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Apostila de Necessidades educativas especiais

Breve Histórico da Educação Especial

O começo da Educação Especial data do séc. XVIII, antes deste século, as crianças com
impedimentos eram negligenciadas, rejeitadas, ignoradas. Fazia-se a prática de infanticídio ou
exorcismo (morto). A partir do séc. XVIII surge a educação especial como quem diz.

Nos finais do séc. XVII e no começo do séc. XVIII, estes eram conservados em orfanatos,
manicomios, prisões e em outros tipos de instituições. Podiam viver, mas não tinham direito a
educação.

No princípio do séc. XIX começa o periodo da institucionalização especializada para as pessoas


portadoras de deficiências. É nesta altura que surge a educação especial, com o cristianismo.
Começa-se a proteger as crianças portadoras de deficiência. As primeiras escolas eram feitas fora
das populações em lugares isolados porque ainda se tinha a concepção de estas crianças estavam
carregadas de espiritos maleficos e como tal o portador de deficiência era um perigo para a
sociedade.

As primeiras escolas especiais que surgiram ao longo do séc.XIX eram para crianças cegas e
surdas e mais tarde para as crianças com problemas de impedimentos mentais.

E no séc. XX começa o início da obrigatoriedade e expansão da escolarização de educação


básica. Antes as crianças eram ensinadas coisas muito simples.

A partir desta fase começa a existir a pedagogia, organização dos programas de ensino para estas
crianças. Esta pedagogia tinha que se enquadrar em níveis de capacidades intelectuais.

São criados etiquetas e rótulos para destinguir as crianças com impedimentos de aprendizagem, a
partir dai surgem as classes especiais.

Os grupos considerados por alguns autores são crianças, sendo cegas, impedimentos mentais,
paralisias cerebrais são a sua categorização.

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Outros autores preferem estabelecer três quadros de desenvolvimento.

KIRK e GALLAGHER na sua obra desenharam quatro estádios de desenvolvimento das atitudes
em relação as crianças excepcionais.

História da Educação Especial

Dividimos esta abordagem histórica em três épocas: uma primeira, que poderemos considerar
como a pré-histórica da Educação Especial; uma segunda, aquela em que surge a Educação
Especial entendida como o cuidado com a assistência, e por vezes também com a educação
prestada a um certo número de pessoas e caracterizada por decorrer em situações e ambientes
separados da educação regular; uma última etapa, muito recente em que nos encontramos
actualmente, com tendências que nos levam a supor uma nova abordagem do conceito e da
pratica da educação especial.

1º Era pré-cristã; esta época é caracterizada pela ignorãncia e rejeição do indivíduo deficiente.
Nesta época era normal o infanticidio quando se observavam anormalidades nas crianças.

2º Era cristã; durante a idade média a igreja condenou o infanticidio, mas por outro lado,
acalentou a ideia de atribuir causa sobrenaturais as anormalidades de que padeciam as pessoas.
Considerou-as possuidas pelo demónio e outros espiritos maléficos e submetia-as a práticas de
exorcismo.

No séc. XVII e XVIII os deficientes mentais eram internados em orfanatos, manicómios, prisões
e outros tipos de instituições estatais. Ali ficavam junto dos delequentes, velhos, pobres...
indiscriminadamente.

3º Era das instituições; finais do séc. XVIII e princípios do séc.XIX surge a educação especial
propriamente dita, caracteriza-se em cuidados e assistência as pessoas portadoras de deficiência,
elas passaram a ter o direito a educação regular, esta época era também caracterizada pela
institucionalização especializada das pessoas portadoras de deficiência
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A primeira escola pública para surdas foi criada pelo Abade Charles Michel (1712-1789) em
1755 tendo-se rapidamente convertido no Instituto Nacional de surdomudos.

Em 1784, Valentin Hauy criou em Paris um Instituto para crianças cegas. Entre os seus alunos
encontrava-se Louis Braille (1806-1852), que viria, mas tarde a criar o famoso sistema de leitura
e escrita conhecido precisamente por sistema Braille.

