Você está na página 1de 27

Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências de Saúde

Curso de Licenciatura em Farmácia

Marta Mateus Zacarias

Perfil Epidemiológico de Sífilis na província de Maputo

Trabalho de Investigação de Epidemiologia

Beira

2020
Marta Mateus Zacarias

Perfil Epidemiológico de Sífilis na província de Maputo

Trabalho de investigação de
Epidemiologia 4º Ano do Curso de
Farmácia da Universidade Católica
de Moçambique, como requisito
parcial de obtenção de média de
frequência da disciplina.

Docentes:

MSc. Guido André Nchowela

Beira

2020
Trabalho de investigação de Epidemiologia

Avaliado por:________________________________

Nota:____________________________ (________)

________________________

(Marta Mateus Zacarias)

Beira

2020
i

I. Lista de Abreviaturas
RPR - Rapid Plasma Reagent Test

VDRL - Venereal Disease Research Laboratory

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

FTA-Abs - Fluorescent Treponemal Antibody Absorption

TPHA - Treponema pallidum Hemagglutination

ITS - Infecções de Transmissão Sexual

OMS - Organização Mundial de Saúde

HIV - Virus de Imuno-deficiência Humana

SIDA - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

RVE - Ronda de Vigilância Epidemiológica

HPV - Human Papiloma Viruses


ii

II. Listas de tabelas ou figuras


Figura I: Prevalência de sífilis por faixa etária, RVE 2011.............................................11

Figura 2: Prevalência de sífilis em relação ao estado civil, RVE 2011...........................12

Figura 3: Prevalência de sífilis em relação ao nível de escolaridade, RVE 2011...........12

Tabela 1: Resumo por Localização Geográfica da Prevalência Mediana de Sífilis,


Moçambique 2011...........................................................................................................13
iii

III. Resumo
A alta incidência de infeções sexualmente transmissíveis tem se tornado grande
problema de saúde pública. A sífilis pode ser compreendida como sendo uma infeção de
transmissão sexual provocada por uma bactéria designada por T. Pallidum.
Normalmente a pratica de relações sexuais desprotegidas constitui a principal via de
transmissão. Ressaltar que para além da via sexual a sífilis também pode se dar por
transmissão vertical, isto é, da mãe para o feto durante a gestação ou no momento do
nascimento, e quando a transmissão se da por este meio desta designa-se por sífilis
congênita. O trabalho tem como objetivo caracterizar a Epidemiologia de infeção por
Treponema pallidum (Sífilis) na Província de Maputo e como metodologia baseou-se-
num estudo de carácter exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica, onde foi
realizado um levantamento de dados sobre epidemiologia de sífilis na província de
Maputo
iv

.
1. Índice

I. Lista de Abreviaturas......................................................................................................i

II. Listas de tabelas ou figuras...........................................................................................ii

III. Resumo.......................................................................................................................iii

1. Introdução..................................................................................................................1

1.1. Objectivos...............................................................................................................2
1.1.1. Objetivo Geral................................................................................................2
1.1.2. Objetivos específicos.....................................................................................2

2. Fundamentação teórica...............................................................................................3
2.1. Noções básicas.....................................................................................................3

2.1.1. Sífilis....................................................................................................................3
2.1.2. Transmissão e fases clínicas da sífilis............................................................3
2.1.2.1. Sífilis adquirida...........................................................................................4
2.1.2.2. Sífilis primária............................................................................................4
2.1.2.3. Sífilis secundária.........................................................................................5
2.1.2.4. Sífilis latente...............................................................................................5
2.1.2.5. Sífilis tardia ou terciária..............................................................................5
2.1.2.6. Sífilis congénita...........................................................................................6
2.1.3. Diagnóstico laboratorial.................................................................................7
2.1.3.1. Exames de sangue.......................................................................................7
2.1.3.2. Microscopia.................................................................................................8
2.1.4. Tratamento.....................................................................................................8
2.2. Adolescentes e Jovens.......................................................................................10
2.3. Maputo...............................................................................................................12

3. Procedimentos Metodológicos.................................................................................14

4. Resultados e discussão.............................................................................................15

5. Conclusão.................................................................................................................16

