Você está na página 1de 17

Juliana Alves (092.

1591)
Maria Eduarda Centurion (092.1812)
Renata dos Santos França (092.1811)
Ranny Silva (092.1775)

Relatório de Estágio
A influência sociocultural no desenvolvimento do adolescente autista

Campo Grande

2022
1

Juliana Alves (092.1591)


Maria Eduarda Centurion (092.1812)
Renata dos Santos França (092.1811)
Ranny Silva (092.1775)

Relatório de Estágio
A influência sociocultural no desenvolvimento do adolescente autista

Trabalho apresentado à disciplina de


Estágio V, orientado pela professora,
Dra. Solange Bertozi do curso de
Psicologia no Centro Universitário
Unigran Capital.

Campo Grande

2022
2

Dados de identificação

Identificação da instituição formadora- Unigran Capital, Rua Abrão Júlio Rahe, 325 - Centro,
Campo Grande - MS, 79010-010; Telefone: (67) 3389-3389.

Área- Psicologia Social

Local do Estágio- Unigran Capital, Rua Abrão Júlio Rahe, 325 - Campo Grande - MS.

Nome dos Alunos- Camila Reinehr, Juliana Rosa, Maria Eduarda Centurion, Renata dos
Santos França e Ranny Silva.

Nome do supervisor e número do registro no CRP- Solange Bertozi,

Campo Grande, MS, março de 2022.

Período de Estágio:

a) Data de início 16\03\2022 e término do Estágio- 11\05\2022


3

Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradecemos a orientação da coordenadora e professora, Dr. Solange


Bertozi, que disponibilizou do seu tempo e conhecimento para saciar todas as nossas dúvidas e
proporcionar conselhos valorosos para os futuros profissionais que almejamos ser. Como docente o
seu empenho foi e é fundamental para nós, sua transmissão de experiências, de criações e ideias,
foram fatores determinantes na solidificação dos nossos saberes e das realizações que alcançamos.
Especialmente, gostaríamos de agradecer a universidade Unigran Capital, ao corpo docente, a
direção е a administração, somos imensamente gratos por todo apoio e orientação. O auxílio da
instituição foi essencial neste processo, desde o espaço físico ao livre para possibilidade de criação.
Por fim, deixamos nossos agradecimentos a todos que contribuíram, o presente trabalho não
seria viável sem a colaboração, o estímulo e o esforço de inúmeras pessoas. Sendo assim, é crucial
agradecermos aos indivíduos que de alguma maneira colaboraram nesta caminhada de aprendizado.
4

ÍNDICE
1. Introdução ….......................................................................................................................5

2. Fundamentação teórica.......................................................................................................6

2.1 A influência sociocultural no desenvolvimento humano................................................6

2.2 Transtorno do Espectro Autista: breve caracterização…………………......................7

2.3 Adolescência: características e transições……………...................................................8

2.4 Autismo na adolescência: características e processos de exclusão ...............................9

2.6 Autismo: inclusão e desafios……………………………………………………………10

3. Metodologia.........................................................................................................................12

4. Considerações finais...........................................................................................................13

5. Rerefências..........................................................................................................................14

6. Assinatura do supervisor...................................................................................................16
5

1. Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido como um transtorno do
neurodesenvolvimento que envolve atrasos e comprometimentos nas áreas da linguagem e
interação social, além de comportamentos repetitivos e estereotipados, com sintomas que
variam de acordo com o diagnóstico diferencial e a individualidade de cada sujeito.
(GREENSPAN; WIEDER, 2006).
Todavia, de acordo com Vigotski (1988), independentemente da condição biológica do
indivíduo, o ser humano é constantemente influenciado pela sua interação com o meio
sociocultural, visto que, é um ser ativo que enquanto age no mundo é moldado por ele. Deste
modo, dando ênfase à fase da adolescência, período caracterizado por inúmeras transições
fisiológicas, emocionais, psicológicas, sociais e culturais. Compreende-se, sobretudo, os
aspectos socioculturais como modeladores da construção deste indivíduo no mundo.
Ademais, é válido constatar que a evolução de cada pessoa autista, varia de acordo com
suas condições biológicas e ambientais, isto é, sua estrutura familiar, contextos sociais, e
recursos de intervenção e tratamento. Posto isto, os sintomas do autismo podem apresentar
considerável melhora com o passar da idade, sendo na adolescência mais perceptível
dificuldades relacionadas ao âmbito social, à medida que, a sociedade espera desta idade uma
elevação no nível das interações sociais.
Embora, Baumeister e Leary (1995), aponta que os seres humanos possuem como
necessidade básica o pertencimento a grupos e a busca por relações sociais profundas e
positivas. Percebe-se que, o desenvolvimento psicoafetivo e a independência esperados para
esta fase, junto às complexas demandas educacionais e sociais, tornam-se obstáculos ainda
maiores para o interesse do autista nas interações sociais. Sendo que, a insatisfação de tal
necessidade social está intimamente associada a consequências negativas, tanto psicológicas
quanto fisiológicas (Cacioppo, Hawkley & Thisted, 2010; Cornwell & Waite, 2009).
Em vista disso, o seguinte trabalho, por meio de uma revisão bibliográfica e descritiva
acerca do Transtorno do Espectro Autista e este na adolescência. Dispõem do objetivo fulcral
de caracterizar o grupo dos adolescentes autistas, tendo como ponto de partida, seus aspectos
biológicos e socioculturais como influenciadores da construção deste grupo, baseando-se na
teoria vygotskiana (1982), do meio social como determinante no desenvolvimento humano.
6

2. Fundamentação teórica
2.1 A influência sociocultural no desenvolvimento humano
Segundo o psicólogo Lev Vygotsky (1982) o meio social é determinante no
desenvolvimento humano, de modo que a aprendizagem só se dá pela interação com o outro.
Assim, pode-se afirmar que o homem não nasce individualizado, mas sim que o processo de
aprendizagem e subjetividade são construídos por ele através de suas interações sociais e
mediações. Além disso, o autor defende a concepção de que o sujeito é ativo neste processo,
pois age sobre o meio, modificando ele e sendo moldado por ele.
Sob esta perspectiva, a teoria vygotskyana concebe o homem como um ser histórico e
produto de um conjunto de relações sociais, como da cultura, a qual integra historicamente a
natureza humana, em sua constituição, e perpassa o desenvolvimento do próprio sujeito,
assim como da própria espécie humana. Deste modo, Vygotsky, aponta que a concepção do
ser humano está condicionada ao processo relacional com o seu contexto social.
Outrossim, é válido ressaltar que o autor aponta a linguagem como ferramenta social,
que tem por função inicial a de comunicação, expressão e compreensão. Tendo em vista, o
processo de desenvolvimento como alicerçado a linguagem, a qual faz mediação no processo
relacional e promove, em ampla instância, a relação do homem com o mundo.
Além da linguagem, Baumeister e Leary (1995) argumentam que os seres humanos
possuem a necessidade básica de pertencimento, da busca por relações sociais profundas e
positivas. De acordo com os autores, tal necessidade é fundamental, básica para uma vida
saudável e satisfatória e está presente em todos os indivíduos. Sendo que, a insatisfação desta
necessidade está intimamente relacionada a consequências negativas, tanto psicológicas
quanto fisiológicas (Cacioppo, Hawkley & Thisted, 2010; Cornwell & Waite, 2009).
Diante destas idéias, compreende-se que a subjetividade é desenvolvida com base
naquilo que se é apresentado, do que foi estabelecido em grupo e da percepção individual de
cada um. À medida que, são nessas relações e mediações que se produz e continua a ser
produzido a subjetividade, posto que, esta não é estática, mas sim dialética, permanecendo em
movimento, sendo construída no decorrer das vivências e interações com o meio.
7