A sociedade toma consciência da necessidade de prestar apoio a este tipo de pessoas embora esse
apoio se revestisse, a princípio de um carácter mais assistencial do que educativo.

Impera a ideia de que era preciso proteger a pessoa normal do não normal ou seja, esta última era
considerada como um perigo para a sociedade. Nesta era também se separa o deficiente, segrega-
se, descrimina-se.

Abrem escolas fora das povoações, argumentava-se que o campo lhes proporcionaria uma vida
saudável e alegre.

Educação Especial

 Termo restrito carregado de multiplas conotações pejorativas;

 Afasta-se dos alunos/as consideradas normais;

 Tem implicações educativas de carácter marginal, segregador;

 Pressupõe uma etiologia estreitamente pessoal das dificuldades de aprendizagem e / ou


desenvolvimento.

 Faz referência aos PEI partindo de um esquema curricular especial

Necessidades Educativas Especiais

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 Termo mais amplo, geral e propicio para a integração escolar. Não é nada pejorativo para
o aluno;

 As NEE referem-se às necessidades educativas do aluno/a e, portanto, englobam o termo


E.E.

 Admite como origem das dificuldades de aprendizagem e/ou desenvolvimento, uma


causa pessoal, escolar ou social;

 As suas implicações educativas têm um carácter marcadamente positivo;

 Referem-se ao curriculo normal e as adaptações curriculares individualizadas que partem


do esquema curricular normal.

Estádio de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais

1º Estádio

Estes consideraram o primeiro estádio de desenvolvimento a pré-cristã. Nesta era as crianças


eram negligenciadas ou maltradas.

2º Estádio

Começa na época de difusão do cristianismo onde eles diziam que todo ser humano tem direito a
vida.

3º Estádio

Corresponde ao séc. XVIII e XIX quando surgem as primeiras instituições para fornecer uma
educação separada das outras crianças.

4º Estádio

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Corresponde a última metade do séc. XX, a era de uma maior abertura no processo de
aprendizagem ou direito a uma educação para melhor integração a sociedade.

A Constituição da República de Moçambique (1990), concede as pessoas portadoras de


deficiências, um gozo pleno e igual dos direitos e deveres em relação a todos os cidadãos.

Diz a lei fundamental que é garantido (a) a todo cidadão:

 A igualdade perante a lei e o gozo dos mesmos direitos e deveres, independentemente da


côr, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição
social, estado civil dos pais ou profissão (Art.66);

 A igualdade entre o homem e a mulher perante a lei e em todos os dominios da vida


política, económica, social e cultural (Art.67);

 O gozo pleno dos direitos e deveres consignados, para as pessoas portadoras de


deficiências com excepção daquelas cujo exercicio ou cumprimento para os quais estejam
incapacitados (Art.68);

 O direito e o dever ao tarbalho, à educação fisica e ao desporto e a assistência médica e


sanitária (Art.88, 93, e 94).

A Lei nº. 6/92, de 06 de Maio, sobre o Sistema Nacional de Educação (SNE), através do Ensino
Especial, cujo objectivo é “... Proporcionar uma formação em todos graus de ensino e a
capacitação vocacional que permita a integração destas crianças e jovens em escolas regulares,
na sociedade e na vida laboral...” (Boletim da República, 104-11:1992), assegura a
escolarização de crianças e jovens com necessidades educativas especiais. A Resolução nº. 8/95,
de 11 de Outubro sobre a Politica Nacional de Educação (1995), aprovado pelo governo na área
de Educação Especial, estabelece as seguintes medidas estratégicas para a escolarização de
crianças e jovens com NEE:

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 Promoção do princípio de integração através da sensibilização e mobilização de escolas


regulares e comunidades para o programa de educação especial integrado.

 Formação de professores de apoio itinerantes, fornecimento de materiais de ensino e


equipamento e concepção de planos de estudo flexiveis...” (pp.180)

O termo pessoa portador de deficiência tem sido habitualmente empregue para se fazer
referência a todo indivíduo que possui uma insuficiência orgânica ou mental (congenita ou
adquirida).

