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TAN Books
An Imprint of Saint Benedict Press, LLC
Charlotte, Carolina do Norte
2012
D EDICAÇAO
Ao Imaculado Coração da Virgem Maria, Mãe de Deus, Rainha do Céu e
da Terra, Senhora do Santíssimo Rosário, Auxílio dos Cristãos e Refúgio
da Raça Humana .
CONTEUDO _
P. SCHMOGER, C.SS.R.
eu cama nupcial na qual ainda estou deitada”; assim ela designou seus
trabalhos para a Igreja, trabalhos impostos a ela desde sua entrada
em Agnetenberg. Nunca se exigiu nenhum relato dessa operaçã o
oculta, nenhum diretor sequer se dispô s a ouvi-la sobre o assunto, e
só agora, perto do im de sua carreira, ela testemunha os caminhos
pelos quais Deus a conduziu. para o bem da Igreja; agora, pela primeira
vez, ela levanta o vé u que oculta aquela açã o misteriosa que, embora
operada na contemplaçã o, deriva sua origem e mé rito, sua importâ ncia
e resulta da virtude divina da fé . Antes de ingressar na religiã o, sua
principal tarefa consistia em sofrimentos expiató rios referentes à
vocaçã o e votos religiosos; mas, depois de ter abraçado a vida
conventual, a sua acçã o estendeu-se a toda a Igreja. O que essa tarefa
incorporou ela caracterizou com estas palavras marcantes: “Meu Noivo
Celestial me trouxe para a Casa Nupcial”, pois tal é a relaçã o que a Igreja
manté m com Jesus Cristo, seu Esposo e Cabeça – uma relaçã o que foi
mostrada à Irmã Emmerich como uma imensa esfera, abrangendo os
mais variados e opostos estados, por cujas falhas individuais ela
deveria suprir com seus sofrimentos. Jesus está continuamente
renovando a sua uniã o indissolú vel com a Igreja, sua Esposa, e para a
apresentar imaculada ao Pai, derrama incessantemente sobre ela as
torrentes das suas graças. Mas todas as graças devem ser levadas em
conta, e poucos entre os que as recebem estariam prontos para isso, se
o Esposo Celestial nã o preparasse sempre as almas escolhidas para
recolher o que outros desperdiçam, para utilizar os talentos que outros
enterram e quitar as dı́vidas contraı́das pelo negligente. Antes de se
manifestar na carne, para rati icar a Nova Aliança com o Seu Sangue, Ele
a preparou pela Imaculada Conceiçã o de Maria para ser o tipo
imaculado da Igreja. Ele havia derramado sobre ela a plenitude de Suas
graças, para que suas oraçõ es pudessem apressar o advento do Messias,
sua pureza e idelidade o retivessem entre os mesmos homens que nã o
o receberam, que resistiram e o perseguiram. Quando Jesus, o Bom
Pastor, começou a reunir o seu rebanho, foi Maria quem cuidou deles,
sobretudo dos mais pobres, dos mais abandonados, para os conduzir ao
caminho da salvaçã o; ela era a aeromoça iel, ela era o apoio de todos.
Apó s o retorno de seu Filho a Seu Pai Eterno, ela permaneceu muitos
anos na Terra para fortalecer e proteger a Igreja nascente. E até a
segunda vinda de seu Filho, a Igreja nunca icará sem membros que,
seguindo seus passos, serã o tantas fontes de bê nçã o para seus irmã os.
E Maria, a Mã e de Misericó rdia, que atribui a estas almas privilegiadas
as suas tarefas para o ano eclesiá stico; e, de acordo com esta ordem,
Irmã Emmerich recebeu, no que ela denomina de “ Casa Nupcial ”, sua
porçã o anual de expiaçã o pela Igreja. Todos os detalhes lhe foram
revelados, tudo deveria ser concluı́do em um determinado tempo, pois
a escolha e a duraçã o do sofrimento nã o sã o da escolha de ningué m.
Esta ordem foi indicada pelas diferentes partes da Casa Nupcial, que
tinham um signi icado simbó lico e histó rico. Era a casa de Jessé perto
de Belé m, a casa em que Davi nasceu, na qual ele havia sido treinado
pelo pró prio Deus para sua futura carreira como profeta. Foi desta casa,
també m, que o pró prio Esposo Divino surgiu em Sua Santa
Humanidade. Era a casa da raça real da Virgem Imaculada, Mã e da
Igreja, e a casa paterna de Sã o José . Convinha que a Irmã Emmerich
contemplasse ali o estado atual da Igreja e recebesse sua missã o por
ela, uma vez que seus antigos santos ocupantes haviam saudado em
espı́rito o advento do Redentor, contemplado a carreira da Igreja
atravé s dos tempos vindouros e recebido sua parte nas boas obras que
deviam apressar a Redençã o.
Esta casa com seus numerosos apartamentos, seus amplos jardins,
campos e prados, era um sı́mbolo do governo espiritual da Igreja; com
suas vá rias partes, seus funcioná rios, com os intrusos que a assolaram,
apresentou à alma permitida a contemplar uma representaçã o perfeita
da Igreja em suas diferentes relaçõ es com o Estado e o paı́s, com certas
dioceses e instituiçõ es, em ino , com todos os assuntos relacionados
com o seu governo. As injustiças cometidas a ela em sua hierarquia,
direitos e tesouros, na integridade de sua fé , disciplina e moral, pela
negligê ncia, preguiça e deslealdade de seus pró prios ilhos; tudo o que
intrusos , isto é , falsa ciê ncia, pretensas luzes, educaçã o irreligiosa,
conivê ncia com os erros do dia, com má ximas e projetos mundanos,
etc., põ em em perigo ou destroem – tudo foi mostrado à Irmã
Emmerich em visõ es de maravilhosa profundidade e simplicidade . As
cenas dessas visõ es foram a Casa Nupcial e suas dependê ncias, e para lá
ela foi conduzida por seu anjo para receber sua missã o expiató ria.
Antes de considerar os detalhes dessa açã o em visã o, vamos primeiro
olhar para sua natureza e signi icado ocultos. Já observamos que o que
a Irmã Emmerich fez e sofreu na contemplaçã o foi tã o real e meritó rio
em si mesmo e em seus resultados, quanto as açõ es e sofrimentos do
estado natural de vigı́lia. Essa dupla operaçã o surgiu de uma fonte
comum; mas para a perfeita compreensã o dela, devemos estudar seu
dom de contemplaçã o. Seu pró prio comunicaçõ es lançarã o a maior luz
sobre a questã o, uma vez que sã o numerosas e detalhadas. Podemos
compará -los com o testemunho de outros favorecidos com as mesmas
graças, com as decisõ es dos santos Doutores e com os princı́pios que
orientam a Igreja no julgamento de tais fenô menos.
A Irmã Emmerich nos conta que o dom da contemplaçã o lhe foi
concedido no Batismo e que, desde sua entrada na vida, ela foi
preparada de corpo e alma para utilizá -lo. Certa vez ela denominou essa
preparaçã o: “Um misté rio de natureza muito difı́cil para o homem caı́do
compreender, pelo qual os puros de alma e corpo sã o trazidos para uma
comunicaçã o ı́ntima e misteriosa uns com os outros”.
O esplendor inabalá vel da graça batismal é , entã o, segundo ela, a
primeira, a condiçã o principal para a recepçã o da luz da profecia, para o
desenvolvimento de uma faculdade no homem, obscurecida pela queda
de Adã o: a capacidade de se comunicar com o mundo de espı́rito sem
interromper a relaçã o harmoniosa e natural de corpo e alma. Todo
homem possui essa capacidade; mas, se assim podemos falar, está
escondido em sua alma; 1 ele nã o pode por si mesmo ultrapassar a
barreira que separa as regiõ es dos sentidos daquelas alé m. Somente
Deus pela infusã o de luz superior pode remover essa barreira do
caminho de Seus eleitos; mas raramente essa luz é concedida, pois
poucos sã o os que cumprem rigorosamente as condiçõ es exigidas.
Podemos aqui observar que, de acordo com os ensinamentos dos
grandes teó logos, os princı́pios e a teoria da contemplaçã o
estabelecidos pelo Papa Bento XIV para servir de base para o
julgamento da Igreja, nã o existe contemplação natural . O Papa Bento de
modo algum requer uma disposição natural para isso como um
condiçã o para a infusã o da luz profé tica, a luz da profecia. 2 Nã o existe o
desenvolvimento de uma faculdade natural na chamada clarividência .
Todos os fenô menos produzidos nesta regiã o sã o, sem exceçã o, ou
simplesmente o resultado de perturbaçõ es mó rbidas, como no
sonambulismo animal, e conseqü entemente, em si mesmos algo
extremamente imperfeito ou mesmo anormal; ou sã o uma
superexcitaçã o das potê ncias mentais e, portanto, uma extensã o da
faculdade sensı́vel de apercepçã o produzida arti icialmente pela açã o
do mesmerismo à s custas das potê ncias mais elevadas da alma; ou,
en im, podemos reconhecer neles uma clarividê ncia demonı́aca à qual
a clarividê ncia mesmé rica tende necessariamente e inevitavelmente,
pois a perigosa ilusã o e a profunda degradaçã o em que a alma humana
é mergulhada pela in luê ncia mesmé rica nã o pode ter outro resultado.
Só abandonando a verdade: a saber, a doutrina da alma humana, tal
como exposta pelos grandes Doutores, defendida e seguida pela Igreja
em seu processo de canonizaçã o, podemos cair na errô nea e perigosa
hipó tese da clarividência e apoiar teorias falsas sobre fatos menos
certos, menos positivamente atestados.
Antes de considerar o treinamento fı́sico da Irmã Emmerich em
preparaçã o para sua açã o em visã o, vamos olhar para Santa Hildegarde,
aquela grande mestra da vida mı́stica, já que existe uma semelhança
tã o notá vel entre elas. Esta ú ltima, sendo orientada por Deus Todo-
Poderoso a reduzir suas visõ es à escrita, ouviu estas palavras: 3
“Eu, que sou a luz viva que ilumina tudo o que está nas trevas,
livremente te escolhi e te chamei por meu pró prio beneplá cito para
coisas maravilhosas, para coisas muito maiores. do que aqueles
mostrados por Mim aos homens dos tempos antigos; mas, para que nã o
te exaltes na soberba do teu coraçã o, eu te rebaixei até o pó . O mundo
nã o encontrará em ti alegria nem satisfaçã o, nem te envolverá s em seus
negó cios, pois eu te protegi contra a presunçã o orgulhosa, eu te
trespassei com medo, eu te subjuguei com dor. Tu levas tuas dores na
medula de teus ossos, nas veias de tua carne. A tua alma e os teus
sentidos estã o atados, deves suportar incontá veis dores corporais para
que a falsa segurança nã o te apodere, mas para que, pelo contrá rio,
possas considerar-te faltoso em tudo o que izeres. Eu protegi teu
coraçã o de suas perambulaçõ es, coloquei um freio sobre ti para que teu
espı́rito nã o se exalte orgulhosa e vangloriamente, mas que em todas as
coisas possa experimentar mais medo e ansiedade do que alegria e
complacê ncia. Escreva, entã o, o que você vê e ouve, ó criatura, que nã o
recebe na agitaçã o da ilusã o, mas na pureza da simplicidade, o que é
projetado para manifestar coisas ocultas”.
Seu contemporâ neo e bió grafo, o abade Teodorico, dá este testemunho:
4 “Desde a mais tenra idade, sua pureza brilhou de forma tã o notá vel
que ela parecia isenta da fraqueza da carne. Quando ela se ligou a Cristo
pelos votos religiosos, ela subiu de virtude em virtude. A caridade ardia
em seu peito por toda a humanidade, e a torre de sua virgindade era
protegida pela muralha da humildade, de onde brotava a abstinê ncia na
dieta, a pobreza no vestuá rio, etc. aperfeiçoada na enfermidade, de
modo que desde a mais tenra infâ ncia nunca lhe faltaram sofrimentos
frequentes e quase contı́nuos. Muito raramente ela conseguia andar e,
como seu corpo sempre parecia perto de sua dissoluçã o, sua vida
apresentava a imagem de uma morte preciosa. Mas na proporçã o em
que sua força fı́sica falhou, sua alma foi possuı́da pelo espı́rito de
conhecimento e fortaleza; enquanto seu corpo era consumido, seu
fervor espiritual tornou-se in lamado.”
A pró pria Hildegarde estabeleceu como lei estabelecida por Deus, que a
luz profé tica nunca fosse recebida sem sofrimentos constantes e
extraordiná rios. 5 “A alma, por sua natureza, tende para a vida eterna,
mas o corpo, mantendo em si esta vida passageira, nã o está de acordo
com ela; pois, embora ambos se unam para formar o homem, eles sã o
distintos em si mesmos, sã o dois. Por esta razã o, quando Deus derrama
Seu Espı́rito sobre um homem pela luz da profecia, o dom da sabedoria
ou milagres, Ele a lige seu corpo com sofrimentos frequentes, para que
o Espı́rito Santo habite nele. Se a carne nã o é subjugada pela dor, ela
segue prontamente os caminhos do mundo, como aconteceu com
Sansã o, Salomã o e outros que, inclinando-se aos prazeres dos sentidos,
deixaram de ouvir as inspiraçõ es do espı́rito; pois a profecia, a
sabedoria e o dom de milagres geram deleite e alegria. Saiba, ó pobre
criatura, que eu amei e chamei de preferê ncia aqueles que cruci icaram
sua carne em espı́rito”. Santa Hildegarde continua: “Nã o procuro
repouso, estou sobrecarregada por incontá veis sofrimentos, enquanto
o Todo-Poderoso derrama sobre mim o orvalho de sua graça. Meu
corpo está quebrado pelo trabalho e pela dor, como barro misturado
com á gua.”
E novamente: “Nã o é de mim mesmo que pronuncio as seguintes
palavras; a verdadeira Sabedoria os pronuncia pela minha boca. Ele me
fala assim: 'Ouve estas palavras, ó criatura, e nã o as repitas como de ti
mesmo. Mas como de Mim, e ensinado por Mim, tu declaras o que se
segue: 'No momento da minha concepçã o, quando Deus me despertou
pelo sopro da vida no ventre de minha mã e, 6 Ele dotou minha alma
com o dom da contemplaçã o. Meus pais me ofereceram a Deus no meu
nascimento e no meu terceiro ano percebi em mim uma luz tã o grande
que minha alma estremeceu; mas ainda incapaz de falar, eu poderia
dizer nada de todas essas coisas. Aos oito anos fui novamente
oferecido a Deus e destinado à vida religiosa, e até os quinze anos vi
muitas coisas que contei com toda a simplicidade. Os que ouviam
perguntavam com espanto de onde ou de quem eu os havia recebido.
Entã o comecei a me admirar com isso que, embora vendo tudo no mais
ı́ntimo de minha alma, ao mesmo tempo percebia objetos exteriores
pelo sentido da visã o e, como nunca ouvi algo semelhante a outros,
comecei a esconder minha visõ es o melhor que pude. Ignoro muitas
coisas ao meu redor, por causa do estado de constante doença em que
estive desde meu nascimento até o momento presente, meu corpo
consumido, minhas forças totalmente desperdiçadas. Quando
inundado com a luz da contemplaçã o, disse muitas coisas que soaram
estranhas aos meus ouvintes; mas, quando essa luz diminuiu um
pouco, e eu me comportei mais como uma criança do que como uma da
minha idade real, iquei confuso, chorei e desejei poder manter o
silê ncio. O medo que eu tinha dos homens era tal que nã o ousava
contar a ningué m o que via.” 7
Quã o surpreendentemente as palavras acima nã o caracterizam a irmã
Emmerich! Seu corpo foi desde o nascimento um vaso de sofrimentos
e, como Hildegarde, ela també m foi informada pelo Esposo Celestial
por que os suportou: “Teu corpo está sobrecarregado de dores e
doenças para que sua alma possa trabalhar mais ativamente, boa saú de
carrega seu corpo como um fardo pesado.” E quando, durante a
investigaçã o, o vigá rio-geral expressou o espanto de que ela pudesse
ter recebido um ferimento no peito desconhecido para ela, ela
respondeu simplesmente: “Senti como se meu peito tivesse sido
escaldado, mas nunca olhei para ver o que isso foi; Eu sou muito tı́mido
para isso. Desde a minha infâ ncia sempre fui tı́mido demais para olhar
para a minha pessoa. Eu nunca vi, nunca penso nisso, nã o sei nada
sobre isso.” Isso era literalmente verdade, pois a irmã Emmerich nunca
havia pensado em seu corpo, exceto para morti icá -lo e sobrecarregá -lo
com sofrimento. Em vã o nos esforçamos para entender seu grande
amor pela penitê ncia e morti icaçã o. Podemos formar alguma idé ia
disso como testemunhado em um monge em todo o vigor da
masculinidade, ou em um avançado em anos para quem pouco sono e
comida sã o necessá rios, ou no contemplativo enclausurado; mas em
uma criança jovem e delicada, viva e ardente, empregada em trabalhos
forçados desde os primeiros anos, nã o tendo nenhum exemplo do tipo
diante dela, é verdadeiramente surpreendente! Quã o poderosa deve ter
sido a força infundida em seu jovem coraçã o pela graça do Espı́rito
Santo! Estamos propensos a representar os santos para nó s mesmos
em alturas imensurá veis acima de nó s, e nã o em meio a fraquezas e
misé rias como as nossas. Vemos sua santidade, sem re letir sobre seus
esforços heró icos para alcançá -la; esquecemos que a natureza desses
valentes conquistadores era a mesma que a nossa, que eles alcançaram
a meta apenas lutando pacientemente. A prá tica da virtude heró ica foi
tã o difı́cil para a Irmã Emmerich quanto para o Beato Clair Gambacorta,
de Pisa (1362-1419), que nos conta que o jejum lhe era tã o doloroso
que uma vez na infâ ncia ela se golpeou no estô mago com um
banquinho, para entorpecer as dores da fome com dores de outro tipo.
Como todas as crianças, ela gostava muito de frutas; abster-se disso
custou-lhe os maiores esforços. E nã o vimos nossa pequena Anne
Catherine lutando contra a natureza até que a penitê ncia e a renú ncia
se tornaram, por assim dizer, seu ú nico alimento e o dom da pureza
angelical natural para ela? Pela dor e pela morti icaçã o, seu corpo
tornou-se em certa medida espiritualizado, dependente da alma para
seu sustento e dotado da capacidade de servir a ela como instrumento
nos trabalhos realizados na visã o. Nã o se pode insistir com muita força
na seguinte verdade: naquelas regiõ es para as quais a luz intuitiva abre
caminho, a alma nã o age sozinha como se estivesse separada do corpo,
mas alma e corpo agem juntos, segundo a ordem estabelecida por
Deus. Esta verdade lui necessariamente da fé , que ensina que o
homem só pode merecer, expiar, sofrer por outro enquanto for um
viador agindo no e com o corpo. Nada lança mais luz sobre este assunto
do que os fatos registrados na vida de Santa Lidwina: 8 “Quando
Lidwina”, diz uma testemunha ocular, “retornou de visitar os Lugares
Sagrados, o Monte das Oliveiras ou o Monte Calvá rio, por exemplo, seus
lá bios estavam cheios de bolhas, seus membros arranhados, seus
joelhos machucados, toda a sua pessoa carregava nã o apenas as feridas
feito por sua passagem atravé s de sarças, mas até os pró prios espinhos
permaneceram na carne. Seu anjo lhe disse que ela os retinha como
uma prova visı́vel e palpá vel de que ela havia estado nos Lugares
Santos nã o apenas em sonhos ou em imaginaçã o, mas realmente e
verdadeiramente levando consigo a faculdade de receber impressõ es
sensı́veis e corporais. Uma vez em visã o, ela teve que atravessar uma
estrada escorregadia na qual caiu e deslocou o membro direito e,
quando voltou à consciê ncia, encontrou um olho machucado e
in lamado. A dor no membro e em outros membros foi violenta por
vá rios dias. Nessas longı́nquas viagens feriu ora as mã os, ora os pé s, e o
perfume maravilhoso exalado por sua pessoa denunciava aos amigos
para onde fora conduzida. Por uma dispensa divina, sua alma nã o só
comunicou ao seu corpo as superabundantes consolaçõ es que
experimentou, mas també m o utilizou como instrumento, como animal
de carga em suas jornadas, e o tornou participante das fadigas e
acidentes daı́ resultantes. A alma da santa virgem lutou em seu corpo, e
seu corpo lutou conjuntamente com sua alma até o momento de sua
ú ltima agonia. Eles correram juntos na mesma carreira; suportaram
juntos as mesmas di iculdades, como companheiros sob o mesmo teto.
Nã o devemos, pois, surpreender-nos se eles caminham juntos,
regozijam-se juntos no Senhor e, durante a peregrinaçã o desta vida
terrena, experimentam juntos a gló ria futura, as primı́cias do Espı́rito,
a abundante orvalho que cai do cé u.
“Em todas as suas viagens sobrenaturais o anjo era seu companheiro e
ela o tratava como um amigo com um amigo. Ele aparecia
constantemente para ela cercado por uma luz maravilhosa que
superava o brilho de mil só is. Em sua testa brilhou o sinal da cruz, para
que Lidwina nã o fosse enganada pelo maligno, que muitas vezes
aparece como um anjo de luz. No inı́cio, ela sentia uma opressã o tã o
grande no peito que pensava que estava morrendo; mas a sensaçã o
passou quando ela se acostumou ao estado de ê xtase. Ela jazia como
um cadá ver perfeitamente insensı́vel à s impressõ es externas enquanto
seu espı́rito obedecendo à voz angelical, depois de uma breve visita ao
altar da Santı́ssima Virgem na igreja paroquial de Schiedam, para onde
o anjo sempre a conduzia primeiro, partiu na jornada que lhe foi
imposta. Ora, os sofrimentos de Lidwina eram tais que nunca lhe
permitiam sair da cama; e, no entanto, muitas circunstâ ncias se
combinaram para certi icar a verdade de seu arrebatamento espiritual
e corporal. Ela nos conta que mais de uma vez foi elevada, de cama e
tudo, até o teto de seu quarto pela força do espı́rito; e as contusõ es que
ela carregava em sua pessoa depois de suas jornadas fortalecem o
testemunho de seu anjo de que seu corpo, assim como sua alma,
participaram do arrebatamento. Como isso foi efetuado, só o anjo
sabia.”
No entanto, nã o pode haver aqui nenhuma questã o do corpo material,
nenhuma questã o de a virgem piedosa ser apanhada em seu estado de
vida comum. O anjo pretendia apenas dizer que sua alma em seus vô os
ou, como Santa Hildegarde o expressa, quando brilhou pelos reinos do
espaço como um raio de luz, separado nã o do corpo, nã o cessou sua
comunicaçã o com aquele luido in initamente sutil que denominamos
os espíritos vitais que, na verdade, pertencem ao corpo, mas que ao
mesmo tempo estã o tã o intimamente ligados à natureza da alma que
constituem o primeiro e principal instrumento de sua atividade vital.
Quanto mais espiritualizado se torna o organismo fı́sico dos eleitos de
Deus (resultado que se segue à extraordiná ria morti icaçã o), mais
penetrantes se tornam també m os espíritos vitais , como o fogo e,
conseqü entemente, mais se aproximam da natureza da alma; de modo
que esta, a alma, agindo em visã o como se fora do corpo e sem o corpo,
torna-se capaz de se comunicar com o mundo do espı́rito sem
realmente separando-se do corpo, sem realmente afrouxar o vı́nculo
natural e necessá rio que os manté m juntos. Pode-se dizer, portanto,
agir corporalmente . Livre dos con ins do espaço e dos obstá culos que
lhe sã o opostos pelo peso do corpo, pode agir no e com o corpo, efetuar
aquilo para que os sentidos servem de instrumento e recebem
impressõ es por seu meio. Os sentidos interiores, agora espiritualizados,
já nã o oferecem resistê ncia ao funcionamento da alma, mas a seguem
até onde ela conduz. Assim, todo o homem, corpo e alma, age na
contemplaçã o, sofre e opera, embora os ó rgã os exteriores dos sentidos
permaneçam inativos e, por assim dizer, fechados, e o corpo, devido ao
seu peso, nã o possa realmente seguir a alma no regiõ es longı́nquas por
onde passa. Invertemos inteiramente a relaçã o natural existente entre a
alma e o corpo quando imaginamos que a primeira pode receber, sem a
intervençã o do segundo, impressõ es de objetos materiais, impressõ es
tã o poderosas que sã o forçadas, por assim dizer, a encontrar uma saı́da.
dele no corpo sobre o qual eles exercem uma açã o totalmente nova.
Se considerarmos agora a preparaçã o espiritual e sobrenatural de uma
alma para dispô -la ao recebimento da luz profé tica, veremos que, alé m
da graça santi icante, é a virtude infundida da fé que a torna capaz de
receber e fazer uso desse dom. . E, no entanto, a fé infundida nã o é uma
condiçã o simples, é a pró pria causa e im, em virtude do qual Deus
concede o dom da contemplaçã o. Para que o homem alcance a bem-
aventurança, o primeiro, o mais necessá rio dos dons de Deus, é a luz da
fé . Todos os dons extraordiná rios da graça referem-se à fé como o
inferior ao superior, os meios para o im, embora os efeitos visı́veis
desses dons sejam muitas vezes mais marcantes, mais maravilhosos
do que os invisı́veis, que sã o, no entanto, incomparavelmente mais
elevados. Fé , e nã o visõ es, é a fonte, a raiz da justi icaçã o. Ningué m
pode se aproximar de Deus ou ser agradá vel a Ele sem fé . E pela fé que
Jesus Cristo habita no coraçã o, e é a fé , e nã o as visõ es, que se apodera
e se apropria da salvaçã o oferecido com Ele. Sã o Paulo, em sua epı́stola
aos hebreus, chama a fé de substância , que é a posse real e essencial
das coisas que se esperam, o sinal real dos bens invisı́veis. Embora a fé
nã o dê uma intuiçã o clara e precisa dos fatos e misté rios de nossa
Redençã o, ela exclui até mesmo a possibilidade de erro ou dú vida, e
capacita o crente a adquirir os imensos tesouros contidos nas
revelaçõ es e promessas de Deus à Sua Igreja infalı́vel. O crente, em
virtude de sua fé , possui efetivamente os bens adquiridos para ele pela
Redençã o, por mais multiplicados ou admirá veis que sejam; mas,
devido à sua inteligê ncia imperfeita, eles sã o velados dele, assim como
a aparê ncia e a forma da futura planta estã o ocultas no germe. Para
chegar a uma percepçã o clara de seus tesouros, para apreciá -los como
merecem, ele precisa de luz para penetrar no que está escondido, para
ler de relance a histó ria de tempos passados, ou as promessas nã o
cumpridas do futuro. 9 Este Deus Todo-Poderoso se comunica pelo anjo
guardiã o da alma, que sustenta sua fraqueza e a torna capaz de
sustentar seu brilho. 10 A ajuda do anjo é necessá ria; sem ela, a alma
jamais poderia ascender à s maravilhosas regiõ es da contemplaçã o. O
primeiro efeito do ensinamento angé lico é um despertar para as
prá ticas das virtudes teologais; pois a alma recebe essa luz, nã o para
encontrar nela uma fonte de alegria, mas um aumento de fé inteligente.
Portanto, na irmã Emmerich a fé nunca foi inativa. Desde o seu
Batismo, manifestou-se em atos de amor ininterruptos, tanto mais
perfeitos quanto sua alma nunca descansou em bens sensı́veis. Sã o
Tomá s ensina que a fé ocupa o primeiro lugar na vida espiritual, pois é
somente pela fé que a alma está ligada a Deus, fundamento e fonte de
sua vida. Assim como o corpo vive pela alma, a alma vive por Deus, e o
que dá vida à alma é o que a liga a Deus, ou seja, a fé . Esta luz deu a
conhecer à Irmã Emmerich atravé s do anjo o signi icado dos Doze
Artigos do Credo, que é um resumo dos misté rios da salvaçã o
escondidos em Deus desde toda a eternidade, revelados primeiro como
uma promessa e, na plenitude dos tempos, realizados em Jesus Cristo.
Toda a histó ria da Redençã o, com todas as suas circunstâ ncias de
tempo, lugar e atores, passou diante de sua alma em imagens. Milhares
de anos nã o puderam separá -la desses diferentes eventos. Ela viu tudo
pela fé e penetrou na relaçã o interior e mú tua entre os fatos mais
remotos e os mais recentes ligados à nossa Redençã o, estando face a
face uns com os outros, a promessa e o cumprimento. Cada sinal
externo de fé renovava seus efeitos em sua alma. Ela presenciou a
administraçã o de um Sacramento, seus efeitos sobrenaturais lhe foram
revelados por enxurradas de luz que luı́am sobre a alma do
destinatá rio ou eram repelidas em seu curso, dando-lhe a conhecer sua
disposiçã o espiritual. Se uma imagem piedosa fosse colocada sob seus
olhos, ela instantaneamente percebia uma representaçã o
in initamente mais iel que a que estava diante dela, pois a fé
despertava em sua alma uma imagem perfeita do original. A leitura
piedosa, a conversaçã o sagrada, o breviá rio, o canto dos salmos, tudo,
en im, ligado à religiã o, despertava em suas emoçõ es tã o fortes e vivas
que, para resistir à absorçã o na visã o, muitas vezes era obrigada a usar
a violê ncia consigo mesma.
Irmã Emmerich tentou vá rias vezes dar ao Peregrino uma idé ia de sua
contemplaçã o, mas em vã o; ela nunca poderia explicar
satisfatoriamente a atividade espiritual de suas visõ es. Citamos o que o
Peregrino pô de escrever em diversas ocasiõ es:
“Eu vejo muitas coisas que nã o posso expressar. Who pode dizer com a
lı́ngua o que nã o vê com os olhos do corpo? …”
“Eu nã o vejo com os olhos. Parece que o vi com o coraçã o no meio do
peito. Faz a transpiraçã o começar! Ao mesmo tempo, vejo com os olhos
os objetos e as pessoas ao meu redor; mas nã o me dizem respeito, nã o
sei quem ou o que sã o. Estou em contemplaçã o mesmo agora enquanto
estou falando…”
“Durante vá rios dias estive constantemente entre o estado de visã o e o
estado natural de vigı́lia. Eu tenho que fazer violê ncia a mim mesmo. No
meio de uma conversa, de repente vejo diante de mim outras coisas e
imagens e ouço minhas pró prias palavras como se viessem de outra,
como se saı́ssem de um barril vazio. Eu me sinto como se estivesse
embriagado e cambaleando. Minha conversa continua fria e muitas
vezes mais animada do que de costume, mas quando termina nã o sei o
que disse, embora tenha falado de forma conectada. Custa-me um
esforço manter este duplo estado. Vejo objetos que passam vagamente
e confusos como um dorminhoco despertando de um sonho. A segunda
visã o me atrai com mais força, é mais clara que a natural, mas nã o é
pelos olhos…”
Depois de relatar uma visã o um dia, ela deixou seu trabalho de lado,
dizendo: “Todo este dia estive voando e vendo; à s vezes vejo o
Peregrino, à s vezes nã o. Ele nã o ouve o canto? Parece-me que estou
num belo prado, 11 as á rvores formando arcos sobre mim. Ouço cantos
maravilhosamente doces como as vozes claras das crianças. Tudo ao
meu redor aqui embaixo é como um sonho perturbado, obscuro e
confuso, atravé s do qual contemplo um mundo luminoso perfeitamente
distinto em todas as suas partes, inteligı́vel até em sua origem e
conectado em todas as suas maravilhas. Nela o bom e santo deleite
mais poderosamente, pois se vê seu caminho de Deus para Deus; e o
que é mau e profano perturba mais profundamente à medida que o
caminho leva do demô nio ao demô nio em oposiçã o a Deus e à criatura.
Esta vida em que nada me impede, nem o tempo nem o espaço, nem o
corpo nem o misté rio, em que tudo fala, tudo ilumina, é tã o perfeito,
tã o livre que a realidade cega, manca, gaguejante parece apenas um
sonho vazio. Nesse estado sempre vejo as relı́quias brilhando ao meu
lado, e à s vezes vejo pequenas tropas de iguras humanas lutuando
sobre elas em uma nuvem distante. Quando volto a mim, as caixas e
caixõ es em que repousam as relı́quias brilhantes reaparecem.”
Certa vez, o Peregrino lhe deu um pequeno embrulho no qual, sem que
ela soubesse, ele havia colocado uma relı́quia. Ela o pegou com um
sorriso signi icativo, como se dissesse que nã o podia ser tã o enganada,
e colocando-o em seu coraçã o, ela disse: “Eu sabia diretamente o que
você estava me dando. Nã o consigo descrever a impressã o que produz.
Eu nã o apenas vejo, sinto uma luz como o fogo-fá tuo, à s vezes brilhante,
à s vezes opaco, soprando em minha direçã o como se dirigido por uma
corrente de vento. Sinto també m um certo elo de ligaçã o entre a luz e o
corpo brilhante, e entre este e um mundo luminoso, ele pró prio nascido
da luz. Quem pode expressá -lo? A luz se apodera de mim, nã o posso
impedi-la de entrar em meu coraçã o; e, quando mergulho mais fundo,
parece que o atravessei para o corpo de onde emana, para as cenas de
sua vida, suas lutas, seus sofrimentos, seus triunfos! Entã o eu sou
dirigido em visã o como é agradá vel a Deus. Há uma relaçã o maravilhosa
e misteriosa entre nosso corpo e nossa alma. A alma santi ica ou
profana o corpo; caso contrá rio, nã o poderia haver expiaçã o, nem
penitê ncia por meio do corpo. Como os santos, enquanto vivos,
trabalharam no corpo, mesmo quando separados dele continuam a agir
por ele sobre os ié is. Mas a fé é essencial para a recepçã o de in luê ncias
sagradas.
“Muitas vezes, enquanto falo com outras pessoas sobre assuntos bem
diferentes, vejo ao longe a alma de uma pessoa falecida vindo em minha
direçã o e sou forçado a atendê -la imediatamente. Fico calado e
pensativo. Eu també m tenho apariçõ es dos Santos da mesma
maneira…”
“Certa vez tive uma bela revelaçã o sobre este ponto, na qual aprendi
que ver com os olhos nã o é visã o, que há outra, uma visã o interior que é
clara e penetrante. Mas, quando privado da comunhã o diá ria, uma
nuvem obscurece minha visã o clara e interior, rezo com menos fervor,
com menos devoçã o, esqueço coisas importantes, sinais e advertê ncias,
e vejo a in luê ncia destrutiva das coisas exteriores que sã o
essencialmente falsas. Sinto uma fome devoradora do Santı́ssimo
Sacramento e, quando olho para a igreja, sinto como se meu coraçã o
estivesse prestes a escapar do meu peito e voar para o meu Redentor…”
“Quando eu estava em apuros, porque em obediê ncia à s ordens do meu
guia eu me recusei a ser removido para outra morada, clamei a Deus
para me dirigir. Eu estava sobrecarregado com provaçõ es, e ainda
assim tive tantas visõ es sagradas que nã o sabia o que fazer. Na minha
oraçã o eu estava calmo. Vi um rosto, um semblante aproximar-se de
mim e derreter-se, por assim dizer, em meu peito, como se unisse ao
meu ser. Parecia que minha alma se unindo a ela voltava a si mesma e
icava cada vez menor, enquanto meu corpo parecia se tornar uma
grande substâ ncia maciça, grande como uma casa. O semblante, 12 a
apariçã o em mim parecia tripla, in initamente rica e variada, mas ao
mesmo tempo sempre uma. Ele penetrou (isto é , seus raios, seus
respeitos) em todos os coros de anjos e santos. Senti alegria e consolo
com isso, e pensei: tudo isso poderia vir do espı́rito maligno? E
enquanto eu pensava assim, todas as imagens, claras e distintas como
uma sé rie de nuvens brilhantes, passaram novamente diante de minha
alma, e senti que agora estavam fora de mim, ao meu lado em uma
esfera luminosa. Senti també m que, embora fosse maior, nã o era tã o
grande como antes. Havia agora, por assim dizer, um mundo fora de
mim no qual eu podia espiar atravé s de uma abertura luminosa.
Aproximou-se uma donzela que me explicou este mundo de luz, dirigiu
minha atençã o aqui e ali e me apontou a vinha do santo Bispo em que
agora eu tinha que trabalhar.
“Mas vi també m à minha esquerda, um segundo mundo cheio de
iguras deformadas, sı́mbolos de perversidade, calú nia, zombaria e
injú ria. Eles vieram como um enxame, o ponto direcionado para mim.
De tudo o que me vinha desta esfera, nada podia aceitar, pois os justos,
os bons, estavam na esfera pura e luminosa à minha direita. Entre essas
duas esferas pendurei-me por um braço pobre e abandonado,
lutuando, por assim dizer, entre o cé u e a terra. Este estado durou
muito e me causou grande dor; ainda nã o estava impaciente. En im,
Santa Susana 13 veio a mim da esfera luminosa com Sã o Libó rio em cuja
vinha eu tive que trabalhar. Eles me libertaram e fui levado novamente
para a vinha que estava inculta e crescida. Eu tive que podar os galhos
selvagens e esparsos nas treliças para que o sol pudesse atingir os
brotos jovens. Com grande di iculdade, trabalhei em uma lacuna na
treliça. Juntei as folhas e as uvas apodrecidas em uma pilha, limpei o
mofo dos outros e, como nã o tinha pano ino, tive que levar meu lenço.
Esse trabalho me cansou tanto que deitei na cama na manhã seguinte
todo machucado e dolorido; Senti como se nenhum osso tivesse
sobrado em meu corpo. Meus braços ainda doem…”
“A maneira como uma comunicaçã o do bem-aventurado é recebida é
difı́cil de explicar. O que é dito é incrivelmente breve; por uma palavra
deles eu entendo mais do que por trinta de outros. Vejo o pensamento
do orador, mas nã o com os olhos; tudo é mais claro, mais distinto do
que no estado atual. Recebe-se com tanto prazer como se recebe uma
brisa no verã o. Palavras nã o podem expressar isso bem…”
“Tudo o que a pobre alma me disse foi, como sempre, breve.
Compreender a linguagem das almas do Purgató rio é difı́cil. A voz deles
é abafada como se viesse atravé s de algo que entorpece o som; é como
algué m falando de um poço ou de um barril. O sentido, també m, é mais
difı́cil de apreender. Requer-se mais atençã o do que quando Nosso
Senhor, ou meu guia, ou um santo me fala, pois suas palavras penetram
como uma corrente de ar lı́mpida, vê -se e sabe-se tudo o que dizem.
Uma de suas palavras diz mais do que um longo discurso…”
A ESSENCIA DO RACIONALISMO _ _
AILY durante o ano eclesiá stico a Irmã Emmerich viajou para a Terra
Santa sob os cuidados de seu anjo, que escolheu o caminho tanto de
D ida quanto de volta. Isso ele determinou pelas vá rias tarefas que ela
tinha que cumprir para os doentes, os moribundos, os necessitados e
as almas do Purgató rio, de acordo com a ordem estabelecida por
Deus. Ningué m foi excluı́do de suas ministraçõ es de caridade, mas o
Chefe da Igreja recebeu sua atençã o principal quando precisava de
ajuda para aliviar o fardo de seu encargo pastoral. Roma lhe era tã o
familiar quanto a Terra Santa. O Vaticano, as vá rias igrejas da Cidade
Eterna, eram tã o conhecidas para ela quanto o Templo, o Palá cio de
Davi, o Cená culo e outros Lugares Santos de Jerusalé m. Nessas viagens,
ela visitava os lugares santi icados pelo nascimento, trabalho e morte
dos santos, que freqü entemente lhe apareciam e davam conta dos
vá rios detalhes de sua vida e sofrimentos. Cada dia trazia suas pró prias
tarefas especiais, suas pró prias visõ es particulares sobre os misté rios
ligados à obra da Redençã o, de modo que nã o devemos nos
surpreender com sua incapacidade de relatar tudo, sobrecarregada
como estava por sofrimentos corporais e mentais. A conexã o entre o
calendá rio da Igreja e a missã o da irmã Emmerich era pró xima e real;
somente o contemplativo pode compreender a multiplicidade e
variedade de açã o que isso acarreta. Embora os fragmentos contidos
nas comunicaçõ es a seguir sã o curtos, mas sã o, no entanto, os mais
impressionantes e su icientes para convencer o leitor dos maravilhosos
caminhos pelos quais essa alma foi conduzida na realizaçã o de obras
cuja surpreendente manifestaçã o redundará para a maior gló ria de
Deus em o Dia do Julgamento.
Em julho de 1820, ela relatou o seguinte: “Recebi a ordem de viajar pelo
mundo para ver sua misé ria. Atravessei a vinha de St. Ludger até a de
Sã o Pedro, vendo por toda parte o triste estado da humanidade e da
Igreja representada por diferentes graus de frio, neblina e escuridã o,
embora aqui e ali eu visse pontos brilhantes e pessoas em oraçã o. Tive
visõ es desses indivı́duos. Aonde quer que eu fosse, era levado aos
necessitados, aos abandonados, aos doentes, aos perseguidos, aos
presos, pelos quais rezava, auxiliando e consolando de muitas
maneiras. Em todos os lugares eu vi o estado da Igreja, os santos dos
paı́ses, bispos, má rtires, religiosos e anacoretas - todos sobre os quais a
graça de Deus desceu. Vi especialmente aqueles que tiveram visõ es e
quais eram suas visõ es. Eu os vi aparecendo em oraçã o a outros e
outros a eles. Vi tudo o que eles izeram e compreendi que a Igreja
sempre teve tais servos, visõ es e apariçõ es. Eles existiam mesmo no
tempo da promessa, constituindo uma de suas mais ricas graças e
contribuindo em grande parte para seu bem-estar e uniã o. Vi por toda
parte corpos sagrados deitados em tú mulos. Vi sua in luê ncia, sua
conexã o com os santos e a bê nçã o que emana deles por meio de sua
uniã o com suas almas. Nessa visã o imensa, nã o tive outra alegria senã o
a de ver a Igreja fundada sobre uma rocha, e de saber que o amor a
segue e imita a Jesus, de onde brotam as bê nçã os eternas. Foi-me dito
que no Antigo Testamento Deus enviou anjos aos homens e os advertiu
em sonhos. Mas, a inal, isso nã o era tã o claro e perfeito quanto o
ensinamento espiritual do cristianismo - e, no entanto, quã o iel e
simplesmente o povo da Antiga Lei seguiu tais inspiraçõ es divinas!
“Quando chego a qualquer paı́s, geralmente vejo na cidade principal,
como em um ponto central, seu estado espiritual indicado pelo frio,
neblina e escuridã o. Vejo o quartel-general da corrupçã o e fotos de seus
maiores perigos. Eu entendo tudo. Deles vejo riachos e poças se
espalhando pela terra como veias envenenadas, e no meio deles almas
piedosas em oraçã o, igrejas contendo o Santı́ssimo Sacramento,
inú meros corpos santos, boas obras sendo realizadas, pecados expiados
ou impedidos, assistê ncia dada aos necessitados, etc. Quando vejo os
pecados e abominaçõ es de uma naçã o, suas boas e má s obras; quando
descobri a fonte do veneno, a causa de seus males, vejo como resultado
necessá rio o sofrimento, o castigo, a destruiçã o que eles acarretam e
uma cura total ou parcial efetuada na medida em que o bem praticado
por seu pró prio povo produz efeitos salutares. , ou os esforços de
caridade de outros feitos pelo amor de Jesus, trazem correntes de graça
e salvaçã o. Sobre alguns lugares mergulhados na escuridã o vejo a
destruiçã o lutuando em imagens ameaçadoras; sobre outros, lutas e
derramamento de sangue escurecem o ar, e deles freqü entemente emite
outra imagem impressionante com seu pró prio signi icado. Esses
perigos e castigos nã o estã o sozinhos. Estã o ligados aos crimes de
outros paı́ses; e assim, o pecado se torna a vara que fere o culpado.
“Enquanto tudo isso aparece em imagens escuras e terrenas sobre
essas terras, vejo acima delas os germes bons e luminosos que dã o
origem a outras imagens como um mundo de luz, representando o que
é feito por ele por seus santos membros atravé s dos tesouros de graça
que eles derramar sobre ela os mé ritos de Jesus Cristo. Vejo acima
igrejas profanadas outras igrejas lutuando na luz, e vejo os Bispos,
doutores, má rtires, intercessores, profetas e todas as almas
privilegiadas que um dia pertenceram a eles; imagens de seus milagres,
graças, visõ es, revelaçõ es e apariçõ es passam diante de mim; e vejo sua
in luê ncia de longe e de perto, os efeitos que produziu mesmo nas
distâ ncias mais remotas. Uma bê nçã o ainda paira sobre os caminhos
que eles trilharam, pois ainda estã o unidos com seu paı́s e rebanho
atravé s de almas piedosas que mantê m viva sua memó ria. Vejo que seus
ossos, onde quer que estejam, estã o em misteriosa comunicaçã o com
eles e se tornam a fonte de sua amorosa intercessã o. A menos que seja
apoiado pela graça de Deus, nã o se pode contemplar tal misé ria e
abominaçã o lado a lado com tã o grande misericó rdia e amor - morreria
de tristeza.
“Se no caminho há algumas almas necessitadas pelas quais o Senhor se
digna receber as oraçõ es de uma pobre criatura, sou conduzido a elas e
vejo a causa de suas desgraças. Eu me aproximo de sua cama se eles
dormem, eu me aproximo deles se acordados, e eu ofereço a Deus uma
oraçã o fervorosa por eles para que Ele possa receber de mim em seu
favor o que eles nã o podem, ou nã o sabem como fazer por si mesmos.
Muitas vezes tenho que tomar sobre mim uma parte de seus
sofrimentos. As vezes sã o pessoas que imploraram as oraçõ es de
outros, ou mesmo as minhas, e é por isso que tenho que fazer essas
viagens; sã o todos para o alı́vio do meu vizinho. Entã o vejo as pobres
criaturas voltando-se para Deus, de quem recebem consolo e tudo o
que precisam, raramente de maneira milagrosa, mas por meios comuns,
embora muitas vezes inesperados. Isso mostra que a angú stia corporal
e espiritual vem mais frequentemente do pró prio homem que, em vez
de se virar como uma criança para mendigar e receber ajuda da Mã o de
Deus sempre aberta, fecha-se em si mesmo incré dulo e desa iador. A
minha intervençã o, eu que tenho o dom de ver , é em si mesma a Mã o
de Deus que envia a muitos de coraçã o cego e fechado aquele que vê ,
que está aberto à luz, que é canal da sua copiosa misericó rdia. Nessas
viagens, muitas vezes sou orientado a impedir o pecado, intervindo
para causar terror, desconcertar alguma pessoa mal-intencionada. Mais
de uma vez despertei mã es cujos bebê s precisavam deles ou corriam o
risco de serem sufocados por si mesmos ou por enfermeiras sonolentas
etc.
“Passei pelo vinhedo de Ludger (Mü nster) onde encontrei as coisas em
estado miserá vel, como sempre; pelo de Sã o Libó rio (Paderborn) no
qual trabalhei pela ú ltima vez e que encontrei melhorado; e depois pelo
lugar onde jaz Nepomeceno, Venceslau, Ludmilla e outros santos. Este
lugar está cheio de restos sagrados, mas há poucos sacerdotes piedosos
entre os vivos, e vi que as pessoas boas e santas geralmente vivem
escondidas. Fui para o sul até uma grande cidade (Viena) com uma
torre alta, em torno da qual existem muitas ruas e avenidas; um rio
largo corre pela cidade (o Danú bio). Virei à esquerda em um distrito
montanhoso alto (Tyrol), onde moram muitas almas piedosas,
especialmente nas partes pouco povoadas. Ainda viajando para o sul,
cheguei a uma cidade à beira-mar (Veneza) na qual recentemente vi
Santo Iná cio e seus companheiros, Sã o Marcos e outros santos; mas lá
prevalece grande corrupçã o. Entrei na vinha de Ambró sio (Milã o) e lá vi
muitas visõ es e graças concedidas a Santo Ambró sio, e especialmente
sua in luê ncia sobre Santo Agostinho. Aprendi muitas coisas sobre ele,
seu conhecimento de uma pessoa que possuı́a em algum grau o dom de
reconhecer relı́quias. Eu tive visõ es sobre este ponto e acho que o Santo
se referiu a isso em um livro. Aprendi, també m, que ningué m jamais
teve essa faculdade tã o plenamente quanto Deus a concedeu a mim, e
isso por causa da vergonhosa negligê ncia das relı́quias e porque a
veneraçã o delas deve ser renovada. Vi enquanto ia para o sul um
nú mero incrı́vel de igrejas e santos favorecidos com vá rias graças. Vi
claramente as obras, visõ es, apariçõ es de Sã o Bento e seus
companheiros; as duas Catarinas de Siena e Bolonha, Clara de
Montefalco, suas visõ es e apariçõ es. Durante minha grande visã o na
diocese de Santo Ambró sio, pareceu-me que o Santo falava do Cé u, pois
via a in luê ncia e o ministé rio das mulheres e virgens na Igreja pelo
dom da contemplaçã o, apariçã o e profecia, e ele disse algo sobre o
discernimento de visõ es verdadeiras e falsas; mas nã o posso repetir
suas palavras. Devo dizer que nos diferentes paı́ses eu geralmente via
os santos bispos em primeiro lugar, depois padres, monges, freiras,
eremitas e leigos. Vi as apariçõ es de santos a eles em vida e em tempos
de necessidade premente, quando lhes deram conselho e consolo de
Deus. Eu vi neste grande paı́s Madalena di Pazzi e Rita de Cassia, e
muitas das visõ es, missõ es, etc. de Catarina de Siena.
“Fui à igreja de Pedro e Paulo (Roma) e vi um mundo sombrio de
angú stia, confusã o e corrupçã o, atravé s do qual brilhavam inú meras
graças de milhares de santos que ali repousam. Se eu pudesse relatar
apenas uma parte do que vi neste ponto central da Igreja, forneceria
material para uma meditaçã o ao longo da vida. Aqueles Papas cujas
relı́quias eu possuo eu vi mais distintamente. Devo ter alguns de
Callistus I, o dé cimo sé timo papa, que ainda nã o encontrei. Este Papa
teve muitas apariçõ es. Vi a morte de Joã o Evangelista e sua apariçã o a
Calisto, uma vez com Maria e outra com Nosso Salvador, para fortalecê -
lo em tempos de necessidade. Vi vá rias apariçõ es feitas a Xisto, de
quem tenho uma relı́quia, e inú meras outras dos Apó stolos e discı́pulos
uns aos outros e aos seus sucessores, dando-lhes advertê ncias em
tempos de angú stia. Nessas apariçõ es vi uma certa ordem de posiçã o e
dignidade e sua correspondê ncia com as necessidades de quem as
recebeu. Os mensageiros da Igreja Triunfante sã o delegados tendo em
conta a importâ ncia da ocasiã o em que sã o enviados, e nã o de acordo
com o julgamento cego do mundo. Quanto ao dom de reconhecer
relı́quias, devo acrescentar que S. Praxedes o possuı́a até certo ponto.
“Vi o Santo Padre cercado de traidores e muito angustiado com a Igreja.
Ele teve visõ es e apariçõ es em sua hora de maior necessidade. Vi
muitos bons e piedosos Bispos; mas eles eram fracos e vacilantes, sua
covardia muitas vezes levava vantagem. Vi o negro tramando
novamente, os destruidores atacando a Igreja de Pedro, Maria de pé
com seu manto sobre ela, e os inimigos de Deus fugindo. Eu vi os
Santos. Pedro e Paulo trabalhando ativamente para a Igreja e sua
bası́lica grandemente ampliada. Entã o vi a escuridã o se espalhando e as
pessoas nã o mais buscando a verdadeira Igreja. Eles foram para outro,
dizendo: 'Tudo é mais bonito, mais natural aqui, melhor regulado' -
mas, até agora, nã o vi nenhum eclesiá stico entre eles. Eu vi o Papa
irme, mas muito perplexo. O tratado considerado tã o vantajoso para
nó s será inú til; as coisas vã o de mal a pior. O Papa mostra mais energia
agora; ele foi aconselhado a resistir até a morte, e isso ele ganhou por
seu ato tardio de irmeza. Mas suas ú ltimas ordens nã o tê m
importâ ncia, ele as executa muito fracamente. Vi sobre a cidade
terrı́veis males vindos do norte.
“Dali eu passei sobre as á guas no meio das quais se encontram ilhas
com seus bons e maus; os mais insolados sã o os mais felizes, os mais
brilhantes. Viajei para o oeste no paı́s de Xavier (Portugal), onde vi
muitos santos e toda a terra cheia de soldados em vermelho. O mestre
estava para o sul alé m do mar. Este paı́s era bastante tranqü ilo em
comparaçã o com o de Santo Iná cio, no qual entrei e encontrei em
terrı́vel misé ria. A escuridã o cobriu toda a terra onde repousa o
tesouro das graças e mé ritos do Santo. Eu estava no ponto central e
reconheci o lugar onde, muito antes, eu tivera uma visã o de pessoas
lançadas em uma fornalha ardente ao redor da qual seus inimigos
estavam reunidos; mas aqueles que acenderam as chamas foram
consumidos por elas. 1 Vi abominaçõ es iné ditas se espalhando pela
terra, e meu guia me disse: ' Esta é Babel! ' Vi em todo o paı́s uma
cadeia de sociedades secretas com in luê ncias em açã o como as de
Babel. Eles estavam ligados à construçã o da torre por uma teia ina
como a de uma aranha, que se estendia por todas as eras. Sua lor mais
alta era a mulher diabó lica Semiramis. Eu vi tudo indo à ruı́na, coisas
sagradas destruı́das, impiedade e heresia luindo. Uma guerra civil
estava se formando e uma crise interna destrutiva estava pró xima. Vi
os trabalhos anteriores de inú meros santos, bem como os pró prios
santos, dos quais mencionarei apenas Isidoro, Joã o da Cruz, Jane de
Jesus, e principalmente Teresa, muitas de cujas visõ es eu tive. Foi-me
mostrado os trabalhos de St. James cujo tú mulo está em uma
montanha. Eu vi quantos peregrinos aqui encontram a salvaçã o. Meu
guia apontou Montserrat. Ele me mostrou os velhos eremitas que
antigamente moravam lá , e eu tive uma visã o tocante deles. Eles nunca
sabiam o dia da semana. Eles contavam o tempo dividindo um pã o em
sete partes, das quais comiam uma parte por dia. As vezes, quando em
ê xtase, eles cometeram um erro de um dia inteiro. A Mã e de Deus
costumava aparecer e dizer-lhes o que anunciar aos homens. Vi tanta
misé ria neste paı́s, tantas graças pisadas, tantos santos e suas visõ es,
que me veio à mente o pensamento: 'Por que devo, miserá vel pecador,
ver tudo isso! A maior parte eu nã o consigo entender, muito menos
relatar' — entã o falou meu guia: 'Repita o que puder! Tu nã o sabes
quantas almas um dia a lerã o e serã o consoladas, reanimadas e
encorajadas por ela. Existem inú meros relatos de graças semelhantes,
mas à s vezes elas nã o estã o relacionadas como deveriam. As coisas
antigas sã o desagradá veis para as pessoas desta é poca, ou muitas
vezes sã o maliciosamente deturpadas. O que você relatar será
publicado de uma maneira melhor e produzirá bê nçã os muito maiores
do que você pode imaginar.' Isso me consolou, pois por alguns dias eu
estava desanimado e escrupuloso.
“Desta terra infeliz fui levado sobre o mar, um pouco para o norte, para
uma ilha onde esteve Sã o Patrı́cio (Irlanda) e aqui encontrei cató licos
ié is, sinceros, mas muito oprimidos. Mantinham relaçõ es com o Papa,
mas muito secretamente, e ainda havia muita coisa boa no paı́s porque
o povo estava unido. Eu tive uma instruçã o neste momento sobre a
comunhã o dos membros da Igreja. Eu vi St. Patrick e muitas de suas
obras. Aprendi muito de sua histó ria e vi algumas fotos da grande visã o
do Purgató rio que ele teve uma vez em uma caverna, quando
reconheceu muitas das pobres almas que depois libertou. A Santı́ssima
Virgem costumava aparecer e instruı́-lo sobre o que fazer.
“Da ilha de Sã o Patrı́cio atravessei um mar estreito até outra grande ilha
(Inglaterra), escura, fria e enevoada, na qual vi, aqui e ali, um bando de
piedosos sectá rios; mas, de resto, tudo era uma grande confusã o, a
naçã o inteira dividida em dois partidos e envolvida em intrigas
sombrias e repugnantes. A parte mais numerosa era a mais perversa. O
menor tinha os soldados do seu lado e, embora melhor do que o outro,
nã o tinha muita importâ ncia. Vi os dois partidos lutando juntos e o
menor vitorioso; mas havia intrigas abominá veis, todos pareciam
espiõ es para vigiar e trair o pró ximo. Acima desta terra, vi uma
multidã o de amigos de Deus de tempos antigos, tantos reis santos,
bispos e apó stolos do cristianismo que deixaram suas casas para
trabalhar entre nó s na Alemanha: Santa Walburga, Rei Eduardo, Edgar e
Santa Ursula, e aprendi que a tradiçã o que faz das 11.000 virgens um
exé rcito de donzelas nã o é verdadeira. Eles eram uma espé cie de
confraria como nossas pró prias associaçõ es de caridade, e eles nã o
foram todos juntos para Colô nia, pois alguns deles moravam muito
separados. Eu vi grande misé ria no paı́s frio e nebuloso, riqueza, crime
e navios.
“Continuei minha jornada para o leste sobre o mar em um paı́s frio no
qual vi os Santos. Bridget, Canute e Eric (Sué cia e Dinamarca). Estava
mais pobre, num estado mais tranquilo que o anterior, mas també m
estava escuro e enevoado. E uma terra rica em ferro, mas nã o fé rtil. Nã o
me lembro do que iz ou vi aqui; os habitantes eram todos protestantes
convictos. Entã o passei por um imenso paı́s escuro, sujeito a grandes
tempestades e cheio de maldades. Os habitantes sã o excessivamente
orgulhosos. Eles constroem grandes igrejas (Rú ssia) e pensam que
estã o no caminho certo. Eu os vi por toda parte armando e trabalhando;
tudo era escuro e ameaçador. Eu vi Sã o Bası́lio e outros. Eu vi o sujeito à
espreita perto do palá cio reluzente. Eu fui agora para o sul, etc…” A
China, como podemos julgar por sua descriçã o do paı́s, onde ela viu
muitos má rtires e apó stolos do cristianismo primitivos e o bem
realizado em seus dias pelos esforços dos dominicanos. Ela visitou o
local dos trabalhos e morte de Sã o Tomá s, como també m a de Sã o
Francisco Xavier e seus companheiros; e ela atravessou as ilhas em que
a luz do Evangelho agora está brilhando. Uma grande ilha ela
mencionou particularmente, na qual a Fé está avançando rapidamente.
As pessoas, tanto cató licas como protestantes, sã o verdadeiramente
boas e recebem instruçã o de bom grado; sendo este ú ltimo bem
inclinado para a catolicidade, a igreja está lotada em todas as funçõ es
pú blicas. A cidade é tã o densamente povoada que eles começam a
estender seus limites. A populaçã o nativa é excelentemente bem
disposta. Eles sã o de uma tez marrom, alguns deles bastante pretos.
Eles estavam acostumados a andar quase nus, mas agora se vestem
como seus professores prescrevem. Irmã Emmerich viu seus ı́dolos que
ela descreveu – a ilha parece ser a mesma pela qual ela orou na noite de
Natal. Na India ela conheceu as pessoas que, em uma ocasiã o anterior,
ela tinha visto desenhando as á guas sagradas do Ganges e ajoelhando-
se diante de uma cruz; eles estavam agora em melhores condiçõ es,
recebendo instruçã o e prestes a formar uma comunidade - foi aqui que
ela teve uma visã o de Sã o Tomá s e Sã o Xavier. Dali ela foi para o bairro
da Montanha dos Profetas, atravessou o paı́s escuro de Semiramis, onde
conheceu os Santos. Simã o e Judas, viram as enormes colunas da cidade
em ruı́nas, passaram pela terra de Sã o Joã o Batista e aquela em que o
evangelista Joã o escreveu seu Evangelho, e entraram na Terra
Prometida para encontrar ruı́nas por todos os lados. Os Lugares Santos
di icilmente sã o reconhecı́veis, embora a graça ainda opere atravé s
deles. Aqui suas visõ es se generalizaram, retratando a malı́cia dos
homens frustrando os abundantes meios de salvaçã o oferecidos a eles.
No Monte Carmelo ela teve uma visã o de Sã o Bertolo e a descoberta da
Lança Sagrada em Antioquia. Ela viu muitos religiosos fervorosos,
monges e freiras, ainda servindo a Deus lá .
“Vi que minha relı́quia do Cavaleiro de Malta é uma de Sã o Berthold,
que o eremita, Pedro de Provence, levou na Cruzada. Eles estavam
juntos no cerco de Antioquia. Quando sua necessidade era mais
urgente, Berthold pensou: 'Se tivé ssemos a lança com a qual Nosso
Senhor foi ferido, certamente deverı́amos vencer' - entã o ele, Pedro e
outro, embora desconhecidos um do outro, invocaram vá rias vezes a
ajuda de Deus. A Santı́ssima Virgem apareceu a todos os trê s
separadamente. Ela lhes disse que a lança de Longinus estava
escondida na parede atrá s do altar da igreja, ordenando-lhes que
comunicassem essa informaçã o uns aos outros. Eles obedeceram; eles
procuraram e encontraram a Lança sagrada emparedada em um baú
atrá s do altar. A ponta de ferro era bastante curta e o eixo estava
quebrado em vá rios pedaços. A vitó ria seguiu a Lança em todos os
lugares. Berthold havia jurado se dedicar à Santı́ssima Virgem no Monte
Carmelo, se a cidade fosse libertada; tornou-se anacoreta, e mais tarde
Fundador e General da Ordem Carmelita”.
Irmã Emmerich entã o falou de outros monges e eremitas santos que
ela conheceu em sua jornada espiritual pela Terra Santa, e de muitas
almas escolhidas que como ela foram levadas para lá em ê xtase. Ela
achou tudo escuro e sombrio no paı́s em que os israelitas haviam
peregrinado, e encontrou lá alguns monges ignorantes, mas bem-
intencionados, pertencentes a uma certa seita. Ela passou por muitas
pirâ mides meio arruinadas pertencentes à s primeiras eras e viu Sã o
Sabbas e outros santos do deserto. Dali ela voltou para a terra de Santo
Agostinho e Perpé tua, empurrou para o sul atravé s de uma escuridã o
assustadora, e visitou Judite, que ela encontrou pensando pensativa em
algum modo de fuga para que ela pudesse receber instruçõ es, pois ela
era uma cristã de coraçã o. A irmã Emmerich implorou a Deus que a
ajudasse. Depois disso passou para o Brasil onde, també m, conheceu
Santos, visitou as ilhas, viu muitos novos assentamentos cristã os,
passou pela Amé rica, encontrou um novo impulso dado à religiã o e
conheceu Santa Rosa e outros. Ela voltou pelo mar para a Sardenha e
encontrou Rosa Maria Serra, a estigmatizada de Ozieri, ainda viva para
espanto de todos que a conheciam, embora velha e acamada. Ela viu
outro igualmente favorecido que conhecera algum tempo antes em
Cagliari, uma cidade marı́tima da Sicı́lia. O povo deste paı́s estavam em
um estado razoavelmente bom. Ela foi para Roma, daı́ para a Suı́ça,
visitou Einsiedeln e as moradas dos antigos eremitas, de Nicholas von
der Flue e outros. Ela viu passar Sã o Francisco de Sales e o convento de
Santa Chantal; cruzou para a Alemanha, onde ela viu Sts. Walburga,
Kilian, o imperador Henrique e Bonifá cio; reconheceu Frankfurt, viu o
má rtir infantil 2 e o velho mercador em seu tú mulo; atravessou o Reno e
encontrou S. Bonifá cio, Goar e Hildegarde, de quem ela teve visõ es
especiais. Foi-lhe dito que a esta ú ltima, pela graça do Espı́rito Santo,
fora conferido o poder de escrever suas visõ es, embora ela nunca
tivesse aprendido a ler ou escrever; de invocar o castigo sobre os
prevaricadores; e de profetizar a respeito da perversa mulher de
Babilô nia. Ningué m jamais recebeu tantas graças como Hildegarde,
cujas revelaçõ es se cumprem ainda em nossos dias. Irmã Emmerich
agora conheceu Elizabeth de Schoenau e, ao visitar a França, viu os
Santos. Genevieve, Denis, Martin, com muitos outros; mas a terrı́vel
misé ria, corrupçã o e abominaçã o reinavam na capital. Parecia-lhe estar
afundando e que nenhuma pedra seria deixada sobre outra. Daı́ ela foi
para Liege, Bé lgica, e viu Sts. Juliana e Odı́lia; em Brabante, ela teve
visõ es de Santa Lidwina que era totalmente insensı́vel aos vermes que
comiam seu corpo, seu estado miserá vel de pobreza, ou as lá grimas
que congelavam em suas faces enquanto escorriam, pois Maria estava
ao lado de sua cama estendendo seu manto sobre dela. Maria de
Oignies ela viu em um paı́s ainda habitado por cristã os piedosos, e
voltando por Bockholt, ela encontrou muitas das mesmas marcas nas
fronteiras da Holanda. Ao passar pela Saxô nia, ela viu Sts. Gertrudes e
Mechtilde. Ela teve visõ es de seus dons e graças, e do que eles izeram
pela Igreja. No paı́s do infante-má rtir, ela infundiu terror em dois
homens que estavam prestes a assassinar um pobre mensageiro, a im
de apreender seus papé is.
Esta viagem esgotou o pobre invá lido; suas imagens assustadoras
agitavam sua alma como as ondas de um mar revolto. Sem o apoio
recebido do alto, ela teria, como declarou, sido incapaz de suportar a
visã o de uma pequena parte das misé rias que passavam sob seus olhos.
Ela viu mais de mil santos com a vida detalhada e visõ es de cerca de
cem. Mas ela nã o viu nenhum dos clarividentes do dia entre eles; na
verdade, ela nunca tinha visto um destes ú ltimos sob cores favorá veis -
todos eles apareceram sob uma luz suspeita e na cauda da abominá vel
noiva da Casa Nupcial. Ela viu os doze futuros Apó stolos da Igreja, cada
um em seu pró prio paı́s e posiçã o atual. Os santos dos quais ela possuı́a
relı́quias apareceram para ela mais distintamente do que os outros.
Deste fato, ela inferiu que existem entre seus tesouros alguns apó stolos
e discı́pulos que ela descobriria mais tarde.
Esta longa viagem foi acompanhada de sofrimentos corporais em
expiaçã o dos ultrajes oferecidos ao seu Divino Esposo no Santı́ssimo
Sacramento do Altar. Ela foi levada à s vá rias igrejas que encontrou em
seu caminho, para expiar com suas fervorosas oraçõ es pelas afrontas a
que Jesus foi exposto pela tepidez, indiferença e incredulidade da
é poca. A primeira comunicaçã o sobre o assunto refere-se à celebraçã o
de Corpus Christi da qual ela mesma participou, 1819. E dada, assim,
pela Peregrina:
“Durante toda a noite andei entre os infelizes e a litos, alguns
conhecidos por mim, outros desconhecidos, e implorei a Deus que me
deixasse carregar o fardo de todos os que nã o podiam se aproximar da
Sagrada Comunhã o com o coraçã o leve e alegre. Entã o eu levei seus
sofrimentos em meus pró prios ombros. Achei-os tã o grandes que me
izeram cair quase até a terra. Os pobres passavam diante de mim em
fotos, e de cada um eu tirava uma parte ou todo o seu fardo, conforme
eu conseguia. Tirei-o de seu peito sob a forma de rolos inos e lexı́veis,
leves como um interruptor macio, mas tã o numerosos que formavam
um pacote enorme quando encadernados. Meus pró prios tormentos
estavam sob a forma de um longo couro branco cinto, com cerca de uma
mã o de largura, listrado de vermelho. Juntei todos os rolos, dobrei-os
em dois e prendi o grande e pesado pacote sobre a minha cruz com as
duas pontas do meu cinto. Os rolos tinham cores variadas de acordo
com os diferentes sofrimentos que simbolizavam - se re letisse um
pouco, seria capaz de nomear as cores de muitos que eu conhecia.
Peguei nos ombros a enorme trouxa e iz uma visita ao Santı́ssimo
Sacramento para oferecer estes sofrimentos pelas pobres criaturas
cegas que nã o conhecem aquele in inito tesouro de consolaçã o.
Primeiro entrei em uma capela, inacabada, sem adornos, mas na qual,
apesar disso, Deus estava esperando no altar. Lá ofereci meu pacote e
rezei ao Santı́ssimo Sacramento. Parecia que esta capela havia surgido
apenas para me dar forças, pois eu estava quase afundando sob o fardo
que carregava no ombro direito em memó ria da ferida feita no ombro
de Nosso Senhor pela Cruz. Muitas vezes vi essa ferida, a mais dolorosa
de todas no Seu Corpo Sagrado. Por im, cheguei a um local em que se
fazia uma procissã o e vi, no mesmo instante, procissõ es semelhantes
em lugares distantes. Naquele em que participei iguravam a maioria
daqueles cujos sofrimentos eu suportei e vi, para meu espanto, as
mesmas cores saindo de sua boca enquanto cantavam, assim como os
rolos que eu havia tirado deles. O Santı́ssimo Sacramento tinha a
aparê ncia de um pequeno infante luminoso e transparente no centro de
um sol resplandecente, cercado por mirı́ades de anjos e santos em
grande esplendor e magni icê ncia. E inexprimı́vel! Se os outros
tivessem visto o que eu vi, teriam caı́do no chã o incapazes de terror e
espanto de suportar o ostensó rio ainda mais. Orei e ofereci minha
mochila. Entã o a procissã o entrou em uma igreja que agora aparecia no
ar cercada por um jardim e cemité rio. As sepulturas deste ú ltimo
estavam cobertas de lindas lores: lı́rios, rosas vermelhas e brancas e
á steres brancos. Do lado leste da igreja avançava em esplendor
indescritı́vel uma igura sacerdotal semelhante a Nosso Senhor. Ele logo
foi cercado por doze homens resplandecentes, e estes novamente por
inú meros outros. Eu tinha uma boa posiçã o, podia ver tudo. Saiu da
boca do Senhor uma pequena forma luminosa que gradualmente
aumentou, tomou uma forma mais de inida, e depois novamente
decrescente entrou na boca sob a igura de uma pequena criança
brilhante, primeiro dos Doze, depois de todos os outros ao redor do
Senhor. Esta nã o era a cena histó rica que vejo na Quinta-feira Santa, o
Senhor reclinado à mesa com Seus Apó stolos, mas me lembrou disso -
tudo era luminoso e cintilante, uma funçã o divina, um festival da Igreja.
A igreja inteira estava lotada, alguns sentados, alguns em pé , alguns
pairando no ar. Havia assentos erguidos em ileiras, mas perfeitamente
transparentes. Vi nas mã os do Senhor uma igura na qual entrou o
pequeno corpo luminoso que saı́a de Sua boca e ao redor do qual
apareceu uma igreja espiritual altamente ornamentada – era o
Santı́ssimo Sacramento no ostensó rio como quando exposto para
adoraçã o ou bê nçã o. O Senhor repetidamente pronunciou Sua amorosa
Palavra, e o Corpo, sempre um e o mesmo, entrou na boca de todos os
assistentes.
