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Escola Secundária Infanta Dona Maria

Tese Anual
O impacto da evolução da sociedade ocidental no bem-estar
emocional dos adolescentes portugueses

Cristiana Osório, nº6;


Débora Henriques, nº7;
Maria Carlota Sacadura, nº21

https://encenasaudemental.com/wp-content/uploads/2022/05/ADOLESCENTES.jpg

Orientadora: Profª Graça Lourenço

Coimbra, 2022/23
1
Agradecimentos
A realização desta tese anual contou com importantes apoios e incentivos sem os
quais não se teria tornado uma realidade e pelos quais estaremos eternamente
gratas.

À professora Graça Lourenço, pela sua orientação, total apoio, disponibilidade,


dedicação, pelo saber que nos transmitiu ao longo deste ano letivo, pelas opiniões
críticas, total colaboração no solucionar de dúvidas e problemas que foram surgindo
ao longo da realização deste trabalho e por todas as palavras de incentivo.

Desejamos exprimir os nossos agradecimentos aos autores das várias teses que
serviram de conteúdo à nossa revisão bibliográfica mas também a todos aqueles
que disponibilizaram o seu tempo para a realização do inquérito, por nós promovido,
para que assim esta tese pudesse ser melhor desenvolvida, baseada numa
participação verossímil e mais humana.

Por termos consciência da quantidade de trabalho e dedicação aqui investida,


dirigimos um agradecimento especial, a cada uma de nós, enquanto membros deste
grupo. Pela cumplicidade, apoio e ajuda incondicional que tornaram o
desenvolvimento deste trabalho muito mais leve e dinâmico.

A todos os nossos sinceros agradecimentos.

2
A todos os jovens que se deparam, diariamente, com problemas que afetam a sua
autoestima.

3
Resumo
O presente estudo concentra-se no impacto da evolução da sociedade ocidental no
bem-estar emocional dos adolescentes portugueses, abordando temáticas como os
estereótipos, bem-estar emocional, adolescência e os meios de comunicação.

A autoestima implica uma imagem, positiva ou negativa, que cada um tem de si


mesmo. Esta imagem está intrinsecamente ligada à criação de uma identidade,
processo que decorre no período da adolescência.
A ocorrência de patologias, explica-se pela elevada influência que a autoestima
detém sobre os jovens, numa sociedade ocidental que, apesar da sua enorme
evolução, tem vindo a adquirir um lado mais obscuro, inculcando certos estereótipos
inatingíveis provenientes das novas mentalidades que deambulam em redor da
tecnologia, posses e modas, estas que cada vez mais assumem um papel rotulador
e definidor da importância e influência de um determinado indivíduo na sociedade
em que se insere.

Nesta senda, foi realizado um estudo, que teve como metodologia o inquérito,
abrangente a uma amostra de 124 pessoas, dentro da grande população a estudar:
os jovens. Os resultados, na sua maioria, foram os esperados, constatando-se que
de facto, a autoestima tem uma influência notável na vida dos jovens.

Quando existe alguma influência no que toca à autoestima, seja ela interna ou
externa, provou-se que o jovem tem tendência para desenvolver as mais variadas
doenças do foro psicológico, cada vez mais comuns e ainda bastante inacessíveis
no que toca à sua resolução, resultando numa alteração, muitas das vezes negativa,
do seu bem-estar corrompendo a sua saúde mental.

Palavras-Chave: Autoestima, Estereótipos, Bem-Estar Emocional, Adolescência,


Meios de comunicação.

4
Abstract
The present study focuses on the impact of the evolution of western society on the
emotional well-being of Portuguese adolescents, addressing topics such as
stereotypes, emotional well-being, adolescence and the media.

