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Capa
Metade da pá gina de tı́tulo
Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Epı́grafe
O autor
Conteú do
St Maximilian Img
Introduçã o
1. A Famı́lia Kolbe
2. As Duas Coroas
3. Seminá rio menor
4. Estudos em Roma
5. A Milı́cia de Maria Imaculada
6. Con ie em Deus e em Nossa Senhora
7. O Editor do Cavaleiro da Imaculada
8. Editor e revisã o mudam para Grodno
9. Niepokalanow: A Cidade da Imaculada
10. Japã o
11. O Orfanato
12. India
13. Retorne para Niepokalanow
14. A Primeira Detençã o
15. Segunda Detençã o
16. Auschwitz
17. A Casa da Morte
18. Epı́logo
Contracapa
Uma coleçã o de obras de arte clá ssicas
Breve Vida de Cristo
Capa
Metade da pá gina de tı́tulo
Mapa
Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Conteú do
Introdutó rio
A con iguraçã o
Nascimento de jesus
Infâ ncia em Nazaré
John The Bapist
Jesus começa seu ministé rio
Jornada à Galilé ia
O Reino e os Apó stolos
Manifestaçõ es do Poder Divino
Falando em pará bolas
Aumentando a popularidade
Morte de Joã o Batista
Milagres dos pã es
O pã o da vida
Peter the Rock
Treinamento dos Doze
Visita a Jerusalé m
Choque com os fariseus
Ministé rio da Judé ia
A Declaraçã o Suprema
Ressurreiçã o de Lá zaro
Ultimos Dias Missioná rios
Banquete em Betâ nia
Domingo de Ramos
Segunda Limpeza do Templo
Dia de perguntas
Judas o Traidor
A ú ltima Ceia
Prisã o e Julgamento
Morte no Calvá rio
Ressuscitado e ainda vivendo
Sã o Benedito
Tan Classics
Torne-se um Missioná rio Tan!
Compartilhe a fé com livros Tan!
Livros Tan
a Niepokalanow
Detençã o
tençã o
orte
jesus
zaré
t
eu ministé rio
eia
ó stolos
do Poder Divino
á bolas
popularidade
Batista
aes
os Doze
é m
fariseus
udé ia
uprema
e Lá zaro
issioná rios
etâ nia
mos
za do Templo
as
ento
rio
ainda vivendo
Sã o Maximiliano Maria Kolbe fundou os Cavaleiros da Imaculada para
conquistar todas as almas para Cristo por meio de Maria
Imaculada. Esta foto o mostra como um jovem padre em 1919.
INTRODUÇAO
NENHUM outro nome pode ser inscrito na lista dos grandes apó stolos
de Nossa Senhora. Lado a lado com ilustres devotos da Santı́ssima Mã e
como Sã o Bernardo, Duns Scotus, Sã o Luı́s Grignion De Montfort e
Ven. William Chaminade é també m Sã o Maximiliano Kolbe, um Frade
Menor Conventual. Sua contribuiçã o distinta para a difusã o da gló ria de
Maria é caracterizada por um tı́tulo que ele deu a uma de suas
publicaçõ es: O Cavaleiro da Imaculada . Neste tı́tulo é
maravilhosamente sintetizado o trabalho de sua vida, bem como seu
ideal.
Em suas realizaçõ es reais, ele espalhou a gló ria de Maria Imaculada
com uma cavalaria digna dos mais ardentes dos cavaleiros
medievais. Ele tinha uma “ideia ixa”: mostrar a todos os homens em
todos os lugares como amar a Imaculada sem limites. Para realizar esse
ideal, nenhum sacrifı́cio era muito difı́cil: trabalho á rduo, noites sem
dormir, incompreensã o, perseguiçã o e até a pró pria morte.
Num dos seus escritos, Sã o Maximiliano deixou-nos uma nota
biográ ica em que diz: “Eu era ainda um menino quando me prometi a
ir a campo pela Virgem, sem saber entã o como faria isso ou o que
braços que eu usaria. ” Isso aconteceu quando ele tinha treze ou
quatorze anos. Quando ele morreu em 1941 na vigı́lia da Assunçã o em
um campo de concentraçã o em Oswiecim — Auschwitz — ele podia
olhar para trá s em sua vida com satisfaçã o e perceber que havia
cumprido essa promessa tã o ielmente quanto possı́vel. Sua pró pria
morte foi um martı́rio, nã o no sentido usual da palavra, mas um
martı́rio de caridade. Seguindo o exemplo de Cristo, ele deu a sua vida
pelo pró ximo: “Amor maior do que este que ningué m tem, de que
algué m dê a sua vida pelos seus amigos.” ( João 15:13).
Em seus quarenta e sete anos de vida, Sã o Maximiliano Kolbe
fundou duas cidades que dedicou à Senhora de seu amor, a
Imaculada. Seguindo seu exemplo contagiante, centenas de jovens
dedicaram suas vidas ao Divino Filho de Maria na pobreza, castidade e
obediê ncia. Ele espalhou a gló ria da Imaculada nã o apenas entre as
almas consagradas a Deus, mas també m nos coraçõ es de milhõ es de
leigos, estabelecendo sua Milı́cia de Maria Imaculada. Ele escreveu
sobre ela em seus inú meros jornais e crı́ticas. Ele pregou sobre ela na
Europa e na Asia. Acima de tudo, ele deu ardentemente apenas o que
ele mesmo sentia. Ele era o Cavaleiro da Imaculada.
Aqui está sua histó ria, a histó ria de uma igura mansa e
insigni icante em meio aos gigantes de nossa geraçã o, a histó ria de uma
vı́tima crô nica de tuberculose, a histó ria de um par de mã os vazias
segurando ambiçõ es ilimitadas, de uma curta vida marcada por feitos
incrı́veis e culminou com uma morte heró ica no mais horrı́vel de todos
os campos de concentraçã o nazistas.
Capı́tulo 1
A FAMILIA KOLBE
8 ANUARIO DE 1894, era o aniversá rio de Raymond Kolbe, o futuro
franciscano que seria conhecido mundialmente como Sã o Maximiliano
Kolbe. Havia quatro outros meninos na famı́lia Kolbe, dois dos quais
morreram cedo. Os outros dois eram Francis, mais velho que Raymond,
e Joseph, o mais jovem da famı́lia, que, como padre Alphonse, tornou-se
companheiro e colega de trabalho constante do padre Maximilian.
Na é poca do nascimento de Raymond, a famı́lia morava em Zdunska
Wola, uma pequena vila perto de Lodz, na Polô nia. Pouco depois disso,
Julius Kolbe, o pai, tecelã o de pro issã o, mudou-se com a famı́lia para
Pabianice em busca de melhores condiçõ es de vida. No entanto, o
negó cio de tecelagem nã o prosperou melhor lá , entã o os Kolbes
abriram uma delicatessen, que em sua maior parte era administrada
pela Sra. Kolbe e seus ilhos.
Tanto o Sr. quanto a Sra. Kolbe eram pessoas profundamente
religiosas. Na verdade, a Sra. Kolbe, nascida Maria Dombrowska, como
uma menina, vá rios anos antes de seu casamento, pretendia se tornar
freira. Na verdade, depois que os ilhos estavam bem sozinhos, a mã e e
o pai izeram uma peregrinaçã o ao famoso santuá rio polonê s em
Czestochowa e lá , por mú tuo acordo, izeram um voto de castidade aos
pé s da está tua da Imaculada. Foi, entretanto, somente apó s a Primeira
Guerra Mundial que a Sra. Kolbe pô de ver claramente seu caminho para
se tornar parte de uma congregaçã o religiosa de irmã s. Até sua morte
em março de 1946, ela ainda podia ser vista implorando por sua
comunidade nas ruas e nos escritó rios e o icinas de Cracó via. O Sr.
Kolbe foi viver com a Ordem Franciscana dos Frades Menores
Conventuais, provavelmente tornando-se oblato secular. Mas ele partiu
para a Primeira Guerra Mundial e parece que foi executado por engano
como um traidor em 1917 ou 1918.
Capı́tulo 2
AS DUAS COROAS
Os dias de infâ ncia de AYMOND nã o eram muito diferentes dos de
qualquer jovem polonê s normal. Ele era um menino animado, de
raciocı́nio rá pido e apenas um pouco teimoso. Mas sua mã e certa vez
disse que, de todos os ilhos, Raymond era o mais obediente, humilde e
submisso a ela e ao pai. Quando o Sr. Kolbe saiu para trabalhar, ela
disse, foi Raymond quem se tornou seu pequeno faz-tudo, ajudando na
cozinha, na limpeza e nas muitas tarefas da casa. Esse ilho dela, contou
ela, se distinguia de seus dois irmã os até na maneira como aceitava
puniçã o por alguma ofensa menor. Por sua pró pria vontade, ele trazia o
chicote e se curvava sobre a cadeira sem hesitar; entã o, depois de ser
castigado, agradecia aos pais e colocava o chicote de volta no lugar.
Evidentemente, o rapaz costumava tentar a paciê ncia da mã e com
suas travessuras de menino. Em uma ocasiã o, ele a irritou tanto que ela
gritou em um acesso de excitaçã o: "Nã o sei o que será de você !"
Depois desse incidente, houve uma mudança perceptı́vel em todo o
comportamento de Raymond. Ele parecia muito diferente e até
misterioso à s vezes. Mã e Kolbe começou a se surpreender com essa
transformaçã o repentina. Ela també m notou que muito freqü entemente
depois disso ele escapava para a sala em que os Kolbes haviam erguido
um altar de Nossa Senhora, e ali ele orava por longos
perı́odos. Freqü entemente, ela observava que, quando ele voltava
daquela sala, seus olhos estavam vermelhos de lá grimas.
Sua mã e icou intrigada com isso. Ela conteve sua curiosidade por
algum tempo, até que inalmente teve que fazer a pergunta diretamente
a ele: “Veja aqui, Raymond, o que há de errado com você ? Por que você
chora como uma menina? " O menino abaixou a cabeça e
de initivamente indicou que nã o desejava responder a essa pergunta. A
Sra. Kolbe nã o era mã e para se desanimar tã o facilmente. Ela
pressionou o assunto:
“Minha ilha”, ela continuou sabiamente, “você deve contar tudo à
sua mã e; nã o seja desobediente. ”
O menino confessou sinceramente que nã o pretendia ser
desobediente. Em lá grimas e quase trê mulo, ele disse à mã e: “Mamã e,
quando você me disse: 'Raymond, nã o sei o que será de você ', iquei
muito chateado e fui perguntar ao Santı́ssima Virgem, exatamente o que
eu iria me tornar. Mais tarde, na igreja, perguntei a ela mais uma
vez. Entã o ela apareceu para mim segurando duas coroas, uma branca e
uma vermelha. Ela me olhou com ternura e perguntou qual eu
escolheria; o branco signi icava que eu sempre seria puro, e o vermelho
que eu morreria um má rtir. Entã o eu respondi à Santı́ssima Virgem: 'Eu
escolho os dois!' Ela sorriu e desapareceu. ”
Acima: Sra. Kolbe - uma mulher simples e devota que ensinou seus
ilhos a amar Maria Imaculada ainda mais do que eles a amavam. Esta
foto foi tirada em 1941.
Acima: Jovem Raymond Kolbe em 1907.
Mã e e ilho se entreolharam. Houve um momento de silê ncio. Entã o
o menino passou a explicar ingenuamente que depois disso, quando ele
foi à igreja com ela e seu pai, parecia-lhe que ele nã o ia com eles, mas
sim com a Santı́ssima Virgem e Sã o José !
Na verdade, sua mã e icou impressionada. Ela també m nã o hesitou
em acreditar no menino. Anos depois, quando contou essa histó ria,
acrescentou que a mudança radical nele era prova su iciente de que seu
ilho estava dizendo a verdade.
“Daquele dia em diante”, disse ela, “ele nã o era mais o
mesmo. Freqü entemente, com o rosto radiante, ele me falava do
martı́rio. Este era o seu grande sonho. ”
Capı́tulo 3
Capı́tulo 4
ESTUDOS EM ROMA
No dia 11 de setembro de 1911, Frei Maximiliano pronunciou os votos
de pobreza, castidade e obediê ncia por trê s anos na Ordem dos Frades
Menores Conventuais. Um ano depois, seus superiores, reconhecendo
seu excepcional talento, decidiram mandá -lo para a Universidade
Gregoriana de Roma.
Normalmente, essa homenagem teria encantado um estudante do
seminá rio. Mas nã o Frei Maximiliano! Parece que já a essa altura sua
saú de nã o era muito boa. Se ele começou a mostrar sinais da
tuberculose que certamente teve mais tarde, nã o podemos dizer. De
qualquer forma, pediu ao seu Provincial que riscasse seu nome na lista
dos alunos selecionados para Roma, apresentando como motivo a
possibilidade de sua saú de nã o suportar o clima italiano. Esta foi sua
pró pria decisã o; isso ele sabia. Naquela mesma noite, deitado na cama,
percebeu em agonia mental que nessa decisã o colocava a sua pró pria
vontade antes de Deus, que lhe fora revelada pelo desejo do seu
Superior. “Certamente”, pensou consigo mesmo, “é melhor me jogar nas
mã os de Deus e obedecer cegamente”. Na manhã seguinte dirigiu-se ao
Provincial e colocou todo o assunto exclusivamente em suas mã os,
declarando com humildade e sinceridade que estava disposto a aceitar
tudo o que seu superior desejasse. O Provincial decidiu que ele deveria
ir a Roma, e Frei Maximiliano obedeceu sem questionar! Anos mais
tarde, relembrando esse incidente, Maximiliano fez a seguinte
pergunta: “Na verdade, o que teria acontecido se o Padre Provincial
tivesse decidido de acordo com minhas razõ es? Haveria um Cavaleiro
da Imaculada hoje? Teria existido um lugar como a Cidade da
Imaculada? Terı́amos tido a sorte de trabalhar para divulgar as gló rias
da Imaculada? Nã o é entã o a gló ria da obediê ncia cega submissã o ao
Senhor? ” Durante toda a sua vida ele mostraria esse mesmo respeito
consciencioso pela santa obediê ncia. Tornou-se sua virtude
caracterı́stica.
Roma també m provou ser nã o apenas uma escola para o progresso
intelectual, mas també m para o seu desenvolvimento espiritual. Teve a
sorte de passar seus anos em Roma sob a reitoria e direçã o de um dos
religiosos mais ilustres da Cidade Santa, o padre Stephen Ignudi, OFM
Conv. Como seminarista, Frei Maximiliano absorveu plenamente a
espiritualidade deste sacerdote verdadeiramente asceta. Esse foi um
dos contatos que o impressionou por toda a vida. No dia primeiro de
novembro de 1914, o jovem religioso pronunciou seus votos
solenes; nesta ocasiã o nã o houve hesitaçã o. Um ano depois, 22 de
outubro, aos 21 anos, doutorou-se em iloso ia pela Universidade
Gregoriana, onde se recorda que muito contribuiu para projetos
cientı́ icos. No decorrer dos anos seguintes em Roma, foi ordenado
subdiá cono em 1916, sacerdote em 1918 e, em 29 de abril de 1918,
rezou sua primeira missa. Um ano depois, em julho de 1919, o Pe.
Maximiliano recebeu seu doutorado. Doutor em teologia no
International Seraphic College de sua Ordem.
Esta é , em resumo, a histó ria da estada do Padre Maximiliano em
Roma. Sua vida ali, considerada externamente, foi a vida de qualquer
jovem devoto que estudava para o sacerdó cio. Interiormente, poré m,
sua vida é a revelaçã o de uma alma extraordiná ria. Durante esses anos,
ele desenvolveu plenamente a determinaçã o de fazer a vontade de Deus
em todas as suas açõ es e de trazer todas as almas a Cristo por meio da
Imaculada. Tampouco pretendia que sua relaçã o com Cristo e Sua
Santı́ssima Mã e fosse apenas de palavras. Acima de tudo, ele era um
homem de açã o. Toda a sua vida seria prova disso. Posteriormente, em
seus escritos, ele revelou como nessa é poca fez um acordo com Santa
Teresinha a Florzinha, que ainda nã o havia sido canonizada: “Rezarei
para que sejas elevada à gló ria dos altares, mas no condiçã o de que
você se encarregará de todas as minhas futuras conquistas. ” E quantas
foram essas conquistas!
Ele nã o hesitou por um momento ou se assustou quando se tratava
de glori icar a Deus. Nenhum obstá culo foi desanimador o su iciente
para detê -lo. Um de seus amigos mais pró ximos em Roma, o padre Pal,
relatou que o padre Maximilian à s vezes se precipitava numa discussã o
com os oradores de rua anticristã os nas praças pú blicas. No decorrer
de uma dessas discussõ es, um pseudo-intelectual icou furioso com a
maneira como esse religioso de aparê ncia infantil o estava empurrando
contra a parede. Ele pensou que iria assustar Maximiliano ao gritar:
"Filho, eu sou um doutor em iloso ia!" Ele foi imediatamente
respondido: "Eu també m sou." O senhor olhou para o jovem religioso
com espanto e rapidamente começou a mudar de tom. Entã o,
pacientemente, Maximiliano respondeu aos argumentos do homem e o
deixou envergonhado e surpreso.
capı́tulo 5
Capı́tulo 6
Capı́tulo 7
O EDITOR DO
CAVALEIRO DA IMACULATA
Padre Maximilian sentiu-se melhor - embora nã o estivesse curado de
forma alguma - recebeu permissã o de seus superiores para retornar a
Cracó via. Este foi o inı́cio de uma nova era em sua vida. Ele decidiu
aumentar o nú mero de membros da Milı́cia por meio da publicaçã o de
um boletim. A ideia foi proposta aos seus superiores, que lhe deram
autorizaçã o para publicar o boletim com esta condiçã o: ele pró prio
deveria encontrar os meios para inanciar o projeto. A permissã o era
tudo que ele precisava. O resto ele faria com a ajuda da Imaculada.
