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Beira
2020
Marta Mateus Zacarias
Trabalho de investigação de
Epidemiologia 4º Ano do Curso de
Farmácia da Universidade Católica
de Moçambique, como requisito
parcial de obtenção de média de
frequência da disciplina.
Docentes:
Beira
2020
Trabalho de investigação de Epidemiologia
Avaliado por:________________________________
Nota:____________________________ (________)
________________________
Beira
2020
i
I. Lista de Abreviaturas
RPR - Rapid Plasma Reagent Test
III. Resumo
A alta incidência de infeções sexualmente transmissíveis tem se tornado grande
problema de saúde pública. A sífilis pode ser compreendida como sendo uma infeção de
transmissão sexual provocada por uma bactéria designada por T. Pallidum.
Normalmente a pratica de relações sexuais desprotegidas constitui a principal via de
transmissão. Ressaltar que para além da via sexual a sífilis também pode se dar por
transmissão vertical, isto é, da mãe para o feto durante a gestação ou no momento do
nascimento, e quando a transmissão se da por este meio desta designa-se por sífilis
congênita. O trabalho tem como objetivo caracterizar a Epidemiologia de infeção por
Treponema pallidum (Sífilis) na Província de Maputo e como metodologia baseou-se-
num estudo de carácter exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica, onde foi
realizado um levantamento de dados sobre epidemiologia de sífilis na província de
Maputo
iv
.
1. Índice
I. Lista de Abreviaturas......................................................................................................i
III. Resumo.......................................................................................................................iii
1. Introdução..................................................................................................................1
1.1. Objectivos...............................................................................................................2
1.1.1. Objetivo Geral................................................................................................2
1.1.2. Objetivos específicos.....................................................................................2
2. Fundamentação teórica...............................................................................................3
2.1. Noções básicas.....................................................................................................3
2.1.1. Sífilis....................................................................................................................3
2.1.2. Transmissão e fases clínicas da sífilis............................................................3
2.1.2.1. Sífilis adquirida...........................................................................................4
2.1.2.2. Sífilis primária............................................................................................4
2.1.2.3. Sífilis secundária.........................................................................................5
2.1.2.4. Sífilis latente...............................................................................................5
2.1.2.5. Sífilis tardia ou terciária..............................................................................5
2.1.2.6. Sífilis congénita...........................................................................................6
2.1.3. Diagnóstico laboratorial.................................................................................7
2.1.3.1. Exames de sangue.......................................................................................7
2.1.3.2. Microscopia.................................................................................................8
2.1.4. Tratamento.....................................................................................................8
2.2. Adolescentes e Jovens.......................................................................................10
2.3. Maputo...............................................................................................................12
3. Procedimentos Metodológicos.................................................................................14
4. Resultados e discussão.............................................................................................15
5. Conclusão.................................................................................................................16
6. Referências Bibliográficas.......................................................................................17
I. Apêndice
1. Introdução
A alta incidência de infeções sexualmente transmissíveis tem se tornado grande
problema de saúde pública. Vale refletir sobre as constantes descobertas e avanços na
área da saúde, e, no que concerne ao controle dessas infeções, não é necessária
sofisticação tecnológica para ações de prevenção e tratamento, principalmente quando
se aborda a sífilis, infeção que historicamente ocasiona fortes críticas sociais
(Nascimento et al. 2014; Figueiró et al. 2012 citado por silva et al. 2019)
A sífilis é uma patologia que tem a capacidade de afectar todo os sistema e que tem uma
evolução crónica. E quanto a forma de transmissão ela pode se classificar em sífilis
congénita e adquirida. Quanto a manifestações clinicas da sífilis referir que este
apresenta-se com períodos de sintomatologia alternados por bastantes períodos de
latência bem com diversos estágios e manifestações graves (Neto, 2014).
1
1.1. Objectivos
2
2. Fundamentação teórica
2.1.1. Sífilis
A sífilis pode ser compreendida como sendo uma infeção de transmissão sexual
provocada por uma bactéria designada por T. Pallidum. Normalmente a pratica de
relações sexuais desprotegidas constitui a principal via de transmissão. Ressaltar que
para além da via sexual a sífilis também pode se dar por transmissão vertical, isto é, da
mãe para o feto durante a gestação ou no momento do nascimento, e quando a
transmissão se da por este meio designa-se por sífilis congênita. É preciso deixar bem
claro que a sífilis não é a única patologia humana que é provocada pelo T. Pallidum mas
também existem outras doenças que podem ser provocadas pelo este agente que importa
a que referir. Dentre elas destacam-se a bouba, Pinta bem como a bejel ou sífilis
endêmica (Medicinanuva, 2014).