2.2 Transtorno do Espectro Autista: breve caracterização


O autismo é definido como um transtorno do neurodesenvolvimento que envolve
atrasos e comprometimentos nas áreas da linguagem e interação social, além de
comportamentos repetitivos e estereotipados, com sintomas que variam de acordo com o
diagnóstico diferencial e a individualidade de cada sujeito. (GREENSPAN; WIEDER, 2006).
No que diz respeito à etiologia do transtorno, ainda não há uma única causa descoberta,
ainda mais por conta dos diferentes sintomas que cada pessoa pode apresentar. Contudo, está
fortemente relacionado a fatores genéticos, que podem ocorrer espontaneamente ou serem
hereditários. Já sua epidemiologia, segundo os dados bianuais do Centro de Controle de
Doenças e Prevenção nos EUA (CDC, 2021), há 1 autista para cada 44 crianças de 8 anos,
sendo mais frequente em meninos, a proporção continua a de 4 meninos para cada 1 menina.
É válido destacar que historicamente, Leo Kanner ficou conhecido por descrever
sintomas autistas em seu artigo: Distúrbios Autistas de Contato Afetivo, na década de 40. No
qual relatou comportamentos incomuns dos seus onze pacientes: oito meninos e três meninas,
os quais segundo Kanner tinham muitas diferenças, embora as áreas sociais e linguísticas
fossem destacadas como de maior déficit. Além dos comportamentos motores estereotipados,
da resistência à mudança ou insistência nas rotinas e de aspectos incomuns na comunicação
das crianças, como a inversão dos pronomes e tendência de ecoar sons (ecolalia).
Atualmente, de acordo com o Manual estatístico e prognóstico das Doenças Mentais
(DSM-V, 2014) a denominação para autismo é Transtorno do Espectro Autista (TEA), isto
porque, a palavra “espectro” enquadra dentro do transtorno a individualidade e a versatilidade
dos sintomas que cada pessoa autista têm. Ademais, é válido destacar que embora o DSM-5
tenha critérios para o diagnóstico, a variabilidade na apresentação dos sintomas dificulta esta
conclusão. Visto que, nem sempre aparecem todos juntos, há casos com comprometimentos
sociais que não possuem problemas comportamentais, mas há também casos de disfunções
comportamentais sem atraso de linguagem. Todavia, o que aparece, em maior ou menor grau,
são as dificuldades na interação social. (SILVA, GAIATO, RELEVES, 2012, p.42).
Outrossim, deve-se distinguir o TEA de demais transtornos do neurodesenvolvimento
associados a problemas cognitivos e\ou outros transtornos mentais. Posto que, não há
sintomas destes que comprovem ou sugerem diagnóstico para TEA, todavia, deve-se ter um
olhar clínico atento para não negligenciar possíveis comorbidades.
8