Primeiro, ele decidiu implorar. Isso nã o foi nada fá cil para ele. Ele
mesmo conta como certa vez entrou em uma papelaria para pedir uma
oferta por seu trabalho ainda nã o publicado - mas com o rosto
vermelho, acabou comprando um artigo em vez de pedir a
esmola. Homem santo que era, reprovou-se por nã o ter reprimido essa
fuga instintiva da humilhaçã o pessoal. Entã o ele tentou novamente
entrando em uma segunda loja. Mas, mais uma vez, a vergonha levou a
melhor sobre ele. Ele deixou este lugar sem nem mesmo pronunciar
uma sı́laba. Pela terceira vez, ele conseguiu fazer seu pedido.
De modo geral, sua mendicâ ncia nã o foi bem-sucedida, mas o
dinheiro nã o era o ú nico problema. Padre Maximiliano, no entanto,
continuou com a publicaçã o de sua crı́tica. As di iculdades o
enfrentaram por todos os lados. Ele nã o era um escritor talentoso, mas
teve que escrever praticamente sozinho nã o apenas o primeiro nú mero,
mas també m todos os primeiros. Quando chegou a hora de pagar aos
impressores pela primeira ediçã o de O Cavaleiro da Imaculada (como
ele chamava sua crı́tica), ele nã o tinha um centavo no bolso. O pobre
padre nã o sabia para onde se virar. Infelizmente, seu superior
provincial nã o estava em melhores condiçõ es inanceiras. Sua ú nica
contribuiçã o foi uma repreensã o direta: “E aı́ que essas ideias absurdas
o levarã o. Agora você vê o que é atacar a lua com uma pá . E agora
depende de você se libertar sem comprometer o seu convento. ”
Mas aqueles que se lançam cegamente nas mã os de Deus, como fez
o Padre Maximiliano, podem esperar Sua ajuda, embora todos os outros
voltem as costas. E a Providê ncia interferiu! Em primeiro lugar, uma
oferta generosa inesperada veio do Padre Tobiasiewicz, um pá roco da
Igreja de Sã o Nicolau em Cracó via. Mas ele ainda precisava de muito
mais.
A quem poderia recorrer o padre Maximiliano? Muito
instintivamente, ele vagou até o altar da Madonna das Sete Dores na
Bası́lica de Sã o Francisco em Cracó via. Jogando-se de joelhos, ele contou
ao seu “Imaculado” a histó ria de sua angú stia. Ele orou muito e com
con iança. Quando ele estava prestes a sair, seu olho avistou um objeto
na toalha do altar. "O que poderia ser?" Ele pensou para si mesmo. Ele
foi até o altar e lá estava - um envelope. Ele o pegou e leu: “Por ti, ó Mã e
Imaculada”. Ele o abriu e encontrou nele o valor exato da dı́vida que
ainda faltava pagar aos impressores. Com alegria, ele caiu de joelhos e
agradeceu a Nossa Senhora pela ajuda. Até os Padres do Convento
foram rá pidos em respeitar o cará ter incomum desse incidente. Sem
dú vida, eles permitiram que o padre Maximilian usasse essa quantia
para pagar sua dı́vida.
Problemas inanceiros o enfrentavam constantemente. Depois que o
primeiro problema apareceu, ele nã o tinha certeza de quando o
seguinte sairia. Naquela primeira ediçã o do The Knight, ele publicou
uma nota aos leitores: “Devido à falta de fundos, nã o podemos garantir
aos leitores uma ediçã o regular do The Knight ”. Mas o padre Maximilian
trabalhava, orava e con iava.
Com o passar do tempo, o nú mero de assinantes aumentou. Uma
vez que os outros padres do convento nã o se empenharam muito neste
novo projeto, pouca ajuda poderia esperar deles. O resultado foi que,
nos primeiros dias de sua revisã o, Maximilian teve que patrocinar o
projeto praticamente sozinho. Ele nã o apenas escreveu os artigos e fez
a revisã o, mas agora tinha que dedicar muito tempo e energia aos
assuntos administrativos em rá pido crescimento.
Capı́tulo 8
Capı́tulo 9
QUANDO o editor voltou de Zakopane, icou claro para ele que Grodno
nã o era mais um local adequado para publicaçã o. Em primeiro lugar, o
incô modo considerá vel resultou da hospedagem sob o mesmo teto
religiosos dedicados ao trabalho editorial, juntamente com aqueles
obrigados à observâ ncia regular comum do convento e aos deveres de
cuidado paroquial. Entã o, a localizaçã o isolada de Grodno tornava
inconveniente a administraçã o do negó cio de manter contato com
60.000 leitores, e atrasava o transporte de suprimentos.
Por essas razõ es, o padre Maximilian achou melhor procurar um
novo local; ele encontrou exatamente o que queria a apenas vinte e seis
milhas de Varsó via. O terreno pertencia a um certo Prı́ncipe Drucki-
Lubecki, de quem o pequeno franciscano se aproximou, mas nã o antes
de colocar no terreno uma está tua de Nossa Senhora. A propriedade foi
oferecida pelo prı́ncipe em condiçõ es razoavelmente boas, mas nã o
eram agradá veis ao padre provincial. Portanto, o padre Maximiliano
teve de voltar ao prı́ncipe e dizer-lhe que o acordo nã o poderia ser
fechado. Inocentemente, o Prı́ncipe perguntou: “O que devo fazer com
essa está tua?”
“Deixe onde está ”, respondeu o padre. O Prı́ncipe pensou um pouco
e disse: “Leve a terra com ela! Estou dando a você por nada. ”
Em outubro de 1927, o padre Maximilian e alguns dos irmã os
chegaram ao local de seu futuro convento. Alojamentos primitivos e
uma modesta capela foram construı́dos primeiro. A vida naqueles
primeiros dias de outubro nã o foi nada fá cil. A terra estava coberta de
neve. Freqü entemente, era necessá rio que os Irmã os dormissem sem
um teto sobre suas cabeças. Os pequenos pré dios que estavam sendo
erguidos apressadamente permaneceram sem aquecimento. As pessoas
da aldeia vizinha tiveram pena dos franciscanos e trouxeram-lhes
comida e até utensı́lios de cozinha. Troncos serviam adequadamente
como mesas; o chã o tomou o lugar de bancos.
Padre Maximilian trabalhou e viveu como o resto, apesar de seu
recente retorno do sanató rio. Os esforços do irmã o mostraram
resultados. Em 21 de novembro, o local estava pronto para abrigar
todas as má quinas e o restante dos Irmã os. O novo local foi
naturalmente dedicado a Nossa Senhora - em 7 de dezembro de 1927,
vé spera da grande festa da Imaculada Conceiçã o. Chamava-se
Niepokalanow *, que signi ica "Cidade da Imaculada" em polonê s.
A nova cidade cresceu em proporçõ es considerá veis. Os primeiros
edifı́cios, apó s os dormitó rios e a capela, foram os necessá rios para a
impressã o de O Cavaleiro . Em 1929, foi construı́do um colé gio para os
aspirantes à Ordem; em seguida, um pré dio para novatos; e um para os
membros professos. No devido tempo, havia um hospital com cem
leitos, uma usina elé trica e um corpo de bombeiros operado pelos
Irmã os - tudo isso em 1932. Uma estaçã o de rá dio foi erguida em 1938
e um aeroporto no ano seguinte!
A medida que a cidade crescia, també m crescia a comunidade
religiosa. Entre os primeiros frades de Niepokalanow, havia dois
padres, padres Maximilian e Alphonse, e 17 irmã os leigos. Em maio de
1933, seu nú mero chegou a 364; em 1934, 500. Em 1938 havia 762
franciscanos conventuais ali; 13 deles eram padres, 140 escolá sticos e
609 irmã os leigos - todos especialistas em suas pró prias
á reas. Niepokalanow era a maior comunidade religiosa do mundo.
A circulaçã o aumentou com o nú mero de edifı́cios e religiosos. As
5.000 có pias de O Cavaleiro da Imaculada lançadas em 1922 em
Cracó via e as 60.000 có pias impressas em Grodno em 1927
aumentaram rapidamente para 81.000 em Niepokalanow em
1928; 292.750 em 1930; para 800.000 em 1937; e para quase um
milhã o em 1939.
Nem foi O Cavaleiro da Imaculada a ú nica crı́tica impressa na
pequena cidade; havia nove outros. Em 1933, os Frades publicaram um
mê s para os jovens, intitulado O Pequeno Cavaleiro da Imaculada . Sua
circulaçã o atingiu 250.000. Em seguida, vieram os 40.000 exemplares
de A Crônica da Milícia da Imaculada, que apareceu a cada mê s desde
1935 para a direçã o dos membros da Milı́cia de Maria
Imaculada. També m em 1935, foi publicado um jornal diá rio
chamado The Little Journal . A ediçã o da semana circulou 150.000
exemplares diariamente; enquanto eles venderam 200.000 có pias da
ediçã o de domingo. Em 1937 apareceu uma ediçã o de O Cavaleiro da
Imaculada para crianças, totalizando 35.000 exemplares por
mê s. Depois, havia uma publicaçã o trimestral em latim para
padres, Miles Immaculatae . Quando esses franciscanos mais tarde
estabeleceram a Cidade da Imaculada no Japã o, apareceu o Boletim
Missionário do Jardim da Imaculada , uma publicaçã o trimestral sobre a
atividade missioná ria no Japã o. Para informaçõ es sobre Niepokalanow
dirigidas aos pró prios Irmã os, havia um jornal semanal chamado The
Echo of Niepokalanow , e para as escolas, um perió dico
ilustrado, Sporting Journal .
Simultaneamente a essas publicaçõ es, os Irmã os assumiram outros
“biscates”. Eles imprimiram livros, pan letos, folhas de propaganda -
nã o apenas em polonê s, mas em muitas outras lı́nguas, até mesmo o
á rabe. Pequenas está tuas de Nossa Senhora foram feitas ali e enviadas a
todas as partes do mundo, junto com a á gua de Lourdes e outros
objetos de devoçã o a Nossa Senhora. Os professores e alunos faziam
pesquisas teoló gicas em mariologia. Os Irmã os foram designados para
as vá rias atividades necessá rias: enfermeiras, mé dicos, dentistas,
jardineiros, alfaiates, carpinteiros, sapateiros, ferreiros, mecâ nicos,
bombeiros - o que fosse necessá rio para servir a uma comunidade
independente.
Di icilmente se pode imaginar o turbilhã o de atividades que
constantemente ocorria nesta "Cidade da Imaculada". E tudo isso foi
posto em açã o por um religioso despretensioso que sofria de
tuberculose!
Suas cartas, sermõ es e outros escritos estã o impregnados da ideia
de usar todas as atividades apenas para promover a gló ria de Deus e a
santi icaçã o pessoal. Por mais mecâ nicos que fossem os meios, fossem a
imprensa, ilmes, rá dio, aviõ es, era sua intençã o santi icar essas coisas e
usá -las para o bem. Ele estava totalmente convencido de que todas as
invençõ es modernas deveriam ser exploradas para a causa de Deus.
Mesmo quando era estudante em Roma, ele tinha essa atitude. Um
amigo, o padre Pignalberi, lembrou que, certo dia, durante uma
caminhada, ele e o padre Maximilian discutiram sem parar pela
necessidade de aproveitar o potencial de bem inerente ao
cinema. Padre Maximiliano estava convencido de que devemos acordar
e lutar pelo acampamento contra os inimigos das almas. Na mesma
linha, ele respondeu a um cô nego visitando Niepokalanow, que, ao ver a
agitaçã o das prensas, comentou: “Se Sã o Francisco vivesse hoje, o que
ele diria a todo esse maquiná rio tã o caro?”
“Ora”, respondeu o padre Maximiliano, “ele arregaçava as mangas do
há bito, ligava as má quinas a toda velocidade e ia trabalhar como fazem
esses bons Irmã os, nesta forma moderna de difundir a gló ria de Deus e
de Sua Imaculada Mã e."
Mas esta atividade nã o deve ser mal interpretada. Padre
Maximiliano, como seu modelo, Sã o Francisco de Assis, nã o era um
“ativista” em nenhum sentido da palavra. Certamente, esse Francisco de
Assis do sé culo XX nã o perdeu seu senso de valores em meio à atividade
e ao progresso. Com seu jeito simples e inimitá vel, resumiu seu conceito
de progresso quando um dos Irmã os lhe perguntou: “Diga-nos, Padre,
em que consiste o verdadeiro progresso de Niepokalanow?
Sua resposta nos lembra a resposta de Sã o Francisco ao Irmã o Leã o
a respeito da noçã o de verdadeira alegria. Padre Maximilian respondeu:
“Se tivé ssemos as má quinas mais recentes, se fossemos usar todos os
avanços té cnicos e todas as descobertas da ciê ncia moderna, isso ainda
nã o seria um verdadeiro progresso. Se nossas avaliaçõ es dobrassem e
até triplicassem o nú mero, isso nã o seria uma prova de verdadeiro
progresso. ”
“O que é necessá rio entã o para haver um verdadeiro progresso? Em
que consiste o verdadeiro progresso de Niepokalanow? ”
Ené rgica e eloqü ente foi sua resposta. “Nossa atividade externa e
visı́vel, seja no claustro ou fora dele, nã o constitui Niepokalanow, mas o
verdadeiro Niepokalanow está em nossas almas. Todo o resto, mesmo a
ciê ncia, é apenas secundá rio. O progresso é espiritual ou nã o
existe. Conseqü entemente, mesmo que tivé ssemos que suspender
nosso trabalho, mesmo que todos os membros da Milı́cia nos
abandonassem, mesmo que tivé ssemos que nos dispersar como as
folhas varridas pelos ventos de outono - se em nossas almas o ideal de
Niepokalanow continuasse a crescer, nó s bem poderia dizer, meus
ilhinhos, que está vamos em pleno progresso. ”
A razão de ser , a pró pria razã o para a existê ncia de Niepokalanow e
todas as suas atividades, ele sempre insistiu, era antes de tudo a
santi icaçã o pessoal e depois a santi icaçã o dos outros. Em outra
ocasiã o, ele colocou isso muito claramente: “A principal razã o de
Niepokalanow é a santi icaçã o dos Irmã os, nossa pró pria
santi icaçã o. Nunca devemos nos esquecer disso: primeiro devemos ser
nó s mesmos os santos ”. Em seguida, ele fez e respondeu a outra
pergunta: “Mas qual é o cará ter especı́ ico de Niepokalanow? Aqui está :
converter e santi icar almas sob a proteçã o e pela mediaçã o da
Imaculada. Assim, nã o basta dizer simplesmente: 'converter e santi icar
almas.' Devemos acrescentar: 'pela Imaculada.' Essas poucas palavras
mostram uma diferença especı́ ica. Todos sabem que a Virgem é a
Medianeira de todas as graças. O que nos caracteriza é a nossa pertença
absoluta à Imaculada, a razão de ser de Niepokalanow e do Cavaleiro da
Imaculada . ”
O que o Padre Maximiliano pregou como o ideal de Niepokalanow,
ele certamente colocou em prá tica. A vida religiosa era severa. Certa
vez, o Padre Provincial disse-lhe que a vida em Niepokalanow era mais
rigorosa do que em qualquer outro lugar da Ordem. A isso ele
respondeu: “Se Niepokalanow ... favorecesse a negligê ncia, ou pior
ainda, o escâ ndalo, seria melhor que Deus imediatamente enviasse fogo
do Cé u para queimar tudo.” Os candidatos a Irmã os foram
cuidadosamente treinados e selecionados. O resultado foi uma
comunidade religiosa do mais alto calibre espiritual.
Apesar de sua atividade agitada, pe. Maximiliano e seus
colaboradores gastavam, de acordo com sua regra, trê s horas e meia
por dia em oraçõ es comunitá rias e meditaçã o. Mas isto nã o foi tudo. Os
Irmã os foram ensinados a perceber que todo o seu trabalho era uma
oraçã o. Para manter esta verdade constantemente em mente, eles
deveriam falar apenas quando necessá rio durante o horá rio de trabalho
e usar como uma saudaçã o, simplesmente, "Maria". A vida deles era
estritamente uma vida de comunidade. Nã o havia distinçã o entre o
serviço do padre e do irmã o, entre o superior e o sú dito. As ú nicas
exceçõ es à vida comum eram os doentes. Eles poderiam ter refeiçõ es
especiais e todos os remé dios de que precisassem - por mais caros que
fossem. Na verdade, aqui estava a vida franciscana de acordo com os
ideais de Sã o Francisco.
Capı́tulo 10
JAPAO
Em 1930, apenas trê s anos apó s seu inı́cio, Niepokalanow estava bem
estabelecida. Padre Maximiliano começou agora a procurar novos
mundos para conquistar. Nunca foi sua intençã o limitar seu serviço à
Polô nia. Seu ideal era universal: “Conquistar o mundo inteiro - todas as
almas - para Cristo por meio da Imaculada”.
A escolha de uma nova missã o veio a ele de forma muito simples -
como todas as coisas. Um dia, enquanto andava de trem, ele começou
uma conversa com alguns estudantes japoneses. Como era seu costume,
ele ofereceu a cada um uma Medalha Milagrosa. Em troca, os alunos
deram a ele alguns pequenos elefantes de madeira, que carregavam
como "amuletos de boa sorte". Isso foi o su iciente para o padre
Maximilian. Ele nã o podia esquecer essas pobres almas sem Deus.
Um dia, sem avisar, ele se aproximou de seu Ministro provincial e
disse-lhe de seu desejo de ir ao Japã o para fundar ali uma Cidade da
Imaculada. Naturalmente, o padre provincial icou surpreso e seu
primeiro impulso foi detê -lo. Nã o era hora de o padre Maximilian
partir. Niepokalanow precisava dele. Ele foi o seu fundador, a pró pria
alma por trá s de todo o empreendimento. Esses pensamentos passaram
pela mente do Provincial, mas ele perguntou:
"Você tem algum dinheiro?"
Ele recebeu a resposta usual: “Nã o”.
"Você sabe japonê s?"
Novamente, foi “Nã o”.
"Bem, entã o, você tem algum amigo aı́, alguma ajuda?"
"Nã o, mas vou encontrá -los com a graça de Deus."
A permissã o nã o foi dada imediatamente, mas no inal o Provincial
percebeu que o Padre Maximiliano estava apenas solicitando o
desenvolvimento ló gico do que ele já havia começado.
