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Transtorno de Déficit de

Atenção/Hiperatividade

Beatriz da Silva
Débora Dosol Furlan
Lara dos Reis Martins
Maria Eduarda Leandro Rodrigues
Naíse da Silva Berkenbrock
O Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do
neurodesenvolvimento que, geralmente, já é
diagnosticado na infância, antes dos 12
anos de idade, considerando prejuízos
funcionais em pelo menos dois ambientes.
Esta condição pode acarretar diversos
prejuízos para a vida da pessoa, desde
complicações em suas relações afetivas até
problemas acadêmicos e profissionais.
Características
Diagnósticas
+ Característica principal: padrão persistente de
desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que
interfere no funcionamento ou no desenvolvimento.
+ A desatenção se manifesta como divagação em
tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o
foco e desorganização e não constitui consequência
de desafio ou falta de compreensão.
+ A hiperatividade refere-se à atividade motora
excessiva (como uma criança que corre por tudo)
quando não apropriado ou remexer, batucar ou
conversar em excesso.
Características
Diagnósticas
+ A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com
elevado potencial para dano à pessoa (p. ex.,atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode
ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação.
+ As manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente (em casa e na
escola).
+ É comum os sintomas variarem conforme o contexto em um determinado ambiente.
+ Sinais do transtorno podem ser mínimos ou ausentes quando a criança está recebendo recompensas
frequentes por comportamento apropriado, está sob supervisão, está em uma situação nova, está
envolvida em atividades especialmente interessantes, recebe estímulos externos consistentes
(através de telas eletrônicas) ou está interagindo em situações individualizadas (consultório).
+ O TDAH começa na infância.
+ A exigência de que vários sintomas estejam
presentes antes dos 12 anos de idade exprime a
importância de uma apresentação clínica
substancial durante a infância.
+ O TDAH costuma ser identificado com mais
frequência durante os anos do ensino fundamental,
com a desatenção ficando mais saliente e
prejudicial.
+ Na pré-escola, a principal manifestação é a
hiperatividade. A desatenção fica mais proeminente
nos anos do ensino fundamental. Na adolescência,
sinais de hiperatividade (p. ex., correr e subir nas
coisas) são menos comuns, podendo limitar-se a
comportamento mais irrequieto ou sensação interna
de nervosismo, inquietude ou impaciência.
Prevalência Mundial do TDAH
Diferenças entre TDAH
e dislexia
+ A dislexia do desenvolvimento é o transtorno específico da
aprendizagem mais comum e seu prejuízo reside,
particularmente, na leitura, e se dá na ausência de prejuízos
intelectuais. Crianças com dislexia tendem a ter experiências
de alfabetização frustradas em função de suas habilidades
linguístico-cognitivas.
+ Dificuldades comportamentais, atencionais e de
funcionamento executivo estariam no cerne das dificuldades
escolares encontradas pelo Transtorno de Déficit de Atenção
com Hiperatividade (TDAH). O TDAH pode manifestar-se
com predomínio da desatenção, com predomínio da
hiperatividade ou pela manifestação simultânea de ambos.
Fatores de risco e prognóstico
+ Temperamentais: o TDAH está associado a níveis menores de inibição comportamental,
controle a base de esforço ou de contenção, a afetividade negativa e/ou maior busca por
novidades.
+ Ambientais: baixo peso ao nascer confere um risco 2 a 3 vezes maior para o transtorno,
tabagismo na gestação, pode haver história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares
adotivos, exposição ao chumbo, infecções como a encefalite ou exposição ao álcool no
útero.
+ Genéticos e fisiológicos: o transtorno é frequente em parentes biológicos de primeiro grau
já com o diagnóstico, deficiências visuais e auditivas, anormalidades metabológicas,
transtornos do sono, deficiências nutricionais e epilepsia.
+ Modificadores do Curso: padrões de interação familiar no começo da infância podem
influenciar o curso do transtorno ou contribuir para o desenvolvimento secundário de
problemas de conduta.
Transtornos/comportamentos
que podem ser confundidos
com TDAH
+ Situações familiares desfavoráveis, como, por exemplo, um casal em
briga ou em vias de separação ou a existência de um pai alcoolista,
podem causar sintomas parecidos aos do TDAH numa criança.
+ Dificuldades sensoriais, como uma diminuição da audição ou da visão,
às vezes ainda não detectadas ,são capazes de deixar uma criança
desinteressada e desatenta, e até mesmo inquieta.
+ O uso de certos medicamentos e algumas doenças clínicas também
podem provocar hiperatividade.
+ Alguns transtornos psíquicos, como o autismo, a depressão, o
