncia boa e gentil sobre seu ilho Miguel,
que observava sua caridade para com os trabalhadores da mina. Seu
respeito pela dignidade e bondade inata desses homens rudes foi
transmitido a todos os seus ilhos. Ela tinha um coraçã o compassivo; ela
compreendeu a inquietaçã o e a pobreza dos mineiros. Ela viu as
doenças causadas pela má alimentaçã o e pelas má s condiçõ es de
saneamento e trabalhou para ajudar a aliviá -las.
Os mineiros eram homens rudes, barulhentos e propensos à
embriaguez, mas Doñ a Josefa nã o conseguia esquecê -los nem à s suas
famı́lias, embora aceitasse a dura realidade do seu estilo de vida. A
situaçã o deles nã o era nada que Don Miguel pudesse mudar; ele nã o era
um dono. Mas ele tentou garantir que eles recebessem justiça de acordo
com a lei e as prá ticas prevalecentes e deu-lhes todo o trabalho que a
mina podia suportar. Doñ a Josefa começou a visitar as famı́lias dos
trabalhadores, levando presentes com alimentos, remé dios e roupas, e
muitas vezes ela mesma atendia os enfermos. Em suas visitas, ela
sempre levava consigo um ou mais de seus mais velhoscrianças. Miguel
gostava especialmente dessas viagens com sua mã e. Ele chamou os
mineiros de “mi predilectos” (“meus favoritos”). Embora nã o soubesse
como curar sua naçã o de seus males sociais, ele compreendeu o dever
cristã o de fazer sacrifı́cios individuais - com bom humor e atitude
amorosa - pelos necessitados sofredores e compreendeu o valor de
trabalhar pela paz com justiça.
A caridade de Dona Josefa para com os enfermos culminou com o
desenvolvimento do pequeno Hospital de San José , que começou a
prestar serviços gratuitos aos mineiros mais pobres e suas famı́lias. Ela
arrecadou doaçõ es e ajudas, e o hospital foi inaugurado em 1904.
Infelizmente, depois de apenas um ano e meio de funcionamento, o
novo prefeito ( Presidente Municipal ) decretou que o hospital era muito
“exclusivo” e deveria ser aberto a todos (nã o apenas os pobres). Ele
també m proibiu aos pacientes o direito de receber os Ultimos
Sacramentos no hospital. A famı́lia Pro, naturalmente, se afastou desse
trabalho. Miguel compreendeu a dor da mã e e tentou consolá -la com
promessas infantis de ajudar “os seus pobres” quando fosse mais velho.

Capítulo 3

JOVEM HOMEM
A medida que o trabalho na mina aumentava e a famı́lia Pro crescia
para incluir oito ilhos, Don Miguel nã o tinha mais tempo para ensinar
seus ilhos. Uma sucessã o de professores particulares foi contratada,
até que inalmente Dom Miguel decidiu que era hora de seu ilho Miguel
ser mandado embora para a escola. Aos dez anos, Miguel foi morar com
um tio na Cidade do Mé xico, mas logo icou doente e teve que voltar
para casa.
No ano seguinte, os pais de Miguel ouviram falar de uma nova
escola em Saltillo, uma cidade muito mais perto de casa. A escola
parecia boa e Miguel foi inscrito como interno. Acontece que a escola
tinha um vié s anticató lico e Miguel foi proibido de assistir à missa.
Miguel escreveu para casa sobre isso, mas nenhuma mençã o ao
problema foi feita nas cartas que recebeu de casa.
Depois de vá rias semanas, Miguel se rebelou e se recusou a
comparecer aos serviços religiosos protestantes. Como puniçã o, o
diretor o trancou em uma sala. Um dia, o jovem prisioneiro viu uma
famı́lia pela janela de sua “prisã o” e chamou-os, implorando à mulher
que escrevesse a seus pais sobre a situaçã o.A piedosa senhora, uma
cató lica, prometeu avisar seus pais imediatamente. A carta dela trouxe
as primeiras notı́cias da situaçã o que os pro issionais tinham
ouvido. Dom Miguel embarcou no pró ximo trem para Saltillo e retirou
seu ilho da escola.
Quando Miguel tinha 14 anos, seu pai renunciou ao cargo na mina e
foi nomeado agente do Departamento Nacional de Comé rcio, Divisã o de
Minas. A carga de trabalho era tã o grande que Miguel foi trabalhar no
escritó rio do pai. Lá , ele revisou todos os histó ricos de casos de litı́gios
de mina e icou encarregado dos arquivos. Embora Miguel nã o gostasse
de papelada, a memó ria excepcional deste jovem era uma quali icaçã o
notá vel, e em nenhum momento ele foi capaz de memorizar as
complicadas classi icaçõ es jurı́dicas e nú meros de arquivo. Ele també m
se tornou um digitador competente.
Dois anos depois, Don Miguel mandou sua famı́lia morar em Saltillo
para que os ilhos menores pudessem ir à escola. O jovem Miguel
també m se mudou para Saltillo. Don Miguel voltava para casa em
Saltillo nos ins de semana, assumindo o trabalho de escritó rio para
Miguel e trazendo o trabalho concluı́do do jovem de volta para
Concepció n com ele quando ele retornou. Já fazendo o trabalho de
adulto para o escritó rio do pai, Miguel passou a participar cada vez
mais dos negó cios domé sticos da famı́lia. Ele se encarregou da maioria
dos reparos na casa e ajudou na supervisã o do mais novo dos sete
ilhos. Ele era o padrinho de seu irmã o mais novo,
Roberto. Eleacompanhava sua mã e e suas irmã s mais velhas sempre
que elas saı́am.
Em Concepció n, o jovem Miguel começou a ser popular entre as
an itriã s da cidade. Embora nã o gostasse de dançar e só dançasse com
uma de suas irmã s, ele escreveu muitos versos lú dicos e lisonjeiros
para as jovens. Em Saltillo, a atividade social era diferente; aqui, as
crianças Pro mais velhas se deliciavam com o paseo do inı́cio da
noite . Circulando pela praça, as garotas formavam uma procissã o
contı́nua, enquanto os garotos circulavam no sentido anti-horá rio. Eles
cumprimentaram seus amigos e gostaram da mú sica. Em casa, a famı́lia
compartilhou uma vida calorosa e unida.
Miguel nã o perdeu nada de sua natureza feliz e espı́rito divertido
quando entrou na adolescê ncia. Ele gostava principalmente de piadas,
que costumava fazer à s custas das irmã s. Certa vez, enquanto passeava
com Concepció n, ele se lançou e bateu na porta de uma casa por onde
passavam. Quando o dono da casa bateu à porta, Miguel explicou que
sua irmã - e indicou a horrorizada Concepció n - havia notado uma bela
está tua da Virgem na janela do homem e queria comprá -la. A garota
envergonhada mais tarde disse aos pais que era a está tua mais
espalhafatosa e horrı́vel que ela já vira. Felizmente, era um tesouro de
famı́lia e o homem se recusou a abrir mã o dele.
Em outra ocasiã o, Miguel participou de uma missã o em uma cidade
pró xima com alguns jesuı́tas visitantes que eram amigos de sua
famı́lia. Ele secretamente se vestiu com umbatina de um dos
missioná rios e saiu em sua pequena expediçã o de pregaçã o aos ranchos
vizinhos. Foi aceito como sacerdote genuı́no pela gente simples do
campo, que enchia o atraente jovem Padre de ovos, cigarros e queijos
frescos. Os verdadeiros padres logo o pegaram, mas como ele
aparentemente izera um bom trabalho de pregaçã o, nã o o
denunciaram como uma farsa. Em vez disso, eles o arrastaram de volta
para seus aposentos, onde o aliviaram de suas contribuiçõ es suadas.
Miguel també m teve seus pró prios momentos embaraçosos. Em
uma ocasiã o, ele estava no telhado tentando pegar o caná rio fugitivo de
sua irmã . Quando ele se inclinou para pedir ajuda, uma chuva de
cigarros proibidos caiu de seu bolso no rosto de seu pai estrelado. A
desculpa que ele conseguiu inventar ao descer do telhado soou fraca
para todos que a ouviram.
Capítulo 4

MONTAGEM DE TENSOES POLITICAS


Em 1907, o problema estava se formando nas minas, e Doñ o Josefa
mandou Miguel de volta a Concepció n para icar com seu pai por alguns
meses antes que toda a famı́lia retornasse durante as fé rias. Obediente,
Miguel ajudava o pai durante o dia com as pilhas de papelada que
sempre detestara. Nas noites solitá rias em casa, sentindo muita falta da
companhia de sua famı́lia, o pouco estudado jovem Miguel decidiu
aprender inglê s e francê s. Mais uma vez, sua memó ria excepcional
entrou em açã o para ajudá -lo a dominar essas lı́nguas.
Em setembro de 1907, quando a famı́lia se reuniu em Concepció n,
uma rebeliã o eclodiu durante a festa da Independê ncia. No meio da
noite, com gritos de “Exploradores!” ecoando pelo ar, uma multidã o de
mineiros bê bados cercou o escritó rio da Agência de Minería , com a
intençã o de destruir os tı́tulos de propriedade das minas. Como a
tensã o vinha aumentando há algum tempo, Don Miguel levou os tı́tulos
para o andar de cima, para os aposentos dos pro issionais. Enquanto a
multidã o cercava o escritó rio com gritos de raiva, Don Miguel se
preparou para sair e tentar argumentar com os mineiros, mas seuA
famı́lia assustada o convenceu a icar dentro de casa. Para manter o
moral da famı́lia e como contra-demô nio, Miguel agarrou seu violã o e
começou a cantar em voz alta algumas de suas cançõ es mais agitadas.
A multidã o se afastou por um tempo, mas logo voltou. Enquanto a
famı́lia orava, Don Miguel e seus ilhos empurraram a mesa de jantar
contra a porta e se prepararam para defender sua casa. De repente, veio
o som de cascos de cavalos batendo e tiros. A Guarda Civil, conhecida
como Rurales , havia chegado. Eles literalmente galoparam sobre os
demon strators. Miguel espiou pelas venezianas, horrorizado e gritou:
“Ah, os coitados estã o morrendo como cachorros! Que Deus, em Sua
misericó rdia, perdoe todos eles! ”
Embora os pro issionais estivessem gratos por sua libertaçã o do
motim, por muito tempo eles se solidarizaram profundamente com os
pobres mineiros e sabiam que a violê ncia nã o era a soluçã o. Todos eles
oraram pedindo ajuda do Cé u para os mineiros, bem como para sua
pró pria famı́lia.
No auge do perigo, todos izeram votos, que imediatamente
começaram a cumprir no dia seguinte. Miguel, ao que parecia, havia
feito uma promessa maior do que ele imaginava: ele havia prometido
nã o ter uma namorada especial ( novia ) por um ano. Mais tarde, ele foi
ouvido dizer: "Perdoe-me, Senhor, eu nã o sabia o que estava fazendo!"
Os Pros eram cató licos devotos, embora nã o haja registro de que
Miguel fosse uma criança excessivamente piedosa. Comunhõ es da
primeira sexta-feira, cumprimento de obrigaçõ es religiosas,a recitaçã o
diá ria do Rosá rio pelas almas dos familiares falecidos e outras prá ticas
da religiã o cató lica, bem como a obediê ncia aos pais e a devoçã o à
famı́lia, faziam simplesmente parte da vida de Miguel. Sua fé foi fonte de
consolo, beleza e amor. Assim, quando Miguel, aos 17 anos, caiu numa
taciturnidade pouco familiar e numa impaciê ncia cró nica e parecia
aborrecido com a religiã o, toda a sua famı́lia icou chocada e
preocupada. Felizmente, esse mau humor foi curado pelo
comparecimento de Miguel a um retiro de jesuı́tas, e sua causa foi
explicada por uma confusã o humorı́stica pelo correio. Miguel enviou
por engano à mã e uma carta destinada à namorada nã o cató lica,
enquanto a carta destinada à mã e foi enviada à señ orita em
questã o. Dona Josefa nem descon iava que Miguel a tivesse aceitado
como novia . A confusã o levou ao rompimento com a garota. Mais tarde,
Miguel admitiu que aquela travessura româ ntica nã o fora provocada
por um afeto sincero pela moça, mas pelo orgulho, e ele nã o sabia como
se desvencilhar.
Quando Miguel tinha 18 anos, ele e suas duas irmã s mais velhas
passaram maravilhosas fé rias de trê s meses em Zacatecas, visitando
parentes em Guadalupe, a cidade natal de sua famı́lia. Depois de voltar
para casa em fevereiro de 1909, a famı́lia mudou-se novamente para
Saltillo, porque agora até o ilho mais novo, Roberto, estava em idade
escolar. Esse segundo perı́odo de dois anos em Saltillo foi a é poca mais
pró xima e feliz para a famı́lia. A alegria deles nã o eraestragado pelas
crescentes tensõ es polı́ticas e problemas do paı́s.
¡Viva mi Padre Dios!
Quando o cometa Halley fez sua apariçã o dramá tica em 1910,
Miguel icou acordado até as trê s da manhã para vê -lo. De fato, o jovem
travesso acordou os vizinhos com uma serenata para que eles també m
a admirassem. A beleza do cometa levou Miguel a exclamar: “ ¡Viva mi
Padre Dios , o Trabalhador das coisas tã o lindas! Esperem, estrelinhas -
ou grandes - até verem como vou superar você s, deixando meu rastro
pelos cé us. ”

