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20
Ann Ball
Indice
Capa
Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Dedicaçã o
Conteú do
Declaraçã o de Obediê ncia
Prefá cio do autor
Agradecimentos
Introduçã o
1. Uma Infâ ncia Viva
2. Anos de formaçã o
3. Juventude
4. Crescentes tensõ es polı́ticas
5. Trê s Vocaçõ es
6. Voo do Mé xico
7. Um sacerdote inalmente
8. Cruzes de corpo e alma
9. Retorno ao Mé xico: A Igreja se torna subterrâ nea
10. A Primeira Detençã o
11. Obras de misericó rdia
12. O perigo aumenta
13. Capture!
14. Martı́rio
15. Favores do cé u
Apê ndice 1: Escritos de Bl. Miguel Pro
Apê ndice 2: Oraçõ es
Apê ndice 3: Uma celebraçã o em homenagem ao beato. Miguel Pro
Bibliogra ia Selecionada
Sobre o autor
Contracapa
O Beato Miguel Agustin Pro Juarez, SJ (1891-1927) foi martirizado pela
fé no Mé xico.
DEDICAÇAO
Este livro é amorosamente dedicado a meu ilho Raul, meus netos
Austin, Max, Tori, Michael e “Angelito” e à juventude da Amé rica. Que o
alegre má rtir mexicano, Miguel Pro, os leve com amor e risos a “ mi
Padre Dios ”.
CONTEUDO
Prefá cio do autor
Agradecimentos
Introduçã o
Capı́tulo 1: Uma Infâ ncia Viva
Capı́tulo 2: Anos de Formaçã o
Capı́tulo 3: Juventude
Capı́tulo 4: Aumentando as tensõ es polı́ticas
Capı́tulo 5: Trê s Vocaçõ es
Capı́tulo 6: Voo do Mé xico
Capı́tulo 7: Um Sacerdote inalmente
Capı́tulo 8: Cruzes de corpo e alma
Capı́tulo 9: Retorno ao Mé xico: A Igreja se torna subterrâ nea
Capı́tulo 10: A Primeira Detençã o
Capı́tulo 11: Obras de Misericó rdia
Capı́tulo 12: O perigo aumenta
Capı́tulo 13: Capture!
Capı́tulo 14: Martı́rio
Capı́tulo 15: Favores do Cé u
Apê ndice 1: Escritos de Bl. Miguel Pro
Apê ndice 2: Oraçõ es
Apê ndice 3: Uma celebraçã o em homenagem ao beato. Miguel Pro
Bibliogra ia Selecionada
DECLARAÇAO DE OBEDIENCIA
Em amorosa obediê ncia aos decretos de vá rios Romanos Pontı́ ices,
em particular os do Papa Urbano VIII, declaro que de forma alguma
pretendo prejulgar a Santa Madre Igreja em maté ria de Santos,
santidade, milagres e assim por diante. A autoridade inal em tais
assuntos cabe à Sé de Roma, a cujo julgamento eu me submeto de bom
grado.
—Ann Ball
PREFACIO DO AUTOR
Meu interesse pela vida de Bl. Miguel Pro, SJ, começou há mais de
25 anos, quando eu mal havia começado a reunir informaçõ es para um
livro sobre os santos modernos. Em minha pesquisa inicial sobre sua
vida e martı́rio, fui cativado por sua natureza feliz e espı́rito de alegria
combinados com uma profunda seriedade de pensamento, seu zelo
pelas almas, sua paixã o pela justiça, sua dedicaçã o à obediê ncia e sua
forte devoçã o, como bem como seu heroı́smo sublime.
Depois de Fr. Beati icaçã o de Pro Escrevi uma grinalda em sua
homenagem, que esperava ajudasse de alguma forma a sua Causa. O
meu Bispo, o Rev. Joseph A. Fiorenza, emitiu um Imprimatur para o
chapelim e expressou a sua esperança de que, rezando, muitos se
aproximassem de Deus por intercessã o do Beato. Miguel Pro e que
experimentassem a profunda fé e o amor a Cristo Rei que motivou e
sustentou o Beato. Miguel na missã o sacerdotal e no martı́rio.
Acredito irmemente na comunhã o dos Santos tal como de inida
pela Igreja Cató lica e, para mim, o Beato. Miguel é um amigo, um
conselheiro, um ajudante e um guia - nã o apenas um assunto de meus
escritos. Alé m disso, como o meu amado padroeiro Sã o Joã o Bosco, ele
parece trazer amor, risos e alegres surpresas!
Apó s a aprovaçã o do chapelim, atravé s de um amigo de longa data
conheci Carol e Lawrence Le Leux da ProVision,*que apoiavam
entusiasticamente o Bl. Miguel. Na mesma é poca, localizei e pude falar
com o atual vice-postulador de pe. Causa Pro, pe. Fernando Suarez
Santoyo, SJ A partir daquele momento, parecia que meu alegre má rtir
mexicano me pressionava a ajudá -lo a espalhar sua alegria pelos
Estados Unidos, onde tantos cató licos hoje, especialmente nossos
jovens, precisam tanto de heró is cristã os.
Uma nova medalha foi cunhada e os chapelins foram
produzidos. Escrevi um artigo sobre o padre. Pro, que foi publicado
em Our Sunday Visitor , um jornal cató lico nacional. No artigo, dei o
endereço da ProVision para quem queria mais informaçõ es. O jornal
imediatamente recebeu uma enxurrada de cartas de todos os Estados
Unidos, de pessoas que pareciam famintas por saber mais sobre esse
feliz má rtir.
Embora eu pudesse localizar uma sé rie de artigos e breves
biogra ias em obras coletadas em inglê s, parecia que as principais
biogra ias de Bl. Miguel estava em outras lı́nguas ou fora de catá logo e
era difı́cil de encontrar. Alé m disso, as bê nçã os e o apoio do meu Bispo e
do Pe. Vice-postulador de Pro, os comentá rios e bê nçã os do Pe. Molinari
(Postulador Geral dos Jesuı́tas) e do Bispo Tamayo (o Bispo auxiliar da
minha diocese) e do BispoRamirez de Las Cruces, assim como os
pedidos, apoios e oraçõ es dos Le Leux's e de tantos outros, todos me
convenceram de que um novo trabalho sobre o padre. Pro era
necessá rio.
Antes de sua morte, Bl. Miguel disse a alguns amigos que acreditava
que a oferta da sua vida seria aceite e que o martı́rio seria a sua chave
para o cé u. Ele entã o comentou brincando que se lhe fosse permitido
este favor, seus amigos deveriam preparar suas petiçõ es, porque do Cé u
ele distribuiria favores como se fossem um baralho de cartas.
Oro sinceramente para que esta breve recontagem da histó ria do
“Coringa” mexicano o ajude de alguma forma a continuar seu “jogo” de
unir os coraçõ es ao Sagrado Coraçã o de Jesus e de ganhar almas para
“ mi Padre Dios ” - “Deus meu Pai” - que era Bl. O nome favorito de
Miguel para a Providê ncia Divina.
—Ann Ball
_________
* ProVision é um grupo de pessoas dedicadas à promoçã o de pe. Causa do Pro.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos sã o estendidos com gratidã o a estes e outros
correspondentes e amigos - amigos meus e de Bl. Miguel:
Rev. Luis Diaz Borrundo, M.Sp.S.
Rev. John Boscoe, CSB
Rev. Jack Broussard, CSB
Rev. Enrique Cardenas, SJ (RIP), ex-vice-postulador
Rev. A. Dragon, SJ (RIP)
Muito Rev. Joseph A. Fiorenza, Bispo de Galveston- Houston
Rev. Richard Flores
Rev. Bill Frankenberger, CSB
Rev. Troy Gately
Rev. Peter Gumpel, SJ
Margaret Hotze
Lawrence e Carol Le Leux, ProVision
Irmã Margaret Mary, MC
Rev. Paolo Molinari, SJ, Postulador Geral dos Jesuı́tas
Rev. Max Murphy, CSB
Jeanne Noxon
Rev. Ricardo Ramirez, CSB, Bispo de Las Cruces
Rev. Fernando Suarez Santoyo, SJ, Vice-Postulador
Rev. Raphael O'Laughlin, CSB
Muito Rev. Enrique San Pedro, SJ (RIP), ex-Bispo de Brownsville
Muito Rev. James T. Tamayo, Bispo Auxiliar de Galveston-Houston
Bea Whit il
Mano. David Lopez, OSF
Fausto Zelaya, Jr.
Sem sua ajuda, incentivo e apoio, e especialmente suas oraçõ es, eu
nã o poderia ter contado essa histó ria. Que Deus e nosso alegre má rtir
mexicano os abençoe.
—Ann Ball
INTRODUÇAO
Este é um livro sobre o amor de Deus por um homem, como com
verdadeira alegria cristã ele trabalhou pelo bem das almas e como deu
sua vida em defesa da Fé Cató lica.
Este nã o é um livro sobre polı́tica. Estude o quanto quiser, a
situaçã o polı́tica do Mé xico era e é complicada. Neste breve trabalho
nã o há espaço para incluir uma traduçã o de initiva de todas as
motivaçõ es e açõ es polı́ticas no Mé xico entre 1890 e 1940. Outros livros
detalham os problemas da Igreja Cató lica no Mé xico.*A maioria dos
americanos mal consegue compreender a situaçã o; o fato de que essas
coisas ocorreram tã o perto de nossa pró pria naçã o espanta muitos que
pensam no Mé xico apenas como um paı́s cató lico, nã o como um paı́s
perseguido.
Fr. Pro nã o foi de forma alguma o ú nico cató lico a dar sua vida pela
fé durante os longos e sombrios anos de perseguiçã o religiosa no
Mé xico. Milhares de cató licos - padres, religiosos e leigos - foram
perseguidos, torturados, mortos ou forçados a fugir de sua pá tria.
Uma causa de beati icaçã o foi iniciada para vá rios desses heró is da
Fé ; as façanhas heró icas de muitos vivem apenas no coraçã o de suas
famı́lias e nas memó rias das pessoas de suas regiõ es nativas. Dois
exemplos - um do inı́cio e outro do im da perseguiçã o ativa contra a
Igreja no Mé xico - sã o mencionados brevemente aqui.
_______
* Para detalhes sobre a histó ria da Igreja Cató lica no Mé xico, ver Blood-Drenched Altars , do
Reverendı́ssimo Francis C. Kelley e Mexican Martyrdom , do Pe. Wilfrid Parsons, SJ Ambos os
livros sã o publicados pela TAN Books.
