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TDAH (TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM

HIPERATIVIDADE)

TDAH é um distúrbio que afeta de 3% a 5% das crianças em idade


escolar e sua prevalência é maior entre os meninos. Dificuldade para
manter o foco nas atividades propostas e agitação motora
caracterizam a síndrome.

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é


um distúrbio neurobiológico crônico que se caracteriza por
desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esses sinais devem
obrigatoriamente manifestar-se na infância, mas podem perdurar por
toda a vida se não forem devidamente reconhecidos e tratados.

O distúrbio afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar e sua


prevalência é maior entre os meninos. A dificuldade para manter o
foco nas atividades propostas e a agitação motora que caracterizam o
transtorno podem prejudicar o aproveitamento escolar e ser
responsável por rótulos depreciativos que não correspondem ao
potencial psicopedagógico dessas crianças.

TDAH não é uma condição nova. O transtorno foi descrito em meados


do século 19 e sua frequência é igual em todo o mundo. De acordo
com o DSM.IV, o manual de classificação das doenças mentais, ele
pode ser classificado em três tipos:

 TDAH com predomínio de sintomas de desatenção;


 TDAH com predomínio de sintomas de
hiperatividade/impulsividade;
 TDAH combinado.

Em todas as faixas etárias, pessoas com o transtorno estão sujeitas a


desenvolver comorbidades, ou seja, desenvolver simultaneamente
distúrbios psiquiátricos, como ansiedade e depressão. Na
adolescência, o risco maior está no uso abusivo do álcool e de outras
drogas.
Causas de TDAH

Estudos apontam a predisposição genética e a ocorrência de alterações


nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina), que estabelecem
as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro, como as
principais causas do transtorno do déficit de atenção. Algumas
pesquisas indicam que fatores ambientais e neurológicos podem estar
envolvidos, mas ainda não há consenso sobre o assunto.

Sintomas de TDAH

Desatenção, hiperatividade e comportamento impulsivo são sintomas


do TDAH com reflexos negativos no convívio social e familiar, assim
como no desempenho escolar ou profissional das pessoas que têm o
transtorno. Esses sintomas podem manifestar-se em diferentes graus
de comprometimento e intensidade.

Quando predomina a desatenção, os pacientes apresentam dificuldade


maior de concentração, de organizar atividades, de seguir instruções, e
podem saltar de uma tarefa inacabada para outra, sem nunca terminar
aquilo que começaram. São pessoas que se distraem com facilidade e
frequentemente esquecem o que tinham para fazer ou onde colocaram
seus pertences. Não conseguem também prestar atenção em detalhes,
demoram para iniciar as tarefas e cometem erros por absoluto
descuido e distração, o que pode prejudicar o processo de
aprendizagem e a atuação profissional.

Nos casos em que prevalece a hiperatividade, os pacientes são


inquietos, agitados e falam muito. Dificilmente conseguem participar
de atividades sedentárias e manter silêncio durante as brincadeiras ou
realização dos trabalhos. Se é a impulsividade que se destaca, os sinais
mais marcantes são a impaciência, o agir sem pensar, a dificuldade
para ouvir as perguntas até o fim, a precipitação para falar e a
intromissão nos assuntos, conversas e atividades alheias.

Na adolescência e na fase adulta, os sintomas de hiperatividade


costumam ser menos evidentes, mas as outras dificuldades
permanecem inalteradas e os prejuízos se acumulam no dia a dia com
reflexos negativos sobre a autoestima.
Diagnóstico do TDAH

Para efeito de diagnóstico, que é sempre clínico, os sintomas devem


manifestar-se na infância, antes dos sete anos, pelo menos em dois
ambientes diferentes (casa, escola, lazer, etc.) durante seis meses, no
mínimo. Os sintomas também devem ser responsáveis por desajustes e
alterações comportamentais que dificultam o relacionamento e a
performance dos pacientes nas mais diversas situações.

Via de regra, o problema fica claro nos primeiros anos de escola,


apesar de estar presente desde o nascimento, e o diagnóstico deve ser
feito por especialistas com base nos critérios estabelecidos pelo
DSM.IV. Avaliações precipitadas podem dar origem a falsos
diagnósticos que demandam a indicação desnecessária de
medicamentos.

