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ALCOOLISMO EM IDOSOS
SILVANA DE ARAÚJO SILVA
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
revisar a terminologia utilizada em alcoolismo;
avaliar a epidemiologia do alcoolismo na terceira idade;
identificar as particularidades do diagnóstico do alcoolismo no idoso;
listar as complicações do alcoolismo no idoso;
sistematizar o atendimento ao paciente idoso com história de alcoolismo.
Esquema conceitual
Introdução
O alcoolismo no idoso é uma condição de grande relevância em função de sua alta
prevalência (ainda que menor do que na fase adulta), do subdiagnóstico e das graves
complicações, afetando a saúde física, psíquica, familiar e social do idoso.
Os desafios presentes no envelhecimento estão bastante implicados no gatilho ou na
intensificação do hábito de beber: solidão, isolamento social, perdas como viuvez,
aposentadoria, dificuldade financeira e frustrações durante todo seu ciclo de vida são
situações comuns que contribuem para o alcoolismo.
As mudanças fisiológicas do próprio processo de envelhecimento aumentam a
sensibilidade do idoso ao álcool, em função da menor reserva hídrica e maior tendência
à desidratação, da redução da massa muscular corporal, da alteração da capacidade de
metabolização hepática e da função renal. Com isso, a interação droga-medicamento
deve ser sempre lembrada, podendo o álcool potencializar o efeito de outras substâncias
em uso pelo paciente.
O diagnóstico do alcoolismo é, com frequência, bastante complexo, começando pela
dificuldade do próprio idoso e dos familiares em reconhecer o problema e procurar
ajuda e em função da atribuição errônea de seus sintomas ao estigma de “serem normais
da idade” ou devido a outras comorbidades presentes.
São frequentes consequências como a incoordenação motora, levando a quedas e
traumatismo — sendo os mais prevalentes, inclusive em unidades de emergência, o
traumatismo craniencefálico e as fraturas,1 além de suicídio, homicídio, déficit
cognitivo, piora do controle ou surgimento de comorbidades como diabetes, hipertensão
arterial sistêmica (HAS), insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, neoplasias,
osteoporose e transtornos do humor.2
Para que o tratamento seja adequadamente proposto ao paciente, de forma
individualizada e interdisciplinar, o rastreamento do alcoolismo durante a anamnese se
torna ponto crucial. Dependendo do padrão e da extensão do uso da substância, os
pacientes idosos podem requerer desde intervenções breves e menos intensivas até
internações prolongadas para sua maior segurança, enfatizando abordagens não
confrontacionais.3
Terminologia
O Quadro 1 apresenta alguns termos utilizados na descrição do alcoolismo.
Quadro 1
TERMOS UTILIZADOS NA DESCRIÇÃO DO ALCOOLISMO
Uso de quantidade de álcool que coloca o indivíduo
sob risco de consequências à saúde.
Por definição, esse uso não é tão grave a ponto de
preencher critérios do DSM-5, porém, se o paciente
mantiver o uso, no futuro, preencherá.
O número e o tamanho das doses variam
internacionalmente, sendo definidos como dose-padrão
14g de etanol.
Uso de risco Para se ter ideia dessa quantidade, uma lata de cerveja,
por exemplo, tem 17g de álcool; um copo de chope ou
uma taça de vinho têm 10g.
Para o idoso, é proposto: mais que sete doses-padrão
por semana em média ou mais de três doses-padrão em
algum dia, sendo que quantidades ainda menores de
uso regular de álcool podem resultar em risco,
sobretudo em mulheres.4,5
Uso de risco que pode resultar ou que já resultou em
Uso insalubre do álcool comprometimento da saúde e presença dos critérios do
DSM-5.
Beber rápida (dentro de cerca de duas horas) e
compulsivamente grande quantidade de álcool, de tal
maneira que o nível sérico atinja 0,08g/dL.