capítulo 5

TRES VOCAÇOES
Em agosto de 1910, a segunda das ilhas Pro, Marı́a de la Luz, saiu
de casa para ingressar nas Irmã s do Bom Pastor em
Aguascalientes. Miguel sentiu uma das dores mais profundas que já
conheceu. Seis meses apó s sua partida, a famı́lia acompanhou a
recepçã o do há bito. Enquanto estava lá , sua irmã , Concepció n, també m
decidiu entrar no convento. Ao ouvir a notı́cia, Miguel se jogou na cama
e soluçou. Mais tarde, enquanto caminhava com Concepció n, Miguel
implorou à irmã que lhe contasse o que a fazia abandonar seus entes
queridos. Concepció n respondeu dizendo-lhe que era a vontade de
Deus. Ainda triste, Miguel implorou-lhe que rezasse para que ele
també m pudesse aprender em breve a vontade de Deus para a sua
pró pria vida.
No dia seguinte, a famı́lia participou da Primeira Comunhã o de seu
pequeno Humberto. No café da manhã posterior - o ú ltimo que a famı́lia
iria compartilhar juntos - um Miguel emocionado questionou suas
irmã s, perguntando se, já que elas haviam jurado suas vidas à religiã o,
ele nã o deveria fazer o mesmo. “Se o que sinto agora é uma vocaçã o
divina”, disse Miguel à s irmã s, “é assim que vai acabar!” Antessaindo,
Miguel pediu ao superior do convento que mandasse as freiras rezarem
por ele, para que soubesse que direçã o tomar.
Em casa, Miguel caiu em profunda depressã o, tornando-se
reservado e pensativo, esquecendo-se das brincadeiras e travessuras e
nã o demonstrando nada de seu temperamento alegre. Mas, na Pá scoa,
seu â nimo havia melhorado e ele enviou à s irmã s do convento um
livrinho que havia composto, intitulado De Todo un Poco ( Um pouco de
tudo ), que era uma coleçã o de esquetes, versos e gracejos. Na primeira
pá gina havia um versı́culo que ele escreveu quando tinha apenas sete
anos:
Sob uma palmeira verde
Um triste coiote se sentou,
Cuja cançã o suspirante disse,
“Desça, encontros!”
O pró prio Miguel era como o coiote triste, sentado sob a tamareira
de mi Padre Dios, cantando para que Deus deixasse cair as “datas” da
sabedoria quanto ao seu futuro. Em agosto desse mesmo ano, Miguel
pediu aos pais autorizaçã o para se candidatar ao ingresso nos Jesuı́tas.
A fama de piadista de Miguel o precedeu no seminá rio, e os
superiores queriam ter certeza de que o jovem sabia tanto ouvir uma
piada quanto brincar.
No primeiro encontro com o reitor, Miguel encontrou o padre lendo
um jornal. Miguel icou meia hora inteira antes que o reitor baixasse
seupapel longo o su iciente para sugerir que Miguel retornasse no dia
seguinte, pois ele estava muito ocupado no momento. No dia seguinte, o
reitor estava ocupado escrevendo. Mais uma vez Miguel icou parado
por um longo tempo antes de ser notado. Com di iculdade, Miguel
evitou perder a compostura. Na entrevista inal, havia um grupo inteiro
de jesuı́tas no pá tio reclamando em voz alta sobre todas as coisas que
estavam erradas na Sociedade de Jesus. Entã o, ocorreu a Miguel que se
tratava de um teste - um teste no qual ele passou com sucesso. Ele
entrou no noviciado jesuı́ta na Hacienda El Llano em Michoacan em 10
de agosto de 1911.
Miguel icou impressionado com a quantidade de estudos
necessá rios. Aos 20 anos, ele nunca havia concluı́do o ensino mé dio e
estava mal preparado. Ele decidiu compensar o que considerava seus
poderes intelectuais medı́ocres, con iando em sua memó ria notá vel
para lutar em seus cursos e trabalhando por uma maior perfeiçã o
espiritual por meio da oraçã o. Seus professores e colegas zombavam
dele e o chamavam de “o irmã o que está convencido de que Deus quer
que ele seja um santo”, mas, como um posteriormente admitiu, havia
“dois pro issionais em um: o que jogava e o que rezava. ” Fr. Bernardo
Portas, SJ, em sua Vida del Padre Pro, SJ, diz : “Aquele que ria de todo o
mundo, começando por si mesmo, levava as coisas de Deus mais a sé rio
do que alguns jamais teriam suspeitado”. Sensı́vel a crı́ticas e com
tendê ncia a orgulhosos lampejos de ressentimento, Miguel teve
detrabalhe duro para alcançar a humildade. Em 15 de agosto de 1913,
fez os votos, tornando-se membro professo da Companhia de Jesus.

Capítulo 6

VOO DO MEXICO
Em 1910, uma revoluçã o começou no Mé xico. Relatos das
atrocidades cometidas contra os religiosos mexicanos em todas as
partes do paı́s chegaram ao noviciado, que havia permanecido em um
retrocesso relativamente tranquilo. Em 1914, a luta estava pró xima
demais para o conforto, e o reitor do seminá rio se preparou para o
pior. Ele empacotou e escondeu ou enterrou os melhores pertences do
noviciado e comprou agasalhos para os membros da comunidade.
Em 4 de agosto, um grupo de soldados armados invadiu o
noviciado; depois de causar um pequeno dano, eles partiram, jurando
retornar. A dispersã o era iminente. No dia 15 de agosto, as noviças
começaram a sair em pequenos grupos. A pé e de trem, eles seguiram
para Laredo, Texas, uma viagem que durou mais de um mê s.
A caminho de Laredo, Miguel e seus companheiros de viagem
pararam primeiro em Zamora, uma cidade tomada pelo terror por
causa da conduta dos revolucioná rios. Aqui, o chefe revolucioná rio
havia espancado pessoalmente um velho padre para provar à s suas
tropas que o sangue de um padre nã o murchava sua mã o. Por alguns
dias, Miguel e um de seus companheiros empreenderam otarefa de
levar comida para dois dos padres locais escondidos e perdidos na
captura por um grupo de carrancistas por apenas alguns segundos. Eles
se esconderam, deitados em um campo de milho providencial por mais
de uma hora. Veio a ordem de continuar a viagem, e num dos primeiros
usos prá ticos do seu talento teatral, Miguel se vestia de camponê s,
atendendo os amigos como se fosse seu criado.
A vitó ria de Pancho Villa em Saltillo resultou na ruı́na inanceira da
famı́lia Pro e na dispersã o de seus membros. O serviço governamental
anterior de Don Miguel fez dele um homem marcado e ele foi forçado a
fugir para salvar sua vida. Dona Josefa, Anna Marı́a e os trê s meninos
menores fugiram para Guadalajara e se mudaram para um ú nico quarto
miserá vel de uma pensã o, com apenas duas camas, algumas cadeiras e
um quadro do Sagrado Coraçã o que Josefa conseguiu levar
consigo. Apesar da sua idade e problemas de saú de, Josefa começou a
fazer trabalhos manuais para sustentar as crianças mais novas.
Ao chegar a Guadalajara, Miguel icou com o coraçã o partido ao ver
a pobreza de sua famı́lia, mas emocionado com a fé heró ica de sua mã e
sem queixas. Sua preocupaçã o com a situaçã o de sua famı́lia causou
dores de cabeça terrı́veis e dores de estô mago extremas. Ele escondeu
cuidadosamente sua dor de sua famı́lia, animando tanto suas visitas a
eles quanto os encontros diá rios com seus companheiros jesuı́tas por
suas piadas, travessuras e pequenas esquetes.
Depois de algumas semanas, Miguel e seus companheiros
receberam ordem de partir para a casa dos jesuı́tas em Laredo,
Texas. De pé na plataforma da estaçã o ferroviá ria, Miguel olhou nos
olhos de sua mã e pela que seria a ú ltima vez, e seus coraçõ es se
encontraram. Dona Josefa con iou o seu bem-estar e os seus ilhos mais
novos à misericó rdia do Cé u; ela esperava que seu ilho mais velho
izesse o mesmo.
Do Mé xico ao Texas, à Califó rnia, à Espanha, Nicará gua e Bé lgica, o
jovem seminarista viajou. A cada parada ele trabalhava, estudava,
brincava e, principalmente, orava.
Do Texas à Califó rnia
O pequeno grupo de seminaristas icou alguns dias com os Jesuı́tas
em Laredo e depois viajou para San Antonio, onde foram acolhidos
pelos Padres Oblatos (Religiosos do Coraçã o Imaculado de
Maria). Depois de alguns dias de relaxamento aqui, eles pararam
brevemente para visitar os jesuı́tas em El Paso, felizes por poderem
falar sua lı́ngua nativa com alguns dos membros antes de irem para o
oeste.
Em 6 de outubro de 1914, os jesuı́tas mexicanos exilados chegaram
à provı́ncia jesuı́ta da Califó rnia, onde seriam colocados na pequena
cidade de Los Gatos. Ao entrarem na cidade, uma das primeiras
imagens que o pequeno grupo viu foi uma grande está tua do Sagrado
Coraçã o, que parecia uma saudaçã o de um Pai amoroso aos Seus
ilhos. A hospitalidade calorosa e amorosa com a qual foram recebidos
por seus irmã os americanos que provaram a verdade da impressã o
inicial.
A estada em Los Gatos nã o foi longa. Os estudos eram di icultados
pela falta de livros em espanhol e, embora os jesuı́tas tivessem recebido
toda a hospitalidade possı́vel, as residê ncias estavam lotadas. Em 21 de
junho de 1915, Miguel e 15 companheiros partiram, viajando de trem
pelos Estados Unidos para a Fló rida e embarcando para o leste em um
navio de Key West. Apó s pequenas paradas em Havana, Cuba e Nova
York, eles chegaram a Cá diz, na Espanha.
Granada
Nos cinco anos seguintes, Miguel continuou seus estudos em
Granada. Ele fez tentativas heró icas para compensar sua pouca
erudiçã o com domı́nio espiritual e decidiu aceitar suas tristezas com
alegria. A preocupaçã o com sua famı́lia e sua intensa dor fı́sica eram
cobertas de piadas; ele lutou para controlar sua natureza impulsiva. Um
dos colegas noviços de Miguel disse que eles sempre podiam adivinhar
quando ele recebera notı́cias particularmente angustiantes de casa, ou
quando a dor piorava, porque era justamente entã o que ele parecia
exteriormente mais jovial.
A natureza feliz de Miguel e seu amor e preocupaçã o genuı́nos pelos
irmã os de religiã o izeram dele um dos membros mais populares da
comunidade. Ele estava sempre pronto para ser voluntá rio nas tarefas
mais servis, e sua humildade parecia genuı́na para
todos. Eleparticularmente nã o suportava a tristeza dos outros. Ele
desenhava caricaturas e esboços, escrevia epigramas e versos lú dicos e
passava muitas horas planejando e realizando diversõ es para seus
colegas. Quando as coisas icavam monó tonas na sala de aula, Miguel
era o primeiro a animá -las. Os seminaristas tinham pouco acesso aos
jornais de Granada, entã o Miguel fez seu pró prio jornal, que chamou de
“folha de escâ ndalo”. Uma caracterı́stica especial deste jornal
desenhado à mã o eram os cartuns, que retratavam as grandes
contrové rsias da teologia de maneiras incomuns.
Alé m de trabalhar nos estudos, Miguel ensinou catecismo em vá rias
á reas pró ximas. Em particular, ele adorava trabalhar com os
ciganos. Uma tribo de ciganos vivia nas colinas perto de Albolete. Eram
pobres e ignorantes de religiã o, mas a simpatia de Miguel, o interesse
pelo seu bem-estar e o seu humor os atraı́am. Primeiro as crianças,
depois os adultos, passaram a se divertir enquanto ouviam palestras
sobre assuntos religiosos. As mulheres, que nã o sabiam o nome do
jovem catequista, chamavam-no de “ Padre Primoroso ” (“Padre
Encantador” ou “Padre Encantador”).
Granada da Nicará gua
Em 1920, quando Miguel concluiu seus estudos de iloso ia, seus
superiores espanhó is o enviaram ao Colégio de Granada da Nicará gua,
que os jesuı́tas mexicanos haviam aberto quando foram forçados ao
exı́lio pela primeira vez. Por dois anos ele trabalhou no ambiente
quente e ú midoclima, ensinando os alunos mais novos e
supervisionando os mais velhos. Ele ensinou catecismo aos servos do
Colé gio e a algumas pessoas da cidade. No segundo ano Miguel foi
nomeado supervisor dos veteranos que se internavam na escola. Chuva,
insetos, escorpiõ es, cobras e as brincadeiras dos alunos adolescentes
frequentemente o mantinham acordado a maior parte da noite. Seus
alunos, no entanto, mais tarde a irmaram que seu professor havia
fornecido algumas de suas memó rias mais felizes da escola. Durante as
fé rias, Miguel lhes organizava jogos e entrava neles cantando alegres
cançõ es da sua pá tria, acompanhados da sua sempre presente guitarra.
Em julho de 1922, Miguel foi condenado a retornar a Sarrı́a, perto
de Barcelona, na Espanha, para iniciar seus estudos de teologia. Aqui, a
dor de estô mago aumentou, mas parecia que o aumento da dor també m
provocava um aumento na sensibilidade ao sofrimento dos
outros. Miguel aceitou sua saú de debilitada como sua cruz particular e
teve o cuidado de ocultá -la das pessoas ao seu redor.
Bé lgica
No verã o de 1924, Miguel foi enviado para a escola de teologia
dirigida pelos Jesuı́tas da Provı́ncia de Champagne em Enghien,
Bé lgica. Foi aqui que ele també m começou a se formar como padre para
as classes trabalhadoras. A experiê ncia de Miguel com os mineiros de
sua juventude e seu profundo interesse pelo trabalhoquestõ es o
tornavam um candidato perfeito para este tipo de ministé rio. Os seus
superiores viram o seu sucesso junto dos que viviam do trabalho braçal
e acreditavam que Miguel tinha o toque comum que o ajudaria a ser um
bom apó stolo dos operá rios. Miguel, por sua vez, leu e releu as
encı́clicas do Papa Leã o XIII, especialmente a Rerum Novarum , que
expunha os meios cristã os de fazer justiça entre as classes de
homens. As inspiradoras encı́clicas do Papa Pio X sobre o trabalho
també m eram favoritas de Miguel, em quem se cristalizava a
compreensã o de que a misericó rdia e a justiça de Deus exigiam
misericó rdia e justiça recı́procas por parte dos homens neste mundo
imperfeito.
Na grande comunidade de mais de 100 homens de 13 naçõ es
diferentes, um problema de idioma inicialmente di icultou o cultivo de
novas amizades. Em pouco tempo, poré m, Miguel tornou-se conhecido
pela sua boa ı́ndole e disposiçã o alegre.