Self-esteem implies an image, positive or negative, that each person has of himself.
This image is intrinsically linked to the creation of an identity, a process that takes
place during adolescence.
The occurrence of pathologies can be explained by the high influence that
self-esteem has on young people, in a Western society that, despite its enormous
evolution, has been acquiring a darker side, inculcating certain unattainable
stereotypes arising from the new mentalities that roam in around technology,
possessions and fashions, which increasingly assume a labeling and defining role of
the importance and influence of a given individual in the society in which he
operates.

In this way, a study was carried out, which had as its methodology the survey,
encompassing a sample of 124 people, within the large population to be studied:
young people. The results, for the most part, were as expected, noting that, in fact,
self-esteem has a notable influence on the lives of young people.

When there is some influence in terms of self-esteem, whether internal or external, it


has been proven that young people tend to develop the most varied psychological
illnesses, increasingly common and still quite inaccessible in terms of their
resolution, resulting in an alteration, many times negative, of their well-being,
corrupting their mental health.

Keywords: Self-esteem, Stereotypes, Emotional Well-Being, Adolescence, Media.

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Índice Geral
Agradecimentos 2
Resumo 4
Abstract 5
Índice Geral 6
Índice de Gráficos 7
Introdução 7
Formulação de Hipóteses 9
Abordagem Teórica e Revisão Bibliográfica 9
Capítulo I- A sociedade ocidental e a sua evolução 9
1.1- Conceitos básicos 10
1.2- Contextualização Histórica 10
1.3- O Processo de Socialização 11
Capítulo 2- Bem-Estar e Saúde Mental 12
2.1- Conceito de Saúde Mental 12
2.2- Fatores de influência e Métodos de Combate 13
Capítulo 3- A Adolescência 14
3.1- Criança, Adolescente e Adulto 15
3.2- A Puberdade 15
Metodologia e interpretação dos dados 16
Objetivos do Estudo e Metodologia 16
Interpretação de dados: Gráficos 17
Conclusão 25
Referências 25
Anexos 28

6
Índice de Gráficos
Gráfico I- Constituição da amostra em função da idade
Gráfico II- Constituição da amostra em função do género
Gráfico III- Nível de escolaridade da amostra
Gráfico IV- Influência dos estereótipos na autoestima
Gráfico V- Elemento que exerce mais pressão para o sentimento de aceitação no
meio social
Gráfico VI- Agentes que exercem uma maior influência na propagação dos
estereótipos
Gráfico VII- Existência de perturbações física/mental devido aos estereótipos
existentes
Gráfico VIII- Conhecimento de casos sobre doenças derivadas da baixa autoestima
Gráfico IX- Procura de algum tipo de ajuda para tratar as perturbações
Gráfico X- Vários tipos de ajuda procurados
Gráfico XI- Papel da tecnologia no mal-estar na vida dos adolescentes portugueses
Gráfico XII- Influência dos jovens como causadores do desconforto emocional dos
seus pares
Gráfico XIII- Sociedade atual com uma maior capacidade de aceitar as diferenças

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Introdução

O tema que iremos explorar no âmbito das disciplinas de Sociologia e Psicologia é o


bem-estar emocional dos adolescentes portugueses, frente à influência da evolução
da sociedade ocidental, focando-nos nas suas causas e consequências. Pensamos
que este tema é importante de ser explorado e estudado, não só pelo facto de
podermos adquirir mais conhecimento mas também para darmos a conhecer às
outras gerações a situação vivida pelos adolescentes nos países ocidentais.
Com o passar do tempo, tudo o que conhecíamos foi alterado sofrendo inúmeras
inovações aos mais variados níveis. Estas novidades deram origem à evolução das
sociedades dos países mais desenvolvidos, nomeadamente os países do primeiro
mundo.
É nas gerações mais novas que é visível um maior impacto destas inovações quer
seja na vida quotidiana quer na saúde mental e bem-estar. (Débora, nº.7)
A constante atitude de mudança e adaptação potencializa, não só mas também, o
aparecimento de novos problemas, nomeadamente na adolescência, originados
pelas novas mentalidades que deambulam em redor da tecnologia, posses e
modas, estas que cada vez mais assumem um papel rotulador e definidor da
importância e influência de um determinado indivíduo na sociedade em que se
insere. (Cristiana, nº.6)
Explanar este tema às gerações mais velhas é algo bastante pertinente, dando
assim origem a uma maior compreensão e aceitação, por parte destas, das
dificuldades e desafios reais do quotidiano dos adolescentes.

