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VIDA DE S.

VERONICA GIULIANI

ÍNDICE

Introdução: de um discurso de SS Bento XVI

PRIMEIRO LIVRO
Preparativos para a Paixão

Cap. I. - A aparição da vítima


Cap. II. - A Elaição
Cap. III. - O ornamento da vítima
Cap. IV. - O sacrifício da vítima
Cap. V. - A consagração da vítima

SEGUNDO LIVRO
Cenas da Paixão

Cap. I. - A cena do Getsêmani


Cap. II - A cena Pretoriana
Cap. III. - A cena do Gólgota
Cap. IV. - Continuação da cena do Gólgota
Cap. V. - A confissão geral.

Cap. VI. - As núpcias divinas


Cap. VII. - A transverberação do coração
Cap. VIII. - Os Estigmas
Cap. IX. - Renovação das cenas da Paixão
TERCEIRO LIVRO
Os carrascos

Capítulo I. - Jesus Cristo eu entendi. - Santa Clara de Assis


Cap. III. - Representantes de Deus. Capítulo IV. - As freiras adversárias.

Cap. V. - Os demônios Cap. VI. - Verônica


LIVRO QUATRO
Os suportes

Capítulo I. - Cirene e Verônica eu entendi.


Cap. II - O anjo consolador e a paciente Maria
Cap. III. - NS Jesus Cristo
QUINTO LIVRO
Os frutos da Paixão

Cap. I. - Por Nosso Senhor Jesus Cristo Cap. II. - Pela Igreja militante
Cap. III. - Pela Igreja do purgatório.
LIVRO SEIS
A consumação da Paixão

Capítulo único - Doença e morte da vítima

LIVRO SÉTIMO
O glorioso sepulcro

Cap. I. - O funeral triunfalCap. II. – As virtudes heroicas


Cap. III. - As virtudes heroicasnos ofícios
Cap. IV. - Carismas e dons
sobrenaturais
Cap. V. - Seu culto em seu país natal
INTRODUÇÃO

BENTO XVI

AUDIÊNCIA GERAL
Auditório Paulo VI, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Santa Verônica Giuliani

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje gostaria de apresentar um misticismo que não é da época medieval; é Santa Verônica
Giuliani,
uma freira clarissa capuchinha. A razão é que no próximo dia 27 de dezembro é o 350º
aniversário de seu nascimento. Città di Castello, lugar onde viveu mais e morreu, assim como
Mercatello - sua cidade natal - e a diocese de Urbino, vivem com alegria este acontecimento.

Verônica nasceu em 27 de dezembro de 1660 em Mercatello, no vale do Metauro, filha de


Francesco Giuliani e Benedetta Mancini; ela é a última de sete irmãs, das quais três outras vão
abraçar a vida
monástica; ela recebe o nome de Orsola. Aos sete anos, Ela perdeu a mãe, e seu pai mudou-se
para Piacenza como superintendente dos costumes do Ducado de Parma. Nesta cidade, Orsola
sente crescer nela o desejo de dedicar sua vida a Cristo. O chamado se torna cada vez mais
urgente, tanto que, aos 17 anos, Ela entra no estreito claustro do mosteiro das Clarissas
Capuchinhas em Città di Castello, onde permanecerá por toda a vida.
Lá ela recebe o nome de Verônica, que significa "verdadeira imagem", e, com efeito, ela se
tornará uma verdadeira imagem de Cristo Crucificado. Um ano depois faz a solene profissão
religiosa: inicia o caminho de configuração a Cristo através de muitas penitências, grandes
sofrimentos e algumas experiências místicas ligadas à Paixão de Jesus: a coroação de espinhos,
o casamento místico, a ferida no coração e os estigmas. Em 1716, aos 56 anos, tornou-se
abadessa do mosteiro e foi reconfirmada nesta função até sua morte em 1727, após uma agonia
muito dolorosa de 33 dias que culminou em profunda alegria, tanto que suas últimas palavras
foram: "Encontrei o Amor, o Amor se deixou ver! Esta é a causa do meu sofrimento. Diga a
todos, diga a todos!" (Summarium Beatificationis, 115-120). No dia 9 de julho sai de sua casa
terrena para encontrar Deus, tem 67 anos, cinquenta dos quais passou no mosteiro de Città di
Castello. Ela foi proclamada santa em 26 de maio de 1839 pelo Papa Gregório XVI.

Veronica Giuliani escreveu muito: cartas, relatos autobiográficos, poemas. A principal fonte
para reconstruir seu pensamento é, no entanto, seu Diário, iniciado em 1693: vinte e duas mil
páginas manuscritas, que cobrem um período de trinta e quatro anos de vida enclausurada. A
escrita flui de forma espontânea e contínua, não há rasuras ou correções, não há sinais de
pontuação ou distribuição do material em capítulos ou partes de acordo com um desenho pré-
estabElacido. Verônica não queria compor uma obra literária; de fato, ela foi obrigada a colocar
suas experiências por escrito pelo padre Girolamo Bastianelli, religioso dos filipinos, de acordo
com o diocesano Dom Antonio Eustachi.

Santa Verônica tem uma espiritualidade marcadamente cristológico-esponsal: é a experiência de


ser amada por Cristo, Esposo fiel e sincero, e de querer corresponder com um amor cada vez
mais envolvidos e apaixonados. Nela tudo é interpretado na chave do amor, e isso a infunde
uma profunda serenidade. Tudo é vivido em união com Cristo, por amor a Ela e com a alegria
de poder demonstrar-lhe todo o amor de que uma criatura é capaz.

O Cristo a quem Verônica está profundamente unida é aquEla que sofre a paixão, a morte e a
ressurreição; é Jesus no ato de se oferecer ao Pai para nos salvar. Desta experiência deriva
também o amor intenso e sofrido pela Igreja, na dupla forma de oração e oferta. A Santa vive
nesta perspectiva: reza, sofre, procura a "santa pobreza", como "expropriação", perda de si (cf.
ibid., III, 523), precisamente para ser como Cristo, que deutodo Ela mesmo.

Em cada página de seus escritos Verônica recomenda alguém ao Senhor, corroborando suas
orações de intercessão com a oferta de si mesma em cada sofrimento. O seu coração abre-se a
todas as "necessidades da Santa Igreja", vivendo ansiosamente o desejo da salvação de "todo o
mundo" (ibid., III- IV, passim). Verônica clama: “Ó pecadores, ó pecadores... todos e todos
venham ao coração de Jesus; vinde à lavanda do seu sangue preciosíssimo… Ela vos espera de
braços abertos para vos abraçar” (ibid., II, 16-17). Animada por uma caridade ardente, dá às
irmãs do mosteiro atenção, compreensão, perdão; Ela oferece suas orações e sacrifícios pelo
Papa, seu bispo, sacerdotes e por todas as pessoas necessitadas, incluindo as almas do
purgatório. Ela resume sua missão contemplativa com estas palavras: "Não podemos ir
pregando para o mundo para converter as almas, mas somos obrigados a rezar continuamente
por todas aquelas almas que estão em ofensa a Deus... particularmente com nossos sofrimentos,
isto é, com um princípio de vida crucificada" (ibid., IV, 877). O nosso Santo concebe esta
missão como "estar no meio" entre os homens e Deus, entre os pecadores e Cristo Crucificado.
Verônica vive profundamente participando do amor sofredor de Jesus, certa de que "sofrer
com alegria" é a "chave do amor" (cf. ibid., I, 299.417; III, 330.303.871; IV, 192). Ela destaca
que Jesus sofre pelos pecados dos homens, mas também pelos sofrimentos que seus servos
fiéis teriam que suportar ao longo dos séculos, no tempo da Igreja, justamente por causa de sua
fé sólida e consistente. Ela escreve: "O eterno Seu Pai o fez ver e sentir naquEla momento
todos os sofrimentos que Seus escolhidos tiveram que sofrer, Suas almas queridas, ou seja,
aquElas que se aproveitariam de Seu Sangue e de todos os Seus sofrimentos" (ibid. ). ., II,
170). Como o apóstolo Paulo diz de si mesmo: "Agora estou feliz nos sofrimentos que suporto
por vocês e cumpro o que falta aos sofrimentos de Cristo na minha carne, em favor do seu
corpo que é a Igreja" (Col 1, 24). . Verônica vem pedir a Jesus para ser crucificado com Ela:
“Em um instante - ela escreve cinco raios resplandecentes; e todos chegaram à minha vez. E
eu vi essesraios se tornando como pequenas chamas. Quatro eram-,os pregos e um uma estava a
lança como ouro, toda em chamas: e passou meu coração de banda em banda... e os pregos
passaram por minhas mãos e pés. Senti uma grande dor; mas, na mesma dor, vi-me, senti-me
completamente transformado em Deus” (Diário, I, 897).

A Santa está convencida de que já participa do Reino de Deus, mas ao mesmo tempo invoca
todos os santos da pátria bem-aventurada para que a ajudem no caminho terreno da sua
doação, esperando a bem- aventurança eterna; esta é a aspiração constante da sua vida (cf.
ibid., II, 909; V, 246). Comparada com a pregação da época, que muitas vezes se concentrava
em "salvar a alma" em termos individuais, Verônica mostra um forte senso de "solidariedade",
de comunhão com todos os irmãos e irmãs a caminho do Céu, e vive, reza, sofre por todos.
As penúltimas coisas terrenas, por outro lado, embora apreciadas no sentido franciscano
como dom do Criador, são sempre relativas, completamente subordinadas ao "gosto" de
Deus e sob o signo de uma pobreza radical. Na communio sanctorum, ela esclarece sua
doação eclesial, bem como a relação entre a Igreja peregrina e a Igreja cElaste. "Todos os
Santos -
Ela escreve - eu estou lá em cima pelos méritos e paixão de Jesus; mas em tudo o que Nosso
Senhor fez, Elas cooperaram, para que sua vida fosse inteiramente ordenada, regulada pelas
próprias obras (dEla)” (ibid., III, 203).

Nos escritos de Verônica encontramos muitas citações bíblicas, às vezes indiretas, mas
sempre pontuais: revela familiaridade com o texto sagrado, do qual se nutre sua experiência
espiritual. Note-se também que os momentos fortes da experiência mística de Verônica
nunca se separam dos eventos salvíficos cElabrados na liturgia, onde o anúncio e a escuta da
Palavra de Deus têm um lugar particular: a Sagrada Escritura, portanto, ilumina, purifica,
confirma a experiência de Verônica, tornando-a eclesial. Por outro lado, porém, a sua própria
experiência, ancorada na Sagrada Escritura com uma intensidade incomum, leva a uma
leitura mais profunda e "espiritual" do mesmo Texto, penetra nas profundezas ocultas do
texto. Ela não só se expressa com as palavras da Sagrada Escritura, mas também vive
verdadeiramente por essas palavras, elas se tornam vida nela.

Por exemplo, o nosso Santo cita muitas vezes a expressão do apóstolo Paulo: "Se Deus é
por nós, quem será contra nós?" (Rm 8:31; cf. Diário , I, 714; II, 116,1021; III, 48). Nela, a
assimilação deste texto paulino, desta sua grande confiança e profunda alegria, torna-se um
facto consumado na sua própria pessoa: para sempre na vontade de Deus.

Pareceu-me que nunca mais devia desviar-me desta vontade de Deus e voltei a mim com
estas palavras precisas: nada poderá separar-me da vontade de Deus, nem a angústia, nem
as dores, nem as dores de parto, nem o desprezo. , nem tentações, nem criaturas, nem
demônios, nem trevas, nem mesmo a própria morte, porque, na vida e na morte, tudo quero,
e em tudo, a vontade de Deus” (Diário,
IV, 272). Portanto, também temos certeza de que a morte não é a última palavra, estamos
fixados
na vontade de Deus e assim, realmente, na vida para sempre.

Verônica revela-se, em particular, uma testemunha corajosa da bElaza e do poder do amor


divino, que a atrai, a permeia, a incendeia. É o Amor crucificado que foi impresso em sua
carne, como na de São Francisco de Assis, com os estigmas de Jesus.
“Minha esposa - o Cristo crucificado me sussurra - eu amo as penitências que você faz para
aquElas que estão em minha desgraça... E me encontrei nos braços do Crucifixo. O que
senti naquEla momento não posso dizer: gostaria de permanecer sempre no Seu lado
santíssimo” (ibid., I, 37). É também uma imagem do seu caminho espiritual, da sua vida
interior: estar no abraço do Crucifixo e assim estar no amor de Cristo pelos outros. Também
com a Virgem Maria Verónica vive uma relação de profunda intimidade, testemunhada pelas
palavras que um dia ouvimos de Nossa Senhora e que ela relata no seu Diário: "Deixei-te
repousar no meu ventre, tiveste união com a minha alma, e por ela fostes levados como em
fuga diante de Deus” (IV, 901).
Santa Verônica Giuliani nos convida a fazer a união com o Senhor em ser para os outros,
abandonando-nos à sua vontade com total confiança e total e união com a Igreja, Esposa de
Cristo; Ela nos convida a participar do amor sofredor de Jesus Crucificado pela salvação de
todos os pecadores; convida-nos a manter o olhar fixo no Paraíso, meta da nossa caminhada
terrena, onde viveremos juntos com muitos irmãos e irmãs a alegria da plena comunhão com
Deus; convida-nos a nutrir-nos diariamente com a Palavra de Deus para aquecer os nossos
corações e guiar a nossa vida. As últimas palavras da Santa podem ser consideradas a síntese
da sua experiência mística apaixonada: “Encontrei o Amor, o Amor deixou-se ver!”.
Obrigado.
PRIMEIRO LIVRO
Preparativos para a Paixão

Capítulo I. A APARÊNCIA DA VÍTIMA

Naquela época, o islamismo ameaçava o cristianismo, o sensualismo transbordava das massas,


a filosofia, no povo de Spinoza e Bayle, minava a fé, o jansenismo sufocava a esperança e
extinguia a caridade, o regalismo atacava os direitos da Igreja, enquanto o democratismo se
levantava contra os reis derrubando dinastias e quebrando cetros e coroas. A esta torrente de
males, Deus opôs duas barragens: duas mulheres fracas: Santa Margarida Maria e Santa
Verônica Giuliani, ambas vítimas da Justiça e apóstolas do Amor.

Santa Margarida Maria, de treze anos, acabava de sair da pensão das Clarissas em Charolle,
quando Santa Verônica nasceu no mundo.

Na Itália, terra dos grandes místicos, na província de Pesaro, nas encostas orientais dos
Apeninos, nas profundezas de uma paisagem sem limites e sem características especiais, ergue-
se o Mercatello 15. Cidade humilde, mas que gloriosa: é a pátria do nosso Santo.
Dentro de suas paredes há três santuários: a colegiada, onde Verônica recebeu o batismo e a
crisma; a igreja de S. Sebastiano, perto da casa Giuliani, onde Verônica aprendeu a rezar, e a
igreja dos Cordiglieri, hoje desaparecida, que abriga os ossos da mãe do santo. O antigo
convento das Clarissas e a casa ainda são visíveis paterno de Verônica, transformado, segundo
sua profecia, em mosteiro de fachada austera. Conserva- se piedosamente o quarto em que
nasceu o Santo: um salão amplo e alto, onde agora se ergue um altar e está escrito:

Veronica Giuliani nasceu aqui em 27 de dezembro de 1660.

Volto às paredes da sala, inúmeras relíquias: cabelo, véu, vestido e escapulário usados pela
Santa no dia da sua estigmatização; ensaios de sua caligrafia ampla, rápida, esbelta e generosa;
disciplina de ferro e outros instrumentos de penitência.

Seu quarto natal! Lá Ela viu a luz; lá Ela soltou seus primeiros gritos; lá muitas aparições
aconteceram e muitos milagres foram realizados. Nenhum peregrino que tenha lido a história
da Santa resiste indiferentemente: seus joelhos se dobram e seus lábios beijam por muito
tempo o chão santificado.
Os Giulians estavam entre as famílias mais notáveis do lugar. Seu pai, chamado Francesco,
ocupava o cargo de gonfalonier da cidade, mas inteligente e ambicioso, aspirava a uma
profissão superior; então um dia o veremos superintendente de costumes do Ducado de Parma.
Sua mãe, Benedetta Mancini, de S. Ângelo, era profundamente piedosa. Zelado guardião das
almas de seus próprios filhos, incutiu nElas o horror de tudo o que é mundano e os criou no
santo temor de Deus.

Teve sete filhas: duas morreram em tenra idade, uma permaneceu no século e quatro eram
monges. A última, Orsola, se tornaria ilustre sob o nome de Verônica.

Honra a esta família cujo último fruto foi a nossa heroína, o prodígio dos séculos!

Batizada no dia seguinte ao seu nascimento, Orsola imediatamente apareceu um anjo: nem
chora nem chora. Deixe-a aqui ou deite-a lá, aconteça o que acontecer, a pequena está
felizmente quieta.

A maravilha: Orsolina tem um temperamento excepcional, mas nada impede seu


desenvolvimento físico. Em alguns dias ela gentilmente teimosa recusa o leite materno.
Procuramos descobrir o mistério e, observando atentamente, notamos que esses dias são
aquElas que a tradição consagra à penitência: quartas, sextas e sábados; e nota-se também que
esses jejuns, em vez de enfraquecê-lo, fazem com que adquira uma cor de grande saúde.
Os milagres se multiplicam. Orsola tem cinco meses.

Ela está nos braços de sua mãe quando, pendurado na parede, vê uma imagem das Três Pessoas
Divinas. Era precisamente o dia da SS. Trindade do ano de 1661. Ela desliza para baixo, corre
rápida e confiante em direção à abóbada do quadro e se ajoelha diante de nós, encantada.
Ela tem seis meses; outros dizem dezoito: é com a enfermeira de um comerciante de óleo, que
não faz uma medida completa. A garotinha fica chateada, estica o bracinho e grita indignada:
«Faça justiça!
Deus nos vê! ».

Deus nos vê! Esse será o lema que marcará um dia nas portas das celas do mosteiro de Città di
Castello.

Ela tem cerca de três anos. Pela primeira vez ela testemunha o santo sacrifício da Missa: está no
colo de sua mãe e está silenciosa como óleo. Na Elavação emite um grito de alegria. Com os
seus grandes olhos abertos viu no altar um Menino que lhe sorria: é tão belo como a glória.
Instintivamente, ela corre para abraçá-la, mas suas mãos maternais a retêm e grandes lágrimas
escorrem calorosamente pelas faces de Orsola. Quantas vezes ela voltará ao pé deste altar, e
quantas vezes a visão cElastial reaparecerá, sabendo que esta Criança é uma sacrificadora e que
ela será a vítima.

Ela tem quatro anos. Quando a mãe e as irmãs vão à igreja para comungar, deixam o pequeno
emcasa, que, ao voltar, os recebe com sinais de festa e júbilo.
«Oh, que cheiroso!», exclama; e um de cada vez Ela os puxa para baixo com as mãos para
beijar seus lábios. Não há nada que consiga atraí-la ao longo do dia, tanto quanto estar perto
dElas.

Nessa idade, sem dúvida depois de ter tido a visão do Menino Jesus no momento da
consagração, Orsola só sonha com altares e os semeia um pouco por toda parte. Ela precisa de
bancos pequenos, velas, óleo, flores; é feito rapidamente: vira tudo de cabeça para baixo e
sempre escolhe o melhor do que encontra.
Ah, prodígio! Ah, felicidade! Um dia, enquanto ela está no jardim, o mesmo Menino já visto
na igreja aparece diante dela e lhe diz: "Eu sou a flor dos campos". Mas é um momento e
desaparece.
Em seguida, a pequena parte da corrida para procurá-lo por todos os lados, até mesmo nos
quartos dacasa, mas há apenas a imagem da Sagrada Família: uma linda pintura a óleo.
A imagem da misteriosa Criança que a ama e a quem ela ama está pintada ali, e Orsola olha
para Ela. Então ela lhe oferece brinquedos, fitas, rendas, bugigangas - tudo o que Ela tem. Ela
ainda lhe traz algo para comer e o convida com insistência: «Vem, toma; se você não come, eu
também não”.

Às vezes Ela se esconde atrás da porta do quarto para espiar esperando que o Amigo decida
descer.

Um dia, cansada de esperar por Ela, ela resolveu se aproximar dEla e montar uma espécie de
banquinho feito de caixotes na parede. Subimos; já está de pé, quando de repente o edifício
perverso cambaleia e Orsola cai sangrando. «Santa Virgem», grita: «Não digas nada à minha
mãe!». Depois acrescenta franzindo o cenho: «Afinal, ó Virgem Santa, a culpa é tua se eu
sangrar. Por que você não me dá aquEla bebê? Cura-me: é necessário! ». A própria Maria vem
imediatamente ao lado dela e cura
a ferida. Mas aquEla continuou a queixar-se: «Ó Maria, dá-me, eu te conjuro; dá-me, porque
sem Ela não posso viver. Vou alimentá-lo como se fosse você”. De repente, sob a figura de
uma criança de peito, Jesus, vivo, repousa nos braços de Orsola.
A partir de agora, o Jesus pintado no quadro já mencionado muitas vezes ganhará vida e falará
com ela dizendo: «Eu serei verdadeiramente seu marido». Ela também se voltará para sua
Mãe divina e lhe dirá: «Nossa Úrsula! Você será sua mãe e guia ».

Era Natal. Em casa fizeram o presépio e colocaram nEla um berço com um Jesus de cera
dentro, deitado sobre palha. Com um olhar ardente, Orsola estende os braços: "Dá-me, dá-me!"
As irmãs a seguram, a detêm, para que ela não chegue até o boneco. "Oh! não é isso que estou
te perguntando! É muito ruim! Eu quero o outro, vivo assim, tão lindo! ». Mas aquEla outro se
foi. Na verdade, a Criança de sempre apareceu para ela.
A essa altura, ela lhe havia dado seu coração, e Jesus lhe respondera: «Sim, eu o aceito; Eu
mesmo serei seu coração! ».

Orsola tem cinco anos. Infelizmente! Mamãe Benedetta está prestes a morrer, e em instantes
Elas lhe trarão o Santo Viático. Assim que o padre aparece no quarto dos doentes, a filhinha
cai
de joelhos e levanta os braços. Ela viu a Hóstia brilhar e a quer para si. Elas impõem silêncio a
ela, para se acalmar. Mas como acalmar seu ardor? "Eu quero, aí

Eu quero!". «É para a tua mãe», diz-lhe o padre com seriedade. A menina insiste: «Uma única
partícula e eu O terei inteiro como minha mãe». Todos ouvem o pequeno teólogo, mudo de
espanto. Quando o padre saiu, Orsola corre para o leito da moribunda e, com a cabeça apoiada
nos lábios da mãe: «Ah, ela diz, o perfume que sinto! Você feliz! ".
«Graças a Deus por mim», murmura Benedetta, e ela expira entre o beijo de Jesus e sua
filhinha.

Antes de entrar em agonia, a mãe Benedetta quis abraçar as filhas uma a uma e recomendou-
lhes que cultivassem o amor divino. Não contente com isso, atribuiu a cada um, como morada
inviolável, as cinco chagas do Salvador. Para Orsola Ela queria reservar a ferida do lado
sagrado. E o plano foi providencial, porque Úrsula habitará verdadeiramente no Coração de
Jesus.

Francesco Giuliani, que ficou viúvo, recusou-se a saber de Mercatello e partiu em busca de
fortuna para Piacenza, confiando suas filhas ao tio dElas, o doutor Rasi. Nomeado
superintendente da alfândega, Ela veio encontrar a família, mas Elas não saíram até o final do
ano de 1669. Orsola deveria fazer sua primeira comunhão.
O que vai acontecer com essa garota? Deus lhe disse: "Você será minha noiva". Orsola se
juntará a Ela na obra redentora; será vítima. Ela já está ligando para ela.
Capítulo II
A LIÇÃO

Enquanto Orsola só sonhava em fazer altares, sua mãe e irmãs trabalhavam com agulha e
crochê, liam os feitos dos mártires e a vida da grande penitente Santa Rosa de Lima. Elas
leram e imitaram. No silêncio de seus quartos, de fato, Elas se disciplinaram seriamente, tanto
que o barulho chegou aos ouvidos da garota.

Foi Deus que, por meio dElas, chamou Orsola à penitência. Nesta pequena alma, já aberta a
grandes pensamentos e sentimentos nobres, a doutrina da expiação foi afirmada e esclarecida.
«Eu vou sofrer;Vou expiar», pensou. E as torturas começaram.
Sua querida Santa Rosa teve os dedos esmagados sob a tampa de um baú: quem esmagará os
dela? E Ela começa a mexer com os dedos de propósito entre a abertura de uma porta aberta e
a parede.
Serviu em seu desejo. Chega um cachorro enorme, que quer entrar; a irmã mais velha empurra
violentamente a porta, e o dedo fica preso, esmagado. Ao ver o sangue, a irmã começa a gritar
acusando-se de matar a pequena Orsola, a alegria da casa; mas Orsola não toma cuidado e,
quando o cirurgião se apressou, cortou a carne viva: “Por que, Ela pergunta, você está me
tratando? Devemos sofrer! ».
Você tem que sofrer. O dedo está sempre enfaixado quando Orsola inventa uma nova tortura.
No quarto do berço está queimando um braseiro no qual Ela fuma incenso. Incêndio! Oh!
perecer no fogo como tantos mártires virgens! E Ela enfia a mão nEla, esperando que as chamas
o devorarão.
Providencialmente, uma de suas irmãs chega. Estava na hora, porque mais um minuto e a mão
estaria carbonizada.

Outra vez sua mãe, querendo cortar as unhas dos pés, descuidadamente a corta com uma tesoura.
Como mamãe se desespera com isso! mas a menina começa com alegria: "Eu pareço um pouco
com a minha amada Santa Rosa", diz ela, e recusa qualquer tipo de cuidado.

Você tem que sofrer. Ela pega uma corda e amarra fortemente seus braços e pernas a ela.
Sangue de fã. Acumula pedras no jardim. Ela não tem uma disciplina como suas irmãs; Ela faz
um com seu avental, amarrando-o com força, e depois o sopra. Terminada a flagelação, ela vai
esconder o instrumento de penitência em certo esconderijo do jardim e, assim que pode ficar
sozinha, recomeça o exercício. Finalmente, a mãe a surpreende com aquEla flagelo na mão, mas
não respira mais, e ela se retira chorando de consolo.

Jesus havia chamado a vítima para imolação por meio da família; agora Ela a chama
diretamente pessoalmente. Ela aparece crucificado para ela, todo coberto de feridas sangrentas:
"Você é minha noiva, minha companheira na expiação: a Cruz espera por você". O programa é
delineado: Orsola deve renunciar a toda satisfação natural; ela deve estar pronta para todas as
privações, para todos os sacrifícios.

Sacrifício da curiosidade. Um dia um baile de máscaras passou por baixo de sua casa e a
menina, empurrada pela idade, curiosa, está prestes a correr para as janelas, mas uma voz a
detém: "Você só tem que me contemplar!" E seus olhos se dElaitam com a visão do Crucifixo,
que, no ato de abraçá-la, lhe mostra um beijo.

Sacrifício da sensualidade. Que festa! Deram-lhe um saco de amêndoas açucaradas. Ela vai
provar
alguns, e os outros Ela vai escondê-los para chupar a sua conveniência. Mas o Menino Jesus
aparece para ela.
«Pelo meu amor, dê todas estas iguarias ao primeiro pobre que encontrar». O Menino Jesus
acaba
de desaparecer quando aparece um pobre. Ela diz: "Metade para você, metade para mim."
Imediatamente um segundo pobre estende a mão. E ela repete a mesma história guardando
alguns confetes para ela.
Elas eram tão bons! Mas estes começam a pesar sobre ela tanto quanto um remorso e ela os joga
pela janela. Ela só salvou um. Traidor! Ela foi comido. Era tão sedutor, tão caro! Mas mais tarde
Ela expiará o pecado da gula.

Sacrifício de vaidade. Como Ela está feliz com seus sapatos novos! Elas são realmente lindos e
se encaixam lindamente no pezinho dela! Se ela os sente, quando uma voz trêmula se ergue da
rua, implorando por caridade em nome de Deus, a menina lembra-se da consignação divina e
atira os dois chinelos ao mendigo, um após o outro. O último pára no batente da porta de
entrada, tão alto que não pode ser alcançado do chão. Mas, para espanto das testemunhas, o
mendigo chegou lá, pegou o sapato e foi embora abençoando a benfeitora. Um dia Orsola saberá
que o mendigo era o próprio Jesus.

Ela cresceu e agora tem o uso da razão. Ela sabe quem é o belo Menino, visto muitas vezes no
altar, e depois no presépio e no jardim, é Jesus, o Filho de Deus, o Salvador dos homens; Ela
sabe que está vivo na
sagrada Eucaristia e que se dá como alimento. Ela está faminta por Ela, uma fome que a
consome. Quando suas irmãs vão recebê-lo no altar, seu coração salta: está agitado, arde e
suspira: "Jesus, vem". Oh! quando poderá experimentar a felicidade de quem se comunica? Ela
implora aos seus confessores, mas Elas seguem o costume da época, que exclui os pequeninos do
banquete divino.

Agora entre os dez anos; chegou recentemente a Piacenza; a liturgia está prestes a cElabrar a
Festa da Purificação. Oh, naquEla dia, poder receber AquEla que Maria, Simeão, Ana
carregavam nos braços! Com os olhos cheios de lágrimas, Ela dobra suas exigências.
Felicidade! Ela é ouvida e se prepara para o grande ato com um exame, que dura dez dias, entre
generosos sacrifícios. 2 de fevereiro de 1670: o rei se entrega a uma rainha-noiva. Na noite
anterior, Orsola não conseguia dormir, e quando seus lábios se abriram para a Hóstia Sagrada,
uma voz soou baixinho: «Sou eu! Estou contigo!".

E Jesus estava com ela para fazer sua obra expiatória. No dia solene da Primeira Comunhão, Ela
chama novamente a terna vítima à imolação. A vítima se assusta com esse chamado e implora a
graça de sempre dar o consentimento divino por puro amor, aquEla bom prazer que queria que
ela fosse redentora. A Hóstia recebida foi um fogo que queimou suas entranhas e faculdades. Ao
chegar em casa, ingenuamente perguntou às irmãs: "Quanto tempo queima?"

Orsola, quanto você é amada por AquEla que é amor! Mas você ainda não sabe. Você saberá
quando, mais tarde, Ela lhe disser: "Estou descendo do meu céu".

Orsola é amada, porque aceita o ofício de vítima. A vítima está a caminho da imolação. Já o
divino Sacrifício a prepara para conduzi-la ao altar.

CAPÍTULO III. ORNAMENTO DA VÍTIMA

Antes de sacrificar uma vítima, os antigos a adornavam. Deus também adorna a dela. O
ornamento de Verônica superou todas as riquezas.

Deus a encheu de bens improvisados. Em Mercatello viveu mais do que confortavelmente, no


palácio ducal, esplendidamente. Verônica contará mais tarde que a casa estava cheia de criados e
de serve.

Deus a enriqueceu com todas as qualidades físicas, que tanto aprecia o mundo. Suas feições
eram nobres, regulares; tez branca, bochechas coloridas, olhos negros e vivos; de fisionomia
expressiva, nobre e viva; seu andar era naturalmente Elagante e suas maneiras distintas. Seus
contemporâneos concordam que ela era muito bonita e de grande espírito. De inteligência
profundo, tinha uma memória tenaz e segura, e sua imaginação era tão fervorosa, que quando
escreve, pinta. O seu «Diário» testemunha isso . Foi pego?
Parece que, durante algum tempo, foi confiada a uma governanta, mas não parece que tenha
frequentado escolas. Seu pai a idolatrava e sempre a queria com Ela; assim, por egoísmo,
Ela negligenciou dar-lhe uma educação adequada à sua posição social. Ela sempre me quis
perto dEla, escreve o Santo.

Suas qualidades morais não eram menos notáveis.

Com uma vivacidade impetuosa, fazia um dia de trabalho em uma hora; primorosamente
sensível, Ela fugiu primeiro diante do sofrimento, mas depois o enfrentou com coragem; de
uma
vontade enérgica, domável, dominadora, era preciso que tudo se curvasse aos seus desejos de
menina. As irmãs tinham uma boa ideia de que precisavam pensar em seus empregos,
e não podiam se perder em seus jogos: ao simples sinal de Orsola, foram obrigados a deixar
tudo na mão e correr para ajudá-la na montagem dos altares.
Na porta da casa Ela reuniu as crianças pobres de sua idade; distribuiu-lhes esmolas, com a
condição de que recitassem a Ave Maria; quando um dElas se recusou, Ela foi esbofeteado.

Uma de suas empregadas pronunciou algumas palavras inconvenientes: Orsola lhe deu um
tapa e forçou sua família a demiti-la.
Um oleiro do bairro tinha fama de incrédulo: foi convertido por Orsola. Mas como? o
as leituras lhe ensinaram que as dores são uma misericórdia divina; não há, portanto,
hesitação: Ela empregará o caminho forte, que combina tão bem com sua natureza. Sobre os
vasos inocentes, que secam ao sol, ela cai com pé firme e mão segura; Elas são derrubados,
quebrados, reduzidos a pó; então Ela explica corajosamente o motivo de sua ação. E o
oleiro?

Admirando esse zelo, Ela se converteu.

Ela tinha aprendido a esgrima. Ela usou essa arte para derrotar seu mestre de armas nas
circunstâncias que veremos agora. Ela era seu primo; fora convidado para uma noite
perigosa para suas virtudes. "Devemos protegê-lo contra si mesmo", pensou ela, e o
convidou para um duelo. Como esgrimista habilidosa, ela o golpeou levemente, mas tanto,
que Ela teve que ir para a cama e desistir da gala.

Mas por que essa menina de nove anos aprendeu esgrima e lutou assim? Uma voz cElastial a
ordenara a se preparar para a guerra e, pensando que não eram os demônios do inferno, mas
os turcos que ameaçavam o cristianismo, como uma verdadeira cruzada, ela jurou defender a
Igreja e seu país.

Mas essa energia feroz foi combinada com uma bondade requintada. Quando as Irmãs
pedintes
bateram à sua porta, Orsola já não estava firme, e deu-lhes o que tinha à mão; para dar aos
pobres, impôs privações reais a si mesma e aos da casa. Um belo dia, aliás, na casa dos
Giuliani esperavam uns parentes queridos, e de fato havia sido preparado um enorme e muito
saboroso panetone. Silenciosamente, Orsola o corta em mil pedaços, para que não fique mais
apresentável, e o distribui aos seus queridos pobres.

Riqueza, bElaza, inteligência, caráter, força, sentimento: Ela tinha tudo. Nada desproporcional
nesta criatura ideal; nela o equilíbrio completo, a harmonia perfeita. Se, nos tempos da
infância, sua virtude era um fruto imaturo, logo amadurecerá, adquirindo um sabor delicioso.
Ela era o oposto do anormal, do neurótico, do histérico. Um bispo, Mons. Eustachi, que a
conhecia há muito tempo, gritará com admiração: "Esta mulher governaria um império".

Ela tinha tudo: esse é o perigo. A voz cElastial a havia exortado a lutar contra o mundo do
qual Orsola era o ídolo e que queria fazer dela sua presa. Orgulhoso dela, digamos louco por
ela, o pai queria completar o ornamento da natureza: vestia-a como uma rainha, fazia-a
aparecer nos salões mais renomados da cidade e chamava para sua casa os jovens mais
Elagantes: jogos e festas em que a filha exerceu o cargo de princesa. Os cavaleiros reuniram-
se, cortejaram-no, disputaram-no, mas Francesco Giuliani reservou-o no seu coração para o
conde de Sant'Angelo in Vado.