A necessidade da mudança de atitudes e de comportamentos em relação à pessoa portadora de


deficiências tem provocado uma evolução na terminologia e nas práticas de atendimento
(reabilitação, escolarização e orientação vocacional) para a não exclusão da participação sócio-
cultural deste grupo populacional que numa abordagem pedagógica, é designado como portador
de necessidades educativas especiais.

Segundo a UNESCO (06:1994), o termo “ necessidades educativas especiais” refere-se a todas


as crianças e jovens cujas necessidades se relacionam com deficiências ou dificuldades de
aprendizagem” no processo da sua escolarização, originadas por factores diversos de natureza
sócio-económica, sócio-cultural e psico-orgânica, ou seja, “crianças com deficiências ou
sobredotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou
nómadas, crianças de minorias linguisticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos
desfavorecidos ou marginais”.

Estatisticamente, existem poucos registos informativos confiáveis sobre prevalência de pessoas


portadoras de deficiência na população moçambicana. As referências desponiveis são de carácter
universal e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que uma em cada dez
crianças, é portadora de deficiência (UNICEF, 1980).

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Em Moçambique, os problemas de atendimento colocados a este grupo populacional minoritário


são semelhantes aos da maioria dos paises em desenvolvimento, determinados por factores
histórico-culturais, politico-ideológico e sócio-económicos. É assim que a maior parte de
crianças e jovens com necessidades educativas especiais destes paises nasce e cresce privada de
um convivio desejável com o meio contextual no qual está integrada, o que a dificulta de exercer
o seu direito de acesso `a aprendizagem básica e de cidadania.

Torna-se inadiável, dentro do quadro actual de atendimento ao portador de deficiências, mudar


as práticas profissionais e instituições vocacionadas de um sistema assistencialista para
emancipatório considerando as seguintes premissas:

 O abandono do enfoque individual a favor do familiar e/ ou comunitário;

 O respeito pelas caracteristicas, necessidades e ritmos de desenvolvimento, socialização,


comunicação e aprendizagem do portador de deficiências;

 A convicção de que o portador de deficiência possui capacidades latentes de socialização,


comunicação e aprendizagem.

A formulação e o ajustamento da actual legislação, onde se julgar necessário, e o reconhecimento


e sistematização das práticas e experiências formais e informais de atendimento ao portador de
deficiências, devem constituir instrumentos de garantia da participação social cada vez melhor da
criança e do jovem com necessidades especiais no seu contexto de vida, em cumprimento das
Declarações dos Direitos do Homem e de Educação Para Todos, equacionadas pela Declaração
Mundial de Salamanca, sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, promovida
internacionalmente pela UNESCO.

Abordagem Actual da Educação Especial

A Declaração de Salamanca, define principios, política e prática na área da escolarização de


pessoas com necessidades educativas especiais, salientando que cada individuo tem:
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 Direito à educação e deve ter oportunidades de conseguir e manter um nivel aceitável de


aprendizagem;

 Caracteristicas, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são


próprias.

Deste modo:

 Os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educacionais


implementados, tendo também em vista as necessidades de aprendizagem dos alunos com
as necessidades educativas especiais

 As escolas, guiando-se pela abordagem inclusiva, devem ser os meios mais capazes para
combater as atitudes discriminatórias dos actuais sistemas de ensino, visando atingir-se a
meta de uma educação para todos.

A proposta de Educação Inclusiva coloca ao actual sistema educativo moçambicano inúmeros


desafios pois, implica necessariamente que sejam introduzidas mudanças que favoreçam a:

 Expansão do acesso escolar;

 Melhoria da qualidade de ensino;

Por outro lado, a visão inclusiva exige dos dirigentes e líderes, técnicos e administrativos,
profissionais e paraprofissionais da Educação Especial em particular, e da sociedade em geral,
uma mudança de atitude em relação às políticas, estratégias e práticas:

 Sócio-pedagógica-culturais;

 De planificação e gestão dos curícula;

 De formação de professores;

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 De organização, administração e gestão institucional;

 De participação familiar e comunitária

Sob o lema “ Combater a Exclusão, Renovar a Escola” o Ministério da Educação (MINED),


através do Plano Estratégico perspectiva, para os proximos cinco anos, desenvolver
experimentalmente acções de escolarização de crianças e jovens com necessidades educativas
especiais nas Escolas Primárias Regulares, tecnicamente designadas por Escolas Inclusivas.