Tratamento do TDAH

O tratamento varia de acordo a existência ou não de comorbidades ou


de outras doenças associadas. Basicamente, consiste
em psicoterapia e na prescrição de metilfenidato (ritalina), um
medicamento psicoestimulante, e de antidepressivos. Crianças podem
exigir os cuidados de equipe multidisciplinar em função dos
desajustes pedagógicos e comportamentais associados ao TDAH.

Em geral, os efeitos benéficos da medicação aparecem em poucas


semanas e as reações adversas – insônia, falta de apetite, dores
abdominais e cefaleia – são leves e ocorrem no início do tratamento,
enquanto o organismo não desenvolveu tolerância a essas drogas.

Recomendações para lidar com o TDAH

É importante admitir que:

 As falhas de atenção e a hiperatividade de algumas crianças


podem não ser características do temperamento e personalidade,
mas sintomas de um transtorno que pode ser controlado;
 Não é má vontade: as pessoas com o transtorno realmente têm
enorme dificuldade para organizar as atividades do dia a dia,
manter horários e planejar o futuro;
 A necessidade de desenvolver algumas técnicas para compensar
as dificuldades próprias do TDAH (uso de agenda, lugar fixo
para guardar os objetos, lembretes colocados em posições
estratégicas e em quadros de avisos, lista de tarefas e dos
compromissos diários e semanais) exige muito esforço e
disciplina;
 Pais e professores devem manter-se informados sobre as
características do distúrbio e intervenções que podem ajudar os
pacientes a superar suas limitações;
 A psicoterapia pode representar um caminho eficaz para a
recuperação da autoestima, quase sempre comprometida pelos
sentimentos de fracasso e frustração provenientes das
dificuldades de lidar com situações rotineiras.
VISÃO EDUCAÇÃO PARA O PACIENTE

 Sinais e sintomas
 Diagnóstico
 Prognóstico
 Tratamento
 Pontos-chave
 Informações adicionais

Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma


síndrome de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Há 3
tipos de TDAH, os que são predominantemente desatentos,
hiperativo/impulsivos e combinados. Os critérios clínicos dão o
diagnóstico. O tratamento inclui medicação com estimulantes,
terapia comportamental e intervenções educacionais.

Distúrbio de deficit de atenção/hiperatividade é considerado um


distúrbio de neurodesenvolvimento. Distúrbios de
neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem
precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e
prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social,
acadêmico e/ou profissional. Normalmente envolvem dificuldades na
aquisição, retenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de
informações específicas. Transtornos no desenvolvimento
neurológico podem envolver disfunções em um ou mais dos
seguintes: atenção, memória, percepção, linguagem, resolução de
problemas ou interação social. Outros distúrbios de
neurodesenvolvimento comuns incluem distúrbios do espectro do
autismo, distúrbios de aprendizagem (p. ex., dislexia) e deficiência
intelectual.
Alguns especialistas anteriormente consideravam o transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) um transtorno
comportamental, provavelmente porque as crianças costumam
apresentar comportamento negligente, impulsivo e excessivamente
ativo, e porque transtornos comportamentais comórbidos,
particularmente o transtorno opositivo-desafiador e o transtorno de
conduta, são comuns. Entretanto, o transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) tem bases neurológicas bem
estabelecidas e não é simplesmente "mau comportamento"
TDAH afeta cerca de 5 a 15% das crianças (1). Entretanto, muitos
especialistas acreditam que o TDAH é superdiagnosticado, em
grande parte porque os critérios são aplicados de forma imprecisa.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, 5ª edição (DSM-5), há 3 tipos:
 Desatenção predominante
 Hiperatividade/impulsividade predominante
 Combinado

No geral, o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é


cerca de duas vezes mais comum em meninos, embora os índices
variam de acordo com o tipo. O tipo predominantemente
hiperativo/impulsivo ocorre 2 a 9 vezes mais entre os meninos,
embora o tipo predominantemente desatento ocorra com igual
frequência em ambos os sexos. O transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) não tem uma única causa específica
conhecida.

