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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONCETADO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

STELLA GIOVANNA MIGOTTO DE MOURA

O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DE


GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

ASSIS - SP
2020
STELLA GIOVANNA MIGOTTO DE MOURA

O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DE


GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Norte do Paraná
- UNOPAR, como requisito para a obtenção
do título de bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Prof.ª Nelma dos Santos Assunção


Galli.

ASSIS - SP
2020
AGRADECIMENTOS

Venho aqui hoje agradecer primeiramente a Deus.


A todos os colegas de turma, pelos momentos de convivência e aprendizagem
conjunta.
A cada pessoa da minha família, pelas quais acreditaram em mim.
Ao meu marido que nunca desistiu de mim e sempre me impulsionou a jamais
desistir.
Ao meu filho Giovanni que sempre esteve ao meu lado e acreditou no meu potencial.
A minha filha Gabriella (faleceu) que foi minha maior motivação.
A professora Sandra, pelas suas aulas, pela paciência e pelo respeito que
demonstrou na orientação deste trabalho.
A faculdade onde vivenciei momentos significativos de aprendizagem.
Aos meus amigos Gabriela Negreiros, Itanei, Gabriela, Tatiene, Lucimeire, Beatriz e
Paulo Eduardo por sempre me apoiar acreditar em mim, me estimular a ser um
exemplo a ser admirado.
Amigos pelos quais demos muitos sorrisos conjunto nas horas difíceis.
E a todos aqueles que contribuíram para o meu sucesso.
A minha coordenadora Carol que sempre me acolheu, com toda sua sabedoria e
paciência.
Enfim, agradecer a todos que fizeram parte dessa nova etapa da minha vida.
Meu muito obrigada!
MOURA, Stella Giovanna Migotto de. O Papel do Assistente Social nas
Atividades de Prevenção de Gravidez na Adolescência. 2020. 38. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social), Universidade Norte do Paraná,
Esplanada, 2020.

RESUMO

Sabe-se que todo ser humano passa por diversas fases do desenvolvimento, a
infância, adolescência, vida adulta e velhice. Abordaremos neste trabalho a cerca de
diversos fatores que fomentam o desenvolvimento da adolescência, entre eles os
fatores sociais, hormonais, ambientais, trazendo diversas mudanças psicológica e
fisiológica. O presente trabalho tem por finalidade abordar sobre o Papel do
Assistente Social nas Atividades de Prevenção de Gravidez na Adolescência. para o
desenvolvimento do presente trabalho, fez-se o uso da pesquisa bibliográfica,
utilizando alguns autores. Como: Felipe e Albuquerque (2016), Andrade (2009),
Brasil (2006, 2010, 2012, 2014 e 2015), Freire e Cândido (2013), Iamamoto (2006),
Sasaki et al (2015), Sousa (2008), Taborda (2014), dentre outros. Será direcionado
este trabalho por seções: a seção dois discorre sobre um breve histórico do serviço
social, bem como a instrumentalidade utilizada pelo profissional, seguido por uma
breve explanação acerca da adolescência e a sexualidade, e os riscos e as
consequências da gravidez precoce na adolescência pode ocasionar; seção três:
relata sobre as Políticas Públicas e a Adolescência, a família, bem como a PNH e o
ECA; a seção quarto aborda acerca do papel do Assistente Social perante a
Gravidez na Adolescência; seguido das considerações finais.

Palavras-chave: Gravidez precoce; Assistente Social; ECA.


SIGLAS

DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde.


DNV - Declarações de Nascidos Vivos
DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis.
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
IST - Infecções Sexualmente Transmissíveis
PNH - Política Nacional de Humanização.
SBP Sociedade Brasileira de Pediatria
SINASC - Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
SINASC - Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos.

LISTAS E QUADROS
QUADRO 1 – PROPORÇÃO DE NASCIMENTOS DE FILHOS DE MÃES
ADOLESCENTES POR FAIXA ETÁRIA E POR UF, NO ANO DE
2016............................................................................................................................29

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................08

2. O SERVIÇO SOCIAL: BREVE HISTORICO.........................................................13


2.1 O ASSISTENTE SOCIAL E A INSTRUMENTALIDADE.....................................14
2.2 A ADOLESCÊNCIA E A SEXUALIDADE.............................................................15
2.3 OS RISCOS E CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ PRECOCE.........................19

3. AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA GARANTI DE DIREITOS DOS


ADOLESCENTES......................................................................................................24
3.1 A PNH - POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO.........................................26
3.2 O ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ..............................28

4. O PAPEL DO ASSITENTE SOCIAL PERANTE A GRAVIDEZ NA


ADOLESCÊNCIA.......................................................................................................30

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................33

6. REFERÊNCIAS......................................................................................................35
8

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que todo ser humano passa por diversas fases do desenvolvimento.
A fase que denomina a infância é de 0 a 12 anos de idade, seguido da puberdade
que segue dos doze anos até os dezoito. O período da adolescência se inicia por
volta dos dez anos e termina aos dezenove anos segundo o ministério da saúde,
ocorrendo assim a puberdade. Para tanto diversos fatores fomenta o
desenvolvimento da adolescência, entre eles os fatores sociais, hormonais,
ambientais, trazendo diversas mudanças psicológica e fisiológica. Segundo Felipe e
Albuquerque (2016, p.19):

“A adolescência é conceituada como uma fase de desenvolvimento do ser


humano situada entre a infância e a idade adulta que, apesar de transitória,
é extremamente importante, uma vez que, nesse período, são obtidas as
características físicas, psicológicas e sociais de adulto. O crescimento e o
desenvolvimento são eventos geneticamente predeterminados que estão
intimamente relacionados às crianças e adolescentes, sendo fortemente
influenciados por fatores ambientais (socioeconômicos, políticos) e
específicos (nutricionais, hormonais e emocionais)” (FELIPE e
ALBUQUERQUE, 2016, p. 19).

Neste sentido, é na adolescência que acontece as mudanças estruturais e


psicológicas, ocorrendo a transição da vida antes criança para a fase adulta, os
hormônios neste período se afloram, e é na puberdade que os órgão sexuais
internos se adequam e ficam aptos para a reprodução e os externos se definem
através de sua característica. Vale salientar que a puberdade vem ocorrendo de
maneira acelerado e mais cedo, fazendo com que muitos adolescentes iniciem sua
vida sexual, acarretando muitas vezes em uma gravidez indesejada. (Sasaki et al,
2015, p.96)

No entanto, para entender como ocorre a gravidez na adolescência, torna-se


de grande valia relacionar que este fato as diversas implicações biológicas,
econômicas, familiares e emocionais, além das jurídico-sociais, que percebem o
indivíduo isoladamente, e a sociedade como um todo, restringindo ou mesmo
adiando as probabilidades de desenvolvimento e engajamento dessas jovens na
sociedade. Devido às repercussões sobre o ser mãe e o conceito a gestação na
adolescência é considerada gestação de alto risco pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), contudo, atualmente impetra-se que o risco se constitua mais social
do que biológico.
9

Os autores acima mencionado deixam claro que há uma preocupação quanto


a relação de meninas que ficam gravidas De acordo com os autores acima citados,
há uma preocupação em relação à incidência de adolescentes grávidas, onde terão
um futuro obscuro devido à falta de maturidade, bem como, consequências que
põem ser graves, incluindo as diversas doenças sexualmente transmissíveis (DST).

