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Transtorno de deficit de (TDA, TDAH)

atenção/hiperatividade
P or

, MD, G ol is a no C hi ldr e n’s H os pi t al a t S tr o ng, U ni ver si ty o f R oc h es ter S ch o ol of Me di ci n e a nd D en t is tr y

VISÃO EDUCAÇÃO PARA O PACIENTE

• Sinais e sintomas
• Diagnóstico
• Prognóstico
• Tratamento
• Pontos-chave
• Informações adicionais

Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma


síndrome de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Há 3
tipos de TDAH, os que são predominantemente desatentos,
hiperativo/impulsivos e combinados. Os critérios clínicos dão
o diagnóstico. O tratamento inclui medicação com
estimulantes, terapia comportamental e intervenções
educacionais.
Distúrbio de deficit de atenção/hiperatividade é considerado um
distúrbio de neurodesenvolvimento. Distúrbios de
neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem
precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e
prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social,
acadêmico e/ou profissional. Normalmente envolvem dificuldades
na aquisição, retenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos
de informações específicas. Transtornos no desenvolvimento
neurológico podem envolver disfunções em um ou mais dos
seguintes: atenção, memória, percepção, linguagem, resolução de
problemas ou interação social. Outros distúrbios de
neurodesenvolvimento comuns incluem distúrbios do espectro do
autismo, distúrbios de aprendizagem (p. ex., dislexia) e deficiência
intelectual.
Alguns especialistas anteriormente consideravam o transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) um transtorno
comportamental, provavelmente porque as crianças costumam
apresentar comportamento negligente, impulsivo e
excessivamente ativo, e porque transtornos comportamentais
comórbidos, particularmente o transtorno opositivo-desafiador e
o transtorno de conduta, são comuns. Entretanto, o transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) tem bases neurológicas
bem estabelecidas e não é simplesmente "mau comportamento".
TDAH afeta cerca de 5 a 15% das crianças (1). Entretanto, muitos
especialistas acreditam que o TDAH é superdiagnosticado, em
grande parte porque os critérios são aplicados de forma
imprecisa. De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders, 5ª edição (DSM-5), há 3 tipos:
• Desatenção predominante

• Hiperatividade/impulsividade predominante

• Combinado

No geral, o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)


é cerca de duas vezes mais comum em meninos, embora os
índices variam de acordo com o tipo. O tipo predominantemente
hiperativo/impulsivo ocorre 2 a 9 vezes mais entre os meninos,
embora o tipo predominantemente desatento ocorra com igual
frequência em ambos os sexos. O transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) não tem uma única causa
específica conhecida.

O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não tem


uma causa única específica. Potenciais causas do transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) incluem fatores
genéticos, bioquímicos, sensório-motores, fisiológicos e
comportamentais. Alguns fatores de risco incluem baixo
peso < 1.500 g no nascimento, traumatismo craniano, deficiência
de ferro, apneia obstrutiva do sono, exposição ao chumbo e
também exposição fetal a álcool, tabaco e cocaína. O TDAH
também está associado a experiências adversas na infância
(ECA; 2). Pouco mais de 5% das crianças portadoras da transtorno
de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam
evidências de lesão neurológica. Evidências apontam para
diferenças nos sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos com
diminuição ou estimulação da atividade do tronco cerebral
superior e tratos médio-frontais cerebrais.
Referências gerais
• 1. Boznovik K, McLamb F, O'Connell K, et al: U.S. national,
regional, and state-specific socioeconomic factors correlate
with child and adolescent ADHD diagnoses. Sci Rep 11:22008,
2021. doi: 10.1038/s41598-021-01233-2
• 2. Brown N, Brown S, Briggs R, et al: Associations between
adverse childhood experiences and ADHD diagnosis and
severity. Acad Pediatr 17(4):349–355, 2017. doi:
10.1016/j.acap.2016.08.013
Transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos
Embora o TDAH seja considerado um transtorno de crianças e
sempre comece durante a infância, as diferenças neurofisiológicas
subjacentes persistem durante a vida adulta e os sintomas
comportamentais continuam evidentes na idade adulta em cerca
de metade dos casos. Embora o diagnóstico às vezes só possa ser
reconhecido na adolescência ou na idade adulta, algumas
manifestações deveriam ter ocorrido antes dos 12 anos de idade.