Binge ou intoxicação Associa-se com danos agudos, como traumatismo
alcoólica craniencefálico e outras causas externas, assim como
também com risco cardiovascular aumentado.
É uma síndrome reversível.4,6
Necessidade de número de doses cada vez maiores de
Tolerância álcool para obter o efeito desejado.
Termo usado pelo DSM-IV para definir padrão mal-
adaptativo do uso de substâncias, levando a prejuízo ou
Dependência sofrimento clinicamente significativo.
Diz respeito a sintomas psíquicos, físicos e
comportamentais provocados pelo uso do álcool.6
Substituição pelo DSM-5 do termo menos abrangente
Transtornos induzidos de “dependência química” presente no DSM-IV, que se
por uso de substância refere mais a fenômenos farmacológicos, nem sempre
(álcool) presente nesses transtornos.6
Abstinência, síndrome Síndrome específica que ocorre após a interrupção ou
de abstinência ou redução da quantidade de álcool de uso regular durante
síndrome de um período prolongado.
descontinuação
A síndrome se caracteriza por sinais e sintomas
fisiológicos, além de alterações psicológicas, como
perturbações no pensamento, sentimentos e
comportamento.7
Epidemiologia
Quase 50% dos idosos consomem álcool. Entre estes, 14,5% apresentam consumo de
risco. Do ponto de vista de complicações médicas, 53% de idosos etilistas têm algum
prejuízo, segundo a National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES).8
No Brasil, estudos realizados na comunidade também mostraram taxas altas de
alcoolismo em idosos. Castro-Costa e colaboradores, em pesquisa nacional sobre álcool,
que envolveu 400 pessoas com idade superior a 60 anos, encontraram prevalência de
12% de pessoas classificadas como consumo de risco.9
Blay e colaboradores, em estudo que envolveu 6.961 indivíduos com idade superior a
60 anos do Estado do Rio Grande do Sul, observaram que 10,6% apresentavam
problemas com uso de álcool. Hirata e colaboradores, em estudo em que foram
entrevistados 1.563 idosos, de três regiões da cidade de São Paulo, e aplicado o
questionário CAGE, encontraram prevalência de 9,1% de alcoolismo.9
Etiologia
Várias influências genéticas provavelmente se combinam para explicar cerca de 60% da
proporção de risco para alcoolismo, sendo o ambiente responsável pelo restante. Existe
a combinação de uma série de fatores psicológicos, socioculturais e biológicos, entre
outros, por trás do desenvolvimento de problemas graves e repetitivos relacionados ao
álcool.7
Vários fatores de risco têm sido relacionados ao alcoolismo no idoso, como:6,9
sexo masculino;
história prévia de consumo de bebidas alcoólicas;
isolamento social;
antecedente familiar de alcoolismo;
depressão;
ansiedade;
tabagismo;
eventos estressantes psicossociais.
Absorção e excreção
Cerca de 10% do álcool consumido são absorvidos pelo estômago, e o restante, pelo
intestino delgado. Após cair na circulação, é distribuído aos tecidos do corpo, sendo
hidrossolúvel. Cerca de 90% do álcool absorvido são metabolizados por meio de
oxidação no fígado; os 10% restantes são excretados inalterados pelos rins e pulmões.7
O álcool é metabolizado por duas enzimas:7
álcool desidrogenase (ADH), que catalisa sua conversão em acetaldeído (um
composto tóxico);
aldeído desidrogenase, que catalisa a conversão de acetaldeído em ácido acético.
ATIVIDADES
1. A necessidade de doses de álcool cada vez maiores para obter o efeito desejado se
refere
a à tolerância.
b à intoxicação alcóolica.
c ao uso de risco.
d à dependência.
Confira aqui a resposta
2. Qual das alternativas a seguir apresenta com mais precisão a média da prevalência de
alcoolismo no idoso?
a 1%.
b 5%.
c 10%.
d 25%.