6. Referências Bibliográficas.......................................................................................17
I. Apêndice
1. Introdução
A alta incidência de infeções sexualmente transmissíveis tem se tornado grande
problema de saúde pública. Vale refletir sobre as constantes descobertas e avanços na
área da saúde, e, no que concerne ao controle dessas infeções, não é necessária
sofisticação tecnológica para ações de prevenção e tratamento, principalmente quando
se aborda a sífilis, infeção que historicamente ocasiona fortes críticas sociais
(Nascimento et al. 2014; Figueiró et al. 2012 citado por silva et al. 2019)

A sífilis é uma patologia que tem a capacidade de afectar todo os sistema e que tem uma
evolução crónica. E quanto a forma de transmissão ela pode se classificar em sífilis
congénita e adquirida. Quanto a manifestações clinicas da sífilis referir que este
apresenta-se com períodos de sintomatologia alternados por bastantes períodos de
latência bem com diversos estágios e manifestações graves (Neto, 2014).

1
1.1. Objectivos

1.1.1. Objetivo Geral


 Estudar o perfil epidemiológico de infeção por Treponema pallidum (Sífilis) na
Província de Maputo.

1.1.2. Objetivos específicos


 Descrever as noções básicas da sífilis.
 Apesentar o perfil epidemiológico da sífilis na província de Maputo
 Descrever o diagnóstico de infeção por Treponema pallidum (Sífilis);
 Explicar o tratamento de infeção por Treponema pallidum (Sífilis).
 Identificar a história natural de sífilis

2
2. Fundamentação teórica

2.1. Noções básicas

2.1.1. Sífilis
A sífilis pode ser compreendida como sendo uma infeção de transmissão sexual
provocada por uma bactéria designada por T. Pallidum. Normalmente a pratica de
relações sexuais desprotegidas constitui a principal via de transmissão. Ressaltar que
para além da via sexual a sífilis também pode se dar por transmissão vertical, isto é, da
mãe para o feto durante a gestação ou no momento do nascimento, e quando a
transmissão se da por este meio designa-se por sífilis congênita. É preciso deixar bem
claro que a sífilis não é a única patologia humana que é provocada pelo T. Pallidum mas
também existem outras doenças que podem ser provocadas pelo este agente que importa
a que referir. Dentre elas destacam-se a bouba, Pinta bem como a bejel ou sífilis
endêmica (Medicinanuva, 2014).

Sendo a sífilis uma doença crônica esta evolui com alternância de períodos de atividade
que nas literaturas descrevem três estágios nomeadamente a sífilis primária, secundária
e terciária, ressaltar que a sífilis também envolve períodos de latência designada por
sífilis latente (Avelleira, 2016).

O primeiro estágio da sífilis inicia-se com o desenvolvimento de um cancro primário no


local da inoculação. Apesar da eficácia da resposta imune na cura do cancro primário,
esta não consegue impedir a disseminação do patógeno pelo organismo, provavelmente
devido a variações antigênicas das proteínas treponêmicas membranares TprK, as quais
possibilitam que o T. pallidum escape à resposta imunitária inicial e que ocorra o
desenvolvimento de lesões maculopapulares de pele e lesões nas mucosas que
caracterizam a fase secundária da sífilis. É sugerido que a seleção de variantes de TprK
ocorra em face da resposta imunológica adquirida, sendo responsável pela persistência
do patógeno e pelo desenvolvimento das fases posteriores da doença (Reid et al, 2014).

2.1.2. Transmissão e fases clínicas da sífilis


A sífilis é uma doença sistémica de evolução crónica que, de acordo com a sua forma de
transmissão, pode ser classificada em sífilis adquirida e congénita (Mello et al, 2012,
citado por Nchowela, 2016).

3
2.1.2.1. Sífilis adquirida
A sífilis adquirida é transmitida maioritariamente por contato sexual com lesões ou
fluídos corporais infetados, por inoculação acidental ou através de objetos cortantes.
Pode ser também transmitida por transfusão sanguínea, embora esta situação raramente
aconteça, uma vez que o sangue dos dadores é testado e se infetados não são utilizados.
A sífilis adquirida pode ser classificada em recente, quando tem menos de um ano de
evolução; inclui as fases recentes da doença primária, secundária e latente precoce; e
tardia, quando tem mais de um ano de evolução e se divide nas fases latente tardia e
terciária (Murray et al, 2005; Ana et al, 2005; Lafond & Lukehart, 2006; Mello et al,
2012; Bittencourt et al, 2016, citado por Nchowela, 2016).

