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CANNABIS

MEDICINAL
& TDAH
Sejam muito bem-vindos a mais um conteúdo informativo do
Portal Cannabis & Saúde, um site com a missão de ser a fonte
mais completa e confiável sobre medicina canabinoide do país.

O objetivo do nosso editorial jornalístico é informar e educar a so-


ciedade sobre a aplicabilidade do uso medicinal da Cannabis na
qualidade de vida e no tratamento de diversas condições de
saúde.

Todos os nossos conteúdos são desenvolvidos com embasamen-


to científico e a partir da opinião de especialistas e pesquisa-
dores.

Além disso, o Portal Cannabis & Saúde também conta com uma
plataforma exclusiva, que conecta pacientes a médicos e profis-
sionais da saúde com experiência na prática clínica do uso de
canabinoides. Clique aqui para agendar uma consulta.

Este e-book é uma co-criação do Cannabis & Saúde e do médico


Dr. César Jennings CRM 44021.

Além deste e-book sobre TDAH, em nossa biblioteca virtual, você


pode encontrar outros conteúdos sobre o uso da Cannabis em
diversas condições, como: Ansiedade, Alzheimer, Autismo, De-
pressão, Epilepsia e muito mais. Clique aqui para baixar nossos
e-books gratuitamente.

Desejamos a todos uma excelente leitura!

Portal Cannabis & Saúde


IMPORTANTE

É importante lembrar que o acesso legal à Cannabis medicinal


no Brasil é permitido, mediante indicação e prescrição de um
profissional de saúde habilitado, de acordo com a RDC 660, de
30/03/2022, da ANVISA.

O material que você está lendo agora faz parte do repertório de


conteúdos disponibilizados gratuitamente pelo Portal Cannabis
& Saúde, elaborado com o objetivo de ajudar pacientes e famili-
ares a entenderem melhor a aplicabilidade do uso de canabinoi-
des no tratamento de TDAH, entre outras condições.

Desta forma, os conteúdos vinculados a este material são de


caráter única e exclusivamente informativos, não sofrendo, por
qualquer aspecto, influência de decisões comerciais. Contudo,
não existe qualquer recomendação sobre consumo ou apologia
ao uso da Cannabis em situações não prescritas exclusivamente
por médicos e dentistas.

Sendo assim, as informações disponíveis neste material não


substituem, em nenhuma hipótese, o parecer médico profis-
sional. Por isso, sempre consulte o seu médico sobre qualquer
assunto relativo à sua saúde e aos tratamentos e medicamentos
recomendados a você ou às pessoas que recebem seus cuidados
e atenção.
CONTEÚDO
DESTE
E-BOOK

5 O que é TDAH?

5 Por que surge o TDAH?

6 Sintomas mais comuns

8 Como acontece o diagnóstico?

11 Cannabis pode ser mais efetiva que Ritalina?

18 Outros estudos

22 TDAH e herança genética

23 Tipos de TDAH

25 Tratamento

25 Perguntas do Insta!

32 Lista estratégica para lidar melhor com o TDAH

34 Relato de paciente

37 Bibliografia
“Você não tem culpa
de ter TDAH, mas tem
toda responsabilidade


ao descobri-lo.

(Russell Barkley)
CONHEÇA A HISTÓRIA DO DR. CESAR JENNINGS

“ Venho de uma família neurodivergente, com três diagnósticos


de TDAH e um diagnóstico de autismo. Apesar disso, obtive um
diagnóstico tardio, aos 25 anos de idade, pois, até então, alguns
prejuízos oriundos da minha disfunção estavam sendo compen-
sados. Por outro lado, sempre sofri com a desregulação emocio-
nal. Sabemos que o TDAH possui um curso flutuante e gravi-
dades bem variadas, portanto, muitos pacientes adultos se apre-
sentam com diagnóstico tardio, como no meu caso.

Embora o tratamento medicamentoso com psicoestimulantes


tenha produzido seus efeitos positivos para minha condição -
principalmente em minha impulsividade e hiperatividade -,
sempre senti que o meu processo atencional continuava falho e
a ansiedade continua constante, diante dos efeitos adversos.
Nesse contexto, o uso de produtos à base de Cannabis, no meu
caso, sob indicação médica, veio somar no tratamento, junta-
mente com o acompanhamento psicoterápico, já que não se
trata o TDAH apenas com remédios.

Atualmente, posso dizer que sou um estudioso engajado no


tema do uso de canabinoides e meu trabalho é dedicado, em
grande parte, aos pacientes com transtornos do neurodesen-
volvimento e suas comorbidades, pois vivo suas dificuldades e
dores 24 horas por dia.

Boa leitura!

2
O QUE É O TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsivi-
dade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que
acomete, em média, 5% das crianças e 2,5% da população adulta,
com predomínio de diagnósticos no sexo masculino. No entanto,
suspeita-se que os diagnósticos em mulheres estejam subdiag-
nosticados.

O TDAH apresenta um quadro clássico, que se caracteriza por


um comportamento frequentemente desorganizado, distraído,
desatento, com fácil perda do foco, esquecimentos, excesso de
movimentação física, pensamentos acelerados, impaciência,
ações irracionais, comprometimento na tomada de decisões,
baixa tolerância à frustração e irritabilidade. Portanto, podemos
dizer que não há pessoas com TDAH sem disfunção executiva e
desregulações emocionais.

POR QUE SURGE O TDAH?