Capítulo 7

UM SACERDOTE ENFIM
Miguel foi ordenado na Bé lgica em 31 de agosto de 1925. Sua ú nica
tristeza era que nenhum de seus familiares poderia estar com ele. Ele
disse a um de seus recé m-ordenados colegas de classe: “Finalmente
somos padres, e isso é o su iciente”. Apó s a cerimô nia, os novos padres
foram à sala de estar para dar a primeira bê nçã o aos pais. Fr. Pro foi ao
seu quarto, colocou as fotos de sua famı́lia sobre a mesa e as abençoou
do fundo do coraçã o. Ele celebrou sua primeira missa no domingo
seguinte. Ele escreveu a um de seus colegas: “No começo eu me senti
um tanto envergonhado, mas depois da Consagraçã o nã o senti nada
alé m da paz e alegria celestiais ... a ú nica petiçã o que iz ao nosso
bendito Senhor foi para ser ú til à s almas”.
Durante as fé rias daquele ano, pe. Pro visitou as minas de carvã o de
Charleroi para se familiarizar com as condiçõ es de trabalho e
problemas dos mineiros belgas e se preparar para seu futuro
apostolado junto aos trabalhadores. Ele també m visitou fá bricas e
fundiçõ es. Em setembro, ele participou de uma convocaçã o organizada
pela Juventude Operá ria Cató lica para entender como a organizaçã o
trabalhava para estender a Fé entreos trabalhadores e os
desfavorecidos. O interesse desse padre mexicano foi notado pelos
belgas, e vá rios artigos foram escritos sobre ele em seu jornal, anos
apó s sua partida.
Fr. O sucesso de Pro em conquistar o respeito e o afeto dos
trabalhadores belgas tornou-se quase lendá rio. Sua personalidade era
um ı́mã que os atraı́a para ele.
Um dia ele embarcou em um trem, entrando em um vagã o contendo
alguns mineiros de carvã o. Eles cumprimentaram seu agradá vel “Olá ”
com um silê ncio pé treo, a hostilidade re letida em seus rudes
semblantes. Tentando envolver o homem mais pró ximo na conversa,
pe. Pro foi recebido com uma declaraçã o direta em um tom rude: "Pai,
somos todos socialistas".
Fr. Pro respondeu: “Ah, magnı́ ico! Eu també m sou socialista ”.
O homem surpreso questionou isso imediatamente. Fr. Pro
respondeu que era socialista, mas nã o exatamente como eles, pois nem
sabiam o que realmente era o socialismo. Ele entã o pediu a um deles
que explicasse o que era um socialista. Hesitante, um dos homens
respondeu que o trabalho de um socialista era “tirar todo o dinheiro
dos ricos”. Sorrindo, Pe. Pro perguntou a ele: "Quando temos todo esse
dinheiro em nossas mã os, que providê ncias devemos tomar para
protegê -lo de ladrõ es?"
Alguns dos mineiros sorriram, mas o orador acrescentou
rudemente o que considerava uma ameaça ainda maior: “També m há
entre nó s alguns que sã o comunistas”.
Com um largo sorriso, pe. Pro admitiu: “Bom! eutambé m sou
comunista. Vejam, já é uma hora e alguns de você s estã o comendo. Bem,
tudo bem, també m estou com fome. Você nã o gostaria de dividir seu
almoço comigo? ”
Com isso, a maioria dos outros começou a rir, mas o orador
perguntou: "Você nã o teve medo de entrar aqui?" Fr. Pro respondeu que
certamente nã o tinha medo porque estava sempre bem armado.
Em tom de verdadeira ameaça, o homem exigiu ver a pistola de
Miguel. Fr. Pro imediatamente en iou a mã o no bolso e tirou seu
cruci ixo, erguendo-o e dizendo: “Aqui está minha arma. Com isso, nã o
tenho medo de ningué m. ” O acanhamento substituiu a arrogâ ncia nos
rostos dos mineiros e, pelo resto da cavalgada, pe. Pro deu uma
pequena conversa sobre o funcionamento de sua “arma”, que era muito
mais e icaz do que uma pistola. Quando os mineiros deixaram o trem na
pró xima parada, um deles empurrou um pequeno pacote para o
padre. Mã o do pro issional. O padre icou satisfeito e comovido ao
encontrá -lo recheado com pasté is de chocolate.
Mais tarde, Pe. Pro gostou de contar esta anedota, dizendo: “Bravo
pelos meus comunistas que me divertiram tã o bem, que me
alimentaram e, como você vê , certamente nã o me mataram”.

Capítulo 8

CRUZES DE CORPO E ALMA


Miguel disfarçou com sucesso as dores cada vez maiores no
estô mago, fazendo uma piada sempre que a dor vinha, dando a si
mesmo uma desculpa para se segurar e fazer caretas para disfarçar
uma careta de dor. Mas quando ele começou a sofrer de insô nia e
incapacidade de comer durante dias seguidos, seus superiores notaram
a mudança dramá tica em sua aparê ncia fı́sica.
Apó s seis meses de consultas mé dicas, dietas, medicamentos e
descanso no sanató rio, foi feita uma operaçã o. Numa curta nota a um
amigo, Miguel escreveu: “Operaçã o dia 17. Tudo vai bem. Era mais do
que necessá rio. Todo o estô mago era apenas uma ú lcera
hemorrá gica. Portanto, já era hora de eles me abrirem, me apararem e
me cauterizarem. ”
Apó s a operaçã o, Miguel icou muito triste ao receber a notı́cia da
morte de sua mã e. A princı́pio atordoado, ele passou a noite segurando
seu cruci ixo e chorando por aquele que estivera mais perto de seu
coraçã o do que qualquer outro ser humano. Ele teve a intuiçã o de que
sua santa mã e já estava no cé u, o que ele mencionou aos seus
companheiros religiosos. “Esta manhã ”, disse ele a uma, “queria rezar
missa pela paz de sua alma,mas eu nã o podia orar por ela; disso, tenho
certeza de que ela já está no cé u. ” A um amigo, Miguel escreveu: “A
tristeza nã o é contrá ria à perfeita conformidade com a vontade de
Deus, por isso ainda choro…. ela está no cé u; daı́ ela me vê , me abençoa
e cuida de mim. No entanto, isso nã o impede seus ilhos ó rfã os de
derramar torrentes de lá grimas, nem de sentir em suas almas uma
tristeza que só Deus pode medir. ”
Uma segunda operaçã o foi solicitada e os mé dicos decidiram nã o se
arriscar a usar um anesté sico. Fr. Pro pediu seu Có digo de Direito
Canô nico para ler durante a operaçã o. Ele disse à enfermeira que, como
nã o havia estudado bem na escola, onde passava o tempo pensando em
travessuras para pregar na professora, pensou que ter o livro poderia
ajudá -lo a pensar em "recompensas para o mé dico cruel". Do jeito que
estava, embora ele segurasse o livro com força, seus lá bios podiam ser
vistos se movendo em oraçã o durante todo o tempo da operaçã o.
Depois dessa segunda operaçã o, a dor parecia ainda pior e qualquer
alimento provocava uma agonia que parecia um fogo ardente. Miguel
suportou isso com serenidade e alegria; as irmã s lactantes que o
atendiam testemunharam mais tarde que nunca tinham visto nada que
se comparasse à sua paciê ncia. Quando seus amigos pararam para
animá -lo, eles icaram para serem animados por ele. Ele brincou sobre
sua saú de e contou histó rias divertidas. Uma observaçã o a um de seus
co-religiosos dá uma dica sobre a fonte de sua coragem: “Eu rezo quase
o dia todo e durante a maior parte da noite. Depois disso, sinto-me
revigorado. ”
Uma terceira operaçã o mitigou um pouco a dor, mas pe. A
debilitaçã o de Pro era agora tã o alarmante que seus superiores o
mandaram para a Riviera, para uma pensão para padres doentes em
Hyè res. Depois de seis semanas em um hospital, pe. Pro escreveu no dia
21 de janeiro ao seu provincial no Mé xico sobre seu estado de saú de:
“No dia 17 de dezembro iz uma cirurgia no estô mago. Tudo estava indo
bem e eu deveria ter voltado para casa no Natal, mas hemorró idas
comprimidas me colocaram de volta na cama pela segunda vez. No dia
5 de janeiro fui submetido a outra operaçã o, que me causou uma dor
aguda que ainda persiste. Isso geralmente termina em 20 ou 25 dias -
um mê s no má ximo - mas Deus permitiu que essa segunda operaçã o
complicasse a primeira. A dor contı́nua me torna incapaz de conter
qualquer alimento. Como resultado, a ferida nã o cicatriza e o sangue
lui livremente. A convalescença está se prolongando e estou prestes a
perder meu ano de teologia. Já se passaram 40 dias desde a primeira
operaçã o e a ferida ainda está sangrando. Acho que algo deve ter dado
errado ... ”
Ele escreveu novamente apó s a terceira operaçã o: “Os mé dicos
encontraram trê s aberturas, com a ferida que eles izeram no dia 5 de
janeiro ainda aberta e sangrando, entã o aqui estou eu de novo na cama,
fazendo dieta e sem poder rezar missa, com a perspectiva de sangrar de
novo assim que me derem o remé dio, que é a regra depois de uma
operaçã o. Deus seja louvado por tudo! Ele conhece os motivos de todos
esses contratempos. eu estou quieto conformado com isso, e beijo a
mã o que me envia este sofrimento. ”
Quando pô de retomar algumas de suas funçõ es, pe. Pro fez questã o
de rezar a primeira missa para deixar os outros padres dormirem um
pouco mais tarde, dizendo que nã o era difı́cil levantar cedo, porque de
qualquer maneira nã o conseguia dormir. Depois, ele ajudou os outros
padres com suas missas. Quando a irmã se queixou de que ele estava
fazendo coisas demais, pe. Pro disse a ela: “Eu só gostaria de poder
servir a todas as missas que sã o celebradas”.
Fr. A saú de de Pro, no entanto, nã o estava melhorando, entã o seus
superiores belgas decidiram mandá -lo de volta para o Mé xico. Talvez a
visã o de sua casa melhorasse sua saú de; se nã o, ele teria pelo menos o
consolo de morrer perto de seus entes queridos.
E prová vel que pe. Os superiores de Pro nã o perceberam o quã o
grave era a situaçã o polı́tica mexicana. Por sua vez, pe. Pro acreditava
que era sua missã o passar o resto da vida levando Cristo aos seus
conterrâ neos, sem contar com os custos e sem se preocupar com o
perigo.
Antes de partir, Miguel pediu e recebeu autorizaçã o para visitar
Lourdes. Contando o dia da sua visita como um dos mais felizes da sua
vida, Miguel escreveu: “Estive aos pé s da minha Mã e e… senti
profundamente dentro de mim a sua bendita presença e acçã o…. para
mim, ir a Lourdes signi icava encontrar minha Mã e celestial, falar com
ela, orar com ela - e eu a encontrei, falei com ela, orei com ela ”.
Guadalupe, Zacatecas, Mé xico, onde Miguel Pro nasceu em 13
de janeiro de 1891.
Ao lado: Miguel ainda menino. O jovem Miguel ajudava
frequentemente o pai nas minas e até se autodenominava “el
barreterillo” (“o pequeno mineiro”). Anos depois, como um
padre escondido, usaria o codinome “el pobre barretero” (“o
pobre mineiro”).
Acima: Entretenimento musical na casa Pro. Miguel dominou o
violã o e o bandolim. Por im, sob a direçã o de Miguel, os cinco
ilhos mais velhos do Pro formaram um quinteto de cordas.
A família Pro. De pé (da esquerda para a direita) estão Edmundo,
Miguel e Anna María. Sentados (da esquerda para a direita) estão
Maria de la Concepción (que mais tarde se tornou freira), Roberto,
Doña Josefa (a mãe), Humberto, Don Miguel (o pai) e María de la
Luz (que mais tarde se tornou uma freira).
Noviços jesuı́tas. Miguel (embaixo à direita) entrou no
noviciado jesuı́ta aos 20 anos.
Miguel com alguns alunos na Nicará gua. Durante dois anos
(antes de ser ordenado ao sacerdó cio) Miguel trabalhou no
clima quente e ú mido, ensinando os alunos mais novos e
supervisionando os mais velhos.
Cerimó nia de ordenaçã o de 31 de agosto de 1925, na qual
Miguel Pro se tornou sacerdote.
Padre Miguel Pro como um jovem padre.
Padre Pro (à esquerda) com outro padre em uma casa de
convalescença de padres em Hyè res, França. Pouco depois de
sua ordenaçã o, Miguel foi submetido a trê s graves operaçõ es
estomacais.
Padre Pro com seus irmã os Humberto (à esquerda) e Roberto
(à direita). Ambos os irmã os eram membros ativos da Liga
Nacional para a Defesa da Liberdade Religiosa no Mé xico.
Leitura do Pai Pro. Ele leu e releu as encı́clicas do Papa Leã o
XIII e do Papa Sã o Pio X sobre justiça para as classes
trabalhadoras.
Padre Pro em seu escritó rio.