2.1.2.2. Sífilis primária


Primeiramente dizer que esta aparece num intervalo que varia entre 10 a 90 dias depois
de haver o contacto sexual com alguém infectado pelo T. pallidum. Em termos de
manifestações clinicas esta caracteriza-se por uma lesão no local de inoculação, com
formato de uma úlcera ou/e rosada vulgarmente conhecido por cancro duro.
Relactivamente a úlcera referir que esta é geralmente única, indolor e com bordos
endurecidos, de fundo liso, brilhante e com secreção serosa escassa. acompanhado por
adenopatia regional móvel, indolor e única não supurativa. Em termos de locais que
comummente são afectados referir que estes dependem do sexo, isto é, masculino ou
Feminino. Mas na maioria da vezes os órgãos genitais constituem os locais que são mais
susceptives de serem afectados, uma vez que a principal via de transmissão são as
relações sexuais não seguras. Nos homens os locais mais específicos que são
acometidos pelo este agente é na grande ou também designado por sulco bálano-
prepucial. E na mulher ocorre com maior frequência nas paredes vaginais, colo do útero
bem como nos pequenos lábios. Importa a que salientar que para além do cancro duro
ocorrer na maioria das vezes nos órgão geniais também pode aparecer em outros órgãos,
dependendo assim do local do contagio. Também é fundamentar referir que
independentemente de haver uma intervenção medica, ou seja, tratamento a lesão que é
altamente infetante desaparece de uma forma espontânea ao fim de 4 a 5 semanas sem
deixar cicatriz. Ressaltar que esta fase na maioria das vezes passa despercebida sendo
assim de difícil diagnostico. (Sanchez, 2003; Avelleira & Bottino, 2006; Mello et al.,
2012, citado por Nchowela., 2016).

4
2.1.2.3. Sífilis secundária
Esta fase tem o seu inicio depois que a fase primaria termina, ou seja, após
desaparecimento do cancro duro e das duas manifestações clinicas características dessa
fase sem se esquecer da cicatrização. Em termos de sinais e sintomas referir que este
caracteriza-se pelo reaparecimento das manifestações clinicas depois do período de
latência, que pode perdurar por um período de 6 a 8 semanas.

Dentre a os sinais e sintomas mais destacados na sífilis secundaria incluem: lesões


cutâneo-mucosa, sem úlcera, que normalmente é acompanhada de micropoliadenopatia
generalizada que também vem acompanhado com diversos manifestações sistémicas
nomeadamente: febre, fadiga, cefaleias etc. Em suma as manifestações clinicas
características desta fase são devido as afeções ao nível da pele e os órgãos internos.
(Avelleira & Bottino, 2006; Pereira et al, 2007; Mello et al, 2012, citado por Nchowela.,
2016).

2.1.2.4. Sífilis latente


A sífilis latente é subdivida em sífilis latente recente e tardia. No geral esta fase
caracteriza-se pela ausência das manifestações clinicas. Ressaltar que na ausência de um
tratamento terapêutico o individuo infetado pode-se recuperar das manifestações
clinicas predominantes da fase primária e secundário, mas porem restando somente a
reatividade dos testes serológicos como evidência da patologia. O tempo de duração
desta fase é relactivo, isto é, o seu percurso pode levar anos ou mesmo toda a vida do
doente. E como foi descrito anteriormente quanto a divisão desta tem-se fase latente
precoce e recente. É designado sífilis latente recente quando a infeção ter sido adquirida
no período de dois anos antes do diagnóstico e tardia quando a infecção ter sido
adquirida há mais de dois anos depois do diagnóstico como o próprio nome sugere
(Goh, 2005; Mello et al., 2012; Ferreira, 2013, citado por Nchowela., 2016).

2.1.2.5. Sífilis tardia ou terciária


Nesta fase, o indivíduo infectado começa a apresentar manifestações clinicas depois de
terem decorridos entre três(3) a doze(12) anos após a infecção pelo T. Pallidum.
Relactivamente a esta fase referir que este caracteriza-se por lesões locais
especificamente ao nível das mucosas(gomas), pele(tubérculos) bem como distúrbios a
nível do sistemas nervoso(tabes dorsalis, demência), e cardiovascular (aortite sifilítica).