No dia 26 de fevereiro de 1930, o Padre Maximilian, junto com
quatro Irmã os especialmente zelosos, estava pronto para partir para o
Japã o. Nã o houve despedidas tristes. Tudo foi feito muito
discretamente. Na verdade, no momento da partida, seu pró prio irmã o,
o padre Alphonse, estava dormindo em seu quarto. O padre Maximilian
entrou em seu quarto. Ele nã o iria acordar seu irmã o, que nã o estava
bem; ele simplesmente o beijou de leve na testa e disse baixinho:
“Durma, meu irmã o, durma. Nunca o sono foi mais merecido a serviço
da Imaculada! Adeus ... Quem sabe se nos veremos de novo ...! ” Eles
nunca mais se encontraram na terra. O Padre Maximiliano amava o
irmã o, mas pelo amor da Imaculada e das almas conseguia desligar-se
dos seus sentimentos. Mesmo sua mã e nã o recebeu uma despedida
pessoal. Nessa é poca, ela estava com as Irmã s em Cracó via. Foi só
quando o Padre Maximilian estava no Japã o que ele escreveu: “Você me
perdoa, mã e, por nã o ter te visitado antes de partir em minha viagem,
mas entã o eu deveria ter atrasado, e você sabe que as missõ es sã o uma
questã o de extrema importâ ncia. ”
Quando o pequeno grupo deixou Niepokalanow, eles desceram
primeiro para visitar Roma. Na Cidade Eterna, receberam a Bê nçã o
Apostó lica de Sua Santidade Pio XI e a Bê nçã o Será ica do Ministro
Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais. Os cinco
missioná rios foram convidados no Seraphic College de Roma. Quando
chegaram, o Padre Maximiliano, em estrita obediê ncia à s regras da
Ordem, entregou o seu dinheiro ao Reitor. Este ú ltimo disse-lhe que
poderia retê -lo, visto que nã o permaneceria muito tempo em
Roma. Mas nã o - ele o colocou em uma cadeira ao sair da sala. Sua
devoçã o à sagrada pobreza exigia isso, e isso ele faria.
Padre Maximiliano sempre teve um amor vivo e consciente pela
pobreza. Mesmo quando estava construindo os aposentos em
Niepokalanow, ele comentou sobre a simplicidade dos planos: “Nossas
casas deveriam ser tã o pobres que, se nosso Pai, Santo Francisco,
voltasse, ele as escolheria como suas moradias.” A esse respeito, ele
acreditava que o dinheiro necessá rio para a construçã o de casas mais
confortá veis deveria ser usado para a santi icaçã o de almas. Sua
pobreza pessoal era igualmente rigorosa. Toda a sua atitude para com
as coisas materiais re letia sua con iança absoluta na Providê ncia e na
Imaculada. Na verdade, quando os missioná rios partiram de Roma para
o Japã o, eles tinham apenas suas passagens e cinquenta dó lares.
A caminho de Marselha, de onde embarcariam na primeira semana
de março de 1930, o padre Maximiliano e seus companheiros izeram
escala em Lisieux, cemité rio de Santa Teresinha, e també m em
Lourdes. Era-lhe natural que se mostrasse ansioso por estas visitas:
Lisieux consagrava o corpo da Santa a quem con iara todas as suas
conquistas; Lourdes era um santuá rio caro ao coraçã o daquele por
quem ele fez essas conquistas.
Quando navegaram de Marselha, os franciscanos realmente nã o
tinham um destino ixo em mente. Eles sabiam que queriam trabalhar
no Oriente, de preferê ncia no Japã o. Isso é tudo. O resto eles deixaram
para a Santı́ssima Virgem. Eles izeram escalas em Port Said, Saigon,
Hong Kong e Xangai. Neste ú ltimo lugar, o Padre Maximiliano visualizou
muitas possibilidades para uma Cidade da Imaculada. Tinha bons
portos, ferrovias e comunicaçõ es gerais. Problemas de jurisdiçã o, no
entanto, tornariam isso impossı́vel.
As vá rias comunidades religiosas já haviam sido designadas a certas
seçõ es para suas respectivas atividades missioná rias. O trecho
destinado aos conventuais franciscanos estava mal localizado para
servir de cidade da Imaculada. Estava nas montanhas e sem todas as
comunicaçõ es. O Vigá rio Apostó lico deu permissã o ao Padre
Maximiliano para estabelecer um escritó rio administrativo na cidade
propriamente dita, mas suas mã os estavam virtualmente atadas contra
lhe permitir instalar ali as prensas e construir um convento. Esse
problema foi lamentá vel para os missioná rios franciscanos, pois
durante sua curta estada em Xangai, um rico chinê s se ofereceu para
colocar à sua disposiçã o toda a sua casa. Outros chineses nativos se
ofereceram para traduzir artigos para o chinê s para ele e até mesmo
para contribuir com as despesas. Mas os regulamentos jurisdicionais
teriam proibido o Padre Maximiliano de realizar seu propó sito
principal - o estabelecimento de uma “Cidade da Imaculada”. Portanto,
em 22 de abril, os Irmã os estavam a caminho do Japã o.
O pequeno grupo desembarcou em Tó quio, onde visitaram o
Delegado Apostó lico. O Padre Maximilian expô s seus planos a este
representante da Santa Sé . A ideia de começar uma Cidade da
Imaculada no Japã o atraiu fortemente o Delegado Apostó lico. Foi ele
quem sugeriu que o melhor local para o seu propó sito seria em
Nagasaki, especialmente porque o bispo era um japonê s, que poderia
ajudar nas di iculdades linguı́sticas.
Assim, os cinco missioná rios partiram para Nagasaki. Na chegada,
eles foram direto para a catedral. Enquanto caminhavam pelo pá tio, o
padre Maximilian notou uma está tua de Nossa Senhora. Ele considerou
isso um sinal de sucesso. Ela estava lá para recebê -lo! Felizmente, o
bispo conhecia a comunidade franciscana desde seus tempos de
estudante em Roma. Alé m disso, ele havia sido hospitaleiro recebido
como um convidado em seu convento em Assis. Foi como encontrar
velhos amigos. O padre Maximiliano explicou seus planos ao bispo de
maneira direta e simples. Todo o projeto agradou ao bispo, mas em
troca ele tinha um favor a pedir a este franciscano que tinha doutorado
em teologia e iloso ia. Se o Padre Maximiliano prometesse ser
professor em seu seminá rio, daria ao grupo permissã o para se
estabelecer em sua diocese. Foi rapidamente acertado.
Os Frades voltaram a trabalhar. Um pedaço de terreno foi alugado
nos subú rbios de Nagasaki, e eles construı́ram uma pequena casa de
madeira. Depois de alguns dias, um cató lico rico ofereceu a ajuda
inanceira necessá ria para comprar e instalar uma grá ica japonesa
totalmente equipada. Assim foi iniciado Mugenzai No Sono - “O Jardim
da Imaculada”.
O ORFANATO
S como resultado do bombardeio atô mico em 1945, os arredores de
Nagasaki fervilhavam de crianças ó rfã s. Eles podiam ser vistos em
qualquer dia caminhando sem rumo, procurando abrigo e implorando
por comida. Os Irmã os de Mugenzai No Sono foram rá pidos em estender
os braços em um abraço de amor. Eles abriram as portas para essas
pobres crianças. Pelo menos sessenta deles estavam alojados no Jardim
da Imaculada. Mas nã o foi o su iciente, entã o foi construı́do um
orfanato, que daria um lar para mil crianças.
A alma deste novo empreendimento, este novo campo no qual
conquistar almas para a Imaculada, foi o Irmã o Zeno, um dos primeiros
cinco missioná rios que abriram O Jardim da Imaculada em 1930. Foi ele
quem levou adiante o espı́rito do Pai Maximilian no Japã o. Mesmo
sendo um homem idoso nessa é poca, os ó rfã os passaram a amá -lo
como um pai. Depois, enquanto caminhava pelas ruas de Nagasaki,
japoneses, cristã os e pagã os o apontaram como “O Pai dos pequenos
ó rfã os”.
Capı́tulo 12
INDIA
Em junho de 1932, a pedido de seu Provincial na Polô nia, o Pe.
Maximiliano partiu para a India para fundar outra cidade da
Imaculada. Nesse momento, ele foi atacado por um abscesso na
nuca. Mas, uma vez que a vontade da Imaculada foi revelada a ele pelo
desejo de seu superior, ele obedeceu com total modé stia. E verdade que
um “Niepokalanow” na India estava totalmente de acordo com seu ideal
de estabelecer essas “cidades” sempre que possı́vel. Numa carta escrita
a caminho da India, insistia: “Penso que a Santı́ssima Virgem dá a cada
uma de nó s tantas e tantas graças quantas sã o necessá rias para levar a
cabo os seus planos. Conseqü entemente - mas devo me conter - o que
eu acredito é que em cada paı́s um 'Niepokalanow' local deve ser
estabelecido, usando todos os produtos da té cnica moderna, pois as
melhores invençõ es sã o destinadas a servi- la em primeiro lugar. ”
A caminho da India, o padre Maximilian desembarcou em
Cingapura. Ele icou tentado a começar uma “cidade” ali, mas, mais uma
vez, as restriçõ es jurisdicionais interferiram, entã o ele continuou sua
jornada. Em 31 de junho, ele estava em Ernaculam, na India. No
caminho, conheceu o Vigá rio Geral do Rito do Malabar na
India. Estabeleceu-se uma amizade rá pida, de tal forma que, quando
desembarcaram em Ernaculam, o vigá rio geral insistiu que Maximiliano
discutisse primeiro seus planos com o bispo oriental. O pequeno
franciscano o impressionou tanto que o bispo implorou ao padre
Maximiliano que estabelecesse sua “cidade” sob sua jurisdiçã o. Um
padre diocesano sirı́aco até se ofereceu para se tornar franciscano para
ajudar a iniciar este trabalho. No entanto, Maximiliano nã o podia
aceitar essa generosidade comovente, já que por lei ele tinha que
recorrer ao arcebispo de seu pró prio rito latino.
Enquanto estava na sala de espera do arcebispo latino, ele se sentou
diante de uma está tua de sua amiguinha da é poca dos romanos, Santa
Teresinha de Lisieux. Enquanto ele falava com ela em oraçã o e a
lembrava de seu acordo, uma pé tala de rosa colocada diante de sua
está tua caiu e caiu a seus pé s. Em sua mente, ele pensou: "Certamente,
este é um sinal evidente de que tudo vai dar certo."
Na verdade, sim. O arcebispo nã o apenas recebeu gentilmente o
Padre Maximiliano, mas o levou pessoalmente em seu pró prio
automó vel a um local em perspectiva para a cidade ı́ndia da
Imaculacata. Em cinco meses, o mesmo arcebispo fez um pedido o icial
ao Provincial polonê s para enviar padres e irmã os a Ernaculam para
estabelecer ali uma Cidade da Imaculada. Assim terminou o apostolado
pessoal do Padre Maximilian na India. Ele abriu o caminho e preparou o
terreno. Infelizmente, as di iculdades do pré -guerra e a pró pria guerra
atrasaram a abertura da Cidade da Imaculada na India.
Quando o infatigá vel Maximiliano voltou ao Japã o, ele nã o icou lá
por muito tempo. Era 1933, ano do capı́tulo provincial na Polô nia. Sua
presença foi solicitada ali para explicar todos os desenvolvimentos no
Oriente. Neste Capı́tulo, o Padre Maximilian foi reconduzido superior da
Missã o Japonesa.
De volta ao Japã o, ele começou a construir uma bela igreja no
Jardim da Imaculada. Durante esse tempo, a publicaçã o japonesa
atingiu o nú mero de 65.000 có pias anuais. Mas com o passar dos dias, a
saú de do padre Maximilian piorou. Hemorragia e saliva de sangue eram
frequentes. Todos os sintomas apontavam para uma morte prematura.
Capı́tulo 13
Capı́tulo 14
A PRIMEIRA PRISAO
1º DE EPTEMBRO DE 1939, o mundo inteiro icou pasmo com a notı́cia
de que o Exé rcito Alemã o havia lançado um ataque à Polô nia. Em trê s
semanas, os nazistas conquistaram a capital, Varsó via. Niepokalanow
icava a apenas vinte e seis milhas de Varsó via. Padre Maximiliano viu
claramente que aquele era o começo do im. Logo os nazistas estariam
marchando para a Cidade da Imaculada. Ele nã o tinha dú vidas de que
seria levado pelos alemã es. O Cavaleiro da Imaculada era conhecido por
ser anti-Nazi e també m anticomunista. Os conquistadores nunca
esqueceriam isso.
Visualizando os problemas à frente, o Padre Maximilian decidiu que
os Irmã os deveriam deixar Niepokalanow. Ele disse a alguns para
tentarem chegar à casa dos pais; outros, ele ordenou que buscassem
abrigo nos vá rios frades franciscanos. Restaram apenas sessenta, cinco
dos quais eram padres.
Os aviõ es começaram a lançar suas bombas. Grupos dispersos de
soldados alemã es iam e vinham. Eles saquearam tudo o que desejaram:
mó veis, comida, até cruci ixos e está tuas de Nossa Senhora. Até o
momento, Niepokalanow nã o foi investigado o icialmente. Os Irmã os
restantes simplesmente esperaram e viram seu á rduo trabalho de anos
ser destruı́do. Mas, no meio de tudo isso, o Padre Maximiliano se
lembrava da situaçã o do santo Jó e repetia: “A Imaculada nos deu a
todos. Ela vai tirar tudo. Ela sabe bem como sã o as coisas. ” Foram essas
as horas em que ele pô de dar aos Irmã os o exemplo do que havia
pregado.
Em 19 de setembro, um grupo fortemente armado de policiais
alemã es invadiu Niepokalanow. Os religiosos foram obrigados a se
reunir em praça pú blica. Depois de montados, eles foram carregados
em caminhõ es. Eles nem mesmo tinham permissã o para voltar aos seus
aposentos para pegar roupas extras ou outras necessidades. Vinte dos
sessenta que permaneceram em Niepokalanow nã o compareceram à
prisã o, pois estavam na enfermaria sofrendo com os ferimentos
recebidos durante um bombardeio. Portanto, eles foram poupados
dessa prisã o. O destino dos prisioneiros era desconhecido, mas os
caminhõ es seguiram em direçã o à fronteira alemã . Nã o demorou muito
para que os prisioneiros se encontrassem em um campo de
concentraçã o alemã o, chamado Amtitz. Esse campo nã o era aquele para
o qual os presos eram mandados para serem punidos, uma daquelas
infames colô nias penais; era um local de isolamento para prisioneiros
considerados possı́veis criadores de problemas para o regime
alemã o. No entanto, seus prisioneiros tiveram que enfrentar a fome e o
sofrimento de dormir ao ar livre, o que nã o era nada fá cil no frio outono
polonê s. Os que estavam com o padre Maximilian em Amtitz contam
como ele animou-se com a sua resignaçã o a esta situaçã o, como sorriu
paternalmente para eles apesar de tudo.
SEGUNDA PRISAO
SUA liberdade nã o seria desfrutada por muito tempo. O padre
Maximilian havia retornado a Niepokalanow em 8 de dezembro de
1939: haveria quatorze meses de liberdade e depois sua prisã o inal. 17
de fevereiro de 1941 foi o dia em que a Gestapo voltou pela segunda vez
e deu a ordem para que todos os religiosos se reunissem na
praça. Nessa é poca, havia mais de seiscentos deles, seis dos quais eram
sacerdotes. Maximiliano e quatro dos outros padres foram
imediatamente presos. Esses cinco eram supostamente perigosos para
a segurança das tropas alemã s. Alé m disso, o padre Maximilian foi
acusado de ajudar o Movimento de Resistê ncia polonesa, prestando
serviço de sua imprensa para imprimir jornais clandestinos. Isso nã o
era verdade. Na verdade, quando foi abordado pelos poloneses para
esse im, ele recusou enfaticamente. Ele sabia que ajudar esta causa
seria comprometer o trabalho de apostolado. Ele sabia que essa
resistê ncia clandestina estava acontecendo, mas quando questionado,
ele se recusou a dar informaçõ es sobre o assunto aos alemã es.
Em seguida, os cinco prisioneiros foram levados para Varsó via e
con inados na prisã o histó rica de Pawiak. Padre Maximiliano
permaneceu lá até maio de 1941, apenas trê s meses. Quando seus
confrades foram enviados a Auschwitz no inı́cio de abril, ele estava com
pneumonia e, portanto, foi deixado para trá s. Seu Provincial tentou
garantir sua libertaçã o, assim como vinte dos Irmã os, que se
ofereceram como refé ns em seu lugar. Mas tudo isso foi em vã o.
No inı́cio de março, ele foi transferido para uma cela onde havia
outros dois internos. Um deles deu um relato de testemunha ocular do
seguinte exemplo de fortaleza heró ica do franciscano.
O padre Maximilian ainda usava seu há bito franciscano
negro. Poucos dias depois de ele ser designado para esta cela, uma
inspeçã o foi feita pelo chefe da seçã o de guarda. Quando o guarda viu o
padre Maximiliano em seu há bito religioso, ele parou. Seu rosto icou
vermelho de raiva. Ele olhou para ele momentaneamente, entã o voltou
seu questionamento para o companheiro de cela. Feito isso, ele se
aproximou do franciscano e agarrou o cruci ixo que estava pendurado
na corda branca em volta de sua cintura. "E você acredita nisso?" ele
gritou na cara do padre Maximilian. E a calma resposta: “Certamente,
eu acredito nisso!” Com isso, o guarda icou vermelho de raiva e deu um
golpe brutal no rosto do padre. Trê s vezes ele repetiu sua pergunta,
enfatizando-a com novos golpes. Trê s vezes veio a mesma resposta. Seu
companheiro de cela quase foi levado a se atirar no valentã o cruel, mas
ele se conteve, percebendo a futilidade de tal açã o. Apesar dos golpes, o
franciscano manteve-se perfeitamente calmo e, nã o fossem as marcas
do rosto, di icilmente saberı́amos que o incidente ocorrera.