O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não tem


uma causa única específica. Potenciais causas do transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) incluem fatores genéticos,
bioquímicos, sensório-motores, fisiológicos e comportamentais.
Alguns fatores de risco incluem baixo peso < 1.500 g no
nascimento, traumatismo craniano, deficiência de ferro, apneia
obstrutiva do sono, exposição ao chumbo e também exposição fetal a
álcool, tabaco e cocaína. O TDAH também está associado a
experiências adversas na infância (ECA; 2). Pouco mais de 5% das
crianças portadoras da transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) apresentam evidências de lesão neurológica. Evidências
apontam para diferenças nos sistemas dopaminérgicos e
noradrenérgicos com diminuição ou estimulação da atividade do
tronco cerebral superior e tratos médio-frontais cerebrais.
Referências gerais
 1. Boznovik K, McLamb F, O'Connell K, et al : U.S. national, regional,
and state-specific socioeconomic factors correlate with child and
adolescent ADHD diagnoses. Sci Rep 11:22008, 2021. doi:
10.1038/s41598-021-01233-2
 2. Brown N, Brown S, Briggs R, et al : Associations between adverse
childhood experiences and ADHD diagnosis and severity. Acad
Pediatr 17(4):349–355, 2017. doi: 10.1016/j.acap.2016.08.013
Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos
Embora o TDAH seja considerado um transtorno de crianças e
sempre comece durante a infância, as diferenças neurofisiológicas
subjacentes persistem durante a vida adulta e os sintomas
comportamentais continuam evidentes na idade adulta em cerca de
metade dos casos. Embora o diagnóstico às vezes só possa ser
reconhecido na adolescência ou na idade adulta, algumas
manifestações deveriam ter ocorrido antes dos 12 anos de idade.

Em adultos, os sintomas incluem

 Dificuldade de concentração
 Dificuldade de concluir tarefas (comprometimento da função
executiva)
 Oscilações de humor
 Impaciência
 Dificuldade de manter relacionamentos

A hiperatividade em adultos geralmente se manifesta como agitação


e inquietação, no lugar da clara hiperatividade motora que ocorre em
crianças pequenas. Adultos com transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) tendem a ter maior risco de
desemprego, menor realização educacional e maiores taxas de uso
abusivo de substâncias e criminalidade. Acidentes e violações de
trânsito são mais comuns.

O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) pode ser


mais difícil de diagnosticar durante a vida adulta. Os sintomas podem
ser semelhantes aos de transtornos do humor, transtornos de
ansiedade, e transtornos por uso abusivo de substâncias . Como
autorrelatos dos sintomas na infância podem não ser confiáveis, os
médicos talvez precisem rever os registros escolares ou entrevistar
os familiares para confirmar a existência de manifestações antes dos
12 anos.
Adultos com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
podem se beneficiar dos mesmos tipos de fármacos estimulantes
usados pelas crianças com TDAH. Eles também podem se beneficiar
do aconselhamento para melhorar o manejo do tempo e outras
habilidades de enfrentamento.

Sinais e sintomas de TDAH


O início ocorre geralmente antes dos 4 anos e invariavelmente antes
dos 12. O pico para o diagnóstico fica entre 8 e 10 anos, entretanto
os que apresentam deficit de atenção predominante só são
diagnosticados após a adolescência.

Os sinais e sintomas centrais da transtorno de deficit de


atenção/hiperatividade (TDAH) envolvem

 Desatenção
 Impulsividade
 Hiperatividade

A desatenção tende a aparecer quando a criança está envolvida em


tarefas que necessitam vigilância, reação rápida, investigação visual
e perceptiva e atenção sistemática e constante.
Impulsividade refere-se a ações precipitadas com o potencial de um
desfecho negativo (p. ex., em crianças, atravessar a rua sem olhar;
em adolescentes e adultos, abandonar de repente a escola ou o
trabalho sem pensar nas consequências).
A hiperatividade envolve atividade motora excessiva. Crianças,
especialmente as mais pequenas, podem ter problemas para
permanecer sentadas calmamente quando for esperado que o façam
(p. ex., na escola ou igreja). Pacientes mais velhos podem ser
simplesmente agitados, inquietos ou falantes—às vezes ao ponto de
fazer com que as outras pessoas se sintam cansadas só de observá-
los.
A desatenção e a impulsividade impedem o desenvolvimento de
habilidades acadêmicas e estratégias de pensamento e raciocínio,
motivação escolar e exigências sociais. Crianças com deficit de
atenção predominante tendem a desistir diante de situações que
exigem desempenho contínuo para complementação de tarefas.