As causas por mutações genéticas são as principais razões para
que haja o desenvolvimento do TDAH. Porém, o ambiente e o
meio externo podem ser gatilhos para que o transtorno se
desenvolva naqueles que possuem o perfil genético. Algumas
regiões cerebrais afetadas pelo TDAH são o corpo caloso, cerebe-
lo, a amígdala, o estriado e regiões frontais, podendo haver
redução da espessura cerebral, além de falha de conectividade
entre as regiões.

Sabe-se que a desregulação de dopamina está relacionada ao


TDAH, mas a ciência vem descobrindo que outros neurotrans-
missores, como serotonina e noradrenalina, estão relacionados
nessa rede de disfunções.

3
OS SINTOMAS MAIS COMUNS
DO TDAH EM CRIANÇAS E
ADULTOS

Os sintomas do TDAH podem ser um


pouco diferentes em crianças e adultos.
Veja abaixo quais são os mais comuns em
cada fase da vida:

Sintomas em crianças:
Agitação;
Inquietação;
Movimentação constante pelo ambiente;
Mexer as mãos e os pés sem parar;
Mexer em objetos;
Não conseguem ficar muito tempo paradas;
Falar muito;
Dificuldade de prestar atenção;
Se distraem facilmente com o ambiente ou
com seus próprios pensamentos;
Esquecimento;
Impulsividade;
Dificuldade de organização;
Desempenho escolar abaixo do esperado
para sua capacidade intelectual.

Sintomas/prejuízos em adultos

Desatenção;
Hiperatividade;
Impulsividade;
Dificuldade de organização e planejamento;
Não terminar algo que começou;

4
Dificuldade de realizar suas tarefas, sem ser
lembrado por outras pessoas;
Procrastinação;
Desemprego;
Impulsividade para vícios.

5
COMO ACONTECE
O DIAGNÓSTICO
DO TDAH?
De maneira geral, o diagnóstico pode se apresentar de três
formas, ao profissional que está avaliando o caso. Geral-
mente, na fase infanto-juvenil, os sintomas e prejuízos
tendem a ser mais óbvios, permitindo um diagnóstico pre-
coce; as crianças e adolescentes que apresentam baixo ren-
dimento escolar, prejuízos sociais por conta da hiperativi-
dade e impulsividade são pacientes que possuem o diag-
nóstico antes dos 12 anos, em média.

O diagnóstico tardio, nos adultos, vem se apresentando de


duas maneiras: no início, há somente sintomas leves, mas ao
longo da vida as dificuldades vão sendo exacerbadas, devido
a novas demandas, ou quando o paciente inicia os sintomas
apenas na fase adulta.

Qualquer profissional médico com experiência pode fazer o


diagnóstico, pois o TDAH pode se apresentar de diversas
formas, associado a comorbidades, como Depressão, Ansie-
dade, Autismo, Bipolaridade, transtornos de aprendizado,
transtorno de linguagem e, até mesmo, superdotação. Os
profissionais da Psicologia podem também levantar hipóte-
ses e encaminhar para avaliação médica, aplicar testes e
fazer acompanhamento terapêutico.

6
ALIÁS, TDAH PODE
você
sabia?
SURGIR NA FASE ADULTA

Já existem algumas evidências de que alguns pacientes


desenvolvem o TDAH a partir da puberdade e da fase adulta,
mas tendo que possuir condições genéticas para deflagrar o
transtorno. Pesquisas sugerem que alguns indivíduos com o
transtorno podem apresentar os primeiros sintomas no final
da adolescência ou mesmo na idade adulta. Três diferentes
e importantes estudos mostram que cerca de 80% dos adul-
tos com TDAH não apresentavam o transtorno na infância.
De fato, estes achados atiçam a ideia básica do TDAH, de
que muitos pacientes adultos, na verdade, são casos que
começaram na infância, a partir da sua própria estrutura es-
sencial - o neurodesenvolvimento.

7
Relação:
Canabinoides x TDAH
e seu tratamento com Fitocanabinoides

Podemos dizer que a pessoa com TDAH possui um perfil de


buscar o que é mais prazeroso e fácil, tendo diversas impli-
cações, com uso e tendência ao abuso de substâncias.
Dito isso, pesquisadores procuram entender se os pacientes
com TDAH apresentam risco com a Cannabis, principal-
mente, porque os derivados da planta são substâncias que
elevam consideravelmente os níveis de dopamina em
regiões específicas no cérebro (semelhante aos remédios psi-
coestimulantes). Desta forma, isso pode facilitar o uso
exagerado, até porque estes pacientes apresentam alívio dos
seus sintomas, como mesmo relatam.

Na literatura, os pacientes com TDAH costumam fazer uso da


Cannabis como automedicação, para aliviar sintomas de an-
siedade, falta de concentração, hiperatividade, insônia, entre
outros. Por outro lado, as pessoas sem TDAH, quando fazem
uso da Cannabis, buscam o “getting-high” ou “barato”.

A melhora dos sintomas tem uma explicação que vai para


além do aumento de dopamina induzida no cérebro, mas sim
por causa de uma possível regulação do endocanabinoide
anandamida, que esses pacientes possuem em excesso.

Além do mais, foi demonstrado, através de exames de


imagem, que o Canabidiol também tem a capacidade de ajus-
tar as alterações de conectividade entre as regiões do cérebro,
o que é importante para atenção, regulação emocional e con-
trole dos impulsos, aspectos comprometidos no TDAH.