De acordo com o Art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA


considera-se criança, para o efeito dessa lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescentes aquela dentre doze e dezoitos anos de idade. Assim
esse é o período de muitas dúvidas em relação as mudanças corporais e
psicológicas, bem como as primeiras experiências sexuais, onde vem se iniciando
cada vez mais cedo, com consequências indesejáveis, como uma gravidez ou
doenças sexualmente transmissíveis, acarretados por fatores que vão desde o
desequilíbrio na família, a influência dos amigos, dentre outros, tornando-se assim
fundamental abordar o tema sexualidade para os adolescentes e jovens (BRASIL,
2010).

Com análise aos diversos estudos realizados, mostrar-se o ser humano como
um ser sexual, que exibe diversas etapas da sexualidade e uma adolescência mal
assistida por pais e educadores ocasiona consequências, como a maternidade e
paternidade nesta tão importante fase da vida, além, é claro, das DST’s. Vale
salientar que uma pesquisa realizada em 2019 a cada ano, mais de 500 mil meninas
entre 10 e 19 anos têm filhos no Brasil. No entanto, esse número já foi maior: em
2004, eram cerca de 660 mil, de acordo com o Sistema de Informação
sobre Nascidos Vivos (SINASC).

Outro fator importante analisado nessa pesquisa é que a grande maioria


dessas adolescentes não possui uma estrutura, no mínimo, adequada para receber
e criar um filho. Uma boa parcela das mesmas após ter tido o filho, param de
estudar para conseguir um trabalho, que muitas vezes, são com remuneração
superbaixa para obter condições de sustentar o filho, ou seja, a escola vai ficando
em segundo plano e os desejos ou sonhos de uma faculdade se tornam objetivos
distantes para essas adolescentes. Por isso, a gravidez na adolescência também é
um fator preocupante nas cidades brasileiras. Pois é preciso ter sensibilização para
que as adolescentes tenham conhecimento dos riscos que correm ao se permitirem
passar por essa experiência.
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A escolha do tema torna-se relevante, à medida que se pretende verificar o


papel do profissional de serviço social na prevenção da gravidez na adolescência.
Por observar e analisar vivências e perceber as dificuldades enfrentadas por
adolescentes que engravidam na adolescência, e quais ações podem ser realizadas
no sentido de resolver estas questões é o motiva a pesquisa. Nesta perspectiva, o
presente trabalho discute: O que fazer para tornar a população em geral e
especialmente os adolescentes a par dessa problemática? E qual o papel do serviço
social na luta pela redução dos índices de gravidez na adolescência?

Neste sentido, justifica-se que a gravidez na adolescência é um problema


mundial e aumenta cada vez mais, preocupando principalmente os profissionais das
áreas da educação e saúde. Diversos trabalhos, pesquisas e programas
desenvolvidos com os adolescentes, observaram que a atividade sexual precoce,
começa a partir do namoro ou “ficar”. Todos sabem que isso não é novo, mas o
grande diferencial é que antes, a relação sexual acontecia dentro da instituição do
casamento. A falta de informações quanto ao uso de métodos anticoncepcionais, o
não planejamento familiar, são dentre outros, fatores importantes para desencadear
uma gravidez indesejada. A gestação não desejada vai repercutir na vida pessoal e
social dos jovens, pois, dificilmente estas pessoas retomarão suas atividades
estudantis ou profissionais.

Vale ressaltar que o interesse pelo presente tema de pesquisa, surgiu durante
a trajetória do Curso de Serviço Social, pois ao longo do mesmo. Para tanto, após
minuciosa pesquisa em relação aos diversos temas relacionados a saúde, o tema
escolhido desperta o interesse pela investigação e quais ações o serviço social pode
desenvolver na amenização desta problemática. Este estudo justifica-se ainda
porque, diante dos índices apresentados sobre a gravidez precoce ou gravidez na
adolescência, o que fazer para tornar a população em geral e especialmente os
adolescentes a par ou sensibilizados sobre essa problemática? E qual o papel do
serviço social e que ações podem ser desenvolvidas pela classe na luta pela
redução dos índices de gravidez na adolescência?

Frente ao exposto, vê - se que, no Brasil a cada ano, cerca de 20% das


crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes
mais garotas com menos de 15 anos grávidas em relação à década de 70. A grande
maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para
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assumir a maternidade e, por causa da repressão familiar, muitas delas fogem de


casa e quase todas abandonam os estudos.

Nos dias atuais, com as tecnologias, a maioria dos adolescentes possuem um


alto grau de informações sobre assuntos relacionados ao sexo, menos para os
meios de prevenção. Infelizmente estas informações nem sempre são bem
assimiladas e os pais, muitas vezes por ser “conservador” não dialoga com seus
filhos a respeito desse assunto, deixando esse papel somente para instituição
escolar, acarretando assim na gravidez precoce e indesejada, tornando-se um
grande problema para os adolescentes de todos os níveis sociais, embora afetem
em maior grau, as camadas de baixa renda. Iniciativas urgentes são necessárias
para a prevenção da gravidez na adolescência.

O SUS é considerado o maior sistema público de saúde do mundo. O mesmo


foi criado em 1988, proporcionando a todos o acesso gratuito, universal e integral
em território nacional. Seu complexo sistema integrado nos níveis federal, estadual e
municipal permite um atendimento amplo, com integralidade, tanto em termos de
alcance populacional quanto em termos de serviços de saúde, facilitando o
atendimento, desde atenção básica e saúde da família, até cirurgias de alto risco,
como transplante. Atendendo com igualdade e equidade, sendo um direito de todos.
(Gomes, 2013, p.6) No ano de 2003 com o objetivo de fazer com que os propósitos
do SUS fossem atendidos da melhor forma, foi criado o PNH , onde o profissional de
serviço social possa atuar com liberdade, através do perfil dos indivíduos que serão
assistidos.

O método utilizado é a pesquisa de revisão bibliográfica. Neste sentido, para


que se tenha uma ordem nos diferentes processos necessários para atingir um
resultado, precisou-se saber como e quando foram executados. Para LAKATOS;
MARCONI (1996, p. 26): Metodologia é o caminho a ser percorrido, demarcado, do
começo ao fim, por fases e etapas. Ela serve de guia para o estudo sistemático do
enunciado, compreensão e busca de solução para o referido problema.

Deste modo, Severino (2012) enfatiza que:

A documentação bibliográfica deve ser realizada paulatinamente, à medida


que o estudante toma contato com os livros ou com informes sobre os
mesmos. Assim, todo livro que cair em suas mãos será imediatamente
fichado. Igualmente, todos os informes sobre algum livro pertinente à sua
área possibilitam a abertura de uma ficha. (SEVERINO, 2012, p. 39).
12

Vale salientar que alguns autores serão abordados de acordo com o tema
exposto, dentre eles: Felipe e Albuquerque (2016), Andrade (2009), Barriento-Parra
(2004), Brasil (2006, 2010, 2012, 2014 e 2015), Carloto (2015), Digíacomo (2013),
Freire e Cândido (2013), Gelinski e Moser (2015), Gil (2008), Gomes (2013),
Iamamoto (2006), Marsiglia (2010), Mota, Martins e Véras (2006, Normatização e
Apresentação de Trabalhos Científicos e Acadêmicos, 2015, Sasaki et al (2015),
Sousa (2008), , Taborda et al, 2014), Taborda (2014), dentre outros.

Para tanto, os objetivos gerais elencado é: conhecer os impactos físicos,


emocionais e sociais que uma gravidez prematura pode acarretar, entendendo o
papel do Assistente Social neste contexto; bem como os específicos: Analisar o
índice de gravidez na adolescência na cidade de Cruzália - SP; Identificar os
principais problemas que levam a tal fato – sexo na adolescência e gravidez
prematura, Conhecer as perspectivas de vida dessas adolescentes, pré e pós-
gestação; Descrever ações que o Assistente Social pode desenvolver no combate a
este problema.

