Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONHECER
BEM O
TRANSTORNO
É O MELHOR
CAMINHO
PARA UM
TRATAMENTO
DE SUCESSO!
DIAGNÓSTICOS, EXAMES,
CURIOSIDADES E DICAS PARA
MELHORAR A COMUNICAÇÃO
E A INTERAÇÃO SOCIAL
AS TERAPIAS CORRETAS MELHORAM O DESENVOLVIMENTO
DO AUTISTA E PODEM TORNÁ-LO INDEPENDENTE
Autismo Supera.indd 1 20/02/2018 12:58:32
PREFÁCIO CAPÍTULO 1
UMA
ESPERANÇA
P ode soar desesperador lidar
com algo que ainda tem um diag-
nóstico difícil e requer tratamen-
tos que nem sempre apresentam
resultados precisos. Todo esse
processo é doloroso para os pais
e para quem convive de perto com
portadores do transtorno autista.
No entanto, quando os familiares e
os amigos estão bem informados,
os efeitos costumam ser bem po-
sitivos e favoráveis – sobretudo se
O ESPECTRO
a síndrome é descoberta logo no
início. Este é o intuito desta publi-
cação: ser um guia que o ajude e
AUTISTA
o oriente a respeito de como lidar
melhor com o autismo. Nas pági-
nas a seguir, você mergulhará a
fundo em peculiaridades, causas e Embora ele apresente uma forma clássica facilmente
origens dos Transtornos do Espec- reconhecível, na qual a criança vive num mundo à parte, há tipos
tro Autista (TEA). diferentes, que se enquadram no que os especialistas chamam de
Transtornos do Espectro Autista (TEAs)
Boa leitura!
OS EDITORES
redacao@editoraonline.com.br O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba di-
ferentes síndromes. Elas são caracterizadas por per-
turbações do desenvolvimento neurológico que se
manifestam juntas ou isoladamente, como dificuldade
de comunicação por deficiência na linguagem e na ima-
ginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de
aprendem a falar, não olham para as pessoas nos olhos,
não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereoti-
pados e apresentam deficiência mental importante.
Autismo clássico: o grau de comprometimento varia. Distúrbio global do desenvolvimento sem outra es-
Em geral, os portadores são voltados para si mesmos, pecificação (DGD-SOE): faz parte do espectro do au-
AVISO: ESTA PUBLICAÇÃO REÚNE CONTEÚDO COM não estabelecem contato visual; conseguem falar, mas tismo (dificuldade de comunicação e de interação), mas
CARÁTER INFORMATIVO BASEADO EM DADOS não usam a fala como ferramenta de comunicação. Em- os sintomas não são suficientes para incluí-los em ne-
FORNECIDOS POR LIVROS, REVISTAS, PESQUISAS, bora possam entender enunciados simples, têm dificul- nhuma das outras categorias, o que torna o diagnóstico
CONSULTORES E PROFISSIONAIS. ANTES DE ADOTAR dade de compreensão e apreendem apenas o sentido muito mais difícil.
QUALQUER MEDIDA, CONSULTE SEU MÉDICO. literal das palavras. Nas formas mais graves, demons- Confira, a seguir, mais características das subdivisões
tram ausência de contato interpessoal, são isolados, não que fogem do autismo clássico.
RAIO-X
DO AUTISMO
O misterioso transtorno psiquiátrico, que atinge uma a cada mil pessoas no mundo,
“
condiciona seus portadores a viver imersos em sua própria realidade
DO AUTISMO
eram diagnosticados como psicoses. Em 1867, ele incluiu em seu livro
Physiology and Pathology of Mind (Fisiologia e Patologia da Mente, em
inglês) um capítulo denominado “Insanidade no início da vida”, com
uma tentativa ainda muito primitiva de correlação de sintomas com o
estado de desenvolvimento, sugerindo uma classificação que incluía os
O TRANSTORNO SÓ PASSOU A SER seguintes diagnósticos: monomania; mania coreica; insanidade catatô-
nica; insanidade epiléptica; mania; melancolia e insanidade afetiva. O
ESTUDADO A PARTIR DOS ANOS 1940 autismo mesmo só foi inicialmente observado em 1943.