Confira aqui a resposta
3. Observe as afirmativas sobre as características da ocorrência de alcoolismo no idoso.
I. Cerca de 90% do álcool absorvido são excretados pelos rins.
II. Fatores genéticos estão implicados na etiologia do alcoolismo no idoso.
III. Fatores ambientais estão implicados na etiologia do alcoolismo no idoso.
IV. Fatores psicológicos, socioculturais e biológicos estão relacionados ao alcoolismo
no idoso.
Quais estão corretas?
a Apenas a I e a II.
b Apenas a I, a II e a III.
c Apenas a I, a III e a IV.
d Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
4. Com relação aos instrumentos validados e utilizados para diagnóstico de alcoolismo
na população idosa, observe as alternativas a seguir.
I. Questionário CAGE.
II. MAST-G.
III. Critérios diagnósticos do DSM-5.
IV. Escala de depressão geriátrica.
Quais estão corretas?
a Apenas a I e a II.
b Apenas a I, a II e a III.
c Apenas a I, a III e a IV.
d Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
Prognóstico
Os alcoolistas idosos de início precoce e que sobreviveram até a idade avançada (dois
terços dos casos) apresentam mais alterações psicopatológicas e de personalidade, mais
deterioração física, bem como maior frequência de problemas legais, sociais e
familiares. O tratamento é mais difícil, e o prognóstico, pior. Baseia-se na questão da
dependência.7,9
Os alcoolistas idosos de início tardio (um terço dos casos) se caracterizam por
apresentar início dos problemas com álcool em resposta a eventos estressantes de vida,
como luto, aposentadoria, separação conjugal, entre outros. São pacientes com história
de vida prévia e personalidade bem adaptada. Apresentam menos problemas com
álcool, menos antecedente familiar de alcoolismo e quadro clínico mais leve.7,9
Interações medicamentosas
Algumas interações entre álcool e alguns fármacos podem levar à morte. A interação
com outros depressores do sistema nervoso central (SNC) — sedativos como
benzodiazepínicos, hipnóticos, opioides ou narcóticos — deprime as áreas sensoriais do
córtex cerebral e pode produzir analgesia, sedação, apatia, entorpecimento e sono, sendo
que doses elevadas podem resultar em falência respiratória e morte.7
Tratamento
Sobre o tratamento do alcoolismo, primeiro deve-se abordar a emergência do paciente,
se houver. Por exemplo, a ideação suicida deve ser abordada com internação
psiquiátrica; as complicações, como encefalopatia hepática, devem ser abordadas com
internações clínicas.
A próxima intervenção consiste no médico persistir em convencer o paciente a
reconhecer as consequências do alcoolismo que já lhe ocorreram e as que estão por vir,
caso o transtorno não seja tratado. Essa fase foca na motivação para o tratamento e a
continuidade da abstinência, que é o principal objetivo.7,16
ATIVIDADES
5. Quanto ao prognóstico do alcoolismo no idoso, analise as alternativas a seguir e
marque V (verdadeiro) ou F (falso).
Os idosos que iniciam quadro de alcoolismo associado a evento estressante de vida têm
melhor prognóstico.
Os alcoolistas idosos de início precoce e que sobreviveram até a idade avançada
apresentam melhor prognóstico que os de início tardio.
O DT não tratado tem mortalidade de 20%.
O bebedor idoso problemático tem risco de mortalidade, em quatro anos, 2,6 vezes
maior do que os indivíduos abstinentes nessa faixa etária.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
aV—F—V—V
bV—V—F—F
cF—V—F—V
dF—F—V—F
Confira aqui a resposta
6. Assinale a alternativa que apresenta o fármaco aprovado pela Food and Drug
Administration (FDA) e mais estudado e seguro em idosos para o tratamento de
alcoolismo.
a Dissulfiram.
b Acamprosato.
c Naltrexona.
d Sertralina.
Confira aqui a resposta
7. Com relação às medicações que podem ser utilizadas no tratamento de todos os casos
de DT, observe as alternativas a seguir.
