Janaine Cavalcanti

Como
falar com
o médico
um guia para quem busca o
diagnóstico de TDAH

@oh.tdah
“Algumas pessoas com TDAH na
idade adulta têm uma leque de
dificuldades tão graves que
terminam relacionamentos e
empregos, tem dificuldades de
direção e podem ter problemas
legais e financeiros”, J. Russell
Ramsay.
Sinais e sintomas de TDAH em
adultos
O TDAH tem o estigma de ser
superdiagnosticado, por isso muitos
adultos que podem ter o transtorno
sofrem em silêncio ou tem o diagnóstico
errado e foi por isso que resolvi criar
esse guia.

Primeiro vou falar brevemente sobre

como o TDAH é dividido e em seguida
disponibilizar as perguntas do
formulário oficial que os médicos usam
como ponto de partida. Ao final vou
deixar um espaço para organizar as
informações a serem levadas.

Então vamos lá!!!

O TDAH se apresenta de três tipos:

Predominantemente desatento: se
sintomas de desatenção, mas não de
hiperatividade-impulsividade, estiveram
presentes nos últimos seis meses.

Predominantemente hiperativo-
impulsivo: se sintomas de
hiperatividade-impulsividade, mas não
de desatenção, estiverem presentes

Combinado: se os critérios de
desatenção e hiperatividade-
impulsividade estão presentes

Os sintomas para adultos são os mesmos

que para crianças, mas existem algumas
diferenças sutis. Por exemplo, a
hiperatividade em adultos é muito mais
sentida do que manifestada, é mais a
mente inquieta.
Os sintomas comuns de TDAH
entre adultos incluem:
Distração e foco inconsistente
Esquecimento
Desorganização
Incapacidade de terminar
projetos
Tensão ou inquietação
Desempenho inconsistente,
muitas vezes percebido como
não confiável
Motivação não baseada em
importância, mas interesse e
urgência
Incapaz de dormir o suficiente
Péssima noção e manejo de
tempo
Emoções intensas e sensibilidade
à crítica
Baixo desempenho inexplicável
(não falhar, mas não alcançar o
que você acha que deveria ou
poderia ser)
Abuso e/ou dependência de
substâncias
Além disso, existem outros
sintomas como:

déficits de funções executivas

problemas com priorização;
planejamento;
procrastinação e;
gerenciamento de tempo;
hiperfoco
Para confirmar um diagnóstico de TDAH
na idade adulta, os sintomas devem ter
começado antes dos 12 anos de idade e
devem ter continuado por mais de seis
meses.

Os sintomas também devem ocorrer em

dois ou mais ambientes – como casa,
faculdade, trabalho ou situações sociais
– e causar algum comprometimento.

Muitas vezes os sintomas podem ser

confundidos com depressão, transtorno
bipolar, transtorno de ansiedade
generalizada ou abuso de substâncias.

Então é muito importante que você

anote todos os sintomas detalhamente,
deixe bem claro que começou desde a
infância e todos os prejuízos que isso
tem te causado.
 O questionário abaixo é
denominado ASRS-18 e foi
desenvolvido por pesquisadores
em colaboração com a
Organização Mundial de Saúde.
Esta é a versão validada no
Brasil.

ESTE QUESTIONÁRIO É APENAS UM PONTO DE PARTIDA

PARA LEVANTAMENTO DE ALGUNS POSSÍVEIS SINTOMAS
PRIMÁRIOS DO TDAH.

O DIAGNÓSTICO CORRETO E PRECISO DO TDAH SÓ PODE

SER FEITO ATRAVÉS DE UMA LONGA ANAMNESE
(ENTREVISTA) COM UM PROFISSIONAL MÉDICO
ESPECIALIZADO (PSIQUIATRA, NEUROLOGISTA,
NEUROPEDIATRA).
Responda com:
Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Muito frequentemente
Parte A
1. Com que frequência você comete erros
por falta de atenção quando tem de
trabalhar num projeto chato ou difícil?

2. Com que frequência você tem dificuldade

para manter a atenção quando está fazendo
um trabalho chato ou repetitivo?

3. Com que frequência você tem dificuldade

para se concentrar no que as pessoas
dizem, mesmo quando elas estão falando
diretamente com você?

4. Com que frequência você deixa um

projeto pela metade depois de já ter feito as
partes mais difíceis?

5. Com que frequência você tem dificuldade

para fazer um trabalho que exige
organização?

6. Quando você precisa fazer algo que exige

muita concentração, com que freqüência
você evita ou adia o início?

7. Com que frequência você coloca as coisas

fora do lugar ou tem de dificuldade de
encontrar as coisas em casa ou no trabalho?

8. Com que frequência você se distrai com

atividades ou barulho a sua volta?

9. Com que frequência você tem dificuldade

para lembrar de compromissos ou
obrigações?
Parte B
1. Com que frequência você fica se mexendo
na cadeira ou balançando as mãos ou os pés
quando precisa ficar sentado (a) por muito
tempo?

2. Com que frequência você se levanta da

cadeira em reuniões ou em outras situações
onde deveria ficar sentado (a)?

3. Com que frequência você se sente

inquieto (a) ou agitado (a)?

4. Com que frequência você tem dificuldade

para sossegar e relaxar quando tem tempo
livre para você?

5. Com que frequência você se sente ativo

(a) demais e necessitando fazer coisas,
como se estivesse “com um motor ligado”?

6. Com que frequência você se pega falando

demais em situações sociais?

7. Quando você está conversando, com que

freqüência você se pega terminando as
frases das pessoas antes delas?