“Deixei meu fardo por um tempo e recebi o Maná Celestial. Quando a
peguei novamente, vi uma tropa de pessoas cujas trouxas estavam tã o
imundas que temi tocá -las. Fui informado de que eles ainda seriam
severamente julgados e punidos de acordo com suas obras de
penitê ncia, mas nã o senti pena deles. A festa terminou, e parecia-me ter
visto alguns homens que reacenderiam em todo o mundo a fé e o fervor
no admirá vel misté rio da Presença Real de Deus. A capela em que
primeiro descansei com o meu fardo icava numa montanha, pois,
quando criança, tinha visto os altares e taberná culos dos primeiros
cristã os – representava o Santı́ssimo Sacramento em tempo de
perseguiçã o. O cemité rio signi icava que os altares do Sacrifı́cio
Incruento deveriam icar sobre os tú mulos e relı́quias dos má rtires, que
as pró prias igrejas deveriam ser erguidas sobre eles. Eu vi a Igreja sob a
forma de um festival espiritual e celestial. Um castiçal de quatro braços
estava diante do altar. Eu vi a festa de Corpus Christi, primeiro
diretamente por Jesus, depois pelo pró prio Santı́ssimo Sacramento,
tesouro da Igreja. Vi a festa celebrada por muitos dos primeiros
cristã os, por aqueles de nosso tempo e por muitos pertencentes ao
futuro, e recebi a certeza de que seu culto loresceria com novo vigor na
Igreja.
“Nas festas do santo camponê s Isidoro, muitas coisas me foram
mostradas sobre a importâ ncia de celebrar e ouvir a Missa, e vi como é
uma grande bê nçã o que tantas sejam ditas, mesmo por sacerdotes
ignorantes e indignos, pois evita tudo tipos de perigos, castigos e
calamidades dos homens. E bom que muitos sacerdotes nã o percebam
o que fazem, pois se o izessem icariam tã o aterrorizados que nã o
poderiam celebrar o Santo Sacrifı́cio. Vi as maravilhosas bê nçã os
associadas a ouvir a Missa. Facilita o trabalho de parto, promove o bem
e previne a perda. Um membro de uma famı́lia que volta da Missa, leva
para casa uma bê nçã o para toda a casa e para todo o dia. Vi quã o maior
é a vantagem de ouvir uma missa, do que de tê -la rezada sem assisti-la.
Eu vi todos os defeitos na celebraçã o da Missa supridos
sobrenaturalmente”.
Na semana anterior ao Pentecostes de 1820, os sofrimentos da irmã
Emmerich, tanto da mente quanto do corpo, eram quase insuportá veis.
Esses sofrimentos ela teve que oferecer como expiaçã o pelos ultrajes
cometidos contra o Santı́ssimo Sacramento. Ela foi assistida pelos
santos da é poca e, particularmente, pelas almas altamente dotadas que
no passado haviam sofrido da mesma maneira que ela agora. “Hoje, 17
de maio de 1820”, escreve o Peregrino, “encontrei a invá lida chorando,
porque Clara Soentgen queria trazer alguns estranhos para vê -la. e, no
entanto, nã o me deixam descanso!' — Sua doença (retençã o e tosse
sufocante) é intolerá vel e as dores agudas em seu lado ferido sã o
intensas; sua saudade do Santı́ssimo a consome e sua profunda tristeza
a faz derramar torrentes de lá grimas. Seus sofrimentos de corpo e alma
sã o lamentá veis de se ver. Ela implorou à criança (sua sobrinha) para
rezar trê s Pais Nossos para obter forças para viver, se fosse da vontade
de Deus que ela o izesse. A menininha orou com ela, e ela se acalmou”.
18 de maio – “Seu desejo pelo Santı́ssimo Sacramento torna-se mais
violento. Ela de inha, lamenta a privaçã o de seu pã o de cada dia e grita
em ê xtase: 'Por que me deixas assim de inhar por Ti? Sem Ti eu devo
morrer! Só você pode me ajudar! Se devo viver, dê -me a vida!' Quando
ela acordou, ela exclamou: 'Meu Senhor me disse que agora devo ver o
que sou sem Ele. As coisas mudaram — devo me tornar Seu alimento,
minha carne deve ser consumida em desejos ardentes.' Suas visõ es
nesta é poca sagrada sã o tristes; tanta angú stia e misé ria, tantas ofensas
contra Deus! Ela nã o pode relacioná -los.”
Festa de Pentecostes, 21 de maio - O Peregrino, que havia
testemunhado sua angú stia e lá grimas na noite anterior, encontrou-a
esta manhã radiante como esposa de Cristo, respirando apenas alegria
e santidade.
“Estive no Cená culo com os Apó stolos e fui alimentado de uma maneira
que nã o consigo expressar. Nutriçã o sob a forma de uma onda de luz
luiu em minha boca. Era extremamente doce, mas nã o sei de onde veio.
Nã o vi nenhuma mã o e comecei a temer que, talvez, tendo quebrado
meu jejum, eu nã o pudesse receber a Sagrada Comunhã o pela manhã .
Eu nã o estava aqui e, no entanto, ouvi distintamente o reló gio bater
doze horas, toque por toque. Eu contei cada um. Vi a descida do Espı́rito
Santo sobre os discı́pulos, e como o mesmo Espı́rito Santo em cada
aniversá rio desta festa se espalha por toda a terra onde quer que
encontre coraçõ es puros desejosos de recebê -lo. Posso descrever isso
apenas dizendo que vi aqui e ali na escuridã o uma paró quia, uma igreja,
uma cidade ou um ou mais indivı́duos subitamente iluminados. A terra
inteira jazia em trevas abaixo de mim, e eu vi por um clarã o de luz
celestial aqui um canteiro de lores, ali uma á rvore, um arbusto, uma
fonte, uma ilhota, nã o apenas iluminada, mas tornada bastante
luminosa. Pela misericó rdia de Deus, tudo o que vi ontem à noite foi
bom; as obras de escuridã o nã o me foram mostradas. Em todo o mundo
vi inú meras infusõ es do Espı́rito; à s vezes, como um relâ mpago, caindo
sobre uma congregaçã o na igreja, e eu podia dizer quem entre eles
havia recebido a graça; ou, novamente, vi pessoas orando em suas
casas, de repente dotadas de luz e força. A visã o despertou em mim
grande alegria e con iança de que a Igreja, em meio à s suas crescentes
tribulaçõ es, nã o sucumbirá ; pois em todas as partes do mundo vi
defensores levantados a ela pelo Espı́rito Santo. Sim, senti que a
opressã o dos poderes deste mundo serve apenas para aumentar sua
força. Vi na Bası́lica de Sã o Pedro em Roma uma grande festa celebrada
com mirı́ades de luzes, e vi o Santo Padre e muitos outros recebendo a
força do Espı́rito Santo. Eu nã o vi a igreja escura ontem à noite
(protestante) que é sempre um horror para mim. Vi em vá rios lugares
os doze homens iluminados que vejo tantas vezes como doze novos
apó stolos ou profetas da Igreja. Sinto como se conhecesse um deles, que
ele está perto de mim. Eu vi o Espı́rito Santo derramado em algumas de
nossas pró prias terras. Eu conhecia todos eles em minha visã o, mas
raramente posso nomeá -los depois. Acho que vi o severo Superior. Eu
tinha certeza de que a perseguiçã o da Igreja aqui em nosso pró prio paı́s
acabaria bem, mas grandes problemas nos aguardam”.
Na segunda-feira de Pentecostes, foi-lhe anunciada uma dolorosa tarefa
de reparaçã o ao Santı́ssimo Sacramento:
“Ajoelhei-me sozinho com meu guia em uma grande igreja diante do
Santı́ssimo Sacramento, cercada por uma gló ria indescritı́vel. Nela vi a
igura resplandecente do Menino Jesus diante de quem, desde a
infâ ncia, sempre abri o coraçã o e derramei minhas oraçõ es. Ao
apresentar minhas petiçõ es, recebi uma resposta a cada uma do
Santı́ssimo Sacramento na forma de um raio que perfurou minha alma e
me encheu de consolo. També m fui gentilmente repreendido por
minhas faltas. Passei quase toda a noite diante do taberná culo, meu
anjo ao meu lado”. A humildade da irmã Emmerich nã o lhe permitiu dar
os detalhes dessa visã o. Foi imediatamente seguido por apariçõ es de
Santo Agostinho e duas santas agostinianas, Rita de Cá ssia e Clara de
Montefalco, que a prepararam para sofrer sofrimentos como eles
mesmos haviam sofrido anteriormente pelo Santı́ssimo Sacramento.
Caiu em ê xtase e, para espanto do seu confessor e do Peregrino, que
conversavam na antecâ mara, levantou-se subitamente na cama (coisa
que nã o fazia há quatro anos), o rosto radiante de alegria, a mã os
levantadas para o cé u, e recitado lenta e devotamente em uma voz doce
e clara, todo o Te Deum . Seu rosto estava emaciado e ligeiramente
pá lido, mas suas bochechas estavam coradas e um olhar de entusiasmo
irradiava de seus olhos escuros. Ela icou de pé , irme e segura em sua
posiçã o. Em certas partes ela juntou as mã os e inclinou a cabeça
suplicante, sua voz traindo um sotaque terno e acariciante como uma
criança recitando versos em homenagem ao pai. Seu amplo manto caı́a
abaixo dos tornozelos, dando-lhe uma aparê ncia imponente, e sua
oraçã o, repetida em voz alta, despertava no ouvinte um sentimento de
piedade e temor misturados.
“S. Agostinho icou ao meu lado”, disse ela no dia seguinte, “em suas
vestes episcopais, e oh, ele foi tã o gentil! Fiquei feliz em vê -lo e me
acusei de nunca honrá -lo especialmente. Ele respondeu: 'Ainda assim te
conheço. Você é meu ilho!' Quando lhe pedi para aliviar minha dor, ele
me presenteou com um ramalhete no qual havia uma lor azul – uma
sensaçã o de força e alı́vio instantaneamente permeou toda a minha
pessoa. O Santo me disse: 'Você nunca estará totalmente bem, pois seu
caminho é o do sofrimento. Mas, quando precisar de ajuda e consolo,
pense em mim. Eu sempre os darei a ti. Agora levante-se e diga o Te
Deum para agradecer à Santı́ssima Trindade por sua cura.' Entã o me
levantei e orei. Eu estava perfeitamente forte e minha alegria era muito
grande. Depois vi Santo Agostinho em sua gló ria. Primeiro, contemplei
a Santı́ssima Trindade e a Santı́ssima Virgem, mal posso dizer como. Eu
parecia ver um homem velho em um trono. De sua testa e peito
jorravam raios de luz em forma de cruz da qual, por sua vez, lançavam
numerosos outros raios sobre os coros e ordens de anjos e santos. A
alguma distâ ncia, cercado de espı́ritos abençoados, vi a gló ria celestial
de Santo Agostinho. Ele estava sentado em um trono, recebendo da cruz
da Santı́ssima Trindade raios de luz que ele transmitia aos coros
circundantes. Ao redor dele havia padres em vá rios trajes, e de um lado,
erguendo-se como uma montanha um sobre o outro e lutuando como
nuvens no cé u, havia numerosas igrejas, todas emanadas do Santo. Esta
era uma imagem de sua grandeza celestial. A luz recebida da Trindade
simbolizava sua pró pria iluminaçã o pessoal. Os coros ao seu redor
eram os diferentes vasos, as diferentes almas que recebiam luz atravé s
dele. Eles, por sua vez, derramavam sobre os outros enquanto
recebiam, també m, raios diretamente de Deus. A visã o de tais coisas é
indescritivelmente bela e consoladora, e tã o natural - sim, mais natural,
mais inteligı́vel do que a visã o de uma á rvore ou lor na terra. Nos coros
ao redor do Santo estavam todos os sacerdotes e doutores, todas as
Ordens e comunidades que dele emanam, enquanto sã o abençoadas,
porque se tornaram vasos de Deus, jorrando fontes de á guas vivas cuja
fonte está nele. Depois disso eu o vi em um jardim celestial, mas esta
foto estava um pouco mais abaixo. A primeira foi uma visã o de sua
gló ria, seu lugar no cé u estrelado da Santı́ssima Trindade; o segundo
era antes uma imagem de sua in luê ncia real sobre a terra, sua
assistê ncia à Igreja Militante, aos homens vivos. Todas as imagens dos
jardins celestiais parecem mais baixas do que as dos santos em Deus,
em gló ria. Eu o vi em um lindo jardim cheio das mais maravilhosas
á rvores, arbustos e lores. Havia muitos outros com ele, entre os quais
me lembro particularmente de Sã o Francisco Xavier e Sã o Francisco de
Sales. Eles nã o estavam sentados em ordem como para um banquete,
mas circulando, distribuindo as lores e os frutos do jardim, que
representam as graças e boas obras de sua vida. Eu vi muitos dos vivos
no jardim, muitos dos quais eu conhecia, e eles estavam recebendo
presentes de vá rias maneiras. A apariçã o dos vivos é algo muito
especial, a contrapartida, pois eram, da apariçã o de santos na terra. Eles
aparecem no jardim dos santos como espı́ritos sob formas certas e
indeterminadas, e recebem todos os tipos de frutas e lores. Vejo alguns
que parecem ser elevados a esta esfera de graça pela oraçã o, e outros
que parecem receber tais favores sem esforço consciente de sua parte;
sã o vasos de eleiçã o. A mesma diferença existe entre essas duas classes,
como entre aquele que se dá ao trabalho de colher frutos em um jardim,
e outro que os vê cair a seus pé s enquanto caminha, ou a quem Deus se
digna enviá -los por este ou aquele santo.
“Depois disso, meu guia me conduziu em meu pró prio caminho para a
Jerusalé m Celestial, e vi que agora estava muito alé m do lugar onde
havia visto as pequenas notas de advertê ncia. 3 Subi uma montanha e
cheguei a um jardim do qual Santa Clara de Montefalco estava
encarregada. Em suas mã os vi feridas luminosas e ao redor de sua
testa uma coroa de espinhos brilhante; pois, embora nã o tivesse as
marcas exteriores das Feridas, sentira a dor delas. Clare me disse que
aquele era o jardim dela e que, como eu adorava jardinagem, ela me
mostraria como deveria ser feito. Havia um muro ao redor, mas era
apenas simbó lico, pois podia-se ver e passar por ele; foi construı́do
com pedras redondas, variadas e brilhantes. O jardim estava disposto
em oito belos canteiros, todos se aproximando do centro. Havia
algumas belas á rvores grandes em plena loraçã o e uma fonte que
poderia ser feita para regar todo o lugar. Uma videira foi treinada ao
redor da parede. Passei quase toda a noite no jardim com Santa Clara.
Ela me ensinou a virtude e o signi icado de cada planta e como usá -la.
Passamos de um canteiro de lores para outro, mas agora nã o me
lembro de onde ela tirou as raı́zes. Parecia estar sobrenaturalmente no
ar, ou de uma apariçã o. Trabalhei com ela perto de uma igueira,
embora nã o me lembre agora do quê . Só me lembro que havia canteiros
de agriã o e cerefó lio. Clare me disse que, se meu gosto estava muito
doce, devo tomar um bocado de agriã o e, se estiver muito amargo, um
bocado de cerefó lio. Sempre gostei muito dessas ervas. Eu costumava
mastigá -los quando era criança, na verdade eu poderia ter vivido com
eles. A coisa mais difı́cil para mim de entender foi o manejo da videira
por Clare, como ela a treinou, dividiu e podou. Eu nã o poderia ter
sucesso. Foi a ú ltima coisa que ela me ensinou no jardim. Durante o
nosso trabalho, os pá ssaros voavam à nossa volta, pousavam nos meus
ombros e estavam tã o familiarizados comigo como no claustro do
convento. Clara me disse que tinha os instrumentos da Paixã o gravados
em seu coraçã o e que, depois de sua morte, foram encontradas trê s
pedras em sua vesı́cula. Falou també m das graças que recebera na festa
da Santı́ssima Trindade, ordenando-me que me preparasse para um
novo trabalho na pró xima festa. Ela parecia muito magra, pá lida e
exausta.
“Vi també m Santa Rita de Cá ssia. Enquanto rezava um dia diante de um
cruci ixo, ela implorou em sua humildade por um ú nico espinho da
coroa de seu Salvador Cruci icado, quando um raio de luz disparou da
coroa e a feriu na testa. Ela sofreu naquele local uma dor indescritı́vel
ao longo da vida, maté ria continuamente escorrendo dele que fez com
que ela fosse evitada por todos. Vi també m sua grande devoçã o ao
Santı́ssimo Sacramento. Ela me contou muitas coisas.”
Na vé spera da Santı́ssima Trindade, começou a tarefa anunciada por
Santa Clara. A irmã Emmerich diz: “Quando vi a má preparaçã o de
tantas pessoas que iam se confessar, renovei minha petiçã o a Deus para
que me deixasse sofrer alguma coisa por sua emenda; e entã o, de fato,
minha tarefa começou. Parecia que eu estava sendo perfurado
incessantemente por inos dardos de dor disparados em mim como
lechas, e à noite eles se tornaram mais intensos do que eu já havia
sentido antes. Eles começaram ao redor do meu coraçã o, que parecia
uma fornalha de dor fortemente ligada em chamas. Ondas de dores
ardentes varreram dali todas as partes do meu corpo, atravé s da
medula dos meus ossos, até as pontas dos meus dedos, minhas unhas e
meu cabelo. Era como o luxo regular da maré do meu coraçã o para
minhas mã os, pé s, cabeça e costas, minhas feridas sendo os centros
principais. Meus sofrimentos aumentaram até a meia-noite quando
acordei, encharcado de suor e incapaz de me mexer. Eu tinha apenas
um consolo: a ideia indistinta da cruz formada pelos principais centros
de minha dor que parecia estar me esmagando em pó . A meia-noite nã o
aguentei mais, pois meu estupor me fez esquecer sua causa; entã o me
voltei como uma criança para meu pai, Santo Agostinho. 'Ah! querido
pai, Santo Agostinho, prometeste ajudar-me sempre que te invocasse!
Ah! Veja minha angú stia!' — minha oraçã o foi imediatamente ouvida. O
Santo estava diante de mim, dizendo-me muito gentilmente por que eu
estava sofrendo tanto, mas que ele nã o poderia tirar minhas dores, já
que eu deveria suportá -las em uniã o com a Paixã o de Jesus Cristo. Ele
me pediu que me consolasse, embora eu ainda sofresse mais trê s horas.
Fui grandemente consolado, embora em intensa agonia, sabendo que
era por amor da Paixã o de Cristo e para satisfazer a Justiça Divina pelos
pecadores. Alegrei-me por ser de alguma utilidade e dediquei todo o
meu coraçã o à s minhas dores. Aceitei a graça do sofrimento expiató rio
com amorosa con iança na misericó rdia do Pai Celestial. Alé m disso,
Santo Agostinho me lembrou que há trê s anos, na manhã de Todos os
Santos, meu Esposo apareceu para mim enquanto eu estava à beira da
morte. Ele me deu a escolha de morrer e ir para o Purgató rio, ou viver
mais tempo em sofrimento, e eu respondi: 'Senhor, no Purgató rio meus
sofrimentos serã o inú teis. Se, entã o, nã o for contrá rio à Tua Vontade,
deixe-me viver e suportar todos os tormentos possı́veis se assim eu
puder ajudar apenas uma ú nica alma!' Entã o, embora eu tenha
inicialmente pedido a morte, meu Salvador agora atendeu ao meu
segundo pedido, prolongando minha vida de sofrimento. Quando meu
Santo Padre recordou esta circunstâ ncia, lembrei-me distintamente e,
desde aquele momento até o inal das trê s horas, suportei calma e
agradecidamente as torturas mais crué is. A dor forçou de mim as
lá grimas mais amargas e o suor da morte.
“Tive outra visã o da Santı́ssima Trindade sob a forma de um velho
resplandecente sentado em um trono. A partir de Sua testa irradiava
uma luz indescritivelmente clara e incolor; de Sua boca luı́a uma
corrente luminosa levemente tingida de amarelo, como fogo; e de Seu
peito pró ximo ao coraçã o, outro luxo de luz colorida. Esses riachos
formavam no ar acima do peito do velho uma cruz que brilhava como o
arco-ı́ris, e pareceu-me que Ele colocou as mã os em seus braços.
Inú meros raios saı́am dele. Eles caı́ram primeiro nos coros celestiais e
depois na terra, enchendo e vivi icando todas as coisas. Um pouco
abaixo da Santı́ssima Trindade e à direita, vi o trono de Maria. Um raio
disparou para ela do velho e outro dela para a cruz. Tudo isso é
bastante inexprimı́vel. Mas na visã o, embora deslumbrante e nadando
na luz, era perfeitamente inteligı́vel: um e trê s, vivi icando tudo,
iluminando tudo e mais maravilhosamente su iciente para todos.
Abaixo do trono estavam os anjos em um mundo de luz incolor; acima
deles os vinte e quatro anciã os de cabelos prateados, cercando a
Santı́ssima Trindade. Todo o resto do espaço ilimitado estava cheio de
santos que eram os centros luminosos de coros brilhantes. A direita da
Trindade estava Santo Agostinho cercado por seus coros, mas muito
abaixo de Maria, e ao redor havia jardins, palá cios reluzentes e igrejas –
eu me sentia como se estivesse vagando entre os cé us estrelados.
Esses vasos de Deus sã o de toda variedade de forma e aparê ncia, mas
todos estã o cheios de Jesus Cristo. A mesma lei governa tudo, a mesma
substâ ncia permeia tudo embora sob uma forma diferente, e uma linha
reta conduz atravé s de cada um para a luz do Pai atravé s da cruz do
Filho. Vi uma longa ila de mulheres reais que se estendiam da Mã e de
Deus, virgens com coroas e cetros, embora nã o rainhas terrenas, almas
que haviam precedido ou seguido Maria na ordem do tempo. Pareciam
servi-la como os vinte e quatro anciã os servem à Santı́ssima Trindade.
Eles estavam celebrando a festa com um movimento
maravilhosamente solene, individualmente e todos juntos. Posso
compará -lo apenas com uma bela mú sica. Os anjos e santos avançaram
em uma ou muitas procissõ es ao trono do Santı́ssimo Trindade como
as estrelas no cé u girando em torno do sol. E entã o vi na terra inú meras
procissõ es correspondentes aos celestiais, també m celebrando a festa
- mas que miserá vel! Que escuro! Que cheio de pausas! Olhá -lo de cima
era como olhar para o lodo — ainda havia muita coisa boa aqui e ali. Vi
també m nossa pró pria procissã o aqui em Dü lmen, e notei uma pobre
criança esfarrapada. Eu sei onde ele mora. Eu o vestirei.” 4
Na noite do Domingo da Santı́ssima Trindade houve um baile na casa
em que a Irmã Emmerich estava hospedada. No dia seguinte ela falou
assim: “Sofri muito ontem à noite, por causa das danças e jogos
indecentes que aconteciam na casa. No meio da barulhenta assemblé ia,
vi o diabo, uma igura notá vel sob uma forma corporal, incitando certos
indivı́duos e inspirando-os com todos os tipos de desejos malignos.
Seu anjo-guardiã o os chamou de longe, mas eles izeram ouvidos
moucos e seguiram o maligno. Nada de bom veio disso; nenhum foi
para casa ileso. Eu vi todos os tipos de animais ao lado deles; seu
interior estava cheio de manchas pretas. Eu frequentemente corria
entre eles, inspirando medo, prevenindo o pecado. Para me consolar,
tive visõ es sobre a vida de dois santos, Francisco de Sales e Francisca
de Chantal, principalmente sobre sua uniã o espiritual; o primeiro
frequentemente recebia conselhos e apoio do segundo. Certa vez, por
ocasiã o de uma odiosa calú nia contra ele, vi-o consolado por Frances,
que se a ligia ao vê -lo tã o a ligido por isso. Eles me mostraram a
fundaçã o, propagaçã o e dispersã o da Ordem da Visitaçã o e falaram da
restauraçã o de suas diversas casas. Suas palavras vieram a mim como
se estivessem à distâ ncia. Disseram que os tempos sã o realmente
tristes; mas, depois de muitas tribulaçõ es, a paz será restaurada e a
religiã o e a caridade reinarã o novamente entre os homens. Entã o os
conventos lorescerã o no verdadeiro sentido da palavra. Vi uma
imagem deste tempo futuro que nã o posso descrever, mas na qual vi
toda a terra surgindo das trevas e da luz e do amor despertando. Eu
tinha també m inú meras fotos da restauraçã o das Ordens Religiosas. 5 O
tempo do Anticristo nã o está tã o pró ximo como alguns imaginam; ele
ainda terá muitos precursores. Vi em duas cidades alguns professores
de cujas escolas eles virã o.”
30 de maio – Festa de Corpus Christi, os sofrimentos da irmã
Emmerich recomeçaram como na Santı́ssima Trindade: “De novo senti
aquelas dores como raios inos caindo sobre mim, perfurando-me em
todas as direçõ es como ios de prata. Alé m disso, tive que carregar,
arrastar tantas pessoas que estou todo machucado; nenhum osso do
meu corpo que nã o esteja, por assim dizer, deslocado. Quando acordei,
os dedos mé dios de ambas as mã os estavam rı́gidos, dobrados e
paralisados, e minhas feridas doeram intensamente a noite toda. Vi em
numerosos quadros a frieza e a irreverê ncia demonstradas ao
Santı́ssimo Sacramento, pelas quais compreendi a culpa daqueles que
O recebem indignamente, negligentemente e por rotina, e vi muitos se
confessarem de pé ssimas disposiçõ es. Em cada visã o, eu implorei a
Deus para perdoar e iluminar Suas criaturas. Meu guia me levou a todas
as nossas igrejas paroquiais e me mostrou em todos os lugares como o
Santı́ssimo Sacramento é adorado. Achei as coisas melhores em
Ueberwasser, Mü nster. Ao redor das igrejas, muitas vezes vi imensos
pâ ntanos com pessoas afundadas neles. Eu tinha que desenhá -los,
limpá -los e, à s vezes, carregá -los nas costas para o confessioná rio. Meu
guia constantemente apontava novas misé rias, dizendo: 'Venha, sofra
por esta, etc.' No meio do meu trabalho, muitas vezes chorava como
uma criança, embora nã o estivesse totalmente destituı́do de consolo.
Eu contemplei as mú ltiplas e maravilhosas obras da graça por meio do
Santı́ssimo Sacramento como uma luz brilhando sobre todos os seus
adoradores. Sim, mesmo aqueles que nã o pensam nisto, recebem uma
bê nçã o em Sua presença. Por im, entrei em nossa pró pria igreja e vi o
Peregrino atravessando o cemité rio e pensando nos mortos. A visã o
me agradou e pensei: 'Ele está vindo até mim.' 6 Sã o Francisco de Sales,
Santo de Chantal, Santo Agostinho e outros santos me consolaram. Vi
també m que sou instrumento para aliviar e curar almas, e que sofro em
uniã o com a Paixã o de Jesus.
“Eu tinha uma foto do abade Lambert, cujo sexagé simo sé timo
aniversá rio é este. Eu o vi em seu quarto, arrastando-se com seu pé
manco e aparentemente icando cada vez menor, de modo que vá rias
vezes o perdi completamente de vista. Foi-me dito que se ele nã o se
tornasse como uma criança inocente, ele nã o poderia entrar no cé u, e
que sua doença é muito ú til para ele. Agora, como eu pensava que ele já
tinha icado muito pequeno, de repente vi um lindo e luminoso bebê
deitar ao lado dele, como se estivesse se medindo com ele. Mas o abade
ainda era maior do que a criança, e eu entendi que ele tinha que ser
exatamente do mesmo tamanho da criança, antes que pudesse alcançar
a bem-aventurança”.
Em meio a esses sofrimentos que se sucederam em rá pida sucessã o, ela
teve em Corpus Christi visõ es ricas e detalhadas sobre a instituiçã o do
Bem-aventurado Sacramento e seu culto até os dias atuais. Mas sua
fraqueza era tã o grande que ela mal conseguia comunicar o que se
segue:
“Tive uma visã o da instituiçã o do Santı́ssimo Sacramento. O Senhor
sentou-se no centro do lado comprido da mesa. A Sua direita estava
Joã o; à sua esquerda um apó stolo gracioso e de boa aparê ncia muito
parecido com Joã o. Ao lado deste ú ltimo sentava-se Pedro, que muitas
vezes se debruçava sobre ele. O Senhor sentou-se e ensinou por algum
tempo, entã o Ele se levantou e todo o resto com Ele. Eles olharam em
silê ncio, imaginando o que Ele estava prestes a fazer. Ele pegou o prato
com o pã o, levantou os olhos, fez incisõ es no pã o com uma faca de osso
e o partiu em pedaços. Entã o Ele moveu Sua mã o direita sobre ela como
se a abençoasse, momento em que brilhou Dele para dentro do pã o um
brilhante raio de luz. Jesus tornou-se todo resplandecente, afogado, por
assim dizer, no esplendor que se espalhava por todos os presentes. Os
Apó stolos tornaram-se agora mais recolhidos, mais fervorosos. Judas
foi o ú nico que permaneceu nas trevas, repelindo a luz. Jesus levantou
os olhos, elevou o cá lice e o abençoou. Pelo que vi passar nEle durante
esta cerimô nia, tenho apenas uma expressã o: vi e senti que Ele estava
se transformando. O Pã o e o Cá lice mostrados com luz. Jesus colocou os
bocados num prato raso como uma patena e, tomando-os um a um na
mã o direita, comunicou todos os presentes, começando, penso eu, com
a Sua Mã e que avançou para a mesa entre os Apó stolos diante de Jesus.
Vi a luz saindo da boca do Senhor, e o pã o brilhando e entrando na boca
dos Apó stolos sob uma luminosa forma humana. Todos estavam cheios
de luz, só Judas estava escuro e sombrio. O Senhor entã o levantou o
cá lice pela alça e deu-lhes de beber - e aqui, novamente, vi uma
enxurrada de luz luindo sobre os Apó stolos. Apó s a cerimô nia, todos
icaram parados por algum tempo cheios de emoçã o, e entã o a imagem
desapareceu. Os bocados que o Senhor deu aos Apó stolos eram como
dois rolinhos unidos no meio, formando um sulco”.
A visã o acima foi seguida por outras relacionadas com a mudanças que
foram introduzidas na forma do Sacramento, sua distribuiçã o e
adoraçã o, das quais Irmã Emmerich relata o seguinte: “Vi que com o
passar do tempo pã o mais branco foi usado para o Santı́ssimo
Sacramento, e os bocados eram menores. Mesmo no tempo dos
Apó stolos, vi Sã o Pedro, em Jerusalé m, dando apenas um bocado aos
comungantes; no inı́cio era quadrado, mas em um perı́odo posterior era
redondo. Quando os apó stolos se dispersaram, os cristã os ainda nã o
tendo igrejas, mas apenas salõ es em que se reuniam, os apó stolos
guardavam o Santı́ssimo Sacramento em suas casas. Quando o levaram
ao local da assemblé ia, os ié is seguiram com reverê ncia, de onde
originaram as procissõ es e a veneraçã o pú blica. Mais tarde, os cristã os
tomaram posse dos grandes templos pagã os que consagraram e nos
quais foi preservado o Santı́ssimo Sacramento. Quando os homens se
comunicavam, recebiam a Hó stia Sagrada em suas mã os e depois a
engoliam; mas as mulheres usavam um pequeno pano de linho. Até
certo momento, eles foram autorizados a levar as Espé cies Sagradas
para suas casas. Eles o penduraram em volta do pescoço em uma
pequena caixa, ou caixã o, com uma gaveta de ouro onde Ele repousava
dobrado em linho. Quando este costume deixou de ser geral, ainda era
permitido a certas pessoas muito devotas. Eu tive uma visã o també m da
Sagrada Comunhã o sob dois tipos. Nos primeiros tempos e depois em
certas é pocas, vi os ié is muito iluminados, cheios de fé e simplicidade;
mas mais tarde, eu os vi perdidos, enganados e perseguidos. Vi a Igreja
inspirada pelo Espı́rito Santo, introduzindo vá rias mudanças em sua
disciplina quando a devoçã o e a veneraçã o ao Santı́ssimo Sacramento
enfraqueceram. Entre os que se separaram da Igreja, vi cessar o pró prio
Sacramento. Vi a festa de Corpus Christi e a adoraçã o pú blica instituı́da
em um momento de grande frieza. Graças incalculá veis foram assim
concedidas a toda a Igreja. Entre muitas outras fotos, vi uma grande
festa em uma cidade conhecida por mim, acho que Liè ge, e em um paı́s
distante e quente, de onde vê m frutas como tâ maras, vi cristã os
reunidos na igreja. O padre estava no altar, quando um terrı́vel tumulto
se levantou do lado de fora, e um tirano brutal apareceu montado em
um cavalo branco. Ele estava cercado por seus seguidores. Ele conduziu
por uma corrente uma fera feroz que infundiu terror em todos os
observadores. A intençã o do homem parecia ser forçar o animal a
entrar na igreja por meio de insulto, e pensei tê -lo ouvido dizer que
mostraria aos cristã os se seu Deus do pã o era realmente um Deus ou
nã o. As pessoas olhavam com horror, enquanto o padre, virando-se para
a entrada, dava a bê nçã o com o Santı́ssimo Sacramento.
Instantaneamente, a fera furiosa icou fascinada! O sacerdote avançou
ainda segurando a Hó stia Sagrada, quando o animal humildemente caiu
de joelhos, e o tirano e seus seguidores foram completamente
transformados. Ajoelharam-se para adorar e entraram na igreja
confusos, humilhados e convertidos. Ontem à noite sofri uma dor tã o
violenta que muitas vezes gritei. Passou por todos os meus membros, e
me mostraram imagens que me explicavam sua causa; isto é , pecados
cometidos contra a Santa Eucaristia. Eu també m tinha uma imagem que
nã o posso descrever. Aprendi com isso que o pró prio Nosso Senhor
cuida das paró quias dos maus padres das maneiras mais maravilhosas
e anima o povo à piedade”.
Em 2 de junho, a Peregrina encontrou a Irmã Emmerich calma, mas
muito sofrida, retendo apenas uma leve lembrança de suas visõ es da
noite anterior. Ela tinha visto novamente o jardim de Santa Clara de
Montefalco. Santa Clara explicou-lhe que suas oito divisõ es, das quais
trê s já estavam sendo cultivadas, signi icavam os oito dias da oitava de
Corpus Christi. Ela lhe contou o signi icado misterioso das plantas e
quais sofrimentos eram indicados por elas. No jardim perto da fonte há
uma roseira rodeada de espinhos.
3 de junho — Mais uma vez, a irmã Emmerich estava bastante enervada
pela dor e mal conseguia falar. Ela implorou as oraçõ es do Peregrino
por dois casos muito graves: um de uma famı́lia no campo com grande
medo de um infortú nio iminente, e outro na cidade em misé ria causada
pelo pecado. No domingo no Oitava ela estava ainda mais prostrada do
que estivera desde a vé spera da festa. “Passei a noite”, disse ela,
“acordada e em tormento indescritı́vel, minhas dores interrompidas
apenas por visõ es de pessoas a litas que se aproximavam de minha
cama como os visitantes fazem durante o dia, recomendando-se à s
minhas oraçõ es e contando-me suas necessidades. Encontrei-me em
uma grande igreja cercada por muitas paró quias. Uma longa Mesa de
Comunhã o foi preparada nela. Vi padres e leigos entrando nas casas ao
redor, para chamar os ocupantes para receber o Santı́ssimo
Sacramento; mas este ú ltimo deu mil desculpas diferentes. Uma casa
estava cheia de jovens brincando e se divertindo, etc. Entã o eu vi os
servos enviados para convidar os pobres, os coxos e os cegos que
encontravam nas ruas, e vi muitos deles entrando, os cegos guiados e os
coxos carregados por aqueles que oraram por eles. Eu estava quase
exausto. Eu vi muitos entre os coxos que eu sei que estã o perfeitamente
bem. Perguntei a um cidadã o cego como ele havia perdido a visã o, pois
até entã o eu nã o o julgara cego; mas nã o admitia que nã o podia ver.
Conheci uma mulher que conhecera desde pequena e perguntei-lhe se
nã o era pelo casamento que ela se tornara aleijada. Mas ela també m
achava que nã o havia nada de errado com ela. A igreja estava longe de
estar cheia.”
Naquela tarde, a irmã Emmerich, obedecendo a uma inspiraçã o,
mandou chamar um homem que muitas vezes maltratava sua esposa.
Ela o exortou com palavras tã o sé rias a tratá -la com bondade, que ele
foi à s lá grimas. A esposa també m foi consolada e encorajada pelo
conselho da irmã Emmerich, e as crianças que ela vestira para a festa
agradeceram muito. Entã o suas dores recomeçaram. Cada membro
estava convulsionado, as feridas em suas mã os icaram vermelhas, os
dedos mé dios se contraı́ram e, assim, ela icou em sofrimento absoluto
até a noite de 7 de junho. Uma vez ela disse, em ê xtase, que agora estava
passando por uma prova excruciante, que havia chegado à igueira no
extremo sul do jardim (Santa Clara) e que havia comido um igo que
continha todos os tipos de tormentos. Quatro camas ainda icou para
ser cultivado (quatro dias da oitava). Irmã Emmerich nã o tinha relı́quia
de Santa Clara de Montefalco; mas a Santa veio em virtude de sua
ligaçã o com a Ordem Agostiniana, à qual a Irmã Emmerich pertencia, e
porque seus sofrimentos foram semelhantes. “Ah, se esses quatro dias
terminaram!” suspirou o Peregrino, "porque seus sofrimentos só
aumentam!" E, no entanto, nã o foi sem pesar que a pobre invá lida viu
amanhecer em suas noites de terrı́vel agonia. A noite ela podia pelo
menos sofrer em paz, enquanto o dia acrescentava seu fardo de
vexames e interrupçõ es à sua pesada cruz.
No dia 5 de junho, ela teve uma visã o de Sã o Bonifá cio: “Ajoelhei-me
diante do Santı́ssimo Sacramento em uma igreja no meio da qual havia
assentos altos, e lá vi o santo bispo cercado por pessoas de todas as
idades em trajes antigos, alguns mesmo em peles de animais. Eles eram
simples e inocentes. Eles ouviram de boca aberta o seu santo bispo. Ao
redor dele brilhou uma luz como raios do Espı́rito Santo que caı́ram em
vá rios graus sobre seus ouvintes. Bonifá cio era um homem alto, forte e
entusiasmado. Ele estava explicando como o Senhor marca os Seus,
comunicando-lhes cedo a Sua graça e Espı́rito. 'Mas', disse ele, 'os
homens devem cooperar. Devem conservar e fazer uso cuidadoso de
tais graças, pois só lhes sã o dadas para que seus possuidores se tornem
instrumentos nas mã os de Deus. Força e habilidade sã o dadas a cada
membro para que ele possa agir, nã o apenas por si mesmo, mas por
todo o corpo. O Senhor dá vocaçõ es desde a infâ ncia. Quem nã o
trabalha para manter a vida de graça e dela se serve para o seu pró prio
bem e o dos outros, rouba do corpo do iel algo que lhe pertence,
tornando-se assim um ladrã o na comunidade. O homem deve re letir
que, ao amar e ajudar um membro da Igreja, está amando e ajudando
um membro de um mesmo corpo, instrumento escolhido do Espı́rito
Santo. Acima de tudo, os pais devem olhar assim para seus ilhos. Eles
nã o devem impedir que se tornem instrumentos do Senhor para o bem
de Seu Corpo, o Igreja. Devem manter e desenvolver neles a vida de
graça e auxiliá -los a uma cooperaçã o iel, pois nã o podem fazer idé ia do
grande dano que causam aos ié is por uma linha de conduta contrá ria.'
També m me foi mostrado interiormente que, apesar da maldade dos
homens e da decadê ncia da religiã o, a Igreja teve em todas as é pocas
membros vivos e atuantes, levantados pelo Espı́rito Santo para orar e
sofrer com amor por ela. Enquanto esses membros vivos permanecem
desconhecidos, tanto mais e icaz é sua açã o. A era atual nã o é exceçã o.
Entã o eu vi brilhando atravé s da escuridã o que envolve o mundo, cenas
de almas santas orando, ensinando, sofrendo e trabalhando pela Igreja.
De todas as imagens que me alegraram e me animaram em meus
sofrimentos, as seguintes me izeram muito bem: vi em uma grande
cidade marı́tima, muito ao sul, uma freira doente na casa de uma viú va
piedosa e trabalhadora. A freira me foi mostrada como uma pessoa
santa escolhida por Deus para sofrer pela Igreja e outras intençõ es. Ela
era alta, extremamente magra e marcada com os estigmas, embora nã o
fosse conhecido publicamente. Ela vinha de um convento suprimido e
fora recebida pela viú va que compartilhava seus recursos com ela e
alguns padres. A piedade dos habitantes da cidade nã o me agradou.
Eles tinham muitas devoçõ es exteriores; mas eles se entregaram nã o
menos ardentemente, por causa disso, ao pecado e à devassidã o.
“Longe da ú ltima cidade mencionada, em direçã o ao oeste, vi em um
antigo convento recentemente suprimido, um velho e enfermo irmã o
leigo con inado em seu quarto. Ele també m me foi mostrado como
instrumento de oraçã o e sofrimento pelo pró ximo e pela Igreja. Vi
doentes, pobres e muitos a litos recebendo dele consolo e assistê ncia.
Novamente me foi dito que tais instrumentos nunca faltam, que eles
nunca faltarã o para a Igreja de Deus. Eles sã o sempre colocados pela
Divina Providê ncia onde sã o mais necessá rios, mais pró ximos dos
centros de corrupçã o”.
Na quarta-feira, 7 de junho, à s nove horas da noite, ocorreu a crise do
sofrimento atual da Irmã Emmerich. As dores deixaram seus ossos e a
agonia intolerá vel que ela suportara nos ú ltimos dias diminuı́ram
sensivelmente. Ela caiu em um estado de prostraçã o total, incapaz de
mover um membro, emitir um som ou dar o menor sinal de vida. Seu
confessor icou inquieto. Ele lhe fez vá rias perguntas que ela entendeu,
mas à s quais ela só pô de responder depois de algumas horas. Entã o,
chorando e gaguejando como uma criança, ela implorou que ele
perdoasse seu silê ncio e disse-lhe que suas dores haviam cessado. Na
manhã seguinte, quinta-feira, ela jazia como um cadá ver, mas sem dor.
Como ela mesma observou, ela desmaiou assim que alcançou a meta, e
a morte parecia inevitá vel. O mé dico falou de quinina, mas ela o fez
entender que nã o estava com febre e que nesses paroxismos
geralmente experimentava sensaçõ es de frio. “Só Deus pode me
ajudar”, exclamou ela, 7 e depois disse que Jesus, seu Esposo,
docemente a aliviou e consolou; que Clara de Montefalco apareceu para
lhe dizer que o trabalho no jardim estava terminado; a videira era o
Sangue de Jesus Cristo; a fonte, o Santı́ssimo Sacramento; que o vinho e
a á gua tinham que ser misturados; e que a roseira perto da fonte
signi icava os sofrimentos reservados para ela no inal de sua vida. Ela
estava muito fraca para dar mais detalhes, exceto que, ao raiar do dia,
ela havia recitado o “ Te Deum ”, os “Sete Salmos Penitenciais” e as
“Litanias”, e agora ela deveria ter quatro dias de descanso ininterrupto
para comungar somente com Deus. Quando ela lembrou suas dores dos
ú ltimos oito dias, bem como a misericó rdia de Deus para ela, ela nã o
conseguiu conter suas lá grimas. Seus amigos foram tocados de
compaixã o por sua aparê ncia alterada. E, no entanto, nenhum deles,
nem mesmo o Peregrino, sonhou em tomar suas palavras literalmente
e conceder o tã o esperado repouso. Ele escreve:
9 de junho – “Ela está pá lida como um cadá ver, mas nã o tem permissã o
para descansar, pois ningué m evita aborrecimentos dela. Depois de seu
ú ltimo martı́rio em uniã o com a Paixã o de Cristo, ela falou de trê s dias
de repouso, pois o Corpo de Jesus jazia naquele tempo no sepulcro, mas
ela nã o sabe se o conseguirá . O mé dico queria esfregá -la com licor; mas
o confessor, que esperava a morte dela, nã o permitiu. A Irmã Emmerich
pô de evitar com di iculdade o questionamento da Peregrina, porque
como ele diz: “Pelo seu estado interior e pelas suas visõ es contı́nuas, ele
concluiu que o im nã o está tã o pró ximo, mesmo que o confessor pense
assim”. Este icou ao lado da cama e procurou reanimá -la estendendo-
lhe os dedos consagrados. Mal ele tinha concebido o pensamento,
quando ela de repente levantou a cabeça e se moveu em direçã o a sua
mã o. Deitada assim, pá lida e imó vel, Santa Clara de Montefalco, Juliana
de Liè ge, Santo Antô nio de Pá dua e Santo Iná cio de Loyola a ajudaram e
consolaram. Apareceu-lhe o primeiro nome e disse-lhe: “Cultivaste bem
o jardim do Santı́ssimo Sacramento e agora está s terminada a tua obra;
mas você está exausto, devo trazer-lhe algum refresco”. “E
instantaneamente”, continua a Irmã Emmerich, “vi a Santa descendo em
minha direçã o resplandecente de luz. Ela me deu um pedaço de trê s
pontas em cada lado do qual havia uma imagem, e depois desapareceu.
Eu comi com gosto. Tenho certeza de que já comi o mesmo antes. Foi
muito doce e me fortaleceu muito. Nova vida me foi dada pela
misericó rdia de Deus. Eu ainda vivo, ainda posso amar meu Salvador,
ainda sofrer com Ele, ainda agradecer e louvá -Lo! ... Eu vi os oito
canteiros de lores que tenho cultivado nestes ú ltimos dias no jardim de
Santa Clara. Sem a ajuda de Deus, teria sido absolutamente impossı́vel
para mim fazê -lo. A igueira signi icava busca de consolaçõ es,
condescendê ncia fraca, indulgê ncia muito grande. Sempre que
trabalhava na videira, a ela estava amarrado em forma de cruz... vi tudo
o que havia realizado nesses oito dias, que faltas havia reparado, que
castigos rechaçados, etc. apariçã o de uma procissã o em honra do
Santı́ssimo Sacramento, uma festa espiritual em que os beatos
celebravam os tesouros de graça concedidos à Igreja durante o ano por
meio do Santı́ssimo Sacramento. Essas graças apareceram como vasos
sagrados caros, pedras preciosas, pé rolas, lores, uvas e frutas. A
procissã o foi encabeçada por crianças vestidas de branco, seguidas por
freiras de todas as diferentes Ordens especialmente devotas do
Santı́ssimo Sacramento, todas com a igura da Hó stia bordada no
há bito. Juliana de Liè ge caminhou primeiro. Eu vi Sã o Norberto com
seus monges e nú meros do clero, seculares e regulares. Alegria
indescritı́vel, doçura e uniã o reinaram sobre todos...
“Eu tinha fotos referindo-se aos defeitos no culto divino e como eles sã o
reparados sobrenaturalmente. E difı́cil para mim dizer como eu vi isso,
como as diferentes cenas se misturaram e se harmonizaram, uma
explicando a outra. Uma coisa foi especialmente notá vel: a saber, as
falhas e omissõ es no culto divino na terra apenas aumentam o
endividamento dos culpados. Deus recebe a honra devida a Ele de uma
ordem superior. Entre outras coisas, vi que quando os padres se
distraem durante as cerimô nias sagradas, Missa, por exemplo, eles
estã o na realidade onde quer que estejam seus pensamentos e, no
intervalo, um Santo toma seu lugar no altar. Essas visõ es mostram
assustadoramente a culpa de celebrar descuidadamente os Santos
Misté rios. As vezes vejo um padre saindo da sacristia vestido para a
missa; mas nã o vai ao altar. Ele sai da igreja e vai para uma taverna, um
jardim, uma caçada, uma donzela, um livro, algum encontro, e eu o vejo
ora aqui, ora ali, conforme a inclinaçã o de seus pensamentos, como se
fosse real e pessoalmente nesses lugares. E uma visã o muito lamentá vel
e vergonhosa! Mas é singularmente comovente ver neste momento um
santo sacerdote passando pelas cerimô nias do altar em seu lugar.
Muitas vezes vejo o padre retornando por um momento durante o
Sacrifı́cio e entã o subitamente correndo novamente para algum lugar
proibido. Tais interrupçõ es freqü entemente duram muito tempo.
Quando o padre se emenda, vejo isso em sua piedade e recolhimento no
altar, etc. Em muitas igrejas paroquiais, vi o pó e a sujeira que havia
muito contaminou os vasos sagrados foi removida e todas as coisas
colocadas em ordem”.
Na noite de 12 para 13 de junho, Irmã Emmerich foi consolada por
visõ es sobre a vida de Santo Antô nio de Pá dua. “Eu vi o querido Santo,”
ela disse, “muito bonito e de aparê ncia nobre, rá pido e ativo em seus
movimentos como Xavier. Ele tinha cabelos pretos, um nariz comprido
e bonito, olhos escuros e suaves e um queixo bem formado com uma
barba curta e bifurcada. Sua tez era muito clara e pá lida. Ele estava
vestido de marrom e usava um pequeno manto, mas nã o exatamente no
estilo dos franciscanos de hoje. Ele era muito ené rgico, cheio de fogo,
mas cheio de doçura també m.
“Eu o vi entrando ansioso em um pequeno bosque à beira-mar e
subindo em uma á rvore cujos galhos mais baixos se estendiam sobre a
á gua. Ele saltou de galho em galho. Ele mal havia se sentado quando o
mar subitamente subiu e inundou o matagal, e um nú mero incrı́vel de
peixes e animais marinhos de todos os tipos foram trazidos pelas
ondas. Eles levantaram a cabeça, olharam calmamente para o Santo e o
ouviram enquanto ele se dirigia a eles. Pouco depois, ele ergueu a mã o
e os abençoou, quando o mar recuou levando-os de volta à s
profundezas. Alguns permaneceram na praia. O Santo os colocou de
volta cuidadosamente nas á guas que os levaram. Senti como se
estivesse deitada na madeira em uma cama macia de musgo. Ao meu
lado jazia um maravilhoso animal marinho, plano e largo. A cabeça era
redonda como um machado de batalha com a boca embaixo; a parte de
trá s era verde com listras douradas. Tinha olhos dourados e manchas
douradas na parte inferior do corpo. Lá estava ele se debatendo de um
lado para o outro. Tentei afastá -lo golpeando-o nas costas com meu
lenço, e també m afugentei uma enorme aranha que corria atrá s dele. O
matagal e todo o paı́s ao redor estavam na escuridã o. 8 Só Santo
Antô nio foi banhado de luz.
“Novamente vi Santo Antô nio no pequeno matagal junto ao mar. Ele se
ajoelhou diante de uma igreja distante, e toda a sua alma se voltou em
direçã o ao Santı́ssimo Sacramento. No mesmo instante vi a igreja, o
Santı́ssimo Sacramento sobre o altar e a oraçã o do Santo surgindo
diante dele. Entã o eu vi um corcunda com cara feia, correndo atrá s de
Anthony. Ele carregava uma linda cesta branca (as bordas, coloridas
acima e abaixo, feitas talvez de vimes marrons) cheias de lindas lores
lindamente arrumadas. O velho queria dá -los ao Santo. Ele o sacudiu
para atrair sua atençã o; mas Anthony nã o viu nem ouviu nada. Ele
estava ajoelhado em oraçã o extá tica, os olhos ixos no Santı́ssimo
Sacramento. Entã o o velho pousou a cesta e se retirou. Eu vi a igreja se
aproximando cada vez mais de Anthony enquanto ele orava. Do
Santı́ssimo Sacramento saiu, por assim dizer, um pequeno ostensó rio
que, atraı́do por sua oraçã o ardente, aproximou-se dele em uma
corrente de luz e pairou no ar acima dele. Dela saiu um lindo e pequeno
Jesus resplandecente, resplandecente de gló ria, e pousou no ombro do
Santo, acariciando-o com ternura. Pouco depois, o Menino voltou a
entrar na custó dia que voltou ao Santı́ssimo Sacramento no altar da
igreja distante que se aproximava. Entã o vi o Santo voltando para a
cidade, mas as lores icaram onde o velho as colocara.
“Novamente vi Santo Antô nio em um campo fora de uma cidade perto
do mar disputando com vá rias pessoas. Um, em particular, um homem
violento e apaixonado, argumentou contra o Santo em termos amargos.
Entã o vi que todos concordavam em algum ponto e Anthony, in lamado
com santo zelo, deu um passo à frente, os braços sob o manto, como se
a irmasse alguma coisa. Depois disso, ele abriu caminho no meio da
multidã o e deixou o local. Era um grande prado plantado com á rvores e
cercado por um muro. Estendia-se da cidade até a praia, e estava cheio
de gente andando ou ouvindo o Santo. Entã o tive outra visã o: Antô nio
rezando missa em uma igreja, a estrada larga que levava a ela do portã o
da cidade cheia de uma multidã o expectante, e o homem que havia
disputado tã o acaloradamente com ele dirigindo até a cidade uma
imensa boi com chifres longos. Entretanto, tendo o Santo terminado a
Missa, dirigiu-se solenemente à porta da igreja, trazendo nas mã os uma
Hó stia consagrada. Instantaneamente, o boi começou a lutar; libertou-
se de seu mestre e correu rapidamente pela rua em direçã o à igreja. O
dono e vá rios outros o perseguiram, o tumulto tornou-se geral,
mulheres e crianças caı́ram umas sobre as outras, mas o boi nã o pô de
ser apanhado. Quando, por im, chegou à igreja, ajoelhou-se, estendeu o
pescoço e inclinou-se humildemente diante do Santı́ssimo Sacramento,
que Antô nio, parado à porta, ergueu diante dele. Seu dono lhe ofereceu
feno, mas o animal nã o percebeu, nã o mudou de posiçã o; entã o, toda a
multidã o, incluindo o proprietá rio, prostrou-se humildemente,
louvando e adorando o Santı́ssimo Sacramento. Anthony voltou a entrar
na igreja seguido pelo povo. Só entã o o boi se levantou e se deixou
conduzir de volta à porta da cidade, onde comeu a comida que lhe foi
apresentada.
“Vi um homem acusando-se a Antô nio de ter chutado sua mã e, e em
outra cena vi o mesmo homem tã o arrependido pelas exortaçõ es do
santo, que estava prestes a cortar o pé que havia feito a maldade. Mas
Santo Antô nio apareceu de repente diante dele e conteve seu braço.
15 de junho – “Voltei-me para o Santı́ssimo Sacramento para rezar, e fui
arrebatado em espı́rito na igreja em que pela primeira vez se celebrou a
festa de Corpus Christi na terra. Foi construı́do em estilo antigo e
adornado com pinturas antigas, mas nã o era antigo nem apresentava
qualquer aparê ncia de decadê ncia; pelo contrá rio, tudo era brilhante e
bonito. Ajoelhei-me diante do altar-mor. O Santı́ssimo Sacramento nã o
estava em um ostensó rio, mas encerrado em um taberná culo em um
cibó rio alto e redondo, encimado por uma cruz. Um vaso de trê s
compartimentos poderia ser retirado dele: o superior continha vá rios
pequenos vasos que continham os Santos Oleos; a segunda, vá rias
Hó stias consagradas; o mais baixo, um jarro feito de madrepé rola
brilhante no qual havia, acho, um pouco de vinho. Perto de igreja era
um claustro de virgens piedosas. De um lado da igreja havia uma
pequena casa ocupada por uma virgem muito devota chamada Eva.
Havia em seu quarto uma janelinha com uma corrediça pela qual, de dia
ou de noite, ela podia ver o Santı́ssimo Sacramento no altar-mor. Que
ela era muito devota a Isso, pude perceber por todos os seus
movimentos. Ela estava vestida de forma respeitá vel, nã o exatamente
como uma freira, mas mais como uma peregrina. Ela nã o pertencia à
cidade. Ela era de boa famı́lia e havia se mudado para lá apenas por
devoçã o, para poder morar perto da igreja. Nas redondezas desta
cidade, vi um convento na montanha, nã o construı́do no estilo
conventual habitual, mas vá rias casinhas unidas. Uma das religiosas era
a Beata Juliana que havia sido instrumental na instituiçã o da Festa de
Corpus Christi. Eu a vi andando no jardim vestida com o há bito cinza de
sua Ordem. Ela parecia cheia de doce simplicidade e muitas vezes
parava em contemplaçã o diante das lores. Em uma ocasiã o eu a vi
ajoelhada perto de um lı́rio meditando sobre a virtude da pureza, e
també m a vi em oraçã o quando recebeu a ordem de introduzir a festa
de Corpus Christi. Isso lhe deu grande ansiedade, e vi que lhe foi
mostrado outro diretor espiritual a quem ela deveria dar a conhecer a
revelaçã o, pois o primeiro nã o lhe deu atençã o. Enquanto ela rezava, vi
ao longe um Papa igualmente engajado, e perto dele o nú mero IV.
Instado por uma visã o e em consequê ncia de um certo favor que
algué m havia recebido do Santı́ssimo Sacramento, resolveu estabelecer
a Festa na Igreja. Entre essas duas fotos, encontrei-me novamente na
igreja diante do Santı́ssimo Sacramento. Eu vi sair Dela primeiro um
dedo brilhante, depois uma mã o e, por ú ltimo, estava diante de mim um
jovem resplandecente de luz e coberto de pé rolas. Ele disse: 'Eis estas
pé rolas! Nenhum está perdido, e todos podem reuni-los.' O mundo
inteiro foi iluminado pelos raios que disparavam da gloriosa juventude.
Entã o eu derramei minha alma em açã o de graças porque eu sabia por
esta imagem que o Santı́ssimo Sacramento com todas as suas graças
tornou-se, inalmente, objeto de especial devoçã o entre os ié is.
“Por volta do meio-dia, avistei no horizonte sobre uma planı́cie linda e
fé rtil, cinco faixas largas e luminosas, como o sol em cor e brilho, que se
uniram para formar uma cú pula acima. Eles vieram de cinco grandes e
distantes cidades como as faixas de um arco-ı́ris no cé u azul. Na cú pula,
em esplendor indescritı́vel, foi entronizado o Santı́ssimo Sacramento
em custó dia ricamente adornada. Acima e abaixo dos cinco arcos
pairavam mirı́ades de anjos indo e vindo entre as cidades e o
Santı́ssimo Sacramento. A pompa presente nesta foto, a devoçã o e
consolo que ela inspirou, nã o posso expressar…”
17 de junho – “Enquanto eu desmaiava de desejo pelo Santı́ssimo
Sacramento, uma religiosa moribunda me foi mostrada (Juliana
Falconieri). Ela nem sempre podia receber a Sagrada Comunhã o, por
causa de seus vô mitos frequentes. Mas para consolá -la, o padre
costumava colocar a Hó stia sobre seu peito em um cabo, e isso a aliviou
muito. Ao aproximar-se a sua morte, trouxeram-lhe o Santı́ssimo
Sacramento, e ela implorou para que O deitasse sobre o peito num
pequeno pano de linho, em vez do corpo rı́gido. O padre fez o que ela
pediu, as freiras ajoelhadas ao redor de sua cama. Vi a irmã moribunda
sorrir docemente; seu semblante icou lindo, rosado e radiante — e ela
estava morta! O sacerdote abaixou-se para retirar a Hó stia, mas o linho
estava vazio – a Hó stia Sagrada havia entrado em seu peito deixando a
marca de um cı́rculo no qual havia uma cruz vermelha com a igura do
Salvador. Vi multidõ es se aglomerando para testemunhar o milagre. Eu
ansiava por um favor semelhante, mas nã o será concedido.”
“Vi uma capelinha de pé sobre uma videira cujos ramos a rodeavam e
até entravam nela. No centro havia um broto no qual estavam Jesus,
Maria e José , e ao redor deles em oraçã o estavam todos os santos que
haviam sido marcados com os estigmas. Um deles era notá vel, um
terciá rio da Ordem de Sã o Domingos, chamado Osiana. Ela nã o morava
em um convento; ela morava em casa.
“Vi uma pessoinha que ouvi chamar-se Maria de Oignies. Ela morava
nã o muito longe de Liè ge, a cidade de Juliana, que eu podia ver a pouca
distâ ncia. No começo eu vi um homem com ela. Eu nã o sabia antes que
ela era casada. Ela deitava à noite nas tá buas nuas. Mais tarde eu a vi
em outro lugar, onde as casas estavam amontoadas, e aqui ela atendia
os doentes. Entã o eu a vi em outro lugar ajoelhada sozinha à noite
diante do Santı́ssimo Sacramento em uma igreja. Mais uma vez, eu a vi
deitada doente por muito tempo. Os que a rodeavam eram incapazes de
compreender sua singular doença com suas freqü entes mudanças, e
zombavam de sua abstinê ncia de alimentos. Foi-me mostrado o quanto
ela sofreu pelos outros, quantas pobres almas ela ajudou; e entã o vi,
para meu pró prio consolo, uma imagem de sua gló ria no cé u. A Igreja
sempre teve esses membros”.
18 de junho – S. Iná cio consola e assiste a Irmã Emmerich: “Durante
meus ú ltimos grandes sofrimentos, eu tinha comigo a relı́quia que o
Reitor Overberg me enviou. De repente, tornou-se brilhante e, enquanto
eu rezava para saber que relı́quia era, vi uma igura resplandecente
cercada por uma auré ola branca, descendo do alto em minha direçã o. A
luz que saı́a da relı́quia unia-se, como sempre, à da apariçã o, e ouvi
interiormente estas palavras: 'Esse é um dos meus ossos. Eu sou
Iná cio!' Depois disso tive uma longa noite de torturas horrı́veis, de
sofrimentos expiató rios. Era como se uma faca estivesse sendo
enterrada lentamente em meu peito e depois girando e girando por
todos os lados, e minhas feridas doı́am tã o intensamente que eu nã o
conseguia reprimir meus gemidos e queixas. Eu clamei a Nosso Senhor
por misericó rdia. Roguei-Lhe que nã o me deixasse sofrer alé m de
minhas forças, pois temia ceder à impaciê ncia. Obtive com minhas
oraçõ es uma apariçã o de Nosso Senhor, sob a forma de um jovem, meu
Esposo, e fui inexplicavelmente consolado. Em poucas palavras, que nã o
posso repetir com precisã o, Ele disse: 'Coloquei-te em Meu leito nupcial
de dor. Derramei sobre ti as graças do sofrimento, os tesouros da
expiaçã o e as jó ias das boas obras. Deves sofrer, mas nã o te
abandonarei. Tu é s amarrado à videira, nã o te perderá s.' Com palavras
como essas, o Salvador me consolou, e sofri paciente e silenciosamente
o resto da noite. Pela manhã tive outra visã o de Santo Iná cio. Eu vi sua
relı́quia brilhando. Invoquei o querido santo, que agora conhecia, e
abracei sua relı́quia com amor e reverê ncia. Chamei-o pelo doce
Coraçã o de Jesus. Ele veio imediatamente como antes, as duas luzes se
unindo, e novamente ouvi as palavras: 'Esse é o meu osso!' Ele me
consolou, dizendo-me que tinha recebido tudo de Jesus. Ele prometeu
ser meu amigo, ajudar-me em meus trabalhos, aliviar-me em minhas
dores, e me pediu para fazer as habituais devoçõ es em sua honra
durante o mê s seguinte. Entã o ele se ergueu no ar e desapareceu, apó s
o que eu vi algumas cenas de sua vida.
“Pensei que estava deitado em uma cama pequena na entrada de uma
igreja cujo coro estava fechado por uma grade. Havia algumas pessoas
na igreja, mas nã o muitas. No coro estavam cerca de doze
companheiros de Santo Iná cio, entre os quais reconheci Francisco
Xavier e Favre. Parecia que eles estavam prestes a começar uma
jornada. Nem todos eram sacerdotes. Eles usavam um há bito algo
parecido com o de Santo Iná cio, mas nã o exatamente como ele. Era
muito cedo e ainda estava muito escuro; as velas estavam acesas no
altar. Santo Iná cio, nã o totalmente vestido para a missa, com uma estola
no pescoço, e assistido por outro que carregava a á gua benta, passou a
igreja entre seus companheiros e deu a bê nçã o com asperges. Eu
també m me preparei para recebê -lo. Ele veio, de fato, à minha pequena
cama e me aspergiu abundantemente. No mesmo instante experimentei
uma sensaçã o de doce alı́vio em todo o meu ser. Voltando à sacristia, ele
saiu novamente em paramentos completos e foi ao altar para a missa,
durante a qual uma chama apareceu de repente sobre sua cabeça. Um
dos doze correu para ajudá -lo com os braços estendidos; mas, quando
viu seu semblante em chamas, retirou-se respeitosamente. Depois,
terminada a Missa, vi o Santo ser conduzido do altar pelos seus
companheiros. Ele estava banhado em lá grimas e tã o agitado que nã o
conseguia andar. Sua missa geralmente durava uma hora, muito mais do
que nossas missas comuns.
“Depois disso, vi os homens que havia visto antes na cidade marı́tima,
apresentados ao Papa. Ele estava em um grande salã o sentado em uma
cadeira magnı́ ica diante de uma mesa coberta de papé is e materiais de
escrita. O Papa usava um manto curto; Acho que era vermelho. Eu sei
com certeza que ele usava um solidé u vermelho. Na porta estavam
vá rios eclesiá sticos. Os companheiros de Iná cio entraram. Ajoelharam-
se diante do Papa e um falou em nome de todos. Nã o me lembro
claramente se Iná cio estava lá ou nã o. O Papa os abençoou e deu-lhes
alguns papé is. Entã o eu vi algumas outras fotos da vida do santo. Eu o vi
fazer uma con issã o tã o sé ria de sua vida passada a um mau padre que
este caiu em prantos bastante convertido. Novamente, eu o vi durante
uma viagem, de repente deixar seus companheiros e ir para uma casa
na qual morava um homem mau, escravo de suas paixõ es. Eu vi este
ú ltimo tentando iludir o Santo que, no entanto, o pegou. Caindo de
joelhos diante dele, ele o abraçou e implorou que pensasse em sua
salvaçã o. O homem se converteu e o seguiu. Vi o Santo em trajes de
mendigo, viajando sozinho por um bairro sombrio e montanhoso, e o
diabo à espreita sob a forma de um dragã o de corpo magro e cabeça
grande e crocante. Ignatius en iou sua bengala em seu pescoço, de onde
imediatamente saiu fogo. Ele entã o o prendeu irmemente com uma
estaca, pegou sua bengala e calmamente seguiu seu caminho.”
Naquela noite o Peregrino encontrou o invá lido recitando em voz baixa
e sem um livro o Ofı́cio de Santo Iná cio em latim. Ao terminar, ela
relatou o seguinte: “Recebi de Iná cio tanto conforto e bondade, vi-o tã o
penetrado de amor ardente por Jesus, que me virei para ele com
seriedade e reverê ncia, e sua apariçã o desceu do alto em um raio de luz
, o santı́ssimo nome de Jesus brilhando em seu coraçã o como um sol.
Entã o eu queria fazer algumas devoçõ es em sua homenagem, quando
eis! palavras e antı́fonas luı́am para mim dele, e eu achei grande doçura
neste dom da oraçã o”. Ela concluiu suas devoçõ es com a oraçã o: “ Oratio
recitanda ante imaginem Sancti Ignatii .” — “Uma oraçã o a ser recitada
diante da imagem de Santo Iná cio”. Na noite seguinte, Santo Iná cio
apareceu novamente para ela e a fortaleceu para suportar suas dores.
No dia seguinte ela relatou a seguinte visã o ao Peregrino:
“Vi Iná cio e Xavier e sua ı́ntima uniã o de coraçã o em Jesus Cristo. Eu os
vi derramando consolo e alı́vio enquanto instruı́am e serviam os
doentes e incurá veis. Ao contemplar sua açã o poderosa e e icaz entre o
povo, meu coraçã o se voltou para eles com as palavras: 'Se durante sua
vida como criaturas frá geis, você tanto amou e serviu na força que Deus
lhe deu, ó quanto mais e icaz deve ser sua in luê ncia agora que você se
deleita com luz e amor! Veja, aqui estã o suas relı́quias sagradas que
uma vez trabalharam tanto para seus semelhantes! Oh, ajude-nos
ainda! Trabalhem, derramem graça, ó vasos perfeitos da fonte da graça!'
Entã o todas as coisas terrenas desapareceram, e eu vi os dois santos no
cé u juntos em uma esfera de luz. A auré ola de Santo Iná cio era
perfeitamente branca; Xavier é de um tom rosado, algo como a gló ria de
um má rtir. E enquanto eu olhava para eles, enquanto a vida e a luz
luı́am sobre mim deles, minha alma se elevou e devolveu como que em
oraçã o sincera e sincera a luz e o amor que Deus derramou sobre mim
atravé s deles. Assim como ontem recebi a oraçã o de Iná cio, hoje
també m brotaram em minha alma palavras de amor e alegria, e chamei
todas as criaturas para louvar e invocar; meu coraçã o inchou e se
derramou em jú bilo. Louvei e rezei por todos os coros dos bem-
aventurados, e toda a corte celestial se pô s em movimento. A minha
oraçã o subiu a Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Cristo por Sua
Santa Mã e, à Santa Mã e por todos os Santos, e a todos os Santos por
Iná cio e Xavier. Parecia que eu sabia exatamente quais lores e frutas,
quais perfumes, quais cores, quais pedras preciosas e pé rolas eram as
mais puras, as mais agradá veis ao meu Deus; como se da abundâ ncia
inesgotá vel desses tesouros, eu tivesse feito e apresentou a Ele uma
coroa, uma pirâ mide, um trono; e como se todas as coisas preciosas
luı́ssem para mim na luz dos dois santos”. (Naquela tarde, tendo a
Peregrina lido para ela um velho câ ntico de Santo Iná cio e Xavier, no
qual todas as criaturas sã o convidadas a louvá -los, ela exclamou: “E
isso!
“Neste jubileu de oraçã o, louvor e sú plica, a visã o continuou a se
desdobrar diante de minha alma; mas com essa mudança - eu fui com
os dois santos para a Jerusalé m Celestial. Que palavras podem
descrever a alegria, a bem-aventurança, o esplendor que ali contemplei!
Nã o era como quando a vi antes com seus muros e portõ es, uma cidade
assentada no cume da montanha da vida; mas era um mundo imenso de
luz e esplendor, as ruas se estendiam em todas as direçõ es, e tudo em
perfeita regularidade, ordem, harmonia e amor sem im. No alto, sobre
o centro da cidade, em luz incompreensı́vel, vejo a Santı́ssima Trindade
e os vinte e quatro anciã os, e abaixo em um mundo de gló ria, a hoste
angelical. Vejo os santos em suas diferentes ileiras, bandos e
hierarquias, todos em seus pró prios palá cios, em seus pró prios tronos e
em suas vá rias relaçõ es. Aqueles com quem estou mais particularmente
ligado, a quem honro com mais frequê ncia, cujas relı́quias possuo, sã o
mais distintos para mim, ou melhor, estou mais pró ximo deles, e eles
me apresentam aos outros. També m vi sua maravilhosa in luê ncia.
Quando os invoquei, eles se voltaram para a Santı́ssima Trindade, de
quem luı́am raios de luz sobre eles; entã o eles foram para algumas
á rvores e arbustos maravilhosos que estavam entre os palá cios, e
colheram frutas, orvalho e mel que eles enviaram sobre a terra. Eu vi o
papel que os anjos desempenham. Eles sã o rá pidos como relâ mpagos,
passando rapidamente de um lado para o outro, levando bê nçã os para a
terra e, por assim dizer, multiplicando-as. Eu vi Iná cio e Xavier
espalhando graças sobre minha pró pria terra, principalmente sobre
aqueles por quem eu havia orado, e enviando quantidades de orvalho e
mel para paı́ses distantes. Vi em fotos separadas sofredores aliviados e
tornando-se fervorosos; as pessoas de repente se converteram e
mudando sua vida; em paı́ses escuros e distantes a luz brilhando e
aumentando em brilho, e almas santas orando em seu brilho. Vi que os
Santos dispensam graças por toda parte, mas sobretudo onde
repousam suas relı́quias e onde sã o invocadas. Essas relı́quias brilham
com a mesma luz e cor dos pró prios santos; eles sempre aparecem
como uma parte de si mesmos.