Em adultos, os sintomas incluem

• Dificuldade de concentração

• Dificuldade de concluir tarefas (comprometimento da


função executiva)
• Oscilações de humor

• Impaciência

• Dificuldade de manter relacionamentos

A hiperatividade em adultos geralmente se manifesta como


agitação e inquietação, no lugar da clara hiperatividade motora
que ocorre em crianças pequenas. Adultos com transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) tendem a ter maior risco
de desemprego, menor realização educacional e maiores taxas de
uso abusivo de substâncias e criminalidade. Acidentes e violações
de trânsito são mais comuns.
O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) pode ser
mais difícil de diagnosticar durante a vida adulta. Os sintomas
podem ser semelhantes aos de transtornos do
humor, transtornos de ansiedade, e transtornos por uso abusivo
de substâncias. Como autorrelatos dos sintomas na infância
podem não ser confiáveis, os médicos talvez precisem rever os
registros escolares ou entrevistar os familiares para confirmar a
existência de manifestações antes dos 12 anos.
Adultos com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) podem se beneficiar dos mesmos tipos de fármacos
estimulantes usados pelas crianças com TDAH. Eles também
podem se beneficiar do aconselhamento para melhorar o manejo
do tempo e outras habilidades de enfrentamento.

Sinais e sintomas de TDAH


O início ocorre geralmente antes dos 4 anos e invariavelmente
antes dos 12. O pico para o diagnóstico fica entre 8 e 10 anos,
entretanto os que apresentam deficit de atenção predominante
só são diagnosticados após a adolescência.

Os sinais e sintomas centrais da transtorno de deficit de


atenção/hiperatividade (TDAH) envolvem

• Desatenção

• Impulsividade

• Hiperatividade

A desatenção tende a aparecer quando a criança está envolvida


em tarefas que necessitam vigilância, reação rápida, investigação
visual e perceptiva e atenção sistemática e constante.
Impulsividade refere-se a ações precipitadas com o potencial de
um desfecho negativo (p. ex., em crianças, atravessar a rua sem
olhar; em adolescentes e adultos, abandonar de repente a escola
ou o trabalho sem pensar nas consequências).
A hiperatividade envolve atividade motora excessiva. Crianças,
especialmente as mais pequenas, podem ter problemas para
permanecer sentadas calmamente quando for esperado que o
façam (p. ex., na escola ou igreja). Pacientes mais velhos podem
ser simplesmente agitados, inquietos ou falantes—às vezes ao
ponto de fazer com que as outras pessoas se sintam cansadas só
de observá-los.
A desatenção e a impulsividade impedem o desenvolvimento de
habilidades acadêmicas e estratégias de pensamento e raciocínio,
motivação escolar e exigências sociais. Crianças com deficit de
atenção predominante tendem a desistir diante de situações que
exigem desempenho contínuo para complementação de tarefas.

Em geral, cerca de 20 a 60% das crianças com transtorno de deficit


de atenção/hiperatividade (TDAH) têm deficits de aprendizagem,
mas alguma disfunção escolar ocorre na maioria das crianças com
TDAH decorrente de falta de atenção (o que resulta em perda de
detalhes) e impulsividade (o que resulta em respostas sem pensar
na pergunta).

A história do comportamento pode revelar baixa tolerância para


frustrações, discordâncias, temperamento teimoso, agressividade,
habilidades sociais deficientes e relacionamentos com seus pares,
distúrbios do sono, ansiedade, disforia, depressão, temperamento
indeciso.