Capítulo 1
Capítulo 2
ANOS DE FORMAÇAO
Na festa de Sã o José de 1898, Miguel e suas irmã s mais velhas,
Concepció n e Marı́a de la Luz, izeram sua primeira comunhã o na igreja
paroquial de Concepció n del Oro. A tempestade de barbá rie que se
avizinhava dos cató licos mexicanos ainda nã o havia começado; entã o o
gentil pastor, pe. Mateo Correa, e o pequeno comungante, Miguel Pro,
nã o faziam ideia de que os dois um dia voltariam a ter os seus nomes
ligados, sendo a segunda vez em martı́rio por Cristo Rei. (Pe. Correa
seria martirizado durante o terror inicial da perseguiçã o a Calles em 6
de fevereiro de 1927, perto da cidade de Durango.)
Por causa da falta de boas escolas, Dom Miguel decidiu cursar ele
mesmo o ensino fundamental das crianças, por isso reservava um
tempo todas as noites para ouvir as aulas que eram ministradas
diariamente. Do café da manhã até o jantar mexicano das quatro horas,
as crianças deveriam trabalhar nas aulas. Miguel nã o era um estudante
sé rio, mas estudou com a obediê ncia de sempre. Rapidamente
aprendeu a ler e escrever muito bem, e sua extraordiná ria memó ria
permitiu-lhe fazer recitaçõ es bem-sucedidas mesmo nos assuntos de
que nã o gostava. Noà noite, Miguel começou a dominar o violã o e o
bandolim. Por im, sob a direçã o de Miguel, os cinco ilhos mais velhos
do Pro formaram um quinteto de cordas, que deu muito prazer à famı́lia
e aos visitantes da casa do Pro. Miguel també m gostava de poesia e
costumava escrever versos como presente para familiares em ocasiõ es
especiais.
Miguel gostava tanto de mú sica que sempre que uma banda de
mú sicos passava pela casa, ele largava o que estava fazendo e corria
para a porta. Certa vez, depois que Miguel interrompeu os estudos para
uma trupe desses menestré is itinerantes, seu pai o proibiu de deixar
seus livros ou de pô r os pé s na rua por causa disso. O jovem obediente,
mas sempre travesso, segurou seu livro nas mã os e caminhou de
joelhos até a porta para apreciar a performance dos pró ximos viajantes
musicais.
Quando Miguel tinha quase oito anos, sua mã e sugeriu que ele e
suas duas irmã s mais velhas ajudassem o pai em seu escritó rio nos dias
de pagamento de sá bado. Todas as trê s crianças veri icaram o dinheiro
que foi desembolsado e as meninas també m ajudaram carimbando as
impressõ es digitais que serviam como recibos da folha de
pagamento. Miguel carregava á gua para os homens que estavam na
longa ila da folha de pagamento e à s vezes dava seus pró prios biscoitos
e doces.
Embora Don Miguel tenha inicialmente tido escrú pulos sobre a
ideia porque seus trabalhadores eram muitas vezes rudes e briguentos,
o plano de Doñ a Josefa funcionou admiravelmente bem. Os mineiros
respeitaram a inocê ncia do ilhos, e a ajuda prestada pelos ilhos foi de
grande ajuda para seu pai sobrecarregado de trabalho. Miguel logo se
tornou um animal de estimaçã o particular desses trabalhadores e
disse-lhes que també m ele era mineiro. Seu nome nessa é poca era “el
barreterillo” (“o pequeno mineiro”) e, posteriormente, ele à s vezes se
referia a si mesmo como “el pobre barretero” (“o pobre mineiro”). Este é
mais um apelido que Miguel usou em sua correspondê ncia posterior,
quando era um padre escondido.
Josefa Juá rez foi uma in luê ncia boa e gentil sobre seu ilho Miguel,
que observava sua caridade para com os trabalhadores da mina. Seu
respeito pela dignidade e bondade inata desses homens rudes foi
transmitido a todos os seus ilhos. Ela tinha um coraçã o compassivo; ela
compreendeu a inquietaçã o e a pobreza dos mineiros. Ela viu as
doenças causadas pela má alimentaçã o e pelas má s condiçõ es de
saneamento e trabalhou para ajudar a aliviá -las.
Os mineiros eram homens rudes, barulhentos e propensos à
embriaguez, mas Doñ a Josefa nã o conseguia esquecê -los nem à s suas
famı́lias, embora aceitasse a dura realidade do seu estilo de vida. A
situaçã o deles nã o era nada que Don Miguel pudesse mudar; ele nã o era
um dono. Mas ele tentou garantir que eles recebessem justiça de acordo
com a lei e as prá ticas prevalecentes e deu-lhes todo o trabalho que a
mina podia suportar. Doñ a Josefa começou a visitar as famı́lias dos
trabalhadores, levando presentes com alimentos, remé dios e roupas, e
muitas vezes ela mesma atendia os enfermos. Em suas visitas, ela
sempre levava consigo um ou mais de seus mais velhoscrianças. Miguel
gostava especialmente dessas viagens com sua mã e. Ele chamou os
mineiros de “mi predilectos” (“meus favoritos”). Embora nã o soubesse
como curar sua naçã o de seus males sociais, ele compreendeu o dever
cristã o de fazer sacrifı́cios individuais - com bom humor e atitude
amorosa - pelos necessitados sofredores e compreendeu o valor de
trabalhar pela paz com justiça.
A caridade de Dona Josefa para com os enfermos culminou com o
desenvolvimento do pequeno Hospital de San José , que começou a
prestar serviços gratuitos aos mineiros mais pobres e suas famı́lias. Ela
arrecadou doaçõ es e ajudas, e o hospital foi inaugurado em 1904.
Infelizmente, depois de apenas um ano e meio de funcionamento, o
novo prefeito ( Presidente Municipal ) decretou que o hospital era muito
“exclusivo” e deveria ser aberto a todos (nã o apenas os pobres). Ele
també m proibiu aos pacientes o direito de receber os Ultimos
Sacramentos no hospital. A famı́lia Pro, naturalmente, se afastou desse
trabalho. Miguel compreendeu a dor da mã e e tentou consolá -la com
promessas infantis de ajudar “os seus pobres” quando fosse mais velho.
Capítulo 3
JOVEM HOMEM
A medida que o trabalho na mina aumentava e a famı́lia Pro crescia
para incluir oito ilhos, Don Miguel nã o tinha mais tempo para ensinar
seus ilhos. Uma sucessã o de professores particulares foi contratada,
até que inalmente Dom Miguel decidiu que era hora de seu ilho Miguel
ser mandado embora para a escola. Aos dez anos, Miguel foi morar com
um tio na Cidade do Mé xico, mas logo icou doente e teve que voltar
para casa.
No ano seguinte, os pais de Miguel ouviram falar de uma nova
escola em Saltillo, uma cidade muito mais perto de casa. A escola
parecia boa e Miguel foi inscrito como interno. Acontece que a escola
tinha um vié s anticató lico e Miguel foi proibido de assistir à missa.
Miguel escreveu para casa sobre isso, mas nenhuma mençã o ao
problema foi feita nas cartas que recebeu de casa.
Depois de vá rias semanas, Miguel se rebelou e se recusou a
comparecer aos serviços religiosos protestantes. Como puniçã o, o
diretor o trancou em uma sala. Um dia, o jovem prisioneiro viu uma
famı́lia pela janela de sua “prisã o” e chamou-os, implorando à mulher
que escrevesse a seus pais sobre a situaçã o.A piedosa senhora, uma
cató lica, prometeu avisar seus pais imediatamente. A carta dela trouxe
as primeiras notı́cias da situaçã o que os pro issionais tinham
ouvido. Dom Miguel embarcou no pró ximo trem para Saltillo e retirou
seu ilho da escola.
Quando Miguel tinha 14 anos, seu pai renunciou ao cargo na mina e
foi nomeado agente do Departamento Nacional de Comé rcio, Divisã o de
Minas. A carga de trabalho era tã o grande que Miguel foi trabalhar no
escritó rio do pai. Lá , ele revisou todos os histó ricos de casos de litı́gios
de mina e icou encarregado dos arquivos. Embora Miguel nã o gostasse
de papelada, a memó ria excepcional deste jovem era uma quali icaçã o
notá vel, e em nenhum momento ele foi capaz de memorizar as
complicadas classi icaçõ es jurı́dicas e nú meros de arquivo. Ele també m
se tornou um digitador competente.
Dois anos depois, Don Miguel mandou sua famı́lia morar em Saltillo
para que os ilhos menores pudessem ir à escola. O jovem Miguel
també m se mudou para Saltillo. Don Miguel voltava para casa em
Saltillo nos ins de semana, assumindo o trabalho de escritó rio para
Miguel e trazendo o trabalho concluı́do do jovem de volta para
Concepció n com ele quando ele retornou. Já fazendo o trabalho de
adulto para o escritó rio do pai, Miguel passou a participar cada vez
mais dos negó cios domé sticos da famı́lia. Ele se encarregou da maioria
dos reparos na casa e ajudou na supervisã o do mais novo dos sete
ilhos. Ele era o padrinho de seu irmã o mais novo,
Roberto. Eleacompanhava sua mã e e suas irmã s mais velhas sempre
que elas saı́am.
Em Concepció n, o jovem Miguel começou a ser popular entre as
an itriã s da cidade. Embora nã o gostasse de dançar e só dançasse com
uma de suas irmã s, ele escreveu muitos versos lú dicos e lisonjeiros
para as jovens. Em Saltillo, a atividade social era diferente; aqui, as
crianças Pro mais velhas se deliciavam com o paseo do inı́cio da
noite . Circulando pela praça, as garotas formavam uma procissã o
contı́nua, enquanto os garotos circulavam no sentido anti-horá rio. Eles
cumprimentaram seus amigos e gostaram da mú sica. Em casa, a famı́lia
compartilhou uma vida calorosa e unida.
Miguel nã o perdeu nada de sua natureza feliz e espı́rito divertido
quando entrou na adolescê ncia. Ele gostava principalmente de piadas,
que costumava fazer à s custas das irmã s. Certa vez, enquanto passeava
com Concepció n, ele se lançou e bateu na porta de uma casa por onde
passavam. Quando o dono da casa bateu à porta, Miguel explicou que
sua irmã - e indicou a horrorizada Concepció n - havia notado uma bela
está tua da Virgem na janela do homem e queria comprá -la. A garota
envergonhada mais tarde disse aos pais que era a está tua mais
espalhafatosa e horrı́vel que ela já vira. Felizmente, era um tesouro de
famı́lia e o homem se recusou a abrir mã o dele.
Em outra ocasiã o, Miguel participou de uma missã o em uma cidade
pró xima com alguns jesuı́tas visitantes que eram amigos de sua
famı́lia. Ele secretamente se vestiu com umbatina de um dos
missioná rios e saiu em sua pequena expediçã o de pregaçã o aos ranchos
vizinhos. Foi aceito como sacerdote genuı́no pela gente simples do
campo, que enchia o atraente jovem Padre de ovos, cigarros e queijos
frescos. Os verdadeiros padres logo o pegaram, mas como ele
aparentemente izera um bom trabalho de pregaçã o, nã o o
denunciaram como uma farsa. Em vez disso, eles o arrastaram de volta
para seus aposentos, onde o aliviaram de suas contribuiçõ es suadas.