8
CANNABIS PODE SER MAIS
EFETIVA QUE A RITALINA®?

Quando pensamos em tratamento com Cannabis, precisamos


ter em mente todos os compostos fitocanabinoides derivados
da planta Cannabis sativa L., não somente o Canabidiol (CBD),
mas também o Tetrahidrocanabinol (THC), Canabigerol (CBG),
Canabinol (CBN). Todos eles possuem potencial terapêutico.

O TDAH é comumente tratado com drogas psicoestimulan-


tes, como a Ritalina®. Alguns indivíduos não se adequam a
esse tratamento, devido aos efeitos colaterais. Muitos paci-
entes com TDAH também têm seu uso contraindicado por
causa de comorbidades, como Epilepsia, Hipertensão Arteri-
al, Arritmias, Tourette. Esses pacientes acabam tendo que ir
para terapias alternativas ou suplementares, usando alguns
antidepressivos, anti-hipertensivos (clonidina), vitaminas,
antioxidantes, etc.

A Ritalina® ou Metilfenidato, que é seu composto ativo, é a


medicação de primeira escolha para o TDAH. Ela tem um
mecanismo de ação similar ao das anfetaminas e da cocaí-
na, aumentando a concentração de dopaminas nas sinaps-
es. Apesar da sua eficácia, a Ritalina® tem possíveis efeitos
negativos - visto em bula -, como prejuízo no crescimento
ósseo em idades pediátricas, dor de cabeça e taquicardia.

Isso também faz com que muitos pacientes evitem tal me-
dicamento, permitindo a busca por novos tratamentos. A
Cannabis, desde o século passado, vem apresentando
inúmeros ensaios clínicos, em diversos transtornos mentais.
Cannabis e TDAH é um tema sobre o qual a Ciência, a cada
ano, vem trazendo novas descobertas, incluindo novas pos-
sibilidades terapêuticas e a indicação de alterações no siste-
ma endocanabinoide como causa para o TDAH.

9
Saiba mais sobre como
o TDAH altera o sistema
endocanabinoide:

clique no vídeo

10
Mas será que um produto à base de Cannabis
pode ser mais eficaz que a Ritalina®?

Em 2017, o IPPN (Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neuro-


ciência) do King’s College London, publicou o primeiro
estudo aleatorizado, controlado por placebo, sobre os efeitos
da Cannabis nos pacientes adultos com TDAH. Um total de
30 participantes foram avaliados, sendo 15 do “grupo place-
bo” e 15 do “grupo Cannabis”. O “grupo Cannabis” fez uso da
medicação Sativex [Mevatyl], um spray canabinoide, con-
tendo 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD. Foram utilizadas, em
média, 6 doses de spray. Esse estudo avaliou dois desfechos:
cognição e melhora dos sintomas do TDAH. Nesta pesquisa,
o Sativex não prejudicou a cognição desses pacientes, mas o
Sativex foi associado a uma melhora clinicamente significa-
tiva na hiperatividade/impulsividade e desatenção.
Outra pesquisa, em Rüthen, Alemanha, avaliou 30 pacien-
tes adultos com TDAH, todos resistentes ao tratamento far-
macológico, como o metilfenidato. Os pacientes receberam
aprovação para o uso de flores de Cannabis, entre 2012 e
2014, pelo Bundesopiumstelle, órgão do Ministério Federal
da Saúde da Alemanha. A idade dos pacientes [28 homens,
2 mulheres] foi de 21 a 51 anos. Em 63% dos casos, o TDAH foi
diagnosticado apenas na idade adulta. Todos os pacientes
diagnosticados na infância foram previamente tratados
com metilfenidato e, dos 30 pacientes, apenas 8 pacientes
iniciaram o uso de Cannabis como psicoestimulante. Além
disso, em cinco casos, o Dronabinol (medicamento sintético
do THC, comercializado mundialmente) foi tentado e
também foi efetivo; os demais fizeram uso de canabinoides
variados. A conclusão deste estudo é de que, para pacientes
adultos com TDAH, que apresentam efeitos colaterais ou
não sentem benefício com a medicação padrão, a Cannabis
pode ser uma alternativa eficaz e bem tolerada.

11
clique para ler

O USO ADULTO DA MACONHA E O TDAH


coluna do Dr. Cesar no portal Cannabis & Saúde

Como já afirmamos, o TDAH é o transtorno neuropsiquiátri-


co mais estudado nas últimas décadas. Os sintomas geram
um prejuízo significativo nas habilidades cognitivas do
indivíduo, ou seja, a pessoa possui uma enorme dificuldade
em regulação emocional, planejamentos, organização, difi-
culdade em gerir seu tempo durante atividades cotidianas,
hiperatividade mental e física. Oscilações de humor e alter-
ações sensoriais também são características que podem
gerar irritabilidades e fadiga, na maioria das vezes.
Para quem já está habituado com o tema, é fácil fazer a
relação do TDAH com sintomas impulsivos e vícios. Mas se
você, leitor, nunca ouviu falar sobre TDAH, entenda que é
uma condição de saúde, na qual a pessoa possui um funcio-
namento cerebral baseado em recompensa imediata, caso
contrário, a frustração é enorme. São pacientes com alta
probabilidade de serem compulsivos ou tendência à
adicção, como por doces, álcool, cigarros, pornografias, café,
cocaína e maconha – e, aqui, para facilitar a leitura e entendi-
mento, neste trecho, a palavra “maconha” sempre será men-
cionada como um quimiotipo de Cannabis, com alta con-
centração de THC, usada de forma recreacional, ok?
Pois bem, a relação TDAH e maconha é antiga. Geralmente,
os livros e as pesquisas fazem ligação com vício e prejuízo
pelo uso recreacional, mas, desde os anos 2000, isso vem
mudando. Sabemos que o consumo de maconha por
indivíduos com TDAH é altíssima. Parte desses indivíduos
relata que a sensação de relaxamento – a famosa “brisa” –
não é a única coisa que ocorre, mas também há um efeito
de disposição, esvaziamento mental, foco e diminuição do
tempo de procrastinação, embora o ato de fumar maconha
não seja uma forma de tratamento e não seja indicado por