A imagem de Úrsula estava em todos os olhos, seu nome em todos os lábios, sua chama em
todos os corações. Ela sabia e viu. O perigo era imenso.
Ela já estava se tornando sensível às atrações da moda; já havia pedido ao pai para
acompanhá-
lo a um baile de máscaras e, para brincadeiras infantis, até se disfarçara de homem. As notas
sentimentais,
as propostas lisonjeiras esvoaçavam ao seu redor como pássaros dourados, e um de seus
primos até começou a revelar-lhe distúrbios secretos.
Assim entrou na adolescência, ignorante dos mistérios da vida, portanto sem malícia; o Senhor
o declarará explicitamente um dia. Mas as vozes cElastiais tornaram-se distantes e a imagem
de Deus desapareceu emsua alma. Ela feriu o Amor infinito.
O que suas irmãs piedosas estavam fazendo? Elas não contavam para nada no palácio Giuliani.
Elas pelo menos zelaram pela virtude deste último? Quando Orsola era pequena, viviam para
contemplá-la e
até admiravam seus defeitos; mais velhas, a lisonjeavam ainda mais, e se a viam nas espirais
do fogo, não se assustavam, pois se lembravam das maravilhas divinas que marcaram sua
infância. Deus a guardaria.

O mundo o contesta com Deus. Quem o terá, o mundo ou Deus?

CAPÍTULO IV.
A OBLAÇÃO DA VÍTIMA

Os caprichos de sua infância e a dissipação de sua adolescência, quanto os detestará sob o hábito
religioso! Ela derramará lágrimas de sangue e se lembrará eternamente do que chama de seus
pecados, para expô-los à execração dos homens.

Mas a humildade a tornou injusta consigo mesma; Deus cuidou dela, e apesar de tudo, seu
coração era de Deus.

Quando ela deixou as festas, o mundo lhe parecia uma criação branda e vazia. O Divino a atraiu.
As comunhões foram transformadas para ela como um vinho de embriaguez, e a oração como
um sono cElastial. Sem saber como, estava de joelhos, submersa no pensamento de Deus,
ignorava o que fazia; Ela apenas sentiu que estava feliz, tão feliz quanto alguém pode estar no
céu. O que Ela queria, Ela sabia bem; a glória de Deus, e quando, depois dos primeiros êxtases,
ela voltou a si, um fogo de zelo a levou: suas irmãs tiveram que cantar louvores divinos com
ela.

Os amigos do seu pai estão vindo? Aos bajuladores fecha a boca, aos pretendentes abre a porta.
"Eu serei uma religiosa", ela diz em um tom que não permite uma resposta. Francesco Giuliani
tem medo disso; perder a filha lhe parece mais amargo do que perder a vida. Ela a lisonjeia, tenta
comovê-la representando sua própria tristeza, descreve as alegrias da maternidade, que acaricia
seu recém-nascido. Um dia Ela entra no quarto dela, e com um tom solene, Ela lhe diz: “Minha
filha, já que você não quer ouvir o conselho de sua amiga, você ouve a sentença de um pai.
Não quero que penses no claustro: ficas comigo». E sabendo da pena de Orsola, levanta a voz
soletrando: «Eu te ordeno! A ordem de um pai é a ordem de Deus!».

Orsola o escuta de joelhos e beija suas mãos para acalmá-lo. No final levanta os olhos, olhos
nos quais brilha uma chama divina: «Você fala de Deus, meu pai, mas Deus é o mestre de todos
nós. Ela, que me emprestou para você, me chama de volta. Você treme de raiva da justiça dEla.
Eu te amo, mas devo amar a Deus mais do que você. Eu vou até Ela, e deixando você, eu te levo
até Ela”. Francisco é derrotado.

Três das filhas mais velhas já haviam obtido permissão para monge em sua cidade natal; o
último, o mais caro, é escapar dEla, e Francesco tenta o último expediente mandando-a de volta
para seu tio Rasi.

Aqui está ela novamente em Mercatello. As irmãs mais velhas haviam entrado nas Clarissas,
mas Orsola ainda tinha que viver no século, jovem demais para levar o véu. Enquanto isso, Ela
estava se preparando para a graça.

Ávida de oração, ela deixou uma empregada acordar de manhã cedo e mergulhou na
contemplação. Uma vez ela sentiu uma mão divina tirar seu coração.

Longe de aborrecê-la, sua tia aprovava o zelo de Orsola, mas tio Rasi tinha a missão secreta de
matar dentro dela o germe de sua vocação religiosa. Assim oposta no a seus desígnios, a jovem
correu para o pé do crucifixo e, com o olho ardente e os braços estendidos, implorou-lhe
dizendo: «Ó Jesus, quero que as tuas unhas trespassem os meus pés e as
minhas mãos; Eu quero sua coroa na minha cabeça, seu fel na minha boca; Eu quero sua lança
em meu coração. Desça da Cruz! Eu vou tomar o seu lugar. Oh, que eu sou sua noiva! ».

Enquanto isso, a saúde de Orsola se deteriorava visivelmente, e não havia remédio que
pudesse libertá-la do perigo de vida. Finalmente, os médicos declararam que a única saída era
agradar seu coração. O tio avisou o pai e Orsola ficou livre.

Qual mosteiro você vai escolher?

Em Mercatello havia o convento das Clarissas, onde já moravam três de suas irmãs. Mas este
convento não observava a regra primitiva, enquanto Orsola sonhava com a pobreza seráfica de
s. Francisco e S. Chiara, pobreza absoluta.

Agora a reforma capuchinha estava acontecendo dentro dos Frades Menores. As reformas na
família franciscana não são tanto sinais de decadência, mas uma crise de desenvolvimento e
uma
superabundância de vitalidade seráfica. A nova reforma, portanto, não era uma nova religião,
mas era a religião de S. Francesco com uma nova denominação, era uma nova
braço que o rio, muito cheio de água, sob o impulso de uma corrente mais rápida, havia
cavado; era um novo galho, que a luxuriante árvore franciscana, pela força de uma seiva mais
quente, lançara.

Algumas Clarissas desejavam receber vida e vigor deste jovem ramo. Em Nápoles, a nobre
Longa, com alguns jovens da cidade e algumas Clarissas que vieram de outro mosteiro,
colocaram-se sob a direção dos Menores Capuchinhos, adotando suas próprias constituições.
Outros os imitaram, e as Clarissas governadas ou inspiradas pelos Menores Capuchinhos,
tomaram o nome de Capuchinhos.

Alguns capuchinhos vieram se estabElacer na Úmbria, em Città di Castello, o bispado do qual


Mercatello dependia nos tempos antigos. Elas tinham a reputação de observar plenamente a
primeira regra do eu. Chiara, e as melhores famílias da região destinavam suas filhas para lá.
Uma voz interior disse a Orsola que ali era seu refúgio.
Começou com uma peregrinação a Nossa Senhora do Miradouro, santuário não muito distante
Cidade de Castelo. Então lá ela foi toda movida para a grade do mosteiro, pedindo para
entrar. Suas palavras, seu sotaque tocam as freiras, mas o número fixado pela autoridade
eclesiástica já foialcançado; de fato, há uma postulante adicional que aguarda sua vez.
Aconselha-se a visitar o Bispo Dom Sebastiani, antigo missionário da ordem carmelitana. E
ela corre
lá. Ela é acompanhada pelo tio Rasi. O bispo a considera muito jovem (ela tinha apenas
dezesseis anos). Por outro lado, não pode permitir que o número de religiosas seja superado.
Desolado, o postulante desce as grandes escadas do palácio do bispo. É no fundo quando Ela
resolutamente volta. Está novamente ao pé da bispo: beija-lhe o escapulário e implora-lhe com
lágrimas nos olhos que o aceite. O bispo admira a fé e o caráter decidido do jovem estrangeiro
e, ali mesmo, procede ao exame habitual. Ela lhe dá um grande breviário: "Leia". Essa lei sem
erros, sem hesitação, com perfeita compreensão da linguagem da Igreja. A satisfação brilha nos
olhos do examinador, a admiração está pintada no
rosto do tio Rasi, que sabe que sua sobrinha não sabe latim. Aqui estão algumas perguntas que
dão origem a respostas humildes e precisas. Todo obstáculo é superado.

Orsola tem pés ou asas? Ela mal toca o chão: Ela está imediatamente no convento: "Você me
aceita?". O cordão seráfico é dado a ela como sinal de admissão, cordão que ela terá que
carregar até o curativo;e está no caminho de volta.

Deve passar pelo Borgo Sansepolcro. Ela sabe que para aquela zona rural, dominada pelo
Monte Casale, s. Francisco de Assis havia caminhado muito tempo com os olhos fixos no céu
em êxtase, sem ver e ouvir a multidão aplaudindo-o: Orsola, é sua confissão, revive seus
momentos, pois está prestes a se tornar discípula do ardente Serafim.

"A filha do superintendente se torna freira." Há um murmúrio geral entre os jovens de


Mercatello, eo murmúrio chegou até Piacenza.
Quantos não solicitaram a mão da jovem? Quem não sonhou em compartilhar a existência
com uma criatura tão perfeita? Foi um assalto: trouxeram-lhe buquês de flores, o que
imediatamente tomaram o caminho da janela; a resolução foi tomada, definitiva, irrevogável:
Orsola será capuchinho.
Outro assalto estava reservado para ela: o inferno a pôs em agitação, representando a
impraticável austeridade da regra, que Orsola queria abraçar; aqueceu sua imaginação,
mostrando-lhe os rostos de jovens sorridentes ou suplicantes; por que dizer adeus à vida? Mas
ela desafiou todas as tempestades.
Chegou o dia da partida final.

Que? Você está chorando ?! Ela ama aquela colegiada onde recebeu o batismo e a confirmação,
onde viu o Menino Jesus tantas vezes; Ela ama aquela igreja na cordilheira onde sua amada
mãe
descansa; ama a casa onde nasceu em que se ouviu a voz: "Você será minha noiva"; Ela ama as
irmãs, que acaba de saudar na lareira e que deixou chorando; Ela ama essas pessoas e essas
coisas, que Ela abandona para sempre.
Mas em lágrimas Ela murmura: "Estou feliz".

A intrépida Amazon, montada em um jovem corcel, seguido por um grupo fiel encabeçado
pelos cânones Ambroni e Rossi, diretores de sua consciência e amigos da família, deixa
Mercatello.

Tendo chegado a um bom ponto do caminho, os eclesiásticos a abençoam, a cumprimentam e


voltam. Um pouco mais adiante, uma grande subida, e Orsola fica no topo dos Apeninos.

Outubro está chegando ao fim. Tudo está envolto em uma névoa fria: então, lentamente, a nuvem
desaparece e uma paisagem soberba se abre diante dos olhos dos viajantes,
comparável à de Spoleto ou Assis. É o imenso vale do Tibre, que o Verna parece parar ao norte e
que se estende até onde a vista alcança além da Città di Castello.

Olha, filha, bebe esta luz e estes esplendores com os olhos: em breve verás apenas as árvores de
um pequeno jardim cercado por muros altos.
Mas outra bElaza, sem dúvida, a atrai. No seu caminho encontra-se o convento do Monte
Casale, mandado construir por s. Francesco: horror para os sentidos, êxtase para a alma. Como
os humanos podem viver nesses buracos de pedra? No entanto, lá em cima o Serafim terreno
cantou sua alegria após a conversão de seus irmãos, os bandidos; ali Santo Antônio de Pádua
compôs seus admiráveis sermões e s. Boaventura tomou notas para a "Vida" do Pai Seráfico. Lá
em cima viviam seus irmãos de religião, os capuchinhos, guardiões do santuário.

Orsola entrou nesta ermida? Ela implorou pela bênção da solitária, de quem ela será irmã? Quem
sabe? Mas não vamos atrasar a história.

Orsola em Città di Castello ficou com sua amiga Marquesa Coscina d'Ancona. Antes de ir ao
convento, deve visitar conventos, igrejas e os benfeitores do mosteiro; deve ser adaptado ao uso
e aparecer em toda a suntuosidade dos trajes mundanos. Abram caminho para a noiva de Cristo!
Para grande desespero da paciente, a marquesa a veste com as melhores roupas e a adorna com
joias. Pode finalmente sair. As testemunhas durante o processo de beatificação descreveram a
impressão que sentiram. A "Noiva de Cristo" parecia-lhes não um ser humano, mas uma visão do
céu.

Ela passou a noite sem dormir e teve a visão corporal do Menino Jesus, que revelou o
significado da cerimônia seguinte. Ao amanhecer ela estava pronta para aparecer ao pé do altar.

E onde estava Francesco Giuliani? Ela não tinha nada de Abraão, o pai dos crentes; Ela não pôde
assistir ao sacrifício de sua filha, mas um dia o veremos na grade dos capuchinhos de Città di
Castello e saberemos por quê.

Multidões encheram a igreja e as duas ruas em frente à entrada do santuário. As Irmãs ficaram
atrás da grade de comunhão, entoando orações e com o véu abaixado.
O Bispo presidiu. O rito ocorreu em toda a sua impressionante majestade. Enquanto o oficiante
pregava, Jesus, visível apenas para ela, estava ao lado de Orsola. O cabelo cai sob a tesoura;
depois, evitando a multidão, atravessa a igreja e, com a cruz nos ombros, dirige-se à
porta do claustro. Gritos: "Ainda dá tempo: volte e seja feliz com a gente!" São os jovens
Elagantes que a seguiram até o último momento. Orsola sim vez, Ela faz um gesto de repulsa
suprema e envia um eterno adeus ao mundo. As portas do claustro abrem-se lentamente; o
guincho do càrdini. Um silêncio. Então a mesma porta se fecha novamente. Do lado de fora
explodem soluços: de dentro, como ao longe, as vozes das virgens, conduzindo a noiva ao
Esposo.
Orsola já está em seu túmulo: um túmulo escuro, estreito, silencioso, estéril. Ut quid perditio
haec? Não, seu túmulo é mais brilhante que o firmamento estrelado, mais largo que
continentes e mares; um túmulo que será o ponto de encontro do céu, purgatório e inferno; um
túmulo no qual viverá uma existência cheia de acontecimentos e no qual gerará legiões de
Elaitos. Era 28 de outubro de 1677.
Orsola ainda não tinha completado 17 anos.

Orsola não é mais Orsola: a mando do Bispo, que profetizou sua futura santidade, a partir de
agora ela se chamará Irmã Verônica, que significa: imagem verdadeira. Saudamos nela a
reprodução viva de Cristo crucificado e redentor!

Ela é a Vítima: ela se ofereceu e está para ser consagrada.

CAPÍTULO V.
A CONSAGRAÇÃO DA VÍTIMA

Verônica está no claustro; ela usa o vestido e o véu branco da noiva de Cristo; está no auge da
felicidade.

Na primeira noite, uma visão lhe apareceu: uma multidão de anjos e santos, depois a
Santíssima Virgem, depois o próprio Senhor, radiante de vê-la ali. Ela disse à assembléia
cElastial: "Eis nossa donzela!" Então Ela perguntou o que ela queria: "Seu amor", ela
respondeu, e parecia-lhe que o amor penetrava todo o seu ser. Novamente Jesus perguntou a ela
o que ela queria.
"Estas três graças, Senhor: perseverança na minha vocação, o cumprimento da tua vontade, a
tortura da crucificação". Ela respondeu: «Escolhi-te para uma grande Obra e, por meu amor,
suportarás um longo martírio». Sem perceber, Verônica caiu de joelhos no chão. Uma luz
muito brilhante encheu sua cela.

Alegria do céu e alegria da terra, porque as freiras a cercaram de carinho e a chamaram de


pequenininha. Mas de repente Veronica se sente sufocada sob as garras da dor. Ela não está
mais na companhia de seu pai e irmãs. Ela os quer. Como viver sem isso? Ela os lamenta
amargamente e sente repugnância por todas as coisas da nova vida.
Repugnância ao lugar: o mosteiro é uma prisão escura e fria para ela; as barras da grade a
horrorizam; tudo lhe parece um túmulo cuja lápide a oprime. Surge a ideia de escapar pelos
telhados.

Repugnância ao trabalho: costurar, que nunca amou, ter gostos bastante masculinos; o trabalho
de remendar, lavar, cozinhar; serviços prestados aos servos da casa paterna.
Repugnância ao ofício divino, que lhe parecia complicado; repugnância pela meditação, que lhe
parecia uma grande perda de tempo. A direção espiritual do mosteiro impõe o método
discursivo, todas as divisões e subdivisões; método lógico, excElante para uma comunidade,
mas não para Veronica.
Donzela e jovem, seja em Mercatello ou em Piacenza, atendeu à oração com toda naturalidade e
espontaneidade, à maneira do pássaro cantante, do riacho murmurante, da flor perfumada, do sol
que ilumina; à maneira de S.
Francisco, sob o impulso do Espírito de amor. Aqui ela está paralisada e os ferros são colocados.

Repugnância às pessoas. A madre abadessa lhe parece sem discrição, a mãe professora sem tato,
as companheiras sem educação; piora: o confessor fecha o coração e a boca. Por parte de alguma
freira, o afeto primitivo se transforma em antipatia e hostilidade.
Um dElas, devorado pelo ciúme, decide arruiná-la no conceito dos outros, e então os rostos que
Verônica encontra inspiram desconfiança ou desprezo. A madre abadessa e a madre professora
lhe causam de modo particular dores e tristezas.

E Ela não mereceu suspeita? Ela não violou a regra e a virtude da caridade? Ela não entrou na
cela de uma freira no noviciado por maldosa indisposição contra sua mãe professora? A noviça,
cheia de horror, já a denunciou, e a professora castiga os culpados com um silêncio obstinado e
gelado. Mas Verônica era inocente e não tinha nada a ver com todo esse caso.

O mistério foi revelado por um fato muito estranho.

Verônica estava rezando em sua cela quando a professora se apresentou para revelar um
segredo. Muitas vezes a noviça se viu na presença de seu superior, mas nunca sentiu a
repugnância e o medo que agora sentia. Tal era o segredo: o confessor teve que deixar o
convento por causa de Verônica, que não tinha prudência, senão virtude. A recomendação: não
se abra mais na confissão ou mesmo confesse. Finalmente, a prescrição dada em nome da
obediência: guardar o segredo sobre o mesmo segredo.

Parecia completa. Aborrecida, Verônica se despediu de sua mãe professora e correu em coro.
Mas a professora já estava lá há algum tempo, nem sonhava em entrar na sala da noviça.
Portanto, não foi a professora que falou com Verônica, já que ela estava no coral, assim como na
verdade não foi Verônica que caluniou a professora, porque ao mesmo tempo ela estava na
professora.

Qual era esse mistério?


Por medo das provocações de alguns incrédulos, não devemos nos calar ou trair a verdade.
Verônica, co-redentora com Cristo Jesus 16, teve que lutar no inferno, arrebatar milhares dEla e
milhares de vítimas, e Satanás tomou aparências humanas para arruinar seu perigoso inimigo
desde o início.

Descreveremos mais adiante a gigantesca luta entre Verônica e os demônios; digamos, por
enquanto, que a guerra já havia começado, formidável, e que a Vítima expiatória sofreu mais por
parte do inferno do que dos homens.

À noite, todas as noites Ela não faz nada além de chorar, mas as lágrimas não extinguem seu
ardor. Tentada, ela beija o vestido e as paredes da cela; provoca comandos para se acostumar a
obedecer; ela se torna a serva carinhosa das freiras; corre para o trabalho; Ela sobe e desce,
carregando jarros de água pela escada íngreme até a enfermaria, sem se importar com seus pés
delicados, que incham e sangram. Se ela não morre exausta de fadiga, é porque Deus a reserva
para a grande crucificação do Gólgota.
Ela é inimiga apenas de si mesma: ela arde de amor por Ela, que a fez sua noiva. No silêncio da
noite, ela se desfaz em lágrimas ao pensar que os pecadores continuam a cobrir Jesus com
insultos e pregá-lo na cruz. Ela ama, mas não ama tanto quanto gostaria, e revela à sua mãe
professora o medo de que as outras freiras amem Jesus mais do que ela. Ela está feliz que seus
companheiros estejam ardendo de amor, mas deseja que os dela não sejam menos ardentes.

Uma visão a consolará. Certa vez, Jesus apareceu para ela como no primeiro dia de sua entrada,
e Ela lhe fez a mesma pergunta: "O que você quer?". «Teu amor, ó Senhor; isso é o que eu
quero. " «E por que meu amor?». «Para retribuir e amar-te com o teu amor». E este serafim
terreno foi ouvido. Agora uma chama viva queimava dentro dela, e seu coração saltou em seu
peito.

Era um amor de complacência: repousava com dElaite no pensamento divino; era um amor de
benevolência: queria que as almas fossem tiradas do pecado, arrancadas do inferno, entregues a
Deus. Quantas vezes repetiu: «Almas, meu Deus, peço-te almas!». E uma voz respondeu:
"Ganhe-os com sofrimento." Verônica estendeu os braços, mostrou os pés, as mãos, o coração,
dizendo: «Senhor, quero comprá-los; Eu sou sua vítima: crucifique-me! ».

Para esta crucificação a Vítima se ofereceu no dia do curativo; para esta crucificação a Vítima se
consagrou no dia da profissão solene de 10 de novembro de 1678. Assim terminou o noviciado,
passado entre alegrias, lágrimas e amor.
Verônica professa oficialmente e para sempre sob o olhar e a bênção da Igreja, renuncia aos
bens exteriores, aos sentidos, à vontade e ao bem de si mesma. A profissão de Verônica tinha um
lado doloroso. Ao Amor que se sacrifica, a Vítima deu a sua vida e o seu sangue, e à Vítima
apreciada e consagrada, o Amor que se sacrifica, estava prestes a dar os pregos da sua carne e a
angústia do seu coração.

A mulher professa comemorava o grande ato todos os anos, e o céu participava de sua festa. O
Filho de Deus apresentou à sua Mãe o véu negro das noivas consagradas, para que ela o
impusesse à Santa. Esta última, em 10 de novembro de 1702, recebeu até um véu milagroso, que
ainda se conserva no mosteiro de Città di Castello, enquanto foi convidada a acrescentar ao seu
nome de religiosa: Verônica de Jesus e de Maria, de Jesus crucificado e da Companheira Maria.

A Vítima tinha que experimentar os sofrimentos do Redentor, os tormentos da Corredentora.

A Vítima é oferecida, a Vítima é bem-vinda; os preparativos acabaram. Testemunhamos as


cenasda terrível Paixão.

SEGUNDO LIVRO

Cenas da Paixão

CAPÍTULO I.
A CENA DO GETSEMANE

No Getsêmani, Jesus, o resgate da humanidade culpada, vê nossos pecados, vê seu castigo,


toma o cálice e bebe; mas o terror, a repugnância, a tristeza, prostram-no ao chão, e Ela sua
sangue.
A Vítima verá igualmente todas as iniquidades humanas, as torturas do inferno, as dores físicas
e morais do Salvador Homem-Deus; ela também verá o horror dos mártires que a esperam
também.
Ela também derramará lágrimas de sangue, que realmente fluirão de seu rosto manchando seu
véu. Ela experimentará agonias mais angustiantes do que o medo da morte.

Um cálice apareceu diante de seus olhos, carregado por mãos invisíveis. Ela sabe que é para ela;
Ela contém todas as dores da criação, e ela terá que consumi-lo até a última gota. Bolhas, quase
transborda. Verônica se sente assustada. O cálice é apresentado a ela pelo próprio Jesus; Ela está
coberto de feridas, e com a voz de todas as feridas Ela a convida a vir à sua boca. O cálice é
apresentado novamente por Maria: é o dia da Assunção. Verônica tem medo, mas ama. "Eu vou
bebero cálice", diz Ela.

O cálice transborda e o inunda. Uma amargura incrível se espalha sobre sua língua, que se cobre
em um instante como escamas de peixe, que as freiras raspam em vão. A amargura permeia a
água que Ela bebe. Ela tem uma sede que a consome: ela precisaria dos oceanos do mundo! E
ela é forçada a engolir a amargura, que aniquila suas fibras íntimas.

A amargura permeia os alimentos que Ela come e para na garganta. Ela é abalada por dores
horríveis. Chora quando chega a hora das refeições: por que descer ao refeitório? Fica dias e
dias sem tomar nada. As freiras ficam maravilhadas e se perguntam como ela pode viver. É
imaginação? Mas Ela tentou morder o pão e teve que ser jogado fora imediatamente como um
veneno. A amargura permeia o ar que Verônica respira. Desmaio após desmaio. A febre a
consome; Acredita-se que Veronica esteja à beira da morte. Chamam-se médicos que combatem
amargura com amargura; mas seus remédios
violento só incomodava o estômago do paciente. Enquanto isso, o cálice continuava a derramar
suas terríveis gotas.

«Cada gota me queimava», escreve o Santo, e «não vi vestígios de fogo; cada gota me perfurou;
e não vi a espada; cada gota era para mim uma nova tortura, uma nova morte». No entanto, a
noiva daEsposa do Sangue continuou a clamar: «O teu cálice, Senhor; beberei do teu cálice ».

Cruzes emergem do cálice. Uma é plantada no coração de Verônica como sinal de posse da
noiva do Sangue
e como anúncio de que sua vida será uma cruz inteira. Acende chamas de amor em seu coração,
que o dilatam, chamas conquistadoras, que interrompem as operações da alma e destroem tudo o
que não é amor. E seu coração sobe batendo muito forte. As freiras, de fato, não sabem como
repeti-lo com estas palavras: São golpes no coração. E os golpes ressoam no silêncio da cela,
ressoam na igreja durante a recitação do ofício: parece que mãos invisíveis, armadas com um
bastão, batem sem piedade no peito de Verônica. Então, quando os
golpes cessam, ela sente no fundo de seu coração a melodia dos anjos que a assistiam nos
momentos de agonia de sangue. Elas recolheram o licor da amargura em um vaso de ouro e o
mostraram a Ela como recompensa pelo sofrimento e como incitamento aos mártires superiores.

Getsêmani é apenas o começo. Vamos ao pretório.

CAPÍTULO II. A CENA PRETÓRIA

No Pretório, Jesus é flagelado, coroado de espinhos, carregado com a cruz. Verônica é o espelho
vivo dessas cenas, ou melhor, ela as revive.

Quando criança, fizera um cilício, que manejava com um braço impiedoso, tanto que o som dos
golpes atraiu sua mãe. Religiosa, queimada por um amor mais ardente, disciplinava-se todos os
dias, em certos dias, durante horas inteiras, com uma crueldade sem precedentes, de modo que
as fraldas com que envolvia sua carne rasgada ficavam literalmente encharcadas de sangue. Mas
vamos falar sobre a flagelação misteriosa, que mãos invisíveis infligiram a ela.

Jesus muitas vezes aparecia para ela amarrado à coluna de execução. Então, imediatamente, todo
o seu corpo estremeceu sob as chicotadas de carrascos invisíveis. Em outro capítulo
descreveremos essa cena cheia de horror, contada por testemunhas oculares.

O que começou a ser a partir de 4 de abril de 1694? Não, mas desde 1681. Verônica tinha vinte
anos. O Salvador coroado de Thorns apareceu para ela. «Ó Senhor, disse Ela, dá-me a tua coroa
de espinhos, para que as feridas que me produzirão clamem a ti o meu amor». A coroa já está
em sua testa, e os espinhos penetram em suas têmporas, nuca, cérebro, orelhas, olhos. O
paciente cai no chão como se estivesse morto. O Senhor a levanta e lhe diz: "Ao longo de sua
vida, mais ou menos, você sentirá esses espinhos". Novamente ela cai, cai uma terceira vez,
mas, como por um milagre, ela está de pé novamente. Sua cabeça incha enormemente, seus
olhos saem da órbita. Apesar de todos os seus esforços, Ela é impotente para esconder seu
martírio. Elas correm para procurar o médico, que procura o cirurgião, e nota-se que espinhos
misteriosos aparecem sob a pEla.
Medicamentos fortes são prescritos. "Rápido, um tiro na cabeça!" E na cabeça se forma uma
cavidade que aumenta visivelmente. "Em breve, um cautério no pescoço, na perna! ». E essas
partes incham como a cabeça, rasgando os músculos e os nervos. "Rápido, pomadas nas
feridas!" E o cérebro agora se torna uma fornalha, agora uma geladeira. «Rápido, um laço no
pescoço, para que os ânimos saiam!». E o bisturi corta e penetra na carne viva. E assim
sucessivamente nesse ritmo.
Então os médicos se declaram derrotados. Seus medicamentos só agravam a doença, que não é
deordem natural.

Enquanto isso, a paciente não consegue dormir porque seus nervos se contraíram; parece-lhe
que ela é apenas uma ferida viva. E quando médicos e cirurgiões a martirizam, seus lábios
sorriem, seus olhos se iluminam, seu coração se alegra e canta.
A cruz já lhe aparecia há muito tempo, imensa, escura, coroada de pequenas cruzes
multiplicadas ao infinito.

Desta vez Ela apareceu para ela nos ombros do Salvador, que anda curvado e triste! "O que
você quer, Verônica?" «A tua cruz, ó Senhor; Eu quero levá-lo em seu lugar! ». E aqui está a
cruz em seus ombros. Como é pesado! Ela cai e volta a cair sob aquEla peso, mas Jesus a
levanta.
A cruz afunda em sua carne, expondo o osso do ombro. Quão pesado e doloroso Ela o acha!
Mas Ela anda e anda, curvado, com falta de ar. É uma tortura horrível.
Depois de sua morte, descobrir-se-á que a carne nova substituiu a carne martirizada, e se notará
talabaixamento do ombro, que o braço não poderia ter se movido sem um milagre.

As torturas da flagelação, da coroação de espinhos, de carregar a cruz, serão repetidas milhares


de vezes, e teremos que vê-las novamente. Mas agora vamos correr para o Calvário.

CAPÍTULO III. A CENA DO GÓLGOTA

A grande cena do Gólgota foi a crucificação para Jesus. Para Verônica serão os estigmas,
precedidos por uma grande obra de purificações passivas e pela cElabração das núpcias
místicas.

Para ser admitida à honra dos estigmas, a Vítima deve penetrar ainda mais no castelo da cruz
nua. Nos faz pensar se Verônica teve o culto de uma santa
Teresa; e conhecia o tratado do grande reformador do Carmelo, isto é, o Castelo da alma.
Não é provável, pois a direção dos mosteiros da época, vítima do preconceito vigente,
desconfiava do misticismo por medo do falso misticismo. A própria Santa dará a seus noviços
apenas livros
de ascetismo. No entanto, os dois Santos descrevem cada
um castelo espiritual em quase as mesmas palavras. As páginas de Verônica são esplêndidas;
damos um resumo pálido e frio.
Este castelo, que ela viu durante uma visão cElastial, ergue-se tão alto que, para alcançá-lo, é
preciso desapegar-se de todas as coisas do mundo. Ela surge no meio da alma e, para penetrá-lo,
é preciso sair de si mesmo. É construído com pedras marcadas com o sinal da cruz, para indicar
que recebe apenas os penitentes, que praticaram a mortificação universal. Está aberto para todos
os lados, o que significa que se tornará o abrigo das feras, o refúgio dos demônios que rugem.

Move-se no espaço, para indicar que as purificações dolorosas terão que se multiplicar, e que a
cruz pode ser abraçada após longos esforços, em tempos horrendos que ameaçam a ruína.
Finalmente, aqui está a cruz nua; o homem está despojado de tudo, o corpo está sem força, a
inteligência sem luz, a memória sem lembranças, a vontade sensível sem estímulos, as
faculdades impotentes para alcançar seu objeto; é, de alguma forma, a alma sem si mesma.

Feliz é a alma que entra no castelo, encontra e abraça a cruz nua: a cruz se torna um trono de
delícias, e o castelo um paraíso de alegria.

Verônica queria invadir o castelo. Ela se isolou da terra, se separou de si mesma, fez fluir o
castelo da mortificação nos sentidos e na vontade, enfrentou a perseguição dos homens e do
inferno; conquistou-os com paciência, permitiu-lhes viver na morte de tudo. Conduzida por
Jesus ao centro do castelo, viu Deus fugir deixando-a sozinha na desolação e na noite, mas como
uma verdadeira heroína, gritou: «Viva o puro sofrimento! Viva a Cruz nua! » E ela se jogou,
abraçando-a, aos pés da cruz. Imediatamente, a cruz transformou-se em trono de dElaite, e o
castelo, em paraíso de alegria.

Glória ao castelo da cruz nua! Verônica cElabrará solenemente o casamento místico com o
Esposo de sangue
e receberá o privilégio das rainhas-noivas: os estigmas.

CAPÍTULO IV.
CONTINUAÇÃO DA CENA DO GÓLGOTA

Era 20 de março de 1695. Verônica acabara de receber a Sagrada Comunhão quando o Senhor
lhe apareceu e lhe ordenou que não comesse pelo futuro, mas seu Santíssimo Corpo. Entretanto,
uma vez que esta ordem encontrará oposição das autoridades, prescreve-lhes que fiquem a pão e
agua.
No passado, Ela havia obtido permissão para ficar dias sem comer e alternar o jejum com
refeições leves, definidas pelos médicos como insuficientes.

O padre Cappelletti, oratoriano, confessor do mosteiro, relatou o assunto a seus irmãos, depois
ao bispo, e todos eram de opinião que se opunham ao desejo de Verônica. Pelo contrário, foram
mais longe: obrigaram-na a
comer o que nunca aparecia à mesa dos capuchinhos: carne e caldo, mas a Santa deitava fora
tudo o que tomava com terríveis convulsões. Sua dor aumentou pelo fato de que o Senhor os
repreendeu todos os dias sua desobediência. «Senhor, Ela suspirou, portanto, mude os corações
de seus representantes».
E voltou a insistir nElas. Finalmente, Elas a proibiram de qualquer penitência na persuasão de
que ela estava possuída pelo demônio. Então, percebendo que tudo dependia da vontade de
Deus, no dia 8 de setembro deram-lhe a permissão que ela pedia.

A indignação abalou o convento. Madre Gertrude Albizzini, cheia de preconceitos contra a


Santa, havia recentemente retomado a insígnia de Abadessa, e não ajudou a acalmar os ânimos
exaltados. A jejuadora foi acusada de ser excêntrica, orgulhosa e possuída. Um fato provou que
as freiras inimigas estavam certas: Verônica pega comendo às escondidas na despensa.
Abra o céu! Era o fim do mundo! Mais tarde descobriu-se que no momento do crime, Verônica
estava na capela rezando. O diabo, para arruiná-la, tomou sua forma novamente.

Assim, as contradições começaram a desaparecer, mas o jejum, embora sustentado pelo


milagre, foi sendo reduzido a uma sombra. E consumiu não só o jejum, mas também a tortura
do cálice da amargura, que continuava a derramar suas gotas mortíferas, as batidas invisíveis, os
espinhos, o coração ferido pela lança divina, de onde jorravam jorros de sangue, a ira do
inferno, a natureza que protestou rugindo: «Estou com fome! Estou com fome!".

Pense nisso: Verônica teve que cuidar da despensa e da cozinha: os pratos que passavam sob
seus olhos ganhavam uma voz sedutora e irresistível, enquanto seus dedos enrugados
murchavam de desnutrição: «Coma! Ela come!". Mas ela se abaixou no chão e enterrou a boca
na poeira: "Você quer comer?" Coma isso! ".