FONTES Caderno Pandorga de Autismo, Vol. 1, de Fernando Gustavo Stelzer; livros Psiquiatria Infantil, de Leo Kanner, e Autismos, de Paulina Schmidtbauer; e site Autismo e Realidade
CAPÍTULO 4
NO BRASIL E NO MUNDO
A ONU estima que existam mais de 70 milhões de pessoas
com autismo no planeta. No Brasil, são quase 2 milhões,
A CADA
50 CRIANÇAS COMUM A TODOS
sendo que cerca de 90% não recebe diagnóstico As crianças negras e hispânicas iden-
tificadas com Transtorno Autista têm
maior probabilidade do que as brancas
1 É AUTISTA de apresentar déficit intelectual, reve-
lou em 2014 um estudo publicado pelo
LÁ FORA E AQUI CRESCIMENTO EXPRESSIVO CDC (Centro de Controle e Prevenção
de Doenças, em tradução livre), dos
Nos EUA, pediatras re- Segundo uma pesquisa do governo dos EUA, os casos de autismo subiram para
cebem treinamento para EUA. O relatório também mostrou
1 em cada 68 crianças com 8 anos de idade. O número foi estimado pelo CDC, diferenças entre etnias. As brancas
diagnosticar o transtorno órgão próximo do que representa, no Brasil, o Ministério da Saúde. Os dados são
autista em crianças de até têm maior probabilidade de ser identi-
referentes a 2010 e foram divulgados em 2014. Houve aumento de quase 30% ficadas com autismo (1 em 63) do que
3 anos. No Brasil, o exame em relação aos dados anteriores, de 2008, que apontavam 1 caso a cada 88
é feito geralmente entre as negras (1 em 81) e as hispânicas
crianças. Quase 60% em relação a 2006, que era de 1 para 110. A maioria das (1 em 93).
os 5 e os 7 anos de ida- crianças foi diagnosticada após os 4 anos.
de. E não se trata de um
distúrbio incomum! Dados
divulgados em 2013 pelo
ESTÁ NO ALERTA À SAÚDE FATOR CRONOLÓGICO
CDC (Centro de Controle CALENDÁRIO Segundo pesquisas do Centro Mu-
nicipal de Especialização do Autista
O JAMA também divulgou que, em comparação
aos filhos de casais com cerca de 20 anos de ida-
e Prevenção de Doenças) Para alertar a respeito dos núme-
ros elevados (seriam 70 milhões (CEMA) da cidade de Limeira (SP) de, as taxas de autismo entre crianças das quais o
dos EUA mostram que
de autistas em todo o mundo), e do Núcleo de Especialização e pai tem mais de 50 anos foram 66% mais eleva-
uma em cada 50 crian-
todo 2 de abril é celebrado o “Dia Socialização do Autista (NESSA) da das. Já para os que se encontravam na faixa dos
ças tem a doença. Não
Mundial de Conscientização do cidade de Mogi-Guaçú (SP), a rinite 40 anos, foi de 28%. A ocorrência também foi mais
há estatística oficial entre
Autismo”, data estabelecida pela alérgica é a patologia de maior pre- alta para as mães com mais de 40 anos (15%) e
os brasileiros, mas espe-
cialistas acreditam que a Organização das Nações Unidas valência entre os autistas estudados entre o os filhos de mulheres adolescentes (18%).
proporção seja semelhan- (ONU) desde 2008. O azul foi a por essas instituições. Em média, O risco de o filho desenvolver o problema também
te à de outros países – de cor designada para o autismo por 60,71% dos autistas também apre- aumentou de acordo com a disparidade entre as
cerca de 2 milhões de ter uma prevalência bem maior sentam sintomas gástricos, sen- idades maternas e paternas. As taxas foram maio-
pessoas. em meninos que em meninas — do o mais frequente a flatulência res quando a diferença era de dez anos ou mais
mais de 4 para 1. (39,90%). entre os parceiros.
OS SINTOMAS
A FUNDO
O grau e a gravidade variam muito. Os sintomas mais
comuns são dificuldade de comunicação e de interações
sociais, interesses obsessivos e comportamentos repetitivos
DIAGNÓSTICO
DO AUTISMO
O transtorno pode ser difícil de ser
detectado, mas há testes e estudos MODIFIED CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS (M-CHAT)
científicos em andamento que podem Preencha as questões abaixo sobre como seu filho geralmente se comporta.
indicar sua presença Caso o comportamento na questão seja raro (ex.: você só observou uma ou duas
vezes), por favor, responda como se seu filho não tivesse tal comportamento.
1 - Não 2- Não 3 - Não 4 - Não 5 - Não 6 - Não 7 - Não 8 - Não 9 - Não 10 - Não
11 - Sim 12 - Não 13 - Não 14 - Não 15 - Não 16 - Não 17 - Não 18 - Sim 1 9- Não 20 - Sim
MAPA CEREBRAL
Já se sabia por estudos em cérebros de cadáve-
neurônios.
Adaílton Tadeu Alves de Pontes, neurologista in-
fantil e um dos coordenadores da pesquisa, afir-
nóstico para os pacientes.