Embora não haja exame físico ou laboratorial específico associado


ao transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), os
sinais e sintomas podem incluir

• Incoordenação motora, postura desajeitada

• Disfunções neurológicas leves não localizadas

• Disfunções de percepção motora

Diagnóstico de TDAH
• Critérios clínicos com base no DSM-5

O diagnóstico do TDAH é clínico e se baseia em avaliações


médicas, desenvolvimentais, educacionais e psicológicas
abrangentes (ver também a diretriz prática da American Academy
of Pediatrics [2019 clinical practice guideline] para o diagnóstico,
avaliação e tratamento do transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade em crianças e adolescentes).
Critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH)
Os critérios diagnósticos do DSM-5 incluem 9 sinais e sintomas de
desatenção e 9 de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico
que usa esses critérios requer ≥ 6 sinais e sintomas de um ou
ambos os grupos. Além disso, é necessário que os sintomas

• Estejam presentes muitas vezes por ≥ 6 meses

• Sejam mais pronunciados do que o esperado para o


nível de desenvolvimento da criança

• Ocorram em pelo menos 2 situações (p. ex., casa e


escola)

• Estejam presentes antes dos 12 anos de idade (pelo


menos alguns sintomas)

• Interfiram em sua capacidade funcional em casa, na


escola ou no trabalho

Sintomas de desatenção:
• Não presta atenção a detalhes ou comete erros
descuidados em trabalhos escolares ou outras
atividades

• Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas na


escola ou durante jogos

• Não parece prestar atenção quando abordado


diretamente

• Não acompanha instruções e não completa tarefas

• Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades

• Evita, não gosta ou é relutante no envolvimento em


tarefas que requerem manutenção do esforço mental
durante longo período de tempo
• Frequentemente perde objetos necessários para tarefas
ou atividades escolares

• Distrai-se facilmente

• É esquecido nas atividades diárias

Sintomas de hiperatividade e impulsividade:


• Movimenta ou torce mãos e pés com frequência

• Frequentemente movimenta-se pela sala de aula ou


outros locais

• Corre e faz escaladas com frequência excessiva quando


esse tipo de atividade é inapropriado

• Tem dificuldades de brincar tranquilamente

• Frequentemente movimenta-se e age como se estivesse


"ligada na tomada"

• Costuma falar demais

• Frequentemente responde às perguntas de modo


abrupto, antes mesmo que elas sejam completadas

• Frequentemente tem dificuldade de aguardar sua vez

• Frequentemente interrompe os outros ou se intromete

O diagnóstico do tipo desatenção predominante exige ≥ de 6


sinais e sintomas de desatenção. O diagnóstico do tipo
hiperativo/impulsivo exige ≥ 6 sinais e sintomas de hiperatividade
e impulsividade. O diagnóstico do tipo combinado requer ≥ 6
sinais e sintomas de cada critério de desatenção e
hiperatividade/impulsividade.

Outras considerações diagnósticas


A diferenciação entre transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) e outras condições podem ser
desafiadora. O sobrediagnóstico deve ser evitado, e outras
condições devem ser identificadas com precisão. Muitos sinais de
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) expressos
no período da pré-escola podem refletir um problema de
comunicação que também ocorre em outras disfunções do
neurodesenvolvimento (p. ex., doenças do espectro autista) ou em
certos distúrbios de
aprendizado, ansiedade, depressão ou distúrbios de
comportamento (p. ex., distúrbios de conduta).
O médico precisa observar se a criança está distraída por fatores
externos (isto é, ocorrências no ambiente) ou por fatores internos
(isto é, pensamentos, ansiedades, preocupações). Entretanto, no
período da infância tardia, os sinais do TDAH tornam-se mais
qualitativamente distintos; crianças com o tipo
hiperativo/impulsivo ou o tipo combinado frequentemente
exibem continuamente movimentos motores persistentes dos
membros inferiores (p. ex., movimentos desorientados e
contorção das mãos), falar compulsivamente e aparente falta de
atenção com o ambiente. Crianças com o tipo
predominantemente desatento podem não ter sinais físicos.