O jejum assustador durou vários anos e, no final, Verônica se contentou em comer os restos das
hóstias. A comunidade só se comunicava duas vezes por semana: às sextas e aos domingos. Sob
a ordem divina, o Santo pediu e obteve a Comunhão todos os dias. A Eucaristia tornou-se a vida
de seu corpo e alma ao mesmo tempo.
CAPÍTULO V.
A CONFISSÃO GERAL

Suas confissões gerais foram numerosas, e Ela as repetiu mesmo depois da cElabração dos
místicos nupciais; a de 31 de março de 1697 é a mais famosa.

Nesse dia a Santa recebeu a ordem de fazer pessoalmente a sua confissão geral a Jesus.
Arrebatada em êxtase, ela se viu diante do tribunal eterno presidido pelo Senhor e Maria
Santíssima, cercados por uma multidão de anjos e santos.
Imediatamente, todos os pecados de sua vida saíram como um enxame de abelhas de sua alma.
Jesus cobriu o rosto. Assustada, Verônica se prostrou aos joelhos de Maria, que não era menos
terna que Jesus; Ela repetiu
o gesto para Santa Clara, mas ela também cobriu o rosto dizendo: "Eu não te conheço por
minha filha." Então Ela se virou para s. Francisco e os outros santos, mas não teve melhor
recepção.
Quando se viu abandonada por todos e diante dos juízes, foi assaltada pelo terror, começou a
tremer e disse com voz fraca: "Senhor, onde está então a tua misericórdia?". Mas o Senhor
cobriu seu rosto novamente. Ela
se voltou para Maria: "Você não é o refúgio dos pecadores e sua Mãe". Mas mesmo isso não
mudou o caminho. Enquanto isso, o Senhor fez um sinal ao Anjo da Guarda, que num
relâmpago levou Verônica aos pés do Juiz Supremo, ordenando-lhe que iniciasse sua confissão
geral.

Ela se benzeu lentamente, mas não importa o quanto ela tentasse, ela não conseguia abrir a
boca. Era tudo confusão e arrependimento. Então, finalmente, Ela poderia dizer:
«Senhor: Eu te ofendi, Bem Supremo; Confesso para mim mesmo." Então Ela viu, com uma
luz repentina, o valor e a eficácia do sacramento da Penitência. E quis continuar, sufocada pela
dor:
«Senhor, tu és o Bem infinito e eu te ofendi». Saltou de soluços.

O Anjo da Guarda interveio e começou a contar todas as faltas que Verônica havia cometido a
partir de três anos. Os caprichos infantis, as bofetadas dadas ao pobrezinho e à empregada, os
objetos levados sem permissão para erguer o altar a Maria; e o tempo gasto neste trabalho por
puro prazer: tudo foi repreendido. E o Senhor deu à luz sua santíssima Mãe, que confirmou as
acusações do Anjo e cobriu o rosto.
O Anjo, continuando sua acusação, chegou aos pecados que ela cometera contra a virtude
angélica, isto é, como seu pai a conduzira ao mundo, e como rostos humanos se imprimiram
em seu pensamento; como a prima a incomodara com revelações imprudentes, e como, mesmo
depois do curativo, ela ficara muito tempo de boca fechada, tomada pela vergonha, sem saber o
que pensar e dizer.

Nesse momento, Verônica gritou: "Senhor, eu o ofendi seriamente?" «Não, respondeu-lhe


Jesus, mas o teu pé escorregou e, sem a minha mão, terias tocado o fundo do precipício». E ela
fez um sinal, e apareceram Santa Clara e São Francisco para acusá-la. Depois do curativo,
faltava-lhe de fato a pobreza, quando, como sacristã, aceitara um objeto luxuoso demais para o
culto.

Depois veio a vez de S. Boaventura, por s. Antônio de Pádua, de s. Bernardino de Siena, de s.


Agostinho e S. Domenico, de s. Giovanni Battista e de s. Filippo Neri, que a repreendeu por
não ter zelo no serviço divino.
Por último S. Lourenço, S. Estêvão e outros mártires, que a acusaram de ter tremido diante da
cruz.

Ninguém a defendeu, mas todos a acusaram. Ela não aguentava mais de dor.

Então os santos prostraram-se diante de Jesus, implorando misericórdia para ela, em nome das
chagas redentoras, e os santos fizeram o mesmo diante de Maria, particularmente S.
Catarina de Sena, s. Rosa da Lima e S. Teresa de Ávila, implorando-lhe que intervenha pela
saúde do culpado.

Verônica olhou para a cena chocada e se sentiu aniquilada pelo amontoado de culpas,
quando ouviu gritos: «Vitória! Vitória!". Foram os Anjos que gritaram de alegria, e naquEla
momento ela se sentiu renascida. Parecia-lhe sair com a alma das águas de um novo batismo
e que Maria oferecia
seu coração purificado ao Filho divino. Ela o recebeu com alegria e disse à corte cElastial:
"Em virtude de minhas feridas e suas orações, eu os perdôo". Depois, voltando-se para ela,
levantou a mão, abençoou-a e acrescentou: «Vai em paz e nunca mais peques».

O céu se fechou e Verônica se viu de volta à terra.


Vítima, deve ser puro; de fato, a pureza em si não é suficiente; para se associar ao sacrifício
redentor, deve cElabrar as núpcias divinas com o Homem-Deus.

CAPÍTULO VI.
OS PATROCINADORES DIVINO

A união que se estabElace entre Jesus Cristo e as almas é maravilhosa. Elas recebem nomes
diferentes. São Paulo chama isso de incorporação; e de fato, pela graça, estamos mística e
verdadeiramente unidos ao Homem-Deus, como os membros estão unidos à cabeça
formando um e o mesmo corpo.
As Escrituras muitas vezes chamam isso de aliança; e, de fato, o Verbo sendo o marido de
seu santo
A humanidade é o marido da alma justa, que se torna como uma 17.
segunda humanidade
Todas as almas justas são, portanto, esposas de Cristo, mas há esposas que levam
oficialmente este nome: são as almas que, por terem feito votos religiosos, se
comprometeram a crescer sem cessar na caridade divina. Entre essas noivas oficiais estão as
noivas rainhas, aquelas que uma caridade mais ardente leva ao leito da Cruz: são as almas
vítimas.

A mulher, nascida para ser noiva, compreende melhor o mistério da união divina
apresentada sob a imagem da aliança, e Nosso Senhor, ao lidar com a mulher, usa
precisamente este símbolo.

S. Verônica foi uma noiva-rainha, pois fixou sua própria morada perto da cruz. Com ela
Esposa de sangue cElabrou um casamento divino, cujo rito quis repetir todas as vezes que a
Santa renovava a profissão religiosa e nos dias de grandes solenidades. Ela mesma descreve
essas núpcias frequentes, descreve-as de uma forma que são uma mais interessante que a
outra. É impossível seguir cada descrição; vamos nos limitar ao primeiro.

Por muito tempo o Senhor havia anunciado à Santa que queria cElabrar um casamento
místico com ela, e a Santa esperava ansiosamente.

Chegou o dia da Páscoa do ano de 1694. Verônica estava a ponto de receber a Comunhão: seu
coração ardia como um braseiro, quando, de repente, o ar se inundou com uma canção do céu:
Veni sponsa Christi. Caindo em êxtase, ela se viu aos pés do Senhor.

O Senhor estava sentado em um trono suspenso acima; um trono de ouro puro e cravejado de
pedras brilhantes, em comparação com o qual todos os sóis do mundo pareceriam trevas. Ao
lado deste, outro trono feito de alabastro cravejado de pedras preciosas, com a Mãe de Deus
acima, falando com seu Filho. Coberta em um manto branco cheio de diamantes, ela era
indescritivelmente linda.

Ao redor dos Santos de seu primeiro amor: s. Caterina da Siena e s. Rosa de Lima; e depois
Santos e Santos, todos do céu.
Verônica, sem saber como, se viu vestida com roupas muito ricas.

Ela foi então tomada pelos desejos mais sagrados, e seus olhos não paravam de contemplar a
indescritível bElaza do Senhor. Ela não entendia bem do que estava vestido, mas suas feridas
brilhavam mais do que todas as constelações do firmamento.
Levantando novamente a mão direita, Ela a abençoou e a convidou dizendo: "Vem, noiva de
Cristo". A Virgem e os Santos responderam: «Recebe a coroa que o Senhor te preparou desde
os séculos eternos». Aliviada em êxtase, ela se aproximou dEla e viu na ferida do lado sagrado o
anel que o Esposo estava reservando para ela. De fato, Ela o pegou, entregou-o à sua Mãe
divina, que o
mostrou à corte cElastial, para que Ela pudesse admirar seu esplendor. O anel era de ouro e no
meio havia uma joia gravada com o nome de Jesus.

Nesse meio tempo Verônica se viu no meio entre Jesus e Maria, que estavam cheios de
alegria. A Virgem fez-lhe sinal para que pusesse a mão direita um pouco mais à frente, enquanto
o Senhor, abençoando o anel, o punha no dedo. Então miríades de músicos cElastiais deram seus
instrumentos de suas mãos e todo o céu se alegrou. Mas Verônica viu apenas Jesus.
A noiva estava para sempre unida ao marido.

O misterioso anel permaneceu para sempre em seu dedo, agora invisível e agora visível. As
freiras, durante o julgamento, testemunharam que o viram com os próprios olhos, e todas
concordaram na descrição que fizeram.

Após os místicos nupciais, Verônica tornou-se uma fornalha: o fogo interior a queimou toda;
chamas eram aquelas que saíam de seus olhos e boca, quando, no jardim, ela convidava as
plantas e as estrelas para abençoar e cantar o Divino Esposo.

O banquete era a seguir ao casamento. Tudo estava preparado, e a nova noiva foi oferecida a
comida pronta na mesa misteriosa. O banquete era composto pelos méritos do Salvador, que
Verônica agora podia dispor à vontade, e os sofrimentos da Paixão, que para Verônica deviam
ser o alimento do futuro. Christo confixa sum cruci!

CAPÍTULO VII.
A TRANSVERBERAÇÃO DO CORAÇÃO

Antes S. Francisco de Assis, a estigmatização era desconhecida. Só apareceu na história com a


cena de
La Verna. O Serafim da terra pediu ao Homem-Deus esta graça sem precedentes: experimentar
as dores que sentiu na hora trágica da crucificação.

E o Senhor desceu, e raios saíram de seus pés, de suas mãos, de seu lado, ferindo os pés, as mãos
e o lado de Francisco.
Mais tarde, outros estigmatistas apareceram dentro da Igreja. Entre os privilegiados, uma filha
de S. brilha. Francisco: sim. Verônica Giuliani. Vítima de escolha, rainha-noiva, ela deve deitar-
se com Jesus na cruz redentora. E o Coração de Jesus foi ferido pela última vez na cruz; o de
Verônica, por outro lado, será ferido imediatamente no início da paixão.

O coração, entre todos os povos, é o símbolo do amor; os sentimentos da alma residem no


coração; a coisa
que o homem mais se importa é com seu coração. Quando Jesus Cristo nos fala de seu amor, Ela
nos apresenta seu coração. Portanto, Ela terá que tocar o coração, para fazer o trabalho do amor.

Na noite de Natal de 1696, Verônica foi visitar o presépio. Ela estava lá em oração, quando viu o
Menino Jesus vivo e verdadeiro. Enlouquecida de alegria, ela o tomou, apertou-o contra o peito
e implorou-lhe que tomasse seu coração, que ardia como uma fornalha. Então Ela caiu em
êxtase.

O Menino Jesus segurava na mão uma espécie de vara de ouro com uma chama na parte superior
e uma lâmina na parte inferior. Mas deixemos que o Santo fale: «Ela colocou a chama contra o
seu Coração, e a lâmina contra o meu, que foi imediatamente trespassado de um lado para o
outro. Voltando para mim, senti uma dor aguda no
coração e coloquei uma fralda de lado. Quando o tirei, estava encharcado de sangue"
18.

A ferida era profunda, tão profunda, que realmente passava o coração de um lado para o outro.
Tinha o comprimento do dedo mínimo: fino, para cima, largo para baixo, como se pode ver
pelos panos manchados de sangue, usados para se vestir, e que são preservados religiosamente
no mosteiro de Città di Castello.

O bispo e o confessor queriam certificar-se do milagre. Obrigaram a Santa a se apresentar à


grade da capela e ordenaram que suas companheiras cortassem seu vestido em semicírculo do
lado do coração. Puderam assim certificar-se de que a ferida era grande, sangrando, notaram um
fenômeno estranho: saía um sopro forte o suficiente para apagar uma vela.
Prodígio! A ferida fechou e abriu conforme a vontade da autoridade eclesiástica. Outros
prodígios: dela saía umcheiro de céu; causou dor fatal à paciente, mas não a matou.

A grande praga foi mais tarde acompanhada por outras cinco pragas, menores à semelhança das
do Salvador. E apareceu um prego, cravado nos lábios da grande ferida, que
dedos divinos se abriram na carne viva quando a Vítima Redentor implorou a conversão dos
pecadores e a libertação das almas sofredoras.

CAPÍTULO VIII. ESTIMÁ-LOS

Os estigmas são o ponto culminante da existência do Santo. É verdade que a graça dos místicos
esponsais era imensa, mas era como o anúncio dos estigmas.

Verônica era a rainha das noivas; portanto, ela teve que se transformar em noiva-vítima para
morrer na cruz da Esposa do Sangue e redimir o mundo. De fato, Jesus lhe dirá: "Desde a
eternidade decretei abrir estas feridas em você, e desde os primeiros momentos da Encarnação
ansiei por esta hora".

Porque? Por meio desse sinal milagroso (estas são as palavras de Jesus), Ela quis reavivar a fé
no mundo e, com as feridas, quis fazer de Verônica uma co-redentora perfeita; unidas às de
Jesus, tais feridas seriam
como bocas amadas, que apaziguariam a Deus, fontes de graças, que salvariam os homens. Na
cruz, trespassado por cinco chagas, o Homem-Deus pagou nosso resgate.

Desde que seu coração foi perfurado, Verônica quase sempre estava extasiada; um êxtase que
lhe permitiu constituir-se mais do que nunca a serva das freiras.

Ela amou; pelo contrário, o amor a consumia: «Das almas! das almas!"; o noivo tem sede dela.
Portanto "cruzes!", Já que este é o preço das almas! «Das cruzes, das cruzes!». É o grito
contínuo do Santo.

Passou a Quaresma de 1697 nas mais horríveis torturas. No dia da Sexta-feira Santa, ela recebeu
intuições extraordinárias sobre o amor infinito de Deus e os sofrimentos do Redentor. "Seu
sofrimentos, disseram-lhe, são uma mera faísca da minha fornalha”, e ela foi avisada de que
seria decorada com os estigmas. Ela já tinha o Noivo.
Em certo momento, Jesus apareceu para ela na cruz. Cinco raios luminosos emanaram de suas
feridas; quatro terminavam em forma de prego e o quinto em forma de lança de ouro flamejante.
A lança perfurou seu coração de um lado para o outro, os pregos atravessaram seus pés e mãos;
então os raios voltaram nas chagas do Salvador, Verônica, segundo a voz cElastial, foi
finalmente a verdadeira noiva do Esposo divino, redimindo com o Redentor.

Recuperando os sentidos, Verônica se viu de joelhos com os braços cruzados. A ferida do


coração escorria sangue, e nos pés e nas mãos, inteiramente perfurados, notou pequenas rebrotas
achatadas de carne, que pareciam cabeças de pregos, rebrotas que ao primeiro movimento a
fizeram gritar de dor. Diante dessa visão, Ela começou a chorar implorando a Deus que tornasse
aquElas sinais invisíveis, mas em vão, porque Elas tinhamque confirmar a fé.

Cristão. Depois de chorar e orar, Ela enxugou o sangue e preparou-se pacientemente para
realizar o trabalho habitual.

Que esforços heróicos! Ela andou e agiu; mas enquanto antes ela tinha sido tão astuta e solícita,
agora ela prefere se arrastar em pequenos saltos e se curvar. Seus pés estavam sangrando, suas
mãos estavam sangrando, e ela teve que mantê-las enfaixadas. O Senhor teve pena dela e
ordenou-lhe que revelasse tudo aos confessores. Impossível esconder os estigmas por mais
tempo.

Mas Elas são de origem divina? Eis o que o bispo e os confessores se perguntaram. E
determinaram que, a princípio, deveriam ser tratadas como feridas naturais. Foram utilizadas
cElabridades médicas e
cirúrgicas, que logo se declararam incompetentes. Os tratamentos permaneceram sem efeito, e
não fizeram nada além de aumentar e inflamar as feridas com grandes espasmos para o paciente.
Os intendentes concluíram pelo sobrenatural, mas os eclesiásticos mais difíceis levaram a
prudência ao extremo. Não serão diabólicos por acaso? E selaram com o selo episcopal as luvas
e as faixas que cobriam as feridas; pelo contrário, a mulher
estigmatizada foi condenada a trabalhar como se seus pés e mãos estivessem livres. Dócil, este
se pôs a trabalhar redescobrindo a antiga agilidade e antiga destreza.

Infeliz! Os estigmas atrairão sobre ela uma perseguição sem precedentes, sobre a qual falaremos
mais adiante no livro intitulado: Os carrascos da vítima.

Por meio de súplicas, ela conseguiu tocar o coração de Deus.Após três anos, as feridas se
fecharam por umtempo; depois abriam e fechavam, e assim por toda a vida.
Cenas de paixão, cenas atrozes! Como poderia a Vítima divina suportar todos esses tormentos?
E agora
essas cenas serão renovadas diante de nossos olhos assustados, até o dia em que Verônica
também lançar sua consumação em direção ao céu .

CAPÍTULO IX
RENOVAÇÃO DAS CENAS DA PAIXÃO

Depois de receber os estigmas, parece que a Santa deve entrar em seu descanso; Mas não foi
assim. Sua missão não estava terminada: estava no começo. Verônica era
estigmatizada para aperfeiçoar e fecundar seu ofício de redentor.

As cenas da paixão, portanto, renovam-se quase todos os dias, mas sobretudo no tempo do
Carnaval, da Quaresma e do Advento. Elas são renovados sem ordem: ora Getsêmani, ora
Pretório, ora Calvário. O cálice derramou um fel mais amargo; as surras choveram mais
cruelmente em seus ombros; a coroa estava cheia de espinhos enormes, que cruzavam sua
cabeça; a ferida em seu coração se alargou e os estigmas queimaram sua carne mais atrozmente.

As cenas também são renovadas em ordem cronológica, ou seja, de acordo com o Evangelho.
Ela viu o Salvador sofrer posteriormente todas as torturas da Paixão, desde o suor do jardim
até a crucificação do Gólgota. Ela testemunhou essas torturas com um olhar horrorizado e
participou delas, sentindo-as em todo o seu horror em sua própria pessoa.
Ela viu os pecados dos homens, viu seus próprios pecados, e o arrependimento que sentiu o
venceu. A tristeza penetrou profundamente em seus ossos; sua alma sentiu agonias, que os
moribundos não conhecem; mas o que mais a martirizou foi o medo de que Deus a rejeitasse
e a condenasse. Então todo o seu corpo estava coberto de um suor gelado e não havia cobertor
quepudesse aquecê-la.

Ela participou da tortura da captura. Cordas invisíveis apertaram e rasgaram até os ossos seus
pulsos e pescoço; quase a estrangularam, e ela não deu mais fôlego.
Ela participou da tortura de cair na água do Cedron: vendo-a como seus dentes batiam de
frio!

Ela participou da execução da prisão. Ela viu os inimigos cuspindo e esbofeteando seu
Deus, suspendendo-o pelos braços e com as mãos amarradas a uma viga alta. Ela sentiu as
articulaçõesestalarem, seus ossos racharem e ela sentiu o martírio em si mesma.
Ela participou da tortura da flagelação. Os flagelos morderam a carne de seus quadris; algum
chicote a atingiu nos olhos, cegando-a. Daí ela entendeu que o Homem-Deus tinha que sofrer
aquEla tormento e, para expiar, disse que nunca mais queria abrir os olhos para óculos
inúteis.

Ela participou da tortura da crucificação, e seus pés e mãos doíam de dor: ela se contorcia
toda em meio a um crepitar de ossos mutilados.
Ela participou da tortura da cruz estendida quando os pregos foram cravados, e o rosto de
Verônica rastejou no chão.
Ela participou da tortura do levantamento da árvore da Cruz, e Ela balançou e tremeu
violentamenteenquanto as feridas em seus pés e mãos se espalhavam.
Participou do suplício de estar na Cruz com as pontas das mãos e pés cravados, com a
cabeça dilacerada por espinhos, que penetravam mais fundo quanto mais tocavam a madeira,
e com as costas, que se tornava uma ferida viva.
Ela participou da tortura da sede ardente, e o vento penetrou nas feridas abertas, e sua própria
língua, que inchava para sufocá-la, pingava fel.
Ela participou do suplício da agonia suprema, e uma mão arrancou seu coração: ela estava ao
mesmo tempo viva e morta no fundo da tumba.

Verônica sabia disso porque o Salvador sofreu todos aquElas tormentos. Diante de seus olhos
ela se abriu como uma abertura pela qual Ela viu um oceano de fogo de amor, e Ela mergulhou
nEla, expirando não tanto por dor quanto por amor.

Será acreditado? As cenas da Paixão moviam-se de acordo com os desejos do Bispo e dos
confessores.

Um ilustre religioso da Companhia de Jesus, Pe. Giuseppe Maria Crivelli, foi enviado de Roma
para examinar o caso dos estigmas. Ela ordena ao Santo que sofra as torturas da Paixão em sua
presença, e fica imediatamente satisfeito. Chegada a hora da flagelação, em volta dos pulsos do
paciente aparecem alguns sinais de cordas, que parecem afundar cada vez mais na carne; é o
sinal de que a vítima está amarrada à coluna. Mais um momento e os cílios caem pesadamente.
É assustador! Seu corpo é jogado contra a parede, lançado ao ar com uma violência sem
precedentes; os cavaletes da cama, a cela, tudo treme. É de se acreditar que o convento está
afundando: a trepidação e o barulho fazem as freiras gritarem de medo.
Visivelmente a divina Vítima está no auge da dor: veja-a: Verônica está prestes a morrer.

O companheiro de Pe. Crivelli, Pe. de Vecchi, fugiu gritando seu susto para o colega de quem
era o Superior; mas o enviado do Santo Ofício teve a coragem de ficar e continuar sua
experiência por mais uma hora; depois disso, Ela simplesmente disse: "Basta!"
A missa estava prestes a começar. "Vamos, levante-se", acrescentou. Apoiada pelo milagre,
a moribunda levantou-se, assistiu ao Santo Sacrifício e depois voltou para o seu leito de agonia.

Seguiu-se a tortura da coroação de espinhos. Visivelmente sua cabeça incha, fica quente, As
freiras, que a tocam, pensam que estão colocando as mãos em um braseiro aceso. Depois a
tortura de carregar a cruz, da subida ao Calvário, da crucificação. Imediatamente seus braços se
estendem, seus músculos e nervos se esticam e sua testa está coberta de suor. Os espasmos que
anunciam a morte sucedem-se. Neste ponto o Sacerdote ordenou o "Basta!" A sessão acabou.

Informado dos acontecimentos, Dom Eustáquio, acompanhado pelo P. Crivelli, correu ao


mosteiro. Verônica, mais morta do que viva, teve que ir até a grade do coro e representar a cena
da crucificação.

Ela se levanta, estende os braços que estão deslocados, enquanto o chão parece mugir de medo.
Ela toca o chão apenas com as pontas dos pés, como se estivesse prestes a voar no ar. "No ar!
No ar!», diz o Pe. Crivelli. Mas de repente, com um único movimento, lá está ela com o rosto
no chão. Meia hora se passou em agonia sem nome.
Oprimido pela emoção, o bispo encerrou a experiência. «Por que, perguntaram à torturada, por
que você tocou o chão com a testa?». «Para representar, respondeu, a cena dos pregos
rebitados...». E de joelhos, com a cabeça humildemente baixa, implorou a bênção do bispo e
permissão para retirar-se.

TERCEIRO LIVRO

Os carrascos

CAPÍTULO I.
JESUS CRISTO

Carrasco! E este nome para você, Senhor Jesus!


Vocês não são todos amor? Você é todo sabedoria. Você sabe o valor do sofrimento, e
aquElas que você ama, você faz como você. Esta alma, que habitou em seu pensamento por
séculos eternos e que desde o momento da Encarnação fez bater seu coração humano, você a
ama: isso significa que ela será uma vítima e que você é o Sacrificador.

O Salvador dos homens está à procura de vítimas. Com a sua Paixão satisfez plenamente a
Justiça
divina, pagou toda a dívida humana, e com o sacrifício da Missa, renovação do sacrifício
da Cruz, não cessa de aplicar ao mundo os méritos do seu sangue e da sua morte. No
entanto, sim. Paulo diz: "Faço pela Igreja na
minha carne o que falta à Paixão de Cristo". Cristo, para honra dos homens, não quer nos
salvar sozinhos; quer
encontrar em nosso meio os colaboradores, os co-redentores; Ela quer, diríamos, continuar
a sofrer, chorar, sangrar aqui na pessoa de seus membros escolhidos; Ela quer que algumas
vítimas renovem, através dos tempos, o mistério de seus sofrimentos e de sua morte. Através
dElas, Ela expia e salva, e completa sua obra de saúde.

Você me ama? Ela diz às almas; e aguarde a resposta.

Se as almas respondem como este admirável dElaite santo do nosso tempo respondeu: "Eu te
amo: não faça nada comigo", então, verdadeiramente, Ela se torna o carrasco do amor e
golpeia.

Ela amava S. Veronica, Ela foi amado de volta, e bateu nela. Quando ela era pequena, ela lhe
dissera: "Você será minha noiva, minha companheira na obra redentora"; depois: «É minha
vontade que você se conforme a mim, porque eu te destinei à minha obra de redenção. A
partir de agora você será chamado de Vítima Mediadora, Vítima Expiatória ».

E Ela é o carrasco, que derrama o cálice da amargura sobre a vítima, que rasga sua testa com
a coroa de espinhos, seus ombros com a cruz; que perfura seus pés, mãos, coração. Ela é o
carrasco que pressiona o dedo na unha do seu coração, que o faz. gritar de dor e quase
morrer. E depois de martirizá-la anuncia que ela não sofreu nada comparado ao que ainda
tem que sofrer.
Chegada à metade do caminho da vida, para a festa do Corpus Domini de 1693, Jesus
revela-lhe que lhe restam trinta e três anos para vivê-los, como outro Cristo, no seio da
morte. E Ela mantém sua palavra.

Em inúmeras aparições, Ela a visita para lhe dizer: «Venho confirmar-te no sofrimento; Eu
sou o seu Esposo e, como penhor da minha fé, dou-lhe a minha cruz. Eu sou o crucifixo e
venho para transformá-lo em mim, para torná-lo vítima. Eu quero que em suas agonias você
cante de alegria ». E as torturas dobram. Em todas as ocasiões, penitências cruéis sobre
penitências.
Elas são impostos a Elas pelos delitos que são cometidos no mundo. De repente, Ela não
ataca mais: Ela foge.
Deus é amor: Deus é plenitude. Verônica trouxe seus lábios a esta fonte viva que sacia a
sede, que embriaga os bem-aventurados no céu; ela provou Deus, e agora Deus retira sua
doçura dela; parece ter saído. Assim, ela não
experimenta mais a dor do significado, mas a dor do dano. Desejar a Deus não é um vaidoso
egoísmo, mas um dever: Ela não é o centro e o fim? Por isso Verônica não encontra mais a
fonte da água viva, e seu desejo se torna mais abrasador que o fogo do inferno. Ela sente
falta de Deus: é a fome torturante, o vazio mais profundo de todos os abismos, é a tortura da
tortura. Ela sente falta de Deus: ela não o entristeceu? Isso machucou o amor?

O que Ela vai fazer?

No Cântico dos Cânticos, o Espírito Santo nos apresenta a alma sob o nome de noiva que
busca a Deus sob o nome de
noivo, Deus ausente, Deus fugitivo. Ela corre pelas ruas e praças da cidade pedindo a todos
que a ajudem a encontrar seu Amado: é Verônica em busca de
Deus.

Com a mão no coração ferido por cinco chagas de amor, ela geme: «Ó meu Deus, vê o meu
coração, escuta a voz das suas chagas... volta para Ela! É tudo seu. Oh! Eu vou gritar
novamente; Não ficarei calado até que você recupere a
posse dEla. Oh! você não quer meu coração? Pulsando sem fôlego, Ela quebra! Ó Pai da
minha vida, Esposo da minha alma, Coração do meu coração, volta! Retornar! ... ". Mas o
Deus da consolação permanece escondido dEla. Então Verônica sai de sua cela, da igreja e
corre para o jardim, ofegante, perplexa, em busca daquEla que não vem. Veja as estrelas
cintilantes, que parecem tão felizes em brilhar. «Estrelas, que brilham à sua frente, dizem-
lhe que defino de amor».

Ela olha as plantas do jardim, abraça-as, abraça-as: «Procure-o, então, comigo!». Mas Ela
não está mais na terra. Onde? Onde? «Ou Pai da minha vida, Esposo da minha alma,
Coração do meu coração, volta no meu coração...».

Deus desfrutou do ardor da Santa, e voltou aos seus apelos desesperados, mostrando-lhe
que nunca a havia abandonado realmente. O carrasco voltou a ser o amigo e, antes, provou
ser o carrasco por plenitude de amor.

Mas vamos dar lugar aos outros carrascos. Elas são liderados por S. Clara de Assis.

CAPÍTULO II.
S. CHIARA D'ASSISI

Clara nomeada, vida mais clara.

Ela é jovem e rica, bela e pura, pronta de espírito e nobre de coração; é a alegria da boa mãe
Ortolana e o orgulho do pai Leiff, um orgulhoso cavaleiro; é a consolação dos pobres e o
perfume da cidade.

Estamos na Quaresma de 1212. Ela corre para ouvir um novo pregador, o antigo rei da
juventude que se tornou o estranho marido de Madonna Poverty. Quão novas são essa
eloquência e essa doutrina! Chiara é subjugada, seduzida. Abandone o mundo e case-se com
Cristo Jesus no coração da Madonna Poverty.

Os pais não querem perdê-la para não morrer de arrependimento, e Chiara foge de casa.
É noite; todos estão dormindo na casa; apenas relógios Chiara; seu coração está batendo
rápido. Meia- noite toca: é hora. Ela sai correndo; Ela sai na planície; um sábio confidente é
seu companheiro; corre para a ermida sagrada.
As estrelas são claras, a noite calma como óleo; não há um sopro de vento: a natureza admira
em silêncio. Do fundo da planície, Francesco e seus companheiros avançam para encontrar
Clare. A cerimónia decorre sob os olhos de S. Maria e os Anjos. Chiara perdeu seus longos
cabelos, despojou-se de sua Elagância mundana e vestiu o hábito das filhas de Madonna
Poverty.

Chiara é fértil: suas irmãs, mãe, tias, primas, filhas dos nobres da cidade tornaram-se suas
filhas. Logo Elas são cinquenta em s. Damiano, uma casinha, sem lugar, sem ar, muitas
vezes sem pão, alegres carrascos de si mesmos. Chiara dá o exemplo. Seu subpelo é feito de
cerdas de porco e crina de cavalo. Sua túnica superior é composta de cem peças. Sua cama é
de tormento, seu travesseiro de pedra. Por força do jejum, não sabemos mais do que Ela vive
e como Ela pode viver. As filhas imitam a mãe: cantam: são felizes. Madonna Poverty se
orgulha dElas. Madonna Poverty é apenas uma filha, a filha do Amor.

Chiara é um serafim como Francisco, que se tornou seu conquistador. Como Ela, ela pode
dizer: "Meu Deus e meu tudo". Ela é mais viril que os discípulos viris de Francisco. Elas,
sob o jugo da pobreza, às vezes se curvam, gemem, imploram dispensas; Chiara, não,
nunca!
Ela também recusa as dispensas do Papa; aliás, arrebata ao Papa o privilégio da pobreza
coletiva, da pobreza seráfica. Ela sabe ser pobre: ela ama.
O amor é. Quando Francisco envia missionários a povos infiéis, Clara gostaria de segui-los
para converter as mulheres e, através das mulheres, converter os homens. Ela gostaria de
colocar o Evangelho no lugar do Alcorão, a Cruz no lugar do Crescente, ou morrer como
mártir. Ah, bom Sonhe! Mas não: Ela salvará o mundo com o martírio da vida do claustro,
da penitência e do amor.

Ela envia cartas para suas filhas que cruzaram as montanhas; s. Damiano fervilhava na
França, Alemanha, Hungria e outros países; cartas transbordantes de ternura e força viril:
"Somos os auxiliares do clero apostólico, e os apoiaremos com a prática amorosa da
Pobreza, filha do amor".

Chiara irradia bondade ao seu redor. O próprio Papa vem recomendar-lhe as necessidades da
Igreja; Ela vem para abençoar sua agonia, para presidir seu funeral. O Papa ordena que a
Missa das Virgens seja cantada para ela.
Clara nomeada, vida mais clara.

A regra de Chiara vive soberana no mosteiro de Città di Castello.

Encerramento rigoroso. Para corresponder com o exterior, uma roda, que esconde as pessoas e
desliga suas vozes.
Hábito grosseiro e pesado: manchas sem fim; pés descalços em sandálias pobres; celas
estreitas com copos de papel branco; um banquinho baixo e um degrau, que é colocado sobre
os joelhos ao escrever.

Cama de tábuas; um colchão de palha na enfermaria. Levantando-se à meia-noite; manhã e


oração até as duas. Ai daquElas que vão para a cama no inverno com os pés frios! O frio
afastava o sono a noite toda. Silêncio perpétuo; apenas aos domingos alguma recreação.

Abstinência perpétua e jejum diário: domingo, não. Almoço: uma sopa e um ovo ao qual às
vezes é adicionada alguma fruta. Durante as quatro Quaresmas da Ordem, às quais se
acrescentam as quartas, sextas e sábados do ano, em vez dos ovos, cinco quilos de peixe. Ao
jantar, uma sopa ou uma salada com algumas uvas ou uma batata, ou duas castanhas ou duas
nozes.

Trabalho manual, na medida do possível, igual para todos: costurar, tecer, remendar, lavar
roupa; serviço de cozinha por sua vez.

Por que esta vida? Para quem peca, para quem se mostra descaradamente, para quem goza,
para quem não reza, para quem não ama; por todos Elas expiamos, escondemos, sofremos,
rezamos, amamos.

Vida difícil! Verônica estava melhor na casa do pai: sim. Chiara é uma carrasca!

Em todo caso, Nossa Senhora Pobreza deve estar feliz. Madonna Poverty é exigente, e St.
Chiara vigilante...
Mas o que acontece? Seu olhar se ofende: objetos supérfluos são tolerados no convento;
trabalhando para o exterior, pedaços de seda são introduzidos até nas células; tempo precioso é
desperdiçado andando por aí ou fazendo discursos inúteis.

O que mais? A própria Verônica, como sacristã, recebeu um valioso pano para a capela. S.
Chiara aparece na companhia de s. Francis, e sua indignação irrompe: "Elas não são nossas
filhas".

E Verônica tem a missão de falar com o superior e reprimir os abusos. Ela fala, mas é acusada
de excentricidade e mesquinhez e torna-se motivo de chacota de uma parte do mosteiro.
Fale novamente e torne-se o inimigo para lutar e punir. Vamos vê-la infame e perseguida.

Santa Clara é verdadeiramente um carrasco...