Capítulo 9

VOLTAR AO MEXICO: A IGREJA VAI SUBTERRANEO


Miguel partiu para o Mé xico a bordo do navio a vapor Cuba em 24
de junho de 1926. Sabendo que o governo radicalmente anticató lico de
Calles estava constantemente deportando padres e religiosos do
Mé xico, ele escreveu sobre sua chegada a Veracruz: “Foi por uma
extraordiná ria concessã o de Deus que Fui admitido em meu paı́s…. Eles
nem mesmo abriram minhas malas na alfâ ndega. ” No dia seguinte ao
check-in com o provincial jesuı́ta mexicano, pe. Pro tornou-se padre
trabalhador na Igreja Jesuı́ta de Guadalupe na Cidade do Mé xico.
Dentro de 23 dias de sua chegada, uma ordem suprimindo todo o
culto pú blico foi emitida. Calles, determinado a fazer cumprir
vigorosamente as disposiçõ es anti-religiosas da "Constituiçã o de
Queré taro", promulgou uma nova lei em julho de 1926 que laicizou a
educaçã o - retirando-a do controle eclesiá stico - dissolveu as ordens
religiosas, proibiu os padres de criticar o governo ou as leis do paı́s, e
colocar todo o culto pú blico sob a supervisã o dos poderes
seculares. Por este decreto, o governo restringiu o culto pú blico ao
interior das igrejas e todas as igrejas, mosteiros, conventos e outros
edifı́cios religiosos sã o propriedade do estado. Os infames 33 artigos
desta lei foram su icientes para suprimir a liberdade de todo exercı́cio
da vida cató lica no Mé xico.
Uma semana antes de este decreto entrar em vigor, os bispos do
Mé xico corajosamente emitiram uma declaraçã o o icial aos cató licos do
Mé xico. Lê -se em parte:
Uma vez que as condiçõ es impostas impossibilitam a
continuaçã o do sagrado ministé rio, decidimos, apó s consulta ao
nosso Santı́ssimo Padre Pio XI, que, a partir de 31 de julho deste
ano até determinarmos o contrá rio, todo culto pú blico requer a
participaçã o de sacerdotes seja suspenso em todas as igrejas da
Repú blica.
Para que os ié is continuem a orar dentro delas, as igrejas
nã o serã o fechadas, embora os padres responsá veis se retirem
delas. Deixamos as igrejas aos cuidados dos ié is e estamos
con iantes de que preservarã o com toda a solicitude os
santuá rios que herdaram de seus antepassados, ou que, à custa
de tal sacrifı́cio, erigiram e consagraram ao culto de Deus.
A vida da Igreja é a do seu Divino Fundador. Assim, ilhos
amados, a Igrejano Mé xico é hoje entregue, perseguido, preso,
reduzido a um estado semelhante à morte. Mas a Igreja
mexicana també m irá , apó s um curto perı́odo, ressurgir cheia de
vida e força, mais vigorosa do que nunca. Segure irme esta
esperança.
Nos poucos dias que faltaram antes que os padres se retirassem das
igrejas, os cató licos mexicanos se confessaram. Com seu jeito
humorı́stico, Miguel descreveu seu confessioná rio como um jubileu:
“Tendo acabado de sair das almofadas macias da clı́nica, minha
constituiçã o incô moda nã o estava acostumada à bancada dura do
confessioná rio, que aquecia das 5h à s 11h da manhã e das 3:30 da tarde
à s 8:00. Duas vezes desmaiei e tive que ser carregado. E,
simultaneamente, houve todas as conversas. ” Batismos, casamentos,
discursos, conferê ncias - tudo aumentava a pesada carga de trabalho.
Com a promulgaçã o dessas leis anticató licas, a Igreja no Mé xico,
como nos tempos das perseguiçõ es romanas, foi levada à
clandestinidade. Com teimosia sobrenatural, o clero mexicano decidiu
icar com as almas con iadas aos seus cuidados, compartilhando suas
dores e trabalhando para aliviar seus sofrimentos e oferecendo o Santo
Sacrifı́cio em vá rios lugares, alé m de confortar e fortalecer as pessoas
com os sacramentos. Para servir a seus rebanhos, os padres corriam o
risco de prisã o, tortura e execuçã o.
Por ser um padre desconhecido, pe. Pro foi capaz de ministrar
secretamente e com sucesso aos cató licos de vá rias paró quias. Escreveu
a um amigo: “Tenho o que chamo de 'estaçõ es eucarı́sticas' onde,
enganando a vigilâ ncia da polı́cia, vou todos os dias dar a comunhã o,
uns dias a um lugar, outros a outro, com uma mé dia de 300 comunhõ es
por dia . ” Nas primeiras sextas-feiras, o nú mero aumentaria; uma vez,
havia mais de 1.000 comunicantes.
A Santa Sé concedeu ao clero do Mé xico privilé gios incomuns
durante a perseguiçã o. Apenas as partes essenciais da missa tinham
que ser ditas e nenhuma vestimenta tinha que ser usada durante a
missa. (Pe. Pro carregava consigo uma pequena estola que foi cortada
depois de sua morte e dada como relı́quias aos ié is). de pã o podia ser
usado para a hó stia, e mesmo um copo comum poderia servir de cá lice,
desde que o sacerdote o partisse depois do Santo Sacrifı́cio para que,
em respeito ao Precioso Sangue, nunca mais fosse usado para ins
ordiná rios. Essas exceçõ es foram permitidas para que os ié is nã o
fossem negados as graças da missa e para tornar mais fá cil afastar
suspeitas em caso de batida policial.
A famı́lia Pro havia se mudado para a Cidade do Mé xico, e Miguel
morava com eles, desempenhando seu ministé rio extremamente ativo
em toda a cidade. Sob o pe. Dirigido pela Pro, um grupo de 150 jovens
se espalhou pela cidade para dar conferê ncias e instruçã o cristã aos
ié is. A medida que se tornaram conhecidos do terrı́vel regime,eles
foram presos, exilados ou pior. Tortura e execuçã o nã o eram
desconhecidas.
Fr. O Pro pregava para todas as classes, ministrando palestras para
levar ao povo consolo e conselhos para o seu dia a dia. Para continuar
seu ministé rio secreto, ele costumava adotar um disfarce para se
misturar com sua audiê ncia. Dedicado a levar a Fé ao trabalhador,
pe. Pro iria, por exemplo, se vestir de mecâ nico para dar uma palestra
para um grupo de motoristas (motoristas de tá xi e ô nibus). Depois de
uma dessas palestras, pe. Pro escreveu ao secretá rio do Provincial
Jesuı́ta: “Eram cerca de 150 motoristas distritais do tipo que afeta
chapé us texanos, topetes pendentes e que cuspem entre os dentes -
mas gente de pro issional , embora exteriormente rudes e
imundos. [Famoso por seus trocadilhos, Pe. Pro usa um aqui. Em
espanhol, a palavra “pro” signi ica “valor”; portanto estes taxistas eram
gente de valor e eram també m gente do Miguel Pro.] Ao falar com estes
provei, para meu espanto, que nã o tinha perdido o velho luxo de
palavras grosseiras e retumbantes [aprendido na juventude com os
mineiros]… Abstenho-me de descrever a solenidade desta conferê ncia
no grande pá tio de uma gente muito comum, em torno do qual, em meu
traje de mecâ nico e com o boné puxado até as sobrancelhas, mantive
em movimento meus simpá ticos ouvintes. Bê nçã os para os motoristas
de todo o mundo! ”
Em meio ao perigo sempre presente, pe. Pro continuou seu trabalho
com aparente tranquilidade. Numerosas ligaçõ es fechadas com o
desastre sã o registradas em sua correspondê ncia animada.Em uma
ocasiã o, pe. Pro passou calmamente por um policial para dar uma
mensagem sobre a missa para algué m a menos de um quarteirã o do
o icial. Durante uma fuga por pouco, Miguel estava apenas 50 metros à
frente de seus perseguidores. Espiando uma garota que passava, ele
deu o braço a ela e sussurrou: "Ajude-me, eu sou um padre." A menina
reagiu de forma imediata e perfeita, e o grupo de busca policial passou
pelos “amantes” sem olhar para trá s.
Fr. Pro corria de um lado para o outro na capital na bicicleta de seu
irmã o para dar a comunhã o, batizar, realizar casamentos, ouvir
con issõ es e administrar os Ultimos Ritos. Vestido como um babaca em
trajes chamativos, de bigode desgrenhado e um cigarro pendurado nos
lá bios, ele acenava descaradamente ou passava um comentá rio
brincalhã o para os policiais na rua quando passava.
Alé m de suas tarefas espirituais, pe. O Pro iniciou um projeto de
ajuda social aos pobres da cidade, arrecadando e distribuindo
alimentos, roupas e outros suprimentos, e localizando moradias para
muitos. No momento de sua morte, ele fornecia o principal sustento
para quase 100 famı́lias pobres.
Dessas famı́lias, pe. Pro escreveu: “Eles tê m o mau há bito de comer
trê s vezes ao dia e, geralmente, com bom apetite. Eles moram em casas
cujo aluguel deve ser pago; usam sapatos que gastam e roupas que
icam salpicadas de buracos, e sabem adoecer e pedir remé dios. Isto
é evidente que nã o há e nã o pode haver dinheiro su iciente disponı́vel
para todos esses requisitos. Mas me imponho aos mé dicos de cuja
amizade gosto, e aos ricos que me emprestam casas por seis ou oito
meses, com recibo de aluguel carimbado. O que lamento é que nã o
tenho amigos entre sapateiros ou alfaiates, por isso tenho que fazer
cá lculos como: seis pares de sapatos a uma dú zia de pesos custam 72
pesos. E eu tenho apenas 20 pesos. ”
Para outro amigo, ele escreveu: “Tenho muito milho no momento,
graças à cor do meu rosto, pois você nã o pode imaginar a vergonha que
sinto de estar implorando, e implorando mais. Felizmente, aquele por
quem faço isso nã o se mostra mesquinho. Que Ele seja sempre
abençoado. ”

Capítulo 10

A PRIMEIRA PRISAO
O irmã o de Miguel, Humberto, era um apoiador ativo da Liga para a
Defesa da Liberdade Religiosa e em dezembro de 1926 já estava sob
suspeita da polı́cia. A Liga tinha vá rias seçõ es, uma das quais dedicada à
açã o militar. Seus membros se declararam independentes da
autoridade eclesiá stica (que nã o os aprovou nem os condenou). Eles se
autodenominavam Cristeros , ou "soldados de Cristo". Humberto nunca
foi aliado de ningué m, exceto das atividades cı́vicas e religiosas da Liga
e testemunhou isso sob juramento pouco antes de sua morte.
O provincial jesuı́ta mexicano deu instruçõ es claras proibindo a
participaçã o em quaisquer atos dos Cristeros. Fr. Pro obedeceu a essas
ordens e mais de uma vez moderou o zelo imprudente de alguns dos
jovens cató licos, tentando in luenciá -los a nã o exigir a vingança. Ele os
repreendeu, dizendo: "Você s implicam a causa da Igreja com suas
pró prias palavras." Roberto, o irmã o mais novo de Miguel, limitava-se a
ajudar os irmã os nas obras de caridade.
Em 4 de dezembro, a resistê ncia lançou 600 balõ es no ar sobre a
Cidade do Mé xico, que logo começou a despejar sua carga de folhetos
religiosos de cores vivas. Calles icou furioso por ter sido feito de bobo
em sua pró pria cidade e ordenou uma investigaçã o imediata e
represá lia. A Pro house foi uma das primeiras a ser invadida; mas nã o
encontrando ningué m em casa, a polı́cia decidiu prender e prender
qualquer homem que entrasse na casa durante o intervalo para o
almoço. Fr. Pro foi o ú nico peixe pego na rede. Ele foi preso e jogado em
uma cela na prisã o militar junto com outros seis jovens. Depois de ler a
ordem de prisã o, o carcereiro rindo sugeriu que o grupo celebrasse
uma missa, já que um deles era padre. Fr. Mais tarde, Pro escreveu a um
amigo sobre o incidente: “Todos nos olhamos da cabeça aos pé s,
imaginando quem poderia ser o infeliz sacerdote entre nó s”. O
carcereiro disse: “Ele é um Miguel Agustı́n”.
Fr. Pro continuou seu relato: “'Espere!' Eu chorei alto. “Esse Miguel
Agustı́n sou eu, mas vou rezar missa como se fosse dormir em um
colchã o esta noite! [Os prisioneiros dormiam no chã o.] E este Pro
depois do nome - é o meu nome de famı́lia, Pro, que algué m confundiu
com Pbro. [a abreviatura de “ presbitero ” , que signi ica “sacerdote”]. '”
Fr. Pro foi liberado no dia seguinte, mas teve que voltar duas vezes
para “declarar” sobre o incidente com o balã o. “Foi uma farsa durante a
qual com toda a sinceridade e boa consciê ncia puxei as pernas dos
nossos dignos governantes, usando um tom humorı́stico para dizer a
verdade sem comprometer ningué m. E ainda, pensando bem, estou
surpresoNã o fui baleado por uma declaraçã o forte ”, pe. Pro
escreveu. Quando questionado se nã o gostaria de pagar uma multa
elevada por Calles estar tã o furioso com os balõ es, Miguel respondeu
que nã o gostaria de pagar multa por dois motivos: um, nã o tinha
dinheiro, e dois, mesmo que tivesse , ele nã o o usaria para apoiar o
governo por medo de viver em remorso vitalı́cio por tal açã o.
Esta fuga foi perto, mas nã o mais perto do que muitas outras fugas
que pe. Pro feito. Como no incidente na prisã o, ele costumava usar sua
inteligê ncia e bom humor para escapar de situaçõ es difı́ceis.
Depois do Natal, foi emitida uma encomenda para o pe. Prisã o de
Pro, entã o ele se escondeu totalmente. A polı́cia aparentemente
concluiu que pe. Pro havia escrito os pan letos e que seus irmã os os
distribuı́ram por meio de mensageiros de balõ es coloridos. Quando
chegaram as reservas para prender os irmã os Pro, Miguel conseguiu
suborná -los com 50 pesos. A famı́lia fugiu para a casa de amigos e
parentes, levando consigo apenas o que podiam carregar.
Numa carta ao seu Provincial, pe. Pro escreveu: “Sou um recluso
con inado a uma sala estreita, sem outro horizonte a nã o ser um quintal
vizinho. Como estou proibido de me mostrar, estou estudando. Para nã o
ser indolente, estou també m (nos bastidores) construindo meu celeiro,
enchendo casas vazias de cereais e comestı́veis de toda espé cie para as
famı́lias dos jovens que tã o bravamente defendem nossas liberdades. eu
tenhová rias pessoas, mais ou menos organizadas, que atuam por mim
em tudo isso. Com eles como fachada, faço o planejamento a partir
daqui. ”
Esse con inamento em uma sala apertada foi sufocante para o
padre, que teria preferido continuar seu ministé rio ativo. A obediê ncia
aos superiores, poré m, o manteve lá . Ele continuou sua carta dizendo:
“A obediê ncia é superior aos sacrifı́cios, e é por isso que nã o saı́ de onde
estou. No entanto, as pessoas precisam desesperadamente de ajuda
espiritual. Todos os dias ouço falar de pessoas que morreram sem os
sacramentos. ” Continuou com um apelo para que a retomasse ao seu
ministé rio, prometendo ter cautela para nã o ser apanhado e
salientando que “O má ximo que podem fazer é matar-me, e isso só no
dia e na hora que Deus tiver nomeado. ”
Nesta mesma carta, pe. Pro acrescentou um pó s-escrito sobre a
melhora de sua saú de: “Minha saú de é como bronze. Nã o passei um
ú nico dia na cama. Muito raramente meu estô mago me lembra que foi
operado, e essas ocasiõ es sã o, na minha opiniã o, apenas seus protestos
inais apó s quase oito anos de dor diá ria. ” Foi, portanto, com a
convicçã o de que poderia levar uma vida normal e sem dor que pe. Pro,
em espı́rito de abnegaçã o, implorou a seu Provincial permissã o para
fazer o sacrifı́cio de voltar em socorro imediato de seus pobres irmã os
mexicanos tã o famintos pela fé .