A dinâmica a ser impressa no desenvolvimento das escoals inclusivas implica a redefinição do


grupo-alvo e a mudança do paradigma da educação especial, do tradicional e individual para o
sistémico e curricular.

Dentro deste quadro o projecto irá beneficiar crianças e jovens em idade de escola, de ambos
sexos, portadores de:

 Deficiência visual;

 Deficiência auditiva;

 Deficiência mental;

 Deficiência fisico-motora;

 Disturbios de aprendizagem;

 Disturbios emocionais;

 Problemas de comportamento;

 Traumas de guerra/violência;

 Altas capacidades/habilidades;

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Excepcionalidade

A questão de educação para todas resultou na ideia de declaração de 1948 segundo a qual todas
têm direito a educação incluindo aquelas que tem deficiência. Para algumas crianças
excepcionais são aquelas que têm problemas na aprendizagem. Também são consideradas
excepcionais que apresentam talentos pouco comuns. A criança típica que apresenta desvios das
normas é excepcional.

O termo excepcionalidade tanto pode designar a portadora de deficiência, talentosas ou aquela


que desviam da norma. Podemos ainda encontrar uma outra contradição: criança excepcional é
aquela que se difere das outras pelas suas capacidades sensoriais, fisicas ou motoras, intelectuais
ou mentais, capacidades afectivas, cognitivas, capacidades volutivas, de comunicação,
capacidades multiplas, capacidades comportamentais.

Na perspectiva actual uma criança excepcional é aquela que se difere da tipica ou “normal” por
suas capacidades sensoriais, por suas caracteristicas mentais, difere-se da tipica por seu
comportamento social pelas suas capacidades neuro-motoras ou fisicas, pelas suas capacidades
de comunicação e também pelas suas capacidades múltiplas.

Estas diferenças devem ser suficientemente notaveis ao ponto de requerer a modificação das
práticas escolares ou então necessitar de serviços de necessidades educativas especiais para
possibiltar o desenvolvimento das suas capacidades até ao limite máximo. A criança é
educacionalmente excepcional quando o desvio do seu comportamento atinge um tipo ou um
grau que requere providencia pedagógicas desnecessárias para a maioria das crianças.

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Para fins didácticos normalmente as crianças são agrupadas com caracteristicas semelhantes, isto
é, as crianças excepcionais são com frequência agrupadas para facilitar a comunicaçào entre os
profissionais.

É comum encontrar-se as seguintes classificações

1- Desvios mentais, incluindo crianças que são:

a) Intelectualmente superiores- os superdotados

b) Lentas quanto a capacidade de aprendizagem mentalmente retardadas;

2- Difeciências sensoriais incluindo as crianças com:

a) Deficiências auditivas

b) Deficiências visuais

3- Desordens de comunicação incluindo crianças com:

a) Distúrbios de aprendizagem

b) Deficiências de fala e linguagem

4- Desordens de comportamento incluindo as crianças com:

a) Desturbio emocional

b) Desajustamento social

5- Deficiências múltiplas e graves, incluindo várias combinações

a) Paralesia cerebral e retardamento mental

b) Surdez e cegueira

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c) Deficiências fisicas e intelectuais graves, etc.

Esta classificação faz-se considerando que as dificuldades semelhantes, mesmo terminadas por
causas diferentes implicam necessidades semelhantes.

Objecto de estudo e objectivos da cadeira de Necessidades educativas Especiais

Os objectos de estudo da disciplina de Necessidades Educativas Especiais são crianças e jovens


com desvios no desenvolvimento sensorio motor e psicossocial que interfere na aprendizagem.