12
Mas será que um produto à base de Cannabis
pode ser mais eficaz que a Ritalina®?

profissionais (falaremos mais sobre isto em outro momen-


to).
A partir desta observação e dos estudos massivos que já
vinham acontecendo sobre o uso dos canabinoides nos
transtornos neurológicos, os cientistas começaram a investi-
gar se os efeitos terapêuticos da Cannabis medicinal poderi-
am auxiliar no TDAH. Mais que isso: os cientistas procuraram
saber se o TDAH estava relacionado com algum dese-
quilíbrio no nosso sistema endocanabinoide (SEC) – pra
quem chegou de paraquedas, sugiro ler sobre SEC aqui.
Uma pesquisa publicada na revista American Academy
Neurology em 2009, comandada pela equipe do Dr. Cen-
tonze, sugere que os pacientes com transtorno de déficit de
atenção possuem uma deficiência genética na metabo-
lização de um endocanabinóide – Anandamida (AEA) –
devido à diminuição de uma substância, chamada de FAAH.

Vamos entender melhor:

É sabido que o Transtorno de Déficit de Atenção e


Hiperatividade está ligado com a falta ou dese-
quilíbrio da substância neurotransmissora Dopa-
mina em nosso cérebro;

Também sabemos que a Dopamina e receptores


dopaminérgicos possuem relação direta com o
SEC e Anandamida, no que tange a regulação dos
neurotransmissores envolvidos;

13
Este SEC é basicamente composto de mensageiros
(AEA e 2-AG) e receptores (CB1 e CB2), mas existem
substâncias que auxiliam no equilíbrio e qualidade
das funções desses mensageiros, como a substân-
cia FAAH;

A FAAH tem a função de metabolizar a Anandami-


da; logo, se o seu organismo apresenta uma baixa
quantidade de FAAH por fatores genéticos, você
certamente apresentará problemas com a metabo-
lização da Anandamida.

Podemos concluir, então, que, segundo este estudo sugere,


a partir de uma falha de metabolização da AEA, haverá uma
desregulação nos processos das vias dopaminérgicas, com a
desregulação de dopamina. E, fazendo um adendo, isso
ocorre com outros transtornos dopaminérgicos, como Par-
kinson e Esquizofrenia, visto que o SEC acompanha o siste-
ma dopaminérgico.

Voltando ao estudo, de forma simples e direta, Dr. Centonze


coletou amostras de sangue, aproximadamente 12 mL, de 15
pacientes com e sem TDAH, na faixa de 6 a 13 anos. Especifi-
camente, os pacientes com TDAH nunca haviam tomado
psicoestimulantes, como Ritalina®. No fim do estudo, foi
verificado que os pacientes com TDAH apresentaram
diminuição considerável de FAAH no seu organismo.

14
Então, podemos dizer que a causa do TDAH é a falha do
sistema endocanabinoide? Não, vamos pisar um pouquinho
no freio… O TDAH é multifatorial, ou seja, sua causa envolve
diversos fatores, portanto não dá pra dizer que toda culpa
pode ser atribuída a este problema genético, o qual gera a
diminuição da atividade do FAAH e alteração da metabo-
lização da AEA. No momento, o que podemos afirmar é que,
sim, existe uma conexão entre TDAH e desequilíbrio do
sistema endocanabinoide.

15
1
Outros estudos
Cannabinoid and Terpenoid Doses are
Associated with Adult ADHD Status
of Medical Cannabis Patients

Em 2020, foi publicado na Rambam Maimonides Med J. um


estudo com o objetivo de identificar associações entre as
doses de canabinoides e terpenos administrados e sintomas
de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Os participantes eram pacientes adultos, licenciados para


tratamento com Cannabis medicinal (MC), que também
relataram um diagnóstico de TDAH por um médico. Prob-
lemas com sono e ansiedade foram coletados por meio de
questionários de autorrelato. Os dados de comparação
foram usados para avaliar as diferenças nos parâmetros
relatados, entre a dose e a escala ASRS de autorrelato de
TDAH (quanto maior a pontuação ASRS, maior os sintomas).

Os consumidores de altas doses e aqueles com menor pon-


tuação ASRS relataram uma maior ocorrência de inter-
rupção de todos os medicamentos para TDAH. Além disso,
houve uma associação entre o subgrupo de escore ASRS
mais baixo e os escores mais baixos de ansiedade. Além
disso, encontramos uma associação entre menor pontu-
ação ASRS e consumo de altas doses de canabinol (CBN),
mas não com Δ-9-tetraidrocanabinol (THC).

Foi concluído, neste estudo, que o consumo de doses mais


altas de componentes do MC (fitocanabinoides e terpenos)
está associado à redução da medicação para o TDAH. Além
disso, a alta dosagem de CBN foi associada a uma pontu-
ação ASRS mais baixa. No entanto, mais estudos são
necessários para entender completamente se a Cannabis e
seus constituintes podem ser usados para o tratamento do
TDAH.

