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Síndrome Alcoólica Fetal

Escola Profissional Agrícola Conde de S. Bento


2013/2014
A epidemiologia dos problemas relacionados com o
álcool, em Portugal, apresenta resultados assustadores.
 Mortalidade ligada ao álcool (4ª causa de morte no nosso país);

 10.3% da população portuguesa com mais de 15 anos é doente alcoólica (800.000) e


13.7% bebem em excesso (1.000.000);
 60% dos jovens de ambos os sexos (12 aos 16 anos) e mais de 70% (mais de 16
anos) consomem regularmente bebidas alcoólicas (cerveja, espirituosas com
refrigerantes e misturas com alto teor alcoólico);
 30% dos internamentos em Hospitais Psiquiátricos são doentes alcoólicos e 37%;

 40% dos homens e 10% das mulheres internados está relacionado com o consumo
excessivo de álcool;
 33% das mortes por acidentes de viação e 34% das mortes por acidentes de trabalho
revelaram alcoolémia positiva;
 Relação evidente entre o álcool e doenças mortais como cirroses hepáticas,
neoplasias das vias respiratórias, do aparelho digestivo superior, colo-rectais, fígado,
hipertensão arterial, pancreatite crónica, AVC hemorrágicos;
 98% dos doentes alcoólicos referem conflitos familiares, 76% perturbações laborais,
69% complicações sociais dos quais 16,5% são problemas do foro jurídico-criminal;
 Criminalidade associada é exponencialmente mais elevada sob efeito de álcool a
nível de condução, crimes sexuais e ofensas corporais.
Plano de Ação Contra o Alcoolismo, 2000

“Portugal, para além de figurar como um dos


maiores consumidores de bebidas alcoólicas, vem
apresentando alterações recentes dos respetivos
padrões, não menos preocupantes por se
configurarem em dois grupos populacionais de
particular vulnerabilidade e de tradicional baixo
consumo - os jovens e o sexo feminino.”
Augusto Pinto, da Unidade de Alcoologia de Coimbra do
Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT)

80% dos jovens com 15 anos consomem bebidas

alcoólicas.
O consumo por parte do sexo feminino, poderá

trazer em curto prazo doença hepática alcoólica.


“Enquanto a doença atinge os homens ao fim de 10
ou 20 anos de consumo excessivo, para as
mulheres bastam 5”
Síndrome Alcoólica Fetal (SAF):

Conjunto de deficiências de desenvolvimento que


podem ser mais ou menos severas e manifesta-se
por disfunções físicas, mentais, psicológicas,
comportamentais e de aprendizagem (Lessa, 1995,
2000).
Características da criança com SAF:
Baixo peso
Lábio superior fino e longo
Testa baixa e estreita
Microcefalia
Hipotonia
Restrição de crescimento
Oscilações de humor (irritabilidade)
Classificação clínica de SAF:
De acordo com Lima (2008), a SAF abarca três
formas básicas :

SAF Leve

SAF Moderada

SAF Grave
SAF Leve
(Manifestações Clínicas e Alterações)
Ausência ou presença discreta de características morfológicas (aparência
sem alterações), que desaparecem com o desenvolvimento orgânico;
Funções neurocognitivas com défices discretos e/ou que surgem no
período escolar: défice de atenção, hiperactividade;
Distúrbios de comportamento mais evidentes na fase escolar e na
adolescência (agitação agressividade ou comportamento passivo, conduta
anti-social, dificuldade de relacionamento pessoal e de grupo, imaturidade);
Maior vulnerabilidade para o uso de álcool e de outras drogas;

QI: Levemente abaixo do normal com dificuldades no rendimento escolar


ou dentro dos limites de normalidade.
SAF Moderada
(Manifestações Clínicas e Alterações)

Microcefalias;
Dismorfias craniofaciais (fácies típica);
Baixa estatura e baixo peso ao nascer;
Atraso mental/défice neurocognitivo;
Distúrbios comportamentais;
Malformações congénitas de outros órgãos
(coração, rins, ossos, articulações, etc.).
SAF Grave
(Manifestações Clínicas e Alterações)

Aborto (feto inviável);