CAPÍTULO III.
OS REPRESENTANTES DE DEUS

Jesus Cristo governa o mundo com sua Igreja. A Igreja tem Elamentos divinos e humanos. O
Espírito Santo é a alma, Espírito de verdade e amor, e homens de caráter sagrado, mas falíveis
em sua vida, ensinam e governam. O Papa manda à Igreja universal, o Bispo à Igreja particular,
os confessores às almas, que se colocam sob o seu cetro.
Verônica está sujeita à autoridade do Papa, do Bispo e da direção dos confessores.

Deus permite que sofra por parte dos Sacerdotes.

Caminhe fora das ruas comuns e caminhos batidos; parece viver nas luzes infundidas e nas
revelações do alto, no desmaio do êxtase como nas explosões do arrebatamento sobrenatural,
no próprio extraordinário dos milagres. Céu, purgatório e inferno quase se encontraram em sua
cela e em sua vida.

Por acaso, Ela não seria vítima de sua própria imaginação e sentidos? Alguns pensam, outros
acreditam e contam. Chegamos mesmo à conclusão de que está possuído pelo diabo, e
queremos exorcismo. Ela sofre com tudo isso. Muitos dizem que os fenômenos são divinos.
Estes torturam mais do que os primeiros.
Padre Bastianelli, confessor prudente e esclarecido, entende que esta alma é extraordinária, e
tem o pressentimento de que será uma tocha da Igreja; por isso, com o consentimento do
Bispo Mons. Eustachi, Ela ordena que ela escreva um Diário, ou seja, sua própria vida.
O grande instinto de Verônica é a modéstia: ela vela mais sua alma do que seu corpo. Embora
criança, sente repugnância por revelar as graças que recebe, e essa repugnância cresce com os
anos. A grande virtude de Verônica é a humildade: ela é obrigada a revelar todos os dons que
lhe são dados o céu concede, todos os favores que Ela recebe todos os dias; isso será uma
grande dor para ela e ela muitas vezes reclamará disso no Diário, mas ela deve obedecer.
Porteira, costureira, enfermeira, cozinheira, professora de noviças, trabalhará enquanto
estiver livre do coro. Ela bebe mais do cálice da amargura, estremece sob os golpes dos cílios
invisíveis que a atingem, espasmos por causa dos espinhos que penetram em suas têmporas,
das feridas cavadas em seus pés, em suas mãos, em seu coração, ela sofre o contínuos
assaltos de espíritos infernais que o atacam, atordoam, cegam e perseguem
implacavelmente. E Ela tem que escrever. À noite, sentada num banquinho, com a mesinha
no colo, escreve páginas e mais páginas. A caneta percorre o papel sem parar, sem apagar,
porque é absolutamente proibido rElar a si mesma. Às vezes a caneta escorrega de seus
dedos, a tinta se derrama, como o maligno quer. A mão se cansa, os olhos se fecham e os
acontecimentos do dia ainda não foram todos escritos. Você decide! que você inflija tal
tormento a ela, e glória a você! porque assim possuímos o Diário de
s. Verônica, um verdadeiro tesouro 19, um dos maiores tesouros da Igreja. Uma bela alma da
bElaza de Deus, fecunda da fecundidade de Deus, é mostrada nua; é uma visão do céu. Mas
quantas lágrimas banharam este retrato divino.

Depois de tantas maravilhas, aconteceu o milagre dos estigmas. É o sinal de uma perseguição
operária contra o Santo. Já não falamos dos medicamentos aos quais ela é submetida e que a
martirizam, mas falamos das confusões e do opróbrio com que ela se farta.

Conscientes de sua responsabilidade, os homens da Igreja têm no coração proteger a honra


da fé e, para ter certeza de que Satanás não tem nada a ver com todo esse assunto, Elas agem
de acordo. Quão duramente testam os infelizes estigmatizados!

O bispo Eustachi quer prosseguir com um novo exame. Assistido pelo confessor
extraordinário, que é o superior dos dominicanos da cidade, pelo confessor ordinário Pe.
Cappelletti e por dois teólogos, Pe. Tassinari, servidos, e Pe. Vitale de Bolonha, Eclesiástico
Menor Reformado. O fenômeno é inegável: aqui está a ferida
do coração, que ainda sangra, as feridas das mãos e dos pés. O S. Escritório. Ela recomenda
extrema severidade enquanto espera que seus enviados cheguem.

Verônica está condenada ao exílio completo do mundo: proibição absoluta de se


corresponder de qualquer forma com o mundo exterior; condenada ao exílio da comunidade:
é afastada da mestra de noviças, privada do direito de voto, lançada na prisão sob a guarda de
dois feitores, que não a abandonam nem de dia nem de noite; condenada ao exílio do coro:
ela não deve mais comparecer nem para o cargo nem para a comunhão; condenada a ficar
longe de Deus: ela não assistirá à missa até domingo sob o olhar dos supervisores, mas não
terá que ir à Mesa Sagrada. Afastado de todos! Que pena! Privado da Santa Eucaristia!

Que inferno! Ainda é a época do Grande Jejum, mas ela é forçada a comer como todas as
outras freiras e os alimentos rasgam seu estômago e voltam pela boca em vômito mortal.

Sem compaixão por ela. O santo Bispo Mons. Eustachi a expulsa de sua presença como uma
infame. Padre Cappelletti, que a defendeu muitas vezes, trata-a como louca.
Até as freiras opostas tremem de compaixão.

O Santo Ofício entra em ação, na pessoa de Crivelli.

Já sabemos que Ela teve as cenas dolorosas da Paixão renovadas em sua presença. Agora vai
mais longe. Quando Verônica tiver passado noites inteiras nas profundezas do purgatório ou do
inferno, quando estiver morrendo em sua cama dura, ela deve se levantar e retomar a
observância; quando se apresenta para receber a Comunhão, deve retirar-se como pecadora
pública; quando trabalha na cozinha, tem que correr direto para a
cela para escrever; quando escreve, deve rasgar o que escreveu e recomeçar. No convento há um
canto escuro, cheio de poeira e aranhas: Verônica deve lamber as paredes com a língua e comer
aquelas feras vivas.

Suficiente! A emoção nos impede de continuar. Esses carrascos nos surpreendem; no entanto
refletimos
que, sendo representantes de Deus, são também seus instrumentos, porque Deus quer a glória de
tanto martírio para Verônica; reflitamos também que são também as ferramentas de Verônica,
pois, moídas sob a "roda deste moinho" (a expressão é dela), poderiam se tornar farinha branca
para a mesa de Cristo.

Condenada, ela se curva humildemente declarando-se digna de todos os castigos; na prisão, ela
permanece submissa aos guardas e sorri para Elas com o mais belo sorriso.

Os carrascos finalmente reconheceram que seus estigmas não eram um fenômeno natural, e que
não eram de origem diabólica, e pararam aqui. O grande julgamento durou oficialmente
cinquenta dias, mas para continuar de fato, menos severo, para sempre.

Mais tarde, ela poderá reassumir o ofício de mestra de noviças e lhe será permitido dar-lhe a
insígnia de abadessa, mas a proibição de se corresponder com pessoas externas, exceto com as
irmãs de Mercatello, será mantida até sua morte. Duas ou três exceções serão feitas em favor de
algum personagem como a princesa da Etrúria, o enviado do imperador Carlos II, e o
Reverendíssimo Padre Michelangelo de Ragusa, Ministro Geral dos Capuchinhos.

E agora outros carrascos.

CAPÍTULO IV.
AS IRMÃS ADVERSÁRIAS.

Dos carrascos nas comunidades religiosas?! Mas não é em sua homenagem que o Espírito Santo
inspirou
o Cântico, que diz: Quão doce é que irmãos e irmãs vivam juntos? Sim: o mundo é presa de
almas vulgares e corações corruptos, e a flor da humanidade é refugiar-se em conventos e
claustros para caminhar na perfeição. Quantos atingem as alturas da virtude lá!

Mas por que negar? Às vezes, há sujeitos que são um fardo para si e para os outros.
Vindo sem vocação, carecem da graça do estado, do discernimento e da abertura de espírito;
embora educados, carecem de compreensão dos caminhos mais Elavados pelos quais os
perfeitos caminham, e acreditam orgulhosamente que estão caminhando por esses caminhos;
são muitas vezes visionários,
que consideram as penitências externas como o fim supremo, e tomam seus sonhos por
visões cElastiais ou ilustrações do Alto; possuídos pelo espírito da contra tradição, são
afligidos por um caráter ingrato e difícil; são desprovidos de delicadeza de sentimento e
nobreza de alma e também de virtude. Recusaram-se a regular seus gostos, a espremer seus
desgostos; ciumentos, entristecem-se ao ver outros mais ricos do que os dons da natureza e
da graça; Eu sou
invejoso da inveja diabólica, que tem como objeto os carismas sobrenaturais. Se há,
portanto, carrascos e vítimas nos claustros! Mas o que será se o carrasco for o Superior, que
cada momento deve ser abordado, que deve dar permissão para as menores coisas e quase
respirar?
Verônica é delicada e sensível, possui qualidades superiores, nutre um alto ideal de
perfeição religiosa. Tem a vocação de redentor. Ninguém deve se surpreender se Deus
permitir que ela encontre algumas freiras hostis no meio de tantas freiras fervorosas.
Freqüentemente grandes cruzes surgem diante de seus olhos assustados como o anúncio das
provações que virão de seus companheiros.
No dia de sua entrada no convento, ela era a abadessa Geltrude Albizzini, inteligente e
determinada; porém sua inteligência, mais prática do que especulativa, pouco se abriu para
as coisas do misticismo. Invejosa de sua autoridade, apegada às próprias ideias pessoais,
fazia tudo sozinha, julgando-se mais esclarecida do que os próprios diretores, que achava
simples e confiantes demais. Ela era o carrasco nato, para uma alma que foi chamada para os
caminhos mais Elavados.

Desde os primeiros dias de noviciado, parecia-lhe que Verônica estava mirando muito alto
e começou a desconfiar; acreditava menos em seus próprios olhos, testemunhas de uma
regularidade infalível, do que em seus próprios ouvidos, abertos às calúnias de uma noviça
invejosa da Santa. Assim, Ela muitas vezes saiu em censuras humilhantes e imerecidas.

A desconfiança logo se transformou em indignação.

Verônica, aliás, começou a conversar com ela sobre reformas. Não cabia a você, Abadessa,
interpretar as Constituições e a Regra? Ela a proibiu de se corresponder com confessores. A
indignação então se transformou em perseguição, quando Verônica pediu humildemente
para andar sem sandálias e jejuar a pão e água todos os dias. Essas reivindicações eram sinal
de um orgulho intolerável, que teve de ser reprimido à força de humilhações exemplares.
Quanto aos sinais visíveis da coroa de espinhos, a ferida do coração e os estigmas, por que os
diretores foram informados sem o seu conhecimento? Porque Deus, com todo aquEla
barulho, a perturbou paz da comunidade? Não, Deus não foi o autor desses fenômenos.
Verônica era uma pessoa
doente, uma possuída. O estranho barulho no silêncio da noite, as pedras lançadas por mãos
invisíveis, os gases infecciosos que asfixiavam o convento, as paredes raquíticas, que
ameaçavam a ruína, eram prova disso.
Foi ela quem denunciou a vítima ao Santo Ofício, evitando informar Mons.
Eustáquio, e quando estavam em coro, chegou a resposta de Roma, prescrevendo as medidas
mais vigorosas contra os estigmatizados, e imediatamente, sem esperar o fim da recitação do
Ofício, ordenou a dois conversadores que levassem a "bruxa" para prisão.

E como a ordem dada pela autoridade eclesiástica era o uso da barra de ferro, Ela obedeceu à
palavra.
Madre Gertrude foi finalmente nomeada para governar outro mosteiro, e a vítima respirou.

Mas havia outros carrascos: Irmã Angélica Barioli, isto é, que não perdoou Verônica por ser rica
em tantas boas qualidades, regular e fervorosa; Irmã Maddalena, cuja hostilidade eclodiu no
momento da tentativa de reforma sobre a pobreza. Empreendedor, à força de intrigas,
conseguira o afastamento do confessor P. Bastianelli, que Madalena conhecia a favor do jovem
reformador. A estes deve-se acrescentar a Irmã Luísa, que não sofreu Verônica e a perseguiu de
maneiras tão estranhas e malignas, que as outras freiras acreditaram que ela estava possuída pelo
demônio.

Falaremos da Irmã Francesca designada como guardiã da mulher estigmatizada durante os dois
meses de detenção. Esta não era exatamente uma freira inimiga, mas tinha como senha ser
exigente e severa. A tarefa, por outro lado, lhe convinha maravilhosamente, porque, por mais
virtuosa que fosse, era tão grosseira e grosseira quanto Verônica era boa.
Sob suas ordens estritas, o prisioneiro deveria limpar o pátio e outros lugares; ela também teve
que fazer o escritório da empregada de cozinha. Enquanto isso, os duros atributos de indolente e
estúpido choveram sobre ela.

A vítima sofria sem nunca reclamar, considerando-se indigno de viver na santa companhia
das freiras, tanto que não ousava comunicar-se com elas. As perseguições que fizeram a ela, ela
tomou-lhes tantos favores, e os retribuiu com tantos serviços. Veremos o que Ela fez mais tarde
porMadre Albizzini. O que ela fez pela irmã Maddalena?

Esta teve os seios arruinados por um câncer horrível que ninguém ousava olhar ou tocar com os
dedos. Verônica tornou-se sua enfermeira e a tratou com mão hábil e terna. Ela que jurou rejeitá-
la até o leito de morte, não quis que ela a ajudasse no último momento, e adormeceu nos santos
abraços de sua vítima, toda cercada de arrependimento.

Devemos acreditar que a alma da Irmã Luísa estava em muito mau estado. Atingida por uma
doença mortal, ela se contorceu em sua cama, sabendo que os demônios estavam prestes a
arrastá-la para o abismo. Mas a vítima já estava vigiando seu carrasco, jurando salvar esta
alma. Ela jogou água benta nas sombras infernais que fugiram para retornar imediatamente. Foi
imposta a penitência do Portamento di Croce, penitência assustadora da qual falaremos em seu
lugar, depois penitências sangrentas. As sombras sempre voltavam, num ato de ameaça, e a
enferma se voltava
em negro desespero. «As dores do inferno, pergunto-te, ou Jesus, meu Esposo, suspirou a
enfermeira; mas, por graça, poupe esta alma». O mediador parecia não ser ouvido, e a
moribunda, como se já tivesse visto o vórtice envolvê-la, tomou convulsivamente a mão de
Verônica: “Defenda-me! me salve! ". «Meu Deus, gritou o Santo, põe a coroa de espinhos na
minha cabeça!». Os espinhos logo rasgaram suas têmporas, o que lhe deu esperança, mas a luta
continuou ardente.

Recusando-se a comer, coberta com o sangue que as pinças, as disciplinas faziam sair de suas
artérias, ela enfrentou os demônios que a ameaçavam rugindo: «Ela é nossa! É nosso!
Ai de você!". "Pertence a Deus", respondeu o Santo. E, de fato, foi Deus quem recebeu a alma
do carrasco, redimida a tão alto preço pela vítima.
O que Ela fez pela Irmã Angélica? Em plena mornidão, talvez em estado de pecado, ela havia
caído na forma, aterrorizante, porque o louco não parava de invocar o demônio.
Veronica jurou arrancá-la do abismo. Sem ser enfermeira oficial, ela conseguiu assistência para
a mulher doente, que agora estava chegando ao fim. «Minha irmã, disse ela, deixa aí o diabo e
roga a Jesus que tenha piedade da tua alma». A doente teve um momento de intervalo lúcido.
«Sim, vou fazê-lo imediatamente, mas não me abandones!». O Santo não teve dificuldade em
prometer. Dia e noite ela estava ali ao lado da cama, em oração, ajoelhada, sem apoio,
oferecendo-se em sacrifício por aquela alma exposta. «Senhor Jesus, ela implorou enquanto os
demônios a cobriam de golpes, deixe seu sangue e seus méritos falar por esta alma que você
redimiu, obtenha esta graça de seu Pai Eterno! Para mim, estou pronto para todos os tormentos
».

Demônios circulavam a cama, furiosos. Na última noite, por volta das 7 horas, os espíritos
infernais lançaram-se sobre a moribunda, gritando-lhe que era dElas sem remissão e que
tinhamvindo para levá-la ao abismo.

«Meu Deus, meu Deus, esta alma será tua, gritou o mediador; ofereça seu sangue e o meu com
o seu ». E para ser mais seguramente concedida, ela correu para se jogar aos pés do Santíssimo
Sacramento. Um barulho terrível sacudiu o convento. Um gato monstruoso saltou sobre ela
enquanto uma voz miava "Você ganhou, mas vai pagar por isso, miserável!"
Cheia de esperança, voltou à enfermaria e ali, nos braços da enfermeira, a moribunda deu seu
último suspiro.

CAPÍTULO V.
OS DEMÔNIOS

A demonofobia existe? Existe histeria? Ninguém nega. Existem algumas manias ou doenças
misteriosas, mas puramente naturais, que requerem a intervenção da medicina e não do
sacerdócio.
Será negada a existência de demônios e sua ação sobre os homens? Seria uma contradição com
a Escrevendo e refutando a história. As Escrituras, em quase todas as páginas, nos falam sobre
Satanás e os anjos maus, e a história está cheia de eventos inexplicáveis se não fossem
demoníacos.

Cabe à teologia explicar como Lúcifer se tornou Satanás, como os rebeldes caíram no inferno e
como agem em nosso globo e tentam o homem. Nossa tarefa é defender a doutrina e apresentar
os fatos.

Teremos não só o depoimento de Verônica, mas também os depoimentos de testemunhas


verdadeiras, que prestarão juramento no julgamento.

Sabemos que Verônica tinha a missão de redimir as almas, renovando em sua pessoa o mistério
da Paixão; nada mais natural do que o inferno a trataria como uma grande inimiga e empregaria
todas as suas forças contra ela.

O inferno tem um ministro fiel e mais poderoso: o mundo; e o mundo se enfureceu contra
Veronica para perdê-la. É surpreendente que a jovem não naufragou.

O inferno enfrenta nossa sensibilidade e nosso organismo. Por isso, tentou a jovem noviça com
desânimo e acendeu uma aversão amarga no coração de seus companheiros.

Não existe apenas a tentação diabólica, mas também a obsessão e a infestação. De fato, vemos
os demônios arrebatar jarras e outros utensílios de sua mão, derramar água fervente sobre ela
quando ela trabalha na cozinha, arrancar a caneta de seus dedos, sujar as páginas escritas com
tinta, apagar a lâmpada
quando, no silêncio e quieta de sua cela, ela elabora o Diário. Nada deixa pedra sobre pedra para
colocá-la emdesespero.

Para a maioria dos homens, os demônios permanecem invisíveis, mas Elas se tornam visíveis
para a maioria dos grandes santos.

S. Verônica não tem uma noite tranquila. Os espíritos infernais correm para sua cela e infligem
todas as torturas nela.

A tortura dos olhos. Somos feitos para a bElaza; os demônios, por outro lado, aparecem a
Verônica em uma deformidade excruciante para os olhos, sem proporções, metade homens e
metade animais, imundos, abomináveis como o pecado. A Santa declara que a visão de Satanás,
o horrível, é a grande dor dos condenados, pois a
grande alegria dos Elaitos é contemplar a bElaza de Deus. Elas aparecem para ela em um ato de
luxúria, em meio a orgias infames. Puro como é, este martírio é dela muito grande, e logo
consegue seu lançamento. Elas parecem ameaçadores para ela: víboras assobiando, que enfiam
o ferrão em sua boca; leões rugindo com garras estendidas e gargantas abertas, cuspindo
chamas.

A tortura de ouvir. Num concerto infernal Elas gritam, muu, quebram os tímpanos do Santo,
que fica surdo por algumas horas. Elas juram. Ela tem um belo tampão nos ouvidos: suas
blasfêmias se tornam mais fortes e mais horríveis. Ela implora que a batam, que a pulverizem,
desde que parem de insultar seu Deus.

A tortura do olfato. Elas exalam cheiros infectados, que a fazem desmaiar, e ela fica feliz
quando pode se salvar no jardim.

A tortura do paladar. Os demônios jogam em sua tigela, onde ela colocou as sobras dos pratos
das irmãs mais velhas, punhados de cabelo, percevejos, aranhas, ratos mortos, todos os tipos de
animais impuros. Horror! Seu coração está faltando, mas ela ainda faz o gesto de colocar o
guardanapo, quando sua vizinha, Irmã Florida Cevoli, rasga seu prato de baixo e faz o gesto de
jogá- lo no lixo.
A tortura do toque. Na frente de testemunhas, Elas arrancam as panelas cheias de sua mão e
despejam a sopa cozida no chão. Elas jogam o Santo em um banho de gelo ou no fogo; Elas o
arremessam contra as paredes ou o teto; atiram-lhe enormes pedras, espancaram-na como com
uma clava, destroem-na como com uma serra, cortam-na como com uma navalha até à medula
dos ossos e deixam-na toda dolorida e toda dolorida. Elas têm pés de cavalo e irromperam com
tanta força que um dia cortaram o pé dela. Permaneceu pendurado como um trapo. As freiras a
levaram ao
confessionário nesse estado, e imediatamente a curaram, porque o confessor ordenou que ela
pedisse a cura.

A tortura da alma. Os demônios a convencem de que Deus a está abandonando e que ela está
condenada. «Você é nosso! Você é nosso! ». Parece-lhe que já está vivendo no inferno,
condenada a queimar e jurar eternamente.

Será tudo fruto de uma imaginação doentia? Mas as testemunhas ouvem esses ruídos, respiram
esses miasmas; Elas vêem o Santo ferido e sangrando, violentamente jogado no ar ou
jogado no chão. Outros também tiveram as mesmas visões e ficaram mais aterrorizados do que
elacom o inferno.

Em que momento os demônios se armam para combatê-lo? Geralmente quando cumpre seu
ofício de mediador e vítima redentora, quando ora ou se mortifica pela conversão dos
pecadores.
"Pare", Elas gritam para ela, como se você estivesse roubando uma presa muito cara dElas;
"Pare, ou vamos fazer você sentir as torturas do inferno!" Verônica lembrou que, ainda menina,
quando usou uma disciplina pela primeira vez, a casa pareceu desabar. Era o sinal da terrível
guerra, que a declarava um inferno.
E como Ela sofre os ataques do diabo? Quem ri do medo dos outros nunca teve medo.
Demônios são os anfitriões do mundo invisível, e seus pensamentos são aterrorizantes. Eu estou
espíritos mais poderosos que o homem, capazes, se Deus não os contivesse, de perturbar o
firmamento e pulverizar o mundo. São seres diferentes, perversos, que colocam seu poder a
serviço da impiedade. Como não tremer quando Elas se tornam sensíveis? A princípio,
portanto, Verônica se assusta; às vezes (ela mesma diz) ela finge ser corajosa, mas geralmente
ela realmente é. Ela desafia e repreende seus inimigos: «Vem, bate-me, martiriza-me; é minha
felicidade sofrer pelo meu Deus». «Pusillanimi
que és, vires tão numerosa contra uma pobre mulher como eu!». E quando seus companheiros
presenciam cenas diabólicas, ela os encoraja e tranquiliza.

Os heróis da guerra se orgulham de ter conquistado reinos, como o passarinheiro se orgulha de


ter feito ninhos nas profundezas da floresta. Verônica, sozinha, luta contra o poder que
conquistou
a humanidade e que tantos desembarca em um dia; sozinho, impEla contra Satanás, o
orgulhoso, quese julgava forte como o próprio Deus, e o vence.

Verônica testemunhou um dia um tumulto de demônios que, como cães raivosos, mordiam uns
aos outros tentando atacá-la. Então Maria apareceu e ordenou aos Anjos de Deus que
conduzissem o Santo contra os anjos de Satanás. Elas, trêmulos, tentaram em vão escapar. «Aqui
está minha filha», disse a Rainha do céu, «minha filha, vermelha com o sangue de Cristo e
marcada com seu selo; minha filha é governante do inferno ».

Verônica realmente ganhou o inferno e nenhum carrasco se atreverá a aparecer mais. Ainda
outro inimigo aparecerá contra ela: ela mesma.

CAPÍTULO VI. VERÔNICA

Verônica era delicada, sensível, emotiva; ver ou ouvir a cruz lembrada a fez estremecer. Esse
caráter dela fez dela a mais terrível carrasca de si mesma.
Carrasco não para domar a natureza em revolta, ou para suprimir luxúrias ardentes, mas por
causadas almas. Vítima mediadora, vítima redentora.

Ela vê Jesus sofrendo: Ela o ama, portanto deve se assemelhar a Ela. Ela vê Jesus sofrendo: Ela
o ama, por isso deve consolá-lo, levantá-lo, libertá-lo da cruz e tomar o seu lugar.
Ela vê Jesus sofrendo pelo resgate da humanidade culpada, e ela, que é a esposa do Esposo do
sangue, está associada à sua Paixão e à sua morte.
Ela vê os pecadores correndo para o prazer e, sendo vítima, voa para o Calvário. Mas precisa de
uma cruz. Ao fundo do jardim, na capela de s. Francesco, há bancos longos, altos e pesados. Sua
mão débil levanta uma, coloca-a sobre os ombros e parte.
Agora é a vez de um tronco de carvalho, que apenas um homem pode carregar; Ela o leva nos
ombros como símbolo dos pecados do mundo e caminha. Ela precisa de uma cruz de verdade e
ela pesa como chumbo, e ela anda. Ande de joelhos na neve quando estiver inverno, em seixos e
silvas quando é verão. As Estações da Via Sacra estão no jardim, e uma freira é sua
companheira. Fantasmas se levantam, assobios e gritos são ouvidos, mas Elas andam. O
sangue corre na neve, nos espinhos; uma mancha de sangue ao longo do caminho. Um dia a
vítima para, desmaia. Tendo recuperado o conhecimento, ela fica indignada consigo mesma e
recomeça o caminho para o Calvário. Ainda de joelhos, sobe a escadaria do convento, e em
cada degrau faz uma cruz com a língua, que sangra como os joelhos.
Ela vê os pecadores aumentarem em independência e orgulho; como ela é uma vítima, a
penitênciada prisão é imposta ...
Ouça pecadores vomitando blasfêmias contra Deus; como vítima, arma-se com um cilício que
lhe morde as costas, uma corda que lhe desgasta as ancas, uma túnica cheia de espinhos que lhe
picam todo o corpo.
Ela vê os pecadores adormecerem na suavidade e na lama; vítima como Ela é, abarrotado de
espinhos debaixo do cobertor da cama, que assim se torna uma cruz. Uma verdadeira cruz
pende da parede; nos braços da cruz duas argolas nas quais é inserida uma corda, que é
amarrada aos pulsos. Aqui ela está suspensa no ar entre o céu e a terra, como o esposo
Jesus.Irmã Jacinta, que estava encarregada de levantá-la na cruz e descê-la, uma vez adormeceu
e deixou Verônica na forca em agonia.
Ela vê pecadores enchendo sua carne com prazeres; a vítima satisfaz os seus com tormentos.
Caminhe com sandálias cheias de pedrinhas; arma-se com um canivete, enfia-o no coração e
nEla grava o nome de Jesus, aquece-o e aplica-o no peito; Ela pega uma cruz dentada com
cinco pontas em forma de pregos e a carrega nos ombros; Ela pega uma pinça e arranca
pedaços de carne, cobrindo as feridas com cera quente.

Os confessores foram realmente corajosos, que lhe permitiram tais penitências, mas Verônica
declarou que, se quisessem, ela seria reduzida a migalhas, a pó.
A vontade de sofrer com o Redentor e de expiar com Ela os pecados do gênero humano faz
com que ela recuse qualquer consolo por parte dos diretores, que querem dura e rigorosa. Essa
paixão a faz suspirar tormentos desconhecidos, que ela não consegue encontrar ou infligir a si
mesma. O que importa se os nervos se contraem dolorosamente? Sempre grita: «Cruzes! Eu
quero cruzes! Minha vontade não é viver sem dor; sem dor não posso viver». E ela implora a
todas as criaturas que se transformem em tantos instrumentos de tortura para ela. Ela implora
aos demônios que a atormentem dia e noite; Ela implora ao Todo-Poderoso que use sua
onipotência para esmagá- lo, para fazê-lo viver em aniquilação; obriga até o Deus Homem a
espalhar amargura nas consolações que lhes oferece. A parte sensível de seu ser, que Ela chama
de minha humanidade, exaspera-se e pede agradecimentos, mas com uma ironia sublime impõe
silêncio a essas lamentações. "Quanto
mais você murmurar, mais eu vou bater em você", Ela disse para seu corpo; e mártires
sucederammártires.

Os instrumentos de penitência enchem a cela da vítima no convento de Città di Castello.


Instrumentos silenciosos, como é trovejante sua voz e como confunde a sensualidade e a
covardia de nossa vida!

Mas a vítima não teve apenas carrascos no curso de sua paixão; ela também tinha alguns
Cireneus para lhe trazer a cruz e algumas Verônicas para enxugar o rosto.

LIVRO QUATRO

Os suportes

CAPÍTULO I.
CYRENEES E VERONICAS.

Como agosto é o Sacerdócio! Divino o ministério sacerdotal! Terrível faculdade a do confessor


ou do diretor espiritual! Em nome de Jesus Cristo, o confessor liberta e purifica as almas,
ilumina-as, impEla-as à união comDeus, exercita verdadeiramente a arte das artes.

As almas são chamadas aos caminhos superiores: não é necessário que conheçam esses
caminhos para explorá-los e percorrê-los? Não é necessário que, pelo menos, os tenham
estudado? Elas não deveriam ter praticado a renúncia total? De fato, Elas devem renunciar
completamente à sua naturalidade, às suas ideias e métodos para se conformar à ação do Espírito
de liberdade, que é multiforme. Não é necessário que sua direção seja submetida a uma luz
superior e divina?
Usem também as luzes que vêm das almas, porque são um livro escrito pela mão de Deus, e mil
vezes mais instrutivo que os livros impressos.
O caminho para a perfeição se confunde com o caminho para o Gólgota. Os guias, portanto, são
de ajuda, dos Cireneus.

S. Verônica viveu em Città di Castello sob o governo de quatro bispos. São Elas: Mons.
Sebastiani, apelidado de Santa, que lhe deu o hábito religioso e profetizou como ela se tornaria
uma grande santa; Dom Marsotti, que morreu pouco depois de sua entrada na Diocese e,
portanto, não pôde cuidar de Verônica. Mons. Eustachi, apelidado de Borromeo de Città di
Castello, que manteve o governo por vinte e dois anos, e que lutou mais pelo Santo do que pelo
resto da diocese. Ela assumiu a grave responsabilidade de que ela escrevesse o Diário ou a
narrativa de sua vida. Finalmente, Dom Codebò, que, depois de dezesseis anos de episcopado,
teve a consolação de assisti-la à beira da morte.

Esses Bispos nomearam confessores do mosteiro capuchinho, os sacerdotes mais zelosos da


cidade, escolhidos entre os cónegos, os dominicanos, os oratorianos, os jesuítas, os servitas. Os
Frades Menores Capuchinhos não aparecem no número, porque não estavam na Diocese, e
também porque as constituições da época os proibiam de dirigir comunidades de monjas.

Destes confessores, citamos os mais conhecidos. P. Bastianelli, oratoriano, apoiou a Santa em


seu empreendimento de reforma e ordenou-lhe, com o consentimento de Dom Eustáquio, que
escrevesse o Diário.
Ela morreu em seus oitenta.

P. Cappelletti, outro oratoriano. Era sacerdote secular quando pela primeira vez veio cElabrar a
Missa com os Capuchinhos de Città di Castello no mesmo dia em que o jovem Orsola pediu para
ser admitido no convento. O postulante, iluminado de cima, profetizou que entraria na
Congregação de S. Philip, e que mais tarde seria seu confessor. A previsão se concretizou
exatamente. Anos se passaram, ela o viu um dia no altar transformado em Cristo. Em várias
circunstâncias, mostrou-se rude e severo para com a Santa, então sempre testemunhou uma
perfeita devoção a ela. Ela queria que o Diário estivesse exatamente atualizado, tomou nota
dos prodigiosos acontecimentos de que foi testemunha providencial. Contaremos isso em
outro capítulo.

Foi sucedido pelo P. Tassinari, Servita, religioso muito apreciado. Ela seguiu a Santa por
muito
tempo, de perto e de longe, e depôs durante seu julgamento. Ela teve o privilégio de
testemunhar milagres incríveis, dos quais nos lembraremos mais tarde.
Padre Tommasini, um jesuíta, que, em compensação por sua venerável direção, após a morte
apareceu a Verônica todo resplandecente de glória.
Pe. Crivelli, também jesuíta, antigo missionário das Índias. De temperamento enérgico e, ao
mesmo tempo, de grande zelo pela glória divina, foi nomeado examinador do S.
Escritório. Depois de ter tentado tão duramente a mulher estigmatizada, Ela não foi
mesquinho em elogios para com ela, e a declarou uma santa entre todos os santos da Igreja.
Ela exaltou seu nome nas missões mais distantes, na corte papal, e afirmou que, invocando o
nome de Verônica ainda viva, obteve nas esperadas conversões. Para suas petições à corte de
Roma, ela poderia ser abadessa.

P. Guelfi, oratoriano, foi o último confessor da vítima. Como Ela a julgava suficientemente
afetada pelo céu, terra e inferno, suprimiu algumas penitências supererrogativas. Ao seu
comando, ela então voou para o céu.
Mas ainda há um Cirene, que precisa ser falado. Ela é o Ministro Geral dos Capuchinhos, Pe.
Michelangelo de Ragusa. Dotado de todas as virtudes, foi confidente do imperador Carlos II,
mas
usou tal influência apenas para o bem da Igreja e de sua Ordem. Dirigiu as personalidades
mais ilustres
da época, sem descuidar das funções de Ministro Geral. Ela realizou milagres durante sua
vida e após sua morte.

Os capuchinhos de Città di Castello desejavam ardentemente conhecê-lo, para que Ela


consolasse sua santa abadessa e lhe escreveram várias vezes a esse respeito. Por outro lado, o
imperador desejava obter as orações dos estigmatizados, e confiou ao Pe.
Michelangelo uma mensagem para o Santo. Como ela não podia se corresponder com
estranhos, a proibição foi suspensa em favor de seu ilustre sucessor. Francesco, que chegou ao
mosteiro em 24 de outubro de 1718. Ficou alguns dias em Città di Castello e teve várias
conversas com a abadessa. Este foi um grande consolo ao encontrar nEla uma alma que se
parecia com a dela.

No dia em que cElabrou no mosteiro, no momento da Elavação, Verônica o viu transformado


em serafim, enquanto a Hóstia brilhava como um sol. Durante a Comunhão, o Santa caiu em
êxtase e viu as almas saindo do Purgatório, que um general piedoso havia recomendado a ela.

Agradecida pelos cuidados que lhe foram dispensados pelos seus confessores, rezou por Elas
com
frequência e fecundidade, sem esquecer os cónegos Ambroni e Mancini, que foram os
primeiros a guiá- la no caminho da santidade.
Um dia ela teve a alegria de ver essas e essas no Coração de Jesus.

Aos Cireneus se juntaram os dignos Verônicos. Se, por permissão divina, Verônica tinha
adversários na comunidade, os outros a olhavam com admiração. Irmã Clara Felice, que entrou
no convento no mesmo dia de Verônica, sempre teve por ela a mais terna amizade. Irmã
Marianna queria ser sua companheira nas orações pela conversão dos pecadores. Irmã Anna
Mazzocchi, uma das dezesseis fundadoras do mosteiro, a seguia devotamente durante as
procissões noturnas. Irmã Maddalena
Boscarini flagelou-se com ela na capela de S. Francesco, no fundo do jardim. A Irmã Jacinta
aceitara da Santa a tarefa de separá-la da Cruz e açoitá-la. Todas as noviças, que permaneceram
sob seu domínio, mantiveram sua confiança filial e caminharam heroicamente no caminho que
Verônica lhes ensinara.