5
Geralmente as lesões desta fase são granulomas destrutivos (gomcom ausência
completa de treponemas, sendo assim designado por estádio pouco infecioso. (Avelleira
& Bottino, 2006, citado por Nchowela., 2016).

2.1.2.6. Sífilis congénita


É designada por sífilis congénita aquela cuja a transmissão se dá da mulher grávida
infectada pelo T. pallidum para o feto denominada por transmissão vertical(TV). A
chance de haver uma contaminação vertical pelo T. pallidum é comum acontecer
durante o parto, e raramente em caso de haver lesões genitais na mulher grávida. É
possível ocorrer a contaminação durante a lactação, caso haja presença de lesões
mamárias, ressaltar que esta constitui também uma situação muito rara. Importa referir
que a transmissão do agente etiológico da sífilis durante a gestação para o feto esta pode
ocorrer em qualquer estádio da gravidez, mesmo que a alta transmissibilidade seja
observada nas fases iniciais da doença, isto é, sífilis primária e secundária, isso justifica-
se pelo facto de existirem muitos espiroquetas em circulação nessa fases. Alguns
autores descrevem que a de taxa de transmissibilidade varia em torno de 70-100% nos
estádios primário e secundário, e em menor proporção na fase latente recente e na
latente tardia respectivamente. É relevante ainda deixar bem claro que a lesão fetal
geralmente apenas ocorre após de terem decorridos concretamente 16 semanas de
gravidez, isto quando a imunidade fetal inicia a se desenvolver (Avelleira &
Bonitta,2006; Fauci et al., 2008, citado por Nchowela., 2016).

Por sua vez a sífilis congénita classifica-se em precoce e tardia. No que tange a sífilis
congénita precoce referir que esta começa a ser notada antes de terem decorridos os 2
primeiros anos de vida, enquanto que a sífilis congénita tardia esta apresenta as suas
manifestações, após terem decorridos primeiros dois anos de vida da criança. Importa
referir que o recém-nascido pode não apresentar sintomatologia e só apresentar
manifestações clínicas na 2a e até à 10a semana após o parto. As manifestações clinicas
que são comummente observados são fissuras periorais e anais, condiloma latum e
lesões da mucosa nasal com rinorreia purulenta, as vezes acompanhas de sangue, que
resultam devido ao nível de espiroquetémia bem como a exantema maculoso na face e
nas extremidades (Lafond & Lukehart, 2006; Avelleira & Bonitta, 2006; Fauci et al,
2008; Ferreira, 2013, citado por Nchowela., 2016).

6
2.1.3. Diagnóstico laboratorial
Primeiramente é preciso destacar que para a realização do diagnóstico laboratorial da
sífilis esta leva em consideração a fase clínica da patologia, de maneira a permitir a
escolha e uma interpretação precisa dos exames laboratoriais mais convenientes.

Do momento, não existe, um método de diagnostico que tenha uma detenção ideal de
100% de especificidade e sensibilidade que pode ser usado em qualquer fase da
patologia. Em algumas fases da sífilis concretamente na sífilis primária e secundária, o
exame pode ser feito um diagnóstico direto, por intermedio da demonstração de
treponemas nas lesões.

De acordo com CDC (2011) refere que os testes de rastreio da sífilis deve ser realizado
com o teste denominado não treponémico, tais como o RPR ou o VDRL, com o
objectivo de conhecer indivíduos com uma provável infeção não tratada. No entanto,
caso o teste seja reativo, deve ser prosseguir com a utilização do teste especifico
concretamente o teste treponémico confirmatório. Recomenda-se que a sorologia seja
realizada após o aparecimento do cancro duro, que geralmente tem sido na segunda ou
terceira semana após a infecção isto porque os anticorpos só podem ser detectados neste
período. (Larsen, 1995; Wicher et al., 1999; Azulay & Azulay, 2004; Baião, 2013;
CDC, 2011, citado por Nchowela., 2016).

2.1.3.1. Exames de sangue


Os tipos de exames de sangue possíveis ser realizados para estabelecer o diagnóstico da
sífilis consistem em exame treponêmico e exame não-treponêmico (Medicinanuva,
2014).

