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Abstract
The present work aims to describe the psychologist's perception regarding the
evaluation of the Parental Alienation Syndrome (SAP), its cause and effect in
children in relation to the separated parents who are involved in judicial contexts for
the custody of their children. For the production of this work a semi structured
interview with a professional of Juridical Psychology, analysis of scientific researches
and literary revision was done. In this way, it is discussed through the bibliographical
analysis how the professionals understand and relate to this theme.
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Discente do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira.
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Discente do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira.
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Discente do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira.
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Discente do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira.
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Docente do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira.
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Introdução
1. Revisão Literária
1.1. Síndrome de Alienação Parental
A este ato, a Lei define como critérios: a depreciação para com o outro
genitor, autoridade abusiva sobre o controle parental, busca constantemente
promover a instabilidade no convívio sadio da relação familiar, encobre situações
que envolvem o currículo estudantil, desleixo com cuidados quanto à saúde da
criança, em casos de separação não informa a troca de domicílio e por fim cria-se
determinadas pseudodenúncias desfavorecendo o outro genitor e seus familiares a
seu favor prejudicando o convívio e a relação da criança com os seus.
Para exemplificar o conceito de SAP, antes o termo era conhecido como
"Síndrome dos Órfãos de Pais Vivos", "Implantação de Falsas Memórias", "Síndrome
de Medeia" e "Síndrome da Mãe Maldosa Associada ao Divórcio" (TOSTA, 2013, p.
18). Dentre estes, um nome chama atenção: “Medeia”, termo mitológico que,
segundo Sarmet (2016) refere-se à uma habilidosa feiticeira que se uniu com Jasão
logo depois de ajudá-lo a conquistar seu reino e durante esse tempo tiveram dois
filhos. Conta o mito que Jasão substituiu sua mulher por outra. Ela, porém, ao ser
desprezada, matou seus filhos em ato de vingança contra Jasão. Essa é a atitude
que dá origem ao tema proposto, um sentimento de vingança pelo outro cônjuge
utilizando-se do poder que detém sobre seus filhos para atacar e ferir os
sentimentos do companheiro.
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Estudos indicam que muitas mudanças ocorreram com o passar dos anos,
inclusive as leis. Entre elas a Lei nº 12.318/10 que define a Alienação Parental como
uma mudança da construção psicológica da criança, causada por um dos genitores,
sejam eles de primeiro grau ou não, ou mesmo representantes legais que tenham
sob sua posse a autoridade da guarda. Qualquer um desses autores que usa de seu
poder de coerção para com as crianças sobre o outro responsável, configura-se
como Alienação Parental (BRASIL, Constituição Lei nº 12.318/10).
A partir da Lei nº 8.069/90 criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), documento para garantir os direitos fundamentais de vida e proteção das
crianças e adolescentes (BRASIL, Constituição Lei nº 8.069/90). Nessa perspectiva,
Campos (2012) considera o estatuto como uma importante ferramenta na defesa e
proteção das crianças e adolescentes e visa protegê-las de tais abusos a partir do
rigor de suas deliberações. Nele estão resguardadas as garantias de que o
desenvolvimento físico e mental e outros estejam garantidos e preservados por meio
da Lei e da colaboração dos pais e/ou responsáveis.
Para D’Ávila e Kortmann (2014) esses direitos perpassam a cultura familiar,
pois, a família é um núcleo de afinidades, uma das instituições mais primitivas
existentes que cria e inventa relações reais e imaginárias, que ganham vida no seio
familiar e, por isso, o equilíbrio é indispensável, mesmo que ocorram situações que
possam deixar as relações estremecidas. É preciso lembrar que, tais relações ou
fatos conflituosos, podem passar despercebidos, se fixando no seio familiar sem
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serem notados e, assim, deixam as relações mais frágeis, mas que ao longo do
tempo, podem causar grande proporção.
