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CARTILHA

DIREITOS DOS AUTISTAS

“Alguém com autismo me ensinou que o


amor não precisa de palavras.”

O objetivo desta cartilha é espalhar conhecimento para todos que conhecem ou fazem parte
da vida de alguém com espectro autista. Ajudar e orientar juridicamente a ASSOCIAÇÃO
DE PAIS E AMIGOS DE PESSOAS COM AUTISMO/APAA de CZS/ACRE e a
FAMÍLIA MILITAR do qual fazemos parte e temos tanto orgulho. Precisamos de uma
sociedade mais esclarecida e mais justa com as pessoas que estão nesta condição ou possuem
algum tipo de deficiência. É necessário não só saber dos direitos, mas de lutar por eles! É
uma forma de facilitar a vida daqueles que já lidam com tantas dificuldades no dia a dia!

Advogando pelo Transtorno do Espectro Autista. Por: Leila Daiana Dantas Mathias (Advogada – OAB AC 4647)

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INDÍCE DOS ASSUNTOS PÁGINA
1. LEGISLAÇÃO FEDERAL 3
2. DIREITO À SAÚDE 4
2.1. DIAGNÓSTICO PRECOCE 4
2.2. TERAPIAS, CARÊNCIAS E MEDICAÇÃO 4
3. DIREITOS CIVIS 5
3.1. DOCUMENTAÇÃO 5
3.2. CAPACIDADE CIVIL 6
4. DIREITO NO LAZER 6
5. FILA PREFERÊNCIAL 7
6. DIREITO À ISENÇÃO DE IPVA 8
7. DIREITO À COMPRA DE VEÍCULO COM ISENÇÃO DE
8
IMPOSTOS
8. DIREITO A ESTACIONAMENTO ESPECIAL (DEFICIENTES) 9
9. DIREITO À PASSAGENS AÉREAS COM DESCONTO 9
10. DIREITO A UTILIZAÇÃO DO TRANSPORTE INTERESTADUAL 10
11. DIREITOS NO IMPOSTO DE RENDA 10
12. DIRETOS TRABALHISTAS 11
12.1. SAQUE FGTS 11
12.2. REDUÇÃO DO HORÁRIO DE TRABALHO 11
13. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 12
13.1 BPC/LOAS 12
14. DIREITO À EDUCAÇÃO 12
15. BULLYING E DISCRIMINAÇÃO 14
16. PANDEMIA, CORONAVÍRUS, USO DE MÁSCARAS E O
15
AUTISMO
17. EQUOTERAPIA 16

Advogando pelo Transtorno do Espectro Autista. Por: Leila Daiana Dantas Mathias (Advogada – OAB AC 4647)

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1. Legislação Federal
As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm todos os
direitos de elencados na Constituição Federal de 1988 e mais alguns direitos
específicos em outras leis nacionais. As crianças e adolescentes autistas
contempla todos os direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente
(Lei 8.069/90).

A Lei Berenice Piana (12.764/12) criou a Política Nacional de Proteção dos


Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que estabelece o direito dos autistas
ao diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde; o
acesso à educação e à proteção social; ao trabalho e a serviços que propiciem a igualdade de
oportunidades. Foi esta Lei que definiu que a pessoa com transtorno do espectro autista é
considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

Com isso, as pessoas com TEA alcançam os mesmos direitos trazidos na Lei
13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), bem como nas normas internacionais
assinadas pelo Brasil, como a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência (6.949/2000).

Além destas leis federais, vale destacar algumas legislações que regulam questões
mais específicas envolvendo as pessoas com TEA:

• Lei 13.370/2016: Reduz a jornada de trabalho de servidores públicos com filhos


autistas. A autorização tira a necessidade de compensação ou redução de
vencimentos para os funcionários públicos federais que são pais de pessoas com
TEA.
• Lei 8.899/94: Garante a gratuidade no transporte interestadual à pessoa autista que
comprove renda de até dois salários mínimos. A solicitação é feita através do Centro
de Referência de Assistência Social (CRAS).
• Lei 8.742/93: A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que oferece o Benefício
da Prestação Continuada (BPC). Para ter direito a um salário mínimo por mês, o TEA
deve ser permanente e a renda mensal per capita da família deve ser inferior a ¼ (um
quarto) do salário mínimo. Para requerer o BPC, é necessário fazer a inscrição no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e o
agendamento da perícia no site do INSS.
• Lei 7.611/2011: Dispõe sobre a educação especial e o atendimento educacional
especializado.