16
2
Outros estudos
O papel dos canabinoides nas pertur-
bações do neurodesenvolvimento em
crianças e adolescentes

Uma revisão de estudos realizada por uma equipe de neu-


rologistas espanhóis teve como objetivo analisar o papel dos
canabinoides nos transtornos de neurodesenvolvimento.
Evidências clínicas sugerem que o tratamento precoce com
Canabidiol pode ser uma terapia promissora para transtor-
nos do neurodesenvolvimento, incluindo deficiência intelec-
tual, transtornos do espectro autista, tiques e transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade.
O estudo teve como meta revisar os estudos clínicos e
pré-clínicos atualmente disponíveis sobre o uso de canabi-
noides em distúrbios do neurodesenvolvimento pediátrico e
chamar a atenção para o potencial papel terapêutico do
CBD neste campo. Espera-se que esta revisão chame a
atenção para um corpo emergente de evidências sobre o
potencial significativo do canabidiol para melhorar, com se-
gurança, muitos dos sintomas comuns que afetam crianças
e adolescentes com transtornos do neurodesenvolvimento.

17
3
Outros estudos
I Use Weed for My ADHD

Na pesquisa “I Use Weed for My ADHD”: A Qualitative Analy-


sis of Online Forum Discussions on Cannabis Use and
ADHD”, publicada em maio de 2016, pesquisadores
norte-americanos realizaram uma análise qualitativa de dis-
cussões em fóruns online, também conhecidas como tópi-
cos, sobre os efeitos da cannabis no TDAH, para caracterizar
sistematicamente o conteúdo que pacientes e cuidadores
podem encontrar sobre TDAH e cannabis.
Um total de 268 tópicos de fórum foram identificados. Vinte
por cento (20%) foram selecionados aleatoriamente, o que
resultou em 55 tópicos de fórum separados (número médio
de postagens individuais por tópico de fórum = 17,53), pontu-
ados por três avaliadores (Kappa de Cohen = 0,74). Uma
amostra final de 401 postagens nesses tópicos do fórum
recebeu pelo menos um endosso em tópicos predetermina-
dos, seguindo procedimentos de codificação qualitativa.
Como resultado, obteve-se: 25% das postagens individuais
indicaram que a Cannabis é terapêutica para o TDAH, em
oposição a 8%, que considera prejudicial, 5% que diz ser ter-
apêutica e prejudicial e 2% que acha que não tem efeito no
TDAH. Esse padrão foi geralmente consistente, quando o
ano de cada cargo foi considerado. O maior endosso de
efeitos terapêuticos X nocivos da Cannabis não se
generalizou para o humor, outras condições psiquiátricas
(não TDAH) ou domínios gerais da vida diária. Por fim, outros
temas adicionais surgiram, como por exemplo, a Cannabis
sendo considerada sancionada pelos profissionais de saúde.

18
4
Outros estudos
The therapeutic role of Cannabidiol in
mental health: a systematic review

Na Journal of Cannabis Research foi publicada uma revisão


sistemática sobre uso dos canabinoides na saúde mental,
devido à terapêutica do canabidiol (CBD) estar despertando
maior interesse, por conta da expansão das evidências para
seu uso.

Ainda nesse sentido, uma revisão sistemática foi realizada


incluindo relatos de casos, séries de casos, ensaios abertos,
não randomizados e randomizados controlados (RCTs). A
busca resultou em 23 estudos relevantes sobre CBD e
nabiximols no tratamento de uma ampla gama de transtor-
nos psiquiátricos. A qualidade da evidência foi julgada
usando os Níveis de Evidência do Oxford Center for Evi-
dence-Based Medicine 2011, que variam do Nível 1 ao Nível 5,
com base na qualidade e no desenho do estudo. Esses níveis
de evidência ajudam na classificação das recomendações,
incluindo Grau A (forte), Grau B (moderado), Grau C (fraco) e
Grau D (mais fraco).

CBD e compostos contendo CBD, como nabiximols, foram


úteis para aliviar os sintomas de distúrbios relacionados à
Cannabis, como esquizofrenia, transtorno de ansiedade
social e comorbidades de TEA e TDAH com recomendação
moderada. No entanto, há evidências mais fracas para
insônia, ansiedade, transtorno bipolar, transtorno de estres-
se pós-traumático e síndrome de Tourette.

19
clique para ler
TDAH e herança genética

Agora vou falar um pouco sobre a genética do TDAH e sua


hereditariedade.

Frequentemente, o Transtorno de Déficit de Atenção e


Hiperatividade/Impulsividade é uma condição que se inicia
na infância e adolescência. Como principais sintomas, há
uma grande dificuldade de inibição dos estímulos externos
e de suas ações, trazendo prejuízos atencionais, atitudes im-
pulsivas e graus de hiperatividade, sejam estas motoras ou
mentais.
Nesse meio tempo, estudos genéticos chegaram à con-
clusão de que os genes DRD4, DAT1 e DRD5 estão associa-
dos à origem do TDAH (genes relacionados ao sistema de
dopamina). Entretanto, sabemos que a instabilidade de do-
pamina não é o único problema que pode causar o TDAH.
Nesse sentido, pesquisas genômicas verificaram outros
genes relacionados, como ADRA2A, 5HTT, TPH2, MAOA,
SNAP-25 e CDH13, que podem estar implicados no transtor-
no.