A pesquisa Será direcionado este trabalho por seções: a seção dois discorre
sobre um breve histórico do serviço social, bem como a instrumentalidade utilizada
pelo profissional, seguido por uma breve explanação acerca da adolescência e a
sexualidade, e os riscos e as consequências da gravidez precoce na adolescência
pode ocasionar; seção três: relata sobre as Políticas Públicas e a Adolescência, a
família, bem como a PNH e o ECA; a seção quarto aborda acerca do papel do
Assistente Social perante a Gravidez na Adolescência; seguido das considerações
finais.

Por fim, o estatuto da criança e do adolescente (ECA) preserva os direitos dos


adolescentes, bem como a discussão das novas formações dos laços familiares no
mundo moderno e os fatores que acarretam uma gravidez não desejada e suas
diversas consequências.

2. O SERVIÇO SOCIAL: BREVE HISTORICO


13

O serviço social surgiu na América, com o apoio interino da igreja católica,


através de ações afim de suprir as necessidades dos menos favorecidos, ou seja,
um trabalho voltado ao social, no entanto com controle de submissão para que os
cidadãos seguissem os padrões pelas autoridades religiosas estabelecidas. (Freire e
Figueredo. 2013, p. 349-350)
Nos meados do século XX, o serviço social ainda não era visto como uma
profissão, e sim como um serviço voluntario através de ações sociais na igreja. Com
o início da industrialização, o capitalismo aparece com força minimizando os
agravantes e sofrimentos das pessoas. É valido dizer que um fato marcante ocorreu
nesse período, a saber: a fundação da Sociedade de Organização da Caridade de
Londres em 1869, um fato importantíssimo para organização da Assistência Social.
Em 1899 foi fundada no país de Amsterdã a primeira escola de Serviço
Social, com o capitalismo, o que antes era sinônimo de caridade dentro das
instituições religiosas, passa a ser reconhecida como uma profissão. No Brasil, o
serviço social surgiu na década de 1930, com a finalidade de buscar os direitos das
pessoas que através do capitalismo na época, traziam dificuldades, e o profissional
da Assistência Social prestava serviço de maneira exemplar. Freire e Cândido
(2013, p. 349-350) enfatizam que “Tendo como competência elaborar, implementar e
executar políticas sociais, mais especificamente políticas públicas, esses
profissionais”.
No período da ditadura, o serviço social foi deixado de lado acarretando em
grandes dificuldade em desenvolver o trabalho social devido diversos fatores, dentre
eles: muitos foram exilados, perseguidos, torturados, deportados e mortos por não
estarem dentro dos padrões do regime político ditatorial, sofrendo todo tipo de
retaliações e repreensão, através da música, da arte, das manifestações de ruas
eram terminantemente proibido. (FREIRE e CÂNDIDO, 2013, p.356)
Na década de 80, houve o rompimento do antigo conceito a cerca do currículo
do serviço social, fortificando suas ações através do estreitamento do trabalho e da
formação profissional. Freire e Candido (2013, p. 362) diz que essa formação
profissional está enraizada na história contemporânea:

Assim, o desempenho do Assistente Social e torne possível a atualização e


a adequação do projeto ético-político do Serviço Social aos novos tempos,
14

sem abrir mão de seus compromissos com a construção da cidadania, a


defesa da esfera pública, o cultivo da democracia, parceria da equidade e
da liberdade, princípios fundamentais do Código de Ética do assistente
social de 1993 (FREIRE e CÂNDIDO, 2013, p.362).

Para tanto, os assistentes sociais vem conquistando melhores condições para


que haja um atendimento de qualidade a todos cidadãos, utilizando a metodologia
da instrumentalidade que deixa claro o quão é importante seu trabalho tanto dentro
quanto fora da instituição, é sabido que o reconhecimento ajuda esses profissionais
a saberem lidar com os intemperes que aparecem no dia a dia em sua atuação, em
situações coletivas ou individuais.

2.1 O ASSISTENTE SOCIAL E A INSTRUMENTALIDADE

SOUZA (2008) defende que:

“A instrumentalidade do Serviço Social percorre a história da profissão em


razão da própria natureza desta: o Serviço Social se constitui como
profissão no momento histórico em que os setores dominantes da
sociedade (Estado e empresariado) começam a intervir, de forma contínua e
sistemática, nas consequências da “questão social”, através, sobretudo, das
chamadas políticas sociais. Serviço Social é requisitado pelas complexas
estruturas do Estado e das empresas, de modo a promover o controle e a
reprodução (material e ideológica) das classes subalternas, em um
momento histórico em que os conflitos entre as classes sociais se
intensificam [...]” (SOUSA, 2008, p.120).

Em suma, o serviço social desempenha seu papel e suas funções com


destreza, habilidade, criatividade e entusiasmo, atendendo as necessidades de
cada individuo. neste sentido, o assistente social auxilia a prática com seus usuários
que buscam seus serviços através da utilização de seus instrumentos. Para Sousa
(2008, p. 120):
A observação é feita em todos os sentidos como o ouvir, o ver, o sentir,
podendo obter a realidade que o usuário expressa, produzindo um
conhecimento verdadeiro da causa. E uma relação face a face permite
conhecer as necessidades do usuário, e consequentemente intervir com
qualidade, com amabilidade.

Assim, por meio da entrevista entre o profissional e o individuo, a


comunicação é feita, podendo ser realizada individualmente ou grupalmente, através
de dinâmica de grupo que pode ser utilizada em diversos momentos, com ações que
intervenham através deste instrumento. Para a autora a dinâmica de grupo é visto
como uma técnica que requer habilidades para estimular o grupo através da
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utilização de jogos, simulações, brincadeiras, com o proposito de levar o grupo a


reflexão de acordo com o tema discutido, tornando o trabalho do assistente social
mais fácil.
Neste sentido, o Assistente social utiliza os programas que o Sistema Único
de Saúde (SUS), orientando os direitos e deveres de cada cidadão complementando
a expansão dos direitos de cidadania, a preocupação com a universalidade, com a
justiça social e o papel do Estado na provisão da atenção social. Assim,
Vasconcelos (2006, p. 247), menciona que é de grande relevância que as analises e
os atendimentos das demandas podem ser de maneira “espontânea, ou
encaminhamento interno e externo”.
Para tanto, diversos atendimentos são realizados afim de suprir as
necessidades que o serviço dispõe, através da realidade que mantem o assistente
social em estudos continuo, para que possa atuar de maneira eficaz, dentre outras.
É valido ressaltar que esses profissionais faz usos de ambientes coletivos, onde
possa ser atingidos grande números de adolescentes, através de palestras,
dinâmicas, passando informações de maneira clara e objetiva, explicando as
consequências que uma gravidez indesejada na adolescência pode acarretar devido
ao despreparo e da falta de informação.