Relactivamente aos testes não-treponêmico referir que estes são não sua maioria os
primeiros a serem efectuados, e estes abrangem o teste VDRL (do inglês venereal
disease research laboratory) e RPR (rapid plasma reagin). Importa referir os tipos de
testes pertencentes a esta categoria apresentam elevadas taxas de falso positivo. És a
razão que é essencial proceder a confirmação com um teste treponêmico que é
especifico. O VDRL é um tipo de teste que consiste em detectar anticorpos não
treponemais. Para tal recorre-se ao uso de cardiolipina, que é um antígeno que
normalmente esta presente no ser humano (parede de células danificadas pelo
Treponema)(Medicinanuva, 2014).

7
No que concerne aos testes treponêmico dentre os que são comummente utilizados
destaca-se o FTA-Abs e o TPHA. E conforme descrito anteriormente na maioria das
vezes estes teste são utilizados como forma de confirmação dos resultado positivos que
foram obtidos por intermedio dos testes não-treponêmico, isto é, a partir dos testes
inespecíficos.

Ressalvar depois de haver o tratamento bem- sucedido da sífilis, dos testes não
treponêmico o VDRL corresponde ao único teste que pode dar resultado. Entretanto,
este não é um resultado fiável para se chegar a conclusão que houve o sucesso
terapêutico ou não. No entanto, o VDRL é um dos testes não treponemais largamente
mais utilizado no contexto actual como um exame de rastreio. (Medicinanuva, 2014).

2.1.3.2. Microscopia
A bactéria podem ser visualizadas através do uso de um microscópio de um fundo
escuro ou com amostras contendo sais de prata. Ressalvar que o T. Pallidum não é
cultivável, uma vez que a espiroqueta não cresce no meio de cultura.

2.1.4. Tratamento
No que diz respeito ao tratamento, é preciso salientar que trata-se de uma emergência
clínica, visto que a demora para estabelecer o diagnóstico e o tratamento pode progredir
para a sífilis terciária, levando a dano irreparáveis especificamente no cérebro,
aumentando assim a taxa de mortalidade

Os bectalactamicos concretamente o uso da penicilina G constitui o tratamento da


primeira escolha da sífilis. Relactivamente penicilina G benzatina referir que este pode
ser administrada por um período de vários dias ou semanas. Em situações de contra-
indicação a penicilina G, ou seja, Indivíduos com hipersensibilidade a este fármaco tem
se como alternativa a utilização dos fármacos pertencentes a classe das Tetraciclinas
com preferência administração por via oral. Ressalvar que devido as Tetraciclinas não
serem seguras para as gestantes recomenda-se que estes sejam tratados com o uso da
penicilina visto que esta pertence a categoria B.

O duração do tratamento da sífilis depende do estágio da doença em que o paciente se


encontra, podendo ser:

8
 Em casos da sífilis não ter mais de ano da sua evolução concretamente a sífilis
primária, secundária ou latente recomenda-se a administração de Penicilina
benzatina 2.400.000 UI em uma dose única.
 Enquanto que para sífilis que tenha mais de um ano de evolução ou de um tempo
indeterminado recomenda-se a administração de Penicilina benzatina 2.
400.000UI em 3 doses, com de intervalo de 7 dias a cada administração.

Segundo relatório oficial da OMS, a incidência mundial de sífilis em adultos entre 15 e


49 anos no ano de 2005 foi de cerca de 10,6 milhões de casos, sendo 2,39 milhões
destes no continente americano. A estimativa de prevalência de sífilis em adultos para o
mesmo ano foi de 36 milhões de casos, sendo 5,75 milhões na América (WHO., 2011).
No ano de 2008, foram estimados cerca de 10,6 milhões de novos casos.

Em 2012, as taxas de sífilis em mulheres variaram de 0,1-70,7 casos por 100.000


mulheres e as taxas de sífilis em homens variaram de 0,3-94,4 casos por 100.000
homens.

Entretanto, ainda segundo a OMS, a análise epidemiológica e interpretação das taxas de


sífilis têm sido dificultadas devido ao fato de que os dados de sífilis ainda não estão
sendo coletados devidamente em nível global e também devido aos diferentes
parâmetros utilizados entre os países. Muitos desses parâmetros têm combinado casos
de sífilis primária e secundária com sífilis latente, sendo que os casos de sífilis
sintomática (primária e secundária) são os indicadores mais confiáveis de transmissão
recente, e casos de sífilis assintomática são muito úteis para estimar a prevalência em
populações específicas, tais como mulheres grávidas, profissionais do sexo, homens que
fazem sexo com homens (HSH) e triagem em banco de sangue (World Health
Organization (WHO). Report on global sexually transmitted infection surveillance
2013. Geneva: WHO; 2014.). Esses indicadores são avaliados em doadores de sangue,
como forma de triagem do doador e medida preventiva ao receptor, aumentando a
segurança transfusional.