Em geral, cerca de 20 a 60% das crianças com transtorno de deficit


de atenção/hiperatividade (TDAH) têm deficits de aprendizagem, mas
alguma disfunção escolar ocorre na maioria das crianças com TDAH
decorrente de falta de atenção (o que resulta em perda de detalhes)
e impulsividade (o que resulta em respostas sem pensar na
pergunta).

A história do comportamento pode revelar baixa tolerância para


frustrações, discordâncias, temperamento teimoso, agressividade,
habilidades sociais deficientes e relacionamentos com seus pares,
distúrbios do sono, ansiedade, disforia, depressão, temperamento
indeciso.

Embora não haja exame físico ou laboratorial específico associado


ao transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), os sinais e
sintomas podem incluir

 Incoordenação motora, postura desajeitada


 Disfunções neurológicas leves não localizadas
 Disfunções de percepção motora

Diagnóstico de TDAH
 Critérios clínicos com base no DSM-5
O diagnóstico do TDAH é clínico e se baseia em avaliações médicas,
desenvolvimentais, educacionais e psicológicas abrangentes (ver
também a diretriz prática da American Academy of Pediatrics [2019
clinical practice guideline ] para o diagnóstico, avaliação e tratamento
do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade em crianças e
adolescentes).
Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH)
Os critérios diagnósticos do DSM-5 incluem 9 sinais e sintomas de
desatenção e 9 de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico que
usa esses critérios requer ≥ 6 sinais e sintomas de um ou ambos os
grupos. Além disso, é necessário que os sintomas

 Estejam presentes muitas vezes por ≥ 6 meses


 Sejam mais pronunciados do que o esperado para o nível de
desenvolvimento da criança
 Ocorram em pelo menos 2 situações (p. ex., casa e escola)
 Estejam presentes antes dos 12 anos de idade (pelo menos
alguns sintomas)
 Interfiram em sua capacidade funcional em casa, na escola ou
no trabalho

Sintomas de desatenção:
 Não presta atenção a detalhes ou comete erros descuidados em
trabalhos escolares ou outras atividades
 Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas na escola ou
durante jogos
 Não parece prestar atenção quando abordado diretamente
 Não acompanha instruções e não completa tarefas
 Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
 Evita, não gosta ou é relutante no envolvimento em tarefas que
requerem manutenção do esforço mental durante longo período
de tempo
 Frequentemente perde objetos necessários para tarefas ou
atividades escolares
 Distrai-se facilmente
 É esquecido nas atividades diárias

Sintomas de hiperatividade e impulsividade:


 Movimenta ou torce mãos e pés com frequência
 Frequentemente movimenta-se pela sala de aula ou outros
locais
 Corre e faz escaladas com frequência excessiva quando esse
tipo de atividade é inapropriado
 Tem dificuldades de brincar tranquilamente
 Frequentemente movimenta-se e age como se estivesse "ligada
na tomada"
 Costuma falar demais
 Frequentemente responde às perguntas de modo abrupto, antes
mesmo que elas sejam completadas
 Frequentemente tem dificuldade de aguardar sua vez
 Frequentemente interrompe os outros ou se intromete

O diagnóstico do tipo desatenção predominante exige ≥ de 6 sinais e


sintomas de desatenção. O diagnóstico do tipo hiperativo/impulsivo
exige ≥ 6 sinais e sintomas de hiperatividade e impulsividade. O
diagnóstico do tipo combinado requer ≥ 6 sinais e sintomas de cada
critério de desatenção e hiperatividade/impulsividade.