Miguel també m teve seus pró prios momentos embaraçosos. Em
uma ocasiã o, ele estava no telhado tentando pegar o caná rio fugitivo de
sua irmã . Quando ele se inclinou para pedir ajuda, uma chuva de
cigarros proibidos caiu de seu bolso no rosto de seu pai estrelado. A
desculpa que ele conseguiu inventar ao descer do telhado soou fraca
para todos que a ouviram.
Capítulo 4
capítulo 5
TRES VOCAÇOES
Em agosto de 1910, a segunda das ilhas Pro, Marı́a de la Luz, saiu
de casa para ingressar nas Irmã s do Bom Pastor em
Aguascalientes. Miguel sentiu uma das dores mais profundas que já
conheceu. Seis meses apó s sua partida, a famı́lia acompanhou a
recepçã o do há bito. Enquanto estava lá , sua irmã , Concepció n, també m
decidiu entrar no convento. Ao ouvir a notı́cia, Miguel se jogou na cama
e soluçou. Mais tarde, enquanto caminhava com Concepció n, Miguel
implorou à irmã que lhe contasse o que a fazia abandonar seus entes
queridos. Concepció n respondeu dizendo-lhe que era a vontade de
Deus. Ainda triste, Miguel implorou-lhe que rezasse para que ele
també m pudesse aprender em breve a vontade de Deus para a sua
pró pria vida.
No dia seguinte, a famı́lia participou da Primeira Comunhã o de seu
pequeno Humberto. No café da manhã posterior - o ú ltimo que a famı́lia
iria compartilhar juntos - um Miguel emocionado questionou suas
irmã s, perguntando se, já que elas haviam jurado suas vidas à religiã o,
ele nã o deveria fazer o mesmo. “Se o que sinto agora é uma vocaçã o
divina”, disse Miguel à s irmã s, “é assim que vai acabar!” Antessaindo,
Miguel pediu ao superior do convento que mandasse as freiras rezarem
por ele, para que soubesse que direçã o tomar.
Em casa, Miguel caiu em profunda depressã o, tornando-se
reservado e pensativo, esquecendo-se das brincadeiras e travessuras e
nã o demonstrando nada de seu temperamento alegre. Mas, na Pá scoa,
seu â nimo havia melhorado e ele enviou à s irmã s do convento um
livrinho que havia composto, intitulado De Todo un Poco ( Um pouco de
tudo ), que era uma coleçã o de esquetes, versos e gracejos. Na primeira
pá gina havia um versı́culo que ele escreveu quando tinha apenas sete
anos:
Sob uma palmeira verde
Um triste coiote se sentou,
Cuja cançã o suspirante disse,
“Desça, encontros!”
O pró prio Miguel era como o coiote triste, sentado sob a tamareira
de mi Padre Dios, cantando para que Deus deixasse cair as “datas” da
sabedoria quanto ao seu futuro. Em agosto desse mesmo ano, Miguel
pediu aos pais autorizaçã o para se candidatar ao ingresso nos Jesuı́tas.
A fama de piadista de Miguel o precedeu no seminá rio, e os
superiores queriam ter certeza de que o jovem sabia tanto ouvir uma
piada quanto brincar.
No primeiro encontro com o reitor, Miguel encontrou o padre lendo
um jornal. Miguel icou meia hora inteira antes que o reitor baixasse
seupapel longo o su iciente para sugerir que Miguel retornasse no dia
seguinte, pois ele estava muito ocupado no momento. No dia seguinte, o
reitor estava ocupado escrevendo. Mais uma vez Miguel icou parado
por um longo tempo antes de ser notado. Com di iculdade, Miguel
evitou perder a compostura. Na entrevista inal, havia um grupo inteiro
de jesuı́tas no pá tio reclamando em voz alta sobre todas as coisas que
estavam erradas na Sociedade de Jesus. Entã o, ocorreu a Miguel que se
tratava de um teste - um teste no qual ele passou com sucesso. Ele
entrou no noviciado jesuı́ta na Hacienda El Llano em Michoacan em 10
de agosto de 1911.
Miguel icou impressionado com a quantidade de estudos
necessá rios. Aos 20 anos, ele nunca havia concluı́do o ensino mé dio e
estava mal preparado. Ele decidiu compensar o que considerava seus
poderes intelectuais medı́ocres, con iando em sua memó ria notá vel
para lutar em seus cursos e trabalhando por uma maior perfeiçã o
espiritual por meio da oraçã o. Seus professores e colegas zombavam
dele e o chamavam de “o irmã o que está convencido de que Deus quer
que ele seja um santo”, mas, como um posteriormente admitiu, havia
“dois pro issionais em um: o que jogava e o que rezava. ” Fr. Bernardo
Portas, SJ, em sua Vida del Padre Pro, SJ, diz : “Aquele que ria de todo o
mundo, começando por si mesmo, levava as coisas de Deus mais a sé rio
do que alguns jamais teriam suspeitado”. Sensı́vel a crı́ticas e com
tendê ncia a orgulhosos lampejos de ressentimento, Miguel teve
detrabalhe duro para alcançar a humildade. Em 15 de agosto de 1913,
fez os votos, tornando-se membro professo da Companhia de Jesus.
Capítulo 6
VOO DO MEXICO
Em 1910, uma revoluçã o começou no Mé xico. Relatos das
atrocidades cometidas contra os religiosos mexicanos em todas as
partes do paı́s chegaram ao noviciado, que havia permanecido em um
retrocesso relativamente tranquilo. Em 1914, a luta estava pró xima
demais para o conforto, e o reitor do seminá rio se preparou para o
pior. Ele empacotou e escondeu ou enterrou os melhores pertences do
noviciado e comprou agasalhos para os membros da comunidade.
Em 4 de agosto, um grupo de soldados armados invadiu o
noviciado; depois de causar um pequeno dano, eles partiram, jurando
retornar. A dispersã o era iminente. No dia 15 de agosto, as noviças
começaram a sair em pequenos grupos. A pé e de trem, eles seguiram
para Laredo, Texas, uma viagem que durou mais de um mê s.
A caminho de Laredo, Miguel e seus companheiros de viagem
pararam primeiro em Zamora, uma cidade tomada pelo terror por
causa da conduta dos revolucioná rios. Aqui, o chefe revolucioná rio
havia espancado pessoalmente um velho padre para provar à s suas
tropas que o sangue de um padre nã o murchava sua mã o. Por alguns
dias, Miguel e um de seus companheiros empreenderam otarefa de
levar comida para dois dos padres locais escondidos e perdidos na
captura por um grupo de carrancistas por apenas alguns segundos. Eles
se esconderam, deitados em um campo de milho providencial por mais
de uma hora. Veio a ordem de continuar a viagem, e num dos primeiros
usos prá ticos do seu talento teatral, Miguel se vestia de camponê s,
atendendo os amigos como se fosse seu criado.
A vitó ria de Pancho Villa em Saltillo resultou na ruı́na inanceira da
famı́lia Pro e na dispersã o de seus membros. O serviço governamental
anterior de Don Miguel fez dele um homem marcado e ele foi forçado a
fugir para salvar sua vida. Dona Josefa, Anna Marı́a e os trê s meninos
menores fugiram para Guadalajara e se mudaram para um ú nico quarto
miserá vel de uma pensã o, com apenas duas camas, algumas cadeiras e
um quadro do Sagrado Coraçã o que Josefa conseguiu levar
consigo. Apesar da sua idade e problemas de saú de, Josefa começou a
fazer trabalhos manuais para sustentar as crianças mais novas.
Ao chegar a Guadalajara, Miguel icou com o coraçã o partido ao ver
a pobreza de sua famı́lia, mas emocionado com a fé heró ica de sua mã e
sem queixas. Sua preocupaçã o com a situaçã o de sua famı́lia causou
dores de cabeça terrı́veis e dores de estô mago extremas. Ele escondeu
cuidadosamente sua dor de sua famı́lia, animando tanto suas visitas a
eles quanto os encontros diá rios com seus companheiros jesuı́tas por
suas piadas, travessuras e pequenas esquetes.
Depois de algumas semanas, Miguel e seus companheiros
receberam ordem de partir para a casa dos jesuı́tas em Laredo,
Texas. De pé na plataforma da estaçã o ferroviá ria, Miguel olhou nos
olhos de sua mã e pela que seria a ú ltima vez, e seus coraçõ es se
encontraram. Dona Josefa con iou o seu bem-estar e os seus ilhos mais
novos à misericó rdia do Cé u; ela esperava que seu ilho mais velho
izesse o mesmo.
Do Mé xico ao Texas, à Califó rnia, à Espanha, Nicará gua e Bé lgica, o
jovem seminarista viajou. A cada parada ele trabalhava, estudava,
brincava e, principalmente, orava.
Do Texas à Califó rnia
O pequeno grupo de seminaristas icou alguns dias com os Jesuı́tas
em Laredo e depois viajou para San Antonio, onde foram acolhidos
pelos Padres Oblatos (Religiosos do Coraçã o Imaculado de
Maria). Depois de alguns dias de relaxamento aqui, eles pararam
brevemente para visitar os jesuı́tas em El Paso, felizes por poderem
falar sua lı́ngua nativa com alguns dos membros antes de irem para o
oeste.
Em 6 de outubro de 1914, os jesuı́tas mexicanos exilados chegaram
à provı́ncia jesuı́ta da Califó rnia, onde seriam colocados na pequena
cidade de Los Gatos. Ao entrarem na cidade, uma das primeiras
imagens que o pequeno grupo viu foi uma grande está tua do Sagrado
Coraçã o, que parecia uma saudaçã o de um Pai amoroso aos Seus
ilhos. A hospitalidade calorosa e amorosa com a qual foram recebidos
por seus irmã os americanos que provaram a verdade da impressã o
inicial.
A estada em Los Gatos nã o foi longa. Os estudos eram di icultados
pela falta de livros em espanhol e, embora os jesuı́tas tivessem recebido
toda a hospitalidade possı́vel, as residê ncias estavam lotadas. Em 21 de
junho de 1915, Miguel e 15 companheiros partiram, viajando de trem
pelos Estados Unidos para a Fló rida e embarcando para o leste em um
navio de Key West. Apó s pequenas paradas em Havana, Cuba e Nova
York, eles chegaram a Cá diz, na Espanha.
Granada
Nos cinco anos seguintes, Miguel continuou seus estudos em
Granada. Ele fez tentativas heró icas para compensar sua pouca
erudiçã o com domı́nio espiritual e decidiu aceitar suas tristezas com
alegria. A preocupaçã o com sua famı́lia e sua intensa dor fı́sica eram
cobertas de piadas; ele lutou para controlar sua natureza impulsiva. Um
dos colegas noviços de Miguel disse que eles sempre podiam adivinhar
quando ele recebera notı́cias particularmente angustiantes de casa, ou
quando a dor piorava, porque era justamente entã o que ele parecia
exteriormente mais jovial.