Capítulo 11

OBRAS DE MISERICORDIA
Com alegria Miguel recebeu a carta que lhe autorizava a retomar
cautelosamente o seu ministé rio. Ele imediatamente voltou a ter um
ministé rio ativo, dispensando os Sacramentos e dons espirituais e
oferecendo ajuda corporal aos pobres. Esta obra de caridade era a
favorita do feliz jovem de Deus, e repetidamente ele se referia à
Providê ncia Divina e aos bolsos profundos de “ mi Padre Dios ”. “Nã o
tenho um centavo, nem me considero capaz de encontrar, pois agora
ningué m se importa em dar nada ... Cada dia sinto a açã o direta de Deus
sobre nó s, pois só por Ele existem esses pobres. Este trabalho auxiliar é
o meu favorito. O que? Quem me dá arroz, feijã o, açú car, milho, etc? Eu
nã o sei. Ou melhor, sim, eu sei: mi Padre Dios - porque em uma
in inidade de casos e sem eu ter pedido nada a ningué m e no momento
em que tudo acabou, recebi presentes de suprimentos sem saber quem
os enviou. ”
Fr. Pro descreveu seu ministé rio de alimentar e vestir os pobres
como uma escravidã o para a qual ele tinha que "girar como um piã o",
acrescentando que sua sorte era tã o boa quanto a de umLadrã o
mesquinho. “Via de regra”, a irmou certa vez, “minha bolsa está tã o seca
quanto a alma de Calles, mas nã o vale a pena me preocupar, pois o
Procurador do Cé u é generoso”. Quando havia sobra, pe. Pro o doaria
para uma das vá rias missõ es de resgate, dizendo: “Trabalhamos com o
princı́pio de nã o ser mesquinhos com a bolsa de Deus. Armazenar
provisõ es por mais de um mê s seria falta de con iança em Deus ”. Da
Divina Providê ncia Miguel escreveu: “Vejo Sua mã o tã o palpavelmente
em tudo que quase, quase temo que nã o me matem nessas aventuras - o
que seria um desastre para mim, porque suspiro para ir para o cé u e
começar a lançar arpejos na guitarra com meu anjo da guarda. ”
As pessoas costumavam dar pe. Dinheiro a favor, mas com a mesma
frequê ncia doavam objetos valiosos para rifas, que frequentemente
rendiam quatro vezes o seu valor. Um desses objetos, uma bolsa de
senhora, foi fonte de uma anedota humorı́stica em sua
correspondê ncia: “Certa vez eu estava acompanhando a bolsa de uma
senhora que era muito fofa (a bolsa, nã o a señ ora) e que havia sido dada
a eu, apenas cinco minutos antes, quando conheci uma senhora muito
pintada. ” Quando a senhora perguntou o que ele tinha, pe. O Pro
respondeu: “A carteira de uma senhora vale 25 pesos, que, visto que é
para você , vou vender por 50 pesos e implorar que mande o dinheiro
para [uma certa famı́lia]”. Ele continuou sua carta: "Com tais indiretos,
derrubamos a resistê ncia de todos."
Embora o padre A Pro nã o assumiu nenhum cré dito pelo trabalho
de arrecadar provisõ es para famı́lias carentes,ele era freqü entemente
visto descendo uma estrada dobrada sob um saco pesado. Uma vez, ao
voltar para casa para jantar, ele começou a se mexer e se coçar. Quando
questionado sobre qual era o problema, ele respondeu timidamente:
"Bem, tenho carregado uma galinha peru com todos os seus seis
pintinhos - vivos, é claro, e acho que devo ter herdado seus á caros."
Freqü entemente, o padre Pro teve que encontrar famı́lias para
adotar os bebê s que foram literalmente con iados a ele. Certa vez, ele
estava andando de tá xi, conversando com o motorista, quando, em uma
breve parada em um cruzamento, um homem colocou um pacote na
parte de trá s do carro. Quando chegaram ao destino, examinaram o
pacote e descobriram que continha um bebê em uma caixa! Outra vez,
pe. O pró prio Pro foi trazer um bebê para seus pais
adotivos. Posteriormente, ele relatou: “Cometi o erro de colocar o bebê ,
todo embrulhado em um xale, ao meu lado no assento do carro. Ao
primeiro solavanco do veı́culo o pequeno saiu voando para o alto e, se
eu nã o o tivesse segurado ainda no ar, provavelmente teria de levá -lo ao
cemité rio! Decidi segurar o bebê em meus braços o resto do
caminho; Nã o preciso dizer como minhas roupas estavam ú midas
quando entreguei a criança aos pais adotivos! ”
Outro de pe. A instituiçã o de caridade favorita de Pro era o Instituto
do Bom Pastor. Aqui, as meninas que se perderam, assim como as
crianças abandonadas, receberam refú gio. Ambas as Irmã s que
trabalhavam na casa eas crianças adoraram fr. pró . por sua vez, fr. pro
tinha predileçã o pelos penitentes, os magdalens, e con iava em suas
oraçõ es. “Uma vez que entregaram seus coraçõ es a Deus”, dizia ele,
“eles nos deixam para trá s no que diz respeito ao amor”. alé m de ouvir
suas con issõ es e cumprir seus outros deveres sacerdotais, fr. pro
muitas vezes chegava ao bom pastor com os braços cheios de
embrulhos, e à s vezes fazia seu pai levar balas ou outras guloseimas
para os mais pequenos. a madre superiora escreveu sobre o pe. ú ltimo
ato de caridade de pro para com o bom pastor: “quando fr. pro estava
na prisã o, da qual deixaria apenas para o martı́rio, arranjou maneira de
fazer com que algué m nos trouxesse os poucos pesos que lhe
restavam. ele escreveu no envelope: 'chegou a hora de você me
conceder sua verdadeira caridade' ”.
Padre Pro disfarçado. Depois de retornar ao Mé xico em 1926,
o Padre Pro assumiu muitos disfarces para ministrar
secretamente à Igreja perseguida.
À esquerda: Padre Pro vestido de “dâ ndi” em uma das ruas da
Cidade do Mé xico.
À direita: Padre Pró disfarçado de mecâ nico para dar uma
palestra para um grupo de motoristas de tá xi e ô nibus.
Capa de um gibi sobre a vida do padre Pro publicado na é poca
de sua beati icaçã o. A ilustraçã o o mostra em seu ministé rio
secreto, andando na bicicleta de seu irmã o e passando pela
polı́cia que nã o sabe que ele é um padre escondido.
Crianças carentes do Mé xico. O nı́vel de pobreza era tã o
extrema que o Padre Pro, alé m de cumprir seus deveres
espirituais, tinha um ministé rio ativo fornecendo alimentos,
roupas e abrigo aos pobres.

As pressõ es de pe. A vida diá ria de Pro tinha piorado, e seu


ministé rio espiritual agora consistia principalmente em ouvir
con issõ es e assistir aos moribundos. Ele escreveu: “Os perigos em que
vivemos sã o terrı́veis se vistos com os olhos do corpo e nã o com os do
espı́rito”.
O perigo estava sempre presente, mas mesmo os relatos escritos de
Miguel sobre os riscos e perigos abundam com alegria. Um relato conta
que certa noite, por volta das 9h30, ao sair de uma reuniã o para
funcioná rios do governo, ele viu dois homens esperando por ele na
esquina. Ele descreve o encontro: “'Meu ilho', disse a mim mesmo, 'diga
adeus à sua pele!' Mas com base na má ximaque quem dá o primeiro
passo dá dois, fui direto até eles e pedi um fó sforo para acender meu
cigarro ”.
Os homens disseram a Miguel para comprar um na loja do outro
lado da rua, mas quando ele entrou na loja, eles o seguiram. De volta à
rua, os homens continuaram a segui-lo. Fr. Pro continua, usando uma
gı́ria mexicana colorida: “'Minha avó - de bicicleta!' Eu disse a mim
mesmo: 'E realmente isso!' ”
Fr. Pro entã o chamou um tá xi; seus perseguidores izeram o
mesmo. A perseguiçã o prosseguiu em um ritmo vagaroso; o motorista
de pe. O tá xi de Pro era cató lico e seguia o padre. As instruçõ es de Pro
exatamente como ele as deu. Enquanto colocava o boné no bolso e
tirava o paletó para mostrar a camisa branca, pe. Pro disse ao motorista
para diminuir a velocidade brevemente depois de virar uma esquina e
continuar a se afastar rapidamente. Enquanto o tá xi diminuı́a a
velocidade, pe. Pro saltou e encostou-se indiferente a uma á rvore onde
os perseguidores nã o poderiam deixar de o ver. Segundos depois, o
carro deles passou, tã o perto que quase o atropelou com os para-
lamas. Eles viram o pe. Pro encostado na á rvore, mas nunca sonhou que
esse sujeito relaxado que obviamente esperava por um ô nibus fosse sua
presa. “Eu me virei”, pe. Pro relata, “mas nã o com a desejada bravata,
porque eu estava apenas começando a sentir o golpe que esse salto
havia me dado. 'Tudo bem, ilho, agora estamos prontos para a pró xima
vez' foi meu pensamento inal quando comecei a mancar para casa
pelas ruas. ”
Fr. Pro apontou que tinha pouco tempo paraescrever sobre todas as
coisas em sua vida ativa e que ansiava pela calma e ordem do trabalho
comum de um jesuı́ta; e ainda, “Aqui, no meio do vó rtice, estou
maravilhado com a ajuda especial de Deus, as graças muito especiais
que Ele nos concede em tais perigos, e como Sua Presença é agora mais
intimamente sentida quando o desâ nimo chega para tornar nossas
almas menores. Compreendo muito bem - e trê s vezes mais - o clamor
de Sã o Paulo, pedindo a Deus que o tire desta terra. Mas, ao mesmo
tempo, sinto a verdade da resposta divina: 'Minha graça te
basta; porque a força se aperfeiçoa na enfermidade. '”(2 Cor . 12: 9).

Capítulo 12

O PERIGO AUMENTA
O mandato de Calles como presidente foi um perı́odo de terror
absoluto para os cató licos mexicanos. Milhares fugiram do paı́s; aqueles
que permaneceram foram in ligidos com violê ncia ultrajante - roubo,
tortura e massacre em escala nacional.
O governo mexicano era controlado por dois homens: Calles e o
general Obregó n. Calles seguiu Obregó n como presidente, mas
planejava devolver o poder executivo a Obregó n em 1928; os dois entã o
se revezariam como presidentes, mantendo ridiculamente os termos da
constituiçã o emendada que prometia nenhuma reeleiçã o, uma
disposiçã o que havia sido escrita a im de evitar o reinado de longo
prazo de um ditador.
Durante a primeira semana de outubro de 1927, houve 300
assassinatos polı́ticos e, no inal do mê s, dois dos candidatos
presidenciais adversá rios estavam mortos.
Entretanto, a 16 de setembro de 1927, Miguel Pro havia concluı́do o
seu exame inal de teologia. Apó s 16 anos, ele inalmente se quali icou
como membro pleno da Ordem dos Jesuı́tas.
Cinco dias depois, como pe. Preparado para celebrar missa por uma
comunidade de freiras que viviam em uma casa particular, ele pediu à s
irmã s que rezassem para que lhe fosse concedido o privilé gio de se
oferecer como vı́tima pela causa da Fé e em benefı́cio dos sacerdotes do
Mé xico. . Com este propó sito, ofereceu a sua Missa. Uma destas Irmã s
testemunhou mais tarde que Miguel havia dito: “Nã o sei se pode ser
puramente imaginá rio ou se realmente aconteceu, mas tenho a certeza
de que Nosso Senhor aceitou o plano de esta oferta. ”
O provincial jesuı́ta mexicano, pe. Carlos Meyer, també m a irmou
que, embora o pe. Pro sempre tomou as precauçõ es exigidas dele pela
obediê ncia, ele, no entanto, manteve um desejo inabalá vel de sacrifı́cio
e permaneceu sem medo enquanto fazia tudo o que era possı́vel para
Deus. Alé m disso, Miguel pedia com frequê ncia a seus irmã os religiosos
oraçõ es para que pudesse sacri icar sua vida em defesa da Igreja.
Em meados de outubro, Miguel dirigiu algumas linhas a um amigo,
dizendo-lhe que o ponto alto da semana foi o presente de um menino
de seis meses cujos pais o haviam abandonado. Como ele nã o conseguiu
encontrar um lar para o menino, a famı́lia Pro decidiu adotá -
lo. Fr. Anteriormente, Pro havia recebido outros ilhos, que havia
colocado em vá rias famı́lias, mas este pequeno José de Jesú s, um bebê
jaliscano, tornou-se a alegria imediata de toda a famı́lia. Os
Pro issionais o receberam de braços abertos e ligaramele “o Chilpayate”,
um apelido que as mã es indianas costumavam usar para seus
bebê s. Fr. Pro escreveu: “Nã o parece justo que nos importamos com
o menino que Deus nos dá quando Ele protegeu cada uma de nossas
casas durante estes dias de luto e misé ria?”
A adoçã o deste bebê pela famı́lia Pro gerou um boato
cruel. Fr. Mayer, o superior de Miguel, tinha certeza de que nã o havia
impropriedade, mas o ataque a um membro de sua comunidade o
incomodava e comentou com o padre. Pro, "Defenda-se, padre." Miguel
respondeu: “Nã o se eu puder evitar. Pela primeira vez na vida tenho a
certeza de nã o ter cometido uma falta pela qual sou censurada! Me
defender e perder a ú nica chance que tive de imitar Jesus Cristo, que se
calou quando foi julgado injustamente? Oh nã o!"
Perto do inal do mê s, pe. Pro escreveu um cartã o-postal bem-
humorado de Toluca, uma cidade vizinha, onde havia ido para uma
breve missã o, contando o sucesso de sua conferê ncia por lá . Numa carta
mais sé ria ao mesmo amigo escrita no dia 30 de outubro, Miguel fala
que deseja viajar a ainda mais cidades para falar ao povo, e menciona
que sua saú de está tã o boa que até pô de comer os enchidos gordurosos
( chorizos ) pela qual a á rea é famosa.
Em 13 de novembro de 1927, uma bomba foi lançada de um velho
Essex em um atentado malsucedido contra a vida do General
Obregó n. O Essex era um carro que outrora pertencera ao irmã o de
Miguel, Humberto.Embora todos os irmã os Pro tivessem á libis só lidos,
eles se tornaram homens marcados.
Ao saber do uso do Essex na tentativa de assassinato, a famı́lia Pro
escondeu-se totalmente, com a intençã o de deixar o paı́s. Em quatro
dias, poré m, eles foram entregues à polı́cia por um menino que temia
pela vida de sua mã e.
E imprová vel que pe. Pro, com o seu desejo de martı́rio, gostaria de
voltar ao exı́lio, mas obedecia a todas as precauçõ es para prolongar a
sua vida e era moralmente responsá vel pelos irmã os. Ele, portanto,
traçou um plano de fuga e a famı́lia pô de mudar de quarto antes que
sua residê ncia fosse invadida.
Dois dos aspirantes a assassinos, Juan Antonino Tirado e Nahum
Lamberto Ruiz (que havia sido ferido na tentativa), foram capturados
no momento do incidente; dois outros escaparam. Outro jovem foi
preso na mesma é poca, mas foi posteriormente libertado pela polı́cia
quando se percebeu que ele nã o fazia parte do grupo.
O prisioneiro ferido, Ruiz, foi o primeiro a ser arrastado para a casa
de Obregó n para interrogató rio. Quando o general viu que o ferimento
na cabeça de Ruiz havia reclamado um olho e que ele poderia morrer a
qualquer momento, e que alé m disso estava sangrando no tapete, o
desgostoso general ordenou que ele fosse preso. Obregó n entã o deixou
o interrogató rio para assistir à s touradas naquela tarde. Tirado, o
segundo cativo,embora repetidamente torturado e interrogado pela
polı́cia, simplesmente se recusou a falar.
Ruiz foi levado para o Hospital Juá rez, onde entrou em coma e
morreu posteriormente. Relató rios con litantes o listam como
nomeando os outros “conspiradores”, mas é imprová vel que ele
pudesse ter feito isso. Outro suspeito, Luis Segura Vilchis, um jovem
engenheiro da Light and Power Company, foi pego no trabalho. Ele nã o
fez nenhum protesto de inocê ncia ou objeçõ es ao ser levado para a
prisã o, dizendo aos seus captores calmamente que os acompanharia
"com todo o prazer".
Capítulo 13