2.2 A ADOLESCÊNCIA E A SEXUALIDADE

A definição de adolescente realizada pela Organização Mundial de Saúde


(OMS) inclui aspectos biológicos, sociais e psicológicos e delimita a faixa etária da
adolescência com uma definição cronológica, propondo que esse período se
estenda dos 10 aos 19 anos de idade. Entretanto, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) (1990) propõe que a adolescência seja o período compreendido
entre 12 e 18 anos de idade de uma pessoa.
O serviço social por ser uma profissão interventiva, tem como objetivo propor
mudanças e trazer transformações nas vidas dos sujeitos em determinado território.
O CFESS regularizou o Assistente Social como Profissional da saúde, a partir da
Resolução CFESS nº 383 de 29 de março de 1999.
Resolve:
Art. 1º - Caracterizar o assistente social como profissional da saúde. Art 2º -
O assistente social atua no âmbito das politicas sociais e, nesta medida, não
é um profissional exclusivamente da área da saúde, podendo estar inseridos
16

em outras áreas, dependendo do local onde atua e da natureza de suas


funções, Art 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Assim, a resolução acima citada foi criada, devido a necessidade da atuação


do assistente social na área da saúde, para atuar no âmbito social, podendo ter forte
influência na saúde, após detectar as questões sociais que afetam a qualidade de
vida, poderá intervir por meio de ações e estratégias, incluindo os adolescentes,
neta fase, por meio do desenvolvimento, a sexualidade se manifesta através de
gestos, palavras, dentre outros, e os assistentes sociais tem o papel de orientar
durante esse período de descoberta, a construir uma identidade sexual saudável,
oportunizando experiências de prevenção e de promoção a saúde.
Diante disso, entende-se, na adolescência desenvolvem-se processos
psicológicos e padrões de identificação que evoluem da fase infantil para a adulta,
entre eles a transição de um estado de dependência para outro de relativa
autonomia. Sabe-se também que esse período é caracterizado por mudanças físicas
e hormonais que, por si só, exigem do ser humano em transformação um trabalho
psíquico que dê conta da elaboração do luto do seu corpo e seus hábitos da infância
para assumir um novo corpo, que se impõe com novas exigências de cuidado e
comportamento transportando o adolescente para o lugar que ocupará na
sociedade.
Ao estudar as intercorrências da adolescência, especialmente a gestação
nessa fase da vida, a literatura frequentemente utiliza o termo vulnerabilidade para
designar o estado em que se encontram os grupos de indivíduos fragilizados, social
e politicamente, quanto à promoção, proteção ou garantia de seus direitos de
cidadania. Neste sentido, o adolescente é considerado vulnerável por ser parte de
um grupo social que se encontra em fase de importantes transformações biológicas
e mentais, articuladas a um redimensionamento de identidades e de papéis sociais.
Em meio a estas transformações físicas e psíquicas, quando ocorre a
gestação na vida de adolescentes, esta gestação trará consigo profundas e
abrangentes mudanças nos aspectos físicos e psicológicos, com repercussões
individuais, familiares e sociais. Em função disso, desde as décadas de 1980 e
1990, o adolescente foi reconhecido pela sociedade da América Latina e Caribe
como foco de estudo no campo da Saúde Pública. (PARIZ, MANGARDA, FRIZZO,
2012).
17

A gravidez na adolescência é considerada um sério problema de saúde


pública e com isto exige programas de orientação, preparação e acompanhamento
durante a gravidez e o parto, por ser um problema que oferece riscos ao
desenvolvimento da criança, bem como riscos para a própria gestante, sendo então
na maioria das vezes, não planejada. Com a aceleração do crescimento, os
estímulos sexuais, hormônios e o estilo de vida adotado pelas garotas, a menarca
está ocorrendo mais cedo, visto que antigamente aconteciam por volta dos 12 anos
de idade ou mais nos dias de hoje a maioria das garotas está tendo sua menarca
aos 9 anos de idade, tornando-se um fator de risco para o início mais precoce da
atividade sexual, e consequentemente à uma gravidez na adolescência.
Quando a gravidez ocorre durante esta fase da vida, as transformações
biopsicossociais podem ser reconhecidas como um problema para os adolescentes,
onde vão iniciar uma família que afetará especialmente a juventude e a possibilidade
de elaborar um projeto de vida estável, tornando um prejuízo duplo, na qual nem a
adolescência é plena e nem a adulta é inteiramente capaz. A gravidez sendo ela
desejada ou não provoca um conjunto de impasses comunicativos a nível social,
familiar e pessoal. Apesar de vir decrescendo o número de gestações nessa faixa
etária e acometer todas as classes sociais, o maior número de casos ainda tem
relação com a pobreza e a baixa escolaridade.
Com relação a estrutura familiar, estudos apontam que famílias
desestruturadas, crianças e adolescentes maltratados ou abusados no ambiente
familiar, contribuem bastante para o aumento de estatísticas da gravidez na
adolescência. Quanto as repercussões negativas da gravidez precoce para a
adolescente, as consequências são identificadas como problemas no crescimento e
desenvolvimento como um todo emocionais, comportamentais e educacionais, além
de complicações no parto. Porém as consequências também atingem o recém-
nascido, sendo um fator de risco para o parto prematuro, baixo peso ao nascer,
entre outras complicações.
Apesar de atualmente mais informações estarem disponíveis sobre
sexualidade e métodos anticoncepcionais, as adolescentes continuam
engravidando, levando ao abandono dos estudos, a prejuízos profissionais futuros e
a conflitos familiares, sendo assim diante do exposto surge a preocupação e com
isto questionamos, será que essas adolescentes estão cientes das complicações e
consequências que esse acontecimento pode acarretar para a vida das mesmas?
18

Considerando a realidade dos dias atuais, o estudo será realizado com base
na identificação das reais consequências que uma gravidez na adolescência pode
acarretar para a vidas das adolescentes, acreditando-se que para os profissionais e
acadêmicos, oferecerá um maior conhecimento para que possam oferecer uma
melhor assistência ,respeitando este acontecimento durante essa fase da vida,
contribuir para soluções de conflitos da adolescente consigo mesma ,com seu
parceiro e familiares, para vivenciar melhor a maternidade e tornar a gravidez um
ponto de vista positivo, além de desenvolver medidas educativas visando a
diminuição destas gestações. (COELHO; BORGES, 2015)
A gravidez na adolescência vem adquirindo proporções significativas. Estima-
se que de 20 a 25% do total de gestantes no Brasil sejam adolescentes, ou seja, em
média, há uma adolescente entre cada cinco mulheres grávidas. Dados do Data sus
nos últimos dois anos no Brasil mostram que a incidência da gravidez nesta faixa
etária conta com cifras que vão de 16,27 a 25,96%2. Em estudo que analisa dados
relativos à América Latina, observa-se que entre os 25% mais pobres da população
um de cada três nascimentos origina-se de mãe adolescente, e nas áreas rurais,
essa proporção é ainda maior: 40%. (BRASIL, 2015)
Existe uma grande preocupação com as consequências que a maternidade
precoce pode acarretar à saúde, à educação e ao desenvolvimento econômico e
social. Isso se deve ao fato de esta dificultar o desenvolvimento educacional e social
da adolescente, assim como a sua capacidade de utilizar todo o seu potencial
individual. Como resultado, observa-se uma taxa maior de evasão escolar,
desajustes familiares e dificuldade de inserção no mercado de trabalho.
Em algumas situações, a gravidez na adolescência pode vir a ser solução
para situações conflituosas e não necessariamente um problema em si, refletindo a
complexidade desse tema. Isso pode ser percebido quando são analisados os
possíveis fatores etiológicos ligados ao incremento das gestações nessa faixa etária,
chegando a uma rede multicausal que torna as adolescentes especialmente
vulneráveis. (MANFRÉ, QUEIRÓZ, MATTHES, 2010)
Dados sobre a gravidez na adolescência vêm mostrando um aumento na taxa
de fecundidade para esta população quando comparada a mulheres adultas,
especialmente nos países mais pobres, como é o caso da América Latina. Além das
mudanças físicas impostas pela faixa etária, a adolescência envolve um período de
profundas mudanças biopsicossociais, especialmente relacionadas à maturação
19

sexual, a busca da identidade adulta e a autonomização frente aos pais. A gravidez


