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16_____ Safren, Perlman, Sprich & Otto

COMO SE DIFERENCIA 0 TDAH COMO DIAGNÓSTICO DO


FUNCIONAMENTO NORMAL?

Alguns dos sintomas listados anteriormente soam como se pudessem ser apli­
cados a quase qualquer pessoa em determinadas ocasiões. Por exemplo, a maioria
das pessoas provavelmente diria que se distrai com facilidade ou tem dificulda­
des para se organizar. E também esse o caso atualmente de muitos dos trans­
tornos psiquiátricos. Por exemplo, todo mundo fica triste de vez em quando,
mas nem todo mundo sofre de depressão clinicamente diagnosticada.

É por isso que existem os critérios C e D. Para que o TDAH seja considerado um
diagnóstico clínico para uma pessoa, ela deve ter dificuldades significativas com
alguns aspectos de sua vida, como o trabalho, problemas graves de relaciona­
mento e/ou na escola. Esse dois critérios definem o problema como muito
desconfortável à pessoa e muito prejudicial em algum aspecto de sua vida. “Mui­
to desconfortável” quer dizer que a dificuldade causa desconforto emocional ou
sofrimento. “Muito prejudicial” quer dizer que o problema de alguma forma atra­
palha a vida da pessoa, como o trabalho, os estudos ou os relacionamentos.

Para que o TDAH seja o diagnóstico adequado, o desconforto e o prejuízo não


apenas devem estar presentes como devem ser causados pelo TDAH e não por
alguma outra coisa.

DE QUE FORMA AS VARIÁVEIS COGNITIVAS E COM PORTAM ENTAIS PODEM


EXACERBAR O TDAH PARA ADULTOS?

■ Os componentes cognitivos (pensamentos e crenças) podem piorar os sin­


tomas de TDAH. Por exemplo, uma pessoa que esteja enfrentando algo que
lhe faça sentir sob pressão pode redirecionar sua atenção para outra coisa
ou ter pensamentos do tipo “não consigo”, “não quero” ou “depois eu faço” .
■ Os componentes comportamentais são atitudes que podem exacerbar os
sintomas do TDAH. Os comportamentos propriamente ditos podem incluir
coisas como evitar fazer o que você deveria estar fazendo ou não ter um
sistema de organização.

O modelo a seguir mostra os fatores pelos quais acreditamos que o TDAH afeta
a vida dos adultos. Segundo esse modelo, os principais sintomas de TDAH têm
base biológica. Entretanto, defendemos que as variáveis cognitivas e comporta­
mentais também afetem os níveis dos sintomas.

Prejuízos neuropsiquiátricos capitais - que começam na infância - impe­


dem o enfrentamento efetivo. Os adultos com TDAH, por definição, têm so­
frido cronicamente desse transtorno desde a infância. Sintomas específicos como
tendência à distração, desorganização, dificuldade de dar seguimento a tarefas
e impulsividade podem impedir as pessoas com TDAH de aprender ou usar
habilidades de enfrentamento eficazes.
Dominando o TDAH adulto - Manual do paciente

A falta de enfrentamento eficaz pode causar baixo rendimento ou fracas­


sos. Por isso, os pacientes com esse transtorno costumam ter rendimento cons­
tantemente abaixo do esperado ou resultados que eles podem chamar de “fra­
cassos” .

O baixo rendimento e os fracassos podem levar a pensamentos e crenças


negativos. Esse histórico de fracassos pode provocar o desenvolvimento de
crenças negativas sobre si mesmo, assim como o hábito de pensar de forma
negativa e desadaptativa diante de tarefas. Os pensamentos e crenças negati­
vos resultantes, por sua vez, contribuem para aumentar a evitação ou a ten­
dência à distração.

Os pensamentos e crenças negativos podem levar a problemas de humor e


podem exacerbar a evitação. Portanto, as pessoas desviam ainda mais sua
atenção diante de tarefas ou problemas, e os sintomas comportamentais relacio­
nados também podem piorar.

O modelo seguinte (publicado originalmente em Safren et ah, 2004) mostra


como esses fatores se relacionam entre si:

MODELO COGNIT1VO-COMPORTAMENTAL DO TDAH ADULTO

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