2.3 Adolescência: características e transições desta fase


A adolescência consiste no período do desenvolvimento humano da transição entre a
infância e a vida adulta, caracterizado pelo processo de crescimento e desenvolvimento
biopsicossocial, que envolve uma série de transformações físicas, emocionais, cognitivas e
sociais (Ministério da saúde, 2005). Sendo que a faixa etária considerada pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente – Lei n.º 8.069, de 13/7/1990, é a de 12 a 18 anos de idade.
Sendo que, tem como marco principal, a puberdade, fase com visíveis alterações físicas,
como: o estirão do crescimento, o surgimento dos pelos pubianos, o aumento da oleosidade na
pele, o surgimento de odor nas axilas, o aumento do seio das meninas e o aumento do volume
testicular dos meninos. Além disso, aspectos sociais da adolescência, representam a transição
de um corpo infantil para um adulto, com capacidade reprodutiva, o que gera angústia pela
perda do corpo infantil, da identidade e dos papéis infantis (Amaral, 2007).
Diante de tantas transformações e percepções distintas às anteriormente conhecidas,
Amaral (2007), aponta que o jovem parte para a construção de sua identidade, por meio da
busca de valores e objetos pessoais. Nesse sentido, a vivência temporal se dá no aqui e agora,
um ano é muito tempo e por isso, não se importam com o futuro. Portanto, aumenta-se a
necessidade de vivências e atitudes grupais, a necessidade de intelectualizar e fantasiar, uma
vez que seu desenvolvimento cognitivo já permite criar hipóteses e a capacidade de senso
crítico, induz a possíveis crises religiosas, atitudes reivindicatórias e condutas contraditórias.
Todavia, é válido ressaltar que embora alguns aspectos da adolescência possam ser
generalizados, a vivência é singular a cada sujeito, dado que, cada um terá condições físicas,
psicológicas e sociais diferentes para lidar com determinadas situações, principalmente no
que tange ao desenvolvimento da sexualidade, da separação progressiva dos pais e das
constantes flutuações do humor e do ânimo.
Sendo assim, Amaral (2007) afirma que, num âmbito geral, há uma grande preocupação
com a aparência, os adolescentes querem ser diferentes, contudo, vestem-se iguais, tendo em
vista que a uniformidade do grupo fornece segurança e auto-estima. E, em vista disso,
experimentam diferentes grupos, na tentativa incessante de, sentirem-se aceitos e pertencentes
a algo. Acerca da necessidade de pertencimento, Baumeister e Leary (1995), alegam que os
seres humanos possuem motivação para procurar e manter laços sociais profundos, positivos
e recompensadores.
9

2.4 Autismo na adolescência: características e processos de exclusão


Na fase da adolescência, segundo Klin (2006), os autistas podem sofrer um declínio
comportamental, apresentando rebaixamento de habilidades de linguagem e sociabilidade.
Além disso, aponta que estes adolescentes podem apresentar sintomas de ansiedade e
depressão, em vista do acúmulo de frustrações, devido às suas dificuldades em estabelecerem
vínculos afetivos, iniciarem conversas e interagirem com outras pessoas.
Ademais, Flagge (2017) aponta que o desenvolvimento da linguagem e o grau de
independência são os fatores de maior defasagem em pessoas com TEA, o que influencia na
incapacidade de manter relações sociais. Além do mais, o autor afirma que quando estes
fatores são pouco desenvolvidos, há a tendência de isolamento social e sintomas depressivos.
Em vista das dificuldades sociais, em decorrência das defasagens da fala e\ou da
presença de comportamentos restritos e estereotipados, é comum ver adolescentes atípicos
ocasionalmente usarem da imitação ou do isolamento como mecanismos de fuga da realidade,
realidade esta de exclusão. Contudo, esses mecanismos de camuflagem, embora possam
mascarar as características do autismo, geram um alto custo psicológico. Segundo, o
documentário: “Stimados Autistas” (Oliveira, 2020), observar o comportamento social e
tentar não cometer um erro social, é emocionalmente desgastante. Assim como, adotar uma
persona alternativa na tentativa de não ser tratado como diferente, pode levar a sérios
problemas de identidade, baixa autoestima, depressão e até mesmo pensamentos suicidas.
Posto isto, Minatel e Matsukura (2015, p. 430), afirmam que se tratando de uma
condição crônica, os desafios e demandas vivenciadas por esses indivíduos e familiares se
modificam ao longo dos anos, podendo ter maior ou menor impacto, o que derivará das
possibilidades de desenvolvimento da pessoa com autismo, isto é, suas condições biológicas,
se possui comorbidades ou não, do seu grupo familiar, dos recursos de tratamento e
intervenção, se ocorreram precocemente ou não, bem como dos aspectos sociais e culturais da
sociedade em que este se encontra.
Diante disto, vê-se o preconceito como uma realidade existente, por vezes, dentro da
própria família e, sobretudo, pela sociedade, a qual segundo as falas dos adolescentes autistas
do documentário: “Stimados Autistas” (Oliveira, 2020), reforçam seus sentimentos de
exclusão e anormalidade, sendo que, a sociedade ao em vez de aceitar e entender suas
diferenças, exigem padrões inalcançáveis e, portanto, afastam-lhes ainda mais do meio social.
10