É evidente que num processo de divórcio muitos casais podem sair com
sentimento de vingança e raiva, e é nesse ponto que Campos (2012), em seu artigo,
atribui ao psicólogo jurídico a responsabilidade de dar apoio assistencial e
psicológico a esses casos conflituosos entre os pais. O profissional atua junto às
famílias no centro destes conflitos que envolvem a guarda dos filhos, abusos,
divórcios, adoções, tutela etc. A Alienação Parental por lei é considerada uma
agressão psicológica na criança e o profissional em Psicologia é quem pode ajudar,
concedendo informações importantes durante a intervenção a partir de “(...)
relatórios, laudos ou pareceres técnicos, que serão fundamentais para a decisão
judicial, tendo as partes o direito de contraditar” (CAMPOS, 2012, p. 24).
É importante salientar que o psicólogo frente às famílias envolvidas, também
exerce uma grande contribuição no campo escolar, pois, segundo Jesus e Cotta
(2016, p. 288) “umas das importantes funções do psicólogo que se dedica ao
trabalho no contexto escolar é a utilização de seus conhecimentos técnicos e
teóricos acerca das relações”. Para os autores, essa prática facilita e favorece para
que haja um ambiente saudável e respeitoso nas relações, que traga à tona temas
como a Alienação Parental e suas causas, Bullying e outros, com uma perspectiva
de promoção de diálogo entre escola, família, alunos e professores/educadores.
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2. Metodologia
3. Resultados e discussão
Da presente pesquisa, fez parte uma profissional que trabalha no âmbito das
relações das pessoas com a Justiça. A participante concluiu seu mestrado em
Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás; possui graduação em
Psicologia pela PUC Goiás (2004); especialização em Gestalt-terapia e em
Psicoterapia de Criança, Casal e Família pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa
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Bernet (2017) considera que a SAP existe, porém deve ser mais estudada,
pois existem dúvidas nessas práticas. Contudo, Costa e Lima (2013) refutam essa
ideia de que conflito entre os pais não tem base metodológica suficiente para
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explicar que tais atitudes possam causar a SAP. Para os autores, síndrome, significa
um conjunto de sinais e sintomas, uma doença ou condição de saúde, a exemplo da
Síndrome de Down, Estocolmo de Peter Pan dentre outros.
Contudo, conforme pode ser visto, a discussão busca um viés mais
acentuado de estudos voltados para bases metodológicas mais consistentes.
Porém, há quatros aspectos a serem analisados nessa questão: o primeiro é a
aceitação desse conceito SAP por alguns autores, o segundo alguns autores
aceitam, mas dizem que carece de mais estudos; o terceiro não opina e volta o olhar
para o profissional; o quarto não aceita essa posição, porém não discorda que a
Alienação Parental possa alterar os aspectos psicológicos nas crianças.
Outro argumento levantado considera-se que é possível que realmente haja
mudanças de comportamento nas crianças que possam gerar problemas graves,
sejam eles físicos e psíquicos a partir da Alienação Parental.
No que concerne esta questão de investigação, a participante diz que essa
relação conflituosa vai gerar sofrimentos, escolha por um e negação ao outro
cônjuge tomando partido. Em relação a isso, a criança “passa a ter crises de raiva e
ódio pelo outro genitor”, de forma que “estende também a raiva aos outros
familiares, (...) isso ao longo do tempo vai surgindo um adoecimento mental na
criança” (Entrevistada).
De acordo com Turdera e Cândido (2014) a criança cria sentimentos
negativos e gera uma grande confusão mental. Nessa perspectiva, ela desenvolve
comportamentos desobedientes, atitudes agressivas, problemas de relacionamentos
sociais e familiares; se envolvem também mais cedo com o uso de álcool, cigarro e
atividades sexuais. Para Tosta (2013) essas disputas calorosas pela preferência do
filho são direcionadas de forma abusiva atingindo a fragilidade e inocência das
crianças. Esses abusos, sejam eles emocionais ou físicos, podem causar diversos
distúrbios.
Verifica-se que a criança fica a mercê dos abusos dos adultos e é instruída
inconscientemente a criar raiva, desdenho e depreciação do outro cuidador,
tornando-se vítima de um sistema aversivo e conflituoso, produzindo fortes
sentimentos e atitudes que modificarão o seu comportamento levando-a
possivelmente a um adoecimento psíquico, físico e, consequentemente, problemas
na vida adulta.