9
2.2. Adolescentes e Jovens
Os dados sobre a prevalência de ITS entre os adolescentes e jovens no país são
limitados. Todavia, dados do IMASIDA 2015 indicam 7,8% e 8,1% de declaração
voluntária de ITS e/ou sintomas de ITS entre mulheres e homens na faixa etária dos 15-
24 anos de idade que já tiveram relações sexuais. Estimativas do Spectrum mostram que
os adolescentes de 10 a 19 anos são infetados maioritariamente por via vertical, ou seja,
de mãe para filho. Contudo, a maior parte das raparigas de mesma idade são infetadas
por via sexual (RVE. 2018).

Como Amostragem foram utilizadas um universo de 13,896 mulheres grávidas que pelo
seu consentimento foram colhidas amostras de sangue para a posterior se proceder a
testagem de sífilis durante o período da ronda.

Para o calculo da prevalência foram incluídas 13,854 mulheres cujo estes foi possível
obter resultados para os dois testes que foram utilizados, isto é, o teste não treponêmico
e treponêmico que representou cerca de 99.7% do total da amostra. O mesmo numero
de amostra foi usado na comparação da prevalência de sífilis de ronda de vigilância
epidemiológica de 2009 e 2011 (RVE, 2011).

No que tange a prevalência mediana global da sífilis em Moçambique em mulheres


grávidas compreendidas entre 15-49 anos das que frequentaram os pontos de sentinela
durante a ronda de vigilância epidemiológica de 2011 foi estimada em 2.2%. a medida
que a idade aumenta verifica-se um aumento paralelo da prevalência de sífilis de 2.5%
até 4.9%. Em contrapartida em indivíduos com algum certo nível de escolaridade
verifica-se um decréscimo da prevalência de 5.9% para 1.8%. Em relação a mulheres
casadas, separadas e as viúvas têm a prevalência mais elevadas em comparação com as
mulheres que vivem maritalmente ou que nunca contraíram o matrimónio sendo 5.6%,
5.5%, 3.4% e 1.9%, respetivamente (RVE. 2011).

A prevalência aumentou com o número de anos habitando na mesma área. As mulheres


que estiveram duas ou mais vezes grávidas tinham prevalência mais alta (4.1%)

em comparação com mulheres com uma gravidez (1.9%) conforme ilustram as Figuras
1, 2, 3.

10
Figura I: Prevalência de sífilis por faixa etária, RVE 2011

Figura II: Prevalência de sífilis em relação ao estado civil, RVE 2011

11
Figura III: Prevalência de sífilis em relação ao nível de escolaridade, RVE 2011

2.3. Maputo
No ano 2000 um importante estudo sobre a prevalência das ITS foi realizado no Distrito
da Manhiça ao sul de Moçambique. Contudo somente em 2010 foi publicado. Um total
de 262 mulheres foram estudadas sendo 59% do pré-natal, 7% do planeamento familiar
e 34% da comunidade. A dimensão do problema constatado foi enorme. As prevalências
encontradas foram de 12% para a sífilis, 14% para a gonorreia, 40% para o HPV, 8%
para a clamidia, 31% para tricomonas, qualquer ITS tratável 51% e qualquer ITS ativa
70%. A prevalência de HIV constatada foi de 12% (RVE. 2018). Entre 2002 e 2003
houve uma avaliação da presença de ITS e outras infeções do trato reprodutivo entre e
mulheres jovens atendidas nos SAAJ em Maputo. A prevalência de ITS dentre as 435
adolescentes foi relativamente baixa (0.2% gonorreia, 3.4% clamidia, 7,6%
tricomoniase, e 2.3% sífilis).

Um estudo de prevalência de HIV, Hepatite B e Sífilis dentre 1380 jovens de 18-24


anos foi realizado na cidade de Maputo no período de 2009 a 2011. A predominância foi
de mulheres (76.8%). A prevalência de HIV foi de 5.1%, HBV 12,2% e sífilis 0.36%.
Comparadas com outros estudos em Moçambique as prevalências de HIV e sífilis foram
baixas, mas a de HBV mais alta do que o esperado.