Depois que o guarda saiu, a pobre vı́tima começou a andar
lentamente para cima e para baixo na cela. Ele sabia que seus
companheiros de cela estavam irritados e excitados. Para acalmá -los,
ele disse: “Nã o há motivo para entusiasmo. Você já tem problemas
sé rios o su iciente, por isso é tolice. Tudo isso é para a nossa 'Mammina'
”. Pouco depois, um guarda polonê s que testemunhou esse
acontecimento trouxe roupas de prisã o para o padre Maximilian, pois
sabia que o há bito e o cruci ixo do padre despertavam a ira do chefe da
guarda.
Pouco depois, o padre Maximilian voltou a sucumbir à
pneumonia. Ele foi necessariamente retirado da cela e alojado na
enfermaria. A pró xima vez que ele foi ouvido foi em 1º de maio. Temos
duas notas que ele escreveu aos Irmã os em Niepokalanow naquele
dia. No primeiro, ele simplesmente avisou que poderia receber pacotes
de alimentos no primeiro e no dia 20 de cada mê s. A segunda nota era
um reconhecimento de um pacote enviado na é poca da Pá scoa. Por
meio dessa carta, soube-se que o padre Maximilian havia sido libertado
da enfermaria da prisã o e colocado para trabalhar na biblioteca.
Em 12 de maio, o chefe da prisã o ordenou ao padre Maximiliano
que escrevesse aos irmã os pedindo um processo civil. Ainda iel ao voto
de pobreza, disse aos Irmã os que nã o seria necessá rio mandar calças
novas, pois “as minhas ainda estã o em bom estado”. No entanto, ele
precisava de uma jaqueta de trabalho, um colete e um cachecol de
lã . Ele provavelmente sabia que estava destinado a outro campo de
concentraçã o.
De fato, alguns dias depois, a Imaculada deveria conduzir o
sacerdote ao acampamento onde ele se tornaria um má rtir da
caridade. Este local, paradoxalmente, se tornaria sagrado para ele, pois
aqui sua Senhora iria entregar-lhe a coroa vermelha que ela segurara
naquela visã o de sua juventude.
Capı́tulo 16
AUSCHWITZ
O campo de concentraçã o HE de Auschwitz - Oswiecim em polonê s -
está situado na Polô nia, onde o rio Sola encontra o Vı́stula, pró ximo à
antiga cidade alemã de Auschwitz. O pró prio campo, considerado um
dos mais horrı́veis campos de concentraçã o alemã es, podia conter no
má ximo 200.000 prisioneiros. Seu nome entre os poloneses - o campo
da morte ou sepulcro dos poloneses - foi bem merecido, pois estima-se
que, dos milhõ es de vı́timas que morreram ali, a maioria era
polonesa. O padre Maximilian estava entre os 400 que chegaram de
Pawiak em 28 de maio, e com ele estavam outros quatorze clé rigos. O
que aconteceu ao padre Maximilian durante os dois meses e meio
seguintes foi relatado por seis testemunhas oculares, trê s delas
padres. O quarto era outro prisioneiro que, como veremos, fez amizade
com o padre Maximiliano na prisã o. O quinto era um jovem sargento
cujo lugar ocupou na cela de fome, e o sexto era um ordenança polonê s
no bloco da morte onde o padre morreu.
Depois de deixarem a prisã o de Pawiak, os quatrocentos infelizes
foram amontoados em vagõ es de gado na estaçã o de Varsó via no inı́cio
da manhã . Eles chegaram à noite no depó sito da ferrovia de Auschwitz,
a cerca de um quilô metro do pró prio acampamento. Estimulados pelas
coronhas das SS e pelos cã es treinados que tentavam persegui-los, os
prisioneiros tinham de percorrer a milha quase constantemente em
corrida. Famintos e fracos - especialmente o padre Maximilian, que
ainda nã o havia superado totalmente os efeitos da pneumonia - eles
foram alinhados para a chamada na praça do acampamento. Ao ser
chamado o nome de um prisioneiro, ele teve que deixar o grupo e
correr para o alinhamento dos já contabilizados. Na corrida, ele foi
espancado com cordas carregadas com chumbo e foi frequentemente
tropeçado pelos guardas. Depois disso, os quatrocentos foram
conduzidos durante a noite em um corredor com uma á rea de 27 por
95 pé s. Foi uma noite horrı́vel devido aos odores desagradá veis e à falta
de ar fresco. Na manhã seguinte, todos eles foram despidos e em um
grupo regado com á gua gelada. Em lugar de suas pró prias roupas, eles
receberam roupas velhas e esfarrapadas, muitas das quais ainda
estavam manchadas de sangue de seus antigos usuá rios. Mais uma vez
foram reunidos para chamada e para designaçã o a blocos prisionais, de
acordo com o tipo de trabalho que teriam de realizar. Judeus e padres
foram escolhidos para um tratamento especial. Os primeiros eram
candidatos a uma morte lenta, mas certa; os ú ltimos receberam
trabalhos forçados. O padre Maximilian e seus colegas padres deveriam
ir para o bloco 17.
Durante todo o dia, eles esperaram em seus novos aposentos pelo
pró ximo movimento. Mas nada aconteceu. No dia seguinte, o
comandante do campo, de nome Fritsch, apareceu no Bloco 17. A
ordem rude estalou: "Venham comigo, seus padres preguiçosos." Eles
seguiram em frente e, apó s uma espera cansativa, Fritsch os entregou
ao “Bloody Krott”, chefe de seçã o famoso por sua crueldade
sanguiná ria. Seu novo guarda foi instruı́do: “Pegue esses parasitas
inú teis da sociedade e ensine-os o que signi ica trabalhar.”
"Deixe tudo comigo", respondeu Krott. E ele cumpriu sua promessa
zombeteira!
O pobre padre Maximiliano, fraco e doente, tuberculoso por muitos
anos, foi inicialmente designado para cavar areia e pedras para a
construçã o de um muro ao redor de um cremató rio. Ele poderia ter
feito esse trabalho - pois, de fato, os muitos anos na grá ica o ensinaram
a trabalhar - mas os carrinhos tinham que ser trazidos de um lugar para
outro na corrida, ou entã o ele seria atingido pelos guardas estacionados
em intervalos de trinta pé s.
Este trabalho durou apenas alguns dias. Em seguida, ele foi
designado para uma equipe de recuperaçã o de terras pantanosas a
cerca de trê s quilô metros do acampamento. Aqui, ele cortou troncos de
á rvores e carregou cargas duas ou trê s vezes o peso normal sobre
terreno acidentado e esburacado. Se ele abrandasse no caminho, era
açoitado sem piedade. Em uma ocasiã o, ele foi espancado tã o
fortemente que seus companheiros sacerdotes estavam prontos para
ajudá -lo, mas ele simplesmente respondeu: “Nã o se exponha ao mesmo
tratamento. A Imaculada está me ajudando. Eu vou administrar. ”
O sofrimento realmente nã o era novidade para o padre
Maximilian. Os anos de provaçõ es sofridas sob sua tuberculose
enfraquecida e os dias difı́ceis passados na construçã o de seu
Niepokalanow na Polô nia e no Japã o o endureceram. E entã o, ele nã o
aprendeu a tirar o melhor proveito do sofrimento, a usá -lo como um
meio de santi icaçã o pessoal? Mesmo enquanto estava em Auschwitz,
ele ainda podia consolar seus companheiros de prisã o contando-lhes
como Deus prova as almas pelo sofrimento e assim os prepara para
uma vida melhor. “Eles podem matar nossos corpos”, dizia ele, “mas nã o
podem matar nossas almas ... se morrermos, morreremos em paz,
resignados com a Vontade Divina”.
Uma vontade como essa, fortalecida pela graça, nã o poderia ser
quebrada, nã o importa o quanto seus guardas tentassem. E eles
tentaram. Krott odiava especialmente esse padre que amava todos os
homens. A aceitaçã o plá cida e resignada de cada tortura por parte
desse franciscano exausto levou o cruel Krott quase ao frenesi. Um dia,
ele resolveu quebrar essa vontade indomá vel de uma vez por todas.
O padre Maximilian foi sobrecarregado com uma carga extra pesada
de lenha e entã o ordenou que fugisse. Quando ele tropeçou e caiu no
chã o, foi chutado no rosto e no estô mago e atingido com uma
clava. Quase inconsciente, podia ouvir zumbidos nos ouvidos: “Você nã o
quer trabalhar, seu preguiçoso! Vou te ensinar o que signi ica trabalhar!
” Nã o satisfeito com a crueldade, Krott ordenou que o padre se
estendesse sobre o tronco de uma á rvore e recebesse cinquenta golpes
dos guardas mais fortes. A vı́tima nã o se moveu, por isso foi jogada na
lama e coberta com galhos. Quando ele reviveu, Krott ordenou-lhe que
marchasse as duas milhas e meia de volta ao acampamento. Mas ele nã o
conseguiu. Ele teve que ser colocado em um carrinho e empurrado para
casa. Na manhã seguinte, foi impossı́vel para ele sair de seu beliche
para o trabalho. Ele foi levado ao hospital e lá sua condiçã o foi
diagnosticada como "pneumonia com exaustã o geral".
No hospital, padre Szweda, um dos padres que viera com ele de
Pawiak, era enfermeiro. Quando soube que o padre Maximiliano estava
lá , foi visitá -lo. Ele o encontrou, mas o padre Maximilian era uma visã o
horrı́vel de se ver. Seu rosto estava des igurado, seus olhos inchados,
seu corpo ardia tã o violentamente de febre que ele nã o conseguia abrir
a boca para falar.
Depois de alguns dias, o padre Szweda encontrou o padre
Maximilian um pouco descansado, mas ainda com febre
alta. Posteriormente, o padre enfermeiro relatou que o paciente
franciscano espantou os mé dicos e enfermeiras por sua maneira de
aceitar o sofrimento. Ele nã o deixou por um momento de resignar-se
completamente à vontade de Deus; muitas vezes ouvia-se repetir: “Por
Jesus Cristo estou pronto para sofrer mais. A Imaculada está comigo e
está me ajudando. ”
O padre Maximilian icou no hospital cerca de trê s semanas e,
novamente, encontrou ampla oportunidade de exercer seus poderes
sacerdotais. Ele havia recebido uma cama perto da entrada da
enfermaria e, enquanto um corpo era carregado, podia-se ver a mã o do
padre Maximiliano se erguer suavemente em absolviçã o condicional. A
medida que crescia bem, ele começou a ouvir Con issõ es, mas isso tinha
que ser feito em segredo, freqü entemente durante o silê ncio da
noite. Perto do inal de sua estada, ele poderia se locomover para visitar
outras pessoas; muitas vezes o bom “Padrezinho” podia ser ouvido
falando sobre a bondade de sua Senhora do Amor, a Imaculada.
Freqü entemente, depois que seu trabalho terminava, o padre
Szweda se esgueirava para visitar seu amigo. Quando se encontravam, o
padre Maximiliano o abraçava como uma criança e falava com ele sobre
a Imaculada. “Ela é a verdadeira consoladora de todos. Ela ouve todo
mundo. Ela ajuda a todos. ”
Um dia, o padre Szweda trouxe ao padre Maximilian uma xı́cara de
chá que ele guardara especialmente para ele. Mas o padre Maximiliano
recusou: “Por que eu deveria ser uma exceçã o; os outros nã o tê m
nenhum! ” Na verdade, ele amava esses "outros", e eles o amavam, a
quem chamavam carinhosamente de "pequeno pai".
Em 3 de julho, o padre Maximilian estava pronto para ser enviado
de volta ao acampamento, mas como ainda estava com febre, foi
designado para o Bloco 12, restrito a invá lidos. Aqui, ele nã o foi
designado para nenhum trabalho pesado, mas foi obrigado a pagar por
essa indulgê ncia. A raçã o de comida foi reduzida à metade do valor
normal. Isso, é claro, aumentou a taxa de mortalidade, um estado de
coisas que o padre Maximiliano aproveitou imediatamente, ajudando os
moribundos sempre que podia.
Enquanto estava no Bloco 12, o padre Maximilian conheceu um ex-
editor-assistente de um dos jornais em Niepokalanow, agora servindo
como chefe de uma turma de descasque de batatas. Este homem puxou
alguns cordõ es para designar o padre Maximilian para sua
tripulaçã o. Enquanto os dois trabalhavam juntos, meu pai encorajava
seu superior dizendo-lhe que con iasse na Imaculada. Um dia ele
previu: “Você s, rapazes, viverã o, mas eu nã o sobreviverei a este
acampamento”.
E quã o verdadeira era sua previsã o. Apesar do “puxã o de arame” de
seu amigo, o padre Maximilian foi transferido do Bloco 12 para o Bloco
14. Isso foi por volta de 24 ou 25 de julho. Aqui, em poucos dias, ele
faria o maior sacrifı́cio que um homem pode fazer por outro .
Era 30 ou 31 de julho quando sussurros ao longo do Bloco 14
gritaram que um de seus internos havia escapado. Uma sensaçã o
nauseante se apoderou dos prisioneiros daquele Bloco ao ouvir essa
notı́cia. Esses homens conheciam a pena para uma fuga - vinte homens
do infeliz Bloco seriam condenados à fome lenta e à morte inevitá vel.
Naquela noite, os homens do Bloco 14 dormiram muito pouco; eles
foram torturados pelo pensamento: "Serei eu?" As longas horas da noite
escura trouxeram lentamente a luz do amanhecer. Os prisioneiros de
todo o campo se reuniram para a chamada. O comandante Fritsch
anunciou solenemente que o prisioneiro nã o havia sido encontrado. Ele
entã o ordenou que todos os grupos fossem para suas respectivas
designaçõ es - todos, exceto os homens do Bloco 14.
Durante todo o dia, os homens deste Bloco tiveram que icar em
posiçã o de sentido sob o sol escaldante. Eles nã o tinham permissã o
nem mesmo de um copo d'á gua. Entã o, um por um, eles começaram a
desmaiar, mas nã o o frá gil padrezinho que em vá rias ocasiõ es se
esperava que morresse de tuberculose e pneumonia. Ele continuou de
pé e esperando.
As horas passaram devagar. Era uma tortura, essa espera e
questionamento. Por volta das trê s horas da tarde, eles puderam
descansar por meia hora e foi-lhes servida sopa. Esta foi a ú nica comida
que comeram o dia todo e, para alguns, seria a ú ltima refeiçã o. Essa
tré gua acabou rapidamente, eles permaneceram em posiçã o de sentido
até a noite, quando os outros prisioneiros voltaram de suas vá rias
designaçõ es.
Mais uma vez houve uma assembleia geral. Todos os prisioneiros do
campo icaram em posiçã o de sentido. Entã o, no silê ncio solene, o
Comandante da prisã o apareceu para inspeçã o. Lenta e
deliberadamente, ele se aproximou do grupo de Block
14. Terror e medo dispararam de seus olhos. Este foi o momento
fatal. Dentro de poucos minutos eles saberiam se viveriam ou
morreriam. Fritsch começou a falar: “O fugitivo nã o foi encontrado. Em
seu lugar, dez de você s morrerã o na cela de fome. Da pró xima vez, vinte
serã o condenados. ”
Entã o ele começou a selecionar os dez. Era um negó cio cruel, mas
para ele era tã o simples quanto tirar maçã s de uma cesta. Ele viu a
primeira ila, uma apó s a outra. Ele selecionou quase ao acaso e
ordenou que os condenados dessem um passo à frente. O assistente do
comandante anotou o nú mero de cada vı́tima.
Fritsch continuou o processo até que dez homens deram um passo à
frente. O padre Maximilian nã o estava no grupo. De repente, uma das
vı́timas começou a soluçar em palavras entrecortadas: "Minha pobre
esposa e meus ilhos, nunca mais os verei!" Os condenados foram entã o
obrigados a tirar os sapatos. O jovem ainda chorava por sua esposa e
ilhos. Um destino horrı́vel! Para ser condenado a uma morte lenta por
fome e sede.
Outro comando foi dado: “Face esquerda!” Quando os homens se
viraram, eles puderam ver o local de sua morte, Bloco 13. Eles estavam
prontos para marchar quando de repente uma igura avançou das
ileiras do Bloco 14. Curvado e exausto, ele caminhou diretamente para
o Comandante, parando bem na frente dele. Fritsch nunca vira nada
feito com tanta ousadia desde que lá estivera. Ele rapidamente colocou
a mã o na arma, preparado para enfrentar um ataque - por um
prisioneiro frá gil e exausto. Quase assustado, Fritsch ordenou: “Pare!” e
entã o rosnou: “O que esse porco polonê s quer?”
O prisioneiro parou; era “Pequeno Padre Maximiliano”. Calmamente,
com um sorriso arrebatador iluminando seus olhos, ele olhou para o
rosto de Fritsch. Entã o, bem baixinho, tã o baixinho que só os que
estavam por perto podiam ouvir, ele disse: “Quero morrer no lugar
daquele pai de famı́lia. Eu imploro que você aceite a oferta da minha
vida. ”
Fritsch icou pasmo. Tudo o que ele conseguiu gaguejar foi: "E por
quê ?" A resposta foi rá pida e simples.
“Porque eu sou velho e inú til. Minha vida nã o vale nada, enquanto
ele tem mulher e famı́lia. ” Como observou um autor, o padre
Maximilian ofereceu a Fritsch uma razã o do tipo nazista para mudar de
ideia e ainda assim salvar a face.
Fritsch estava enfrentando algo novo. Era ó bvio que ele havia
perdido o controle da situaçã o. Ele perguntou:
"Quem é Você ?"
Com os olhos baixos, o franciscano respondeu solenemente: “Um
padre cató lico”.
Houve um momento de silê ncio. O padre Maximilian
esperou. Fritsch nã o falou, mas simplesmente fez um gesto com a mã o,
signi icando que aceitou a oferta. O padre Maximilian se aproximou dos
condenados. O assistente anotou friamente seu nú mero - 16670, e
entã o apagou o nú mero do pai da famı́lia, que foi instruı́do a
recuar. Outra ordem foi dada: “Março!” e os condenados, um sacerdote
agora entre eles, procederam ao local onde iriam morrer.