CAPTURAR!
Na tarde de 15 de novembro de 1927, Miguel, Humberto e Roberto
mudaram-se para a casa de uma corajosa mexicana chamada Marı́a
Valdé z, que os aceitou sabendo muito bem que Miguel era um padre
perseguido pela polı́cia. Durante dois dias Miguel e os seus irmã os
viveram no quarto disponibilizado pela generosa mulher, e todas as
manhã s Miguel celebrava ali a Missa. Os penitentes procuraram o padre
popular e foram admitidos apesar do perigo.
Na missa da quinta-feira pela manhã , a Senhora Valdé z viveu uma
experiê ncia comovente, que relata da seguinte forma: “No momento da
Elevaçã o, vi [o pe. Pro] aparentemente transformado em uma silhueta
branca e claramente elevado acima do nı́vel do chã o. Eu experimentei
uma grande felicidade. Mais tarde, meus servos me disseram
espontaneamente que haviam observado o mesmo fenô meno e,
simultaneamente, experimentado um consolo excepcional. ”
Naquela noite, pe. Pro disse à sua an itriã que pela manhã seus
irmã os partiriam para os Estados Unidos e que partiria no dia 19 para
retomar seu “negó cio de almas”. Ele entã o abençoou o casamento de um
jovem casal, e depois todos na casa foram para a cama.
Os irmã os Pro dormiram o sono profundo da inocê ncia
exausta. Enquanto isso, Calles planejava sua destruiçã o. A ordem de
execuçã o havia sido dada e, naquela noite, a casa foi cercada por um
grande grupo de policiais. No domingo anterior (13 de novembro),
Miguel escreveu uma oraçã o a Nossa Senhora, oferecendo-se para
compartilhar seu Cal varie. (Veja o Apê ndice 1 para a oraçã o completa.)
Sua oraçã o estava para ser atendida.
A Señ ora Valdé z acordou por volta das trê s da manhã e notou cerca
de 20 soldados em seu pá tio. Outro grupo de soldados invadiu a casa e
entrou no quarto onde os irmã os Pro dormiam. Despertado, Fr. Pro
exortava seus irmã os: “Arrependei-vos dos vossos pecados como se
estivessem na presença de Deus”, e lhes deu a absolviçã o sacramental,
incentivando-os a lembrar que iam dar a vida em oferta pela causa da
Religiã o no Mé xico e admoestando eles orem para que Deus aceite seu
sacrifı́cio.
Quando o inspetor perguntou à senhora Valdé se ela sabia que
estava abrigando os bombardeiros, ela respondeu que estava
escondendo um santo. Fr. Pro disse aos soldados que deixassem a
Señ ora Valdé em paz, dizendo que ela era inocente de qualquer
delito. Levando consigo apenas seu pequeno cruci ixo de pro issã o e um
poncho que a Sra. Valdé pressionou porque ele havia dado seucasaco
para os pobres, pe. Pro abençoou a Señ ora e seus servos enquanto ele e
seus irmã os eram levados.
Por algum motivo, a caminho da delegacia, o inspetor desviou-se da
casa onde estava hospedada Anna Marı́a. A dona da casa, a senhora
Jose ina Montes de Oca, havia sido presa na noite anterior. Como seu
ú ltimo ato em liberdade relativa, pe. Pro foi autorizado a ligar para
outro amigo e pedir-lhe para vir e icar com sua irmã quando ele e seus
irmã os estavam indo embora. Quando a mulher lhe disse para icar e
ela iria visitá -lo, pe. Pro respondeu: "Nã o, hija [ ilha] ... nã o até o cé u."
Apó s interrogató rio preliminar na prisã o, Humberto foi jogado em
uma cela com a Señ ora Montes de Oca; Miguel e Roberto foram
colocados em uma cela marcada “Nã o. 1. ” Este era um quarto pequeno
e escuro, com mais de um metro e meio por trê s metros de altura, que
estava ú mido e sem ventilaçã o. Suas refeiçõ es eram levadas para a
prisã o por Anna Marı́a, mas quando os irmã os a receberam, a comida
deliciosa estava fria e havia sido retalhada no exame do carcereiro em
busca de mensagens secretas. Anna Marı́a nã o teve permissã o para ver
seus irmã os.
Ao contrá rio de muitos dos outros prisioneiros, os Pro issionais nã o
foram espancados nem torturados. O infeliz Tirado foi torturado com
á gua fria e adoeceu, entã o pe. Pro mandou para ele o poncho que a
senhora Valdé lhe dera. Os irmã os també m compartilharam sua comida
com outros na prisã o que nã o tinham comida. Entre os frequentes
"questionamentos", os irmã os oravam, cantavam,realizaram exercı́cios
de salto para se manter aquecidos e decoraram as paredes de suas celas
com seus slogans favoritos, “¡Viva Cristo Rey!” e “¡Viva la Virgen de
Guadalupe!” A noite, eles rezavam o Rosá rio juntos e cantavam. Os
irmã os eram inocentes de qualquer cumplicidade no atentado,
disseram isso repetidamente, e foram mandados repetidamente de
volta para suas celas.
Luis Segura Vilchis, por sua pró pria vontade, confessou
serenamente ter sido o autor e diretor do complô contra Obregó n. Sua
declaraçã o nomeou Tirado e Ruiz como co-conspiradores, bem como
um terceiro homem, José Gonzá lez. Segura a irmou nã o saber o
endereço de Gonzá lez, nem deu uma descriçã o dele. Segura, um jovem
franco, dedicou sua vida à contra-revoluçã o Cristero, convencido de que
só a violê ncia serviria para acabar com a violenta tirania no
Mé xico. José Gonzá lez, o homem misterioso que possivelmente foi um
dos chefes cristeros, nunca foi preso.
Embora os Pros possam muito bem saber algumas coisas sobre a
organizaçã o e atividades Cristero, nã o há nenhum vestı́gio de evidê ncia
conectando qualquer um dos irmã os Pro com os atos violentos dos
Cristeros ou com o setor violento da Liga de Defesa
Religiosa. Humberto admitiu sua dedicaçã o ao trabalho de propaganda
da Liga de Defesa Religiosa, mas negou ter participado de quaisquer
atos ou planos de resistê ncia armada.
Quanto ao padre. Pro, ele admitiu livremente ser um padre e,ao ser
questionado, deu uma explicaçã o sobre uma misteriosa carta ao Señ or
“Cocol” (seu apelido de infâ ncia e um de seus codinomes) que havia
sido encontrada em seu quarto. A carta estava assinada “Murillo”. O
escritor era um chofer que icou alarmado ao ler a notı́cia do atentado,
já que na é poca em que Humberto era dono do Essex, esse homem fora
visto dirigindo-o vá rias vezes. Fr. Pro deu ao motorista 70 pesos para
que ele deixasse a cidade e voltasse para sua casa em Guadalajara, a im
de evitar suspeitas injustas.
O general Roberto Cruz, chefe do Estado-Maior de Calles, era o
encarregado da Acta. Ele acreditou no relato de Segura sobre a trama e
nã o sentiu que os irmã os Pro estivessem implicados. Alé m da falta de
evidê ncias contra eles, havia també m o fator da popularidade dos
irmã os Pro. Cruz disse a seu advogado que queria sair da conexã o Pro e
que queria entregar o caso aos tribunais.
Calles, no entanto, nã o se deixaria enganar por suas vı́timas
preferidas. Apesar do só lido á libi de Miguel para a tentativa de
assassinato do general Obregó n, ele era culpado, aos olhos de Calles, de
um crime ainda pior: ele era um padre cató lico. Portanto, o general Cruz
recebeu ordens de mandar matar os prisioneiros.
Embora nenhum dos processos legais tenha sido concluı́do, Cruz
nã o queria desa iar Calles. Em 22 de novembro, Cruz disse a seu
advogado que havia recebido ordens de mandar matar os presos da
polı́ciaestaçã o e que Calles queria que o evento fosse um "grande
show". Calles instruiu Cruz a convidar representantes de todas as
secretarias de governo, imprensa e fotó grafos.
Pouco depois da meia-noite, o general Cruz foi para a prisã o na
companhia de vá rios outros policiais militares e um grupo de
fotó grafos. Um a um, os prisioneiros foram retirados de suas celas e
fotografados.
Quando eles voltaram para suas celas, pe. Pro disse a Roberto para
orar por renú ncia ao que quer que estivesse por vir. Ele disse que eles
deveriam icar felizes em sofrer algo por Jesus Cristo, e se males piores,
ou mesmo o pelotã o de fuzilamento, estivessem por vir, eles deveriam
ter orgulho de sofrer e morrer por Cristo. Ele entã o passou sua ú ltima
noite dormindo no chã o nu porque deu seu colchã o ino a um
companheiro de prisã o. Na manhã seguinte, pe. Pro disse a Roberto que
tinha o pressentimento de que algo iria acontecer naquele dia. Ele
entã o disse a Roberto para orar pela graça de Deus, que ele garantiu
que seria dada a eles.

Capítulo 14

MARTIRIO
As dez horas daquela manhã , o padre vestido com um sué ter. Pro foi
o primeiro a ser retirado das celas. Nenhum processo devido foi
concedido a ele; ele nem mesmo havia recebido um julgamento. Nem
foi informado de sua morte iminente, embora pareça que sentiu que
algo estava para acontecer.
Fr. A irmã de Pro fora informada pela empregada que mandara
entregar o desjejum dos irmã os que a prisã o estava cheia de
militares. Ela correu até lá para ver o que estava acontecendo, mas foi
deixada do lado de fora dos portõ es, que estavam fechados e
trancados. Chegou um homem com um amparo, medida cautelar contra
a execuçã o dos irmã os Pro. Mas apesar de seus gritos altos, que devem
ter sido ouvidos, ele nã o foi admitido.
Fr. Pro atravessou o complexo com passos irmes e medidos,
segurando seu pequeno cruci ixo com a mã o direita e o rosá rio com a
esquerda. O general Cruz e toda a sua equipe estavam de um lado do
pá tio; pequenos grupos de fotó grafos, repó rteres e convidados ilustres
estavam ao redor, esperando.
Um dos policiais que ajudaram a caçá -lo, Valentı́n Quintana,
caminhou até o padre ecom lá grimas nos olhos implorou ao pe. Pro
para perdoá -lo. Miguel colocou o braço em volta dos ombros do homem
trê mulo e disse: “Você nã o só tem o meu perdã o, mas també m o meu
agradecimento”.
Como ú ltimo pedido, Miguel pediu permissã o para rezar. Ele se
ajoelhou em frente à s paredes crivadas de balas e orou fervorosamente
por dois minutos. Apó s sua oraçã o, ele beijou seu cruci ixo e icou com
os braços estendidos em forma de cruz, rejeitando a venda
oferecida. Diante do pelotã o de fuzilamento, Miguel disse: “Que Deus
tenha misericó rdia de você s. Que Deus te abençoe. Senhor, tu sabes que
sou inocente. Com todo meu coraçã o, eu perdô o meus inimigos.
” Enquanto os gendarmes apontavam, em voz irme e clara proferiu as
suas ú ltimas palavras: “¡Viva Cristo Rey!” - “viva Cristo Rei!”
As armas foram disparadas; Fr. Pro conheceu seu martı́rio com
calma e heroı́smo. Mas o pelotã o de fuzilamento nã o matou o corajoso
padre. Embora mortalmente ferido, ele ainda respirava. Um dos
soldados se aproximou e disparou uma bala em sua cabeça, dando
o golpe de misericórdia.
Um a um, os outros prisioneiros foram conduzidos para a
execuçã o. Luis Segura Vilchis, de apenas 23 anos, caminhou com
irmeza e, dirigindo-se ao pelotã o de fuzilamento, disse: “Estou pronto,
senhores”. Humberto tirou uma medalha ao passar pelo corpo do
irmã o, mas permaneceu seguro. Tirado estava tã o doente de
pneumonia que tremia de febre; a polı́cia ignorou seu ú ltimo pedido,
que era para ver sua mã e. Um ú ltimo Um minuto de telefone do
ministro argentino ao Mé xico salvou a vida de Roberto Pro, que mais
tarde foi exilado nos Estados Unidos.
Os fotó grafos, que foram convidados pelos faná ticos Calles,
mantiveram as suas venezianas a clicar durante todo o processo, e por
isso temos um bom registo fotográ ico do martı́rio. No entanto, a
exibiçã o fotográ ica total de serenidade e heroı́smo logo tornou a posse
das fotos um crime.
Enquanto os corpos eram transportados de ambulâ ncia para o
necroté rio do hospital, Anna Marı́a os seguiu, cavalgando com um
deputado. Na morgue juntou-se a ela Edmundo e, pouco depois, D.
Miguel. O velho pai beijava os ilhos na testa e enxugava-lhes o rosto
com o lenço. Quando Anna Marı́a começou a chorar, seu pai a advertiu
gentilmente, dizendo: “E assim que você se comporta na presença dos
santos?”
Naquela tarde, os corpos de Miguel e Humberto jazem na casa de
um amigo. Havia lores em todos os cantos e um luxo constante de
visitantes vinha para ver os corpos e orar. O Santı́ssimo Sacramento foi
ainda exposto em cima da urna contendo os restos mortais de Miguel
Pro. Uma hora sagrada foi pregada, alguns dos enlutados foram à
con issã o e o Rosá rio foi recitado durante toda a noite.
Por volta das dez horas daquela noite, cinco ou seis policiais do
governo bateram na porta. Noprimeiro, Don Miguel pensou que eles
tinham vindo para incomodar a famı́lia, mas eles humildemente
imploraram para ver os corpos. Eles foram admitidos e se ajoelharam
diante dos caixõ es, orando respeitosamente.
Começando à s seis horas da manhã seguinte, multidõ es novamente
começaram a chegar para apresentar seus respeitos aos corpos dos
má rtires. Milhares vieram de todas as partes da cidade. Muitos
trouxeram cruci ixos e rosá rios para tocá -los nos corpos. Embora Calles
tivesse proibido qualquer demonstraçã o pú blica, o povo agiu em
desa io aberto, sabendo que nã o havia prisõ es su icientes no Mé xico
para prender todos os que desejassem prestar homenagem ao santo
padre e seu irmã o martirizado. A cidade nunca tinha visto um
comparecimento tã o grande a um funeral. Uma estimativa deu 10.000
como o nú mero de enlutados; outro deu 30.000.
A medida que as urnas dos má rtires saı́am de casa, ouviu-se o grito
espontâ neo: “¡Viva Cristo Rey!” Mais de 500 carros estavam no cortejo
fú nebre e milhares lotaram as ruas para jogar lores nos caixõ es; outros
atiravam lores das varandas de suas casas. O povo caminhou até o
Cemité rio das Dolores, rezando o Rosá rio e cantando em uma chuva de
lores. Foi um triunfo!
Esta é uma foto rara do Padre Pro em uma batina apó s seu
retorno ao Mé xico. Durante a perseguiçã o, os padres nã o
usavam roupas clericais.