nesse momento de vida oferece implicações desenvolvimentos tanto para o
adolescente quanto para aqueles envolvidos nessa situação. A literatura tem tratado
a gravidez na adolescência como um problema de saúde pública, especialmente
pelo fato de propiciar riscos ao desenvolvimento da criança gerada e da própria
adolescente gestante.
No entanto, nem sempre a repercussão da gravidez pode ser identificada
como um fator de risco. Autores pesquisados salientaram que os fatores de risco se
relacionam com eventos negativos de vida que, quando presentes, aumentam a
probabilidade da pessoa apresentar problemas, mas reiteram que o risco deve ser
visto como um processo e não uma única variável. Tal fato permite uma
problematização do fenômeno da gravidez como risco e/ou proteção. Ao
contextualizar a gravidez para aqueles adolescentes que vivem em situação de
pobreza, o presente estudo buscou identificar os fatores de risco e os fatores de
proteção associados a este acontecimento.
No Brasil, estima-se que aproximadamente 20- 25% do total de mulheres
gestantes são adolescentes, apontando que uma em cada cinco gestantes são
adolescentes entre 14 e 20 anos de idade. Além disso, verifica-se que no Brasil, se
assiste a um aumento do número de adolescentes que engravidam. Ao contrário do
que acontece nos restantes países ocidentais, nos quais tende a ocorrer uma
diminuição na ocorrência deste evento (Pesquisa GRAVAD, 2006). (SANTOS,
PALUDO, SCHIRÒ, KOLLER, 2010).

2.3 OS RISCOS E CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ PRECOCE

Antes de compreender as consequências relacionadas à gravidez na


adolescência, é necessário entender a dimensão do problema na realidade
brasileira. O Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) faz o
levantamento dessas taxas por meio da coleta de dados nas Declarações de
Nascidos Vivos (DNV) sobre o nascimento, a mãe, a realização do pré-natal, entre
outros dados.

O Ministério da Saúde publicou os dados do SINASC no site do


Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A
porcentagem de 17,5%, no País, foi obtida ao realizar a busca do número de
20

nascimentos de filhos de mães adolescentes (10 a 14 anos e 15 a 19 anos de


idade), por Estado/Unidade Federativa [UF], no ano de 2016. Essa porcentagem
varia em cada Estado, sendo o Distrito Federal o que tem menor ocorrência (11,9%),
e o Acre (26,1%) a maior taxa no Brasil. (BRASIL, 2008).

O Quadro 1 abaixo, se refere ao número absoluto de nascimentos por faixa


etária da adolescência, o total de nascimentos e a porcentagem que os nascimentos
de filhos de mães adolescentes representam, no total, para cada um dos estados
brasileiros. Observe que as maiores taxas são dos Estados das regiões Norte e
Nordeste; porém, mesmo nas regiões com menores taxas, a gravidez na
adolescência ainda representa um desafio para o SUS, que necessita fortalecer as
ações de prevenção da gravidez na adolescência.

QUADRO 1 – PROPORÇÃO DE NASCIMENTOS DE FILHOS DE MÃES


ADOLESCENTES POR FAIXA ETÁRIA E POR UF, EM 2016

10 a 14 Total de % nascimento de filhos de mães


UF 15 a 19 anos
anos nascimentos adolescentes
Distrito Federal 43.340
171 4.988 601.437 11,90%
Santa Catarina
451 12.051 95.313 13,12%
São Paulo
2.690 76.607 601.437 13,18%
Acre
305 3.813 15.773 26,11%
Alagoas
739 11.657 48.164 25,74%
Pará
2.178 33.254 137.681 25,73%
Maranhão
1.634 26.523 110.493 25,48%
Amazonas
1.302 18.134 76.703 25,34%
Roraima
235 2.576 11.376 24,71%
Rio Grande do
Sul 765 18.968 141.411 13,95%

Minas Gerais
1.401 35.660 253.520 14,62%
Paraná
943 23.063 155.066 15,48%
Espírito Santo
418 8.191 53.413 16,12%
Rio de Janeiro
1.558 34.813 219.129 16,60%
Goiás
738 15.751 95.563 17,25%
21

Mato Grosso 544 9.504 53.531 18,77%

Mato Grosso do
463 7.613 42.432 19,03%
Sul
Ceará
1.336 22.698 126.246 19,04%
Paraíba
581 10.098 56.083 19,04%
Rio Grande do
Norte 478 8.258 45.366 19,26%

Bahia
2.192 37.663 199.830 19,94%
Rondônia
249 5.086 26.602 20,05%
Pernambuco
1.298 25.751 130.733 20,69%
Sergipe
379 6.413 32.218 21,08%
Piauí
576 9.554 46.986 21,56%
Tocantins
300 4.936 23.870 21,94%
Amapá
211 3.623 15.521 24,70%
Total 24.135 477.246 2.857. 800 17,54%

Fonte: Adaptado de Brasil (2008, documento on-line).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a gravidez em


adolescentes é uma condição preocupante, aumenta de maneira notável as chances
de complicações e os riscos para a mãe, para o feto e, posteriormente, para o
nascido vivo, trazendo assim algumas consequências. Esses fatores de risco são
classificados em três categorias. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2019).

As consequências que podem acarretar as adolescentes são diversas, dentre


elas quando a mesma tem menos de 16 anos há uma probabilidade de rejeição da
gestação, as tentativas de aborto e dificuldades de acesso ao pré natal. Quando a
gravidez ocorre há menos de dois anos da primeira menstruação pode trazer
diversos problemas durante a gestação, como dificuldades obstétricas durante o
parto. Muitas adolescentes nem chegam a realizar o pré natal, podendo trazer
consequências para si e para o feto. Além das consequências do não apoio da
família e do pai do bebe.

O recém-nascido também podem sofrer diversas consequências, tais como:


prematuridade; baixo peso (menos do que 2.500 g) ou pequeno para a idade
gestacional (PIG); comprimento menor do que 48 cm; parto sem assistência médica
22

ou em condições desfavoráveis; malformações congênitas ou síndromes; alteração


das circunferências cefálica, torácica e abdominal; dificuldade de sucção
(aleitamento materno); doença por transmissão vertical: aids, sífilis, hepatites B ou
C, t-xoplasmose, herpes, zika; dentre outros.

Vale salientar que existem algumas consequências para o binômio mãe


adolescente-bebê: recém-nascido com anomalia grave ou malformações congênitas;
com traumatismo durante o parto; entregue em instituições para adoção ou
abandonado; não amamentado; abandono pelo pai biológico ou recusa da
paternidade; adolescente com transtorno mental durante ou após o nascimento do
bebê; rejeição e abandono da adolescente e do recém-nascido por parte da família;
família com pessoas com doença psiquiátrica, abuso de álcool e drogas ou violência
intrafamiliar; situações sociais de risco, como no caso dos refugiados, de pessoas
em situação de rua e de imigrantes; evasão escolar por parte da adolescente e
consequente não colocação no mercado de trabalho.

Taborda et al (2014, p.17) refere a adolescência como uma fase difícil de


lidar, nesse período o corpo passa por diversas mudanças, os hormônios estão a flor
da pele, diversos conflitos são tidos com os pais e com a família. Uma mistura de
sensações, a descoberta se ainda é criança ou se já é adulto, ou seja, começa a
perceber que a responsabilidade está a porta, estilos se transformando, namoro e
conversas as escondidas sobre sexo e outros assuntos de que não se pode falar por
medo ou vergonha, o desejo muito grande de ser adulto, no entanto vivenciando o
período da temida adolescência, onde ocorrem diversas alterações psicológicas,
emocionais, em paralelo com as mudanças que ocorrem no corpo.