A natureza feliz de Miguel e seu amor e preocupaçã o genuı́nos pelos
irmã os de religiã o izeram dele um dos membros mais populares da
comunidade. Ele estava sempre pronto para ser voluntá rio nas tarefas
mais servis, e sua humildade parecia genuı́na para
todos. Eleparticularmente nã o suportava a tristeza dos outros. Ele
desenhava caricaturas e esboços, escrevia epigramas e versos lú dicos e
passava muitas horas planejando e realizando diversõ es para seus
colegas. Quando as coisas icavam monó tonas na sala de aula, Miguel
era o primeiro a animá -las. Os seminaristas tinham pouco acesso aos
jornais de Granada, entã o Miguel fez seu pró prio jornal, que chamou de
“folha de escâ ndalo”. Uma caracterı́stica especial deste jornal
desenhado à mã o eram os cartuns, que retratavam as grandes
contrové rsias da teologia de maneiras incomuns.
Alé m de trabalhar nos estudos, Miguel ensinou catecismo em vá rias
á reas pró ximas. Em particular, ele adorava trabalhar com os
ciganos. Uma tribo de ciganos vivia nas colinas perto de Albolete. Eram
pobres e ignorantes de religiã o, mas a simpatia de Miguel, o interesse
pelo seu bem-estar e o seu humor os atraı́am. Primeiro as crianças,
depois os adultos, passaram a se divertir enquanto ouviam palestras
sobre assuntos religiosos. As mulheres, que nã o sabiam o nome do
jovem catequista, chamavam-no de “ Padre Primoroso ” (“Padre
Encantador” ou “Padre Encantador”).
Granada da Nicará gua
Em 1920, quando Miguel concluiu seus estudos de iloso ia, seus
superiores espanhó is o enviaram ao Colégio de Granada da Nicará gua,
que os jesuı́tas mexicanos haviam aberto quando foram forçados ao
exı́lio pela primeira vez. Por dois anos ele trabalhou no ambiente
quente e ú midoclima, ensinando os alunos mais novos e
supervisionando os mais velhos. Ele ensinou catecismo aos servos do
Colé gio e a algumas pessoas da cidade. No segundo ano Miguel foi
nomeado supervisor dos veteranos que se internavam na escola. Chuva,
insetos, escorpiõ es, cobras e as brincadeiras dos alunos adolescentes
frequentemente o mantinham acordado a maior parte da noite. Seus
alunos, no entanto, mais tarde a irmaram que seu professor havia
fornecido algumas de suas memó rias mais felizes da escola. Durante as
fé rias, Miguel lhes organizava jogos e entrava neles cantando alegres
cançõ es da sua pá tria, acompanhados da sua sempre presente guitarra.
Em julho de 1922, Miguel foi condenado a retornar a Sarrı́a, perto
de Barcelona, na Espanha, para iniciar seus estudos de teologia. Aqui, a
dor de estô mago aumentou, mas parecia que o aumento da dor també m
provocava um aumento na sensibilidade ao sofrimento dos
outros. Miguel aceitou sua saú de debilitada como sua cruz particular e
teve o cuidado de ocultá -la das pessoas ao seu redor.
Bé lgica
No verã o de 1924, Miguel foi enviado para a escola de teologia
dirigida pelos Jesuı́tas da Provı́ncia de Champagne em Enghien,
Bé lgica. Foi aqui que ele també m começou a se formar como padre para
as classes trabalhadoras. A experiê ncia de Miguel com os mineiros de
sua juventude e seu profundo interesse pelo trabalhoquestõ es o
tornavam um candidato perfeito para este tipo de ministé rio. Os seus
superiores viram o seu sucesso junto dos que viviam do trabalho braçal
e acreditavam que Miguel tinha o toque comum que o ajudaria a ser um
bom apó stolo dos operá rios. Miguel, por sua vez, leu e releu as
encı́clicas do Papa Leã o XIII, especialmente a Rerum Novarum , que
expunha os meios cristã os de fazer justiça entre as classes de
homens. As inspiradoras encı́clicas do Papa Pio X sobre o trabalho
també m eram favoritas de Miguel, em quem se cristalizava a
compreensã o de que a misericó rdia e a justiça de Deus exigiam
misericó rdia e justiça recı́procas por parte dos homens neste mundo
imperfeito.
Na grande comunidade de mais de 100 homens de 13 naçõ es
diferentes, um problema de idioma inicialmente di icultou o cultivo de
novas amizades. Em pouco tempo, poré m, Miguel tornou-se conhecido
pela sua boa ı́ndole e disposiçã o alegre.
Capítulo 7
UM SACERDOTE ENFIM
Miguel foi ordenado na Bé lgica em 31 de agosto de 1925. Sua ú nica
tristeza era que nenhum de seus familiares poderia estar com ele. Ele
disse a um de seus recé m-ordenados colegas de classe: “Finalmente
somos padres, e isso é o su iciente”. Apó s a cerimô nia, os novos padres
foram à sala de estar para dar a primeira bê nçã o aos pais. Fr. Pro foi ao
seu quarto, colocou as fotos de sua famı́lia sobre a mesa e as abençoou
do fundo do coraçã o. Ele celebrou sua primeira missa no domingo
seguinte. Ele escreveu a um de seus colegas: “No começo eu me senti
um tanto envergonhado, mas depois da Consagraçã o nã o senti nada
alé m da paz e alegria celestiais ... a ú nica petiçã o que iz ao nosso
bendito Senhor foi para ser ú til à s almas”.
Durante as fé rias daquele ano, pe. Pro visitou as minas de carvã o de
Charleroi para se familiarizar com as condiçõ es de trabalho e
problemas dos mineiros belgas e se preparar para seu futuro
apostolado junto aos trabalhadores. Ele també m visitou fá bricas e
fundiçõ es. Em setembro, ele participou de uma convocaçã o organizada
pela Juventude Operá ria Cató lica para entender como a organizaçã o
trabalhava para estender a Fé entreos trabalhadores e os
desfavorecidos. O interesse desse padre mexicano foi notado pelos
belgas, e vá rios artigos foram escritos sobre ele em seu jornal, anos
apó s sua partida.
Fr. O sucesso de Pro em conquistar o respeito e o afeto dos
trabalhadores belgas tornou-se quase lendá rio. Sua personalidade era
um ı́mã que os atraı́a para ele.
Um dia ele embarcou em um trem, entrando em um vagã o contendo
alguns mineiros de carvã o. Eles cumprimentaram seu agradá vel “Olá ”
com um silê ncio pé treo, a hostilidade re letida em seus rudes
semblantes. Tentando envolver o homem mais pró ximo na conversa,
pe. Pro foi recebido com uma declaraçã o direta em um tom rude: "Pai,
somos todos socialistas".
Fr. Pro respondeu: “Ah, magnı́ ico! Eu també m sou socialista ”.
O homem surpreso questionou isso imediatamente. Fr. Pro
respondeu que era socialista, mas nã o exatamente como eles, pois nem
sabiam o que realmente era o socialismo. Ele entã o pediu a um deles
que explicasse o que era um socialista. Hesitante, um dos homens
respondeu que o trabalho de um socialista era “tirar todo o dinheiro
dos ricos”. Sorrindo, Pe. Pro perguntou a ele: "Quando temos todo esse
dinheiro em nossas mã os, que providê ncias devemos tomar para
protegê -lo de ladrõ es?"
Alguns dos mineiros sorriram, mas o orador acrescentou
rudemente o que considerava uma ameaça ainda maior: “També m há
entre nó s alguns que sã o comunistas”.
Com um largo sorriso, pe. Pro admitiu: “Bom! eutambé m sou
comunista. Vejam, já é uma hora e alguns de você s estã o comendo. Bem,
tudo bem, també m estou com fome. Você nã o gostaria de dividir seu
almoço comigo? ”
Com isso, a maioria dos outros começou a rir, mas o orador
perguntou: "Você nã o teve medo de entrar aqui?" Fr. Pro respondeu que
certamente nã o tinha medo porque estava sempre bem armado.
Em tom de verdadeira ameaça, o homem exigiu ver a pistola de
Miguel. Fr. Pro imediatamente en iou a mã o no bolso e tirou seu
cruci ixo, erguendo-o e dizendo: “Aqui está minha arma. Com isso, nã o
tenho medo de ningué m. ” O acanhamento substituiu a arrogâ ncia nos
rostos dos mineiros e, pelo resto da cavalgada, pe. Pro deu uma
pequena conversa sobre o funcionamento de sua “arma”, que era muito
mais e icaz do que uma pistola. Quando os mineiros deixaram o trem na
pró xima parada, um deles empurrou um pequeno pacote para o
padre. Mã o do pro issional. O padre icou satisfeito e comovido ao
encontrá -lo recheado com pasté is de chocolate.
Mais tarde, Pe. Pro gostou de contar esta anedota, dizendo: “Bravo
pelos meus comunistas que me divertiram tã o bem, que me
alimentaram e, como você vê , certamente nã o me mataram”.
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
A PRIMEIRA PRISAO
O irmã o de Miguel, Humberto, era um apoiador ativo da Liga para a
Defesa da Liberdade Religiosa e em dezembro de 1926 já estava sob
suspeita da polı́cia. A Liga tinha vá rias seçõ es, uma das quais dedicada à
açã o militar. Seus membros se declararam independentes da
autoridade eclesiá stica (que nã o os aprovou nem os condenou). Eles se
autodenominavam Cristeros , ou "soldados de Cristo". Humberto nunca
foi aliado de ningué m, exceto das atividades cı́vicas e religiosas da Liga
e testemunhou isso sob juramento pouco antes de sua morte.
O provincial jesuı́ta mexicano deu instruçõ es claras proibindo a
participaçã o em quaisquer atos dos Cristeros. Fr. Pro obedeceu a essas
ordens e mais de uma vez moderou o zelo imprudente de alguns dos
jovens cató licos, tentando in luenciá -los a nã o exigir a vingança. Ele os
repreendeu, dizendo: "Você s implicam a causa da Igreja com suas
pró prias palavras." Roberto, o irmã o mais novo de Miguel, limitava-se a
ajudar os irmã os nas obras de caridade.