Um padre sendo executado durante os anos de perseguiçã o


religiosa no Mé xico. Muitos daqueles que nã o fugiram do paı́s
sofreram violê ncia ultrajante - roubo, tortura e massacre em
escala nacional.
O governo mexicano durante esses anos era controlado por
dois homens: Plutarco Elı́as Calles (à esquerda) e Alvaro
Obregó n (à direita).
Juan Antonino Tirado (à esquerda) e Luis Segura Vilchis, de 23
anos (à direita), que, junto com outros dois homens, tentaram
assassinar o General Obregó n em novembro de 1927. Embora
os irmã os Pro nã o tenham participado desse ato, padre Pro e
dois de seus irmã os foram presos como suspeitos.
José de Leó n Toral (de pé ) em julgamento pelo assassinato do
General Obregó n. O assassinato ocorreu oito meses apó s a
tentativa malsucedida de Tirado e Segura.

A cela parecida com uma masmorra onde o Padre Pro foi


mantido apó s sua prisã o.
Uma fotogra ia tirada do padre Pro pouco depois da meia-
noite de 23 de novembro de 1927, poucas horas antes de sua
execuçã o. Embora o padre Pro tivesse um á libi só lido para a
é poca da tentativa de assassinato de Obregon, ele era
“culpado” de um crime ainda pior - ele era um padre cató lico.

Padre Pro sendo conduzido para sua execuçã o. Na manhã da


execuçã o, um homem chegou à delegacia com uma ordem de
restriçã o contra a execuçã o dos irmã os Pro - mas apesar de
seus gritos vindos do lado de fora dos portõ es trancados, ele
nã o foi admitido.
Padre Pro ajoelhado em frente à s paredes crivadas de
balas. Antes de sua execuçã o, ele teve um momento para orar.

Parte superior oposta: Padre Pro em frente ao pelotã o de


fuzilamento. Depois de sua oraçã o, o Padre Pró beijou seu
cruci ixo e icou com os braços estendidos em forma de cruz,
rejeitando a venda oferecida.
Oposto inferior: O pelotã o de fuzilamento mirando. O Padre Pró
pronuncia suas ú ltimas palavras: “¡Viva Cristo Rey!”
Acima: O momento do impacto.
Ao lado: um soldado atira uma bala na cabeça do padre Pro,
dando o golpe de misericó rdia.
Acima: Padre Miguel Pro falecido.

A multidã o que estava fora do complexo enquanto o Padre Pro


estava sendo executado. A ambulâ ncia aqui retratada carregou
o corpo do padre Pro para o necroté rio do hospital.
O cortejo fú nebre - que incluiu mais de 500 carros - passando
pela casa do presidente Calles, que havia proibido qualquer
manifestaçã o pú blica. O povo agiu em desa io aberto, vindo
aos milhares para homenagear o santo Padre Pro.
Outra cena do cortejo fú nebre.
Don Miguel (indicado por uma cruz) é representado em pé ao
lado dos caixõ es de seus dois ilhos. O irmã o do padre Pro,
Humberto, foi executado no mesmo dia.

O caixã o do padre Pro é carregado por padres jesuı́tas para o


cemité rio de Dolores. A medida que os caixõ es saı́am de casa,
ouviu-se o grito espontâ neo: “¡Viva Cristo Rey!”
O padre Pro usou esta estola durante seu ministé rio secreto no
Mé xico. Foi cortado apó s sua morte e os pedaços foram dados
aos ié is como relı́quias.

Relı́quias do Bem-aventurado Miguel Pro. O cartã o de relı́quia


conté m um pequeno pedaço da estola do Padre Pro. As aparas
de madeira sã o provenientes do caixã o em que seus restos
mortais repousaram até seu enterro no momento de sua
beati icaçã o. A carta atesta sua autenticidade.
Um rosá rio outrora propriedade do Beato Miguel Pro (que se
acredita ser o rosá rio que ele segurou durante a sua execuçã o.
O santuá rio do Beato Miguel Pro erguido pela ProVision na
loja de artigos religiosos de Sã o Francisco de Assis em
Houston, Texas.

Capítulo 15

FAVORES DO CEU
Na entrada do Cemité rio das Dolores, os padres presentes pediram
a honra de transportar o corpo do pe. Pro nas costas para a cripta
pertencente aos Jesuı́tas. Milhares estavam ali, acenando com as palmas
das mã os e carregando lores. Quando o caixã o foi baixado para a cripta,
uma voz na multidã o começou o hino: “Tu reinará s, ó Jesus”, e a
multidã o o recolheu. Dom Miguel prestou a ú ltima homenagem aos
corpos dos ilhos e, voltando para a famı́lia, disse: “Está consumado. Te
Deum Laudamus ('Nó s Te louvamos, ó Deus'). ” Os sacerdotes
começaram a cantar o Te Deum , e os coraçõ es e lá bios de outras
pessoas se uniram nesta cançã o triunfal de açã o de graças.
As notı́cias de pe. A morte de Pro logo se espalhou pelo
mundo. Calles queria que a execuçã o fosse um espetá culo; ele nã o
percebeu a reaçã o mundial que isso causaria. Mandou retirar as
fotogra ias que colocara em circulaçã o, mas já era tarde. O mundo
cató lico inteiro viu como ele assassinou o padre mais popular do
Mé xico.
Antes de sua morte, pe. Pro disse a um amigo: “SeEu sempre sou
pego, esteja preparado para me pedir coisas quando eu estiver no cé u.
” (Ele també m prometeu, em tom de brincadeira, alegrar todos os
santos de rosto abatido que encontrasse no cé u, apresentando uma
dança de chapé u gay mexicana.) Muitos de seus amigos e compatriotas
acreditavam que o padre. Pro responderia à s suas oraçõ es.
Relatos de favores concedidos por meio de pe. A intercessã o de Pro
começou a circular antes mesmo do funeral terminar. Uma pobre
senhora que estava cega havia seis anos e, portanto, nã o pô de deixar
sua cidade suburbana para assistir ao funeral, foi persuadida por um
amigo a perguntar ao padre. Ajuda do pro issional. Assim que ela
terminou sua oraçã o, ela se levantou cheia de alegria, declarando que
ela podia ver. A amiga, incapaz de acreditar que a oraçã o da mulher
pudesse ter sido respondida tã o rapidamente, pediu-lhe que lesse um
jornal em voz alta - o que ela fez sem di iculdade. A mulher e sua amiga
relataram a cura a um padre, que foi imediatamente à Cidade do Mé xico
e informou a famı́lia Pro - na pró pria presença dos caixõ es dos má rtires.
No inı́cio daquele mê s, uma mulher que estava em di iculdades
inanceiras entregou alguns papé is para o padre. Pro, que prometeu
ajudá -la com conselhos. Depois de ler sobre o padre. Com a morte de
Pro nos jornais, ela procurou seu advogado para explicar que seu
orientador havia sido baleado. O atô nito advogado mostrou-lhe entã o
alguns papé is que o pe. Pro foi entregue no escritó rio apenas alguns
minutos antes!
Em nove meses, outros favores incrı́veis foram relatado. Uma freira
Clara Pobre foi libertada das dores causadas por graves ferimentos
internos apó s aplicar uma relı́quia de pe. Pró ; ela foi capaz de reunir-se
à sua comunidade com saú de perfeita. Os tumores de mama de uma
jovem desapareceram apó s pedir a ajuda do má rtir. Uma trabalhadora
na Espanha pediu sua intercessã o pela mã o dela, que seria
parcialmente amputada; ela foi curada sem a operaçã o prescrita.
Movida por uma onda de devoçã o espontâ nea, em 1934 Roma
autorizou um exame sobre uma possı́vel Causa para pe. Beati icaçã o de
Pro. O renome do má rtir foi o icialmente reconhecido pela Igreja
quando em 1952 o Papa Pio XII assinou o decreto introduzindo a Causa.
Nesse mesmo ano, o 25º aniversá rio do padre. A morte de Pro foi
celebrada no Mé xico com missas e com a inauguraçã o de um novo
monumento em sua homenagem no cemité rio. Uma placa
comemorativa do seu martı́rio foi colocada no Edifı́cio da Loteria
Nacional, hoje localizado no local da Inspeção onde pe. Pro morreu. A
placa diz: “Na calçada em frente, em uma linha perpendicular ao inal
da escada, morreu RP Miguel Agustı́n Pro, SJ, baleado em 23 de
novembro de 1927. RIP”
Pouco antes de pe. Apó s a beati icaçã o de Pro, seus restos mortais
foram transladados do cemité rio de Dolores para a Igreja da Sagrada
Famı́lia em Colonia Roma, um subú rbio da Cidade do Mé xico. Aqui,
visitantes de todas as partes do mundo vê m orar diante do tú mulo
dosanto má rtir. A inscriçã o sobre a capela diz: “Nesta capela é venerado
o pe. Mexicano. Miguel Augustı́n Pro, SJ, 1927, modelo de felicidade e
cumprimento do dever ”.
Miguel Agustı́n Pro Juá rez foi beati icado em Roma pelo Papa Joã o
Paulo II em 25 de setembro de 1988.
També m nó s podemos apelar a este santo má rtir, que com o seu
coraçã o amoroso, generoso e sacerdotal deu a sua vida em defesa da Fé
Cató lica, e que proclamou com a sua vida, assim como com a sua morte,
o reinado de Cristo Rei. .

Apêndice 1

ESCRITOS DO ABENÇOADO MIGUEL PRO


Desde a infâ ncia, Bl. Miguel escreveu numerosos versos e pequenas
peças de prosa. Já adulto, alé m da correspondê ncia viva e informativa e
dos relató rios ao Provincial dos Jesuı́tas, escreveu cartas aos penitentes
e uma sé rie de poemas e oraçõ es. Algumas de suas pequenas
composiçõ es eram vivas e frı́volas; outros estã o entre os mais bonitos
de serem encontrados em qualquer lugar. O exemplo de suas obras
abaixo ilustra o coraçã o amoroso, corajoso e generoso deste mais alegre
dos má rtires que tanto desejou dar almas a Deus.
Na festa de Cristo Rei, 1927, Bl. Miguel implorou ao nosso Bem-
aventurado Senhor que acabasse com o sofrimento do povo mexicano
neste belo poema:
Retorne com pressa, ó Senhor
O Senhor, Teus taberná culos vazios choram
Enquanto estamos sozinhos em nosso Calvá rio,
Como ó rfã os, peça a Ti, Jesus, para voltar
E habite novamente em Teu santuá rio.
Visto que deixaste Tua porta terrestre entreaberta,
Nossos lindos templos estã o nus e sombrios;
Nenhum canto do coro, nenhum sinos ressoam ao longe;
O silê ncio do pavor paira sobre nossa terra natal.
Visto que Tu descendes nã o como a Vı́tima encontra
Em sacrifı́cio escolha graças a conceder,
Nenhuma rosa enche a igreja com uma fragrâ ncia doce;
Nenhuma vela acesa no brilho do altar.
Nossas naves, uma vez tremendo com o vô o mı́stico
Da oraçã o que vibrou como um sopro celestial,
Estã o agora tã o silenciosos quanto a noite sombria;
Tudo parece esquecimento, tristeza, sono e morte.
O Senhor, por que a Tua presença de nó s fugiu?
Nã o te lembras de como nos ú ltimos dias
Aqueles incontá veis coraçõ es que em suas provaçõ es sangraram
Encontrou conforto na luz que brilhou de Ti?
Almas tremendo com o pensamento da dor de amanhã ,
Almas esmagadas sob a presente cruz de dor,
Almas torturadas pelo passado - todas encontraram alı́vio
Antes da porta dourada. Oh! volte novamente.
A lito, idoso, ó rfã o, peregrino gasto
Com lutas provocadoras no caminho sombrio da vida;
Os enfermos e aqueles por fome cruel se curvaram,
E os pecadores sobrecarregados - todos vieram aqui para orar.
A Ti sob o vé u sacramental
Eles se viraram afetuosamente e sempre encontraram alı́vio;
Pois nenhuma alma, por mais angustiada, poderia falhar
Para obter de Ti doce consolo em sua dor.
Nenhuma dor poderia icar, nenhum conforto ser adiado,
Nenhuma tentativa de esmagamento, quando Tu estavas esperando
lá ;
Em doçura mı́stica ainda Tua voz foi ouvida,
Cujos sotaques destruı́ram o pecado e baniram o cuidado.
Mas agora você nã o habita mais como um rei
Sobre nossos altares, outrora tã o claros como o dia,
E nó s nã o mais perto de Ti cantamos docemente
Nossos hinos. Ah, quanto tempo Tu icará s de nó s?
O pró prio sopro do Inferno lutua no ar;
A taça do crime é preenchida pela mã o do tirano;
E atravé s da escuridã o hedionda, nenhuma feira amanhecendo
De esperança é visto brilhar sobre a terra.
A barca de Pedro no mar tempestuoso,
Com Cristo, nosso lı́der, envolva-se em um sono tranquilo,
Parece quase destruı́do pela iniquidade do homem,
Isso se enfurece como uma tempestade nas profundezas.
Ah! por que nos abandona, querido Senhor?
Um hino arrependido de nossos coraçõ es que cantamos.
Nã o podes deixar de guardar a tua palavra de amor;
No Mé xico, os ié is Te saú dam rei.
Aqueles que te ofenderam, mas ontem
Agora os olhos turvos pelas lá grimas se voltam para Ti com
con iança;
Com os pé s sangrando, eles seguiram o caminho de um peregrino
De longe e de perto para pleitear Tua clemê ncia.
Pelas lá grimas amargas daqueles que choram seus mortos,
Pelo sangue de nossos má rtires por Ti derramado com alegria,
Pela corrente carmesim com a qual Teu Coraçã o sangrou,
Volte com pressa para o Teu querido santuá rio.
__________
De acordo com um dos pe. Biógrafos de Pro, Rev. MD Forrest, MSC, o
seguinte foi composto pouco antes de sua morte.
Nossa vida se torna dia a dia mais dolorosa, mais opressiva, mais
repleta de a liçõ es? Bendito seja Ele mil vezes que assim o desejar. Se a
vida é mais dura, o amor també m a torna mais forte, e só este amor,
alicerçado no sofrimento, pode carregar a cruz de meu Senhor Jesus
Cristo. Amar sem egoı́smo, sem con iar em si mesmo, mas acendendo
no fundo do coraçã o uma sede ardente de amar e sofrer por todos os
que nos rodeiam: uma sede que nem o infortú nio nem o desprezo
podem extinguir ...
Eu creio, ó Senhor; mas fortalece a minha fé ... Coraçã o de Jesus, eu
te amo; mas aumenta meu amor. Coraçã o de Jesus, eu con io em Ti; mas
dê maior vigor à minha con iança. Coraçã o de Jesus, eu entrego meu
coraçã o a Ti; mas envolva-o em Ti para que nunca seja separadode
Ti. Coraçã o de Jesus, sou todo teu; mas cuide de minha promessa para
que eu possa colocá -la em prá tica até o completo sacrifı́cio de minha
vida.
___________
Em 13 de novembro de 1927, Bl. Miguel escreveu uma oração a Nossa
Senhora, oferecendo-se para compartilhar seu Calvário:

A Santı́ssima Virgem das Dores


Deixa-me viver a minha vida ao teu lado, minha Mã e, e ser a
companheira da tua amarga solidã o e da tua profunda dor. Que minha
alma sinta o choro triste dos seus olhos e o abandono do seu coraçã o.
No caminho da minha vida, nã o desejo saborear a felicidade de
Belé m, adorando o Menino Jesus em seus braços virginais. Nã o desejo
gozar da amá vel presença de Jesus Cristo na humilde casinha de
Nazaré . Nã o quero acompanhá -lo em sua gloriosa Assunçã o ao coro dos
anjos.
Por minha vida, cobiço as zombarias e zombarias do Calvá rio; a
lenta agonia de seu Filho, o desprezo, a ignomı́nia, a infâ mia de Sua
Cruz. Desejo estar ao teu lado, Virgem dolorosa, fortalecendo o meu
espı́rito com as tuas lá grimas, consumando o meu sacrifı́cio com o teu
martı́rio, sustentando o meu coraçã o com a tua solidã o, amando o meu
Deus e o teu Deus com a imolaçã o do meu ser.
__________
Da justiça e dos direitos humanos, Bl. Miguel escreveu:
Devemos falar, clamar contra a injustiça, com con iança e nã o com
medo. Proclamamos os princı́pios da Igreja, o reino do amor, nunca
esquecendo que à s vezes é també m um reino da justiça.
_________
De seu amor pelas almas, Bl. Miguel diz:
Estou pronto para dar minha vida pelas almas, mas nã o quero nada
de ningué m para mim. Tudo o que eu quero é conduzi-los a Deus. Se eu
guardasse alguma coisa para mim, seria um ladrã o, infame; Eu nã o
deveria mais ser um padre.
_________
Devotado ao Sagrado Coração, pe. Pro escreveu:
No coraçã o aberto de Jesus Cristo, vê -se Seu coraçã o ardendo de
amor por você , por mim, por todos os homens. Mas se vê rodeado de
espinhos, e no centro, a Cruz. Este fogo de amor deve acender nossos
pobres coraçõ es també m, para que possa se comunicar com os outros -
mas cercado de espinhos para nos manter em guarda contra interesses
mesquinhos e encimado por uma cruz de braços largos para abraçar
todos que nos cercam e nã o vamos limitar nosso zelo a qualquer pessoa
em particular.
Apêndice 2

ORAÇOES
Novena ao Beato Miguel Pro
(Escrito por Lawrence Le Leux; editado por Margaret Hotze.)

E
PAI TERNO, Vó s levantastes o vosso servo heró ico, o beato Miguel Pro,
como testemunha do vosso grande amor e misericó rdia para com os
homens. Ele foi iel até a morte. Ao enfrentar os seus algozes, ele os
perdoou, depois, estendendo os braços no Sinal da Cruz e da nossa Fé ,
morreu proclamando o nome de Teu Santo Filho.
Deixe sua idelidade e coragem brilhar diante de nó s como um
exemplo de fé verdadeira nestes tempos especiais. Que o seu amor a
Teu Filho Jesus e à nossa Bem-aventurada Mã e Maria seja o nosso guia
de santidade na nossa vida quotidiana; e concede-nos, ó Senhor, por
intercessã o do vosso má rtir padre, Miguel Pro, as graças que agora
pedimos (cita a vossa petição ou petições) .
Pedimos isso por meio de Seu Filho, Jesus Cristo, que vive e reina
com Você e o Espı́rito Santo como um Deus vivo e verdadeiro. Um
homem.
Imprimatur: W Enrique San Pedro, SJ Bispo de Brownsville, 25
de janeiro de 1992

Chaplet do Beato Miguel Pro


(Composta pelo autor.)

O chapelim é constituı́do por uma medalha de Bl. Miguel, ou um


cruci ixo, seguido por seis contas brancas e depois onze contas
vermelhas.
No cruci ixo ou medalha:

B
MENOS MIGUEL, antes de sua morte você disse a seu amigo para lhe
pedir favores quando você estivesse no cé u. Rogo-lhe que interceda por
mim e, em uniã o com Nossa Senhora e todos os Anjos e Santos, peça a
Nosso Senhor que atenda o meu pedido, desde que seja da Vontade de
Deus. (Aqui, nomeie a solicitação.)
Nas contas brancas, que simbolizam Bl. Pureza de Miguel Pro:
Honramos e adoramos o Deus triú no.
Glória ao Pai ...
Pedimos orientaçã o ao Espı́rito Santo.
Venha, Espírito Santo!
Oramos como Jesus nos ensinou a orar.
Nosso pai …
Veneramos com amor a Virgem Maria.
Ave Maria…
Todos você s, anjos,
abençoe o Senhor para sempre.
Sã o José , Sã o (nome do seu padroeiro) e todos os Santos,
Ore por nós.
Nas contas vermelhas, que simbolizam Bl. O martírio de Miguel Pro:
Bem-aventurado Miguel, jovem animado,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, amado ilho e irmã o,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, paciente novato,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Beato Miguel, exilado da tua pá tria,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, religioso orante,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, doente e sofredor,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, defensor dos trabalhadores,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, corajoso sacerdote escondido,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, prisioneiro de cá rcere,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, perdoador dos perseguidores,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, santo má rtir,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Imprimatur: W Joseph A. Fiorenza Bispo de Galveston-
Houston, 23 de agosto de 1995

Oraçã o pela canonizaçã o do Beato Miguel Pro, SJ

O
DEUS nosso Pai, que concedeu a Teu ilho Miguel Agustı́n, na sua vida e
no seu martı́rio, buscar com entusiasmo a Tua maior gló ria e a sua
pró pria salvaçã o, permite-nos seguir o seu exemplo no Teu serviço e
honrá -lo no cumprimento do nosso quotidiano deveres com idelidade
e alegria em ajudar o pró ximo. Pedimos que, se for a Vossa Vontade,
possamos em breve homenagear o Beato Miguel como um novo santo
da Igreja. Por Cristo Nosso Senhor. Um homem.

Apêndice 3

UMA CELEBRAÇAO EM HONRA DO BENDITO


MIGUEL PRO
O dia da festa do Bl. Miguel Pro é 23 de novembro. As famı́lias
podem celebrar participando da missa juntas e convidando amigos
para uma festa familiar em sua casa, em homenagem ao nosso alegre
má rtir mexicano.
Para adicionar um sabor mexicano à celebraçã o, use decoraçõ es de
mesa com cores vivas. Mostre uma fotogra ia de Bl. Miguel como peça
central. Sirva uma boa comida, toque mú sica se quiser e curta a
companhia e o riso de amigos e familiares. Como disse Sã o Joã o Bosco:
“Divirta-se tanto quanto quiser, se ao menos nã o pecar”.
A seguir está uma receita de cocol, Bl. O pã o doce preferido de
Miguel e a origem de seu apelido de infâ ncia. Sirva com cacau mexicano,
limonada ou café . Ao comer este pã o doce, que ele te lembre da doçura
espiritual do Pã o Vivo, o Cristo Eucarı́stico. E ao se reunir com a famı́lia
e amigos, lembre-se de que você faz parte da famı́lia de Cristo, nosso
Rei.
Cocol *
4 c. farinha
1 pacote fermento seco ativo
1 c. chá de erva-doce
1/4 c. açú car + 1 colher de chá . açú car
1/4 c. manteiga, margarina ou gordura vegetal
1 colher de chá . sal (ou menos, se preferir)
2 ovos + 1 gema de ovo
sementes de papoula
Prepare o chá de erva-doce fervendo 1-1 / 2 c. á gua e 3 colheres de
chá . sementes de anis. Ferva por alguns minutos e coe as sementes. (Ou
você pode deixar as sementes, se quiser.) Meça uma xı́cara de chá e
adicione a gordura, sal e 1/4 de xı́cara. de açú car para o chá .
Em uma tigela grande, misture 2 xı́caras de farinha e o
fermento. Quando a mistura do chá estiver morna, adicione à farinha /
fermento.
Adicione os ovos. Bata bem. Junte a farinha restante e sove para
obter uma massa dura. Desenforme sobre uma superfı́cie levemente
enfarinhada e sove até icar homogê neo - cerca de dez minutos.
Faça uma bola com a massa. Coloque numa tigela untada, virando
uma vez para untar a superfı́cie da massa. Cubra e deixe crescer por
uma hora.
__________
* Nossa receita é adaptada de uma receita tradicional de semita.
Dê um soco. Divida a massa em 10 ou 15 pedaços e molde cada um
deles em uma pequena bola. Sobre uma superfı́cie levemente
enfarinhada, enrole ou dê tapinhas em cada pedaço em um cı́rculo de
cerca de sete centı́metros de diâ metro. Coloque 5 cm de distâ ncia em
uma assadeira untada. Cubra e deixe crescer por 30 minutos. Com um
garfo, bata 1 colher de chá . açú car e 1 gema de ovo. Pincele o topo de
cada cocol e polvilhe com sementes de papoula. Asse a 375 ° por 18
minutos.

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
Azuela, Rev. Fernando, SJ El Padre Pro: Martir de Cristo Rey, Martir de
los Derechos Humanos. Mé xico, 1988.
Ball, Ann. Modern Saints: their Lives and Faces, Livro I. Rockford, IL:
TAN, 1983.
Ball, Ann. A Igreja Perseguida. Avon, New Jersey: Magni icat Press,
1990.
Dragon, Rev. A., SJ Father Pro. Traduzido pela Irmã Mary Agnes
Chevalier, FMI Cidade do Mé xico: Buena Prensa, 1959.
____ Le Père Pro. Montreal: Les Editions de L'Atelier, 1958.
Forrest, Rev. MD, MSC The Life of Father Pro. St. Paul, MN: Radio
Replies Press, 1945.
Guiné , Rev. Wilfredo, SJ, ed. El Padre Pro. Cidade do Mé xico: Buena
Prensa - Vidas Ejemplares, Vol. II, # 19, janeiro de 1988.
Hanley, Rev. Boniface, OFM No Strangers to Violence, No Strangers to
Love. Notre Dame, IN: Ave Maria Press, 1983.
Johnson, William Weber, ed. México. Nova York: Time Inc., 1961.
Kelley, Reverendı́ssimo Francis Clement. Altares encharcados de
sangue - um comentário católico sobre a história do
México. Milwaukee: Bruce, 1935 (originalmente com o
subtı́tulo Mexican Study and Comment); Rockford, IL: TAN, 1987.
Knowles, Leo. Candidatos a santidade. St. Paul, MN: Carillon Books,
1978.
Marmoiton, Victor. Le Père Pro: Apôtre et Martyr. Toulouse, França,
1953.
Norman, Sra. George. Jester de Deus. Nova York: Beriziger Brothers,
1930.
Parsons, Wilfrid, SJ Mexican Martyrdom. Nova York: Macmillan,
1936; Rockford, IL: TAN, 1987.
Quintiliani, Patricia S. My Treasury of Chaplets. Worcester, MA:
Quintiliani, 1995.
Roberto, irmã o., CSC Dawn traz glória. Notre Dame, IN: Dujarie Press,
1956.
Royer, Fanchó n. Padre Pro. Nova York: PJ Kenedy & Sons, 1954.
____ Sanguis Martyrum Sêmen; Galeria de Martires Mexicanos,
Narraciones Verídicas. San Antonio: Imprenta Universal, sem data.
Vá rios materiais do tipo pan leto da Causa.
SOBRE O AUTOR
Ann Ball, ex-professora e proprietá ria de uma irma de contrataçã o
de segurança privada em Houston, Texas, é autora de mais de 20 livros
sobre a vida dos santos e a histó ria e os costumes da fé cató lica. Ela
estudou jornalismo na Universidade do Texas em Austin, e acabou
ganhando o diploma de bacharel em educaçã o pela Universidade de
Houston. Uma notá vel empresá ria e mulher de negó cios, seu hobby
favorito era escrever. Ela escreveu poesia para seus amigos e familiares,
editou um jornal de segurança estadual e escreveu artigos e
reportagens para a imprensa cató lica. Entre seus livros mais vendidos
estã o o conjunto de dois volumes, Modern Saints: Their Lives and
Faces, e Beato Miguel Pro: Twentieth Century Mexican Martyr.
Ann Ball faleceu em Houston, TX, em 8 de junho de 2008, aos 64
anos. Ela deixou seus trê s ilhos, uma nora e quatro netos.

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