Ela teve Cireneus e Verônicas no céu e na terra.

O Santo, de quem mais gostava na infância, era s. Catarina de Siena, que a preparou e
participou do primeiro casamento místico. Veremos mais tarde S. Teresa presidindo os
casamentos renovados.
S. Maria Madalena, s. Gertrude e outros a cercaram com sua proteção cElastial.

Os santos tutelares foram s. José, S. João Batista, s. Paulo, S. Benedito, S. Inácio, S.


Luís Gonzaga, s. Filippo Neri, s. Domenico, que milagrosamente o comunicou. Dos Santos da
Ordempreferidos s. Antônio de Pádua, s. Boaventura, S. Bernardino de Siena, s.
Pietro d'Alcântara, s. Felice de Cantalice.

Santa Clara, que tantas vezes lhe aparecia para excitá-la e instruí-la, era por ela venerada
como mãe e invocada como mediadora. Finalmente S. Francesco estava preocupado com sua
filha
estigmatizada. Um dia Ela apareceu a ela no mesmo trono que Jesus. Francisco e Jesus eram
um e o mesmo: Amor.

O Diário é uma descrição contínua do céu descendo sobre a terra para conversar com essa
alma cElaste.
Mas o céu ainda não apareceu inteiro.

É a vez do Anjo Consolador e da Compaciente Maria.


CAPÍTULO II
O ANJO CONSULADOR E MARIA COMPATENTE

Deus poderia agir sozinho, mas, em sua sabedoria, Ela gosta de servir a vocês, criaturas que
Ela tirou do nada. Elas são os ministros de sua santíssima vontade. As Escrituras nos mostram
em
cada página os Espíritos cElastiais como embaixadores de Deus para os homens.

Durante a Paixão, na hora da agonia, Jesus teve um Anjo para consolar a sua Humanidade.
Verônica, uma representação viva de Jesus Redentor, também teve seu Anjo.
Apareceu-lhe pela primeira vez quando foi crismada na Colegiada de Mercatello. Depois
disso, as manifestações se multiplicaram. O Anjo muitas vezes a levantou quando ela caiu sob
o peso da cruz; Ela o defendeu quando os exércitos de demônios o atacaram de todos os lados;
Ela a
assistia nas horas terríveis dos julgamentos particulares, bem como nas alegres do casamento;
foi o embaixador de Maria junto à Santa; às vezes Ela os comunicou em nome de Jesus; era
Ela quem corria quando a Santa chamava as freiras para ajudá-la, e a ajudava nos trabalhos
manuais.
Quando o padre Crivelli exigiu que ela estivesse em todos os lugares ao mesmo tempo, na
cozinha como servidora da comunidade e na cela para compilar o "Diário", o Anjo fez
maravilhas a seu favor; tomou a forma de uma luz branca, abriu e fechou portas, pensou na
despensa e cozinhou a comida.
No final de sua vida, tendo adquirido uma santidade mais Elavada, pois foi atacada com mais
força do que nunca pelos enfermos, vários anjos foram enviados para guardar a Santa. "Meus
Anjos", escreve, aliás, em suas notas. E se os Anjos a consolaram, Maria a assistiu, como
assistiu seu Filho na Paixão.
Já dissemos que, na sua primeira infância, encontrando-se ao pé de um quadro de S.
Família, soube pela boca de Jesus que Maria seria sua Mãe e Mestra. Mais tarde, Maria
substituiu seu coração, que a natureza lhe dera de ferro, por um coração de prata e ouro. Ainda
mais tarde, tendo recebido a ordem de escrever os maravilhosos acontecimentos de seus
primeiros anos, Maria ditou as palavras a serem escritas e intercede por Verônica todas as
vezes que Jesus a confessou ou a julgou. Maria deu a Comunhão todos os dias na prisão,
enquanto durasse o julgamento imposto pelo Santo Ofício; Ela também o comunicou nos dias
em que a comunidade não comungava: Ela milagrosamente separou uma partícula da grande
Hóstia do padre, ou tirou as pequenas Hóstias do cibório. Através de Maria, ela até curou as
freiras doentes. Ela a protegeu contra os demônios e a libertou das tentações contra a virtude
angelical.

Por inspiração de Maria, no dia da Apresentação em 1708, consagrou-se solenemente a Nossa


Senhora. No Natal do mesmo ano, Maria novamente lhe impôs o véu branco das noviças
dando- lhe o beijo da paz. Em 28 de outubro de 1711, atual s. Francisco e S. Clara, Nossa
Senhora deu- lhe um anel com o nome de Maria gravado nEla e chamou -a de filha, a mais
querida de todas as filhas. Então Ela colocou dois cálices: um com o sangue de Jesus, o outro
cheio das lágrimas de Maria, cálices que a Santa ofereceu ao Pai Eterno obtendo todo tipo de
graças. Maria fez sua parte nas dores que experimentou ao pé da cruz e das espadas, que lhe
traspassaram o coração. Ela a instruiu sobre os deveres de abadessa no dia em que Verônica
recebeu sua insígnia. Foi Maria quem finalmente disse à filha que a segurava no peito: "Seu
coração é meu".

Assim, todo o Céu desceu ao mosteiro de Città di Castello, que Verônica escolheu como seu
túmulo. Avítima foi consolada; a vítima pode sofrer. E aqui está o consolador supremo: Jesus.

CAPÍTULO III.
NOSSO JESUS CRISTO

Somos amados. Doce revelação para o homem, que não pode viver sem amor. Somos amados,
e AquEla que nos ama é mais que um amigo: é o Amor Todo-Poderoso.

Deus ama todas as suas obras, mas de modo especial os homens por quem se encarnou e se
sacrificou na cruz. Mas há hierarquia em seu amor: há almas que Ela ama com amor de
preferência.
S. Verônica é deste número.

Carrasco é o nome que demos a Cristo Jesus, mas Ela é carrasco por amor. Ela escolhe as
vítimas para permeá-las com sua ternura.

Jesus começa a se revelar à sua grande vítima na forma simples de imagens.


Quantas vezes em Mercatello as imagens ganham vida e falam: «Você é minha. Eu sou seu.
Você será minha noiva, minha associada na obra da redenção ».

O crucifixo na enfermaria do mosteiro, quando Verônica está prestes a cobri-lo de beijos, se


desprende da cruz e abraça suavemente a Santa enchendo-a de felicidade.
Jesus se revela a ela no Sacramento do altar. Em Mercatello, como em Città di Castello, a
Hóstia brilha como um sol e diz ao Santo: "Você é meu leito de descanso!" Às vezes, durante a
Missa, a Hóstia se quebra e uma partícula, atravessando o ar invisivelmente, pousa em sua
boca; outra vez uma Hóstia inteira sai do Cibório e cai entre seus lábios. Agora é o Anjo da
Guarda quem o comunica, agora é Maria, agora é o próprio Jesus em
pessoa.

Jesus se revela a ela nos mistérios de sua Humanidade: no altar, na cela, no jardim, ela vê
fisicamente Jesus, que sorri e lhe fala.

Parece-lhe como s. Margherita Maria, mostrando-lhe o Coração, aquEla Coração que é


fornalha de fogo, oceano de fogo, firmamento de bElaza, paraíso de delícias; aquEla Coração
em que Verónica se vê a si e às almas santas, enquanto uma voz ressoa com doçura: «Esta é a
tua permanência eterna!».

Jesus a ilumina sobre o valor do sofrimento, porque, antes de tudo, ela é uma vítima, e a Santa
compõe um hino em homenagem ao sofrimento. «Um grama de sofrimento vale mais do que
todas as riquezas e alegrias do mundo. Se eu tivesse mil línguas não poderia expressar o bem
que o sofrimento traz à alma. O menor sofrimento, para se preparar dignamente para recebê-lo,
exigiria anos e anos de preparação”. "Quem anda no verdadeiro sofrimento não tem outro desejo
senão servir a Deus com puro amor, e o amor puro aumenta à medida que o verdadeiro
sofrimento aumenta...
O sofrimento é a chave do amor. A alma que ama,
regurgitação do sofrimento ou arrependimentos de não ter tido”. Tem uma expressão sublime:
sim. Teresa diz: ou sofre ou morre! S. Maddalena de 'Pazzi: Sofre sempre, nunca morre! S.
Verónica, porque o seu prazer é sofrer e morrer, escreve: «Não sofra nem morra!».

Nosso Senhor a ilumina sobre o valor da alta oração, que afasta da mente imagens e
pensamentos particulares, que cria a noite e o vazio em todas as faculdades que Deus vê na noite
e que o abraça no vazio.

Ela a ilumina sobre a eficácia do Sacramento da Penitência, que purifica a alma no sangue do
Cordeiro; e essa iluminação é tão vívida que Verônica gostaria de se confessar todos os dias.

Ela a ilumina sobre a supremacia da Eucaristia da qual ela está continuamente com fome e sede.

Ela a ilumina sobre o nada da criação e das criaturas, sobre a necessidade e bem-aventurança da
humildade, sobre a caridade fraterna, sobre a caridade divina, que Ela compara a um oceano
sem margens, a um fogo
sem fim, sobre as operações divinizadoras do amor, sobre o abandono que aprende o coração; e
a faz exclamar:
«Paraíso!».

Ela a ilumina sobre a presença e os atributos de Deus, sobre a Trindade, sobre a Encarnação,
sobre as disposições do Verbo no seio de Maria, sobre o caminho interior e sobre as virtudes
ocultas de Jesus.

Ela a esclarece sobre o pecado de forma tão eficaz que seu coração se quebra com o
arrependimento.

Ela a ilumina sobre a natureza humana, sobre a união da alma e do corpo, sobre a união da alma
com Deus. "Oh, isso é união", diz Ela com força, "verdadeira união. Então é! ".

Também a ilumina sobre a forma misteriosa como o corpo sofre no inferno.

Mas por que essa nomenclatura estéril? Por que não transcrever as páginas sublimes que o
Santo
escreveu sobre esses temas? Levaria muitos volumes, enquanto nosso trabalho é resumir. Por
isso, limitamo- nos a reproduzir apenas uma resposta ao Pe. Bastianelli, que lhe perguntou que
diferença havia entre a alma e o coração, tomado em sentido espiritual e simbólico. O Santo,
portanto, escrevia no Diário de 8 de dezembro de 1693: "Encontrando-me conversando com
meu próximo, de repente ouvi uma voz íntima, convidando-me à solidão, uma solidão que não
consistia em abandonar a pessoa presente, mas em levar meu espírito em Deus. O convite veio
do coração, que manifestou sua vontade de uma emoção repentina. O coração parece, portanto,
o embaixador da alma... Se o coração Ela está nas chamas, a alma o precedeu, e isso o faz pular
de alegria. Se isso acontecer
consome em chamas, a alma lhe dá vida e conforto. Quando o coração quer subir para Deus
como uma águia, a alma sacode as asas e, num piscar de olhos, voa para os braços de Deus.Se
se sente convidada ao banquete do sofrimento, a alma já prova a comida. da cantina. Você quer
descansar em Deus, seu amor e seu tudo? A alma já partiu em busca dEla. Você aspira alcançar
Deus? A alma já a possui em plena saciedade».

«Existe uma união perfeita entre o coração e a alma, mas a alma é a mestra. Quando o coração
é inundado pela graça divina, descarrega as águas cElastes sobre a alma como um canal, e a
alma torna-se um mar de doçura e delícias».

«Entre o coração e a alma há uma santa rivalidade.


Enquanto o coração arde com o simples desejo de se unir a Deus, a alma já ascendeu ao seio de
Deus, intoxicada com seus bens. A esta visão, o coração tem uma bela irritação e ardor para
vencer a alma: a alma o domina, dominada somente por Deus, em quem exerce todas as suas
operações”.
«O coração é a sentinela, mas a alma permanece sempre atenta. O coração é como um
trompetista, mas a alma é a própria trombeta, que lança suas notas em direção ao único bem. O
coração é toda linguagem; a alma, por outro lado, é muda, cega, surda a tudo o que passa; mas
por causa do seu silêncio, da sua surdez e da sua cegueira, possui tudo, alegra-se em tudo e no
seu tudo, que não é outro senão Deus, põe as suas faculdades na escola do amor».

«O coração quer ser a porta, mas a alma é a porteira que acolhe a todos. O coração é o
secretário do amor, a alma é o seu tesoureiro».

Que plasticidade no pensamento e na forma! E não esqueçamos que a caneta tinha que correr
no papel a toda velocidade, com ordens para não prender o fôlego.
Assim, portanto, o Verbo feito carne ilumina a Santa com sua presença e a ajuda e consola.
Durante as horas do coro, Ela fica com ela, canta com ela e explica-lhe através de
comunicações íntimas o significado dos salmos e das orações. Mesmo no trabalho manual isso
a ajuda. É hora de tecer ou cozinhar. «Vai, diz-lhe Jesus, e escreve o teu Diário». E ela
obedece; vai e vem, e a tecelagem está terminada, a refeição está pronta, perfeitamente cozida,
como dizem as freiras. Ela a assiste durante os retiros supererrogatórios e estabElace para ela o
assunto de meditação e exame, conseguindo assim ser seu pregador e diretor.

Ela a conforta. «Eu sou o Amor em pessoa, diz-lhe; Eu te amo e te carrego no meu coração.
Meu coração é a vida de vocês. Você é a noiva do meu coração! ».
Um dia Ela lhe pergunta: «Este coração, que vejo no teu peito, de quem é?». "Seu, oh Senhor."
"Então eu vou levá-la." E coloca-o no coração de Maria, que está presente; então Ela o coloca
em seu peito. «E agora o que é o meu coração?», pergunta o Santo. E Jesus responde: «O teu
coração sou eu».

Transformado em criança, numa noite de Natal Ela pula no pescoço de Verônica e exclama:
«Ah! Eu não iria mais embora. Eu caí no meu centro », e Ela o segura firmemente em seu
coração.

Muitas vezes ela abraça sua alma em sua substância íntima, purificando-a, divinizando-a,
beatificando-a, e a faz exclamar: «Paraíso! Paraíso!". A união é tal que Ela lhe diz: «Eu te
transformeiem mim; você se tornou eu mesmo”.

Maravilha incrível! Um licor divino brota de seu lado perfurado, e Verônica molha os lábios e
nutre sua alma.
Maravilha ainda mais incrível! Do coração de Verônica, trespassado pela lança do amor, jorra
um líquido perfumado; Ela saboreia uma simples gota e pode passar vários dias sem comer ou
beber.

Maravilha das maravilhas! Ela tem dois corações: o dela, que é o coração sofredor, e o de
Jesus, que é o coração amoroso. Por sua vez, ela traz um ou outro; quando o coração sofredor
bate,
então participa dos tormentos do Salvador e de sua Mãe; quando o coração amoroso bate,
então Ela literalmente queima, tanto que se você colocar as mãos em uma bacia de água fria, a
água ferve imediatamente. O coração amoroso às vezes é colocado no coração sofredor, que
suporta torturas inefáveis, alegrias incompreensíveis; então os dois corações batem em
uníssono e tão alto que parecem dois relógios.
Teremos a coragem de afirmá-lo? Certamente não devemos corar com a história, mas o
milagre é tal que supera todas as probabilidades. Em seu coração ferido estão traçados os
instrumentos da Paixão: os martelos, os pregos, a esponja, a coluna, os chicotes e, além disso,
o estandarte da Realeza de Cristo, dois sóis, simbolizando a caridade divina, com as iniciais de
as virtudes especiais que praticou a Santa, e as sete espadas da Compaciente Maria. Essas
coisas às vezes mudavam de lugar no coração do Santo e, como se estivessem em uma caixa,
batiam umas nas outras.
Testemunhas asseguram, e entre outros P. Tassinari, que o ruído que produziam se
assemelhava a um rufar de tambores.

Agora a maravilha sobe ao topo! Os confessores ordenaram várias vezes à penitente que
desenhasse os objetos que ela guardava no coração, de acordo com a posição que ali
ocupavam. Ela obedeceu e, depois da morte, na autópsia que foi feita, os médicos, os
cirurgiões, os padres, o
bispo encontraram em seu coração a reprodução perfeita do desenho que a Santa havia feito
emvida.

Finalmente, o Senhor concede a ela privilégios sem precedentes. "O que você tocar durante
a oração, eu abençoarei ... Você será o apóstolo da devoção às minhas cinco feridas ... Você
será o arauto do meu amor ... Suas feridas serão uma defesa para você e para os outros : para
vós e para os outros serão fonte de perdão e de graças... As graças que vos dou, quero que
sejam conhecidas por todo o mundo para a glória do meu nome, para a honra da minha Paixão,
para o confirmação da fé, para a salvação das almas... Eu vos enriqueci com todos os tesouros,
para o bem do mundo... Eu te fiz dispensador das riquezas do céu ... ».
Era sugestiva a visão que ela teve em 8 de setembro de 1701. Nesse dia o Senhor colocou sob
seus olhos a lista das graças incomparáveis que lhes derramou. A lista nunca terminava, e o
santo só conseguia se lembrar de alguns pontos.

Quinhentas vezes Ela havia renovado a dor de seu coração trespassado pela lança; Ela a havia
ferido cem vezes com uma ferida secreta; sessenta vezes Ela havia renovado a cElabração do
casamento divino; trinta e três vezes a fizera sofrer plenamente os suplícios da Paixão, fazendo-
a sentir e ver com clareza os tormentos que Ela suportara; Ela havia se mostrado vinte vezes
com aparições corporais, todos cobertos de feridas e encharcados de sangue; três vezes se
desprendeu da cruz para se agarrar ao peito de Verônica; nove vezes Ela a fizera aproximar a
boca da ferida de Seu coração; cinco vezes Ela lhe dera o licor que jorrava de seu lado para
beber; quinze vezes Ela lavou o coração dela com o sangue de seu coração; Doze vezes Ela
tomou seu coração e o purificou das menores manchas; duzentas vezes Ela havia abraçado sua
alma com um abraço de amor; inúmeras vezes a iluminara com luzes infundidas sobre as
virtudes e os mistérios, sobre o
conhecimento de si mesma e de Deus: «Por que contar todas as graças recebidas? Jamais
terminaria”, escreve o Santo.
E até aquEla dia era apenas o começo de seu caminho maravilhoso: Ela ainda tinha vinte e seis
anos de vida! Já houve uma existência tão cheia de bênçãos divinas?

O Cântico dos Cânticos contém as páginas mais poéticas, mais apaixonadas e mais
purificadoras da Sagrada Escritura. Deus, tomando a figura do Esposo, volta-se para a santa
alma representada na noiva, e fica quase extasiado diante dela. Ela declara sua admiração e
ternura por ela; Ela diz a ela que não pode viver longe dela e encontra nela todo o prazer mais
querido. Assim acontece que a alma humana se torna a alegria de Deus. Verônica.

Já houve uma alma mais amada do que ela?


Mas chegou a hora de ver os frutos de sua paixão.
QUINTO LIVRO

Os frutos da Paixão

CAPÍTULO I.
PARA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Nossa grande necessidade é ser amado. Deus também sente essa necessidade: ama a si mesmo;
daí o segredo de sua felicidade infinita.

Ela ama a si mesmo, mas quer que os outros o amem e produz criação.

Ela quer ser amado com um amor digno dEla e completa a coroação da criação com a
Encarnação. Seu Filho, tornando-se filho do homem, o amará divinamente. Ela também quer
que os homens, e através dos homens, todos os seres do universo, se unam com seu Filho para
cantar a canção de amor: Diligo Patrem.
A humanidade, na pessoa de seu líder, recusou-se a amar a Deus; os filhos de Adão fizeram o
mesmo ao longo dos séculos. Finalmente, o Filho de Deus se tornará o Redentor. Como
Redentor Ela iluminará a dor, filho do amor, com um traço de suprema bElaza. Ela sofrerá a
terrível Paixão, que florescerá na Eucaristia. Ela se tornará nosso pão, depois de ter sido nossa
vítima.

Assim, Ela se coloca ao alcance de todos e se aproxima de todos sob a roupagem indicada no
livro do Cântico dos Cânticos. Tendo atravessado a horrível noite da Quinta-feira Santa,
coberto com a saliva dos carrascos e com o seu próprio sangue, sofre por todos, recorda a
todos a imensidão da sua dor e do seu amor infinito, e bate nos corações. A paixão de ser
amado faz tremer sua mão e sua voz: «Abre-me! Me ame!". Mas o amor não é amado.
Corações permanecem fechados, e o Mendigo divino é recusado. Ela se vê nesses corações
fechados; é visto cuspido, rasgado, crucificado, moribundo, morto; Ela se vê enterrado ali,
coberto de desprezo e esquecimento.

O amor não é amado! O amor não é amado! Jesus disse três vezes a Pedro: Tu me amas? E
estaspalavras Ela repete às almas privilegiadas, que devem amar também por aquElas que
Elas não amam.

Você me ama? Em todos os séculos um pequeno número de favoritos faz com que as pessoas
esqueçam com seu ardor e sua bElaza interior, a descontração e a frieza de muitos. No tempo
de que falamos, s. Margherita Maria e Verônica Giuliani.
O amor é amado!
Muitas vezes Jesus aparecia à capuchinha de Città di Castello para lhe perguntar: amas-me? E
elarespondeu escrevendo em seu próprio sangue os mais ardentes protestos de amor.

«Oh meu Deus, eu protesto que quero amar-te e unir-me a ti. Ó meu Pai, deixa o amor do teu
coração inflamar o meu coração, para que, morto para tudo, viva apenas para te amar. Minha
alma é sua noiva. Eu não quero, eu não quero você. Você sozinho está no controle de mim
mesmo; detenha-me de acordo com o seu prazer. Para sua alegria e sua glória, peço apenas a
cruz, a cruz que é toda pura, toda nua. Esta cruz, oh meu Deus, você me deu como dote; é a
minha cama para realizar contigo o sacrifício redentor... Ó meu Deus, abre-me o teu coração e
deixa-me entrar por esta porta formando uma coisa contigo."

Ela escreveu seu protesto de amor no papel vivo do coração. Para mostrar-lhe sua ternura, o
nome de Jesus foi esculpido na região do coração. Os confessores não queriam que fosse tão
longe, mas acabaram concordando. Com a alma em festa e a mão trêmula de emoção, pegou um
canivete e o enfiou no coração, traçando as palavras divinas. "Ó meu Deus, o coração é seu,
porque gravei seu nome nEla."

Quando fizeram a autópsia, a cicatriz ainda estava bem visível.

Era tudo um ardor de amor, e Ela não fez nada além de suspirar: «Meu amor, meu tesouro,
quando te amarei? Já está na hora: não posso esperar mais. Eu sou seu; meu coração é seu. Faça
isso
te amo com seu amor ».

Você me ama? O Senhor sabia muito bem que Verônica a amava, mas queria que lhe dissessem:
eu te amo.

Você me ama? E cada vez o Santo respondia como Pedro: Senhor, tu sabes que te amo.

Certa vez Ela pegou o coração de Verônica, aquEla coração ferido pela lança do amor, e o
contemplou dizendo: Você me ama? “Ó Senhor, Ela respondeu: deixe que as feridas do meu
coração te digam, escavadas por AquEla que é o Amor”. E instantaneamente jorra de seu
coração ferido
sangue.

Você me ama? Um dia Ela lhe fez esta pergunta na presença de St. Francisco, decorado com os
estigmas sagrados e repetiu a Elas: "Você me ama como este serafim?". O Santo não se atreveu
a responder, mas Jesus disse: «A tua filha, ou Francisco, é a mais querida das minhas
mulheres».
Você me ama? E ela respondeu: «Tu és o Amor; O amor não pode ser amado a não ser com
Amor; através de você, ou Amor, eu te amo ». Como você me ama? «Como você ama, ou Sr.».

Jesus explica a ela o motivo de seu tríplice questionamento. «O homem, criado por Amor e
para o Amor, ofendeu o Amor com a soberba do espírito e com a rebeldia da carne. Fechei a
ferida feita ao Amor criador, e a fechei por meio da dor suprema. Quem desejará como eu,
seguindo meu exemplo, satisfazer o Amor criador? Quem desejará aperfeiçoar em si mesmo o
que falta à minha Paixão redentora? Você me ama? ». E a Santa vê uma pintura aparecendo em
seus olhos. Jesus está ao redor do mundo, procurando almas que queiram tomar a sua cruz; Ela
procura, sempre procura. Mas Ela escapou.

Verônica se apresenta a Ela: «Eis-me aqui, Senhor; Eu quero a sua cruz. Eu quero em mim
todos os tormentos que estavam em você; contigo e atrás de ti quero satisfazer o Amor
criador; além disso, quero que todas as espadas que trespassaram o coração de Maria co-
redentora, trespassem o meu coração. Você me pergunta: você me ama? Oh! se eu te amo,
oh Senhor! Na verdade eu te digo: crucifique Verônica ».

Jesus continua a dizer: «Através das minhas feridas fechei a ferida feita ao Amor criador.
Quem vai querer curar as feridas feitas em mim, Amor Redentor? E Verônica vê Jesus todo
sangrando: sangue nos olhos, na boca, por todo o corpo. "Meu Deus, Ela grita, quem o
reduziu a este estado?" Ela responde: «Os pecadores, os hereges; especialmente aquElas que
me negam o atributo do Amor ».

E parece a Verônica que ninguém se aproxima para limpar o rosto do Mestre. Então ela se
aproxima com a mão trêmula, soluçando: “Eu serei sua Verônica, a reparadora e a
consoladora. Dou meu sangue para poupar o seu ». E um fluxo de sangue sai de seus lábios.
«Eu me ofereço, para que os pecadores me preguem em seu lugar. Você me diz, Senhor:
Você me ama? Amo-te, Senhor, e quero encerrar-me no sepulcro, para que as almas
ressuscitem em si mesmas”.

Estou morrendo de sede. - Tenho sede de ser amado. Quem me trará a bebida dos corações
humanos?

«Senhor, comprarei esta bebida com a moeda do sofrimento e a trarei a ti borbulhando na


taça do meu coração. Eu serei seu apóstolo. Eu te amo".
E como ela sabia ser missionária! Foi tanto nas gElairas do polo quanto sob o calor tropical.
Ela fugiu para o jardim, mas com o coração se jogou no mundo. Ela falou e chamou
pecadores, hereges, infiéis. «Você não conhece o amor! Se você o conhecesse em vez disso!
Venha para o Amor! Entreguem-se ao Amor! Ame o Amor! ».

Missionário! O padre Crivelli era um apóstolo oficial, mas Verônica fez-lhe uma pergunta
sem sentido, isto é, que viesse pregar na grade dirigindo-se aos pecadores, aos hereges, aos
infiéis que povoam o
mundo, para fazê-los amar o Amor. O que importa se Elas não estão lá? Ao ouvir ser
chamada à penitência, ela sentirá alívio.
Como uma verdadeira Missionária, ela teria ido com a cruz na mão para se colocar à frente
dos exércitos cristãos para o triunfo de Cristo Rei. "Ela deve reinar!" Este foi o clamor de seu
coração, pois a bandeira do divino Monarca foi esculpida em seu coração.
Mas se o claustro a segurava, se o sexo a impedia de subir na cadeira, ela tinha a voz de
sangue para pregar.
Era uma noite de Natal, e o Deus do amor veio buscar sua bebida de amor. Vamos deixar
Verônica falar.

«Depois da missa, ardia como uma fornalha. Eu cantei o escritório de louvor mais alto do
que nunca. Mais tarde, convidei algumas freiras para me seguirem até o jardim. Nove dElas
me seguiram. Fui o primeiro a andar com o Menino Jesus nos braços, mas não sabia o que
estava fazendo. Eu disse às freiras: vamos chamar os pecadores. Com esta intenção
recitamos as ladainhas de Nossa Senhora e a Ave maris stella. Eu estava quase correndo e
meus companheiros ficaram para trás. Eventualmente, um dElas me agarrou pelo braço, mas
eu fugi. Eu estava fora de mim ».

«Chega-se à capela de s. Francesco, nós nos disciplinamos; depois voltamos para a igreja
cantando o Te Deum. Há novas disciplinas com trinta e três invocações ao Salvador do
mundo ».

«Pedi perdão pelos meus escândalos, e os companheiros imitaram-me a chorar. Elas


voltaram para suas celas, mas eu ainda não estava feliz. Um ótimo. fogo me queimou.
Voltei para o jardim e fiquei lá por muito tempo. A neve era profunda, mas poderia me
congelar? Minha voz não foi suficiente para chamar almas e acrescentei a voz de correntes,
cordas, espinhos; a cada golpe eu convidava pecadores, hereges e turcos ao
arrependimento... ».

Para adquirir para o Menino Jesus um alimento de almas, ela pediu para viver sem fim para
sofrer sempre!
Mas apesar de suas orações, suas lágrimas e seu sangue derramado, quantos ainda
permanecem, que não amam o Amor. Ela vê Jesus disfarçado de bom pastor em busca das
ovelhas perdidas, que se
afastam cada vez mais dEla e, chorando, exclama: "Senhor, eu imploro uma graça: faça-me
amar-te por tu". E a graça foi concedida.

O coração de Verônica era maior que o mundo; todos os corações humanos palpitavam por
dentro. Cheio de tantos corações, era como um cálice oferecido aos lábios de Jesus: «Aqui
está o teu alimento de amor. Tome alguns, ou Deus de amor! ».

Deixe que parem de odiar os homens, e que o amor cresça também!

CAPÍTULO II.
PARA A IGREJA MILITANTE

Deus ama os homens, e os santos participam desse amor. O mundo sabe que Ela fugiu dos
santos, porque Elas querem salvá-lo. Verônica fechada no sepulcro de seu convento, pensa
no céu e ao mesmo
tempo na terra. Ela está apaixonada por Deus e pelos homens, porque imagina Deus, porque
é membro do Homem-Deus. Ela está apaixonada pelos homens por si mesmos. Em seu
imenso coração encerra os homens e vive para Elas. Se Ela cura a ferida do Amor criador e
a ferida do Amor redentor, Ela o faz para fechar as portas do inferno a seus irmãos. Fiel
reprodutora de Jesus, o amigo dos pecadores, ela merece plenamente o nome de Verônica.

Seu olho se abre e vê o estado do mundo: os infiéis rejeitam a luz, os cismáticos rasgam as
vestes não cortadas de Cristo, os hereges estragam sua imagem e sua doutrina, os católicos
cospem em seu rosto, a tribo de Levi perfura o coração com a lança de Longino. Na Igreja
há, sem dúvida, altas virtudes, almas ardentes, que exclamam com Verônica: Você sabe se
eu te amo! mas como ela é vítima da expiação, o espetáculo do mal se abre diante dela.

O mundo peca e causa castigos. Ela vê a espada e o raio nas mãos da Justiça divina, prontos
para cair sobre os culpados desta vida, e ela os vê punidos na próxima vida. O inferno! Ela o
vê quase todos os dias com seus horrores e suas torturas; e uma nova descrição para cada
dia.

Nenhum pintor teve tantas cores para seus pincéis.

Em 17 de janeiro de 1716, ela fez o retiro meditando sobre o inferno. De repente, Maria
apareceu para ela e a carregou aos pés da gloriosa Trindade; então Ela ordenou que os Anjos
da Guarda a conduzissem em espírito ao abismo. «Não tenha medo, minha filha; Eu estou
contigo".
Vamos deixar o Santo falar. O próprio Dante ouviria com inveja.

“Em um piscar de olhos me encontrei em uma região baixa, negra e fétida, cheia de berros
de touros, uivos de leões, assobios de cobras e trovões estrondosos. Eu vi relâmpagos
sinistros serpenteando através da fumaça espessa. Mas isso não era nada. Uma grande
montanha erguia-se abruptamente à minha frente e estava toda coberta de áspides e
basiliscos amarrados uns aos outros. Elas se agitaram, se contorceram, mas não conseguiram
se libertar. A montanha viva era um clamor de maldições horríveis. Voltei para os meus
Anjos e perguntei-lhes do que se tratava. Responderam que era o inferno superior, isto é, o
inferno benigno. De fato, a montanha se abriu e em seus lados abertos vi uma multidão de
almas e demônios entrelaçados com correntes de fogo. Os demônios, touros quase furiosos,
dispararam fogo pelos olhos, nariz, boca. Seus dentes, como punhais de aço, morderam as
almas em meio a um clamor assustador de gritos desesperados. Esta montanha foi seguida
por outras mais horríveis, cujas entranhas foram palco de torturas atrozes e indescritíveis. No
fundo do abismo, vi um trono monstruoso feito de demônios aterrorizantes. No centro uma
cadeira formada pelas cabeças do abismo. Satanás sentou-se nEla em seu
horror indescritível. Tinha uma cabeça composta de cem cabeças e era encimada por
enormes lanças vivas, que terminavam em um olho de fogo. Esses olhos se abriram e
lançaram chamas cujo ardor aumentou o fogo infernal. Satanás viu todos os condenados, e
estes viram Satanás. Os Anjos me explicaram que a visão de Satanás, o monstro, forma o
tormento do inferno, assim como a visão de Deus forma o dElaite do Céu. Sobre seus
súditos Satanás lançou tormentos, que os devoraram. Ela praguejou e todos o ouviram em
coro: eram grandes gritos de desespero”.

«Disse aos meus Anjos: - Até quando vão durar estas torturas? - Elas responderam: - Para
sempre, por toda a eternidade -.E quando me calei de medo, notei que a almofada silenciosa
da cadeira de Lúcifer era Judas e outras almas desesperadas como Ela. Perguntei aos meus
guias: - De quem são essas almas? -. Meu Deus, que resposta! - Eram dignitários da Igreja e
prelados religiosos! - ».
«... Eu estava ciente de que minha presença dobrava a raiva dos condenados. Sem a ajuda dos
meus Anjos e de Maria, que estava invisivelmente ao meu lado, eu teria morrido de susto.
Silêncio. Eu não disse nada. Eu não posso dizer nada. Diante da verdade inexplicável, tudo o
queos pregadores dizem não é nada. Nada!".

E no abismo escuro, sala do medo, ela viu cair uma chuva de almas.

Este inferno está em sua realidade? Quem se importa? Tais visões foram concedidas a
Verônica por inflamar seu zelo.

Ela ora pelos pecadores e ora noite e dia.

Ao Senhor, que lhe pergunta: «O que queres?», Ela responde: «Almas! Olha, ó Senhor, as
feridas do meu coração: elas clamam a ti: Almas! Almas! ". Num dia de mercado, ao ouvir o
barulho que se fazia na cidade, implorou: «Senhor, façamos também um mercado: dá-me
almas, almas. Não vou embora daqui até que me tenha prometido algumas almas».

Almas têm que ser compradas. Ela vai comprá-los com a moeda que Ela conhece bem. «Mate-
me, suspirou, mas poupe os pecadores. Envie-me os tormentos do inferno, mas que não haja
mais malditos ».
Por que o Senhor a fez fazer confissão geral com tanta frequência, o que era tão torturante para
ela? Seus olhos se encheram de lágrimas e seu coração se partiu de dor.
Com essa tortura, a vítima merecia que os pecadores confessassem seus pecados. Por que Ela a
citou tantas vezes no tribunal de sua inexorável Justiça? Com esta tortura a vítima merecia
obter asentença de perdão e vida para os pecadores.

É necessário descrever uma cena desses julgamentos, pelos quais Verônica sofreu quando estava
em êxtase.