8
O nosso objetivo com este trabalho é desconstruir alguns mal-entendidos e
conceitos mal interpretados, promovendo alguma empatia e interajuda, alertando
também para a importância da saúde mental e do bem estar em todas as faixas
etárias. (Carlota, nº.21)

Formulação de Hipóteses

Hipótese 1- A tecnologia desempenha o papel de vilão principal no que toca à


existência de mal estar na vida dos adolescentes portugueses. (Débora, nº7)
Hipótese 2- Os jovens são extremamente influenciados pelo meio social em que se
inserem. (Cristiana, nº.6)
Hipótese 3- Os jovens são os principais causadores do desconforto emocional dos
seus pares. (Cristiana, nº.6)
Hipótese 4- O mal estar dos jovens pode ser consequência de bullying, exclusão
social e discriminação. (Carlota, nº21)
Hipótese 5- O mal estar dos jovens leva às mais variadas doenças mentais.
(Débora, nº.7)
Hipótese 6- As consequências das doenças mentais são impactantes no quotidiano
do indivíduo. (Carlota, nº.21)

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Abordagem Teórica e Revisão Bibliográfica

Capítulo I- A sociedade ocidental e a sua evolução


(Débora Henriques, n.º7)

1.1- Conceitos básicos

Para dar início a este trabalho é importante termos noção do conceito de sociedade
assim como o do mundo ocidental, que será uma das bases para o entendimento do
tema em estudo nesta tese.
Mundo Ocidental ou simplesmente Ocidente, é um termo que se refere a diferentes
nações, dependendo do contexto. Não há consenso sobre a definição das
semelhanças desses países, além de terem uma população significativa de
ascendência europeia e de terem culturas e sociedades fortemente influenciadas
e/ou ligadas pela Europa (Wikipédia, A enciclopédia livre, 2006).
Sociedade por seu lado, pode ser caracterizada por um conjunto de pessoas que
vivem em estado gregário, um corpo social ou um conjunto de pessoas que mantêm
relações sociais de coletividade (infopédia, DICIONÁRIOS PORTO EDITORA, n.d.)
Sabemos que o mundo está em constante evolução, sendo que a que envolve o
Mundo Ocidental é nos muito mais próxima. O que dá origem à evolução de um país
ou de um continente é a sua população, a sociedade que os habita. Esta tem todo o
poder em suas mãos para provocar a mudança, podendo ser esta para melhor ou
para pior, tendo em conta o bem estar do corpo social.

1.2- Contextualização Histórica

Ao longo dos séculos os povos da Europa passaram por várias mudanças que
estruturaram dois modelos de civilização: a pós-romana (séc. V-X) em que

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predominaram as relações afetivas, a unidade sendo privilegiada; e a subsequente
(séc. XI em diante) em que predominaram as relações mercantis, privilegiando o
distanciamento. Este distanciamento concretiza-se marcadamente no individualismo
e na racionalidade, moldando toda a forma de ser do europeu. (Paiva, 2012, 324)
Podemos ter como ponto de partida a experiência europeia o tempo dos “bárbaros”
para assim fazer o contraste com o renascimento do grande comércio por volta do
século X, gerando a cultura até hoje vigente.
Os romanos, assim como os gregos, desenvolveram uma cultura racional, tendo o
comércio e a guerra de expansão contribuído para isto. Roma assimilou a cultura
grega, adequando-a. Os gregos caracterizavam-se pela disposição de descobrir
mais sobre a realidade em que habitavam, exemplos disso são a criação de vários
deuses para explicar ; os romanos, por sua vez, tinham uma tendência contrária:
enquadram a realidade num sistema, a fixidez e a imobilidade sendo as
características singulares adotadas.
Desde o início do séc. II d.C. o Império Romano vê-se atingido por hordas bárbaras,
que vêm da Ásia, como os Hunos, ou do Norte da Europa, como os normandos, em
busca de solução de problemas vividos. Estes numerosos povos irão assentar-se no
território romano convivendo com os mesmos. (Paiva, 2012, 324)