“Vi muitos homens santos ao redor de Iná cio: Francis Borgia, Charles
Borromeo, Aloysius, Stanislaus Kostka, Francis Regis e muitos outros.
Eu també m o vi”, disse ela, apontando para algué m que parecia
aparecer no momento. A Peregrina pensou, a princı́pio, que ela se
referia a Sã o Francisco de Assis, mas foi Sã o Francisco de Sales que ela
viu diante de si atraı́do por sua relı́quia ali perto. 9 “Eu o vi nã o com
Iná cio, mas em um coro de bispos. Eu vi multidõ es que eu conhecia, e
aproximei-me de muitas delas pela oraçã o. A princı́pio, ousei olhar
apenas para Iná cio, os outros que vi de longe; mas todos eram tã o
gentis e bons que depois de algum tempo me aventurei a andar entre
eles.
“As ruas eram pavimentadas com pé rolas de todas as formas e iguras, e
algumas delas també m com estrelas. Pensei na minha simplicidade
(pois era um pensamento estú pido da natureza): 'Olha! lá estã o as
estrelas que vemos acima da terra!' Vi també m Agostinho e toda a sua
Ordem, e o Bispo Ludger com uma igreja na mã o como costuma ser
representado, e muitos outros com suas vá rias insı́gnias, algumas das
quais reconheci, entre elas Sã o Joaquim e Santa Ana. Eu tinha certeza
sobre o ú ltimo nome, pois hoje é terça-feira, o dia em que sempre honro
a santa Madre Anne. Ambos seguravam um ramo verde e, como eu nã o
sabia o que signi icava, deram-me a entender que era um sinal de seu
desejo ardente pelo advento do Messias que deveria brotar deles
segundo a carne. Entã o tive visõ es de seus desejos ardentes, sua oraçã o,
morti icaçã o e penitê ncia.
“Toda a noite fui consolado em meio à s minhas dores por essas
contemplaçõ es. Nã o posso repetir todas as coisas magnı́ icas que vi,
nem sua verdade e clareza. As iguras nã o foram jogadas ao acaso, mas
formavam um grande todo – uma explicava a outra, vivia e amada na
outra. Durante esta visã o, meu coraçã o batia de alegria, meus lá bios
cantavam câ nticos de louvor.”
Ao relatar o que foi dito acima, a irmã Emmerich, embora jazia em
exaustã o semelhante à morte, estava cheia de emoçã o alegre, e lá grimas
escorriam por suas bochechas.
21 de junho - O Peregrino a encontrou hoje, como també m o confessor
a pensava, perto da morte, mas cheia de alegria pela lembrança da visã o
da noite passada. Ela havia assistido espiritualmente na celebraçã o da
festa de Sã o Luı́s: “Eu estava em uma grande festa espiritual, uma
grande solenidade com numerosas procissõ es: donzelas de branco com
lı́rios nas mã os carregavam a Mã e de Deus em um trono, e depois veio
Sã o Luı́s carregado por jovens també m de branco. O Santo usava sobre
o há bito preto uma sobrepeliz branca com franja dourada e, como seus
companheiros, trazia na mã o um lı́rio. Havia muitos estandartes
brancos com franjas douradas.
“Aloysius sentou-se em um trono acima do altar, e acima dele estava
novamente entronizada a Mã e de Deus a quem ele era desposado. A
parte superior da igreja estava cheia de coros celestiais, e em torno de
Aloysius estavam Iná cio, Xavier, Bó rgia, Borromeu, Estanislau, Regis e
vá rios outros santos jesuı́tas. No alto havia multidõ es de outros santos
religiosos, e havia inú meras almas de jovens, donzelas e crianças que,
seguindo o exemplo de Aloysius, encontraram o favor do Senhor.
Somente os bem-aventurados estavam na igreja.
“Quando Aloysius foi homenageado com guirlandas, coroas, etc., ele por
sua vez honrou aqueles que lhe prestaram homenagem; pois tal é o
costume nessas festas - o honrado torna-se o servo. Nã o consigo
descrever o esplendor da cena; era a festa da castidade e da inocê ncia,
da humildade e do amor. Entã o eu vi a vida do Santo. Eu o vi ainda um
garotinho sozinho em um grande salã o cujas paredes estavam
penduradas com todos os tipos de armaduras, entre as quais uma
mochila. A criança parecia ser atraı́da por ele. Ele a desa ivelou, tirou
uma grande caixa que parecia conter armas de fogo e a levou consigo.
Mas logo ele foi tomado pelo remorso. Voltou chorando amargamente, e
a recolocou na mochila. Ele estava cheio de arrependimento pelo roubo.
Entã o vi uma mulher alta entrar no corredor, ir até a criança que estava
encostada na parede embaixo da mochila e tentar confortá -la. Ela o
levou ainda chorando para seus pais que estavam em um lindo quarto, e
ele confessou sua culpa com muitas lá grimas. Eu o vi depois con iado a
um homem que estava sempre com ele. Eu o vi ainda criança doente na
cama por muito tempo, mas tã o paciente que todos os criados o
amavam. Eu os via carregando-o nos braços e, apesar de sua febre e
sofrimentos, ele sempre sorria para eles com doçura. Eu o vi em outra
casa muito grande. Ele sempre foi um menino gentil e sé rio.
Novamente, eu o vi sentado no meio dos eclesiá sticos, falando com eles
gravemente enquanto eles ouviam em profunda atençã o, altamente
edi icados com suas palavras. Pareciam prepará -lo para a Sagrada
Comunhã o, mas, iluminado por Deus, o discı́pulo ensinava seus
mestres. Ele estava cheio de devoçã o maravilhosa e desejo intenso pela
Sagrada Eucaristia. Onde quer que estivesse, onde quer que fosse,
sempre se voltava para o Santı́ssimo Sacramento em alguma igreja.
Muitas vezes desenhava na parede de seu quarto um cá lice com uma
Hó stia ou um Ostensó rio, diante do qual rezava com devoçã o
inexprimı́vel, apagando-o rapidamente à aproximaçã o de qualquer
pessoa. Isso me lembrou de Santa Bá rbara, que eu tinha visto fazendo o
mesmo em sua prisã o. Eu o vi depois em uma igreja recebendo a
Sagrada Comunhã o, a Sagrada Hó stia brilhando diante dele e, por assim
dizer, voando em sua boca. Entã o eu o vi no convento, sua cela tã o
pequena que nã o tinha mobı́lia, mas uma cama. Muitas vezes o vi
radiante de luz quando ele se disciplinava e orava. Disseram-me que
seu maior pecado foi uma distraçã o pelo espaço de uma Ave Maria no
inal de uma oraçã o que durou o dia todo. Os companheiros de Aloysius
o amavam muito. Costumavam segui-lo até a porta de sua cela, onde,
poré m, ele nunca os deixava entrar por medo de que elogiassem sua
pobreza.
Eu sempre o vi, mesmo na infâ ncia, com os olhos baixos. Ele nunca
olhou qualquer mulher no rosto. Nã o era afetaçã o nele, mas um ato de
auto-renú ncia que guardava sua pureza. Pela graça de Deus, nunca
conheci essa necessidade, e muitas vezes me pergunto quando leio
essas coisas na vida dos santos.”
Irmã Emmerich chorou quando o Peregrino lhe disse que o pai de Sã o
Luı́s tentou impedir sua entrada na religiã o.
27 de junho de 1822 – “Tive um penoso trabalho para realizar em uma
igreja na qual, por medo de profanaçã o, eles emparedaram o Santı́ssimo
Sacramento em um pilar. A missa foi rezada secretamente em uma
caverna abaixo da sacristia. Nã o posso dizer onde era, mas a igreja era
muito antiga e eu temia que o Santı́ssimo Sacramento fosse exposto ao
perigo. Entã o meu guia me exortou a rezar e pedir oraçõ es a todos os
meus conhecidos pela conversã o dos pecadores e, sobretudo, pela fé e
perseverança para o clero. 'Pois tempos terrı́veis se aproximam, os nã o-
cató licos usarã o todos os artifı́cios para oprimir a Igreja e arrebatar
dela seus bens. O problema sempre aumentará .'” Durante vá rios dias a
irmã Emmerich sentiu dores intensas em seus estigmas. Ela
apresentava todos os sintomas de hidropisia, doença de uma pobre
mulher que morava na França e que a irmã Emmerich havia assumido.
Durante esse perı́odo, ela estava ocupada em um trabalho de oraçã o
que lhe fora imposto. O seguinte é seu relato: “Fui levada pelo meu guia
por uma escada imensamente alta e vi pessoas em oraçã o vindo de
todas as direçõ es, puxadas, por assim dizer, por ios. Eu estava no topo
da escada, mas ainda cerca de um metro e meio abaixo de uma grande
cidade deslumbrantemente brilhante, ou melhor, de um mundo. Uma
imensa cortina azul foi aberta para me permitir contemplar a magnı́ ica
cena. Fileiras de palá cios e jardins de lores corriam em direçã o ao
centro, onde tudo era tã o brilhante que nã o se podia olhar para ele.
Para onde quer que eu voltasse os olhos, via hierarquias de santos e
anjos cuja intercessã o eu implorava. As virgens e má rtires foram as
primeiras a apresentar suas petiçõ es diante do trono de Deus, e foram
seguidas pelos outros coros. A Santı́ssima Trindade parecia aproximar-
se deles como o sol rompendo as nuvens. Os coros angelicais eram
compostos de pequenas e delicadas formas nadando na luz. Os
querubins e sera ins eram espı́ritos alados, suas asas formadas de raios
cintilantes, e eu vi os coros de anjos e anjos da guarda. Entre as santas
virgens, vi almas que viveram no estado de casados, Santa Ana e outras
dos primeiros tempos, Sã o Cunegundes e outras esposas castas, mas
nã o Madalena. Nã o havia pá ssaros ou animais nos jardins. Quando olhei
para baixo dos degraus em que estava, tudo estava cinza à direita e à
esquerda - era azul apenas atrá s da cortina. Vi ilhas, cidades, campos e
jardins, regiõ es terrenas que apareciam à medida que meus
pensamentos vagavam em direçã o a elas. Eu vi todos os tipos de
pessoas orando, suas oraçõ es subindo como lâ mulas, como
pergaminhos escritos para os coraçõ es dos bem-aventurados de cujo
semblante eles disparavam em raios deslumbrantes para o trono de
Deus. Vi alguns desses pergaminhos escurecendo e caindo de novo na
terra, e alguns inacabados levados e oferecidos por outros. Foi como
uma troca entre os homens e entre os santos e os anjos. Houve grande
movimento entre estes ú ltimos, pois prestavam ajuda aos necessitados
e miserá veis: por exemplo, aos navios em perigo. Ontem à noite,
embora muito doente, fui levado pelo meu guia. Era estranho como eu
estava curiosa para saber o que havia por trá s da cortina azul! Eu
pensei que a Montanha dos Profetas estava à esquerda enquanto eu
subia.” Em 1º de julho, ela acrescentou o seguinte:
“Acho que minhas feridas da Coroa devem ter sangrado durante minha
grande visã o sobre a intercessã o dos Santos, pois vi tanto da Dolorosa
Paixã o! Enquanto os santos, por sua vez, ofereciam diante do trono de
Deus sua parcela de compaixã o pelos pecadores, eu vi todos os
sofrimentos de Cristo e a simpatia que suscitaram, todos os espinhos da
Coroa e outras coisas relacionadas com a Paixã o”.
No inal de agosto de 1820, a irmã Emmerich sofria inexprimivelmente
com a visã o contı́nua da tepidez e indiferença de padres e leigos para
com o Santı́ssimo Sacramento e, lado a lado com este ú ltimo, viu
pagã os honestos aspirando à salvaçã o. “Vi”, disse ela, “em todos os
lugares sacerdotes cercados pelas graças da Igreja, o tesouro dos
mé ritos de Jesus Cristo e dos santos; mas eles estavam mornos, eles
estavam mortos. Eles ensinavam, pregavam e ofereciam o Santo
Sacrifı́cio com muita preguiça. Entã o um pagã o me foi mostrado de pé
em uma coluna e dirigindo-se a uma multidã o abaixo. Ele falou com
tanto sentimento do novo Deus de todos os deuses, o Deus de um povo
estranho, que seus ouvintes foram tomados pelo mesmo entusiasmo
que ele. Sou assaltado dia e noite por essas visõ es, nã o consigo me
livrar delas. A misé ria e a decadê ncia do presente sempre me sã o
mostradas lado a lado com o bem do passado, e eu tenho que orar sem
cessar. Missa mal celebrada é um mal enorme. Ah! Nã o é indiferente
como se diz! ... Tive uma grande visã o sobre o misté rio da Santa Missa e
vi que tudo de bom que existe desde a criaçã o é devido a ela. Eu vi o A e
o O , e como tudo está contido no O. 10 Compreendi o signi icado do
cı́rculo na forma esfé rica da terra e dos corpos celestes – a auré ola das
apariçõ es e a Hó stia Sagrada. A conexã o entre os misté rios da
Encarnaçã o, da Redençã o e do Santo Sacrifı́cio da Missa també m me foi
mostrada, e vi como Maria abarcava o que os pró prios cé us nã o podiam
conter. Essas imagens se estenderam por todo o Antigo Testamento. Vi
o primeiro sacrifı́cio oferecido e o maravilhoso signi icado das
relı́quias sagradas colocadas no altar em que se celebra a Missa. Eu vi
os ossos de Adã o repousando em uma caverna sob o Monte Calvá rio
bem no fundo, quase ao nı́vel da á gua, e em uma linha reta. linha abaixo
do local em que Jesus Cristo foi cruci icado. Olhei para dentro e vi o
esqueleto de Adam inteiro, com exceçã o do braço e do pé direitos e
uma parte do lado direito. Atravé s deste ú ltimo pude ver as costelas do
lado esquerdo. No lado direito estava o crâ nio de Eva exatamente no
local de onde o Senhor o havia desenhado. Foi-me dito que o lugar de
descanso de Adã o e Eva tem sido um ponto de disputa, mas eles
sempre icaram exatamente onde eu os vi. Nã o havia montanha neste
local antes do Dilú vio; somente em consequê ncia desse evento
apareceu um. O tú mulo estava intocado pelas á guas. Noé tinha na Arca
uma porçã o de seus restos que ele colocou no altar ao oferecer seu
primeiro sacrifı́cio. Abraã o fez o mesmo em um perı́odo posterior, os
ossos de Adã o tendo chegado a ele atravé s de Sem. O sangrento
Sacrifı́cio de Jesus no Calvá rio sobre os ossos de Adã o foi um prenú ncio
do Santo Sacrifı́cio da Missa sobre as relı́quias colocadas sob a pedra
do altar. Para ela, os sacrifı́cios dos patriarcas eram apenas uma
preparaçã o. Eles també m possuı́am relı́quias sagradas pelas quais
lembravam a Deus de Suas promessas. As cinco aberturas da Arca eram
tı́picas do Salvador e de Sua Igreja. Na é poca do dilú vio, terrı́veis
desordens reinavam sobre a terra e a humanidade estava mergulhada
no vı́cio. Eles saquearam e levaram o que quiseram, devastando as
casas e terras de seus vizinhos e desonrando as matronas e donzelas.
Esta passagem da Escritura: 'Os ilhos de Deus viram que as ilhas dos
homens eram formosas', signi ica que a linhagem pura, 'nascida de
Deus, nã o da carne, nem do sangue, nem da vontade dos homens', 11
misturado com raças impuras, deu origem a um povo poderoso em um
sentido humano terreno, e assim manchou a linhagem da qual o
Messias deveria surgir. Os pró prios parentes de Noe eram corruptos,
todos exceto sua esposa, seus ilhos e suas esposas, que moravam nas
proximidades. Eles costumavam construir naqueles tempos grandes
edifı́cios de pedra e erigir em torno deles tendas ou cabanas de oiser.
Quanto mais a famı́lia de Noe se afastava dele, pior eles tornaram-se,
mais corruptos em sua moral; eles até o roubaram e se revoltaram
contra ele. Nã o que fossem rudes ou selvagens, pois viviam
confortavelmente em casas bem organizadas; mas foi porque eles
foram entregues ao vı́cio, à idolatria mais abominá vel. Eles izeram
ı́dolos para si mesmos com o que mais lhes agradava.
“Vi Noe, um velho ingê nuo, com uma longa tú nica branca. Ele estava
andando em um pomar podando as á rvores com uma faca de osso torta.
De repente, uma nuvem pairou sobre ele, nela uma igura humana. Noé
se ajoelhou e recebeu a comissã o de construir uma arca, pois Deus
estava prestes a destruir o mundo por meio de um dilú vio. A notı́cia o
entristeceu muito, e eu o vi rezando para que o castigo fosse evitado.
Ele adiou o cumprimento da ordem. O Senhor novamente apareceu a
ele, repetiu Sua ordem e disse-lhe que começasse a obra
imediatamente, a menos que quisesse perecer com o resto da
humanidade. Entã o eu o vi saindo de casa com sua famı́lia e indo para
um bairro desabitado onde havia muita madeira. Ele levou consigo
muitas pessoas, e todas se estabeleceram em tendas. Eles tinham um
altar para oferecer sacrifı́cio e diante do qual oravam diariamente no
inı́cio e no inal de seu trabalho. Muito tempo se passou antes que o
trabalho fosse concluı́do, pois Noe frequentemente o interrompeu por
anos a io, esperando que Deus Todo-Poderoso cedesse. Trê s vezes
Deus o avisou para continuar com isso; cada vez que Noe contratou
mais trabalhadores, mas novamente o descontinuou.
“Disseram-me que na Arca, como depois na Cruz, havia quatro tipos de
madeira: palmeira, oliveira, cedro e cipreste. Eu os vi derrubando as
á rvores e moldando-as no local. O pró prio Noé carregou toda a madeira
em seus ombros para o local da construçã o, assim como Jesus depois
carregou sua cruz. O local escolhido para a construçã o da Arca foi uma
colina cercada por um vale. Primeiro construı́ram a quilha da
embarcaçã o que era arredondada nas costas; era como um cocho e
estava manchado de piche. Foram trê s histó rias. As duas superiores
eram sustentadas por postes ocos formados a partir de troncos á speros
de á rvores e cobertos com grandes folhas, e outro tipo de madeira foi
usado para as tá buas leves. Eu os vi perfurando a medula com algum
tipo de instrumento. Quando Noe carregou e preparou todos os
materiais, a construçã o foi iniciada. O fundo foi colocado e untado com
piche, entã o buracos feitos e preenchidos com piche nos quais os postes
foram irmemente colocados. Sobre eles foi colocado o segundo andar
com outra ileira de postes ao redor; e, por ú ltimo, o terceiro andar com
o telhado. Os espaços entre os postes eram cercados por ripas marrons
e amarelas colocadas transversalmente, os buracos e fendas
preenchidos com uma espé cie de lã e musgo branco que crescia muito
abundantemente em torno de certas á rvores. Entã o o todo foi coberto
com piche. O teto da Arca també m era arredondado. A porta icava no
meio de um lado, um pouco mais da metade, com uma janela de cada
lado, e no centro do telhado havia també m uma abertura quadrada.
Quando a Arca estava totalmente coberta de piche, ela brilhava como
um espelho ao sol. Noe continuou a trabalhar muito tempo sozinha nos
compartimentos para os animais, pois todos tinham lugares separados.
Havia duas passagens no meio da Arca. Atrá s da parte oval havia um
altar de madeira escondido por cortinas, e um pouco na frente do altar
havia uma panela de carvã o; à direita e à esquerda havia espaços
divididos para dormitó rios. Todos os tipos de utensı́lios e baú s foram
levados para dentro, e sementes, plantas e arbustos foram colocados na
terra ao redor das paredes que logo foram cobertas de verdura. Vi
vinhas carregadas de uvas grandes e amarelas, os cachos do tamanho
de um braço. Nenhuma palavra poderia expressar o que Noe suportou
pela malı́cia e má vontade dos trabalhadores durante todo o tempo da
construçã o. Ele os pagava bem em gado, mas isso nã o os impedia de
amaldiçoá -lo, insultá -lo e maltratá -lo de todas as maneiras. Eles até o
chamavam de tolo, pois ningué m sabia por que ele estava construindo
tal embarcaçã o. Mas ele só agradeceu a Deus, que lhe apareceu quando
terminou. Ele lhe disse para pegar um cachimbo de junco e chamar
todos os animais dos quatro cantos do globo. Quanto mais se
aproximava o dia do castigo, mais escuro icavam os cé us. O medo sobre
a terra tornou-se muito grande, o sol já nã o mostrava sua face, e o
rugido do trovã o era constantemente ouvido. Eu vi Noe indo uma curta
distâ ncia para o norte, sul, leste e oeste e soprando seu cachimbo. Em
seguida, os animais, dois a dois, machos e fê meas, entraram na Arca por
uma tá bua colocada na porta. Assim que todos entraram, o que
demorou vá rios dias, a prancha foi removida. Os grandes animais,
elefantes brancos e camelos, entraram primeiro; eles estavam inquietos
como na aproximaçã o de uma tempestade. Os pá ssaros voaram pela
clarabó ia e pousaram sob o telhado, alguns deles em gaiolas, e as aves
aquá ticas foram para a parte inferior da embarcaçã o. Os animais de
quatro patas estavam no meio da histó ria. Dos animais que sã o abatidos
para alimentaçã o havia sete casais. Entã o Noé , invocando a
misericó rdia de Deus, entrou com sua esposa, seus trê s ilhos e suas
esposas. A prancha foi puxada para dentro e a porta fechada isolando
todo o resto da humanidade, até mesmo seus parentes mais pró ximos e
seus ilhos pequenos. Entã o irrompeu uma terrı́vel tempestade, os
relâ mpagos se jogaram em colunas de fogo, a chuva caiu em torrentes, e
logo a colina sobre a qual a Arca estava se tornou uma ilha. A misé ria foi
tã o grande que espero que tenha sido a causa da salvaçã o de muitos
homens. Eu vi um diabo negro de forma hedionda correndo de um lado
para o outro atravé s da tempestade e tentando os homens ao
desespero. Os ré pteis e as serpentes procuravam aqui e ali um
esconderijo na Arca. De mosquitos e vermes nã o vi nenhum; eles foram
enviados mais tarde para atormentar o homem.
“Eu vi Noe oferecendo incenso na Arca em um altar coberto de
vermelho e branco. Sempre que oferecia sacrifı́cio, colocava sobre ele os
ossos de Adã o que, posteriormente, caı́ram nas mã os de Abraã o. Eu vi
este ú ltimo colocá -los no altar de Melquisedeque, de quem ele conhecia
e a quem ele suspirou ardentemente para encontrar. Vi, també m, o
sacrifı́cio de Isaac no Monte Calvá rio. A parte de trá s do altar estava
para o norte. Os Patriarcas sempre colocaram seus altares assim,
porque o mal vem do norte.
“Vi, també m, Moisé s orando diante de um altar no qual ele havia
colocado os ossos de Jacó , que ele geralmente carregava em volta dele
em uma caixa. Quando ele derramou algo sobre o altar, surgiu uma
chama na qual ele lançou incenso; ele invocou Deus pela promessa feita
a esses ossos. Ele orou até cair exausto. Pela manhã , ele se levantou
novamente para orar. Os ossos de Jacó foram posteriormente colocados
na Arca da Aliança. Moisé s orou com os braços estendidos em forma de
cruz. Deus nã o resiste a tal oraçã o, pois foi assim que Seu pró prio Filho
orou ielmente até a morte. Eu vi, també m, Josua orando como Moisé s
quando o sol parou ao seu comando….
“Vi o tanque de Betsaida, suas cinco entradas simbolizando as Cinco
Chagas, e tive muitas fotos dela em vá rios momentos. Vi uma colina a
alguma distâ ncia do primeiro Templo onde, em tempo de perigo, uma
cova havia sido cavada para esconder os vasos sagrados, castiçais e
incensá rios. Eu vi vá rios dos ú ltimos nomeados com duas alças. No
centro da cova foi colocado o fogo sagrado do altar, e sobre o topo
foram colocados todos os tipos de vigas; o todo foi entã o coberto com
terra para que a mancha nã o fosse perceptı́vel. A viga que formava o
tronco da santa cruz foi encontrada aqui. Antigamente era uma á rvore
perto do riacho Cedron. Seus galhos mais baixos se projetavam sobre a
á gua e vinham, inalmente, ser usados como ponte. Depois que o morro
foi nivelado, foi usado para vá rios ins. Eu vi Neemias, quando voltou do
cativeiro, fazendo escavaçõ es ao redor da cova em que o fogo sagrado
havia sido enterrado. Encontrou uma massa de lama negra formada
pela terra pantanosa, da qual retirou os vasos. Quando ele cobriu a
madeira do sacrifı́cio com ela, ela imediatamente explodiu em chamas.”
As visõ es da irmã Emmerich agora mudaram da era mosaica para a era
cristã , e ela viu homens vestidos com a mais alta dignidade espiritual e
mundana competindo entre si para honrar o Santı́ssimo Sacramento.
“Vi o santo Papa Zeferino que, por causa de seu zelo pela dignidade do
sacerdó cio, sofreu muito tanto com cató licos quanto com hereges. Ele
era muito rigoroso na admissã o de candidatos que examinava de perto
e dos quais ele rejeitou muitos. Uma vez de um nú mero imenso, ele
escolheu apenas cinco. Muitas vezes o vi disputando com hereges que
desenrolavam pergaminhos, falavam com raiva e até roubavam seus
escritos. Zeferino exigia obediê ncia dos sacerdotes, mandando-os aqui
e ali e silenciando-os se nã o obedecessem. Eu o vi enviar um homem,
ainda nã o ordenado, para a Africa, acho, onde se tornou bispo e um
grande santo. Ele era amigo de Zeferino e um homem muito cé lebre. Vi
o Papa exortar os ié is a trazerem-lhe a sua prataria, quando substituiu
os cá lices de madeira das igrejas por outros de prata. As galhetas eram
de vidro transparente. Zeferino reteve os vasos de madeira para seu
pró prio uso; mas como alguns icaram escandalizados com isso, ele os
doou parcialmente, e todo o resto ele deu aos pobres. Eu o vi
contraindo dı́vidas para o alı́vio de uma famı́lia pobre, ao que uma de
suas parentes o repreendeu por se endividar por estranhos e nã o por
seus pró prios parentes pobres. Ele respondeu que tinha feito isso por
Jesus Cristo, ao que ela se retirou indignada. Agora, Deus permitiu que
ele visse que, se ele izesse alguma coisa por esta mulher, ela seria
pervertida. Vi que ele fez com que os candidatos ao sacerdó cio fossem
examinados e ordenados na presença dos ié is. Ele elaborou regras
estritas para sua observâ ncia quando os Bispos celebravam, atribuindo
a cada um seu pró prio posto. Ele també m ordenou que os cristã os de
uma certa idade deveriam receber o Santı́ssimo Sacramento na Pá scoa
na igreja. Ele nã o mais permitia que O levassem para suas casas
suspenso em seus pescoços em uma caixa, pois muitas vezes era levado
para lugares impró prios onde aconteciam festas e danças. Zeferino
tinha profunda veneraçã o pela Mã e de Deus e teve muitas visõ es de sua
vida e morte. Ele arrumou uma cama para si mesmo como o sofá em
que ela morreu. Ele sempre o mantinha escondido por uma cortina, e
com fervorosa devoçã o costumava se deitar para descansar na mesma
posiçã o em que a vira morrer. Ele també m usava secretamente sob o
manto outro azul-celeste em homenagem ao manto azul-celeste de
Maria. Eu o vi recebendo novamente, depois de sua penitê ncia
canô nica, pecadores que foram separados dos ié is por adulté rio e
impureza. Ele teve disputas neste ponto com um sacerdote culto
(Tertuliano) que era muito rı́gido e que depois caiu em heresia.
“Foi-me mostrado como Sã o Luı́s da França aos sete anos de idade se
preparou por um jejum rigoroso para sua Primeira Comunhã o. Ele
contou isso para sua mã e. Ela o acompanhou à igreja para implorar à
Mã e de Deus luz sobre se seu ilho deveria receber a Sagrada
Comunhã o ou nã o. Maria apareceu para ela e disse que seu ilho deveria
se preparar por sete dias e depois comunicar, que ela deveria receber
ao mesmo tempo e oferecer seu menino a ela (Maria) e ela seria sempre
sua protetora. Vi que tudo ocorreu conforme as instruçõ es e aprendi
que a instruçã o religiosa naquele perı́odo era dada e recebida de
maneira diferente e mais sé ria do que em nossos dias. Em todas as suas
expediçõ es, Luı́s levava consigo o Santı́ssimo Sacramento e, onde quer
que acampasse, era oferecido o Santo Sacrifı́cio. Eu o vi na Cruzada.
Certa vez, durante uma violenta tempestade, a tripulaçã o de seu
pró prio navio e os dos outros navios clamaram a ele por socorro,
implorando-lhe que intercedesse junto a Deus por sua libertaçã o do
perigo. Como o Santı́ssimo Sacramento nã o estava a bordo, o santo rei
pegou uma criança recé m-nascida e batizada, subiu ao convé s e a
segurou na tempestade, implorando a Deus que tivesse piedade por ela.
Entã o, virando-se lentamente, deu a bê nçã o com a criança e a
tempestade cessou instantaneamente. Ele depois exortou seu povo
agradecido a aumentar a devoçã o ao Santı́ssimo Sacramento, dizendo-
lhes que, se Deus tivesse feito um milagre tã o grande por causa de uma
criança inocente e batizada, o que Ele nã o faria por causa de Seu ú nico
Filho? ?”
Lado a lado com cenas como a acima, Irmã Emmerich viu outras de
natureza diferente destinadas a animá -la a um zelo renovado em sua
tarefa de oraçã o e expiaçã o. 'Em certa cidade eu vi sobre uma festa
alegre de eclesiá sticos e seculares, homens e mulheres que estavam
festejando e brincando, uma né voa pesada e negra se estendendo até
uma regiã o de Trevas. Nela estava sentado Sataná s sob uma forma
hedionda, e em torno dele tantos demô nios quantos havia convidados
na assemblé ia abaixo, todos ocupados em incitar os ú ltimos ao pecado,
sussurrando para eles e in lamando suas paixõ es. Eles estavam em um
estado perigoso de excitaçã o e conversavam livremente em uma tensã o
leve e devassa. Os eclesiá sticos pertenciam ao nú mero daqueles cujo
lema é 'Viva e deixe viver!' que argumentam assim: 'Em nossos dias nã o
se deve ser singular, nã o se deve bancar o misantropo; antes, alegremo-
nos com os que se regozijam .' E em tais disposiçõ es celebram
diariamente a Santa Missa. Vi na festa apenas uma jovem ainda
perfeitamente inocente, e isso se deveu à sua devoçã o ao seu patrono,
um santo cujo nome é conhecido e que ela costumava invocando. Eu vi
como eles brincavam com ela e tentavam desviá -la. Mas sobre ela
apareceu uma brecha na escuridã o atravé s da qual seu patrono lançou
luz sobre ela e manteve os espı́ritos malignos à distâ ncia. Entã o Sataná s
de seu cı́rculo escuro chamou o Santo, perguntando o que ele queria e
como ele ousava invadir seus direitos; vangloriou-se com um sorriso
desdenhoso de que todos os padres lá embaixo eram dele, já que no
estado em que se encontravam rezavam missa diariamente,
mergulhando assim mais fundo em suas malhas. O Santo mandou-o
retirar-se, dizendo-lhe que, pelos mé ritos de Jesus Cristo, nã o tinha
direito sobre a moça que nem sequer podia aproximar-se. Sataná s
retrucou com jactâ ncia que ainda a pegaria, que faria uso de um
estranho que uma vez a impressionara, e que logo faria o trabalho. A
igura de Sataná s era horrı́vel: braços curtos com garras, pé s compridos
e joelhos virados para fora de modo que ele nã o podia ajoelhar-se
mesmo que quisesse; seu rosto era humano, mas frio, perverso,
medroso, e ele tinha certos apê ndices como asas. Ele era negro e
obscuro, espalhando escuridã o onde quer que fosse. Como iquei
surpreso ao ouvi-lo falar de seus direitos , foi-me dito que ele realmente
adquiriu um direito positivo sobre todo batizado que, embora dotado
do poder de Jesus Cristo para resistir a ele, mas livre e voluntariamente
se entrega ao pecado . Essa visã o foi mais impressionante e comovente.
Eu conhecia as pessoas tã o bem quanto a garota protegida por seu
patrono.
“Fui a vá rios moribundos e um caso me tocou profundamente. Uma
mulher mundana e dissipada estava em seu leito de morte. Ela nã o
seria convertida; ela nã o tinha fé , ela desprezou os Sacramentos. Fiz as
Estaçõ es para ela com algumas almas. Entã o nos prostramos diante do
cruci ixo de Coesfeld e oramos com tanta perseverança que o Salvador
tirou as mã os da cruz e desceu. Instantaneamente me encontrei
novamente ao lado do moribundo diante de quem estava o Salvador
vestido com um manto que Ele abriu para mostrar Suas Chagas. A
mulher foi tomada de susto, entrou em si mesma, fez uma con issã o
contrita e morreu...
“Fui com meu anjo da guarda a sete igrejas para rezar diante do
Santı́ssimo Sacramento e oferecer a Paixã o de Jesus Cristo em expiaçã o
pelas injú rias e afrontas cometidas contra Ele por maus sacerdotes. O
padroeiro de cada uma das igrejas estava presente e juntou-se à
devoçã o com meu anjo. As oraçõ es que dissemos eram como litanias.
Duas dessas igrejas estavam em terras distantes sobre as grandes
á guas; Acho que as pessoas eram inglesas.”
No domingo, 28 de agosto, o Peregrino a encontrou ao meio-dia ainda
em ê xtase, rezando com os braços estendidos. Quando recobrou a
consciê ncia, a princı́pio ela nã o conseguiu se lembrar do ambiente ou
da hora do dia; mas depois de algum tempo ela relatou o seguinte: “Esta
manhã eu tive que fazer as oraçõ es que me foram ordenadas na noite
passada. Primeiro, ouvi uma missa aqui em nossa pró pria igreja, depois
vi o Peregrino se comunicar, e a seguir vá rias outras missas. Vi todas as
faltas e negligê ncias tanto dos sacerdotes quanto dos seculares, e
suportei todo tipo de sofrimento por causa deles. Ofereci tudo por eles,
apresentando a Deus em reparaçã o o Seu Filho Cruci icado a cada
elevaçã o da Hó stia. Fiz isso nã o apenas aqui, mas em todas as igrejas,
talvez mil, para as quais fui transportado de maneira maravilhosa e
rá pida, pois entrei em todas as que já visitei na Europa ou em outros
lugares. O que eu vi nã o poderia ser contado em dois grandes volumes.
Vi aqui e ali, mesmo em nosso pró prio paı́s, algumas pessoas
profundamente piedosas; mas, na maior parte, reina a tepidez. Eu vi
piedade nos Paı́ses Baixos, em um distrito à beira-mar. Na Suı́ça vi
algumas paró quias boas no meio de paró quias ruins; e, novamente, no
norte da Alemanha e no distrito polonê s, onde há padres que vejo com
frequê ncia. Na Itá lia, vi muitos servindo zelosamente a Deus da
maneira antiga e santa, e outros totalmente maus e insolentes. No inal
deste multiforme trabalho de oraçã o, eu tinha por volta do meio-dia
uma imagem de Sã o Pedro que parecia estar lutuando acima da terra
no ar. Multidõ es, grandes e pequenas, padres e leigos, mulheres e
crianças, sim, até mesmo velhos aleijados, corriam para sustentá -la. Eu
estava em agonia para que a igreja nã o esmagasse todos eles, pois as
fundaçõ es e a parte inferior pareciam estar desmoronando; mas as
pessoas colocaram seus ombros sob ela e a ergueram. Ao fazê -lo, todos
icaram da mesma altura e cada um estava em seu devido lugar, os
sacerdotes sob os altares, os leigos sob as colunas e as mulheres sob a
entrada. Ainda temi que seu peso fosse demais para os torcedores,
quando vi os cé us se abrirem acima e os santos sustentando-o com suas
oraçõ es e ajudando os que estã o abaixo. Eu estava pairando e voando
no ar entre os dois. Entã o eu vi a igreja avançando a uma curta
distâ ncia, e toda uma ileira de casas e palá cios na frente dela
afundaram na terra como um campo de trigo pisado. A igreja foi
depositada em seu lugar. Entã o eu tinha outra foto. Eu vi a Santı́ssima
Virgem sobre a igreja cercada por Apó stolos e Bispos, e abaixo uma
grande procissã o e cerimô nias solenes. Vi todos os maus Bispos que se
julgavam capazes de agir por si mesmos, que nã o receberam por seus
labores a força de Cristo por intercessã o de seus santos predecessores,
expulsos e substituı́dos por outros. Vi imensas bê nçã os descendo do
cé u e muitas mudanças efetuadas. O Papa regulava tudo. Vi muitos
homens pobres e simples de coraçã o surgirem, muitos deles bem
jovens. Eu vi muitos dignitá rios idosos da Igreja que entraram no
serviço de maus Bispos e negligenciaram o interesses da Igreja, agora
de muletas como coxo e paralı́tico, conduzido por duas pessoas para
receber o perdã o”.
No inal desse trabalho empreendido para que o Sacrifı́cio Incruento
pudesse ser oferecido de maneira adequada, a irmã Emmerich teve
outra visã o muito abrangente. Nele lhe foi mostrada a Santa Missa
como a linha de demarcaçã o entre os homens tanto no tempo como na
eternidade; e ela també m viu sua cessaçã o na é poca do Anticristo.
“Eu tinha”, diz ela, “uma ó tima imagem da Igreja, mas nã o posso mais
dar os detalhes em ordem. Vi a Bası́lica de Sã o Pedro cercada por
campos, jardins, paı́ses e lorestas; e vi multidõ es de todas as partes do
mundo, muitas das quais eu conhecia naturalmente ou por minhas
visõ es. Alguns deles entravam na igreja e outros passavam indiferentes.
Uma grande cerimô nia estava acontecendo. Sobre a igreja lutuava uma
nuvem luminosa da qual saı́am os Apó stolos e os Santos Bispos e
formavam coros sobre o altar. Entre eles estavam Agostinho, Ambró sio
e todos os que trabalharam para a exaltaçã o da Igreja. Era uma grande
solenidade e a missa estava sendo celebrada. No meio da igreja, sobre
uma escrivaninha, havia um grande livro aberto com trê s selos
pendurados de um lado e dois do outro. Eu vi a lista de Evange John, e
me disseram que o livro continha as revelaçõ es que ele teve em Patmos.
Antes de ser aberto aconteceu algo que eu esqueci, e é uma pena que
haja uma ruptura aqui! O Papa nã o estava presente, ele estava
escondido em algum lugar. Acho que as pessoas nã o sabiam onde ele
estava, e nã o me lembro agora se ele estava orando ou se estava morto.
Todos os presentes, tanto os leigos como os clé rigos, tiveram que pô r a
mã o numa certa passagem dos Evangelhos. Sobre muitos deles desceu
como sinal uma luz dos santos Apó stolos e Bispos, mas para muitos
outros a cerimô nia foi apenas uma forma vazia. Do lado de fora da
igreja, vi muitos judeus que queriam entrar, mas ainda nã o podiam. No
inal da cerimô nia veio uma grande multidã o, uma multidã o
inumerá vel; mas o grande livro foi subitamente fechado como por um
poder invisı́vel. Isto me lembrou da noite no convento quando o diabo
apagou minha vela e fechou meu livro. Ao longe, vi um combate terrı́vel
e sangrento e, ao norte, uma grande batalha acontecendo. Todo o
quadro era grandioso e imponente. Lamento ter esquecido a passagem
do livro em que eles tiveram que colocar o dedo.”
Capítulo 4
AS ALMAS NO P URGATORIO . _ OS ANJOS . _ _ A JERUSALEM
CELESTIAL . _ _ _
“Fiz uma grande viagem com meu guia, como nã o sei. Nessas horas nã o
sei quem sou nem como existo. Sigo sem questionar, olho e ico
satisfeito. Se acontecer de eu fazer uma pergunta e receber uma
resposta, muito bem; mas se nã o, ainda estou satisfeito. Atravessamos a
cidade dos Má rtires (Roma), depois atravessamos o mar e
atravessamos um deserto até um lugar onde icava a casa de Ana e
Maria, e aqui deixei a terra. Vi inú meras coortes de santos de in inita
variedade e, no entanto, em minha alma, em meu interior, eles eram
todos um só , todos vivendo e se divertindo em uma vida de alegria,
todos se interpenetrando e re letindo uns aos outros. O lugar era como
uma cú pula sem limites cheia de tronos, jardins, palá cios, arcos, jardins
loridos e á rvores, com caminhos brilhando como ouro e pedras
preciosas. No alto, no centro, em in inito esplendor, estava o trono da
Divindade. Os santos foram agrupados de acordo com sua relaçã o
espiritual: os religiosos em suas Ordens superiores ou inferiores, de
acordo com seus mé ritos individuais; os má rtires, segundo suas
vitó rias; e leigos de todas as classes, de acordo com seu progresso na
vida espiritual, os esforços que izeram para santi icar-se. Todos
estavam dispostos em admirá vel ordem nos palá cios e jardins que eram
indescritivelmente brilhantes e encantadores. Eu vi á rvores com
pequenas luzes amarelas frutas. Aqueles que foram associados por
esforços semelhantes para se santi icar tinham auré olas da mesma
forma, como um há bito espiritual sobrenatural, e eram distinguidos por
emblemas de vitó ria, coroas, guirlandas e palmas, e eram de todas as
classes e naçõ es. Entre eles vi um padre meu conhecido que me disse: 'A
tua tarefa ainda nã o está terminada!' Vi també m legiõ es de soldados em
trajes romanos e muitas pessoas que eu conhecia, todos cantando
juntos. Juntei-me a uma doce cançã o com eles. Olhei para a terra que
jazia como um grã o de terra entre as á guas; mas, onde eu estava, tudo
era imenso. Ah! a vida é tã o curta, o im logo vem! Pode-se ganhar tanto
— nã o devo icar triste! De boa vontade e com alegria aceitarei todos os
sofrimentos do meu Deus!”
2 de novembro – “Fui com meu guia a uma sombria prisã o para almas,
onde consolei por todos os lados. As almas foram enterradas na
escuridã o, todas mais ou menos; alguns até o pescoço, outros até a
cintura. Estavam em masmorras separadas, embora contı́guas, algumas
torturadas pela sede, outras pelo frio, outras pelo calor, incapazes de se
conter, suspirando em tormentos ininterruptos. Vi nú meros entregues,
e sua alegria era inexprimı́vel. Eles saı́ram como iguras cinzentas. Eles
receberam por sua curta passagem para uma regiã o mais alta o
costume e as marcas distintivas de seu estado na terra. Eles se
reuniram em um vasto lugar acima do Purgató rio, cercado por uma
sebe de espinhos. Vi muitos mé dicos serem recebidos por uma
procissã o de mé dicos como eles e conduzidos no alto. Vi vá rios
soldados sendo libertados, e a visã o me fez regozijar com os pobres
homens massacrados na guerra. Vi poucas religiosas, menos ainda
juı́zas; mas conduzidos por freiras abençoadas, havia um nú mero de
almas virginais que desejavam apenas uma oportunidade de consagrar-
se à vida religiosa. Vi alguns reis dos tempos antigos, alguns membros
de famı́lias reais, um grande nú mero de eclesiá sticos e muitos
camponeses, entre os quais vi alguns conhecidos e outros que, por seus
costumes, pareciam pertencer a terras estrangeiras. Cada classe foi
conduzida em alto e em diferentes orientaçõ es das almas de sua
pró pria condiçã o de vida e, ao ascenderem, foram despojados de suas
insı́gnias terrenas e vestidos com um manto luminoso pró prio dos bem-
aventurados. Reconheci no Purgató rio nã o apenas meus pró prios
conhecidos, mas també m seus parentes que, talvez, eu nunca tinha
visto antes. Vi no maior abandono aquelas pobres e queridas almas que
nã o tê m ningué m para pensar nelas. Entre aqueles que se esquecem
deles estã o tantos de seus irmã os na Fé que negligenciam a oraçã o! E
por essas almas que mais rezo. Agora começou outra visã o. De repente,
encontrei-me uma pequena camponesa como na minha infâ ncia, uma
faixa na testa, um boné na cabeça. Meu guia me levou a uma tropa
luminosa de espı́ritos abençoados que desciam do cé u, formas
brilhantes com coroas em suas cabeças. Acima deles pairava o Salvador
segurando um cajado branco encimado por uma cruz e uma bandeira.
Havia cerca de cem espı́ritos, a maioria donzelas, apenas um terço deles
jovens, todos em vestes reais cintilantes com as vá rias cores de suas
auré olas, e apresentando um espetá culo muito bonito. Entre eles
estavam alguns notá veis por suas feridas que brilhavam com uma luz
ró sea. Fiquei muito envergonhado quando meu guia me levou até eles,
pois eu, pobre camponesa, nã o sabia como agir diante de reis e rainhas.
Mas meu guia disse: 'Tu podes ser como eles', e entã o, em vez de minha
roupa de camponesa, eu estava vestido com o há bito branco de um
religioso. Vi ao redor aqueles que ajudaram a me vestir no convento,
especialmente os membros falecidos de minha pró pria comunidade.
Entã o eu vi muitas das pobres almas que eu tinha conhecido em vida,
com quem eu tinha lidado, olhando melancolicamente para mim do
Purgató rio, e entendi a diferença entre a verdadeira e a falsa simpatia.
Eles me seguiram com olhos tristes, arrependidos de muitas coisas
agora que fui forçado a deixá -los. Eles eram cidadã os da pequena
cidade.”
“Vi uma igreja na terra e nela muitos que eu conhecia. Acima havia
vá rias outras igrejas, cada vez mais altas, como histó rias diferentes,
cheias de coros angelicais; e mais alto ainda estava a Santı́ssima Virgem
cercada pela ordem mais alta, diante do trono da Santı́ssima Trindade.
Aqui reinava uma ordem e atividade indescritı́veis; mas abaixo, na
igreja terrena, tudo era sonolento e negligente até certo ponto. E isso foi
tanto mais notá vel quanto foi a festa dos anjos que suportam a Deus
com incrı́vel rapidez cada palavra pronunciada descuidada e distraı́da
pelo padre na Santa Missa, e que reparam todos os defeitos no serviço
oferecido a Deus. Ao mesmo tempo, vi os anjos da guarda cumprindo
seus deveres com surpreendente atividade, afugentando os maus
espı́ritos dos homens, sugerindo bons pensamentos e apresentando
diante deles santas imaginaçõ es. Eles anseiam pelos mandamentos de
Deus, e as oraçõ es de seus clientes os tornam ainda mais zelosos. Vi que
todo homem recebe ao nascer dois espı́ritos, um bom e outro mau. O
bom é celestial por natureza e pertence à hierarquia mais baixa; o
maligno nã o é um demô nio, ainda nã o em tormentos, embora privado
da visã o de Deus. Eu sempre vejo em um certo cı́rculo ao redor da terra
nove corpos de esferas como estrelas distantes. Eles sã o habitados por
espı́ritos de naturezas diferentes, de quem descem raios de luz, cada
raio caindo sobre algum ponto determinado da terra com o qual
sempre pensei que eles deveriam ter alguma comunicaçã o. Esses nove
mundos formam trê s seçõ es, acima de cada uma das quais vi um grande
anjo entronizado; o primeiro segura um cetro; a segunda, uma vara; o
terceiro, uma espada. Eles usam coroas e vestes compridas, e seu peito
é decorado com faixas. Nessas esferas moram os maus espı́ritos que, no
nascimento de cada homem, estã o associados a ele por uma relaçã o
ı́ntima que compreendo claramente, que excita meu espanto, mas que
agora nã o posso explicar. Eles nã o sã o adorá veis e transparentes como
os anjos. Eles brilham é verdade, mas por uma luz externa, instá vel,
como por re lexã o. Eles sã o preguiçosos, indolentes, fantasiosos,
melancó licos ou apaixonados, violentos, obstinados, teimosos ou
frı́volos, etc., uma personi icaçã o das diferentes paixõ es. Entre eles
observei as mesmas cores que vejo entre os homens em seus
sofrimentos e lutas interiores e nas auré olas dos má rtires, cujas paixõ es
puri icadas pelos tormentos se transformaram em cores de triunfo.
Esses espı́ritos tê m algo a iado, violento e penetrante em seu
semblante. Eles se apegam com extraordiná ria tenacidade à alma
humana como insetos a certos odores e plantas, despertando neles
todos os tipos de pensamentos e desejos. Eles estã o cheios de picadas,
de raios, de encantos sedutores. Eles mesmos nã o produzem nenhum
ato, nenhum pecado, mas retiram o homem da in luê ncia divina, abrem-
no ao mundo, intoxicam-no com o eu, prendem-no, prendem-no à terra
de muitas maneiras. Se ele cede, mergulha nas trevas, o diabo se
aproxima e o marca com seu selo; agora algum ato, algum pecado, e sua
separaçã o de Deus é efetuada. Tenho visto claramente que a
morti icaçã o e o jejum enfraquecem a in luê ncia desses espı́ritos e
facilitam a dos anjos, enquanto a Sagrada Comunhã o é o meio mais
e icaz de resistir a eles. Vi que certas inclinaçõ es e aversõ es, certas
antipatias involuntá rias, e especialmente o desgosto que temos por
certas coisas, como insetos, ré pteis, vermes, etc., tê m um signi icado
misterioso, pois essas criaturas sã o imagens desses pecados e paixõ es
para que, por sua ligaçã o com esses espı́ritos, somos os mais expostos.
Foi-me dito que quando algué m sente desgosto por tais coisas, deve
recordar seus pecados e má s propensõ es simbolizadas por eles. Tenho
visto tais espı́ritos apresentando à s pessoas na igreja todos os tipos de
brinquedos e bugigangas, enchendo suas cabeças com todos os tipos de
pensamentos e desejos, enquanto seus anjos estã o ocupados
lembrando-os de coisas melhores. Nã o consigo relacionar essas
imagens multiplicadas. Os grandes da terra sã o atendidos pelos mais
poderosos, tanto os bons como os maus espı́ritos. Eu tenho muitas
vezes visto um homem receber um guardiã o mais alto e mais poderoso
quando chamado para grandes coisas. Eu mesmo tive em mais de uma
ocasiã o um guia diferente. Eu vi os anjos que protegem os frutos da
terra espalhando algo sobre as á rvores e plantas e sobre cidades e
paı́ses. Vi anjos pairando sobre eles, guardando-os e defendendo-os, e
à s vezes os abandonando. Eu nã o posso dizer que mirı́ades de maus
espı́ritos eu vi. Se eles tivessem corpos, o ar icaria escurecido. Onde
quer que tenham mais in luê ncia, sempre vejo né voa e escuridã o. Tive
em minha jornada um vislumbre da Suı́ça, onde vi o diabo trabalhando
de muitas maneiras contra a Igreja”.
Quando a irmã Emmerich terminou a relaçã o acima, ela foi subitamente
arrebatada em ê xtase. Pouco tempo depois, ela exclamou com um
suspiro: “E tã o longe! até aqui! Esses espı́ritos crué is, obstinados e
violentos lá descendo, vê m de uma distâ ncia imensa!” De volta à
consciê ncia, ela disse: “Fui levada a uma grande altura e da mais
distante das nove esferas, vi uma multidã o daqueles espı́ritos violentos
e obstinados descendo para um paı́s ao qual se aproximam lutas e
guerras. Eles cercam os governantes, tornando a aproximaçã o deles
quase impossı́vel. Mas també m vi todo um exé rcito de espı́ritos
angelicais enviados à terra pela Santı́ssima Virgem; eles foram
conduzidos por um grande anjo ardendo de zelo e carregando uma
espada lamejante. Eles lutarã o contra os espı́ritos perversos.
“Há , també m, almas que nã o estã o no Cé u, Purgató rio ou Inferno, mas
vagando pela terra em apuros e angú stias, visando algo que sã o
obrigadas a realizar. Eles assombram lugares desertos, ruı́nas, tú mulos
e as cenas de seus crimes passados. Sã o espectros.”
Algumas horas depois ela gritou em ê xtase: “O quem já viu algo
semelhante! Um grande anjo lamejante varreu do trono de Deus até a
cidade de Palermo, onde uma insurreiçã o se alastra. Ele falou palavras
de castigo com uma voz que perfurou a medula dos meus ossos, e as
pessoas caı́ram mortas na cidade abaixo!”
Em outra ocasiã o, ela disse: “Muitas vezes entendi, na minha infâ ncia e
depois, que trê s coros inteiros de espı́ritos angé licos mais altos que os
arcanjos caı́ram, mas nem todos foram lançados no inferno; alguns,
experimentando uma espé cie de arrependimento, escaparam por um
tempo. Sã o os espı́ritos planetá rios que vieram à terra para tentar os
homens. No ú ltimo dia serã o julgados e condenados. Sempre vi que os
demô nios nunca podem sair do Inferno. També m vi que muitos dos
condenados nã o vã o diretamente para o inferno, mas sofrem em
lugares solitá rios na terra.
“Se os homens progridem na vida espiritual, recebem anjos da guarda
de uma ordem superior, como os reis e prı́ncipes. Os anjos de quatro
asas, os Elohim, que distribuem as graças de Deus, sã o Raphiel,
Etophiel, Salatiel e Emmanuel. Há uma ordem muito maior, mesmo
entre os maus espı́ritos e demô nios, do que na terra. Sempre que um
anjo se retira, um demô nio entra instantaneamente em seu lugar e
começa seu pró prio trabalho. A grande ordem reina també m entre os
espı́ritos planetá rios, que sã o espı́ritos caı́dos, mas nã o demô nios. Eles
sã o muito, muito diferentes dos demô nios. Eles vã o e voltam entre a
terra e as nove esferas. Em uma dessas esferas sã o tristes e
melancó licos; em outro, impetuoso e violento; em um terceiro, leve e
vertiginoso; em um quarto, mesquinho, parcimonioso, avarento, etc.
Eles exercem uma in luê ncia sobre toda a terra, sobre cada homem
desde seu nascimento, e formam certas ordens e associaçõ es. Nos
planetas vi formas semelhantes a plantas e á rvores, mas leves e
insubstanciais, como cogumelos. Há , també m, á guas sobre eles,
algumas claras como cristal, outras lamacentas e venenosas; e pareceu-
me que cada planeta conté m um metal. Os espı́ritos fazem uso de frutas
adaptadas à sua pró pria natureza. Alguns sã o uma ocasiã o de bem, na
medida em que o pró prio homem dirige sua in luê ncia para o bem. Nem
todos os corpos celestes sã o habitados; alguns sã o apenas jardins ou
depó sitos para certos frutos e in luê ncias. Vejo lugares em que se
encontram almas que, embora nã o sejam cristã s, levaram uma vida boa
na terra. Eles estã o agora na incerteza, sentindo que um dia ou outro
sua sorte mudará ; elas sã o sem alegria ou dor. Como os outros, eles se
alimentam de certos frutos.
“A lua é fria e rochosa, cheia de altas montanhas, cavidades profundas e
vales. Ela atrai e repele a terra. Suas á guas sobem e descem
constantemente, levantando da terra massas de vapor que, como
grandes nuvens, enchem as cavidades; novamente eles parecem
transbordar e gravitar tã o poderosamente sobre a terra que os homens
se tornam melancó licos. Vejo nela muitas iguras humanas voando da
luz para a escuridã o como se escondessem sua vergonha, como se sua
consciê ncia estivesse em mau estado. Isso eu vejo com mais frequê ncia
no centro da lua. Em outras partes há campos e matagais em que os
animais vagam. Eu nunca vi nenhum culto oferecido a Deus na lua. O
solo é amarelo e pedregoso; a vegetaçã o como medula, fungos ou
cogumelos. A lua exerce uma in luê ncia maravilhosa sobre a terra e
toda a natureza. Os homens a encaram com tanta saudade, porque a
pessoa naturalmente se volta para o que lhe pertence. Muitas vezes vejo
descer de suas nuvens enormes como massas de veneno que
geralmente pairam sobre o mar; mas os bons espı́ritos, os anjos, os
dispersam e os tornam inofensivos. Certos distritos baixos da terra sã o
amaldiçoados por causa do pecado cometido, e sobre eles vejo cair
veneno, escuridã o, neblina. As raças mais nobres vivem nas regiõ es
mais favorecidas.
“As almas que vejo escondidas na escuridã o parecem estar sem
sofrimento ou alegria, como se estivessem presas até o Dia do Juı́zo. A
luz da lua é baça, de um branco azulado, e quanto mais longe da lua,
mais brilhante ela se torna.
“Os cometas estã o cheios de in luê ncias nefastas; sã o como pá ssaros de
passagem. Se nã o houvesse entre eles e a terra tã o grandes
tempestades e outras in luê ncias exercidas pelos espı́ritos, eles
poderiam facilmente causar muito dano a estes ú ltimos. Sã o as moradas
dos espı́ritos apaixonados. Sua cauda, que é sua in luê ncia, segue como
fumaça do fogo.
“A Via Lá ctea é formada por gló bulos aquosos como cristais. Parece que
os bons espı́ritos se banham nele. Eles mergulham e derramam todos
os tipos de orvalho e bê nçã os como um batismo. O sol segue um
caminho oval. E um corpo bene icente povoado por espı́ritos santos.
Nã o tem calor em si mesmo; luz e calor sã o gerados apenas em torno
dele. E branco e adorá vel e cheio de belas cores.
“Muitos dos corpos celestes ainda estã o desabitados. Sã o belas regiõ es
à espera de uma futura populaçã o, jardins e armazé ns de certas frutas.
Pode-se entendê -lo apenas representando a si mesmo um estado
perfeitamente bem regulado, uma cidade ou uma grande e maravilhosa
casa na qual nada falta. De todos esses corpos, nenhum tem a grandeza
ou a força interna da terra. Os outros possuem certas propriedades
especiais, mas a terra compreende todas elas. O pecado de Eva nos fez
cair, mas agora podemos nos tornar vencedores, pois o santo mais
pobre tem uma posiçã o mais alta que o anjo mais alto”.
A irmã Emmerich relacionou o que foi dito acima com a simplicidade de
uma criança descrevendo seu jardim. “Quando menina,” ela continuou,
“eu costumava me ajoelhar nos campos à noite na neve, e olhar
alegremente para as belas estrelas. Eu disse a Deus: 'Tu é s meu
verdadeiro Pai, e Tu tens coisas tã o lindas em Tua casa—agora, entã o,
mostre-as para mim!' E Ele me pegou pela mã o e me mostrou tudo -
tudo parecia perfeitamente natural. Cheio de alegria eu olhava para
tudo. Eu nã o me importava com mais nada.”
Em 2 de setembro de 1822, ela relatou o seguinte: “Subi umas alturas
ı́ngremes até um jardim aé reo. Vi no horizonte nordeste, erguendo-se
como um sol, a igura de um homem de rosto comprido e pá lido, a
cabeça coberta por um gorro pontudo. Ele estava amarrado com faixas
e tinha um escudo no peito cuja inscriçã o, no entanto, esqueci. Ele
carregava uma espada atada com itas multicoloridas. Ele se levantou
lentamente e lutuou suavemente sobre a terra. Ele balançou sua
espada da direita para a esquerda e lançou as itas, que se entrelaçaram
como redes, sobre algumas cidades adormecidas. Sobre a Rú ssia, a
Itá lia e a Espanha ele espalhou pú stulas e furú nculos, colocou um laço
vermelho em torno de Berlim e de lá veio até nó s. A espada estava nua.
Flâ mulas vermelho-sangue, como intestinos de animais, lutuavam o
punho, e o sangue escorria sobre nossa terra. A igura voou em um
curso em ziguezague.”
11 de setembro – “No sudeste ergue-se um anjo. Em uma mã o ele
carrega uma espada nua, na outra uma bainha cheia de sangue que ele
derrama sobre os paı́ses sobre os quais voa. Ele vem aqui també m e
derrama sangue sobre a catedral em Mü nster.”
1. P IUS VII
13 de maio de 1820 — “Ontem à noite, das onze à s trê s, tive uma visã o
maravilhosa de duas igrejas e dois papas e uma variedade de coisas,
antigas e modernas. Relatarei, o melhor que puder, tudo o que me
lembro dele. Meu anjo guardiã o veio e me disse que eu deveria ir a
Roma e levar duas coisas ao Papa, mas agora nã o consigo me lembrar
quais eram – talvez seja a Vontade de Deus que eu as esqueça.
Perguntei ao meu anjo como pude fazer uma viagem tã o longa, doente
como estava. Mas quando me disseram que eu deveria fazê -lo sem
di iculdade, nã o me opus mais. Um veı́culo de aparê ncia estranha
apareceu diante de mim, plano e leve, com apenas duas rodas, o piso
vermelho com bordas brancas. Nã o vi cavalos. Fui gentilmente
levantada e colocada sobre ela e, no mesmo instante, uma criança
branca e luminosa voou em minha direçã o e sentou-se aos meus pé s.
Ele me lembrou a criança Patience de verde, tã o doce, tã o linda e
perfeitamente transparente. Ele deveria ser meu companheiro, deveria
me consolar e cuidar de mim. A carroça era tã o leve e suave que a
princı́pio tive medo de escorregar; mas começou a se mover muito
suavemente sem cavalos, e eu vi uma igura humana brilhante
avançando. A viagem nã o parecia longa, embora atravessá ssemos
paı́ses, montanhas e grandes á guas. eu sabia Roma no instante em que
chegamos, e logo eu estava na presença do Papa. Nã o sei agora se ele
estava dormindo ou orando, mas eu tinha que dizer duas coisas para
ele, ou dar-lhe duas coisas, e terei que ir até ele mais uma vez para
anunciar uma terceira. Entã o eu tive uma visã o maravilhosa. Roma
apareceu de repente como nos primeiros tempos, e vi um Papa (
Boniface IV ) e um imperador cujo nome eu nã o sabia ( Focas ). Eu nã o
conseguia me orientar na cidade, tudo era tã o diferente, até as
cerimô nias sagradas; mas ainda assim eu os reconheci como cató licos.
Eu vi um grande edifı́cio redondo como uma cú pula - era um templo
pagã o cheio de belos ı́dolos. Nã o tinha janelas, mas na cú pula havia
uma abertura com um dispositivo para impedir a entrada da chuva.
Parecia que todos os ı́dolos que já existiram estavam reunidos ali em
todas as posturas concebı́veis. Muitos deles eram muito bonitos, e
outros extremamente estranhos; havia até alguns gansos que
receberam honra divina. No centro do edifı́cio havia uma pirâ mide
muito alta formada inteiramente dessas imagens. Nã o vi adoraçã o
idó latra na é poca de que falo, embora os ı́dolos ainda fossem
cuidadosamente preservados. Vi mensageiros do Papa Bonifá cio indo
ao imperador e pedindo que o templo fosse transformado em igreja
cristã . Ouvi este ú ltimo declarando distintamente que o Papa deveria
permitir que as está tuas antigas permanecessem, embora ele pudesse
erigir nelas a Cruz à qual as maiores honras deveriam ser pagas. Esta
proposta, ao que me pareceu, nã o foi feita de forma maldosa, mas de
boa fé . Vi os mensageiros retornarem com a resposta e Bonifá cio
re letindo sobre como poderia, em certa medida, conformar-se à
vontade do imperador. Enquanto ele assim deliberava, vi um padre
bom e piedoso em oraçã o diante do cruci ixo. Ele usava uma longa
tú nica branca com uma cauda e um anjo pairava ao seu lado. De
repente, ele se levantou, foi direto a Bonifá cio e lhe disse que nã o
deveria de modo algum aceitar a proposta do imperador. Mensageiros
foram entã o enviados ao imperador, que agora consentiu que o templo
fosse totalmente esvaziado. Entã o eu vi seu povo vir e levar o nú mero
das está tuas para o Cidade imperial; mas ainda muitos permaneceram
em Roma. Entã o vi a consagraçã o do templo, cerimó nia em que os
santos má rtires assistiram com Maria à frente. O altar nã o estava no
centro do edifı́cio, mas contra a parede. Vi mais de trinta carroças
cheias de relı́quias sagradas trazidas para a igreja. Muitos deles
estavam fechados nas paredes e outros podiam ser vistos atravé s de
aberturas redondas cobertas com algo parecido com vidro. Quando
testemunhei essa visã o, mesmo nos mı́nimos detalhes, vi novamente o
Papa atual e a igreja sombria de seu tempo em Roma. Parecia ser uma
casa grande e velha como uma prefeitura com colunas na frente. Nã o vi
nenhum altar nele, mas apenas bancos, e no meio dele algo como um
pú lpito. Eles tinham pregaçã o e canto, mas nada mais, e apenas muito
poucos assistiam. E eis que visã o mais singular! Cada membro da
congregaçã o tirou um ı́dolo de seu peito, colocou-o diante de si e orou
a ele. Era como se cada homem extraı́sse seus pensamentos secretos
ou paixõ es sob a aparê ncia de uma nuvem escura que, uma vez do lado
de fora, tomava alguma forma de inida. Eram exatamente as iguras
que eu tinha visto no pescoço da noiva ilı́cita na Casa Nupcial, iguras
de homens e animais. O deus de um era baixo e largo com uma cabeça
irme e numerosos braços estendidos prontos para agarrar e devorar
tudo ao seu alcance; a de outro era bem pequena, com membros
miserá veis e encolhidos; outro tinha apenas um bloco de madeira para
o qual olhava com os olhos revirados; este tinha um animal horrı́vel;
aquele, um poste comprido. A parte mais singular disso era que os
ı́dolos enchiam o lugar; a igreja, embora os adoradores fossem tã o
poucos, estava cheia de ı́dolos. Quando o culto terminou, o deus de
todos entrou novamente em seu peito. Toda a igreja estava coberta de
preto, e tudo o que acontecia nela estava envolto em trevas. Entã o eu vi
a conexã o entre os dois Papas e os dois templos. Lamento ter
esquecido os nú meros, mas me foi mostrado o quã o fraco ele havia
sido em adeptos e apoio humano, mas quã o forte em coragem para
derrubar tantos deuses (eu sabia o nú mero) e unir tantas formas
diferentes de adoraçã o em um; e, ao contrá rio, quã o forte em nú mero e
quã o irresoluto em açã o era o outro, pois, ao autorizar a construçã o de
falsos templos, ele havia permitido que o ú nico Deus verdadeiro, a
ú nica religiã o verdadeira se perdesse entre tantos falsos deuses e
falsas religiõ es. També m me foi mostrado que aqueles pagã os
adoravam humildemente outros deuses que nã o eles mesmos, e que
estariam dispostos a admitir com toda simplicidade o ú nico Deus, a
Santı́ssima Trindade. O seu culto era preferı́vel ao daqueles que se
adoram em mil ı́dolos com exclusã o total de Nosso Senhor. O quadro
era favorá vel aos primeiros tempos, pois neles a idolatria estava
diminuindo, enquanto em nossos dias é exatamente o contrá rio. Eu vi
as consequê ncias fatais dessa igreja falsi icada; Eu o vi aumentar; Eu vi
hereges de todos os tipos reunindo-se na cidade. 2 Eu vi a crescente
tepidez do clero, o cı́rculo de escuridã o cada vez mais amplo. E agora a
visã o se tornou mais ampla. Vi em todos os lugares os cató licos
oprimidos, aborrecidos, restringidos e privados de liberdade, as igrejas
foram fechadas e grande misé ria prevaleceu em todos os lugares com
guerra e derramamento de sangue. Vi pessoas rudes e ignorantes
oferecendo resistê ncia violenta, mas esse estado de coisas nã o durou
muito. Novamente eu vi em visã o Sã o Pedro minado de acordo com um
plano elaborado pela seita secreta, enquanto, ao mesmo tempo, foi
dani icado por tempestades; mas foi entregue no momento de maior
angú stia. Novamente vi a Santı́ssima Virgem estendendo seu manto
sobre ela. Nisso ú ltima cena, nã o vi mais o papa reinante, mas um de
seus sucessores, um homem brando, mas muito resoluto, que sabia
prender seus sacerdotes a si mesmo e que afastava dele o mal. Vi todas
as coisas renovadas e uma igreja que ia da terra ao cé u. Vi um dos doze
novos apó stolos na pessoa do jovem sacerdote com quem a noiva
impura queria se casar. Era uma visã o muito abrangente e retratava
novamente tudo o que me havia sido mostrado anteriormente sobre o
destino da Igreja. Em outra ocasiã o, tive uma visã o da irme resistê ncia
do Vigá rio Geral ao poder secular em favor dos interesses da Igreja. O
caso o cobriu de gló ria, 3 embora em alguns outros pontos ele fosse o
culpado. Disseram-me que deveria ir novamente ao Papa; mas quando
tudo isso acontecerá eu nã o posso dizer.”
4. FESTA DO S CAPULAR
1º de agosto de 1820 – “Tive uma visã o de uma festa, mas nã o sei
claramente o que signi icava; no entanto, eis o que me lembro: vi uma
grande auré ola de santos parecendo uma imensa grinalda na qual
estavam sentados, cada um distinguido por diferentes emblemas, como
palmeiras, igrejas etc. vasos; eles pareciam pertencer aos santos acima.
No meio da coroa lutuava uma igrejinha e sobre ela o Cordeiro de Deus
com Seu estandarte. No trono acima do altar estavam o Senhor Jesus e
Sua Mã e cercados por mirı́ades de anjos. Um anjo voou para o cı́rculo e
levou Sã o Francisco a Jesus e Maria na igrejinha, e parecia que o santo
pedia algum favor em virtude do tesouro dos mé ritos de Cristo e dos
seus santos má rtires, a saber, um Indulgê ncia para a pequena igreja.
Entã o vi Francisco ir ao Papa, mas nã o em Roma, pedindo algo, uma
Indulgê ncia, a mesma que eu tinha visto na visã o. Vi que o Papa nã o a
concederia de inı́cio; mas de repente uma luz brilhou sobre ele, uma
escrita lutuou diante dele, e ele foi inspirado a conceder o que o Santo
exigia. Eu vi o Santo voltar do Papa, rezando naquela noite de joelhos. O
diabo se aproximou dele sob a forma de um jovem muito bonito e o
repreendeu por suas penitê ncias. O santo reconheceu a tentaçã o, fugiu
de sua cela, tirou as vestes e rolou nos espinhos até icar todo coberto
de sangue, quando um anjo apareceu e curou suas feridas. Isso é tudo
que eu consigo lembrar.”
A assistê ncia da Irmã Emmerich foi solicitada nessa é poca para uma
freira Ursulina, que sofria de reumatismo agudo. “Eu estava ao lado
dela”, disse ela, “vi sua doença e sugeri a ela que nã o pedisse a cura, mas
o que fosse mais agradá vel a Deus. Ela icará aliviada, mas nã o se
recuperará totalmente.” A oraçã o da Irmã Emmerich por esta invá lida
foi, como sempre, uma participaçã o fı́sica real em seus sofrimentos,
como se pode inferir das notas do Peregrino de 29 de maio:
“A doença da irmã Emmerich está muito agravada. Durante a noite,
vomitou um lı́quido esbranquiçado e suportou dores agudas na cabeça
e nos membros, acompanhadas de retençã o, sede ardente e
incapacidade de beber. Ela parece uma em agonia de morte. Ela pode
com extrema di iculdade e apenas em longos intervalos pronunciar
algumas palavras; mas sua alma está em paz. Ela está constantemente
em visã o, trabalhando em uma igreja pobre e negligenciada. Por volta
do meio-dia, ela parecia estar morrendo. Ela estava rı́gida e fria, incapaz
de pedir ajuda. Felizmente, sua irmã se aproximou de sua cama e, vendo
seu estado, a levantou, caso contrá rio ela teria se estrangulado pelo
vô mito que surgiu de repente. Depois disso, ela icou novamente por
algum tempo como uma morta, quando se sentou de repente sem
esforço ou apoio, juntou as mã os e permaneceu por cerca de seis
minutos em atitude de oraçã o sincera. 'Ah! Descansei e agradeci a Deus
por minha difı́cil tarefa!' Ela exclamou: 'Ah, aquela vassoura que eu usei
era muito pesada!' Suas palavras vinham devagar, mas sua respiraçã o
estava mais fá cil, embora em intervalos suas dores ainda fossem muito
intensas. Eles duravam cerca de cinco minutos de cada vez, seus pé s
tremendo tã o violentamente que sacudiam a cadeira em que eles
descansavam. Sã o como ossos a iados envoltos em bandagens; um
simples toque neles produz um tremor que se comunica aos membros
inferiores. Seu trabalho de parto ainda nã o havia terminado, como ela
disse. Quando seu confessor a exortou à paciê ncia, ela respondeu:
'Paciê ncia paira lá em um globo!' e caiu novamente em seu antigo
estado de sofrimento.”