transtorno bipolar e os quadros de ansiedade com frequência se
confundem bastante com o TDAH.
Tratamento
+ Pessoas com TDAH em geral recebem medicamentos para controlar seus sintomas,
sendo a maioria das medicações baseadas no metilfenidato.
+ A psicoeducação é o ponto de partida, porque, quanto mais as pessoas com TDAH
sabem sobre sua condição e como ela os afeta, mais serão capazes de entender o
impacto desse transtorno sobre seu funcionamento diário e desenvolver estratégias
de enfrentamento.
+ As terapias psicológicas, como a terapia individual, fornecem um contexto no qual
os clínicos, junto com os clientes, podem estabelecer metas de tratamento, resolver
conflitos, solucionar problemas, lidar com transições de vida e tratar problemas.
+ Acomodações na escola e no local do trabalho podem facilitar a produtividade e
minimizar a distração.
+ Estudos mostraram que o atendimento no enfoque da TCC é eficaz
para alguns aspectos como reduzir a desorganização, o
esquecimento de tarefas e objetos, encontrar algumas alternativas
para os problemas e melhorar a atenção com a atividade de auto-
instrução.
+ Outro trabalho apresenta uma discussão acerca do relacionamento
entre pais, filhos e problemas externalizantes infantis, a importância
do engajamento da família para a psicoterapia com crianças,
enfatizando o treinamento de pais, que tem por finalidade instruí-los
acerca de práticas parentais que visam a redução de comportamentos
desadaptativos e o incentivo de comportamentos pró-sociais dessas
crianças.
+ Os jogos compõem um rico material de trabalho na terapia com
crianças, em especial aquelas diagnosticadas com TDAH. Sendo
bem direcionados e adaptados às características do sujeito e/ou
grupo em questão se tornam estratégias fundamentais no manejo de
comportamentos-problema.
TDAH e a medicalização
da infância
+ Queixas escolares e comportamentais têm aumentado
significativamente o número de diagnósticos
psiquiátricos na infância. Esse aumento está
relacionado ao surgimento de inúmeras estratégias e
discursos que sustentam práticas medicalizantes na
educação e a consequente patologização da infância.
+ Medicamentalização é caracterizado pelo uso abusivo
ou desnecessário de psicofármacos, o qual ocorre
como desdobramento da medicalização
Medicamentalização e
patologização da infância
Por que isso ocorre?
+ Busca pelo filho e aluno ideais
+ Busca de um tratamento que deve normalizar o sujeito desviante
+ Veiculações midiáticas de discursos sobre as bases neurobiológicas de mal-
estares psíquicos, cuja terapêutica proposta seria exclusivamente a
prescrição de pílulas que prometem restabelecer desequilíbrios
neuroquímicos
+ Dessa forma, é comum o encaminhamento de crianças para clínicas
médicas a fim de sanar os supostos problemas de comportamento e/ou
aprendizagem
+ Os processos singulares são capturados pelo saber médico na medida em
que o comportamento divergente é considerado exclusivamente disfunção
orgânica do indivíduo
Entrevista
Psicóloga Cristina Martins
1.Qual sua formação? E quanto tempo de experiência com crianças com diagnóstico de TDAH? Qual
abordagem psicológica utiliza?
R: Sou Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica na abordagem Gestalt Terapia, Pós-graduada em
Neuropsicopedagogia Clínica, finalizando duas pós-graduações uma em Neuropsicologia e outra em ABA
para autistas e deficiência intelectual. Possuo cursos livres em áreas afins. Sou formada há 15 anos e desde
então meu maior público foram crianças e dentre elas algumas com diagnóstico ou suspeita de TDAH. Desde
2020 trabalho na APAE de Tubarão onde venho tendo contato constante com diagnósticos que apresentam o
TDAH como comorbidade. Nestes casos utilizo a Neuropsicologia e Neurociência como referencial e
Psicoeducação para os pais.
2. Quais são as queixas iniciais de uma criança diagnosticado com TDAH?
R: Dificuldade para manter-se parado, agitação psicomotora, dificuldades escolares (alfabetização),
dificuldade para esperar sua vez em atividades ou eventos agendados, falta de atenção em sala de aula com
grande dificuldade de manter o foco atencional.
3.De que formas os pais de crianças diagnosticadas com TDAH reagem ao diagnóstico? E como são orientados no
tratamento?
R: Quando chegam ao consultório, os pais normalmente já estão exaustos da procura por ajuda sem resultados. Na
maioria das vezes os próprios pais têm a hipótese desse diagnóstico ou apresentam algum familiar com o diagnóstico
ou com suspeita. É bastante comum o pai ter apresentado os mesmos comportamentos do filho(a) na infância e
continuar na vida adulta. As orientações iniciam com indicação da procura de um profissional habilitado, do que se
trata o diagnóstico, ou seja, porque o filho reage desta forma e novas mudanças no dia-a-dia da criança. Depois,
conforme as etapas da avaliação vão acontecendo, as orientações vão sendo passadas.