1.3- O Processo de Socialização

Socialização, de acordo com a Wikipédia, é a assimilação de hábitos característicos


do seu grupo social, sendo todo o processo através do qual um indivíduo se torna
membro funcional de uma comunidade, assimilando a cultura que lhe é própria. É
um processo contínuo que só se encerra na morte, realizando-se através da
comunicação. O processo de socialização inicia-se após o nascimento e
desenvolve-se primeiramente, através, da família ou outros agentes próximos da
escola, dos meios de comunicação de massas e dos grupos de referência que são
compostos pelas bandas favoritas, atores, atletas, super-heróis, etc.
Podemos afirmar que somos seres individualizados e, ao mesmo tempo, coletivos,
sendo então influenciados pela sociedade a partir das relações culturais. Por isso,
estudar o processo de socialização, os agentes socializadores e a cultura e o
conceito de identidade social é fundamentalmente importante para compreendermos

11
e consciencializarmos-nos dos problemas sociais que ocorrem atualmente na
nossa sociedade. (Serviço Social, n.d., 136)
Mas como se desenrola este processo? Em contraponto com as perspectivas
clássicas, psicólogos, sociólogos e antropólogos tendem hoje a enfatizar que se
trata de um processo em que os indivíduos adotam um papel ativo, desde a
infância, no duplo sentido de interpretação das mensagens e ação sobre o mundo
(Lewis e Feinman, 1991; Corsaro, 2005). É, no entanto, um processo que se
desenrola em etapas e que, sendo eminentemente social, não se pode desprender
das estruturas biológicas que nos dão vida. Nos primeiros meses de vida, os
indivíduos permanecem muito vinculados às funções biológicas vitais, relativamente
fechados aos estímulos simbólicos. Gradualmente, opera-se uma fantástica
abertura ao meio, muito estimulada pela capacidade de manipular objetos,
caminhar, comunicar com expressões e, mais tarde, com palavras (Cicourel, 2007;
Dimitrova, 2010). Os diferentes ciclos de desenvolvimento do organismo definem
limites às formas possíveis de incorporar, interpretar e participar na vida social.

Capítulo 2- Bem-Estar e Saúde Mental


(Cristiana Santos, nº.6)

Responder à pergunta “O que é saúde mental?” não é uma tarefa simples, já que
são diversas as fontes, discursos, recursos e saberes que tentam conceituar este
tema.
Mais do que um cenário de ausência de problemas, a saúde mental é entendida
como um estado onde a pessoa está bem o suficiente para lidar com as situações
cotidianas, que são tão variadas quanto imprevisíveis. Afinal, viver no mundo
contemporâneo implica lidar diariamente com as complicações causadas pelo
intenso ritmo da vida e pela aparente fragilidade de algumas relações, contratempos
que podem prejudicar nossas relações sociais a médio e longo prazo.
A saúde mental é um amplo e diverso universo com infinitos modos de viver, dos
quais o sofrimento e adoecimento não estão banidos e que podem
consequentemente ser provocados pelo estado da saúde mental do indivíduo.
(Mayorga, 2020)

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2.1- Conceito de Saúde Mental

Para a OMS (Organização Mundial da Saúde) o conceito de saúde mental refere-se


a um bem estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais,
consegue lidar com as preocupações da vida, trabalha de forma produtiva e
encontra-se apto a dar sua contribuição para a comunidade.
Em relação às crianças, a saúde mental implica pensar os aspectos do
desenvolvimento, tais como: ter um conceito positivo sobre si, ter tanto habilidades
para lidar com seus pensamentos e emoções, quanto para construir relações
sociais, tendo uma atitude de se abrir para aprender e adquirir educação.
Resumindo, tudo o que pode possibilitar uma participação ativa na sociedade.
(Mayorga, 2020)