EXAME DE URINA
res que uma parcela da população autista tem o ma que as imagens obtidas com o mapeamen- Em 2010, cientistas do Imperial College de Londres descobriram
córtex (a camada de superfície do cérebro) mais to são comparadas com as do cérebro de uma uma forma de detectar o transtorno em crianças a partir dos 6
espesso do que a população sem o transtorno. criança sem o transtorno. Na verificação da rela- meses de vida. O autor do estudo, Jeremy Nicholson, explicou
Um novo estudo, proposto em 2015 e liderado ção de uma área com outra, segundo o médico, que as crianças autistas têm uma bactéria nos intestinos que
por Jianfeng Feng, da Universidade de Warwick, as crianças com autismo apresentam uma res- pode ser detectada por meio do exame de urina EAS tipo 1, an-
na Inglaterra, conseguiu uma resolução para posta diminuída no hemisfério cerebral direito em tes que apareçam os primeiros sintomas do transtorno. O EAS
estudos funcionais do cérebro. Nesse tipo de relação ao esquerdo, ou seja, há uma deficiência é o exame de urina mais simples, feito por meio de coleta de
trabalho, a ressonância magnética é usada para de ativação no hemisfério direito do autista. 40/50 ml de urina em um pequeno pote de plástico, e que pode
produzir pequenos “filmes” do cérebro em ação. O estudo continuará e pretende ampliar a amos- ser solicitado pelo psiquiatra.
Com uma nova técnica de geração das imagens, tra de crianças analisadas, incluindo autistas com Essa descoberta faz que um intenso tratamento centrado na
Feng conseguiu separar cérebros humanos em inteligência normal e outros com problemas de conduta social do paciente possa começar antes que o autismo
mais de 37 mil áreas distintas, que poderiam ser linguagem para que futuramente possa ser efe- cause danos psicológicos permanentes.
analisadas independentemente. Para o estudo tuada uma comparação dessas crianças com ou- A equipe científica que realizou a pesquisa considera que a re-
sobre autismo, os cientistas compararam re- tras que possuam patologias neuropsiquiátricas lação entre a bactéria intestinal e as dificuldades na aprendiza-
sultados da análise do cérebro de 523 pessoas diferentes e conhecer como funciona a resposta gem pode abrir o caminho para tratamentos probióticos contra
autistas com 452 não autistas. cerebral nesses casos. o autismo.
De acordo com Dirk Belau, psicólogo pela Uni- Há pesquisas anteriores realizadas com cérebros Os pesquisadores submeteram crianças entre 3 e 9 anos, das
versidade de Brasília (UnB), hoje em dia não de autistas que já relatam desequilíbrios em neu- quais 39 com autismo, 28 sem autismo (esses dois grupos com
existe ainda tal exame que demonstre isso. No rotransmissores, que são substâncias químicas irmãos autistas) e 34 sem autismo (sem irmãos autistas), a res-
entanto, caso haja suspeita, o encaminhamento que ajudam as células nervosas a se comunicar. sonâncias magnéticas, endoscopias e análise químicas.
para o neurologista é a melhor solução, que, de Estas explicam o comportamento do autista, mas O estudo revelou que as crianças não autistas, mas com irmãos
acordo com o caso, poderá ou não pedir um exa- ainda não há nada definitivo ou que ajude na que tinham a doença, apresentavam uma análise química dife-
me de ressonância magnética. identificação da doença. rente da dos que não tinham irmãos autistas, enquanto a das
crianças com autismo era diferente das dos outros dois grupos.
O CURSO DO
TRANSTORNO
A percepção sensorial do autista é desordenada e afeta
diretamente o corpo e a mente. Isso quer dizer que ele está sujeito
a ter os cinco sentidos afetados por hiper ou hipossensibilidade
VANTAGENS DA AUDIÇÃO
Alguns autistas têm um excelente ouvido para a música e uma memória excep-
cional. Em compensação, também podem sofrer para entender o significado de
melodias e não conseguem escrever redações até o fim, simplesmente porque não
conseguem abstrair. O curioso é que essas dificuldades que eles têm para criar
fantasias e imaginar situações podem estar profundamente relacionadas à sua
aguçada capacidade de ouvir e reter informações e lembrar delas depois. “Quando
era menina, lembro de minha mãe dizendo sempre: ‘Temple, está me ouvindo?
