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“A 1° de janeiro de 1901, Leão XIII dedicou o século XX ao Espírito Santo, entoando em nome de toda a
Igreja o hino Veni Creator Spiritus. Que sentido teve esse gesto do Papa?
Esse gesto do Papa revelou-se verdadeiramente profético, a julgar pelo despertar do Espírito que
pudemos assistir e do qual não estamos capacitados para avaliar as reais proporções, exatamente porque
vivemos ainda dentro desse contexto. Testemunha-o, para nós católicos, um evento como o Concílio
Vaticano II que – segundo os votos de João XXIII – representou um “novo Pentecostes” para a Igreja. Mas
atesta-o também, para todos os cristãos, o viço dos movimentos carismáticos e das Igrejas pentecostais que
se difundem por toda parte no mundo.
Não devemos, porém, pensar que a intuição de Leão XIII não tenha tido fundamento. Para solicitar-
lhe esse gesto houve, entre outras, vozes proféticas “das bases”, como a da Bem-aventurada Elena Guerra,
fundadora do Instituto Religioso das Oblatas do Espírito Santo, que escreveu diversas cartas ao Papa,
entendendo promover entre os católicos a devoção ao Espírito Santo. E nesse mesmo tempo, no México,
uma mãe de família, cujo processo de beatificação está em andamento, Conchita Cabrera – também ela
fundadora de congregações religiosas – sentia-se inspirada a afirmar que no nosso século teríamos,
suscitado pelo Espírito Santo, um florescimento jamais visto na história da Igreja, capaz de renovar a face
da terra.
Agora que este século quase chega ao fim e que estamos na iminência de inaugurar um novo
milênio, que balanço sintético se pode fazer daquilo que amadureceu neste século na comunidade cristã
posta sob esse patrocínio do Espírito Santo?
Além da já citada nova experiência dos carismas, desejo salientar a descoberta do Espírito no nível
de aprofundamento teológico. É já impossível contar os livros dedicados, nestes últimos decênios, ao
Espírito Santo, cada qual trazendo uma específica contribuição. Mas tudo isto não nos permite repousar
sobre os louros e acreditar que estamos “quites” com ele, que preenchemos todas as lacunas.
Provavelmente tudo quanto temos visto até agora – em nível teológico e de experiência dos carismas
– não é mais do que a premissa para um verdadeiro despertar do Espírito que contagie não somente um
percentual dos membros da Igreja, ainda que composto por milhões de fiéis, mas a Igreja no seu conjunto. E
sobretudo poderia ser uma “antecipação” da obra pela qual o Espírito Santo tem mais empenho: a união dos
cristãos, a unidade da Igreja.
Lembremo-nos de que, na missa, dizemos: “Na unidade do Espírito Santo”. Não nos surpreenderia
se todo este soprar do Espírito Santo fosse um sinal de que ele quer levar as Igrejas a superar suas próprias
paliçadas, como intuiu João Paulo II, que vê no Jubileu do ano 2000 um momento decisivo do caminho para
a unidade de todos os cristãos”.
a. O Espírito Santo no seio da Santíssima Trindade e sua missão entre nós, na vida
de Jesus, da Igreja, e na alma dos fiéis (n. 1 a 25).
III. Outras atitudes práticas de Leão XIII são consideradas hoje como contribuições valiosas para a retomada
do estudo, da devoção e do culto à pessoa do Espírito Santo:
“No dia seguinte à beatificação de Elena Guerra, em alocução dirigida às religiosas Oblatas do
Espírito Santo e aos peregrinos de Lucca, João XXIII esboçou o perfil da Apóstola do Espírito
Santo, caracterizando sua missão profundamente eclesial:
Sua Santidade pôs em evidência a atualidade desta vocação, pois a docilidade ao Espírito de
Deus transforma o homem e renova o mundo, colocando na perspectiva certa os problemas da Igreja de
hoje”.1
V. Segundo Alberigo, a decisão que instituirá uma “comissão preparatória” para o Concílio foi tornada
pública exatamente no dia de Pentecostes, 17 de maio de 1959, ocasião em que João XXIII incentiva os
bispos do mundo inteiro a se reunirem num Concílio Ecumênico como que para um Novo Pentecostes, e
termina sua fala com a seguinte oração:
“Espírito Santo, vossa presença dirige a Igreja no caminho certo. Nós vos pedimos,
derramai a plenitude de vossos dons sobre esse Concílio Ecumênico. Renovai vossos
milagres em nossos dias, em vista de um novo Pentecostes” (cf. Ata Apostolical Sedis 51,
p. 832).