12
O estudo demonstra que os jovens são altamente afetados pela hepatite B e que a
vacinação deve ser considerada no grupo em idades precoces (para os não vacinados ao
nascimento) e que reforços devem ser dados aos que receberam vacinação prévia (RVE.
2018).

Tabela 1: Resumo por Localização Geográfica da Prevalência Mediana de Sífilis,


Moçambique 2011.

A tabela 1 ilustra o resumo de resultados da testagem de sífilis na ronda de vigilância


epidemiológica de 2011 em Moçambique usando a combinação dos resultados obtidos
no teste rápida e do RPR. A prevalência de sífilis foi mais elevada na zona Norte do país
com 8.2% e mais reduzida na zona Sul com 1.2%. Tendo-se constatado que a
prevalência de sífilis por posto de saúde das zonas urbanas e Rurais é quase Semelhente
sendo 2.1% e 2.2%, respectivamente

Tabela 2: Comparação entre a Prevalência de Sífilis nas últimas duas Rondas de


Vigilância Epidemiológica, Moçambique 2009-2011.

13
3. Procedimentos Metodológicos
A realização deste trabalho baseou-se-num estudo de carácter exploratório, por meio de
uma pesquisa bibliográfica, onde foi realizado um levantamento de dados sobre
epidemiologia de sífilis na província de Maputo Estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão de estudos ou busca na literatura: artigos publicados em português,
inglês, espanhol; artigos na íntegra; que retratam a temática definida.

Como critérios de exclusão eliminou-se as publicações que não obedeciam os critérios


estabelecidos na metodologia, durante análise dos títulos e resumos dos artigos,
observou se na amostra artigos relacionados à temática deste trabalho, por meio das
seguintes plataformas digitais: Google académico, Scielo, Medline, MISAU, Pubmed,
incluindo artigos científicos, jornais, revista, livros, monografias, teses que abordam
sobre o tema.

14
4. Resultados e discussão
As mulheres que estiveram duas ou mais vezes grávidas tinham prevalência mais alta
4.1%, em comparação com mulheres com uma gravidez 1.9%.

Está doença continua a ser um grande problema no país entre as mulheres grávidas, a
maioria delas na região norte do país. O resultado do cálculo de prevalência mediana de
sífilis da RVE 2011 em Moçambique foi de 8.2%. isto é especialmente preocupante,
uma vez que ambos os inquéritos populacionais e os dados programáticos têm
evidenciado tendências de maior risco de ITS nesta província. Com isso indica que:

A falta de divulgação e ampliação do conhecimento necessário para subsidiar a


eliminação da sífilis. A falta de pesquisas que abarquem a saúde masculina e a sífilis
chama atenção, principalmente, pela expansão desta infeção, exprimindo a necessidade
de promover iniciativas de saúde no sentido de acolher esta clientela

Entre 2002 e 2003 houve uma avaliação da presença de ITS e outras infeções do trato
reprodutivo entre e mulheres jovens atendidas nos SAAJ em Maputo. A prevalência de
ITS dentre as 435 adolescentes foi relativamente baixa (0.2% gonorreia, 3.4% clamidia,
7,6% tricomoniase, e 2.3% sífilis).

Um estudo de prevalência de HIV, Hepatite B e Sífilis dentre 1380 jovens de 18-24


anos foi realizado na cidade de Maputo no período de 2009 a 2011. A predominância foi
de mulheres (76.8%). A prevalência de sífilis foi 0.36%. Comparadas com outros
estudos em Moçambique as prevalências de HIV e sífilis foram baixas. O estudo
demonstra que os jovens são altamente afetados pela hepatite B.