30 de maio – “Seus vô mitos cessaram; mas ela sentiu uma dor de
ouvido tã o aguda que ela esconde a cabeça sob os travesseiros para nã o
ouvir o menor som.”
31 de maio – “A dor de cabeça e de ouvido duraram a noite toda. Eles se
tornaram quase insuportá veis, quase privando-a de consciê ncia. Sua
condiçã o é lamentá vel.”
1º de junho — O Peregrino a encontrou esta manhã serena e
singularmente alegre, a dor em sua cabeça diminuiu, embora ela mal
pudesse ouvir. “Tive”, disse ela, “visõ es indescritı́veis sobre o estado da
Igreja, tanto em geral quanto em particular. Eu vi a Igreja Militante sob
o sı́mbolo de uma cidade como a Jerusalé m Celestial, embora ainda
estivesse terra. Nela havia ruas, palá cios e jardins pelos quais
perambulei e vi procissõ es compostas inteiramente de bispos.
Reconheci o estado interior de cada um. Vi seus pensamentos saindo de
suas bocas sob a forma de imagens. Suas transgressõ es religiosas eram
representadas por deformidades externas: por exemplo, havia alguns
cuja cabeça parecia ser apenas uma nuvem enevoada; outros tinham
cabeça, mas coraçã o, corpo de vapor escuro; outros eram coxos ou
paralı́ticos; outros dormindo ou cambaleando. Certa vez, vi uma mitra
lutuando no ar e uma mã o saindo de uma nuvem escura tentando
repetidamente, mas em vã o, agarrá -la. Sob a mitra vi muitas pessoas
nã o desconhecidas para mim, carregando sobre seus ombros entre
lá grimas e lamentaçõ es, cruzes de todos os tipos - entre elas eu mesmo
andava. Acho que vi quase todos os Bispos do mundo, mas apenas uns
poucos estavam perfeitamente sã os. Vi o Santo Padre muito orante e
temente a Deus, sua igura perfeita, embora desgastada pela velhice e
mú ltiplos sofrimentos, a cabeça afundada no peito como se estivesse
dormindo. Ele muitas vezes desmaiava e parecia estar morrendo.
Muitas vezes o vi apoiado por apariçõ es durante sua oraçã o, e entã o sua
cabeça estava erguida. Quando afundou em seu peito, as mentes de
muitos se voltaram rapidamente aqui e ali; isto é , ver as coisas sob uma
luz mundana. Quando a mã o da nuvem tentou agarrar a mitra, vi a
Igreja de nosso paı́s em um estado miserá vel para o qual o erudito
jovem mestre havia contribuı́do especialmente. O protestantismo
estava em ascensã o e a religiã o estava caindo em total decadê ncia. Vi a
maioria do clero, deslumbrado com o falso espetá culo do jovem,
promovendo a obra de destruiçã o, e um em particular participando
dela por vaidade e ignorâ ncia. Ele só verá seu erro quando for tarde
demais para recuperá -lo. A misé ria sob ele será grande. Muitos homens
simpló rios e iluminados, e especialmente o mestre-escola, estã o orando
pela remoçã o desse pastor. Vi, no má ximo, apenas quatro eclesiá sticos
em todo o paı́s irmes e ié is. Essas visõ es eram tã o assustadoras que
quase chorei. Eu vejo no futuro a religiã o caindo tã o baixo que só será
praticado aqui e ali em casas de fazenda e em famı́lias protegidas por
Deus durante os horrores da guerra.
“Eu tive outra visã o singular. Sã o Cunegundes trouxe-me uma coroa e
um pedacinho de ouro puro no qual eu podia me ver. Ela disse: 'Eu te iz
esta coroa, mas o lado direito' (onde estava a grande dor da irmã
Emmerich) 'nã o está totalmente acabado. Tu deves completá -lo com
este ouro. Fiz-te esta coroa porque colocaste uma pedra preciosa na
minha coroa antes mesmo de nasceres' - e entã o ela apontou para uma
pedra ou pé rola em um lado de sua coroa tã o brilhantemente brilhante
que mal se podia olhar para ela - e isso eu tinha colocado lá ! Achei isso
realmente risı́vel, e entã o disse imediatamente: 'Como pode ser isso?
Seria realmente estranho se eu tivesse feito isso antes do meu
nascimento!' Ao que o Santo respondeu que todos os meus trabalhos e
sofrimentos, assim como os de toda a humanidade, já estavam
repartidos e divididos entre meus antepassados; e ela me mostrou fotos
de Jesus trabalhando na pessoa de Davi, nossa pró pria queda em Adã o,
do bem que fazemos já existente em nossos ancestrais, embora
obscuramente, etc. Ela me mostrou minha origem por parte de mã e (ela
se chamava Hillers ) por vá rias geraçõ es até seus pró prios ancestrais,
onde um io apareceu conectando-os. Ela me explicou como eu havia
colocado a joia na coroa. Eu entendi tudo em visã o, mas agora nã o
posso explicar. Era como se a propriedade do sofrimento paciente que
brotava do io da vida ligado à minha existê ncia tivesse sido
comunicada a ela; e assim eu, ou algo meu nela, obtivemos uma vitó ria
que era representada pela jó ia em sua coroa. No inı́cio da visã o eu a vi
em uma esfera ou jardim celestial em companhia de reis e prı́ncipes. Eu
vi o imperador Henrique, seu santo esposo, em uma esfera. Ele parecia
fresco e mais jovem do que ela, como se ela existisse há mais tempo nas
pessoas de seus ancestrais. Mas isso eu nã o posso explicar, na verdade
eu nã o entendi na é poca, entã o eu deixei pra lá . Havia, sobretudo, nesta
visã o algo indizivelmente desvinculado das condiçõ es do tempo; pois,
embora admirado ao descobrir que antes mesmo de meu nascimento
eu havia trabalhado em uma pé rola na coroa de Cunegundes, ainda
assim parecia muito natural. Senti que tinha vivido no tempo dela —
sim, que era até mesmo anterior a ela, e me senti presente a mim
mesmo desde a minha origem mais primitiva. Sã o Cunegundes
mostrou-me à sua esquerda a sua extraçã o segundo a carne e à direita
os seus descendentes segundo o espı́rito, pois nã o tinha tido ilhos. Sua
posteridade espiritual foi muito rica, muito frutı́fera. Eu vi seus
ancestrais, bem como os meus, muito, muito longe de pessoas que nã o
eram cristã s. Entre eles vi alguns que haviam recebido um julgamento
misericordioso. Isso me surpreendeu, pois está escrito: 'Quem nã o crer
e nã o for batizado nã o entrará no Reino dos Cé us'. Mas Sã o Cunegundes
explicou assim: 'Eles amavam a Deus tanto quanto O conheciam e ao
pró ximo como a si mesmos. Eles nã o sabiam nada do cristianismo,
estavam como se estivessem em um poço escuro no qual a luz nunca
penetrava. Mas eles eram tais que teriam sido cristã os perfeitos se
tivessem conhecido a Cristo, conseqü entemente, eles encontraram
misericó rdia aos Seus olhos.' Tive uma visã o do meu ser antes do meu
nascimento ou dos meus antepassados, nã o como uma á rvore
genealó gica, mas como numerosos ramos espalhados por toda a terra e
em todos os lugares. Vi raios estendendo-se de um para o outro que,
depois de se unirem em feixes multiplicados, se rami icaram
novamente em diferentes direçõ es. Eu vi muitos membros piedosos
entre meus ancestrais, alguns altos, outros baixos. Eu vi um ramo
inteiro deles em uma ilha; eram ricos e possuı́am grandes navios, mas
nã o sei onde era. Eu vi muitas coisas nesta visã o. Recebi muitas luzes
claras sobre a importâ ncia de transmitir ao mundo uma posteridade
pura e de manter puro, ou de puri icar em nó s mesmos, aquilo que
nossos ancestrais nos transmitiram. Entendi que se referia tanto à
posteridade espiritual quanto à natural.
“Eu també m vi os pais do meu pai. Sua mã e se chamava Rensing. Ela era
ilha de um fazendeiro rico. Ela era avarenta e, durante a “Guerra dos
Sete Anos”, enterrou seu dinheiro perto de nossa casa. Eu sabia quase o
local exato. Será encontrado muito tempo depois da minha morte,
quando a casa tiver passado para outras mã os. Eu sabia disso há muito
tempo, mesmo quando criança.”
2 de junho — O Peregrino encontrou a Irmã Emmerich muito agitada.
Com lá grimas de agonia, ela contou o seguinte: “Tive uma noite terrı́vel!
Um gato veio até minha cama e pulou na minha mã o. Agarrei-o pelas
patas traseiras, segurei-o para fora da cama e tentei matá -lo; mas
escapou de mim e fugiu. Eu estava bem acordado, eu via tudo. Vi a
criança adormecida ali, perturbada, e temi que ela visse o que estava
acontecendo. A noite inteira até as trê s horas fez o inimigo sob uma
igura horrı́vel e negra, maltratar-me. Ele me bateu, me arrastou para
fora da cama, me atirou para a frente com os travesseiros e me apertou
terrivelmente. Ele me chutou antes dele, jogou os travesseiros em mim
e me jogou no ar para minha angú stia indescritı́vel. Vi claramente que
nã o era um sonho e iz tudo o que pude para afastá -lo. Peguei minhas
relı́quias sagradas e a cruz, mas em vã o. Implorei a Deus e a Seus santos
que me dissessem se eu estava em pecado ou nã o, se eu tinha bens
adquiridos de forma ilı́cita; mas nã o obtive resposta. Eu conjurei o
inimigo em nome de tudo o que é sagrado, para dizer que poder ele
tinha sobre mim; mas ele nã o respondeu e continuou me
atormentando, agarrando-me pelo pescoço e pelas costas com suas
mã os geladas, ou garras. Por im, rastejei até o guarda-roupa ao pé da
minha cama, tirei dele a estola do meu confessor, que lá está guardada,
e atirei-a ao pescoço. Entã o o diabo nã o me tocou mais e até respondeu
minhas perguntas. Ele sempre fala com surpreendente segurança e
astú cia. As vezes sou tentado a pensar que ele está certo no que diz, tã o
con iante que ele parece. Ele me repreendeu pelo fracasso de muitos de
seus projetos dizendo que eu lhe iz um grande mal. Ele disse isso com
um ar ferido como se seus direitos fossem os melhores do mundo.
Quando perguntei a Deus se eu possuı́a alguma coisa mal adquirida, o
inimigo respondeu: 'Tu tens algo meu', mas eu respondi: 'De ti
amaldiçoei o pecado consigo mesmo desde o inı́cio! Jesus Cristo satisfez
por nó s! Tome o pecado como sua pró pria porçã o, guarde-o, vá com ele
para o abismo do Inferno!' Nenhuma palavra pode dizer tudo o que eu
suportei!” e aqui ela chorou, tremendo em todos os membros.
3 de junho – “As dores violentas na cabeça diminuı́ram, embora ela
ainda sofra em um ouvido, que icou tã o surdo que ela levanta a voz
para falar. 'St. Cunegundes — diz ela — esteve comigo muito tempo
ontem à noite. Durante os ú ltimos dias aprendi com ela uma in inidade
de coisas, principalmente sobre nossa origem e nossa participaçã o em
outra vida. Tenho visto inú meras histó rias e detalhes de nossos
ancestrais. Hoje ela me disse que, como eu, ela havia sido libertada de
sua juventude de todas as tentaçõ es da carne e que cedo se
comprometeu a Deus. Ela nã o se atreveu a contar à mã e; mas ela
informou seu marido, que fez com ela o voto de castidade. E, no
entanto, ela foi posteriormente submetida a calú nias assustadoras e
duras provaçõ es. Nã o vi ontem à noite a causa de sua sujeiçã o à
provaçã o de fogo, mas já a tinha visto. Ela era boa demais para um de
seus servos que també m havia sofrido muito com falsas acusaçõ es. Eu
vi sua morte e a de seu marido. Este ú ltimo foi enterrado em uma igreja
que ele havia construı́do e dedicado a Sã o Pedro (em Bamberg). Nã o sei
se foi nesta igreja ou noutra que Cunegundes, em magnı́ icas vestes
imperiais, assistiu a um serviço ao marido. Terminada a cerimô nia, na
presença de cinco bispos, ela pô s de lado a coroa e os trajes reais pelo
há bito humilde de religiosa, como o da irmã Walburga, e cobriu a
cabeça com um vé u. As pessoas que testemunharam sua entrada
pomposa choraram ao vê -la sair da igreja em sua roupagem humilde.
Poucos dias antes de sua morte, seu anjo lhe disse que seu marido viria
buscá -la no ú ltimo momento. Eu o vi fazendo isso com multidõ es de
almas, os pobres que eles alimentaram e outros a quem izeram o bem.
Compreendi que eram seus ilhos espirituais. Seu marido os apresentou
a ela como fruto de sua uniã o.'”
4 de junho – “O invá lido ainda sofre de dor de ouvido e surdez parcial. A
dor é muito aguda, e ela entende o quã o verdadeiramente é o sı́mbolo
da joia inamente trabalhada que completou a coroa de Sã o
Cunegundes.
5 de junho — “A dor de ouvido continua, embora de vez em quando seja
aliviada pela imposiçã o das mã os do confessor. Nesses momentos, ele
sente dores agudas nas mã os, como se tivessem sido picadas por
espinhos. Irmã Emmerich sabe bem por que esse sofrimento foi
imposto a ela, e també m que foi simbolizado pela coroa que Sã o
Cunegundes lhe deu para terminar. E, no entanto, o que é muito notá vel,
ela fala constantemente de in lamaçã o e surdez. Ela até implora ao
mé dico por remé dios que ele prescreve, mas que a inal ela nã o usa”.
6 de junho – “A irmã Emmerich declara que esta dor de ouvido
continuará até Pentecostes. "Deus quer este trabalho", diz ela. 'Ele vai
fazer uso disso, aı́ está o segredo. Sã o Cunegundes está ligado a mim
por um laço secreto existente entre aqueles que desde a infâ ncia foram
libertados da concupiscê ncia da carne. E impossı́vel explicar isso ao
mundo impuro. E um segredo de natureza desconhecida. Alé m disso,
sou parente do santo por meio de nossos ancestrais.'”
8 de junho – “Sua surdez e dor ainda continuam, e ontem à noite o
tentador apareceu novamente para ela sob a forma de um anjo. Ele
disse a ela que, como Dean Overberg nã o veio até ela, seria bom que ela
recorresse a ele , pois ele poderia ajudá -la. Mas ela, elevando seu
coraçã o a Deus, reconheceu Sataná s e corajosamente o colocou em
fuga”.
9 de junho – “Como a irmã Emmerich havia previsto, a dor de ouvido a
deixou hoje, embora uma leve surdez ainda permaneça. Ela diz que
terminou e ofereceu a Deus a coroa que lhe foi dada por Sã o
Cunegundes para completar. A Santa, alé m disso, mostrou a ela para
quem a tarefa foi realizada. “Vi um protestante in luente que tem
alguma ideia de retornar à Igreja. Ele seria, de fato, muito ú til para isso,
pois mesmo agora ele faz muito pelos cató licos, embora secretamente.
Ele é conhecido do Papa. Meu sofrimento comprará o dele coroa se
conquistar o respeito humano e seguir os ditames da consciê ncia. Pelo
meu trabalho unido aos mé ritos de Cristo, a coroa foi terminada para
ele.'”
“Eu estava com Judith nas Montanhas da Lua e vi muitas mudanças lá . A
ravina e a ponte que leva ao seu castelo desapareceram como se um
deslizamento de terra o tivesse preenchido. Uma estrada plana agora
leva à casa. Judith parecia muito mais velha. Ela parece estar muito
mais pró xima do cristianismo, se nã o realmente uma cristã de coraçã o.
Acho que ela ainda nã o foi batizada; mas, se um padre estivesse à mã o,
isso poderia ser feito imediatamente. Na sala em que eu uma vez a viu
tomando café com vá rios outros ergueu-se algo como um pequeno
altar; acima havia a imagem de uma criança em uma manjedoura,
abaixo da qual havia uma cavidade no altar, recortada como uma bacia,
na qual havia uma colher pequena e um osso branco ou faca de pedra.
Lâ mpadas acesas ao redor e nas proximidades havia mesas com rolos
de escritos. Judith ajoelhou-se ali em oraçã o com muitos mais jovens do
que ela e um velho, seu assistente. Todos pareciam estar subitamente
convencidos de que o Messias já havia chegado; mas ainda nã o vi cruz.
No cená culo onde estavam os bustos antigos, os judeus idosos ainda
estavam reunidos. O tesouro no porã o foi muito diminuı́do, pois Judith
deu muito aos pobres. A morada dela é muito maravilhosa! Sua casa, a
oeste, dá para um vale profundo, alé m do qual se ergue uma montanha
que brilha e brilha ao sol como estrelas; do lado oposto, ao longe, vê em-
se estranhas torres altas e longos edifı́cios nas montanhas. Eles nã o
podem ser vistos do castelo, mas eu os vi. També m vi as pessoas no
Ganges. A igreja deles está em bela ordem, e eles tê m entre eles um
velho padre, um missioná rio, eu acho.”
Março de 1820 — “Passei por Frankfurt 5 e viu em uma grande casa nã o
muito longe de uma grande igreja, uma sociedade reunida para
deliberar sobre projetos malignos; entre eles havia eclesiá sticos, e
demô nios estavam agachados sob as cadeiras... Fui novamente à
grande casa em cuja entrada dormia, sob a forma de um cã o preto de
olhos vermelhos, o pró prio Sataná s. Despertei-o com o pé , dizendo:
'Para cima, Sataná s! por que você dorme aqui?' 'Posso dormir tranquilo
aqui', respondeu ele, 'pois as pessoas lá dentro estã o cuidando do meu
trabalho'”.
Irmã Emmerich viu també m em um quadro simbó lico, os resultados
decorrentes desta nova forma de estabelecer Igrejas: “Encontrei-me”,
diz ela, “deitada no ú nico ponto de som de um navio que estava todo
perfurado. A tripulaçã o me chutou e me maltratou de vá rias maneiras,
enquanto eu orava fervorosamente por eles para que nã o caı́ssem nas
profundezas dos lados do navio em que estavam sentados. Eu vi o navio
se despedaçando, e iquei doente até a morte. Por im, eles me
desembarcaram onde meus amigos estavam esperando para me
transportar para algum outro lugar. Continuei rezando para que os
infelizes també m desembarcassem; mas, mal cheguei à costa, o navio
virou e, para minha grande dor, todos estavam perdidos. Havia uma
abundâ ncia de frutas onde eu estava.”
Na quarta-feira apó s o Domingo da Paixã o, 22 de março de 1820, a
Convençã o de Frankfurt realizou sua primeira sessã o formal para
deliberar sobre os meios a serem adotados para capturar Jesus às
escondidas e entregá-lo à morte . Seu membro disse: “Nã o seja à luz do
dia, para que o Papa nã o perceba e faça oposiçã o!” Enquanto isso
acontecia, a atençã o da irmã Emmerich foi atraı́da para eles e ela
entrou na lista contra eles. “Estou carregando”, disse ela, “um peso
enorme no ombro direito, pois estou expiando minhas muitas a liçõ es
pelos pecados dos outros. Estou quase afundando e minhas visõ es
sobre o estado da humanidade, particularmente do clero, sã o tã o
tristes que nã o posso deixar de carregar fardos ainda mais pesados
sobre mim. 6 Rogava a Deus que tocasse os coraçõ es endurecidos dos
seus inimigos para que, durante estas festas pascais, possam voltar a
ter melhores disposiçõ es. Eu implorei para sofrer pelos mais
endurecidos ou por aqueles para quem Ele sabe que é mais necessá rio.
Entã o me senti subitamente elevado e suspenso no ar em um
recipiente brilhante. Passou por mim uma chuva de dores agudas e
inde inı́veis, que ainda nã o cessaram, e a opressã o em meu lado
esquerdo aumentou. Quando olhei abaixo de mim, vi distintamente
atravé s de um vé u escuro os mú ltiplos erros, peregrinaçõ es e pecados
da humanidade, sua estupidez e maldade em agir contra a verdade e a
razã o. Eu vi fotos de todos os tipos. Novamente vi o velho navio
miserá vel cheio de homens populares e auto-su icientes, navegando
por mim nas ondas tempestuosas, e esperei para vê -lo afundar a
qualquer momento. Reconheci alguns sacerdotes entre a tripulaçã o e
de todo o coraçã o ofereci meus sofrimentos para trazê -los ao
arrependimento. Abaixo, vi multidõ es de iguras cinzentas movendo-se
tristemente para lá e para cá em certos lugares, em cemité rios antigos
há muito esquecidos. De novo vi almas vagando sozinhas em lugares
solitá rios, onde elas mesmas haviam perecido, ou onde haviam tirado a
vida de outras – nã o me lembro agora, mas acho que sua detençã o ali
teve algo a ver com a expiaçã o do crime. Implorei por novos
sofrimentos para que assim pudesse obter alı́vio e perdã o para eles.
Quando olhei para cima, vi, em contraste com as abominaçõ es abaixo,
uma visã o celestial tã o bela que quase me deslumbrou: os santos, os
anjos e o trono da Santı́ssima Trindade. Vi Nosso Salvador oferecendo
todos os Seus sofrimentos em detalhes a Seu Pai Celestial por nó s,
Maria renovando a oferta de suas dores por meio de Jesus, e todos os
Santos oferecendo seus mé ritos e oraçõ es da mesma maneira. Era uma
visã o em que variedade e unidade, açã o e repouso, suprema
magni icê ncia, amor e paz estavam inexprimı́veis. Enquanto
continuava a olhar para ela, percebi de repente que estava deitado ao
lado de uma balança, pois vi a agulha e a viga acima de mim. Na outra
balança, pendurados na escuridã o, jaziam os inimigos mais
endurecidos de Deus, ao redor deles muitos outros sentados na borda,
como haviam estado nas laterais do navio. A medida que a visã o
redobrei minha paciê ncia e minhas oraçõ es, como minhas dores
també m aumentaram, a balança subiu muito pouco; mas era muito
pesado e a maioria dos homens caiu. Todos, poré m, por quem dei meus
sofrimentos como contrapeso, foram salvos. Acima de mim, vi o Cé u e
os mé ritos e icazes de Jesus, e regozijei-me por, com a graça de Deus,
ter podido ganhar algo com minhas dores. Esses homens sã o duros
como rochas; eles caem de pecado em pecado, cada um mais grave que
o outro”.
A astú cia com que esses conspiradores procuravam esconder suas
intrigas foi mostrada à irmã Emmerich sob a forma do tentador:
“Depois do meu exame”, diz ela, “estava saudando as Chagas de Jesus,
quando de repente caı́ na maior agonia mental. Um eclesiá stico
apareceu diante de mim dizendo que acabara de voltar de Roma com
todos os tipos de objetos sagrados para mim; mas senti intensa
repugnâ ncia tanto por ele quanto por seus dons. Ele me mostrou todos
os tipos de pequenas cruzes e estrelas, mas nenhuma delas era perfeita;
todos estavam tortos e deformados. Ele me disse em muitas palavras
que havia falado de mim ao Santo Padre, que eu nã o tinha um confessor
adequado, etc. Suas palavras eram tã o plausı́veis que, embora eu ainda
sentisse aversã o por ele, pensei: 'Talvez eu o julgue muito
severamente!' Examinei novamente seus objetos sagrados de aparê ncia
singular, observando, com a esperança de que ele nã o se ofendesse, que
eu també m havia recebido recentemente coisas sagradas de Roma e
Jerusalé m, embora nã o fossem feitas artisticamente; mas que seus
artigos pareciam ter sido retirados de algum velho e abominá vel fosso
ou tumba — e entã o ele perguntou como eu poderia ter uma opiniã o
tã o ruim de um homem inocente. Eu nã o queria mais conversa com ele,
entã o disse: 'Tenho Deus e as relı́quias dos santos; Eu nã o preciso de
você !' e me afastei dele, quando ele desapareceu instantaneamente.
Estava banhado em suor, tremia em todos os membros e implorei a
Deus que nã o me sujeitasse novamente a tal agonia. Alguns dias depois,
Sataná s novamente se aproximou de mim, sob a forma de um sacerdote.
Ele astuciosamente tentou excitar todo tipo de escrú pulos em minha
mente, dizendo principalmente que eu me intrometia demais em
assuntos externos, etc.; mas logo o descobri quando ele disse que
conheceu me em todos os lugares, que eu nã o lhe dei paz.”
As tramas malignas, que mantiveram as sedes episcopais por tanto
tempo vazias, foram mostradas à Irmã Emmerich em uma visã o
tocante da qual, no entanto, seus terrı́veis sofrimentos lhe permitiram
comunicar apenas uma parte. “Em uma viagem à Casa Nupcial, cheguei
a uma cabana junto a um campo onde aguardava um noivo a chegada
de sua noiva. O campo pertencia aos apó statas. Perto havia uma grande
casa na qual encontrei uma noiva muito boa. Ela me acompanhou,
aparentemente bem satisfeita. O irmã o dela també m veio conosco, mas
havia algo de singular nele 7 e ele voltou quando está vamos apenas na
metade do caminho. Levei a noiva ao noivo na cabine. Ele a recebeu
com amor e alegria, apresentando-lhe refrescos tentadores
aparentemente de natureza espiritual. A noiva deu-lhe a mã o e parecia
realmente boa, mas mesmo assim adiou o casamento e deu uma
desculpa para se retirar. O noivo, muito a lito, cuidou dela com ternura,
resolvendo esperar por ela, nã o tomar outro em seu lugar. Eu senti
tanta pena dele. Dei-lhe algum dinheiro que por acaso tinha comigo,
que ele aceitou. Senti que ele era o Noivo Celestial; que a noiva era Seu
rebanho; e que o dinheiro que lhe dei foi a oraçã o e o trabalho que
ofereci como garantia para ela. Ah! se a noiva tivesse visto o Noivo! Se
ela tivesse visto como Ele olhou e suspirou atrá s dela, como Ele
esperou por ela, ela nã o poderia tê -lo deixado com tanta indiferença! O
que Ele nã o fez por ela! Quã o fá cil Ele nã o fez as coisas para ela! E ainda
assim ela O abandona!”
A visã o anterior foi repetida sob vá rias formas cada vez que a Irmã
Emmerich foi ordenada a orar pela nomeaçã o de Bispos para as sé s
vagas. Em novembro, começando com a festa de Sã o Martinho, ela
realizou um trabalho de oito dias para este im durante o qual as
nú pcias espirituais estavam constantemente diante dela. “Eu vi,” ela
disse, “uma noiva muito bonita e sagrada. Eu, com mais quatro, fui sua
dama de honra. O noivo era um homem sombrio e sombrio. Ele tinha
cinco padrinhos, e eles bebiam o dia todo. A noite, poré m, apareceu
outro noivo que colocou o moreno para fora de casa, dizendo: 'Esta
noiva é nobre e santa demais para ti!' Passei esses dias em
contemplaçã o contı́nua. Eu via a casa nupcial como uma igreja, e a
noiva tã o linda e santa que nã o se podia abordá -la sem medo e
respeito.”
Agosto de 1820 — “Toda a tarde de ontem senti que deveria partir para
algum lugar. Algué m pediu oraçõ es e ajuda, e ontem à noite tive uma
visã o. Na ilha ao sul da Itá lia, durante um perı́odo de terrı́veis
assassinatos e roubos que aconteceram recentemente, vi um dos chefes
implorando fervorosamente a Deus e à Santı́ssima Virgem que o
ajudasse. Ele havia resolvido mudar uma vida que, por muitos anos,
tinha sido sem Deus. Ele tinha esposa e ilhos, mas o primeiro estava
entre os mais furiosos da quadrilha. Durante toda a sua vida
descuidada, este homem tinha usado um pequeno retrato da Santı́ssima
Virgem pintado em pergaminho ou algo semelhante, escondido em seu
casaco entre as casas dos botõ es. Ele nunca icava sem ele, e muitas
vezes pensava nisso. O quadro era variegado de azul e dourado e muito
bem executado. O homem era uma espé cie de subalterno em relaçã o
aos insurgentes armados. Este ú ltimo nã o usava uniforme. Parecia que
um ataque deveria ser feito antes do amanhecer, pois eles estavam
deitados ao ar livre diante de uma cidade. Havia uma grande misé ria
em todo o paı́s. Muitas pessoas boas foram assassinadas e muitas
outras ainda estã o para perecer da mesma maneira, para que nã o vejam
o dilú vio de desgraças vindouras. A angú stia, a rebeliã o e a desordem
sã o verdadeiramente assustadoras, e as pessoas sã o muito pobres e
supersticiosas. Eu vi aquele pobre homem em grande agonia de
consciê ncia clamando incessantemente por Deus e Maria: 'Ah! se o que
a religiã o ensina é verdade, entã o que a Santı́ssima Virgem interceda
por mim para que eu nã o morra em meus pecados e seja condenado
para sempre! Envie-me ajuda, pois nã o sei como me libertar!' (Tive
també m uma visã o de Santa Rosá lia depois de cuja festa começaram
esses horrores). Mal tinha eu visto e sentido a angú stia e a angú stia do
pobre sujeito, implorei sinceramente a Deus que tivesse piedade dele,
que o salvasse e, instantaneamente, sem ter consciê ncia de ter feito
uma viagem, iquei diante dele no meio de seus camaradas
adormecidos. Nã o me lembro de tudo o que lhe disse, mas apenas que
ele deveria se levantar e partir, pois seu lugar nã o era entre eles. Acho
que ele nã o me viu ; ele tinha apenas uma percepçã o interior da minha
presença. Ele deixou os rebeldes, fugiu para o mar e embarcou em um
pequeno veleiro que tinha dois remos. Eu fui com ele. Navegamos com
rapidez e segurança ao luar parado e, em um tempo
extraordinariamente curto, chegamos à capital da ilha onde estã o as
duas freiras que tê m os estigmas (Cagliari, na Sardenha). Lá eu o deixei
em segurança. Ele queria reformar e levar uma vida piedosa
desconhecida para o mundo. Visitei a freira de Cagliari que vive com
uma senhora piedosa. Encontrei-a ainda razoavelmente bem, rezando
pela cessaçã o daquelas terrı́veis calamidades. Fui també m ver Rosa
Serra no Convento dos Capuchinhos de Ozieri. Ela é muito velha, doente
e emaciada e nã o há mençã o de suas graças extraordiná rias. As freiras
sã o boas e muito pobres, seu paı́s em paz. Ao voltar, parei em Roma e
encontrei o Santo Padre em profunda a liçã o. Ele havia sido orientado
em oraçã o a nã o admitir ningué m em sua presença por enquanto. A
igreja negra está ganhando terreno. Há um nú mero de pessoas infelizes
prontas para se juntar a ele ao primeiro sinal de um surto. Eu vi a
sociedade secreta da qual todas essas tramas emanam, trabalhando
muito ativamente.”
“Durante vá rios dias tive visõ es repetidas de um caso que terminou
ontem à noite. Uma famı́lia me foi mostrada naquele lugar infeliz em
que acaba de haver um massacre. E uma casa nobre, marido e mulher,
vá rios ilhos crescidos e um servo especialmente atraente (ex-escravo)
com pele morena e cabelos crespos. Foi-me mostrado pela primeira vez
como essa famı́lia veio se estabelecer lá . Eles sã o franceses. Eu os vi
antes da Revoluçã o vivendo piedosa e felizmente na França. Eles eram
realmente bons e especialmente devoto da Mã e de Deus, diante de cuja
imagem todos os sá bados acendiam uma lâ mpada e rezavam em
comum. O escravo nã o era entã o um cristã o, embora fosse um homem
de boa ı́ndole, extremamente ativo e inteligente. Ele era muito magro,
bem proporcionado e tã o á gil e habilidoso que era um prazer vê -lo
servindo à famı́lia. Nã o suporto pessoas lentas, rı́gidas e imóveis !
Muitas vezes penso que as almas dos ativos sã o mais facilmente
in luenciadas pela graça. Vi o quanto o senhor e toda a famı́lia gostavam
desse escravo e como todos, por uma inspiraçã o especial de Deus,
ansiavam por sua conversã o ao cristianismo. O cavalheiro e a senhora
imploraram este favor da Santı́ssima Virgem. O escravo adoeceu. Na
vé spera da Assunçã o, seu mestre levou-lhe uma foto de Maria, dizendo
que, como nã o podia fazer mais nada, poderia fazer uma guirlanda tã o
bonita quanto possı́vel; que ela a quem representava simpatizaria com
seus sofrimentos e obteria misericó rdia para ele de Deus; e que ele
deveria fazer a guirlanda com todo o amor de seu coraçã o. O servo
alegremente se comprometeu a cumprir o pedido de seu mestre e
habilmente enrolou uma guirlanda requintada ao redor do quadro.
Enquanto trabalhava, seu coraçã o foi tocado. A Mã e de Deus apareceu
para ele naquela noite, curou-o, disse-lhe que sua guirlanda lhe
agradava muito, e que ele deveria ir ao seu mestre e pedir instruçõ es e
batismo. O escravo obedeceu na manhã seguinte; e seu mestre, que
havia orado fervorosamente por esse resultado, estava radiante de
alegria pelo sucesso de seu plano piedoso. O escravo tornou-se cristã o,
e sua devoçã o à Mã e de Deus era muito grande. Ele torcia uma
guirlanda para todas as festas dela e, se nã o tivesse lores, usava papel
colorido; ele acendia uma luz todos os sá bados antes da foto dela, ele
era muito piedoso. A Mã e de Deus nã o premiou a piedade desta famı́lia.
Eles estavam em grande perigo durante a Revoluçã o. Embarcaram e
chegaram sã os e salvos à Sicı́lia, onde o senhor icou muito rico, dono
de casas magni icamente mobiladas, belos jardins e vilas sustentadas
em grande estilo. Mas ele nã o era mais tã o piedoso como costumava ser.
Ele estava misturado com todos os tipos de empreendimentos
perversos, e seu cargo pú blico o colocou em conexã o com a facçã o
revolucioná ria. Sua posiçã o era tal que o obrigava a participar da
rebeliã o ou a se expor aos maiores riscos; ele nã o podia recuar. Alguns
dos velhos costumes piedosos ainda eram mantidos em sua famı́lia, e a
luz era acesa aos sá bados em homenagem à Mã e de Deus. O bom servo
estava agora muito melhor do que seus senhores, e ele teceu suas
guirlandas como antes. Mais de uma vez tive de ir exortar o senhor a
mudar de vida e fugir da ilha. A primeira vez (vé spera da Assunçã o) fui
à noite à sua cabeceira e lembrei a ele e à sua esposa os dias piedosos e
inocentes em que, antes desta mesma festa, converteram o escravo
doente atravé s da grinalda em honra de Maria. Este era agora o
aniversá rio daquele dia feliz. Contrastei com ela seu estado atual.
Exortei o marido a fazer uma guirlanda de todos os seus pecados e
inclinaçõ es para o mal, como ele havia feito anteriormente com lores,
queimá -la com sincero arrependimento diante da Mã e de Deus em sua
festa e depois deixar o paı́s o mais rá pido possı́vel. Sacudi-o pelo braço;
ele acordou e despertou sua esposa. Ambos foram profundamente
afetados e relacionados entre si pelo mesmo sonho. O escravo já havia
colocado a luz diante do quadro para a festa. Tive de voltar vá rias vezes
e insistir com o marido para que se fosse, pois para eles era uma dura
prova deixar suas casas, seus jardins e todas as suas riquezas; mas na
ú ltima noite em que fui, encontrei-os todos prontos para partir.
Levaram consigo ouro, mais do que su iciente para suas necessidades,
deixaram todo o resto e embarcaram em um grande navio para a India.
O cavalheiro escolheu aquele paı́s, pois ouvira dizer que a religiã o era
muito pró spera em uma das ilhas. E assim o bom escravo voltou para
seu pró prio paı́s novamente. Eu vi uma misé ria chocante na ilha que
eles deixaram (Sicı́lia), os habitantes vivendo em descon iança mú tua.
Vi també m a mulher do homem que fugira para a Sardenha. Ela icou
furiosa o su iciente para matá -lo, pois foi principalmente devido a ela
que ele se juntou aos conspiradores; mas agora ele estava
completamente convertido. Ele visitou todos os santuá rios em espı́rito
em sua jornada, e foi para a Con issã o assim que chegou à Sardenha.
Parece estranho, mas me disseram que ele visitará nosso paı́s e talvez
eu o veja!”
14 de outubro – “Vi a famı́lia com o velho escravo ı́ndio desembarcando
na ilha para a qual haviam partido. Eles foram bem recebidos.”
2 de setembro – “Vi a festa de Sã o Evó dio, em Siracusa, e um homem
piedoso invocando seriamente o Santo. Ele estava muito preocupado
com os tempos difı́ceis e queria deixar o paı́s; mas ele tinha uma famı́lia
numerosa e sua esposa recusou seu consentimento. Fui incumbido de
dizer-lhe para ir. Era noite quando entrei no pá tio de sua casa onde ele
caminhava preocupado e ansioso. Ele nã o perguntou quem eu era.
Conversamos juntos, e eu lhe disse que ele deveria ir mesmo sem a
esposa; se ela nã o o acompanhasse, ela o seguiria em pouco tempo, e
entã o ele foi.
13 de outubro – “Ontem à noite encontrei no mar um navio sem remos
nem velas, sacudido pela tempestade. Estava cheio de refugiados da
Sicı́lia. Meu guia me deu uma barra de ferro sem corte para empurrar o
navio para a frente; mas a barra nã o parava de escorregar, entã o achei
que deveria ter sido apontada. Ele me disse, no entanto, para continuar
empurrando apesar de problemas e fadiga, que deve ser feito dessa
maneira. Instrumentos pontiagudos sã o para assuntos mundanos, e
muitos deles estã o agora em uso na Sicı́lia. O navio chegou à terra em
segurança.”
“Estava numa cidadezinha, a cem lé guas de distâ ncia, e vi numa igreja
um retrato de Maria rodeada de oferendas de prata que trê s homens
tinham planejado roubar na noite seguinte. Eu reconheci um deles. Eu
tinha dado a ele uma camisa pouco antes de ele sair de casa. Ele
costumava ser um bom rapaz; foi a fome e a misé ria que o levaram a
pecar. Eu tinha pena dele, mas para os outros eu nã o tinha esse
sentimento— talvez nã o fossem cató licos, e eu nã o pudesse orar por
eles com fervor. Eles argumentaram assim: 'Estamos famintos, o quadro
nã o precisa de nada', e entã o eles pensaram que nã o estavam roubando
ningué m. Os pobres pais daquele que eu conhecia, ao despedir-se dele,
recomendaram-no a Jesus, Maria e José , e agora eu estava encarregado
de dissuadi-lo do roubo. Eles haviam planejado entrar na igreja naquela
noite por uma janela por uma escada. Aquele de quem falo estava
vigiando enquanto os outros saqueavam o santuá rio; o assunto todo lhe
repugnava, mas a fome o pressionava. Felizmente, justamente no
momento da má açã o, uma pobre mulher veio orar diante da igreja. Ela
era mã e de uma grande famı́lia. Seu miserá vel marido a abandonou,
deixando-a profundamente endividada. Seus pequenos pertences
domé sticos estavam prestes a serem apreendidos e, em sua angú stia,
ela recorreu à Mã e de Deus. Sua presença assustou os infelizes, que
adiaram seu projeto até a manhã seguinte. Rezei pela pobre mulher” (e
aqui a Irmã Emmerich implorou fervorosamente ao Peregrino que se
unisse a ela em oraçã o pelo marido miserá vel). “Ao meio-dia do dia
seguinte, vi os trê s camaradas passeando e deliberando sobre o roubo
projetado, mas o jovem nã o queria mais ter nada a ver com isso. Ele
disse que preferia arrancar batatas e assá -las quando estivesse com
fome do que roubar o santuá rio. Seus dois companheiros ameaçaram
matá -lo se ele nã o se juntasse a eles, entã o ele prometeu; mas ele os
deixou, resolvido a nã o tomar parte no assunto. A igreja ica na periferia
da cidade.
“Uma vez, anos atrá s, tive que assustar um jovem e assim evitar que ele
cometesse pecado. Mais tarde, ele se casou com a pessoa e muitas vezes
tive a oportunidade de aconselhar ele e sua esposa. Nã o houve muita
bê nçã o na uniã o deles, e o marido foi tentado a roubar. Mais de uma vez
eu o vi à noite espreitando em torno de fornos, um saco nas costas, com
a intençã o de roubar pã o de que ele realmente nã o precisava. Eu
costumava fazer barulho ou assustá -lo de alguma outra forma, e assim
tive a felicidade de vá rias vezes impedindo seus furtos. Uma noite, eu o
vi entrando furtivamente na casa de um de meus amigos que tinha uma
fornada de pã o no cocho. Eu estava como se estivesse enfeitiçado, nã o
podia impedi-lo. Já tinha enchido o saco de massa quando o dono,
despertado pelo latido dos cã es, levantou-se para acender a luz. Agora,
se ele izesse isso, o ladrã o seria descoberto e sua famı́lia para sempre
desgraçada, pois para escapar ele seria obrigado a passar pelo dono da
casa. Nã o sendo capaz de impedir o roubo, procurei rastrear o ladrã o
para que ele pudesse se reformar; consequentemente, reuni forças e
bati a porta vá rias vezes. A luz se apagou e o sujeito escapou com seu
saco. Algumas semanas depois, o bom homem que havia perdido a
grana veio me ver e contou tudo. Ele nã o sabia, disse, por que nã o havia
capturado o ladrã o, mas sentiu uma espé cie de pena dele; talvez fosse
bom que ele nã o o tivesse descoberto, agora pudesse corrigir, etc. Ele
falou com muita sabedoria. A mulher do ladrã o també m veio me ver e,
como ela me lembrou que antes do casamento eu a havia preservado do
pecado, aproveitei para lhe falar da facilidade com que se passa de
pequenas faltas para grandes. Ela chorou amargamente, pois sabia dos
feitos de seu marido. Ambos izeram restituiçã o e corrigiram. Eu agi
assim pela direçã o de Deus.”
22 de janeiro de 1820 – “De repente, fui chamado por uma oraçã o
fervorosa e vi na praia do outro lado do mar um velho orando em
grande di iculdade. O paı́s estava coberto de neve; havia pinheiros e
á rvores semelhantes com folhas espinhosas crescendo ao redor. O
homem usava um grande casaco de pele e um gorro á spero enfeitado
com pele. Ele morava em uma casa grande que icava sozinha no meio
de outras menores. Nã o vi nenhuma igreja, mas alguns pré dios como
escolas. Ele parecia ser realmente bom. Seu ilho, que levava uma vida
muito desordenada, havia saı́do de casa com uma paixã o violenta e ido
para o mar em um navio ricamente carregado de prata e mercadorias. O
pai tinha um pressentimento dos grandes perigos que ela encontraria
em uma tempestade e temia que seu ilho se perdesse em seu estado
atual; entã o ele começou a orar, despachou seus servos em todos os
instruçõ es com esmolas e pedidos de oraçõ es, enquanto ele pró prio se
dirigia a um bosque onde morava um santo solitá rio em cuja
intercessã o depositava grande con iança. Tudo isso eu vi do outro lado
do mar; e nas ondas tempestuosas eu vi o navio em perigo iminente,
jogado aqui e ali pela tempestade. Era um navio enorme, quase tã o
grande quanto uma igreja. Eu vi a tripulaçã o subindo, lutando e
gritando; poucos deles tinham alguma religiã o, e o ilho que eu vi nã o
era bom. As coisas pareciam desesperadas. Rezei a Deus com todas as
minhas forças e, em vá rias direçõ es, vi outros em oraçã o pela mesma
intençã o, principalmente o velho na loresta. Orei fervorosamente;
Apresentei minhas petiçõ es a Deus com ousadia e persistê ncia. Talvez
eu tenha sido muito ousado, pois recebi uma repreensã o; mas nã o
pensei nisso. Parecia que eu nã o deveria ser ouvido; mas a angú stia
diante de mim era de cortar o coraçã o. Parei de nã o orar, implorar,
chorar, até que vi o navio entrar em um porto em segurança. O pai
recebeu uma segurança interior que o tranqü ilizou, e senti que o ilho
se recuperaria, pelo que agradeci a Deus. Eu conhecia toda a histó ria do
pai viú vo e de seu ilho, mas esqueci.
16 de julho de 1820 — “Tive que fazer uma longa viagem com meu guia
até uma cidade do norte onde morava em uma pequena casa isolada um
casal pobre e miserá vel, aparentemente arrendatá rios de fazendas. Eles
esperavam ser expulsos de casa e de casa e reduzidos à misé ria, embora
eu nã o saiba por que. Eles con iaram em mim e, em sua angú stia,
pensaram em mim para que eu pudesse interceder por eles junto a
Deus. Alguns de seus ilhos eram bem pequenos. Em um paı́s distante
eles tinham ilhos crescidos: um ilho, um bom rapaz, que viajava a
negó cios, e uma ilha que parecia estar perto de mim e me empurrando
para seus pais. O marido nem sempre foi bom, mas ele se reformou; sua
esposa parecia mais velha do que ele. Eles me atraíram a eles pela
oração, eu tive que ir até eles , e meu guia ordenou que eu o seguisse.
Carreguei algo comigo, o quê , já nã o sei; pode ter sido real ou apenas
simbó lico. Cheguei a uma rampa ı́ngreme no caminho, sobre o qual, ao
que parece, eu nã o poderia escalar. Pensei nas palavras de Jesus de que
a fé pode mover montanhas e, cheio dessa verdade, comecei a penetrá -
la, quando a montanha ı́ngreme foi nivelada sob meus pé s. Passei pelo
paı́s onde uma vez vi o pai de uma famı́lia salvo pela oraçã o de uma
tempestade que ameaçava sua vida. Vi em um distrito montanhoso St.
Edwiges à minha direita, e encontrei outros santos, padroeiros dos
paı́ses onde suas relı́quias repousam. Já era noite quando entrei no
chalé das pessoas para as quais fui chamado. O marido estava acordado,
despertado por algum barulho, eu acho; a esposa estava deitada na
cama chorando. Nã o me lembro mais do que iz por eles ou do que levei
para eles, mas eles icaram aliviados e consolados; o perigo passou
quando os deixei. Fui levado de volta por uma estrada diferente, mais
para o oeste. Realizei muitas tarefas no caminho; entre eles, evitei um
roubo”.
2 de março de 1822 — Uma grande soma de dinheiro havia sido
roubada de um pobre cobrador de impostos, um protestante, que em
consequê ncia perdera sua situaçã o; sua famı́lia estava precisando do
necessá rio para a vida. O Peregrino recomendou o caso à Irmã
Emmerich, que de boa vontade se comprometeu a orar por ele. Tendo
feito isso vá rias vezes, ela comentou: “E singular que se possa fazer tã o
pouco para essas pessoas pela oraçã o! Eu vejo protestantes tã o mornos
em um estado muito estranho tateando no escuro, em uma né voa,
perfeitamente cegos e estú pidos! Eles estã o, por assim dizer, no meio de
um redemoinho cujas rajadas os desnudam. Nã o sei se Deus vai ajudar
neste caso ou nã o!”
16 de outubro de 1820 – “Em uma grande cidade com subú rbios,
fumaça e montes de carvã o, onde há muitos estudantes, homens
instruı́dos e igrejas cató licas, vi em uma taberna um homem que nã o
tinha nada de bom em suas intençõ es. Ele se sentou à mesa; ao redor
dele revirava um cachorro preto de aparê ncia estranha que parecia ser
o diabo. O homem queria enganar o senhorio e sair sem pagar a conta,
entã o fugiu por uma janela enquanto este o esperava na porta. Eu o vi
depois em uma loresta de abetos atacando um viajante a pé inofensivo
que, para salvar sua vida, entregou a ele um pequeno rolo de dinheiro e
fugiu. O ladrã o tinha uma faca escondida na lateral do corpo e tentou
correr atrá s do pobre homem para apunhalá -lo pelas costas; mas meu
guia e eu obstruı́mos seu caminho. De qualquer lado que ele corresse, lá
está vamos nó s diante dele; ao mesmo tempo, o dinheiro icou tã o
pesado que ele nã o podia mais carregá -lo. Ele estava aterrorizado, seus
membros tremiam e ele gritou: 'Amigo! Amigo! Esperar! Pegue seu
dinheiro de volta! e entã o ele se viu livre para avançar. O viajante fez
uma pausa. O ladrã o correu, devolveu o dinheiro, contou-lhe tudo, até
mesmo de sua intençã o de assassiná -lo, mas que a visã o de duas iguras
brancas o aterrorizara, e ele resolveu nunca mais cometer tal crime. Era
estudante e tinha vá rios cú mplices a quem advertiu para seguirem seu
exemplo e mudarem de vida. Ele continuou sua jornada com o viajante,
que prometeu se interessar por ele.”
“Voltei a visitar inú meros lugares onde jazem relı́quias sob edifı́cios
enterrados e esquecidos. Atravessei porõ es em lama e poeira, em
antigas criptas de igrejas, sacristias, tú mulos, e venerei as coisas
sagradas que ali jazem, espalhadas e desconhecidas. Eu vi como eles
brilharam uma vez com luz, como eles derramaram em torno de uma
bê nçã o, mas sua veneraçã o cessou com o declı́nio da Igreja. As igrejas
erguidas sobre eles sã o escuras e desoladas, os santos sob eles nã o sã o
mais honrados. Vi que sua veneraçã o e a de suas relı́quias diminuı́ram
na mesma medida que a adoraçã o do Santı́ssimo Sacramento, e entã o
me foi mostrado como é ruim receber a Sagrada Eucaristia por mero
há bito. Sofrimentos dolorosos me foram impostos por esse desprezo.
Na Igreja espiritual vi o valor e a e icá cia das sagradas relı́quias agora
tã o pouco consideradas na terra.
“Vi uma igreja retangular surgindo como um lı́rio de uma haste e
cercada por uma videira. Nã o tinha altar; mas no centro, sobre um
castiçal de muitos ramos, repousavam os mais ricos tesouros da Igreja
como ramalhetes de lores desabrochando. Vi as coisas sagradas
coletadas e honrosamente colocadas pelos santos neste castiçal, neste
suporte ornamental, que parecia aumentar constantemente de
tamanho. Enquanto assim engajados, os santos muitas vezes viram suas
pró prias relı́quias trazidas por aqueles que viveram depois deles. Vi os
discı́pulos de Sã o Joã o trazendo em sua cabeça e outras relı́quias dele e
da Santı́ssima Virgem com pequenos frascos de cristal do Sangue de
Jesus. Em um deles o Sangue ainda estava claro e brilhante. Todos
estavam nos caros relicá rios em que a Igreja os preserva. Vi homens e
mulheres santos do tempo de Maria depositando em vasos preciosos,
coisas sagradas que um dia lhe pertenceram; eles receberam o lugar de
honra à direita. Havia um vaso de cristal em forma de seio no qual
estava um pouco de seu leite, també m pedaços de sua roupa, e outro
vaso com alguns de seus cabelos. Eu vi uma á rvore diante da igreja, e
me foi mostrado como ela havia caı́do e sido moldada em a cruz do
Salvador. Eu o vi agora na forma em que sempre o vejo, trazido por uma
mulher usando uma coroa. Ele pairou no ar sobre as relı́quias de Mary.
Os trê s pregos estavam cravados nele, a pequena saliê ncia para os pé s
estava em seu lugar, assim como a inscriçã o, e, habilmente dispostos ao
redor, estavam os instrumentos da Paixã o; a escada, a lança, a esponja,
as varas, os chicotes, os pé s-de-cabra, o pilar, as cordas, os martelos,
etc., enquanto a Coroa de Espinhos pendia do centro. A medida que os
objetos sagrados eram trazidos e arrumados, tive visõ es sucessivas dos
lugares em que essas relı́quias da Paixã o foram encontradas e tive a
certeza de que, de tudo o que vi, algumas partı́culas ainda estã o
preservadas e honradas. Deve haver muitas relı́quias da Coroa de
Espinhos em lugares diferentes. Descobri que minha partı́cula da lança
é do cabo. Vi em todas as direçõ es, em altares, em câ maras, igrejas,
abó badas, em paredes, em escombros, debaixo da terra e na terra,
porçõ es das relı́quias e ossos que foram trazidos para dentro da igreja.
Muitas Hó stias consagradas em cá lices e cibó rios foram trazidas pelos
Bispos, e corporais manchados com o Preciosı́ssimo Sangue. Eles foram
colocados no alto sobre a cruz. Depois vinham as relı́quias dos
Apó stolos e dos primeiros má rtires, seguidas das de bandos inteiros de
má rtires, Papas, sacerdotes, confessores, eremitas, virgens, religiosos,
etc. , torres e santuá rios maravilhosamente forjados em metal precioso.
Uma montanha de tesouros se ergueu sob a cruz que gradualmente
subiu à medida que o monte aumentou e, inalmente, descansou sobre
o que poderia ser chamado de Calvá rio trans igurado. As relı́quias
foram trazidas por aqueles que as honraram e as expuseram à
veneraçã o dos ié is; eles eram, em sua maioria, personagens sagrados
cujas pró prias relı́quias sã o agora mantidas em bê nçã o. Todos os santos
cujas relı́quias estavam presentes se distribuı́am em coros, de acordo
com seu grau e pro issã o; a igreja icou cada vez mais cheia; os cé us se
abriram e o esplendor da gló ria brilhou ao redor. Era como a Jerusalé m
Celestial! As relı́quias foram cercadas pelas auré olas de os santos a
quem pertenciam, enquanto os pró prios santos emitiam raios das
mesmas cores, estabelecendo assim uma conexã o visı́vel e maravilhosa
entre eles e seus restos mortais.
“Depois disso, vi multidõ es de pessoas bem vestidas aglomerando-se ao
redor da igreja com marcas de profunda veneraçã o. Eles usavam os
vá rios trajes de seu tempo; dos dias de hoje, vi apenas alguns. Eram
pessoas que honravam os santos e suas relı́quias como deveriam ser
honrados, como membros do Corpo de Jesus Cristo, como vasos
sagrados da graça divina por meio de Jesus, em Jesus. Sobre eles vi cair
como um orvalho celestial a bené ica in luê ncia daqueles santos; a
prosperidade coroava todos os seus empreendimentos. Alegrei-me por
ver aqui e ali, nestes nossos dias, algumas boas almas (algumas das
quais conheço) ainda a honrar relı́quias com toda a simplicidade.
Pertencem principalmente ao campesinato. Eles saú dam simples e
sinceramente as relı́quias na igreja quando entram. Para minha grande
alegria, vi meu irmã o entre eles. Ao entrar na igreja, invoca com
devoçã o as relı́quias sagradas que ela conté m, e vejo que os Santos dã o
fertilidade aos seus campos. A veneraçã o prestada aos santos e suas
relı́quias nos dias atuais, vi simbolizada por uma igreja em ruı́nas na
qual jaziam espalhadas, abandonadas, cobertas de pó , sim, até jogadas
entre sujeira e sujeira; e ainda assim eles ainda lançam luz ao redor,
ainda atraem uma bê nçã o. A pró pria igreja estava em um estado tã o
lamentá vel quanto as relı́quias. Os ié is ainda o frequentavam, mas
pareciam sombras sombrias; só ocasionalmente se via uma alma
simples e devota que era clara e luminosa. O pior de tudo eram os
pró prios sacerdotes que pareciam estar enterrados na né voa, incapazes
de dar um passo à frente. Eles nã o teriam conseguido encontrar a porta
da igreja se, apesar de sua negligê ncia, alguns raios inos das relı́quias
esquecidas ainda os alcançassem atravé s da bruma. Entã o tive visõ es
distintas da origem da veneraçã o das relı́quias. Vi altares erguidos
sobre os restos mortais dos santos que, pela bê nçã o de Deus, depois se
tornaram capelas e igrejas, mas que agora estavam em ruı́nas devido ao
descuido de sua tesouros sagrados. Vi no tempo em que tudo era
enevoado e escuro, os belos relicá rios quebrados para ganhar dinheiro
e seu conteú do espalhado por aı́, profanaçã o essa que deu origem a
males maiores do que a venda dos caixõ es. As igrejas em que esses
sacrilé gios aconteceram caı́ram em decadê ncia, e muitas até
desapareceram completamente. Estive em Roma, Colô nia e Aix-la-
Chapelle, onde vi tesouros de relı́quias à s quais se prestam certas
honras”.
Em consequê ncia do desmantelamento das igrejas e da supressã o dos
conventos, inú meras relı́quias sagradas foram espalhadas e profanadas
e inalmente caı́ram em mã os irreverentes. Isso foi uma fonte de
profunda tristeza para a Irmã Emmerich, que procurou todas as
oportunidades para reviver a veneraçã o por esses objetos sagrados. As
pessoas logo descobriram que nã o podiam dar maior prazer à pobre
invá lida do que trazendo-lhe algo do tipo, ou pedindo-lhe conselhos
sobre o assunto. Desta forma, ela acumulou um grande tesouro de
coisas sagradas. 2 Mais de trezentas relı́quias genuı́nas, cuja histó ria ela
conhecia perfeitamente, estavam em sua posse no momento de sua
morte. Ela os recebera principalmente do reitor Overberg, do padre
Limberg, do Peregrino e de outros, que sabiam de sua capacidade de
reconhecer essas coisas. Se ela encontrasse algum espú rio entre os que
lhe eram apresentados, ela os enterrava em solo consagrado. Os outros
constituı́am seu tesouro espiritual sobre que ela teve em vá rios
momentos luzes mais ou menos claras, pois Deus ordenou que o dom
que Ele havia concedido a Seu servo tendesse à restauraçã o da honra
devida a Seus santos. O reconhecimento das relı́quias pela Irmã
Emmerich foi uma graça que, de acordo com os desı́gnios de Deus,
estava intimamente ligada à missã o de sua vida; e foi por essa razã o
que seu guia angelical o guardou tã o zelosamente contra o capricho, a
vã curiosidade ou o amor pelo maravilhoso, que poderia ativar aqueles
que o submetessem à prova da provaçã o. Foi somente no inal daquelas
investigaçõ es que examinaram tã o de perto toda a vida da Irmã
Emmerich, tanto interior como exteriormente, que Deus providenciou
ocasiõ es para a manifestaçã o dos dons extraordiná rios de Seu servo.
Ele desejou a perfeiçã o de sua virtude para provar a realidade de seus
dons sobrenaturais, em vez de que estes fossem feitos a pedra de toque
de sua santidade. O primeiro julgamento feito com falsas relı́quias e
condenado por seu anjo, é assim registrado pela Peregrina na data de
30 de agosto de 1820:
“O pá roco de N_____ enviou à Irmã Emmerich trê s pequenos pacotes de
ossos de Christian Brentano, irmã o do Peregrino. A pedido do
Peregrino, um deles foi colocado por ela. No dia seguinte, ela relatou o
seguinte: “Vi ao longe tú mulos escuros e desolados cheios de ossos
negros, e nã o senti que fossem sagrados. Vi o padre pegar alguns deles,
e entã o me encontrei no alto de uma capela escura em torno da qual
tudo era frio, sombrio e nebuloso. Meu guia me deixou e vi uma igura
imponente se aproximando de mim com um ar muito gracioso. A
princı́pio pensei que fosse um anjo, mas logo tremi de medo. Perguntei:
“Quem é s tu?” A resposta veio em duas palavras desconhecidas. Pensei
neles a manhã inteira, mas agora nã o consigo me lembrar deles. Eles
signi icavam: “ Corruptor de Babilônia, Sedutor de Judá ”. Entã o a igura
disse: “Eu sou o espı́rito que criou Semiramis da Babilô nia e construiu
seu impé rio! Eu sou aquele que trouxe a tua redençã o, pois eu iz Judas
prendê -lo! ”—(ele nã o nomeou Cristo)—e isso ele disse com um ar
importante como se quisesse me impressionar com a grandeza de suas
façanhas. Eu iz o Sinal da Cruz na minha testa, ao que ele icou horrı́vel
de se ver. Ele começou a se enfurecer furiosamente contra mim por
uma vez ter arrebatado uma jovem dele, e entã o ele desapareceu
proferindo ameaças temerosas. Ao pronunciar a primeira das palavras
desconhecidas, vi Semiramis como uma garotinha sob umas belas
á rvores, o mesmo espı́rito de pé diante dela e oferecendo-lhe todos os
tipos de frutas. A criança olhou para ele sem se encolher e, embora
fosse muito bonita, havia algo de repulsivo nela; ela parecia estar cheia
de espinhos, cheia de garras. O espı́rito a nutriu e lhe deu todo tipo de
bugigangas. A regiã o ao redor era adorá vel; estava coberto de tendas,
prados verdes, manadas inteiras de elefantes e outros animais com seus
tratadores. Foi-me mostrado també m como Semiramis se enfureceu
contra o povo de Deus, como ela expulsou Melquisedeque de seu reino
e cometeu muitas outras abominaçõ es; e ainda assim ela era quase
adorada! A segunda palavra que o espı́rito pronunciou, tive uma visã o
de Cristo no Monte das Oliveiras, a traiçã o de Judas e toda a amarga
Paixã o. Nã o entendo por que esse espı́rito me apareceu; talvez sejam
ossos pagã os e, consequentemente, o inimigo tenha poder para se
aproximar de mim. Meu guia me proibiu estritamente de pegar esses
ossos novamente. “Eu te digo,” ele disse, “em Nome de Jesus, é um
experimento perigoso! Há traiçã o nisso. Você pode ser seriamente
ferido por isso. Nã o devemos lançar pé rolas aos porcos; isto é , diante
dos incré dulos, pois as pé rolas devem ser engastadas em ouro. Cuide de
tais relı́quias apenas que vierem a ti pela direçã o de Deus!” '”
Em setembro seguinte, algumas relı́quias foram enviadas a ela por um
padre que a visitou em Dü lmen. A irmã Emmerich comentou: “Nã o tive
nenhuma visã o particular a respeito dessas relı́quias. Mas vi que o
padre que os enviou é um bom homem, embora haja em sua paró quia
certas almas inclinadas ao pietismo nã o conforme o espı́rito da Igreja.
Ele nã o pode detectá -los, ele os considera muito devotos; mas eu os vi
espalhando escuridã o ao redor. Eles dã o pouca importâ ncia à s
cerimô nias de nossa santa Igreja. Elas ainda nã o se declararam
abertamente; o mal está , poré m, neles. Entã o ouvi uma voz repetindo
perto de mim: 'Tu me esqueces! Você me esqueceu!' Era um aviso das
outras relı́quias, e novamente me disseram para nã o aceitar mais
relı́quias desconhecidas para reconhecer, mesmo que me trouxessem o
padre mais santo do mundo, pois isso poderia me causar sé rios danos.
Devo arranjar o que tenho primeiro.”
Muito pouca atençã o, poré m, foi dada à proibiçã o tã o fervorosamente
repetida pelo pobre invá lido. A curiosidade triunfou sobre outras
consideraçõ es. O Peregrino, pouco depois, apresentou-lhe, em ê xtase,
um pequeno pacote de relı́quias de dois conventos renanos. Eles
haviam sido enviados a ele por um amigo. A irmã Emmerich os pegou
sem suspeitar, pensando que eram seus; mas no dia seguinte ela disse:
“Meu guia me repreendeu severamente por pegar essas relı́quias
contrariamente à s suas ordens e, consequentemente, esqueci
completamente tudo o que vi. Ele mais uma vez repetiu que nã o é hora
de reconhecer relı́quias desconhecidas e minha pronta aceitaçã o delas
pode me enganar completamente. O dom de reconhecer tais coisas nã o
é um privilé gio a ser posto em jogo a cada momento. E uma graça
especial. Em breve chegará a hora de usá -lo, mas nã o agora. Meu guia
també m me fez lembrar do Cura N_____ e seu pacote, as observaçõ es
impensadas que ele havia feito em algum lugar sobre mim e minhas
relı́quias, e que tais observaçõ es poderiam causar muito dano. Eu devo
para o futuro recusar tais coisas e me meter com ningué m alé m dos
meus.”
O mesmo aviso foi repetido novamente, e ela foi informada de que o
amigo do Peregrino, um defensor entusiasta da teoria do mesmerismo,
estava apenas fazendo experimentos com ela que poderiam ter
consequê ncias muito sé rias, pois seus dons nã o eram o que ele pensava.
Eles nã o estavam sujeitos ao seu pró prio prazer, nã o uma faculdade
natural a ser empregada à discriçã o dos curiosos. A Peregrina se
submeteu, mas nem tanto sua amiga, que ainda encontrava desculpas
para testar seus maravilhosos poderes. No dia 12 de dezembro, ela
novamente declarou: “O julgamento de seu amigo sobre mim e sobre o
que ele vê em mim é falso! Conseqü entemente, fui expressamente
proibido pelo meu guia de receber dele até mesmo a relı́quia de um
santo. Ele só quer fazer experimentos que podem ser muito prejudiciais
para mim; e, alé m disso, ele fala deles publicamente e de uma maneira
totalmente oposta ao estado real do caso. Meus dons, meus meios de
saber, nã o sã o o que ele imagina! Eu vejo a deriva de seus pensamentos
quando ele fala comigo. Ele está todo errado a meu respeito. Eu fui
advertido há muito tempo sobre isso em visã o.”
Em 16 de dezembro, Irmã Emmerich disse: “Tive uma visã o
maravilhosamente clara sobre o assunto das relı́quias, que vi ao meu
redor e em muitas igrejas à s margens do Reno. Vi uma carruagem ser
atacada por ladrõ es, e uma caixinha de relı́quias jogada dela em um
campo à beira da estrada. O proprietá rio voltou a procurá -lo, mas em
vã o; foi encontrado por outra pessoa que o guardou por algum tempo.
Nela vi o osso, trazido aqui pelo amigo, mas nã o devo nomeá -lo. O
amigo deve esperar até que seu coraçã o seja mudado. Ele ainda é
incomparavelmente alto e amplo em seus pontos de vista. A fé també m
é alta e ampla; mas muitas vezes deve passar por um buraco de
fechadura! O amigo é obstinado em sua opiniã o errô nea sobre mim e
minha missã o, suas idé ias sobre este ponto sã o estranhas e
desarrazoadas; portanto, recebi ordens positivas para nã o ter nada a
ver com relı́quias vindas dele. Seus pontos de vista sã o falsos, ele os
publica desnecessariamente e, assim, pode trazer problemas para mim.
Minha hora ainda nã o chegou.”
21 de dezembro, dia de Sã o Tomá s — O Peregrino, ao entrar para fazer
sua visita habitual, encontrou a Irmã Emmerich ocupada com sua caixa
de relı́quias, sua igreja, como ela a chamava de brincadeira. Entre eles,
ela havia descoberto vá rios muito antigos. A Peregrina icou surpresa
ao ver em que bela ordem ela os havia arrumado na noite anterior.
Embora em estado de contemplaçã o, ela forrou a caixa com seda tã o
bem como se estivesse bem acordada. As cinco relı́quias de Sã o Tiago
Menor, Sã o Simã o, o Cananeu, Sã o José de Arimaté ia, Sã o Denis, o
Areopagita, e um discı́pulo de Sã o Joã o, a quem ela chamava de Eliud ,
ela havia dobrado separadamente. “Eu tive,” ela exclamou, “uma noite
muito brilhante! Eu descobri os nomes de todos os ossos por mim e vi
todas as viagens de Sã o Tomé , como també m as de todos os apó stolos e
discı́pulos cujas relı́quias eu tenho. Tive uma visã o de um grande
festival e de como todas essas relı́quias chegaram a Mü nster. Eles foram
recolhidos por um bispo estrangeiro em um perı́odo muito remoto, e
depois caı́ram nas mã os de um bispo de Mü nster. Vi todos com as datas
e nomes, e con io em Deus que nã o se perderá ! … Recebi permissã o,
també m, para revelar ao meu confessor o nome da relı́quia que o amigo
me trouxe para que a anote; mas nã o devo contar ao próprio amigo .”
A amiga, no entanto, nã o entenderia essas palavras tã o indicativas do
vı́nculo da Irmã Emmerich com a Igreja e da origem sobrenatural de
seu dom maravilhoso; e ela, vendo suas idé ias ainda inalteradas, sentiu
um desejo vivo de lhe dar a conhecer o nome secreto. Ela diz com muita
ingenuidade: “Ah! Eu pensei, se eu pudesse dizer a ele o nome daquela
relı́quia! e eu tinha a palavra na minha lı́ngua quando, de repente, uma
mã o branca e brilhante se estendeu do armá rio e pousou em meus
lá bios para impedir que eu a dissesse. Ele veio tã o de repente, tã o
inesperadamente que eu quase ri!” Essa cena se repetiu em
circunstâ ncias quase semelhantes alguns dias depois, quando ela foi
novamente tomada pelo desejo de satisfazer a curiosidade do amigo
pela partitura da relı́quia que ele lhe dera. “Fiquei novamente tentado a
nomear o santo cuja relı́quia tanto me incomodava; mas quando estava
prestes a pronunciá -lo, ouvi uma pancada no armá rio que me deteve, e
nã o ousei, nã o pude dizê -lo. Mais de uma vez tive a palavra na minha
lı́ngua, mas nã o consegui falar, embora quisesse fazê -lo.” O confessor e o
amigo també m ouviram as batidas no armá rio e nã o souberam explicar.
Mas quando o primeiro exclamou: “O maligno nã o nos pregará peças!”
Irmã Emmerich calmamente tirou a relı́quia do armá rio, dizendo: “E o
santo que o amigo do Peregrino trouxe”.
Apresentaremos aqui alguns fatos que mostram claramente o poder do
sacerdote sobre essa alma eleita. Em 18 de janeiro de 1821, o padre
Limberg colocou pela irmã Emmerich um pequeno pacote lacrado,
dizendo ao Peregrino: “Nã o sei o que conté m; mas quando ela perceber,
direi a ela onde consegui.” Entã o, voltando-se para o invá lido,
perguntou: “O que é isso? Isso é bom? Diga-me o que é .” Embora
interrompida em sua visã o, a irmã Emmerich respondeu apó s uma
breve pausa: “Pertence a um homem piedoso do seminá rio de Paris. Ele
o trouxe de Jerusalé m e Roma. Conté m vá rias coisas: alguns cabelos
pertencentes a um Papa; uma partı́cula do corpo de um novo santo que
morreu em um convento na Terra Santa, uma pequena pedra do Santo
Sepulcro; alguma terra do local onde jazia o Corpo de Nosso Senhor; e
alguns cabelos pertencentes a outra pessoa.” O peregrino comentou
com o padre Limberg: “Você o encontrou, presumo, entre os pertences
do abade Lambert, pois ele recebeu objetos semelhantes de Paris”.
“Sim”, respondeu o padre Limberg. “Ao arrumar seus papé is, encontrei o
pequeno embrulho”, e com essas palavras ele saiu da sala.
“Quem é aquela freira miserá vel?” exclamou o invá lido. “O padre nã o
me disse nada sobre ela! Ele deveria ir vê -la. Ela está muito pior do que
eu; ela jaz no meio de espinhos!” Irmã Emmerich se viu sob essa igura,
porque o pacote lacrado continha alguns de seus pró prios cabelos que o
velho abade pretendia enviar ao amigo.
Um dia ela reconheceu uma relı́quia como pertencente a um santo Papa
cujo nome, no entanto, ela nã o conseguiu lembrar. A Peregrina
implorou ao confessor que a apresentasse mais uma vez. Ele o fez, e ela
o segurou por alguns segundos quando exclamou com con iança: “E
uma relı́quia do Papa Bonifá cio I”.