Antes, porém, dessa festa de Pentecostes em que ele estabelece a Comissão Preparatória para
o Concílio, João XXIII – a 26 de abril de 1959 –, preside a sua primeira cerimônia de beatificação: eleva à
honra dos altares a fundadora das Oblatas do Espírito Santo, Elena Guerra!
Em seu discurso2, João XXIII destaca que, na vida de Elena, “é notável como tudo converge para o
cumprimento daquela missão que da parte de Deus lhe foi confiada, de ser, nos nossos tempos a apóstola
da devoção ao Espírito Santo”. (...) “Se hoje, pois, se celebra com maior solenidade a Novena de
Pentecostes, se a tantas almas dóceis ao apelo do Pontífice se abriram novos horizontes de santidade e de
apostolado, se deve pensar com gratidão àquela, da qual se serviu a Providência para influir no gesto do
nosso Predecessor”.
“Diletos filhos e filhas! Depois de tantos anos da partida da Madre Elena Guerra, sua mensagem
permanece sempre atual. Todos percebemos, de fato, a necessidade de uma contínua efusão do
Espírito Santo, como de um novo Pentecostes que renove a face da terra”. 3
Ou seja, tudo indica que a primeira vez que João XXIII falou de um “novo Pentecostes” –
e, aqui, sem ser ainda em referência ao Concílio – foi, de fato, na cerimônia de beatificação daquela “a
quem Deus confiou a missão de, nesses tempos, propagar a devoção ao Espírito Santo”.
2. Desafiado por Elena Guerra, um papa escreve uma encíclica sobre o Espírito Santo e consagra o
Século XX ao Paráclito; agora, um outro papa beatifica Elena, fala de uma permanente efusão do Espírito e
da necessidade de um novo Pentecostes, e reza na convocação oficial do Concílio Vaticano II, dizendo:
“Renovai em nossa época vossos prodígios, como em novo Pentecostes; e concedei que a Igreja
santa, reunida em unânime e instante oração junto à Maria, Mãe de Jesus, e guiada por Pedro,
difunda o reino do divino Salvador, que é reino da verdade, de justiça, de amor e de paz. Assim
seja”5
b. “Já nos perguntamos, muitas vezes, quais são as maiores necessidades da Igreja...
Que necessidade julgamos a primeira e última para nossa abençoada e dileta Igreja?...Devemos
dizer, com a alma trepidante e absorta na oração, que a Igreja tem necessidade do Espírito Santo,
que é seu mistério, sua vida... A Igreja tem necessidade de seu perene Pentecostes; tem
necessidade de fogo no coração, de palavra nos lábios, de profecia no olhar”; “Mais que nunca, a
Igreja e o mundo precisam que o milagre de Pentecostes continue na história”. (29/11/1972,
L’Osservatore Romano de dezembro de 1972 e L’Osservatore Romano de 17/10/1974).
“Nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo [...] Ele é aquele que,
hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir
e conduzir por ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar, ao
mesmo tempo que predispõe a alma daqueles que escutam, a fim de a tornar aberta e acolhedora
para a Boa Nova e para o reino anunciado. As técnicas de evangelização são boas, obviamente;
mas ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A
preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De igual modo, a dialética mais
convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E ainda, os mais
bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram
desprovidos de valor”.
4
Citado por TUBALDO, Igino, “Uma Donna Coraggiosa”, Effetá Editrice, Cantalupa (Torino), 2000, p. 152.
5
JOÃO XXIII, “Exortação Apostólica de Convocação do Concílio Vaticano II, Humanae Salutis, 23.