Capı́tulo 17
A CASA DA MORTE
LOCK 13, a câ mara mortuá ria de Auschwitz, situada no lado direito do
acampamento, era cercada por uma parede de dezoito pé s. As cé lulas
estavam no subsolo. Foi a uma dessas celas que o padre Maximilian veio
em 31 de julho de 1941. Quando ele e seus nove companheiros
chegaram, eles passaram por uma cela que abrigava outras vinte
vı́timas de uma sentença de fome anterior. Esses dez ú ltimos foram
trancados em uma cela pró pria. Enquanto o guarda SS fechava a porta
atrá s deles, ele ria e os lembrava impiedosamente: "Você s vã o secar
como tulipas!" O que ele disse, ele quis dizer; a partir de entã o, esses
presos nã o receberam nem comida nem bebida.
Este era um grupo estranho. Eles eram tã o diferentes dos outros
que morreram da mesma maneira. Em vez de lá grimas e sú plicas vindo
de sua cela, ouviu-se a doce oraçã o do Rosá rio e hinos à Santı́ssima
Virgem. A cela da morte parecia mais uma capela. As vezes, as vı́timas
icavam tã o absortas em suas oraçõ es que, quando o guarda SS abria a
cela para check-up, nã o sabiam que ele estava ali até que ele gritou
asperamente por silê ncio. Que in luê ncia esse sacerdote exerceu sobre
seus companheiros na morte! Com o passar dos dias, as vı́timas
morreram uma a uma - algumas de fome e sede, outras de um chute no
estô mago em resposta ao seu lamentá vel pedido de á gua.
O inté rprete e ordenança polonê s que visitava a cela todos os dias
relatou que o padre Maximiliano nunca pediu nada e que foi ele quem
encorajou os outros a nã o se desesperarem. Com o passar dos dias, suas
vozes orantes tornaram-se mais fracas e mais fracas. Quase no im,
padre Maximilian podia ser visto de joelhos em oraçã o. Ele era
realmente notá vel. Os guardas SS sabiam do sacrifı́cio que ele fez; eles o
viram aceitar com calma essa tortura. Até eles aprenderam a respeitá -
lo, de modo que muitas vezes se ouviam dizer: “Este padre é realmente
um cavalheiro. Nunca antes vimos um prisioneiro como ele. ”
Apenas quatro prisioneiros sobreviveram à segunda semana. Entre
eles estava o frá gil e tuberculoso padre Maximilian. No entanto, este
grupo durou muito tempo. A cé lula era necessá ria para outras
vı́timas. Entã o, o enfermeiro da prisã o foi chamado para acabar com
suas vidas com uma injeçã o de á cido carbó lico. Aproximou-se do padre
Maximilian, que estava sentado no chã o com as costas apoiadas na
parede e a cabeça um pouco caı́da para a esquerda. O padre o viu
chegar e, com as palavras “Ave Maria” nos lá bios, entregou o braço
esquerdo ao carrasco. Em um momento, tudo acabou. A data era 14 de
agosto, vigı́lia da festa da Assunçã o de Nossa Senhora.
O ordenança polonê s presenciou todo o processo, até o momento da
injeçã o de á cido carbó lico. Entã o, incapaz de suportar mais, ele
fugiu. Quando ele voltou, o padre Maximilian estava morto. O
ordenança relatou: “Quando abri a porta de ferro, ele nã o estava mais
vivo, mas parecia que ainda estava vivo. Seu rosto estava
excepcionalmente radiante. Seus olhos estavam arregalados, olhando
para o espaço. Ele parecia em ê xtase. Jamais esquecerei aquela visã o. ”
Com a ajuda de outro, o ordenança carregou o corpo do padre
Maximilian para o necroté rio, onde foi lavado e colocado em um
caixã o. Em seguida, foi queimado no cremató rio - um procedimento de
rotina, mas quase parecia que esses homens icariam satisfeitos com
nada menos do que um holocausto completo do Cavaleiro de Nossa
Senhora.
O padre Maximilian estava morto. Mas ele morreu tã o paci icamente
quanto viveu. Na morte, seu rosto estava radiante, seus olhos bem
abertos e cheios de expectativa, ixos por assim dizer na visã o
prometida de Deus e de Sua Imaculada. O sonho do menino com a coroa
vermelha do martı́rio tornara-se realidade de maneira
surpreendente. Com profunda humildade, ele orou por isso, com calma
e paciê ncia ele o esperou. E quando inalmente foi oferecido, ele
estendeu a mã o para pegá -lo com santa coragem e abraçou-o nos
braços da uniã o eterna.
EPILOGO
Copyright © 1974 por TAN Books, uma editora de Saint Benedict Press, LLC.
Originalmente publicado por Fathers Rumble and Carty, Radio Replies Press,
Inc., St. Paul, Minn., EUA
Completo e integral.
ISBN: 978-0-89555-096-5
Impresso e encadernado nos Estados Unidos da Amé rica.
Livros TAN
Uma marca da Saint Benedict Press, LLC
Charlotte, Carolina do Norte
2012
C ONTENTES
Introdutó rio
A con iguraçã o
Nascimento de jesus
Infâ ncia em Nazaré
John The Bapist
Jesus começa seu ministé rio
Jornada à Galilé ia
O Reino e os Apó stolos
Manifestaçõ es do Poder Divino
Falando em pará bolas
Aumentando a popularidade
Morte de Joã o Batista
Milagres dos pã es
O pã o da vida
Peter the Rock
Treinamento dos Doze
Visita a Jerusalé m
Choque com os fariseus
Ministé rio da Judé ia
A Declaraçã o Suprema
Ressurreiçã o de Lá zaro
Ultimos Dias Missioná rios
Banquete em Betâ nia
Domingo de Ramos
Segunda Limpeza do Templo
Dia de perguntas
Judas o Traidor
A ú ltima Ceia
Prisã o e Julgamento
Morte no Calvá rio
Ressuscitado e ainda vivendo
INTRODUTÓRIO
Jesus Cristo, cujo primeiro nome signi ica “Salvador” e cujo segundo
nome signi ica “Ungido” ou “Consagrado”, nasceu, nã o quando nosso
calendá rio diz que Ele nasceu, mas cerca de seis anos antes.
Nosso calendá rio atual foi elaborado por Dionysius Exiguus no
sé culo 6 DC, e agora sabemos que ele estava há cerca de seis anos
atrasado em seus cá lculos.
O erro de Dionı́sio, é claro, nada tem a ver com o fato histó rico do
nascimento de Nosso Senhor. Signi ica apenas que o que pensamos
como, digamos, 1950 DC, era realmente mais parecido com 1956 DC
Para os fatos reais sobre Cristo, dependemos principalmente dos
quatro evangelhos. No entanto, estes foram submetidos a um exame
exaustivo, como nenhum outro documento teve de ser submetido, e sua
autenticidade como documento está alé m de qualquer disputa razoá vel.
Os autores estavam em posiçã o de escrever uma histó ria
inteiramente boa. Se os documentos tratassem de um homem comum e
tratassem apenas de declaraçõ es e eventos comuns, ningué m sonharia
em duvidar de sua con iabilidade.
E o que eles contê m que os incré dulos declaram incrı́vel; e isso,
somente quando os evangelhos mencionam coisas alé m do alcance da
experiê ncia humana normal. Quando tratam de tudo que pertence à
esfera comum e natural, a pesquisa tem mostrado que eles sã o a
pró pria exatidã o, seja em relaçã o a pessoas, lugares ou coisas.
E o puro preconceito contra qualquer revelaçã o religiosa de Deus e,
acima de tudo, contra a possibilidade de con irmar tal revelaçã o por
milagres, que faz os homens considerarem os evangelistas como tendo
perdido o juı́zo, ou entã o como tendo sido positivamente desonestos,
sempre que eles registrado como fato real qualquer coisa que tenha
sabor sobrenatural ou miraculoso. Esses incré dulos nã o abordaram os
evangelhos com a mente aberta, apesar de se gabarem de que izeram
exatamente isso.
Nã o há espaço neste livrinho para discutir a posiçã o deles. Nem há
necessidade de fazer isso. Bastará expor sucintamente a vida de Cristo
conforme retratada nos evangelhos, necessariamente omitindo muito
para ins de condensaçã o, mas tomando cuidado em tudo o que se diz
para permanecer estritamente iel aos fatos bá sicos registrados em
nossas fontes incontestá veis.
A CONFIGURAÇÃO
Jesus nasceu na pequena cidade de Belé m, na Palestina, um
pequeno paı́s de apenas 150 milhas de comprimento e de 80 a 80
milhas de largura, no extremo leste da costa do Mar Mediterrâ neo. A
Palestina, portanto, tem apenas cerca de metade do tamanho do Estado
de Indiana, na Amé rica.
Seu nome vem dos ilisteus, um povo pagã o que se estabeleceu na
costa deste paı́s mais ou menos na mesma é poca em que os hebreus ou
o povo de Israel conquistaram as montanhas, cerca de 1300 anos antes
do nascimento de Jesus.
Na é poca de Seu nascimento, o povo de Israel, chamado de judeus
em homenagem à tribo principal de Judá , havia sido conquistado pelos
romanos. E verdade que eles tinham um rei chamado Herodes, o
Grande; mas ele havia sido nomeado por Roma e estava sujeito ao
imperador romano.
Herodes, o Grande, morreu em 4 aC, cerca de dois anos depois do
nascimento de Jesus.
Entã o os romanos dividiram a Palestina em quatro partes. Um dos
ilhos de Herodes, Arquelau, governaria a Judé ia e Samaria, no
sul; outro, Filipe, recebeu Ituré ia no Norte; um terceiro ilho, Herodes
Antipas, governou a Galilé ia no Oriente Mé dio e a Peré ia no
sudeste; enquanto Roma governava diretamente sobre Decá polis, uma
á rea a leste do Jordã o.
Quando Jesus era um menino de cerca de doze anos, Arquelau foi
deposto pelos romanos por ser muito despó tico, e governadores
romanos foram nomeados para governar a Judé ia e Samaria.
Um desses governadores foi Pô ncio Pilatos, que esteve no comando
de 26 DC até 36 DC
Foi sob Pô ncio Pilatos que Jesus deveria morrer.
Os judeus eram um povo religioso. Todas as naçõ es ao redor deles
eram pagã s, mas eles adoravam o ú nico Deus verdadeiro, observando
cuidadosamente as leis dadas a eles por Moisé s. O principal centro de
sua adoraçã o era o grande Templo em Jerusalé m, capital da Judé ia. Nas
diferentes aldeias tinham sinagogas ou locais de encontro para oraçã o e
leitura das Escrituras; mas o sacrifı́cio só podia ser oferecido a Deus no
ú nico Templo de Jerusalé m. Por causa disso, em grandes festivais
religiosos milhares de judeus se reuniam para lá de todas as partes da
Palestina, e até mesmo de outros paı́ses no exterior.
Entre os judeus havia vá rios partidos, dois dos quais sã o
freqü entemente mencionados nos evangelhos, os fariseus e os
saduceus.
Os fariseus, ou “separados”, a irmavam observar a Lei mosaica
perfeitamente, muito melhor do que o restante dos judeus. Mas embora
fossem muito exatos externamente, a maioria deles era orgulhoso e
muito duro e pouco caridoso com os outros. Nem todos eram assim,
claro. Havia alguns homens realmente bons, sinceros e santos entre
eles.
Os Saduceus, ou “Descendentes de Sadoc” (“Sadoc” signi ica
“Justiça”), pertenciam à s classes mais ricas. Eles eram muito mundanos
e, embora nã o negassem que a Lei de Moisé s deveria ser observada, nã o
eram muito rı́gidos quanto a isso. Muitos deles negaram a existê ncia de
uma vida futura e outros ensinamentos ortodoxos. A maioria dos
sacerdotes judeus pertencia a esses saduceus.
Os judeus, em geral, nã o icavam muito contentes com o governo
dos romanos; e como sua religiã o os ensinou a buscar um Messias ou
Salvador enviado por Deus, a maioria deles esperava que Ele fosse um
grande lı́der polı́tico e militar que derrotaria os romanos e se tornaria a
maior naçã o do mundo.
Esse era o cená rio na Palestina quando Jesus nasceu em Belé m.
NASCIMENTO DE JESUS
A maioria das biogra ias de pessoas começa com um relato de seu
nascimento e, talvez, de sua histó ria familiar. Mas, embora a vida de
Jesus, nascido neste mundo, tenha começado em Belé m, nã o se pode
dizer que Ele pessoalmente começou a existir somente entã o. Antes da
Encarnaçã o, Ele sempre viveu no Cé u; e seria impossı́vel voltar ao inı́cio
de Sua vida ali, pois Ele é o Filho Eterno de Deus. Ser eterno é nã o ter
começo algum! Mas esse aspecto de Sua vida nos levaria alé m da
histó ria registrada como o mundo a conhece.
O evangelho de Sã o Joã o, entretanto, nos diz que um dia Ele fez este
mundo, e na verdade todo o universo, sé culos antes de Ele mesmo
entrar nele; e quando Ele entrou em nosso meio como Homem para nos
redimir e salvar, Ele nos disse que ainda pertencia ao Cé u; e sempre
falou disso como só poderia falar algué m que está perfeitamente
familiarizado com tudo ali. Encontraremos muitas dessas declaraçõ es
no curso de Sua vida na terra dentro da estrutura da histó ria, o aspecto
de Sua vida com o qual este livreto se refere.
Já dissemos que Herodes, o Grande, morreu no ano 4 aC, de acordo
com nosso calendá rio atual. Agora, cerca de trê s anos antes disso, vivia
em Nazaré , uma pequena cidade nas colinas da Galilé ia, uma jovem
judia chamada Maria. Na mesma cidade morava um carpinteiro
chamado Joseph, de quem ela estava prometida e com quem logo se
comprometeria nas cerimô nias inais de casamento. Maria e José
pertenciam à tribo de Judá e eram descendentes do rei Davi, embora
estivessem em pé ssimas condiçõ es, assim como tantos outros da
linhagem de Davi.
Um dia, enquanto Maria estava sozinha em oraçã o, Deus enviou o
anjo Gabriel a ela com a tremenda notı́cia de que a grande Esperança de
Israel estava para ser inalmente cumprida, e que ela seria a Mã e do
Messias. “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco”, disse o anjo,
aparecendo diante dela. “O Espı́rito Santo virá sobre você , e o poder do
Altı́ssimo irá cobrir você . Portanto, o Santo que nascerá de você será
chamado de Filho de Deus. ”
Maria respondeu: “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim de acordo
com a tua palavra. ” E naquele momento Jesus foi concebido
milagrosamente em seu ventre. O Filho Divino, gerado eternamente do
Pai Divino no Cé u sem uma mã e, deveria nascer na natureza humana de
uma Mã e humana sem a intervençã o de nenhum pai terreno.
Isso seria incrı́vel se fosse uma questã o de qualquer pessoa
comum. Mas Jesus, o ilho de Maria, nã o era uma pessoa comum. O
estudo de Seu cará ter e de Sua carreira subsequente neste mundo é
su iciente para mostrar isso, e que uma entrada milagrosa neste mundo
é a coisa mais adequada e natural que se pode esperar em Seu caso.
Nem temos apenas a palavra de Maria para o fato da concepçã o
milagrosa de Jesus. A verdade sobre isso foi revelada
independentemente a Joseph. “José , ilho de Davi”, disse um anjo a ele
també m, “nã o temas tomar Maria por esposa, pois foi pelo poder do
Espı́rito Santo que ela concebeu este ilho.
Assim, as formalidades do casamento foram cumpridas; e quando
sua hora chegasse. Tendo José a levado para Belé m, ela deu à luz seu
ilho lá , na aldeia conhecida como a cidade de Davi. Eles haviam ido
para lá em obediê ncia a um decreto de Cé sar Augusto, o imperador
romano, ordenando que todos izessem relató rios na é poca em suas
cidades natais para ins de censo.
A noti icaçã o divina da vinda do Messias já havia sido dada a Isabel,
prima de Maria; e agora que Ele tinha vindo, o fato foi revelado a um
pequeno grupo de pastores nas colinas pró ximas. Anjos apareceram a
eles, trazendo-lhes a notı́cia de que “hoje nasceu para vó s um Salvador”,
e alegrando-os com seu adorá vel câ ntico de louvor e consolaçã o: “Gló ria
a Deus nas Alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade. ” Nem é
preciso dizer que os pastores foram imediatamente com grande alegria
visitá -lo.
Os magos, ou homens sá bios do Oriente, també m vieram, sob a
orientaçã o celestial; mas a chegada deles alarmou o velho rei Herodes,
o Grande, que estava meio louco com suspeitas de possı́veis rivais em
seus ú ltimos dias perturbados. Por precauçã o, ele ordenou o
assassinato de todas as crianças do sexo masculino com menos de dois
anos de idade em Belé m e arredores. Mas José havia sido divinamente
avisado para levar a criança e sua mã e para o Egito, a im de escapar da
matança.
INFÂNCIA EM NAZARÉ
Apó s a morte de Herodes em 4 aC, a pequena famı́lia voltou. José
pretendia se estabelecer em Belé m; mas como o brutal Arquelau, um
dos ilhos de Herodes, fora nomeado governante da Judé ia, ele achou
mais sensato voltar para Nazaré , na Galilé ia, que estava sob o controle
de outro dos ilhos de Herodes, Herodes Antipas.
Em Nazaré , Jesus foi criado como uma criança judia piedosa e era a
ú nica criança. Os chamados “irmã os e irmã s” nos evangelhos eram, no
má ximo, primos. Era costume entre os judeus chamar qualquer parente
da mesma tribo de "irmã os".
A partir dos seis ou sete anos, as crianças frequentavam a sinagoga
local, onde aprendiam sua religiã o e outras maté rias comuns, leitura,
escrita e aritmé tica simples. Jesus tornou-se profundamente versado
nas tradiçõ es judaicas e nas Escrituras. Em seus discursos posteriores,
podem ser encontradas citaçõ es de muitos livros do Antigo
Testamento. Devido à presença de tantos gentios na Galilé ia, Ele quase
certamente teria aprendido a falar grego; mas as idé ias ilosó icas e
religiosas gregas nã o contribuı́ram de forma alguma para a sua
educaçã o. Nã o há vestı́gios deles em suas declaraçõ es posteriores.