A avaliação médica tem por foco a identificação de condições


que possam contribuir potencialmente e sejam tratáveis, ou
identificar sinais e sintomas que possam piorar. A avaliação deve
incluir pesquisar a história de exposição pré-natal (p. ex.,
fármacos, álcool, tabaco), complicações ou infecções perinatais,
infecções do sistema nervoso central, traumatismo
cranioencefálico, doença cardíaca, respiração durante o sono,
falta de apetite e/ou alimentação seletiva e história familiar de
TDAH.
A avaliação do desenvolvimento focaliza a determinação do
início e da evolução dos sinais e sintomas. A avaliação inclui a
verificação dos marcos de desenvolvimento, particularmente
marcos da linguagem e o uso de escalas de avaliação específicas
do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) (p.
ex., Vanderbilt Assessment Scale, Conners Comprehensive
Behavior Rating Scale, ADHD Rating Scale IV). Versões dessas
escalas estão disponíveis tanto para famílias quanto para
funcionários de escolas, possibilitando a avaliação ao longo de
diferentes situações, como exigido pelos critérios do DSM-5.
Observar que as escalas não devem ser usadas isoladamente para
fazer um diagnóstico.
A avaliação educacional documenta sinais e sintomas centrais
que possam envolver a revisão de registros educacionais e o uso
de escalas de avaliação. Entretanto, estas escalas, isoladamente,
não conseguem distinguir transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) de outros distúrbios do
desenvolvimento ou de comportamento.
Prognóstico de TDAH
As tradicionais salas de aula e atividades acadêmicas exacerbam
os sinais e sintomas da criança com transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) não tratada ou inadequadamente
tratada. A imaturidade social e emocional pode ser persistente. A
má aceitação pelos pares e a solidão tendem a aumentar com a
idade e com a exposição dos sintomas. O transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) pode levar a uso abusivo de
substâncias se aquele não for identificado e tratado
adequadamente porque muitos adolescentes e adultos com
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) se
automedicam tanto com substâncias legais (p. ex., cafeína) quanto
ilegais (p. ex., cocaína, anfetaminas).

Embora os sinais e sintomas da hiperatividade tendam a diminuir


com a idade, adolescentes e adultos podem exteriorizar
dificuldades residuais. Indicadores de maus resultados no
adolescente e adultício incluem

• Coexistência de pouca inteligência

• Agressividade

• Problemas sociais e de relacionamento

• Problemas psicopatológicos dos pais

Os problemas entre os adolescentes e adultos se manifestam


predominantemente como deficiências acadêmicas, baixa
autoestima e dificuldades para assimilar um comportamento
social adequado. Adolescentes e adultos que apresentam
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
predominantemente impulsivo podem ter incidência aumentada
de distúrbios de personalidade e comportamento antissocial,
podem continuar a exteriorizar impulsividade, agitação e
deficientes habilidades sociais. Pessoas portadoras de transtorno
de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) parecem ajustar-se
melhor no trabalho do que em situações acadêmicas e caseiras,
particularmente se encontrarem trabalho que não exige atenção
para realizar.

Tratamento de TDAH
• Terapia comportamental

• Terapia medicamentosa com estimulantes como


metilfenidato ou dextroanfetamina (em preparações de
curta e longa ação)

Estudos randomizados e controlados mostram que somente a


terapia comportamental é menos eficiente do que a terapia
somente com fármacos para crianças em idade escolar, mas a
terapia comportamental e de combinação é recomendada para
crianças menores. Embora a correção das diferenças
neurofisiológicas de base, em pacientes com transtorno de deficit
de atenção/hiperatividade (TDAH), não ocorra com fármacos,
estes são eficientes no alívio dos sintomas do TDAH e permitem a
participação em atividades anteriormente inacessíveis por causa
da atenção deficiente e impulsividade. Os fármacos interrompem
o ciclo do comportamento inapropriado, melhorando a conduta e
intervenções acadêmicas, motivação e autoestima.

O tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade


(TDAH) em adultos segue princípios semelhantes, mas a seleção e
dosagem farmacológicas são determinadas individualmente,
dependendo de outras doenças médicas.