“A Igreja... instruída pelas palavras de Cristo, indo beber à experiência do Pentecostes e da
própria ‘história apostólica’, proclama, desde o início, a sua fé no Espírito Santo, como naquele
que dá a vida (...) Esta fé, professada ininterruptamente pela Igreja, precisa ser incessantemente
reavivada e aprofundada na consciência do Povo de Deus” (n. 1 e 2).
Em várias ocasiões, João Paulo II explicita que “os aspectos institucional e carismático
são como que co-essenciais à constituição da Igreja e concorrem, ainda que de modo diverso, para a sua
vida, para a sua renovação e para a santificação do Povo de Deus”.6 E exorta-nos, na Carta Apostólica
Tertio Millenium Adveniente, n. 45, a “redescobrir a pessoa e a ação do Espírito Santo, que age na Igreja,
quer sacramentalmente, sobretudo mediante a Confirmação, quer através de múltiplos carismas, cargos e
ministérios por ele suscitados para o bem dela. (...) O Espírito é também, na nossa época, o agente
principal da nova evangelização. Será, por isso, importante redescobrir o Espírito como aquele que
constrói o Reino de Deus no curso da história e prepara a sua plena manifestação em Jesus Cristo,
animando os homens no mais íntimo deles mesmos e fazendo germinar dentro da existência humana os
gérmens da salvação definitiva que acontecerá no fim dos tempos”.
E, na vigília da última festa de Pentecostes que presidiu, em Roma (29 de maio de 2004),
declarou:
“Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja, como um renovado salto de
oração, de santidade, de comunhão e de anúncio. [...] Abram-se com docilidade aos dons do
Espírito Santo! Recebam com gratidão e obediência os carismas que o Espírito não cessa de
oferecer! Não se esqueçam de que todos os carismas são dados para o bem comum, ou seja, para
o benefício de toda a Igreja. Veni, Sancte Spiritus!”
Também quando, por ocasião da V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe,
em seu discurso de 12 de maio de 2007 na Basílica do Santuário de Aparecida, disse ele:
“Quem aceita Jesus Cristo: “Caminho, Verdade e Vida”, em sua totalidade, tem garantia de paz e
a felicidade, nesta e na outra vida! Por isso, o Papa veio aqui para rezar e confessar com todos
vós: vale a pena ser fiéis, vale a pena perseverar na própria fé! Mas a coerência na fé necessita
também de uma sólida formação doutrinal e espiritual, contribuindo assim para a construção de
uma sociedade mais justa, mais humana e cristã. (...) Vamos pedir, desde agora, que a vinda do
Espírito seja para todos como um novo Pentecostes, a fim de iluminar com a luz do alto nossos
corações e nossa fé”.
6
Discurso de João Paulo II aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais, 29 de maio de 1998.
7. O Documento de Aparecida, logo em sua Introdução, chama a nossa atenção para
aquilo que deve ser a essência de nossa missão: “Não temos outra prioridade senão a de sermos
instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado,
adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o
melhor serviço – seu serviço! – que a Igreja deve oferecer às pessoas e nações”. (n. 14).
De modo inusitado (os documentos das Conferências anteriores jamais fizeram menção a
Pentecostes!), o Documento de Aparecida faz dezenas de referências ao protagonismo do Espírito Santo no
processo de evangelização, e por pelo menos 6 vezes menciona o evento Pentecostes. Duas dessas
referências são significativas.
Olhando para esse arco de tempo que vai de Elena Guerra e Leão XIII ao Papa João XXIII e o
Vaticano II ... que vai de Topeka e Azusa Street a Duquesne e Aparecida, não há mesmo como não admitir
que aquela centelhazinha acendida por Elena Guerra (e insuflada por tantas e tantos outros místicos, santos,
profetas, eclesiásticos...), começa a revelar na Igreja um crescente anseio pelo derramamento contínuo do
Espírito prometido, e a configurar no mundo o semblante de uma nova cultura: a cultura de Pentecostes! (a
única, segundo João Paulo II, “que pode fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos”... )
E nos animamos a obedecer os nossos pastores, quando nos exortam: “Levemos nossos navios mar adentro,
com o poderoso sopro do Espírito Santo, sem medo das tormentas, seguros de que a Providência de Deus
nos proporcionará grandes surpresas” (Doc. de Aparecida, 551)...