I. Clordiazepóxido VO.
II. Lorazepam IV.
III. Tiamina.
IV. Antipsicóticos em geral.
Quais estão corretas?
a Apenas a I e a II.
b Apenas a I, a II e a III.
c Apenas a I, a III e a IV.
d Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
O caso clínico a seguir foi adaptado do livro Geriatria: casos clínicos, de Ulisses Gabriel
de Vasconcelos Cunha e Débora Pereira Thomaz.21
Paciente do sexo feminino, de 72 anos, é encaminhada ao ambulatório de geriatria após
queda em escada, resultando em escoriação facial e traumatismo craniencefálico. A
idosa tem história de depressão maior há vários anos. A medicação antidepressiva foi
retirada gradualmente nos dois anos prévios. No último ano, desde a aposentadoria do
marido, ela passou a ingerir bebida alcoólica em quantidades crescentes, até que, nos
últimos dois meses, ingeria uma garrafa de vodka todos os dias.21
As brigas com o companheiro eram constantes, já que ele tentava persuadi-la a limitar
seu consumo alcoólico. Havia relato, por parte do companheiro, de que a paciente tinha
passado a apresentar períodos de agitação e humor deprimido nos três meses que
antecederam o início do abuso alcoólico.21
A paciente apresenta os seguintes problemas médicos prévios:21
depressão maior, sem tratamento;
sem relato de déficit cognitivo;
parcialmente dependente para atividades de vida diária;
HAS sem lesão de órgão-alvo documentada em uso de inibidor da enzima
conversora de angiotensina (enalapril);
hipotireoidismo, em uso de levotiroxina.
O exame físico da paciente mostrou:21
obesa (índice de massa corporal de 35);
sistema nervoso sem déficits neurológicos focais;
miniexame do estado mental de 30/30 (escolaridade menor que oito anos);
critérios para depressão maior pelo DSM-IV;
sistema cardiovascular com ritmo cardíaco regular (RCR);
pressão arterial (PA) de 125x70mmHg;
frequência cardíaca (FC) de 85bpm;
sem quedas posturais;
sistema respiratório com murmúrio vesicular fisiológico sem ruídos adventícios;
frequência respiratória (FR) de 20irpm;
sistema digestivo com abdome sem massas, visceromegalias e/ou sinais de
irritação peritoneal.
Os exames complementares da paciente mostraram:21
rotina básica de sangue (hemoglobina, leucometria, glicemia, colesterol, funções
renal e tireoidiana, íons, vitamina B12, ácido fólico) dentro da normalidade;
bilirrubinas, albumina, coagulograma e ácido úrico normais;
volume corpuscular médio (VCM): 102fL (valores normais [VNs]: 76–99);
plaquetas: 125.000/mm3 (VNs: 150.000–450.000);
transaminase glutâmica-oxaloacética (TGO): 110U/L (VNs: 12–38);
transaminase glutâmica-pirúvica (TGP): 54U/L (VNs: 7–41);
gama-glutamiltransferase (GGT): 112U/L (VNs: 8–41);
fosfatase alcalina (FA): 120U/L (40–150);
triglicerídeos (TGs): 302mg/dL (VN: <150);
urina de rotina: dentro da normalidade;
radiografia de tórax: dentro da normalidade;
ultrassonografia abdominal total: colecistopatia calculosa e esteatose hepática
moderada;
eletrocardiograma: RSR, sem alterações;
tomografia computadorizada (TC) de crânio: hipotrofia cerebral difusa.
ATIVIDADES
8. Com base no caso clínico, elabore uma lista de impressões diagnósticas, utilizando os
critérios do DSM-5 para transtornos mentais.
Confira aqui a resposta
9. Qual conduta poderia ser proposta à paciente do caso clínico em relação ao(s)
transtorno(s) mental(is) levantado(s) na questão anterior?