15
5. Conclusão
As interpretações das taxas de sífilis têm sido dificultadas devido ao fato de que os
dados de sífilis ainda não estão sendo coletados devidamente em nível global e também
devido aos diferentes parâmetros utilizados entre os países. Muitos desses parâmetros
têm combinado casos de sífilis primária e secundária com sífilis latente, sendo que os
casos de sífilis sintomática (primária e secundária) são os indicadores mais confiáveis
de transmissão recente, e casos de sífilis assintomática são muito úteis para estimar a
prevalência em populações específicas, tais como mulheres grávidas, profissionais do
sexo, homens que fazem sexo com homens

A escassez de pesquisas que envolva a saúde masculina e a sífilis chama atenção sobre a
expansão dessa infeção sexualmente transmissível e de cura reconhecida, nesse caso a
necessidade de promover iniciativas de educação em saúde no sentido de acolher essas
pessoas, esclarecendo as formas de transmissão, diagnóstico, tratamento e o mais
importante o autoconhecimento, como o uso dos preservativos para a prática do sexo
vaginal, anal e oral.

16
6. Referências Bibliográficas
1. Avelleira JC, Bottino G. (2006). Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle

2. Casal CA, Araújo EC, Corvelo TC. (2012). Aspectos imunopatogênicos da


sífilismaterno-fetal: revisão de literatura.

3. Nchowela GB. (2016). Caracterização Epidemiológica da Infeção por Treponema


pallidum em Mulheres Grávidas na Cidade da Beira, Sofala, Moçambique.

4. LaFond RE, Lukehart SA. (2006). Biological basis for syphilis. Clin Microbiol.

5. Plano Estratégico para a Prevenção e Controlo das ITS. (2011).

6. Plano Estratégico para a Prevenção e Controlo das ITS.(2018)

7. SilvaI LR; Paiva MS et al. (2019). Sífilis na mulher e no homem: uma revisão
integrativa das publicações científicas

8. Reid TB, Molini BJ, Fernandez MC, Lukehart SA. (2014). Antigenic variation of
TprK facilitates development of secondary syphilis. Infect Immun.

9. World Health Organization (WHO). (2014). Report on global sexually transmitted


infection surveillance 2013.

10. World Health Organization (WHO). (2011). Prevalence and incidence of selected
sexually transmitted infections (Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae,
syphilis and Trichomonasvaginalis) Methods and results used by WHO to generate2005
estimates. Geneva.

17
I. Apêndice

História natural da doença

A sífilis é uma enfermidade sistêmica exclusiva do ser humano. Embora a história


natural da sífilis tenha sido bastante estudada, sua origem permanece desconhecida. Seu
estudo ocupa todas as especialidades médicas.

A principal via de transmissão de sífilis é o contacto sexual, a via de transmissão que se


destaca a seguir é a transmissão vertical de mãe para o feto, quando a mãe não trata a
sífilis ou trata de maneira inadequada. Embora raro nos dias de hoje, também pode ser
transmitida por transfusão sanguínea.

O termo sífilis originou-se de um poema, com 1.300 versos, escrito em 1530 pelo
médico e poeta Girolamo Fracastoro em seu livro intitulado Syphilis Sive Morbus
Gallicus (“A Sífilis ou Mal Gálico”). Esse poema conta a história de um pastor chamado
Syphilus que amaldiçoou o Deus Apolo e por isso foi castigado com o que seria a
doença sífilis.

Em 1546, o próprio Fracastoro levantou a hipótese de que a doença fosse transmitida na


relação sexual por pequenas sementes que chamou de Seminaria contagionum.

Naquela época, essa ideia não foi levada em consideração. Apenas no final do século
XIX, com Louis Pasteur, passou a ter crédito.

A sífilis é uma doença de evolução lenta. Quando não é tratada, alterna períodos
sintomáticos e assintomáticos, com características clínicas, imunológicas e
histopatológicas distintas, divididas em três fases: sífilis primária, sífilis secundária e
sífilis terciária.

Agente Etiológico

 Agente Etiológico: Treponema pallidum


 Possui baixa resistência ao meio ambiente. É sensível à ação do sabão e de
outros desinfetantes;
 Forma de transmissão: sexual e vertical;
 Transmissão sexual é maior (cerca de 60%) nos estágios iniciais (primária,
secundária e latente recente);
 Em gestantes não tratadas ou tratadas inadequadamente a taxa de transmissão de
até 80% para o feto, nos estágios iniciais (primária, secundária e latente recente)

Promoção e prevenção em Saúde Sexual e Reprodutiva

 Abordagem nas consultas e sala de espera;


 Informação das formas de transmissão;
 Acesso facilitado ao preservativo feminino ou masculino;
 Abordagem em ações extramuros (populações-chave);
 Saúde nas Escolas.

Você também pode gostar