«... A Santíssima Virgem fez sinal aos meus Anjos da guarda para se aproximarem do Juiz.
Jesus e Maria me olharam indignados e severos. Anjos e Santos, as almas dos meus falecidos
diretores cumpriram a função de acusadores; até meus anjos da guarda me assustaram ».

«De repente houve luz e a minha vida mostrou-se em toda a sua nudez. Vi as graças recebidas
e minhas infidelidades, e pareceu-me ouvir a Corte cElastial me censurar por minha ingratidão;
todos cobriram seus rostos com raiva e nojo. Os santos tremeram ao ver os rostos carrancudos
de Jesus e Maria. Olhei para meus Anjos e meus Santos, mas ninguém me defendeu. Esconder
ou fugir? Impossível! A justiça de Deus me amarrou e a presença irada de Deus me condenou.
Falar?Impossível! Lá permanecemos sem voz. Só o rumor das faltas sobe ao Juiz».

«Portanto, um dilúvio de graças me purificou. Muitas vezes Deus me deu os méritos de sua
Paixão, os rios de seu sangue e as lágrimas da Mãe de Misericórdia. Este sangue e essas
lágrimas, que ficaram estéreis em minhas mãos, me condenaram... No espelho divino vi
minhas infidelidades e ingratidão. Compreendi que a ofensa, que chamamos de luz e que
nos parece um pó fino, é uma montanha para Deus. Digo-o com ousadia: teria preferido
suportar os tormentos dos mártires, as dores do purgatório, as torturas do inferno até o fim
do mundo, do que ver minhas obras, ações, palavras, meus pensamentos com os olhos do
Juiz Supremo. Uma simples palavra ociosa cai sobre a alma como um raio vingador... E a
alma aguarda a sentença de morte...
Fiquei cinco horas diante da Justiça divina, contando um a um todos os meus pecados, que
os acusadores repetiram em voz alta. Cada momento parecia um século para mim, uma
eternidade. Já um exército de demônios estava se aproximando para me levar e me levar
embora. Mas de repente Nossa Senhora olhou para mim com pena, e dirigiu estas palavras
ao seu Filho: - Por meu amor, perdoa-lhes. Pronuncie a sentença da vida eterna, porque
assim o quero. Então Jesus olhou para mim com ternura, e todos os meus santos padroeiros
cantaram um hino de agradecimento e triunfo.
Mas quão terrível tinha sido o julgamento! E penseque todos os homens a sofrerão».
Enquanto ela estava na frente do tribunal do juiz, as freiras a viram olhando para o
Crucifixo por horas a fio. Ela estava imóvel, pálida, quebrada, tremendo e suando de agonia.
Eventualmente, seu rosto irradiou com alegria cElastial.
Pela agonia que sofreu nesses julgamentos, Verônica obteve aos pecadores sentenças de
absolvição e salvação.

As almas são compradas: por isso ela implorou para ser constituída como uma porta
viva para o inferno. Será mordido por chamas e atormentado por demônios, enfrentará fogo e
demônios, mas não cederá, e os homens não cairão no abismo. Ela fechou o inferno
suportando todas as suas torturas.
Durante a Quaresma de 1697, Ela experimentou por trinta e três noites seguidas, o que Ela
chama de "as horas da eternidade". Esqueça todas as graças recebidas e todas as garantias
do céu, os demônios aparecem para ela na forma de anjos de luz. Para melhor enganá-la,
tomaram a figura de Cristo e Maria. A alma de Verônica agora pertencia a Elas; portanto, role
com Elas para o abismo.

Em cada noite um novo abismo. Está imerso na cova dos leões, nas cavernas das feras, que
o atacam com suas garras e o trituram sob os dentes; caiu em ninhos de répteis, que o
mordem e o cobrem de baba; é batido com varas inflamadas, levado por rajadas de fogo e
enxofre; ela é jogada em um lago de gelo onde seus dentes só podem bater. Todos os
tormentos inimagináveis estão concentrados nela. Tormento inexprimível: Ela realmente
acredita que está no inferno e deve ficar
lá por toda a eternidade. Tortura de torturas: ela acredita que está longe de Deus, que é
abandonadapor Ela e condenada a blasfemar o Amor para sempre.

Quando o abismo se abre e a engole, ela treme toda e com ela até as paredes da cela
estremecem. Quando o abismo a rejeita, ela está como morta; então Ela sacode tudo em um
tremor. Seu corpo está cheio de hematomas, queimaduras e picadas de vespa.
Depois daquela Quaresma, a tortura foi repetida talvez uma centena de vezes. Mas quantas
almas salvas!
Entre estes também a alma de seu pai, Francesco Giuliani, que não foi sem falhas em
Piacenza. Por duas vezes Verónica conseguira vê-lo a caminhar para S.
Tribunal, mas depois Ela recaiu. Quando se separou dEla, por respeito filial e modéstia
virginal, Verônica limitou-se a dizer-lhe: "Meu Pai, pensa na tua alma". Disse-lhe isso por não
ter remorso. Um dia, Francesco foi à Città di Castello (foi o terceiro ano após o solene vestir
de Veronica). Verônica estava doente com o amor que levava aos pecadores, e fez um esforço
para ir à grade do convento. Sua Verônica, o prazer de seus olhos, o tesouro de seu
coração, o orgulho de sua vida, estava diante dEla, mas uma parede os dividia e um véu
espesso os tornava invisíveis um para o outro. Ela não podia abraçar sua filha novamente, não
podia beijá-la ou olhá-la; Ela ouvia apenas a voz.
Ela se comoveu, explodiu em soluços e só teve fôlego para dizer: «Minha filha, a ti confio
minha alma; Me salve!".

Deixou uma esmola rica. no mosteiro, foi visitar suas outras filhas em Mercatello; depois
voltou para Piacenza e casou-se na Igreja. Pouco depois, durante uma certa viagem, Ela
morreu quase de repente. Mas sua vida leve e orgulhosa terminou em uma morte santa. De
longe sua filha o seguira em espírito, e na última hora ela o envolveu no lençol todo branco e
quente de suas orações e penitências, oferecendo-o ao Juiz Supremo.

Francesco estava seguro.

Verônica fez outras conquistas.

Suas qualidades e virtudes provocaram, como sabemos, o ciúme de alguns companheiros, e


Deus lhe
mostrou o estado infeliz das almas. Um dia Ela os viu com o rosto coberto por uma máscara.
«Por que, Senhor, perguntou Ela, essa máscara?». “Porque Elas se escondem de si mesmos e
gostariam de se esconder de mim também. Quero esquecê-los como Elas me esquecem». Mas
como ela estava intercedendo pelos culpados, especialmente em benefício de seu maior
adversário, uma voz lhe disse: "Além disso, esta mulher ama o diabo mais do que a mim".
Então a Santa respondeu que queria expulsar o demônio do mosteiro a qualquer custo. «Se
queres expulsá-lo, recomeçou a voz, toma a tua cruz». E ela imediatamente pegou sua pesada
cruz e a colocou sobre os ombros. Assim as mesmas freiras, em virtude de Verônica, todas
morreram no beijo do Senhor.

Mas o que Ela viu um dia? O Senhor estava em um trono, segurando uma espada na mão
encimada por uma chama, que estava diminuindo e diminuindo. Verônica imediatamente
entendeu o significado da visão. Estava desolado. A chama simbolizava a observância da regra
e a caridade das freiras, duas
coisas que foram desaparecendo dia a dia. Ai dElas! Logo, extinta a chama, restaria apenas a
espada, ou seja, o castigo. Mas o Salvador dos homens segurava uma cruz na outra mão, e o
Santo não Ela precisava de outras explicações. Ela tomou sua cruz e expiou por suas freiras. A
chama então começou a queimar novamente e envolveu a espada, que logo se tornou de fogo.
Outro dia Ela viu o jardim fechado de Salomão, cheio de flores e frutas, que cheiravam muito
bem. Representava a comunidade de Città di Castello. Mas a esse preço se transformou naquEla
jardimde abundância? Ao preço dos sofrimentos da santa vítima.

Mas ela também expiou em benefício de toda a Ordem Franciscana.

As visões se sucedem.

O que você vê em 4 de outubro de 1694? São Francisco, em um trono luminoso, é cercado por
uma multidão de santos franciscanos, vestidos de luz resplandecente. De repente aparece Jesus,
o grande sol da glória. Francisco deixa o trono e se ajoelha implorando por uma graça. A visão
muda. Uma multidão de religiosos e religiosas aparece aos olhos de Verônica, que se perde em
um espesso mar de escuridão. São os infelizes que não praticam a pobreza, que se apegam aos
bens terrenos, que não cantam a canção: Meu Deus e meu Tudo.
Mas o Santo expia, e o espírito de pobreza volta a florescer na religião seráfica.

Expiação pelos seus, pela sua Ordem, pelos Institutos dos seus confessores, pela sua cidade.

Um dia, o Senhor apareceu a ela coberto de sangue, segurando três espadas, cuja ponta estava
voltada para o chão. A cidade, culpada, foi então ameaçada por Deus.Ao mesmo tempo
Verônica viu uma caverna aterrorizante, que fervilhava de cobras e outros animais impuros,
símbolo dos pecados carnais dos habitantes. O Santo intercedeu, e as três espadas desapareceram
dando lugar à cruz da salvação. A cidade foi salva. A própria cidade, depois de um tempo, caiu
em discórdia interna. A vítima então viu nuvens de cobras aparecerem no ar com asas e bocas
abertas e em chamas. O raio brilhou nas mãos da Justiça, pronta para Elatrocutar os culpados.
Nem Maria queria mais interceder pelos habitantes. O coração de Verônica se moveu, e ela
jogou sangue da ferida reaberta. Mons.
Eustachi, por sugestão do Santo, convocou uma procissão de penitência, e novamente Deus foi
apaziguado.

Ela reza por aquElas que se recomendam à sua mediação.

Um capuchinho do convento, tendo-lhe confiado que um de seus irmãos causava escândalo no


mundo, conseguiu imediatamente que ela voltasse a uma perfeita dignidade de vida. O P. De
Vecchi, um jesuíta, não sabendo converter um pecador devorado por uma terrível gangrena,
fruto da devassidão do passado, recorreu ao grande amigo dos pecadores, e a infeliz não tardou a
expiar suas faltas em arrependimento . Foi recomendado à intercessão do Santo; isso prometia
rezar e expiar, mas ditava uma condição, ou seja, que o culpado fizesse reparações públicas
pelos escândalos dados. E assistimos a um espetáculo nunca visto antes: os próprios
magistrados de Città di Castello pediram perdão e imploraram misericórdia para o convertido.

Verônica também expia pelos padres, sejam religiosos ou seculares. O céu a suaviza revelando-
lhe os pecados de alguns ímpios, que sacrílegamente cElabram e infligem ao Filho de Deus mais
ultrajes do que os da Paixão. Mas o Senhor os mostra a Ela, para que eu o desarme. Na verdade,
Ela não disse a ela que mostraria seus pecados para que ela os satisfizesse e convertesse os
pecadores? Ela não havia prometido a ela que as súplicas de seus estigmas alcançariam tudo
isso?

Ela expia a Igreja. Porque tantos cristãos, abusando da graça, tornam-se piores que os infiéis,
através dos infiéis que Deus está preparando para punir os cristãos. O Santo vê que os turcos
chegarão até Roma e que em São Pedro, profanada por orgias e sangue, levantarão o crescente
em vez da cruz. No entanto, em 5 de agosto de 1716, Elas foram derrotados e impedidos pelo
príncipe Eugênio de Saboia. A estigmatização de Città di Castello não contribuiu para a vitória
com a voz de suas feridas redentoras?
Grande é o mundo, mas maior é o coração de Veronica. O mundo está manchado, mas o sangue
de Verônica é puro. Unidos ao sangue de Jesus, em virtude dEla, purifica e salva milhares de
pecadores.

Doadora do céu, Verônica também é a libertadora do Purgatório.

CAPÍTULO III.
PARA A IGREJA DE PURGA

O amor é mais forte que a morte. O amor queima o coração de Verônica e a torna superior à
força do inferno. Como Ela não vencerá o fogo do Purgatório? Almas de amor; Ela se oferece a
todas as torturas do inferno, para que não caiam nEla. Preserva-os da condenação, segue-os até
ao juízo, acompanha-os ao lugar da purificação e diz-lhes: «Subi ao céu; Eu vou ficar para
satisfazer para você ». Ela faz esse gesto por amor a Jesus, que tem sede da totalidade de seus
membros místicos, e o faz também por amor às almas.
Uma instituição meritória foi fundada recentemente na Igreja: os Auxiliares das almas do
purgatório. Este nome foi dado primeiramente pelo céu a s. Verônica: «Você é a ajuda das almas
do Purgatório».
Para excitá-la à salvação dos pecadores, Deus havia mostrado seu julgamento e inferno; para
excitá-la à libertação das almas, Ela agora lhe mostrava o Purgatório.
Alguns leitores ficarão tristes ao ler o que o Santo escreve. Para consolá-lo, diremos que ela
tinha a vocação de Expiadora, Auxiliadora dos Cristãos; portanto, Ela viu apenas dores no
purgatório, sem alegrias; mas as alegrias são tão reais para você quanto as dores. Mas vamos
ouvir o Santo.

«As dores do purgatório são tão atrozes que nenhuma inteligência humana poderá entendê-las. O
fogo é tão ardente, tão penetrante, que, no espaço de um clarão, destruiria o mundo derretendo-o
como cera. As almas são incorporadas e como elas são transformadas em fogo. E com fogo,
gelo: gelo, que penetra até a medula.
Gelo é fogo. E esse gelo no fogo endurece em vez de derreter. Não há descanso: uma
tortura não termina, que imediatamente começa outra, mais difícil que a primeira.
Morremos de sofrimento; Ela renasce para sofrer novamente. Quais são os tormentos dos
mártires? Nada, nada em comparação».

«Todas as torturas são concebidas para castigar as almas. Falei de fogo e gelo; mas há
mais: facas, espadas, machados, rodas de carroças ou moinhos; há o braço todo-poderoso
da justiça de Deus, e não há saída, ajuda ou mérito. Na hipótese impossível de que uma alma
do purgatório pudesse retornar à terra, ela se precipitaria em uma fornalha ardente,
enfrentaria todos os mártires para se poupar do purgatório. Estas almas têm razão em
exclamar: A mão do Senhor me tocou: manus Domini tetigit me. Que eu corra pelo mundo e
clame a todos: Penitência! Penitência! Não pecados, mas virtudes e sacrifícios! Evite o fogo
do purgatório e o do inferno! Falei e não disse nada, porque fiquei calado sobre as torturas do
dano. Não tenho palavras para descrevê-los.

As dores do corpo não são nada comparadas às da alma. Separação de Deus, privação de
Deus! Cada minuto uma eternidade! ».
E fala com conhecimento dos fatos, porque não só viu o purgatório, mas também o sofreu.

Com um sentimento de heroísmo incrível, Ela pediu para esvaziar o purgatório e ficar lá no
lugar de todas as almas. E Ela obteve a graça, mas a que custo! Ela viverá no purgatório.
Sim, Verônica fez tal pergunta e obteve perdão. Sabe-se que foi usado e abusado
de sua mediação. Seus confessores e seus diretores confiaram as almas dElas a ela
parentes, seus protegidos, seus amigos. As próprias almas, as almas abandonadas, foram
autorizadas a vir e recomendar-se aos seus sufrágios. À noite batem à sua porta, chegam à sua
frente dizendo com voz lamentável: A mão do Senhor me tocou; tenha pena de mim. E ela,
uma mediadora generosa, tinha que satisfazer vários ao mesmo tempo.
Como essas coisas geralmente aconteciam? A Santa Auxiliadora nada fez senão por meio de
Maria. Maria, portanto, apresentou-a à gloriosa Trindade e ordenou aos Anjos que conduzissem
sua querida filha ao lugar da expiação. O abismo se abriu. Horror!
Verônica viu o que as almas estavam sofrendo e as razões pelas quais elas estavam ali e,
com o coração inchado de compaixão, ela se ofereceu para pagar sua dívida com a Justiça
divina. E as almas saíram do abismo, brancas, luminosas, e voaram para o céu, enquanto ela,
vivendo na terra entre as freiras, sofria no purgatório. As irmãs a viram com uma palidez
mortal, vacilante, exausta.
As penas satisfatórias variavam em forma e intensidade, de acordo com os pecados cometidos
pelas almas, que ela substituiu. Fala o Santo.

«Os dias 14, 15 e 16 de novembro de 1715 foram para mim três dias de dor indescritível.
Pregos e ganchos de ferro, como se embebidos em sal e vinagre, rasgaram minha carne
penetrando até a medula de meus ossos; cães hidrofóbicos me morderam dos pés à cabeça
quebrando meus ossos, mutilando meus nervos sob os dentes de suas bocas; cobras venenosas
me picaram, me inchando com seu veneno. Oh! Eu queria gritar, o suficiente para congelar o
mundo de medo. Eu estava morrendo, morrendo a cada momento e sempre renascendo. E o
que devo dizer sobre a privação de Deus, Bem supremo? ».

Às vezes as almas não eram libertadas assim que a vítima heróica assumia

Elas; ela os arrancou da punição aos poucos, gradualmente mergulhando na excruciante


expiação. Então as almas apareceram para ela em um aspecto menos desolado. A dor do
significado acabou; a do dano permaneceu. A auxiliar voltou para mergulhar na tortura;
finalmente a libertação ocorreu em meio a gritos de triunfo.
Os confessores, sempre exigentes para com ela, na sua caridade para com os outros, não
permitiram que os seus protegidos sofressem demasiado, e chegaram a estabElacer o dia da
sua libertação. No entanto, a dívida era tão pesada!
Especialmente em certas horas ou minutos, Verônica expiava com terrível intensidade, e no
dia
marcado, geralmente durante o santo sacrifício da Missa, as almas quebravam suas correntes e
corriam para receber o beijo de Deus.
Elas sorriram, abençoaram-na, cantando as misericórdias do Senhor.

No entanto, à medida que o purgatório se esvaziava, voltava a encher-se, e a sublime ajudante


recomeçava o seu martírio.
Sem dúvida, seria interessante rElar a libertação de sua irmã e sua prima, uma Clarissa em
Mercatello, de outra Clarissa em Città di Castello, dos protegidos de P. Tassinari, de Pe.
Guelfi, da mãe do tio do Santo, de alguns confrades de P. Crivelli, do Sumo Pontífice
Clemente XI e de muitos outros; libertações descritas com uma caneta quente e viva pela
própria Verônica. Mas vamos nos limitar à história da libertação de algumas personalidades,
que conhecemos durante esta história.
Francesco Giuliani não foi um bom pai, mas sempre foi pai de santo. Embora Ela tenha
morrido em estado de indulto, que dívida Ela teve que pagar? Sua filha o viu em um lugar
aterrorizante, tão horrível, que teria sido chamado de inferno. Ela descartou o pensamento de
tal visão temendo que fosse um engano de satanás, mas a visão reapareceu com gritos de medo.
Então ela impôs penitência sobre penitência, e na noite de Natal de 1700, seu pai lhe apareceu
envolto em uma túnica luminosa no meio de uma multidão de almas que iam para Deus.

Madre Gertrude Albizzini, antiga abadessa do convento de Città di Castello, faleceu em 2 de


setembro de 1704. Assim que soube dessa morte, a vítima pediu para sofrer pelo resto de sua
vida em benefício de seu antigo superior. duro em ela. Jesus contentou-se em cravar um prego
de sua Paixão no coração ferido de seu servo. A dor era tão intensa que parecia que seus ossos
estavam se partindo; mas a alma do falecido imediatamente voou para o céu.

Lembramos da Irmã Angélica a adversária incorrigível de Verônica? Agora Ela tinha que
pagar sua dívida grave.
A Santa a viu no fundo de um precipício negro, povoado de tormentos. Foi um inferno?
Uma multidão de almas suportou horríveis torturas ali, mas uma delas, Irmã Angélica, sofreu
mais que as outras. Era então o inferno? Mas também poderia ter sido o purgatório, e o
generoso ajudante foi para a obra da salvação.

Finalmente, oh, que felicidade!, ela sabia que Irmã Angélica estava no purgatório, e que
Deus havia aplicado os sufrágios de Verônica a outras almas. Por várias noites seguidas, a
culpa que havia mergulhado seu ex-companheiro naquEla abismo também foi revelada à
vítima expiatória.

A princípio ela viu a alma da Irmã Angélica, trêmula e trespassada por espadas afiadas, no
alto de uma coluna estreita expiando assim os pecados de desobediência aos superiores e
confessores, pecados não confessados em vida e que, sem a mediação de Verônica, Elas a
arrastaria para o inferno. Então Ela a viu como uma sombra, deitada em um leito de fogo,
acusando- se de ter obedecido mais à natureza do que às mortificações. Mais tarde Ela a viu
presa em uma lagoa de gelo, por ter feito muito fogo no inverno com desprezo pela mais alta
pobreza. Depois com os ossos como se estivessem quebrados, por ter acariciado demais a
vida confortável. Finalmente os tormentos começaram a diminuir de intensidade, e a alma
sofredora, sentindo-se aliviada, não parou de implorar à Santa, para que não a abandonasse.
No entanto, Ela continuou a sofrer por ter mantido objetos supérfluos em sua cela. "Ai dos
superiores, disse Ela, que me permitiram transgredir a regra dessa maneira!"
Verdadeiramente a alma de Irmã Angélica estava condenada ao purgatório até o dia do Juízo
Final por causa de seu orgulho, que lhe ocultara seus pecados e a fizera acreditar que ela era o
canal das graças divinas. Esta séria revelação foi acompanhada por uma revelação
consoladora:

Verônica podia assumir as dores merecidas pelos mortos. Entendemos o que o Santo fez e
sofreu naquela época! O fato é que, no mês seguinte, ocorreu a soltura dos culpados.
Conhecemos o P. Vital, o Frade menor reformado, que, com Mons. Eustachi, verificou a
realidade dos estigmas. Espantado com a santidade de Verônica, Ela pediu a ela que fizesse
um pacto: ou seja, que quem morresse primeiro avisaria o segundo sobre seu estado. Um dia,
tendo comungado, viu um braço, enfiado numa manga franciscana, acenando diante de seus
olhos, e
ouviu uma voz suspirar: «Socorro! Ajuda!". Temendo uma ilusão dos sentidos, Verônica
aprofundou sua concentração; mas, um pouco depois, sentiu-se tremer forte forte para um
braço: «Sou eu, Pe Vitali; Eu mantive o acordo. Eu estou na miséria; tenha piedade de mim! ».
O braço de Verônica, dormente do choque, permaneceu gelado até a noite. Com isso expiou o
frade, cuja alma, assim, pôde receber o abraço do Senhor.
Pe. Cappelletti, o mais zeloso e devoto dos confessores da Santa, que diariamente
tomava notas sobre os acontecimentos relativos ao seu penitente, um homem virtuoso, caiu
nas mãos da Justiça Divina ao morrer. Isso aconteceu no final de 1711.
Que surpresa dolorosa foi para Verônica vê-lo confinado em um lugar escuro e solitário, sob o
peso de um manto de lama. Obteve da Virgem a permissão de sofrer em seu lugar, com ardor
Ela se lançou em tormentos. Todos os dias Ela aparecia para ela, mas estava sempre triste e
sempre sob o peso daquEla manto de lama. Fumaça e fumaça saíram de sua boca, cobrindo
seu rosto. No entanto, com o passar dos dias, sua prisão tornou-se menos escura e Ela implorou
a sua filha espiritual que o ajudasse. Mas não havia realmente necessidade de tal
recomendação. Enquanto isso, o padre Cappelletti estava cada vez menos triste e já uma luz
vinda de cima irradiava de sua testa. Em 14 de janeiro de 1712 Ela ainda não foi libertado. O
fato aconteceria em 2 de fevereiro, dia da Purificação de Maria. A expiatress sofreu com esse
atraso. «Ó Maria, rezou, não abandonarei o lugar onde estou, antes que me tenhas ouvido.
Deixe suas dores e as chagas de Jesus falarem; que falem os meus estigmas e a ferida do meu
coração! Dá-me um
novo purgatório mais terrível que os outros, mas quero livre o Pai da minha alma! ». A graça
foi concedida, mas com uma condição: que ela sofresse três horas por dia até a purificação.
Verônica podia sofrer, e sofria de alegria. Finalmente o Pai de sua alma viu a face de Deus.
Entre as pessoas instruídas, que notaram o duplo milagre da coroa de espinhos e dos estigmas,
estava o doutor Fabri, médico do convento. Ela tinha direito à gratidão de seu santo cliente.

Um dia Verônica estava no confessionário quando ouviu o badalar de um sino, que anunciava
a morte do bom médico. O confessor interpretou o desejo secreto de sua penitente e ordenou-
lhe que
pedisse a Nossa Senhora a graça de sofrer as penas do purgatório no lugar do pobre defunto. O
perdão foi parcialmente concedido: Verônica teve que assumir para si a única dor do sentido.
E, de fato, por nove horas seguidas, Ela suportou as mais terríveis torturas. Após o martírio, o
confessor ordenou que ela também arcasse com as penalidades pelos danos.
Nova tortura, mil vezes mais cruel que a primeira; durou seis longos dias. Então o ajudante
teve uma visão. Durante a Missa, Maria, rodeada pelos seus Anjos, derramou sobre a alma dos
mortos o cálice dos méritos satisfatórios de Jesus e de inúmeros santos, incluindo S.
José, S. Filippo Neri, s. Antônio de Pádua, e triunfantemente a conduziu ao céu.

O que acontecerá com a morte do libertador do purgatório? As almas que ela libertou e que
enchem o céu, correrão ao seu encontro em multidões luminosas; Elas vão rodeá-lo como uma
coroa de glória e, com hinos de júbilo, Elas a introduzirão na sala de paz e descanso. Depois de
ter sofrido tanto, é certo que ela também tem que gozar.
A vítima heróica já viveu o suficiente: chegou a hora da consumação.

LIVRO SEIS

A consumação da Paixão

CAPÍTULO ÚNICO
DOENÇA E MORTE DA VÍTIMA

Aos trinta e três anos Verônica recebeu o aviso de que viveria mais trinta e três anos para honrar
o tempo que Jesus passou na terra. Chegou a hora e a morte se aproximava.

Verônica recebeu todas as luzes que o espírito humano pode receber; todas as dores e todas as
alegrias que a alma humana pode suportar, ela suportou ou provou; todo o amor que um coração
humano pode
conter ela possuía; todas as obras que uma atividade humana pode realizar, ela havia feito. Ela
havia cumprido plenamente o propósito de sua vida tendo sido literalmente Verônica, ou seja, a
representação fiel e viva do Cristo Redentor. A graça nela subiu ao limite final, após o qual ela
recebe o nome de glória. Verônica não podia mais viver, e a morte agora vinha buscá-la.

Ela já está em sua última doença; digamos por último, porque sua vida tinha sido uma sucessão
de doenças.

Aos quarenta e sete, depois de um daquElas juízos tão terríveis para ela, mas que trouxeram a
salvação a outros, ela perdeu o fôlego e os Sacramentos foram administrados com urgência.
Nesse estado, ela recebeu insights sobre a conduta de seus noviços, e os fez chamar um a um
para lhes revelar segredos íntimos e adverti-los de que nada é leve quando o Amor é ofendido.
Mais tarde ela se acusou publicamente de ser uma miserável, uma orgulhosa, sem bondade ou
caridade; Ela se considerava assim, e assim se mostrava às filhas, que choravam ante o
espetáculo de tão alta humildade, e ao pensar em perder uma mãe tão santa.

Mas Ela não tinha que morrer ainda e Ela não morreu.

Em 1707, dez anos depois, anunciou outra doença iminente. Pe.


Cappelletti em suas anotações. Verônica confirma que o Senhor “teve que lhe cortar uma roupa
de dor”, que ela usaria por trinta dias. O mal estourou no aniversário de seu vestido em 28 de
outubro, e ela logo fez um grande progresso. Em 10 de novembro ela recebeu a última unção.
Então Jesus, como se não pudesse esperar o dia marcado, convidou-o pessoalmente, com
ternura, para a união cElastial, enquanto Maria
intercedeu, para que Ela ainda vivesse. No dia doze de novembro, a doente parecia entrar em
agonia; na verdade, ela pediu permissão ao confessor para morrer. O confessor ordenou-lhe que
continuasse a viver para o bem das almas. Os sofrimentos aumentaram. Seu coração saltou em
seu peito quando ela levantou a túnica e as cobertas da paciente. Todo o seu corpo tremia. Em
um certo momento foi como se fosse jogado no ar fora da cama pelo trabalho dos demônios que
se enfureceram contra ela, furiosa por vê-la viver para destruir seu reino. Novamente Ela não
morreu, porque sua tarefa não estava terminada. Mas então seu dia chegou!
Anos se passaram, Ela começou a prever sua morte novamente. "Minha irmã, Ela disse a uma
das freiras, dando ordens: esta é a última vez que dou tarefas." «Irmã, Ela disse a outra: vamos
nos preparar para o relatório, porque a hora está próxima». Convidada pelo confessor para
receber uma terceira freira em audiência, ela mesma dirigiu-se imediatamente a esta freira,
dizendo: "Amanhã não teria mais tempo".

A morte se aproximava. Ela também o previu ao confessor acrescentando os detalhes que a


Virgem lhe dissera: que, ou seja, a doença duraria trinta e três dias e que, antes de morrer, ela
passaria por três expurgos severos. Um de Deus, e teria sido a própria doença; a outra pelos
representantes de Deus, que trabalhariam contra ela; a terceira pelos demônios, que se
vingariam antes de vê-la entrar na glória.

É 6 de junho de 1727. A comunidade se prepara para receber a Sagrada Comunhão e Verônica,


que terminou sua confissão diária, acende pessoalmente as velas na lareira.
Está tudo pronto: avançamos com os outros; abre os lábios; seu rosto se ilumina em êxtase.
Tendo recebido a Hóstia, murmura: «Vou embora...», e desmaia. As freiras vêm correndo, a
colocam para sentar em um banquinho; então Elas a levam para a enfermaria, e entram no
primeiro quarto que
Elas encontram.

P. Guelfi, o médico Bordiga, o cirurgião Gentili, o bispo Mons. Codebò correm para a
cabeceira da ilustre doente, cuja vida parecia necessária à vida do mundo.
Por revelação particular, como foi dito, ela sabe que sua doença durará trinta e três dias, mas,
como de
costume, ela age como se a revelação não tivesse ocorrido, e pede ao confessor a extrema
unção e ao bispo a absolvição em artículo mortis. Ela não morre: Ela terá que fazer o
sua confissão pública e declarar que, nos cinquenta anos de vida religiosa, não conseguiu
adquirir nenhuma virtude; que é um pecador indigno de viver.

Finalmente os três purgadores começam.

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonas?

Seu único amor, Deus, o abandona, se esconde, se cala. Deus parece desaparecer no ar e não
existe mais. Deus a empurra para todos os sofrimentos. A febre devoradora, seus nervos se
contraem, seus dentes rangem, suas entranhas gemem como ossos sob o peso de tanta dor.
Deus, tenha piedade dela! Os médicos tratam uma doença que não é de seu alcance,
exasperam-na até o paroxismo, e o paciente não protesta contra esses medicamentos inúteis e
atormentadores. As freiras tentam levantar a mãe, mas ao menor movimento a fazem desmaiar.

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

Os sacerdotes a assistem à sua maneira: aquela destinada por Deus.

P. Segapeoli, apontando com desdém para os panos que cobrem as mãos da mulher
estigmatizada, exclama: «Hipócrita, tira isto»! E a pobre enferma está pronta para estender as
mãos, para que "a obediência tire o que a obediência pôs".

Ela pede para confessar; ela confessa, mas não consegue encontrar as palavras apesar da
intervenção das irmãs, que sugerem a fórmula. Então o silêncio é brutalmente imposto a ela, e é
tratada como tola e mentirosa. Não pode fazer o menor movimento?! Vamos, levante-se e entre
emcoro com os outros para cantar o ofício.

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

Um demônio toma a figura do bispo e ordena que ela renuncie a seus erros e reconheça
publicamente que sua vida não passou de uma teia de ilusões e mentiras. Outros, mas
quantos!, aparecem em formas assustadoras e gritam descaradamente que seu destino está selado
e que Ela está para sempre em suas mãos.

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

A tortura: sentir-se morrendo e não morrendo!

Ela está com sede. Pede uma bebida. Estou morrendo de sede. A sede acende em sua boca como
um fogo. É fogo, de fato, o que sai de seus lábios, que sangra. Tem uma sede que, para vencê-la,
seriam necessários oceanos. Mas a ordem dos confessores é esta: nem uma gota de água. É
possível? Elas realmente precisam ser obedecidos? Ouvindo o próprio coração e acreditando
estar também obedecendo à inspiração divina, Irmã Gabriella Brozzi corre para o jardim, pega
uma fruta e a leva para a querida enferma que, ao vê-la, brilha de alegria; mãos invisíveis,
confisque imediatamente a fruta. Irmã Giacinta mergulha um linho em água de rosas e tenta
trazer alívio ao mártir, cuja carne incha e sangra; mas aparece uma sombra, um demônio, que
repreende a freira porsua desobediência, e a paciente pede perdão.
Ela realmente sofre os três purgadores anunciados a ela.

Pai, perdoe-os.

Ela oferece ao Bispo os últimos sofrimentos em benefício dos fiéis da Diocese, e o corpo como
proteção para todos.

Pai, coloco meu espírito em suas mãos.

Ela segura o crucifixo nas mãos e o pressiona contra o coração. Ela diz às freiras: «Vês?
O amor se deixou levar; eis o segredo dos meus sofrimentos, e o segredo das minhas alegrias:
encontrei o Amor! », e ordena que cantem o hino do Verbo Encarnado, o canto do amor. Agora
ela chora: seus olhos estão cheios de lágrimas e ela suspira: «Ah! deixa eu chorar pensando em
tanto amor! ».

Pai, coloco meu espírito em suas mãos.

Ela só tem três dias de vida. Ela recebe as Bênçãos Sagradas e o Viático. Os demônios fogem, a
angústia desaparece, a dor diminui; uma luz do céu está agora pintada em seu rosto.
Ela gagueja, diz alguma coisa. Isso diz? Chame o Noivo: Jesus! , e sua mãe: Maria! Ela está em
êxtase.

Silêncio.

Volte a se mover. Ela gesticula para que algumas freiras se aproximem. Ela tem um sopro de
voz.
Recomenda-lhes que observem a querida Regra da Ordem, que sejam obedientes à caridade
divina, que se amem; então Ela os dá para beijar o crucifixo.

O Bispo coloca a cruz peitoral nos lábios.

A agonia está prestes a começar. Começam as orações pelos moribundos. O moribundo ouve por
um momento e abre os olhos em êxtase. O que você está olhando? Ela viu o Noivo. Jesus está ali
perto dela com Maria, S. José, S. Francisco, S. Claro. Nossa Senhora a chama para ascender à
glória.
Verônica tenta voar, mas não consegue.

Tudo é consumido. Ela foi obediente até a morte e morte de cruz.

Sua doença durou trinta e três dias; sua vida, duas vezes trinta e três anos; sua imensa tarefa de
vítima está, então, cumprida? É Maria quem a chama ao Pai! Verônica, então, olha para o
confessor com um olhar de súplica. Pe. Guelfi não entende bem e recomeça a recitação das
orações, exortando a santa ao arrependimento, mas ela não faz nada além de olhar para Ela
insatisfeita. Finalmente o confessor compreende. Ela se lembra de quantas vezes ela lhe
declarou que queria morrer em um ato de suprema obediência, seguindo o exemplo de Jesus.
Depois se recompõe e, com a voz estrangulada pela emoção, diz: "Eu, ministro de Deus, se esta
for a sua vontade, ordeno-te que deixes o mundo". Verônica revira os olhos sobre as freiras;
então Ela inclina a cabeça e faz o espírito.