9 de agosto de 1821 — A irmã Emmerich disse: “Passei a noite toda
ocupada com os ossos sagrados. Eu vi todos os santos, e me disseram
para dizer quantos Pais -Nossos fossem as relı́quias, para as almas de
todos que descansam aqui em nosso cemité rio”.
O seguinte fato mostrará da maneira mais impressionante a poderosa
impressã o feita na irmã Emmerich por profano, bem como por objetos
sagrados. O Peregrino registra sob a data de 9 de maio de 1820:
“Dr. Wesener, enquanto escavava uma tumba pagã , encontrou um vaso
de cinzas com o qual estavam misturados alguns fragmentos de um
crâ nio humano. O Peregrino colocou um no sofá da Irmã Emmerich
enquanto ela estava absorta em oraçã o extá tica; mas aquela que foi tã o
fortemente atraı́da pelas relı́quias dos santos, a ponto de mover a
cabeça, as mã os, todo o seu corpo estremecendo em todos os mú sculos
atrá s delas, deixou esse osso passar despercebido sobre a colcha perto
dos dedos da mã o esquerda. O Peregrino achou isso um objeto de
indiferença para ela, quando de repente ela exclamou: 'O que aquela
velha Rebeca quer comigo?' e quando ele aproximou o osso um pouco
mais, ela escondeu as mã os sob a colcha, gritando que uma velha
selvagem corria pela sala, seguida por crianças nuas como sapos. Ela
nã o conseguia olhar para ela, estava com medo; ela tinha visto gente tã o
escura e selvagem no Egito, mas nã o sabia o que aquela velha queria
com ela, etc. Entã o, pegando sua caixa de relı́quias, ela apertou-a contra
o peito com as duas mã os dizendo, embora ainda em ê xtase: ' Agora ela
nã o pode me machucar! e ela deslizou sob a colcha. O Peregrino colocou
o osso no bolso e deu um passo para o lado da cama, para o qual o rosto
dela estava virado; mas instantaneamente ela mudou de postura. Ele
voltou para o lado oposto, e novamente ela rapidamente desviou a
cabeça; por im, ele removeu o objeto profano de sua presença, quando
ela exclamou com um suspiro de alı́vio que os santos a haviam
preservado. Durante esta cena, o confessor estendeu-lhe o dedo
consagrado para o qual ela moveu a cabeça tã o rapidamente que o
agarrou com os lá bios e o apertou com avidez. 'O que é aquilo?' Ele
demandou. Instantaneamente veio a resposta surpreendente: ' É mais
do que você pode compreender! ' Entã o ele retirou o dedo e colocou a
mã o no pé da cama onde, també m, ela tentou seguir. Rı́gida em ê xtase e
ainda segurando sua caixa, ela se levantou para uma postura sentada e
se esforçou para alcançar os dedos consagrados com os lá bios. Entã o o
Peregrino se deitou perto da mã o que segurava a caixa de relı́quias, um
fragmento dos restos fó sseis de algum animal que o mé dico havia
encontrado no Lippe. A irmã Emmerich o recebeu de bom grado,
dizendo: 'Ah! está tudo bem! Nã o há nada de doloroso nisso. E um bom
animal; nunca cometeu pecado!' Entã o ela exortou o Peregrino a nã o se
intrometer com ossos pagã os, a nã o trazê -los para ela misturados com
os ossos dos santos. — Vá , jogue essa velha fora! Tome cuidado, ela
pode machucá -lo! ela exclamou sinceramente em intervalos. Alguns
dias depois, quando o Peregrino aludiu aos incidentes que acabamos de
relatar, a Irmã Emmerich representou-lhe severamente quã o impró prio,
quã o perigoso era para ele fazer tais experimentos com ela, misturar
assim o sagrado com o profano e expô -la a impró prios impressõ es.
'Ossos pagã os me repelem, me enchem de nojo e repugnâ ncia! Nã o
posso dizer que realmente senti que a mulher está condenada; mas
percebi ao redor dela algo sinistro, algo que se afasta de Deus, que se
espalha em torno da escuridã o, ou melhor, que é a pró pria escuridã o,
bem contrá ria aos ossos luminosos, atraentes, bené icos dos santos. A
velha olhou ao redor furtivamente, como se estivesse em conexã o com
os poderes do mal, como se ela mesma pudesse ferir. Ao seu redor,
loresta e charneca, jaziam na escuridã o; nã o nas trevas da noite, mas
nas trevas espirituais, nas trevas das doutrinas perversas, nas trevas da
separaçã o da luz do mundo, na aliança das trevas. Vi apenas a mulher e
seus ilhos, mas havia miserá veis choupanas de vá rias formas
espalhadas aqui e ali, enterradas na terra, encimadas, algumas por
telhados redondos de grama, outras por quadrados de junco, e algumas
ainda por telhados cô nicos; entre a maioria dessas cabanas havia
passagens subterrâ neas. A in luê ncia profana e pagã de tais restos pode
produzir muito mal se usada para prá ticas supersticiosas ilegais.
Aqueles que assim os usam tornam-se assim, embora desconhecidos
para eles mesmos, participantes de sua in luê ncia; eles estabelecem
uma comunicaçã o com eles, assim como a veneraçã o das relı́quias
sagradas confere uma participaçã o na bê nçã o, a in luê ncia santi icadora
do que é redimido e regenerado.'”
Nã o foi apenas em visã o, mas també m no estado natural de
consciê ncia que a irmã Emmerich sentiu a in luê ncia atraente das
relı́quias sagradas, viu-as brilhando e sabia seus nomes; um fato que o
Peregrino testemunha em seu diá rio de 30 de dezembro de 1818. “Irmã
Neuhaus”, diz ele, “ex-Mestre de Noviços da Irmã Emmerich, veio vê -la
trazendo consigo um pequeno pacote. Ao entrar no quarto, a invá lida
experimentou, como ela mesma disse, um arrepio de alegria e uma
convicçã o interior de que o pacote continha relı́quias. 'Ah!' ela
exclamou, 'você traz o tesouro do seu quarto e você guarda lá a poeira!'
e quando a irmã Neuhaus colocou o embrulho na mesa perto dela, sua
emoçã o foi tã o grande que ela temeu a cada momento ser arrebatada
em ê xtase. Foi com o maior esforço que ela conseguiu entreter seu
visitante, sua atençã o sendo fortemente atraı́da para as relı́quias. A
irmã Neuhaus perguntou se ela estava excepcionalmente doente. "Nã o
perfeitamente bem", foi a resposta, e entã o ela falou de assuntos
indiferentes, esperando desviar sua mente de seu objeto absorvente.
Uma voz interior parecia chamá -la: “Lá está Ludger! Ali está ele!'
Depois que a Irmã foi embora, a enferma disse: 'Eu vi o tempo todo
sobre a relı́quia um vislumbre de luz, branco como leite e mais
brilhante que o dia; e, quando uma partı́cula caiu no chã o, vi, por assim
dizer, uma faı́sca brilhante cair sob a caixa. 3 Enquanto o Peregrino
olhava as relı́quias, quase iquei arrebatado e ouvi uma voz que
exclamava: “Lá está Ludger! Esse é o osso dele!” e instantaneamente vi
o santo bispo com mitra e bá culo na assemblé ia dos santos. Depois me
mostraram outras, uma a uma: primeiro, Escolá stica sobre uma tropa
de freiras, e sua relı́quia sobre a mesa; depois Afra cercada de freiras e
sua relı́quia sobre a mesa; Bento sobre uma multidã o de monges e sua
relı́quia sobre a mesa; Walburga com suas freiras e sua relı́quia ao lado
do Peregrino. Entre as freiras uma foi apontada como Emerentiana, e
ouvi estas palavras: “Essa é Emerentiana, e aı́ está o osso dela!” Eu fui
surpreso, pois eu nunca tinha ouvido esse nome antes. Entã o eu vi uma
donzela com uma coroa de rosas duplas na testa, segurando em uma
mã o uma linda guirlanda de rosas, na outra um buquê , e ouvi estas
palavras: “Essa é Rosalie que fez tanto pelos pobres. Ela agora segura a
guirlanda de lores como uma vez fez seus presentes piedosos, e aı́ está
sua relı́quia!” Entã o eu vi uma freira em uma tropa brilhante, e me
disseram: “Essa é Ludovica, e aı́ está a relı́quia dela. Veja como ela
distribui seus presentes!” – e vi que ela estava com o avental cheio de
pã es que distribuı́a aos pobres. Entã o vi um bispo e ouvi as palavras:
“Ele viveu no tempo de Ludger. Eles se conheciam; trabalharam juntos”.
e ainda assim, eu os vi distantes. E agora, entre outras donzelas
abençoadas, vi um muito jovem secular vestido com uma vestimenta
espiritual do estilo da Idade Mé dia. Seu corpo foi encontrado
incorrupto e inteiro. Sua santidade foi assim reconhecida, e um de seus
ossos foi colocado entre outras relı́quias. Ao mesmo tempo, vi seu
tú mulo aberto. Entã o vi um jovem delicado de tenra idade e perto dele
seis outros e uma mulher. Pronunciou-se o nome Felicitas e,
imediatamente, me foi mostrado um lugar redondo cercado por muros
e arcos, e me disseram que nas covas de um lado estavam as feras, e
nas prisõ es em frente os má rtires acorrentados esperando para serem
despedaçado. També m vi pessoas cavando à noite e levando ossos, e
me disseram: “Eles fazem isso secretamente. Eles sã o amigos do
má rtir. Desta forma, suas relı́quias sã o levadas para Roma e
distribuı́das”. Eu vi Felicitas perto de sete jovens.'”
Uma semana depois, a Peregrina presenteou a Irmã Emmerich com o
resto das relı́quias do pacote da Irmã Neuhaus. “Dei-lhe sete pacotes”,
diz ele, “todos os quais ela reconheceu como pertencentes a Santa
Isabel da Turı́ngia. "Vejo Elizabeth", exclamou ela, "uma coroa em uma
mã o, na outra uma cestinha da qual caem rosas douradas, grandes e
pequenas, sobre um pobre mendigo lá embaixo." Aqui ela apontou para
uma relı́quia, dizendo: 'Essa é Barbara! Eu a vejo com uma coroa na
cabeça e na mã o um cá lice com o Santı́ssimo Sacramento.' Em seguida,
virando-se para outro papelzinho, ela disse: 'Estes sã o do lugar do
martı́rio em Roma.' Com essas palavras, ela caiu em ê xtase e descreveu
os lugares que viu e os sofrimentos dos má rtires enquanto, ao mesmo
tempo, nomeava as relı́quias e as apresentava ao Peregrino para dobrar
e rotular. Ele icou surpreso com a rapidez de sua fala e movimentos.
Ele expressou seu espanto com estas palavras: “Devo reconhecer, para
minha vergonha, que dessas coisas nã o sei quase nada! Imagine essa
pobre camponesa contemplando a Roma antiga, descrevendo suas
maneiras e costumes! Ela entende tudo o que vê , até mesmo o estado
moral dos má rtires; e, no entanto, sua inexperiê ncia é tal que, na
maioria das vezes, ela nã o sabe nomear os objetos, as localidades, os
instrumentos que caem sob seus olhos!” No inal de sua visã o, ela
perguntou ao seu guia como essas relı́quias chegaram onde estavam e
por que nã o receberam a honra que lhes era devida? Ele respondeu que
eles haviam sido exumados há muito tempo, haviam passado de um
lugar para outro e inalmente chegaram a Mü nster. Aqui eles foram
postos de lado para dar lugar a outras coisas.
“Eu estava em uma cidade estranha e maravilhosa”, diz ela. “Eu iquei no
topo do pré dio redondo que cercava o lugar circular. Sobre a entrada, à
direita e à esquerda, havia uma escada interna até onde eu estava. De
um lado havia prisõ es que se abriam para o recinto; do outro, as jaulas
das feras. Atrá s deles havia recantos nos quais os carrascos deslizavam
quando soltavam os animais. De frente para a entrada contra a parede,
havia um assento de pedra até o qual os degraus levavam de ambos os
lados. Aqui estava a esposa do imperador perverso com dois tiranos.
Logo atrá s deste assento, na plataforma, estava sentado um homem que
parecia supervisionar os negó cios, pois fazia gestos para a direita e
para a esquerda como se estivesse comandando alguma coisa. E agora a
porta de uma das gaiolas foi aberta, e saiu um animal malhado como
um gato enorme. Os carrascos icaram atrá s da porta, deslizaram para o
canto por segurança e depois subiram os degraus para a plataforma.
Enquanto isso, dois outros carrascos arrastaram uma donzela da prisã o
em frente e tirou a tú nica branca. Como todos os má rtires, ela brilhou
com luz. Ela icou calmamente no meio da arena com os olhos erguidos
e as mã os cruzadas sobre o peito; ela nã o mostrou nenhum sinal de
medo. A fera nã o lhe fez mal, mas, agachando-se diante dela, saltou
sobre os escravos que a instigavam com lanças e gritos. Como nã o iria
atacá -la, eles o colocaram de volta na gaiola, nã o sei como. A donzela foi
entã o conduzida a outro local de execuçã o em torno do qual havia
apenas grades. Ela foi presa a uma pedra por uma estaca, suas mã os
amarradas atrá s dela, e decapitada. Eu a vi colocar as mã os atrá s das
costas. Seu cabelo estava trançado em volta da cabeça; ela era adorá vel
e nã o demonstrava medo. Entã o um homem foi levado para a arena; seu
manto foi removido, e restava apenas uma roupa de baixo que chegava
até os joelhos. As feras nã o lhe izeram mal, e ele també m foi
decapitado. Ele foi, como a donzela, empurrado de um lado para o outro
e espetado com barras de ferro a iadas. Essas torturas dolorosas foram
suportadas com tanta alegria que o espectador pode se arrepender de
nã o compartilhá -las. As vezes, os pró prios carrascos sã o tã o
maravilhosamente afetados pelo espetá culo sublime que
corajosamente se juntam aos má rtires, confessam Jesus Cristo e sofrem
com eles. Eu vejo um má rtir na arena. Uma leoa o ataca, arrasta-o de
um lado para o outro e o despedaça. Eu vejo outros queimados vivos, e
um de quem as chamas se afastam e se apoderam dos carrascos dos
quais muitos perecem. Um padre que consolou secretamente os
sofredores tem seus membros cortados um a um e apresentados a ele
na esperança de fazê -lo abjurar sua fé ; mas o corpo mutilado, cheio de
alegria, louva a Deus até a cabeça ser cortada. Eu fui, també m para as
catacumbas. Vi homens e mulheres ajoelhados em oraçã o diante de
uma mesa sobre a qual havia luzes. Um padre recitou oraçõ es e outro
queimou incenso em um vaso. Todos pareciam oferecer algo em um
prato colocado na mesa. As oraçõ es eram como uma preparaçã o para o
martı́rio. Entã o vi uma nobre dama com trê s ilhas, de dezesseis a vinte
anos, sendo conduzida à arena. O juiz sentado no alto nã o era o mesmo
que eu tinha passado visto. Vá rios animais foram soltos sobre os
cristã os, mas eles nã o os prejudicaram; eles até bajulavam os mais
jovens. Os má rtires foram agora conduzidos perante o juiz e depois
para outro local de execuçã o pró ximo. A mais velha foi primeiro
queimada com tochas negras nas bochechas, seios e axilas, e pinças
aplicadas em todo o corpo; apó s o que ela foi conduzida de volta
perante o juiz. Ela nã o o notou, no entanto, pois ela estava concentrada
em sua irmã , a quem eles estavam torturando agora. O mesmo
aconteceu com todos os quatro, e entã o eles foram decapitados. A mã e
estava reservada para o ú ltimo, seus sofrimentos intensi icados pela
visã o dos tormentos das ilhas. Vi um santo Papa ser traı́do, arrastado
das catacumbas e martirizado, enquanto um dos mais furiosos dos
romanos, subitamente tocado pelo arrependimento, precipitava-se
entre os má rtires e perecia com eles. Eu ansiava tanto pelo mesmo
favor que clamei; mas uma voz me disse: 'Cada um segue seu caminho!
Nó s sofremos o martı́rio apenas uma vez, mas tu é s constantemente
martirizado. Tı́nhamos um inimigo, tu tens muitos!'”
Em outra ocasiã o, o Peregrino ofereceu à enferma algumas relı́quias
que ela pegou, pressionou contra o coraçã o, colocou em ordem,
novamente pressionou o coraçã o e olhou atentamente. Entã o ela os
devolveu separadamente, removendo um do lote como espú rio e
exclamando: “Eles sã o ó timos! Nenhuma palavra pode descrever sua
beleza!” A pergunta sobre o que ela experimentou dos ossos sagrados,
ela respondeu: “Eu vejo, eu sinto a luz! E como um raio que me perfura,
me arrebata. Sinto sua conexã o com o espı́rito glori icado, com todo o
mundo de luz. Vejo imagens da vida do Santo e seu lugar na Igreja
Triunfante. Há uma conexã o maravilhosa entre corpo e alma, uma
conexã o que nã o cessa com a morte; conseqü entemente, a alma
abençoada pode continuar sua in luê ncia sobre os ié is atravé s de
partı́culas de seus restos mortais. Será muito fá cil para os anjos separar
o bem do mal no ú ltimo dia, pois tudo será claro ou escuro.”
No dia 31 de julho, em contemplaçã o, a Irmã Emmerich pegou sua
caixinha de relı́quias e, dentre mais de cem, escolheu uma partı́cula que
ela disse pertencer a Santo Iná cio de Loyola. Ao retornar à vigı́lia, ela
começou novamente a caçar fragmentos pertencentes um ao outro e,
em cerca de cinco minutos, fez seis pilhas separadas. De um deles ela
disse: “Eu deveria ter dez peças”. Ela contou novamente, mas encontrou
apenas nove. "Deve haver dez ", ela repetiu. Finalmente, ela encontrou o
dé cimo. Ela caiu exausta, dizendo: “Nã o posso fazer mais nada. Nã o
consigo ver mais!” Depois de uma pausa, ela exclamou: “Senti-me
irresistivelmente atraı́da para procurar essas relı́quias. Eles me
atraı́ram, e eu suspirei por eles! E fá cil reconhecê -los nessas horas, pois
eles brilham com uma luz diferente. Vejo pequenas imagens como os
rostos dos santos a quem pertencem, para os quais se lançam raios de
luz das partı́culas. Eu nã o posso expressar isso! Era um estado
maravilhoso! E como se sentisse algo con inado no peito que se esforça
para se libertar. O esforço cansa, cansa.” Abrindo um papel, ela
comentou: “Aqui está uma pedrinha”, e ela a escolheu entre muitas
outras exatamente semelhantes. Ela nã o precisava de luz para essa
ocupaçã o; na verdade, ela muitas vezes o fazia à noite. O vigá rio
Hilgenberg, tendo arranjado algumas relı́quias com muita elegâ ncia,
trouxe-as para mostrar o enfermo. Ela icou encantada com eles. Ela
disse: “Vejo alguns deles cercados por uma auré ola de vá rias cores. Eles
brilham com a luz, sã o perfeitamente transparentes. Olhando mais de
perto, vejo uma pequena igura que gradualmente aumenta de tamanho
até ver a forma, a roupa, o comportamento, a vida, a histó ria e o nome
do Santo. Os nomes estã o sempre embaixo dos pé s para os homens, do
lado direito para as mulheres. Só se escreve a primeira sı́laba, o resto
percebo interiormente. 4 As letras sã o circundadas por uma auré ola das
mesmas cores das relı́quias dos santos a quem pertencem. Parece que
os nomes eram algo essencial, algo substancial; há um misté rio neles.
Quando vejo os santos de maneira geral, sem referê ncia ao meu
reconhecimento, eles parecem estar em hierarquias e coros, vestidos
de acordo com sua posiçã o com o traje da Igreja Triunfante, e nã o com
o do tempo em que viveram . Papas, Bispos, reis, todos os ungidos, os
má rtires, as virgens, etc., estã o em vestes celestiais cercadas de gló ria.
Os sexos nã o sã o separados. As virgens tê m uma posiçã o mı́stica
inteiramente distinta. Ou eram virgens voluntá rias, ou castas mulheres
casadas, ou má rtires a quem os carrascos ofereciam violê ncia. Vejo
Madalena em um alto escalã o, mas nã o entre as virgens. Ela era alta,
bonita e tã o atraente que, se nã o tivesse se convertido a Jesus, teria se
tornado um monstro feminino. Ela obteve uma grande vitó ria!
“As vezes vejo apenas as cabeças dos santos, à s vezes o busto inteiro
resplandecente de luz colorida. A gló ria das virgens e daqueles que
levaram uma vida tranquila, cujos combates foram apenas os da
paciê ncia nas provaçõ es diá rias, nas di iculdades domé sticas, é branca
como a neve, e é o mesmo para os jovens que muitas vezes vejo com
lı́rios nas mã os . Aqueles que foram martirizados por sofrimentos
secretos pela honra de Jesus brilham com uma luz vermelha pá lida. Os
má rtires tê m auré olas e palmas vermelhas brilhantes em suas mã os. Os
confessores e doutores sã o amarelos e verdes, como um arco-ı́ris, e tê m
ramos verdes. Os má rtires estã o em gló rias de cores diferentes, de
acordo com os vá rios graus de tormentos que sofreram. Entre minhas
relı́quias vejo alguns Santos que se tornaram má rtires pelo martı́rio
interior da alma sem derramamento de sangue.
“Eu vejo os anjos sem auré olas. Eles me aparecem, de fato, sob uma
forma humana com rostos e cabelos, mas sã o mais delicados, mais
nobres, mais bonitos que os homens. Eles sã o imateriais, perfeitamente
luminosos e transparentes, mas em graus diferentes. Vejo almas
abençoadas rodeadas de uma luz material, mais branca do que
resplandecente, e em torno delas uma gló ria multicolorida, uma
auré ola cujos matizes correspondem ao seu tipo de puri icaçã o. Nã o
vejo nem anjos nem santos movendo seus pé s, exceto nas cenas
histó ricas de sua vida na terra, como homens entre homens. Eu nunca
vejo essas apariçõ es em seu estado real falando umas com as outras
com a boca; eles se voltam um para o outro, se interpenetram.”
Entre as relı́quias da irmã Emmerich estavam duas de Santa
Hildegarde, uma pequena, a outra maior, um pedaço do osso do quadril.
Um dia ela ergueu os olhos com ar de surpresa, como se algué m se
aproximasse dela: “Quem é aquele com uma longa tú nica branca?” ela
perguntou, e entã o, virando-se para o pequeno armá rio ao lado dela, ela
disse: “Ah, é Hildegarde! Tenho duas relı́quias dela, uma grande que nã o
encontro com frequê ncia, e uma menor que está sempre à mã o. O
grande é menos luminoso. Pertence a uma parte menos nobre, pois os
ossos diferem em dignidade. Assim, també m, as roupas usadas por
Madalena antes de sua conversã o brilham menos do que as outras. Os
membros perdidos por um santo antes de seu segundo nascimento sã o
relı́quias, pois toda a humanidade, mesmo antes da vinda de Jesus, foi
redimida por meio dele. As relı́quias, os ossos sagrados das almas
puras, castas e corajosas sã o mais irmes, mais só lidos do que os das
pessoas agitadas pelas paixõ es; consequentemente, os ossos
pertencentes aos velhos tempos simples sã o mais irmes e mais
atraentes do que os de um perı́odo posterior”.
O Peregrino trouxe para ela uma pequena caixa contendo cerca de
cinquenta fragmentos de relı́quias, todos juntos. Como o enfermo
estava no momento perfeitamente consciente, em estado de vigı́lia,
observou que seria um bom momento para classi icá -los e arrumá -los.
Irmã Emmerich concordou e começou a trabalhar com seriedade,
colocando as partı́culas do mesmo corpo por si mesmas, e até mesmo
designando a quais membros elas pertenciam. “Estes,” ela disse,
pegando alguns pedaços, “estavam uma vez em chamas. Agora vejo
pessoas caçando-os nas cinzas. Estes estavam na igreja da cidade, e vejo
como eles os limparam e prepararam. Aqueles lá sã o muito brilhantes,
esses nem tanto; e há um”, apontando para ele, “que lança ao redor uma
luz vermelho-dourada particularmente bonita”. Aqui ela caiu em
contemplaçã o, da qual logo voltou com as palavras: “Vejo um velho
paralı́tico, deitado em uma cama em uma praça aberta. Um bispo, com
um bá culo apoiado no braço, está inclinado sobre ele, a cabeça sobre o
ombro, enquanto seus assistentes icam ao redor com tochas acesas”, e
ela apontou a relı́quia com a bela luz ligada a esta cena, nomeando-a
Servulus. Ela també m nomeou Sã o Quirino em conexã o com uma dessas
relı́quias.
O Peregrino trouxe-lhe um pequeno pacote de relı́quias pertencentes
ao Castelo de Dü lmen. Continha oito pedaços de coisas velhas que ela
colocou de lado com as palavras: “Era uma vez usado por um santo. E
um pedaço de estola, uma vestimenta que tocou uma coisa sagrada.”
Quando perguntada como ela sabia disso, ela respondeu que desde que
o pacote entrou em seu quarto, ela tinha visto quatro santos ao seu lado
vestidos com essas coisas. Eles o cortaram e tocaram, e novamente eles
apareceram para ela enquanto ela recolhia os pedaços. A peregrina
perguntou se ela nã o viu Santa Tecla cuja relı́quia estava ao lado dela.
“Sim”, foi a resposta, “eu a vejo, ora aqui, ora ali, em uma visã o, como se
estivesse vigiando perto da prisã o em que Sã o Paulo está con inado. As
vezes eu a vejo deslizando por uma parede, à s vezes sob um arco, como
uma pessoa ansiosamente procurando alguma coisa.” Pegando uma
lasca de madeira marrom embrulhada em azul, ela disse: “Este é um
pedaço da madeira da qual foi feita a cruz que Maria tinha em Efeso. E
madeira de cedro, e o pedaço de seda azul pertencia a um manto que
uma vez vestiu uma imagem de Maria. E muito velho."
Em 6 de novembro de 1821, Irmã Emmerich encontrou entre suas
relı́quias um pedaço de madeira que ela deu ao Peregrino, dizendo:
“Isso foi trazido da Terra Santa há muito tempo por um peregrino. Foi
tirada de uma á rvore que icava no pequeno jardim de um essê nio.
Jesus foi levado pelo tentador ao im de seus quarenta dias de jejum”.
Entã o ela entregou outro pacote para ele: “Aqui,” ela disse, “está um
pouco de terra do Monte Sinai. Eu vejo a montanha por ele.” Pegando
um osso, ela disse: “E de um santo de julho: seu nome começa com E. Eu
o vi na prisã o com outros dois que a fome obrigou a sugar os ossos dos
mortos. Quando levado ao martı́rio, ele foi, por causa de sua
maravilhosa discurso sobre Deus, considerado um tolo, e eles queriam
libertá -lo. Mas um dos soldados gritou: 'Vamos ver se ele pode chamar
seu Deus do cé u! Ele é tã o digno do martı́rio quanto os outros!' e o
desgraçado blasfemo foi imediatamente atingido por um raio. Entã o eu
vi o santo celebrando o serviço divino em uma igreja, depois do qual ele
foi martirizado”.
H ISTORIA DE UM R ELIQUAR
A Peregrina apresentou à Irmã Emmerich uma relı́quia que ela já havia
designado como pertencente a um eremita. Depois de alguns dias, ela
relatou a seguinte visã o de uma criança, parente do velho eremita, que
havia sido martirizado pelos judeus. “Tive a apariçã o de uma criança de
cerca de quatro anos, cercada pela auré ola rosada dos má rtires. Havia
algo maravilhosamente atraente nele; suas palavras foram poucas, mas
cheias de sabedoria. Fiz uma longa viagem com ele e iquei
profundamente impressionado ao ver o menino tã o brilhante de luz,
tã o sé rio e tã o sá bio! Atravessamos uma cidade, e de imediato tive
consciê ncia do seu estado, senti que eram poucas as suas almas
piedosas. A criança me conduziu por uma ponte e me mostrou a casa
em que nasceu, uma casa razoavelmente grande e antiquada. Tudo
ainda estava dentro. Ao nos aproximarmos, os internos pensaram no
garotinho, uma tê nue lembrança de sua histó ria voltou a eles, e eu
estava disseram que a lembrança repentina dos mortos muitas vezes
surge de sua proximidade. A criança me mostrou que, como a uniã o
entre a alma e o corpo nunca cessa, nem mesmo apó s a morte, a
in luê ncia de uma alma santa nunca deixa de ser exercida sobre todos
os que lhe pertencem por laços de sangue. Um santo continua sua
in luê ncia sobre sua famı́lia e, na proporçã o de sua fé e piedade, eles
lucram com isso. Falou-me també m da salutar in luê ncia que exercera
sobre seus parentes, e que atingira pelo martı́rio aquela perfeiçã o a que
teria chegado, se sua vida nã o tivesse sido interrompida pela maldade
do homem; ainda mais, seus parentes haviam lucrado espiritualmente
com a in luê ncia que ele teria exercido se estivesse vivo, em vez de ser
arrebatado em seu quarto ano. O mal acontece nã o pela vontade de
Deus, mas somente por sua permissã o, e a realizaçã o do bem, impedida
pelo pecado alheio, nã o é totalmente frustrada; é efetuado com toda a
certeza, mas de uma maneira diferente. O crime em suas conseqü ê ncias
essenciais ataca apenas seu autor. Quanto à s suas vı́timas inocentes, o
martı́rio as leva ainda mais rapidamente à perfeiçã o. Embora o pecado
contra outrem seja um ato diretamente oposto à lei de Deus, contudo os
desı́gnios de Deus nunca sã o frustrados, pois tudo o que a vı́tima teria
alcançado durante a vida, ela realiza espiritualmente e com a mesma
liberdade de vontade. Entã o eu vi a histó ria da criança martirizada.
Seus pais eram pessoas muito piedosas que viveram cerca de trezentos
anos atrá s, em Sachsenhausen, perto de Frankfurt. Eles tinham um
parente pró ximo no Egito, um anacoreta, a quem consideravam com
grande afeiçã o e veneraçã o. Eles frequentemente comentavam,
enquanto olhavam para seu ilho, como seriam felizes se ele també m
um dia levasse uma vida santa e servisse a Deus na solidã o. Certamente,
os pais que puderam formar tal desejo por um ilho ú nico, ainda em seu
primeiro ano, devem ter sido pessoas de piedade mais do que comum!
Quando a criança completou seu primeiro ano, um de seus pais morreu.
O outro casou-se novamente, e ainda na nova famı́lia continuou a falar
do eremita e do ilho seguir seu exemplo. O garotinho era muitas vezes
entretido com este plano para o seu futuro. Por im, seu ú nico pai
sobrevivente morreu, e o menino agora era ó rfã o. O eremita continuou
a ser falado na famı́lia e a criança, agora com quatro anos, ansiava
ardentemente por vê -lo. (Ele me disse que era uma criança bonita, mas
nã o tã o bonita quanto eu agora o via, e que, se estivesse vivo, teria sido
muito bom, talvez um eremita.) Seus padrastos, que viram em ele um
herdeiro da famı́lia, nã o eram nada relutantes em se livrar dele. Eles
secretamente o encorajaram em seu desejo de seguir os passos de seu
parente piedoso; e, quando ainda nã o tinha quatro anos, o con iaram a
alguns judeus estrangeiros que viajavam para o Egito. Isso eles izeram
para acabar com ele; o pedido de mandá -lo para seu parente era apenas
um disfarce para sua traiçã o. Embora este passo tenha levado ao seu
martı́rio, a criança sempre amou sua famı́lia e seu paı́s. Um banquete
estava acontecendo na casa antiquada. Achei que fosse um casamento,
mas a criança me disse que era uma festa local. Eu vi vá rios
apartamentos brilhantemente iluminados cheios de pessoas
elegantemente vestidas dançando e festejando…. 'Assim eles se
divertem', disse a criança, 'sobre os ossos de seu ancestral que, por sua
piedade, lançou as bases de sua riqueza.' Entã o ele me levou para um
cofre murado onde estava um esqueleto branco e bem preservado em
um sofá bem arrumado em um caixã o duplo; a interna de chumbo, a
externa de algum tipo de madeira escura. Este era o progenitor da
famı́lia e um parente pró ximo da criança. Ele tinha sido um homem
muito piedoso e acumulou grande riqueza, sem prejuı́zo de sua
piedade. Quando a igreja em que ele havia sido enterrado foi destruı́da,
seus ilhos depositaram seu corpo neste cofre, onde ele agora jazia
totalmente esquecido. Passei por toda a casa. Nesta cidade vi muitos
ossos sagrados em abó badas sobre as quais outrora se ergueram
conventos e igrejas, mas cujos locais eram agora ocupados por
habitaçõ es. A criança me disse que a cidade logo iria declinar, pois
agora atingira o cume do orgulho. Entã o ele me deixou. Eu viajei para
longe atravé s do mar em um paı́s de areia quente, onde ele novamente
se juntou a mim em uma cidade em ruı́nas cujas casas pareciam
desmoronar umas sobre as outras. Em uma caverna sob uma colina, ele
me mostrou o local de seu martı́rio: parecia um matadouro. Nas
paredes havia ganchos de ferro dos quais os judeus haviam pendurado
a criança, como de uma cruz, e lentamente o sangraram até a morte. No
chã o ainda jaziam os ossos de muitas outras crianças martirizadas,
brilhando como faı́scas. Parecia que ningué m conhecia este lugar, e o
martı́rio da criança nunca havia sido descoberto ou punido. Nã o havia
cristã os ali, apenas alguns eremitas que viviam no deserto e
ocasionalmente visitavam a cidade. Entã o eu fui para o deserto e
encontrei novamente o menino má rtir debaixo das palmeiras junto à
sepultura do eremita, no mesmo local em que ele havia morado. Ele
havia morrido antes que seu jovem parente deixasse Frankfurt. Seus
restos eram luminosos. Vá rios outros foram enterrados neste deserto, e
ao redor na areia branca havia pedaços de algum tipo de coisa preta,
como cerâ mica quebrada. Aqui a criança me deixou novamente, e eu fui
levado pelo mar para outro lugar, para uma colina perto da cidade que
conté m o lugar do mártir (Roma). De um lado erguem-se casas com
videiras aqui e ali, e por baixo uma espaçosa abó bada sustentada por
colunas. A entrada está fechada, ningué m sabe de sua existê ncia. Ao
entrar, a criança má rtir apareceu novamente para mim e encontrei um
rico tesouro de ossos sagrados; toda a caverna foi iluminada por eles.
Havia corpos inteiros em caixõ es encostados nas paredes e inú meros
ossos em caixõ es menores. Comecei a trabalhar para tirar o pó e abri-
los. Em um deles encontrei um corpo cujo lençol era perfeito onde quer
que tivesse tocado os restos sagrados, enquanto todo o resto estava
reduzido a pó ; e em outros os corpos estavam completamente secos e
brancos como a neve. Vi por minhas visõ es da vida desses santos que a
maioria deles pertencia aos primeiros tempos. Alguns foram
martirizados por fazer oferendas a padres cristã os e, creio, foram
denunciados por seus parentes pagã os. Eu os vi caminhando com
passarinhos debaixo dos braços. Vi multidõ es que se tornaram
religiosas pelo voto de castidade, e casais que, por amor de Jesus, vivia
em continê ncia. Virei-me para um caixã o quadrado e raso pelo qual me
senti irresistivelmente atraı́da. Senti como se me pertencesse, pois ali
encontrei todos os meus santos, todos cujas relı́quias tenho aqui. Eu
queria trazê -lo comigo, mas a criança disse que nã o, ele deve icar onde
estava, entã o eu o cobri com um vé u azul. As relı́quias estavam todas
dispostas em pequenas almofadas. A criança me disse que eles estavam
ali escondidos desde a mais tenra idade e que lá deveriam icar. Mas
chegará o tempo em que eles serã o trazidos à luz.”
“Vi uma linda e delicada donzela arrastada pelas ruas por soldados
rudes. Ela estava envolta em um longo manto de lã marrom, seu cabelo
trançado escondido sob um vé u. Os soldados agarraram seu manto
pelos lados e a arrastaram tã o violentamente para frente que o
rasgaram. Eles foram seguidos por uma multidã o, entre eles algumas
mulheres. Ela foi conduzida atravé s de um portã o alto, atravé s de um
pá tio quadrado, e em um apartamento desprovido de mó veis, salvando
alguns baú s compridos e almofadados. Eles a empurraram e a
arrastaram de um lado para o outro, e arrancaram de seu manto e vé u.
Agnes era como uma ovelha inocente e paciente em suas mã os, leve e
eté rea como um pá ssaro; ela parecia voar enquanto eles a puxavam
aqui e ali. Eles tomaram seu manto e a deixaram. Agnes em uma roupa
de baixo branca sem mangas aberta nas laterais agora icou no canto da
sala orando calmamente com as mã os estendidas e o rosto virado para
cima. As mulheres que a seguiram nã o foram admitidas no pá tio. Todos
os tipos de homens estavam ao redor das portas como se o Santo fosse
sua presa comum. Vi sua tú nica branca ensanguentada no pescoço por
causa de um ferimento recebido, talvez a caminho. Os primeiros dois ou
trê s jovens entraram e caı́ram sobre ela, arrastando-a furiosamente de
um lado para outro e arrancando de seu corpo a roupa aberta. Eu vi
sangue em seu pescoço e peito. Ela nã o tentou se defender, pois, no
instante em que a despojaram de suas roupas, seus longos cabelos
caı́ram ao seu redor, e eu vi uma igura brilhante logo acima dela no ar,
que se estendeu sobre ela, como uma roupa, um luxo de luz. Os
desgraçados que a haviam agredido fugiram aterrorizados. Eles
encontraram seu amante insolente do lado de fora, que começou a
zombar de sua covardia. Ele se apressou para agarrá -la; mas Agnes
agarrou-o com irmeza pelas mã os e o reteve. Ele caiu no chã o, mas
levantou-se rapidamente e novamente correu loucamente sobre ela.
Novamente a virgem o empurrou de volta até a porta, e novamente ele
caiu; mas desta vez imó vel. Ela icou calma como antes, rezando,
brilhando, lorescendo, seu rosto como uma rosa brilhante. Ouviu-se
um grande grito e vá rios personagens ilustres entraram
apressadamente na sala. Um deles parecia ser o pai do jovem. Ficou
furioso, indignado, falou de feitiçaria; mas quando Agnes lhe disse que
oraria pela restauraçã o de seu ilho, se ele pedisse em nome de Jesus,
ele se acalmou e implorou que ela o izesse. Entã o Agnes virou-se para
o jovem morto e dirigiu-lhe algumas palavras. Ele se levantou e foi
levado ainda fraco e cambaleante. E agora outros homens vieram em
direçã o a Agnes; mas, como os primeiros, eles també m se retiraram
assustados. Entã o eu vi os soldados entrarem na sala. Levaram consigo
uma tú nica marrom, aberta ao lado e presa por um colchete, e um vé u
velho, como geralmente se dava aos má rtires. Agnes vestiu o manto,
enrolou o cabelo sob o vé u e acompanhou os soldados até a sala de
julgamento. Este era um lugar quadrado, cercado por um muro no qual
eram prisõ es ou câ maras; podia-se icar de pé sobre ela e observar o
que estava acontecendo abaixo. Havia espectadores sobre ele no
momento de que falo. Muitos cristã os foram levados ao tribunal de uma
prisã o que parecia nã o muito longe do lugar em que Agnes tinha sido
tã o maltratada. Acho que eram um avô , seus dois genros e seus ilhos,
todos amarrados com cordas. Eles foram conduzidos perante o juiz que
estava sentado em uma alta cadeira de pedra no pá tio quadrado, e
Agnes com eles. O juiz falou com eles gentilmente, interrogou-os e
advertiu-os; mas logo icou evidente que os prisioneiros haviam sido
trazidos apenas para assistir à morte de Agnes. Por trê s vezes ela foi
convocada perante o tribunal. Por im, ela foi condenada a ser
queimada viva. Ela foi conduzida a uma estaca, obrigada a subir trê s
degraus, e as lenhas empilhadas ao seu redor. Eles queriam amarrá -la,
mas isso ela nã o permitiria. E agora a tocha foi colocada, e novamente
eu vi a jovem brilhante derramando sobre seus raios de luz que a
envolviam como uma tela enquanto, ao mesmo tempo, as chamas se
voltavam contra seu carrasco, deixando Agnes intocada. Ela foi entã o
derrubada e conduzida perante o juiz, sob cuja ordem ela foi colocada
em um bloco ou pedra. Novamente eles queriam amarrar suas mã os,
mas novamente ela recusou e cruzou-as no peito. O carrasco agarrou-a
pelos cabelos e cortou-lhe a cabeça que, como a de Cecı́lia, icou
pendurada no ombro. Seu corpo foi jogado, vestido como estava, sobre
a pilha funerá ria, e os outros cristã os foram levados de volta à s suas
prisõ es. Durante o julgamento, vi os amigos de Agnes de longe
chorando. Muitas vezes me surpreendi que nada fosse feito aos amigos
que mostravam tanta simpatia, auxiliando e consolando os má rtires. O
corpo de Agnes nã o foi queimado, nem suas roupas, eu acho. Sua alma
saiu de seu corpo branco como a lua e voou para o cé u. Sua execuçã o
ocorreu de manhã , eu acho, pois ainda era dia quando seus amigos
tiraram o corpo da pilha funerá ria e o enterraram com reverê ncia.
Muitos estavam presentes, mas envoltos em mantos, para nã o serem
conhecidos, eu acho. eu vi no tribunal o jovem que Agnes restituiu à
vida, mas que ainda nã o havia se convertido. Vi Agnes també m à parte
dessa visã o, como uma apariçã o perto de mim, radiante e cintilante de
luz, uma palma na mã o. A auré ola que cercava toda a sua pessoa era
rosada no centro, os raios mudando para azul. Ela estava cheia de
alegria; ela me consolou em minhas dores agudas, dizendo: 'Com Jesus
sofrer, em Jesus sofrer, é doce!' Nã o consigo descrever a grande
diferença que existe entre esses romanos e os povos dos dias atuais.
Nã o havia mistura neles; eram totalmente uma coisa ou outra. Com a
gente tudo é tã o indiferente, tã o complicado! E como se houvesse em
nó s mil compartimentos dentro de mil compartimentos.
“Eu tive outra visã o. Eu vi uma donzela prostrada em oraçã o no tú mulo
de Inê s, onde ela costumava ir à noite, envolta em um longo manto,
deslizando como Madalena até o tú mulo de Nosso Senhor. Eu vi os
inimigos dos cristã os à espreita dela; eles caı́ram sobre ela e a
arrastaram. Entã o vi uma igrejinha, um octó gono perfeito, e sobre seu
altar uma festa entre santos, aparentemente uma festa patronal, muito
simples, inocente, mas solene. Uma linda jovem má rtir estava sentada
em um trono enquanto outros má rtires romanos, jovens e donzelas dos
primeiros tempos, a enfeitavam com guirlandas. Eu vi Santa Inê s e ao
lado dela um cordeirinho.”
Aqui o Peregrino entregou à Irmã Emmerich uma relı́quia sob a qual em
caracteres legı́veis aparecia o nome do Apóstolo São Mateus, mas que
ela já havia designado como pertencente a Santa Emerenciana. Mal a
havia tocado, exclamou: “Oh, que linda criança! De onde vem aquela
linda criança? E veja, há uma mulher com outro ilho!” Na manhã
seguinte, ela relatou o seguinte: “Ontem à noite vi duas crianças
adorá veis com uma enfermeira. Primeiro, um com cerca de quatro anos,
saiu por um portã o em um pó rtico, seguido por uma velha de nariz
adunco, como uma judia. Ela estava vestida com uma roupa esvoaçante,
um colarinho recortado e lapelas como manı́pulos em seus braços. Ela
levou outra menina de cerca de cinco anos e meio. A velha enfermeira
andava para cima e para baixo sob o pó rtico enquanto as crianças
brincavam. As colunas centrais do pó rtico eram redondas, encimadas
por cabeças enroladas coroadas de folhas crespas, e entrelaçadas por
serpentes esculpidas com belos rostos humanos que se estendiam das
colunas. As de canto eram quadradas com enormes má scaras cortadas
no lado interno, como cabeças de bois, abaixo das quais se cavavam trê s
buracos redondos um por baixo do outro. A certas distâ ncias na parede
interna havia pilares; acima havia uma plataforma para a qual os
degraus levavam de cada lado. No meio havia um arranjo como um
taberná culo pelo qual algo poderia ser retirado da parede. Ao redor
havia assentos esculpidos como a parte inferior das colunas; abaixo
deles havia compartimentos nos quais as crianças podiam colocar seus
brinquedos. Aqui a enfermeira estava sentada e os observava. As duas
crianças adorá veis usavam pequenas camisolas de tricô ou tecido como
camisas presas por um cinto. Algumas outras crianças da vizinhança se
juntaram a eles e eles brincaram muito bem juntos, principalmente
perto do taberná culo que eles tiraram e no qual eles colocaram seus
brinquedos, fantoches em ios, muito artisticamente feitos. Eles
pularam os degraus do taberná culo e correram para cima e para baixo
até a plataforma. Tinham, també m, alguns barquinhos com os quais
brincavam junto aos assentos com as caixas semicirculares. Eu peguei
uma coisinha rabugenta no meu colo, mas ela lutou e nã o quis icar
comigo. Isso me deixou triste, pois pensei que era por causa da minha
indignidade. Entã o as crianças estranhas foram para casa, e a
empregada, ou enfermeira, levou as duas pelo portã o, atravessando um
pá tio e subindo um lance de escadas até um apartamento em que a mã e
de uma delas estava sentada aparentemente lendo um livro. Era uma
mulher grande, vestia uma tú nica com pregas, andava pesada e
languidamente, tinha um ar grave e pouco se importava com as
crianças. Ela nã o os acariciou, embora lhes desse pequenos bolos de
diferentes formas e cores. Ela notou ainda menos a criança estranha do
que a sua pró pria. Os assentos nesta sala eram como almofadas, alguns
de couro, outros de lã , e eles tinham algo para levantá -los. O teto e as
paredes estavam cobertas de pinturas. As janelas nã o eram de vidro,
mas guarnecidas de redes bordadas com todo tipo de iguras. Nos
cantos da sala havia está tuas em pedestais. Entã o vi a enfermeira e as
crianças em um jardim que parecia um pá tio no meio do pré dio, com
quartos ao redor e uma fonte no centro. Aqui as crianças brincavam e
comiam frutas. Eu nã o vi o pai. E agora eu tinha outra foto. Alguns anos
depois, vi as duas crianças sozinhas e em oraçã o, e senti que a babá era
uma cristã em segredo e que dirigia seus passos. Eu os vi indo à noite
furtivamente com outras donzelas para uma das pequenas casas
pró ximas à s grandes montanhas. Vi també m pessoas se aproximarem
cautelosamente à noite da casa em que moravam, e fazerem um sinal
aos internos por um buraco na parede, quando estes se levantaram e
saı́ram. A enfermeira costumava levar as crianças para fora por uma
passagem nos fundos e depois voltar. Eu os vi envoltos em mantos e
deslizando com outros por um velho muro até um apartamento
subterrâ neo no qual muitas pessoas estavam reunidas. Havia dois
desses quartos. Em um havia um altar no qual todos, ao entrar,
depositavam uma oferenda. No outro nã o havia altar; parecia ser usado
apenas para oraçã o e instruçã o. Para essas reuniõ es secretas
subterrâ neas, eu via as crianças indo à noite.
“Mais uma vez eu estava diante da casa em que tinha visto os
pequeninos brincando e senti um desejo ansioso de que eles saı́ssem.
Eu vi uma de suas companheiras de brincadeiras e a enviei para
persuadir a enfermeira a trazer as crianças para fora. Ela o fez com
Agnes nos braços, uma criança de cerca de dezoito meses. Ela disse que
a outra criança nã o estava lá . Respondi que ela certamente viria em
breve, e fomos juntos para uma grande á rvore de sombra como uma
tı́lia. Com certeza, lá veio a outra criança nos braços de uma jovem de
uma pequena casa vizinha. Mas as enfermeiras nã o podiam icar; eles
tinham algo para fazer. Implorei que deixassem as crianças comigo um
pouco, o que eles izeram. Peguei os dois de joelhos, beijei e acariciei;
mas logo icaram inquietos e começou a chorar. Nã o tinha nada para
lhes dar e, na minha perplexidade, deitei-os no peito quando icaram
quietos. Joguei em volta deles meu grande manto quando, de repente,
para minha surpresa e alarme, senti que eles estavam realmente
recebendo alimento de mim. Entreguei-os à s enfermeiras que logo
voltaram seguidas pelas mã es das crianças. A mã e de Emerenciana era
a menor, a mais ativa, a mais agradá vel das duas. Ela mesma carregou o
ilho para casa, enquanto a mã e de Agnes deixou a enfermeira carregá -
la. Mas agora, para meu grande espanto, notei algo estranho em meus
seios, como se pela mamada das crianças tivessem icado inchados,
cheios de alimento, e senti neles uma opressã o, um ardor que me deu
grande ansiedade. Mal estava na metade do caminho para casa, quando
duas crianças pobres do nosso bairro vieram e drenaram meu seio,
causando-me muita dor. Vá rios outros izeram o mesmo. Reparei nesses
pobres pequeninos enxames de vermes que removi; para que fossem
alimentados e limpos ao mesmo tempo. Fiquei aliviado da opressã o em
meu peito; mas, como pensei que tudo tinha acontecido por causa das
relı́quias, guardei-as no armá rio.” No dia seguinte, enquanto a Irmã
Emmerich jazia em ê xtase, a Peregrina aproximou-se de sua cama com
as relı́quias dos Santos. Inê s e Emerenciana. Ela se virou rapidamente,
exclamando: “Nã o, nã o! Nã o posso! Eu amo essas crianças, mas nã o
posso de novo!”
S.T. _ _ PAULA _
S.T. _ _ UM GATHA
S.T. _ _ D OROTHEA
S.T. _ _ A POLONIA
“Atravé s das relı́quias de Santa Escolá stica, vi muitas cenas de sua vida
e de Sã o Bento. Vi sua casa paterna em uma grande cidade, nã o muito
longe de Roma. Nã o foi construı́do inteiramente no estilo romano; antes
havia um pá tio pavimentado cujo muro baixo era encimado por uma
treliça vermelha, e atrá s havia outro pá tio com um jardim e uma fonte.
No jardim havia uma bela casa de veraneio invadida por vinhas, e aqui
eu vi Benedict e sua irmã Escolá stica, brincando como crianças
amorosas e inocentes costumam se divertir. O teto plano da casa de
veraneio estava todo pintado com iguras que pensei, a princı́pio,
esculpidas, tã o claramente seus contornos eram de inidos. O irmã o e a
irmã gostavam muito um do outro e eram tã o quase da mesma idade
que pensei que fossem gê meos. Os pá ssaros voavam familiarmente
pelas janelas com lores e galhos no bico e icavam sentados olhando as
crianças que també m brincavam com lores e folhas, plantando
gravetos e fazendo jardins. Eu os vi escrevendo e recortando todo tipo
de iguras de materiais coloridos. Ocasionalmente, a enfermeira vinha
cuidar deles. Seus pais pareciam ser pessoas ricas que tinham muitos
negó cios à mã o, pois vi cerca de vinte pessoas empregadas na casa; mas
eles nã o pareciam se preocupar com seus ilhos. O pai era um homem
grande e poderoso, vestido no estilo romano; ele fazia suas refeiçõ es
com sua esposa e alguns outros membros da famı́lia na parte mais
baixa da casa, enquanto as crianças viviam inteiramente no andar de
cima em apartamentos separados. Bento tinha por preceptor um velho
eclesiá stico com quem icava quase todo o tempo, e a Escolá stica tinha
uma enfermeira perto de quem ela dormia. O irmã o e a irmã nã o
podiam icar sozinhos com frequê ncia; mas sempre que podiam fugir
por algum tempo, icavam muito alegres e felizes. Eu vi Scholastica ao
lado de sua enfermeira, aprendendo algum tipo de trabalho. No quarto
ao lado daquele em que dormia havia uma mesa sobre a qual se
encontravam em cestos os materiais para o seu trabalho, vá rias coisas
coloridas, das quais recortava iguras de pá ssaros, lores, etc., para
coser em outras peças maiores. Quando terminadas, pareciam
esculpidas no chã o. Os tetos dos quartos, como o da casa de veraneio,
estavam cobertos de diferentes quadros coloridos. As janelas nã o eram
de vidro; eram de algum tipo de tecido sobre o qual estavam bordados
todos os tipos de iguras, á rvores, linhas e ornamentos pontiagudos.
Escolá stica dormia numa cama baixa atrá s de uma cortina. Eu a vi de
manhã quando sua enfermeira saiu do quarto, saltou da cama e
prostrou-se em oraçã o diante de um cruci ixo na parede. Quando ouvia
a enfermeira voltar, ela costumava deslizar rapidamente para trá s da
cortina e voltar para a cama antes de entrar novamente no quarto. Vi
Bento e Escolá stica aprendendo separadamente com o tutor do
primeiro. Eles liam grandes rolos de pergaminho e pintavam letras em
vermelho, dourado e um azul extraordinariamente ino. Enquanto
escreviam, enrolavam o pergaminho. Eles usavam um instrumento do
tamanho de um dedo. Quanto mais velhas as crianças cresciam, menos
eles podiam icar juntos.
“Vi Bento em Roma, quando tinha cerca de quatorze anos, em um
grande edifı́cio no qual havia um corredor com muitos quartos; parecia
uma escola ou um mosteiro. Havia muitos jovens e alguns velhos
eclesiá sticos em um grande salã o, como se estivessem em uma festa de
feriado. Os tetos eram adornados com o mesmo tipo de pinturas da casa
de Benedict. Os convidados nã o comeram reclinados. Sentavam-se em
assentos redondos tã o baixos que eram obrigados a esticar os pé s;
alguns estavam sentados de um lado, costas com costas, em uma mesa
muito baixa. Lá eram buracos escavados na mesa maciça para receber
os pratos e pratos amarelos; mas nã o vi muita comida, apenas trê s
pratos grandes de bolos achatados e amarelos no centro da mesa.
Quando tudo terminou, vi seis mulheres de diferentes idades, parentes
dos jovens, entrarem no salã o trazendo algo como doces e garra inhas
em cestos em seus braços. Os jovens se levantaram e conversaram com
seus amigos em uma extremidade do salã o, comendo as guloseimas e
bebendo dos frascos. Havia uma mulher de cerca de trinta anos, que eu
já havia visto na casa de Benedict. Ela se aproximou do jovem com
marcada afabilidade; mas ele, perfeitamente puro e inocente, nã o
suspeitava de nada de ruim nela. Vi que ela odiava sua pureza e nutria
um amor pecaminoso por ele. Ela lhe deu uma bebida envenenada e
encantada de um frasco. Benedict nã o suspeitou de nada, mas eu o vi
naquela noite em sua cela inquieto e atormentado. Ele foi, por im, a um
homem e pediu permissã o para descer ao pá tio, pois nunca saı́a sem
permissã o. Lá ele se ajoelhou em um canto do quintal, disciplinando-se
com longos galhos espinhosos e urtigas. Eu o vi, mais tarde, como um
eremita, ajudando sua pretensa sedutora que havia caı́do em profunda
angú stia precisamente porque ela havia tentado tentá -lo. Benedict
tinha sido advertido interiormente de sua culpa.
“Depois eu vi Benedict em uma montanha alta e rochosa quando, talvez,
em seu vigé simo ano. Ele havia escavado uma cela para si na rocha. A
isto acrescentou uma passagem e outra cela, e depois vá rias celas todas
cortadas na rocha; mas apenas o primeiro abriu do lado de fora. Antes
disso, ele havia plantado um caminho de á rvores. Ele as arqueou e
ornamentou o teto abobadado com quadros que pareciam feitos de
muitas pequenas pedras juntas. Em uma cela, vi trê s dessas imagens: o
Cé u no centro, a Natividade de Cristo de um lado, o Juı́zo Final do outro.
Na ú ltima, Nosso Senhor foi representado sentado em um arco, uma
espada saindo de sua boca; abaixo, entre os eleitos e os ré probos,
estava um anjo com um par de escalas. Alé m disso, Bento izera uma
representaçã o de um mosteiro com seu abade e uma multidã o de
monges ao fundo. Ele parecia ter uma visã o de seu pró prio mosteiro.
“Mais de uma vez vi a irmã de Benedict, que morava em casa, indo a pé
visitar o irmã o. Ele nunca permitiu que ela icasse com ele durante a
noite. As vezes ela lhe trazia um rolo de pergaminho que havia escrito.
Entã o ele mostrou a ela o que havia feito, e eles conversaram sobre
coisas divinas. Benedict estava sempre muito sé rio na presença de sua
irmã enquanto ela, em sua inocê ncia, era toda alegria e alegria. Quando
ela o achou muito sé rio, ela se voltou para Deus em oraçã o, e ele
instantaneamente se tornou como ela, brilhante e alegre. Mais tarde, eu
a vi sob a direçã o de seu irmã o, estabelecendo um convento em uma
montanha vizinha distante apenas um dia de viagem. A ela se a luı́ram
numerosas mulheres religiosas. Eu a vi ensinando-os a cantar; eles nã o
tinham ó rgã os. Os ó rgã os tê m sido muito prejudiciais ao canto. Eles
fazem disso apenas um assunto secundá rio. As freiras preparavam
todos os enfeites da igreja com o mesmo tipo de bordado que
Escolá stica aprendera quando criança em casa. Sobre a mesa do
refeitó rio havia um grande pano sobre o qual havia todo tipo de iguras,
quadros e frases, de modo que cada religiosa sempre tinha diante de si
aquilo a que estava especialmente obrigada. A Escolá stica me falou dos
doces e consolaçõ es do trabalho espiritual e do trabalho dos
eclesiá sticos.
“Sempre vi Scholastica e Benedict cercados de pá ssaros mansos.
Enquanto a primeira ainda estava na casa do pai, eu via pombas voando
dela para Bento no deserto; e no mosteiro vi ao redor dela pombas e
cotovias trazendo lores vermelhas, brancas, amarelas e azul-violeta.
Uma vez eu vi uma pomba trazendo para ela uma rosa com uma folha.
Nã o posso repetir todas as cenas de sua vida que me foram mostradas,
pois estou tã o doente e miserá vel! A Escolá stica era a pró pria pureza.
Eu a vejo no cé u branca como a neve. Com exceçã o de Maria e
Madalena, nã o conheço nenhum santo tã o amoroso”.
S.T. _ _ E ULALIA 8
Entre as relı́quias da irmã Emmerich estavam dois dentes marcados
com Santa Eulália. Depois de algum tempo, ela disse: “Só um desses
dentes pertence à santa virgem má rtir Eulá lia de Barcelona. O outro
pertence a um padre que recebeu a Ordem em idade avançada e que vi
viajando ajudando viú vas e ó rfã os. O dente de Santa Eulá lia foi extraı́do
cerca de seis meses antes de seu martı́rio. Eu vi toda a operaçã o. O
dente lhe causou muito sofrimento e ela o extraiu na casa de uma jovem
amiga porque sua mã e, por excesso de ternura, nã o suportava que fosse
feito em casa. O velho que extraiu o dente era um cristã o. Sentou-se
num banquinho baixo, Eulá lia à sua frente no chã o, de costas para ele.
Ela descansou as costas contra ele e ele rapidamente puxou o dente
com um instrumento que se encaixou bem ao redor dele. O instrumento
tinha uma peça transversal ao cabo. Quando o dente saiu, ele o segurou
na pinça diante das duas garotas, que começaram a rir. A amiga de
Eulá lia implorou-lhe que lhe desse um presente, o que ela prontamente
fez. Todos os companheiros de Eulá lia a amavam e, apó s seu martı́rio, o
dente tornou-se um objeto mais precioso, uma relı́quia sagrada para o
possuidor. Passou sucessivamente para as mã os de duas outras fê meas.
Mais tarde, eu o vi em uma igreja dentro de uma caixa de prata em
forma de incensá rio. Ele estava pendurado diante de uma imagem de
Santa Apolô nia. Nesta foto, Apolô nia foi representada nã o como velha,
mas jovem com pinças na mã o e um gorro pontudo na cabeça. Entã o eu
vi que, quando esta igreja foi despojada de sua prata, o dente caiu em
posse de uma donzela piedosa longe da terra natal de Eulá lia. Partiu-se
um pedacinho de uma das raı́zes, que també m vi preservada como
relı́quia, mas nã o posso nomear o local. O dente brilha, mas nã o com a
gló ria dos ossos martirizados. Brilha por causa da inocê ncia de Eulá lia e
do desejo ardente de morrer por Jesus que mesmo entã o a animava; e
també m por causa da dor intensa que ela suportou com tanta paciê ncia.
Nã o vejo os ossos que os santos perderam antes do martı́rio brilhando
com as cores da gló ria que distingue suas outras relı́quias. A luz deste
dente estava querendo o martı́rio de toda a pessoa. Os pais de Eulá lia
eram pessoas muito ilustres. Viviam numa casa grande rodeada de
oliveiras e outras de frutos amarelos. Eles eram cristã os, mas nã o muito
zelosos; eles nã o permitiram que nada de sua fé fosse observado neles.
Eulá lia tinha intimidade com uma mulher mais velha do que ela, uma
cristã zelosa, que morava nã o muito longe da casa de Eulá lia, onde
muitas vezes trabalhava para fazer grandes bordados. Vi ela e Eulá lia
fazendo secretamente à noite as vestes da igreja, prendendo iguras de
ponto redondo em tecido. Eles usaram uma lâ mpada com um abajur
transparente; deu uma luz muito clara. Eu via Eulá lia aposentada em
seu pró prio quarto, rezando diante de uma simples cruz que havia
cortado em buxo. Ela estava consumida pelo desejo de confessar Jesus
abertamente, pois Ele muitas vezes lhe mostrava em visã o a coroa do
má rtir. Eu a vi caminhando com outras donzelas e expressando-lhes os
anseios que ela nã o ousava expressar na casa de seu pai.”
S.T. _ _ W ALBURGA
Irmã Emmerich tirou de “ sua igreja ” um osso de dedo, olhou para ele
em silê ncio por um momento, e entã o exclamou: “Que freira doce! tã o
claro, tã o bonito, tã o transparente! Ela é totalmente angelical! E
Walburga! Eu també m vejo o convento dela.” Seguiram-se entã o visõ es
da Santa e do desenterramento de seus restos sagrados, que a Irmã
Emmerich relata da seguinte forma: canonizaçã o. Um Bispo estava
superintendendo tudo, e designando lugares para os assistentes. Nã o
era a igreja do convento em que Walburga vivera; era outro e maior, e a
multidã o era muito maior do que eu já tinha visto ao redor do cruci ixo
em Coesfeld. Os nú meros foram obrigados a permanecer do lado de
fora das portas. Fiquei perto do altar, nã o muito longe da sacristia, as
duas freiras ao meu lado. Nos degraus do altar havia um baú branco liso
contendo o corpo santo; o pano de linho branco foi levantado e
pendurado em ambos os lados. O corpo era branco como a neve, e
algué m poderia pensar que ela estava viva, de tã o rosadas eram suas
bochechas. Walburga sempre teve a tez pura e clara de uma criancinha
delicada. A festa começou com a Missa Solene. Mas eu nã o aguentei
mais. Devo ter desmaiado, pois me encontrei deitado no chã o, meus
dois companheiros à minha cabeça e pé s. Vi uma abadessa do convento
de Walburga na sacristia preparando trê s tipos de massa para o pã o:
duas inas; a terceira mais grosseira, de farinha branca mesmo, mas
cheia de palha, e comecei a me perguntar para quem seriam. Aqui perdi
de vista a festa terrena e entrei em um jardim celestial no qual me foi
mostrada a recompensa de Walburga no cé u. Eu a vi com Bento,
Escolá stica, Mauras, Plá cido e muitas virgens santas da Regra de Bento,
em uma mesa coberta de pratos maravilhosos. Na cabeceira estava
Walburga completamente cercada por guirlandas e arcos de lores.
Quando voltei à igreja, a festa havia terminado; mas recebi do bispo e
da abadessa um pã o grosso, marcado com o nú mero IV. O pã o ino foi
dado aos meus companheiros. O bispo me disse que meu pã o era só
para mim, que eu nã o deveria dá -lo. Entã o ele me levou até a porta da
igreja onde as freiras de Santa Walburga tinham seu pequeno orató rio,
e eu tive outra visã o de Walburga. Ela havia, pouco tempo antes de sua
morte abençoada, sido encontrada como se estivesse morta em seu
lugar ajoelhado. Seu irmã o Willibald foi chamado e, para sua surpresa,
viu o rosto e as mã os dela cobertos de gotas de orvalho brancas como
maná . Ele o juntou em uma tigela marrom e deu à s freiras como uma
coisa sagrada. Eles izeram inú meras curas com ele depois A morte de
Walburga. Quando ela voltou a si, Willibald deu-lhe a Sagrada
Comunhã o. O orvalho pre igurava o azeite de Walburga, que vi começar
a escorrer numa quinta-feira, porque a Santa tinha uma devoçã o tã o
grande ao Santı́ssimo Sacramento e a agonia de Nosso Salvador no
Horto das Oliveiras. Sempre que tomo este ó leo, sinto-me fortalecido
como por um orvalho celestial; tem me ajudado muito em doenças
graves. Walburga estava cheia do mais terno amor pelos pobres. Ela
costumava vê -los em visã o. Ela sabia mesmo antes que eles viessem até
ela como ela deveria distribuir seu pã o entre eles. Ela deu a alguns pã es
inteiros, a outros metade e a outros pedaços que ela mesma cortou. Ela
deu-lhes, també m, um certo ó leo, ó leo de papoula espesso, eu acho, que
ela misturou com manteiga e passou no pã o; alé m disso, ela lhes deu
alguns para cozinhar. Por causa de sua generosidade e da in luê ncia
calmante e consoladora de suas palavras gentis e amorosas, suas
relı́quias receberam a propriedade de destilar ó leo. Walburga també m
protege contra cã es ferozes e feras. Eu a vi indo à noite para a ilha
doente de um senhor nas vizinhanças de seu convento. Ela foi assaltada
por seus cã es que, no entanto, ela colocou em fuga. Ela usava um há bito
marrom estreito, um cinto largo e um vé u preto sobre um branco; era
mais a vestimenta das mulheres piedosas da é poca, do que um há bito
religioso regular. Eu vi um milagre que aconteceu no momento da
grande peregrinaçã o ao seu tú mulo. Dois assassinos juntaram-se a um
peregrino em seu caminho para lá , este ú ltimo gentilmente
compartilhando com eles seu pã o; mas eles, em troca, o mataram
enquanto ele dormia. Entã o um pegou o cadá ver nas costas para
enterrá -lo fora de vista; mas ele nã o conseguiu largá -lo novamente, ele
grudou nele como se tivesse crescido rá pido. Eu o vi vagando
desesperado com o cadá ver nas costas até que, por im, ele mergulhou
no rio para se afogar. Mas ele nã o podia afundar, as á guas nã o o
queriam; eles o lançaram na margem oposta, a carga horrı́vel ainda
pendurada nele. Entã o vi algué m tentar soltar as mã os do morto com
sua espada; mas, longe de conseguir, ele permaneceu preso ao cadá ver
até se libertar por oraçã o." Quando a Peregrina se opô s a esta narrativa,
dizendo que era estranho ela ver como verdadeiras tantas coisas
singulares que até os sacerdotes piedosos negavam, ela respondeu:
“Nã o se pode dizer quã o simples, naturais e conectadas todas essas
coisas parecem no estado de contemplaçã o; e, ao contrá rio, quã o
perversas, irracionais e até insanas sã o as intençõ es e açõ es do mundo
iluminado em comparaçã o com eles! As pessoas que se consideram
muito inteligentes e que sã o estimadas assim pelos outros, muitas
vezes me parecem loucas o su iciente para serem con inadas em um
hospı́cio”.
S TS . P ASCAL E C YPRIAN
S TS . P ERPETUA E F ELICIDADE
S.T. _ _ EU SIDORO
“Vi o camponê s santo em muitas cenas de sua vida domé stica. Seu traje
era bastante alegre: uma jaqueta marrom curta com botõ es na frente e
atrá s, um recorte recortado nos ombros e punhos recortados; suas
pequenas roupas curtas e largas enfeitadas com faixas, seus pé s
amarrados. Seu boné baixo era de quatro peças viradas para cima e
presas por um botã o na coroa; parecia um pouco com um barrete.
Isidoro era um homem alto e bonito, sem nada de camponê s em sua
aparê ncia; suas feiçõ es e todo o seu comportamento eram muito
distintos. Sua esposa també m era alta, bonita e, como ele, santa. Eles
tiveram um ilho que eu vi com eles, uma vez quando criança, e outra
quando tinha cerca de doze anos. A casa deles icava perto de um
campo aberto a cerca de meia lé gua da cidade, que eles podiam ver
claramente. Nela reinava a ordem e a limpeza. Vi que tinha outros
ocupantes alé m de Isidoro e sua famı́lia, mas nã o eram seus servos.
Isidoro e sua esposa acompanhavam todas as suas açõ es com a oraçã o;
eles abençoaram cada tipo particular de alimento. Isidore nunca se
ajoelhou em oraçã o antes de ser arrebatado em contemplaçã o. Eu o vi,
enquanto passava pelos campos antes de começar seu trabalho,
abençoando a terra, e ele sempre recebia ajuda sobrenatural em sua
lavoura. Muitas vezes vi vá rios arados com bois brancos e conduzidos
por apariçõ es brilhantes, quebrando o chã o diante dele. Seu trabalho
sempre terminava antes que ele mal tivesse pensado nisso; qual
circunstâ ncia, no entanto, ele parecia nã o notar, pois sua mente estava
sempre ixada em Deus. Quando ouvia os sinos na cidade, costumava
deixar tudo como estava nos campos, e corria para a Santa Missa ou
outras devoçõ es, nas quais assistia arrebatado em espı́rito. Quando o
serviço terminasse, ele retornaria alegremente ao encontrar seu
trabalho terminado. Uma vez eu vi o ilho dele dirigindo o arado para o
campo. Os bois pareciam bastante incontrolá veis. De repente, os sinos
tocaram para a missa, e Isidoro correu para a igreja. Os animais
inquietos se acalmaram e, guiados pela criança fraca, continuaram
tranquilamente com o trabalho até o retorno do dono. Em outra
ocasiã o, enquanto Isidoro rezava diante do Santı́ssimo Sacramento, um
mensageiro apressou-se a lhe dizer que um lobo estava despedaçando
seu cavalo. Mas Isidoro nã o se mexeu; ele recomendou o caso a Deus e,
quando voltou ao campo, encontrou o lobo estendido morto diante do
cavalo. Muitas vezes vi sua esposa nos campos com ele de manhã e ao
meio-dia, capinando o solo, trabalhadores invisı́veis trabalhando por
eles. Sua tarefa foi logo cumprida. O campo de Isidoro era mais
luxuriante, mais produtivo do que qualquer outro; seus frutos pareciam
ser de qualidade superior. Ele e sua esposa deram tudo o que tinham
aos pobres e à s vezes, quando nã o tinham nada em casa, recorriam a
Deus com grande con iança. Entã o eles procuraram novamente e
encontraram provisõ es abundantes. Muitas vezes vi os inimigos de
Isidoro tentando ferir seu gado quando ele os deixava para ir à missa;
mas sempre foram impedidos e postos em fuga. Eu tinha muitas outras
fotos de sua vida santa, e entã o o vi entre os santos; uma vez em seu
estranho traje de camponê s, e novamente, como uma alma abençoada e
brilhante.”