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• Lei 7.853/ 1989: Estipula o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua
integração social, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos
dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público e define crimes.
• Lei 10.098/2000: Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
• Lei 10.048/2000: Dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência e outros
casos.
• Lei 13.830/2019: Dispõe sobre a Equoterapia como método de reabilitação que
utiliza o cavalo em abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e
equitação voltada ao desenvolvimento biopsicossocial da pessoa com deficiência.

2. DIREITO À SAÚDE

2.1 Diagnóstico precoce


A Lei Federal 12.764/2012 (Berenice Piana) dispõe como direito da pessoa com TEA
o diagnóstico precoce.

Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:


I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da
personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às
suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;

2.2. Terapias, Carências e Medicação


A regulamentação da ANS (Agência Nacional de Saúde) estabelece limites
de sessões de terapia, de acordo com o tipo da terapia. Pessoas diagnosticadas dentro do
transtorno do espectro do autismo (F84.*) tem um limite diferenciado. E é muito importante
saber que esse limite determinado não é o máximo, e sim o mínimo!

Prazos de atendimentos de acordo com a ANS:


De acordo com a Resolução Normativa 259 de 17/06/2011 os convênios têm que
atender os conveniados dentro dos seguintes prazos (esses prazos são para qualquer pessoa,
com autismo ou não):
• Urgência e emergências: IMEDIATO
• Exames de análises clínicas: 3 DIAS úteis
• Consultas básicas (pediatra, clinico geral): 07 DIAS úteis

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• Terapias e consultas com especialistas (psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta
ocupacional e fisioterapeuta): 10 DIAS úteis
• Consulta com médicos especialistas (psiquiatra, neurologista): 14 DIAS úteis
• Procedimentos de alta complexidade: 21 DIAS úteis

Lembramos que se você estiver ainda em carência (de no máximo de 180


dias), esses prazos começam a contar quando acabar sua carência.

Muitos convênios têm informado que autismo é doença pré-existente e que,


portanto, tem carência estendida de 24 meses. Autismo é deficiência de
acordo com a lei, portanto, não é doença pré-existente!

A pessoa com autismo cumpre carência como qualquer outra pessoa, no


prazo máximo de 180 dias.

Autistas que necessitam de medicação. A medicação gratuita é uma


realidade, porém alguns cuidados devem ser tomados para que o benefício
seja concedido. Um deles é a receita ter o nome genérico do medicamento,
e não o nome de “balcão”. Remédios de alto custo e os que não estão
disponíveis na rede pública de distribuição também podem ser solicitados.

3. DIREITOS CIVIS

3.1 Documentação
Para ter acesso a todos os benefícios que os direitos do autista concedem, é
preciso que os documentos básicos estejam em ordem.

Vale a pena separar um tempo para conferir e, se for o caso, fazer a emissão
de cada um deles.
• Emissão de cartão do SUS – (acesse o site oficial do meuDigiSUS no
navegador de sua preferência e se não tiver cadastro ainda, crie sua conta
online). Essa emissão vai facilitar sua vida se a pessoa autista utilizar a rede
pública de saúde.