Em 4 de dezembro, a resistê ncia lançou 600 balõ es no ar sobre a
Cidade do Mé xico, que logo começou a despejar sua carga de folhetos
religiosos de cores vivas. Calles icou furioso por ter sido feito de bobo
em sua pró pria cidade e ordenou uma investigaçã o imediata e
represá lia. A Pro house foi uma das primeiras a ser invadida; mas nã o
encontrando ningué m em casa, a polı́cia decidiu prender e prender
qualquer homem que entrasse na casa durante o intervalo para o
almoço. Fr. Pro foi o ú nico peixe pego na rede. Ele foi preso e jogado em
uma cela na prisã o militar junto com outros seis jovens. Depois de ler a
ordem de prisã o, o carcereiro rindo sugeriu que o grupo celebrasse
uma missa, já que um deles era padre. Fr. Mais tarde, Pro escreveu a um
amigo sobre o incidente: “Todos nos olhamos da cabeça aos pé s,
imaginando quem poderia ser o infeliz sacerdote entre nó s”. O
carcereiro disse: “Ele é um Miguel Agustı́n”.
Fr. Pro continuou seu relato: “'Espere!' Eu chorei alto. “Esse Miguel
Agustı́n sou eu, mas vou rezar missa como se fosse dormir em um
colchã o esta noite! [Os prisioneiros dormiam no chã o.] E este Pro
depois do nome - é o meu nome de famı́lia, Pro, que algué m confundiu
com Pbro. [a abreviatura de “ presbitero ” , que signi ica “sacerdote”]. '”
Fr. Pro foi liberado no dia seguinte, mas teve que voltar duas vezes
para “declarar” sobre o incidente com o balã o. “Foi uma farsa durante a
qual com toda a sinceridade e boa consciê ncia puxei as pernas dos
nossos dignos governantes, usando um tom humorı́stico para dizer a
verdade sem comprometer ningué m. E ainda, pensando bem, estou
surpresoNã o fui baleado por uma declaraçã o forte ”, pe. Pro
escreveu. Quando questionado se nã o gostaria de pagar uma multa
elevada por Calles estar tã o furioso com os balõ es, Miguel respondeu
que nã o gostaria de pagar multa por dois motivos: um, nã o tinha
dinheiro, e dois, mesmo que tivesse , ele nã o o usaria para apoiar o
governo por medo de viver em remorso vitalı́cio por tal açã o.
Esta fuga foi perto, mas nã o mais perto do que muitas outras fugas
que pe. Pro feito. Como no incidente na prisã o, ele costumava usar sua
inteligê ncia e bom humor para escapar de situaçõ es difı́ceis.
Depois do Natal, foi emitida uma encomenda para o pe. Prisã o de
Pro, entã o ele se escondeu totalmente. A polı́cia aparentemente
concluiu que pe. Pro havia escrito os pan letos e que seus irmã os os
distribuı́ram por meio de mensageiros de balõ es coloridos. Quando
chegaram as reservas para prender os irmã os Pro, Miguel conseguiu
suborná -los com 50 pesos. A famı́lia fugiu para a casa de amigos e
parentes, levando consigo apenas o que podiam carregar.
Numa carta ao seu Provincial, pe. Pro escreveu: “Sou um recluso
con inado a uma sala estreita, sem outro horizonte a nã o ser um quintal
vizinho. Como estou proibido de me mostrar, estou estudando. Para nã o
ser indolente, estou també m (nos bastidores) construindo meu celeiro,
enchendo casas vazias de cereais e comestı́veis de toda espé cie para as
famı́lias dos jovens que tã o bravamente defendem nossas liberdades. eu
tenhová rias pessoas, mais ou menos organizadas, que atuam por mim
em tudo isso. Com eles como fachada, faço o planejamento a partir
daqui. ”
Esse con inamento em uma sala apertada foi sufocante para o
padre, que teria preferido continuar seu ministé rio ativo. A obediê ncia
aos superiores, poré m, o manteve lá . Ele continuou sua carta dizendo:
“A obediê ncia é superior aos sacrifı́cios, e é por isso que nã o saı́ de onde
estou. No entanto, as pessoas precisam desesperadamente de ajuda
espiritual. Todos os dias ouço falar de pessoas que morreram sem os
sacramentos. ” Continuou com um apelo para que a retomasse ao seu
ministé rio, prometendo ter cautela para nã o ser apanhado e
salientando que “O má ximo que podem fazer é matar-me, e isso só no
dia e na hora que Deus tiver nomeado. ”
Nesta mesma carta, pe. Pro acrescentou um pó s-escrito sobre a
melhora de sua saú de: “Minha saú de é como bronze. Nã o passei um
ú nico dia na cama. Muito raramente meu estô mago me lembra que foi
operado, e essas ocasiõ es sã o, na minha opiniã o, apenas seus protestos
inais apó s quase oito anos de dor diá ria. ” Foi, portanto, com a
convicçã o de que poderia levar uma vida normal e sem dor que pe. Pro,
em espı́rito de abnegaçã o, implorou a seu Provincial permissã o para
fazer o sacrifı́cio de voltar em socorro imediato de seus pobres irmã os
mexicanos tã o famintos pela fé .
Capítulo 11
OBRAS DE MISERICORDIA
Com alegria Miguel recebeu a carta que lhe autorizava a retomar
cautelosamente o seu ministé rio. Ele imediatamente voltou a ter um
ministé rio ativo, dispensando os Sacramentos e dons espirituais e
oferecendo ajuda corporal aos pobres. Esta obra de caridade era a
favorita do feliz jovem de Deus, e repetidamente ele se referia à
Providê ncia Divina e aos bolsos profundos de “ mi Padre Dios ”. “Nã o
tenho um centavo, nem me considero capaz de encontrar, pois agora
ningué m se importa em dar nada ... Cada dia sinto a açã o direta de Deus
sobre nó s, pois só por Ele existem esses pobres. Este trabalho auxiliar é
o meu favorito. O que? Quem me dá arroz, feijã o, açú car, milho, etc? Eu
nã o sei. Ou melhor, sim, eu sei: mi Padre Dios - porque em uma
in inidade de casos e sem eu ter pedido nada a ningué m e no momento
em que tudo acabou, recebi presentes de suprimentos sem saber quem
os enviou. ”
Fr. Pro descreveu seu ministé rio de alimentar e vestir os pobres
como uma escravidã o para a qual ele tinha que "girar como um piã o",
acrescentando que sua sorte era tã o boa quanto a de umLadrã o
mesquinho. “Via de regra”, a irmou certa vez, “minha bolsa está tã o seca
quanto a alma de Calles, mas nã o vale a pena me preocupar, pois o
Procurador do Cé u é generoso”. Quando havia sobra, pe. Pro o doaria
para uma das vá rias missõ es de resgate, dizendo: “Trabalhamos com o
princı́pio de nã o ser mesquinhos com a bolsa de Deus. Armazenar
provisõ es por mais de um mê s seria falta de con iança em Deus ”. Da
Divina Providê ncia Miguel escreveu: “Vejo Sua mã o tã o palpavelmente
em tudo que quase, quase temo que nã o me matem nessas aventuras - o
que seria um desastre para mim, porque suspiro para ir para o cé u e
começar a lançar arpejos na guitarra com meu anjo da guarda. ”
As pessoas costumavam dar pe. Dinheiro a favor, mas com a mesma
frequê ncia doavam objetos valiosos para rifas, que frequentemente
rendiam quatro vezes o seu valor. Um desses objetos, uma bolsa de
senhora, foi fonte de uma anedota humorı́stica em sua
correspondê ncia: “Certa vez eu estava acompanhando a bolsa de uma
senhora que era muito fofa (a bolsa, nã o a señ ora) e que havia sido dada
a eu, apenas cinco minutos antes, quando conheci uma senhora muito
pintada. ” Quando a senhora perguntou o que ele tinha, pe. O Pro
respondeu: “A carteira de uma senhora vale 25 pesos, que, visto que é
para você , vou vender por 50 pesos e implorar que mande o dinheiro
para [uma certa famı́lia]”. Ele continuou sua carta: "Com tais indiretos,
derrubamos a resistê ncia de todos."
Embora o padre A Pro nã o assumiu nenhum cré dito pelo trabalho
de arrecadar provisõ es para famı́lias carentes,ele era freqü entemente
visto descendo uma estrada dobrada sob um saco pesado. Uma vez, ao
voltar para casa para jantar, ele começou a se mexer e se coçar. Quando
questionado sobre qual era o problema, ele respondeu timidamente:
"Bem, tenho carregado uma galinha peru com todos os seus seis
pintinhos - vivos, é claro, e acho que devo ter herdado seus á caros."
Freqü entemente, o padre Pro teve que encontrar famı́lias para
adotar os bebê s que foram literalmente con iados a ele. Certa vez, ele
estava andando de tá xi, conversando com o motorista, quando, em uma
breve parada em um cruzamento, um homem colocou um pacote na
parte de trá s do carro. Quando chegaram ao destino, examinaram o
pacote e descobriram que continha um bebê em uma caixa! Outra vez,
pe. O pró prio Pro foi trazer um bebê para seus pais
adotivos. Posteriormente, ele relatou: “Cometi o erro de colocar o bebê ,
todo embrulhado em um xale, ao meu lado no assento do carro. Ao
primeiro solavanco do veı́culo o pequeno saiu voando para o alto e, se
eu nã o o tivesse segurado ainda no ar, provavelmente teria de levá -lo ao
cemité rio! Decidi segurar o bebê em meus braços o resto do
caminho; Nã o preciso dizer como minhas roupas estavam ú midas
quando entreguei a criança aos pais adotivos! ”
Outro de pe. A instituiçã o de caridade favorita de Pro era o Instituto
do Bom Pastor. Aqui, as meninas que se perderam, assim como as
crianças abandonadas, receberam refú gio. Ambas as Irmã s que
trabalhavam na casa eas crianças adoraram fr. pró . por sua vez, fr. pro
tinha predileçã o pelos penitentes, os magdalens, e con iava em suas
oraçõ es. “Uma vez que entregaram seus coraçõ es a Deus”, dizia ele,
“eles nos deixam para trá s no que diz respeito ao amor”. alé m de ouvir
suas con issõ es e cumprir seus outros deveres sacerdotais, fr. pro
muitas vezes chegava ao bom pastor com os braços cheios de
embrulhos, e à s vezes fazia seu pai levar balas ou outras guloseimas
para os mais pequenos. a madre superiora escreveu sobre o pe. ú ltimo
ato de caridade de pro para com o bom pastor: “quando fr. pro estava
na prisã o, da qual deixaria apenas para o martı́rio, arranjou maneira de
fazer com que algué m nos trouxesse os poucos pesos que lhe
restavam. ele escreveu no envelope: 'chegou a hora de você me
conceder sua verdadeira caridade' ”.
Padre Pro disfarçado. Depois de retornar ao Mé xico em 1926,
o Padre Pro assumiu muitos disfarces para ministrar
secretamente à Igreja perseguida.
À esquerda: Padre Pro vestido de “dâ ndi” em uma das ruas da
Cidade do Mé xico.
À direita: Padre Pró disfarçado de mecâ nico para dar uma
palestra para um grupo de motoristas de tá xi e ô nibus.