Neste sentido, os autores enfatizam que o relacionamento familiar com a


gravidez precoce causa transtornos e modificações, trazendo desentendimento. Por
falta de amparo familiar, muitos adolescentes são levados a realizar o aborto ilegal,
causando danos irreparáveis, como a esterilidade ou até mesmo a morte. Ao
engravidar a adolescente está sujeita a diversas complicações através das
alterações fisiopsicológicas do corpo, como: anemia, HIV, dentre outras DSTs que
podem contrair nesse período em que engravidam precocemente. Essas doenças
podem ser desenvolvidas em qualquer idade, porém na adolescência a
vulnerabilidade de contrair é maior.
23

Outras consequências podem ser adquiridas em resultado a gravidez


precoce, dentre eles, é valido ressaltar: anemias, a Síndromes hipertensivas,
restrição do crescimento fetal, partos prematuros, desproporção, pré-eclâmpsia,
feto-pélvica, além de problemas recorrente de abortos provocados e/ou pela falta
assistência adequada. Segundo TABORDA et al, (2014, p.20) nas adolescentes
entre 15 a 19 anos, a chance de mortes é maior do que em mulheres de 20 ou
mais, decorrente a gravidez . já as menores de15 anos o risco aumenta cerca de 05
vezes mais. Sem contar nas DSTs ou nas Infecções Sexualmente Transmissíveis
(IST) que se tornou uma preocupação de saúde pública, que está relacionado a
imaturidade das adolescentes.
24

3. AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA GARANTI DE DIREITOS DOS


ADOLESCENTES

É sabido que alguns adolescentes tem dificuldades em usar métodos


contraceptivos, pois dessa forma estaria assumindo a sua vida sexual para os
outros. Neste sentido, cabe aos pais e familiares a conversa franca a respeito das
doenças, como o DST e a AIDS. Tanto para meninos como meninas, a educação
sexual sempre foi vista como um ato que iniciariam após o casamento. Taborda et al
(2014, p. 21), defende que os pais devem começar a pensar em seus filhos como
seres pensantes que precisam ser moldados, algumas características familiares
resulta na influência da vida sexual dos adolescentes, seja de risco ou de proteção.

Diversos fatores compreendem a uma boa relação familiar, dentre elas pode-
se citar a formação familiar, o nível socioeconômico e educacional. Vale ressaltar
que houve diversas mudanças no cenário no contexto da mulher, ao iniciarem no
mercado de trabalho as mesmas puderam escolher a maternidade, sendo assim
uma opção, e a partir daí a mulher pode escolher se quer ter um filho ou não, com a
chegada dos diversos contraceptivos.

Morais e Ferreira (2011, p.24) enfatizam que:

A educação familiar não é responsabilidade somente da mulher, e sim do


homem também, tarefas agora são divididas, ambos buscam sustento,
encontramos familiares que vivem de forma tradicional, e outras que o
homem cuida da casa e dos filhos e a mulher que busca o sustento, ainda
há famílias monoparentais somente a mulher para prover a manutenção e
educação da família. (Morais e Ferreira2011, p.24)

Neste sentido, pode-se perceber que os adolescentes têm dificuldades de se


comunicar com seus pais e familiares, onde o tema sexualidade para eles são
considerado muitas vezes, um “tabu”, tido muitas vezes como algo impuro, imundo.
Em suma, a autora enfatiza que as famílias possuem uma certa fragilidade, “a
violação dos direitos humanos, destacadas as situações de rua, abuso e exploração
sexual, trabalho infantil, violência doméstica”.

Gelinski e Moser (2015, p. 133) concorda com a autora no sentido em que a


saúde é fundamental para que a família possa se sentir bem, e o cuidar de um
profissional que define o direito e os deveres como cidadãos de uma comunidade
possam ainda buscar os atendimentos, melhorando o entrosamento de saúde. É
25

sabido que o fato de alguns adolescentes não conhecerem métodos contraceptivos


e não praticarem o sexo seguro tem resultado na gravidez na adolescência e no
contágio de doenças sexualmente transmissíveis (BRA-SIL, 2012; YAZLLE, 2006).

Ou seja, em muitas situações, a gravidez na adolescência ocorre sem


planejamento, seja por falta de informações ou pelo não conhecimento aos métodos
anticoncepcionais e, muitas vezes, devido à experimentação sexual. É preciso
compreender que a adolescente não pode assumir sozinha o risco social de uma
gravidez não planejada, por isso, são necessárias políticas de educação reprodutiva
e sexual nas escolas, bem como equipe multidisciplinar envolvida com a educação
em saúde ao adolescente (BRASIL, 1996).

A gravidez neste grupo populacional vem sendo considerada, em alguns


países, problema de saúde pública, uma vez que pode acarretar complicações
obstétricas, com repercussões para a mãe e para o recém-nascido, bem como
problemas psicossociais e econômicos. Além disso, a gravidez na adolescência
também interfere no crescimento pessoal e profissional, pois muitas jovens
abandonam a escola, o que dificulta a sua qualificação profissional e o consequente
ingresso ao mercado de trabalho (YAZLLE, 2006).

Alguns autores sustentam a ideia de que a gravidez pode ser bem tolerada
pelas adolescentes, desde que elas recebam assistência pré-natal adequada, ou
seja, de forma precoce e regular, durante todo o período gestacional. Porém, isso
nem sempre acontece por causa de vários fatores, que vão desde a dificuldade de
reconhecimento e aceitação da gestação pela jovem até a dificuldade para o
agendamento da consulta inicial do pré-natal (QUEIROZ et al., 2016; YAZLLE,
2006).

É valido ressaltar que no dia 3 de janeiro de 2019, foi publicada a Lei nº.
13.798 que institui a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência.
Atividades especiais, com informações sobre medidas preventivas e educativas
voltadas ao tema devem ser amplamente realizadas em todo o território nacional na
semana que incluir o dia 1 de fevereiro.
26

3.1 A PNH - POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

A Política Nacional de Humanização (PNH) e o Sistema Único de Saúde


(SUS) diante da gravidez na adolescência direciona o processo nas políticas,
orientando a promoção da saúde tanto na gestão quanto na atenção. Neste sentido
(MOTA, MARTINS e VÉRAS, 2006, p.325) refere-se como humanização:

[...] a humanização é um pacto, uma construção coletiva que só pode


acontecer a partir da construção e troca de saberes, através do trabalho em
rede com equipes multiprofissionais, da identificação das necessidades,
desejos e interesses dos envolvidos, do reconhecimento de gestores,
trabalhadores e usuários como sujeitos ativos e protagonistas das ações de
saúde, e da criação de redes solidárias e interativas, participativas e
protagonistas do SUS [...] (MOTA, MARTINS e VÉRAS, 2006, p.325).

A intenção de se criar a PNH foi com o objetivo de aprimorar o atendimento


as diversas áreas, ressaltando a área da saúde, de maneira organizada e planejada,
afim de suprir as necessidades de quem o buscam os serviços prestados pela rede,
obtendo assim um melhor atendimento aos adolescentes. Desta forma Brasil (2010,
p.12) discursa que:

[...] A garantia da saúde implica assegurar o acesso universal e igualitário


dos cidadãos aos serviços de saúde, como também à formulação de
políticas sociais e econômicas que operem na redução dos riscos de
adoecer”.

