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O álcool das bebidas, também chamado etanol ou álcool etílico, é uma substância
que pode trazer grandes malefícios a vários órgãos do nosso corpo, principalmente
ao fígado, pâncreas, coração e cérebro. Nos EUA, os gastos do sistema de saúde e
as perdas de produtividades devido a doenças relacionadas ao álcool ultrapassam os
180 bilhões de dólares por ano.
Apesar de ser uma droga lícita, amplamente vendida e aceita socialmente, o consumo
excessivo e prolongado dessa substância pode trazer sérios riscos à saúde,
inclusive dependência alcoólica, que deve ser tratada por profissionais especializados a
fim de evitar a piora dos sintomas e o desenvolvimento de problemas físicos,
psicológicos e sociais mais graves.
A bebida alcoólica age de maneiras diferentes em cada pessoa devido a vários fatores,
tais como a quantidade consumida, a frequência de uso, a idade, o sexo, o histórico
familiar e as condições de saúde física e psíquica do usuário.
Alguns efeitos do álcool no organismo são mais comuns e aparecem logo após os
primeiros goles, outros são cumulativos e demoram a se manifestar.
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1.1 Os efeitos do álcool na saúde
1. Alterações cerebrais
O álcool é um depressor do sistema nervoso central, ou seja, uma substância que
diminui a atividade do cérebro, alterando a ação de neurotransmissores, como o ácido
gama-aminobutírico, o glutamato e a serotonina. Conforme a pessoa ingere a bebida, o
organismo reage de uma determinada forma, seguindo alguns estágios.
2. Lesões hepáticas
Um órgão bastante afetado pela ingestão de bebidas alcoólicas é o fígado, responsável
pelo metabolismo dessas substâncias. Há evidências de que o consumo imoderado de
bebidas alcoólicas pode causar esteatose hepática, conhecida também como fígado
gorduroso. Essa doença é causada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado,
podendo regredir ou ficar estável conforme os anos passam, ou evoluir para a hepatite
alcoólica, uma inflamação cujos sintomas são dor abdominal, inchaço da barriga, pele e
olhos amarelados, náusea, vômito, perda de apetite, entre outros.
O abuso da ingestão de bebidas alcoólicas também pode ser responsável pela cirrose
hepática, uma lesão crônica que se caracteriza pela formação de cicatrizes (fibrose) e
formação de nódulos que bloqueiam a circulação do sangue. Em muitos casos, há a
necessidade de transplante do órgão.
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3. Irritação do estômago
Fora os conhecidos sintomas de enjoo, náusea e vômito, o álcool pode causar irritações,
infecções ou erosões na mucosa gástrica, resultando em uma gastrite aguda. Isso
acontece porque a bebida chega primeiro ao aparelho gastrointestinal, aumentando a
secreção de ácido clorídrico. O resultado são dores abdominais, queimação, azia, perda
de apetite e vômito recorrente.
4. Disfunção renal
Os rins são responsáveis pela filtragem do sangue, eliminação de resíduos nocivos ao
organismo, regulação do equilíbrio ácido/básico, manutenção do volume de água no
corpo, produção de hormônios, entre outras funções importantes.
5. Inflamação do pâncreas
Quem consome muita bebida alcoólica pode desenvolver pancreatite crônica, uma
inflamação do pâncreas que provoca endurecimento e redução do tamanho do órgão. As
consequências são forte dor na região abdominal, diarreia com fezes gordurosas —
devido à menor produção de lipase, enzima responsável pela digestão de gorduras —,
perda de peso e diabetes. Essa última decorre das alterações que o álcool pode causar no
funcionamento do pâncreas, como a diminuição da produção de insulina ou a
incapacidade do órgão de produzir esse hormônio.
6. Problemas cardíacos
Há estudos que mostram que a ingestão de álcool em doses moderadas pode trazer
benefícios à saúde por melhorar a circulação sanguínea e proteger o sistema
cardiovascular. O vinho tinto, por exemplo, é rico em flavonoides e resveratrol, uma
substância antioxidante encontrada na pele e nas semente das uvas que impede a
formação de coágulos de sangue, tem ação anti-inflamatória, neutraliza os radicais
livres e reduz o colesterol ruim.
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a cardiomiopatia alcoólica — uma alteração na função contrátil do músculo do
coração;
a arritmia — caracterizada pela desregulação do ritmo dos batimentos cardíacos;
o acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC hemorrágico) — causado pelo
sangramento de uma artéria;
a hipertensão arterial — conhecida popularmente como pressão alta.
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agente potencializador de violência, com capacidade de alterar a tomada de decisões e a
percepção da realidade.
Desorientação na rua
O álcool pode provocar confusão mental, o que torna a pessoa incapaz de pensar com
clareza e agilidade. Nesse sentido, a desorientação acaba se tornando comum e, muitas
vezes, o alcoólatra pode sentir dificuldades em voltar para casa, dada a sua embriaguez.
Acidentes de trânsito
São frequentes as notícias relacionadas a acidentes de trânsito com vítimas fatais que
envolvem o uso de álcool. Mesmo cientes do perigo, muitos motoristas acabam sendo
imprudentes ao dirigir após beber, colocando em risco a si e ao próximo.
Além de ser a primeira causa evitável de doenças, o álcool traz relevantes problemas
sociais, causando prejuízo nas funções laborativas, além de gastos com emergências
clínicas e psiquiátricas decorrentes do seu uso. Essa característica está intimamente
ligada ao fato de o álcool ser culturalmente aceito em diversas sociedades e de ser uma
droga lícita, afirmam pesquisadores do Programa de Orientação e Atendimento a
Dependentes (Proad). De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS),
estima-se uma perda de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em decorrência
de problemas relacionados ao álcool, ou seja, cerca de R$ 372 bilhões em 2014.
Incluem-se, entre outros prejuízos para a economia, os gastos do Sistema Único de
Saúde (SUS) com o tratamento de doenças associadas ao uso de álcool e às perdas da
capacidade de trabalho em decorrência de acidentes de trânsito provocados por
motoristas bêbados, desemprego e afastamento do trabalho custeado pela Previdência
Social.
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A dependência de álcool é um dos quatro principais problemas relacionados ao trabalho.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 47 milhões de anos de vida
são perdidos por incapacitação atribuídos ao seu consumo. O número anual de mortes
diretamente relacionadas à substância, em todo o mundo, é de 774 mil pessoas, além de
sua associação com acidentes automobilísticos, episódios de violência e agressão,
atividade sexual não planejada e conflitos com a lei.
O uso do álcool está presente na nossa estrutura social, estando relacionado a momentos
festivos e religiosos e, nos tempos atuais, estimulado por interesses econômicos. É a
substância psicoativa lícita mais consumida no mundo e também uma das mais
prejudicais à saúde pública, tanto em termos de morbidade como mortalidade. Das
mortes atribuídas ao álcool, quase metade deve-se a acidentes (como afogamentos,
queimaduras, intoxicações e quedas) ou a atos deliberados de violência contra si mesmo
ou outros. Segundo o Relatório Global sobre Álcool e Saúde de 2014 da OMS, o álcool
é consumido praticamente em todo o mundo.
O uso nocivo de álcool destaca-se entre os fatores de risco de maior impacto para a
morbidade, mortalidade e incapacidades em todo o mundo, estando associado a quase
6% de todas as mortes. Além disso, 22% dessas doenças e incapacidades estão
relacionadas a violências interpessoais.
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Conclusão
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Bibliografia
Saúde; 2004.
2013.
RAMOS, S. P.; BERTOLOTE, J. M.. Alcoolismo hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, p.
131-138, 1997.