Nã o há necessidade de falar sobre a pura bondade e virtude que
reinava naquela pequena casa em Nazaré . Lá , Sã o Lucas nos diz: “Jesus
cresceu em sabedoria e graça com Deus e os homens”.
Apenas um incidente é dado a respeito da infâ ncia de Jesus em
Nazaré . Todos os anos, José e Maria costumavam fazer a viagem de
oitenta milhas a Jerusalé m para a Festa da Pá scoa, uma grande festa
religiosa como a nossa Pá scoa, celebrando o “ê xodo” ou a libertaçã o dos
judeus por Moisé s da escravidã o no Egito por volta de 1300 aC
As crianças foram autorizadas a assistir à s cerimô nias a partir dos
doze anos; e somos informados de que naquela idade Jesus foi com José
e Maria a Jerusalé m para a festa. Lá Ele se separou deles nas imensas
multidõ es, e eles O procuraram por trê s dias antes de encontrá -lo no
Templo discutindo religiã o com os professores judeus, a quem Ele havia
surpreendido por manifestar uma compreensã o das Escrituras muito
maior do que era natural para qualquer menino de doze anos. E ainda
mais caracteristicamente sobrenatural, se alguma coisa, foi a maneira
como Ele falou com Sua Mã e quando ela O encontrou.
Ela exclamou: “Meu ilho, por que você se comportou assim,
causando tanta ansiedade a seu pai e a mim?” Ao que Ele respondeu:
“Que necessidade tens de me procurar? Você nã o sabia que eu deveria
estar na casa de Meu Pai? ” Como Filho Eterno de Deus que veio a este
mundo, Ele enfatizou que Seu dever para com Seu Pai celestial era,
acima de tudo, lealdades menores; e essas primeiras palavras
registradas de Jesus foram uma declaraçã o velada de Sua Divindade,
cujas implicaçõ es nem mesmo José e Maria haviam compreendido
totalmente.
Ele imediatamente desceu a Nazaré com eles, poré m, e estava
sujeito a eles.
Dos dezoito anos seguintes, nada nos é dito, exceto que Ele seguia o
ofı́cio de José , de modo que foi chamado de "o carpinteiro, ilho de
Maria". Em algum momento durante aqueles dezoito anos José morreu
e Jesus trabalhou, colocando um pouco para prover o futuro de Sua Mã e
contra o tempo em que Ele mesmo teria que deixá -la.
JOÃO BATISTA
Quando Jesus tinha cerca de trinta anos, no 15º ano do reinado do
imperador romano Tibé rio Cé sar, um profeta que vivia como um
eremita no deserto chegou ao rio Jordã o algumas milhas a leste de
Jerusalé m e ao norte do Mar Morto . Lá ele começou a pregar ao povo,
batizando nas á guas do rio todos os que converteu.
Ele era conhecido como Joã o Batista, ilho de Zacarias e parente de
Maria, Isabel, e era, portanto, parente do pró prio Jesus.
Nã o sabemos nada sobre Joã o entre seu nascimento e seu sú bito
aparecimento nas margens do Jordã o. Seu pai, poré m, contou-lhe sobre
a revelaçã o em seu nascimento de que ele prepararia o caminho do
Senhor.
Naquela é poca, havia grande agitaçã o entre os judeus. Todos
estavam falando sobre o Messias prometido; e, embora os lı́deres nã o
prestassem atençã o em John, as pessoas comuns icaram
profundamente impressionadas com ele. Multidõ es cada vez maiores se
aglomeravam para ouvi-lo, e ele fez o possı́vel para levá -los a um
arrependimento sincero de seus pecados. Ele exigia humildade em vez
de orgulho, bondade genuı́na em vez de conversa iada sobre isso; e ele
nã o poupou a hipocrisia dos escribas e fariseus.
Constantemente, ele tinha que responder a perguntas que as
pessoas insistiam em fazer sobre ele. Ele era o profeta? Ele era o Cristo,
o Messias? Ele era o Grande, prometido no passado? Mas para todos
eles Joã o disse nã o, ele nã o era. Ele se descreveu como apenas uma voz
clamando no deserto. O Messias estava por vir, e muito em breve. Ele,
Joã o, era apenas um pobre mensageiro, preparando o caminho para ele.
JORNADA À GALILÉIA
Trê s dias depois, Jesus partiu para a Galilé ia, levando consigo seus
novos discı́pulos, todos galileus.
No caminho, eles chegaram à aldeia de Caná . Eles chegaram a tempo
de uma festa de casamento para a qual Ele e Seus discı́pulos foram
convidados; e lá Ele conheceu Sua Mã e, que també m havia sido
convidada, e que viera de Nazaré , a quatro milhas de distâ ncia, para
estar presente.
Foi lá , a pedido de Sua Mã e, que Ele realizou Seu primeiro milagre,
depois de declarar que o tempo para tais manifestaçõ es de Seu poder
divino realmente ainda nã o havia chegado. Mas o vinho havia acabado,
e Sua Mã e estava preocupada com o constrangimento que isso
representaria para seus an itriõ es. Para agradar a Sua Mã e, entã o, e
poupá -los do embaraço, Ele transformou a á gua em um suprimento
abundante de vinho. Apenas uma semana atrá s, Ele se recusou a
transformar pedras em pã o. Aqui, poré m, nã o se tratava de satisfazer
Sua pró pria fome, mas de prover as necessidades dos outros.
De Caná , Ele foi para Cafarnaum, entã o uma pró spera vila à s
margens do Lago da Galilé ia.
Cafarnaum se tornaria o centro de Sua obra na Galilé ia, mas dessa
vez nã o demorou muito. Quase uma semana depois, ele estava em
Jerusalé m, tendo viajado oitenta milhas para estar presente na Cidade
Santa para a festa da Pá scoa.
Lá , indignado com a profanaçã o do Templo pelo comé rcio que
estava acontecendo dentro de seu recinto, Ele deu a primeira
demonstraçã o de Sua autoridade profé tica em pú blico, açoitando os
mercadores e todos os animais para fora do local com um chicote, e
derrubando o mesas dos cambistas. “Está escrito: Minha casa é uma
casa de oraçã o”, disse Ele, “mas você a transformou em um covil de
ladrõ es”.
Os escribas, fariseus e sacerdotes icaram muito zangados com isso
e se aglomeraram em torno dele, exigindo que direito Ele tinha de agir
daquela maneira. Ele nã o operou nenhum milagre para justi icar Sua
autoridade divina, mas simplesmente disse: “Destruı́ este templo, e em
trê s dias eu o levantarei novamente.” Ele estava se referindo ao templo
do Seu corpo, sabendo que eventualmente eles O matariam, mas que no
terceiro dia depois Ele ressuscitaria dos mortos. Por enquanto, poré m,
Ele os deixou resolver por si mesmos.
Um dos fariseus, membro do Siné drio ou Conselho dos Judeus, um
homem chamado Nicodemos, icou profundamente impressionado com
a majestade e o poder de Jesus. Entã o ele veio a Ele à noite, com medo
de fazê -lo abertamente, querendo saber que novo ensinamento Ele
tinha a dar.
Jesus explicou a ele que o reino messiâ nico nã o seria um reino de
poder polı́tico e mundano. Era para ser um governo de Deus nas almas
elevadas a um plano de vida mais elevado do que qualquer pai terreno
poderia dar. Esta nova vida exigiria um novo nascimento pela á gua e
pelo Espı́rito Santo. Jesus aqui falou do novo, maior e sacramental rito
do batismo que Joã o Batista havia dito que ultrapassaria em muito o
seu pró prio e seria pró prio do Messias.
A pró pria ideia de tal renascimento batismal estava muito alé m de
Nicodemos e ele o admitia francamente. Jesus, portanto, disse-lhe: “Se
você nã o consegue entender que o Espı́rito de Deus é necessá rio para
dar uma vida espiritual, como pode compreender os misté rios
celestiais ainda mais profundos? Mas pelo menos acredite em Mim
quando lhes conto sobre eles. Estou falando do que sei, pois vim do cé u,
embora ainda esteja no cé u. Nenhum outro homem na terra pode falar
deles por experiê ncia pró pria, pois nenhum homem foi ao cé u e voltou
para poder fazê -lo. ” E Ele continuou: “Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho unigê nito; e deve ser levantado como
Moisé s levantou a serpente no deserto, para que todos os que olham
para Ele sejam salvos. ”
Nicodemos foi embora pensativo e profundamente comovido; e nã o
poderia haver dú vida de que, eventualmente, ele també m se tornaria
um discı́pulo. Na verdade, foi ele quem, apó s a cruci icaçã o, ajudou José
de Arimaté ia a providenciar um sepultamento honroso para o corpo de
Cristo, e ele tem sido reverenciado pela Igreja ao longo dos tempos
como Sã o Nicodemos.
A hostilidade amarga dos escribas e fariseus em geral, poré m,
deixou bem claro que a mensagem de Jesus nã o tinha chance de
aceitaçã o em Jerusalé m; mas Ele pelo menos se ofereceu à s autoridades
judaicas lá como o Messias. Agora Ele se retirou da Cidade Santa,
dedicando-se a pregar e curar os enfermos entre os camponeses da
Judé ia.
Depois de alguns meses, veio a triste notı́cia de que Joã o Batista
havia sido lançado na prisã o por Herodes Antipas, que icou furioso
com a denú ncia de Joã o sobre sua imoralidade. Isso signi icou o im da
missã o do Precursor, e Jesus imediatamente começou a sé rio Sua
pró pria grande obra de vida.
Levando consigo os discı́pulos, partiu para a Galilé ia, passando no
caminho por Samaria.
Ele pregou a verdadeira chegada do Reino de Deus, exortando as
pessoas a se arrependerem de seus pecados e a aceitarem as boas
novas ou o evangelho que lhes é oferecido do cé u.
Normalmente, em Seus discursos, Ele silenciava sobre Seu pró prio
messiado por causa da prevalê ncia de tantas idé ias erradas sobre a
vinda de um lı́der polı́tico para fazer dos judeus a maior naçã o da terra.
Aos samaritanos, poré m, que nã o eram tã o profundamente afetados
por essas noçõ es como os judeus, Ele falou francamente. Assim, no poço
de Jacó , Ele respondeu: “Eu sou Ele” para a mulher de Samaria que
havia mencionado o Messias a quem Deus havia prometido enviar. Em
outro lugar, ele se autodenominava, via de regra, o "Filho do
Homem"; mas Ele sempre falou como um profeta e mestre de
autoridade maravilhosa, mostrada igualmente em Suas palavras e obra.
Em sua jornada pela Galilé ia, Ele parou em Caná , onde operou o
milagre da á gua transformada em vinho, e enquanto Ele estava lá um
dos o iciais do Rei Herodes veio até Ele de Cafarnaum, a trinta
quilô metros de distâ ncia, implorando que viesse e salvasse seu ilho
moribundo. . Jesus disse a ele simplesmente para nã o se preocupar, pois
o menino estava curado. No caminho de volta para casa, recebido por
servos que correram para lhe contar a boa notı́cia de que o menino
havia se recuperado repentinamente, o o icial perguntou quando,
apenas para ser informado de que era precisamente à s 13h, a hora
exata em que Jesus havia falado com ele. . Ele e toda a sua famı́lia,
portanto, acreditavam nas reivindicaçõ es de Jesus.
O REINO E OS APÓSTOLOS
Sã o Lucas nos diz que Jesus, tendo “voltado na força do Espı́rito à
Galilé ia, sua fama se espalhou por todo o paı́s. E Ele ensinou nas
sinagogas e foi magni icado por todos. E Ele veio para Nazaré , onde foi
criado. ”
Aqui particularmente foi veri icada a declaraçã o no evangelho de
Sã o Joã o de que "Ele veio para os Seus, e os Seus nã o o receberam." Sua
a irmaçã o na sinagoga de Nazaré de ser Aquele cujo advento havia sido
predito pelo profeta Isaı́as foi rejeitada com a observaçã o desdenhosa
de que Ele era apenas o ilho de José , o carpinteiro; e, tristemente,
exclamando que “nenhum profeta é aceito em seu pró prio paı́s”, Ele
desceu para Cafarnaum, à s margens do lago, tornando aquela cidade a
sede de Seu ministé rio na Galileia.
No primeiro sá bado apó s sua chegada a Cafarnaum, Ele falou na
sinagoga e teve uma recepçã o muito diferente daquela que Lhe fora
dada em Nazaré . As pessoas estavam entusiasmadas com Seu ensino,
sentindo uma autoridade divina em Suas palavras muito alé m de
qualquer coisa que tivessem experimentado nas dos escribas e
fariseus. Alé m disso, no inal do seu discurso, Jesus com uma palavra
expulsou o espı́rito maligno de um homem possesso para que o povo,
maravilhado, espalhou por toda a parte a histó ria do incidente.
Saindo da sinagoga para a casa de Pedro e André , lá encontrou a
mã e da esposa de Pedro doente com febre, mas a curou imediatamente
e ela preparou uma refeiçã o para todos.
Naquela noite, multidõ es de enfermos foram trazidas a Ele e Ele
curou suas doenças, trabalhando até tarde da noite; ainda assim,
cansado como deve ter estado, Ele se levantou antes do amanhecer e foi
para um lugar solitá rio nas colinas para orar, um há bito de Sua vida
toda.
De Cafarnaum, ele fez muitas viagens de pregaçã o pela Galilé ia,
tendo um sucesso cada vez maior.
Ele tinha vindo, no entanto, para estabelecer um Reino, como Ele
pró prio havia declarado, dizendo: “Devo pregar o Reino de Deus, pois
para isso fui enviado”. Embora este reino nã o fosse do mundo, era para
ser neste mundo e durar até o im dos tempos, muito depois de Ele
mesmo ter retornado ao cé u de onde veio. Para a fundaçã o deste Reino,
Ele deveria escolher entre Seus discı́pulos doze homens que Ele
treinaria pessoalmente antes de enviá -los para continuar Sua obra.
Uma noite, portanto, em preparaçã o para isso, Ele foi sozinho para
as montanhas e orou a noite toda. Na manhã seguinte, Ele reuniu Seus
discı́pulos e escolheu os doze, conferindo-lhes o tı́tulo de Apó stolos.
Os escolhidos foram Simã o
Pedro; Andrew; James; John; Philip; Natanael, també m conhecido como
Bartolomeu; Mateus; Thomas; James, o ilho de Alpheus; Simon
Zelotes; Jude, o irmã o de James; e Judas Iscariotes, que por im o trairia.
Este foi um dos maiores eventos da histó ria, o inı́cio da Igreja como
Reino de Deus na terra. E foi seguido por uma das declaraçõ es mais
importantes que já saı́ram de lá bios humanos. Pois imediatamente
depois, com Seus apó stolos recé m-escolhidos sobre Ele, Ele deu ao
povo o grande discurso conhecido como o “Sermã o da Montanha”.
Entã o Jesus, que veio, como disse, nã o para destruir a Lei e os
Profetas, mas para inaugurar seu cumprimento perfeito, lançou as
bases do "Reino de Deus" ou do "Reino dos Cé us" (Ele falou disso em
ambos caminhos) que Ele chamou de Sua Igreja.
FALANDO EM PARÁBOLAS
Com os Doze, Jesus viajou pelas cidades e vilas da Galilé ia, pregando
o Reino de Deus em todos os lugares.
Muito de Seu ensino Ele deu na forma de pará bolas ou histó rias, de
acordo com os costumes judaicos da é poca. E todos os tipos de assuntos
eram tratados dessa maneira.
Nã o é possı́vel discutir todas as pará bolas em qualquer extensã o
neste pequeno livro, nem tratá -las na ordem em que foram
dadas. Podemos apenas tocar brevemente em alguns dos muitos
aspectos de Seu ensino dado em diferentes momentos por este meio,
referindo os leitores aos pró prios evangelhos para um estudo mais
extenso deles.
Na pará bola do “Semeador e da Semente” ( Marcos 4: 1-20), Ele
advertiu Seus ouvintes de que se Seu ensino nã o despertasse nenhuma
resposta neles, a falha estaria em suas pró prias má s disposiçõ es.
Devem arrepender-se dessas má s disposiçõ es, con iantes de que
Deus, de Sua parte, os acolherá com in inita misericó rdia. Um “pastor
em busca de uma ovelha perdida”, uma “mulher em busca de uma
moeda perdida”, um “pai” regozijando-se no retorno de um “ ilho
pró digo” ( Lucas 15: 1-32), sã o apenas imagens fracas da atitude de
Deus para com as almas arrependendo-se dos pecados que os separam
Dele.
Pensem, implorou ele, no que está em jogo. Nã o é menos do que o
“Reino dos Cé us”, para o qual nenhum sacrifı́cio é grande
demais; mesmo quando um homem venderá tudo para comprar um
“Campo contendo um tesouro enterrado”, ou um comerciante para
ganhar uma “Pé rola de Grande Valor”. ( Mateus 13: 44-46).
Aquele Reino dos Cé us é colocado ao seu alcance por Sua Igreja,
pequena agora como uma “Semente de Mostarda”, mas para crescer e se
tornar uma á rvore imensa e extensa, proporcionando abrigo para todos
que buscam descanso dentro dela. ( Mateus 13: 31-32). Escâ ndalos
surgirã o, sim; pois a Igreja estará em um mundo semelhante a um
“Campo semeado com bons grã os”, mas que os inimigos semearã o com
“berbigã o ou joio”. Será como uma “rede segurando peixes bons e
ruins”. ( Mateus 13: 24-50). No entanto, nã o há nada de errado com a
“Rede”, e a Igreja é de fato o Reino dos Cé us na terra.
Infelizmente, no entanto, Jesus advertiu os judeus de que seus
lı́deres o iciais e sua naçã o como um todo rejeitariam a graça que lhes
era oferecida, pois os "Convidados" deram todos os tipos de desculpas
para se recusarem a comparecer à "Grande Ceia". ( Lucas 14: 17-
24). Eles acabariam por matá -Lo, já que os “Lavradores Inı́quos” da
vinha planejavam assassinar o pró prio ilho do
proprietá rio. ( Marcos 12: 1-12).
Daqueles que vê m para o Reino, apesar dessa rejeiçã o nacional,
muito se espera.