2.5 Autismo: inclusão e desafios


Historicamente, os neurodivergentes (Judy Singer, 1998), antes chamados de
retardados, deficientes intelectuais, entre outras nomenclaturas, foram e são alvos de exclusão
e capacitismo. Isto porque, ter um cérebro que funciona de formas diferentes dos padrões
sociais considerados “normais” fez com que a sociedade os classificassem como incapazes e
entre eles, estão os autistas, que nascem neurodivergentes, por etiologia única indefinida.
Posto isto, é válido ressaltar, a definição de Transtorno do Espectro Autista (TEA),
como um espectro que enquadra a versatilidade dos sintomas que cada autista pode ter, sem
excluir suas vivências e singularidade. Contudo, tendo em vista suas dificuldades na
linguagem e comunicação, nas interações sociais e nos comportamentos restritos e repetitivos,
que são vistos como diferentes da exigência de “normalidade” imposta pela sociedade. É
imprescindível a atuação governamental, a fim de prevenir possíveis danos biopsicossociais.
Diante disso, é crucial a implementação de várias políticas públicas que compreendam
as diferentes necessidades dos sujeitos, em quaisquer âmbitos da vida, seja na saúde, no lazer,
no transporte, no trabalho e, especialmente na escola. Conforme é direito por lei de todo
cidadão, garantido no Art. 208, da Constituição Federal de 1988, o qual estabelece que as
pessoas com necessidades especiais têm o direito à educação preferencialmente no ensino
regular (BRASIL, 1988).
Levando-se em consideração a escola como instituição de transformação social, faz-se
necessário compreender que uma escola aberta à diversidade, deve pensar igualmente nas
mudanças estruturais, metodológicas e ideológicas necessárias para garantir um ensino de
qualidade para todos, tendo em vista as dificuldades e potencialidades de cada aluno
(BUENO, 1999, p. 19).
Embora, os suportes legais brasileiros garantem acesso à educação para todo cidadão
pela Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDB, 1996); pela Constituição
Federal (1998); pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECRIAD, 1990). Há leis
referentes à educação especial, como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva de 2008 e a Lei nº 13.146/2015 que institui a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Entretanto, a
vivência atual no âmbito escolar, revela que a inclusão ainda não é efetiva.
Portanto, cabe aos órgãos educacionais e aos profissionais da área a ação de rever suas
práticas e, adequar-se para incluir a diversidade dos alunos. Posto que, para que a inclusão
11

ocorra de fato, é imprescindível esforços de atualização e reestruturação das condições


educacionais atuais. Portanto, destaca-se a necessidade do aperfeiçoamento e formação
continuada dos professores, com o intuito de práticas pedagógicas que incluam a versatilidade
dos aprendizes (VELTRONE; MENDES, 2007, p. 2).
Outrossim, é relevante destacar que as pessoas com TEA possuem os mesmos direitos
de todos os cidadãos do Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e outras leis
específicas, como previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90), e os
maiores de 60 anos respaldados pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
Por outro lado, existe um aparato legal específico para as pessoas autistas, como: a Lei
Berenice Piana (12.764/12), a qual determina que é direito dos autistas o diagnóstico precoce,
tratamento, terapias e medicamentos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS); o acesso
à educação e à proteção social; ao trabalho e a serviços que propiciem a igualdade de
oportunidades, defendida pelos artigos da Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, (Lei 12.764/2012).
Outrossim, a Lei 13.977, sancionada em 8 de janeiro de 2020, que dispõem do uso da
Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), como
identificação emitida gratuitamente pelos órgãos estaduais e municipais, a fim de possibilitar
a identificação dessas pessoas. À medida que o autismo não tem características físicas e em
decorrência a falta de informação, muitos espaços e pessoas negligenciam serviços e direitos
prioritários das pessoas autistas.
Destarte, compreende-se como fulcral para a inclusão, leis específicas que garantem o
acesso e aceitação efetiva dos autistas em todos os espaços. Além do que, para que a inclusão
ocorra é necessário que a sociedade firme uma postura de responsabilidade ativa na
construção de meios de inclusão, entre esses, no cumprimento e fiscalização das leis.
12