8. Com que frequência você tem dificuldade

para esperar nas situações onde cada um
tem a sua vez?

9. Com que frequência você interrompe os

outros quando eles estão ocupados?
Como avaliar:

Se os itens de desatenção da parte A (1 a 9)

E/OU os itens de hiperatividade-impulsividade
da parte B (1 a 9) têm várias respostas marcadas
como FREQUENTEMENTE ou MUITO
FREQUENTEMENTE existe chances de ser
portador de TDAH (pelo menos 4 em cada uma
das partes).

O questionário ASRS-18 é útil para avaliar

apenas o primeiro dos critérios (critério A) para
se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios
que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico

de TDAH apenas com os sintomas descritos na
tabela!

VEJA ABAIXO OS DEMAIS CRITÉRIOS.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos na tabela acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem

estar presentes desde precocemente (até 12
anos).

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos

sintomas acima em pelo menos 2 contextos
diferentes (por ex., no trabalho, na vida social,
na faculdade e no relacionamento conjugal ou
familiar).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes por conta

dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro transtorno (tal

como depressão, deficiência mental, psicose,
etc.), os sintomas não podem ser atribuídos
exclusivamente a ele.
Como você se sentiu e se
comportou ao longo últimos 6
meses?
1. Com que frequência você tem problemas
para finalizar os detalhes finais de um projeto,
uma vez que as partes desafiadoras foram
feitas?

2. Com que frequência você tem dificuldade

em colocar as coisas em ordem quando tem
que fazer uma tarefa que requer organização?

3. Com que frequência você tem problemas

para se lembrar de compromissos ou
obrigações?

4. Quando você tem uma tarefa que requer

muita reflexão, com que frequência você evita
ou atrasa o início?

5. Com que frequência você se mexe ou se

contorce com as mãos ou os pés quando tem
que ficar sentado por muito tempo?

6. Com que frequência você se sente

excessivamente ativo e compelido a fazer
coisas, como se você fosse acionado(a) por um
motor?

Essa tabela extra as vezes é aplicada junto com o

ASRS-18

Responda com:

Nunca
Raramente
Algumas vezes
Frequentemente
Muito frequentemente
O QUE ESPERAR DA CONSULTA
MÉDICA
• Você pode ser questionado sobre os
sintomas (atual e passado), incluindo
gravidade, duração e como eles
afetam sua vida em casa, no trabalho e
socialmente. Dê detalhes!

• Eles podem querer saber sobre como foi

na escola, faculdade e trabalho (como
foram suas notas? Você troca sempre de
trabalho?) IMPORTANTE: nem todo
mundo que tem TDAH tira apenas notas
baixas

• Você pode ser perguntado se existe ou

não um histórico de TDAH na família ou
outras condições

• Eles podem querer descatar ansiedade

começando por tratá-la, muitas vezes a
ansiedade vem junto com o TDAH mas os
sintomas principais não são delas, deixe
muito claro se você sente que vêm se
sentindo ansioso(a) devido ao que você
passa por causa do TDAH.
COMO TER A CONVERSA COM O
MÉDICO
Traga uma cópia das listas preenchidas
com você para sua consulta.

Anote todas as perguntas com

antecedência e traga-as com você.

Anote as coisas que aconteceram que

fizeram você pensar que pode ter TDAH.

Use a Lista de Verificação de Sintomas e

as outras para ajudar a orientar sua
conversa.

Observe padrões ou sintomas que se

apresentem durante certas horas do seu
dia.

Não saia da consulta até anotar os

próximos passos recomendados pelo seu
médico.

Se possível converse com seu médico

regularmente para compartilhar como
você está e discutir se algo mudou.
Exemplo de como você pode descrever
seus sintomas usando as perguntas do
questionário:

Com que frequência você se distrai com

atividades ou barulho a sua volta?

Eu era frequentemente distraído(a) por

pequenos ruídos, uma criança inquieta
na sala de aula etc. Eu me distraia com
barulhos que outros alunos eram
facilmente capazes de ignorar.

Com que frequência você se mexe ou se

contorce com as mãos ou os pés quando
tem que ficar sentado por muito tempo?

Bato constante os pés

Mexo excessivamente no cabelo
Roo as unhas em excesso/puxo a pele ...
Sintomas presentes antes dos 12 anos:
(sintoma e exemplo se lembrar)
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Sintomas presentes agora:
(sintoma e exemplo se lembrar)
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Quais os prejuízos que o TDAH trouxe e traz
na sua vida? Relacionamentos (não só
amoroso mas em casa e com amigos),
notrabalho, na escola ou faculdade,
autoestima, relação com a comida, bagunça,
perder objetos, sono, pensamentos acelerados
constantes, foco, projetos incabados,
desatenção no trânsito
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Espero que esse guia possa te ajudar a
organizar melhor as idéias, além disso ele
vai te permitir conhecer bem os
principais sintomas e dessa maneira você
se sentirá seguro(a) para rebater alguma
justificativa que possa ser incabível como
tantas que, infelizmente, estamos
acostumados a ver.

Desejo de coração que tudo dê certo e

você se encontre, se olhe com mais
carinho, comece a se entender e tire das
suas costas o peso de anos.

VOCÊ FEZ O MELHOR QUE VOCÊ PODIA

COM O QUE VOCÊ TINHA!!

Com carinho, Janaine.

Referência

Kessler, R.C., Adler, L., Ames, M., Demler, O.,

Faraone, S., Hiripi, E., Howes, M.J., Jin, R.,
Secnik, K., Spencer, T., Ustun, T.B., Walters,
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OPYRIGHT © 2003 World Health

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