Olhe para mim’. Às vezes eu tentava, mas não conseguia. E nenhum som se intro-
metia na minha fixação. Era como se eu fosse surda. Nem mesmo um barulho forte
e repentino conseguia me assustar ou fazer-me sair do meu mundo”, afirmou uma
vez Temple Grandin, autista e autora do livro O Cérebro Autista: Pensando Através
do Espectro. Por causa de relatos como esse, pesquisadores da Universidade Esta-
dual de Ohio, nos EUA, se propuseram a examinar cerca de 20 pessoas, sendo oito O ENIGMA DA FALA
delas autistas, e concluíram que o segundo grupo foi superior em alguns testes. Algumas crianças autistas desenvolvem mais a capacidade de linguagem
O motivo? O desafio que eles têm de perceber o contexto transmuta-se numa do que outras, pois desde que são bebês apresentam uma maior atividade
vantagem para registrar coisas específicas, como letras e números. Entre as pes- neuronal nas áreas do cérebro responsáveis pela função, segundo um
soas comuns geralmente acontece o inverso: ao ouvir a palavra sol, por exemplo, recente estudo publicado na revista científica americana Cell.
o cérebro faz instantaneamente uma série de associações indiretas: calor, fim de De acordo com um dos autores dele, Eric Courchesne, do Centro de
semana, verão, praia, churrasco... Enfim, aciona tudo que remete ao contexto da Autismo da Universidade da Califórnia, nos EUA, o autismo pode gerar
palavra, aceita interpretações etc. Já os autistas não coordenam sol com verão ou consequências clínicas variadas em crianças pequenas, já que algu-
com fim de semana. “A dificuldade é que a contextualização é decisiva em quase mas apresentam capacidade de linguagem desenvolvida e outras não.
todas as etapas de aprendizado”, afirma David Beversdorf, coautor do estudo pro- Nos bebês autistas que desenvolvem uma boa habilidade para falar, a
posto pela Universidade de Ohio. atividade neuronal nas áreas do cérebro responsáveis pela linguagem é
similar à das crianças sem o transtorno.
MEDICAMENTOS
E INTERVENÇÕES
PSICOEDUCACIONAIS
Os tratamentos mais empregados são da linha comportamental
(ABA e Teacch). Já para a comunicação, é usada a técnica
alternativa PECS. Remédios também atenuam alguns sintomas
CONTRIBUIÇÃO DO ESPORTE
O autista tratado com esporte e não somente com medicamentos pode ter
uma evolução mais rápida e humana.
Em 2006, no IX Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos
Países de Língua Portuguesa, a professora Sonia Toyoshima revelou, por meio
de um estudo, que as práticas esportivas auxiliam na autoestima, interação e
na autoconfiança e ampliam os meios de comunicação interpessoal.
A professora listou as seguintes atividades: correr, subir (escadas), lançar
bolas ou objetos, atividades de equilíbrio, danças, caminhadas, rolar, saltar,
sentar, levantar, deitar em diferentes posições, habilidades simples com bola
e outras que expandem os relacionamentos interpessoais, assim como as
atividades de relaxamento.
O único cuidado enfatizado é para a não realização de atividades que façam
os alunos se agitarem excessivamente – como saltar e fazer agachamento.
Outra questão é para que os professores considerem a medicação utilizada,
pois ela interferirá na frequência, duração e intensidade do trabalho.
REFLEXÃO SOBRE
O AUTISMO
“
Roselinda Capellato é
psicóloga clínica especialista
em autismo e psicose
Universidade de Hofstra
www.hofstra.edu
A REVISTA AUTISMO É UMA PUBLICAÇÃO DA ON LINE EDITORA PATROCINADA POR SUPERA. O CONTEÚDO É DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR E NÃO
EXPRESSA NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO LABORATÓRIO SUPERA.
PRESIDENTE: Paulo Roberto Houch – MTB 0083982/S • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Espinelli Comunicação (adaptação e edição), Angela Cordoni Houck -
Faho Comunicação Visual (programação visual), Marcelo Testoni (textos, reportagens, entrevistas e pesquisas), Michelle Neris (revisão), Renato Marcel (projeto gráfico)
• COORDENADOR DE ARTE: Rubens Martim • GERENTE COMERCIAL: Elaine Houch (elainehouch@editoraonline.com.br) • SUPERVISOR DE MARKETING: Vinicius
Fernandes • ASSISTENTE DE MARKETING: Gabriela Nunes • DIRETORA ADMINISTRATIVA: Jacy Regina Dalle Lucca • Impressão LOG PRINT • Distribuição no Brasil
por SUPERA • MINHA SAÚDE ESPECIAL - AUTISMO é uma publicação do IBC Instituto Brasileiro de Cultura Ltda. – Caixa Postal 61085 – CEP 05001-970 – São Paulo
– SP – Tel.: (11) 3393-7777 • A reprodução total ou parcial desta obra é proibida sem a prévia autorização do editor. Para adquirir com o IBC: www.revistaonline.com.br •
DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA À CLASSE MÉDICA.: Tel.: (11) 3393-7711/7723/7719/7766 (vendas@editoraonline.com.br).-