Era 9 de julho de 1727, numa sexta-feira.


Meu leitor, um dia vá até Città di Castello, entre no mosteiro dos Capuchinhos, visite a cela da
santa, e você verá a cama onde ela adormeceu no beijo do Senhor 20. Você também verá no
travesseiro os vestígios de seus suores de agonia, e você beijará esta relíquia como se estivesse
beijando o sangue do Gólgota.

Verônica, na vida como na morte, imagem verdadeira e viva de Jesus redentor.

LIVRO SÉTIMO

O glorioso sepulcro

CAPÍTULO I.
OS FUNERAIS TRIUNFAIS

«O Santo está morto! O Santo está morto! ». A notícia se espalhou em um flash com o som da
morte dos sinos.
Apesar das prescrições do Santo Ofício, que, por prudência, queriam que Verônica fosse
cercada por um silêncio mortal, a Santa gozava de uma estima quase mundial. Quem não
escreveu, quem não acorreu à Città di Castello para se recomendar à mediação da gloriosa
mulher estigmatizada? Alguns Soberanos também pediram a graça de conversar com ela, mas a
ordem era formal: nenhum estranho poderia se aproximar dela e falar com ela; foi a vez de
madre Florida Cevoli, vigária, receber os visitantes e responder. Violante da Baviera foi a
única que conseguiu entrar no convento, e conseguiu curar seus olhos com a visão dos
estigmas. Outros, como Cosimo III, duque da Toscana, e o imperador Carlos II, tiveram que
se contentar em enviar seus embaixadores para implorar suas luzes e ajuda.

«O Santo está morto»! A cidade inteira estava em movimento. Todos correram para as portas
do convento; mesmo do campo, multidões de peregrinos subiam à cidade do Santo, que havia
feito chover tantas graças sobre a terra. A enxurrada de pessoas esperou a noite toda a céu
aberto pelo momento de poder entrar para homenagear a morta. Foi uma verdadeira
glorificação.
Quando o povo finalmente conseguiu entrar na igreja, ocorreu um tumulto indescritível, tanto
que o corpo foi trazido de volta para dentro do convento. No dia seguinte, o funeral solene. O
governador, a nobreza, o clero, todas as classes sociais encontraram-se unidas em condolências
unânimes, cElabrando as virtudes do falecido.

Anteriormente, o bispo havia convocado o governador Torreggiani, o pintor Lucantonio


Angelucci, o médico Francesco Bordiga, o cirurgião Francesco Gentili, o chancElar Fabri, o
notário principal, os confessores do convento e o diretor da cidade para proceder à autópsia.
Como se sabe, a Santa, quando viva, havia descrito minuciosamente no Diário o interior de seu
coração, contando que todos os instrumentos da Paixão estavam ali impressos com outros
emblemas. Com santa curiosidade, portanto, arrancaram o coração da morta e o abriram para
ela. A ferida era tão profunda que o percorria de um lado para o outro. Existia há trinta anos e,
contrariamente às leis da biologia, estava sempre vivo. Milagre que ela não tenha se curado e
não tenha se tornado purulenta! E que perfume saiu! Testemunhas foram penetradas.

Assim examinaram o mistério que continha aquEla coração. E o que Elas viram? A descrição
feita pelo Santo é reproduzida na verdade: os músculos, de cor marrom, formavam a cruz, a
coroa de espinhos, a lança e a bengala amarradas, a inscrição, os martelos, os pregos, a
bandeira de Cristo-Rei , as duas chamas simbolizando o amor de Deus e o amor ao próximo, as
sete espadas da Addolorata e as iniciais do nome de Jesus e de Maria com as das grandes
virtudes, que o Santo havia praticado de maneira particular.

A história já havia relatado tal maravilha?

A autópsia revelou outras coisas extraordinárias: notou-se a curvatura milagrosa do ombro sob
o peso da cruz e, na carne, as inúmeras cicatrizes deixadas pelas tenazes, canivete e outros
instrumentos de penitência.

O corpo, o coração e o laudo da autópsia foram encerrados em uma caixa de carvalho, que foi
colocada no cemitério interno do mosteiro. Em 4 de março de 1728, Dom Codebò mandou
exumar esses restos mortais, que foram sepultados sob o coro da capela. Atualmente estão
localizadas sob o altar-mor do convento e em dias de festa são expostas à veneração dos fiéis.

Após o funeral, o julgamento começou em uma atmosfera de milagres. Inúmeras testemunhas


foram
citadas e ouvidas, entre outras os cirurgiões e médicos que trataram da Santa; os seis
confessores, as freiras do convento, a irmã mais velha, que era Clarissa em Mercatello.
Cinco meses após a morte do Santo, o embrulho estava completo e, um ano depois, Mons.
Bishop pediu a introdução da causa.

A beatificação foi proclamada por Pio VII, e foi cElabrada em Città di Castello com grande
adesão dos fiéis, exultantes em prestar homenagem ao que consideravam a honra da Igreja e a
glória do país 21. Longa demora devido a todo tipo de adversidade no campo social, a
canonização ocorreu em 26 de maio de 1839, sob Gregório XVI.

Os promotores do julgamento não tiveram dificuldade em demonstrar o grau heróico das


virtudes de Verônica, e os carismas ou dons sobrenaturais que ela havia recebido.

É o que também veremos no capítulo seguinte.

CAPÍTULO II.
AS VIRTUDES HERÓICAS

Estamos no limiar de um santuário, onde o divino investirá nossos sentidos, penetrará nossas
forças, e nossos lábios repetirão com Jacó a Betel: Esta é a casa do Senhor.

A santidade de Verônica é uma montanha. Tentaremos escalá-lo desesperados por poder


chegar ao topo.

Verônica fez o voto de maior perfeição, que cumpriu plenamente. Vemos o caráter heróico das
virtudes que ela praticava nas relações consigo mesma, com o próximo e, sobretudo, com
Deus.
Criatura humana, era composta de corpo e alma. Agora, a mortificação havia plantado uma
cruz na porta de cada sentido, uma cruz a cujos pés jorrava uma fonte de sangue. Depois de sua
entrada na religião e, mesmo antes, ela já havia se concedido uma satisfação da natureza? Não:
ela se imolou todos os dias. Será que não sentimos tremores de medo diante das penitências
que
ela impôs, que, segundo Pe. Crivelli, a teriam matado sem milagre? Ela foi fiel à sua altíssima
vocação de vítima.

A vítima deve exalar o cheiro de incenso. Como poderia o Altíssimo aceitar oblações impuras?

Verônica era um anjo. O mundo tentou borrifá-lo com sua lama, mas em vão. Os demônios há
muito a tentavam mostrando cenas carnais diante de seus olhos; Elas também a golpearam
comraiva, mas sem poder profaná-la.
Era um templo inviolável onde Deus encontrava suas delícias; era o jardim fechado, a fonte
selada de que fala a Escritura, e reservou suas águas abundantes e seus frutos para o único
Amor. Sua pureza crescia à medida que as aparições cElastes beijavam, com seus lábios
luminosos, a fronte virginal, e perfumes subiam de suas feridas que embalsamavam o ar
purificando o mundo.
Se o céu se entristece com a imagem da terra imersa em corrupção, o olhar de Deus repousa
sobre o companheiro da alma etérea, descrito pelo Cântico dos Cânticos, para o qual o próprio
Deus compôs o epitálamo:
Você é linda!

A vítima caiu por si mesma em seu abismo original, o nada. Dotado de todos os dons da
natureza e de todas as prerrogativas da graça, era inacessível aos assaltos do orgulho. O céu
parecia descer perto dela como se experimentasse um aumento de felicidade, mas a cada nova
aparição dela, Verônica mostrava seu nada e sua miséria. "Nono; Não peço isso, mas quero
cruzes; cruzes para expiação dos pecados". E, convencida de que não merecia nada além de
punição, a princípio rejeitou as visões como manifestação do maligno.

Seu Diário precisa ser lido. Forçada pela obediência, pelo próprio Deus, a relatar todas as
graças que recebeu, ela obedeceu com tristeza e ficou feliz apenas quando pôde notar as
supostas infidelidades de sua vida. Este "Diário" é um banheiro, no qual o leitor deixa todos os
pecados do orgulho.
Você tem que seguir passo a passo. Enquanto seus confessores, como o padre Crivelli,
atestaram que não havia nada de que pudesse ser acusada no tribunal de penitência, Verônica
se proclamou a maior pecadora do mundo, até mesmo o escândalo do mosteiro.
De superioridade inigualável, ela se estendeu, por assim dizer, como um tapete vil aos pés das
freiras, quase implorando para que passassem por cima dela por desprezo. Quando você queria
dar qualquer carga, Ela gemeu de dor. Não sem dificuldade, Mons. Eustachi devolveu a
insígnia da abadessa; não quis saber, porque, segundo o testemunho do Pe.
Crivelli, não se julgava capaz de governar uma corte rústica. Por duas vezes ficou
verdadeiramente feliz, isto é, quando o Santo Ofício a cobriu de confusão e quando, sob a
direção da conversa brutal, na cozinha, no lavadouro ou noutro lugar, passou como a mais inútil
do convento.

Ela ofereceu os sentidos à faca da imolação, o espírito às feridas da ignomínia, a vontade ao


aprisionamento da obediência. Ela nasceu independente e também dominadora, mas o amor
divino logo a tornou doce e mansa.
Desde o noviciado Ela se esforçou para se conformar em tudo com os desejos da Irmã Mestra,
e então fez o voto heróico de obedecer não ao diretor de sua escolha, mas a todos os
confessores, quaisquer que fossem, a quem sua consciência fosse confiada. E o voto lhe custou,
quando se tratava de revelar favores divinos por ordem! Mas nesta questão, você a observou
completamente? Aparentemente não, porque o Senhor muitas vezes a repreendia e não queria
que ela se calasse sobre as graças que, para a edificação dos outros, devia manifestar. Para todo
o resto, que fidelidade! Um dia, ao saber no confessionário que
merecia o fogo, não hesitou: correu para a cozinha, e teria mesmo atirado-se ao fogo, se um
companheiro, enviado com urgência pelo confessor, não a tivesse detido . Jesus e Maria tiveram
a boa ideia de lhe sugerir este ou aquEla ato, esta ou aquela prática de penitência; Ela só
obedeceu depois de obter permissão de seus confessores. Nós a veremos enterrada como em
um lençol de obediência. Ela escreveu: Irmã Verônica, filha da obediência.

Heroica em seus relacionamentos consigo mesma, ela era igualmente heroica em seus
relacionamentos com os outros. Que virtudes ela praticou em relação aos outros? Sabemos
disso: caridade fraterna sob o nome de zelo, paciência, compaixão e devoção absoluta. À
violência, às contradições, às injustiças, Ela opôs uma doçura invencível. Seus próprios
oponentes se tornaram seus amigos mais próximos, porque Elas se beneficiavam mais de suas
atenções. Ela se sacrificou por todos.

Durante um certo verão, insetos, moscas e outros pequenos animais invadiram o mosteiro para
grande perturbação da comunidade. Verônica teve pena dEla. Usando seu poder taumatúrgico,
Ela ordenou que a multidão do desnecessário entrasse em seu quarto. Instantaneamente, de
todos os pontos do convento, viraram para o novo campo de Marte. A cama, as paredes quase
desapareceram sob as fileiras apertadas de tantos inimigos. É de imaginar, com a fome que
tiveram, o quanto terão
atormentado o Santo! Finalmente, usando seu poder, Ela ordenou que Elas saíssem e Elas
desapareceram.

No convento havia freiras internas e externas.

A Santa também carregava este último em seus pensamentos e corações. Um dElas um dia
contraiu uma doença repulsiva. Verônica, abadessa, secretamente, na porta do claustro, tratava
o câncer revoltante com as mãos de sua mãe. Tudo foi pensado, até mesmo o criados e
porteiros, a quem tratava com grande respeito. Ela não se esqueceu dos pobres, amigos de
Cristo, e se privou para alimentá-los.
Sua caridade não teve nada difícil ou afetado. Naturalmente nobre no porte e nos gestos, fez-
se como s. Francesco: adorável e querido. Era a própria cortesia.
Sempre heróica, mesmo em relação à Ordem a que pertencia, mostrou-se a defensora
apaixonada, a cavaleira imaculada e destemida da Regra. Para as Filhas de S.
Chiara, a regra se resume na pobreza, nessa pobreza que é filha do amor e mãe das outras
virtudes. Verônica era justamente o esplendor da privação: um único livro, a Regra; no
manto, que Ela usava há muitos anos, havia até 98 remendos. Obedecer
às insistentes orações de sua vigária, Irmã Florida Cèvoli, decidiu trocá-la por uma batina
menos usada, mas queria recebê-la como esmola e com atitude de mendiga.
A sobrinha de Clemente XI e outras personalidades tentaram oferecer-lhe presentes muito
valiosos, que ela enviou imediatamente ao Bispo. Abadessa, ela tolerava demônios na forma
de répteis ou animais, mas não na forma de coisas de valor. Os noviços foram especialmente
educados no culto da grande virtude; Ela os convidou a encontrar sua felicidade na privação
do que é necessário e a pegar até os menores pedaços de fio do chão. Quando viu provisões
muito abundantes, repreendeu os mordomos e mandou retirar o supérfluo do convento.

Heroica em sua relação com Deus.Fé, esperança e caridade foram a vida de sua vida, e os
dogmas foram incorporados de alguma forma nos eventos em que fluiu sua existência; no
entanto, na hora das fortes tentações ou dos langores mortais, parecia-lhe que Deus não
existia.

Quanta fé lhe era cara! Com que firmeza Ela escreveu: "Creio no que a Igreja Romana
acredita". Ela teria gostado de espalhá-lo entre os infiéis, mesmo ao custo de sua vida. Uma
sombra de tristeza cruzou sua testa ao pensar em não ser missionária: com a cruz na mão,
com a fé no coração e nos lábios, quem poderia resistir ao seu zelo?
Ela exerceu a esperança quase mais do que a fé, porque Deus parecia abandoná-la, deixando-
a no poder de Satanás. Na verdade, ela sempre dizia cheia de confiança: “Sou um verme vil e
abjeto; Eu não sou nada, mas Deus é poderoso. Eu confio em seu poder: Ela lutará por mim.
Glorifico-me na sua glória infinita, espero na sua misericórdia, lanço-me nos braços da sua
imensa caridade. Quanto mais me aproximo de Deus, mais minhas forças dobram, e mais me
sinto pronto para lutar até mesmo contra todo o inferno, se necessário. Não sou nada além de
um nada, mas quanto mais profundo o abismo do meu nada, mais descanso na consideração
dos atributos divinos. Paro no da misericórdia e, como num espelho, vejo que amor Deus me
amou e ainda me ama. Espero neste Amor... ». Seu amor era a união com Deus através do
Homem-Deus. Mas chegou a hora de considerá-
la não mais como a consoladora de Jesus crucificado: em vez disso, contemplar o mistério de
suaunião com Ela.

Por que a Palavra se tornou homem? Para que o homem, através de sua Humanidade, pudesse
atingir a Divindade. eu sou o caminho; ninguém vai ao Pai senão por mim. Com um guia
sobrenatural, Verônica, portanto, uniu-se ao Homem-Deus para se consumir em Deus.Jesus foi
o espetáculo de seus olhos, a ocupação de seu pensamento, todo o seu sonho. O crucifixo e as
imagens sagradas cobriam as paredes do convento, e ela os abençoou e estremeceu ao vê-los.
Jesus estava todo vivo em seu espírito e em seu coração. Ela a possuía e nunca deixou de abrir a
porta do seu coração para Ela. Quer ela estivesse andando ou parada, meditando ou fazendo
trabalhos manuais, ela o seguia nos mistérios de sua vida e de sua vida.
morte.
Um dia lhe disseram: “Jogue fora todos os livros; Eu sou sua única chama ». E quanto, sob essa
luz, Ela progrediu em espírito!

A união funciona através da oração.

O berço, que atração para ela! Por que a criança não era o próprio Deus, a quem o Amor havia
adaptado uma vestimenta de carne?

Por ocasião do Natal, os capuchinhos exibiam um menino Jesus de cera e o levavam em


procissão pelo claustro e pelos dormitórios. Certa vez, quando Verônica era a portadora, o
pequeno Jesus de cera ganhou vida com a imensa surpresa e alegria das freiras. A própria Santa
se alegrou com um espetáculo muito maior, porque o Deus-Menino agarrou-se ao seu pescoço,
enchendo-a de carícias.

A união realiza-se com a participação no júbilo do Homem-Deus.

Depois do presépio, a Cruz. Verônica morava a seus pés meditando sobre o novo mistério. Era
Deus, e o amor o havia crucificado. Na frente do berço ela chorou de ternura, agora chora de
compaixão. Se no refeitório leram a história da Paixão, Verônica não comeu, chorou como o
caminho da cruz, e até chorou quando cuidava das tarefas diárias, porque seus pensamentos,
como o pardal em seu ninho , sempre voltou ao Calvário. Deus havia sofrido: ela queria sofrer
com Ela, com seu Deus, e ela tinha o que queria. Jesus a chamou de amante da cruz, e a
manteve estendida na cruz, comunicando-lhe os sofrimentos da cruz. Verônica teve o consolo de
dizer com s.
Paolo: Com Cristo estou pregado na cruz: estigmata Domini Jesu in corpore meoporta.

A união se realiza participando das desolações do Homem-Deus.

O altar. No altar, Deus é sacrificado por amor todos os dias, feito prisioneiro e pão da vida. É
Ela em pessoa, e não mais em imagem. Verônica talvez não tenha se transformado em anjo
adorador? Ela não podia derrubar o muro, nem quebrar a grade para abraçá-lo no tabernáculo,
mas bastou ao padre entrar no claustro do convento para levar Jesus aos doentes: não foi
possível detê- la. Ela voou para beijar o cibório de seu Deus, poderia ter sido um padre! Ela
disse que ficaria louca e morreria de alegria.
Ela não conseguia se comunicar tanto quanto queria. Era costume naquElas dias que a
comunhão fosse realizada duas vezes por semana: às sextas-feiras e aos domingos. Mas ela
estava com fome: como não se comunicar todos os dias? O confessor não quis saber, mas
Deus acabou por agradá-
la. Na verdade, milagrosamente veio descansar em seus lábios. O confessor também se
abaixava
e ela, todas as manhãs, podia receber o Deus vivo de amor. Assim, luzes superiores foram
acesas em seu espírito e seu coração ardeu com fogo. Vê-la! Seu rosto tinha reflexos roxos e sua
boca retinha um perfume de céu ao longo do dia, que se espalhava por todo o convento.

Depois da comunhão, o Amor a fez realizar amáveis extravagâncias.

Um dia, em uma hora inusitada, Verônica sai para tocar os sinos do convento. Ao sinal, todas
as freiras correram em coro. E o que Elas viram? Verônica brincava no chão para proclamar
ao mundo que Deus é amor e que devemos amar Amor.
A Abadessa ordenou que ela deixasse as cordas, e então só Verônica saiu do êxtase,
reconheceu as freiras e fugiu, implorando a Deus que não permitisse que o fogo da alma se
manifestasse lá fora. Madre Albizzini a repreendeu pela extravagância; mas Ela já
experimentou os efeitos do amor santo?
Verônica sabia que Jesus está presente com uma presença real de influência e ação, nas
almas dos justos, e lhe fez companhia fiel neste tabernáculo vivo. Ela também sabia que
Jesus está corporalmente presente no altar, e é lá que Ela foi adorá-lo e implorar quando
havia um difícil obstáculo a vencer e uma graça a obter. Ela sabia que poderia sempre
comunicar-se com a Divindade onde quer que estivesse presente, e sua alma não deixou de
saborear este pão de anjos, mas também sabia que tal comunhão não é verdadeiramente
proveitosa senão pela comunhão com a Humanidade. Por isso ela queria alimentar-se de
Deus, alimentar Deus de si mesma para assimilar-se a Deus: realizar a dupla alimentação por
meio do Homem-Deus.

A união realiza-se através da comunhão sacramental.

Mas há também outra forma de união.

Em Jesus Cristo, a Santa Humanidade resume-se no coração, símbolo e órgão do seu amor ao
Pai, do seu amor aos homens; O amor que se encarna, se imola, se doa e conduz a Deus.

Não se surpreenda que o Senhor também tenha inspirado S. Verônica, a devoção ao Sagrado
Coração. Extraordinário o número de aparições durante as quais Ela manifestou seu coração
a ela e a Ele manifestou-se não só para lhe recordar o seu amor pelos homens e para a
convidar a
compadecer-se da ferida aberta, mas também para que nela entrasse como numa sala de estar e
realizasse o mistério da união divina.
Afinal, o Senhor veio em seu auxílio. "De quem é o coração, Verônica?"

«É teu, Senhor».

“De quem é o coração de quem é o seu coração?” Ela repetia uma segunda e uma terceira vez.

«É teu, Senhor».

"Já que, portanto, é meu, eu o aceito."

E o coração de Verônica estava no coração de Jesus, Jesus respondeu a oração da Santaassim:

«Abre-me o teu coração, para que eu entre em ti por esta porta e me torne um e o mesmo ser
contigo». Mas era para fazer mais. Jesus pegou seu próprio Coração e o depositou no peito de
Verônica, dizendo: «Ama e vive no meu coração».

A união se dá pela devoção ao Sagrado Coração, e a união é perfeita, porque não é uma união
de simples graça, mas uma união de amor, uma união transformadora.
Jesus a serviu de coração, Jesus era a vida de Verônica, ela mesma: alter Christus.

E Maria? Maria é o complemento de Jesus, a Santa não podia unir-se a Jesus sem unir-se a
Maria, cujas dores ela partilhava como compartilhava as de Jesus, vivia de Maria e de Jesus, e
por Maria vivia de Jesus.

A união se dá pela devoção a Maria Santíssima, e a união é perfeita.

Cristo levou a Santa à gloriosa Trindade que contemplou e se proclamou "filha do Pai, esposa
do Filho e discípula do Espírito Santo". Cristo a levou para a unidade divina, onde ela
descansou com as três Pessoas no seio dos atributos eternos, na luz e no amor.

Ai dela! De fato, Ela viveu em um corpo mortal, a própria vida de Deus, a vida de amor.
Esse amor era muito ardente, e ela teve que suportar um martírio de amor. Oh, os gritos que os
ouvimos dirigirem ao céu nas chamas de tal fogo! Mas também feliz
ela! O amor, pouco a pouco, tomou nela a forma que tem na glória, isto é, a embriaguez da
bem- aventurança. Ela escreve sobre isso em várias páginas do Diário: «Experimentei o amor.
Minha alma está imersa na imensidão deste mar; o amor transforma minha alma no próprio
amor. Minha alma está em Deus, Deus está em minha alma. Deus fala com a voz do silêncio, a
alma responde, mas sua resposta é o eco da voz de Deus, que se ama nela. Minha alma, com
amor, parece conhecer Deus no próprio Deus e compartilhar sua felicidade eterna. Deus a atrai
para si com transportes, impulsos, arrebatamentos, frutos de amor, e o novo conhecimento de
Deus produz uma nova transformação em Deus”.

Quase identificado em Deus, como S. Francisco, olhava as criaturas com o olhar de Deus,
amava-as com o coração de Deus e desfrutava-as com a sabedoria de Deus, por isso cantava sob
as árvores do jardim do convento e sob as estrelas do céu.

Que heroísmo da virtude! No entanto, Jesus, que tantas vezes a manteve em retirada, fez duras
censuras a ela; tomou seu coração, de fato, e trouxe grandes males. Mas não foi ela quem pecou.
Ela amou. Por amor, ela havia constituído a fiança dos pecadores, e o Senhor repreendeu os
pecadores nela, e a libertou de sua imundície.

Verônica, alegria de Deus! E foi verdadeiramente a alegria de Deus pelo heroísmo de suas
virtudes. Veremos isso no novo capítulo.

CAPÍTULO III.
AS VIRTUDES HERÓICAS NOS ESCRITÓRIOS

Além das práticas sagradas, tão numerosas e longas, quantas ocupações têm os contemplativos! O
mosteiro: uma colmeia onde as abelhas trabalham silenciosamente, em silêncio.

Verônica posteriormente realizou muitos trabalhos: fu cucini era, lavadeira, passadeira, cômoda,
cômoda, enfermeira, jardineira, sacristã. Sempre engenhosa e rápida, ela fez o trabalho em uma
hora, o que outros exigiriam um dia para concluir. Delicada e conscienciosa, fazia as coisas com
ordem e completude: era humilde, paciente e gostava mais de obedecer do que de ser obedecida.

Sabemos que a Providência lhes designou os companheiros mais desagradáveis do convento;


mas ela, caridosa, corria alegremente para as mais vis e pesadas ocupações. Estava presente em
tudo, luminoso, acariciante como um perfume, encorajador, benéfico. Ela veio e foi. E as freiras,
talvez, soubessem que, durante o dia, Ela não levou nada à boca? Que os pregos da Paixão lhe
torturaram os pés e as mãos? Que a ferida de seu coração tinha feito sangue em suas braçadas de
madeira? Quem passou a noite lutando com o diabo, nos braseiros do inferno ou na cruz da
expiação?

Certamente Ela adorava essas ocupações, mas essas obras eram repugnantes à sua natureza
delicada e fina e aos seus atrativos para a contemplação.

Suas mãos sofriam de tocar a matéria tanto quanto seus joelhos, quando não podiam ser dobrados
em oração ao pé do altar. Mas Ela sabia como superar o desgosto.

Esses cheiros da cozinha e da enfermaria! Mas ela permaneceu lá implacável, apesar dos
protestos
internos. Durante muito tempo foi enfermeira. Passou a noite nos degraus do pequeno altar,
vigiando, e trouxe socorro aos enfermos com um sorriso cheio de doçura materna.

Como refresco, colocou um daquElas peixes que detestava em sua cela e deixou-o apodrecer;
então Ela colocava o rosto nEla para respirar a exalação fétida. Não contente, ela conseguiu
ingerir o cataplasma que sobrara para se punir por ter enjoado. Ou ganha ou morre! E o
milagre recompensou seu heroísmo.
Existem cargos que conferem autoridade e comando. Esses ofícios lhe pareciam uma cruz e
uma tortura.
No entanto, em 1688 (ela ainda não tinha vinte e oito anos) foi Elaita mestra de noviças. O
Santo Ofício a suspendeu de suas funções por cinco anos, de 1699 a 1704, mas depois ela
teve que se render às insistentes demandas da comunidade, que queria o melhor, e
restabElaceu Verônica no cargo. Mais
tarde, embora a Santa não quisesse saber, foi Elaita Abadessa. O Santo Ofício quis humilhá-
la e declarou que Verônica não seria capaz de administrar um galinheiro. Então o Pe Crivelli
recorreu ao Papa Clemente XI, porque queria fazer justiça à mais santa e sábia das
mulheres. Glória à comunidade!

Ela solicitou e obteve que Verônica se tornasse professora e abadessa, a dublê. função, que
manteve até sua morte.

E ela era uma professora perfeita. Antes de tudo, ensinou aos noviços a doutrina cristã, e o
fez com tanta precisão e profundidade, como diz o Pe. Crivelli, como médico de Roma. Em
seguida, instruiu-os
sobre os preceitos da Regra e sobre as obrigações do estado religioso. Ensinou-lhes o dever
de "despojar- se das mãos pela pobreza, dos sentidos pela mortificação, do espírito pela
humildade, da vontade pela obediência". Mas, como verdadeira filha de S. Francisco os
empurrou para essas virtudes, para que pudessem alcançar o Amor. Testemunhe a
saudação, que Ela colocou em prática no convento. «O que está fazendo, minha irmã? - Eu
amo Deus, minha irmã ».

Ela levou suas filhas à perfeição fácil e lentamente, poupando-as em princípio de sacrifícios
muitopesados.
Seu lema: «Morremos para nós mesmos para viver em Deus; fazemos com que tenhamos
pena de agradar a Deus”.
Cheia de piedade pelos sofrimentos do corpo e pelas dores da alma, tornou-se enfermeira e
consoladora de suas filhas queridas, e muitas vezes também taumaturga; mas Ela não
tolerava infrações à Regra ou falhas contra qualquer virtude. A uma jovem freira, que havia
desrespeitado uma senhora idosa, ela infligiu como penitência desenhar cinco cruzes no
chão com a língua, pedir perdão de joelhos e fazer uma confissão pública no refeitório. A
outro, que se queixava do calor, mostrou o fogo do purgatório, que merece por não estar
mortificado; então Ela ordenou que ela fosse ao jardim com o manto sobre os ombros e com
dois véus sobre a cabeça, e se expor ao sol. Ela obedeceu; mas imediatamente uma brisa
fresca subiu, o que tornou a penitência agradável para ela. Verônica, de fato, pediu a Jesus
que consolasse o culpado dessa maneira.

Embora quisesse que os noviços fossem delicados de consciência e fiéis nas pequenas coisas,
não gostava de vê-los nem escrupulosos nem tristes. De fato, durante o recreio, Ela se prestou
a animá-los com algumas de suas composições poéticas e lemas muito agradáveis. Ela atuou
como o capitão, que arrasta seus homens para a batalha ao som de trombetas e tambores.

Santo noviciado o de Città di Castello! O menino Jesus havia recomendado pessoalmente ao


mestre que empurrasse os noviços para as virtudes da infância espiritual, especialmente a
humildade, e os noviços foram capazes de possuir essas virtudes.

Que alegria! Um ano, durante a festa da Purificação, Verônica teve esta visão: José apresentou
a Maria um vestido soberbo, todo bordado em ouro e jóias. Maria a pegou e vestiu o Menino
Jesus, que, todo alegre, estava nos braços do Santo. A Virgem lhe revelou que aquEla vestido
era tecido com as virtudes praticadas pelas noviças. O manto da Mãe de Deus era igualmente
coberto de ricos bordados, ou seja, dos sacrifícios feitos pelos idosos.

Como abadessa, ela administrou a comunidade com os mesmos sistemas que ela manteve com
o noviciado. Às vezes encontrava nos professos abusos que não havia encontrado nos noviços,
e que não combinavam com a altíssima pobreza. S. Francesco e s. Chiara denunciara com
indignação tais abusos e ordenara-lhe que lhe desse um remédio. Ela usava gentileza ora e ora
firmeza, mas era sempre prudente e triunfava. Ela considerava a pobreza a condição essencial
para chegar ao amor, aliás a autêntica manifestação do amor, e pregava o amor em termos tão
calorosos, com o rosto tão transfigurado, que parecia um Serafim do céu.
Pertencia a todos: tanto os idosos quanto os jovens; sempre adorável, mesmo quando sob o
vestido as feridas se abriam, ou ela saía do êxtase.
Como abadessa, ela também tinha que pensar em assuntos materiais e, enquanto sua conversa
estava no céu, ela praticamente atendeu às necessidades temporais do mosteiro.
Ela obteve habilmente uma fonte próxima e enriqueceu o convento e o jardim com água;
construiu uma lavanderia e ampliou o dormitório. Precisávamos de ajuda, mas as esmolas
fluíram como por magia, depois que a santa pobreza encontrou seus altares.

Qual era, então, a comunidade de Città di Castello? A imagem do céu. Não é de admirar,
porque um santo governou ali.

Um santo ?! Não: Nossa Senhora. Verônica era uma simples professora de noviças quando, no
dia da Apresentação em 1708, colocou solenemente a si mesma e o noviciado nas mãos da Mãe
das Dores. A fórmula da consagração foi entregue ao confessor, que,
durante a missa, Ela o depositou no altar. Jesus apreciou o ato e Maria, com inúmeras graças e
milagres, provou ter se tornado a Mãe e Mestra do querido e pequeno rebanho.

Quando Verônica foi Elaita abadessa, deram-lhe o que é da Superiora, mas ela não tocou em
nada: e chaves da casa, Regra, selo da ordem, ela ofereceu tudo a Jesus vítima e a Maria, cuja
estátua estava em o lugar de
honra. "Aqui está ela, disse às freiras, aqui está ela sua abadessa." E Maria, que concordou em
ser a professora, também se tornou a abadessa efetiva dos capuchinhos de Città di Castello. «De
agora em diante, deixe comigo a cura de tudo ”, disse Ela a Verônica em uma aparição
gloriosa. «Eu cuido disso, de acordo com seus desejos; tudo correrá pelo melhor». Em
seguida, deu ao recém-Elaito uma regra de conduta precisa. «Eu sou o superior; você
depende totalmente de mim, você agirá apenas por mim. O amor é. Ela governa com amor,
sem amor próprio e respeito humano. Cuide apenas dos interesses e da glória de Deus.Seja
vigilante. Para conhecê-la bem, compreendê-la e vivê-la, mantenha sempre a Regra diante
dos olhos da mente e do coração. Seja imparcial: mãe de todos e de cada um em particular.
Enfim, seja humilde, porque esta deve ser a virtude fundamental de quem manda”.

Verônica foi fiel às prescrições da Abadessa cElaste; ela se mostrou sua imagem perfeita e seu
instrumento dócil e foi recompensada por isso.

CAPÍTULO IV.
CARISMAS E DONS SOBRENATURAIS

Estamos prestes a entrar como num oceano sem fundo nem margem, porque sobre a nossa
Santa choveram com extraordinária abundância os carismas e dons sobrenaturais.

Uma declaração preliminar é útil.

O poder imaginativo do homem é grande: Ela sonha com criações impossíveis e se lança
em ilusões improváveis. A fé nos ensina que há outra fonte de erros: o anjo das trevas, que
se transforma em anjo de luz. Portanto, a Igreja, no que diz respeito às visões e aparições, é
de suprema prudência. Nós, no entanto, podemos acreditar com segurança nas visões e
apariçõesdo eu. Verônica.
Sua vida, desde o nascimento até a morte, está entrelaçada com aparições e visões. Não são
imaginários, como em tantos outros casos, mas são reais, intElactuais e corporais.
Verônica não pediu nem desejou; o que ela pedia era sua própria confusão e sofrimento: a
vontade de Deus.Quando alguém de outro mundo se apresentava a ela, seu primeiro gesto era
de repulsa. Ela não podia acreditar que o céu desceu sobre uma criatura ingrata e culpada
como ela. Ela é o diabo, pensou. E às vezes era mesmo o diabo. Na verdade, o inferno vivia
com ela como no céu.
Mas na maioria das vezes eram Jesus e Maria ou os Anjos e Santos do Céu. Por outro lado,
teve um pressentimento disso, e compreendia de onde vinha a aparição de acordo com o
horror ou a alegria que sentia.
Que existência! Ela estava na terra, isto é, no país do exílio, mas conversava quase
continuamente com Deus e com os cidadãos do céu. E não só os olhos do espírito e do corpo
foram afetados, mas também a audição interna e externa. Ela podia ouvir distintamente cantos
e palavras.

Outros fenômenos. A recordação sobrenatural tomou conta dela: era como uma mão que tomava
posse de suas faculdades enquanto a mantinha na contemplação das verdades eternas.
Todas as suas forças quase se retiraram para as profundezas de sua alma sob o ímpeto e
ação exclusiva de Deus.O sono místico fechou suas pálpebras e ela adormeceu para as coisas de
baixo, enquanto seu coração velava pelas coisas do alto. Os êxtases, então, a deixaram sem
força nem vida, e a levou para o céu.