Então, “Por que eu tenho TDAH e meu


irmão ou irmã não tem?”

Um estudo publicado na revista Jama Pediatrics encontrou


resultados surpreendentes a respeito dessa aptidão para
herdar o distúrbio. Segundo o estudo, se um irmão mais
velho tem TDAH, o irmão mais novo apresenta 13 vezes a
chance de ter TDAH. De fato, um número alto. Ainda assim,
é possível que irmãos, além de não terem TDAH, apresen-
tem condições diferentes, com apenas traços ou outro tipo
de diagnóstico.

20
Na prática clínica, é muito comum o paciente com diag-
nóstico de TDAH ter na família alguns parentes diagnostica-
dos também. Da mesma forma, é frequente a ocorrência de
outros transtornos relacionados, como autismo, esquizofre-
nia, transtorno bipolar – que são transtornos muito relacio-
nados com a genética. Veja só: as crianças com irmãos mais
velhos autistas têm 3,7 vezes mais chances de ter TDAH; e
aquelas com um irmão mais velho com TDAH têm 4 vezes
mais chances de serem autistas.

Sabemos que mais estudos são necessários para explicar os


mecanismos ligados à hereditariedade do TDAH. Trata-se de
um transtorno com uma complexidade genética enorme e
com desdobramentos de sintomas variáveis, sendo crucial
você procurar ajuda profissional, pois o TDAH é o transtorno
mais tratável da Medicina.

Tipos de TDAH:

Existem três tipos básicos de TDAH, que podem ser detecta-


dos de acordo com o padrão comportamental apresentado
pelo paciente. Veja abaixo quais são eles:

TDAH Tipo Predominantemente Hiperativo/impulsivo:


nesse tipo de transtorno, o paciente sente a necessidade
constante de se movimentar e costuma ser bastante inquie-
to, tendo dificuldade em permanecer sentado, por exemplo.
Em seus relacionamentos e interações, ele costuma inter-
romper a fala do interlocutor, sem deixar que ele conclua o
raciocínio, além de falar excessivamente;

21
TDAH Tipo Predominantemente Desatento: neste caso, o
paciente costuma cometer erros por ter muita dificuldade
em manter a atenção, seguir instruções e organizar suas
tarefas. Outra característica é a memória ruim e a facilidade
para perder objetos e se distrair com quaisquer estímulos
externos.

TDAH Tipo Misto: o tipo misto, como o próprio nome diz,


mistura os dois tipos anteriores. Nele, o paciente costuma
ter seis ou mais sintomas de desatenção e de hiperatividade
e impulsividade.

22
Tratamento

TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO

Orientações gerais: Treinamento por reforço positivo, ambi-


ente de estudo e de trabalho com poucos fatores de dis-
tração e com rotinas previsíveis.

Orientações aos familiares: Orientar estratégias facilitado-


ras de organização e de planejamento das atividades diárias.

Orientações à escola: Necessidade de uma sala de aula


bem estruturada, com poucos alunos; rotinas diárias consis-
tentes e ambiente escolar previsível; atendimento individu-
alizado; colocação da criança em locais com pouca distração
durante as aulas.

Por que fazer terapia com Por que exercícios físicos são
psicólogo quando se tem tão importantes para quem
TDAH? tem TDAH?
O TDAH é um transtorno com- Um cérebro com TDAH tende a
plexo, para o qual a terapêutica ter desequilíbrios no eixo cere-
medicamentosa não é o sufici- bral no fronto-límbico-estriatal.
ente. Como o transtorno com- Esse desequilíbrio envolve pre-
promete globalmente as estru- juízo nas atividades dos neuro-
turas cerebrais, isso faz com transmissores e na atividade de
que o paciente apresente difi- regiões adequadas. Os exer-
culdade e prejuízos relaciona- cícios físicos possuem impacto
multimodal, ou seja, vários
dos a hábitos e comportamen-
pontos são afetados durante a
tos, fazendo com que somente
atividade física, permitindo a
a psicoterapia pode auxiliar
regulação dessas substâncias,
nesse processo.
modulação de circuitos cere-
brais, como diminuição da
ativação do sistema límbico
(região afetada em quadros de
ansiedade).

23
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

O tratamento formal de pessoas com TDAH são os chama-


dos psicoestimulantes. O exemplo mais popular desse tipo
de medicamento é o Metilfenidato - Ritalina®. Estes
remédios têm como função estimular o sistema nervoso
central (SNC), bloqueando a recaptação de noradrenalina e
dopamina nos neurônios, assim como permitindo a melho-
ra da atenção e hiperatividade. São medicamentos que
parecem estimular o córtex cerebral e estruturas
subcorticais, semelhantes às drogas anfetamínicas - essa é
uma das razões pelas quais os psicoestimulantes podem
causar dependência.

Principais efeitos colaterais


dos psicoestimulantes:
Insônia, irritabilidade, perda
de apetite, cefaleia e distúrbios
gástricos e intestinais.

24
perguntas
que chegaram
pelo instagram

25
É possível ter uma vida
normal com TDAH?

Sim. Embora não tenha cura, é


possível que as pessoas com
TDAH, com o tratamento corre-
to, desempenhem uma vida
funcional e produtiva.

É possível desenvolver TDAH


utilizando Cannabis?

