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Mente Saudável

TDAH: o que é, como


diagnosticar, e quais são os
tratamentos
O transtorno é de!nido por sintomas que envolvem
desatenção, hiperatividade e impulsividade em nível
elevado, trazendo prejuízos em vários âmbitos da
vida
Por Lucas Rocha
1 dez 2023, 14h03

Tratamento do TDAH envolve medicamentos, atividade física regular


e psicoterapia cognitivo-comportamental (Ilustração: Augusto
Zambonato/SAÚDE é Vital)

O transtorno de dé!cit de atenção e


hiperatividade, também conhecido pela
sigla TDAH, é uma condição do
neurodesenvolvimento, ou seja, que afeta
a formação do cérebro e do sistema
nervoso central.

O quadro é caracterizado por sintomas que


envolvem desatenção, hiperatividade e
impulsividade em nível elevado, com
prejuízos em diferentes âmbitos da vida,
como as relações sociais e os
desempenhos cognitivo, escolar e
pro!ssional.

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Estima-se que 5% a 8% da população


global conviva com o transtorno.

+ Leia também: TDAH decodi!cado: por


dentro do dé!cit de atenção

O que é TDAH?
A condição acomete o indivíduo desde o
nascimento, embora possa demorar anos
para ser diagnosticada.

“O que caracteriza o TDAH é a di!culdade


para se concentrar. A pessoa não consegue
focar em uma única tarefa ou !car parada
por longos períodos, por exemplo”, a!rma
o médico psiquiatra Antonio Egídio Nardi,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e membro da Associação Brasileira
de Psiquiatria (ABP). “E esses sintomas
atrapalham a rotina”, acrescenta.

As causas e os fatores de risco não são


amplamente conhecidos, mas a ciência
aponta algumas pistas. Estudos recentes,
por exemplo, sugerem que a genética
pode ter um papel relevante nesse
contexto.

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O Centro de Controle e Prevenção de


Doenças (CDC), dos Estados Unidos, lista
outros aspectos que podem estar
envolvidos no surgimento do transtorno,
como lesões cerebrais, exposição a
contaminantes como o chumbo, uso de
álcool e tabaco na gravidez, parto
prematuro e baixo peso ao nascer.

Do ponto de vista neurológico, o TDAH é


caracterizado por alterações na estrutura e
na função cerebral, como explica a
neuropsicóloga Tammy Marchiori,
membro da Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia (SBNp) e da American
Psychological Association (APA).

“Isso inclui atrasos na maturação do


córtex, mudanças na matéria branca e
cinzenta do cérebro, e disfunções nos
circuitos neurotransmissores. Estas
mudanças estão ligadas aos sintomas
cognitivos e comportamentais do TDAH”,
destaca a especialista.

+ Leia também: Por que precisamos falar


de TDAH na vida adulta?

Quais são os sintomas do


TDAH?
O transtorno se manifesta de maneiras
diferentes entre uma pessoa e outra. Os
sintomas que de!nem o TDAH dividem-se
em dois grupos principais: desatenção e
hiperatividade-impulsividade.

“A desatenção inclui di!culdades em


manter a concentração, distração fácil e
esquecimentos no dia a dia. Já a
hiperatividade-impulsividade envolve
inquietação, falar excessivamente e agir de
modo impulsivo”, a!rma Tammy.

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O psiquiatra da UFRJ destaca ainda que o


quadro varia de acordo com a idade.

“Crianças com o transtorno geralmente


são agitadas, apresentam di!culdade de
linguagem e na interação social.
Adolescentes em geral não conseguem
prestar atenção e manejar o tempo para
terminar as tarefas, !cam inquietos e
podem ter impulsividades”, detalha Nardi.

Além desses sinais, também podem estar


presentes outros tipos de comportamento.

“Há sintomas menos divulgados, como


desregulação emocional, dé!cits da
memória de trabalho, hiperfoco,
sensibilidade sensorial, baixa autoestima e
procrastinação”, a!rma Tammy.

TDAH acomete o indivíduo desde o nascimento, embora possa


demorar anos para ser diagnosticado (Foto:
jcomp/Freepik/Divulgação)

Desafios no diagnóstico
O avanço no conhecimento nos últimos
anos melhorou o entendimento do TDAH.

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Contudo, o diagnóstico ainda é um


desa!o especialmente pela semelhança da
sua forma de apresentação com outras
condições clínicas e com características
comuns ao desenvolvimento humano.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais (DSM-5, em inglês)
categoriza os sintomas do TDAH em dois
domínios principais: desatenção e
hiperatividade-impulsividade, como
mencionamos anteriormente.