A irmã Emmerich havia declarado vá rias vezes que deveria haver em “
sua igreja ” uma relı́quia de Nicodemos, pois ela o havia visto em visã o
visitando Jesus à noite. Por im, ela o encontrou e teve a seguinte visã o:
“Quando Nicodemos voltou com José e os outros da sepultura do
Senhor, nã o foi ao Cená culo onde jaziam escondidos alguns dos
Apó stolos, mas dirigiu-se sozinho à sua pró pria casa, levando consigo o
linho usado para descer Jesus da Cruz. Mas os judeus, que o vigiavam,
prenderam-no e o encerraram em um quarto com a intençã o de levá -lo
a julgamento depois do sá bado. Naquela noite eu vi um anjo
entregando-o. Nã o havia janela no quarto; parecia que o anjo levantou o
telhado e o levou por cima do muro. Entã o eu o vi indo de noite para se
juntar aos Apó stolos no Cená culo. Eles o esconderam; e dois dias
depois, quando també m soube da ressurreiçã o de Cristo, José de
Arimaté ia o escondeu em sua pró pria casa, até que se encarregaram de
distribuir esmolas. Foi entã o que esses linhos, usados para a descida da
cruz, caı́ram nas mã os dos judeus. També m vi em visã o que o
imperador romano, no terceiro ano apó s a ascensã o de Cristo, permitiu
que Verô nica, Nicodemos e um discı́pulo chamado Epafras, parente de
Joana Chusa, viesse a Roma, pois queria ver algumas testemunhas da
morte de Cristo e ressurreiçã o. Epafras era um homem de coraçã o
simples e um discı́pulo muito zeloso e ú til. Ele tinha sido um servo no
Templo e um mensageiro dos sacerdotes, e com os Apó stolos tinha
visto Jesus nos primeiros dias de Sua ressurreiçã o e frequentemente
depois. Eu vi Verô nica na presença do imperador. Ele estava doente e
estava deitado em um sofá elevado diante do qual pendia uma cortina.
Era uma pequena sala quadrada sem janela, a luz entrando pelo teto, de
onde pendiam cordas presas a vá lvulas que podiam ser abertas ou
fechadas à vontade. Verô nica estava sozinha com o imperador, seus
assistentes se retiraram para a antecâ mara. Ela tinha o guardanapo
sagrado e um dos lençó is da tumba. O guardanapo era uma longa tira de
tecido, um vé u que Verô nica usava na cabeça e no pescoço. Ela agora o
estendeu diante do imperador doente, a impressã o da Sagrada Face
estando de um lado dele. O rosto de Cristo aqui retratado nã o era como
uma pintura. Estava impresso em sangue, e mais largo que um retrato,
porque o guardanapo havia sido aplicado em todo o rosto. No outro
pano estava a marca sangrenta do Corpo dilacerado de Nosso Senhor.
Acho que foi aquela em que o Corpo Sagrado foi lavado antes do
enterro. Nã o vi o imperador tocar nestes linhos, ou que foram aplicados
a ele de alguma forma. Ele foi curado pela mera visã o deles. Em
agradecimento por este favor, ele quis manter Verô nica em Roma, fazer-
lhe presentes ricos, dar-lhe uma casa, servos ié is, etc.; mas toda a
recompensa que ela pediu foi permissã o para voltar a Jerusalé m e
morrer onde Jesus havia morrido. Eu vi Pilatos també m na minha visã o.
Ele foi convocado à presença do imperador furioso; mas antes de
obedecer, colocou sobre o peito, sob o pró prio manto, um pedaço do
manto de Cristo que recebera dos soldados. Eu o vi de pé entre os
guardas, esperando o imperador, e parecia que ele já sabia o quanto
este estava irritado com ele. Por im, o imperador chegou cheio de raiva,
mas assim que se aproximou de Pilatos, ele se acalmou e o ouviu com
bondade. Mas quando Pilatos se retirou, o imperador novamente se
enfureceu e ordenou que ele fosse chamado de volta. Ele foi obedecido
e novamente se acalmou com a aproximaçã o de Pilatos. Vi que isso se
devia ao retalho do manto de Jesus que Pilatos usava no peito. Acho,
poré m, que depois vi Pilatos exilado e na misé ria. Nicodemos foi
maltratado pelos judeus e deixado para morrer. Gamaliel o levou para
sua casa onde Estê vã o estava enterrado, e aqui ele morreu e foi
sepultado”.
S.T. _ _ C LARE
“Eu tinha a relı́quia de Santa Clara comigo e vi sua vida. Sua piedosa
mã e, ao orar devotamente diante do Santı́ssimo Sacramento por um
parto feliz, foi interiormente avisada de que daria à luz uma ilha mais
brilhante que o sol; portanto, a criança foi nomeada Clara. Antes do
evento, a mã e foi em peregrinaçã o a Roma, Jerusalé m e outros lugares
santos. Os pais eram nobres e muito piedosos. Desde a mais tenra
infâ ncia, Clara foi maravilhosamente atraı́da por tudo o que era
sagrado. Se fosse levada a uma igreja, estendia as mã ozinhas para o
Santı́ssimo Sacramento; mas outros objetos, por mais coloridos que
fossem, como quadros, etc., nã o a impressionavam. Vi a mã e ensinando
o ilho a rezar e o pequeno praticando zelosamente a auto-renú ncia. A
devoçã o do Rosá rio deve ter sido usada na é poca, pois vi os pais de
Clara recitando todas as noites com toda a sua casa, um certo nú mero
de Pais Nossos e Ave-Marias . També m vi a criança procurando
pedrinhas lisas de vá rios tamanhos que ela carregava em uma bolsa de
couro com dois bolsos nos quais ela colocava as pedras alternadamente
enquanto rezava. As vezes ela os colocava em uma ileira ou cı́rculo
enquanto rezava; e ela sempre observava um certo nú mero em sua
meditaçã o ou contemplaçã o. Temendo ter orado desatenta, impô s-se
uma penitê ncia. Ela teceu pequenas cruzes muito bonitas de palha. Ela
tinha cerca de seis anos quando a vi no pá tio em que os criados
estavam matando porcos. Ela pegou as cerdas, cortou-as pequenas e
colocou-as em volta do pescoço, causando-se assim grande sofrimento.
Mais tarde, sua extraordiná ria piedade começou a ser notada no
exterior, e Sã o Francisco, divinamente inspirado, veio visitar seus pais.
Clara foi chamada para vê -lo e icou profundamente impressionada com
as palavras sinceras que a Santa lhe dirigiu. Depois disso, um jovem
processou a mã o de Clare. Seus pais nã o o desencorajaram
categoricamente, embora ainda nã o tivessem consultado o ilho. Mas
ela, interiormente avisada do que estava para acontecer, correu para o
seu quarto e, ajoelhando-se diante do seu orató rio, jurou a Deus a sua
virgindade, voto que deu a conhecer solenemente quando os pais lhe
apresentaram o pretendente. Eles icaram realmente maravilhados;
mas eles pararam de instigá -la. Ela agora se dedicava a todo tipo de
boas obras, exercendo grande caridade para com os pobres, a quem
dava suas pró prias refeiçõ es sempre que podia abster-se delas sem ser
notada. Eu a vi visitando Francisco em Porciú ncula e se tornando cada
vez mais irme em sua determinaçã o de servir somente a Deus. No
Domingo de Ramos ela foi à igreja em sua melhor roupa. Ela
permaneceu de pé na parte inferior da igreja enquanto o bispo
distribuı́a as palmas no altar. De repente, ele viu um raio de luz
brilhando sobre a cabeça dela; ele desceu até onde ela estava e deu-lhe
um galho. Entã o eu vi a luz se espalhando sobre muitos outros ao seu
redor. Eu a vi sair da casa de seus pais à noite para a igreja de
Porciú ncula onde Francisco e seus irmã os a recebeu com velas acesas,
cantando o Veni Creator. Eu a vi na igreja, recebendo um há bito
penitencial e cortando o cabelo, depois que Francisco a levou para um
convento na cidade. Já usava um cinto de crina de treze nó s, que agora
trocou por um de pele de javali, as cerdas viradas ao lado de seu corpo.
Eu vi uma freira em seu convento que concebeu um ó dio amargo por
ela e que nã o quis se reconciliar com ela. Esta religiosa estava doente há
algum tempo quando Clara estava em seu leito de morte. O santo
moribundo foi enviado para se reconciliar com a irmã , mas esta
recusou. Entã o Clare orou fervorosamente e pediu a algumas das freiras
que trouxessem a irmã doente até ela. Eles foram até ela, a levantaram,
e eis! ela foi curada! Ela icou tã o profundamente afetada por isso que
correu para Clare e implorou seu perdã o. A Santa respondeu
implorando por ela em troca. Eu vi a Mã e de Deus presente em sua
morte com uma tropa de santas virgens”.
“Vi Justina, uma criança no pá tio da residê ncia de seu pai, que era
apenas uma praça do templo pagã o do qual ele era sacerdote. Ela estava
com a enfermeira. Ela desceu a uma cisterna onde icou em uma pedra
no meio da á gua. Embaixo havia vá rios buracos nos quais diferentes
tipos de serpentes e criaturas de aparê ncia horrı́vel espreitavam. Eles
foram mantidos e alimentados lá . Vi Justina pegar friamente uma
grande serpente em uma mã o e vá rias menores na outra. Ela os segurou
pelo rabo e se divertiu observando-os se endireitando como velas, suas
cabeças movendo-se de um lado para o outro. Eles nã o a machucaram;
eles estavam bem em casa com ela. Entre eles estavam alguns com
cerca de trinta centı́metros de comprimento, como aqueles que
chamamos de chubs (salamandras); eram usados na adoraçã o dos
ı́dolos. Justina uma vez ouviu em uma igreja cristã um sermã o sobre a
Queda do Homem e a Redençã o. Ela icou tã o impressionada com isso
que recebeu o batismo e converteu sua mã e. Esta informou ao marido
que, muito perturbado por uma apariçã o, foi batizado també m com sua
esposa, e depois viveram com muita piedade e felicidade. Uma cena me
tocou especialmente. Justina tinha um lindo rosto redondo e os mais
lindos cabelos louros que brilhavam como ouro. Ele estava enrolado em
volta da cabeça em tranças sedosas requintadas, ou caı́a em seus
ombros em cachos luxuriantes. Eu a vi de pé à mesa ao lado do pai e da
mã e, comendo pã ezinhos. O pai, olhando com admiraçã o para o cabelo
dela, disse: 'Temo, minha ilha, que você nã o consiga atravessar o
mundo. Como Absalã o, você icará pendurado pelos cabelos. Justina
nunca tinha pensado em seu cabelo, e essas palavras a deixaram muito
sé ria. Ela se retirou, e nã o sei o que ela fez com seu lindo cabelo, mas o
des igurou completamente, assim como suas sobrancelhas. Pareciam
que ela os havia chamuscado. Nesse caimento ela percorreu a cidade
até seu pai, que mal a reconheceu. Eu vi um jovem apaixonado por ela.
Ele estava prestes a levá -la à força, pois nã o podia esperar conquistá -la.
Ele a esperou com companheiros armados em uma estrada solitá ria
entre muros; mas quando ele a agarrou, ela o repeliu com as duas mã os,
ordenando-lhe que permanecesse onde estava. E lá icou ele até que ela
estivesse fora de perigo. Entã o eu vi o mesmo jovem contratar a
assistê ncia do mago Cipriano, que con iantemente lhe prometeu
sucesso.
“Este Cipriano, embora naturalmente nobre e generoso, foi totalmente
entregue à necromancia. Em sua juventude, ele havia sido instruı́do em
feitiçaria. Ele havia viajado para longe em busca de conhecimento; e
inalmente se estabeleceu com grande renome em Antioquia, onde
Justina e seus pais haviam se convertido. Ele era um pagã o amargo. Ele
tinha ido tã o longe a ponto de insultar Jesus nas igrejas cristã s e
expulsar as pessoas por sua feitiçaria. Eu costumava vê -lo chamando o
demô nio. Ele tinha em sua casa uma adega abobadada semi-
subterrâ nea que era iluminada de cima. Ao redor das paredes havia
ı́dolos hediondos em forma de animais e serpentes. Em um canto havia
uma está tua oca do tamanho de um homem, as mandı́bulas abertas
apoiadas na borda de um altar redondo sobre o qual havia uma panela
de brasas. Quando Cipriano invocou o demô nio, ele vestiu um traje
particular, acendeu o fogo no altar, leu certos nomes de um rolo de
pergaminho, montado sobre o altar, e pronunciou o mesmo nas
mandı́bulas do ı́dolo. Instantaneamente o espı́rito icou em forma
humana ao lado dele, sob a aparê ncia de um servo. Havia algo sinistro e
assustador, como uma má consciê ncia, nas feiçõ es dessas apariçõ es. O
espı́rito tentou por duas vezes seduzir Justina sob a forma de um jovem,
assaltando-a no pá tio; mas ela o colocou em fuga pelo Sinal da Cruz e
escapou de sua in luê ncia pelas cruzes que ela erigiu nos cantos de seu
quarto. Entã o eu a vi em um cofre secreto de sua casa, ajoelhada em
oraçã o diante de um nicho no qual havia uma cruz e um pequeno
Menino branco. Este parecia estar dentro de uma mala, a parte superior
do corpo livre, as mã ozinhas cruzadas. Enquanto Justina se ajoelhava,
um jovem se aproximou dela por trá s com má s intençõ es; quando de
repente vi a apariçã o de uma senhora, como se saı́sse da parede, e o
jovem caiu no chã o antes mesmo que Justina percebesse sua presença.
Ela se virou e fugiu. Eu a vi destruir completamente sua beleza com
pomada. Vi Cipriano deslizando e borrifando a casa de Justina, em um
momento de descuido para ela quando nã o estava em oraçã o. Agitou-se
violentamente, correu pela casa e, por im, fugiu para o seu quarto,
onde, diante das cruzes que ela mesma havia erguido, ajoelhou-se em
oraçã o até que o encanto se quebrasse. Quando Cipriano fez sua
terceira tentativa, o inimigo apareceu sob a forma de uma jovem
piedosa que conversou com Justina sobre o assunto da castidade. Este
ú ltimo icou muito satisfeito; mas quando seu companheiro começou a
falar de Adã o, Eva e casamento, Justina reconheceu o tentador e fugiu
para suas cruzes. Cipriano viu tudo isso em espı́rito e se tornou cristã o.
Eu o vi prostrado em uma igreja, mesmo se deixando pisar como um
tolo. Ele estava profundamente arrependido e queimou todos os seus
livros sobre magia. Ele depois se tornou um bispo e colocou Justina
entre as diaconisas. Ela morava ao lado da igreja. Ela fez e bordou
grandes vestimentas da igreja. Mais tarde, vi Cipriano e Justina
martirizados. Eles foram pendurados por uma mã o em uma á rvore e
rasgados com ganchos.”
“Eu vi este santo em sua infâ ncia. Ele era ilho de pais pagã os e de uma
mente inquisitiva. Ele sempre se recomendava ao Deus Supremo que o
iluminava com visõ es durante o sono. Vi seus pais reprovando-o por
sua negligê ncia para com os deuses e colocando-o sob os cuidados de
um severo preceptor; mas uma apariçã o veio a ele durante a noite e o
mandou fugir enquanto seu preceptor dormia. Ele obedeceu, e eu o vi
atravessando a Palestina e ouvindo avidamente tudo o que podia ouvir
sobre Jesus. Novamente o vi no Egito, onde estudou astronomia no local
em que a Sagrada Famı́lia havia permanecido. Aqui eu o vi, de pé com
vá rios outros diante da escola, observando o eclipse do sol na morte de
Jesus. Ele disse: 'Isso nã o está de acordo com as leis da natureza. Ou um
Deus está morrendo, ou o mundo está acabando!' Eu vi o pró prio
preceptor, um homem de boas intençõ es, avisado para procurar seu
erudito. Ele o fez, encontrou-o e foi com ele para Helió polis. Demorou
muito para que Dionı́sio pudesse se reconciliar com a ideia de um Deus
cruci icado. Depois de sua conversã o, ele muitas vezes viajou com
Paulo. Ele viajou com ele para Efeso para ver Maria. O Papa Clemente o
enviou a Paris, onde vi seu martı́rio. Ele pegou a cabeça entre as mã os,
cruzou-as sobre o peito e caminhou ao redor da montanha, uma grande
luz brilhando dele. Os carrascos fugiram com a visã o, e uma mulher
deu-lhe sepultura. Ele era entã o muito velho. Ele tivera muitas visõ es
celestiais, alé m das quais Paulo lhe revelara o que ele pró prio havia
visto. Ele escreveu obras magnı́ icas, das quais muitas ainda existem.
Seu livro sobre os Sacramentos nã o foi concluı́do por ele, mas por
outro”.
AR ELIC DE S T . L UKE
Em 11 de março de 1821, a irmã Emmerich disse: “Há algum tempo,
tenho visto frequentemente perto de mim uma bela partı́cula branca do
crâ nio de Luke. Eu o vejo distintamente; mas, como nã o acreditaria em
visã o, fui punido ao acordar, esquecendo-o. Ontem à noite eu vi toda a
sua histó ria. Gregó rio Magno trouxe de Constantinopla para Roma o
crâ nio de Sã o Lucas e um braço de Santo André , que atraiu sobre ele
tantas bê nçã os que ele fez grandes presentes aos pobres. As relı́quias
sagradas foram colocadas em seu mosteiro de Santo André . Depois
també m Colô nia foi enriquecida com uma porçã o deles, para grande
alegria de seu Bispo. Mais tarde, Mayence, Paderborn e Mü nster
receberam parte dessas relı́quias, e agora ambos estã o comigo. A
relı́quia de Santo André está encerrada, e a de Sã o Lucas deve estar em
um canto sob algumas peças. Só agora nã o sei exatamente onde.”
No dia seguinte, o Peregrino implorou-lhe que procurasse as referidas
relı́quias; e, embora em ê xtase, ela atendeu ao seu pedido. Ela
encontrou o de St. Luke, um pequeno fragmento de crâ nio de trê s
pontas, escondido sob uma pilha de sucatas em um canto de sua
prensa. Ela disse: “Vi novamente que este corpo foi encontrado em uma
igreja em ruı́nas de Constantinopla, e sua autenticidade foi comprovada
por ser aplicado aos doentes. Os ossos foram lavados e a á gua dada a
um leproso que bebeu dela e foi curado. Vi muitas coisas de Sã o
Gregó rio, como ele estimava as relı́quias, e quantas curas ele efetuou
por elas; a primeira era a de uma mulher louca, a segunda uma jovem
possuı́da de um espı́rito imundo. Ele colocou as relı́quias em sua
cabeça. Vi como algumas das relı́quias foram trazidas para Colô nia por
um santo bispo, depois para Treves, Mayence, Paderborn e, inalmente,
para Mü nster, acho que sob o bispo Fü rstenberg”.
S.T. _ _ U RSULA
S.T. _ _ HUBERT _
“Ao pegar suas relı́quias, vi o santo bispo. Ele disse: 'Esse é o meu osso.
Eu sou Hubert! Entã o tive visõ es de sua vida, e o vi como um menino
em um velho castelo solitá rio cercado por um fosso. Ele usava um terno
justo e perambulava com sua besta na loresta e no campo, caçando
pá ssaros, que depois dava aos doentes ao redor do castelo. Muitas
vezes o vi cruzando cautelosamente o fosso em uma prancha lutuante
para distribuir suas esmolas. Entã o eu o vi um jovem casado em um
paı́s distante, juntando-se a muitos outros em uma grande caçada. Ele
usava um gorro de couro; no peito pendia um tubo dobrado, no ombro
uma besta e na mã o carregava uma lança leve. Todos os caçadores
tinham cachorrinhos castanhos. Vi um grande ao lado de Hubert; ele
també m tinha uma espé cie de carrinho de mã o entre duas bundas para
levar o jogo para casa. Os caçadores atravessaram um vasto distrito
selvagem até o local da açã o, uma ampla planı́cie perto de um riacho.
Hubert e seus cã es seguiram por muito tempo um pequeno veado
amarelo; mas quando os cã es quase o alcançaram, eles correram de
volta para seu dono ganindo como se quisessem lhe dizer alguma coisa.
O cervo parou, olhou para Hubert, recomeçou a ser perseguido pelos
cã es até que este, como antes, correu de volta para o dono. Isso eles
repetiram vá rias vezes. Por im, Hubert estabeleceu o cã es de seus
companheiros esportistas nele; mas eles també m voltaram correndo
choramingando. A ansiedade de Hubert aumentou, e ele percebeu agora
que o veado crescia cada vez mais. Ele renovou a caçada com mais
ardor do que antes, até estar bem à frente de seus companheiros,
seguindo o veado, que ainda parecia aumentar de tamanho. Ele o
perseguiu até um matagal denso. Aqui ele pensou que iria enredar seus
chifres e nã o conseguir prosseguir, mas, para sua surpresa, o animal
avançou sem di iculdade enquanto ele pró prio, acostumado a limpar
todo tipo de cerca viva, o seguiu apenas com esforço. E agora o veado
parou. Lá estava ele grande e bonito, na cor de um cavalo amarelo, com
longos cabelos sedosos no pescoço. Hubert estava à sua direita, sua
lança erguida para golpear, quando de repente o animal lançou sobre
ele um olhar cheio de doçura, e eis que, bem entre seus chifres, brilhou
um cruci ixo deslumbrante! Hubert caiu de joelhos e tocou sua buzina.
Quando seus companheiros chegaram, encontraram-no inconsciente.
As apariçõ es ainda eram visı́veis; mas logo o cruci ixo desapareceu, o
veado retomou seu tamanho original e desapareceu. Entã o vi Hubert
sendo carregado de volta para a casa no carrinho de mã o entre os
jumentos. Ele era um cristã o. Seu pai parecia ser um duque
empobrecido, pois seu castelo estava muito fora de reparo. Quando
menino, Hubert teve em um deserto a apariçã o de um Jovem que o
convidou a segui-lo sozinho; mas a impressã o feliz entã o produzida foi
dissipada por seu amor pela caça. Em outra ocasiã o ele perseguiu um
cordeiro até que a criaturinha se refugiou em um espinheiro. Hubert
acendeu uma fogueira ao redor; mas as chamas e a fumaça se voltaram
contra ele, deixando o cordeiro ileso. Hubert foi levado de volta tã o
doente que se pensou que ele iria morrer. Ele estava profundamente
contrito e prometeu que, se Deus prolongasse sua vida, ele o serviria
ielmente. Ele se recuperou, sua esposa morreu, e eu o vi vestido com
roupas de eremita. Ele foi favorecido com uma visã o na qual recebeu
como recompensa por sua auto-vitó ria que todo o ardor e energia de
suas paixõ es perniciosas deveriam ser transformados em dom de cura.
Pela imposiçã o das mã os ele curou tanto a alma quanto o corpo de
todas as doenças engendradas pela ira, fú ria ou sede de sangue; ele até
curou animais brutos. Ele colocou seu cinto nas mandı́bulas de cã es
loucos, e eles foram curados instantaneamente. Eu o vi assando e
abençoando pã es pequenos, redondos para os homens, oblongos para
os brutos, com os quais curava a loucura. Vi, com certeza, que quem
invocar com con iança este Santo será protegido por seus mé ritos e
poder curativo contra os ataques de raiva e loucura. Eu vi Hubert
també m em Roma, e o Papa, em consequê ncia de uma visã o,
consagrando-o Bispo”.
S.T. _ _ N ICOSTRATUS
S.T. _ _ T HEOCTISTA
S.T. _ _ G ETRRUDE
S.T. _ _ CECILIA _
S.T. _ _ C ATHERINE
“S. O pai de Catherine chamava-se Costa. Ele pertencia a uma raça real e
era descendente de Hazael a quem Elias, por ordem de Deus, ungiu Rei
da Sı́ria. Vi o profeta com a caixa de ungü ento, atravessando o Jordã o e
ungindo Hazael, com quem depois tudo correu bem. Os ancestrais
imediatos de Costa emigraram para Chipre com os persas ou medos, e
lá obtiveram posses. Eles eram como o pró prio Costa adoradores de
estrelas e fogo, e també m apegavam-se ao culto siro-fenı́cio de ı́dolos.
Catarina, por parte de mã e, era descendente da famı́lia da sacerdotisa
pagã Mercú ria, convertida por Jesus em Salamina. Depois de sua
conversã o, emigrou para a Terra Santa, recebeu no Batismo o nome de
Famula e, na perseguiçã o que eclodiu apó s o apedrejamento de Estê vã o,
ganhou a coroa de má rtir. Há muito tempo existia em sua famı́lia a
prediçã o de que um grande profeta viria da Judé ia para mudar todas as
coisas, derrubar os ı́dolos, anunciar o verdadeiro Deus e que ele
entraria em contato com essa famı́lia. Quando Mercuria fugiu para a
Palestina com suas duas ilhas, ela deixou para trá s em Chipre um ilho
ilegı́timo cujo pai era entã o o cô nsul romano. Ele havia sido batizado na
é poca de Jesus, e depois deixou a ilha com Paulo e Barnaby. Este ilho
casou-se com a irmã mais nova de sua mã e, da qual nasceu a mã e de
Catarina. Catherine era a ú nica ilha de Costa. Como sua mã e, ela tinha
cabelos louros, era muito vivaz e destemida, e sempre teve que sofrer e
lutar. Ela tinha uma enfermeira e, em tenra idade, foi-lhe fornecida com
preceptores masculinos. Eu a vi fazendo brinquedos com cascas de
á rvores e dando para crianças pobres. A medida que crescia, escrevia
muito em tabuletas e pergaminhos que dava a outras donzelas para
copiar. Ela conhecia bem a enfermeira de Santa Bá rbara, que era cristã
em segredo. Ela possuı́a em alto grau o espı́rito profé tico de seus
ancestrais maternos, e a previsã o do grande profeta foi mostrada a ela
em visã o quando ela tinha apenas seis anos. No repasto do meio-dia, ela
o relatou a seus pais, aos quais a histó ria de Mercuria nã o era
desconhecida; mas seu pai, um homem muito frio e severo, a trancou,
como castigo, em um cofre escuro. Lá eu a vi, uma luz brilhante
brilhando ao redor dela e os camundongos e outras criaturinhas
brincando mansamente ao lado dela. Catarina suspirou profundamente
depois daquele prometido Redentor da humanidade; ela implorou a Ele
que fosse até ela, e ela teve inú meras luzes e visõ es. A partir desse
momento ela concebeu um ó dio profundo contra os ı́dolos. Ela quebrou,
ela se escondeu, ela enterrou tudo que ela podia colocar suas mã os. Por
esta razã o, como també m por suas palavras singulares e
profundamente signi icativas contra os deuses, ela foi muitas vezes
aprisionada por seu pai. Ela foi instruı́da em todo o conhecimento, e eu
a vi durante suas caminhadas rabiscando na areia e nas paredes do
castelo, seus companheiros copiando o que ela escrevia. Quando ela
tinha cerca de oito anos, seu pai a levou para Alexandria, onde ela
conheceu aquele que um dia aspiraria a sua mã o. Depois de algum
tempo, ela voltou com seu pai para Chipre. Nã o havia mais judeus na
ilha, apenas aqui e ali alguns escravizados, e apenas um pequeno
nú mero de cristã os, que praticavam sua fé em segredo. Catarina foi
instruı́da pelo pró prio Deus; ela rezou e suspirou pelo santo Batismo,
que foi dado a ela em seu dé cimo ano. O bispo de Diospolis enviou
secretamente trê s sacerdotes a Chipre para encorajar e fortalecer os
cristã os e, por uma advertê ncia interior, permitiu també m que a criança
fosse batizada. Ela estava, na é poca, novamente na prisã o, seu
carcereiro sendo um cristã o em segredo. Ele a levou à noite para o local
secreto de encontro dos cristã os fora da cidade em uma caverna
subterrâ nea, onde ela muitas vezes ia para instruçõ es aos sacerdotes
por quem ela inalmente foi batizada. Ela recebeu com o Sacramento do
Batismo o dom de uma sabedoria extraordiná ria. O padre, ao realizar a
cerimô nia, derramou á gua sobre os neó itos de uma tigela. Catarina
pronunciou muitas coisas maravilhosas, embora, como todos os outros
cristã os, ela ainda mantivesse sua religiã o em segredo. Mas seu pai,
embora afetuosamente ligado à sua linda e inteligente ilhinha, nã o
pô de mais suportar sua persistente aversã o à idolatria, seus discursos e
suas profecias. Ele a levou para Pafos e a deixou lá em con inamento,
esperando assim cortar toda a comunicaçã o entre ela e seus
correligioná rios. Seus servos, tanto homens quanto mulheres, eram
frequentemente alterados por suas ordens, pois muitos deles eram
cristã os em segredo. Catarina já havia tido nessa é poca uma apariçã o
de Jesus como seu Noivo Celestial. Ele estava sempre presente para ela,
e ela nã o ouviria falar de nenhum outro cô njuge. Ela voltou para casa de
Paphos. Seu pai agora queria casá -la com um jovem de Alexandria,
chamado Maximin, descendente de uma antiga casa real e sobrinho do
governador de Alexandria que, nã o tendo ilhos, o adotou como seu
herdeiro. Mas Catherine nã o daria ouvidos a tal coisa. Ela sorridente,
mas sem medo, repeliu todos os seus avanços, repeliu todas as
tentaçõ es. Tã o grande era sua sabedoria e conhecimento que poucos
podiam ser encontrados que nã o fossem forçados a reconhecer sua
superioridade. Antes dessas propostas de casamento, ela tinha, aos
doze anos, visto sua mã e morrer em seus braços. Catarina disse à mã e
que era cristã , instruiu-a e convenceu-a a receber o batismo. Eu a vi
com um pequeno raminho verde, borrifando á gua de uma tigela
dourada na cabeça, testa, boca e seio de sua mã e.
“Sempre houve relaçõ es frequentes entre Chipre e Alexandria. O pai de
Catarina a levou para um parente naquela cidade, esperando que ela
inalmente cedesse aos seus desejos. a respeito de seu casamento. Ela
tinha entã o treze anos. Seu pretendente saiu em um navio para
encontrá -la e, novamente, ouvi-a expressar sentimentos admirá veis,
profundos e cristã os. Ela investiu contra os ı́dolos, ao que o pretendente
a golpeou vá rias vezes na boca. Catherine riu e falou com mais
entusiasmo do que antes. Ao desembarcar, levou-a para a casa paterna,
onde tudo respirava o mundo e suas delı́cias. Todos esperavam que os
sentimentos de Catherine logo mudassem; mas aqui també m ela se
mostrou destemida e digna, embora afá vel como antes. Seu
pretendente, que morava em outra ala da casa, estava como que louco
de amor e decepçã o; pois Catarina falava incessantemente de seu outro
Noivo. Todos os meios foram tomados para mudá -la, homens instruı́dos
foram enviados para discutir com ela e afastá -la da fé cristã ; mas ela
confundiu a todos, envergonhou a todos.
“Neste momento, o Patriarca Theonas estava em Alexandria. Ele havia
obtido por sua grande doçura que os pobres cristã os nã o fossem
perseguidos pelos pagã os; mas ainda assim eles foram grandemente
oprimidos, tiveram que icar muito quietos e reprimir cuidadosamente
cada palavra contra a idolatria. Deste estado de coisas resultaram
comunicaçõ es muito perigosas com os pagã os e grande mornidã o entre
os cristã os, razã o pela qual Deus ordenou que Catarina, por sua
inteligê ncia superior e zelo ardente, os despertasse para um fervor
renovado em Seu serviço. Eu vi Theonas dar-lhe a Sagrada Eucaristia,
que ela levou para casa em seu peito em uma pyx de ouro; mas ela nã o
recebeu o Precioso Sangue. Eu vi naquela é poca em Alexandria, muitos
homens pobres aparentemente eremitas, e que nã o eram prisioneiros.
Eles foram tratados com medo, forçados a trabalhar em pré dios, puxar
pedras pesadas e carregar grandes fardos. Acho que eram judeus
convertidos que se estabeleceram no Monte Sinai, mas que foram
arrastados à força para a cidade. Usavam tú nicas marrons tecidas com
cordas quase tã o grossas quanto um dedo, e um capuz da mesma cor,
que caı́a sobre os ombros. Vi que o Santı́ssimo Sacramento també m era
administrado secretamente para eles. O pretendente de Catarina partiu
em viagem para a Pé rsia e ela mesma voltou para Chipre, esperando
agora ser deixada em paz; mas seu pai icou muito aborrecido por nã o
vê -la casada. Novamente ele a enviou para Alexandria, e novamente ela
foi vı́tima de novos ataques. Mais tarde, juntou-se ao pai em Salamina,
onde foi recebida triunfalmente pelas jovens pagã s, que a encheram de
atençõ es e prepararam para ela toda sorte de diversõ es; mas tudo sem
propó sito. Entã o ela foi levada de volta a Alexandria para ser objeto de
redobrada importunaçã o. Aqui eu vi um grande festival pagã o no qual
Catarina foi obrigada por seus parentes a assistir. Mas, embora forçada
a aparecer no templo, nada poderia induzi-la a oferecer sacrifı́cio; ainda
mais, enquanto a cerimô nia idó latra estava sendo realizada com grande
pompa, Catarina in lamou-se de zelo, aproximou-se dos sacerdotes,
derrubou o altar de incenso com os vasos e exclamou em voz alta
contra as abominaçõ es da idolatria. Surgiu um tumulto. Catherine foi
apanhada como louca e examinada no pá tio, mas só falou com mais
veemê ncia do que antes; entã o ela foi levada para a prisã o. No caminho
para lá , ela conjurou os seguidores de Jesus Cristo a se juntarem a ela e
dar seu sangue por Aquele que havia dado o Seu para sua Redençã o. Ela
foi presa, espancada com escorpiõ es e exposta à s feras. Aqui me
ocorreu o pensamento: 'Nã o é lı́cito provocar assim o martı́rio!' - mas
há exceçõ es a todas as regras, e Deus tem Seus pró prios instrumentos.
A violê ncia sempre fora empregada para forçar Catarina à idolatria e a
um casamento abominá vel para ela. Imediatamente apó s a morte de
sua mã e, seu pai frequentemente a levava para os abominá veis festivais
de Vê nus em Salamina, nos quais, no entanto, ela constantemente
mantinha os olhos fechados. Em Alexandria, a fé cristã estava
adormecida. Os pagã os icaram muito satisfeitos com o fato de Teonas
consolar seus maltratados escravos cristã os e exortá -los a servir
ielmente a seus senhores bá rbaros. Eles eram tã o amigá veis com ele
que muitos cristã os fracos achavam que o paganismo nã o era tã o ruim,
talvez, a inal; por isso Deus levantou este destemido, virgem intré pida e
esclarecida para converter pela palavra e pelo exemplo, sobretudo pelo
seu admirá vel martı́rio, muitos que de outro modo nã o teriam sido
salvos. Ela fez tã o pouca ocultaçã o de sua fé que ela foi entre os
escravos e trabalhadores cristã os nas praças pú blicas, consolando e
exortando-os a permanecerem irmes em sua religiã o; pois ela sabia
que muitos deles haviam se tornado mornos e caı́dos, devido à
tolerâ ncia geral. Ela tinha visto alguns desses apó statas no templo,
participando dos sacrifı́cios, e daı́ sua santa indignaçã o. As feras à s
quais ela foi exposta apó s sua lagelaçã o lamberam suas feridas, que
foram milagrosamente curadas quando ela foi levada de volta à prisã o.
Aqui seu pretendente tentou oferecer-lhe violê ncia, mas ele foi
envergonhado e retirou-se totalmente impotente. Seu pai voltou de
Salamina. Mais uma vez Catarina foi levada de sua prisã o para a casa de
seu amante, e todos os meios possı́veis foram empregados para fazê -la
apostatar; mas as jovens pagã s enviadas para persuadi-la foram
convertidas por ela a Cristo, e até mesmo os iló sofos que vieram
disputar com ela foram conquistados. Seu pai estava louco de raiva; ele
chamou todo o caso de feitiçaria e mandou que Catherine fosse
espancada e aprisionada novamente. A esposa do tirano a visitou na
prisã o, e ela també m se converteu como també m um de seus o iciais.
Ao se aproximar de Catarina, vi um anjo segurando uma coroa sobre ela
e outro presenteando-a com um ramo de palmeira; mas nã o posso dizer
se a senhora viu ou nã o.
“Catherine foi em seguida levada ao circo e sentada em uma plataforma
alta entre duas rodas largas, cheias de pontas de ferro a iadas como um
arado. Quando os carrascos tentaram girar as rodas, foram
estremecidos por um raio e arremessados entre a multidã o pagã , cerca
de trinta dos quais foram feridos ou mortos. Seguiu-se uma terrı́vel
chuva de granizo; mas Catherine permaneceu quieta sentada com os
braços estendidos entre as rodas quebradas. Ela foi reconduzida à sua
prisã o, onde permaneceu por vá rios dias. Mais de um pagã o tentou
oferecer-lhe violê ncia, mas ela os repeliu com a mã o, e eles icaram
fascinados, imó veis. como está tuas. Quando outros tentaram violê ncia
semelhante, ela apontou para as vı́timas de seu poder e, assim, evitou
novos ataques. Tudo isso foi considerado feitiçaria, e Catarina foi
novamente levada ao local da execuçã o. Ela se ajoelhou diante do bloco,
deitou a cabeça de lado e foi decapitada com um pedaço de ferro das
rodas quebradas. Uma quantidade extraordiná ria de sangue luiu da
ferida, jorrando no ar em um jato contı́nuo até que, inalmente, o luxo
icou incolor como á gua. A cabeça foi completamente cortada. O corpo
foi jogado em uma pilha em chamas; mas as chamas voltaram-se contra
os carrascos, deixando os santos restos envoltos em uma nuvem de
fumaça. Foi entã o retirado da pilha e lançado à s feras vorazes que, no
entanto, nã o o tocaram. No dia seguinte, foi lançado em uma vala
imunda e coberto com galhos de sabugueiro. Mas naquela noite eu vi
dois anjos, em vestes sacerdotais, envolvendo o corpo luminoso em
casca e voando com ele. Catarina tinha dezesseis anos na é poca de seu
martı́rio, em 299 dC. Da multidã o de donzelas que a seguiram em
prantos até o local da execuçã o, algumas caı́ram; mas a mulher do
tirano e o o icial sofreram bravamente o martı́rio. Os dois anjos levaram
o corpo da virgem a um pico inacessı́vel no Monte Sinai, no qual havia
um espaço plano su icientemente grande para uma pequena casa. O
pico era uma massa de pedra colorida que trazia a marca de plantas
inteiras. Aqui eles colocaram os restos mortais virados para baixo. A
pedra parecia macia como cera, pois o corpo deixava sua marca nela
como se estivesse em um molde. Eu podia ver a marca distinta das
costas das mã os. Entã o eles colocaram uma cobertura brilhante sobre o
todo. Ele surgiu um pouco acima da superfı́cie da rocha. Aqui o corpo
do santo icou escondido por centenas de anos, até que Deus o mostrou
em uma visã o a um eremita do Monte Horeb, que vivia com muitos
outros na montanha sob a orientaçã o de um abade. O eremita relatou a
visã o, que teve vá rias vezes, ao seu superior e descobriu que outro dos
irmã os teve uma semelhante. O abade ordenou-lhes em obediê ncia que
removessem o corpo santo. Este foi um compromisso de nã o ser
realizado por meios naturais, pois o pico era absolutamente inacessı́vel,
saliente e escarpado por todos os lados. Mas eu vi os eremitas partirem
e, em uma noite, fazer uma viagem que, em circunstâ ncias normais,
levaria muitos dias; eles estavam, no entanto, em um estado
sobrenatural. A noite estava nublada e escura, mas o brilho brilhava ao
redor deles. Um anjo carregou cada um em seus braços até o pico
ı́ngreme. Os anjos abriram a tumba e um dos eremitas pegou a cabeça, o
outro o corpo leve e encolhido com o lençol enrolado nos braços, e
ambos foram derrubados novamente pelos anjos. Aos pé s do Monte
Sinai vi a capela, sustentada por doze colunas, onde repousa o corpo
santo. Os monges pareciam ser gregos; eles usam há bitos grosseiros
feitos por eles mesmos. Vi os ossos de Santa Catarina em um pequeno
caixã o, a caveira branca como a neve e um braço inteiro, mas nada mais.
Todas as coisas ao redor deste ponto caı́ram em decadê ncia. Perto da
sacristia há uma pequena abó bada escavada na rocha; nele há
escavaçõ es contendo ossos sagrados, a maioria deles envoltos em lã ou
seda e bem preservados. Há entre eles alguns ossos dos profetas que
viveram na montanha. Eles eram venerados até pelos essê nios em suas
cavernas. Vi os ossos de Jacó e os de José e sua famı́lia que os israelitas
trouxeram do Egito. Esses objetos sagrados pareciam ser
desconhecidos, venerados apenas pelos monges devotos. A capela é
construı́da na encosta da montanha voltada para a Ará bia.”
B OBJETOS ABENÇOADOS _
AG LANCE NO PARAISO
13 de fevereiro de 1821 - Enquanto a Irmã Emmerich jazia, como de
costume, absorta em contemplaçã o extá tica na presença do Padre
Limberg e Christian Brentano, o irmã o do Peregrino, este entrou na sala
com um pedaço de osso petri icado na mã o. Era do tamanho de um ovo
e foi encontrado no Lippe. Ele o colocou suavemente em sua cama.
Ainda em ê xtase, ela o pegou na mã o e o segurou por alguns momentos;
entã o ela abriu os olhos e olhou ixamente para a Peregrina que
esperava receber uma repreensã o por ter lhe dado o osso de um animal
bruto em vez de uma relı́quia sagrada. Mas ainda absorta na
contemplaçã o, ela exclamou: “Como o Peregrino entrou naquele
maravilhoso, lindo jardim para o qual só posso olhar? Lá está ele com
aquele grande animal! Como pode ser? Oh, como é bonito tudo o que
vejo! Nã o consigo expressar, nã o consigo descrever! O Deus, quã o
maravilhoso, quã o incompreensı́vel, quã o poderoso, quã o magnı́ ico,
quã o amá vel é s Tu em todas as Tuas obras! Oh, aqui está algo muito
acima da natureza! Pois aqui nã o há nada tocado pelo pecado! Aqui nã o
há nada de ruim, aqui todas as coisas parecem ter vindo das mã os de
Deus! Vejo uma manada inteira de animais brancos, com cabelos como
massas de cachos caindo sobre suas costas; eles sã o muito mais altos
do que os homens e, no entanto, correm tã o leves e á geis quanto os
cavalos. Suas pernas sã o como pilares, e ainda assim eles andam tã o
suavemente! Eles tê m um longo tronco que podem levantar e abaixar, e
virar para todos os lados como um braço, e longos dentes brancos como
a neve se projetam de sua boca. Como sã o elegantes, como sã o limpos!
Esses animais sã o enormes, mas tã o bonitos! Seus olhos sã o pequenos,
mas tã o inteligentes, tã o brilhantes, tã o suaves – nã o consigo descrevê -
los! Eles tê m orelhas largas e pendentes, uma cauda ina como seda,
mas tã o curta que nã o podem alcançá -la com a tromba. Oh, eles devem
ser muito velhos, seus cabelos sã o tã o compridos! Eles tê m ilhos que
amam com ternura, brincam com eles como crianças. Eles sã o tã o
inteligentes, tã o gentis, tã o suaves! Eles vã o juntos nessa ordem, como
se estivessem em algum negó cio. Depois, há outros animais! Eles nã o
sã o cachorros - eles sã o amarelos como ouro e tê m crinas compridas e
rostos quase humanos! Oh, eles sã o leõ es, mas tã o gentis! Eles se pegam
pela crina e brincam ao redor. E há ovelhas e camelos, bois e cavalos,
todos brancos e brilhantes como seda, e maravilhosamente belos
bundas brancas! Palavras nã o podem dizer como tudo é lindo, ou que
ordem, paz e amor reinam aqui! Eles nã o fazem mal um ao outro, eles
se ajudam mutuamente. A maioria é branca ou dourada; Eu vejo muito
poucos escuros. E o mais surpreendente é que todos tê m residê ncias
tã o bem arranjadas, tã o lindamente divididas em passagens e
apartamentos - e todas tã o arrumadas! Nã o se pode formar ideia disso.
nã o vejo homens; nã o há nenhum aqui! Os espı́ritos devem vir e colocar
as coisas em ordem – nã o podemos imaginar que os animais façam isso
sozinhos.”
Aqui a irmã Emmerich fez uma pausa como se estivesse atenta a
alguma coisa, e entã o exclamou: “Aı́ está a Francisca de Roma! e há
Catarina de Ricci! No alto do belo jardim lutua algo como um sol em
cujos raios os santos estã o pairando e olhando para baixo; há sempre
muitos deles acima de mim, e o sol é de um branco deslumbrante. Seus
raios parecem um grande tapete de seda branca sobre o qual lutuam os
santos, ou é como uma grande capa de seda branca brilhando aos raios
do sol. Os santos estã o de pé sobre ela e olhando para baixo — Oh,
agora eu sei tudo! Toda a á gua vem lá de cima, e o lindo jardim é o
jardim do Paraı́so! Lá estã o os animais mantidos, tudo ainda está como
Deus o criou, embora o jardim me pareça muito maior agora do que o
Paraı́so era no inı́cio. Nenhum homem pode entrar nela! A á gua
maravilhosamente lı́mpida, magnı́ ica e benta que ali brota e corre em
lı́mpidos riachos atravé s do jardim dos animais, forma ao redor de todo
o Paraı́so uma grande parede lı́quida, nã o um lago – uma parede! e oh,
que parede maravilhosa e brilhante! O topo é formado por gotas
lı́mpidas como pedras preciosas, como o orvalho da manhã nas sebes,
tal é esta parede no topo, mas clara, transparente como cristal. Na base
corre em pequenos riachos que se unem e formam mais abaixo uma
imensa catarata. O como ruge! Ningué m pode ouvi-lo sem ser surdo!
Todas as á guas da nossa terra vê m de lá ; mas quando eles chegam até
nó s, eles estã o completamente mudados, eles sã o completamente
impuros! A Montanha dos Profetas també m recebe sua á gua e umidade
do Paraı́so, que está situado tã o acima dela quanto o cé u. está muito
acima da nossa terra; e o lugar em que vejo os santos está tã o acima do
Paraı́so quanto o Paraı́so está acima das Montanhas dos Profetas.
Quando a grande catarata, formada pelas á guas do Paraı́so, chega à
montanha, ela se transforma em nuvens. Nenhum ser humano pode
alcançar aquela montanha, nada se vê acima dela, a nã o ser nuvens. No
Paraı́so nã o há construçõ es de pedra, mas apenas bosques verdes,
becos e passeios para os animais. As á rvores sã o imensamente altas,
seus troncos tã o retos e elegantes! Vejo branco, amarelo, vermelho,
marrom e preto — nã o, nã o preto , mas azul-aço brilhante. E que lores
maravilhosas! Vejo muitas rosas, principalmente brancas, muito
grandes, crescendo em arbustos altos, algumas delas subindo nas
á rvores; e há també m os vermelhos e os lı́rios brancos altos. A grama
parece macia como seda. Mas só consigo ver. Nã o consigo sentir, está
muito longe. Oh, que belas maçã s, tã o grandes e amarelas! E como sã o
longas as folhas das á rvores! Os frutos do jardim da Casa Nupcial
parecem perfeitamente deformados em comparaçã o com estes; e, no
entanto, eles sã o indescritivelmente belos quando comparados com os
da terra. Eu vejo muitos pá ssaros, mas nenhuma palavra poderia dizer
sua beleza, seu brilho de cor, sua variedade! Eles constroem seus
ninhos em lores, em cachos das mais belas lores. Vejo pombas voando
por cima do muro com pequenas folhas e galhos em seus bicos. Acho
que as folhas e lores que à s vezes recebi para aliviar minhas dores
devem ter vindo deste jardim. Nã o vejo serpentes como as que rastejam
pela terra, mas há um lindo animalzinho amarelo com cabeça de
serpente. E grande ao redor do corpo e afunila em direçã o à cauda; tem
quatro patas e, quando se senta sobre as patas traseiras, é da altura de
uma criança. Suas patas dianteiras sã o curtas, seus olhos brilhantes e
inteligentes, e é incomumente rá pido e gracioso. Eu só vejo alguns
deles. Foi um animal como este que seduziu Eva.
“Que maravilhoso! Há um portã o na parede de á gua e ali jazem dois
homens! Eles estã o dormindo, as costas apoiadas na parede de á gua
brilhante, as mã os unidas no peito, os pé s virados, um em direçã o ao
outro. Eles tê m longos cachos justos. Sã o espı́ritos vestidos com longos
mantos brancos, e trazem sob os braços pequenos rolos de escritos
brilhantes; seus bandidos jazem perto deles. Eles sã o profetas! Sim, eu
sinto! Eles estã o em comunicaçã o com o homem na Montanha dos
Profetas. E em que sofá s maravilhosos eles repousam! As lores crescem
ao redor deles em formas brilhantes e regulares, e cercam suas cabeças,
brancas, amarelas, vermelhas, verdes, azuis, brilhando como o arco-
ı́ris.” Nesse momento, o padre Limberg estendeu seus dedos
consagrados para a irmã Emmerich quando ela exclamou: “E agora,
veja, um padre! Como ele veio aqui? Ah! está bem! Ele deveria ver as
maravilhas de Deus!”
No dia seguinte, a Peregrina encontrou a Irmã Emmerich um pouco
perturbada por seu confessor ter rido de suas visõ es da noite anterior,
como de coisas irracionais e impossı́veis. Ele a repreendeu por sua
inquietaçã o, perguntando como ela poderia se queixar de seus
inimigos a considerarem uma impostora, já que ela mesma estava tã o
pronta para tratar como extravagantes as maravilhas que Deus lhe
mostrava. Com isso, ela repetiu o recital acima, acrescentando os
seguintes detalhes: “Eu estava no alto, fora dos muros do Paraı́so, sobre
os quais e atravé s dos quais eu podia ver. Em vá rias partes dele eu tive
um vislumbre de mim mesmo, e eu parecia incrivelmente grande. O
paraı́so é cercado por gotas de á gua: 13 redondos, de trê s pontas e de
vá rias formas, que se tocam sem se misturar e formam todos os tipos
de iguras e lores como quadros tecidos em linho. Podia-se ver atravé s
dele, embora nã o tã o distintamente quanto sobre ele. O topo extremo
era colorido como o arco-ı́ris, mas nã o tinha iguras; ele subiu para os
cé us como o arco-ı́ris que vemos na terra. Em direçã o à parte inferior
desta parede sã o vistos cristais derretendo em pequenos riachos como
ios de prata que se unem para formar a enorme catarata. Tã o grande
foi o seu rugido que acho que ouvi-lo seria morrer. Ainda soa em meus
ouvidos! A uma vasta distâ ncia abaixo, vaporiza e forma nuvens das
quais a Montanha dos Profetas recebe todas as suas á guas. O topo do
portã o era arqueado e colorido, mas no meio da parede a luz nã o era
tã o clara. Era como quando vemos uma coisa atravé s de outra. Os lados
da parede contra os quais os profetas se apoiavam nã o eram gotas nem
cristal, mas uma superfı́cie só lida, branca como a neve, como a seda
mais ina. Os profetas tinham longos cabelos brancos amarelados. Seus
olhos estavam fechados e jaziam como se estivessem em canteiros de
lores; suas mã os estavam cruzadas sobre o peito, e eles estavam
envoltos em mantos longos e brilhantes. Seus rostos estavam voltados
para a terra e circundando suas sobrancelhas havia uma auré ola de
muitas cores, como a gló ria dos santos, as extremidades
empalidecendo na luz. Seus rolos de escritos nã o tinham botõ es; eram
inos e brilhantes, com letras azuis e douradas. Seus cajados eram
brancos e inos, e lores variegadas pareciam estar crescendo ao redor
deles. O portã o se abriu para o leste. Alguns dos elefantes tinham peles
lisas, nã o cachos grossos como os outros, e os pequeninos corriam
como cordeiros entre seus pé s. Eles emparelharam com seus jovens em
grandes bosques. Vi també m camelos de cabelos brancos, muito
bonitos, jumentos azulados listrados, e animais como grandes felinos
brancos, manchados de amarelo e azul. A serpente amarela parecia
servir aos outros animais.
“Nos có rregos lı́mpidos vi peixes brilhantes e outros animais; mas nã o
vi vermes, nem coisas nojentas, como sapos. Todos os animais tinham
residê ncias separadas que eram abordadas por estradas diferentes. O
paraı́so é tã o grande quanto a nossa terra. Tem colinas redondas e
suaves plantadas com belas á rvores; o mais alto eu pensei aquele em
que Adam descansou. Em direçã o ao norte havia uma saı́da, mas nã o
atravé s de um portã o; era como um clarã o de crepú sculo, como uma
abertura, como uma descida ı́ngreme, e parecia-me que as á guas do
dilú vio ali haviam jorrado. Perto das grandes á guas de onde a catarata
caiu, vi um amplo campo verde espalhado com enormes ossos
esbranquiçados, que pareciam ter sido lançados pelas á guas. A mais
alta de todas é a parede de cristal; um pouco mais abaixo correm os ios
prateados; e entã o aparece o vasto corpo de á guas de onde se lança a
catarata com seu rugido ensurdecedor. Este ú ltimo se perde nas nuvens
que abastecem a Montanha dos Profetas com suas á guas. A montanha é
muito mais baixa que o Paraı́so e ica a leste; mesmo lá tudo é mais
parecido com a nossa terra.”
1º de novembro de 1823 – “Dos mamutes, aqueles animais imensos tã o
numerosos antes do Dilú vio, um casal muito jovem entrou na Arca por
ú ltimo e permaneceu perto da entrada. Nos tempos de Nimrod,
Dschemschids e Semiramis, eu ainda vi muitos. Mas eles estavam sendo
constantemente caçados e logo foram extintos. Unicó rnios ainda
existem e se agrupam. Conheço um pedaço do chifre de um desses
animais que é para os animais doentes o que os objetos abençoados sã o
para os homens. Muitas vezes tenho visto que os unicó rnios ainda
existem, mas muito distantes das residê ncias dos homens, nos vales ao
redor da Montanha dos Profetas. Em tamanho, sã o algo como um potro
com pernas inas; eles podem escalar alturas ı́ngremes e icar em uma
borda muito estreita, com os pé s juntos. Eles lançam seus cascos como
conchas ou sapatos, pois muitas vezes os vi espalhados por aı́. Eles tê m
longos cabelos amarelados, muito grossos e compridos ao redor do
pescoço e do peito; parece guirlanda. Vivem até uma grande idade. Em
sua testa há um chifre ú nico, de comprimento longo, que se enrola em
direçã o à parte de trá s da cabeça e que eles perdem em certos perı́odos.
E procurado e preservado como algo muito precioso. Os unicó rnios sã o
muito tı́midos, tã o tı́midos que nã o se pode aproximar deles, e vivem
em paz entre si e com outros animais. Os machos e as fê meas moram
separados e se reú nem apenas em certas ocasiõ es, pois sã o castos e nã o
produzem muitos ilhotes. E muito difı́cil vê -los ou capturá -los, pois
vivem muito atrá s dos outros animais sobre os quais exercem um
impé rio maravilhoso; mesmo os mais venenosos, os mais horrı́veis
parecem encará -los com espé cie de respeito. Serpentes e outras coisas
assustadoras se enrolam e se deitam humildemente de costas quando
um unicó rnio se aproxima e respira sobre elas. Eles tê m uma espé cie de
aliança com as feras mais selvagens, protegem-se mutuamente. Quando
o perigo ameaça um unicó rnio, os outros espalham terror por todos os
lados enquanto o unicó rnio se esconde atrá s deles, mas ele, por sua vez,
os protege de seus inimigos, pois todos se afastam assustados do poder
secreto e maravilhoso do sopro do unicó rnio. Deve ser o mais puro dos
animais inferiores, pois todos tê m uma grande reverê ncia por ele. Onde
quer que se alimente, onde quer que beba, todas as coisas venenosas se
retiram. Parece-me que é considerado algo sagrado, pois se diz que o
unicó rnio repousa a cabeça apenas no seio de uma virgem pura. Isso
signi ica que a carne saiu pura e santa somente do seio da Bem-
Aventurada Virgem Maria; que a carne degenerada foi regenerada nela,
ou que nela pela primeira vez a carne se tornou pura; nela, o
ingoverná vel foi vencido; nela, o que era selvagem foi subjugado; nela, a
humanidade desenfreada tornou-se pura e tratá vel; em seu seio foi
retirado o veneno da terra. Vi esses animais també m no Paraı́so, mas
muito mais bonitos. Uma vez eu os vi atrelados à carruagem de Elias
quando ele apareceu a um homem do Antigo Testamento. Eu os vi em
torrentes selvagens e furiosas e correndo rapidamente em vales
profundos, estreitos e escarpados; e també m vi lugares distantes onde
jazem montes de seus ossos nas praias e em cavernas subterrâ neas.”
Capítulo 7
S ITUAÇAO DA IRMA E MMERICH DE 1820-1824 . _ _ A VIDA
DE NOSSO L ORD . _ _ N OTAS DE C LEMENT B RENTANO . _
POSIÇAO DO PAI LIMBERG . _ _ _ _ MORTE DO A BBE L
AMBERT .
A N IGHTINGALE MORRENDO _ _
“Vi uma mesa brilhante sobre a qual havia vá rios groschens em
semicı́rculo. Logo abaixo do espaço vazio eu estava com meu guia. Atrá s
da mesa havia uma ileira de lores magnı́ icas. As lores eram minhas, a
mesa era minha, o tesouro, os groschens, eram meus; mas onde eu
estava, nã o havia nada. Nã o podia tocar nem na mesa, nem nas lores,
nem no dinheiro. Entã o meu guia se colocou diante de mim, com um
rouxinol moribundo na mã o, e disse: 'Você nã o terá mais essas lores,
essas imagens, esses tesouros, pois os meios de torná -los conhecidos
(somente para o qual foram dados a você ) foi retirado. Como prova do
que digo, restaure a vida a este pá ssaro com o sopro de sua boca.' Ele
segurou o pá ssaro em meus lá bios e eu respirei em seu bico. A vida, a
força e a mú sica retornaram, apó s o que meu guia a levou embora.
Entã o tudo desapareceu, tudo icou morto e mudo. nã o vi mais nada”.
E agora o diá rio lamenta: “Sua memó ria se foi quase inteiramente; ela
nã o pode relacionar nada! As coisas parecem para ela como se
tivessem acontecido há muito tempo. 'Porque', diz ela, 'a minha misé ria
aumenta e nã o me deixam paz para contar as coisas sagradas que me
foram mostradas como deveria, Deus as retirou de mim. Quando a paz
retornar, minhas visõ es també m retornarã o.' Ela implorou ao Peregrino
com lá grimas que nã o tornasse seus sofrimentos intolerá veis: 'Você
nã o pensa na dor que in lige! Só Deus sabe disso, só a Ele posso
reclamar! Tenho constantemente diante de mim o pavor de algum novo
sofrimento.' Ela fala incessantemente de seus sofrimentos
desconhecidos. Suas expressõ es sã o inquietas, ela é capciosa e
facilmente ferida. A Peregrina atribui isso à perda de suas sublimes
visõ es e consolaçõ es”, diz o diá rio. Como em ocasiõ es semelhantes, a
irmã Emmerich agora recorreu ao seu diretor espiritual, Dean
Overberg. 2 Ela escreveu para ele e encarregou F. Niesing, o capelã o, de
lhe descrever sua situaçã o e receber conselhos; pois, como ela declarou
ao Peregrino, foi somente na obediê ncia que ela encontrou a força
necessá ria para a tarefa de comunicar suas visõ es. Ela deu esse passo
com a aprovaçã o do padre Limberg. “Dean Overberg”, disse ela, “foi o
primeiro a me dizer para comunicar tudo ao Peregrino, e muitas vezes
reiterava a liminar. Mas a permissã o foi dada há algum tempo; deve ser
renovado para ser e icaz.”
O Peregrino nã o conseguia esconder de si mesmo a gravidade do caso.
Ele escreve: “Ela ainda está privada de suas altas contemplaçõ es, ainda
sem memó ria, muito sofrida e aparentemente muito ansiosa por algum
mal iminente. O que é , nã o se pode imaginar, e é inú til se atormentar
com isso.” Ele mesmo foi a Mü nster para exigir do reitor uma renovaçã o
de seus poderes que este concedeu, exortando-o, ao mesmo tempo, à
paciê ncia no meio das interrupçõ es incessantes e excessivamente
vexató rias das quais ele se queixava tã o amargamente. O padre Limberg
també m retirou sua interdiçã o, e a irmã Emmerich pô de novamente
relatar suas visõ es. Alguns dias antes, em ê xtase, ela exclamou: “Vejo
um jardim celestial cheio de frutos magnı́ icos, mas está fechado para
mim. Meu guia diz que agora nã o sou capaz de dar o fruto.
“Eu tive uma visã o da minha morte, eu me vi morrendo, nã o aqui, mas
nos campos. Eu caı́ de desmaio em desmaio. Santa Teresa estava ao meu
lado, assim como as santas freiras que estã o sempre comigo. Pareceu-
me que eu era novamente capaz de andar. Todos pensavam que eu
estava melhorando, embora, na realidade, eu estivesse prestes a morrer.
O Peregrino estava perto, mas nã o podia se aproximar de mim, pois eu
nã o estava onde deveria estar. Muitas vezes eu olhava para ele. Era a
terceira e ú ltima vez que minha morte parecia inevitá vel, mas eu estava
cheio de coragem. Meu guia me perguntou se, tendo sofrido tanto, eu
ainda queria viver. Eu pensei que sim, se pudesse ser de alguma
utilidade, embora eu visse muito trabalho pela frente.” Logo depois
disso, uma grande tarefa foi anunciada a ela: “Eu vi”, disse ela, “Iná cio e
Agostinho, que ambos me disseram: 'Levante-se, console o seu amigo e
prepare para ele uma tú nica branca que ele só pode passar Purgató rio.'
eu me levantei. Eu tinha um avental azul sobre minha jaqueta. Meus pé s
estavam descalços e eu temia pisar na lama. Fui ao abade Lambert e o
encorajei a encontrar a morte; ele icou alegre, até mesmo ansioso para
morrer.
“Deitei-me consumido por uma febre interna, estava com muita dor, e
tive uma visã o de um homem branco que jogou em uma pequena pilha
funerá ria todo tipo de combustı́vel, frutas, galhos, galhos, gavinhas,
tudo puramente simbó lico. 3 Fiquei parado. Ele acendeu nos quatro
lados e me jogou sobre ele. Ao ser queimado vivo, vi o todo se
transformar em um pequeno monte de cinzas brancas como a neve que
o homem espalhou pelos campos, e elas se tornaram fé rteis”.
19 de novembro de 1820 — A irmã Emmerich trabalhou e orou a noite
toda pelo abade Lambert, que tinha um abscesso no lado. Ela teve uma
visã o de sua morte e recebeu de seu Esposo a garantia consoladora de
que seus sofrimentos e sua compaixã o seriam todos contabilizados em
seu favor na hora suprema. Santa Isabel da Turı́ngia apareceu-lhe, como
ela nos conta: “Enquanto eu costurava os gorros das crianças, de
repente a vi parada ao meu lado com o Menino Jesus pela mã o. Eu ia
parar meu trabalho e me virar para ela. Mas ela pô s a mã o em mim e me
disse para continuar costurando, pois meu trabalho era mais ú til do que
a veneraçã o; estava servindo ao Menino Jesus. Entã o ela me mostrou
uma cena de sua pró pria vida, o Menino Jesus sentado em seu manto
um dia enquanto ela trabalhava para os pobres. Ele nã o disse uma
palavra até que ela terminou. Ela me ajudou."
5 de dezembro de 1820 — “Tive uma visã o triste. Vi que, depois da
morte do abade, meus inimigos tentaram me roubar e me calar; mas
foram impedidos por alguns obstá culos imprevistos. Eu estava com
muito medo de vê -los ao meu redor novamente. Entã o, em outra visã o,
vi que serei comovido por meus amigos, o Peregrino insistindo em um
lugar, seu irmã o em outro. Sofri muito com a discó rdia deles.” (Esta
visã o foi literalmente cumprida no dia do enterro do Abade.)
9 de dezembro – “Ontem à noite nã o dei descanso à Mã e de Deus.
Sentei-me ao lado dela, ocupada, costurando um boné . Mostrei-lhe,
dizendo-lhe que era para o seu ilho, e que devia dar algum alı́vio ao
abade Lambert. Eu nã o lhe dei paz! Foi muito difı́cil, mas eu continuei
dizendo: 'Você deve! Você deve!' Só lhe pedi que sofresse
pacientemente, para que nada lhe prejudicasse a alma, apenas um
pouco de alı́vio! Mas eu tive que assumir muito, pois me responderam:
'Os sofrimentos devem ser suportados!' Ao assim suplicar, vi de uma só
vez um grande nú mero de doentes em todo o mundo. Novamente me
disseram: 'Este você deve ajudar e aquele', e eles passaram diante de
mim em sucessã o. Assim, passei a maior parte da noite em oraçã o,
trabalhando e visitando os enfermos; mas ao meio-dia, quando o abade
enviou-me as suas saudaçõ es, dizendo que se sentia melhor, que tinha
comido com apetite, iquei muito feliz”.
10 de dezembro – “Mais uma vez Mary falou comigo em con iança. Ela
me disse que sua gravidez nã o tinha sido um fardo para ela; que se
sentira, à s vezes, interiormente elevada, transportada para fora de si
mesma. Ela envolvia Deus e o homem, e Aquele que ela gerou a
carregou. Devo fazer para Ele um pequeno berço. Mary me disse para
recitar diariamente nove Aves em homenagem aos nove meses em que
ela carregava o Salvador sob seu coraçã o”.
14 de dezembro – “O Peregrino encontrou o invá lido preparando
bandagens para o Abade. Ela tinha visto em visã o que ele teve uma
hemorragia profusa; na verdade, quando ele tentou se levantar esta
manhã , o sangue jorrou de sua boca, e ele foi obrigado a permanecer na
cama. Ela quer que um homem se sente com ele, mas ele nã o está
disposto a isso. Ela mesma icou a noite toda em convulsõ es
assustadoras sem ningué m para ajudá -la.
“E surpreendente que, em seu estado miserá vel, ela possa se lembrar de
qualquer coisa. Em meio aos sofrimentos crué is que ela compartilha
com o abade doente, ela foi assediada por visitantes e à tarde ela se deu
tanto trabalho com o linho recé m-lavado que suas có licas voltaram.
“Ela está tã o envolvida com o abade que esquece tudo o mais; ela se
relacionou muito pouco hoje. O pensamento dessas maravilhosas visõ es
sobre o misté rio da Redençã o, tã o mal conservado, tã o pouco estimado,
parte o coraçã o! Jesus foi, de fato, vendido por trinta moedas de prata!”
16 de dezembro – “Ela tem costurado para o abade doente e seu
semblante tem uma expressã o de sofrimento e aborrecimento. Suas
bochechas estã o molhadas de lá grimas, sua cabeça dó i violentamente,
ela vomita sangue, seu lado sangra, e novamente ela suporta as dores
da retençã o. Quando perguntada se essas nã o sã o algumas das dores do
Abade, ela nã o nega que sejam. Advento é para ela normalmente a
estaçã o mais alegre do ano. No ano passado ela estava em constante
contemplaçã o, cantando câ nticos de louvor em honra de Maria; mas
agora sofrimentos e aborrecimentos a dominam. Ela comunica apenas
visõ es fragmentá rias.”
17 de dezembro – “O Peregrino encontrou-a hoje muito afetada, o
abade Lambert arrastou-se de muletas para vê -la pela ú ltima vez, para
despedir-se dela. O pobre velho chorou e disse que nunca mais a veria.
O padre Limberg olhava com compaixã o. 'Irmã Emmerich', observou
ele, 'nunca mais encontrará uma amiga tã o iel', e implorou a Deus que
nã o a deixasse sobreviver a ele por muito tempo.
19 de dezembro – “Ela estava muito exausta hoje. Ela o gastou cuidando
do linho do abade. A noite, ela assume seus sofrimentos, pois
geralmente sã o piores. Ela está acostumada a fazer isso desde a mais
tenra infâ ncia, curando ú lceras chupando-as, etc. A compaixã o a impele
a isso. Certa vez, ela curou sua mã e de erisipela com suas oraçõ es e
remé dios simples. Seu confessor à s vezes a dissuade de tais coisas,
dizendo-lhe que tudo é puramente natural, que apenas os remé dios
comuns devem ser aplicados”.
20 de dezembro – “Sofrimentos, aborrecimentos, graças e muita
paciê ncia. Ela está exausta pelo trabalho de ontem à noite. 'Eu estava',
disse ela, 'no jardim da Casa Nupcial, onde tudo o que é bené ico para a
humanidade pode ser encontrado. Cinco estradas levam a ela de todas
as partes do mundo; no meio dela está um edifı́cio com muitos portõ es
de onde sã o distribuı́dos todos os tipos de coisas boas e salutares. Vi
muitas pessoas ali, entre as quais reconheci as trê s moças e os quatro
homens que trabalham comigo. Havia també m um presé pio com fotos
dos Santos Inocentes e do castigo de Herodes por ter tentado frustrar a
vinda do Salvador. Foi-me dito como eles se aplicam ao presente; a
saber, para aqueles que procuram destruir no mundo o fruto de Sua
vinda. Tive que rezar por todos os que se preparam para celebrar a
Santa Festa do Natal, para que expulsem o velho fermento e com Cristo
se tornem novos homens na Igreja. Eu vi ao redor ao longe um nú mero
de homens que eu tive que pegar e carregar; todos eles foram
impedidos, opostos de varias maneiras. Tive que carregar e arrastar
muitos eclesiá sticos e pessoas pesadas. Eu estaria disposto a carregar o
velho abade, mas me disseram que ele deveria se arrastar sozinho. Eu
tinha que carregar o Peregrino, embora nã o conseguisse ver por que ele
nã o conseguia se dar bem; ele estava em uma estrada muito suave.
Entã o a visã o mudou para uma igreja e um festival magnı́ ico; mas nã o
posso descrevê -lo, estou esgotado! As cenas se sucederam em rá pida
sucessã o.”
Esta visã o foi seguida por um grande aumento de sofrimento. Durante
vá rios dias, com terrı́veis â nsias, vomitou sangue e á gua quase a cada
meia hora, o que a debilitou tanto que mal conseguia falar. Nisto ela
reconheceu claramente sua missã o de obter para os pecadores
impenitentes a graça da conversã o.
23 de dezembro – “A irmã Emmerich foi encontrada esta manhã
perfeitamente insensı́vel e o padre Limberg, que foi obrigado a ir para o
campo, enviou o padre Niesing para recitar sobre ela as oraçõ es dos
enfermos. Isso o padre Niesing fez a partir do 'Livrinho das Bê nçã os', de
Martin Cochem, e o invá lido voltou à consciê ncia; ou como ela mesma
expressou, ela poderia pensar novamente. Seu pulso era quase
imperceptı́vel, ela estava rı́gida e fria, nã o conseguia falar. Uma hora
depois, o padre Niesing repetiu as oraçõ es, quando ela abriu os olhos,
moveu-se um pouco e, por im, sentou-se na cama exclamando: 'Veja, o
que a oraçã o e a mã o do padre podem fazer! Ontem à noite eu sofri
tudo. Eu tinha dores por todo o corpo e sede ardente. Nã o ousei beber
e, de fato, ainda nã o posso fazê -lo. Por im, desmaiei. Eu pensei que
certamente deveria morrer, pois a noite toda iquei como um em
agonia. Eu queria apenas pensar nos santos nomes Jesus, Maria, José;
mas eu nã o conseguia nem lembrar as palavras. Entã o senti quã o pouco
o homem pode fazer por si mesmo; ele nã o pode sequer pensar em
Deus, a menos que Deus lhe dê graça para fazê -lo. Meu pró prio desejo,
no entanto, foi um efeito dessa mesma graça divina. Eu sabia quando o
padre Niesing chegou, mas nã o conseguia me mexer nem falar. Eu sabia,
també m, que ele estava com o livrinho e esperava que ele orasse.
Quando ele começou, sua compaixã o me penetrou como cordialidade.