Não, não há nenhuma evidência científi-


ca de que o TDAH é deflagrado a partir
do uso da Cannabis. O TDAH é um trans-
torno do neurodesenvolvimento e de
etiologia genética, muito embora exis-
tam alguns fatores ambientais de risco
referenciados na literatura, como
problemas perinatais, prematuridade e
baixo peso ao nascer, mas a Cannabis
não faz parte desses fatores.

26
O tratamento de TDAH e Bipolaridade
pode ter bons resultados com a Cannabis?

Aproximadamente, 40% dos pacientes


com Transtorno Bipolar possuem déficit
de atenção. Existem poucas evidências
dos canabinoides terem a função de es-
tabilizadores de humor (ex. Lítio) no que
tange a hipomania/mania. O fato é que
estes pacientes apresentam intensos
quadros de ansiedade, angústia, insônia
e isso tende a piorar quando associado ao
TDAH, levando-os a fazer uso e abuso de
diversas substâncias, como benzodiaz-
epínicos (Clonazepam, Alprazolam), para
minimizar sintomas. Neste contexto, a
indicação de fitocanabinoides pode ser
uma opção.

Tem indicação de uso de Cannabis para


pessoa com TDAH, mesmo quando não há
hiperatividade?

Em primeiro lugar, não há TDAH sem


hiperatividade. O antigo termo “TDA” era
usado quando os estudos ainda achavam
que o déficit de atenção era o único sin-
toma desses pacientes. Desta maneira, os
canabinoides podem ser uma opção,
visto que são produtos que auxiliam na
produção de dopamina e demais neuro-
transmissores.

27
Quais os principais efeitos colaterais
dos produtos à base de Cannabis?

Os produtos canabinoides
tendem a ser extremamente
seguros, quando usados e indi-
cados de forma correta. Os
principais efeitos adversos são
boca seca, sonolência, cefaléia
e náuseas. Os sintomas podem
variar de pessoa para pessoa.

Canabidiol pode causar


dependência química?

Não, o Canabidiol não causa


dependência química. Esta é
uma substância segura e bem
tolerável, mas não significa que
não precise de acompanha-
mento e orientação médica.

O TDAH pode impactar


na vida de casais?

Sim. Tanto o(a) paciente,


quanto seu companheiro (a)
precisam de psicoeducação, ou
seja, compreender o transtorno
e suas características diárias é
fundamental para que o casal
consiga diminuir suas dificul-
dades dentro do relaciona-
mento.

28
TDAH tem níveis?

Sim, o TDAH pode ser leve,


moderado e severo, sempre
observando o quanto de pre-
juízos o paciente tem com o
transtorno.

Existe a combinação de Canabidiol


(CBD) e psicoestimulante para
ansiedade e TDAH respectivamente?

Sim, existe. Há pacientes que


conseguem diminuir o uso de
psicoestimulantes com a
Cannabis. Por outro lado, há
pacientes que apenas querem
diminuir os efeitos colaterais dos
psicoestimulantes, como taqui-
cardia e diminuição do apetite,
o que tende a ser minimizado
com a Cannabis. Logo, existe a
combinação de uso de psi-
coestimulantes com Cannabis.

29
Qual suplemento não pode faltar
na vida de um paciente com TDAH?

Ômega-3 é um suplemento
que é bem empregado em
transtornos de saúde mental.
Quando pensamos no TDAH,
pensamos diretamente no
ômega 3, ele pois pode auxiliar
no humor, na atenção e tem
ação neuroinflamatória.

Não aceito meu diagnóstico


de TDAH. O que fazer?

A primeira coisa a se fazer é


aceitar o diagnóstico, para que
todos os prejuízos relacionados
ao TDAH possam ser mitigados.
Portanto, um acompanhamen-
to psicológico é imprescindível.

Uso de Cannabis Recreativa


pode prejudicar o TDAH?

Sim, há um limite para o uso do


THC, pois a alta quantidade
THC e a via inalatória permite
um rápido pico dessa substân-
cia na corrente sanguínea, o
que pode prejudicar o estado
emocional e piorar o déficit de
atenção.

30
Existe pessoa com TDAH
sem impulsividade?

Na realidade, a impulsividade
faz parte dos critérios e têm
seus níveis. A impulsividade
está presente no TDAH de várias
maneiras: desde falar muito, em
situações em que não devia, a
impulsos para usar (e abusar de)
substâncias, passando por com-
portamentos mais simples e
sutis, como agir sem pensar e
não saber esperar.

Posso usar Canabidiol (CBD)


associado ao Venvanse?

O CBD e demais fitocanabinoides


tendem, também, a melhorar
efeitos adversos dos psicoestimu-
lantes. Por isso, a combinação de
ambos é muito praticada na
Europa. A molécula CBD também
é segura e bem tolerada, desde
que haja acompanhamento
médico adequado para fazer tal
associação.

31
Selecionamos algumas dicas de comportamentos que
podem servir como estratégias para lidar de uma maneira
melhor com o TDAH.

Defina prazos para suas atividades


diárias simples, como arrumar a coz-
inha e o quarto, e conte com o alarme

1
do seu celular para controlar o tempo
Defina prazos de cada tarefa. Por exemplo: 20 minu-
e tempos. tos para varrer o chão e 10 minutos
para lavar a roupa. Para certificar que
você seguirá o horário corretamente,
use timers para cronometrar cada
tarefa.

Se você sempre parece estar corren-

2
Procure se do contra o tempo para resolver as
suas pendências, organizar os seus
manter
afazeres e arredores pode ajudá-lo a
organizado. transitar pelo seu dia com maior efi-
ciência.