Capa de um gibi sobre a vida do padre Pro publicado na é poca
de sua beati icaçã o. A ilustraçã o o mostra em seu ministé rio
secreto, andando na bicicleta de seu irmã o e passando pela
polı́cia que nã o sabe que ele é um padre escondido.
Crianças carentes do Mé xico. O nı́vel de pobreza era tã o
extrema que o Padre Pro, alé m de cumprir seus deveres
espirituais, tinha um ministé rio ativo fornecendo alimentos,
roupas e abrigo aos pobres.
Capítulo 12
O PERIGO AUMENTA
O mandato de Calles como presidente foi um perı́odo de terror
absoluto para os cató licos mexicanos. Milhares fugiram do paı́s; aqueles
que permaneceram foram in ligidos com violê ncia ultrajante - roubo,
tortura e massacre em escala nacional.
O governo mexicano era controlado por dois homens: Calles e o
general Obregó n. Calles seguiu Obregó n como presidente, mas
planejava devolver o poder executivo a Obregó n em 1928; os dois entã o
se revezariam como presidentes, mantendo ridiculamente os termos da
constituiçã o emendada que prometia nenhuma reeleiçã o, uma
disposiçã o que havia sido escrita a im de evitar o reinado de longo
prazo de um ditador.
Durante a primeira semana de outubro de 1927, houve 300
assassinatos polı́ticos e, no inal do mê s, dois dos candidatos
presidenciais adversá rios estavam mortos.
Entretanto, a 16 de setembro de 1927, Miguel Pro havia concluı́do o
seu exame inal de teologia. Apó s 16 anos, ele inalmente se quali icou
como membro pleno da Ordem dos Jesuı́tas.
Cinco dias depois, como pe. Preparado para celebrar missa por uma
comunidade de freiras que viviam em uma casa particular, ele pediu à s
irmã s que rezassem para que lhe fosse concedido o privilé gio de se
oferecer como vı́tima pela causa da Fé e em benefı́cio dos sacerdotes do
Mé xico. . Com este propó sito, ofereceu a sua Missa. Uma destas Irmã s
testemunhou mais tarde que Miguel havia dito: “Nã o sei se pode ser
puramente imaginá rio ou se realmente aconteceu, mas tenho a certeza
de que Nosso Senhor aceitou o plano de esta oferta. ”
O provincial jesuı́ta mexicano, pe. Carlos Meyer, també m a irmou
que, embora o pe. Pro sempre tomou as precauçõ es exigidas dele pela
obediê ncia, ele, no entanto, manteve um desejo inabalá vel de sacrifı́cio
e permaneceu sem medo enquanto fazia tudo o que era possı́vel para
Deus. Alé m disso, Miguel pedia com frequê ncia a seus irmã os religiosos
oraçõ es para que pudesse sacri icar sua vida em defesa da Igreja.
Em meados de outubro, Miguel dirigiu algumas linhas a um amigo,
dizendo-lhe que o ponto alto da semana foi o presente de um menino
de seis meses cujos pais o haviam abandonado. Como ele nã o conseguiu
encontrar um lar para o menino, a famı́lia Pro decidiu adotá -
lo. Fr. Anteriormente, Pro havia recebido outros ilhos, que havia
colocado em vá rias famı́lias, mas este pequeno José de Jesú s, um bebê
jaliscano, tornou-se a alegria imediata de toda a famı́lia. Os
Pro issionais o receberam de braços abertos e ligaramele “o Chilpayate”,
um apelido que as mã es indianas costumavam usar para seus
bebê s. Fr. Pro escreveu: “Nã o parece justo que nos importamos com
o menino que Deus nos dá quando Ele protegeu cada uma de nossas
casas durante estes dias de luto e misé ria?”
A adoçã o deste bebê pela famı́lia Pro gerou um boato
cruel. Fr. Mayer, o superior de Miguel, tinha certeza de que nã o havia
impropriedade, mas o ataque a um membro de sua comunidade o
incomodava e comentou com o padre. Pro, "Defenda-se, padre." Miguel
respondeu: “Nã o se eu puder evitar. Pela primeira vez na vida tenho a
certeza de nã o ter cometido uma falta pela qual sou censurada! Me
defender e perder a ú nica chance que tive de imitar Jesus Cristo, que se
calou quando foi julgado injustamente? Oh nã o!"
Perto do inal do mê s, pe. Pro escreveu um cartã o-postal bem-
humorado de Toluca, uma cidade vizinha, onde havia ido para uma
breve missã o, contando o sucesso de sua conferê ncia por lá . Numa carta
mais sé ria ao mesmo amigo escrita no dia 30 de outubro, Miguel fala
que deseja viajar a ainda mais cidades para falar ao povo, e menciona
que sua saú de está tã o boa que até pô de comer os enchidos gordurosos
( chorizos ) pela qual a á rea é famosa.
Em 13 de novembro de 1927, uma bomba foi lançada de um velho
Essex em um atentado malsucedido contra a vida do General
Obregó n. O Essex era um carro que outrora pertencera ao irmã o de
Miguel, Humberto.Embora todos os irmã os Pro tivessem á libis só lidos,
eles se tornaram homens marcados.
Ao saber do uso do Essex na tentativa de assassinato, a famı́lia Pro
escondeu-se totalmente, com a intençã o de deixar o paı́s. Em quatro
dias, poré m, eles foram entregues à polı́cia por um menino que temia
pela vida de sua mã e.
E imprová vel que pe. Pro, com o seu desejo de martı́rio, gostaria de
voltar ao exı́lio, mas obedecia a todas as precauçõ es para prolongar a
sua vida e era moralmente responsá vel pelos irmã os. Ele, portanto,
traçou um plano de fuga e a famı́lia pô de mudar de quarto antes que
sua residê ncia fosse invadida.
Dois dos aspirantes a assassinos, Juan Antonino Tirado e Nahum
Lamberto Ruiz (que havia sido ferido na tentativa), foram capturados
no momento do incidente; dois outros escaparam. Outro jovem foi
preso na mesma é poca, mas foi posteriormente libertado pela polı́cia
quando se percebeu que ele nã o fazia parte do grupo.
O prisioneiro ferido, Ruiz, foi o primeiro a ser arrastado para a casa
de Obregó n para interrogató rio. Quando o general viu que o ferimento
na cabeça de Ruiz havia reclamado um olho e que ele poderia morrer a
qualquer momento, e que alé m disso estava sangrando no tapete, o
desgostoso general ordenou que ele fosse preso. Obregó n entã o deixou
o interrogató rio para assistir à s touradas naquela tarde. Tirado, o
segundo cativo,embora repetidamente torturado e interrogado pela
polı́cia, simplesmente se recusou a falar.
Ruiz foi levado para o Hospital Juá rez, onde entrou em coma e
morreu posteriormente. Relató rios con litantes o listam como
nomeando os outros “conspiradores”, mas é imprová vel que ele
pudesse ter feito isso. Outro suspeito, Luis Segura Vilchis, um jovem
engenheiro da Light and Power Company, foi pego no trabalho. Ele nã o
fez nenhum protesto de inocê ncia ou objeçõ es ao ser levado para a
prisã o, dizendo aos seus captores calmamente que os acompanharia
"com todo o prazer".
Capítulo 13
CAPTURAR!
Na tarde de 15 de novembro de 1927, Miguel, Humberto e Roberto
mudaram-se para a casa de uma corajosa mexicana chamada Marı́a
Valdé z, que os aceitou sabendo muito bem que Miguel era um padre
perseguido pela polı́cia. Durante dois dias Miguel e os seus irmã os
viveram no quarto disponibilizado pela generosa mulher, e todas as
manhã s Miguel celebrava ali a Missa. Os penitentes procuraram o padre
popular e foram admitidos apesar do perigo.
Na missa da quinta-feira pela manhã , a Senhora Valdé z viveu uma
experiê ncia comovente, que relata da seguinte forma: “No momento da
Elevaçã o, vi [o pe. Pro] aparentemente transformado em uma silhueta
branca e claramente elevado acima do nı́vel do chã o. Eu experimentei
uma grande felicidade. Mais tarde, meus servos me disseram
espontaneamente que haviam observado o mesmo fenô meno e,
simultaneamente, experimentado um consolo excepcional. ”
Naquela noite, pe. Pro disse à sua an itriã que pela manhã seus
irmã os partiriam para os Estados Unidos e que partiria no dia 19 para
retomar seu “negó cio de almas”. Ele entã o abençoou o casamento de um
jovem casal, e depois todos na casa foram para a cama.
Os irmã os Pro dormiram o sono profundo da inocê ncia
exausta. Enquanto isso, Calles planejava sua destruiçã o. A ordem de
execuçã o havia sido dada e, naquela noite, a casa foi cercada por um
grande grupo de policiais. No domingo anterior (13 de novembro),
Miguel escreveu uma oraçã o a Nossa Senhora, oferecendo-se para
compartilhar seu Cal varie. (Veja o Apê ndice 1 para a oraçã o completa.)
Sua oraçã o estava para ser atendida.
A Señ ora Valdé z acordou por volta das trê s da manhã e notou cerca
de 20 soldados em seu pá tio. Outro grupo de soldados invadiu a casa e
entrou no quarto onde os irmã os Pro dormiam. Despertado, Fr. Pro
exortava seus irmã os: “Arrependei-vos dos vossos pecados como se
estivessem na presença de Deus”, e lhes deu a absolviçã o sacramental,
incentivando-os a lembrar que iam dar a vida em oferta pela causa da
Religiã o no Mé xico e admoestando eles orem para que Deus aceite seu
sacrifı́cio.
Quando o inspetor perguntou à senhora Valdé se ela sabia que
estava abrigando os bombardeiros, ela respondeu que estava
escondendo um santo. Fr. Pro disse aos soldados que deixassem a
Señ ora Valdé em paz, dizendo que ela era inocente de qualquer
delito. Levando consigo apenas seu pequeno cruci ixo de pro issã o e um
poncho que a Sra. Valdé pressionou porque ele havia dado seucasaco
para os pobres, pe. Pro abençoou a Señ ora e seus servos enquanto ele e
seus irmã os eram levados.
Por algum motivo, a caminho da delegacia, o inspetor desviou-se da
casa onde estava hospedada Anna Marı́a. A dona da casa, a senhora
Jose ina Montes de Oca, havia sido presa na noite anterior. Como seu
ú ltimo ato em liberdade relativa, pe. Pro foi autorizado a ligar para
outro amigo e pedir-lhe para vir e icar com sua irmã quando ele e seus
irmã os estavam indo embora. Quando a mulher lhe disse para icar e
ela iria visitá -lo, pe. Pro respondeu: "Nã o, hija [ ilha] ... nã o até o cé u."