Objectivos das NEE

 Educar esse grupo de acordo com as suas capacidades e necessidades;

 Estudar as melhores formas de atende-las;

 Munir os futuros profissionais de educação de conteúdos capaz de facilitar a


comunicação com o grupo alvo.

 Formar integralmente a personalidade da criança com NEE

 Estudar as tendências de desenvolvimento e as perpectivas de EE

 Desenvolver ao máximo as capacidades de cada aluno de acordo com as suas


potencialidades indiviuais, sobre a base de um trabalho correctivo-compensatório e
educativo.

 Corrigir e compensar as deficiências, assim como a integraçào do indivíduo na vida


sócio-profissional, tendo em conta as suas possibilidades e capacidades.

Principios das NEE

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 Princípio da influência educativa-correctiva

 Princípio de correcção e compensação

 Princípio de atenção precoce das crianças com NEE

 Princípio da influência terapeutica multilateral

 Princípio da necessidade de partir dum diagnóstico confiável e científico.

Tipos de NEE

 Deficiência visual, auditiva, mental

 Deficiência fisico motora

 Distúrbios de aprendizagem

 Distúrbios emocionais

 Impedimento oral e escrito

 Problemas de comportamento

 Altas capacidades/habilidades

Importância do estudo das NEE

 Ajuda a situar o aluno em relação as respostas educativas, isto é, deve-se responder ou/ e
orientar o aluno com NEE (o que se deve dar? O que se deve fazer para melhor orientar o
aluno c/ NEE)

 Ajuda numa melhor elaboração e planificação dum plano interventivo actualizado para
responder com eficácia as NEE.

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 Permite tomar decisões sobre as adaptações curriculares à aplicar.

 Adaptações são todos elementos que modificam ou provém num determinado currículo.

Educação Especial- processo de desenvolvimento global das potencialidades de portadores de


deficiência de condutas tipicas e de altas habilidades e que abrange os diferentes niveis e graus
do sistema de ensino. Fundamenta-se em referências teóricas e práticas, compativeis com as
necessidades especificas do seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a
estimulação essencial até aos graus superiores de ensino

Sob o enfoque sistêmico, a educação especial integra o sistema educacional vigente,


identificando-se com a sua finalidade que é a de formar cidadãos conscientes e participativos.

Alunado da Educação Especial- é constituido por educandos que requerem recursos


pedagógicos e metodologias educacionais específicas. Genericamente chamados de necessidades
educativas especiais, classificam-se: portadores de deficiência (visual, auditiva, mental, fisica e
múltipla) portadores de conduta tipicas (problemas de conduta decorrentes de sindromes de
quadros psicologicos ou neurológicos que acarretam atrasos no desenvolvimento e prejuizos no
relacionamento social) e os de altas habilidades (com notavel desempenho e elevada
potencialidade em aspecto académicos, intelectuais, psicomotores/ e ou artisticos).

Pessoa Portadora de Deficiência – é a que apresenta, em comparação com a maioria das


pessoas, significativas diferenças fisicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de factores inatos
e/ou adquiridos, de carácter permanente e que acarretam dificuldades em sua interacção com o
meio fisico e social.

Pessoa Portadora de Necessidades Especias- é a que, por apresentar, em carácter permanente


ou temporário, alguma deficiência fisica, sensorial, cognitiva, múltipla, ou que é portadora de
condutas tipicas ou ainda de altas habilidades, necessita de recursos especiais para superar ou
minimizar suas dificuldades.

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Aluno com necessidades educativas especiais- é aquele que por apresentar dificuldades
maiores que as dos demais alunos no dominio das aprendizagens curriculares correspondentes a
sua idade (seja por causas internas, por dificuldades ou carências do contexto sociofamiliar, seja
pela inadequação metodologica e didáctica, ou por história de insucessos em suas
aprendizagens), necessita para superar ou minimizar tais dificuldades de adaptações para o
acesso fisico (remoção de barreiras arquitetônicas) e/ou de adaptações curriculares significativas,
em várias áreas do currículo.