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• Como fazer o Cadastro Único Federal
(https://www.caixa.gov.br/serviços/cadastro-unico).
• Emissão de CPF
(https://www.servicos.receita.fazenda.gov.br/servicos/cpf/inscricaopublica)
• RG com identificação da deficiência ou Carteira de Identidade Diferenciada.
No Estado de Pernambuco (site da Secretaria de Defesa Social – SDS
Pernambuco).
Este serviço foi criado por Leis Estaduais. Vale a pena conferir se já existe
no seu Estado. O objetivo é sempre conferir à pessoa com deficiência maior
independência, proteção, utilização nos casos de emergência, abordagem
policial, sinistros e ocorrências.
• CIPTEA - Carteira Nacional de Identificação da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista. Regulamentada pela Lei 13.977/20 com expedição gratuita
em todo território nacional.

3.2 Capacidade Civil


A pessoa com autismo tem capacidade civil para todos os atos da vida civil e somente
será impedida se comprovada a incapacidade de expressar sua vontade, ainda assim dentro
de alguns limites. O alistamento militar e o alistamento eleitoral são obrigatórios para todas
as pessoas com autismo, que poderão posteriormente ser dispensadas pelos respectivos
órgãos.

1- Alistamento Militar

2- Alistamento Eleitoral

4. DIREITO NO LAZER
A meia entrada é um benefício muito comum e vários
estabelecimentos já utilizam de forma muito tranquila. O que
ocorre é que existe uma diferença no benefício para quem tem
alguma deficiência, pois, muitas das vezes é estendido ao
acompanhante.

Diferente do que muitos acham, a meia entrada não está


vinculada a baixa ou ao recebimento do BPC/LOAS. Alguns estabelecimentos alegam que
o benefício só vale para o caso de assistente pessoal (a pessoa depende de alguém para
auxiliá-lo), mas uma dificuldade social, sensorial, também necessita do auxílio de um
acompanhante.

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Não esqueça de andar sempre com o LAUDO MÉDICO ou o CIPTEA ou o RG já
discriminando a deficiência!!!

Em muitos parques infantis de shopping Centers, basta mostrar um desses


documentos acima, que a criança com TEA tem direito a brincar por 30 min (mais ou menos
a depender do estabelecimento) sem pagar NADINHA!!!

5. FILA PREFERENCIAL
Um dos direitos do autista que muitas vezes nos causam transtornos é o de fila
preferencial. Muitos autistas não têm “cara de autista” e são vítimas de preconceito. São
confundidos como crianças mal-educadas e rebeldes. Aí começam os olhares tortos dos mal
informados!

É necessário muita paciência e calma, mas também, é preciso ter atitude para fazer
valer seu direito. Principalmente quando muitas vezes as pessoas argumentam e querem
saber o porquê você está “furando fila”. É essencial que andemos munidos com algum
documento da pessoa com TEA (nem que seja uma foto no seu celular) para comprovar a
necessidade da fila.

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6. DIREITO À ISENÇÃO DE IPVA
A isenção de IPVA é muito mais simples do que parece
e representa uma forma de economizar para que as famílias
investirem em outras tantas necessidades que o autista requer.

Assim como na compra de veículos, existem algumas


regras que devem ser respeitadas. Consulte detalhes em seu
estado através da internet, mas de modo geral as regras são
iguais (ou parecidas) com a do Estado de São Paulo.

Veículos novos ou usados, nacionais, comprados ou não com isenção, de até R$


70.000,00 (pela tabela FIPE) podem solicitar a isenção.

Os formulários e regras mais específicas podem ser encontrados no site da Secretaria


da Fazenda do Estado respectivo. (AC, SP, RJ, PE etc..).
• No link orientação do Pedido de isenção de IPVA.

7. DIREITO À COMPRA DE VEÍCULO COM ISENÇÃO DE IMPOSTOS


A maioria das pessoas não sabe, mas, assim como muitos
portadores de deficiência física, pessoas com autismo também podem
adquirir veículos com isenção de impostos (IPI e ICMS).

No caso das pessoas com TEA existe uma benesse. Não é


obrigatório a compra de um veículo com câmbio automático (mais
caros), abrindo o leque de opções.

Antigamente o processo era lento e burocrático. Agora, o


governo federal e muitos estados liberaram o processo digital, totalmente online. Com isso,
em poucas semanas você estará com suas cartas de isenções. Daí, e só escolher uma entre as
opções e aproveitar pra comprar.