Para fechar o diagnóstico, é necessário


que o indivíduo apresente os seguintes
critérios:

• Sintomas de Desatenção: Pelo menos


seis sintomas, como di!culdade em
manter a atenção, cometer erros por
descuido, ser facilmente distraído e
esquecimento em atividades diárias.

• Sintomas de Hiperatividade-
Impulsividade: Pelo menos seis sintomas,
incluindo inquietação, falar
excessivamente, di!culdade em realizar
atividades tranquilas e agir sem pensar.

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• Idade de início: Os sinais devem estar


presentes antes dos 12 anos, com
evidência de prejuízo em múltiplos
contextos, como casa, escola ou trabalho.

• Prejuízo: Os impactos devem


comprometer signi!cativamente o
funcionamento social, acadêmico ou
ocupacional.

• Critérios de exclusão: Condições


psiquiátricas ou médicas que também
possam justi!car as manifestações, como
ansiedade ou depressão, devem ser
descartadas.

“Os critérios do DSM-5 para o TDAH foram


re!nados para incluir o diagnóstico em
adultos, com modi!cações na idade de
início e no limiar de sintomas. O
documento enfatiza ainda a importância
de avaliar as queixas em diferentes
ambientes e o impacto delas na vida do
indivíduo”, pontua Tammy.

Diante de uma suspeita, deve ser feita uma


avaliação clínica e psicossocial por
pro!ssionais capacitados.

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Um protocolo aprovado pelo Ministério da


Saúde orienta que o diagnóstico deve ser
realizado por um médico psiquiatra,
pediatra ou outro pro!ssional de saúde
(como neurologista ou neuropediatra).

“O médico deve avaliar os sintomas


apresentados pelo menos nos últimos seis
meses. É importante que haja um padrão
persistente”, diz Nardi.

A con!rmação do diagnóstico é clínica, a


partir da avaliação médica. Embora não
existam exames físicos ou laboratoriais
para determinar que um indivíduo tenha
TDAH, eles podem ser utilizados para
eliminar a suspeita de outras doenças.

O perigo do autodiagnóstico
Circulam em redes sociais relatos de
pessoas que se autodiagnosticam com o
problema. Além de um equívoco, a prática
é perigosa, alertam especialistas.

“Autodiagnóstico não existe, é um erro


grave. Quem sofre de sintomas
semelhantes deve procurar um médico.
Na maioria das vezes, o diagnóstico é de
um transtorno de ansiedade ou outro
transtorno do desenvolvimento”, frisa
Nardi.

“Existem diagnósticos diferenciais que


apenas um pro!ssional pode fazer. Além
disso, transtornos associados podem estar
presentes, como estresse crônico e
depressão. E o tratamento adequado só
pode ser estabelecido quando o quadro é
compreendido”, complementa o médico
neurocirurgião Fernando Gomes,
professor livre-docente do Hospital das
Clínicas de São Paulo.

+ Leia também: Em busca do foco


perdido: o que fazer para recuperar a
concentração?

As causas e os fatores de risco do TDAH não são amplamente


conhecidos (Foto: vecstock/Freepik/Divulgação)

Tratamento do TDAH é
multidisciplinar
Na maioria dos casos, a abordagem mais
adequada é multidisciplinar, envolvendo
psiquiatra, psicólogo e neuropsicólogo,
entre outras especialidades.

“O tratamento pode ser realizado por meio


de terapia comportamental
especializada, reabilitação
neuropsicológica, utilização de fármacos
e neuromodulação cerebral. Além disso, é
importante a reorganização consciente do
estilo de vida”, a!rma Gomes.

Os medicamentos são empregados para


melhorar a atenção e reduzir a
impulsividade, enquanto as terapias
comportamentais dão ferramentas para
enfrentar desa!os especí!cos e oferecem
estratégias de manejo.

Os remédios mais utilizados no controle


do TDAH são o metilfenidato e a
anfetamina, mais conhecidos pelos nomes
comerciais de Ritalina e Venvase,
respectivamente, que atuam no aumento
da ação de alguns neurotransmissores.

Recentemente, entrou nesse cenário a


atomoxetina, primeira medicação não
estimulante para o transtorno. Ela age no
aumento da disponibilidade do
neurotransmissor noradrenalina, de
maneira mais especí!ca que os demais
compostos.

O tratamento também inclui


monitoramento contínuo para avaliar a
e!cácia e ajustar as estratégias conforme
necessário, considerando a importância
da coordenação entre pro!ssionais de
saúde, educadores e cuidadores.

“Além disso, é importante tratar também


as condições que frequentemente
acompanham o TDAH, como transtornos
de ansiedade, di!culdades de
aprendizagem e outros, garantindo assim
um cuidado completo e efetivo”, diz
Tammy.

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