Outras considerações diagnósticas


A diferenciação entre transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) e outras condições podem ser desafiadora. O
sobrediagnóstico deve ser evitado, e outras condições devem ser
identificadas com precisão. Muitos sinais de transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) expressos no período da pré-escola
podem refletir um problema de comunicação que também ocorre em
outras disfunções do neurodesenvolvimento (p. ex., doenças do
espectro autista) ou em certos distúrbios de
aprendizado, ansiedade, depressão ou distúrbios de comportament o
(p. ex., distúrbios de conduta).
O médico precisa observar se a criança está distraída por fatores
externos (isto é, ocorrências no ambiente) ou por fatores internos
(isto é, pensamentos, ansiedades, preocupações). Entretanto, no
período da infância tardia, os sinais do TDAH tornam-se mais
qualitativamente distintos; crianças com o tipo hiperativo/impulsivo ou
o tipo combinado frequentemente exibem continuamente movimentos
motores persistentes dos membros inferiores (p. ex., movimentos
desorientados e contorção das mãos), falar compulsivamente e
aparente falta de atenção com o ambiente. Crianças com o tipo
predominantemente desatento podem não ter sinais físicos.

A avaliação médica tem por foco a identificação de condições que


possam contribuir potencialmente e sejam tratáveis, ou identificar
sinais e sintomas que possam piorar. A avaliação deve incluir
pesquisar a história de exposição pré-natal (p. ex., fármacos, álcool,
tabaco), complicações ou infecções perinatais, infecções do sistema
nervoso central, traumatismo cranioencefálico, doença cardíaca,
respiração durante o sono, falta de apetite e/ou alimentação seletiva
e história familiar de TDAH.
A avaliação do desenvolvimento focaliza a determinação do início
e da evolução dos sinais e sintomas. A avaliação inclui a verificação
dos marcos de desenvolvimento, particularmente marcos da
linguagem e o uso de escalas de avaliação específicas do transtorno
de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) (p. ex., Vanderbilt
Assessment Scale, Conners Comprehensive Behavior Rating Scale,
ADHD Rating Scale IV). Versões dessas escalas estão disponíveis
tanto para famílias quanto para funcionários de escolas,
possibilitando a avaliação ao longo de diferentes situações, como
exigido pelos critérios do DSM-5. Observar que as escalas não
devem ser usadas isoladamente para fazer um diagnóstico.
A avaliação educacional documenta sinais e sintomas centrais que
possam envolver a revisão de registros educacionais e o uso de
escalas de avaliação. Entretanto, estas escalas, isoladamente, não
conseguem distinguir transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) de outros distúrbios do desenvolvimento ou de
comportamento.
Prognóstico de TDAH
As tradicionais salas de aula e atividades acadêmicas exacerbam os
sinais e sintomas da criança com transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) não tratada ou inadequadamente
tratada. A imaturidade social e emocional pode ser persistente. A má
aceitação pelos pares e a solidão tendem a aumentar com a idade e
com a exposição dos sintomas. O transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) pode levar a uso abusivo de
substâncias se aquele não for identificado e tratado adequadamente
porque muitos adolescentes e adultos com transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) se automedicam tanto com
substâncias legais (p. ex., cafeína) quanto ilegais (p. ex., cocaína,
anfetaminas).

Embora os sinais e sintomas da hiperatividade tendam a diminuir


com a idade, adolescentes e adultos podem exteriorizar dificuldades
residuais. Indicadores de maus resultados no adolescente e adultício
incluem

 Coexistência de pouca inteligência


 Agressividade
 Problemas sociais e de relacionamento
 Problemas psicopatológicos dos pais

Os problemas entre os adolescentes e adultos se manifestam


predominantemente como deficiências acadêmicas, baixa autoestima
e dificuldades para assimilar um comportamento social adequado.
Adolescentes e adultos que apresentam transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) predominantemente impulsivo podem
ter incidência aumentada de distúrbios de personalidade e
comportamento antissocial, podem continuar a exteriorizar
impulsividade, agitação e deficientes habilidades sociais. Pessoas
portadoras de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
parecem ajustar-se melhor no trabalho do que em situações
acadêmicas e caseiras, particularmente se encontrarem trabalho que
não exige atenção para realizar.

Tratamento de TDAH
 Terapia comportamental
 Terapia medicamentosa com estimulantes como metilfenidato
ou dextroanfetamina (em preparações de curta e longa ação)

Estudos randomizados e controlados mostram que somente a terapia


comportamental é menos eficiente do que a terapia somente com
fármacos para crianças em idade escolar, mas a terapia
comportamental e de combinação é recomendada para crianças
menores. Embora a correção das diferenças neurofisiológicas de
base, em pacientes com transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), não ocorra com fármacos, estes são
eficientes no alívio dos sintomas do TDAH e permitem a participação
em atividades anteriormente inacessíveis por causa da atenção
deficiente e impulsividade. Os fármacos interrompem o ciclo do
comportamento inapropriado, melhorando a conduta e intervenções
acadêmicas, motivação e autoestima.

O tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade


(TDAH) em adultos segue princípios semelhantes, mas a seleção e
dosagem farmacológicas são determinadas individualmente,
dependendo de outras doenças médicas.

Drogas estimulantes
Os mais largamente utilizados são os sais de metilfenidato e
anfetamina. As respostas são muito variáveis e as doses dependem
da gravidade do comportamento e da tolerância ao fármaco. Ajusta-
se a quantidade e frequência da dose até alcançar um equilíbrio
ótimo entre a resposta e os efeitos adversos.

A dose inicial de metilfenidato é 0,3 mg/kg uma vez ao dia por via
oral (forma de liberação rápida), que é aumentada toda semana para
cerca de 2 a 3 vezes ao dia ou a cada 4 horas durante as horas de
vigília; muitos médicos tentam administrar a dose pela manhã e ao
meio-dia. A dose pode ser aumentada se ela foi inadequada, mas é
bem tolerada. A maioria das crianças atingem um equilíbrio ótimo
entre os efeitos benéficos e adversos nas doses entre 0,3 e 0,6
mg/kg. O isômero dextro do metilfenidato é a porção ativa e está
disponível para prescrição na metade da dose.
A dose usual de dextroanfetamina (frequentemente em combinação
com anfetamina racêmica) é 0,15 a 0,2 mg/kg, uma vez ao dia por via
oral, que pode ser aumentada para 2 ou 3 vezes ao dia ou a cada 4
horas durante as horas de vigília. Doses individuais na faixa de 0,15
a 0,4 mg/kg são geralmente eficazes. Deve-se balancear a eficácia
vs. efeitos adversos ao titular a dose; as doses reais variam
significativamente entre os indivíduos, mas, geralmente, doses mais
altas aumentam a probabilidade de efeitos adversos inaceitáveis. Em
geral, as doses de dextroanfetamina são cerca de dois terços das
doses de metilfenidato.

Uma vez alcançada a dose ideal, uma dose equivalente do mesmo


fármaco é substituído por uma forma de longa ação para evitar a
necessidade de administrar o fármaco na escola. As preparações de
longa ação incluem comprimidos de liberação lenta, cápsulas
bifásicas contendo o equivalente de 2 doses e pílulas de liberação
osmótica, adesivos transdérmicos que permitem uma cobertura de
até 12 horas. Preparações líquidas de ação curta e prolongada estão
agora disponíveis. Preparações dextro puras (p. ex.,
dextrometilfenidato) são muitas vezes utilizadas para minimizar
efeitos adversos como ansiedade; as doses normalmente são
metade daquelas das preparações mistas. Preparações pró-fármacos
também são às vezes usadas devido à sua liberação mais
harmoniosa, maior duração de ação, menor quantidade de efeitos
adversos e menor potencial de uso abusivo. O aprendizado melhora
com doses baixas, mas o comportamento requer doses mais altas.

Os esquemas das doses dos fármacos estimulantes podem ser


ajustados para cobrir dias e horários especiais (p. ex., horário de
escola e das tarefas escolares). Drogas ilícitas podem se
experimentadas nos fins de semana, feriados ou durante férias
escolares de verão. Por outro lado, para garantir a confiabilidade das
observações são recomendados períodos de administração de
placebo (5 a 10 dias), para determinar se a medicação é ainda
necessária.

Os efeitos colaterais mais comuns são


 Distúrbios do sono (p. ex., insônia)
 Cefaleia
 Dor de estômago
 Perda de apetite
 Taquicardia e elevação da pressão arterial e frequência cardíaca
A depressão é um efeito adverso menos comum e muitas vezes pode
representar uma incapacidade de mudar facilmente o foco
(hiperfoco). Pode se manifestar como um comportamento
entorpecido (às vezes descrito pelos familiares como "semelhante ao
de um zumbi") em vez de uma verdadeira depressão infantil clínica
em si. Na verdade, às vezes utilizam-se fármacos estimulantes como
tratamento adjuvante para a depressão. Um comportamento
entorpecido pode, às vezes, ser abordado diminuindo a dose do
fármaco estimulante ou tentando um fármaco diferente.
Estudos mostraram que o crescimento em altura diminui ao longo de
2 anos do uso de fármacos estimulantes e a desaceleração
aparentemente persiste até a idade adulta com o uso crônico de
fármacos estimulantes.