Muito importante observar alguns detalhes antes da aquisição, principalmente quando


a pessoa autista é menor de idade ou incapaz. Nesses casos, serão representadas por um tutor.

É necessário saber!!! Quando o veículo for comprado em nome de um menor de idade


ou de alguém já interditado, o processo de venda é muito mais burocrático, pois o

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menor ou o interditado não poderá assinar o documento de transferência. Nesse caso, será
preciso entrar com um pedido judicial solicitando autorização, que será analisado pelo
Ministério Público.

Este é um dos poucos direitos dos autistas que necessitam de um advogado!


Mas vale muito a pena, pois o valor do carro a ser vendido acompanhará o valor de
mercado, e o valor do novo carro a ser comprado terá uma nova isenção.
Também é importante lembrar que a venda do veículo só poderá ser realizada após 2
anos da data da compra.

8. DIREITO A ESTACIONAMENTO ESPECIAL


(DEFICIENTES)
Na hora de estacionar, faça uso das vagas
especiais para deficientes. Mas não esqueça de antes emitir o
seu cartão DEFIS, pois, caso contrário, seu veículo será
multado e até guinchado. O cartão DEFIS é simples de ser
emitido, confira em vaga especial para pessoas com autismo.
(site do Detran ou CTPU a depender de cada Estado)

Sobre a Circulação de veículos de alguns Estados

Para cidades onde existe o rodízio de veículos, como o caso de São Paulo,
a liberação pode ser solicitada. É um processo simples que irá cadastrar a
sua placa no sistema do DETRAN, e quando a notificação de infração chegar ao órgão (por
conta de algum agente ou radar de trânsito), será automaticamente cancelada. O formulário
e passo-a-passo pode ser encontrado no endereço isenção de rodízio. (site do Detran ou
CTPU de cada Estado)

9. DIREITO AO DESCONTO DE PASSAGENS AÉREAS


Viajar de avião com uma pessoa com TEA pode ser bem
complicado, mas também pode ser uma experiência maravilhosa!!!
Não deixe de viver esses momentos com eles jamais! Mas,
pequenos detalhes fazem toda diferença, e você pode tornar a
experiência de todos muito agradável.

As companhias aéreas concedem descontos para aquisição


de passagens para a pessoa com autismo ou para o acompanhante.

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Esse é um dos direitos do autista que muitas pessoas desconhecem. Muitas vezes o
preço para os dois sai pelo valor de um. E mais, não esqueçam da preferência no check-in
e no embarque! Além de outros benefícios que podem (e devem) ser exigidos.

No Brasil ainda estamos engatinhando, mas, no exterior já existem vários hotéis,


parques de diversões, restaurantes preparados para receber as pessoas com autismo. Os
cuidados vão desde a chegada até a despedida, com muitos detalhes interessantes. Vale a
pena fazer as malas e viver novas experiências com eles!

10. DIREITO A UTILIZAÇÃO DO TRANSPORTE INTERESTADUAL


É direito o transporte interestadual gratuito para deficientes,
o que inclui pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), o
famoso Passe Livre.

O Passe Livre é valido para transporte


interestadual convencional público por ônibus, trem
ou barco/balsa. É importante saber algumas regras
para esse benefício:
• O Passe Livre NÃO É VALIDO para viagens em ônibus executivo e leito,
nem para o transporte intermunicipal.
• Tem direito ao Passe Livre qualquer deficiente comprovadamente carente, ou
seja, aquele que tem uma renda per capta (por pessoa que mora dentro da
mesma casa) de até 1 salário mínimo, em 2019 R$ 998,00.
• Lembrando que essa renda per capta é diferente do BPC/LOAS. No BPC a
renda máxima é de ¼ do salário mínimo, em 2019 R$ 249,50.
Para solicitar o Passe Livre é preciso preencher um formulário especial e o processo
é todo online.