Eles devem ser os inimigos do pecado, certi icando-se de que estã o
vestidos com as “vestes nupciais” da graça divina. ( Mateus 22: 11-
14). Assim como o “fermento” transforma o pã o, essa graça
transformará suas almas. ( Lucas 13:21).
Mas eles devem cooperar generosamente com esta graça, fazendo
bom uso de quaisquer “talentos” que Deus lhes deu. ( Mateus 25: 14-
30).
Acima de tudo, a caridade será exigida deles; perdoar os outros, em
vez de se comportar como o “Servo sem misericó rdia” ( Mateus 18: 23-
35); aliviar as necessidades dos pobres, sem imitar a atitude do egoı́sta
“Rico” para com “Lá zaro, o Mendigo” ( Lucas 16: 19-31); ser um “Bom
Samaritano” para todos os que estã o em perigo, de qualquer
tipo. ( Lucas 10: 25-37).
Nem deve ser dado qualquer quarto ao orgulho do "fariseu" que se
considerava um modelo de virtude em comparaçã o com o
"publicano". ( Lucas 18: 9-14).
Certamente, eles deveriam ser tã o fervorosos em se preparar para
seu destino eterno quanto o foi o "Administrador Injusto" em olhar para
seu futuro meramente temporal ( Lucas 18: 1-8), e em tomar todo
cuidado para evitar o destino que se abateu sobre o "Rico Tolo .
” ( Lucas 12: 13-21).
Sempre se deve ter em mente o fato de que certamente haverá um
Juı́zo Final, quando os bons e os maus serã o divididos em “Ovelhas e os
Bodes” ( Mateus 25: 31-46); e que é essencial nã o serem encontradas
entã o como as “Virgens Loucas” que foram apanhadas de surpresa
apenas para nã o encontrarem ó leo em suas lâ mpadas. ( Mateus 25: 1-
13).
AUMENTANDO A POPULARIDADE
Por quase um ano, Jesus havia ensinado, poderoso em palavras e
obras, por toda a Galilé ia, Sua popularidade aumentando a cada
dia. Cada vez mais se espalhava a convicçã o de que Ele era de fato um
grande profeta, e até mesmo o Messias. Mas as pessoas logo
aprenderiam que Ele de initivamente nã o era o tipo de Messias que
esperavam.
O quã o duro Ele estava trabalhando neste momento pode ser
deduzido dos seguintes incidentes tı́picos.
Um dia, perto de Cafarnaum, Ele estava explicando Sua doutrina e
persuadindo o povo quase desde a luz do dia até o anoitecer; e, ao cair
da noite, vendo quã o grande a multidã o constantemente crescente
havia se tornado, Ele pediu aos discı́pulos que o levassem de barco
atravé s do lago.
Durante a viagem, uma forte tempestade surgiu de repente, as
ondas ameaçando inundar o pequeno navio, e os discı́pulos icaram
completamente assustados. Jesus, cansado, dormia na popa do navio,
entã o eles O acordaram, dizendo: “Mestre, nã o é para ti que
morramos?” Jesus respondeu: “Por que você está com medo? A sua fé
ainda é tã o fraca? " Entã o Ele ordenou que o vento parasse e o mar
parasse, ambos obedecendo imediatamente, de modo que uma grande
calma imediatamente prevaleceu. Apesar de todos os milagres
anteriores que eles haviam testemunhado, os discı́pulos mal
conseguiam acreditar no que entendiam e diziam uns aos outros:
“Quem pode Ele ser? Até os ventos e o mar Lhe obedecem! ”
Ao raiar do dia chegaram à margem oposta do lago, no que à s vezes
era conhecido como o paı́s dos gerasenos, à s vezes como o dos
gadarenos. Perto de onde eles pousaram havia um antigo cemité rio, e
imediatamente um pobre luná tico possuı́do por demô nios correu em
direçã o a eles de entre os tú mulos. Dirigindo-se a Jesus, caiu a Seus pé s,
clamando: “Por que você interfere comigo, Jesus, Filho do Deus
Altı́ssimo? Imploro que nã o me atormente. " O pobre homem nã o era
responsá vel pelo que dizia. Os demô nios o impeliram a falar assim; e
Jesus os expulsou do homem para uma manada de porcos que se
alimentava na encosta da montanha. Estes, cheios de frenesi, lançaram-
se pelas encostas para o mar e morreram afogados.
Os homens que cuidavam dos animais correram para contar aos
outros o que havia acontecido, e logo muitos camponeses do distrito
chegaram e imploraram a Jesus que deixasse suas costas; eles estavam
com tanto medo do que Ele poderia fazer a seguir!
Para os discı́pulos, no entanto, a liçã o foi de grande
signi icado. Agindo como só Deus poderia fazer, Ele operou milagres
que nã o tinham sido ouvidos "desde o inı́cio do mundo", provando Seu
domı́nio sobre toda a criaçã o, nã o apenas sobre as coisas inanimadas,
nã o apenas sobre os mundos vegetal e animal, mas també m sobre
aqueles espı́ritos malignos de cujo poder Ele veio para libertar a
humanidade.
Voltando para o barco, eles partiram para o outro lado do lago. Era
plena luz do dia e, como o povo de Cafarnaum pô de vê -los se
aproximando, uma grande multidã o se reuniu para recebê -los.
Entre os que esperavam ansiosamente para ver Jesus e falar com Ele
estava um funcioná rio da sinagoga chamado Jairo. Assim que Jesus
pousou, portanto, ele implorou que Ele viesse e curasse sua ilha
moribunda. Jesus partiu com ele para a casa, as pessoas se
aglomerando ao redor deles.
Uma mulher na multidã o, sofrendo de uma doença de doze anos,
aproximou-se dele, tocou a orla de Sua vestimenta e foi
instantaneamente curada. Divinamente consciente disso, Jesus
proclamou para o benefı́cio de todos os presentes tanto o fato de sua
cura como que foi seu grande espı́rito de fé que conquistou para ela um
favor tã o maravilhoso. Era uma fé que Ele estava pedindo a todos.
Tinha havido algum atraso e, antes de chegarem à casa de Jairo, um
servo veio dizer que sua ilha havia morrido e que agora era inú til Jesus
ir mais longe. Mas Jesus consolou o pobre pai, disse-lhe que ainda
acreditasse irmemente e que tudo icaria bem.
Em casa, Ele permitiu apenas que Pedro, Tiago e Joã o, junto com o
pai e a mã e, entrassem no quarto da menina morta com Ele. Na
presença deles, Ele simplesmente pegou a mã o dela e disse: “Talitha
cumi”. (“Menina, levante-se.”) Em seguida, pediu aos pais que
cuidassem dela para comer, acrescentando que nã o deveriam divulgar a
notı́cia do que Ele havia feito. A empolgaçã o da multidã o entusiasmada
do lado de fora poderia facilmente dar origem a acusaçõ es contra Ele de
causar tumulto. Essas acusaçõ es viriam em breve!
Entã o Jesus se entregou a todos os que precisavam dEle, e nã o só
pregou o evangelho de Seu novo Reino espiritual, con irmando Sua
missã o por sinais e milagres em vila apó s vila em todo o paı́s, mas deu
autoridade e poder també m aos Seus apó stolos, enviando-os em pares
para fazer o mesmo.
O PÃO DA VIDA
Pois no dia seguinte, na sinagoga de Cafarnaum, tendo voltado para
a cidade durante a noite, Jesus disse ao povo que o pã o com que Ele os
alimentara milagrosamente na vé spera nã o valia a pena ser comparado
com o que Ele pretendia dar-lhes mais tarde em. Este outro pã o seria
Ele mesmo e, ao recebê -lo, comeriam Sua pró pria carne e beberiam Seu
pró prio sangue. Alé m disso, esse alimento daria vida eterna e nã o
apenas os manteria vivos por um pouco mais de tempo neste mundo,
que é tudo o que a comida comum pode fazer.
A maioria dos presentes icou horrorizada com essas
palavras. Falando entre si, eles disseram que Ele estava indo longe
demais, tornando-se impossı́vel para eles aceitarem Seu ensino. E
muitos, que haviam sido Seus discı́pulos até entã o, o abandonaram
completamente.
Desnecessá rio dizer que os escribas e fariseus icaram
maravilhados com a direçã o que as coisas estavam tomando e
trabalharam entre as pessoas descontentes para torná -las inimigas
ativas de Jesus.
Isso marcou uma mudança crı́tica na vida de Jesus neste
mundo. Entre a Pá scoa que se aproximava e a do pró ximo ano, que seria
a sua ú ltima, Ele nunca mais encontrou o entusiasmo de grandes
multidõ es como até entã o, exceto em uma ocasiã o isolada. Daı́ em
diante, voltado cada vez mais para os doze apó stolos, Ele se concentrou
em treiná -los para seu trabalho futuro.
Um encontro tempestuoso com escribas e fariseus que tinham
vindo de Jerusalé m marcou o encerramento de Seu ministé rio na
Galilé ia. Eles O atacaram por violar suas tradiçõ es, ao que Ele
denunciou sua hipocrisia e suas tradiçõ es feitas pelo homem,
declarando-os “lı́deres cegos de cegos”.
Entã o, pegando os doze, Ele sacudiu a poeira da Galilé ia de Seus pé s
e foi para outro lugar.
VISITA A JERUSALEM
Assim, as instruçõ es continuaram, entre os vá rios deveres do
ministé rio, até que em outubro daquele ano a Festa dos Taberná culos,
uma espé cie de Festival da Colheita, estava pró xima. Muitos estavam
acostumados a ir a Jerusalé m para as festividades, e Jesus decidiu ir
també m. Depois disso, ele pretendia trabalhar na Judé ia em vez de na
Galilé ia.
Depois de sua jornada pela Fenı́cia e Decá polis, Ele retornou para
uma breve estada em Cafarnaum. Saindo dali ao longo da estrada em
direçã o a Nazaré , Ele chegou à s alturas de Magdala e parou naquele
ponto de observaçã o para dar uma ú ltima olhada no Mar da Galilé ia e
nas cidades ao longo de sua costa norte. Com o coraçã o triste, Ele
repreendeu as cidades por sua resistê ncia à graça divina, dizendo: “Ai
de ti, Corozain; ai de você , Betsaida; Ai de você , Cafarnaum. Se os
milagres feitos em você tivessem ocorrido em Tiro e em Sidon, eles
teriam se arrependido. Se tivessem sido feitos até mesmo em Sodoma,
aquele lugar teria sido poupado. No dia do julgamento será mais fá cil
com essas cidades inı́quas do que com você s. ” Entã o ele se virou e
dirigiu Seu rosto resolutamente para Jerusalé m.
Sua jornada o levou por Samaria, e em um vilarejo, ao qual Tiago e
Joã o haviam ido na frente para preparar acomodaçã o, eles tiveram sua
hospitalidade negada com o fundamento de que o grupo estava
viajando para Jerusalé m tã o odiada pelos samaritanos. Os dois
apó stolos voltaram a Jesus cheios de indignaçã o e queriam lançar fogo
sobre a cidade como Elias izera com os insolentes aldeõ es. Mas Jesus
os reprovou em silê ncio, dizendo-lhes que certamente ainda nã o
tinham o espı́rito certo. Uma coisa era ele mesmo declarar qual seria o
julgamento justo de Deus sobre as cidades da Galilé ia que haviam
recusado a graça divina; mas nã o cabia a eles invocar desastres sobre os
aldeõ es que simplesmente recusaram hospitalidade a
estranhos. Pacientemente, portanto, Ele foi com eles para outra aldeia.
Chegando nas proximidades de Jerusalé m, Jesus icou na pequena
cidade de Betâ nia, a apenas cerca de trê s quilô metros da Cidade
Santa. Sã o Joã o diz simplesmente, em seu evangelho: “Jesus amava
Marta, e sua irmã Maria e Lá zaro”. Eram amigos em cuja casa Ele era
sempre bem-vindo; e aquela casa que Ele freqü entemente visitou
durante Seu ministé rio na Judé ia.
MINISTÉRIO DE JUDEAN
Saindo de Jerusalé m, Ele foi para a casa de Seus amigos em
Betâ nia. Durante uma breve estada ali, Ele pregou ao povo do paı́s ao
redor e aos visitantes de Jerusalé m que por acaso estavam presentes.
Ele disse ao povo que era a porta para o verdadeiro redil de
ovelhas. Somente por meio dEle eles poderiam entrar no caminho que
conduz à salvaçã o. Ainda mais, Ele era o Bom Pastor que estava
preparado para dar a vida por Suas ovelhas. Na verdade, Ele o faria, e
voluntariamente; embora depois Ele ressuscitasse dos mortos.
Suas palavras foram levadas de volta a Jerusalé m, onde causaram
muita discussã o; e as opiniõ es a respeito dele estavam mais divididas
do que nunca.
Ele agora foi mais longe, e durante os pró ximos dois meses ensinou
em vá rias aldeias do interior da Judé ia e Peré ia. Ele també m escolheu e
enviou setenta e dois discı́pulos para ajudar na obra.
As doutrinas ensinadas diziam respeito ao Reino de Deus em geral,
mas mais especi icamente à paternidade de Deus, à necessidade da
oraçã o, ao cumprimento generoso dos deveres, à obrigaçã o da caridade
fraterna e ao juı́zo inal em que a recompensa da felicidade eterna ou o
o castigo da misé ria eterna será o destino de cada homem de acordo
com seus mé ritos.
Quando os discı́pulos voltaram a Ele cheios de entusiasmo e com
relatos do grande sucesso que acompanhou seus trabalhos, Ele disse:
“Bem-aventurados os olhos que vê em as coisas que você vê , e os
ouvidos que ouvem as coisas que você ouviu”.
A este perı́odo pertence a expressã o de Seu pró prio grande amor
pelos homens, quando proferiu aquelas palavras memorá veis: “Vinde a
Mim, todos vó s que estais cansados e cansados, e Eu vos
revigorarei. Tome Meu jugo sobre você e aprenda de Mim, pois sou
manso e humilde de coraçã o; e você s encontrarã o descanso para suas
almas. Pois Meu jugo é doce e Meu fardo é leve. ”
Durante todo o tempo, també m, Ele manifestou Seu constante
espı́rito de comunhã o com o Pai celestial que tanto amava, entregando-
se a uma oraçã o tã o prolongada e fervorosa que Seus apó stolos,
observando-O, sentiram que nunca haviam sabido o que realmente é
orar. Entã o, eles pediram a Ele que os ensinasse també m a orar.
Foi em resposta a este pedido que lhes ensinou a oraçã o, tã o
sublime como simples: “Pai nosso, que está s nos cé us, santi icado seja o
teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra
como no cé u . O pã o nosso de cada dia nos dai hoje; e perdoa-nos as
nossas ofensas, como nó s perdoamos aos que nos ofenderam. E nã o nos
deixes cair em tentaçã o, mas livra-nos do mal. ”
A DECLARAÇÃO SUPREMA
No mê s de dezembro seguinte, Jesus voltou a Jerusalé m para a Festa
da Dedicaçã o, que comemorava a libertaçã o do Templo em 165 DC da
profanaçã o a que havia sido submetido por Antı́oco Epifâ nio cerca de
cinco anos antes. Antı́oco foi um tirano que tentou erradicar o judaı́smo
e impor ao povo seu pró prio paganismo grego.
Chegando pouco antes da festa, Jesus icou mais uma vez com seus
amigos Lá zaro, Marta e Maria, em Betâ nia, a trê s quilô metros da
cidade. Entã o, no pró prio dia do festival, Ele foi fazer Sua visita ao
Templo.
Assim que Ele apareceu lá , as pessoas imediatamente se reuniram
ao Seu redor. Mas os fariseus també m estavam lá ; e estavam
determinados a forçá -lo a dizer abertamente se a irmava ser o Messias
prometido ou nã o. Entã o, eles lançaram o desa io a Ele: “Por quanto
tempo você vai nos manter em suspense? Se você é o Messias, diga isso
sem rodeios. ”
Jesus respondeu que tudo o que Ele dissesse, eles nã o acreditariam
Nele, mas que os milagres que Ele havia operado em nome de Seu Pai
eram evidê ncia su iciente de Sua missã o divina. Em seguida,
acrescentou as palavras importantes: "Eu e o Pai somos um."
As implicaçõ es disso eram muito claras, e imediatamente os
fariseus pegaram pedras do pá tio para apedrejá -lo.
Mas Jesus os desa iou, dizendo que Ele havia feito muitas boas
obras que só Deus poderia fazer. “Por quais das Minhas boas obras”,
perguntou Ele, “me apedrejais?”
“Nã o por boas obras”, gritavam, “mas por blasfê mia, porque, sendo
homem, você se torna Deus”.
Largando as pedras, eles correram em direçã o a Ele, com a intençã o
de prendê -lo; mas, mais uma vez, Ele escapou deles perdendo-se na
multidã o crescente, deixou o pá tio do Templo e a pró pria Jerusalé m,
partindo imediatamente, nã o de volta para Betâ nia, mas para o outro
lado do Jordã o, a cerca de trinta quilô metros de distâ ncia, perto do local
onde Joã o Batista iniciou sua missã o pela primeira vez.
Mas Ele chorou, dizendo: “Jerusalé m, Jerusalé m. Você mata os
profetas e apedreja os que lhe sã o enviados. Quantas vezes eu teria
reunido seus ilhos como a galinha seus frangos sob sua asa, e você nã o!
"
LEVANTAMENTO DE LAZARUS
Nos trê s meses seguintes, Jesus passou na Peré ia, ensinando,
sempre fazendo o bem e fazendo muitos convertidos.
Os fariseus, entretanto, constantemente seguiram Seus passos; e um
dia um grupo deles disse-lhe para sair da Peré ia porque Herodes
Antipas, que era governador da Peré ia e també m da Galilé ia, planejava
matá -lo.
Nenhum pensamento sobre Seu bem-estar fez com que os fariseus
O advertissem. Cheios de inveja e ó dio, pensaram que a ameaça poderia
pelo menos pô r im à sua obra atual, impelindo-O a ir para outro lugar.