Recuperei a consciê ncia e, com profunda emoçã o, senti que podia
lembrar novamente os nomes Jesus, Maria, José ! A vida foi um dom da
bê nçã o sacerdotal.' Naquela noite, ela novamente implorou uma bê nçã o
e pediu també m a relı́quia de Sã o Cosme. No dia seguinte, ela recaiu em
um estado miserá vel, embora fosse capaz de articular. 'Eu apertei a
relı́quia no meu coraçã o', disse ela, 'vi a Santa perto de mim e uma
corrente de calor passou por mim. Agora tenho um pouco mais de vida,
embora esteja cheio de dores torturantes. Meu maior tormento é a
sede, mas nã o ouso beber.' Durante toda a vé spera de Natal ela icou
deitada como um cadá ver; mas como o sofrimento dela aumentou, o
abade Lambert é melhor.”
Irmã Emmerich implorou ao Peregrino que adiasse sua visita no dia
seguinte até o meio-dia, pois ela precisava descansar, pedido que deu
origem à s seguintes linhas em seu diá rio:
“O pedido dela é como uma insinuaçã o de que o Peregrino é
problemá tico, como se ele estivesse sempre disposto a provar isso
para ela. Ele nã o consegue entender! Isso o entristeceu durante a noite
santa; ele nã o sabe por que deveria sofrer tanto! Ao meio-dia, quando
ele a viu, ela estava curada, alegre, embora fraca. 'Recebi no Presé pio',
disse ela, 'uma ordem para distribuir hoje sete pã es para o Abade, pois
ele ainda é deste mundo. 4 A ordem foi repetida trê s vezes, e eu
implorei a Deus que me mostrasse os pobres a quem eles estavam
destinados. Alguns vieram por si mesmos e receberam o pã o com
lá grimas de gratidã o; os outros eu vi em espı́rito.' A observaçã o do
Peregrino de que, apó s a morte do abade, ela poderia mandar embora
Gertrude e se mudar para alojamentos mais aposentados, ela
respondeu que o reitor Overberg nunca permitiria nenhuma dessas
mudanças. O Peregrino nã o consegue entender como o Reitor poderia
se opor. E por falta de julgamento por parte de alguns, ou por uma
disposiçã o inexplicá vel da Divina Providê ncia”.
27 de dezembro — “A irmã Emmerich tem estado ocupada fazendo
bandagens e iapos para o abade, e a tosse forte de sua sobrinha lhe dá
problemas; mas ela era incansá vel em seus esforços para relatar o que
podia de suas visõ es. O pouco que ela dá é digno de agradecimento, pois
ela lida com uma mã o sempre bené ica, embora moribunda. Ela está
novamente pior.” Estes agradecimentos agradecidos foram extraı́dos do
Peregrino pela grande visã o de Sã o Joã o Evangelista relatada nesta
ocasiã o.
28 de dezembro — “Aborrecimentos recentes, comunicaçõ es
insatisfató rias ou nenhuma. Ela jaz, por assim dizer, no meio de
tormentos repugnantes; ela está doente até a morte, sua boa vontade
nã o conta para nada! Com lá grimas e ansiedade, ela costura para o
abade, para cujo quarto de doente ela mesma foi levada. Ela viu a
necessidade que ele tem de muitas coisas que ela agora está tentando
suprir. Ele chorou livremente ao vê -la. Ela adiou a narraçã o de suas
visõ es até a noite, quando estava muito cansada e visivelmente lutando
contra as tentaçõ es de reclamar. O confessor entrou e o Peregrino leu
para ela uma oraçã o em honra de Jesus Cruci icado. Em poucos
instantes ela estava mergulhada em ê xtase, toda a sua pessoa tornou-se
leve como uma pluma, e à s marcas de dor em seu semblante sucedeu
uma expressã o radiante de paz e alegria. A Peregrina pode expressar o
brilho, a beleza que brilhava em suas feiçõ es apenas com uma palavra,
ela era perfeitamente luminosa. Seu confessor apresentou-lhe o livro de
oraçõ es; ela pegou e, com os olhos ainda fechados, continuou lendo a
oraçã o até o im.”
29 de dezembro – “Ela tem tomado um pouco de caldo de cevada todas
as noites desde o Natal, mas ela o joga fora imediatamente. Ela corta e
distribui roupas para crianças pobres. Ela está muito preocupada com o
abade.
31 de dezembro – “Domingo. Ela confessou ontem e deveria ter se
comunicado hoje; mas seu confessor foi em missã o no paı́s e esqueceu
de contratar algum outro padre para levar sua Sagrada Comunhã o. Seu
semblante tem a expressã o angustiada de quem de inha de fraqueza.
Ela derramou lá grimas e nã o estava disposta a relatar suas visõ es - na
verdade, isso nã o é raro agora! Ela parece atribuir muito pouco peso à
admoestaçã o que recebe de seu anjo para relatar tudo, e as pró prias
visõ es parecem ser uma preocupaçã o para ela; ela está sempre orando
para ser libertada deles. Ela ainda declara ao confessor que seu guia lhe
disse para mandar chamar o irmã o do Peregrino, pois tem algo a lhe
dizer; mas o padre Limberg quer que ela espere até que ele venha por
vontade pró pria. Este irmã o vê em seu estado apenas um caso de
mesmerismo; ele julga tudo o que vê nela por esse padrã o errô neo.
'Mas', ela diz, 'nã o é da minha conta; é de Deus. Vejo quanto
aborrecimento essa pessoa ainda me causará . Meu guia me disse que
mesmo o ignorante Landrath tinha ideias mais corretas sobre mim.'”
1º de janeiro de 1821 – “Eu estava no Berço ontem à noite e implorei
por um pouco de alı́vio – que Deus, pelo menos, tirasse um fardo,
livrasse a pobre criança de sua tosse terrı́vel; mas nã o fui ouvido, nã o
recebi nenhum encorajamento. Eu tive uma verdadeira luta com Deus.
Eu coloquei diante Dele Suas promessas. Eu mencionei aqueles a quem
eles foram feitos, aqueles cujas orações Ele ouviu; mas nã o fui ouvido!
Aprendi que deveria ser ainda mais severamente provado no pró ximo
ano. Implorei a Deus que retirasse minhas visões, para que eu pudesse
ser dispensado da responsabilidade de comunicá -las. Nisto, també m,
nã o fui ouvido. Recebi, como de costume, a liminar para relatar o que
pudesse, mesmo que fosse ridicularizado por isso, mesmo que nã o visse
utilidade nisso. Disseram-me novamente que ningué m jamais teve
visõ es do mesmo tipo ou na mesma medida que eu; mas nã o é para
mim, é para a Igreja. Eu vi Sã o José claramente, distintamente. Ele era
velho, magro e careca, mas com bochechas coradas. Conversei com ele,
expus diante dele todas as minhas necessidades, e ele me disse para me
entregar inteiramente a Deus; que ele també m passara por grandes
provaçõ es antes que o anjo lhe dissesse que o Menino era do Espı́rito
Santo e que deveria ser o protetor da Mã e; novamente quando ele teve
que ir inesperadamente para Belé m e nã o encontrou lá nenhum
alojamento; e quando, de Nazaré , onde mal começara a sentir-se em
casa, teve de fugir para o Egito, o Menino tinha apenas nove meses. Ele
nã o disse uma palavra, mas rapidamente juntou algumas roupas, um
pouco de pã o e um par de pequenos frascos, colocou-os sobre o
jumento e partiu à noite, pensando: Deus ordenou. Ele dirigirá todas as
coisas. Certa vez, ele encontrou vá rias serpentes no deserto e pensou:
Agora é hora de Deus ajudar , e ele orou pedindo ajuda. Um anjo
apareceu, e as serpentes fugiram. Eu vi toda a cena, grandes serpentes
rastejando por entre os arbustos. Mas, interrompi, era fá cil para ele
suportar tais provaçõ es, pois tinha Jesus consigo. Ele respondeu apenas
com um olhar que me silenciou, e me pediu para me preparar para ser
bem provado este ano. Achei que ontem eu teria muito que sofrer em
trê s semanas, ou por trê s semanas.”
A esta comunicaçã o juntam-se as observaçõ es do pró prio Peregrino,
que damos com toda a sua ingenuidade, como ele mesmo quer que
façamos: valorizaçã o do que ela vê ; pois o ú nico apoio e alı́vio em seu
estado miserá vel, em meio à desordem que a cerca, é aquela sua
prerrogativa mais alta, a faculdade da visã o - e dela ela implora para ser
libertada! Parece, de fato, que ela mal sabia o que pediu. A recusa de sua
petiçã o é o maior favor mostrado a ela. Ela gostaria de se ocupar
exclusivamente com os pobres - e, no entanto, di icilmente poderia dar-
lhes mais tempo do que ela. Ela dedica apenas duas horas por dia ao
Peregrino, apesar da ordem de contar tudo o que sabe. 5 Como exemplo
do que ele tem que suportar, eis o seguinte: A mulher do moleiro trouxe
um pouco de farinha outro dia para o abade Lambert e pediu, ao
mesmo tempo, para ver a enferma, irmã Emmerich. A Peregrina estava
no momento escrevendo ao lado de sua cama e a mulher icou
esperando um minuto ou dois na ante-sala; mas assim que a irmã a viu,
ela teve um escrú pulo. 'Nã o devemos dar escâ ndalo', disse ela, 'a
mulher pode fazer re lexõ es no que ela estava dizendo ao Peregrino; ela
pode ouvir alguma coisa' etc., e ela estava toda ansiosa. O Peregrino foi,
portanto, mandado embora até a tarde, quando muito provavelmente
surgirá algum novo obstá culo para frustrar seu trabalho.
“Ela está sofrendo com Lambert. Toda noite traz febre e hemorragias; e
vá rias vezes ao dia ela é obrigada a segurar a criança doente meia hora
de cada vez, para que ela nã o sufoque enquanto tosse. — Tenho —
disse ela — visõ es contı́nuas de problemas futuros. Uma tú nica branca
foi colocada em mim e sobre ela uma preta, um vé u preto sobre um
branco. Há muitas pequenas cruzes no manto que posso montar; entre
eles trê s pretos com pontas de ouro e unidos em um. Estavam sobre o
manto, mas ao serem tocadas afundavam. També m tive visõ es
sucessivas de grandes provaçõ es, ningué m mais capaz de me
compreender. Fui abandonado e ridicularizado. Aprendi també m que
deveria voltar a me alimentar e ser capaz de andar. Minha irmã nã o
tinha permissã o para icar comigo; Fui atendido por outra pessoa, e
estava em outro lugar. O peregrino me trouxe algo para comer, mas só
pude levar mingau, pã o grosso, um par de feijõ es e á gua. Disseram-me
que frutas, doces e vinhos sã o venenosos para mim. També m vi os
experimentos feitos em mim. 6
“Hoje seu semblante está extraordinariamente calmo e sereno.
Mandou-se levar ao abade, que achou muito fraco. Ele chorou ao vê -la e
novamente se despediu dela. Ela icou tã o afetada que caiu de desmaio
em desmaio.
“Ela está novamente alegre e alegre, embora muito triste com a morte
pró xima do bom Abbé . Deus lhe dá coragem e consolaçã o; sua renú ncia
é Seu puro dom. Ela teve uma visã o da morte de Lambert: 'Pensei que
estava ao lado dele, e vi sobre ele um grande fogo que desapareceu aos
poucos em uma pequena chama.' Ela contou també m uma visã o de uma
criança sacri icada pelos Trê s Reis antes que eles tivessem recebido a
luz divina. 'Quando vi à minha direita o horrı́vel visã o do martı́rio da
criança, virei-me, mas lá estava ele novamente à minha esquerda!
Implorei a Deus que me livrasse do terrı́vel espetá culo, e meu Esposo
me respondeu: “Ainda há coisas piores! Veja como eles diariamente Me
tratam em todo o mundo!” – e entã o vi sacerdotes em pecado mortal
rezando missa; a Hó stia como uma criancinha viva no altar diante deles.
Eles o cortaram e o cortaram horrivelmente com a patena! Seu
sacrifı́cio foi assassinato. Eu vi em muitos lugares nos dias de hoje um
nú mero de pessoas boas oprimidas, atormentadas, perseguidas - E ao
pró prio Jesus Cristo que tais injú rias sã o oferecidas. Esta é uma era do
mal. Nã o vejo refú gio em lugar nenhum. Uma densa nuvem de pecado
paira sobre o mundo inteiro, tepidez e indiferença por toda parte!
Mesmo em Roma, vejo padres perversos assassinando o Menino Jesus
em sua missa. Eles querem exigir algo muito pernicioso do Papa; mas
ele vê o que eu faço e, sempre que eles tentam se aproximar dele, um
anjo com uma espada desembainhada os repele.'”
7 de janeiro – “Esta manhã calma e tranquila, perto do meio-dia ansioso
por causa do abade. Quando o Peregrino voltou, por volta das quatro
horas, encontrou seis crianças rezando ao redor da cama da enferma,
na qual estava sua sobrinha em um dos mais terrı́veis acessos de tosse
convulsiva. O semblante da irmã Emmerich havia perdido sua
expressã o serena; ela perguntou pelo seu confessor. Como o Peregrino
nã o podia fazer nada, saiu perplexo e preocupado.”
No dia seguinte, 8, ela contou o seguinte: “Durante todo o dia, mesmo
falando ou fazendo meu trabalho, vejo diante de mim o abade doente
com todos os seus sofrimentos e disposiçõ es interiores. Vejo as
tentaçõ es pelas quais o maligno tenta levá -lo ao desespero. Ele lê para
ele uma longa lista de falhas e omissõ es, e evoca visõ es de suas falhas.
Isso o torna mais covarde e impaciente, o torna mais doente. Entã o eu
rezo, trabalho, faço todo tipo de representaçã o a Deus. Assumo as dores
do abade, e entã o vejo o seu anjo aproximar-se. Sã o Martinho, seu
patrono, o ajuda, e sua fé , esperança e amor aumentam. Quando ele é
libertado da tentaçã o, de repente surge algum caso exterior, alguma
contradiçã o ou acidente para me fazer perder a minha presença de
espı́rito e nã o rezar mais pelo abade doente. Se eu triunfar felizmente
sobre isso, algum outro sofrimento é oferecido à minha paciê ncia
paciente. Ontem vi o abade à beira da morte; ele perdeu a consciê ncia,
suas tentaçõ es se multiplicaram, suas mã os vagaram sobre a colcha.
Voltei-me para Deus, rezando para que ele ainda pudesse sofrer, fazer
penitê ncia neste mundo, mas me disseram que ele deveria morrer, e
que eu deveria agora examinar se eu estava disposto a renunciá -lo à
vontade de Deus. Entã o veio uma imagem estranha diante de mim.
Algué m apareceu e falou com pesar da minha perda se o abade
morresse. Isso foi feito para me levar a reclamar e lamentar, para me
fazer perder a paciê ncia e a resignaçã o. Foi uma luta difı́cil! Alé m disso,
eu nã o estava sozinho por um instante; eles estavam constantemente
falando comigo e a criança estava tossindo. Mas eu venci o inimigo e
disse em meu coraçã o: Tua vontade, ó Senhor, seja feita! Mal pronunciei
as palavras, vi o abade melhor e mais alegre. Como ultimamente ele tem
sofrido muito com seu ferimento, orei por ele fervorosamente e me
perguntaram se eu estava disposto a aliviá -lo sugando o ferimento.
Quando respondi que sim, fui imediatamente transportado para sua
cabeceira. Chupei a ferida, aliviou a dor e ele disse ao mé dico: 'Acho que
ma soeur me ajudou!'”
9 de janeiro – “Em um violento acesso de tosse, ela vomitou pelo menos
dois litros de sangue, mas continuou trabalhando e orando por seu
amigo doente. Ela relatou també m suas visõ es da chegada a Belé m e a
adoraçã o dos Trê s Reis.”
11 de janeiro — “A doença de Lambert aumenta e a irmã Emmerich está
exausta de ansiedade. Ela diz que o abade ainda tem uma certa
distâ ncia a percorrer na escuridã o. Ela ganhou uma tré gua para ele da
morte, para que ele nã o tenha que permanecer muito tempo no
Purgató rio. As terrı́veis crises de tosse da criança ajudarã o a obter para
ela uma morte pacı́ ica.”
12 de janeiro – “Ela está muito calma, graças a Deus! embora em estado
lamentá vel e na expectativa da morte do abade. Sua força diminuiu
muito, e ela está constantemente orando por ele. Ela está fazendo uma
camisa para uma criança pobre que lhe foi mostrada como precisando
de uma”.
13 de janeiro – “Os esforços que ela faz e os cuidados que recaem sobre
ela, sobrecarregam muito sua força. Ela mesma diz que seu fardo é
pesado. Ela parece perfeitamente exausta e o suor escorre por seu rosto
pá lido. Ela ainda apó ia a criança em seus acessos de tosse.”
14 de janeiro – “Ela relatou o seguinte: 'Minha mã e apareceu enquanto
a criança tossia e me consolou. Enquanto ela icou, a criança icou
aliviada. Ela estava mais bonita e luminosa do que de costume, e senti
um certo assombro ao falar com ela. Eu nã o a via o tempo todo; ela
desapareceu e reapareceu. Ela nã o me prometeu ajuda. devo sofrer. A
criança també m sofre e merece por isso. Devo perseverar até o im. Ela
me mostrou meus sofrimentos e lutas como tantas lores, frutos e
coroas, e depois como jardins e palá cios, dizendo que o que há ali
provado e desfrutado é in initamente mais doce do que o mortal pode
conceber. Estou fazendo em visã o uma jornada dolorosa com o abade.
As vezes ele está bem perto da Jerusalé m celestial; entã o ele faz uma
pausa, ele perdeu algo que eu tenho que levar para ele. Costumo passar
por cemité rios onde jaz algué m que esqueceu algo que, com in inita
labuta e fadiga, tenho que levar até ele por estradas ruins, a lama até a
cintura. Eu tenho mil tarefas assim, e por perto sempre tem algué m
para me contradizer, para me impedir de realizar qualquer coisa.'”
15 de janeiro – “O Peregrino a encontrou em ê xtase. Ela foi levada para
o quarto do abade Lambert. Assim que o viu, ela caiu em ê xtase, estado
em que foi levada de volta para seu pró prio quarto. Quando a Peregrina
entrou, ela parecia estar envolvida em um trabalho espiritual muito
cansativo. Ao retornar à consciê ncia, ela nã o sabia onde estava. 'Como
eu cheguei aqui?' ela perguntou. Por im, lembrando-se do que havia
acontecido, ela disse: 'Eu vi, quando com o abade, que sua alma ainda
precisava de algo e assim, eu foi descalço pela neve até a capela para
fazer a Via Sacra para ele. Vi que isso pagaria toda a sua dı́vida. A
estrada era difı́cil, meus pé s estavam frios. O Peregrino viu que o dia
inteiro estava perdido. O que poderia bene iciar a humanidade é jogado
fora, inutilmente, pois ela lembra muito pouco em comparaçã o com o
que poderia se estivesse em uma situaçã o mais favorá vel. Dó i-lhe
gravar essas linhas, pois seria muito fá cil preservar todas, se houvesse
tã o pouca ordem na casa. Ela respira dolorosamente e diz: 'Sinto que o
Peregrino está novamente insatisfeito, mas nã o tenho culpa.' Ele seria,
de fato, insensı́vel, se nã o estivesse desgostoso com este lamentá vel
desperdı́cio! Naquela tarde, o Peregrino a encontrou conversando com
uma de suas antigas companheiras de convento, a Srta. Woltermann.
Ele nã o consegue entender como ela pode se cansar de entreter uma
pessoa assim, especialmente porque isso a faz esquecer suas visõ es.
Enquanto estava sentado lamentando a perda irrepará vel, entrou seu
irmã o solteiro e o Peregrino teve que se retirar para a sala ao lado, de
onde ele podia ouvir os tons de sua voz em uma conversa animada. Ela
foi quem mais falou. Quando, por im, o irmã o se despediu, a Peregrina
voltou novamente ao seu posto, comentando que ela havia mantido
uma longa e rá pida conversa. 'Sim', disse ela, 'falei um pouco demais,
pois disse: O que teria sido do pobre abade Lambert, se ele não tivesse
caído entre estranhos? Um eclesiástico nas mãos de seus parentes, é como
um pássaro nas mãos de crianças! Eu nã o deveria ter dito isso ao meu
irmã o.'”
No meio de suas provaçõ es, a irmã Emmerich foi consolada por visõ es
de sua pró pria infâ ncia. “Meus companheiros de brincadeiras falecidos
me levaram com eles para nosso antigo parquinho e para nosso berço.
O burro estava do lado de fora da gruta. Subi em um monte e subi nas
costas dele. 'Vejam', disse eu à s crianças, 'a Mã e de Deus sentou-se
assim!' A bunda se permitiu ser acariciada e segurada em volta do
pescoço. Entã o todos nó s fomos para o berço e oramos. As crianças me
deram maçã s e lores e uma roseira cercada de espinhos; mas eu
recusei todos eles. Eles me perguntaram por que eu nunca os invoquei
em meu necessidades, pois eles estavam prontos para me ajudar. 'Os
homens chamam tã o pouco as crianças, e ainda assim elas sã o muito
poderosas com Deus, especialmente aquelas que morrem logo apó s o
Batismo.' Houve um desses entre eles que me disse que eu obtive sua
morte abençoada para ele. Se os pais dele soubessem, icariam
descontentes comigo. Entã o me lembrei dele ter sido trazido a mim
logo apó s o batismo, quando eu o levantei e orei a Deus com todo o meu
coraçã o para que ele o tomasse em sua inocê ncia do que deixá -lo viver
para perdê -la. Ele me agradeceu agora por ter pedido ao Cé u por ele e
prometeu orar por mim. Disseram-me para rezar particularmente para
que os recé m-nascidos nã o morressem sem o Batismo; pois, quando
oramos assim, Deus prontamente envia ajuda. Muitas vezes tenho
visõ es de assistê ncia assim obtidas.” Depois de algum tempo, em ê xtase,
ela chamou seu confessor, dizendo:
“Cerca de cinco mil estã o morrendo neste momento, entre eles muitos
padres. Devemos orar para que possamos nos encontrar no vale de
Josafá , e eles orarã o por nó s no cé u. O vale de Josaphat nã o está longe
agora, apenas a uma curta distâ ncia - uma larga parede negra e
sombria! Deus lhes dê o descanso eterno e que o Senhor os ilumine! Eu
vejo uma multidã o incrı́vel em vá rias situaçõ es. Estou de pé em um arco
acima da terra. De todos os pontos vê m raios para mim atravé s dos
quais eu olho como atravé s de um tubo. Eu vejo os leitos dos
moribundos com suas circunstâ ncias concomitantes; alguns sã o
bastante solitá rios e abandonados.”
17 de janeiro – “Lambert teve uma hemorragia ontem à noite para o
susto do invá lido e de toda a casa. Ela esteve, portanto, muito exausta
durante todo o dia, e o confessor está de olho para que ela nã o seja
perturbada. Enquanto escrevo, ela está tossindo e vomitando sangue;
mas quanto ao resto, ela está , dia e noite, em ê xtase quase contı́nuo,
embora em diferentes graus de absorçã o; ela vive em uma sucessã o de
visõ es maravilhosas. Em nenhum dia ainda, mesmo em meio aos mais
variados e complicados sofrimentos, falharam; alé m daquelas que
agora lhe sã o habituais na 'Vida de Jesus', ela tem outras como as festas
dos Santos se repetem, nã o mencionar suas jornadas espirituais, etc.
Sua coragem parece ter aumentado com suas dores, pois ela é calma e
serena. Depois de uma de suas fortes crises de tosse, ela exclamou: 'Eu
tenho que viajar tã o rá pido de paı́s em paı́s, o ar me faz tossir!' Em
outra ocasiã o, ela se sobressaltou de repente e olhou em volta
procurando alguma coisa; entã o, tendo encontrado seu cruci ixo, ela
disse: 'Há um urso esperando por mim em uma moita pela qual eu
tenho que passar. Se eu tiver meu cruci ixo, posso afugentá -lo. Podia-se
ver que ela estava a caminho da Terra Santa, pois falava da Vida de
Jesus e do Jordã o”.
18 de janeiro – “Lambert pensou que estava morrendo ontem à noite e
disse ao Peregrino: 'Estou esperando o chamado de Deus! Eu oro a Ele,
meu caro senhor, para recompensá -lo pelo que você fez por nó s! Eu nã o
posso fazer isso sozinho!' e, a pedido do Peregrino, deu-lhe a sua
bê nçã o. Seu semblante estava cheio de dignidade silenciosa. Ele está
um pouco melhor agora. Pela manhã , veio a velha cunhada para uma
visita, mas o Peregrino propô s-lhe que fosse fazer a Via Sacra. Irmã
Emmerich está infeliz, mas sempre em contemplaçã o. Sobre a condiçã o
do abade Lambert, ela diz: 'Eu nã o posso dizer o quã o claro, quã o
brilhante ele parece para mim. Eu vejo sua alma como uma pequena
igura humana de luz pairando sobre seu coraçã o tentando ir, tentando
escapar dos laços que o prendem por todos os lados. Parece estar
abrindo caminho para si mesmo, separando-se do corpo, que é como
uma nuvem despedaçada. Eu vejo sua ansiedade para se soltar e a luta
para mantê -lo. O corpo a abraça mais de perto, a envolve mais
irmemente; é novamente apanhado em um, ou talvez, em todos os
lados. As vezes é cercado pela escuridã o, depois por um nevoeiro, ou
novamente um raio de luz o atravessa, enquanto um fogo queima sobre
o homem doente o tempo todo. E lá , no meio de tudo isso, está o
maligno se aproximando constantemente com todos os tipos de
imagens torturantes. Do outro lado está seu anjo defendendo-o,
enquanto raios brilhantes caem sobre ele de seu patrono e outros
santos.'”
Nesse mesmo dia, o Peregrino escreveu ao Reitor Overberg: “Quando
essas linhas chegarem até você , o abade Lambert pode nã o existir mais.
Com plena consciê ncia, recebeu os Ultimos Sacramentos e a absolviçã o
geral. Até anteontem, rezava o seu Breviá rio e, até anteontem, rezava o
Rosá rio, prá tica que começou como aluno e desde entã o nã o omitiu um
ú nico dia. Ele agora o segura em suas mã os, seu escapulá rio em seu
peito. De Irmã Emmerich posso dizer, com plena e serena convicçã o,
que de todas as almas favorecidas por Deus (e li a vida de muitas)
nenhuma me parece ter sido tão privilegiada e, ao mesmo tempo, tão
negligenciada, tão abandonada, tão atormentada, tão tentada como ela!
Mas continuo a colher rosas em espinhos, a colher as folhas tã o
impiedosamente espalhadas e a chorar por outras levadas de leve pela
brisa repentina.”
19 de janeiro – “Quando o Peregrino entrou hoje, a enferma acordou da
visã o, seu semblante como o de uma criança, meio chorando, meio
sorrindo, e ela disse queixosa: 'Agora começa minha misé ria! A
criancinha foi embora! Agora vai começar! A Criança me contou tudo,
Ele falou com sinceridade. Eu estava no Presé pio e senti uma grande
vontade de ter o Menino Jesus, de falar com Ele. Quando saı́ da gruta, fui
levado a uma pequena colina que se erguia no meio de á guas lı́mpidas.
A colina estava coberta com a grama mais ina, macia como seda.
Pensei: Como é macio! assim sob as á rvores, e ainda assim nã o há
á rvores aqui! Eu era uma coisinha em minhas roupas de bebê . Lembro-
me bem deles - um pequeno vestido azul, e eu tinha um interruptor na
mã o. Depois de eu ter sentado lá por algum tempo, o Menino Jesus veio.
Estendi meu vestido e Ele se sentou nele. Nã o posso dizer quã o
adorá vel, quã o encantadora era a visã o! Nã o consigo esquecê -lo e à s
vezes, mesmo nas minhas dores, tenho que rir de alegria. O Menino
falou-me com tanta doçura, contou-me tudo sobre Sua Encarnaçã o e
Seus pais; mas Ele me repreendeu muito gravemente por ter
reclamado, por ser tã o covarde. Eu deveria pensar, disse Ele, em como
as coisas costumavam ser com Ele, que gló ria Ele abandonou, que
armadilhas Lhe foram armadas mesmo em Seus primeiros anos, e a que
profundidade Ele se humilhou. Entã o Ele passou por toda a Sua
infâ ncia. O Ele me disse tantas coisas! Ele me contou como Sua vinda à
terra foi retardada, porque os homens se opuseram a obstá culos,
bloquearam o caminho. Ele falou do grande mé rito de Santa Ana, quã o
alto ela está diante de Deus, e que ela se tornou a Arca da Aliança. Ele
me falou da vida oculta, desconhecida e desprezada de Maria e José ; e
entã o eu vi inú meras fotos de tudo. Ele relatou algo relativo aos Trê s
Reis, de seu desejo de levar Ele e Seus pais com eles quando souberam
em um sonho da ira de Herodes. Ele me mostrou os tesouros que Lhe
deram, as belas peças de ouro, o ouro puro e todo tipo de coisas,
principalmente as lindas capas. Ele falou da fú ria de Herodes que o
cegou, o levou à loucura e o fez enviar o iciais para buscar o Menino.
Mas, como procuravam apenas o ilho de um rei, passaram por cima do
pobrezinho judeu na gruta. Quando Jesus tinha nove meses, Herodes,
ainda mais inquieto e atormentado, fez com que todas as crianças
fossem mortas.' — Lambert se recupera maravilhosamente de cada
ataque, suas feridas perderam o odor desagradá vel e agora estã o
curadas. Ele está mais calmo e sereno, enquanto a doença da irmã
Emmerich está muito agravada, sua tosse e hemorragias mais
frequentes”.
21 de janeiro — “A condiçã o melhorada de Lambert continua, enquanto
a irmã Emmerich evidentemente piora. Ela foi levada para o quarto dele
e, apesar da tosse, teve uma longa conversa com ele. Santa Inê s
apareceu para ela, consolou-a e exortou-a a sofrer, pois nenhuma dor é
perdida”.
24 de janeiro — “A tosse e a opressã o da irmã Emmerich aumentaram
tanto que ela nã o consegue falar; ela parece estar estrangulando. O
confessor rezou por ela. Ele colocou sua estola dobrada em seu pescoço
e peito, quando ela instantaneamente caiu em ê xtase, seu rosto radiante
e luminoso, cheio de devoçã o e inocente como o de uma criança.
Sempre que o confessor fazia o sinal da cruz sobre ela, ela assumia a
postura de uma devota devota na igreja, benzendo-se na bê nçã o.
Embora perfeitamente rı́gida, ela assumia essa atitude cada vez que o
Sinal da Cruz era feito. Quando uma açã o cessa nesse estado, a mã o
geralmente permanece imó vel onde o ato terminou; por exemplo, se
izer o sinal da cruz, a mã o à s vezes permanece apoiada no ombro
direito, mas se a devoçã o continua, entã o as mã os sã o colocadas uma na
outra, os dedos nunca entrelaçados. Quando a bê nçã o terminou, ela
caiu suavemente de volta em sua cama, obedecendo nesse movimento a
uma lei espiritual e nã o fı́sica. Atraı́da pela estola e pelas mã os do
padre, ela se moveu em direçã o a este ú ltimo, até que algué m a
recolocou em sua posiçã o adequada quando ela icou mais calma e
fá cil.”
Embora a Irmã Emmerich, em meio a suas provaçõ es e sofrimentos, nã o
interrompesse a narraçã o de suas visõ es, ainda encontramos palavras
como as seguintes no diá rio do Peregrino: “A maior parte dessas
imensas graças vai ser desperdiçada, nenhuma importâ ncia está ligado
a eles, etc.!” Foi a tal exclamaçã o, podemos imaginar, que o invá lido
respondeu calmamente: “Sim, isso é o que meu Esposo me disse ontem
à noite quando eu reclamei com Ele de minhas necessidades e misé ria,
de ver tantas coisas ininteligı́veis, etc. Ele respondeu: 'Eu te dou visõ es,
mas nã o para ti mesmo. Tu deves comunicá -los para que se
comprometam a escrever.' Ele acrescentou que este nã o é o momento
para milagres; por isso Ele dá visõ es, para provar que Ele está com Sua
Igreja até a consumaçã o dos sé culos. Mas as visões não salvam ninguém.
Caridade, paciência e outras virtudes asseguram a salvação! Entã o Ele
me mostrou toda uma ileira de santos que tiveram visõ es de diferentes
tipos, mas que alcançaram a bem-aventurança apenas pelo bom uso
que izeram deles”.
6 de fevereiro – “Ela está em um estado lamentá vel, seu sofrimento e
inquietaçã o aumentando com a crescente fraqueza do Abade. Ela queria
ser levada ao quarto dele esta noite, mas nã o estava satisfeita. O
Peregrino a achou quase incapaz de falar por fraqueza.”
7 de fevereiro de 1821... Lambert morreu esta manhã às dez e quinze. ”
Tais sã o as palavras que registram a morte desta iel amiga da Irmã
Emmerich, e nã o podemos deixar de lamentar sua brevidade em uma
ocasiã o tã o dolorosa para ela. As exé quias do Abbé Lambert foram
realizadas na manhã de 9 de fevereiro. A antiga Superiora dos
Agostinianos, Madre Hackebram, propô s permanecer com a Irmã
Emmerich durante a cerimô nia. Foi ela que acolheu o bom abade como
capelã o do convento, dando assim origem ao vı́nculo espiritual que
mais tarde o uniu tã o intimamente ao seu ilho comum, o estigmatisé e
favorecido, que sempre considerou a boa senhora como sua venerada
Superiora e Mã e. A revista nos diz:
“Enquanto se realizava o funeral do Abade, o Peregrino encontrou a
antiga Superiora ao lado do leito da Irmã Emmerich. Temendo que sua
presença pudesse incomodar a invá lida, ele a convenceu a se retirar
para a sala ao lado, onde se sentou e a entreteve. Ela é uma pessoa boa e
de coraçã o simples. Atravé s da porta aberta ele podia ver o invá lido.
Enquanto ele olhava, ela de repente icou rı́gida, suas mã os unidas, seu
rosto expressivo de fervorosa devoçã o, o sangue escorrendo sob seu
ichá rio da testa. 'Vem do canto simples!' ela exclamou. 'Estamos
sentados como costumá vamos fazer, de frente para coro e coro.' E mais
tarde, ela disse: 'Eu tinha feito a Via Sacra, e encontrei o funeral perto
do adro. Vi muitas almas acompanhando a procissã o, uma das quais
tinha uma vela acesa. Auxiliei nos serviços e ingressei com muito
esforço no Escritó rio. Agora vejo o abade em um jardim celestial com
outros sacerdotes e almas como ele. Nele estã o as coisas que
correspondem à raiz pura, ao espı́rito de suas inclinaçõ es aqui embaixo,
sem mistura terrena de deformidade. Eu vi por ele em sua ú ltima hora
Sã o Martinho e Santa Bá rbara, cuja assistê ncia eu havia invocado.'”
Assim a Irmã Emmerich cumpriu perfeitamente a tarefa que lhe foi
anunciada pelos Santos. Agostinho e Iná cio, assim ela preparou seu
digno amigo para uma morte tranquila e abençoada! Quã o admirá veis
sã o os caminhos de Deus! O abade Lambert fora chamado do coraçã o da
França para ser o guardiã o da alma que, talvez, mais do que qualquer
outro de sua idade, lutou e sofreu pelo tesouro mais precioso da
humanidade, a fé cristã . Quem era mais digno de estar ao seu lado do
que o generoso confessor que preferia o exı́lio e a pobreza à traiçã o da
Igreja? Desde o inı́cio, ele havia adivinhado o misté rio da vida da irmã
Emmerich e, portanto, seu grande desejo de esconder seus tesouros
tanto dela mesma quanto do mundo em geral. O que nã o deve ter
sofrido o nobre velho quando a viu suspeita, maltratada, marcada como
impostora? Quais devem ter sido seus sentimentos ao ouvir a si mesmo
ser denunciado como o autor daquelas marcas misteriosas, declarado
culpado pelos Illuminati “de ter feito suas feridas por meios arti iciais,
de ter amarrado sua vı́tima ao segredo por toda a vida pelos mais
terrı́veis juramentos?” Seus inimigos acreditaram em suas pró prias
calú nias? Isso só será conhecido no Dia do Julgamento. De uma coisa
estamos certos, os nomes de Lambert e Limberg serã o pronunciados
com respeito enquanto a memó ria da Irmã Emmerich for mantida com
amor e veneraçã o pelos ié is.
Em 8 de fevereiro, a sexta-feira antes da Sexagesima, Irmã Emmerich foi
mostrada em visã o sua tarefa para a pró xima Quaresma. “Meu Esposo
Celestial me vestiu com uma nova roupa preta toda cheia de pequenas
cruzes. Ele os apresentou um por um, me perguntando tã o docemente
se eu os aceitaria. 'Pois', disse Ele, 'há tã o poucos dispostos a sofrer; e
ainda, tanto pecado para expiar, tantas almas para serem salvas!' Entã o
eu silenciosamente tomei todas as cruzes. Foi-me dito que eu deveria
usar o manto por dez semanas e que isso se tornaria uma ajuda para
mim. També m me disseram que a falta de inteligência daqueles que me
cercam, respeitando meu estado, é por si só su iciente para causar minha
morte; mas devo sofrer tudo pacientemente. ”
O cumprimento da visã o precedente nã o demorou muito. Mal o abade
foi enterrado quando a irmã Emmerich se surpreendeu com a exigê ncia
de Christian Brentano de mudar de alojamento e despedir sua irmã
Gertrude. Nã o havendo mais abade, Christian Brentano pensou que o
chefe, se nã o o ú nico obstá culo ao seu querido esquema, estava agora
removido. Ele e o Peregrino estava tã o certo do sucesso que este ú ltimo
entra no diá rio com as seguintes linhas: “Tudo está arranjado para a
remoçã o do invá lido, uma hospedagem alugada na casa do mestre-
escola e medidas acordadas com o reitor Rensing e o burgomestre. Está
tudo pronto!” Mas agora surgiu oposiçã o em outro bairro, como vemos
pelas palavras: “O confessor nã o chegará a nenhuma decisã o, embora
nã o possa dar uma boa razã o para frustrar o plano. Por im, ele resolve
se candidatar a Dean Overberg, quer ir pessoalmente a Mü nster para
receber conselhos onde nunca foi dado conselho. Irmã Emmerich
declara sua incapacidade de agir sem a cooperaçã o de seu confessor. As
coisas estã o em uma confusã o horrı́vel! A coisa toda é cansativa,
desconcertante, incompreensı́vel!”
Irmã Emmerich, vendo a tempestade se formando ao seu redor, sentiu a
necessidade de tomar alguma decisã o e, no domingo da Sexagesima,
tendo recebido forças na Sagrada Comunhã o, resolveu ter uma
explicaçã o com os dois irmã os, Christian e Clement Brentano, este
ú ltimo de quem relata: “Ela comunicou; ela é fortalecida e cheia de
serenidade. Os sofrimentos passados nã o lhe parecem nada; pois, por
mais miserá vel que seja sua condiçã o fı́sica, ela passa o dia inteiro em
ê xtase. Seu aumento de força hoje é um efeito má gico da presença de
Cristo dentro dela! Meu irmã o Christian a visitou à tarde; o Peregrino o
seguiu mais tarde. Ela estava cheia de paz, suave e gentil. Ela fez
algumas observaçõ es sobre certas coisas que teve de suportar e das
quais já lhe foram feitas queixas. Mas eram meras ninharias, coisas
pelas quais nã o podı́amos satisfazer, pois eram totalmente sem
fundamento. Ela disse, por exemplo: 'Quando o Peregrino está aqui, ele
manda os visitantes embora sob o pretexto de que estou dormindo, e
muitos icam aborrecidos com isso. Meus pró prios parentes reclamam
que ele os impede de me ver, e até meu bom irmã o diz que ele foi
mandado embora. O abade Lambert disse ao confessor como era difı́cil
aturar o Peregrino. Ele é como um espiã o, ele observa tudo o que
acontece.' Esta deve ter sido uma das ú ltimas tentaçõ es de Lambert!
Isto foi, no entanto, muito humilhante para o Peregrino ouvir tais
coisas. Infelizmente, ele nã o pode, com verdade, prometer emendas,
embora o invá lido pense que tudo pode ser facilmente reti icado. O
confessor també m teve uma palavra a dizer no mesmo sentido, mas foi
muito amigá vel, muito gentil e afá vel”.
O Peregrino, no entanto, apesar da suave reclamaçã o da enferma e seu
confessor, parece ter insistido na mudança de residê ncia, como
podemos depreender do seguinte registro em seu diá rio:
“Ela esteve doente, a noite toda em convulsõ es. O Peregrino a
encontrou em um estado lamentá vel, embora sua alma esteja calma. Ela
disse-lhe: 'O meu confessor pediu-me que lhe dissesse que estou
disposta a mudar de morada; mas ontem à noite recebi advertê ncias
muito claras e repetidas contra isso. O abade Lambert apareceu e me
disse com seriedade e decisã o que, se eu izesse isso, morreria antes do
tempo, depois de sofrer uma misé ria indescritı́vel pela fraqueza dos
que me cercavam. Ele me repreendeu severamente por ter consentido
com a mudança. Quando estava prestes a me desculpar e falar com ele
como eu costumava fazer, ele disse sucintamente: “ Fique calado e
obedeça! Julgamos as coisas de forma diferente onde estou. ' Em seguida,
caindo em ê xtase, ela disse com uma voz clara e irme que parecia
provir de outra pessoa muito resoluta: 'Deus deve me ajudar, ou eu vou
morrer! Desde que coloquei o manto preto, fui perfurado por completo.
Vi tudo, ouvi tudo o que foi dito até agora sobre a minha mudança, bem
como os sentimentos das pessoas envolvidas. E uma visã o terrı́vel para
mim! A ira excitada por minha conta e pela qual realmente nã o sou
responsá vel, é para mim um inferno! Pode causar minha morte!
“No dia seguinte, o Peregrino, de fato, a encontrou perfeitamente
des igurada no semblante e aparentemente à beira da morte. Durante
toda a noite ela teve hemorragias e durante o dia calafrios e febres.
Certa vez ela ergueu as mã os em chamas para o confessor, exclamando:
'Tira essas mã os! Eles nã o sã o meus; eles pertencem a Francisco!' Ela
piorou tanto à noite que, convencida de que ia morrer, ela mandou,
apesar da hora tardia, chamar o irmã o do Peregrino.”
14 de fevereiro – “Na manhã seguinte ela estava mortalmente fraca,
mas calma e pacı́ ica. Ela só conseguia falar em um sussurro. 'Ainda
estou viva', disse ela, 'pela misericó rdia de Deus! Ontem à noite vi
acima de mim dois coros de santos e anjos, estendendo-se um para o
outro lores, frutos e escritos. Parecia que alguns queriam minha
morte, enquanto outros queriam que eu vivesse mais. Achei que tinha
chegado a minha hora. Eu nã o estava mais no corpo. Eu o vi deitado
aqui, enquanto eu era gentilmente levantado acima dele. Ainda tive
forças para confessar e mandar chamar seu irmã o, que está
descontente comigo. Depois de falar com ele, nã o tive mais nada para
me incomodar, embora o que eu disse, nã o consigo me lembrar agora.
Nã o era nada meu; meu guia icou ao meu lado sugerindo as palavras. 7
Fui levantado e me vi cercado de santos, alguns orando para que eu
morresse, outros para que eu vivesse, e eles me apresentaram suas
oraçõ es e seus mé ritos. Um deles me mostrou um homem morrendo
em Mü nster, sua alma em mau estado. O Santo me disse para me
ajoelhar e rezar por ele. Concedi ao moribundo as oraçõ es que os
santos izeram por mim; mas, como nã o sabia se o meu confessor me
permitiria rezar de joelhos, porque muitas vezes o proı́be durante o
dia, mandei o Santo perguntar-lhe. Ele voltou com a permissã o.
Ajoelhei-me e rezei, e vi um padre ir até o moribundo.'”
O padre Limberg falou desta noite de agonia da seguinte forma: “A irmã
Emmerich tinha todos os sintomas de uma dissoluçã o pró xima. Depois
de sua con issã o, ela mandou chamar o Sr. Christian Brentano, com
quem falou em voz baixa, apó s o que ele se ajoelhou perto de sua cama
e rezou. eu estava em a sala ao lado pensando: 'Deus permita que ela
me dê algum sinal pelo qual eu saiba se devo administrar a ela os
Ultimos Sacramentos!' - quando de repente ela se levantou de joelhos,
estendeu os braços, disse um Pai Nosso em voz voz, e falou de um
homem que acabara de morrer em Mü nster. Ela parecia nã o tocar na
cama. Ela me disse que o abade Lambert teria de sofrer mais dez
semanas, se ela nã o o tivesse evitado com suas oraçõ es; mas ela agora
tinha que suprir para ele, e outro curto perı́odo de vida lhe foi
concedido.
17 de fevereiro, domingo da Quinquagé sima – “Tive uma noite terrı́vel!
Trê s vezes Sataná s me atacou e me maltratou horrivelmente! Ele icou
no lado esquerdo da cama, uma igura escura cheia de raiva, e me
atacou com ameaças horrı́veis; mas eu o expulsei pela oraçã o, embora
nã o antes de ele ter me golpeado e me arrastado cruelmente.
Novamente ele apareceu, me espancou e me jogou; mas novamente eu o
venci pedindo ajuda a Deus. Quando ele desapareceu, iquei um longo
tempo tremendo de dor. Pela manhã , ele veio de novo pela terceira vez
e me bateu, como se quisesse quebrar todos os meus ossos. Onde quer
que seus golpes quentes e ardentes caı́ssem, meus ossos rachavam.
Agarrei minhas relı́quias e a partı́cula da Verdadeira Cruz. Por im,
Sataná s se aposentou. Entã o meu Esposo Celestial apareceu e disse: Tu
és minha noiva! e iquei tranquilo. Quando amanheceu, vi que o maligno
havia perturbado tudo em meu quarto.”
Os ataques de Sataná s foram renovados na noite seguinte. “O maligno
apareceu-me sob diferentes formas; ele me agarrou pelos ombros e me
carregou com reprovaçõ es iradas. Muitas vezes assume um ar
grandioso e imponente como se fosse muito importante, como se
tivesse ordens a dar; ou ainda, ele assume um comportamento
santi icado e gravemente representa para mim como uma grande falta
que eu tenha ajudado algumas almas no Purgató rio, ou impedido a
prá tica de algum pecado, etc., como se tais coisas fossem grandes
crimes! As vezes ele aparece em uma forma assustadora, anã o e raposa
com um rosto largo e horrı́vel e membros retorcidos. Ele abusa de mim,
me belisca, me puxa sobre, e ocasionalmente ele tenta bajulaçã o. Muitas
vezes o vejo correndo com um chifre pequeno na cabeça, braços muito
curtos sem cotovelos e pernas com os joelhos virados para trá s.”
Os sofrimentos mentais e fı́sicos que a ligiram a Irmã Emmerich logo
apó s o falecimento de seu bom e velho amigo, o Abade, reduziram-na a
tal estado que se tornou extremamente difı́cil para ela satisfazer o
Peregrino no que diz respeito à comunicaçã o de suas tã o apreciadas
visõ es. . Ele escreve: “Agora só ouvimos falar de sua misé ria, seus
tormentos, suas vexaçõ es, de tudo o que ela fez, etc., até que algué m se
sente inclinado a acusar-se de tê -la causado aborrecimento. Entram
entã o duas velhas, ou o dono da casa, ou alguma velha solteirona, todas
pessoas insigni icantes, com as quais, poré m, ela se deixa aborrecer. Ela
nunca se livra de tais pessoas; e assim, esses velhos ninguA©m
repetem visitas que ela considera o maior tormento, e que a fazem
esquecer suas visAµes. Essas preciosas graças, pelas quais o Peregrino
sacri ica um perı́odo mais importante de sua vida, sã o sufocadas, por
assim dizer, sob a sujeira de algumas moscas comuns, pois nã o é nada
mais nada menos do que isso!”
Capítulo 8
IRMA E MMERICH ESTA LEVADA PARA UM NOVO CODIGO . _
_ _ SOFRIMENTOS PELAS ALMAS EM T ENTAÇAO , PELO A
GONIZADOR , ETC. _
LIBERTAÇAO DO PERIGO _
E YE A FFECTIONS
T ENTAÇOES ASSUMIDAS _
FINIS
Notas
Prefácio do autor
1 . “Vie d' Anne Catherine Emmerich,” par le P. Schmö ger, tradnite par E. de Cazales, Vigá rio Geral
e Cô nego de Versalhes.
2 . Vita della serva di Dio, Anna Caterina Emmerich, tradotta dall' Originale tedesco do Marchese
Cesare Boccella .
3 . A ecstatica e estigmatisé e do Tirol. 1812-1868.
4 . O cumprimento desta visã o é relatado no Capı́tulo 8.
5 . Esta visã o é dada no Vol. II, Capı́tulo 1.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
1 . Em março anterior, Irmã Emmerich tinha visto sob o sı́mbolo de uma fornalha ardente na qual
os inocentes eram lançados, a condenaçã o do bem, a destruiçã o da fé e da moral no paı́s de
Santo Iná cio; e ela entendeu que aqueles que prepararam a ruı́na dos inocentes deveriam
compartilhar o destino de suas vı́timas.
2 . Os detalhes serã o dados mais adiante.
3 . Veja Vol. 1., Cap. 39.
4 . “E singularmente tocante”, observa o Peregrino, “ver a bondade e a compaixã o de seu coraçã o.
Em meio à s maravilhas apresentadas aos olhos de sua alma, ela faz uma pausa para perceber as
carê ncias de uma pobre criancinha, e até mesmo para descobrir sua morada. Ao passar diante
de sua casa, ela exclamou: 'Ah! como eu adoraria trazer aquela pobre criatura esfarrapada aqui
e vesti-la! Veja como anda tristemente entre as outras crianças em suas roupas de festa!' Se
algué m ainda no corpo pode ver e sentir assim, quã o grande deve ser a compaixã o dos anjos e
santos, nossos irmã os na gló ria, de Maria, de Jesus, do pró prio Deus, que todos nos amam mais
do que os da terra, e quem vê com mais clareza! Como pode algué m que reza com fé perder a
coragem?”
5 . Santa Hildegarde, també m, descrevendo o estado atual dos tempos, prediz uma renovaçã o da
vida na Igreja. Depois de profetizar a divisã o do Impé rio Alemã o e a crescente hostilidade do
poder secular em relaçã o ao Papa, ela diz: “O Papa manterá sob a soberania da tiara apenas
Roma e algumas partes sem importâ ncia do territó rio adjacente. A espoliaçã o será efetuada em
parte pela invasã o de soldados armados e em parte por convençõ es e medidas concertadas
entre o povo... Mas depois de algum tempo a impiedade será vencida por um tempo. De fato,
tentará erguer a cabeça novamente, mas a justiça será administrada com tanta irmeza que o
povo voltará sinceramente à prá tica iel das maneiras simples e da sá bia disciplina de seus
antepassados - sim, até mesmo prı́ncipes e senhores, como os bispos e Superiores
Eclesiá sticos, possam imitar o exemplo virtuoso de seus inferiores, e cada um estimará em seu
pró ximo apenas piedade e justiça.”— Liber divinorum operum , pars. III, Visã o X, c. 25, 26.
6 . Por volta das seis horas da manhã , hora em que a Peregrina foi à Missa. Por que suas outras
visõ es deveriam ser menos verdadeiras do que esse fato? — Notas de Brentano.
7 . “Nenhum remé dio jamais foi capaz de interpor um obstá culo aos desı́gnios de Deus sobre ela.
Somos cegos, cegos em tudo. A pró pria ciê ncia é apenas uma cegueira especı́ ica.” — Notas de
Brentano.
8 . A escuridã o da incredulidade, dureza de coraçã o e heresia.
9 . “Ela estava em ê xtase, com os olhos bem abertos, e esquecida de nossa cegueira para o mundo
espiritual, ela falou conosco, como se pudé ssemos ver o que ela mesma viu.” — Notas de
Brentano.
10 . O Alfa e o Ômega .
11 . João 1:13.
Capítulo 4
capítulo 5
1 . Atos 22:5.
2 . 17 de novembro de 1822 – “Vi algo muito risı́vel na igreja negra . Um de seus poderosos
patronos queria fazer algo extraordinariamente grandioso, entã o mandou dizer ao pregador
que lhe daria uma sobrepeliz branca para usar no pú lpito. Entã o veio o pregador, um homem
alto e bonito com uma linda gravata sob o queixo. O patrono colocou a sobrepeliz nele e o
enviou ao pú lpito. Eu pensei: 'O patrono está levantando uma grande, grande á rvore; cairá em
uma grande, grande piscina; e haverá um grande, grande splash!' Mas acabou sendo o
contrá rio. O pregador sentou-se em posiçã o, exibindo cuidadosamente sua sobrepeliz; a
congregaçã o esperou e esperou, mas ele nã o disse uma palavra. E olha! quando olharam mais
de perto, descobriram que seu pregador nã o tinha cabeça. A sobrepeliz cobria apenas um
grande, grande feixe de palha. Muitos caı́ram na gargalhada, outros zombaram, mas quanto ao
patrono, ele estava perfeitamente furioso.”
3 . Uma alusã o à sua vigorosa resistê ncia ao governo prussiano no caso de casamentos mistos,
depois de ter sido elevado ao arcebispado de Colô nia.
4 . Na vé spera, por descuido de Gertrude, uma modista francesa entrou sem cerimô nia no
quartinho da doente e estendeu seus pertences sobre a cama. Foi apenas com grande
di iculdade que a irmã Emmerich conseguiu livrar-se de seu importuno visitante, cuja
loquacidade a incomodou tanto que mal pô de relatar suas visõ es ao Peregrino, que chegou
logo depois.
5 . Precisamente neste momento os delegados eclesiá sticos e leigos dos pequenos Estados
alemã es foram convocados pela segunda vez para deliberar sobre os meios a serem adotados
para a extinçã o gradual da catolicidade nas cinco dioceses.
6 . Uma vez ela disse: “Vejo tantos eclesiá sticos sob a proibiçã o de excomunhã o! Mas eles
parecem bem à vontade, quase inconscientes de seu estado; e, no entanto, todos os que se
associam, participam de empreendimentos ou aderem a opiniõ es condenadas pela Igreja, sã o
realmente excomungados por esse pró prio fato. Vejo esses homens cercados, por assim dizer,
por uma parede de neblina. Por isso, podemos ver claramente o que Deus faz dos decretos,
ordens e proibiçõ es do Cabeça da Igreja e com que rigor Ele exige sua observâ ncia, enquanto
os homens zombam e zombam deles friamente.
7 . O poder secular.
8 . O campo verde, ou prado, signi ica as festas da Igreja, o ano eclesiá stico, a comunhã o dos ié is
da qual os amigos e cú mplices das “ novas luzes ” nã o quiseram separar, apesar de sua
incredulidade, sua revolta contra a autoridade legı́tima. Como os jansenistas, eles lançaram
seus dardos destrutivos contra a Igreja de seu pró prio seio; portanto foi que, embora no prado,
eles icaram separados. Eles ergueram uma igreja na Igreja, espalhando nela a noite da
incredulidade, os horrores da morte espiritual.
9 . Privando-os da vida de graça pela destruiçã o da fé e da vida cristã que dela brota.
10 . Os mé ritos de suas oraçõ es e sofrimentos que detê m o progresso da decadê ncia.
11 . Veja Vol. 1.
12 . A falsa igreja com seus seguidores.
13 . A igrejinha de Notre-Dame des Victoires, Paris, onde surgiu a Arquiconfraria do Santı́ssimo e
Imaculado Coraçã o de Maria.
14 . “Esta pulsaçã o”, diz Brentano, “é um testemunho da mais alta importâ ncia dada pela natureza à
Igreja; mas é incompreensı́vel! Infelizmente, nã o atribuı́mos a ela seu valor adequado.”
15 . Purgató rio
16 . ( Ich habe oft gesehen, das CC nichts taugt, etc. )
17 . “Plano para a Reorganizaçã o da Igreja Cató lica na Confederaçã o Germâ nica”. Publicado em
alemã o, 1816.
18 . As inú meras almas perdidas.
19 . Sacerdotes castos, defensores de seus direitos.
20 . Um sı́mbolo do futuro. Esta igreja, sacudida de um lado para outro e prestes a ser engolida
pelas ondas, encontraria gradualmente um fundamento mais só lido na rocha de Pedro.
21 . O velho partido liberal que, quando podia fazê -lo sem perigo ou cansaço, procurava apropriar-
se dos direitos dos outros.
22 . Os chamados patriotas alemães que se opunham à lı́ngua latina como lı́ngua da Igreja. Eles
procuraram estabelecer uma Igreja nacional alemã , sem Deus, sem os Sacramentos, sem o
Papa.
23 . O ilho, a criança , isto é , a trama para estabelecer certas relaçõ es com o cisma grego. A irmã
Emmerich viu este ilho ir para a Rú ssia.
24 . Pio VII morreu em 20 de agosto de 1823, de uma fratura do quadril ocasionada por uma queda.
Capítulo 6
1 . “Esta visã o pareceu-me ainda mais notá vel”, escreve Brentano, “quando descobri que a Festa
das Santas Relı́quias é celebrada atualmente na diocese de Mü nster, fato totalmente
desconhecido da Irmã Emmerich. Sua obrigaçã o de satisfazer a negligê ncia cometida na Igreja
é realmente maravilhosa!”
2 . Um dia Clara Soentgen trouxe-lhe um pacotinho de relı́quias. A irmã Emmerich o pegou,
dizendo: “O, este é um grande tesouro! Aqui estã o as relı́quias de Sã o Pedro, sua enteada
Petronilla, Lá zaro, Marta e Madalena. Foi trazido de Roma há muito tempo. E assim que os
ossos dos santos icam quando passam da Igreja para mã os particulares. O relicá rio foi
primeiro legado como herança, depois doado entre coisas velhas e sem valor, e por im caiu
por acaso na posse de Clara Soentgen. Devo honrar as relı́quias.”
Em outra ocasiã o, uma judia encontrou entre algumas roupas velhas que havia comprado um
relicá rio que abriu à força; mas, aterrorizada com seu pró prio ato, ela correu com as relı́quias
para a irmã Emmerich, que havia testemunhado todo o caso em visã o. Ela nã o pô de deixar de
sorrir com o susto da mulher.
3 . “Lá olhei, pobre cego que sou, e encontrei!” — Bretano.
4 . Sempre que a irmã Emmerich, atendendo ao pedido de Brentano, tentava traçar os nomes das
relı́quias como lhe mostravam em visã o, ela invariavelmente escrevia apenas a primeira sı́laba
e isso em caracteres romanos.
5 . Cântico 8:8
6 . Agatha era “ A Noiva ”, a Igreja da Sicı́lia, ainda jovem … Seu martı́rio foi aqui predito, pelo qual
ela se tornaria a mã e espiritual de inú meras almas, a quem o leite de seus seios, isto é , as ricas
bê nçã os luindo de seu martı́rio, era obter a graça da salvaçã o.
7 . No Martiroló gio Romano e no Breviá rio ela é designada VM .
8 . A Irmã Emmerich sentiu e se referiu com frequê ncia à presença desta relı́quia, dizendo: “Deve
haver uma Santa Culalia na minha igreja! Ela pertence ao Barcelona”. Ela tinha visto o nome
em uma visã o em pequenas letras romanas e confundiu C com E.
9 . A irmã Emmerich teve essa visã o em 26 de fevereiro de 1821; consequentemente, ela
considerou este dia como o aniversá rio do martı́rio, ou a descoberta milagrosa dos restos
sagrados desses dois santos. Segundo a Acta Sanctorum, foram apresentados em 26 de
fevereiro de 1646, pelo Cardeal Altieri, ao Colé gio Jesuı́ta de Antué rpia. O corpo de Sã o
Cipriano foi entregue posteriormente ao Colé gio de Mechlin.
10 . Este era o santo cujo nome ela nã o podia mencionar quando o amigo do Peregrino testou sua
faculdade milagrosa.
11 . Com esta relı́quia foi o seguinte documento: “Eu, John Verdunckh, Camareiro e Mestre-de-
Robes de Sua Alteza Eleitoral Maximiliano, Duque da Baviera, etc., atesto que sua Serenı́ssima
Princesa e Senhora, Condessa-Palatina de o Reno, duquesa da Alta e Baixa Baviera, etc.,
nascida duquesa de Lorena, falecida no convento de Randshoffen, legou seus bens a seus
herdeiros. Por ocasiã o da sua posse, o Marechal do Tribunal de Sua Alteza Eleitoral, Conde
Maximilian Kurz von Senfftenan, etc., apresentou algumas lembranças a muitos relacionados
com a execuçã o dos referidos legados, pelos quais felizmente caı́ram para mim um Agnus Dei
dourado com pingente de diamante, encerrando uma relı́quia dos cabelos de Nossa Senhora.
Nã o sei se a Condessa sabia que continha esta relı́quia, mas guardei-a com cuidado e
reverê ncia, e a dei a minha ilha Ana de Jesus, religiosa carmelita, no dia da sua pro issã o no
convento de Colô nia. Trê s ou quatro anos depois, meu gracioso mestre, Sua Alteza Eleitoral,
apó s o nascimento de seus herdeiros por sua segunda esposa, fez com que as relı́quias
sagradas fossem expostas. Entre eles estava um grande pedaço da ' Terra madefacta Sanguine
Christi ', da qual ele colocou trê s partı́culas em um Agnus Dei para Madame, sua Condessa e os
dois jovens prı́ncipes, respectivamente. Sobre o papel em que fora dividido ainda restavam
duas ou trê s partı́culas, tã o pequenas que Sua Alteza nã o conseguia apanhá -las. Ele me
ordenou que os queimasse por medo de profanaçã o. Dobrei-os no papel ino, mas nã o os
queimei como ordenado. Conservei-os honrosamente e, a pedido da minha querida ilha Ana
de Jesus, dei-os a ela.
“Isso eu atesto em minha consciê ncia e como espero a salvaçã o! Declaro verdadeira e exata a
declaraçã o acima e, como prova da mesma, marquei as relı́quias com meu selo particular.
Escrevi o acima, assino e coloco meu selo, dado em Munique, no dia 30 de maio de 1643 dC.
L.+S.
“J OHN V ERDUNCKH
“Camareiro Eleitoral e Mestre das Vestes”
12 . Sem dú vida, ela quis dizer marmelos, conhecidos como malum Cydonium.
13 . Calderó n em seu drama: “ La Vie est un Songe ”, faz a Sabedoria Eterna dirigir-se à s á guas com
estas palavras: “Divide, ye á guas, divida! Suba ao cé u e forme o irmamento de cristal para que
o fogo, que ali se assenta sobre um trono de luz, tempere seu calor em tuas ondas lı́mpidas!”
etc.
Capítulo 7
1 . Em 10 de janeiro de 1820, a Irmã Emmerich comentou com o Peregrino: “Tive uma visã o
relacionada ao seu irmã o. Ele vai causar distú rbios aqui. Ele tem ideias falsas sobre o meu
caso, e vi o abade Lambert muito aborrecido com ele. Agradeço a Deus por me mostrar isso,
por me preparar para isso. Eu suportarei tudo pela minha humilhaçã o.”
2 . Quando o nobre anciã o soube da doença do abade, imediatamente ofereceu ajuda. “Veja”,
escreve ele à irmã Emmerich, “que o abade Lambert nã o quer nada que possa fortalecê -lo,
aliviá -lo ou recriá -lo em sua doença. Eu serei responsá vel por todas as despesas extras.”
3 . Esta visã o muito signi icativa refere-se ao Purgató rio. E explicado em Sã o Paulo ( 1 Coríntios
3:13).
4 . O bom e velho Abbé morreu na sé tima semana depois.
5 . Nã o, nã o tudo o que ela sabe , mas tudo o que ela é capaz de relatar.
6 . Tudo isso veremos literalmente veri icado.
7 . Christian Brentano depois disse a seu irmã o que a irmã Emmerich havia falado com ele muito
bem depois de sua con issã o; que, se as coisas fossem como ela disse, eram de grande
importâ ncia; mas que estava decidido a nã o se apressar em mudar de opiniã o. E, na verdade,
embora agora reconciliado com ela, ele nã o mudou suas idé ias preconcebidas sobre o caso
dela. — Notas de Brentano.
Capítulo 8
1 . Em 20 de janeiro, o padre Limberg escreveu à irmã Soentgen, da seguinte forma: “Como sei do
interesse que você sente por sua antiga companheira, irmã Emmerich, tomo a liberdade de
informá -la sobre sua condiçã o atual. A in lamaçã o dos olhos, de que sofria há meses, foi
aliviada no Natal, quando foi atacada por uma tosse violenta que a enfraqueceu e de inhou
tanto que ela parecia apenas pele e osso. Ela agora nã o pode durar muito, se Deus nã o
prolongar sua vida milagrosamente. Oito dias atrá s, a Dra. Wesener declarou pelo estado de
seu pulso que ela poderia morrer a qualquer momento. Graças a Deus, ela teve até hoje a graça
de suportar com paciê ncia! Ore, no entanto, por sua irmã a lita para que a vontade de Deus
seja feita nela; para que Ele seja glori icado pela provaçã o a que a submete; e que ela possa
perseverar até o im... Tenha a bondade de informar seu primo Bernard Emmerich de seu
estado, para que ele redobre suas oraçõ es por ela.
2 . Irmã Emmerich morreu na segunda-feira antes da Septuagesima.
3 . Veja Vol. 1, Cap. 39.
4 . Salzbach, 1833.
COLETA DE
TRABALHO CLASSICO _ _
Imprimatur: Joannes Gregorius Murray
Archiepiscopus Sancti Pauli
Paulopoli morre 17a maio 1956
Copyright © 1974 por TAN Books, um selo da Saint Benedict Press, LLC.
Originalmente publicado por Fathers Rumble and Carty, Radio Replies Press, Inc., St. Paul, Minn.,
EUA
Completo e inacabado.
ISBN: 978-0-89555-096-5
Livros TAN
Uma impressã o da Saint Benedict Press, LLC
Charlotte, Carolina do Norte
2012
CONTEUDO _
Introdutó rio
A con iguraçã o
Nascimento de Jesus
Infâ ncia em Nazaré
Joã o Batista
Jesus inicia seu ministé rio
Viagem à Galilé ia
O Reino e os Apó stolos
Manifestaçõ es do Poder Divino
Falando em Pará bolas
Aumentando a popularidade
Morte de Joã o Batista
Milagres dos pã es
O pã o da vida
Pedro a Rocha
Formaçã o dos Doze
Visita a Jerusalé m
Confronto com os fariseus
Ministé rio Judeu
A Declaraçã o Suprema
Ressurreiçã o de Lá zaro
Ultimos dias missioná rios
Banquete em Betâ nia
Domingo de Ramos
Segunda Puri icaçã o do Templo
Dia de perguntas
Judas, o Traidor
A ú ltima Ceia
Prisã o e julgamento
Morte no Calvá rio
Ressuscitou e ainda vive
INTRODUÇÃO
Jesus Cristo, cujo primeiro nome signi ica “Salvador” e cujo segundo
nome signi ica “Ungido” ou “Consagrado”, nasceu, nã o quando nosso
calendá rio diz que Ele nasceu, mas cerca de seis anos antes.
Nosso calendá rio atual foi elaborado por Dionı́sio Exiguus no sé culo 6
dC, e agora sabemos que ele estava cerca de seis anos atrasado em seus
cá lculos.
O erro de Dionı́sio, é claro, nada tem a ver com o fato histó rico do
nascimento de Nosso Senhor. Signi ica apenas que o que pensá vamos
como, digamos, 1950 AD, era realmente mais como 1956 AD
Para os fatos reais sobre Cristo, dependemos principalmente dos
quatro evangelhos. Estes, no entanto, foram submetidos a um exame
exaustivo, como nenhum outro documento teve que passar, e sua
autenticidade como documentos está fora de disputa razoá vel.
Os autores estavam em condiçõ es de escrever uma histó ria
completamente boa. Se os documentos se referissem a um homem
comum, e tratassem apenas de declaraçõ es e eventos comuns, ningué m
sonharia em duvidar de sua con iabilidade.
E o que eles contê m que os incré dulos declaram incrı́vel; e isso,
somente quando os evangelhos mencionam coisas alé m do alcance da
experiê ncia humana normal. Quando tratam de tudo o que pertence à
esfera ordiná ria e natural, a pesquisa mostrou que sã o a pró pria
exatidã o, seja em relaçã o a pessoas, lugares ou coisas.
E puro preconceito contra qualquer revelaçã o religiosa de Deus, e
sobretudo contra a possibilidade de con irmar tal revelaçã o por meio
de milagres, que leva os homens a considerarem os evangelistas ou
como tendo perdido o juı́zo, ou como positivamente desonestos,
sempre que registrado como fato real qualquer coisa que tenha sabor
do sobrenatural ou milagroso. Esses incré dulos nã o abordaram os
evangelhos com mentes abertas, apesar de se gabarem de terem feito
exatamente isso.
Nã o há espaço neste pequeno livro para discutir sua posiçã o. Nem há
necessidade de fazê -lo. Será su iciente apresentar brevemente a vida de
Cristo conforme descrita nos evangelhos, necessariamente omitindo
muito para ins de condensaçã o, mas tendo o cuidado de que tudo o que
é dito permaneça estritamente iel aos fatos bá sicos registrados em
nossas fontes incontestá veis.
A CONFIGURAÇÃO
Jesus nasceu na pequena cidade de Belé m, na Palestina, um pequeno
paı́s de apenas 150 milhas de comprimento e de 50 a 80 milhas de
largura, na costa leste extrema do Mar Mediterrâ neo. A Palestina,
portanto, é apenas cerca de metade do tamanho do Estado de Indiana,
na Amé rica.
Leva o nome dos ilisteus, um povo pagã o que se estabeleceu na costa
deste paı́s mais ou menos na mesma é poca em que os hebreus ou povo
de Israel conquistaram a terra da montanha cerca de 1300 anos antes
do nascimento de Jesus.
Na é poca de Seu nascimento, o povo de Israel, chamado de judeus em
homenagem à principal tribo de Judá , havia sido conquistado pelos
romanos. E verdade que eles tinham um rei chamado Herodes, o
Grande; mas ele havia sido nomeado por Roma e estava sujeito ao
imperador romano.
Herodes, o grande, morreu em 4 aC, cerca de dois anos apó s o
nascimento de Jesus.
Entã o os romanos dividiram a Palestina em quatro partes. Um dos
ilhos de Herodes, Arquelau, deveria governar a Judé ia e Samaria, no
sul; outro, Philip, recebeu Iturea no Norte; um terceiro ilho, Herodes
Antipas, governou a Galilé ia no Centro-Oeste e a Peré ia no Sudeste;
enquanto Roma governava diretamente Decá polis, uma á rea a leste do
Jordã o.
Quando Jesus era um menino de cerca de doze anos, Arquelau foi
deposto pelos romanos por ser muito despó tico, e governadores
romanos foram nomeados para governar a Judé ia e Samaria.
Um desses governadores foi Pô ncio Pilatos, que esteve no comando de
26 d.C. até 36 d.C.
Foi sob Pô ncio Pilatos que Jesus deveria morrer.
Os judeus eram um povo religioso. Todas as naçõ es ao seu redor eram
pagã s, mas adoravam o ú nico Deus verdadeiro, observando
cuidadosamente as leis dadas a eles por Moisé s. O principal centro de
sua adoraçã o era o grande Templo em Jerusalé m, a capital da Judé ia.
Nas diferentes aldeias havia sinagogas ou locais de encontro para
oraçã o e leitura das Escrituras; mas o sacrifı́cio só podia ser oferecido a
Deus no ú nico Templo de Jerusalé m. Por causa disso, em grandes
festivais religiosos, milhares de judeus a luı́am para lá de todas as
partes da Palestina, e até mesmo de outros paı́ses de alé m-mar.