11. DIREITOS NO IMPOSTO DE RENDA

Imposto de Renda
Muita gente pensa que a pessoa autista é isenta de
imposto de renda, e isso não é verdade! Existe a isenção de
imposto de renda para deficientes SOMENTE nos casos de
aposentadorias e pensões. Isso deve ser solicitado em uma agência do INSS,
preferencialmente na agência que concedeu o benefício.

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Se existir qualquer outra renda da pessoa com autismo, como por exemplo: aluguel,
salário ou pensão recebida desde que não seja do INSS, é tributada normalmente.
Existem regras que abarcam os pais, que podem deduzir as despesas médicas, exceto
em caso de reembolso.

É importante que a declaração seja feita com muito cuidado. Atualmente todos os
sistemas estão interligados e, se você declarar algo diferente (como por exemplo despesas
com terapeutas), o sistema enviará sua declaração para revisão (a famosa “malha fina”).
Se necessário, contrate um contador para fazer a sua declaração.

12. DIRETOS TRABALHISTAS


Quem já trabalhou ou contratou uma pessoa do espectro autista sabe.
Se for orientada para a tarefa correta, pode ter um rendimento superior a
qualquer outro funcionário “padrão”.

Inegavelmente a capacidade de concentração da pessoa com TEA e


a fixação por normas e procedimentos podem ser o sucesso do
empreendimento. Bom para o autista e sua família, ótimo para a empresa.

Todas as empresas com mais de 100 funcionários têm obrigação de incluir pessoas
com alguma deficiência em seu quadro. Por isto, muitas disponibilizam vagas exclusivas
para pessoas com autismo. Algumas agências se especializaram na preparação dos
candidatos fazem a “ponte” nesse processo. Da mesma forma, muitas empresas têm se
especializado no treinamento da equipe interna, seja para receber colegas de trabalho com
autismo, seja para atender a clientes.

12.1 Saque FGTS

É possível fazer o saque do saldo de FGTS para pagamento das terapias da pessoa
com autismo. Neste caso existem algumas regras que precisam ser solicitadas em juízo.

12.2 Redução do horário de trabalho

Pais ou responsáveis de pessoas com deficiência que trabalhem como servidores


públicos federais, estaduais ou municipais, podem ter redução do horário de trabalho sem
redução dos vencimentos.

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13. DIREITO PREVIDENCIÁRIO

13.1 BPC/LOAS
Todo deficiente e pessoa idosa de baixa
renda tem direito a um benefício chamado BPC
(Benefício de Prestação Continuada). Muitas pessoas se
referem ao BPC como LOAS que é o nome da lei (Lei
Orgânica de Assistência Social).

Pra começar, o benefício não é uma aposentadoria, como muitos acreditam. A


principal característica que o difere é que quem tem BPC/LOAS não recebe 13º salário, e
não é herança para os dependentes.

É preciso saber que o BPC/LOAS é tão somente a uma parcela restrita da população.
Antes, o limite de renda familiar era de apenas 1/4 do salário mínimo por pessoa. No ano de
2020 subiu de ¼ (R$261,25 em valores atuais) para meio salário mínimo (R$ 522,50). O
BPC, no valor de um salário mínimo, é pago a pessoas com deficiência e idosos que não
podem se manter sozinhos e nem ter o sustento garantido pela família. Antes, o critério para
identificar essas famílias seriam quando a renda mensal fosse inferior 25% do salário
mínimo por pessoa (cerca de R$ 260,00). Com a elevação desse limite ocorrido no ano
passado, mais famílias poderão ser contempladas.

Também não podemos considerar que esse benefício é para custear terapias ou
remédios (responsabilidade do SUS).

Existem algumas regras bem específicas sobre o cálculo da renda familiar, bem como
a forma de entrar em juízo caso sua renda ultrapasse um pouco o limite, mas você tem que
provar que existe um custo inevitável e não coberto pelo governo. Se o pedido for para as
vias judiciais, se faz necessária a presença do advogado.