2.2- Fatores de influência e Métodos de Combate

São diversos os fatores que podem influenciar a saúde mental e o bem-estar dos
adolescentes: a relação com os pares, o relacionamento com a família, o consumo
de substâncias, as perturbações mentais, a falta de competências pessoais e
sociais, entre outros.
Duas coisas que ajudam a manter a nossa saúde mental diariamente é o
desenvolvimento da resiliência e do autocuidado.
Mas o que é isto da resiliência? É a capacidade de enfrentar os desafios da vida de
uma forma positiva, aprender a ser mais flexível nas variadas situações que
enfrentamos e sermos mais tolerantes, aceitando falhas e erros, sem medo de voltar
a errar. (Gaspar et al., 2019, 11)
E autocuidado? É tudo aquilo de positivo que fazemos para nos sentirmos bem, seja
algo ligado ao físico, social, mental ou espiritual. É dar atenção a si mesmo,
conhecer as necessidades, buscar o bem-estar e pedir ajuda quando necessário.
Muitas vezes, só prestamos atenção à saúde mental em situações de crise, em
momentos difíceis, que nos deixam sem chão ou geram sentimentos como medo,
raiva, ansiedade, nervosismo ou tristeza.

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Por exemplo a COVID-19 é uma crise sanitária que afeta várias áreas, incluindo
nossa saúde mental. É comum que ela tenha gerado novos sentimentos,
preocupações, nervosismo ou ansiedade. Não dá para ter o mesmo comportamento
de antes, precisamos re-aprender diversas coisas, inclusive cuidar de nós mesmos
e de outras pessoas, lidar com frustrações e conviver intensamente com a família.
Embora não seja nada fácil, momentos assim acabam a nos ensinar a olhar de
maneira diferente para a vida, as coisas e as pessoas. (UNICEF Brazil, 2021

Capítulo 3- A Adolescência
(Maria Carlota Sacadura, n.º21)

Uma pergunta que parece de fácil explicação, mas que traz consigo muitas
reflexões profundas é: “O que é a adolescência hoje em dia”. (Dias & de Sousa,
2015, 30)
No final do século XVIII e início do XIX, a percepção que até então se tinha da
criança foi se modificando ao longo do tempo e a concepção de infância como uma
etapa distinta da vida se consolidou na sociedade.O conceito de infância e
adolescência é uma invenção própria da sociedade industrial, ligada às leis do
trabalho e ao sistema de educação que torna o jovem dependente dos pais.
(Gonçalves, 2004, 173)
No início do século XX, de acordo com a sociedade atual, há apenas referência a
duas idades; a infância e a idade adulta, já que na infância as crianças aprendem no
meio familiar que as rodeia as ocupações dos mais velhos, para mais tarde se
inserirem no mundo do trabalho.

14
3.1- Criança, Adolescente e Adulto

A criança e o adolescente, com seus modos específicos de se comportar, agir e


sentir, só podem ser compreendidos a partir da relação que se estabelece entre eles
e os adultos. Essa interação institui-se de acordo com as condições objetivas da
cultura na qual se inserem.
A distinção entre a criança e o adulto fez com que a adolescência começasse a ser
percebida como um período à parte do desenvolvimento humano. A adolescência
configura, então, uma fase de experiência de valores, de papéis sociais e de
identidades e pelas incertezas entre as fases de ser criança e ser adulto.
(Gonçalves, 2004, 173)