Drogas estimulantes
Os mais largamente utilizados são os sais de metilfenidato e
anfetamina. As respostas são muito variáveis e as doses
dependem da gravidade do comportamento e da tolerância ao
fármaco. Ajusta-se a quantidade e frequência da dose até alcançar
um equilíbrio ótimo entre a resposta e os efeitos adversos.

A dose inicial de metilfenidato é 0,3 mg/kg uma vez ao dia por via
oral (forma de liberação rápida), que é aumentada toda semana
para cerca de 2 a 3 vezes ao dia ou a cada 4 horas durante as
horas de vigília; muitos médicos tentam administrar a dose pela
manhã e ao meio-dia. A dose pode ser aumentada se ela foi
inadequada, mas é bem tolerada. A maioria das crianças atingem
um equilíbrio ótimo entre os efeitos benéficos e adversos nas
doses entre 0,3 e 0,6 mg/kg. O isômero dextro do metilfenidato é
a porção ativa e está disponível para prescrição na metade da
dose.
A dose usual de dextroanfetamina (frequentemente em
combinação com anfetamina racêmica) é 0,15 a 0,2 mg/kg, uma
vez ao dia por via oral, que pode ser aumentada para 2 ou 3 vezes
ao dia ou a cada 4 horas durante as horas de vigília. Doses
individuais na faixa de 0,15 a 0,4 mg/kg são geralmente eficazes.
Deve-se balancear a eficácia vs. efeitos adversos ao titular a dose;
as doses efetivas variam significativamente entre os indivíduos,
mas, geralmente, doses mais altas aumentam a probabilidade de
efeitos adversos inaceitáveis. Em geral, as doses de
dextroanfetamina são cerca de dois terços das doses de
metilfenidato.

Uma vez alcançada a dose ideal, uma dose equivalente do mesmo


fármaco é substituído por uma forma de longa ação para evitar a
necessidade de administrar o fármaco na escola. As preparações
de longa ação incluem comprimidos de liberação lenta, cápsulas
bifásicas contendo o equivalente de 2 doses e pílulas de liberação
osmótica, adesivos transdérmicos que permitem uma cobertura
de até 12 h. Preparações líquidas de ação curta e prolongada
estão agora disponíveis. Preparações dextro puras (p. ex.,
dextrometilfenidato) são muitas vezes utilizadas para minimizar
efeitos adversos como ansiedade; as doses normalmente são
metade daquelas das preparações mistas. Preparações pró-
fármacos também são às vezes usadas devido à sua liberação
mais harmoniosa, maior duração de ação, menor quantidade de
efeitos adversos e menor potencial de uso abusivo. O
aprendizado melhora com doses baixas, mas o comportamento
requer doses mais altas.

Os esquemas das doses dos fármacos estimulantes podem ser


ajustados para cobrir dias e horários especiais (p. ex., horário de
escola e das tarefas escolares). Drogas ilícitas podem se
experimentadas nos fins de semana, feriados ou durante férias
escolares de verão. Por outro lado, para garantir a confiabilidade
das observações são recomendados períodos de administração
de placebo (5 a 10 dias), para determinar se a medicação é ainda
necessária.

Os efeitos colaterais mais comuns são


• Distúrbios do sono (p. ex., insônia)

• Cefaleia

• Dor de estômago

• Perda de apetite

• Taquicardia e elevação da pressão arterial e frequência


cardíaca

A depressão é um efeito adverso menos comum e muitas vezes


pode representar uma incapacidade de mudar facilmente o foco
(hiperfoco) Pode se manifestar como um comportamento
entorpecido (às vezes descrito pelos familiares como "semelhante
ao de um zumbi") em vez de uma depressão infantil clínica em si.
Na verdade, às vezes utilizam-se fármacos estimulantes como
tratamento adjuvante para a depressão. Um comportamento
entorpecido pode, às vezes, ser abordado diminuindo a dose do
fármaco estimulante ou tentando um fármaco diferente.
Estudos mostraram que o crescimento em altura diminui ao longo
de 2 anos do uso de fármacos estimulantes e a desaceleração
aparentemente persiste até a idade adulta com o uso crônico de
fármacos estimulantes.