14. DIREITO À EDUCAÇÃO


É muito importante ressaltar que a frequência das pessoas com autismo às intruções
de ensino regular é a base dos preceitos de Educação Inclusiva, da Lei de Diretrizes Básicas
da Educação de 1998, bem como pela Lei Bareice Piana de 2012, e Lei Brasileira de Inclusão
ou Estatuto da Pessoa com Deficiência de 2015.

A negativa de matricular uma pessoa (seja ela criança ou adolescente) com autismo
em qualquer escola pública ou privada, em razão da deficiência é uma ilegalidade. E para
combater este tipo de ilegalidade se faz necessário acionar os Órgãos Competentes.

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É importante sempre ir acompanhado com uma testemunha e não deixar de acionar
as Autoridades Competentes, mesmo que Você não queira mais matricular seu filho naquela
Instituição que se negou. Autoridades a serem acionadas são: Delegacia de Polícia
Especializada, Conselho Tutelar, Ministério Público Estadual, Gerência Reginal de
Educação ou até mesmo a Secretaria de Educação.

A escola que se negar pode ser punida com multa de até 20 salários mínimos, ser
advertida ou até mesmo perder a licença para funcionar e os diretores ou responsáveis pelo
estabelecimento que se negaram, podem ser responsabilizados civil e criminalmente.

O estudante com TEA possui uma série de direitos que vão desde
o transporte até a escola até um Acompanhante terapêutico que
irá acompanhá-lo durante os estudos.

Professor auxiliar e o Acompanhante Terapêutico


Primeiro é importante diferenciar o professor auxiliar e o acompanhante
terapêutico. O professor auxiliar é aquele de responsabilidade da escola
e o Acompanhamento terapêutico (AT) é uma modalidade de atendimento
amplamente utilizada no acompanhamento de crianças com diagnóstico do Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA)

O papel principal do acompanhante terapêutico ou tutor é fazer a adaptação das


atividades e avaliações para a “linguagem” do autista.

É esse acompanhante ou assistente terapêutico que fará a ponte entre o professor e o


aluno, de forma a “traduzir” o conteúdo a uma linguagem e formato que possam ser melhor
interpretados pela pessoa com Tea.

Seria interessante no primeiro momento, um bate-papo com a escola e a adoção de


pequenas medidas pelo próprio professor. Em casos simples, resolveria e o aproveitamento
seria muito melhor.

Também seria um dos objetivos do professor auxiliar o de promover a interação


social do autista com o meio escolar: professores, colegas de classe e funcionários.

Muito importante saber que quem determina se o autista necessita ou não se um


professor auxiliar é o médico neuropediatra ou neurologista. Não adianta os pais falarem que
a criança necessita e a escola falar que não tem a necessidade do assistente.

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Uma vez estabelecida a necessidade, a escola tem obrigação de conceder esse
benefício, sendo pública ou privada. E o mais importante, não pode ser cobrado
absolutamente nada a mais por isso!

Óbvio que, num primeiro momento, muitas escolas negam. É preciso solicitar de
forma documentada para que o benefício seja concedido. Isso é feito através de documentos
protocolados na escola, Secretaria da Educação (ou Delegacia de Ensino) e até em juízo, se
houverem negativas das partes anteriores.

15. BULLYING E DISCRIMINAÇÃO


Discriminar autista é crime. O bullying em ambiente escolar é uma das formas mais
comuns em que nossas crianças são vítimas de agressores. É importante saber que, para que
a discriminação seja caracterizada crime, o agressor deve estar ciente da deficiência do
agredido.

O artigo 88 nos traz as penas para quem discrimina uma pessoa deficiente. Logo, inclui as
pessoas com autismo, seja em qualquer grau. Segundo o artigo:

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de


sua deficiência:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1o Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encontrar-se sob
cuidado e responsabilidade do agente.
§ 2o Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido
por intermédio de meios de comunicação social ou de publicação de
qualquer natureza:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

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A lei 13.146/15 também traz:
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de
discriminação.
Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade,
opressão e tratamento desumano ou degradante.