Sendo a sífilis uma doença crônica esta evolui com alternância de períodos de atividade
que nas literaturas descrevem três estágios nomeadamente a sífilis primária, secundária
e terciária, ressaltar que a sífilis também envolve períodos de latência designada por
sífilis latente (Avelleira, 2016).
3
2.1.2.1. Sífilis adquirida
A sífilis adquirida é transmitida maioritariamente por contato sexual com lesões ou
fluídos corporais infetados, por inoculação acidental ou através de objetos cortantes.
Pode ser também transmitida por transfusão sanguínea, embora esta situação raramente
aconteça, uma vez que o sangue dos dadores é testado e se infetados não são utilizados.
A sífilis adquirida pode ser classificada em recente, quando tem menos de um ano de
evolução; inclui as fases recentes da doença primária, secundária e latente precoce; e
tardia, quando tem mais de um ano de evolução e se divide nas fases latente tardia e
terciária (Murray et al, 2005; Ana et al, 2005; Lafond & Lukehart, 2006; Mello et al,
2012; Bittencourt et al, 2016, citado por Nchowela, 2016).
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2.1.2.3. Sífilis secundária
Esta fase tem o seu inicio depois que a fase primaria termina, ou seja, após
desaparecimento do cancro duro e das duas manifestações clinicas características dessa
fase sem se esquecer da cicatrização. Em termos de sinais e sintomas referir que este
caracteriza-se pelo reaparecimento das manifestações clinicas depois do período de
latência, que pode perdurar por um período de 6 a 8 semanas.
5
Geralmente as lesões desta fase são granulomas destrutivos (gomcom ausência
completa de treponemas, sendo assim designado por estádio pouco infecioso. (Avelleira
& Bottino, 2006, citado por Nchowela., 2016).
Por sua vez a sífilis congénita classifica-se em precoce e tardia. No que tange a sífilis
congénita precoce referir que esta começa a ser notada antes de terem decorridos os 2
primeiros anos de vida, enquanto que a sífilis congénita tardia esta apresenta as suas
manifestações, após terem decorridos primeiros dois anos de vida da criança. Importa
referir que o recém-nascido pode não apresentar sintomatologia e só apresentar
manifestações clínicas na 2a e até à 10a semana após o parto. As manifestações clinicas
que são comummente observados são fissuras periorais e anais, condiloma latum e
lesões da mucosa nasal com rinorreia purulenta, as vezes acompanhas de sangue, que
resultam devido ao nível de espiroquetémia bem como a exantema maculoso na face e
nas extremidades (Lafond & Lukehart, 2006; Avelleira & Bonitta, 2006; Fauci et al,
2008; Ferreira, 2013, citado por Nchowela., 2016).
6
2.1.3. Diagnóstico laboratorial
Primeiramente é preciso destacar que para a realização do diagnóstico laboratorial da
sífilis esta leva em consideração a fase clínica da patologia, de maneira a permitir a
escolha e uma interpretação precisa dos exames laboratoriais mais convenientes.
Do momento, não existe, um método de diagnostico que tenha uma detenção ideal de
100% de especificidade e sensibilidade que pode ser usado em qualquer fase da
patologia. Em algumas fases da sífilis concretamente na sífilis primária e secundária, o
exame pode ser feito um diagnóstico direto, por intermedio da demonstração de
treponemas nas lesões.
De acordo com CDC (2011) refere que os testes de rastreio da sífilis deve ser realizado
com o teste denominado não treponémico, tais como o RPR ou o VDRL, com o
objectivo de conhecer indivíduos com uma provável infeção não tratada. No entanto,
caso o teste seja reativo, deve ser prosseguir com a utilização do teste especifico
concretamente o teste treponémico confirmatório. Recomenda-se que a sorologia seja
realizada após o aparecimento do cancro duro, que geralmente tem sido na segunda ou
terceira semana após a infecção isto porque os anticorpos só podem ser detectados neste
período. (Larsen, 1995; Wicher et al., 1999; Azulay & Azulay, 2004; Baião, 2013;
CDC, 2011, citado por Nchowela., 2016).