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Tem que analisar a situação específica da criança, por que, pode sim, vir de
uma alienação parental, ou pode vir de outros fatores, de outra constituição
de vida. Então, uma pessoa que sofreu uma alienação parental pode
desenvolver sim quadros de ansiedade, depressão, mas nem toda
depressão e todo quadro de ansiedade é uma ocorrência de alienação
parental, neste caso tem que analisar a situação especificamente
(Entrevistada).
Bernet (2017) faz uma asserção e argumenta que um critério a ser observado
que desqualifica a alienação parental, caracteriza-se pela rejeição da criança pelo
pai ou pela mãe alvo sem justificativa prévia. Ou seja, as atitudes alienadoras são
causadas pelos pais por não compreenderem a situação ou por mera
intencionalidade.
Entende-se que a ruptura do vínculo afetivo é prejudicial de ambos os lados.
Observa-se também que não é garantido que esse rompimento possa causar
transtornos graves na vida da criança. Por isso, é notório dizer que se deve analisar
o círculo vivencial e criar, a partir dos dados levantados, critérios de avaliação sem
desconsiderar que pode acontecer de que todos sejam vítimas, ou que os adultos
têm consciência dos atos, ou que apenas um toma partido de tal manipulação.
Existem modos de identificar a SAP como; instrumentos, técnicas, estratégias
e procedimentos adequados que conseguem distinguir sintomas como depressão,
ansiedade, síndrome do pânico, dentre outros podem ser provenientes adquiridos
por meio da Alienação Parental.
A essa questão a entrevistada diz que vai depender de como o profissional
aborda o tema, ou seja, há diversas formas de se trabalhar. No caso da profissional
entrevistada seu instrumento de trabalho é a “percepção” e é a partir dela são
delimitadas as ferramentas que serão utilizadas. “Nunca temos uma técnica pronta,
algo específico que diretamente vai nos trazer um resultado, uma conclusão”
(Participante).
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De acordo com Campos (2012), o psicólogo pode usar como ferramenta e/ou
estratégia de ação, apoio assistencial e psicológico a esses casos conflituosos
trabalhando junto às famílias no centro destes conflitos. Para Jesus e Cotta (2016, p.
288) “umas das importantes funções do psicólogo que se dedica ao trabalho no
contexto escolar é a utilização de seus conhecimentos técnicos e teóricos acerca
das relações”. Para Luz, Gelain e Benincá (2014) a atuação do profissional de
Psicologia pode ser voltada para os transtornos que são de ordens emocionais. Por
fim, Goulart e Wagner (2013) sugere que o profissional trabalhe como contra regra
nesses casos, para buscar conteúdos do inconsciente do indivíduo e revelar os
motivos do ódio e do rancor.
Nota-se que há uma variedade de abordagens para se trabalhar com os
casos de Alienação Parental. Isso indica que cada profissional, de acordo com seus
conhecimentos práticos e teóricos, vai desenvolver suas próprias ferramentas de
trabalho e, se necessário, a utilização de testes psicológicos.
Ao analisar o DSM V (2014), o Transtorno de Estresse Pós-Traumático
evidência uma hipótese que pode estar relacionado à SAP, por isso dentre outras
similaridades, não haveria a necessidade de que o termo SPA fosse introduzido ao
DSM.
Segundo a entrevistada, essas ideias são coisas distintas, tendo em vista que
os envolvidos são os mesmos, mesmo assim, não se configura que há essa relação.
O que é possível perceber é que esses conflitos causam transtornos nas crianças, e
com a união de outros transtornos advindos da Alienação Parental pode sim gerar
uma síndrome. Contudo, o fato de entrar ou não no DSM não pode esclarecer isso.
Portanto, a esse respeito:
fosse um check list dos sintomas para colocá-lo como síndrome. Não
podemos fazer isso porque temos que identificar o contexto de uma forma
geral, para ver se está acontecendo uma alienação parental. O estresse
pós-traumático, ele pode estar ou não associado à síndrome, pode ser em
decorrência de outras coisas que não é alienação parental (Participante).