3. Metodologia
O presente trabalho, refere-se a uma pesquisa bibliográfica e descritiva das áreas da
Psicologia, Psicologia Social, Saúde e Educação, com ênfase nas publicações científicas e
qualitativas dos estudos sobre o Transtorno do Espectro Autista e este na adolescência.
Assim, por meio deste método, foi possível realizar a análise de dados de forma sistemática e
ordenada, contribuindo ao desenvolvimento da pesquisa (ROMAN, FRIEDLANDER, 1998).
Em vista disso, delineou-se como ponto de partida a conceitualização e caracterização
dos seguintes temas da pesquisa: A influência sociocultural no desenvolvimento humano,
com base na teoria vygotskiana (1988); O Transtorno do Espectro Austista, historicidade,
diagnóstico e características de acordo com dados do DSM-5 (2014); do Centro de Controle
de Doenças e Prevenção nos EUA (CDC, 2021) e autores relevantes da área, como: Daniel
Fuentes et al (2014) e Ana Sella e Daniela Ribeiro (2018); Características e transições da
adolescência, segundo Amaral (Psicologia da educação, 2007); E o Transtorno do Espectro
Autista na adolescência, com base nos autores: Klin (2006), Minatel e Matsukura (2015).
Deste modo, além das referências bibliográficas, o trabalho teve como processo de
coleta, seleção e sistematização dos artigos de pesquisa foram nas bases de dados virtuais:
Scielo (Scientific Electronic Library Online), Revista Educação Especial e Youtube.
13

4. Considerações finais
O presente trabalho dispõe do objetivo central de caracterizar o grupo dos adolescentes
autistas, tendo como ponto de partida, seus aspectos biológicos e socioculturais como
influenciadores da construção deste grupo, baseando-se na teoria vygotskiana (1982), do meio
social como determinante no desenvolvimento humano.
Deste modo, caracteriza-se como autismo o prejuízo funcional nas áreas da
comunicação, interação social e comportamento, sendo que, para diagnóstico não é necessário
apresentar defasagens nos três viés associados ao autismo. Tendo em vista, que estes variam
de acordo com a individualidade e diagnóstico diferencial de cada pessoa.
Além do mais, tratando-se de uma condição crônica, compreende-se que os desafios e
demandas vivenciadas pelos autistas e suas figuras familiares se modificam ao longo do
tempo, podendo ter maior ou menor impacto a depender das possibilidades biológicas e
sociais de desenvolvimento da pessoa autista, como: possíveis comorbidades, estrutura
familiar, contextos sociais que estão inseridos, recursos e instituições de apoio disponíveis.
Em contrapartida, vê-se que os aspectos socioculturais presentes na sociedade atual
dificultam ainda mais o interesse dos autistas na busca pela vivência das interações sociais.
Além do mais, o déficit de ações e políticas públicas prejudicam o diagnóstico e tratamento
precoce, fomentando em possíveis comorbidades como, ansiedade e depressão.
Portanto, além da necessidade de pesquisas brasileiras mais atualizadas na área, nota-se
como fulcral para o desenvolvimento e qualidade de vida dos adolescentes autistas, que a
sociedade firme uma postura de responsabilidade ativa na construção de meios de inclusão,
como o cumprimento e fiscalização das leis que garantem essa compreensão.
14

5. Referências

AMARAL, Vera Lúcia. Psicologia da educação. Natal, RN: EDUFRN, 2007. Disponível
em:http://www.ead.uepb.edu.br/arquivos/cursos/Geografia_PAR_UAB/Fasciculos%20-%20
Material/Psicologia_Educacao/Psi_Ed_A05_J_GR_20112007.pdf. Acesso em março de 2022.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: maio de
2022.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.