3.2- A Puberdade

A puberdade assinala o início da adolescência, definida por um conjunto de


transformações corporais e uma série de mecanismos fisiológicos que provocam
mudanças de crescimento, o chamado surto de crescimento dos adolescentes com
um rápido aumento de altura, peso e mudanças nos órgãos reprodutivos.Muitas das
vezes estas mudanças sexuais constituem frequentemente fontes de dificuldade
para alguns adolescentes, nomeadamente as primeiras manifestações da
maturidade sexual. A transformação hormonal e física põe em prática nos
adolescentes uma nova reorganização psicológica.
A adolescência é caracterizada por uma grande "turbulência", principalmente a nível
comportamental. (Gonçalves, 2004, 173)
Hoje em dia, há uma maior liberdade e autonomia para os jovens e uma diminuição
no controle dos pais sobre os seus filhos mostrando que assim uma maior confiança
por parte dos pais incentivando-os para uma independência e maturidade diferentes
de há uns anos atrás.Esta libertação traz reflexos na educação dos filhos que por
terem mais liberdade podem acabar por se juntar a más companhias e a perderem
as suas essências. Infelizmente muitos desses jovens acabam mortos ou em
centros de correção juvenil devido à liberdade em demasia que tiveram. (Ferreira
Sales, 2005, 41)

15
Metodologia e interpretação dos dados

Objetivos do Estudo e Metodologia

O objetivo desta pesquisa é perceber qual o impacto que sociedade ocidental tem
hoje no bem estar emocional dos adolescentes portugueses. Constatamos que esta
evolução tem sido bastante evidente principalmente a partir da mudança do milénio.
Esta evolução tem revelado duas faces bastante distintas, por um lado há uma
evolução positiva nos valores da sociedade, mas por outro constatamos a existência
de aspetos negativos nessa mudança.

A escolha deste tema sugeriu-nos um conjunto de questões que gostaríamos que os


jovens portugueses respondessem. Este tema apesar de muito global e abrangente,
não é muito familiar à maioria dos jovens. Assim as principais questões que nos
surgem são: Quais os agentes que exercem maior influência na propagação dos
estereótipos? Será que a sociedade dos nossos dias é mais capaz de aceitar as
diferenças?

Tendo isto em conta, iremos utilizar como metodologia o inquérito por questionário,
que será elaborado através do Google Forms. O nosso universo de estudo serão os
jovens na faixa etária entre os 13 e os 25 anos de idade e serão incorporados nas
nossas redes sociais através de links ou nos nossos Websites. Os resultados serão
apresentados através dos gráficos com dados de respostas atualizados em tempo
real.

16
Interpretação de dados: Gráficos

Numa primeira instância, podemos classificar a amostra, quanto à idade e ao


género.

Gráfico 1.

Assim, perante a amostra de 124 jovens, podemos verificar que 78,2% dos
inquiridos se enquadram na faixa etária dos 17 aos 20 anos de idade, 15,3% na
faixa dos 13 aos 16, sendo a minoria enquadrada na faixa dos 21 aos 25 (6,5%), tal
como o Gráfico 1 evidencia.

17
Gráfico 2.

Quanto ao género, 60,5% respondeu pertencer ao género feminino, 37,9% ao


género masculino e a minoria (1,6%) ou preferiu não referir ou se identifica com
outro género não referido nas opções.

Gráfico 3.

Relativamente ao nível de escolaridade dos jovens inquiridos, verificamos através


da análise do Gráfico 3, que a maioria se apresenta com o nível Secundário, uma
vez que 70,2% escolheu esta opção; 19,4% respondeu ter o nível Superior e 10,5%
apenas o nível Básico (3º ciclo).

18
Gráfico 4.

No que se refere ao Gráfico 4, conseguimos constatar que a maioria dos jovens


inquiridos sente que a sua autoestima já foi muito influenciada pelos estereótipos
presentes no seu meio social, visto que numa escala de 1 a 5, 27,4% selecionou a
opção 5 (muito influenciada), 24,2% selecionou a opção 4 e outros 27,4%
selecionaram a opção intermédia 3. Apenas 21% respondem serem pouco afetados
pelos estereótipos escolhendo as opções 2 e 1 (pouco influenciada).