Conforme aponta Sousa e Brito (2011) Gardner desejou que a SAP fizesse
parte do quadro dos transtornos mentais do DSM, contudo fora criticado e rebatido
por alguns autores. De acordo com o DSM-V, vale resaltar novamente os critérios
apresentados no presente referencial que são delineados a partir das crianças de
seis anos:
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou
violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas: 1. Vivenciar
diretamente o evento traumático. 2. Testemunhar pessoalmente o evento
traumático ocorrido com outras pessoas. 3. Saber que o evento traumático
ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto ou
ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento
tenha sido violento ou acidental. 4. Ser exposto de forma repetida ou
extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex.,socorristas que
recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos
adetalhes de abuso infantil) ( DSM-V, p. 271, 2014).
Considerações Finais
de fato causa a SAP, que é a Alienação Parental. Esta dinâmica também foi
percebida nas falas da profissional entrevistada.
Para o agente causador da Alienação Parental, segundo a lei, cabem sansões
jurídicas e intervenções psicológicas dos envolvidos. A partir deste ponto de vista,
sugere-se um novo estudo sistemático referente às influências da separação da
criança com o alienador, pois a criança, por mais que seja alienada, devido à sua
inocência, possui fortes vínculos com o alienador e essa dissociação do elo
construído pode afetar ainda mais o quadro da criança e aumentar a má
comunicação entre os seus responsáveis legais.
Diante do estudo realizado, percebeu-se o desejo de anexar a SAP no escopo
do DSM. Essa discussão, porém, perpassa o campo da Psicologia, abrangendo as
práticas psiquiátricas, rótulos e a medicamentalização. Em análise, percebe-se que,
atentar mais à Alienação Parental que é o foco multiplicador dos transtornos nas
crianças, favoreceriam muito mais os pequenos do que se esforçar para anexar a
síndrome ao DSM.
Para reduzir a Alienação Parental, deve-se trabalhar com ações preventivas
levando a discussão para debates nas universidades, nos programas televisivos,
publicação de artigos científicos e revistas informativas e também, nas redes de
atendimentos primários de saúde pública. É preciso considerar que esses conflitos
se tornam uma doença social, por isso trabalhar com a rede e não somente a saúde,
mas com Departamento de Segurança Pública, Assistência Social e Educação
dentre outros, para articular, mobilizar e promover políticas públicas, de forma que a
sociedade tenha ciência de tais abusos que afetam todos esses campos de
atuações e contribuem para o aumento das enfermidades nas crianças. Assim, será
possível trabalhar a SAP.
Nessa perspectiva, os casais orientados que aceitam caminhar nesse
processo que é doloroso, são chamados a observar com mais cuidado o lado dos
pequenos, analisando suas atitudes e compreendendo como as crianças enxergam
as figuras parentais e como elas criam sentimentos de pertença, segurança, carinho
e respeito. Fatores estes que contribuem para o fortalecimento de vínculos e um
desenvolvimento físico e psíquico mais sadio na vida das crianças.
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Referências
COSTA, Marta; LIMA, Catarina Saraiva. Alienação Parental: Sintoma ou não, eis a
questão. Revista de Psicologia da Criança e do Adolescente, Lisboa, v. 01, n. 4,
p. 149-182, 2013.
FREITAS, Betina Vilas Boas de; HAJJ, Hassan. A alienação parental nos casos de
separações judiciais. Revista Jurídica Direito, Sociedade e Justiça/RJDSJ
Suplemento Especial, Resumos Expandidos, 3ª Mostra Científica. v. 5, n. 1, p. 214-
217, 2017.
JESUS, Jéssica Alves de; COTTA, Manuela Gomes Lopes. Alienação parental e
relações escolares: a atuação do psicólogo. Psicologia Escolar e Educacional,
São Paulo, v. 20, n. 2, p. 285-290, 2016.
SOUSA, Analícia Martins de; BRITO, Leila Maria Torraca de. Síndrome de Alienação
Parental: da Teoria Norte-Americana à Nova Lei Brasileira. Psicologia: Ciência e
Profissão, Rio de Janeiro, v. 31, n. 2, p. 268-283, 2011.