É importante que a Polícia Militar seja acionada pelo telefone 190 ou a


deúncia seja realizada em uma das seguintes formas:

1. Telefone 100 , Direitos humanos;

2. Site do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos;

3. App direitos humanos para android ou iOS;

4. E-mail do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos,


ouvidoria@mdh.gov.br

Ou se preferir, comparecer a uma delegacia de polícia para registrar o fato diretamente


com o delegado de plantão também é muito válido.

No “mundo ideal”, o melhor era que isso nunca acontecesse com nossos queridos
autistas, mas infelizmente, nem tudo acontece da forma como desejamos, mas é muito
importante sabermos que não estamos sozinhos, e que se a lei nos protege, podemos e
devemos utilizá-la.

16. PANDEMIA, CORONAVÍRUS, USO DE MÁSCARAS E O AUTISMO


O uso de máscara é obrigatório em todo
território nacional, mas como ficam as pessoas
autistas que não conseguem entender ou usar por
questões sensoriais?

Uma das características das pessoas autistas


são as alterações sensoriais.

Não poder sair de casa e intensificar a higiene já são situações muito difíceis para
compreensão de uma criança autista. O uso de máscara então é um desafio ainda maior, pois
sua utilização potencializa o TPS (transtorno do processamento sensorial). Para quem sofre
com esse transtorno, é muito ruim ter algo encostando no rosto e orelhas como as máscaras.

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Não é porque eles não querem utilizar, mas, para eles, o incômodo é tão grade que
chega a ser insuportável.

Em muitos casos, a aceitação poderá ocorrer, mas na maioria dos deles essa
insistência do uso da máscara pode gerar agitação, irritabilidade, crises e até mesmo
autoagressão.

No caso da pessoa autista que tenha o transtorno do processamento sensorial, não é


possível o uso da máscara, por isso é importante que as pessoas ao redor usem a máscara.
Muitas famílias estão empenhadas a incentivar e ensinar sobre o uso da máscara, porém
muitas vezes não é possível.

A nova lei federal 14019/2020 sobre o uso obrigatório de máscaras já está inclusa a
dispensa do uso pelos autistas.

Art. 3° -A
§ 7º A obrigação prevista no caput deste artigo será dispensada no caso
de pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual,
com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as
impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme
declaração médica, que poderá ser obtida por meio digital, bem como no
caso de crianças com menos de 3 (três) anos de idade.

É muito importante que que todas as pessoas que trabalham nos estabelecimentos
públicos e privados saibam sobre esta dispensa para evitar constrangimento, discriminação
e abordagens desagradáveis.

17. EQUOTERAPIA
É regulamentada pela Lei 13.830/2019, a equoterapia é um
método terapêutico que utiliza o cavalo como abordagem
interdisciplinar na área da saúde, educação e equitação voltada ao
desenvolvimento biopsicossocial da pessoa com deficiência. E já
sabemos que isso inclui o autismo.

É um tratamento realizado por uma equipe multidisciplinar, integrada


ao médico que acompanha o paciente, e demais profissionais como psicólogos,
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, podendo ter outros especialistas.

Advogando pelo Transtorno do Espectro Autista. Por: Leila Daiana Dantas Mathias (Advogada – OAB AC 4647)

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Daiana Mathias daiana_adv_mathias
Como é um tratamento regulamentado por lei e com
comprovação de eficiência médica, não pode ter a cobertura
negada pelo plano de saúde!
Fiquem atentos as novidades e tratamentos médicos!!! Em caso de dúvida, busque
auxílio humano especializado. 😉⚖️🐎🐴

“Conhecimento é poder. Utilize parte do seu


tempo, todos os dias, para falar e educar alguém
sobre autismo. Necessitamos de defensores e
educadores. O inimigo será sempre o
desconhecimento e o preconceito.” (Daiana
Mathias)

Advogando pelo Transtorno do Espectro Autista. Por: Leila Daiana Dantas Mathias (Advogada – OAB AC 4647)

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