Relactivamente aos testes não-treponêmico referir que estes são não sua maioria os
primeiros a serem efectuados, e estes abrangem o teste VDRL (do inglês venereal
disease research laboratory) e RPR (rapid plasma reagin). Importa referir os tipos de
testes pertencentes a esta categoria apresentam elevadas taxas de falso positivo. És a
razão que é essencial proceder a confirmação com um teste treponêmico que é
especifico. O VDRL é um tipo de teste que consiste em detectar anticorpos não
treponemais. Para tal recorre-se ao uso de cardiolipina, que é um antígeno que
normalmente esta presente no ser humano (parede de células danificadas pelo
Treponema)(Medicinanuva, 2014).
7
No que concerne aos testes treponêmico dentre os que são comummente utilizados
destaca-se o FTA-Abs e o TPHA. E conforme descrito anteriormente na maioria das
vezes estes teste são utilizados como forma de confirmação dos resultado positivos que
foram obtidos por intermedio dos testes não-treponêmico, isto é, a partir dos testes
inespecíficos.
Ressalvar depois de haver o tratamento bem- sucedido da sífilis, dos testes não
treponêmico o VDRL corresponde ao único teste que pode dar resultado. Entretanto,
este não é um resultado fiável para se chegar a conclusão que houve o sucesso
terapêutico ou não. No entanto, o VDRL é um dos testes não treponemais largamente
mais utilizado no contexto actual como um exame de rastreio. (Medicinanuva, 2014).
2.1.3.2. Microscopia
A bactéria podem ser visualizadas através do uso de um microscópio de um fundo
escuro ou com amostras contendo sais de prata. Ressalvar que o T. Pallidum não é
cultivável, uma vez que a espiroqueta não cresce no meio de cultura.
2.1.4. Tratamento
No que diz respeito ao tratamento, é preciso salientar que trata-se de uma emergência
clínica, visto que a demora para estabelecer o diagnóstico e o tratamento pode progredir
para a sífilis terciária, levando a dano irreparáveis especificamente no cérebro,
aumentando assim a taxa de mortalidade
8
Em casos da sífilis não ter mais de ano da sua evolução concretamente a sífilis
primária, secundária ou latente recomenda-se a administração de Penicilina
benzatina 2.400.000 UI em uma dose única.
Enquanto que para sífilis que tenha mais de um ano de evolução ou de um tempo
indeterminado recomenda-se a administração de Penicilina benzatina 2.
400.000UI em 3 doses, com de intervalo de 7 dias a cada administração.
9
2.2. Adolescentes e Jovens
Os dados sobre a prevalência de ITS entre os adolescentes e jovens no país são
limitados. Todavia, dados do IMASIDA 2015 indicam 7,8% e 8,1% de declaração
voluntária de ITS e/ou sintomas de ITS entre mulheres e homens na faixa etária dos 15-
24 anos de idade que já tiveram relações sexuais. Estimativas do Spectrum mostram que
os adolescentes de 10 a 19 anos são infetados maioritariamente por via vertical, ou seja,
de mãe para filho. Contudo, a maior parte das raparigas de mesma idade são infetadas
por via sexual (RVE. 2018).
Como Amostragem foram utilizadas um universo de 13,896 mulheres grávidas que pelo
seu consentimento foram colhidas amostras de sangue para a posterior se proceder a
testagem de sífilis durante o período da ronda.
Para o calculo da prevalência foram incluídas 13,854 mulheres cujo estes foi possível
obter resultados para os dois testes que foram utilizados, isto é, o teste não treponêmico
e treponêmico que representou cerca de 99.7% do total da amostra. O mesmo numero
de amostra foi usado na comparação da prevalência de sífilis de ronda de vigilância
epidemiológica de 2009 e 2011 (RVE, 2011).
em comparação com mulheres com uma gravidez (1.9%) conforme ilustram as Figuras
1, 2, 3.
10
Figura I: Prevalência de sífilis por faixa etária, RVE 2011
11
Figura III: Prevalência de sífilis em relação ao nível de escolaridade, RVE 2011
2.3. Maputo
No ano 2000 um importante estudo sobre a prevalência das ITS foi realizado no Distrito
da Manhiça ao sul de Moçambique. Contudo somente em 2010 foi publicado. Um total
de 262 mulheres foram estudadas sendo 59% do pré-natal, 7% do planeamento familiar
e 34% da comunidade. A dimensão do problema constatado foi enorme. As prevalências
encontradas foram de 12% para a sífilis, 14% para a gonorreia, 40% para o HPV, 8%
para a clamidia, 31% para tricomonas, qualquer ITS tratável 51% e qualquer ITS ativa
70%. A prevalência de HIV constatada foi de 12% (RVE. 2018). Entre 2002 e 2003
houve uma avaliação da presença de ITS e outras infeções do trato reprodutivo entre e
mulheres jovens atendidas nos SAAJ em Maputo. A prevalência de ITS dentre as 435
adolescentes foi relativamente baixa (0.2% gonorreia, 3.4% clamidia, 7,6%
tricomoniase, e 2.3% sífilis).