Mota et al (2006, p.324) descreve que:

A PNH o SUS auxilia e orienta os gestores a e seus servidores a atender os


usuários com dignidade. E conceituar humanização é fácil, colocar em
pratica envolver toda a equipe multiprofissional, é complicado, mas não é
impossível, pois cada local terá a sua particularidade em humanizar, é um
processo com várias vertentes haverá oposição devido ao trabalho que
produz e as modificações que trás junto às incertezas do novo jeito de
prestar serviço ao usuário.

Neste sentido, é valido salientar que diante do exposto, os autores afirmam


que o processo de humanização vem crescendo de maneira significativa e projetos
em diversas áreas, porém específicas, da assistência – pode-se citar por exemplo,
saúde da mulher, na humanização do parto e na saúde da criança. Dessa forma, a
humanização permite que a pessoa mais achegada da futura mãe que está em
trabalho de parto possa participar, a mãe também pode andar, conversar e até
mesmo gritar.
27

“[...] Entendemos a humanização como estratégia de interferência no


processo de produção de saúde, levando em conta que sujeitos sociais,
quando mobilizados, são capazes de modificar realidades, transformando-
se a si próprios neste mesmo processo. Trata-se, sobretudo, de investir na
produção de um novo tipo de interação entre os sujeitos que constituem os
sistemas de saúde e deles usufruem, acolhendo tais atores e formulando
seu protagonismo” (MOTA et al, 2006, p.324).

Em suma, é preciso um olhar para as ações que devem ser elaboradas e as


politicas publicas devem levar em consideração que a humanização traduz e
compreende as adolescentes que engravidam, a adolescente quando busca por
atendimento deve ter uma atenção maior, quando o teste for positivo, o profissional
de serviço social pode encaminhar essa adolescente para iniciar o pré natal,
realizando assim o acolhimento. No entanto, se o resultado for negativo deve ser
conduzida a um profissional que oriente sobre a saúde sexual e reprodutiva, para
evitar uma gravidez indesejada, de acordo com a Cartilha da RNPI (2013, p.25).

“O acesso a contraceptivos deve ser livre. Exigir a presença de um


responsável afasta a possibilidade dessa aquisição; Atrasos para consulta
não devem ser motivos para cancelamento completo do atendimento;
Muitas vezes o adolescente comparece na Unidade de Saúde em dias e/ou
horários distintos daqueles oferecidos para esse tipo de atendimento. Caso
não se possa oferecer uma consulta, é importante que algum tipo de
atendimento e conversa seja realizado; Caso a adolescente esteja
acompanhada, por exemplo, de amigas e seu desejo seja que elas(s)
participem(m) da consulta, isso deve ser, sempre que possível consentido;
O número de consultas de pré-natal deve ser orientado pela necessidade da
adolescente. Muitas vezes elas precisam de mais consultas e mais atenção
para que possam compartilhar seus medos, dúvidas e angústias; O serviço
deve ser sempre amigável e acolhedor, pois o contrário certamente afasta
os adolescentes da procura pelo serviço; A presença do pai da criança
deve ser sempre incentivada; É fundamental que se investigue junto a essa
adolescente se a relação é consentida, principalmente para menores de 15
anos; Atendimentos e atividades em grupo são fundamentais para que os
adolescentes possam trocar experiências e se sentir mais seguros nessa
fase; Programas de saúde do adolescente e saúde da criança devem estar
articulados para acompanhar essa menina/mãe” (RNPI, 2013, p.26).

Neste sentido, a Política de Humanização que é realizada nos hospitais são


para envolver os funcionários como um todo, desde a recepção, o assistente social,
bem como toda a equipe com a finalidade de fazer com que esta adolescente seja
bem atendida.
28

3.2 ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Brasil (2014, 32-36), através da Lei nº 8.069, garante os direitos das crianças
e dos adolescentes através da proteção, do apoio, do amparo, auxiliando na sua
integridade física, mental, moral e também a espiritual, proporcionando seu direito
para manter sua força vital, devendo buscar aperfeiçoamento das capacidades
intelectuais: educação infantil e convencional, proporcionando atividades agradáveis
para seu divertimento e atividade física, a oportunidade de conquistar uma profissão,
viver com suas famílias e manter comportamento majestoso e digno, cultivando
liberdade.
Para tanto, o Art. 53 declara que:

“A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho. Art. 71. A criança e o adolescente têm direito à
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento” (BRASIL, 2014 p.32- 36).

Neste sentido, o ECA foi criado com o proposito de proteger as crianças e os


adolescentes de maneira integral, através de normas jurídicas brasileiras, podendo
ser encaminhado ao juiz, garantindo os direitos e deveres dos mesmos na
comunidade e sociedade, sua implantação foi datada em 1990, no mês de julho, no
dia 13, sendo considerada criança os menores de 12 anos e adolescentes entre as
idades de 12 a 18 anos.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Sistema
Único de Saúde (SUS) deve prestar atendimento integral à adolescente grávida, que
inclui a promoção, a prevenção, o tratamento e a reabilitação em todos os níveis de
atenção à saúde. No Brasil, o ECA foi criado em 1990 para tratar, entre outros
aspectos, da proteção global desse público. No seu artigo 8º, o estatuto aborda a
questão da gravidez na adolescência e os diretos garantidos às meninas (BRASIL,
1990, documento on-line):
Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o
atendimento pré e perinatal.
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento,
segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de
regionalização e hierarquização do Sistema.
§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que
a acompanhou na fase pré-natal.
§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à
nutriz que dele necessitem.
29

§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à


gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de
prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.
§ 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser também prestada
a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para
adoção”

Segundo Brasil (2014, p. 12), as políticas públicas voltadas para a criança e


os adolescentes lhes garantem o direito ao atendimento a saúde e apoio a vida, do
nascer ao crescer com qualidade e dignidade. O Sistema Único de Saúde (SUS)
permite o atendimento a grávidas para realizar o pré-natal, isto é, antes e após o
parto. Podendo ser conduzida a vários níveis de serviço de saúde, de acordo com as
necessidades percebidas pelo médico de estratégia da saúde da família,
obedecendo à hierarquia do sistema. Para tanto, o apoio psicológico tanto para as
grávidas quanto para as mães nos períodos pré e pós-gestação, tem o objetivo de
prevenir e até mesmo diminuir os efeitos de uma gravidez precoce e indesejada.

4. O PAPEL DO ASSITENTE SOCIAL PERANTE A GRAVIDEZ NA


ADOLESCENCIA
30

O papel do assistente social perante a gravidez na adolescência é de


fundamental importância, uma vez que trabalhar o tema, envolvendo educação
sexual, no intuito de minimizar a gravidez precoce, ajudará de certa forma as
famílias que enfrentam tal realidade, bem coma a sociedade sujeita as
consequências do fato, visto que, o Serviço Social é uma profissão que tem
características singulares.

Netto (1996), enfatiza que o profissional de serviço social não atua


simplesmente em uma única sociedade. Sua especificidade está no fato de atuar
sobre todas as necessidades humanas de uma dada classe social considerando
assim sua condição de intelectual. (...) para que essa categoria não constitui um
grupo autônomo e independente das classes fundamentais; ao contrário, tem o
papel de dar-lhes homogeneidade e consciência de sua função, isto é, de contribuir
na luta pela direção social e cultural dessas classes na sociedade. Trata-se do
“organizador, dirigente técnico” que coloca a sua capacidade a serviço da criação de
condições favoráveis à organização da própria classe a que se encontra vinculado.
(Iamamoto,2008 p. 87)

Daí então que o serviço social é indispensável às classes sociais formadas


pela população subalterna, pauperizadas e excluídas dos serviços e riquezas dessa
mesma sociedade. A clientela do Serviço Social se configura como os fragilizados
socialmente e que necessitam de uma mediação profissional para terem acesso aos
serviços que lhe são direitos adquiridos.