Confira aqui a resposta
10. Até 30% dos suicídios em idosos estão relacionados ao abuso de álcool. Embora em
menor proporção que no jovem, o alcoolismo é muito prevalente no idoso. Cite os
principais fatores de risco para o alcoolismo no envelhecimento.
Confira aqui a resposta
11. O abuso alcoólico na idade avançada é comumente sub-reportado e ocultado pelo
paciente e pelos familiares, em comparação aos grupos etários mais jovens. Cite as
razões do subdiagnóstico dessa importante condição no idoso.
Confira aqui a resposta
12. Quais são as alterações em exames complementares encontradas no caso clínico que
podem ser atribuídas ao alcoolismo?
Confira aqui a resposta
Conclusão
O alcoolismo no idoso é uma condição bastante prevalente, associada a fatores
peculiares e frequentes ao processo de envelhecimento, relacionada a complicações
graves nas esferas física, psíquica e social. Exige abordagem individualizada e
interdisciplinar, cujo objetivo principal e mais eficaz é alcançar a abstinência, para a
qual tem tratamento adequado com resposta igual ou melhor do que no jovem.
Atividades: Respostas
Atividade 1 // Resposta: A
Comentário: O conceito de necessidade de doses de álcool cada vez maiores para obter
o efeito desejado se refere à tolerância. Intoxicação alcóolica: beber rápida (dentro de
cerca de duas horas) e compulsivamente muita quantidade de álcool, síndrome
reversível. Uso de risco: utilização de quantidade de álcool que coloca o indivíduo sob
risco de consequências à saúde. Dependência: padrão mal-adaptativo do uso de
substâncias, levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo. Diz respeito a
sintomas psíquicos, físicos e comportamentais provocados pelo uso do álcool.
Atividade 2 // Resposta: C
Comentário: Em estudos nacionais e internacionais, a prevalência de alcoolismo no
idoso varia de 9 a 14,5%.
Atividade 3 // Resposta: D
Comentário: Cerca de 10% do álcool consumido são absorvidos pelo estômago, e o
restante, pelo intestino delgado. Após cair na circulação, o álcool é distribuído aos
tecidos do corpo, sendo hidrossolúvel. Cerca de 90% do álcool absorvido são
metabolizados por meio de oxidação no fígado; os 10% restantes são excretados
inalterados pelos rins e pulmões. Provavelmente várias influências genéticas se
combinam para explicar cerca de 60% da proporção de risco para alcoolismo, e o
ambiente é responsável pelo restante. Existe a combinação de uma série de fatores
psicológicos, socioculturais e biológicos, entre outros, por trás do desenvolvimento de
problemas graves e repetitivos relacionados ao álcool.
Atividade 4 // Resposta: B
Comentário: A escala de depressão geriátrica é validada para a população idosa, porém
é utilizada para rastreio de depressão no idoso, e não para alcoolismo. O questionário
CAGE é um dos mais estudados e deve ser aplicado. Outro teste validado é o MAST-G,
que é o único instrumento desenvolvido especificamente para screening de alcoolismo
em idosos. Os critérios do DSM-5, embora não sejam feitos especificamente para o
idoso, são validados e utilizados também no diagnóstico de alcoolismo nessa população.
Atividade 5 // Resposta: A
Comentário: Os alcoolistas idosos de início precoce e que sobreviveram até a idade
avançada (dois terços dos casos) apresentam mais alterações psicopatológicas e de
personalidade, mais deterioração física, bem como maior frequência de problemas
legais, sociais e familiares. O tratamento é mais difícil e o prognóstico pior. Os de início
tardio (um terço dos casos) se caracterizam por apresentarem início dos problemas com
álcool em resposta a eventos estressantes de vida, como luto, aposentadoria, separação
conjugal, entre outros. São pacientes com história de vida prévia e personalidade bem
adaptada. Apresentam menos problemas com álcool, menos antecedente familiar de
alcoolismo e quadro clínico mais leve. O tratamento consiste em abordar as questões
psicossociais do envelhecimento. O prognóstico, com isso, é melhor.