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O estudo demonstra que os jovens são altamente afetados pela hepatite B e que a
vacinação deve ser considerada no grupo em idades precoces (para os não vacinados ao
nascimento) e que reforços devem ser dados aos que receberam vacinação prévia (RVE.
2018).
13
3. Procedimentos Metodológicos
A realização deste trabalho baseou-se-num estudo de carácter exploratório, por meio de
uma pesquisa bibliográfica, onde foi realizado um levantamento de dados sobre
epidemiologia de sífilis na província de Maputo Estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão de estudos ou busca na literatura: artigos publicados em português,
inglês, espanhol; artigos na íntegra; que retratam a temática definida.
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4. Resultados e discussão
As mulheres que estiveram duas ou mais vezes grávidas tinham prevalência mais alta
4.1%, em comparação com mulheres com uma gravidez 1.9%.
Está doença continua a ser um grande problema no país entre as mulheres grávidas, a
maioria delas na região norte do país. O resultado do cálculo de prevalência mediana de
sífilis da RVE 2011 em Moçambique foi de 8.2%. isto é especialmente preocupante,
uma vez que ambos os inquéritos populacionais e os dados programáticos têm
evidenciado tendências de maior risco de ITS nesta província. Com isso indica que:
Entre 2002 e 2003 houve uma avaliação da presença de ITS e outras infeções do trato
reprodutivo entre e mulheres jovens atendidas nos SAAJ em Maputo. A prevalência de
ITS dentre as 435 adolescentes foi relativamente baixa (0.2% gonorreia, 3.4% clamidia,
7,6% tricomoniase, e 2.3% sífilis).
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5. Conclusão
As interpretações das taxas de sífilis têm sido dificultadas devido ao fato de que os
dados de sífilis ainda não estão sendo coletados devidamente em nível global e também
devido aos diferentes parâmetros utilizados entre os países. Muitos desses parâmetros
têm combinado casos de sífilis primária e secundária com sífilis latente, sendo que os
casos de sífilis sintomática (primária e secundária) são os indicadores mais confiáveis
de transmissão recente, e casos de sífilis assintomática são muito úteis para estimar a
prevalência em populações específicas, tais como mulheres grávidas, profissionais do
sexo, homens que fazem sexo com homens
A escassez de pesquisas que envolva a saúde masculina e a sífilis chama atenção sobre a
expansão dessa infeção sexualmente transmissível e de cura reconhecida, nesse caso a
necessidade de promover iniciativas de educação em saúde no sentido de acolher essas
pessoas, esclarecendo as formas de transmissão, diagnóstico, tratamento e o mais
importante o autoconhecimento, como o uso dos preservativos para a prática do sexo
vaginal, anal e oral.
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6. Referências Bibliográficas
1. Avelleira JC, Bottino G. (2006). Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle
4. LaFond RE, Lukehart SA. (2006). Biological basis for syphilis. Clin Microbiol.
7. SilvaI LR; Paiva MS et al. (2019). Sífilis na mulher e no homem: uma revisão
integrativa das publicações científicas
8. Reid TB, Molini BJ, Fernandez MC, Lukehart SA. (2014). Antigenic variation of
TprK facilitates development of secondary syphilis. Infect Immun.
10. World Health Organization (WHO). (2011). Prevalence and incidence of selected
sexually transmitted infections (Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae,
syphilis and Trichomonasvaginalis) Methods and results used by WHO to generate2005
estimates. Geneva.
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I. Apêndice
O termo sífilis originou-se de um poema, com 1.300 versos, escrito em 1530 pelo
médico e poeta Girolamo Fracastoro em seu livro intitulado Syphilis Sive Morbus
Gallicus (“A Sífilis ou Mal Gálico”). Esse poema conta a história de um pastor chamado
Syphilus que amaldiçoou o Deus Apolo e por isso foi castigado com o que seria a
doença sífilis.
Naquela época, essa ideia não foi levada em consideração. Apenas no final do século
XIX, com Louis Pasteur, passou a ter crédito.
A sífilis é uma doença de evolução lenta. Quando não é tratada, alterna períodos
sintomáticos e assintomáticos, com características clínicas, imunológicas e
histopatológicas distintas, divididas em três fases: sífilis primária, sífilis secundária e
sífilis terciária.
Agente Etiológico