A atuação do Serviço Social na Maternidade tem por objetivo desenvolver


ações ou intervenções junto à clientela, tendo uma visão da totalidade da realidade
social onde este cidadão está inserido, sensibilizando-o enquanto usuário, aos
direitos e serviços a ele oferecidos. Quanto à atuação junto à população adolescente
que atravessa o fenômeno da gestação precoce, esta atuação precisa ser mais
comprometida, pois este quadro se configura como uma problemática social de
grandes proporções para a vida dos adolescentes envolvidos e principalmente da
criança

          Para Iamamoto (2007), o profissional precisa garantir uma sintonia do


Serviço Social com os tempos atuais, dessa forma, é necessário romper com a visão
31

endógena, focalista, ou seja, uma visão de "dentro para fora", visão prisioneira
dentro dos limites institucionais. Além de ter que desenvolver a capacidade de
decifrar a realidade e ter que construir intervenções criativas para efetivar direitos,
de modo que seja propositivo e não somente executivo. Mas, para que isso
aconteça, e até mesmo o mercado de trabalho demanda isto, o profissional de
Serviço Social, além de executor precisa trabalhar na formulação de políticas
públicas e na gestão de políticas sociais.

Sob esta perspectiva e diante dos aspectos que configuram o Assistente


Social como um trabalhador social é o que o torna de extrema necessidade para a
realidade do nosso país. Pode-se dizer que sua atuação não pode ser indiferente à
educação sexual na adolescência já que a posição de orientador também lhe é
requerida. Portanto, é de suma importância que o profissional de Serviço Social
esteja apto para tal tarefa e esteja comprometido com o seu projeto ético-político e
com este segmento da população que merece atenção.

Neste sentido fica evidente o papel do assistente social não só para casos
específicos, mas sua contribuição favorece de forma considerável a sociedade de
modo geral.

Analisando as causas e consequências da gravidez na adolescência e a


relevância da Educação Sexual na mesma com ênfase no papel do assistente
social, podemos compreender o quanto é importante trabalhar na reflexão da
gravidez precoce, pois os jovens apresentam manifestações de sua sexualidade e
não devem ser privados de informações que os possibilitem compreenderem tais
eventos e a encarar o seu desenvolvimento de forma tranquila e responsável.

Portanto é de suma importância contribuir cientificamente na produção de


conhecimento sobre esta temática, estimulando assim novas pesquisas e também
mobilização da sociedade como um todo diante desta problemática. Faz-se
necessária essa mobilização de toda a sociedade para que, por meio de programas
de saúde, possibilite a este grupo da população maior acesso a informações e meios
que lhes permitam desenvolver e praticar uma postura crítica, consciente e
responsável no exercício da sua sexualidade.

Neste sentido, torna-se indispensável trabalhar a sexualidade, principalmente


a sexualidade na adolescência, pois se trata de um tabu que ainda perdura em
32

nossa sociedade nos dias atuais, mesmo estando este tema estampado em
programas de televisão, músicas, revistas e tantos outros mecanismos, que fazem
parte do dia-a-dia e da nossa realidade. Mas, daí nasce o ponto de partida para que
haja uma redução da gravidez precoce. E isso não significa que seja tarefa
impossível de ser realizada, portanto o Assistente Social, com suas atribuições
específicas pode estabelecer uma relação com esta temática.

Além do indispensável papel do assistente social, é importante ressaltar o


papel da família e das políticas publicas nesse momento, pois são de grande
relevância no sentido de amenizar as problemáticas decorrentes desta gravidez que
muitas vezes não foi planejada e muito menos desejada por essa adolescente e seu
namorado. Assim, os jovens não deixarão de estudar, terão mais facilidade em se
qualificar e, por conseguinte, terão um futuro mais promissor.

Acredita-se que as possíveis soluções para este problema não cabe somente
aos adolescentes e aos programas destinados ao atendimento desta população,
mas a sociedade em conjunto, uma vez que não existe uma saída para este
problema que não seja coletiva. E o Assistente Social tem sua parcela de
contribuição neste processo à medida que trabalha na orientação aos jovens, quanto
à Educação Sexual visando à diminuição dos índices de gestação em adolescentes.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
33

Diversas consequências podem acarretar na vida social, psicológica de uma


adolescente em decorrência da gravidez que pode ocorrer na adolescência e os
resultados obtido ao longo dos anos não são tão bons, os adolescentes devem se
conscientizar de que gravidez precoce pode ser a maior frustração para suas
vidas, podendo mudar a vida das mesmas para sempre, interrompendo seus
planos e projetos de vida pessoal e que os mesmos possam entender que
tudo deve ser no seu tempo e hora certa.
Sabe-se que a gravidez na adolescência é uma realidade, e causa grande
impacto para a sociedade, uma vez que o número de gravidez precoce tem
aumentado muito nos últimos anos, trazendo consequências irreversíveis, tanto para
o corpo, quanto psicologicamente. Ao engravidar algumas adolescentes saem da
escola para cuidar do bebe, outras no entanto sentem vergonha de mostrar a barrida
de cresce a cada dia.
A gravidez na adolescência está associada a diversos aspectos sociais, como
a pobreza, onde a mesma se torna um ciclo, e tem relação a disposição familiar,
receita salarial, tipo de residência, falta de comunicação familiar, falta de informação,
descuido, dentre outros fatores, onde essas adolescentes perdem a oportunidade de
terem um futuro que possa mudar o ciclo de vida em que estão inseridas.
O SUS com suas diretrizes e princípios tem dado o aval direto ao profissional
de serviço social para atura de maneira independente através de estratégias e
métodos que recepcione as adolescentes em situação de vulnerabilidade, através de
um atendimento diferenciado. A humanização visa diminuir os riscos que posam
aparecer no decorrer, proporcionando um atendimento igual através dos direitos. E o
ECA que foi implementado no objetivo de garantir os direitos e os deveres da
criança e do adolescente, direcionando através do diversos direito que possuem,
como cuidar da saúde, prevenir de DSTs, a orientação sexual e a gravidez.
Para tanto, é dever de o Estado proporcionar os direitos básicos para os
adolescentes, ou seja: a educação, a cultura a saúde. Vale salientar que os métodos
contraceptivos deram à mulher a escolha da maternidade, cabe a ela decidir ser
mãe. Um fator que ocasiona na gravidez na adolescência é a menstruação que
chegam para as adolescentes cada dia mais cedo, as condições aquisitivas, o não
uso de contraceptivos, as dificuldades de vivência familiar, dentre outras.
Em suma, o estudo mostrou que muitas adolescentes abandonam os estudos
por diversos motivos, dentre eles é o fato de ocasionar a gravidez, onde a mãe
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passa a cuidar do recém-nascido, deixando de lado o ambiente escolar e para


retornar é difícil. Neste sentido o serviço social despertou para atender essa
demanda fazendo o acolhimento e investigando e através da orientação, prevenção
e promoção da saúde afim de diminuir o índice de gravidez precoce.
Enfim, é notório a necessidade de modificar o ciclo de vida de muitas
adolescentes, mas é preciso que a família possa fazer parte, seja através de
palestras, encontros, para assim poder apoiar e não as deixar sem um amparo.
Portanto, entender o adolescente como um sujeito com direitos, tanto sexuais
quanto reprodutivos, talvez seja o primeiro passo necessário para o mesmo possa
reconhecer-se como um sujeito que possui deveres em relação a sua própria
sexualidade, bem como precisa ter responsabilidade para com a própria vida, em
todos os seus aspectos.

6. REFERÊNCIAS
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