4.Quais são estratégias utilizadas no tratamento? O tratamento é multidisciplinar? De que forma?


R: As estratégias consistem em mudanças no ambiente familiar, na escola e de comportamento dos pais em relação
aos filhos para facilitar as mudanças e concretizar novos hábitos e comportamentos. O tratamento deve ser
multidisciplinar, porém ainda se encontra dificuldade neste conceito e ação por partes de alguns profissionais e alguns
acompanhamentos são realizados de forma isolada, ou seja, cada profissional executando seu trabalho sem interação
constante. O tratamento multidisciplinar é executado de tal forma que cada área entenda seu papel e função e possa
possibilitar auxilio ao trabalho do colega da outra área, é algo muito além de cada um falar o que faz, é uma discussão
construtiva de onde queremos chegar com aquela criança e o que fazer para que todos cheguem ao objetivo atuando em
suas áreas.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre:
Artmed, 2014.

Cruz, Murilo Galvão Amancio, Okamoto, Mary Yoko e Ferrazza, Daniele de AndradeO caso Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) e a medicalização da educação: uma análise a partir do relato de pais e professores. Interface - Comunicação,
Saúde, Educação [online]. 2016, v. 20, n. 58 [Acessado 5 Setembro 2022] , pp. 703-714. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1807-
57622015.0575>. Epub 15 Abr 2016. ISSN 1807-5762. https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0575.

TOLENTINO, Amanda da Costa; DOLZANE, Maria Ione Feitosa; ROSA, Daniele da Costa Cunha Borges. Psicoterapia Infantil Para
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Integrativa da Literatura. RECH-Revista Ensino de Ciências e Humanidades, Manaus, 28 de novembro de 2019. Disponível em
https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/rech/article/view/6804 . Acessos em 04 de setembro de 2022.

SILVA, Katia Beatriz Corrêa; CABRAL, Sérgio Bourbon. Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. ASSOCIAÇÃO
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WHITBOURNE, S. K.; Halgin R. P. Psicopatologia: perspectivas clínicas dos transtornos psicológicos.
AMGH Editora Ltda. 2015.

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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
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JUSTINO, L. Z.; BOLSONI-SILVA, A. T. Crianças com TDAH e problemas comportamentais na interação


com mães e professores. Perspectivas em Análise do Comportamento, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 013–030, 2022.
DOI: 10.18761/PAC000709.nov21. Disponível em:
https://revistaperspectivas.org/perspectivas/article/view/878. Acesso em: 4 set. 2022.

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