Morte Pré-natal.
SAF: anomalias a nível físico
 Baixa estatura;
 Parte medial da face com dimensões inferiores ao normal;
 Problemas cardíacos;
 Lesões cerebrais;
 Atraso no desenvolvimento da dentição;
 Irregularidades nas articulações e nos membros;
 Problemas auditivos;
 Deficiência mental;
 Disfunções de motricidade fina;
 Convulsões;
 Problemas de visão.
SAF: dificuldades a nível comportamental
Hiperactividade;
Dificuldades no âmbito da memorização a curto e a
longo prazo;
Dificuldades de aprendizagem;
Nervosismo extremo;
Impulsividade;
Incapacidade em compreender resultados de
comportamentos;
Dificuldade em interiorizar regras;
Progressos académicos lentos.
Microcefalia
Características faciais
No período neonatal poderá surgir a Síndrome de Abstinência,
com características idênticas a outras situações de privação vividas
pelo recém-nascido (cocaína, heroína, …) para além do álcool.
Estes sintomas de Abstinência diferem na intensidade, gravidade,
início e duração.
Sinais e Sintomas
 Neurológicos: Agitação, tremores, alterações do sono, convulsões,
irritabilidade, hipertonicidade, hiperactividade, clonus (contrações
musculares involuntárias).
 Gastrointestinais: Alterações da sucção, vómitos, diarreia, distensão
abdominal.
 Respiratórios: Movimentos respiratórios rápidos, depressão,
dificuldade respiratória.
 Atónomos (características fora do normal): Choro de alta tonalidade,
espasmos frequentes, sudoreso, febre, alterações cutâneas, bocejos
excessivos, rinorreia (corrimento excessivo de muco nasal).
Na maioria das crianças com SAF, as deformações faciais
desaparecem com o crescimento e a hiperatividade muitas
vezes diminui. Mas a deficiência mental acompanha-as para
toda a vida. Conseguir ser independente, aprender uma
profissão depende da gravidade dos danos que sofreram
inocentemente devido à ingestão de álcool por parte da mãe.
Gestação e álcool são incompatíveis. Não existe uma dose
recomendável no consumo de álcool, pois cada organismo
reage de forma diferente. A mulher que deseja ter um filho
deve abster-se do álcool antes e durante a gravidez.
CONCLUSÃO

O abuso do álcool por parte da mulher grávida é a causa mais frequente


de deficiência mental no mundo ocidental (Clarren & Smith, 1978 in
Lessa,1995/2000).
A SAF caracteriza-se por um conjunto de deficiências de desenvolvimento
mais ou menos severas e manifesta-se por disfunções físicas, mentais,
psicológicas, comportamentais e de aprendizagem. Os problemas
intelectuais das crianças com SAF tendem a sofrer um agravamento a partir
da segunda infância (Nanson, 1990).
A escola deve definir estratégias e metodologias de forma a minimizar as
dificuldades da criança com SAF.
A solução: O meio familiar e social que envolve a mulher desde tenra
idade, pode potenciar o uso e abuso do álcool ou torná-la responsável e
cuidadosa durante toda a sua vida. Assim, a educação é a melhor solução.
BIBLIOGRAFIA
Clarren S.K. e Smith D.W. (1978). The Fetal Alcohol Syndrome. The New
England Journal of Medicine
Lessa, L. (1995/2000). Síndroma Fetal Alcoólico – do diagnóstico às estratégias
preventivas. Pesquisado a 10 de Fevereiro de 2010 em
http://www.cran.min-saude.pt
Lima, J. M. B. (2008). Álcool e Gravidez - Síndrome Alcoólica Fetal - SAF: Tabaco
e outras drogas. Rio de Janeiro: Medbook Editora Científica.
Mariano, S. (1994). Álcool e gravidez. Boletim do Centro Regional do Centro de
Alcoologia do Porto, Ano 3, nº 11
Nanson, J (1990). The challenge of Fetal Alcohol Syndrom. University of
Washington Press, 1997Ann Pytkowicz Streissguth, Jonathan Kanter
Pinho, Pinto & Monteiro (2006). Síndrome Fetal Alcoólico: a perspetiva do
psicólogo. Psicologia, Saúde & Doenças, VII, 271-285.
Resolução do Conselho de Ministros nº 166/2000 de 29 de Novembro – Plano de
Ação Contra o Alcoolismo

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