Modalidades de atendimento educacional- são alternativas de procedimentos didácticos


especificos e adequados as necessidades educativas do alunado da educação especial, e que
implicavam espaços fisicos, recursos humanos e materiais diferenciados. Ex: escola especial,
oficina pedagógica, classe comum, sala de recursos, ensino com professor itinerante, classe
hospitalar, atendimento domiciliar, centro integrado de educação especial.

Potencialidade – predisposição latente no individuo que, a partir de estimulação interna ou


externa, se desenvolve ou se aperfeiçoa, transformando-se em capacidade de produzir.

Incapacidade- impossibilidade temporária ou permanente de executar determinadas tarefas,


como decorrência de deficiências que interferem nas actividades funcionais do individuo.
Também podemos definir como uma limitação de um dado individuo que restringe ou impede a
interação social que é normal para um indivíduo daquela idade.

Desvantagem- um impedimento sofrido por um dado individuo resultante de uma deficiência ou


incapacidade que lhe limita o desempenho de uma actividade normal para ele sem barreiras
impostas pela sociedade.

Correcção- é um acto de retificar ou corrigir uma deficiência ou dificuldade de aprendizagem


com intuito de se tornar normal, através de técnicas e métodos.

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Compensação- é a possibilidade de substituir uma deficiência desenvolvendo uma outra


habilidade, ou para outra intacta.

Inclusão- inserir as crianças portadoras de NEE no sistema regular de ensino, com as ditas
“normais”.

Segregação- é um processo que consiste em separar as crianças deficientes das não deficiêntes.

Exclusão- quando a criança deficiênte não tem acesso ao ensino regular.

Impedimento- é qualquer perda ou anormalidade tempóraria definitiva, e progressiva de


fisiologica e ou anatomica. Pode se encontrar na escrita e oralidade

Reabilitação – conjunto de medidas de natureza médica, social, educativa e profissional para


preparar ou integrar o individuo, com o objectivo de que ele alcance o maior nivel possivel de
sua capacidade ou potencialidade.

Integração- processo dinamico de participação das pessoas num contexto relacional,


legitimando sua interação nos grupos sociais. A integração implica reciprocidade.

Integração escolar- processo gradual e dinamico que pode tomar distintas formas, segundo as
necessidades e habilidades dos alunos. A integração educativa (escolar) se refere ao processo de
educar-ensinar juntos a crianças com e sem necessidades especiais, durante uma parte ou na
totalidade do tempo de sua permanência.

Normalização – principio que representa a base filosófica ideológica da integração. Não se trata
de normalizar as pessoas, mas de normalizar o contexto em que se desenvolvem, ou seja,
oferecer aos portadores de necessidades especiais modos e condições de vida diária oa mais
parecidos possivel às formas e condições de vida do resto da sociedade. Isso implica a adaptação
dos meios e das condições de vida às necessidades dos individuos portadores de deficiências,
condutas tipicas e de altas habilidades.

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Antes considerava-se que a cauasa da dificuldade de um aluno estava apenas dentro dele; hoje
considera-se que a escola tem também parte da culpa, na medida em que não se adapta as
necessidades dessa criança.

O conceito de necessidade educativa especial, tal como o apresenta a nova lei, é um conceito
chave. Considera-se que a criança necessita de educação especial se tiver alguma dificuldade de
aprendizagem que requeira uma medida educativa especial.

O conceito de dificuldade de aprendizagem é relativo surge quando um aluno tem uma


dificuldade de aprendizagem significativamente maior do que a maioria dos alunos da sua idade,
ou sofre de incapacidade que o impede de utilizar ou lhe dificulta o uo das instalações educativas
geralmente utilizadas pelos seus companheiros.

As nessidades educativas especiais são previstas para aqueles alunos que precisam ao longo da
sua escolaridade de diversas ajudas pedagógicas de tipo humano, técnico ou material, com
objectivo de assegurar a consecusão dos fins gerais da educação.