Gráfico 5.

Já no Gráfico 5, podemos constatar que quase 50% da amostra em estudo estão


em concordância no que toca ao elemento que exerce mais pressão para o
sentimento de aceitação no meio social, tendo 49,2% dos respondentes selecionado
o elemento das Redes Sociais. Por outro lado evidenciamos que 33,9% pensam que
é na Escola que existe uma maior pressão para se ser aceite socialmente e 10,5%
não encontraram nas opções apresentadas uma resposta adequada à sua situação.

19
Gráfico 6.

No que diz respeito ao Gráfico 6, a maioria afirmou que, na sua opinião, os agentes
que exercem uma maior influência na propagação dos estereótipos, são os seus
colegas (de escola ou de trabalho) visto que, ao analisarmos o gráfico verificamos
que 51,6% escolheu esta opção. Por seu lado, 37,1% afirmam que os agentes com
maior poder para a propagação são as Celebridades e/ou Influencers existentes nas
várias redes sociais, e por fim, 11,3% pensam que serão os Pais a ter esse papel.

Gráfico 7.

Relativamente ao Gráfico 7, constatamos que 36,3% dos inquiridos nunca sofreram


nenhuma perturbação física/mental devido aos estereótipos existentes enquanto
que 29% já sofreram e 23,4% sofrem atualmente. A minoria, que constitui os

20
restantes 11,3% dos jovens, está em contacto com alguém que sofre ou não se
sentiu à vontade para mencionar a sua resposta.

Gráfico 8.

Esta pergunta, devido à sua facultatividade, foi apenas respondida por 86 jovens,
estes que responderam afirmativamente à pergunta anterior, sendo que na sua
maioria, 72,1%, afirma ter desenvolvido Ansiedade por conta da influência dos
estereótipos na sua autoestima; 34,9% afirma ter desenvolvido Depressão; 31,4%
diz ter Fobia Social; 11,6% selecionou a opção da Anorexia e 9,3% da Bulimia.
Apesar disto, 24,4% revelam ter desenvolvido outro tipo de perturbações
físicas/mentais à parte daquelas que foram enunciadas nas opções desta questão, e
8,1% preferiu ocultar a sua resposta.
Esta pergunta para além de facultativa, apresentava também caráter múltiplo,
fazendo com que os inquiridos pudessem escolher mais do que uma opção.

21
Gráfico 9.

Em consequência dos dois gráficos anteriores (Gráfico 7 e 8), surgem os dados do


Gráfico 9.
É nos possível afirmar, através da sua análise, que existe uma notória falta de
unanimidade nas respostas obtidas. Posto isto, 33,1% afirmou ter procurado algum
tipo de ajuda para tratar as suas perturbações, 32,3% não sentiu necessidade de
procurar ajuda, 15,3% não foi capaz ou teve receio de o fazer e 19,4% preferiu não
responder a esta questão.

Gráfico 10.

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No seguimento da pergunta que deu origem aos dados do Gráfico 9, surge a que
deu origem aos dados do Gráfico 10, esta que era destinada apenas àqueles que
procuraram algum tipo de ajuda para as perturbações (físicas e/ou mentais)
desenvolvidas. Por ser uma pergunta facultativa, apenas recebemos 49 respostas,
sendo que 71,4% dos 49 jovens dizem terem procurado ajuda recorrendo a um/uma
Psicólogo/a, 67,3% recorreram a familiares/amigos, 28,6% dizem ter recorrido a
um/uma Psiquiatra e 12,2% procuraram ajuda através de Grupos e/ou Linhas de
Apoio.

Gráfico 11.

Relativamente à opinião dos inquiridos acerca do papel da tecnologia no mal-estar


na vida dos adolescentes portugueses, 54,8% responde afirmativamente, que a
tecnologia desempenha sim o papel de vilão principal provocando um maior
mal-estar nos adolescentes portugueses; 29% responde negativamente e 16,1%
responde não ter opinião sobre este tema.