Entre os judeus havia vá rios partidos, dois dos quais sã o
frequentemente mencionados nos evangelhos, os fariseus e os
saduceus.
Os fariseus, ou “separados”, a irmavam observar a Lei mosaica
perfeitamente, muito melhor do que o restante dos judeus. Mas
enquanto eles eram mais exatos externamente, a maioria deles eram
orgulhosos e muito duros e nã o caridosos para com os outros. Nem
todos eram assim, é claro. Havia alguns homens realmente bons,
sinceros e santos entre eles.
Os Saduceus, ou “Descendentes de Sadoc” (“Sadoc” signi ica “Justiça”),
pertenciam à s classes mais ricas. Eles eram muito mundanos e, embora
nã o negassem que a Lei de Moisé s deveria ser observada, nã o eram
muito rı́gidos quanto a isso. Muitos deles negavam a existê ncia de uma
vida futura e outros ensinamentos ortodoxos. A maioria dos sacerdotes
judeus pertencia a esses saduceus.
Os judeus, em geral, nã o estavam muito contentes sob o domı́nio dos
romanos; e como sua religiã o os ensinou a olhar para frente em direçã o
a um Messias ou Salvador enviado por Deus, a maioria deles esperava
que Ele fosse um grande lı́der polı́tico e militar que derrotaria os
romanos e se tornaria a maior naçã o do mundo.
Tal era o cená rio na Palestina quando Jesus nasceu em Belé m.
NASCIMENTO DE JESUS
A maioria das biogra ias de pessoas começa com um relato de seu
nascimento e, talvez, de sua histó ria familiar. Mas enquanto a vida de
Jesus como nascido neste mundo começou em Belé m, nã o se pode dizer
que Ele começou a existir pessoalmente somente entã o. Antes da
Encarnaçã o, Ele sempre viveu no Cé u; e seria impossı́vel voltar ao inı́cio
de Sua vida ali, pois Ele é o Filho Eterno de Deus. Ser eterno é nã o ter
princı́pio algum! Mas esse aspecto de Sua vida nos levaria alé m da
histó ria registrada como o mundo a conhece.
O evangelho de Sã o Joã o, no entanto, nos diz que um dia Ele fez este
mundo, e de fato todo o universo, eras antes de Ele mesmo entrar nele;
e quando Ele veio ao nosso meio como Homem para nos redimir e nos
salvar, Ele nos disse que ainda pertencia ao Cé u; e sempre Ele falou
disso como só poderia falar quem está perfeitamente familiarizado com
tudo lá . Encontraremos muitas dessas declaraçõ es no curso de Sua vida
na terra dentro da estrutura da histó ria, o aspecto de Sua vida com o
qual este livro se ocupa.
Já dissemos que Herodes, o Grande, morreu no ano 4 aC, de acordo com
nosso calendá rio atual. Agora, cerca de trê s anos antes disso, vivia em
Nazaré , uma pequena cidade nas colinas da Galilé ia, uma jovem judia
chamada Maria. Na mesma cidade morava um carpinteiro chamado
José , a quem ela estava noiva, e a quem ela logo se ligaria nas
cerimô nias inais de casamento. Tanto Maria quanto José pertenciam à
tribo de Judá e eram descendentes do rei Davi, embora estivessem em
condiçõ es precá rias, assim como tantos outros da linhagem de Davi.
Um dia, enquanto Maria estava sozinha em oraçã o, Deus enviou-lhe o
anjo Gabriel com a tremenda notı́cia de que a grande esperança de
Israel inalmente se cumpriria e que ela seria a Mã e do Messias. “Salve,
cheia de graça, o Senhor é contigo”, disse o anjo, aparecendo diante
dela. “O Espı́rito Santo descerá sobre você s, e o poder do Altı́ssimo os
cobrirá com a sua sombra. Portanto, o Santo que de ti nascer será
chamado Filho de Deus”.
Maria respondeu: “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua
palavra”. E naquele momento Jesus foi milagrosamente concebido em
seu ventre. O Filho Divino, eternamente gerado do Divino Pai Celestial
sem mã e, deveria nascer em uma natureza humana de uma Mã e
humana sem a intervençã o de nenhum pai terreno.
Isso seria incrı́vel se fosse uma questã o de qualquer pessoa comum.
Mas Jesus, o Filho de Maria, nã o era uma pessoa comum. O estudo de
Seu cará ter e de Sua carreira subsequente neste mundo é su iciente
para mostrar isso, e que uma entrada milagrosa neste mundo é a coisa
mais adequada e natural a se esperar em Seu caso.
Nem temos apenas a palavra de Maria para o fato da concepçã o
milagrosa de Jesus. A verdade sobre isso foi revelada
independentemente a Joseph. “José , ilho de Davi”, disse-lhe també m
um anjo, “nã o temas receber Maria como tua esposa, pois foi pelo poder
do Espı́rito Santo que ela concebeu este ilho.
Assim, as formalidades do casamento foram cumpridas; e quando
chegou a hora dela. José levando-a para Belé m, ela deu à luz ali, na
aldeia conhecida como a cidade de Davi. Eles tinham ido para lá em
obediê ncia a um decreto de Cé sar Augusto, o imperador romano,
ordenando que todos se apresentassem naquele momento em suas
cidades natais para ins de censo.
A noti icaçã o divina da vinda do Messias já havia sido dada a Isabel,
prima de Maria; e agora que Ele tinha vindo, o fato foi revelado a um
pequeno grupo de pastores nas colinas pró ximas. Anjos apareceram a
eles, trazendo-lhes a notı́cia de que “hoje vos nasceu o Salvador”, e os
deliciando com seu adorá vel câ ntico de louvor e consolaçã o: “Gló ria a
Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. ” Escusado
será dizer que os pastores foram imediatamente com grande alegria
visitá -lo.
Magi, ou sá bios do Oriente, també m vieram, sob orientaçã o celestial;
mas a chegada deles alarmou o velho rei Herodes, o Grande, que estava
meio louco com suspeitas de possı́veis rivais em seus ú ltimos dias
perturbados. Por precauçã o, ele ordenou o assassinato de todas as
crianças do sexo masculino com menos de dois anos de idade em Belé m
e arredores. Mas José havia sido divinamente avisado para levar o
Menino e sua Mã e ao Egito, a im de escapar da matança.
INFÂNCIA NA NAZARETE
Apó s a morte de Herodes em 4 aC, a pequena famı́lia retornou. Joseph
pretendia se estabelecer em Belé m; mas como o brutal Arquelau, um
dos ilhos de Herodes, havia sido nomeado governador da Judé ia, achou
mais sá bio voltar para Nazaré , na Galilé ia, que estava sob o controle de
outro ilho de Herodes, Herodes Antipas.
Em Nazaré , Jesus foi criado como uma criança judia piedosa e Ele era a
ú nica criança. Os chamados “irmã os e irmã s” nos evangelhos eram, no
má ximo, primos. Era costume entre os judeus chamar quaisquer
parentes dentro da mesma tribo de “irmã os”.
A partir dos seis ou sete anos, as crianças frequentavam a sinagoga
local onde aprendiam sua religiã o e outras maté rias comuns, leitura,
escrita e aritmé tica simples. Jesus tornou-se profundamente versado
tanto nas tradiçõ es judaicas quanto nas Escrituras. Em Seus discursos
posteriores, encontram-se citaçõ es de muitos livros do Antigo
Testamento. Devido à presença de tantos gentios na Galilé ia, Ele quase
certamente teria aprendido a falar grego; mas as idé ias ilosó icas e
religiosas gregas nã o contribuı́ram de forma alguma para Sua educaçã o.
Nã o há vestı́gios deles em Suas declaraçõ es posteriores.
Da pura bondade e virtude que reinavam naquela pequena casa de
Nazaré , nã o há necessidade de falar. Lá , Sã o Lucas nos diz: “Jesus
crescia em sabedoria e graça com Deus e os homens”.
Apenas um incidente nos é dado a respeito da infâ ncia de Jesus em
Nazaré . Todos os anos, José e Maria costumavam fazer a viagem de
oitenta milhas a Jerusalé m para a Festa da Pá scoa, uma grande festa
religiosa como a nossa Pá scoa, celebrando o “ê xodo” ou a libertaçã o dos
judeus por Moisé s da escravidã o no Egito por volta de 1300 aC
As crianças podiam assistir à s cerimô nias a partir dos doze anos; e nos
é dito que naquela idade Jesus foi com José e Maria a Jerusalé m para a
festa. Lá Ele se separou deles na imensa multidã o, e eles O procuraram
por trê s dias antes de encontrá -Lo no Templo discutindo religiã o com
os mestres judeus, a quem Ele havia surpreendido ao manifestar uma
compreensã o das Escrituras muito maior do que era natural para
qualquer um. menino de doze anos. E ainda mais caracteristicamente
sobrenatural, se alguma coisa, foi a maneira pela qual Ele falou com Sua
Mã e quando ela O encontrou.
Ela exclamou: “Meu ilho, por que você se comportou assim, causando a
seu pai e a mim tanta ansiedade em procurá -lo?” Ao que Ele respondeu:
“Que necessidade você teve de me procurar? Você nã o sabia que eu
deveria estar na casa de meu Pai?” Como o Filho Eterno de Deus que
veio a este mundo, Ele enfatizou que Seu dever para com Seu Pai
celestial estava acima de todas as lealdades menores; e essas primeiras
palavras registradas de Jesus eram uma declaraçã o velada de Sua
Divindade, cujas implicaçõ es nem mesmo José e Maria haviam
compreendido completamente.
Ele imediatamente desceu a Nazaré com eles, no entanto, e foi sujeito a
eles.
Dos dezoito anos seguintes, nada nos é dito, exceto que Ele seguiu o
ofı́cio de José , de modo que foi mencionado como “o carpinteiro, ilho
de Maria”. Em algum momento durante esses dezoito anos José morreu
e Jesus trabalhou, dando um pouco para prover o futuro de Sua Mã e
contra o tempo em que Ele mesmo teria que deixá -la.
JOÃO BATISTA
Quando Jesus tinha cerca de trinta anos, no 15º ano do reinado do
imperador romano, Tibé rio Cé sar, um profeta que vivia como um
eremita no deserto chegou ao rio Jordã o algumas milhas a leste de
Jerusalé m e ao norte do Mar Morto. . Ali começou a pregar ao povo,
batizando nas á guas do rio todos os que converteu.
Ele era conhecido como Joã o Batista, ilho de Zacarias e de Isabel,
parente de Maria, e, portanto, era parente do pró prio Jesus.
Nã o sabemos nada de Joã o entre seu nascimento e seu sú bito
aparecimento nas margens do Jordã o. Seu pai, no entanto, havia lhe
contado sobre a revelaçã o em seu nascimento de que ele deveria
preparar o caminho do Senhor.
Naquela é poca, havia grande excitaçã o entre os judeus. Todos estavam
falando sobre o Messias prometido; e, embora os lı́deres nã o tomassem
conhecimento de John, as pessoas comuns icaram profundamente
impressionadas com ele. Multidõ es cada vez maiores se aglomeravam
para ouvi-lo, e ele fez o má ximo para trazê -los a um arrependimento
sincero de seus pecados. Ele exigia humildade em vez de orgulho,
bondade genuı́na em vez de conversa vazia sobre isso; e nã o poupou a
hipocrisia dos escribas e fariseus.
Constantemente ele tinha que responder a perguntas que as pessoas
faziam sobre si mesmo. Ele era o profeta? Ele era o Cristo, o Messias?
Ele era o Grande, prometido antigamente? Mas para todos eles John
disse que nã o, ele nã o era. Ele se descreveu como apenas uma voz
clamando no deserto. O Messias estava para vir, e muito em breve. Ele,
Joã o, era apenas um pobre mensageiro, preparando o caminho para ele.
VIAGEM À GALILÉIA
Trê s dias depois, Jesus partiu para a Galileia, levando consigo os seus
novos discı́pulos, todos galileus.
No caminho, chegaram à aldeia de Caná . Eles chegaram a tempo para
uma festa de casamento para a qual Ele e Seus discı́pulos haviam sido
convidados; e ali encontrou Sua Mã e, que també m fora convidada, e que
viera de Nazaré , a quatro milhas de distâ ncia, para estar presente.
Foi ali, a pedido de Sua Mã e, que Ele realizou Seu primeiro milagre,
depois de declarar que ainda nã o havia chegado o momento de tais
manifestaçõ es de Seu poder divino. Mas o vinho acabou, e Sua Mã e
estava preocupada com o constrangimento que isso seria para seus
an itriõ es. Para agradar Sua Mã e, entã o, e poupá -los do embaraço, Ele
transformou a á gua em um suprimento abundante de vinho. Apenas
uma semana atrá s, Ele se recusou a transformar pedras em pã o. Aqui,
poré m, nã o se tratava de satisfazer Sua pró pria fome, mas de suprir as
necessidades dos outros.
De Caná Ele foi para Cafarnaum, entã o uma pró spera vila nas margens
do lago da Galilé ia.
Cafarnaum se tornaria o centro de Sua obra na Galilé ia, mas desta vez
Ele nã o icou muito tempo. Quase uma semana depois Ele estava em
Jerusalé m, tendo viajado oitenta milhas para estar presente na Cidade
Santa para a festa da Pá scoa.
Ali, indignado com a profanaçã o do Templo pelo comé rcio que
acontecia dentro de seu recinto, Ele deu a primeira demonstraçã o de
Sua autoridade profé tica em pú blico, açoitando os mercadores e todos
os animais para fora do local com um chicote e derrubando o mesas dos
cambistas. “Está escrito: Minha Casa é uma Casa de Oraçã o”, disse Ele,
“mas você a transformou em um covil de ladrõ es”.
Os escribas e fariseus e sacerdotes icaram muito zangados com isso e
se aglomeraram em volta Dele, exigindo que direito Ele tinha de agir
dessa maneira. Ele nã o fez nenhum milagre entã o para justi icar Sua
autoridade divina, mas apenas disse: “Destrua este templo, e em trê s
dias eu o levantarei novamente”. Ele estava se referindo ao templo de
Seu corpo, sabendo que eventualmente eles O matariam, mas que no
terceiro dia depois disso Ele ressuscitaria dos mortos. Por enquanto, no
entanto, Ele os deixou para descobrir por si mesmos.
Um dos fariseus, membro do Siné drio ou Conselho dos Judeus, um
homem chamado Nicodemos, icou profundamente impressionado com
a majestade e o poder de Jesus. Entã o ele veio a Ele à noite, temendo
fazê -lo abertamente, querendo saber exatamente que novo
ensinamento Ele tinha para dar.
Jesus explicou-lhe que o reino messiâ nico nã o deveria ter poder polı́tico
e mundano. Era para ser um governo de Deus dentro das almas elevado
a um plano de vida mais alto do que qualquer pai terreno poderia dar.
Esta nova vida exigiria um novo nascimento pela á gua e pelo Espı́rito
Santo. Jesus falou aqui do novo, maior e sacramental rito do batismo
que Joã o Batista disse que superaria em muito o seu pró prio e seria
pró prio do Messias.
A pró pria ideia de tal renascimento batismal estava muito alé m de
Nicodemos e ele admitiu francamente. Jesus, portanto, disse a ele: “Se
você nã o pode entender que o Espı́rito de Deus é necessá rio para dar
uma vida espiritual, como você pode entender misté rios celestiais
ainda mais profundos? Mas pelo menos acredite em Mim quando eu lhe
contar sobre eles. Estou falando do que sei, pois vim do cé u, assim
como ainda estou no cé u. Nenhum outro homem na terra pode falar
deles por experiê ncia pessoal, pois nenhum homem foi ao cé u e voltou
para poder fazê -lo”. E Ele continuou: “Deus amou o mundo de tal
maneira que deu Seu Filho unigê nito; e ele deve ser levantado como
Moisé s levantou a serpente no deserto, para que todos os que olham
para ele sejam salvos”.
Nicodemos foi embora pensativo e profundamente comovido; e nã o
havia dú vida de que eventualmente ele també m se tornaria um
discı́pulo. De fato, foi ele quem, apó s a cruci icaçã o, ajudou José de
Arimaté ia a providenciar um sepultamento honroso para o corpo de
Cristo, e ele tem sido reverenciado pela Igreja atravé s dos tempos como
Sã o Nicodemos.
A hostilidade amarga dos escribas e fariseus em geral, no entanto,
deixou bem claro que a mensagem de Jesus nã o tinha chance de
aceitaçã o em Jerusalé m; mas pelo menos havia se oferecido à s
autoridades judaicas ali como o Messias. Agora Ele se retirou da Cidade
Santa, dedicando-se a pregar e curar os enfermos entre os camponeses
da Judé ia.
Depois de alguns meses, veio a triste notı́cia de que Joã o Batista havia
sido lançado na prisã o por Herodes Antipas, que se irritou com a
denú ncia de Joã o sobre sua imoralidade. Isso signi icou o im da missã o
do Precursor, e Jesus imediatamente começou com seriedade Sua
pró pria grande obra de vida.
Levando consigo os discı́pulos, partiu para a Galilé ia, passando no
caminho por Samaria.
Ele pregou a chegada real do Reino de Deus, exortando as pessoas a se
arrependerem de seus pecados e aceitarem as boas novas ou o
evangelho que lhes é oferecido do cé u.
Geralmente em Seus discursos Ele silenciava sobre Sua pró pria
messianidade por causa da prevalê ncia de tantas idé ias erradas sobre a
vinda de um lı́der polı́tico para fazer dos judeus a maior naçã o da terra.
Para os samaritanos, no entanto, que nã o foram tã o profundamente
afetados por essas noçõ es como os judeus, Ele falou claramente. Assim,
no poço de Jacó , Ele respondeu: “Eu sou Ele” à mulher de Samaria que
havia mencionado o Messias que Deus havia prometido enviar. Em
outros lugares, Ele se chamava, como regra, o “Filho do Homem”; mas
Ele sempre falou como profeta e mestre de maravilhosa autoridade,
demonstrada igualmente em Suas palavras e obras.
Em sua jornada pela Galilé ia, parou em Caná , onde havia realizado o
milagre da á gua transformada em vinho, e enquanto estava lá , um dos
o iciais do rei Herodes veio a ele de Cafarnaum, a vinte milhas de
distâ ncia, implorando-lhe que viesse e salvasse seu ilho moribundo. .
Jesus disse-lhe simplesmente para nã o se preocupar porque o menino
estava curado. A caminho de casa, recebido por servos que correram
para lhe dar a boa notı́cia de que o menino havia se recuperado
repentinamente, o o icial perguntou quando, apenas para ser
informado de que era exatamente à s 13h, exatamente o horá rio em que
Jesus havia falado com ele. . Ele e toda a sua famı́lia, portanto,
acreditavam nas reivindicaçõ es de Jesus.
O REINO E OS APÓSTOLOS
Sã o Lucas nos diz que Jesus, tendo “voltado no poder do Espı́rito para a
Galilé ia, sua fama se espalhou por todo o paı́s. E ensinava nas suas
sinagogas e por todos era engrandecido. E chegou a Nazaré , onde fora
criado”.
Aqui particularmente foi veri icada a declaraçã o no evangelho de Sã o
Joã o de que “Ele veio para os seus, e os seus nã o o receberam”. Sua
a irmaçã o na sinagoga de Nazaré de ser Aquele cujo advento havia sido
predito pelo profeta Isaı́as foi rejeitada com a observaçã o desdenhosa
de que Ele era apenas o ilho de José , o carpinteiro; e exclamando
tristemente que “nenhum profeta é aceito em seu pró prio paı́s”, Ele
desceu a Cafarnaum à beira do lago, tornando aquela cidade sede para
Seu ministé rio galileu.
No primeiro sá bado apó s Sua chegada a Cafarnaum, Ele falou na
sinagoga e teve uma recepçã o muito diferente daquela que Lhe foi dada
em Nazaré . O povo estava entusiasmado com Seus ensinamentos,
sentindo uma autoridade divina em Suas palavras muito alé m de
qualquer coisa que tivessem experimentado nas dos escribas e fariseus.
Alé m disso, no inal de seu discurso, Jesus com uma palavra expulsou o
espı́rito maligno de um homem possuı́do para que as pessoas,
maravilhadas, espalhassem por toda parte a histó ria do incidente.
Saindo da sinagoga para a casa de Pedro e André , lá encontrou a mã e da
esposa de Pedro doente com febre, mas logo a curou e ela preparou
uma refeiçã o para todos eles.
Naquela noite, multidõ es de pessoas doentes foram trazidas a Ele e Ele
curou suas doenças, trabalhando até tarde da noite; ainda assim,
cansado como devia estar, Ele se levantou antes do amanhecer e foi
para um lugar solitá rio nas colinas para orar, um há bito seu durante
toda a vida.
De Cafarnaum Ele fez muitas viagens de pregaçã o pela Galilé ia, obtendo
sucesso cada vez maior.
Ele veio, poré m, para estabelecer um Reino, como Ele mesmo havia
declarado, dizendo: “Devo pregar o Reino de Deus, pois para isso sou
enviado”. Embora este Reino nã o fosse do mundo, era para ser neste
mundo e durar até o im dos tempos, muito depois que Ele pró prio
tivesse retornado ao Cé u de onde Ele veio. Para a fundaçã o deste Reino
Ele deveria escolher entre Seus discı́pulos doze homens que Ele
treinaria pessoalmente antes de enviá -los para continuar Sua obra.
Uma noite, portanto, em preparaçã o para isso, Ele foi sozinho para as
montanhas e orou durante toda a noite. Na manhã seguinte, Ele reuniu
Seus discı́pulos e escolheu os doze, conferindo-lhes o tı́tulo de
Apó stolos.
Os escolhidos foram Simã o Pedro; André ; James; John; Philip; Natanael,
també m conhecido como Bartolomeu; Mateus; Tomá s; Tiago, ilho de
Alfeu; Simã o Zelotes; Jude, o irmã o de James; e Judas Iscariotes, que
eventualmente O trairia.
Este foi um dos maiores eventos da histó ria, o inı́cio da Igreja como o
Reino de Deus na terra. E foi seguido por uma das declaraçõ es mais
importantes que já saı́ram de lá bios humanos. Pois imediatamente
depois, com Seus apó stolos recé m-escolhidos sobre Ele, Ele deu ao
povo o grande discurso conhecido como o “Sermã o da Montanha”.
Assim, Jesus, que veio, como disse, nã o para destruir a Lei e os Profetas,
mas para inaugurar seu perfeito cumprimento, lançou os fundamentos
do “Reino de Deus” ou do “Reino dos Cé us” (Ele falou disso em ambos
os maneiras) que Ele chamou de Sua Igreja.
FALANDO EM PARÁBOLAS
Com os Doze, Jesus viajou pelas cidades e vilas da Galilé ia, pregando
por toda parte o Reino de Deus.
Grande parte de Seus ensinamentos Ele deu na forma de pará bolas ou
histó rias, de acordo com os costumes judaicos da é poca. E todos os
tipos de assuntos foram tratados dessa maneira.
Nã o é possı́vel discutir detalhadamente todas as pará bolas neste
pequeno livro, nem tratá -las na ordem em que foram dadas. Podemos
apenas tocar brevemente em alguns dos muitos aspectos de Seu ensino
dado em diferentes momentos por esse meio, referindo os leitores aos
pró prios evangelhos para um estudo mais extenso deles.
Na pará bola do “Semeador e da Semente” ( Marcos 4:1-20), Ele advertiu
Seus ouvintes que, se Seu ensino nã o despertasse nenhuma resposta
dentro deles, a culpa estaria em suas pró prias má s disposiçõ es.
De tais má s disposiçõ es devem arrepender-se, con iantes de que Deus,
de Sua parte, os acolherá com in inita misericó rdia. Um “Pastor em
busca de uma ovelha perdida”, uma “Mulher em busca de uma moeda
perdida”, um “Pai” regozijando-se com o retorno de um “Filho Pró digo”
( Lucas 15:1-32), sã o apenas imagens fracas da atitude de Deus para
com as almas. arrependendo-se dos pecados que os separam dEle.
Pense, Ele implorou, no que está em jogo. Nã o é menos que o “Reino
dos Cé us”, para o qual nenhum sacrifı́cio é grande demais; assim como
um homem venderá tudo para comprar um “Campo contendo um
Tesouro enterrado”, ou um comerciante para ganhar uma “Pé rola de
Grande Valor”. ( Mateus 13:44-46).
Esse Reino dos Cé us é trazido ao seu alcance por Sua Igreja, pequena
agora como uma “semente de mostarda”, mas para crescer em uma
á rvore imensa e espalhada que oferece abrigo para todos os que
buscam descanso nele. ( Mateus 13:31-32). Surgirã o escâ ndalos, sim;
pois a Igreja estará em um mundo como um “Campo semeado com Bom
Grã o”, mas que os inimigos irã o semear com “berbigã o ou joio”. Será
como uma “rede segurando bons e maus peixes”. ( Mateus 13:24-50).
No entanto, nã o há nada de errado com a “Net”, e a Igreja é de fato o
Reino dos Cé us na terra.
Infelizmente, poré m, Jesus advertiu os judeus de que seus lı́deres
o iciais e sua naçã o como um todo rejeitariam a graça oferecida a eles,
pois os “convidados” davam todos os tipos de desculpas para se
recusarem a participar da “Grande Ceia”. ( Lucas 14:17-24). Eles
acabariam por matá -lo, pois os “lavradores ı́mpios” da vinha
planejavam matar o pró prio ilho do proprietá rio. ( Marcos 12:1-12).
Daqueles que vê m ao Reino, apesar dessa rejeiçã o nacional, muito será
esperado.
Eles devem ser os inimigos do pecado, certi icando-se de que estã o
vestidos com o “Vestuá rio nupcial” da graça divina. ( Mateus 22:11-14).
Como o “fermento” transforma o pã o, essa graça transformará suas
almas. ( Lucas 13:21).
Mas eles devem cooperar generosamente com esta graça, fazendo bom
uso de todos os “Talentos” que Deus lhes deu. ( Mateus 25:14-30).
Acima de tudo, a caridade será exigida deles; perdoar os outros, em vez
de se comportar como o “Servo Inclemente” ( Mateus 18:23-35); aliviar
as necessidades dos pobres, nã o imitando a atitude do egoı́sta “Rico”
para com “Lá zaro, o Mendigo” ( Lc 16,19-31); ser um “Bom Samaritano”
para todos os a litos, de qualquer tipo que seja. ( Lucas 10:25-37).
Tampouco deve ser dado qualquer quarto ao orgulho do “fariseu” que
se considerava um modelo de virtude em comparaçã o com o “pú blico”. (
Lucas 18:9-14).
Certamente eles deveriam ser tã o zelosos na preparaçã o para seu
destino eterno quanto o “mordomo injusto” ao olhar para seu futuro
meramente temporal ( Lucas 18:1-8), e em tomar todo cuidado para
evitar o destino que atingiu o “Rico Louco”. .” ( Lucas 12:13-21).
Deve-se sempre ter em mente o fato de que certamente haverá um Juı́zo
Final, quando os bons e os ı́mpios serã o divididos como as “ovelhas e os
bodes” ( Mateus 25:31-46); e que é essencial nã o ser encontrado entã o
como as “Virgens Tolas” que foram pegas de surpresa apenas para nã o
encontrar ó leo em suas lâ mpadas. ( Mateus 25:1-13).
AUMENTANDO A POPULARIDADE
Por quase um ano Jesus vinha ensinando, poderoso em palavras e
obras, por toda a Galilé ia, Sua popularidade aumentando diariamente.
Mais e mais difundida tornou-se a convicçã o de que Ele era de fato um
grande profeta, e talvez até o Messias. Mas as pessoas logo aprenderiam
que Ele de initivamente nã o era o tipo de Messias que eles esperavam.
O quanto Ele estava trabalhando neste momento pode ser deduzido dos
seguintes incidentes tı́picos.
Um dia, perto de Cafarnaum, Ele estava explicando Sua doutrina e
persuadindo o povo quase desde a luz do dia até o anoitecer; e, ao cair
da tarde, vendo quã o grande se tornara a multidã o cada vez maior,
pediu aos discı́pulos que O levassem de barco atravé s do lago.
Durante a viagem, uma forte tempestade surgiu de repente, as ondas
ameaçando inundar o pequeno navio, e os discı́pulos icaram
completamente assustados. Jesus, cansado, estava dormindo na popa
do navio, entã o eles o acordaram, dizendo: “Mestre, nã o é para ti que
pereçamos?” Jesus respondeu: “Por que você está com medo? Sua fé
ainda é tã o fraca?” Entã o Ele ordenou que o vento parasse e o mar
icasse quieto, ambos obedecendo imediatamente, de modo que uma
grande calmaria prevaleceu imediatamente. Apesar de todos os
milagres anteriores que eles testemunharam, os discı́pulos mal podiam
acreditar em seus sentidos e disseram uns aos outros: “Quem Ele pode
ser? Até os ventos e o mar lhe obedecem!”
Ao raiar do dia chegaram à margem oposta do lago, no que era
conhecido à s vezes como o paı́s dos gerasenos, à s vezes como o dos
gadarenos. Perto de onde eles desembarcaram havia um velho
cemité rio, e imediatamente um pobre luná tico possuı́do por demô nios
correu em direçã o a eles de entre as tumbas. Endireitando-se para
Jesus, prostrou-se aos Seus pé s, clamando: “Por que me atrapalhas,
Jesus, Filho do Deus Altı́ssimo? Eu imploro que nã o me atormente.” O
pobre homem nã o era responsá vel pelo que estava dizendo. Os
demô nios o impeliam a falar como falava; e Jesus os expulsou do
homem para uma manada de porcos que pastavam na encosta da
montanha. Estes, cheios de frenesi, atiraram-se encosta abaixo no mar e
se afogaram.
Os homens que estavam cuidando dos animais correram para contar
aos outros o que havia acontecido, e logo muitos dos camponeses do
distrito vieram e imploraram a Jesus que deixasse suas costas; eles
estavam com tanto medo do que Ele poderia fazer em seguida!
Para os discı́pulos, no entanto, a liçã o foi de grande signi icado. Agindo
como só Deus poderia fazer, Ele operou milagres como nunca se ouviu
falar “desde o princı́pio do mundo”, provando Seu domı́nio sobre toda a
criaçã o, nã o apenas sobre coisas inanimadas, nã o apenas sobre os
mundos vegetativo e animal, mas sobre aqueles espı́ritos malignos
també m de cujo poder Ele veio para libertar a humanidade.
Voltando ao barco, eles atravessaram o Lago mais uma vez. Era plena
luz do dia e, como o povo de Cafarnaum podia facilmente vê -los
chegando, uma grande multidã o se reuniu para recebê -los.
Entre aqueles que esperavam ansiosamente para ver Jesus e conversar
com Ele estava um funcioná rio da sinagoga chamado Jairo. Assim que
Jesus desembarcou, portanto, ele implorou que Ele viesse e curasse sua
ilha moribunda. Jesus partiu com ele para a casa, as pessoas se
aglomerando ao redor deles.
Uma mulher na multidã o, sofrendo de uma doença de doze anos,
aproximou-se dele, tocou a orla de Sua veste e foi instantaneamente
curada. Divinamente consciente disso, Jesus proclamou para o bem de
todos os presentes o fato de sua cura e que era seu grande espı́rito de fé
que lhe havia conquistado tã o maravilhoso favor. Era uma fé que Ele
estava pedindo a todos eles.
Houve algum atraso, e antes que chegassem à casa de Jairo, um servo
veio dizer que sua ilha havia morrido e que agora era inú til Jesus ir
mais longe. Mas Jesus consolou o pobre pai, disse-lhe que ainda
acreditasse irmemente, e que tudo icaria bem.
Na casa, Ele permitiu que apenas Pedro, Tiago e Joã o, junto com o pai e
a mã e, entrassem com Ele no quarto da menina morta. Na presença
deles, Ele simplesmente pegou a mã o dela e disse: “Talitha cumi”.
(“Menina, levante-se.”) Entã o ele pediu aos pais que providenciassem
para que ela comesse alguma coisa, acrescentando que eles nã o
deveriam divulgar a notı́cia do que Ele havia feito. A excitaçã o da
multidã o entusiasmada do lado de fora poderia facilmente dar origem a
acusaçõ es contra Ele de causar um tumulto. Tais acusaçõ es viriam em
breve!
Assim, Jesus se entregou a todos que precisavam Dele, e nã o apenas
pregou o evangelho de Seu novo Reino espiritual, con irmando Sua
missã o por meio de sinais e milagres em aldeia apó s aldeia em todo o
paı́s, mas també m deu autoridade e poder a Seus apó stolos, enviando-
os em dois para fazer o mesmo.
PEDRO A ROCHA
Jesus e os Apó stolos, tendo deixado o territó rio de Herodes Antipas,
passaram alguns meses viajando pela Fenı́cia e Decá polis, chegando
inalmente a Cesaré ia de Filipe, em uma das nascentes do Jordã o, alé m
da fronteira norte da Galilé ia. Ali aconteceu um evento da maior
importâ ncia para Sua Igreja.
O pró prio nome “Cesarea” e “Philippi” indicava o domı́nio de Roma e da
Gré cia. Eram sı́mbolos excluindo todos os sonhos de um reino nacional
judaico. E ali, naquele lugar deprimente em relaçã o à s esperanças
judaicas de supremacia polı́tica, Jesus fez uma pergunta direta aos doze
sobre Si mesmo. “O que”, Ele lhes perguntou, “as pessoas pensam de
Mim?”
Todos começaram a falar ao mesmo tempo. “Alguns dizem que você é
Joã o Batista, volte à vida novamente; outros dizem que nã o, mas que Tu
é s Elias ou Jeremias”.
“E você mesmo, o que acha?”
Pedro falou instantaneamente: “Tu é s o Cristo, o Messias, o Filho do
Deus vivo”.
Era uma declaraçã o clara de sua divindade entre todas as areias
movediças de opiniõ es vagas.
“Se você sabe disso”, disse Jesus a ele, “nã o é porque você pensou nisso
por si mesmo, mas porque meu Pai no cé u revelou a você . E agora, por
minha vez, digo-vos: Tu é s Pedro, a rocha, como te chamei quando
mudei o teu nome de Simã o; e sobre esta pedra edi icarei a Minha
Igreja. As forças do mal nunca prevalecerã o contra ela. E eu te darei as
chaves do Reino dos Cé us”.
Nã o era su iciente, poré m, que os doze conhecessem o fato de que Ele
era o Messias. Eles ainda tinham muito a aprender sobre a natureza de
Sua missã o. Entã o Jesus continuou explicando a eles que Ele deveria
subir a Jerusalé m, para ser ali rejeitado, torturado e morto por Seu
pró prio povo; que somente assim Ele poderia redimi-los; mas que no
terceiro dia Ele ressuscitaria.
O choque desta declaraçã o foi tã o grande que as ú ltimas palavras foram
completamente esquecidas; e Pedro, incapaz de se reconciliar com tal
tratamento de Seu adorado Mestre, exclamou impulsivamente: “Deus
me livre. Nada disso deve acontecer com você .”
Mas Jesus lhe disse que tentar impedi-lo seria fazer o papel de Sataná s.
“Você quer que Eu”, disse Ele, “desvie da mesma coisa que vim fazer
neste mundo! Você está pensando como os homens pensam, e nã o
vendo as coisas como Deus as vê . Nã o é auto-interesse, mas auto-
sacrifı́cio é exigido de Mim. E se algué m quiser vir apó s mim, ele
també m deve negar a si mesmo, tomar sua cruz e seguir-me”.
VISITA A JERUSALÉM
Assim as instruçõ es continuaram, entre os vá rios deveres do ministé rio,
até que em outubro daquele ano a Festa dos Taberná culos, uma espé cie
de Festa da Colheita, estava pró xima. Muitos estavam acostumados a
subir a Jerusalé m para as festividades, e Jesus decidiu ir també m.
Depois Ele pretendia trabalhar na Judé ia e nã o na Galilé ia.
Depois de Sua jornada pela Fenı́cia e Decá polis, Ele havia retornado
para uma breve estadia em Cafarnaum. Partindo dali pela estrada em
direçã o a Nazaré , Ele chegou à s alturas de Magdala e parou naquele
ponto de vista para dar uma ú ltima olhada no Mar da Galilé ia e nas
cidades ao longo de sua costa norte. Triste de coraçã o, Ele censurou as
cidades por sua resistê ncia à graça divina, dizendo: “Ai de você ,
Corozain; ai de ti, Betsaida; ai de ti, Cafarnaum. Se os milagres feitos em
você tivessem sido feitos em Tiro e Sidom, eles teriam se arrependido.
Se eles tivessem sido feitos mesmo em Sodoma, aquele lugar teria sido
poupado. No dia do julgamento será mais fá cil com essas cidades
perversas do que com você s”. Entã o ele se virou e voltou seu rosto
resolutamente para Jerusalé m.
Sua viagem o levou atravé s de Samaria, e em uma aldeia, para a qual
Tiago e Joã o tinham ido na frente para preparar alojamento, foi-lhes
recusada a hospitalidade com o fundamento de que o grupo estava
viajando para a Jerusalé m tã o odiada pelos samaritanos. Os dois
apó stolos voltaram a Jesus cheios de indignaçã o e quiseram lançar fogo
sobre a cidade, como Elias havia feito contra os aldeõ es insolentes. Mas
Jesus os repreendeu discretamente, dizendo-lhes que certamente ainda
nã o tinham o espı́rito certo. Uma coisa era Ele mesmo declarar qual
seria o justo julgamento de Deus sobre as cidades da Galilé ia que
haviam recusado a graça divina; mas nã o cabia a eles invocar desastres
sobre os aldeõ es que simplesmente haviam recusado hospitalidade a
estranhos. Pacientemente, portanto, Ele foi com eles para outra aldeia.
Chegando nas proximidades de Jerusalé m, Jesus icou na pequena
cidade de Betâ nia, a apenas cerca de trê s quilô metros da Cidade Santa.
Sã o Joã o diz simplesmente, em seu evangelho: “Jesus amava Marta, e
sua irmã Maria e Lá zaro”. Eram amigos em cuja casa Ele era sempre
bem-vindo; e aquela casa que Ele frequentemente visitava durante Seu
ministé rio na Judé ia.
MINISTÉRIO JUDEU
Saindo de Jerusalé m, Ele foi para casa com Seus amigos em Betâ nia.
Durante uma breve estada lá , Ele pregou para as pessoas do campo ao
redor, e os visitantes de Jerusalé m que estavam presentes.
Ele disse ao povo que Ele era a porta para o verdadeiro aprisco.
Somente por Ele poderiam entrar no caminho que conduz à salvaçã o.
Ainda mais, Ele era o Bom Pastor que estava preparado para dar Sua
vida por Suas ovelhas. De fato, Ele faria isso, e voluntariamente; embora
depois Ele ressuscitasse dos mortos.
Suas palavras foram levadas de volta a Jerusalé m, onde causaram muita
discussã o; e as opiniõ es a respeito dele estavam mais divididas do que
nunca.
Ele agora foi mais longe e, durante os dois meses seguintes, ensinou em
vá rias aldeias do interior da Judé ia e da Peré ia. Ele també m escolheu e
enviou setenta e dois discı́pulos para ajudar na obra.
As doutrinas ensinadas diziam respeito ao Reino de Deus em geral, mas
mais especi icamente à paternidade de Deus, à necessidade da oraçã o,
ao cumprimento generoso dos deveres, à obrigaçã o da caridade
fraterna e ao juı́zo inal em que a recompensa da felicidade eterna ou o
castigo da misé ria eterna será a sorte de cada homem de acordo com
seus merecimentos.
Quando os discı́pulos voltaram a Ele cheios de entusiasmo e com
relatos do grande sucesso que havia acompanhado seus trabalhos, Ele
disse: “Bem-aventurados os olhos que vê em o que vedes, e os ouvidos
que ouvem o que ouvistes”.
A este perı́odo pertence a expressã o de Seu pró prio grande amor pelos
homens, quando Ele pronunciou estas palavras memorá veis: “Vinde a
Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.
Tomem sobre você s o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e
humilde de coraçã o; e encontrareis descanso para vossas almas. Porque
o meu jugo é suave e o meu fardo leve”.
Por tudo isso, també m Ele manifestou Seu constante espı́rito de
comunhã o com o Pai celestial que tanto amava, entregando-Se a uma
oraçã o tã o prolongada e fervorosa que Seus Apó stolos, observando-O,
sentiram que nunca souberam o que realmente é orar. Entã o eles
pediram a Ele que os ensinasse també m a orar.
Foi em resposta a este pedido que Ele lhes ensinou a oraçã o, tã o
sublime quanto simples: “Pai nosso, que está s nos cé us, santi icado seja
o teu nome, venha a nó s o teu reino, seja feita a tua vontade assim na
terra como no cé u. . O pã o nosso de cada dia nos dai hoje; e perdoa-nos
as nossas ofensas, assim como nó s perdoamos a quem nos tem
ofendido. E nã o nos deixes cair em tentaçã o, mas livra-nos do mal”.
A DECLARAÇÃO SUPREMA
No mê s de dezembro seguinte, Jesus voltou a Jerusalé m para a Festa da
Dedicaçã o, que comemorava a libertaçã o do Templo em 165 dC da
profanaçã o a que Antı́oco Epifâ nio havia sido submetido cerca de cinco
anos antes. Antı́oco era um tirano que tentou acabar com o judaı́smo e
impor ao povo seu pró prio paganismo grego.
Chegando pouco antes da festa, Jesus icou mais uma vez com Seus
amigos Lá zaro, Marta e Maria, em Betâ nia, duas milhas fora da cidade.
Entã o, no pró prio dia da festa, Ele foi fazer Sua visita ao Templo.
Assim que Ele apareceu ali, as pessoas imediatamente se reuniram ao
Seu redor. Mas os fariseus també m estavam lá ; e eles estavam
determinados a forçá -lo a dizer abertamente se Ele alegava ou nã o ser o
Messias prometido. Entã o eles lançaram o desa io para Ele: “Por quanto
tempo você vai nos manter em suspense? Se você é o Messias, diga isso
diretamente.”
Jesus respondeu que nã o importa o que Ele dissesse, eles nã o
acreditariam nele, mas que os milagres que Ele operara em nome de
Seu Pai eram evidê ncia su iciente de Sua missã o divina. Entã o ele
acrescentou as palavras momentosas: “Eu e o Pai somos um.”
As implicaçõ es disso eram muito claras, e imediatamente os fariseus
pegaram pedras do pá tio para apedrejá -lo.
Mas Jesus, por sua vez, os desa iou, dizendo que Ele havia feito muitas
boas obras que somente Deus poderia fazer. “Por qual das minhas boas
obras”, perguntou ele, “você me apedreja?”
“Nã o por quaisquer boas obras”, gritaram eles, “mas por blasfê mia,
porque, sendo homem, você se faz Deus”.
Deixando cair as pedras, eles correram em direçã o a Ele, com a intençã o
de prendê -lo; mas mais uma vez Ele escapou deles, perdendo-se na
multidã o que se agitava, deixou o pá tio do Templo e a pró pria
Jerusalé m, partindo imediatamente, nã o de volta para Betâ nia, mas
para o outro lado do Jordã o, a cerca de trinta quilô metros de distâ ncia,
perto do local. onde Joã o Batista havia começado sua missã o.
Mas Ele chorou, dizendo: “Jerusalé m, Jerusalé m. Matas os profetas e
apedrejas os que te sã o enviados. Quantas vezes eu teria reunido seus
ilhos como a galinha seus pintinhos sob sua asa, e você nã o!
LEVANTAMENTO DE LÁZARO
Os trê s meses seguintes Jesus passou na Peré ia, ensinando, fazendo o
bem sempre e fazendo muitos convertidos.
Os fariseus, no entanto, constantemente perseguiam Seus passos; e um
dia um grupo deles lhe disse para sair da Peré ia porque Herodes
Antipas, que era governador da Peré ia e també m da Galilé ia, estava
planejando matá -lo.
Nenhum pensamento de Seu bem-estar fez com que os fariseus o
advertissem. Cheios de inveja e ó dio, eles pensaram que a ameaça
poderia pelo menos pô r im à Sua obra atual, impelindo-O a ir para
outro lugar.
Mas Ele simplesmente respondeu a eles: “Vã o e digam à quela raposa
que continuarei Meu trabalho até a hora de ir a Jerusalé m. Se um
profeta deve perecer, só pode ser naquela cidade. No entanto, quando
eu for lá , serei recebido com o grito de boas-vindas: Bem-aventurado
aquele que vem em nome do Senhor”.
Finalmente veio um chamado de caridade que Ele nã o podia recusar.
Mensageiros vieram de Marta e Maria em Betâ nia para dizer que seu
irmã o Lá zaro estava gravemente doente. A mensagem enviada pelas
irmã s foi meramente: “Senhor, aquele a quem Tu amas está doente”.
Eles sabiam que nã o precisavam dizer mais nada.
Mas Jesus estava bem ciente de que, enquanto os mensageiros estavam
fazendo sua viagem de vinte milhas, Lá zaro havia morrido; e Ele
deliberadamente permitiu que mais dois dias se passassem antes de
dizer aos Seus Apó stolos: “Vamos novamente para a Judé ia”. Eles o
lembraram dos planos para matá -lo ali; mas foi em vã o, e vendo Sua
determinaçã o de ir, Tomé disse aos outros: “Vamos nó s també m, e
morramos com Ele”.
Lá zaro já estava há quatro dias na sepultura quando eles se
aproximaram de Betâ nia, e Marta, sabendo de Sua vinda, foi ao seu
encontro com as palavras chorosas: “Senhor, se estivesses aqui, meu
irmã o nã o teria morrido”. Sua irmã Maria veio també m, quando lhe
disseram que Jesus estava perguntando por ela, e disse praticamente as
mesmas palavras. As duas irmã s provavelmente haviam dito
repetidamente uma à outra que se Jesus estivesse lá , Ele nunca teria
deixado seu irmã o morrer.
A seu pedido, eles o levaram para a caverna onde Lá zaro foi sepultado,
e Ele disse aos homens presentes que removessem a pedra que cobria a
entrada. Entã o, depois de uma oraçã o a Seu Pai, Ele ordenou a Lá zaro
que voltasse à vida e saı́sse da sepultura. Lá zaro o fez imediatamente,
para imensa excitaçã o de todos os que testemunharam e a conversã o da
maioria deles. Nã o, poré m, de todos. Alguns correram para Jerusalé m e
informaram os fariseus, que imediatamente exigiram uma reuniã o do
Siné drio ou Conselho Supremo dos Judeus.
A reuniã o do Siné drio foi realizada na casa de Caifá s, o Sumo Sacerdote
daquele ano. Todos concordaram que algo tinha que ser feito. Se Jesus
tivesse permissã o para continuar com con irmaçõ es tã o
impressionantes de seus ensinamentos, todos acabariam acreditando
nele. Os romanos podem até intervir e reduzi-los à escravidã o absoluta,
tirando todos os seus privilé gios atuais.
A discussã o continuou até que Caifá s encerrou-a dizendo: “Só há uma
coisa a fazer. E melhor que Ele morra do que pereça toda a naçã o”.
Jesus estava condenado. Mas eles nã o podiam colocar as mã os sobre Ele
por enquanto. Ele havia saı́do de Betâ nia e ido para o deserto algumas
milhas ao norte, perto de Efraim. O Siné drio podia apenas fazer seus
planos para Sua morte, ordenando que qualquer um que soubesse onde
Ele poderia ser encontrado deveria informá -los imediatamente.
BANQUETE EM BETHANY
Eram apenas cerca de 30 quilô metros até Betâ nia de Jericó , e quando
Jesus chegou à pequena cidade na tarde de sexta-feira, apenas seis dias
antes da Pá scoa, Ele foi bem recebido por todos. Apenas um mê s atrá s,
Ele ressuscitou Lá zaro, tã o conhecido e popular entre todos, dos
mortos.
Um cidadã o rico chamado Simã o até ofereceu um banquete para Ele e
seus apó stolos, convidando Lá zaro, Marta e Maria a estarem presentes
també m.
Durante a noite, na presença de todo o grupo, Maria expressou sua
reverê ncia, amor e gratidã o derramando sobre a cabeça e os pé s de
Jesus um perfume muito caro e refrescante. Isso a ligiu muito Judas,
que protestou contra tal desperdı́cio, dizendo que o precioso unguento
poderia ter sido vendido por cerca de cinquenta ou sessenta dó lares, e
o dinheiro dado aos pobres. Mas Jesus a defendeu. “Os pobres você
sempre tem com você ”, disse Ele, “mas nã o Eu mesmo. Ela se saiu bem,
preparando Meu corpo de antemã o para o enterro. E eu lhes digo que
onde quer que o evangelho seja pregado no mundo, o que ela fez será
lembrado em sua memó ria”.
Judas, no entanto, estava tudo menos apaziguado; Sentira repulsa pelo
que vira. A perda do dinheiro irritou. Os pensamentos de vender o
precioso unguento começaram a dar lugar em sua mente aos
pensamentos de vender algo in initamente mais precioso, o pró prio
Jesus.
Durante esses dias, Jerusalé m fervilhava de excitaçã o. Caravanas de
peregrinos chegavam todos os dias de todos os lugares para a Pá scoa.
Nas encostas ao redor das colinas foram armadas tendas, e diariamente
a multidã o delas ia para a Cidade Santa. Muitos galileus estavam entre
eles. Toda a conversa era sobre Jesus, e acima de tudo sobre o milagre
que Ele havia realizado um mê s atrá s, a ressurreiçã o de Lá zaro dentre
os mortos. Pessoas, indo e vindo, aglomeravam-se nos trê s quilô metros
de estrada entre Jerusalé m e Betâ nia. Muitos deles queriam ver Lá zaro
com seus pró prios olhos.
DOMINGO DE RAMOS
Foi em meio a toda essa agitaçã o que Jesus veio na sexta-feira de sua
chegada a Betâ nia, e decidiu ir a Jerusalé m depois do sá bado, no
primeiro dia da semana. Mas, ao contrá rio das visitas anteriores, esta
deveria assumir a forma de uma entrada pú blica na Cidade. Ele,
portanto, enviou dois de Seus discı́pulos a uma aldeia pró xima para
trazer de volta um potro de jumenta que Ele disse que encontrariam
amarrado lá , e que o dono os deixaria com prazer.
A notı́cia de que Ele estava vindo dessa maneira se espalhou
rapidamente, até mesmo para a pró pria Jerusalé m; e enquanto Ele
subia a encosta em direçã o à cidade, o povo veio ao encontro do
milagreiro de Nazaré , agitando palmas e gritando: “Bem-vindo. Hosana
ao Filho de Davi. Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Hosana
nas alturas!"
Foi em vã o que sacerdotes e fariseus irados mandaram o povo parar,
perguntando o que eles queriam dizer com isso. “Este é Jesus, o Profeta,
de Nazaré da Galilé ia”, disseram eles, e continuaram com suas
demonstraçõ es de alegria. Os fariseus entã o se voltaram para Jesus. "E
para você parar com tudo isso", disseram eles. “Faça-os cessar.” “Se eu
izesse isso”, Ele respondeu, “as pró prias pedras clamariam”.
Quando uma curva repentina na estrada trouxe a cidade à vista, Jesus
foi à s lá grimas. Aqui estava Ele, aceitando publicamente o papel do
Messias, mas sabendo que dentro de poucos dias Ele seria rejeitado
enfaticamente. “Se você soubesse”, disse Ele, em voz baixa, “as coisas
que sã o para a sua paz. Mas agora eles estã o escondidos de você . Nã o
icará em ti pedra sobre pedra, porque nã o conheceste o tempo da tua
visitaçã o”.
Entrando na cidade fervilhante, Ele visitou o Templo para se entregar à
oraçã o. Mas os sacerdotes e fariseus disseram uns aos outros com raiva:
“Nã o conseguimos nada. O mundo inteiro parece ter ido atrá s dele.”
Eles, portanto, realizaram outra reuniã o para considerar o pró ximo
passo que deveriam fazer.
Nenhum outro desenvolvimento ocorreu naquele dia em Jerusalé m; e,
tendo olhado em volta para o que viu ali, Jesus voltou à tarde para
Betâ nia. Era pouco mais de meia hora de caminhada.
DIA DE PERGUNTAS
Os Sumos Sacerdotes e outros tiveram tempo para pensar sobre as
coisas, e quando Ele começou a ensinar novamente no Templo, eles o
interromperam, exigindo saber com que autoridade Ele assumiu tais
deveres.
Ele respondeu com outra pergunta. “De quem Joã o Batista recebeu sua
autoridade?” Eles foram reduzidos ao silê ncio. Pois se eles dissessem
que Joã o Batista nã o tinha autoridade, teriam irritado as pessoas que o
consideravam um profeta de Deus. Se, por outro lado, eles dissessem de
Deus, a resposta teria sido: “Entã o por que você nã o lhe obedeceu?”
Aproveitando-se de sua frustraçã o, Jesus entã o pregou as pará bolas dos
“Dois Filhos” ( Mateus 21:28-32); dos “lavradores ı́mpios” ( Lucas 20:9-
18); e da “Festa de Bodas”. ( Mateus 22:1-14). Todas as trê s pará bolas
predisseram a rejeiçã o de Deus aos judeus como Seu povo escolhido, e a
concessã o de sua herança aos gentios.
Enfurecidos com isso, os fariseus procuraram colocá -lo em problemas
com as autoridades romanas, perguntando se era ou nã o lı́cito pagar
tributo a Cé sar? Eles nã o ganharam nada com isso, pois Ele respondeu
simplesmente: “Dai a Cé sar o que é de Cé sar, e a Deus o que é de Deus”.
Os saduceus, entã o, izeram uma pergunta capciosa sobre o casamento
no cé u, que Jesus sumariamente rejeitou ao dizer que no cé u nã o há
casamento nem doaçã o em casamento, condiçõ es que sã o bem
diferentes das da terra.
Os fariseus entã o tentaram novamente perguntando qual é o maior
mandamento? Jesus respondeu que o primeiro é amar a Deus, e que o
segundo é amar o pró ximo - um amor que eles certamente nã o estavam
manifestando entã o!
Depois disso nã o houve mais perguntas, mas Jesus passou a advertir o
povo contra a hipocrisia dos escribas e fariseus. Estes tomaram Suas
palavras como uma declaraçã o de guerra aberta; e Jesus sabia que havia
virtualmente pronunciado Sua pró pria sentença de morte.
Quando Ele estava saindo do Templo, para nunca mais entrar nele, Ele
viu uma pobre viú va colocar duas moedas em uma caixa de coleta para
a manutençã o do Templo. Quã o pequena uma oferta que era pode ser
realizada pelo fato de que oito á caros seriam iguais a um ú nico centavo!
No entanto, Jesus elogiou sua oferta sacri icial, dizendo que ela merecia
mais do que todos os outros porque ela havia dado tudo o que tinha.
Um pouco mais tarde, poré m, Ele predisse a Seus Apó stolos a ruı́na
total do Templo, apesar de suas vastas pedras e estrutura só lida.
Indo para casa em Betâ nia, Ele interrompeu a viagem indo para o
Monte das Oliveiras, levando consigo Seus apó stolos Pedro, Tiago e
Joã o, a quem falou longamente sobre o Juı́zo Final.
JUDAS, O TRAIDOR
No dia seguinte, quarta-feira, Jesus passou um retiro com Seus
apó stolos, possivelmente em Betâ nia, provavelmente nas colinas
pró ximas. Estas foram as ú ltimas horas de preparaçã o espiritual, e
durante elas Ele lhes disse claramente mais uma vez: “Faltam apenas
dois dias para a Pá scoa. Entã o serei entregue para ser cruci icado”.
Um apó stolo, no entanto, estava faltando por algumas horas naquele
dia. Ele tinha ido sozinho para Jerusalé m, onde o Siné drio estava
realizando uma reuniã o pela manhã , tentando decidir o que fazer com
Jesus. Os membros estavam preocupados com o nú mero de Seus
amigos que vieram do interior. Mas, para seu deleite, Judas veio até eles,
perguntando o que eles lhe dariam se ele os informasse onde poderiam
encontrar Jesus longe das multidõ es habituais. Eles concordaram em
dar-lhe trinta moedas de prata, possivelmente equivalentes a quinze e
vinte dó lares em nosso dinheiro. Deve ter parecido uma pechincha
muito ruim, mas ainda assim Judas aceitou. Ele icou enojado com a
maneira como Jesus falhou repetidamente em se a irmar como o
Messias-Rei das aspiraçõ es nacionalistas judaicas quando as
oportunidades se apresentaram.
A ÚLTIMA CEIA
Na quinta-feira, Jesus enviou Pedro e Joã o à cidade para providenciar o
uso de um cená culo na casa de um amigo, onde Ele pudesse celebrar a
ceia da Pá scoa com Seus apó stolos naquela noite; e no devido tempo
todos vieram à casa, inclusive Judas.
Antes de começar a refeiçã o, tendo em mente as muitas vezes em que
os Apó stolos discutiram sobre “quem seria o maior”, deu-lhes uma
suprema liçã o de humildade, cingindo-se com uma toalha e depois,
tomando uma tigela de á gua, ajoelhando-se como um escravo
domé stico para lavar os pé s.
Depois disso, Ele prosseguiu com a ceia, durante a qual os advertiu que
um deles estava prestes a traı́-lo. Judas foi embora, para dizer aos
guardas do Templo que estivessem prontos para o momento em que ele
os noti icasse. Seria em breve. Jesus estava jantando com Seus
Apó stolos na casa de um amigo, disse-lhes. Eles seriam capazes de
prendê -lo sem qualquer perturbaçã o pú blica depois que ele deixasse o
local.
Quando Judas se foi - como parece mais prová vel - Jesus passou a
cumprir a promessa que havia feito um ano antes de dar Sua carne para
comer e Seu sangue para beber. Tomando o pã o, Ele disse: “Tome e
coma. Este é o Meu corpo que é dado por você . Faça isso em
comemoraçã o a Mim.” Entã o, tomando vinho: “Este é o meu sangue da
Nova Aliança, que será derramado por muitos para remissã o dos
pecados”.
Assim Ele deu o sinal de Seu pró prio Sacerdó cio de acordo com a ordem
de Melquisedeque, que havia oferecido sacrifı́cio em pã o e vinho; e
també m fez os Apó stolos sacerdotes de acordo com essa mesma ordem.
Assim, també m, Ele deixou para Sua Igreja o Sacrifı́cio da Missa, do qual
Sã o Paulo escreveria mais tarde: “Todas as vezes que comerdes este pã o
e beberdes o cá lice, mostrareis a morte do Senhor até que Ele venha. .” (
1 Coríntios 11:26).
Depois disso, Jesus falou por algumas horas com Seus Apó stolos, até
quase meia-noite, confortando-os, prometendo-lhes o Espı́rito Santo
para sua obra futura, dizendo-lhes que se uniriam a Ele como ramos
vivos se unem a uma videira, e concluindo com uma oraçã o sacerdotal
pela unidade de Sua Igreja, imprimindo neles os maravilhosos
relacionamentos de Si mesmo com Seu Pai, e deles mesmos com Ele.
Seguiu-se um hino de açã o de graças, depois Ele saiu de casa com Seus
apó stolos e partiu com eles de Jerusalé m pela estrada de Betâ nia até
seu favorito Monte das Oliveiras. Lá Ele foi para um jardim chamado
Getsê mani, onde Ele foi separado dos Apó stolos, com exceçã o de Pedro,
Tiago e Joã o, que Ele levou consigo. A estes trê s foi permitido
testemunhar, enquanto Ele se ajoelhava em oraçã o, algo da tristeza com
que Ele foi a ligido pelo peso dos pecados do mundo, cujo fardo lhe
forçou um suor de sangue.
PRISÃO E JULGAMENTO
Foi no jardim do Getsê mani que Judas, vindo com os guardas do
Templo, O encontrou.
Os apó stolos fugiram.
Jesus, preso, foi levado primeiro a Aná s, um ex-Sumo Sacerdote, que
nã o tinha autoridade, mas que queria interrogá -lo para pensar na
melhor acusaçã o a fazer contra Ele. Aná s entã o o enviou a seu genro,
Caifá s, o sumo sacerdote na verdade, que já havia decidido que era
melhor que Jesus morresse do que toda a naçã o perecesse.
Era agora luz do dia, na manhã de sexta-feira. O Siné drio se reuniu
rapidamente. Muitos informantes pro issionais foram chamados para
depor perante o tribunal judaico, mas suas acusaçõ es eram tã o
con litantes e tã o palpavelmente falsas que Caifá s as pô s de lado e
tomou as coisas em suas mã os.
Ele fez uma pergunta direta a Jesus, ordenando-Lhe em nome do Deus
Vivo que dissesse se Ele a irmava ou nã o ser o Cristo, o Filho de Deus.
Jesus respondeu que sim, e que um dia eles o veriam voltando nas
nuvens do cé u. Ficou claro que Ele estava se declarando igual a Deus, e
Caifá s voltou-se para seus companheiros do Siné drio. "Todos você s já
ouviram essa blasfê mia", disse ele. “Nã o há necessidade de outras
provas. O que você diz?" Todos concordaram que a sentença de morte
deveria ser pronunciada.
Durante esses procedimentos, dois dos Apó stolos, Pedro e Joã o, tiveram
coragem su iciente para ir ao pá tio da casa do Sumo Sacerdote; mas ali,
quando reconhecido, Pedro icou apavorado e trê s vezes negou, mesmo
com juramento, que conhecia Jesus. O canto de um galo trouxe para ele
a previsã o de Jesus de que ele faria isso; e, saindo, chorou
amargamente. Por enquanto nã o se lembrava, embora o tenha feito
mais tarde, que mesmo ao prever sua queda, Jesus també m havia dito:
“Roguei por você , Simã o, para que sua fé nã o desfaleça; e depois de sua
conversã o, será para você fortalecer seus irmã os”.
O Siné drio, proibido pelas autoridades romanas de in ligir eles mesmos
a pena de morte, levou Jesus a Pilatos, governador da Judé ia, acusando-
o de aconselhar as pessoas a nã o pagar impostos a Cé sar, de se
proclamar rei e de incitar o povo à rebeliã o. .
Pilatos nã o acreditou neles; tentou escapar da condenaçã o de Jesus
enviando-o a Herodes Antipas, governador da Galilé ia, que estava entã o
em Jerusalé m; e, quando esse expediente falhou, juntamente com todas
as medidas persuasivas para aplacar os judeus, entregou-O a eles para
ser cruci icado.
Antes, poré m, lavou as mã os na presença deles, declarando-se “inocente
do sangue deste justo”. Em um frenesi de triunfo, a turba, incitada pelos
sacerdotes judeus, gritou: “Seu sangue caia sobre nó s e sobre nossos
ilhos”.
Entã o eles izeram Jesus carregar Sua pró pria cruz ao Calvá rio.
MORTE NO CALVÁRIO
Pregado na cruz, Jesus suportou por trê s horas as torturas
ignominiosas e agonizantes da cruci icaçã o, com um cartaz acima de
sua cabeça, para a morti icaçã o dos judeus, mas insistiu por Pilatos,
proclamando-o como “Jesus de Nazaré , o Rei dos judeus .”
Sete de Suas declaraçõ es da cruz foram preservadas para nó s. Ele orou
pelo perdã o de Seus perseguidores; prometeu o paraı́so ao ladrã o
arrependido que, junto com outro criminoso, foi cruci icado ao lado
dele; con iou Sua Mã e aos cuidados de Sã o Joã o; expressou Sua pró pria
angú stia mental e corporal no clamor: “Deus meu, Deus meu, por que
me desamparaste” e nas palavras: “Tenho sede”; e entã o, depois de
declarar que tudo havia sido “realizado”, Sua declaraçã o inal, forte e
con iante: “Pai, em Tuas mã os entrego Meu espı́rito”.
Entã o, à s 15h, naquela tarde de sexta-feira, Jesus morreu.
A pró pria natureza pagou o tributo que Seu pró prio povo recusou. O sol
escureceu, enquanto a terra tremeu, rasgando o Vé u do Templo e
abrindo os tú mulos. Os judeus icaram apavorados e fugiram, batendo
no peito. Até mesmo o centuriã o romano exclamou: “Na verdade, este
homem era o Filho de Deus.”
Os sumos sacerdotes nã o estavam menos aterrorizados com essas
coisas do que os outros, mas estavam obcecados por outro medo maior.
Jesus havia dito que ressuscitaria no terceiro dia. Eles nã o acreditavam
que fosse possı́vel; mas eles estavam determinados a tomar precauçõ es
contra qualquer remoçã o de Seu corpo por Seus discı́pulos, com a
subsequente a irmaçã o de que a profecia havia sido cumprida.
Ao pô r do sol, o sá bado começaria. Eles devem ter tudo feito até entã o.
A seu pedido, os soldados romanos apressaram a morte dos dois
ladrõ es quebrando-lhes as pernas; mas quando foram a Jesus, já O
encontraram morto. Ainda assim, para ter certeza, um soldado en iou
uma lança em Seu lado. Os corpos foram retirados e Pilatos deu
permissã o a José de Arimaté ia para dar sepultura honrosa ao de Jesus.
Uma concessã o que ele fez aos sacerdotes judeus. Eles poderiam selar a
pedra na entrada da abó bada e fazer com que os guardas romanos
icassem de guarda até depois do terceiro dia, evitando qualquer
interferê ncia nela.
RESSUSCITOU E VIVER AINDA
Qualquer biogra ia comum aqui chegaria ao im. Impressionados pela
bondade, coragem magnı́ ica e devoçã o altruı́sta de uma vida como a
descrita, as pessoas podem pensar que o im foi de pura tragé dia; ainda
assim, seria o im de mais um grande homem que desempenhou seu
papel no palco da histó ria humana.
No caso de Jesus, poré m, as coisas sã o muito diferentes.
Pouco antes do amanhecer do terceiro dia, domingo, um terremoto
deslocou a pedra da entrada do tú mulo em que ele havia sido
sepultado; e os soldados romanos de guarda icaram aterrorizados nã o
só com isso, mas com a apariçã o de um anjo, luminosamente brilhante.
Eles caı́ram no chã o inconscientes e quando reviveram, fugiram.
O deslocamento da pedra nã o foi para permitir que Jesus saı́sse do
sepulcro. Ele já havia ressuscitado quando isso aconteceu. Mas Maria
Madalena e as outras mulheres que vieram pouco antes do nascer do
sol puderam ver que o tú mulo estava vazio. O anjo, ainda ali, os
convidou a fazê -lo. “Vede o lugar onde o Senhor foi posto”, disse-lhes.
“Ele nã o está aqui, pois ressuscitou, como disse. Vá depressa e conte aos
Seus discı́pulos”.
Era verdade. Os discı́pulos, no entanto, demoraram a acreditar. Mas
durante os pró ximos quarenta dias, em vá rios momentos e em
diferentes lugares, Jesus apareceu a eles, individualmente e em grupos.
Ele continuou instruindo-os, explicando a dois deles, no caminho de
Emaú s, como tudo o que Moisé s e os profetas haviam predito sobre o
Messias havia se cumprido Nele.
Aparecendo no meio deles, quando estavam reunidos em Jerusalé m,
concedeu-lhes o poder de perdoar pecados, soprando sobre eles e
dizendo: “Recebei o Espı́rito Santo. A quem perdoas os pecados, sã o-
lhes perdoados”.
Em outra ocasiã o, na Galilé ia, Ele con irmou Pedro em seu ofı́cio como
chefe supremo da Igreja na terra, depois de exigir dele uma trı́plice
pro issã o de amor como reparaçã o pela trı́plice negaçã o. A ele Jesus
con iou o cuidado de cordeiros e ovelhas, todo o rebanho; e prometeu-
lhe a coroa do martı́rio no inal.
Apropriadamente també m na Galilé ia, onde Ele os chamou pela
primeira vez como Apó stolos, Ele lhes deu Sua grande comissã o,
dizendo: “Todo o poder me foi dado no cé u e na terra. Indo, portanto,
ensinai todas as naçõ es, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do
Espı́rito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos
ordenei; e eis que estou convosco todos os dias até o im do mundo”.
Sua ú ltima apariçã o para eles aconteceu pouco depois em Jerusalé m.
Naquela entrevista inal, tendo dado a eles mais instruçõ es sobre Sua
Igreja como o Reino de Deus neste mundo, Ele lhes disse para
permanecerem na cidade até que o Espı́rito Santo descesse sobre eles
como Ele havia prometido. Depois disso, eles deveriam começar seu
apostolado de pregar o evangelho em todo o mundo, até os con ins da
terra.
Agora havia chegado a hora de Ele retornar ao Cé u de onde Ele veio.
Acompanhado por todos eles, partiu no caminho para Betâ nia e o
Monte das Oliveiras. Quando eles subiram a montanha, Ele os abençoou
e, ao fazê -lo, começou a subir acima e alé m deste mundo. Por alguns
momentos apenas eles O viram partir. Entã o uma nuvem de repente se
formou sob Ele, cortando-O de seu olhar.
Enquanto eles continuavam olhando para cima, dois homens vestidos
de branco apareceram para eles e lhes disseram que Jesus inalmente
havia saı́do deles, mas que Ele voltaria algum dia, assim como eles O
viram partir. Estranhamente, eles nã o sentiram nenhum traço de
tristeza por Sua partida, mas voltaram para Jerusalé m com grande
alegria, para perseverar em oraçã o e esperar até serem dotados de
poder do alto.
Nove dias depois, no domingo de Pentecostes, o prometido Espı́rito
Santo desceu sobre eles. Pedro, chefe dos apó stolos, pregou o primeiro
sermã o naquele mesmo dia em Jerusalé m, e cerca de trê s mil almas
foram recebidas na Igreja.
E essa Igreja - a Igreja Cató lica - que está no mundo todos os dias desde
entã o, e ainda está conosco, o testemunho vivo que remonta aos
tempos, nos torna um com aqueles que ouviram Jesus falar e viram as
coisas que Ele fez ; e nã o mais do que eles podem duvidar da realidade
das experiê ncias que foram suas.
Para nó s, como para Sã o Pedro, Jesus é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
Dele, com Sã o Joã o, nã o temos escolha senã o dizer: “No princı́pio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez
carne e habitou entre nó s; e vimos a sua gló ria, como a gló ria do
unigê nito do Pai, cheia de graça e de verdade”.
IMPRENSA DE SÃO BENTO
A Saint Benedict Press, fundada em 2006, é a empresa-mã e de uma
variedade de selos, incluindo TAN Books, Catholic Courses, Benedict
Bibles, Benedict Books e Labora Books. O nome da empresa
homenageia a in luê ncia orientadora da Regra de Sã o Bento e dos
monges beneditinos da Abadia de Belmont, Carolina do Norte, a uma
curta distâ ncia da sede da empresa em Charlotte, Carolina do Norte.
A Saint Benedict Press é agora uma empresa multimé dia. Sua missã o é
publicar e distribuir produtos que re litam a tradiçã o intelectual
cató lica e apresentar esses produtos de maneira atraente e acessı́vel.
TAN • LIVROS
A TAN Books foi fundada em 1967, em resposta ao rá pido declı́nio da fé
e da moral na sociedade e na Igreja. Desde a sua fundaçã o, a TAN Books
está comprometida com a preservaçã o e promoçã o das tradiçõ es
espirituais, teoló gicas e litú rgicas da Igreja Cató lica. Em 2008, a TAN
Books foi adquirida pela Saint Benedict Press. Desde entã o, a TAN
experimentou crescimento e diversi icaçã o positivos, cumprindo sua
missã o para uma nova geraçã o de leitores.
https://tanbooks.benedictpress.com/index.php/Booklets
TAN · LIVROS
Desde seus primeiros dias, a TAN publicou uma sé rie de folhetos que
ensinam e defendem a Fé . Por meio de parcerias com organizaçõ es,
apostolados e pessoas missioná rias, foram distribuı́dos mais de 10
milhõ es de folhetos TAN.
Hoje, a TAN publica mais de 500 tı́tulos nas á reas de teologia, oraçã o,
devoçõ es, doutrina, histó ria da Igreja e vida dos santos. Os livros TAN
sã o publicados em vá rios idiomas e encontrados em todo o mundo em
escolas, paró quias, livrarias e residê ncias.