Brasília, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf.
Acesso em maio de 2022.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas, 1991.
BRASIL. Lei Berenice Piana, nº 13.977 DE 08 DE JANEIRO DE 2020. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L13977.htm. Acesso em maio
de 2022.
BRASIL. Estatuto do Idoso. LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm. Acesso em maio de 2022.
BRASIL. Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista. LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. Acesso em maio
de 2022.
BUENO, J. G. Crianças com necessidades educacionais especiais, política educacional e a
formação de professores: generalistas ou especialistas. Revista Brasileira da Educação
Especial, v.3, n. 5, pág. São Paulo, 1999.

Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Dados e Estatísticas sobre Transtorno do
Espectro Autista. (ADDM), 2021. Disponível em:
https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/ss/ss7011a1.htm. Acesso em março de 2022.

CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul LTDA, 2000.

FUENTES, D; et al. Neuropsicologia: teoria e prática - 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

GASTAL, C; PILATI, R. Escala de Necessidade de Pertencimento: Adaptação e Evidências


de Validade. Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 2, p. 285-292, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pusf/a/VnsBqwhLRbknDZ9k3jPS9MS/?format=pdf.
Acesso em março de 2022.

KLIN, A; MERCADANTE, M. Autismo e transtornos invasivos do desenvolvimento. Rev.


Bras. Psiquiatra, São Paulo, v.28, 2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbp/a/WBXtKB9BBJmtXDcLFQ5qj8r/?lang=pt. Acesso em março de
2022.
15

MINATEL, M; MATSUKURA, T. Familiares de crianças e adolescentes com autismo:


percepções do contexto escolar. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 28, 2015.
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/14708/pdf.
Acesso em março de 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. Brasília- DF,


2007. Disponível em: Técnicos https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0400_M.pdf.
Acesso em março de 2022.
OLIVEIRA, C. Documentário: Stimados Autistas. Paradoxa, 2020. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=qR5JIrKboso. Acesso em março de 2022.
ROMAN, A; FRIEDLANDER, M. Revisão integrativa de pesquisa aplicada à enfermagem.
Cogitare Enfermagem, Curitiba, vol. 3, núm. 2, p.109-112, 1998. Disponível em:
https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/44358. Acesso em março de 2022.

SELLA, A; RIBEIRO, D. Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro


Autista - 1. ed. Curitiba: Appris, 2018.

SINGER, J. Pessoas estranhas em: O nascimento da comunidade entre pessoas no espectro


autista. Uma exploração pessoal baseada na diversidade neurológica. Faculdade de
Humanidades e Ciências Sociais, Universidade de Tecnologia, Sydney, 1998. Disponível em:
file:///C:/Users/julia/Downloads/Odd_People_In_The_Birth_of_Community_amo.pdf.
Acesso em maio de 2022.

VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, ALEXIS. Linguagem, Desenvolvimento e


Aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988

VYGOTSKY, L.S. Obras Escogidas: problemas de psicologia geral. Gráficas Rogar.


Fuenlabrada. Madrid, 1982.

VELTRONE, A; MENDES, E. O papel da pessoa com deficiência mental na sociedade


atual: perspectivas para a inclusão escolar. IV Congresso Brasileiro Multidisciplinar de
Educação Especial. Londrina, 2007. Disponível em:
http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2007/313.pdf.
Acesso em maio de 2022.
16

6. Assinatura do supervisor

De acordo:

_________________________

Solange Bertozi- CRP

Você também pode gostar