23
Gráfico 12.

No que se refere ao Gráfico 12, constatamos uma concordância entre os inquiridos,


dado que 61,3% respondeu que acha que os jovens são sim os principais
causadores do desconforto emocional dos seus pares e apenas 36,7%
responderam acreditar que não, que os jovens não são os principais causadores.

Gráfico 13.
Já no Gráfico 13, podemos constatar que as respostas não são de todo
concordantes. Podemos verificar então que 50% dos respondentes pensam que a
sociedade atual tem uma maior capacidade de aceitar as diferenças e 44,4% afirma
não concordar. A diferença entre as respostas, 5,6%, são aqueles que afirmam não
ter opinião sobre o tema.

24
Conclusão

Referências

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enciclopédia livre. Wikipédia. Retrieved January 5, 2023, from

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Anexos

Inquérito “O impacto da evolução da sociedade ocidental no


bem-estar emocional dos adolescentes portugueses”

O impacto da evolução da sociedade ocidental no bem-estar emocional dos


adolescentes portugueses

Este formulário foi realizado no âmbito das disciplinas de psicologia e sociologia e


tem como intuito avaliar o impacto da evolução da sociedade ocidental no bem-estar
emocional dos adolescentes portugueses. Desta forma, serão apresentadas
perguntas associadas aos seguintes conceitos: autoestima, estereótipos,
perturbações físicas e psicológicas associadas e sociedade atual.

*Obrigatório
1. Idade *
a. 13-16
b. 17-20
c. 21-25

2. Género *
a. Masculino
b. Feminino
c. Outro
d. Prefiro não referir

3. Qual é o teu nível de escolaridade *


a. Básico (3º ciclo)
b. Secundário
c. Superior

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4. De 1 (pouco influenciada) a 5 (muito influenciada) quanto é que sentes que a
tua autoestima já foi influenciada pelos estereótipos presentes no meio social
em que te inseres? *
a. 1
b. 2
c. 3
d. 4
e. 5

5. Dos elementos seguintes, qual achas que exerce mais pressão para seres
aceite socialmente. *
a. Redes Sociais
b. Escola
c. Local de trabalho
d. Revistas
e. Séries/ Programas de TV
f. Nenhuma das opções acima

6. Quais são os agentes que exercem maior influência na propagação destes


estereótipos? *
a. Pais
b. Colegas (escola/trabalho)
c. Celebridades/ Influencers

7. Já sofreste/sofres de alguma perturbação a nível físico/mental devido aos


estereótipos? *
a. Já sofri
b. Sofro atualmente
c. Nunca sofri
d. Estou em contacto com alguém que sofre
e. Prefiro não mencionar

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8. Se respondeste afirmativamente à pergunta acima indica qual/quais as
perturbações:
a. Anorexia
b. Bulimia
c. Ansiedade
d. Depressão
e. Fobia Social
f. Outras
g. Prefiro não referir

9. Se sofres/sofreste alguma destas perturbações procuraste algum tipo de


ajuda? *
a. Sim procurei
b. Não senti necessidade de procurar
c. Não fui capaz/tive receio
d. Prefiro não responder

10. Se sim, assinala o tipo de ajuda que procuraste.


a. Psicóloga
b. Psiquiatra
c. Família/amigos
d. Grupos de apoio/linhas de apoio

11. Pensas que a tecnologia desempenha o papel de vilão principal no que toca à
existência de mal-estar na vida dos adolescentes portugueses? *
a. Sim
b. Não
c. Não tenho opinião sobre este tema

12. Achas que os jovens são os principais causadores do desconforto emocional


dos seus pares? *
a. Sim, acho que são
b. Não acho que sejam o principal causador

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13. Achas que a sociedade atual tem uma maior capacidade de aceitação das
diferenças? *
a. Sim
b. Não
c. Não tenho opinião sobre este tema

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