Fármacos não estimulantes


Atomoxetina, um inibidor seletivo da recaptação
da noradrenalina, também é utilizado. O fármaco é eficaz, mas os
dados são ambíguos quanto à sua eficácia em comparação o
fármacos estimulantes. Algumas crianças apresentam náuseas,
sedação, irritabilidade, crises de birra; raramente toxicidade
hepática e ideação suicida. A dose inicial é de 0,5 mg/kg por via
oral, uma vez ao dia, titulada semanalmente para 1,2 a 1,4 mg/kg,
uma vez ao dia. Sua longa meia-vida permite o uso de uma dose
única diária, mas requer uso continuado para ser eficaz. A máxima
dose diária recomendada é de 100 mg.
Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da
noradrenalina como a bupropiona e a venlafaxina, agonistas alfa-
2 como a clonidina e guanfacina e outros fármacos psicoativos
são às vezes utilizados nos casos de ineficácia dos estimulantes ou
efeitos colaterais inaceitáveis, porém são menos eficientes e não
são recomendados como fármacos de primeira linha. Algumas
vezes esses fármacos são utilizados em combinação a
estimulantes para alcançar efeitos sinérgicos; é essencial
monitorar atentamente se há efeitos adversos.

Interações medicamentosas adversas são uma preocupação no


tratamento do transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH). Fármacos que inibem a enzima metabólica CYP2D6,
incluindo certos inibidores seletivos da recaptação de serotonina
(ISRSs) que às vezes são usados em pacientes com transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade (TDAH), podem potencializar o
efeito dos fármacos estimulantes. Revisar as potenciais interações
medicamentosas (em geral, usando um programa de computador)
é uma parte importante do tratamento farmacológico de
pacientes com transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH).

Controle do comportamento
Aconselhamento, incluindo terapia cognitiva- comportamental (p.
ex., definição de objetivos, automonitoramento, modelagem,
interpretação de papéis), é geralmente eficiente e ajuda a criança
a entender o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) e como enfrentá-lo. Organização e rotina são essenciais.
O comportamento na sala de aula melhora com o controle do
barulho no ambiente e estimulação visual, duração apropriada de
tarefas, novidades, treinamento e proximidade com o professor.

Quando em casa as dificuldades persistem, os pais devem ser


encorajados a pedir assistência profissional e treinamento em
técnicas de controle comportamental. Além disso, incentivos e
recompensas simbólicas reforçam as condutas e são geralmente
eficientes. No ambiente de casa, as crianças portadoras de
transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) com
predomínio da hiperatividade e mau controle dos impulsos são
ajudadas quando o ambiente é organizado, as técnicas dos pais
são firmes e os limites são bem definidos.

Restrições dietéticas, tratamento multivitaminado, uso de


antioxidantes, ou outros compostos, intervenções nutricionais e
bioquímicas (p. ex., administração de produtos químicos) não têm
o menor efeito. A biorretroação pode ser útil em alguns casos,
mas não é recomendada rotineiramente porque faltam evidências
de benefícios sustentáveis.

Pontos-chave
• O transtorno de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) envolve desatenção,
hiperatividade/impulsividade, ou uma combinação;
ele normalmente aparece antes dos 12 anos,
inclusive na idade pré-escolar.

• A causa é desconhecida, mas há vários fatores de


risco suspeitos.

• Diagnosticar utilizando critérios clínicos e manter-


se em alerta para outras doenças que podem
inicialmente se manifestar de forma semelhante (p.
ex., doenças do espectro do autismo, certos
distúrbios de aprendizagem ou comportamento,
ansiedade, depressão).
• As manifestações tendem a diminuir com a idade,
mas adolescentes e adultos podem ter dificuldades
residuais.

• Tratar com fármacos estimulantes e terapia


cognitivo-comportamental; somente terapia
comportamental pode ser apropriada para crianças
em idade pré-escolar.

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