O conceito de necessidades educativas está relacionado com asa ajudas pedagógicas ou serviços
educativos que determinados alunos possam precisar ao longo da sua escolarização para
conseguir o máximo crescimento pessoal e social

Uma escola para todos: a integração escolar

O modelo da escola para todos pressupõe uma mudança de estrutura e de atitudes e a abertura à
comunidade; deve mudar o estilo de trabalho de alguns professores que deverão reconhecer que
cada criança é diferente das outras, tem as suas proprias necessidades específicas e progride de
acordo com as suas possibilidades.

Pressupostos para o êxito da integração

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a) Formação de Professores: devem adquirir novas competências de ensino e treinadas em


técnicas de integração para melhor darem respostas as NEE das crianças. Assim, os
resultados da integração serão eficazes.

b) Preparação do aluno: deve-se preparar a criança as exigências académicas e de conduta


globais da classe regular, isto para que a integração seja bem sucedida.

Treinar para adquirir coerências e aptidões sociais que os ajudam a funcionar com
sucesso na classe regular.

Deve-se ter em conta as relações positivas que se vai desenvolver com os alunos (colegas) ditos
ou considerados “normais”, pois é um factor determinante e fundamental para o êxito da
integração.

Interacção entre educadores: deve-se estimular os professores para união de esforços e para que
haja trocas de experiência com intuito de desenvolver programas de integração que satisfaçam as
necessidades educativas das crianças.

Programas de integração; antes deve-se-à integrar a criança numa classe regular e observa-se
para que seja feita posteriormente um programa eficaz e depois determina-se à um ambiente
educacional apropriado.

Tecnologias de informação e comunicação;

A ESCOLA ACTUAL NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO

Adaptações curriculares para crianças com necessidades educativas especiais

São muitos autores que escreveram sobre esta temática entre eles, César Coll, Gimeneo
Sacristan, J. Kemmmis e outros. Nesta perspectiva a nossa reflexão está virada a pensar numa

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adaptação curricular para crianças portadora de deficiências nas condições do projecto da


UNESCO “Escolas Inclusivas”. Etimologicamente entende-se por currículo “ uma carreira ou
curso”. O conceito curriculo vitae, é a carreira da vida.

Do ponto de vista da pedagogia se denomina curriculo ao conjunto de estudos e práticas


destinadas a que o aluno desenvolva plenamente suas capacidades.

O curriculo é a expressão e a concretização do plano cultural que uma instituição escolar faz para
dentro de determinadas condições que matizam este projecto.

Adaptações curriculares: são modificações que se realizam em objectivos, conteúdos, critérios,


procedimentos da avaliação e metodologias para atender as diferenças individuais dos alunos.

 Nas adaptações curriculares deve se ter em conta.

 Proporcionar maior participação dos alunos com necessidades educativas especiais no


curriculo ordinário.

 Tornar possivel que os alunos nestas condições alcancem os objectivos de cada etapa
educativa através de um curriculo adequado às suas necessidades específicas.

 Resposta educativa aos alunos com necessidades educativas especiais.

Tendo em conta o curriculo oficial a escola, faz uma análise correspondente à sua realidade e às
condições próprias do meio em que se encontra situada. Posteriormente a mesma análise se faz
em diferentes etapas ou ciclos e para cada classe.

 Adaptações de acesso ao curriculo e adaptações curriculares

A resposta as necessidades educativas especiais, não se deve buscar fora do curriculo ordinário,
senão a partir de ajustes que se fazem a este curriculo permite corrigir ou compensar as
dificuldades na aprendizagem dos alunos, por outro lado logram que as instituições ordinárias

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estejam em disposição de proporcionar esta ajada, para que não seja necessário segregar estes
alunos.

Adaptações de acesso ao curriculo: são modificações ou previsões de recursos especiais,


materiais ou de comunicação que vão facilitar que alguns alunos com necessidades educativas
especiais, possam estar vinculados ao curriculo ordinário ou ao curriculo adaptado.