Mas Ele apenas respondeu a eles: “Ide e dizei à quela raposa que
continuarei Meu trabalho até a hora de ir para Jerusalé m. Se um profeta
deve perecer, só pode ser naquela cidade. No entanto, quando eu for lá ,
encontrarei o grito de boas-vindas: Bendito aquele que vem em nome
do Senhor. ”
Por im, veio um chamado de caridade que Ele nã o pô de
recusar. Mensageiros vieram de Marta e Maria em Betâ nia para dizer
que seu irmã o Lá zaro estava gravemente doente. A mensagem enviada
pelas irmã s era apenas: “Senhor, aquele a quem amas está doente”. Eles
sabiam que nã o precisavam dizer mais nada.
Mas Jesus estava bem ciente de que, enquanto os mensageiros
faziam sua jornada de trinta quilô metros, Lá zaro havia morrido; e Ele
deliberadamente permitiu que mais dois dias se passassem antes de
dizer aos Seus apó stolos: "Vamos para a Judé ia novamente." Eles o
lembravam das conspiraçõ es para matá -lo ali; mas foi em vã o, e vendo
Sua determinaçã o de ir, Tomé disse aos outros: “Vamos nó s també m, e
morramos com Ele.”
Lá zaro já estava há quatro dias na sepultura quando eles se
aproximaram de Betâ nia, e Marta, sabendo de Sua vinda, foi ao Seu
encontro com as palavras chorosas: “Senhor, se tivesses estado aqui,
meu irmã o nã o teria morrido”. Sua irmã Maria també m veio, quando
disse que Jesus estava pedindo por ela, e disse praticamente as mesmas
palavras. As duas irmã s provavelmente haviam dito repetidamente uma
para a outra que, se Jesus estivesse lá , Ele nunca teria deixado seu
irmã o morrer.
A Seu pedido, eles O levaram para a caverna onde Lá zaro estava
sepultado, e Ele disse aos homens presentes que removessem a pedra
que cobria a entrada. Entã o, apó s uma oraçã o a Seu Pai, Ele ordenou a
Lá zaro que voltasse à vida e saı́sse da sepultura. Lá zaro o fez
imediatamente, para imensa emoçã o de todos os que o testemunharam
e para a conversã o da maioria deles. Poré m, nã o de tudo. Alguns
correram para Jerusalé m e informaram os fariseus, que imediatamente
exigiram uma reuniã o do Siné drio ou Conselho Supremo dos Judeus.
A reuniã o do Siné drio foi realizada na casa de Caifá s, o sumo
sacerdote daquele ano. Todos concordaram que algo precisava ser
feito. Se Jesus pudesse continuar com essas con irmaçõ es
impressionantes de Seu ensino, todos eventualmente acreditariam
Nele. Os romanos podem até intervir e reduzi-los à escravidã o absoluta,
tirando todos os seus privilé gios atuais.
A discussã o continuou até que Caifá s a encerrou dizendo: “Só há
uma coisa a fazer. E melhor para Ele morrer do que toda a naçã o
perecer. ”
Jesus estava condenado. Mas eles nã o podiam colocar as mã os sobre
ele no momento. Ele havia deixado Betâ nia e ido para o deserto
algumas milhas ao norte, perto de Efraim. O Siné drio só podia fazer
planos para a morte Dele, dando ordens para que qualquer pessoa que
soubesse onde Ele se encontrava deveria informá -los imediatamente.
BANQUETE EM BETHANY
Era apenas cerca de trinta quilô metros de Jericó até Betâ nia, e
quando Jesus chegou à pequena cidade na tarde de sexta-feira, apenas
seis dias antes da Pá scoa, foi recebido por todos. Há apenas um mê s, Ele
ressuscitou Lá zaro, tã o conhecido e popular entre todos, dentre os
mortos.
Um cidadã o rico chamado Simã o até ofereceu um banquete para Ele
e seus apó stolos, convidando Lá zaro, Marta e Maria para estarem
presentes també m.
Ao longo da noite, na presença de todo o grupo, Maria exprimiu a
sua reverê ncia, amor e gratidã o, derramando sobre a cabeça e os pé s de
Jesus o perfume mais caro e refrescante. Isso deixou Judas muito
angustiado, que protestou contra tal desperdı́cio, dizendo que o
precioso unguento poderia ter sido vendido por cerca de cinquenta ou
sessenta dó lares, e o dinheiro dado aos pobres. Mas Jesus a
defendeu. “Os pobres você sempre tem com você ,” Ele disse, “mas eu
nã o. Ela se saiu bem, preparando Meu corpo de antemã o para o
enterro. E eu digo a você que onde quer que o evangelho seja pregado
no mundo, o que ela fez será lembrado em sua memó ria. ”
Judas, entretanto, estava tudo menos apaziguado; Ele sentiu repulsa
pelo que viu. A perda do dinheiro irritou. Pensamentos de vender o
ungü ento precioso começaram a ceder lugar em sua mente aos
pensamentos de vender algo in initamente mais precioso, o pró prio
Jesus.
Durante esses dias, Jerusalé m fervilhava de excitaçã o. Caravanas de
peregrinos chegavam todos os dias de todos os lugares para a
Pá scoa. Nas encostas das colinas ao redor, tendas eram armadas, e
diariamente as multidõ es delas iam para a Cidade Santa. Muitos
galileus estavam entre eles. Toda a conversa era sobre Jesus e, acima de
tudo, sobre o milagre que Ele havia feito há um mê s, a ressurreiçã o de
Lá zaro dos mortos. Pessoas, indo e vindo, aglomeravam-se nas duas
milhas de estrada entre Jerusalé m e Betâ nia. Muitos deles queriam ver
Lá zaro com seus pró prios olhos.
DOMINGO DE RAMOS
Foi em meio a toda essa agitaçã o que Jesus veio na sexta-feira de
sua chegada a Betâ nia, e decidiu seguir para Jerusalé m depois do
sá bado, no primeiro dia da semana. Mas, ao contrá rio das visitas
anteriores, esta deveria assumir a forma de uma entrada pú blica na
cidade. Ele, portanto, enviou dois de Seus discı́pulos a uma aldeia
pró xima para trazer de volta um potro de jumento que Ele disse que
encontrariam amarrado ali, e que o dono alegremente os deixaria levar.
A notı́cia de que Ele estava vindo dessa forma espalhou-se
rapidamente, até mesmo para a pró pria Jerusalé m; e enquanto subia a
encosta em direçã o à cidade, o povo veio ao encontro do fazedor de
milagres de Nazaré , acenando com as palmas das mã os e gritando:
“Bem-vindo. Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do
Senhor. Hosana nas alturas!"
Foi em vã o que sacerdotes e fariseus irados mandaram o povo parar,
perguntando o que eles queriam dizer com isso. “Este é o Profeta Jesus,
de Nazaré na Galilé ia”, disseram eles, e continuaram com suas
demonstraçõ es de alegria. Os fariseus entã o se voltaram para
Jesus. “Cabe a você parar com tudo isso”, disseram eles. “Peça-lhes que
parem.” “Se eu izesse”, respondeu Ele, “as pró prias pedras clamariam”.
Quando uma curva repentina na estrada trouxe a cidade à vista,
Jesus começou a chorar. Aqui estava Ele, aceitando publicamente o
papel do Messias, mas sabendo que dentro de alguns dias Ele seria
rejeitado enfaticamente. “Se você soubesse”, disse Ele, meio alto, “as
coisas que sã o para a sua paz. Mas agora eles estã o escondidos de
você . Nã o icará em ti pedra sobre pedra, porque nã o conheceste o
tempo da tua visitaçã o. ”
Entrando na cidade fervilhante, Ele visitou o Templo para se
entregar à oraçã o. Mas os sacerdotes e fariseus disseram uns aos outros
com raiva: “Nã o realizamos nada. O mundo inteiro parece ter ido atrá s
dele. ” Portanto, eles realizaram outra reuniã o para considerar o
pró ximo movimento que deveriam fazer.
Nenhum acontecimento posterior ocorreu naquele dia em
Jerusalé m; e, tendo olhado em volta para o que viu ali, Jesus voltou à
noite para Betâ nia. Era uma caminhada de pouco mais de meia hora.
JUDAS, O TRAIDOR
No dia seguinte, quarta-feira, Jesus se aposentou com Seus
apó stolos, possivelmente em Betâ nia, provavelmente nas colinas
pró ximas. Estas foram as ú ltimas horas de preparaçã o espiritual, e
durante elas disse-lhes claramente mais uma vez: “Faltam apenas dois
dias para a Pá scoa. Entã o serei entregue para ser cruci icado. ”
Um apó stolo, entretanto, esteve ausente por algumas horas naquele
dia. Ele tinha ido sozinho a Jerusalé m, onde o Siné drio estava
realizando uma reuniã o pela manhã , tentando decidir o que fazer com
Jesus. Os membros estavam preocupados com o nú mero de Seus
amigos que tinham vindo das á reas rurais. Mas, para sua alegria, Judas
veio até eles, perguntando o que lhe dariam se ele os informasse onde
poderiam encontrar Jesus longe da multidã o usual. Eles concordaram
em dar a ele trinta moedas de prata, possivelmente entre quinze e vinte
dó lares em nosso dinheiro. Deve ter parecido um negó cio bastante
ruim, mas Judas ainda aceitou. Ele icou enojado com a maneira como
Jesus falhou repetidas vezes em se a irmar como o Messias-Rei das
aspiraçõ es nacionalistas judaicas quando as oportunidades se
apresentaram.
A ÚLTIMA CEIA
Na quinta-feira, Jesus enviou Pedro e Joã o à cidade para
providenciar o uso de um cená culo na casa de um amigo onde Ele
pudesse celebrar a refeiçã o pascal com Seus apó stolos naquela noite; e
no devido tempo todos vieram para a casa, incluindo Judas.
Antes do inı́cio da refeiçã o, tendo em mente as muitas vezes que os
apó stolos haviam discutido sobre "quem seria o maior", Ele deu-lhes
uma liçã o suprema de humildade, envolvendo-se com uma toalha e, em
seguida, tomando uma tigela de á gua, ajoelhando-se como um escravo
domé stico para lavar os pé s.
Depois disso, Ele prosseguiu com a ceia, durante a qual avisou que
um deles estava prestes a traı́-lo. Judas foi embora, para dizer aos
guardas do Templo que estivessem prontos para o momento em que ele
os noti icasse. Seria em breve. Jesus estava jantando com Seus
apó stolos na casa de um amigo, ele disse a eles. Eles seriam capazes de
prendê -lo sem qualquer perturbaçã o pú blica depois que Ele tivesse
deixado o local.
Quando Judas partiu - como parece mais prová vel o caso - Jesus
passou a cumprir a promessa que havia feito um ano antes de dar Sua
carne para comer e Seu sangue para beber. Tomando pã o, Ele disse:
“Tomai e comei. Este é o Meu corpo que é dado por você . Faça isso em
homenagem a mim. ” Entã o, tomando o vinho: “Este é o Meu sangue da
Nova Aliança, que será derramado por muitos para a remissã o dos
pecados”.
Assim, Ele deu o sinal de Seu pró prio Sacerdó cio de acordo com a
ordem de Melquisedeque, que havia oferecido sacrifı́cio em pã o e
vinho; e també m fez os apó stolos sacerdotes de acordo com a mesma
ordem. Assim, també m, Ele deixou para Sua Igreja o Sacrifı́cio da Missa,
sobre o qual Sã o Paulo mais tarde escreveria: “Sempre que comerdes
este pã o e beberdes o cá lice, mostrareis a morte do Senhor até que Ele
venha . ” ( 1 Coríntios 11:26).
Depois disso, Jesus falou por algumas horas aos seus apó stolos, até
quase meia-noite, consolando-os, prometendo-lhes o Espı́rito Santo
para o seu trabalho futuro, dizendo-lhes que estariam unidos a Ele
como ramos vivos se unem a uma videira, e concluindo com uma oraçã o
sacerdotal pela unidade de sua Igreja, impressionando-os com as
maravilhosas relaçõ es de si mesmo com o Pai e de si mesmos com ele.
Seguiu-se um hino de açã o de graças, entã o Ele deixou a casa com
Seus apó stolos e partiu com eles de Jerusalé m ao longo da estrada de
Betâ nia para Seu Monte favorito. Olivet. Lá Ele foi a um jardim chamado
Getsê mani, onde se afastou dos Apó stolos, com exceçã o de Pedro, Tiago
e Joã o, que levou consigo. Estes trê s foram autorizados a testemunhar,
enquanto Ele se ajoelhava em oraçã o, algo da tristeza com a qual Ele foi
a ligido pelo peso dos pecados do mundo, cujo fardo O arrancou muito
de suor de sangue.
PRISÃO E JULGAMENTO
Foi no jardim do Getsê mani que Judas, vindo com os guardas do
Templo, O encontrou.
Os apó stolos fugiram.
Jesus, preso, foi levado primeiro a Aná s, um ex-sumo sacerdote, que
nã o tinha autoridade, mas queria examiná -lo a im de pensar na melhor
acusaçã o a fazer contra ele. Aná s entã o o enviou a seu genro, Caifá s, o
verdadeiro sumo sacerdote governante, que já havia decidido que era
melhor que Jesus morresse do que toda a naçã o.
Já era dia, na manhã de sexta-feira. O Siné drio se reuniu
rapidamente. Muitos informantes pro issionais foram chamados para
depor perante o tribunal judaico, mas suas acusaçõ es eram tã o
con litantes e tã o palpavelmente falsas que Caifá s as colocou de lado e
assumiu pessoalmente as responsabilidades.
Ele fez uma pergunta direta a Jesus, ordenando-Lhe em nome do
Deus Vivo que dissesse se Ele a irmava ser ou nã o o Cristo, o Filho de
Deus. Jesus respondeu que sim e que um dia o veriam voltando nas
nuvens do cé u. Ficou claro que Ele estava se declarando igual a Deus, e
Caifá s voltou-se para seus companheiros do Siné drio. “Todos você s já
ouviram essa blasfê mia”, disse ele. “Nã o há necessidade de outras
evidê ncias. O que você disse?" Todos concordaram que a sentença de
morte deveria ser pronunciada.
Durante esses procedimentos, dois dos apó stolos, Pedro e Joã o,
criaram coragem su iciente para ir ao pá tio da casa do sumo
sacerdote; mas ali, quando reconhecido, Pedro icou apavorado e trê s
vezes negou, mesmo com um juramento, que conhecia Jesus. O canto de
um galo trouxe-lhe a prediçã o de Jesus de que faria isso; e ao sair
chorou amargamente. No momento ele nã o se lembrou, embora o
izesse mais tarde, que mesmo ao predizer sua queda, Jesus també m
disse: “Eu orei por você , Simã o, para que a sua fé nã o desfaleça; e
depois de sua conversã o, caberá a você fortalecer seus irmã os ”.
O Siné drio, proibido pelas autoridades romanas de in ligir a pena de
morte, levou Jesus a Pilatos, o governador da Judé ia, acusando-o de
aconselhar o povo a nã o pagar impostos a Cé sar, de se proclamar rei e
de incitar o povo à rebeliã o .
Pilatos nã o acreditou neles; tentou escapar da condenaçã o de Jesus
enviando-o a Herodes Antipas, governador da Galilé ia, que por acaso
estava entã o em Jerusalé m; e, quando esse expediente falhou, junto
com todas as medidas persuasivas para apaziguar os judeus, entregou-
O a eles para ser cruci icado.
Antes de fazer isso, poré m, ele lavou as mã os na presença deles,
declarando-se “inocente do sangue deste justo”. Num frenesi de triunfo,
a turba, incitada pelos sacerdotes judeus, gritou: "O seu sangue caia
sobre nó s e sobre nossos ilhos."
Entã o eles izeram Jesus carregar Sua pró pria cruz até o Calvá rio.
MORTE NO CALVÁRIO
Pregado na cruz, Jesus suportou por trê s horas as torturas
ignominiosas e agonizantes da cruci icaçã o, com um cartaz sobre a
cabeça, para a morti icaçã o dos judeus, mas na qual Pilatos insistiu,
proclamando-o como “Jesus de Nazaré , o Rei dos Judeus . ”
Sete de suas declaraçõ es na cruz foram preservadas para nó s. Ele
orou pelo perdã o de Seus perseguidores; prometeu o paraı́so ao ladrã o
arrependido que, junto com outro criminoso, foi cruci icado ao lado
dele; con iou Sua Mã e aos cuidados de Sã o Joã o; expressou Sua pró pria
angú stia mental e corporal no grito: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” e nas palavras: “Tenho sede”; e entã o, depois de
declarar que tudo havia sido "realizado", Sua declaraçã o inal, forte e
con iante: "Pai, em Tuas mã os entrego Meu espı́rito."
Entã o, à s trê s da tarde, naquela sexta-feira à tarde, Jesus morreu.
A pró pria natureza pagou o tributo que Seu pró prio povo recusou. O
sol escureceu, enquanto a terra tremia, rasgando o Vé u do Templo e
abrindo as tumbas. Os judeus icaram apavorados e fugiram, batendo
no peito. Até o centuriã o romano exclamou: “Certamente este homem
era o Filho de Deus”.
Os sumos sacerdotes nã o icavam menos apavorados com essas
coisas do que os outros, mas estavam obcecados por outro e maior
medo. Jesus disse que ressuscitaria no terceiro dia. Eles nã o
acreditaram que fosse possı́vel; mas eles estavam determinados a
tomar precauçõ es contra qualquer remoçã o de Seu corpo por Seus
discı́pulos, com a subsequente alegaçã o de que a profecia havia se
cumprido.
Ao pô r do sol, o sá bado começaria. Eles devem fazer tudo até
entã o. A seu pedido, os soldados romanos apressaram a morte dos dois
ladrõ es quebrando suas pernas; mas quando eles foram até Jesus, eles
O encontraram já morto. Ainda assim, para ter certeza, um soldado
en iou uma lança em Seu lado. Os corpos foram retirados, e Pilatos
concedeu permissã o a José de Arimaté ia para dar um sepultamento
honroso ao de Jesus. Uma concessã o que ele fez aos sacerdotes
judeus. Eles poderiam selar a pedra na entrada da abó bada e fazer com
que os guardas romanos permanecessem de guarda até depois do
terceiro dia, evitando qualquer interferê ncia nela.