Em abril de 2006, o Pentecostalismo protestante se reuniu, em Los Angeles, para celebrar o seu centenário –
aí considerado por causa dos trabalhos do pastor William J. Seymour, a partir de Azuza Street, em 1906.
Representando o Vaticano, estavam lá Allan Pannozza e esposa, Oreste Pesare, e eu... Um pastor
famosíssimo comandava as manhãs do evento, que eram comum a todos os participantes. Esse pastor
famoso, Jack Hayford, lançou, aí, um livro, em co-autoria com o Dr. S. David Moore: “The Charismatic
Century, The Enduring Impacto of the Azuza Street Revival”. Surpreendentemente – por vir de quem vem –
, o livro começa seu primeiro capítulo (The New Shape of Christianty) relatando a invocação do Veni
Creator Spiritus e a Consagração do Século XX ao Espírito Santo pelo papa Leão XIII.
No corpo do livro (que tem 313 páginas), Hayford e o Dr. S. David Moore (co-autor) discorrem
sobre o papel de Elena Guerra, a Encíclica de Leão XIII, explicam o que é uma “novena”, falam da oração
de João XXIII pelo Vaticano II, e, à página 224, declaram, corajosa e admiravelmente: “Numa cultura dada
ao cinismo, muitos podem menosprezar o poder daquela oração, de 1° de janeiro, de dedicação do século
vinte ao Espírito Santo, considerando-a como um mero exercício religioso. Mas olhando para trás a partir
de nossa presente perspectiva, os eventos dos últimos 100 anos revelam que Deus estava se movendo em e
entre Seu povo, moldando Seu projeto (desing) para o século carismático”. “O século carismático começou
com o hino de invocação ao Espírito Santo do Papa Leão XIII, a 1° de janeiro de 1901, quando nascia o
século XX”, afirmam os autores à página 223 de seu livro.
Irmãos e irmãs, amados do Senhor Jesus...Não somente os pentecostais católicos, mas também agora
os protestantes, os evangélicos, começam a reconhecer que, esse reavivamento espiritual de proporções
nunca vistas na história...essa redescoberta da pessoa e de ação ao Espírito Santo... essa renovação do uso
dos carismas a serviço do anúncio da Boa Nova... esse momento privilegiado do Espírito Santo que nossa
amada Igreja experimenta, devemos ao protagonismo e à intercessão dessa mulher que, colocando-se à
escuta do Espírito, por Ele se deixou possuir... por Ele se deixou conduzir...
Os tempos são difíceis? Os desafios são assustadores? Os obstáculos são desanimadores? Clamemos
pelo Espírito Santo...pois tudo, tudo.. o que o Espírito Santo toca, o Espírito Santo transforma...
incluindo você!!! Amém!
Senhor Jesus, comunica, te suplico, o teu Espírito à minha alma: batiza-me mais uma vez
no teu sangue, associa-me à tua oblação eucarística no tabernáculo, enriquece-me de
graças sempre maiores; sobretudo, infundi-me o dom da oração verdadeira e
perseverante.
Doa-me um coração novo, purificado pelo teu Amor, onde os afetos te sejam agradáveis:
visita, Senhor, este meu pobre coração, e transforma-o em um vaso de eleição.
Corrige as minhas intenções, para que não sejam viciosas ou muito humanas, e faz que as
minhas ações sejam conforme a tua vontade.
Rende-me semelhante a Ti na paciência, para que eu suporte os sofrimentos e as
dificuldades.
Faz que eu fale, Senhor, agindo conforme o teu Espírito: que as minhas palavras te
glorifiquem e sejam úteis ao bem espiritual do meu próximo.
Entrego, enfim, a Ti, todo meu ser, para que, mediante o teu Espírito, o plasme, o renove,
o transforme, configurando-o plenamente a Ti.