Adaptações curriculares: modificações que se realizam desde a programação de objectivos,


conteúdos, metodologias, critérios, procedimentos de ensino e de avaliação para às diferenças
individuais, que podem ser significativas e não significativas.

Significativas: modificações que se realizam em diferentes elementos de programação que


implicam a eliminação de alguns conteúdos básicos do curriculo ordinário.

Não significativas: modificações que se realizam em diferentes elementos da programação


desenhadas para todos alunos de uma aula ou de um ciclo para responder às diferenças
individuais, mas que não afectam os conteúdos básicos do curriculo oficial. Podem ser aplicadas
a qualquer aluno, independentemente de ser ou não portador de deficiência.

Exemplo, se está previsto no programa de Geografia da 6ª classe dar 20 rios de Moçambique


para alunos nestas condições apenas dou 10 rios mais importantes e aqueles que estão na área
onde o aluno vive.

 Critérios para as adaptações curriculares

Partir sempre de uma análise detalhada e profunda do aluno através de um diagnóstico exaustivo
e da análise do contexto em que se vai levar a cabo o processo de ensino-aprendizagem.

1. Partir do curriculo oficial.

2. Fazer com que as adaptações curriculares afastem o aluno das exigências comuns, a observar:

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a) Adaptações de acesso ao curriculo;

b) Adaptações de como ensinar e avaliar;

c) Adaptações de quando ensinar e avaliar, combinado os critérios da realidade e de êxito.

Estilos de aprendizagem, aspectos a ter em conta.

 Condições fisico-ambientais;

 Respostas e preferência dos alunos;

 Necessidades educativas e potencialidades;

 Nivel de concentração;

 Disposição de enfrentar uma responsabilidade;

 Estado de ânimo;

 Estratégias que utiliza para resolver problemas;

 Satisfação ou não pelo trabalho que realiza.

Possiveis decisões em função de alunos com Necessidades Educativas Especiais

Como ensinar (estratégias)?

 Introduzir e utilizar na prática quotidiano o sistema de comunicação para os alunos com


necesidades educativas especiais;

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 Seleccionar para todas as aulas as técnicas e estratégias que sendo especialmente


benéficas para alunos com necessidades educativas especiais, sejam úteis também para
todos;

 Potenciar o uso de técnicas e estratégias favoráveis à experiência directa, reflexão e à


expressão;

 Ter em conta na apresentação dos conteúdos aqueles canais de informação que sejam
mais adequados para os alunos;

 Utilizar estratégias para centrar a atenção da turma;

 Estabalecer momentos de troca de opiniões e de experiências entre os alunos sobre a


matéria a leccionar;

 Oferecer aos alunos com necessidades educativas especiais, uma explicação mais clara
sobre as caracteristicas das actividades a realizar.

Grupo

 Combinar grupos heterogéneos com outros de carácter mais homogéneo;

 Aproveitar as actividades do grupo para melhorar o clima e a relação entre os alunos;

 Utilizar os grupos mais espontâneos para melhorar as relações entre os mesmos.

Matérias

 Seleccionar matérias que podem ser utilizadas para todos os alunos;

 Adaptar as matérias do programa oficial;

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 Situar as matérias de forma que favoreçam a aprendizagem dos alunos;

 Informar aos alunos o material que existe na sala de aula, incluindo o específico para os
alunos com necessidades educativas especiais, e a sua utilidade

Espaços e tempo

 Descobrir adequadamente o espaço para compensar as dificuldades de determinados


alunos;

 Reduzir o ruído na sala de aula;

 Assegurar uma iluminação adequada;

 Fazer um horário de aulas tendo em conta os momentos de apoio que os alunos


necessitam em termos de níveis de ajuda;

 Reduzir a quantidade de alunos por turma

Como avaliar?

 Utilizar diversos instrumentos e procedimentos para avaliar, partindo sempre da


potencialidade dos alunos;

 Elaborar as provas e instrumentos adequados à realidade dos alunos.

Docente: Miguel Reis 23

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