Comece cedo É comum que pessoas com TDAH

3
cumpram seus compromissos
para ter mais sempre no limite do tempo. Portanto,
tempo para defina não a hora em que você deve
entregar seus compromissos, mas
concluir todas
sim, a hora em que você deve
as atividades. começar a executá-los.

4
Listagens de tarefas sempre são
bem-vindas! Para evitar esquecimen-
Faça listas.
to, pense mais a longo prazo e escreva
os afazeres de toda a semana.

Priorize ativi-

5
Ao focar nessas tarefas prioritárias, é
dades mais possível melhorar a concentração,
longas, com- desenvolver habilidades de organi-
zação, gerenciar prazos de forma
plicadas ou
mais eficaz e reduzir o estresse.
urgentes.

32
Desenvolva
uma rotina Incluir intervalos e atividades prazero-
sas ajuda a reduzir a sobrecarga, en-

6
diária con-
quanto promove hábitos saudáveis e
fortável e que
controle sobre a própria vida, con-
funcione para tribuindo para uma melhor qualidade
as suas neces- de vida e enfrentamento dos desafi-
os.
sidades e para
seu ritmo.

Celular e redes sociais podem acabar

7
tomando mais tempo do que devem
Fique longe durante seu dia. Assim, você
das distrações! consegue dedicar atenção para cada
tarefa que realiza, sem a interferência
da ansiedade e estresse.

8
Estabelecer limites reduz o estresse,
promove o equilíbrio entre vida pes-
soal e responsabilidades, e fortalece a
autoestima, resultando em uma
rotina mais saudável e bem-sucedida.

Conheça quais
os comporta- Sobrecargas mentais permitem que

9
as pessoas com TDAH facilmente
mentos/fatores alterem seu humor e energia. Identifi-
que te regulam car esses gatilhos e fatores es-
tressantes auxilia na não exposição e,
e te desregu-
desta forma, ajuda a evitar ansiedade
lam emocional- e frustrações.
mente.

33
RELATO DE PACIENTE NO
PORTAL CANNABIS & SAÚDE

Cannabis medicinal traz


relaxamento para paciente
com TDAH

A psicóloga Amanda Gurgel, 35 anos, conta como a Cannabis


a ajudou a lidar melhor com o TDAH, mas sem a letargia dos
remédios alopáticos.

Amanda Gurgel sempre sentiu que havia algo diferente com


ela. Ainda na adolescência, percebia que tinha que fazer o
dobro de esforço para aprender algo novo, por exemplo, e
constantemente se sentia cansada. A jovem sentia o impacto
do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
(TDAH), embora só tenha chegado ao diagnóstico já adulta,
mais de uma década depois.

“Sem saber que era TDAH, eu desenvolvi ansiedade e de-


pressão. A doença afetou minha autoestima e tive bastante
dificuldade para me socializar. Me sentia um peixinho fora
d’água e isso só me trazia mais estresse, angústia, insegu-
rança e medo.”

Somente em sua fase adulta, já com 20 e poucos anos, final-


mente passou por uma consulta com um psiquiatra. “De lá
pra cá, eu sempre passei por tratamento para a ansiedade e
depressão.”

“ Mas eu sempre fui uma pessoa irritada e


explosiva. É como se eu tivesse TPM o mês
inteiro. O excesso de tensão no músculo
me deixava sempre muito cansada, com
dores musculares, causando desconforto


até para dormir.
34
O diagnóstico de TDAH

Com o tratamento psiquiátrico, a letargia dava lugar à irri-


tação, mas, em ambos os casos, faltava disposição. “Somente
com 33 anos eu fui entender que tudo isso que eu sentia era
TDAH. Sou psicóloga, comecei a estudar a fundo a questão e
dar nome a tudo aquilo que eu sentia de diferente das outras
pessoas.”

“ Eu entendi que a minha falta de energia


era do TDAH. O cansaço mental passa
para o físico e não dou conta de fazer as


coisas que as demais pessoas fazem.

Em busca de alternativa, decidiu mudar de médico e marcou


uma consulta com a psiquiatra Gianna Testa. “Ela me tirou
da zona de conforto. Eu estava estabilizada com a medi-
cação, nem bem nem mal, e ela buscou me deixar mais
atenta, para produzir melhor, e introduziu o CBD.”

A Cannabis no tratamento de TDAH

Há um ano, Amanda faz tratamento com Cannabis medici-


nal. A sutileza de sua ação fez com que passasse pratica-
mente despercebida. “Eu dizia para minha médica que não
estava vendo efeito nenhum, embora, como TDAH, eu nunca
preste atenção a nada.”

Por via das dúvidas, deixou o tratamento de lado. “Foi aí que


eu vi, de fato, a diferença que a Cannabis faz. Funcionou
como um relaxante para mim. Antes, eu acordava e parecia
que tinha passado um caminhão em cima de mim. Passei a
dormir e acordar muito melhor. A minha tensão muscular
quase desapareceu. Fiquei mais leve, mais calma.”

35
Mais descansada, viu o reflexo em sua vida cotidiana. “A prin-
cipal diferença é que eu não me sinto mais letárgica. Dormin-
do melhor, fiquei mais tranquila, menos cansada, e isso redu-
ziu a irritabilidade e a ansiedade. Acordo bem e consigo
desenvolver um bom dia e fazer as coisas a que eu me
propus.”

36
REFERÊNCIAS

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38

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