Seus olhos se encheram de luz, sua testa se iluminou, seu coração batia forte.
Elavou-se no ar até a altura do crucifixo pendurado na parede; às vezes até tocava o teto da cela
oua abóbada do coro com a cabeça.

Um dia, enquanto as freiras cantavam um hino ao Amor eterno, ela caiu radiante como um sol
nos braços de suas companheiras, que respeitavam seu sono sobrenatural. Ao acordar,
envergonhou-se de si mesma e, em tom de brincadeira, disse que a inspiração poética a visitara
ao ditar-lhe um soneto. Ela não gostaria que ninguém testemunhasse essas graças
extraordinárias, mas Deus permaneceu insensível às suas orações. Outro dia, enquanto Ela
estava falando sobre coisas espirituais, Ela assumiu uma face do céu e foi deixado fora de si por
uma hora. Certa vez, ela se aproximou da irmã Florida Cèvoli e caiu em êxtase. Não se sabe
como, Ela havia tomado o vicariato pelo dedo, e ela não conseguiu se libertar do aperto até que
Verônica caiu em si.
Quem poderia trazê-los de volta à consciência? Não as freiras, que estavam verdadeiramente
extasiadas diante de tanta bElaza divina, mas apenas as representantes de Deus. Bastava que
pronunciassem a palavra obediência, para que ela voltasse imediatamente a si mesma. Então ela
correu para se esconder chorando e implorando a Deus para tirar seus êxtases, não o amor. O
promotor da causa dirá uma palavra muito expressiva: "Ela vivia em êxtase perpétuo".

Favorecida pelo dom sobrenatural da dupla vista, ela leu na consciência das freiras e
confessores que, por sua confissão, estremeceram diante dela. Lia na consciência dos que ouvia
sem vê-los e na consciência dos ausentes. Ela possuía os segredos da política dos príncipes e os
planos de seus ministros.
"Minha filha, Ela disse a este ou aquEla dos noviços que escondiam seu interior: você tem um
pensamento, uma dor, uma tentação", e deu certo. As consciências dos padres que cElabravam
no convento (a grade a impedia de vê-los) eram um livro aberto para ela; descobriu até as
sombras mais claras. Ela viu um cometendo sacrilégios. Aborrecida, ela o denunciou ao
confessor, que descobriu a veracidade dos fatos e teve a sorte de presenciar a conversão dos
culpados. Outro sacerdote, acusado de grave falta, estava prestes a sofrer as penas canônicas,
quando o Santo o viu no Coração de Jesus. inocente. Em virtude dela, o arcebispo Codebò foi
esclarecido sobre todas as coisas, e as dificuldades que encontrou em seu governo foram
evitadas ou amenizadas.

O P. Cursoni da Companhia de Jesus, para testar o espírito que animava a Santa, ordenou-lhe
que fizesse a peregrinação dos principais santuários da Itália a Loreto. Imediatamente o

Papai Noel implorou a sua Mãe CElaste que a acompanhasse, e a viagem começou. Ela não deu
um passo e, no entanto, entrou na igreja de St. Domenico em Perugia, na basílica de Assis etc.
e, finalmente, em Loreto. Quando saiu do êxtase, fez uma descrição detalhada desses lugares,
que nunca havia visitado antes.

Ela também tinha o dom de profecia. Ela sabia de antemão quem seria o confessor da
comunidade, quem ocuparia a sede episcopal de Città di Castello. Ela informou ao imperador
Carlos II que teria um filho e que esse filho não demoraria a morrer. Quando lhe foi dito na sua
presença que a grande peste de Marselha estava prestes a terminar, anunciou que, pelo
contrário, o flagelo duplicaria em violência e empilharia vítimas sobre
vítimas. Mas por que multiplicar os testemunhos? Limitemo-nos a dizer que Ela previu e
predisse as calamidades que atingiram a Igreja durante a Revolução Francesa.
Devemos falar sobre o dom que Ela tinha de fazer milagres? Ela era a mestra da matéria
inanimada. As portas trancadas se abriram ao seu comando; ao seu aceno, ovos, peixes,
pêssegos se multiplicavam como por mágica. O que uma freira não poderia ter alimentado
saciou a comunidade por vários dias seguidos; e quando as freiras atônitas pediram explicações,
ela respondeu: "Coma e não estrague seu cérebro desnecessariamente". O convento estava um
dia em grande emoção: um incêndio irrompeu no coro, que já havia devorado a tábua e
ameaçado de destruição a capela e algo mais. Um simples sinal de Verônica, e o fogo se
apagou.

Ela comandava todos os tipos de animais. Conhecemos a história dos insetos, mas Elas
voltaram depois que foram embora. Então o Santo ordenou que Elas desaparecessem para
sempre, e Elas obedeceram para sempre. Certos bichinhos estavam a ponto de destruir as
plantas do jardim; Verônica deu uma ordem e Elas, correndo de todos os lados, se reuniram em
determinado ponto. Quando se aglomeravam assim, eram massacrados com um grande
banquete das galinhas.

Ela também poderia fazê-lo sobre doenças. Irmã Caterina tinha um olho muito doente e estava
prestes a ser submetida a uma operação perigosa; Verônica lavou o olho, que, depois de um
sono leve, recuperou a luz e a vida. Irmã Costanza sofria de erisipela na perna; Verônica
desenhou nEla o sinal da cruz, e a doença, da perna doente, passou imediatamente para a Santa.

Se continuássemos nesse ritmo, nos tornaríamos entediantes; portanto, passando por cima de
muitos
outros prodígios realizados pelo Santo, limitar-nos-emos a mencionar os prodígios, que dizem
respeito ao poder do Sacerdócio.

Santa Verônica professou imensa devoção ao Sacramento da Penitência e aos seus ministros, e
o comunicou às freiras. Por outro lado, o próprio Jesus estava continuamente dizendo a ela para
se abrir e obedecer aos confessores como Ela obedeceria a si mesmo, e de fato a voz do padre
soou em seus ouvidos exatamente como a voz de Deus.
Por isso, segundo o confessionário, merecia ser feito instrumento das mais surpreendentes
maravilhas. Quem esqueceu que, por ordem do confessor, sua perna quebrada foi
completamente curada? Deve-se acrescentar que, a este mesmo comando, a hidropisia, de
que sofria o Santo, desapareceu instantaneamente. Nas revelações que fez ao Santo, é claro,
quem mandava era nosso Senhor, mas isso Ela só fazia com a permissão dos confessores.
Dizemos também que estes tiveram plena liberdade para pedir a Deus por meio dela coisas
mais ousadas, e seus pedidos foram sempre e antecipadamente atendidos. Como quisessem, o
coração da Santa sangrava ou não, os estigmas reabriam ou fechavam, as cenas da Paixão
eram renovadas, a Santa, um momento antes quase morta, levantava-se da cama para dizer o
ofício ou servir as freiras.

Para experimentar as virtudes das chaves, o Pe. Tassinari ordenou que ela morresse um dia
para viver de novo imediatamente depois, se assim fosse a vontade de Deus: «Comunique-se,
disse Ela: esta comunhão servirá de viático». O Santo recebeu a comunhão espiritual.

Ela acrescentou: "Receba a extrema-unção". Isso só poderia ser em figura e por desejo. Então
Ela lhe fez a recomendação da alma: Sai, alma cristã. De repente seu coração parou, seu
rosto ficou como cera: Verônica era um cadáver. A alma estava numa espécie de noite, mas
sem perturbação ou medo, porque estava na graça de Deus.
Instantaneamente uma grande luz brilhou aos pés de Jesus.

Lá havia demônios terríveis, que se mordiam como cães raivosos, porque o Juiz se mostrava
cheio
de misericórdia e ternura para com o Santo. Maria interveio e implorou a Jesus que enviasse
sua alma de volta ao corpo inanimado, pois o confessor havia ordenado que ela vivesse
novamente.

Enquanto isso, o padre Tassinari, espantado com sua audácia, perguntava-se quando o cadáver
seria ressuscitado, mas continuava imóvel e mudo. Então, com a voz trêmula, exclamou: "Em
nome da obediência, ordeno-te que te levantes outra vez"! A estas palavras a alma voltou a
entrar no corpo, que entretanto permaneceu rígido, frio, sem forças. Em nome da obediência,
o Pai ordenou que ela falasse. Assim Verônica pôde narrar tudo o que havia acontecido, e
acrescentou que estava voltando ao mundo para sofrer novamente e aperfeiçoar sua missão
de vítima.
A vida de S. Verônica é o tratado mais eloquente sobre a divindade da Igreja, a autoridade do
sacerdócio e a virtude dos sacramentos. Veronica é um carisma vivo em todo o seu ser
corporal, em todo o seu ser espiritual, do primeiro ao último suspiro de seus lábios. Não é um
imaginário que se exalta e se vangloria, um iluminado que se embriaga por seus sonhos,
mas a confirmação providencial do sobrenatural. É um corpo que mostra seus estigmas, um
coração que mostra sua ferida; é uma mulher torturada que mostra os vestígios dos espinhos
na cabeça, os vestígios do espancamento nos braços, os sinais do peso da cruz nos ombros; é
o depósito animado dos instrumentos da Paixão e as espadas da Madonna della Pietà. Ela é a
testemunha voluntária do céu, do purgatório e do inferno, cuja ação é visível aos olhos dos
sentidos e aos do espírito. É uma prova irrefutável de realidade e eficácia da graça. Ela é o
tipo perfeito da freira, que está sempre empenhada na penitência, no ofício, na oração, na luta
gigantesca com os poderes do abismo; na cozinha, na enfermaria, na professora, na abadessa, na
escritora. Seu Diário consiste em dez enormes volumes. Ela é uma mulher sem cultura clássica,
que escreve como um Dante; sem estudos teológicos, e os doutores invejam a doutrina. É a
Santa que se enfeita com as mortificações da carne, veste-se da púrpura do seu sangue; quem,
iluminado pela sabedoria divina, armado de todo o poder de Deus, aspira à ocultação, se satisfaz
com o opróbrio por amor a Deus e ao próximo. Quem a contempla, se é crente, fica fascinado
pela verdade; se Ela é um incrédulo sem preconceito, Ela é conquistado para a Fé.

Gielo já dizia o Divino Mestre: «Quero que sua vida seja conhecida como confirmação da fé».
Isso fazia parte da missão de Veronica. E então acredita-se que ama; portanto, sua última missão
foi lembrar
ao mundo que um Deus nos amou até a imolação. Que outro significado tinham os estigmas?
«Você será a testemunha do meu amor». E com seu
paixão e seus sofrimentos como vítima, obteve a graça de amar AquEla que nos amou primeiro.

Fazer do Santo um culto de honra, gratidão e amor é, portanto, um dever.

CAPÍTULO V.
SUA ADORAÇÃO NO PAÍS DE NATAL

Em Mercatello o peregrino é naturalmente convidado a admirar a bela paisagem, que foi


espectador dos primeiros anos de vida do privilegiado do Senhor.

Aqui está o Metauro. Ela a viu. Suas antigas águas refletiam sua imagem enquanto ela se
aproximava da costa;os de agora ternamente murmuram seu nome.
Aqui estão as árvores que margeiam a estrada. Elas também viram. Os de hoje são pelo menos
os descendentes das árvores da época, cujas folhas tremeram de emoção ao passar.

Aqui estão as casas. Elas viram. Suas janelas refletiam os raios do sol nascente sobre ela
enquanto ela ia à missa.

Aqui é a igreja. Quantas vezes Ela a viu! É uma honra ter hospedado a Santa sob suas abóbadas
e tê-la regenerado na pia batismal. Ainda está cheio do perfume virginal
te deixou pela garota.

Aqui está o anjo da guarda da igreja. Ela a viu, e como ficou feliz em recebê-la quando ela se
mostrou toda linda.

Aqui está o convidado divino da igreja. Ela a viu. Ela era branca como lírio, pura, amorosa. Ela a
viu e se apaixonou por ela para sempre.

Mas os habitantes de Mercatello têm o culto à memória de Verônica?

Sua terra natal, como sabemos, segundo uma profecia da Santa, foi transformada em mosteiro
para os capuchinhos de Città di Castello, que vieram a formar o primeiro grupo da nova
comunidade. Sorte das freiras!

Expulsos sob Napoleão, voltaram aos tempos de Vittorio EmanuEla no lugar de honra. Elas
são fervorosos e são amados.

O país é pequeno e pobre, mas é grande e rico de coração e se orgulha de alimentar quem faz
chover das graças do céu.

A capela do convento, em festa, transborda de fiéis.

O autor deste livro teve a consolação de cElabrar o Santo Sacrifício no quarto onde nasceu o
Santo. Foi em um domingo. A multidão já havia ouvido uma primeira missa na grande capela,
mas quando foi anunciado que outra missa seria rezada na sala do santuário, ela foi
imediatamente preenchida. E comque devoção religiosa assistimos aos divinos Mistérios.

Veronica está na mente de todos. Inscrições, relíquias, emblemas, tudo ali fala dela, e os
corações batem à sua memória.
Mercatello a viu nascer na vida dual da natureza e da graça. Città di Castello, por outro lado,
viu-a nascer para uma vida de glória e orgulha-se de guardar os tesouros do seu corpo. Tem
belas igrejas, uma esplêndida catedral, numerosos mosteiros, mas o seu coração é onde
repousam as relíquias do Santo.

Entramos na capela do convento dos Capuchinhos. São três altares. Acima do altar-mor, uma
pintura representando s. Verônica estigmatizada. À esquerda, in cornu epistolae, uma grelha
através da qual as freiras recebem a Comunhão. Ainda no centro do altar, alto, recortado na
parede, outra
grelha: de lá ouvem a Missa. À direita, in cornu evangelii, a porta da sacristia, atrás da qual se
encontra uma terceira grelha. É a do confessionário. Três vezes venerável grato! Quantos
segredos divinos!

E agora ajoelhemo-nos: o corpo santo repousa sob o altar-mor.

Não poderemos visitar o interior do convento onde s. Verônica se santificou. É necessária uma
permissão especial da Congregação para os Religiosos, mas é muito difícil de obter.
Mas você tem a sorte de ter essa permissão? Ah, então, vamos entrar! E entramos pela porta
localizada entre a grade da sala e a torre. De lá, a jovem Verônica se jogou no túmulo onde
viveu por cinquenta anos.
Rodeados por freiras cobertas por um véu espesso, passamos por um corredor, que parece
estar adornado com impressionantes cruzes. Padre? Você será então levado diretamente para a
capela interna, que foi a cela do Santo, testemunha de tantas penitências e tantos êxtases; célula-
convenção do mundo invisível; cela onde os seres cElastiais correram armados de demônios
assim que Elas desapareceram. O Santo recebeu os estigmas e aí cElabrarás a Missa com o
coração e os olhos no céu.
Agora olhe. Aqui está o leito de agonia, sobre o qual o Santo adormeceu no beijo do Senhor;
a grande cruz feita de cordas e correntes, da qual era mantida suspensa durante a noite;
numerosos instrumentos de penitência. Esse era o retrato de Maria, que ganhava vida e lhe
ditava o que deveria escrever no Diário; esta era a caneta que Ela costumava escrever; oh, a
lâmpada milagrosa, que queimava atrás dela! Você os vê? São as fraldas com as quais ela
cobriu os estigmas, de que precisava para medicar a ferida do coração. Se você quiser, por
favor, beije as manchas de sangue.

Vamos para o jardim. Atravessamos primeiro um corredor estreito com muitas portas de
celas e tantas inscrições como esta: Deus nos vê, e aqui estamos no jardim onde antes havia
as estações da
cruz. Em espírito andamos sobre o sangue, aquEla sangue que jorrava dos joelhos da vítima
quando, à noite, fazia as Estações. Por um lado, o local onde a Santa lavava a roupa; ao
fundo, a capela de s.
Francisco. Longe das freiras, quantas vezes ela se submeteu a longas e cruéis disciplinas!
Na capela, bancos de três metros de comprimento. Tente criá-los. Pesos, hein? E pensar que
a Santa as colocou nos ombros durante a Via Crucis! Em seguida, Ela os substituiu por uma
cruz de carvalho, dura e pesada.Ver.
São as árvores de onde os pássaros gorjeiam quando ela cantava hinos de louvor a Deus.
Pense nisso! Transbordando de amor, ela abraçou essas árvores como se fossem criaturas
humanas e subiu até o topo para estar mais perto do céu. Colha as flores como um lembrete:
elas, de fato, cheiramàs virtudes de Verônica.
Voltamos ao convento. Aqui estão as escadas do noviciado. Quantas vezes o Santo subiu até
ela com cântaros cheios de água e desceu com os pés sangrando! Lá. Este era o lugar da
abadessa.Parece ouvi-la falar aos noviços sobre o amor divino.
Entramos no vestiário. Todos os seus manuscritos são preservados lá. Eu sou uma
montanha tão alta. Assim, na sala de trabalho, onde Jesus a ajudava a tecer o pano. Agora,
para a enfermaria. Aqui estamos. Foi sua prisão durante os famosos dias de julgamento. Você
vê. O beijo da morte o recebeu aqui. Veja: lá embaixo, o altar. NaquElas degraus, à noite,
quando vigiava os doentes, quantas vezes se apoiava nElas. Mais adiante, em direção à parte
que dava para o jardim, junto ao muro, o crucifixo
milagroso, que pingava do lado dos sucos para alimentá-la, e que se desprendeu da mata para
abraçá- la. Sob a enfermaria, o coro onde fez longas orações, cantou o ofício com seu
companheiro Jesus e assistiu ao santo Sacrifício da Missa. Quantas almas então libertas do
purgatório! Oh, tendo visto ela se comunicando! e tendo visto os bem-aventurados no céu
depositar a Hóstia divina em seus lábios mais ardentes! Coro feliz!

Ó mosteiro de Città di Castello, o peregrino te deixa com seu corpo, mas sua alma permanece
dentro de tuas paredes, animada por tua atmosfera cElastial!

O s. Verônica, quanto você é amada e invocada em seu país natal! Seja conhecido também em
outros lugares, em toda a Igreja, em todo o mundo. Escritores surgem para escrever sua vida,
pregadores para cantar suas glórias. Vós sois a imagem viva do Cristo Redentor, o reflexo da
bElaza de Deus. Abre os olhos a todos, torna todos os corações ardentes, exercita sua tríplice
prerrogativa de governante do inferno, libertador do purgatório, dispensador das graças do céu.
. Através de você, o inferno é fechado, o purgatório é esvaziado, o céu é aberto e preenchido;
por ti Cristo triunfe e reine o Amor.
FIM

DECLARAÇÃO CRONOLÓGICA

1660, 27 de dezembro:
Veronica Giuliani nasceu em Mercatello, no vale do Metauro, filha de Francesco e Benedetta
Mancini. A dos Giuliani é uma das famílias mais ricas e estimadas da pequena cidade
montanhosa. A mãe é uma mulher de profunda fé, além de excElantes habilidades
educacionais; e sabe dar às suas cinco filhas uma sólida formação cristã: quatro delas vão fazer
o caminho do Mosteiro.

1660, 28 de dezembro:
a menina é batizada na colegiada da cidade e lhe é imposto o nome de Orsola.
Cresce viva e precoce: aos cinco meses já dá os primeiros passos e logo gagueja algumas
frases. O sobrenatural não tarda a manifestar-se de forma conspícua: Deus a prepara para sua
futura missão e para o grande destino que a espera. A menina, diante de um quadro na parede
doméstica, reza fervorosamente a Nossa Senhora: - Dá-me o teu Filho!

A criança divina se move, vai em direção a ela e a conversa se torna muito terna e
comprometida: - Eu sou sua e você é tudo para mim!
- Eu sou para você e você é tudo para mim!

1667, 28 de abril:
sua mãe fica órfã. A santa mulher, depois de receber o viático, recebe o crucifixo e dá a cada
uma de suas filhas uma chaga de Cristo: Coração!

Verônica também será a santa do Coração de Cristo, em plena crise jansenista. Nossa Senhora,
por quem terá sempre uma devoção muito terna, preenche o vazio deixado pela mãe e prepara
a pequena para o seu futuro: - Minha filha, Jesus te ama muito! Prepare-se, porque seu cônjuge
será ...

1670, 2 de fevereiro:
recebe a primeira comunhão em Piacenza. O pai viúvo, para fugir da solidão vazia de
Mercatello, mudou-se para a cidade do Pó e tornou-se superintendente dos costumes do duque.
Orsola, no encontro com Cristo, realiza o desejo mais vivo de sua infância.
Quando a mãe recebeu o viático, o pequenino implorou em vão: dá-me também Jesus!

Ela também se tornará a santa da Eucaristia, que era o segredo e a força de sua grandeza.

Enquanto isso ela cresce, torna-se uma jovem muito bonita e seu pai sonha com um futuro
dourado para ela.
A capitã. Montecuccoli inflamou a ira dos turcos (1664) e ela também quer ir lutar pela fé:
pratica esgrima e se torna uma boa espadachim. Mas Deus quer tudo para si...

Os jovens estão perto dela, sonhando encantados em encontros mundanos. A jovem oscila com
grande sofrimento entre os apelos conspícuos do coração e o apelo da graça. E ela conquista sua
futura grandeza como uma boa menina; depois de três anos de permanência, Ela deixa a cidade
tentadora e retorna ao tranquilo vale do Metauro, onde a flor de sua vocação amadurece
calmamente.
1677, 28 de
outubro: finalmente deixa sua aldeia natal, saúda os picos luminosos de seus Apeninos e entra
no mosteiro das Clarissas Capuchinhas em Città di Castello: agora, seu grande sonho de
santidade sorri diante dela! O novo nome que ela leva é Verônica: e em breve ela será a
"verdadeira imagem" de Cristo crucificado. O severo convento do alto vale do Tibre fechou para
sempre a esperança mundana e abriu o caminho do amor total à jovem intrépida: por Deus e
pelo próximo.

1678, 10 de novembro:
Verônica faz sua profissão religiosa solene. Deus revela-lhe gradualmente a severa missão para
a qual a chama: tornar-se a grande expiatória das misérias humanas, através de uma vida de
sofrimentointenso e penitências incríveis: "Costumava me mostrar entre Cristo e os pecadores".
E rezou generosamente ao Senhor: "Crucifica-me também contigo e não te demores!"
(Diário, I, p. 30 s.).

A Igreja passava por um dos períodos mais difíceis de sua história. Inocêncio XI condenou a
frouxidão da moral em 1679, e em 1687 o quietismo decadente de MichEla Molinos. O santo
papa foi
incansável na luta contra o erro: Ela estava "em disputa perpétua" com Luís XIV, que em 1682
também humilhou a águia de Meaux para assinar a Declaração do clero galicano, que dobrou a
Igreja transalpina à arrogância da realeza poder. Com uma energia insone, Ela organizou a liga
contra os turcos, que pretendiam que o Báltico dividisse a própria Europa em dois. E em 1683
sob as muralhas de Viena, Giovanni Sobieski em uma batalha memorável derrotou o poder
turco e salvou a civilização cristã.
Verônica, em seu convento, rezou e sofreu em silêncio pela vitória da fé de Cristo.

1693, 13 de
dezembro: Verônica inicia seu Diário, ou mais precisamente a história, por ordem de seu
confessor. de sua grande experiência mística: e a última página traz a data de 25 de março de
1727. É
esta é uma das maiores autobiografias conhecidas e certamente a mais sincera, extraordinária e
imediata: e Verônica deu à Igreja "um dos maiores tesouros" de heroísmo sofrido, de evangelho
vivido e de experiência mística e transumanizante.

O sobrenatural inunda de arrogância esta maravilhosa história de uma alma: "as graças de Deus,
escreve o Santo, caíram sobre mim!". Muitas vezes Verônica escreve em êxtase, e é ela mesma
que nos confessa: "na maioria das vezes escrevo fora de mim e não sei o que digo" (Diário, IV,
p. 168). Se não fosse assim - ressalta o padre Pizzicaria - ela não teria conseguido escrever
coisas tão difíceis de maneira tão exata. Nos últimos anos, portanto, é a própria Madona quem
dita tanto as páginas do Diário.

Verônica foi corretamente definida como "a mestra por excelência da doutrina da expiação".
1694, 4 de
abril: Jesus coloca a coroa de espinhos em sua cabeça. Fenômenos místicos invadem dia e noite
a vida de Verônica, e a fama de sua santidade torna-se sensacional em toda a Europa: "Ela
encheu o mundo de maravilhas", diz um de seus antigos biógrafos. A série de seus feitos foi a
grandiosa obra de Deus contra as heresias da época; era o épico católico da época, como Inácio
havia sido o épico contra os protestantes (L. Baccini).

Este é o testemunho, que brilha na vida do humilde capuchinho, como um lembrete da fé de


uma época em crise: John Anthony Collins já declarou os direitos do "livre pensamento", que
extingue a verdadeira esperança do homem no orgulho.

1694, 11 de abril:
núpcias místicas com Jesus, Verônica aumenta o ardor de suas penitências redentoras, em união
cada vez mais íntima com o Esposo divino. Os demônios, bêbados de raiva, oprimem o
destemido capuchinho com todo tipo de tormentos: «maldito! Você rouba nossas almas, e você
temque pagar »!
1697, Sexta-feira
Santa: Jesus imprime nela os estigmas sagrados, e também Verônica pode finalmente dizer:
Christo confixa sum cruci! Por seu anseio viril e heróico de imolação no desejo de converter
todos os povos, com uma expressão ousada, mas não ingênua, ela foi definida como "o São
Paulo dos últimos tempos" (Dausse).
O S. O escritório conduz através do bispo Luca Ant. Eustachi uma ação de controles muito
rígidos e implacáveis sobre o "caso" Veronica. Mais tarde o jesuíta Giovanni M. Crivelli repetirá
o exame, humilhando-o fortemente com provas muito duras. Mas Verônica, paciente,
convenceu a todos!

1714, 29 de novembro:
participa intensamente das dores da Paixão e reza ao Coração de Cristo pela salvação dos
homens. Verônica, como sua contemporânea Margherita Alacoque, proclama Amor ao mundo:
eo amor é a nota mais intensa que vibra em todas as páginas de seu Diário.
Um ano antes, Clemente XI havia condenado definitivamente o rigor frio e sombrio dos
jansenistas com a constituição Unigenitus .
Em 1715, o Rei Sol se instalou para sempre no esplendor encantado de Versalhes.

1716, 5 de
abril: é Elaita abadessa do mosteiro, e será reconfirmada como tal até sua morte. Ela já era
amantede noviças há muitos anos.

Eugenio di Savoia vence os turcos em Petervàrad e, um ano depois, dobrará definitivamente o


poder do crescente em Belgrado. Na Itália, o longo e nefasto domínio espanhol foi substituído
pelo não menos humilhante dos austríacos.

Para Verônica começam os anos da estação mística mais intensa, pontualmente marcada nas
páginas mais dramáticas de seu Diário (vol. IV). Como a terra no meio-dia de verão geme
ardente sob o brilho do sol, assim a alma de Verônica arde sob os raios do amor de Deus.
atributos divinos e os mistérios deslumbrantes de Deus. A alma da Santa adquire uma
capacidade quase infinita de sofrimento: e Deus dá a sua dispensação de graças divinas para
todas as necessidades da "santa Igreja", mediadora do perdão entre Ela e os pecadores,
procurador das almas do purgatório.

As experiências místicas pressionam implacavelmente, cada vez mais ousadas; sua vontade
«sim intrínseca "cada vez mais de perto com a de Deus e Verônica se prepara para o encontro
supremo", mais privilegiado entre todos os privilegiados "do Coração de Cristo.

1727, 6 de junho:
Verônica inicia uma agonia muito dolorosa, que dura 33 dias e revive pela última vez a Paixão
de Cristo Redentor. Deitada na cruz de seus sofrimentos inauditos, inundada pela alegria de sua
imolação suprema, ela se apega cada vez mais aos sofrimentos de seu Esposo divino; e consome
o último anseio da vida com um convite extremo ao amor: «diga a todos que encontrei o Amor!
Eis o segredo das minhas alegrias e dos meus sofrimentos: encontrei o Amor »!
1727, 9 de julho:
Tendo recebido a "obediência", Ela sai tranquilamente nas primeiras horas da manhã. Ela tem 67
anos, cinquenta dos quais passados no estreito claustro de seu mosteiro em Città di Castello.

1804, 17 de junho:
é assinalado pelo Papa Pio VII no esplendor do Beato. O processo foi muito longo, também
devido à massa de seus escritos que os teólogos romanos examinaram com grande interesse e
tenaz diligência.

1839, 29 de maio:
Papa Gregório XVI assina a bula de canonização.
Na festa do SS. Trindade (29 de maio), a Basílica de São Pedro está lotada de multidões:
Verônica é solenemente cElabrada a Ascensão da Igreja. No mesmo dia, a mesma honra também
foi para Alfonso M. de Liguori, doutor em moral.

1928, 17 de maio:
o bispo tifernato C. Liviero concede o imprimatur ao último dos 10 vols., que formam o l
ed. do Diário. Ela leva o título de tesouro escondido e os escritos veronicos ressurgem do
esquecimento de dois séculos.

Assim começou outra grande missão, que Deus confiou ao Santo; aliás, lemos no seu
Diário: «enquanto escrevia, fui raptado. Nela o Senhor me fez entender que eu descrevi
tudo: os escritos teriam sido de grande proveito para muitas almas; e por isso queria que
fossem para todo o mundo cristão” (vol. II, p. 15).

1978, 1º de maio:
encerra-se em Città di Castello uma conferência de estudo com o tema: Santa Verônica
Doutora da Igreja?
Assim julgou São Pio X: "as coisas que a virgem Verônica escreveu, com a ajuda certamente
de Deus, serão de grande proveito para aquElas que estão tentando adquirir a perfeição
cristã".

1980, 20 de setembro:
Os Bispos da Região da Úmbria remetem a petição à Sagrada Congregação para as Causas
dos Santos, destinada a obter para o nosso grande Capuchinho o título de Doutor em
Igreja.

Piero Bargellini escreveu, pouco antes de sua morte: «quando, como esperamos, ocorrer a
proclamação do doutorado obtido pelo “discípulo do Espírito Santo”, a biografia de Veronica
Giuliani estará concluída».

Este é o vôo que os devotos da Santa e os leitores de seus Escritos levantam para Deus de
todas as partes do mundo católico.

Observação

1 Carta de 6 ag. 1980, ao diretor do Centro de Estudos de Verona.

2 Esta é a opinião de Mons. Gioacchino Pecci, o futuro Papa Leão XIII. Pio IX e S. Pio X
tinha grandes palavras de admiração por nossa Santa e por seus Escritos.

3 Cf. Introdução oração .

4 Ver, entre outras, as seguintes publicações:

a) METODIO DA NEMBRO, Misticismo e Missão de S. Veronica Giuliani, Milão 1962

(com a bibliografia aí citada, p. IX e segs.).

b) AA.VV., S. Veronica Giuliani vitae spiritualis Magistra et exemplar: editado pelo Instituto

Histórico dos Ministros Capuchinhos, Roma 1961.


c) AA.VV., S. Verônica Giuliani Doutora da Igreja? (Anais da Conferência de Estudos de

1978), Città di Castello 1979.

5 Recordamos, entre outros, os de Salvatori, Villermont, Cioni, Pe. Francesco M. da S.


Marino.

6 Em recente e apreciada publicação sobre a Santa, o autor afirma: "a complexa e formidável
personalidade carismática de Verônica ainda não encontrou seu biógrafo" (Cf.
ANTONIO MINCIOTTI, Amor e Luz; preferência por Piero Bargellini, 3ª edição, C. di
Castello 1979, p. 205).
7 A primeira edição saiu em 10 volumes: os oito primeiros foram publicados em Prato (1895-
1905),os dois últimos em C. di Castello em 1928.

A obra, com exceção do último volume, foi excElantemente elaborada e comentada pelo Pe.
PietroPizzicaria da Companhia de Jesus.
8 Enquanto isso, você pode ler:

a) Cartas de S. Verônica, editadas por Oreste Fiorucci, C. di Castello 1965.

b) Cartas de Santa Verônica a P. Giuliano Brunori SI, editadas por Melchiorrre da Pobladura,

Coll.Franco. 31 (1961).
9 Os manuscritos de S. Verônica estão guardados no Arquivo Cappucci em Città di
Castello. Uma fotocópia dElas está disponível para acadêmicos no Centro de Estudos de
Verona da mesma cidade.

10 Ver (S. Veronica Giuliani), Meu Calvário, C. di Castello 1960, p. 207.

11 Cf. Lumen gentium, 58-61-62

12 Pio IX

13 Em particular os de Filippo M. Salvatori e cont. M. de Villermont.

14 A hora de Verônica está amadurecendo, e de muitas partes hoje há uma oração viva para
que o Santo, o grande mestre da mística, seja declarado doutor da Igreja (Nota do Editor).

15 Hoje tem cerca de mil habitantes.

16 Pode ser que o leitor se surpreenda ao encontrar muitas vezes os termos de co-redentora, de
mediadora aplicada a Santa Verônica. O seu espanto deixará de ouvir que é assim que o
próprio NS a chama no Diário aprovado pela Igreja. E estas expressões devem ser entendidas
segundo o texto de S. Paulo: «Dou cumprimento na minha carne ao que falta à paixão de
Cristo». De fato, com Cristo, para Cristo e em estreita dependência de Cristo, todo cristão deve
ser também mediador e co-redentor. O belo título de mediador aplica-se de maneira eminente à
Santíssima Virgem Maria! É também atribuída
a S. Verônica por sua íntima união com o Salvador e sua divina Mãe. Por um privilégio
extraordinário, Ela não carregava dentro de si os sofrimentos de ambos?

17 Ver do mesmo autor: Comentário ao Cântico dos Cânticos. Clássicos Cristãos, 1939;
Cantagalli, Siena.
18 Sangue precioso foi a tinta com que escreveu os seus protestos de amor: «Ó meu Jesus, a
Vós me consagro. Você me disse que aquElas que amam a cruz não têm outro lar além do seu
Coração. Declaro- me amante da Cruz e escrevo esta declaração com o meu sangue».
«Ó amor infinito, feri-me com as tuas feições... Ó minha Esposa, ofereço-me em holocausto
perpétuo, e como Vítima de amor, uno este sacrifício ao teu, isto é, ao da cruz. Obrigo-me a
permanecer sempre
crucificado contigo, a nunca querer outra coisa senão a tua vontade... Peço-te, meu Salvador
Jesus, pela conversão dos pecadores...
Aqui estou pronto para dar meu sangue pela saúde dElas e pela confirmação da santa fé. Ó
meu
Deus, faço esta oração em nome do vosso amor, em nome do vosso Coração... E vós, almas
redimidas pelo sangue de Jesus, ou pecadores, vinde a este Coração.
Venha para a fonte, para o oceano de seu amor ... ».

19 P. Pizzaria

20 O leito de morte da Santa foi então transportado da enfermaria para sua cela.

21 A solene beatificação de Verônica ocorreu em S. Pietro em 17 de junho de 1804. Mas os


tifernati comemoraram em 12 de setembro de 1802, data do decreto da ex- aluno Inclyta S.
Francisci. Iniciar, entre outras coisas, lemos que o Papa "decretou solenemente proceder a
colocar no candelabro inextinguível da Igreja Verônica Giuliani, um luminar de santidade tão
grande que só bastaria para ilustrá-lo, em desprezo pela zombaria e calúnia de a filosofia mais
orgulhosa e mordaz dos incrédulos ».
Parece que ouvimos o eco de uma resposta à polêmica polêmica de Voltaire (1694-1778) e de
todosos enciclopedistas. (Nota do editor)

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