Apó s interrogató rio preliminar na prisã o, Humberto foi jogado em
uma cela com a Señ ora Montes de Oca; Miguel e Roberto foram
colocados em uma cela marcada “Nã o. 1. ” Este era um quarto pequeno
e escuro, com mais de um metro e meio por trê s metros de altura, que
estava ú mido e sem ventilaçã o. Suas refeiçõ es eram levadas para a
prisã o por Anna Marı́a, mas quando os irmã os a receberam, a comida
deliciosa estava fria e havia sido retalhada no exame do carcereiro em
busca de mensagens secretas. Anna Marı́a nã o teve permissã o para ver
seus irmã os.
Ao contrá rio de muitos dos outros prisioneiros, os Pro issionais nã o
foram espancados nem torturados. O infeliz Tirado foi torturado com
á gua fria e adoeceu, entã o pe. Pro mandou para ele o poncho que a
senhora Valdé lhe dera. Os irmã os també m compartilharam sua comida
com outros na prisã o que nã o tinham comida. Entre os frequentes
"questionamentos", os irmã os oravam, cantavam,realizaram exercı́cios
de salto para se manter aquecidos e decoraram as paredes de suas celas
com seus slogans favoritos, “¡Viva Cristo Rey!” e “¡Viva la Virgen de
Guadalupe!” A noite, eles rezavam o Rosá rio juntos e cantavam. Os
irmã os eram inocentes de qualquer cumplicidade no atentado,
disseram isso repetidamente, e foram mandados repetidamente de
volta para suas celas.
Luis Segura Vilchis, por sua pró pria vontade, confessou
serenamente ter sido o autor e diretor do complô contra Obregó n. Sua
declaraçã o nomeou Tirado e Ruiz como co-conspiradores, bem como
um terceiro homem, José Gonzá lez. Segura a irmou nã o saber o
endereço de Gonzá lez, nem deu uma descriçã o dele. Segura, um jovem
franco, dedicou sua vida à contra-revoluçã o Cristero, convencido de que
só a violê ncia serviria para acabar com a violenta tirania no
Mé xico. José Gonzá lez, o homem misterioso que possivelmente foi um
dos chefes cristeros, nunca foi preso.
Embora os Pros possam muito bem saber algumas coisas sobre a
organizaçã o e atividades Cristero, nã o há nenhum vestı́gio de evidê ncia
conectando qualquer um dos irmã os Pro com os atos violentos dos
Cristeros ou com o setor violento da Liga de Defesa
Religiosa. Humberto admitiu sua dedicaçã o ao trabalho de propaganda
da Liga de Defesa Religiosa, mas negou ter participado de quaisquer
atos ou planos de resistê ncia armada.
Quanto ao padre. Pro, ele admitiu livremente ser um padre e,ao ser
questionado, deu uma explicaçã o sobre uma misteriosa carta ao Señ or
“Cocol” (seu apelido de infâ ncia e um de seus codinomes) que havia
sido encontrada em seu quarto. A carta estava assinada “Murillo”. O
escritor era um chofer que icou alarmado ao ler a notı́cia do atentado,
já que na é poca em que Humberto era dono do Essex, esse homem fora
visto dirigindo-o vá rias vezes. Fr. Pro deu ao motorista 70 pesos para
que ele deixasse a cidade e voltasse para sua casa em Guadalajara, a im
de evitar suspeitas injustas.
O general Roberto Cruz, chefe do Estado-Maior de Calles, era o
encarregado da Acta. Ele acreditou no relato de Segura sobre a trama e
nã o sentiu que os irmã os Pro estivessem implicados. Alé m da falta de
evidê ncias contra eles, havia també m o fator da popularidade dos
irmã os Pro. Cruz disse a seu advogado que queria sair da conexã o Pro e
que queria entregar o caso aos tribunais.
Calles, no entanto, nã o se deixaria enganar por suas vı́timas
preferidas. Apesar do só lido á libi de Miguel para a tentativa de
assassinato do general Obregó n, ele era culpado, aos olhos de Calles, de
um crime ainda pior: ele era um padre cató lico. Portanto, o general Cruz
recebeu ordens de mandar matar os prisioneiros.
Embora nenhum dos processos legais tenha sido concluı́do, Cruz
nã o queria desa iar Calles. Em 22 de novembro, Cruz disse a seu
advogado que havia recebido ordens de mandar matar os presos da
polı́ciaestaçã o e que Calles queria que o evento fosse um "grande
show". Calles instruiu Cruz a convidar representantes de todas as
secretarias de governo, imprensa e fotó grafos.
Pouco depois da meia-noite, o general Cruz foi para a prisã o na
companhia de vá rios outros policiais militares e um grupo de
fotó grafos. Um a um, os prisioneiros foram retirados de suas celas e
fotografados.
Quando eles voltaram para suas celas, pe. Pro disse a Roberto para
orar por renú ncia ao que quer que estivesse por vir. Ele disse que eles
deveriam icar felizes em sofrer algo por Jesus Cristo, e se males piores,
ou mesmo o pelotã o de fuzilamento, estivessem por vir, eles deveriam
ter orgulho de sofrer e morrer por Cristo. Ele entã o passou sua ú ltima
noite dormindo no chã o nu porque deu seu colchã o ino a um
companheiro de prisã o. Na manhã seguinte, pe. Pro disse a Roberto que
tinha o pressentimento de que algo iria acontecer naquele dia. Ele
entã o disse a Roberto para orar pela graça de Deus, que ele garantiu
que seria dada a eles.
Capítulo 14
MARTIRIO
As dez horas daquela manhã , o padre vestido com um sué ter. Pro foi
o primeiro a ser retirado das celas. Nenhum processo devido foi
concedido a ele; ele nem mesmo havia recebido um julgamento. Nem
foi informado de sua morte iminente, embora pareça que sentiu que
algo estava para acontecer.
Fr. A irmã de Pro fora informada pela empregada que mandara
entregar o desjejum dos irmã os que a prisã o estava cheia de
militares. Ela correu até lá para ver o que estava acontecendo, mas foi
deixada do lado de fora dos portõ es, que estavam fechados e
trancados. Chegou um homem com um amparo, medida cautelar contra
a execuçã o dos irmã os Pro. Mas apesar de seus gritos altos, que devem
ter sido ouvidos, ele nã o foi admitido.
Fr. Pro atravessou o complexo com passos irmes e medidos,
segurando seu pequeno cruci ixo com a mã o direita e o rosá rio com a
esquerda. O general Cruz e toda a sua equipe estavam de um lado do
pá tio; pequenos grupos de fotó grafos, repó rteres e convidados ilustres
estavam ao redor, esperando.
Um dos policiais que ajudaram a caçá -lo, Valentı́n Quintana,
caminhou até o padre ecom lá grimas nos olhos implorou ao pe. Pro
para perdoá -lo. Miguel colocou o braço em volta dos ombros do homem
trê mulo e disse: “Você nã o só tem o meu perdã o, mas també m o meu
agradecimento”.
Como ú ltimo pedido, Miguel pediu permissã o para rezar. Ele se
ajoelhou em frente à s paredes crivadas de balas e orou fervorosamente
por dois minutos. Apó s sua oraçã o, ele beijou seu cruci ixo e icou com
os braços estendidos em forma de cruz, rejeitando a venda
oferecida. Diante do pelotã o de fuzilamento, Miguel disse: “Que Deus
tenha misericó rdia de você s. Que Deus te abençoe. Senhor, tu sabes que
sou inocente. Com todo meu coraçã o, eu perdô o meus inimigos.
” Enquanto os gendarmes apontavam, em voz irme e clara proferiu as
suas ú ltimas palavras: “¡Viva Cristo Rey!” - “viva Cristo Rei!”
As armas foram disparadas; Fr. Pro conheceu seu martı́rio com
calma e heroı́smo. Mas o pelotã o de fuzilamento nã o matou o corajoso
padre. Embora mortalmente ferido, ele ainda respirava. Um dos
soldados se aproximou e disparou uma bala em sua cabeça, dando
o golpe de misericórdia.
Um a um, os outros prisioneiros foram conduzidos para a
execuçã o. Luis Segura Vilchis, de apenas 23 anos, caminhou com
irmeza e, dirigindo-se ao pelotã o de fuzilamento, disse: “Estou pronto,
senhores”. Humberto tirou uma medalha ao passar pelo corpo do
irmã o, mas permaneceu seguro. Tirado estava tã o doente de
pneumonia que tremia de febre; a polı́cia ignorou seu ú ltimo pedido,
que era para ver sua mã e. Um ú ltimo Um minuto de telefone do
ministro argentino ao Mé xico salvou a vida de Roberto Pro, que mais
tarde foi exilado nos Estados Unidos.
Os fotó grafos, que foram convidados pelos faná ticos Calles,
mantiveram as suas venezianas a clicar durante todo o processo, e por
isso temos um bom registo fotográ ico do martı́rio. No entanto, a
exibiçã o fotográ ica total de serenidade e heroı́smo logo tornou a posse
das fotos um crime.
Enquanto os corpos eram transportados de ambulâ ncia para o
necroté rio do hospital, Anna Marı́a os seguiu, cavalgando com um
deputado. Na morgue juntou-se a ela Edmundo e, pouco depois, D.
Miguel. O velho pai beijava os ilhos na testa e enxugava-lhes o rosto
com o lenço. Quando Anna Marı́a começou a chorar, seu pai a advertiu
gentilmente, dizendo: “E assim que você se comporta na presença dos
santos?”
Naquela tarde, os corpos de Miguel e Humberto jazem na casa de
um amigo. Havia lores em todos os cantos e um luxo constante de
visitantes vinha para ver os corpos e orar. O Santı́ssimo Sacramento foi
ainda exposto em cima da urna contendo os restos mortais de Miguel
Pro. Uma hora sagrada foi pregada, alguns dos enlutados foram à
con issã o e o Rosá rio foi recitado durante toda a noite.
Por volta das dez horas daquela noite, cinco ou seis policiais do
governo bateram na porta. Noprimeiro, Don Miguel pensou que eles
tinham vindo para incomodar a famı́lia, mas eles humildemente
imploraram para ver os corpos. Eles foram admitidos e se ajoelharam
diante dos caixõ es, orando respeitosamente.
Começando à s seis horas da manhã seguinte, multidõ es novamente
começaram a chegar para apresentar seus respeitos aos corpos dos
má rtires. Milhares vieram de todas as partes da cidade. Muitos
trouxeram cruci ixos e rosá rios para tocá -los nos corpos. Embora Calles
tivesse proibido qualquer demonstraçã o pú blica, o povo agiu em
desa io aberto, sabendo que nã o havia prisõ es su icientes no Mé xico
para prender todos os que desejassem prestar homenagem ao santo
padre e seu irmã o martirizado. A cidade nunca tinha visto um
comparecimento tã o grande a um funeral. Uma estimativa deu 10.000
como o nú mero de enlutados; outro deu 30.000.