Fármacos não estimulantes


Atomoxetina, um inibidor seletivo da recaptação da noradrenalina,
também é utilizado. O fármaco é eficaz, mas os dados são ambíguos
quanto à sua eficácia em comparação o fármacos estimulantes.
Algumas crianças apresentam náuseas, sedação, irritabilidade, crises
de birra; raramente toxicidade hepática e ideação suicida. A dose
inicial é de 0,5 mg/kg por via oral, uma vez ao dia, titulada
semanalmente para 1,2 a 1,4 mg/kg, uma vez ao dia. Sua longa
meia-vida permite o uso de uma dose única diária, mas requer uso
continuado para ser eficaz. A máxima dose diária recomendada é de
100 mg.
Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina
como a bupropiona e a venlafaxina, agonistas alfa-2 como a clonidina
e guanfacina e outros fármacos psicoativos são às vezes utilizados
nos casos de ineficácia dos estimulantes ou efeitos colaterais
inaceitáveis, porém são menos eficientes e não são recomendados
como fármacos de primeira linha. Algumas vezes esses fármacos são
utilizados em combinação a estimulantes para alcançar efeitos
sinérgicos; é essencial monitorar atentamente se há efeitos adversos.

Interações medicamentosas adversas são uma preocupação no


tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH).
Fármacos que inibem a enzima metabólica CYP2D6, incluindo certos
inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) que às
vezes são usados em pacientes com transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), podem potencializar o efeito dos
fármacos estimulantes. Revisar as potenciais interações
medicamentosas (em geral, usando um programa de computador) é
uma parte importante do tratamento farmacológico de pacientes com
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH).
Controle do comportamento
Aconselhamento, incluindo terapia cognitiva- comportamental (p. ex.,
definição de objetivos, automonitoramento, modelagem, interpretação
de papéis), é geralmente eficiente e ajuda a criança a entender o
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e como
enfrentá-lo. Organização e rotina são essenciais.

O comportamento na sala de aula melhora com o controle do barulho


no ambiente e estimulação visual, duração apropriada de tarefas,
novidades, treinamento e proximidade com o professor.

Quando em casa as dificuldades persistem, os pais devem ser


encorajados a pedir assistência profissional e treinamento em
técnicas de controle comportamental. Além disso, incentivos e
recompensas simbólicas reforçam as condutas e são geralmente
eficientes. No ambiente de casa, as crianças portadoras de
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) com
predomínio da hiperatividade e mau controle dos impulsos são
ajudadas quando o ambiente é organizado, as técnicas dos pais são
firmes e os limites são bem definidos.

Restrições dietéticas, tratamento multivitaminado, uso de


antioxidantes, ou outros compostos, intervenções nutricionais e
bioquímicas (p. ex., administração de produtos químicos) não têm o
menor efeito. A biorretroação pode ser útil em alguns casos, mas não
é recomendada rotineiramente porque faltam evidências de
benefícios sustentáveis.

Pontos-chave
 O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
envolve desatenção, hiperatividade/impulsividade, ou uma
combinação; ele normalmente aparece antes dos 12 anos,
inclusive na idade pré-escolar.
 A causa é desconhecida, mas há vários fatores de risco
suspeitos.
 Diagnosticar utilizando critérios clínicos e manter-se em
alerta para outras doenças que podem inicialmente se
manifestar de forma semelhante (p. ex., doenças do
espectro do autismo, certos distúrbios de aprendizagem ou
comportamento, ansiedade, depressão).
 As manifestações tendem a diminuir com a idade, mas
adolescentes e adultos podem ter dificuldades residuais.
 Tratar com fármacos estimulantes e terapia cognitivo-
comportamental; somente terapia comportamental pode ser
apropriada para crianças em idade pré-escolar.

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