Atividade 6 // Resposta: C
Comentário: Quanto ao tratamento medicamentoso, poucos estudos foram realizados em
idosos. A medicação mais segura e mais estudada para o tratamento do alcoolismo no
idoso é a naltrexona. O dissulfiram não está recomendado pelo alto potencial de
complicações, e o acamprosato é promissor em idosos, mas ainda há poucos estudos.
Esses três fármacos são os aprovados pela FDA para tratamento de alcoolismo no idoso.
A sertralina não está aprovada para essa finalidade.
Atividade 7 // Resposta: B
Comentário: Os antipsicóticos não estão sempre indicados, apenas se estritamente
necessário, sendo a escolha o haloperidol. Assim que o DT surge, 50 a 100mg de
clordiazepóxido devem ser ministrados a cada quatro horas VO, ou o lorazepam deve
ser administrado IV caso a medicação oral não seja possível. Apenas se necessário, os
antipsicóticos (haloperidol) podem ser associados.
Atividade 8
Resposta: As impressões diagnósticas para o caso clínico são:
transtorno induzido pelo álcool (uso de álcool por 1 ano, quantidades crescentes,
por tempo mais prolongado, recorrente, a despeito de perigo físico);
depressão maior (diagnóstico prévio);
possível síndrome metabólica, pois estão presentes três critérios no caso: HAS +
possível obesidade central em função da obesidade grau 2 (moderada), embora
não haja a medida da circunferência abdominal descrita no caso) +
hipertrigliceridemia;
hipotireoidismo (diagnóstico prévio).
Atividade 9
Resposta: O tratamento, após a avaliação completa da paciente do caso clínico, teria
como principal objetivo a abstinência. A desintoxicação alcoólica ocorreria com
internação hospitalar ou seguimento em ambulatório. O tratamento inclui psicoterapia
individual, grupos de apoio, como AA, e suporte familiar. Caso a abstinência não seja
uma meta possível, recomenda-se limitar os danos potenciais, não prescrevendo
fármacos desnecessários, encorajar boa dieta, prescrever complexos vitamínicos, mudar
o estilo de vida e combater o isolamento social. Deve-se reiniciar antidepressivo para
tratar a depressão maior.
Atividade 10
Resposta: Presença de eventos estressantes de vida, como aposentadoria, depressão,
luto, isolamento social, enfermidade recente, distúrbio paranoide, baixo nível de
escolaridade e sexo masculino são considerados fatores de risco para o alcoolismo no
idoso.
Atividade 11
Resposta: São consideradas razões para o subdiagnóstico do alcoolismo no idoso:
fatores relacionados ao paciente — vergonha, medo, déficit cognitivo, estilo de
vida e isolamento, sendo que os pacientes comumente não relatam seu consumo
de forma espontânea;
fatores relacionados ao médico — a falsa impressão de que o alcoolismo é um
problema apenas de jovens, o que leva ao subdiagnóstico;
apresentação da doença — o alcoolismo pode ocasionar sinais e sintomas
inespecíficos, que podem mimetizar manifestações de outras doenças comuns na
terceira idade, como acidente vascular cerebral, demência, depressão, ansiedade
e insônia.
Atividade 12
Resposta: Os níveis de gama-glutamil transpeptidase são elevados em cerca de 80% dos
indivíduos com transtornos relacionados ao álcool, e o VCM é elevado em cerca de
60%, mais em mulheres do que em homens. Outros valores de testes laboratoriais que
podem ter resultados elevados em associação ao abuso de álcool são os de ácido úrico,
triglicerídeos, aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT).
Trombocitopenia é outro achado. A paciente apresenta esteatose hepática moderada à
ultrassonografia abdominal e hipotrofia cerebral difusa à TC de crânio, alterações que
também podem ser atribuídas ao alcoolismo.