A medida que as urnas dos má rtires saı́am de casa, ouviu-se o grito
espontâ neo: “¡Viva Cristo Rey!” Mais de 500 carros estavam no cortejo
fú nebre e milhares lotaram as ruas para jogar lores nos caixõ es; outros
atiravam lores das varandas de suas casas. O povo caminhou até o
Cemité rio das Dolores, rezando o Rosá rio e cantando em uma chuva de
lores. Foi um triunfo!
Esta é uma foto rara do Padre Pro em uma batina apó s seu
retorno ao Mé xico. Durante a perseguiçã o, os padres nã o
usavam roupas clericais.
Capítulo 15
FAVORES DO CEU
Na entrada do Cemité rio das Dolores, os padres presentes pediram
a honra de transportar o corpo do pe. Pro nas costas para a cripta
pertencente aos Jesuı́tas. Milhares estavam ali, acenando com as palmas
das mã os e carregando lores. Quando o caixã o foi baixado para a cripta,
uma voz na multidã o começou o hino: “Tu reinará s, ó Jesus”, e a
multidã o o recolheu. Dom Miguel prestou a ú ltima homenagem aos
corpos dos ilhos e, voltando para a famı́lia, disse: “Está consumado. Te
Deum Laudamus ('Nó s Te louvamos, ó Deus'). ” Os sacerdotes
começaram a cantar o Te Deum , e os coraçõ es e lá bios de outras
pessoas se uniram nesta cançã o triunfal de açã o de graças.
As notı́cias de pe. A morte de Pro logo se espalhou pelo
mundo. Calles queria que a execuçã o fosse um espetá culo; ele nã o
percebeu a reaçã o mundial que isso causaria. Mandou retirar as
fotogra ias que colocara em circulaçã o, mas já era tarde. O mundo
cató lico inteiro viu como ele assassinou o padre mais popular do
Mé xico.
Antes de sua morte, pe. Pro disse a um amigo: “SeEu sempre sou
pego, esteja preparado para me pedir coisas quando eu estiver no cé u.
” (Ele també m prometeu, em tom de brincadeira, alegrar todos os
santos de rosto abatido que encontrasse no cé u, apresentando uma
dança de chapé u gay mexicana.) Muitos de seus amigos e compatriotas
acreditavam que o padre. Pro responderia à s suas oraçõ es.
Relatos de favores concedidos por meio de pe. A intercessã o de Pro
começou a circular antes mesmo do funeral terminar. Uma pobre
senhora que estava cega havia seis anos e, portanto, nã o pô de deixar
sua cidade suburbana para assistir ao funeral, foi persuadida por um
amigo a perguntar ao padre. Ajuda do pro issional. Assim que ela
terminou sua oraçã o, ela se levantou cheia de alegria, declarando que
ela podia ver. A amiga, incapaz de acreditar que a oraçã o da mulher
pudesse ter sido respondida tã o rapidamente, pediu-lhe que lesse um
jornal em voz alta - o que ela fez sem di iculdade. A mulher e sua amiga
relataram a cura a um padre, que foi imediatamente à Cidade do Mé xico
e informou a famı́lia Pro - na pró pria presença dos caixõ es dos má rtires.
No inı́cio daquele mê s, uma mulher que estava em di iculdades
inanceiras entregou alguns papé is para o padre. Pro, que prometeu
ajudá -la com conselhos. Depois de ler sobre o padre. Com a morte de
Pro nos jornais, ela procurou seu advogado para explicar que seu
orientador havia sido baleado. O atô nito advogado mostrou-lhe entã o
alguns papé is que o pe. Pro foi entregue no escritó rio apenas alguns
minutos antes!
Em nove meses, outros favores incrı́veis foram relatado. Uma freira
Clara Pobre foi libertada das dores causadas por graves ferimentos
internos apó s aplicar uma relı́quia de pe. Pró ; ela foi capaz de reunir-se
à sua comunidade com saú de perfeita. Os tumores de mama de uma
jovem desapareceram apó s pedir a ajuda do má rtir. Uma trabalhadora
na Espanha pediu sua intercessã o pela mã o dela, que seria
parcialmente amputada; ela foi curada sem a operaçã o prescrita.
Movida por uma onda de devoçã o espontâ nea, em 1934 Roma
autorizou um exame sobre uma possı́vel Causa para pe. Beati icaçã o de
Pro. O renome do má rtir foi o icialmente reconhecido pela Igreja
quando em 1952 o Papa Pio XII assinou o decreto introduzindo a Causa.
Nesse mesmo ano, o 25º aniversá rio do padre. A morte de Pro foi
celebrada no Mé xico com missas e com a inauguraçã o de um novo
monumento em sua homenagem no cemité rio. Uma placa
comemorativa do seu martı́rio foi colocada no Edifı́cio da Loteria
Nacional, hoje localizado no local da Inspeção onde pe. Pro morreu. A
placa diz: “Na calçada em frente, em uma linha perpendicular ao inal
da escada, morreu RP Miguel Agustı́n Pro, SJ, baleado em 23 de
novembro de 1927. RIP”
Pouco antes de pe. Apó s a beati icaçã o de Pro, seus restos mortais
foram transladados do cemité rio de Dolores para a Igreja da Sagrada
Famı́lia em Colonia Roma, um subú rbio da Cidade do Mé xico. Aqui,
visitantes de todas as partes do mundo vê m orar diante do tú mulo
dosanto má rtir. A inscriçã o sobre a capela diz: “Nesta capela é venerado
o pe. Mexicano. Miguel Augustı́n Pro, SJ, 1927, modelo de felicidade e
cumprimento do dever ”.
Miguel Agustı́n Pro Juá rez foi beati icado em Roma pelo Papa Joã o
Paulo II em 25 de setembro de 1988.
També m nó s podemos apelar a este santo má rtir, que com o seu
coraçã o amoroso, generoso e sacerdotal deu a sua vida em defesa da Fé
Cató lica, e que proclamou com a sua vida, assim como com a sua morte,
o reinado de Cristo Rei. .
Apêndice 1
ORAÇOES
Novena ao Beato Miguel Pro
(Escrito por Lawrence Le Leux; editado por Margaret Hotze.)
E
PAI TERNO, Vó s levantastes o vosso servo heró ico, o beato Miguel Pro,
como testemunha do vosso grande amor e misericó rdia para com os
homens. Ele foi iel até a morte. Ao enfrentar os seus algozes, ele os
perdoou, depois, estendendo os braços no Sinal da Cruz e da nossa Fé ,
morreu proclamando o nome de Teu Santo Filho.
Deixe sua idelidade e coragem brilhar diante de nó s como um
exemplo de fé verdadeira nestes tempos especiais. Que o seu amor a
Teu Filho Jesus e à nossa Bem-aventurada Mã e Maria seja o nosso guia
de santidade na nossa vida quotidiana; e concede-nos, ó Senhor, por
intercessã o do vosso má rtir padre, Miguel Pro, as graças que agora
pedimos (cita a vossa petição ou petições) .
Pedimos isso por meio de Seu Filho, Jesus Cristo, que vive e reina
com Você e o Espı́rito Santo como um Deus vivo e verdadeiro. Um
homem.
Imprimatur: W Enrique San Pedro, SJ Bispo de Brownsville, 25
de janeiro de 1992
B
MENOS MIGUEL, antes de sua morte você disse a seu amigo para lhe
pedir favores quando você estivesse no cé u. Rogo-lhe que interceda por
mim e, em uniã o com Nossa Senhora e todos os Anjos e Santos, peça a
Nosso Senhor que atenda o meu pedido, desde que seja da Vontade de
Deus. (Aqui, nomeie a solicitação.)
Nas contas brancas, que simbolizam Bl. Pureza de Miguel Pro:
Honramos e adoramos o Deus triú no.
Glória ao Pai ...
Pedimos orientaçã o ao Espı́rito Santo.
Venha, Espírito Santo!
Oramos como Jesus nos ensinou a orar.
Nosso pai …
Veneramos com amor a Virgem Maria.
Ave Maria…
Todos você s, anjos,
abençoe o Senhor para sempre.
Sã o José , Sã o (nome do seu padroeiro) e todos os Santos,
Ore por nós.
Nas contas vermelhas, que simbolizam Bl. O martírio de Miguel Pro:
Bem-aventurado Miguel, jovem animado,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, amado ilho e irmã o,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, paciente novato,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Beato Miguel, exilado da tua pá tria,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, religioso orante,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, doente e sofredor,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, defensor dos trabalhadores,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, corajoso sacerdote escondido,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, prisioneiro de cá rcere,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, perdoador dos perseguidores,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Bem-aventurado Miguel, santo má rtir,
Ore por nós. Viva Cristo Rey!
Imprimatur: W Joseph A. Fiorenza Bispo de Galveston-
Houston, 23 de agosto de 1995
O
DEUS nosso Pai, que concedeu a Teu ilho Miguel Agustı́n, na sua vida e
no seu martı́rio, buscar com entusiasmo a Tua maior gló ria e a sua
pró pria salvaçã o, permite-nos seguir o seu exemplo no Teu serviço e
honrá -lo no cumprimento do nosso quotidiano deveres com idelidade
e alegria em ajudar o pró ximo. Pedimos que, se for a Vossa Vontade,
possamos em breve homenagear o Beato Miguel como um novo santo
da Igreja. Por Cristo Nosso Senhor. Um homem.
Apêndice 3
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
Azuela, Rev. Fernando, SJ El Padre Pro: Martir de Cristo Rey, Martir de
los Derechos Humanos. Mé xico, 1988.
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Parsons, Wilfrid, SJ Mexican Martyrdom. Nova York: Macmillan,
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Quintiliani, Patricia S. My Treasury of Chaplets. Worcester, MA:
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1956.
Royer, Fanchó n. Padre Pro. Nova York: PJ Kenedy & Sons, 1954.
____ Sanguis Martyrum Sêmen; Galeria de Martires Mexicanos,
Narraciones Verídicas. San Antonio: Imprenta Universal, sem data.
Vá rios materiais do tipo pan leto da Causa.
SOBRE O AUTOR
Ann Ball, ex-professora e proprietá ria de uma irma de contrataçã o
de segurança privada em Houston, Texas, é autora de mais de 20 livros
sobre a vida dos santos e a histó ria e os costumes da fé cató lica. Ela
estudou jornalismo na Universidade do Texas em Austin, e acabou
ganhando o diploma de bacharel em educaçã o pela Universidade de
Houston. Uma notá vel empresá ria e mulher de negó cios, seu hobby
favorito era escrever. Ela escreveu poesia para seus amigos e familiares,
editou um jornal de segurança estadual e escreveu artigos e
reportagens para a imprensa cató lica. Entre seus livros mais vendidos
estã o o conjunto de dois volumes, Modern Saints: Their Lives and
Faces, e Beato Miguel Pro: Twentieth Century Mexican Martyr.
Ann Ball faleceu em Houston, TX, em 8 de junho de 2008, aos 64
anos. Ela deixou seus trê s ilhos, uma nora e quatro netos.